TCC arqurbuvv - PROPOSTA PAISAGÍSTICA: PRAÇA ALAGÁVEL EM VILA VELHA

Page 1

1



1

UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

GEONIZIO CORREA CARDOSO SALAROLLI

PROPOSTA PAISAGÍSTICA: PRAÇA ALAGÁVEL EM VILA VELHA

VILA VELHA


2

2020 GEONIZIO CORREA CARDOSO SALAROLLI

PROPOSTA PAISAGÍSTICA: PRAÇA ALAGÁVEL EM VILA VELHA. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Vila Velha, como pré-requisito do curso de Arquitetura e Urbanismo, para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Clovis Aquino, Arquiteto e Urbanista pela Universidade Federal do Espírito Santo e Mestre em Paisagismo Pela Sapienza Università di Roma.

VILA VELHA


3

2020

Dedico este trabalho a minha mãe, minha família e amigos, por sempre acreditarem que eu conseguiria atingir meus objetivos, me darem força e suporte para sempre seguir em frente e nunca desistir.


4

AGRADECIMENTOS Certamente não chegaria sozinho até aqui, muitos me estenderam a mão e me lembraram que em toda trajetória quando achamos que não vamos conseguir mais, quando nossas forças já estão se acabando, pulsos fortes surgirão de todos os lados para te fazer persistir e não parar enquanto você não conseguir. Posso me dizer abençoado por ter a família e amigos que tenho, estão comigo em todos os momentos, sejam bons ou ruins, e neste trabalho não foi diferente, tive todo o apoio e força necessária vinda de minha família e amigos. Todas as vezes que precisei de algum conselho, alguma palavra de conforto ou motivacional eles estavam lá e se de pé hoje estou devo tudo a eles. Agradeço em especial a minha mãe Maria Angélica Correa Cardoso, pois sem ela minha vida não teria sentido algum, ela é aquela pessoa que acredita em mim com todas as forças apoia, e luta pelo meu sucesso sempre, o que me motiva a me esforçar todos os dias para sempre trazer orgulho a ela. Agradeço ao meu irmão mais novo Arthur Cardoso Silva, por ter em mim como sua referência me motivando assim a nunca falhar e manter sempre uma conduta digna desta admiração, sempre querendo mostrar que nada é impossível para quem acredita que é capaz e me fazer de exemplo para o seu futuro que será brilhante com toda certeza. Outro agradecimento especial vai para meu amigo Alexandre Moreira por estar sempre ao meu lado, me dando apoio e me passando seu conhecimento para que eu sempre consiga mostrar o meu melhor, nunca aceitar o mínimo e sempre correr atrás do máximo. Por ser a pessoa incrível que é, me dando todo o apoio possível para concretizar minhas conquistas. São muitos os que eu deveria agradecer porém não haveria espaço para o tamanho da minhas gratidão a todas as pessoas que me apoiaram e me deram incentivo em todos esses anos de curso até chegar a ao momento deste trabalho de conclusão de


5

curso, mas não poderia deixar de citar meu pai, Adilson Cabral Salarolli, minha irmã, Luana Nogueira Carneiro, Minha madrinha, Ana maria Nogueira Carneiro e a todos os meus amigos, em especial Juliano Muller pelo apoio que me deu. Por fim agradeço ao meu orientador o Professor Clóvis Achino por todo conhecimento transmitido, dicas e sugestões para que este pudesse ser um trabalho digno e bem elaborado. Por ser o professor que sempre acreditou no meu potencial e nunca duvidou da minha capacidade de poder mostrar o meu melhor.


6

Se o artista apenas reproduz os traços superficiais, como faz o fotógrafo, se registra com exatidão as diversas características de uma fisionomia, mas sem relacioná-la ao caráter, ele não merece ser admirado. A semelhança que ele deve atingir é a da alma. Burle Marx


7

RESUMO Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo tratar da requalificação de uma região poluída no Bairro de Boa Vista, na cidade de Vila Velha, com o intuito de propor uma intervenção paisagística urbana que melhore diversos aspectos do local. A escolha do tema se deu pelo fato notório de que intervenções paisagísticas ajudam na melhoria da qualidade de vida local. O objetivo do projeto é apresentar um diagnóstico da região e uma proposta de requalificação da área, apresentando soluções paisagística orientada por soluções e estudos de casos de diversos autores especialistas no tema. Foram realizados dois estudos de casos e um diagnóstico, levantando como a requalificação em recursos hídricos corpos d'água impactam em diversos aspectos sociais, econômicos e até culturais da região onde é implementado, resultando em um projeto de praça alagável, com setorização dos mapas atuais, sugestão de melhorias de mudança estrutural do canal. Palavras-chave: Paisagismo. Urbano. Canal. Paisagem.

Praça. Coqueiral de

Itaparica. Requalificação. Corpos d’água. Recursos Hídricos. Alagamentos.

Vila Velha.


8

ABSTRACT This graduation paper presents the requalification of a polluted region in the Boa Vista neighborhood, in the city of Vila Velha, in order to propose an urban landscape intervention that improves various aspects of the site. The choice of the theme was due to the notorious fact that landscaping interventions helps to improve the local quality of life. The objective of the project is to present a diagnosis of the region and a proposal in the requalification, presenting landscaping solutions oriented by case studies of several authors and specialized professionals in landscaping. Two case studies and one diagnosis were carried out, showing how the requalification of water impacts on several social, economic and even cultural aspects of the region where it is implemented, resulting in a floodplain project, with the sectorization of current maps and with suggestion for structural change improvements. Keywords: Landscaping. Urban. Channel. Landscape. Square. Itaparica coconut tree. Requalification. Bodies of water. Water resources. Vila Velha. Floods.


9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 ‒ Mirante Quilotoa Shalalá. ......................................................................... 17 Figura 2 ‒ Centro Histórico de Salvador (Bahia)....................................................... 19 Figura 3 ‒ Paisagem Natural Brasileira (Bonito, MS)................................................ 19 Figura 4 ‒ Terceira Parte do High Line em Nova York ............................................. 20 Figura 5 ‒ Panorâmica de Vitória - ES ...................................................................... 21 Figura 6 ‒ Mary miss 1081. Um fosso central e uma série de estacas em espiral formam a paisagem................................................................................................... 23 Figura 7 ‒ Parque do Anhangabaú, em São Paulo................................................... 24 Figura 8 ‒ O Parque das Garças .............................................................................. 25 Figura 9 ‒ Exemplos de Elementos Paisagísticos .................................................... 26 Figura 10 ‒ Jardim Tropical ....................................................................................... 28 Figura 11 ‒ Exemplos de Mobiliario .......................................................................... 29 Figura 12 ‒ Exemplos de tipos de solos ................................................................... 29 Figura 13 ‒ Exemplo de paginação na Austrália....................................................... 30 Figura 14 ‒ Rio Sena, Paris. ..................................................................................... 31 Figura 15 ‒ Exemplo de Iluminação Pública em espaços externos. ......................... 31 Figura 16 ‒ Basketcolor: Identidade, brincadeira e resiliência na fronteira do México .................................................................................................................................. 32 Figura 17 ‒ Casa em Ressaca (SP). ......................................................................... 32 Figura 18 ‒ Rio Sena, Paris. ..................................................................................... 33 Figura 19 ‒ Aldeia indígena Tekoa Porã. .................................................................. 34 Figura 20 Figura 20 ‒ Baía de Guanabara em estado de poluição. ......................... 35 Figura 21 ‒ Canal da Costa, no Bairro Divino Espírito Santo, Vila Velha, ES. ......... 36 Figura 22 ‒ Resultado do projeto Beira-rio para requalificação das margens do Rio Piracicaba.................................................................................................................. 37 Figura 23 ‒ O Cheong-Gye-Cheon e afluentes ocupando a velha Seul murada ...... 38 Figura 24 ‒ Antes e depois da remoção do viaduto Cheong-Gye-Cheon................. 39 Figura 25 ‒ Rio Cheonggyecheon, Seul ................................................................... 42


10

Figura 26 ‒ Perspectiva do projeto do parque Capibaribe ........................................ 43 Figura 27 ̶ Perspectiva do módulo Capunga. .......................................................... 44 Figura 28 ̶ Perspectiva do módulo Derby. ............................................................... 44 Figura 29 ‒ Perspectiva do módulo Jaqueira. ........................................................... 45 Figura 30 ‒ Foto do módulo Jardim Baobá ............................................................... 45 Figura 31 - Perspectiva do módulo Ponte D’uchôa ................................................... 46 Figura 32 ‒ Ilustração de uma praça alagável. ......................................................... 65 Figura 33 ‒ Praça Benthemplein, em Roterdã, na Holanda...................................... 65


11

LISTA DE TABELA

Tabela 1. Elementos da paisagem ............................................................................ 22 Tabela 2 – Densidade nos bairros da região 01 ....................................................... 58 Tabela 3 – Razão de dependência, taxa de mortalidade e renda nominal nos bairros da região 01 .............................................................................................................. 61 Tabela 4 – Percentual populacional de acordo com a renda nos bairros da região . 62


12

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 ‒ Implantação Parque Garças...................................................................... 47 Mapa 2 ‒ SEMPLA ‒ Região 01 de Vila Velha ......................................................... 48 Mapa 3 ‒ Poligonal de intervenção ........................................................................... 49 Mapa 4 ‒ Fotos da área de intervenção.................................................................... 57 Mapa 5 ‒ Análise geral da poligonal. ........................................................................ 57 Mapa 6 – Vista satétile da poligonal.......................................................................... 60 Mapa 8 – Proposta prévia. ........................................................................................ 63


13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 2 PAISAGEM E PAISAGISMO .................................................................................. 17 2.1 O CONCEITO DE PAISAGEM ............................................................................. 17 2.2 PAISAGEM URBANA ........................................................................................... 19 2.3 PAISAGISMO: DEFINIÇÕES ............................................................................... 22 2.4 ELEMENTOS PAISAGÍSTICOS .......................................................................... 25 3 RELAÇÃO ÁGUA E CIDADE ................................................................................ 33 3.1 QUESTÕES AMBIENTAIS NOS RECURSOS HÍDRICOS URBANOS ............... 33 3.2 REQUALIFICAÇÃO EM FRENTES D’ÁGUA ....................................................... 37 4 DIAGNÓSTICO ...................................................................................................... 47 4.1 LOCALIZAÇÃO .................................................................................................... 47 4.2 CONTEXTO HISTÓRICO .................................................................................... 50 4.3 ÁREA DE INTERVENÇÃO: CARACTERIZAÇÃO ............................................... 50 4.4 PROBLEMAS E SOLUÇÕES ............................................................................... 60 5 A PROPOSTA E O PROJETO................................................................................64 5.1 A PROPOSTA: PRAÇA ALAGÁVEL.................................................................... 64 5.2 O PROJETO........................................................................................................ 66 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 90 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 91 ANEXOS .................................................................................................................... 93


14

1 INTRODUÇÃO Um grande problema da qualidade visual das cidades hoje é em relação ao paisagismo ou à falta dele nas áreas públicas. Muitas vezes temos um projeto de jardinagem que agrega muito pouco à paisagem do local. Este trabalho pretende relatar sobre os conceitos de requalificação urbana através do paisagismo, com ênfase nas frentes de recursos hídricos que se encontram em áreas urbanas. O local em questão é um trecho do canal da costa em Vila Velha que percorre aproximadamente 420 m de extensão na cidade de Vila Velha cruzando os bairros Coqueiral de Itaparica e Boa vista II, constituindo-se da área vazia atrás do fórum de Vila Velha onde hoje está locada uma Associação esportiva. O autor deste trabalho como frequentador diário do trajeto do Canal da Costa em Vila Velha, percebeu uma carência de soluções paisagísticas no local, tornando o cotidiano dos frequentadores menos motivador e agradável. A falta de infraestrutura adequada para os usuários é um fator determinante para a escolha do local, pois o alto nível de depreciação do entorno do canal é algo preocupante e propício de uma intervenção urbana. Melhorar a paisagem dos locais públicos é algo necessário para o bem-estar dos moradores e frequentadores desses ambientes, pois traz uma melhor qualidade de vida e gera legibilidade ou visibilidade para a cidade. Áreas verdes planejadas, mobiliários urbanos adequados, pavimentação, paginação de pisos elaborados e outros aspectos paisagísticos buscam trazer essas qualidades para as áreas onde são aplicados e recuperam os bons aspectos da paisagem urbana para a cidade. Na cidade de Vila Velha hoje há poucos ambientes públicos urbanos com uma paisagem que efetivamente utiliza os conceitos do paisagismo urbano. O que se encontra são canteiros e jardins aleatórios, arborização inadequada, mobiliários com pouca funcionalidade e outros elementos paisagísticos urbanos que exercem pouco a função de conforto para as pessoas, criação de uma imagem e com fraca definição da infraestrutura verde na paisagem local.


15

A ausência de um projeto paisagístico em áreas urbanas pode causar problemas que são comuns em nossa cidade, como calçadas e ruas inadequadas, poluição física e visual, apropriação indevida de áreas urbanas públicas e também os tornando inseguros por falta de iluminação local. A cidade é dotada de recursos hídricos onde a grande maioria não se encontra em bom estado pois perderam quase todos seus aspectos biológicos positivos devido ao despejo de águas poluídas e sem tratamento em seus cursos. Trazer de volta a vida aos recursos hídricos é um emblemático desafio, já que os canais se encontram totalmente poluídos e seus entornos degradados e descaracterizados. O trabalho tem como proposta analisar os aspectos paisagísticos de um trecho de Vila Velha e elaborar uma proposta para um trajeto que começa na Av. Luciano das Neves (altura do Shopping Vila Velha) e se estende até o edifício do Ministério Público, entre os bairros Coqueiral de Itaparica e Boa Vista, em uma área vazia com vegetação e que está próximo a residências e órgãos institucionais importantes da cidade, tais como a Universidade Vila Velha, o Fórum da cidade e o Ministério Público. Esse local se apresentou, dadas as características geográficas, uma área estratégica onde um projeto a nível de estudo preliminar de uma praça seria implementada para o melhorar o dia a dia e o convívio da população local, estudantes e trabalhadores. Uma das características da área analisada é a falta de um planejamento para escoamento de água, tornando-a propícia a alagamentos durante períodos de chuva devido a sua posição e relevo. Logo, a proposta é idealizar a implementação de um projeto de praça alagável, conceito que já vem sendo utilizado em outros países e que tem como característica ser adaptada para lugares molhados ou inundáveis, seja por chuvas ou transbordamentos de rios. Assim o projeto estará adequando as características da região e mantendo as características naturais do local da área de estudo.


16

Serão realizadas análises e diagnósticos na área escolhida com base em fontes de pesquisa, artigos, livros, fotos, mapas e entrevistas, referenciando e reafirmando a eficácia das soluções do tema em questão. Estudos elaborados, tais como as características do solo, vegetação predominante, clima, público frequentador, questões sociais e históricas da região e outros aspectos trarão fundamentos á elaboração paisagística com qualidades visuais, conforto, sustentáveis e que sejam adequadas ao local implementado. O projeto de paisagismo da área de estudo pode trazer de volta a boa relação da cidade com seus cursos d'água, melhor convivência em espaços públicos, mais qualidade de vida para os moradores, frequentadores e uma cidade com paisagens mais apreciáveis. O trabalho será estruturado em cinco capítulos, onde o primeiro é a introdução do tema, o segundo e terceiro são conteúdos teóricos, abordando temas relacionados ao paisagismo, como ele se retrata em ambientes urbanos, questões ambientais envolvendo recursos hídricos nas cidades e exemplos de requalificações que tiveram sucesso em sua aplicação. Esses conteúdos servirão para o embasamento dos dois capítulos seguintes. O diagnóstico, onde será feito uma análise da região escolhida, e a proposta, que com base em tudo que foi citado anteriormente resultará em um projeto paisagístico urbano.


17

2 PAISAGEM E PAISAGISMO

2.1 O CONCEITO DE PAISAGEM Para muitos, paisagens são visuais com belas árvores, natureza ou algum elemento que seja agradável aos olhos de quem vê, o que não é uma afirmação totalmente errada, apenas incompleta. A paisagem se define por algo muito mais amplo que isto e a abrangência de seu significado é maior do que podemos ver, sentir ou imaginar.

Figura 1 ‒ Mirante Quilotoa Shalalá.

Fonte: ARCHDAILY, 2014.

Segundo um antigo dicionário, o ETIM fr. paysage (1549), a definição de paisagem se dá como uma extensão de território que o olhar pode alcançar, ou tudo que pode ser compreendido pelo olhar. Sendo assim uma paisagem pode conter um universo de definições e ainda assim não ser o suficiente, como se vê na Figura 1, que exemplifica a definição que paisagem não é ver algo, mas é também vivenciar a experiência de estar imerso sensorialmente. Então não podemos limitar o termo paisagem apenas a elementos da natureza; ela abrange uma infinita área de definições e imagens que, mesmo o significado da palavra enfatizar sobre o que o olhar pode alcançar, a


18

paisagem se apropria de características que também incluem outros sentidos do corpo. “Tudo o que há na paisagem faz parte de um sistema inter-relacionado que compõe o tecido de nossa existência, é necessário aprender a olhar para todos os aspectos do contexto, para pensar e agir holisticamente.” (WATERMAN, 2010, p. 52). Mas uma paisagem para ser considerada bela aos olhos de quem vê deve conter certos requisitos que abrangem características como: harmonia entre a disposição dos elementos, cores em harmonia, concordância entre os elementos, unidade entre os elementos, sintonia entre o espaço em que a paisagem esta locada, são os principais parâmetros teóricos que vários especialistas em paisagens citam. Se não existe harmonia entre as partes, a nossa reação normal é dizer que o objeto não é belo. A essa ausência de beleza chamamos feiura, ou seja, que o objeto é feio. Isto resulta de uma sentida falta de unidade entre os elementos ou a presença de um ou mais elementos discordantes. Logo, pode-se concluir que, desde que aquilo que é belo tende a agradar e aquilo que é feio (não belo) a confundir, a harmonia visual de todos os elementos de uma paisagem é desejável (LIRA FILHO, 2002, p. 141).

A paisagem pode ser também classificada como natural ou cultural. A paisagem natural é aquela em que não houve a ação do homem, tais como bosques, grandes campos e massas de vegetação ou até mesmo imensas dunas, desertos ou grande geleiras polares, como demonstrado na Figura 1 e 3. Já a cultural é aquela em que houve a ação do homem, ou seja, a que foi montada, criada ou elaborada pelo homem ou por um grupo que representou sua cultura, vivência e arte no lugar que hoje se considera a paisagem, como exemplificado na Figura 2. O homem vem moldando a paisagem desde os primórdios, como retrata as pinturas rupestres, plantações e outras atividades do homem como formação de paisagens. Como se nota, a palavra portuguesa paisagem deriva de país, que se refere não apenas ao espaço físico, mas a uma apropriação peculiar do espaço, à construção de um território e de um povo, para então se tornar, talvez, a imagem desse território (SANDEVILLE, 2005).


19

Figura 2 ‒ Centro Histórico de Salvador (Bahia)

Fonte: MOMONDO, 2016.

Figura 3 ‒ Paisagem Natural Brasileira (Bonito, MS)

Fonte: ESCOLA KIDS.

2.2 PAISAGEM URBANA Os conceitos que definem uma paisagem urbana se dão pela interação entre o homem e a natureza, dividindo-se entre elementos que compuseram as cidades ao longo do tempo, bem como nossa evolução histórica, passando de conceitos antigos como a de se criar cidades e popular regiões no entorno de rios, até expressar valores culturais e comportamento social (MEINING, 1979).


20

Figura 4 ‒ Terceira Parte do High Line em Nova York

Fonte: ARCHDAILY, 2014.

A paisagem urbana em via de regra sempre teve uma visão antropocêntrica, ou seja, voltada para o homem, de acordo com suas necessidades, crescimento e adaptação ao ambiente (NUCCI, 2010) e é moldada atualmente por construções em concreto, variando entre torres, casas, indústrias, vias, praças, com ou sem planejamento construtivo que impactem direto na natureza, modificando assim a percepção do que é paisagem. Na Figura 4, um exemplo de paisagem construída a partir da interação humana com rios e mares, na ilha de Manhattan e a Figura 5 mostrando a variação de concreto, vias, torres e casa se misturando com a paisagem natural de Vitória/ES.


21

Figura 5 ‒ Panorâmica de Vitória - ES

Fonte: TEMPORADA LIVRE, 2019.

De acordo com Rodrigues (2008), o ambiente contemporâneo exigiu que o planejamento urbano se tornasse um estudo e fosse aplicado diretamente as necessidades de crescimento populacional ou interesses de mercado, criando assim ambientes harmônicos e que atingissem ou melhorassem a vida da população. O planejamento urbano tem como objetivo a cidade ideal, a ocupação harmônica e integrada das áreas urbanas, o progresso, o desenvolvimento das cidades. Raramente há ênfase à cidade real, à vida da população nas cidades (RODRIGUES, 2008, p. 121). Baseando-se nos autores até o momento citados, o que se pode considerar como elementos da paisagem urbana são:


22

Tabela 1. Elementos da paisagem

Elementos da Paisagem Casas, prédios, condomínios, Conjunto de edificações

indústrias, shoppings, lojas, aeroportos, portos, equipamentos comunitários, etc…

Conjunto de vias Infraestruturas

Ruas, avenidas, rodovias, boulevards, ferrovias, entre outras. Calçadas, Postes, mobiliários, ponto de ônibus, ciclovias, calçadões, etc... Árvores, jardins, canteiros, arbustos,

Vegetação

palmeiras, massas verdes e outros tipos de vegetação.

Componentes naturais mais comuns e

Rios, Lagos, rochedos, bahias, canais,

gerias

montanhas, morros.

Portanto, a paisagem urbana abrange um conjunto grande de elementos, e esses são os principais que em conjunto harmônico formam belas paisagens urbanas, conforme diria Lira Filho (2002). Estes elementos serão explorados no capítulo 2.4, mais à frente.

2.3 PAISAGISMO: DEFINIÇÕES Para o paisagismo, como visto no capítulo anterior, a paisagem tem uma definição mais ampla do que apenas o que se pode alcançar visualmente, é uma definição que abrange alguns conceitos e dentre eles estão os detalhes visuais, sensações, odores, culturas, representatividade e vários outros aspectos que harmonizam em conjunto formando uma paisagem. Tudo que tem certa representatividade ou gera uma imagem significativa para os observadores pode se dizer paisagem, desde elementos aleatórios até parques e campos verdes.


23

Segundo Waterman (2010) desde estacas cravadas no chão, até grandes massas verdes, além de tudo que pode ter alguma representatividade em uma paisagem, criam cenários que podem ser considerado paisagismo, não se limitando, portanto, a somente

jardins

e

plantas

como

comumente

as

pessoas

assimilam

as

entregas/projetos feitas pela profissão, como referência as imagens da Figura 06.

Figura 6 ‒ Mary miss 1081. Um fosso central e uma série de estacas em espiral formam a paisagem.

Fonte: MARY MISS (2017)

O conceito de “arquitetura paisagística” nasceu no final do século 19, dentro da American Society of Landscape Architects (ASLA) e de acordo com Farah (2010), é o profissional que cuida do planejamento, projeto e gestão de ambientes naturais e construídos. No Brasil, o conceito começou a se expandir a partir do século 20, sendo Roberto Burle Marx um dos seus maiores expoentes. “O contexto da arquitetura paisagística brasileira ao longo do século 20 foi marcado pela busca da identidade projetual e pelos desafios enfrentados para o estabelecimento da profissão no país, e teve como seu maior expoente o paisagista Roberto Burle Marx. Considerado o criador do jardim moderno, ele inovou com uma linguagem projetual paisagística aliada às características das paisagens brasileiras.” (FERREIRA, 2012, p. 12).

O termo “arquitetura paisagística” já era conhecido na arquitetura há muito tempo e o paisagismo era uma atuação interdependente da arquitetura. Em alguns países, em especial nos Estados Unidos, o termo era integrado à engenharia civil também (WATERMAN, 2010).


24

Quando falamos na profissão paisagista o que vem primeiramente na cabeça de muitos é a atuação em jardins de casas ou em canteiros pensados sempre do portão pra dentro, mas o paisagismo é muito mais amplo do que se pode limitar do interior de uma edificação (Figura 7). O arquiteto paisagista tem a função de criar paisagens seja onde elas estiverem e em qual escala estiverem (WATERMAN, 2010).

Figura 7 ‒ Parque do Anhangabaú, em São Paulo.

Fonte: REPRODUÇÃO CAU-SP.

Ainda segundo Waterman (2010), a arquitetura paisagística consiste em conformar e conduzir o mundo físico e os sistemas naturais que nele se encontram. Não é apenas a criação de jardins ou parques. É a criação de uma paisagem dentro de seu contexto (Figura 8). A paisagem integra tudo que vivenciamos, seja no contexto social, ambiental, cultural ou histórico, tudo visando o equilíbrio.


25

Figura 8 ‒ O Parque das Garças

Fonte: O PARQUE DAS GARÇAS.

A atuação do paisagista pode ser em uma variedade de áreas, desde a criação de um jardim oriental até a de um parque linear urbano. Onde tenha a ação do homem sobre a natureza deve ter a atuação de um paisagista (WATERMAN, 2010).

2.4 ELEMENTOS PAISAGÍSTICOS Como já foi dito anteriormente, um bom paisagismo é resultante da disposição de elementos de forma harmônica, mas quais seriam esses elementos? Muitas pessoas diriam apenas elementos da natureza ou mobiliários urbanos encontrados em parques e praças (ver Tabela 1), mas os elementos que compõem um paisagismo são infinitamente maiores do que os que se encaixam apenas nessas duas categorias. Dentre os vários elementos do paisagismo podemos citar como os básicos a vegetação, mobiliários, pavimentação, água, solo, iluminação, equipamentos de esporte e lazer, equipamentos urbanos e as edificações.


26

Figura 9 ‒ Exemplos de Elementos Paisagísticos

Fonte: PAISAGISMO ONLINE, 2016.

Cada elemento do paisagismo exerce uma função, tem características e adequações específicas, seja para compor uma paisagem, para proteção contra fatores naturais (sol, chuva, ventos, etc…) ou para provocar sensações nas pessoas. Essa última função tende a ser mais intrigante, pois elas não se notam ao primeiro contato, são aqueles que usamos outros sentidos do corpo para perceber, tais como o aroma, a sonoridade,

as

sensações,

emoções

causadas

e

outras

condicionantes

proporcionadas pelo contato do homem com a paisagem. Ao elaborar um projeto, o paisagista dispõe de elementos naturais compostos por uma combinação de componentes físicos (solo, água, clima) e biológicos (plantas e animais), bem como de elementos construídos pelo homem, os quais são chamados de elementos arquitetônicos (construções, vias de acesso, pérgulas, piscinas, playground, obras-de-arte, etc.). Acrescente-se a esses elementos, o próprio homem,


27

principal componente e protagonista da paisagem, e para o qual a mesma é construída (LIRA FILHO, 2002, p. 57). O paisagismo pode ser pensado também com funções para melhoria direta na qualidade de vida das pessoas, existem espécies que purificam o ar, outras que diminuem a intensidade solar do ambiente, as que exalam aromas agradáveis e até mesmo as que emitem essências que podem agir no corpo humano, atuado como calmantes ou causando outras sensações nas pessoas. Todos esses benefícios podem servir de estudo para a escolha dos elementos paisagísticos em um projeto. (DOMAKOSKI, 2017) Cada elemento tem suas categorias, composições, funções e especificações necessárias. Podemos citar algumas para melhor entendimento: I) Vegetação: Composta por plantas de pequeno, médio e grande porte, tais como árvores, arbustos, flores e palmeiras, como mostra a figura 10. Há também as de porte rasteiro, como gramas e trepadeiras. Elas exercem dentre várias funções, a de proteger contra fatores naturais (sol, chuva, vento, etc…), outra função importante da vegetação no paisagismo é com relação a outro elemento, o solo, pois a vegetação pode estruturar o solo, firmando-o ou até mesmo danificá-lo dependendo do tipo de planta que ali foi plantado. Além dessas funções mais “técnicas” tem a função de composição da paisagem, a disposição, as cores, as variações de vegetações enriquecem as paisagens.


28

Figura 10 ‒ Jardim Tropical

Fonte: CONSTRUINDODECOR, 2019

Quando falamos das funções e benefícios que um bom paisagismo traz para a cidade Gouvea (2002, p. 92-93) diz: “[...] Sugere-se a organização de caminhos de pedestres, sombreados, o tipo de vegetação arbórea, principalmente de copa perene, compatível com a hierarquia viária e com as dimensões dos espaços disponíveis.” II) Mobiliário: Tem como função integrar as pessoas a paisagem. Podemos citar como um dos principais mobiliários os mais conhecidos mobiliários urbanos, como mostra a figura 11. Bancos de áreas públicas, subdivididos em banco de permanência (com encosto), geralmente usados em praças, parques, lugares de contemplação, e bancos de descanso (sem encosto), utilizados em áreas públicas livres como calçadas, pontos de ônibus, calçadões, orlas e também em escolas. Outros como, totens, placas informativas, ponto de ônibus, mesas, abrigos, bebedouros e sanitários também fazem parte do conjunto de mobiliários urbanos. (ABBUD, 2010)


29

Figura 11 ‒ Exemplos de Mobiliário

Fonte: ARCHDAILY, 2013.

III) Solo: O solo é um elemento de fundamentação do estudo paisagístico. Ele deve ser estudado para se utilizar os componentes mais adequados para cada tipo, que podem ser: arenoso, argiloso, humoso, calcário, árido, latossolo, lixiviado e siltoso, como mostra a figura 12. Ou seja, o tipo de paisagismo, mais especificamente com relação a vegetação depende do tipo de solo existente no local (ABUDD, 2010).

Figura 12 ‒ Exemplos de tipos de solos

Fonte: BOAS PRÁTICAS AGRONÔMICAS, 2017.

IV) Paginação: Ela compõe o ambiente ligando e inter-relacionando os elementos e espaços criados, como vemos na figura 13. Uma boa paginação é peça fundamental para um bom paisagismo, pois ela que arremata a disposição dos espaços e componentes no paisagismo. A pavimentação também compõe a paisagem, em forma


30

de vias, ruas, rodovias e calçadas. Os materiais e formas nela projetados também dão forma para a paisagem (ABBUD, 2010). Figura 13 ‒ Exemplo de paginação na Austrália.

Fonte: PIUVIDESIGN, 2019.

V) Água: A água é um elemento muito presente na paisagem, seja de forma natural, como rios, córregos, canais e mar (como na figura 14), ou na forma decorativa como fontes, espelhos d'água e chafariz. Exerce alguma função para com o local, pode diminuir temperaturas, alterar a unidade do ar, e controlar o índice de partículas suspensas (poeira) no ambiente (GOUVÊA, 2002).


31

Figura 14 ‒ Rio Sena, Paris.

Fonte: PARIS, 2016.

VI) Iluminação: Postes de rua e de praça(como na figura 15), balizadoras, spots e outros tipos de iluminação direta e indireta que podem proporcionar mais segurança e uma melhor utilização dos espaços externos (ABBUD, 2010). Figura 15 ‒ Exemplo de Iluminação Pública em espaços externos.

Fonte: ILUMINIM, 2019.


32

VII) Equipamentos de esporte e lazer: Quadras esportivas, academias populares, parquinhos, pet-parks e tudo que for relacionado ao lazer e esporte dentro dos espaços públicos como mostra a figura 16 (ABBUD, 2010). Figura 16 ‒ Basketcolor: Identidade, brincadeira e resiliência na fronteira do México

Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2019.

VIII) Edificações: Por fim, mas não menos importante, as edificações, seus tipos, formas e tamanhos compõem paisagens e o paisagismo deve ser aplicado de forma que se adeque as edificações, valorizando-as e trazendo os benefícios que um bom paisagismo pode oferecer, como mostra figura 17 (GOUVÊA, 2002). Figura 17 ‒ Casa em Ressaca (SP).

Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2019.


33

3 RELAÇÃO ÁGUA E CIDADE

3.1 QUESTÕES AMBIENTAIS NOS RECURSOS HÍDRICOS URBANOS A importância de rios, regiões litorâneas, regiões com solo fértil ou de outros elementos da natureza vem desde os primórdios da humanidade, norteando e moldando a expansão urbana do mundo. A interação Rio x Homem vai muito além da própria existência da vida, elemento do qual não é possível viver sem, mas vai também da utilização para agricultura, saneamento, pecuária entre outros. Mas em outros casos os recursos hídricos se integram a paisagem, como podemos ver abaixo na Figura 18. Figura 18 ‒ Rio Sena, Paris.

Fonte: GETYOURGUIDE, 2019.

Gouvêa (2002) cita como um exemplo equilibrado de relações do homem com a natureza, a formação das aldeias indígenas (Figura 19), que tiravam seu sustento e matérias primas direto da natureza, porém pela pouca quantidade de pessoas o efeito desses atos não era significativo para o ambiente.Com o passar dos anos a colonização veio formando as primeiras cidades seguindo estilos europeus e com o início do desmatamento e exploração dos recursos naturais foram tomando formas.


34

Figura 19 ‒ Aldeia indígena Tekoa Porã.

Fonte: ITAPORANGA, 2019.

A urbanização desenfreada, os problemas conhecidos da falta de saneamento no Brasil, bem como a tardia organização do planejamento urbano causam deterioração de cursos d'água, deixando-os em estados como o da figura 20, poluindo-os e causando vários prejuízos à natureza e a cidade tais como enchentes, mau cheiro, doenças, degradação do solo, falta de recursos naturais e uma série de outros problemas. Este pode ser considerado uma das mais graves crises urbanas em nossas cidades pois a degradação dos cursos d'água além de causar incômodo às pessoas também dificulta uma boa urbanização e deteriora o que poderia ser uma boa paisagem para nossas cidades, como cita Rodrigues e Costa (2019). O tema dos problemas ambientais urbanos representa um exemplo da contradição da relação sociedade-natureza que assume diversas configurações ao longo dos tempos. Atualmente, os problemas ambientais urbanos acometem as pessoas de modo direto e indireto e têm na precariedade da urbanização um dos pontos mais graves. Um dos efeitos nocivos da concentração da densidade urbana é o crescimento, expansão e segmentação, acima de tudo da precarização do perímetro urbano e seus impactos das práticas do urbanismo sem infraestrutura e equipamentos urbanos eficientes [...] (RODRIGUES; COSTA, 2019, p. 86).


35

Figura 20 Figura 20 ‒ Baía de Guanabara em estado de poluição.

Fonte: RIOONWATCH, 2017.

O recurso hídrico que será estudado neste trabalho é o Rio da Costa, já canalizado, localizado em Vila Velha no Espírito Santo (Figura 21). Ele vem sendo poluído há décadas e hoje já não tem mais características de um rio natural e em boas condições, suas águas estão totalmente contaminadas por dejetos residenciais e outros geradores de poluentes que têm seu despejo no canal o tornando cada vez mais poluído. É de tamanha importância para os moradores saber o que esse curso d’água representa para suas vidas, melhorando a qualidade de vida, trazendo novas oportunidade para a cidade e seus moradores, agregando positivamente na paisagem, tanto em termos visuais quanto em termos usuais a preservação desse curso d'água é de grande importância.


36

Figura 21 ‒ Canal da Costa, no Bairro Divino Espírito Santo, Vila Velha, ES.

Fonte: O RIO DA COSTA, 2019.

A preservação dos recursos hídricos é algo que deve ser trabalhada com maior intensidade, pois estudos mostram que estes estão se tornando cada vez mais escassos. A falta de consciência ambiental dos moradores que jogam lixos e dejetos nos rios torna a poluição cada vez maior, além disso, falta um sistema adequado de tratamento de esgoto e também empresas com um programa de manejo de resíduos. Todos esses fatores levam a degradação dos corpos d'água das cidades. “Com cerca de 12% de toda a água doce do mundo, o Brasil é rico em biodiversidade e possui um patrimônio ambiental invejável. No entanto, boa parte de nossos ecossistemas e reservas hídricas estão comprometidos diante das ações de degradação ambiental, gerando diversas consequências.” (ASCOM; CONSEA, 2017). A retirada da vegetação nos arredores dos recursos hídricos, ou mata ciliar, é um fator relevante para a sua degradação pois ela tem tamanha importância para a sua preservação. Elas exercem várias funções que podem garantir a sua boa qualidade, algumas tem função de purificar as águas, como por exemplo a popularmente conhecida como “água pé”, plantas cujo as raízes têm o poder de retenção do solo às margens dos rios, evitando assim o assoreamento, outras espécies podem proporcionar uma melhor oxigenação da água, contenção de partículas e sedimentos


37

protegendo a qualidade das águas, enriquecimento de material orgânico e equilíbrio térmico. As vegetações contribuem para manutenção da biodiversidade dos corpos d'água (LIMA; ZAKIA, 2000).

3.2 REQUALIFICAÇÃO EM FRENTES D'ÁGUA A requalificação dos recursos naturais localizados em espaços urbanos vem sendo algo cada vez mais necessário para a boa convivência das pessoas nas cidades. Encontrar espaços ou elementos da natureza em meios urbanos é difícil pois as construções e intervenções urbanas não prezam pela preservação dos mesmos, resultando assim na degradação e morte desses recursos, daí vem a necessidade de requalificação para trazer de volta a vida desses componentes como mostra na figura 22, um exemplo do Rio Piracicaba no Brasil, onde a sua requalificação trouxe de volta as características de um rio natural e uma melhor paisagem para a cidade. Muitos obstáculos se opõem a essas requalificações, questões relacionadas a mobilidade, falta de infraestrutura sanitária, condicionantes naturais e o principal, a falta de conscientização ambiental e de políticas públicas (GORSKI, 2010).

Figura 22 ‒ Resultado do projeto Beira-rio para requalificação das margens do Rio Piracicaba.

Fonte: PORTAL VITRUVIUS, 2005.

a) RIO CHEONG-GYE Pelo mundo afora temos muitos exemplos de requalificações de recursos naturais que foram bem-sucedidas. Um deles que serve de grande exemplo e base de referência


38

para este trabalho é a requalificação do Rio Cheong-Gye em Seul, na Coreia do Sul, onde a urbanização desordenada gerou uma produção de esgotos irregulares a céu aberto despejados no Rio o que o tornou totalmente poluído. (REIS; SILVA, 2015) Seul era uma cidade monarca, burocrática com grande enfoque nas atividades comerciais que aconteciam nos arredores das muralhas que a cercavam (Figura 23) a cidade toma caráter industrial e o rio que já era utilizado como meio de escoamento de esgotos se tornará cada vez mais poluído e degenerado.

Havia mais de 600 anos que o córrego Cheong-Gye era usado como sistema natural de drenagem e esgoto da cidade e, conforme a população aumentava, crescia, na mesma medida, o número de inconvenientes ocasionados pelos transbordamentos das suas águas. (REIS; SILVA, 2015, p. 115) Figura 23 ‒ O Cheong-Gye-Cheon e afluentes ocupando a velha Seul murada

Fonte: SEOUL METROPOLITAN GOVERNMENT, 2005.

Uma opção muito utilizada nesses casos é o "sepultamento" desses canais, uma opção muito inviável já que além de não resolver o problema dificulta ainda mais a recuperação. Essa foi a opção que escolheram para o Rio Cheong-Gye, Seu total


39

fechamento para a criação de uma via urbana com o intuito de melhorar a mobilidade urbana, porém não teve sucesso em seu propósito. Em face dos problemas sanitários ocasionados pela urbanização e pelo primado da abertura de planejou-se a cobertura do Cheong-Gye-Cheon e a construção de vias pavimentadas sobre o córrego. Os planos não sairiam do papel antes da ocupação japonesa, mas o córrego e áreas adjacentes passariam por várias intervenções urbanísticas até as primeiras décadas do século XX. Nesse período, marcado pela efervescência econômica subsequente à abertura dos portos, a cidade se desenvolve como núcleo receptor de estrangeiros, notadamente japoneses, para quem novas áreas residenciais ao longo do córrego foram destinadas. Concomitante a esse processo e selando uma duradoura reestruturação no tecido urbano de Seul, ruas foram construídas e pavimentadas em substituição às centenárias e estreitas vielas de pedestre, conformando, aos poucos, um padrão de modernidade na capital coreana. Com o crescimento da cidade durante a ocupação japonesa, iniciam-se as obras de cobertura do córrego. (REIS; SILVA, 2015, p. 117)

Figura 24 ‒ Antes e depois da remoção do viaduto Cheong-Gye-Cheon

Fonte: ASIAN CITIES RESEARCH ARCHITECTURAL HISTORY & THEORY: THE CITY, 2018.


40

Nos anos de 2003 e 2006, Seul era governada pelo prefeito Lee Myun-Bak, considerado conservador e que tinha parte da sua equipe considerada como radical. A ideia de ganhar projeção nacional fez com que o então governo buscasse um projeto inovador e marcante para a cidade. Em meios a crises, escândalos, e outros problemas o projeto de recuperação do rio foi ganhando interesse do estado e utilizado como estratégia de marketing político. (REIS; SILVA, 2016) A escolha específica do projeto se deu pelos problemas causados pela via que cobria o rio e a sua ineficiência como condutor viário uma forma de promover mudança na cidade. Iniciam-se assim várias propostas de requalificação do Rio Cheong-Gye, com intenção de reviver o que na época era um canal totalmente poluído e coberto. É nesse contexto de declínio do centro e crise de circulação que emerge a polêmica ideia de demolição da via elevada sobre o leito do Cheong-Gye. O principal argumento que se levantou em prol dessa solução promotora da circulação viária. De fato, uma série de estudos vem sustentando a tese de que a oferta de uma via pretensamente desimpedida constitui um estímulo desproporcional ao uso do automóvel, introduzindo no sistema viário uma sobrecarga de demanda maior do que a elevação da capacidade de circulação representada pela sua introdução. (REIS; SILVA, 2016, p. 123) A obra se iniciou com a ousada decisão do vice-prefeito de se demolir toda a via que fora construída acima do rio de uma vez. Essa durou três anos, entre julho de 2003 e setembro de 2005 e se dividiu em três canteiros de obra distintos e simultâneos, dando assim

a

possibilidade

de

fluidez

no

trânsito.

(SEOUL

METROPOLITAN

GOVERNMENT, 2006). A demolição da estrutura gerou um total de 680 mil toneladas de lixo, dos quais a totalidade das sobras metálicas e 95% do concreto e do asfalto foram reciclados, em consonância com o plano do governo de defender o projeto como solução ambientalmente correta. (SEOUL METROPOLITAN GOVERNMENT, 2006, p. 24).


41

Após a demolição, a obra então começou a focar naquele que seria a grande entrega para a população: a descoberta do córrego e a despoluição do curso d’agua. A região sofria com grandes cheias e o projeto foi focado em sanar o problema criando áreas para transbordo da água e introduzidos recuos e aterros de absorção. (SEOUL METROPOLITAN GOVERNMENT, 2006). Foram construídos terraços e calçadas em nível ao longo do curso d’água, com passeios junto ao nível mais baixo. Na margem mais alta, foram instaladas separadamente linhas coletoras de esgoto e de águas pluviais. (REIS; SILVA, 2016, p.124) O curso d'água conta com duas vias transversais para carros e acessos às áreas lindeiras, acompanhado de ruas de pedestres que ficam no entorno da margem que mede 5m. O projeto manteve as 22 pontes, totalizando 17 entradas que hoje abrigam comércio e se tornaram um ponto turístico da cidade. De acordo com Reis e Silva (2016) e com os relatórios apresentados por Seoul Metropolitan Government (2006), o projeto não só teve impacto na vida da população, como ajudou na mobilidade urbana, aumentando 15,1% no número de passageiros de ônibus e 3,3% no número de passageiros de metrô no período da obra. O projeto paisagístico devolveu à cidade, a um só tempo, um espaço verde de quase 6 km, cortando o eixo Leste-Oeste, e um veio d’água inexistente havia quatro décadas. Desses 6 km, 3,6 constituem uma linha contínua de área verde para pedestres, ciclistas e animais. A área projetada se tornou um campo de recreação, passeio e descanso, com plantas, orla visitável com passagens transversais, além de atração turística cuja fama transborda os limites do país. (REIS; SILVA, 2016, p. 125)


42

Figura 25 ‒ Rio Cheonggyecheon, Seul

Fonte: ARCHDAILY, 2019.

Reis e Silva (2016), destacam que o projeto, apesar de ter sido pensado inicialmente para uso de marketing político, teve uma construção racional e voltada para o bemestar da população. A grandiosidade do projeto, bem como sua execução, faz com que esse projeto seja considerado o mais bem-sucedido de requalificação em recursos hídricos do mundo, como se está retratado na figura 25. b) PARQUE CAPIBARIBE No Brasil, também existem projetos de requalificação de cursos d'água. O projeto do Parque Capibaribe(figura 26), no Recife, hoje é apontado como uma das melhores requalificações as margens de rio que o país irá ter. Se trata de um conjunto de parques que percorre 30 km no rio Capibaribe no Recife, tem com intenção precisão a reconciliação das pessoas com o as águas do rio. O projeto foi concedido pela prefeitura de recife junto a Universidade Federal de Pernambuco.


43

Figura 26 ‒ Perspectiva do projeto do parque Capibaribe

Fonte: PARQUE CAPIBARIBE, 2019

O projeto se baseou em cinco premissas: percorrer, atravessar, chegar, abraçar e ativar. Cada premissa serviu como base de estudos para que o resultado atendesse as necessidades que o local apresenta. ̶

Percorrer: Focada nos trajetos, as margens do rio e com passeios ecológicos; ̶

Atravessar: Conectar as duas margens por meio de pontes de pedestres; ̶

Chegar: Questões de mobilidade, desmotivando o uso de transportes motorizados ̶

e proporcionando mais conforto para os pedestres e ciclistas; Abraçar: Promover espaços de permanências aconchegantes e com conforto para ̶

os usuários, com bastante vegetação para proteção de fatores climáticos; Ativar: Criação de atividades e processos sociais que tragam interação de todas as partes envolvidas na criação do novo parque. Debates e consultas públicas para a elaboração do projeto (UFPE, 2018).

O projeto de parque integrado é dividido em seis módulos interligados, porém cada um com suas características. Os módulos são:

I) Capunga: Como mostra a figura 27, se localiza no bairro Derby (Recife/PE), com extensão de 900 m, tem como proposta melhorar as possibilidades de uso misto, com a preocupação de preservar as condições ambientais do local (UFPE, 2018).


44

Figura 27 ̶ Perspectiva do módulo Capunga.

Fonte: PARQUE CAPIBARIBE, 2019

II) Derby: O módulo Derby(figura 28) também localizado no bairro Derby (Recife/PE), entre as pontes do Derby e Paissandu, com extensão de 400 m, esta área do projeto tem um caráter mais histórico e o projeto visa a preservação dessa característica para o local (UFPE, 2018). Figura 28 ̶ Perspectiva do módulo Derby.

Fonte: PARQUE CAPIBARIBE, 2019

III) Jaqueira: O módulo Jaqueira (figura 29) está localizado no bairro Jaqueira (RecifePE), com extensão de 575 m, essa parte será mais focada nos passeios públicos, proporcionando uma melhor experiência para os ciclistas e pedestres (UFPE, 2018).


45

Figura 29 ‒ Perspectiva do módulo Jaqueira.

Fonte: PARQUE CAPIBARIBE, 2019

IV) Jardim Baobá: O modulo Jardim Baobá (figura 30) está localizado no bairro Jaqueira (Recife-PE), com 100 m de extensão. Até o momento é o único módulo finalizado, o nome é em homenagem a árvore que lá se encontra que era considerada sagrada para cultura indígena, africana e brasileira. Consiste em um jardim aberto com áreas de lazer e permanência, tais como Píer, mesas comunitárias e parques infantis (UFPE, 2018). Figura 30 ‒ Foto do módulo Jardim Baobá

Fonte: PARQUE CAPIBARIBE, 2019

V) Ponte D’uchôa: O módulo Ponte D’uchôa (figura 31) está localizado no bairro Graças (Recife-PE), com 400 m de extensão. Irá conectar o Jardim do Baobá à Ponte


46

da Torre, um passeio com uma fazia para pedestres e uma ciclovia arborizados, ponto paisagístico forte do projeto com uma fonte seca percorrendo o trajeto tornando-o mais atraente (UFPE, 2018). Figura 31 - Perspectiva do módulo Ponte D’uchôa

Fonte: PARQUE CAPIBARIBE, 2019

VI) Via parque Garças: Como mostra o mapa 1 o parque está situado no bairro Graças (Recife-PE), com 900m de extensão. É o ponto alto do projeto, onde ficará uma grande via compartilhada entre pedestres, carros e ciclistas. Tudo foi elaborado para não causar grandes impactos ambientais dando teor ecológico ao projeto (UFPE, 2018). O projeto do parque teve todos os cuidados para sua elaboração ser bemsucedida e seu propósito (que é reintegrar as pessoas com o rio) ser alcançado de maneira ecológica, social e teor paisagístico positivo.


47

Mapa 1 ‒ Implantação Parque Garças

Fonte: PARQUE CAPIBARIBE, 2019

4 DIAGNÓSTICO 4.1 LOCALIZAÇÃO A área escolhida para o estudo foi um trecho do Canal da costa, situado em Vila Velha, entre os bairros de Itapuã e Itaparica (mapa 2). O canal tem extensão de 6.200 km em formas orgânicas em determinados locais, mas em sua maioria linear, percorre por 23 bairros da Cidade de Vila Velha e tem o final de seu escoamento no mar do bairro da Praia da Costa (GONÇALVES, 2017).


48

Mapa 2 ‒ SEMPLA ‒ Região 01 de Vila Velha

Fonte: SEMPLA, 2010, adaptado.


49

A poligonal de intervenção (mapa 3) está localizada na região I (mapa 2), no bairro Boa Vista II na Av. Délio Silva Britto, abrange o trajeto que começa na Av. Luciano das Neves (altura do Shopping Vila Velha) e se estende até a Faculdade Novo Milênio, entre os bairros Coqueiral de Itaparica e Boa Vista II, uma área vazia que está próximo a residências e órgãos institucionais importantes da cidade, tais como a Universidade Vila Velha, o Fórum da cidade e o Ministério Público (SEMPLA, 2010). Mapa 3 ‒ Poligonal de intervenção

Fonte: GEOWEB, 2019, adaptado.


50

4.2 CONTEXTO HISTÓRICO Vila velha é a cidade mais antiga do estado, tendo seu nascimento em 1535 por Vasco Fernandes Coutinho, e hoje com estimativa de 493.838 habitantes e com 210,225 km². (IBGE, 2018) O bairro de boa vista II nasceu por volta do ano de 1977. Fundado com a intenção de criar habitações para os trabalhadores de baixa renda, o bairro não tinha muita notoriedade inicial para um desenvolvimento urbano, porém com o passar dos anos seu desenvolvimento veio a acontecer de uma forma não planejada, assim como os demais bairros de Vila Velha, resultando em vários problemas que notamos hoje em dia. Talvez o principal tenha sido a ausência de infraestrutura sanitária, ou seja, uma canalização e tratamento de águas adequado na formação da cidade, o que gerou esgotos irregulares e o despejo de águas poluídas nos recursos hídricos transformando os rios nos famosos “valões” que vemos hoje cortando a cidade.

4.3 ÁREA DE INTERVENÇÃO: CARACTERIZAÇÃO Cercado por vegetação incluindo árvores de diversas espécies, áreas verdes com plantas de pequeno a médio porte, o trecho do canal até hoje não recebeu um devido tratamento paisagístico e não parece se integrar ao restante do canal nem ao seu entorno. No decorrer da área pavimentada do canal note-se várias deficiências, calçadas são curtas, danificadas e desconfortáveis, a ciclovia tem um desenho inadequado para o trajeto de um ciclista, além do estado das mesmas ser de depreciação causada pelo tempo, falta de manutenção e pelo crescimento das raízes das árvores que destruíram grande parte das calçadas e da ciclovia, as vias que tangenciam o canal são repletas de lombadas e buracos, o que em dias de chuva criam enormes poças rentes as calçadas fazendo com que os carros que passam jogam água nos pedestres. Todo o trajeto do canal que se inicia em Santa Mônica e tem seu fim em Boa Vista onde se instalará o projeto da praça abordada neste trabalho, é repleto de problemas que necessitam de soluções e uma intervenção


51

paisagística urbana poderia ser uma delas, segundo fotos e observação em loco feitas pelo autor do trabalho.

Mapa 4 ‒ Fotos da área de intervenção

Fonte: GEOWEB, 2019, adaptado.


52

Foto 01 – Acesso a Rod. Do Sol

Foto 02 – Acesso ao lado do INSS


53

Foto 04 – Vista do lote

Foto 05 – Vista do campo

Foto 06 – Associação esportiva


54

Foto 07 – Rua José de Alencar

Foto 08 – Margens do Canal


55

Foto 09 – Subestação elétrica

Foto 10 – Entrada Tv. 7 de Junho


56

O canal em sua maior parte é concretado, sendo assim, não podemos dizer que é um canal natural. Nele são despejados esgotos e águas pluviais de toda a cidade e que ao longo dos anos. Gouvêa (2002), destaca a importância da preservação das matas ciliares (que com vimos no capítulo 3 tem inúmeros benefícios para o canal), mas devido às mudanças e retiradas ao longo dos anos intencionavam a poluição, mau cheiro, procriação de mosquitos, riscos de contaminação e outras situações indesejáveis. Garantir a preservação das matas ciliares, guardando as distâncias adequadas dos leitos dos cursos d'água e nascentes (lei 7.803/89), assim como da vegetação nativa de forma geral, as quais funcionam como elemento de purificação do ar nas áreas urbanas. (GOUVÊA, 2002, p. 83) As edificações no entorno do canal são em sua maioria de uso residencial. Temos também certos usos institucionais, tais como Escolas, Fórum, INSS e Ministério Público (Mapa 3). Outros usos como serviços e comerciais são em uma quantidade menor. Conforme mostra no mapa 4, na poligonal em questão existe uma subestação elétrica de distribuição de energia que ocupa uma parte da praça. Também temos o campo da Associação Nacional Esporte Clube, locada dentro do local destinado a praça, e uma área destinada a estacionamento ao lado do INSS com canteiro central logo a frente desse estacionamento. Todos estes componentes também se integram ao projeto de intervenção paisagística.


57

Mapa 5 ‒ Análise geral da poligonal.

Fonte: GEOWEB, 2019, adaptado.

Segundo o SEMPLA (2010) O bairro Boa Vista II, onde o projeto será situado, tem aproximadamente 207.862m² e densidade populacional média, e um número populacional de aproximadamente 3.515 pessoas.


58

Tabela 2 – Densidade nos bairros da região 01

Fonte: SEMPLA, 2010.

Algumas atividades sociais e esportivas já são características do local (mapa 6). O campo recebe vários campeonatos de times locais e atrações voltadas ao esporte, também ensaios de escola de Samba e Blocos de carnaval. A situação atual da área em questão é típica de um espaço cujo ainda não houve nenhum tratamento urbanístico ou paisagístico. A travessa denominada Tv. 7 de junho não tem pavimentação, as casas desta rua são de padrões mediano e baixo, não existe calçada em sua maior parte. O local onde a praça irá se localizar fica às margens do canal, sendo assim para o melhor funcionamento da mesma a despoluição do canal seria necessária, o solo é argiloso e parte da mata ciliar ainda está presente. As casas que antes impediam o acesso da av. Délio Silva Britto para a Rodovia do Sol já foram retiradas e até o momento a obra de ligação entre essas vias já está em andamento. No mapa a seguir pode-se ver a localização e situação da área em questão.


59

Mapa

6

Visa

satélite

da

poligonal.

Fonte: IMAGENS GOOGLE, 2011

Segundo o PDM de Vila Velha a zona em que a área de intervenção se encontra é a ZOP-B como mostra o mapa 7:


60

Mapa 7 – Zonas de Vila Velha.

Fonte: PDM VILA VELHA, 2019, adaptado.

A localização da poligonal é um dos pontos fortes do local, pois grandes órgãos públicos e institucionais estão próximos, à Rodovia do Sol, a principal que corta Vila Velha passa por uma parte da área, os acessos ao local são livres e de baixo fluxo de trânsito. Existe um potencial grande de público frequentador por conta das diversas atividades que existem nos seus arredores. Com todas estas vantagens a praça teria potencial para ser um dos cartões postais de chegada da cidade, um marco paisagístico e fonte de entretenimento para toda a cidade.

4.4

PROBLEMAS E SOLUÇÕES

Vila velha é conhecida por ser a Cidade que sempre alaga nas chuvas, ou como a cidade dos esgotos a céu aberto, mesmo a porcentagem de esgotamento adequado hoje ser de 85,6%, segundo o IBGE, vemos que falta muito para a cidade conseguir vencer esses problemas enfrentados a muito tempo e pertinentes até hoje. A poligonal de estudo e intervenção em questão é uma zona, que em dias de chuva ocorrem alagamentos, por meio do transbordamento do canal e da falta de


61

escoamentos das águas pluviais, mas não só na área em questão como nos seus arredores e bairros vizinhos também sofrem com esta questão. Essa situação deve ser levada como primordial para a elaboração de um projeto, pois o que for realizado ali deve ser adaptado para enfrentar esse problema. O local em questão é considerado inseguro pois não há pavimentação, iluminação e a visibilidade para o local é baixa tornando assim um local propício a crimes e limitando a frequência de público no local. Já a média da renda familiar do bairro não é alta, caracterizando-o como um bairro de classe média baixa como mostrado na tabela 3. Tabela 3 – Razão de dependência, taxa de mortalidade e renda nominal nos bairros da região 01

Fonte: SEMPLA, 2010.


62

Tabela 4 – Percentual populacional de acordo com a renda nos bairros da região 01

Fonte: SEMPLA, 2010.

Existem ações paisagísticas no local voltadas principalmente para solucionar as questões da mobilidade viária, sem levar em consideração outros aspectos paisagísticos que também seriam relevantes, com apenas vegetações nativas dispostas em algumas áreas. Uma nova arborização organizada de modo a incrementar a paisagem e oferecer melhores condições para do conforto dos usuários do parque é uma das premissas para a elaboração da proposta, implementar novos usos com o intuito de manter a vida ativa no local, incluindo áreas de vivências, tais como, palco para apresentações, skatepark e área de feira e alimentação, servirão de atrativos para engajar novos públicos também. Um espaço livre para atividades comerciais, para apresentações e atividades corriqueiras do local, essas propostas prévias se exemplificam no mapa 08.


63

Mapa 8 – Proposta prévia.

Fonte: GEOWEB, 2019, adaptado.


64

5 A PROPOSTA E O PROJETO

5.1 A PROPOSTA: PRAÇA ALAGÁVEL A localidade onde se encontra a poligonal escolhida para a intervenção é uma área propícia a alagamentos e, junto a necessidade de uma intervenção pública urbana, proporcionou a ideia de elaborar um projeto de uma praça alagável, ou seja, uma praça que se adequa a esse fator natural da localidade e tira proveitos do que seria uma situação indesejável para os moradores e frequentadores do local. (FIGURA 32) Segundo Takaki (2017), este tipo de projeto contém certos aspectos para atender a sua função específica, tais como, auto drenagem, escoamento planejado, infraestrutura verde e outros mecanismos que têm função de escoamento das águas pluviais. Uma praça com a funcionalidade de poder conter a carga excessiva da chuva e ainda proporcionar o reaproveitamento dessa água é algo que pode ser totalmente vantajoso para a cidade de Vila Velha, pois se trata de uma cidade que sofre com alagamentos e transbordamentos de canais em dias de fortes chuvas (GLOBO.COM, 2019) Falando mais especificadamente e detalhadamente, a proposta se constitui de uma praça onde estarão estrategicamente distribuídas “zonas alagáveis” denominadas bacias, que se caracterizam por áreas com níveis inferiores aos do restante da praça cujo o alagamento é intencional em dias de chuva, evitando assim o alagamento total do local e oferecendo espaços de possíveis passagem e permanecia. Elas não só evitam o alagamento total da área, mas também o aproveitamento da água acumulada nessas zonas através de um sistema hidráulico que conduzirá a água retida até reservatórios e sistemas de tratamento para reutilização. Além dessas zonas irá contar com calhas de drenagem no chão que irão conduzir o líquido até elas. Outro recurso serão as bacias de contenção do transbordamento do canal espalhadas em seu entorno. São bacias cujo sua utilidade será, além de conter a água da chuva também conter a água do canal, assim evitando que ele transborde.


65

Figura 32 ‒ Ilustração de uma praça alagável.

Fonte: RINNOVABILI.IT. Figura 33 ‒ Praça Benthemplein, em Roterdã, na Holanda.

Fonte: GLOBO.COM, 2020.


66

5.2 O PROJETO O projeto se constitui por seis pranchas e diversas imagens gráficas que exemplificam com realismo a proposta. •

Na primeira prancha temos a planta baixa paisagística humanizada, com a disposição das árvores e demais vegetações, a paginação da praça assim como a simbologia dos mobiliários urbanos, iluminação pública e informações adicionais para auxilia na compreensão do projeto.

A segunda prancha contém a legenda explicativa das simbologias utilizadas na prancha anterior assim como a descrição de mobiliários, iluminação e paginação aplicados ao projeto.

Seguindo para a terceira prancha temos a planta baixa do projeto da proposta apriorística que demonstra o volume das copas das árvores e sua coloração dando mais realidade a proposta.

Na quarta prancha temos a elevação indicada na prancha de paisagismo humanizada, mostra a vista inteira da praça demonstrando as alturas e volumes. Também nesta mesma á o corte longitudinal que exibe os desníveis ocasionados pelas principais bacias alagáveis do local.

A quinta prancha se compõe do diagrama de usos, demostrando por diferenciação de cores a locação e funções de cada local da praça, o diagrama de trajetos com os caminhos de pedestres, bicicletas e carros e o diagrama de áreas permeáveis diferenciando com cores as áreas permeáveis do projeto.

Na sexta e última prancha se encontra a planta baixa de gradação do alagamento que demonstra os locais desejáveis de alagamento e a trajetória da água da chuva e do transbordamento do canal. Demonstra a funcionalidade das bacias alagáveis. Nesta mesma prancha temos dois cortes de duas bacias alagáveis, uma de contenção da água da chuva e outra de contenção da água do canal, exibindo a mecânica dessa função atribuída ao local.


67

O campo de futebol e da subestação elétrica permaneceram. A praça dispõe de um palco estilo coliseu, uma área de alimentação, um skate Park e 11 áreas de permanência alagáveis. Todos estes inseridos em zonas alagáveis. A Tv. 7 de junho foi pavimentada ganhando uma ponte.


68


69

A designação das árvores foi de acordo com sua volumetria, capacidade de sombreamento e cores. Ornamentadas com o estilo de paginação do local.


70

No corte temos a identificação dos desníveis das bacias alagáveis e na elevação podemos verificar os volumes e alturas encontrados no projeto.


71

Os diagramas mostram as decisões de usos, áreas permeáveis e fluxos do projeto.


72

A planta de gradação do alagamento mostra o trajeto a água retida nas bacias alagáveis e das bacias de retenção do transbordamento do canal. Os cortes mostram a mecânica de retenção e escoamento da função dessas bacias.


73

VISTA DE TOPO DO PROJETO RENDERIZADO.

ENTRADA DA RUA TV. 7 DE JUNHO.

ENTRADA DA AVENIDA DÉLIO SILVA BRITO.

TV. 7 DE JUNHO URBANIZADA.


74

VISTA AÉREA DO PARQUE.


75

ENTRADA DA RUA 7 DE JUNHO.

PROPOSTA DE JARDIM VERTICAL PARA INTEGRAÇÃO DA SUBESTAÇÃO AO PAISAGISMO DA PRAÇA.

NOVA ARQUIBANCADA COM MURAL TEMÁTICO VILA VELHA DO ARTISTA CLAUDIO BACIA ALAGÁVEL PARALELA AO CANAL SENDO UTILIZADA COMO ÁREA DE VIVÊNCIA. VALDETARO(TRIPA).


76

ÁREA DE ALIMENTAÇÃO PRINCIPAL DA PRAÇA DURANTE O DIA.


77

PROPOSTA PAISAGÍSTICA PARA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO DURANTE O DIA.

NOVA PROPOSTA PARA O CAMPO DE FUTEBOL.

PIER DE INTEGRAÇÃO DA PRAÇA COM O CANAL DESPOLUÍDO.

VISTA DE BAIXO DO TOLDO DE SOMBREAMENTO DA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO.


78

SKATE PARK INSERIDO EM ZONA ALAGÁVEL.


79

VISTA AÉREA DO SKATE PARK.

MURAL ARTÍSTICO DA SEGUNDA ARQUIBANCADA.

MURAL ARTÍSTICO DA SEGUNDA ARQUIBANCADA.

ÁREA DE ALIMENTAÇÃO EM HORÁRIO NOTURNO.


80

ENTRADA PRINCIPAL DA PRAÇA DURANTE O DIA.


81

PALCO ESTILO COLISEU SENDO UTILIZADO PARA APRESENTAÇÕES.

MURAL “INSTAGRAMÁVEL” DE ARTES ESTÊNCIL NA ENTRADA DA PRAÇA DURANTE O DIA.

MURAL ESTAGRAMÁVEL DE ARTES ESTÊNCIL NA ENTRADA DA PRAÇA DURANTE A NOITE.

ENTRADA PRINCINAL DA PRAÇA NA TV. 7 DE JUNHO DURANTE A NOITE.


82

MURAL ARTÍSTICO DO “TRIPA” NA ARQUIBANCADA DURANTE A NOITE COM ILUMINAÇÃO TEMÁTICA DAS CORES DA BANDEIRA CAPIXABA.


83

ESTRADA DO ANTIGO BECO ESTRE A SUBESTAÇÃO E O CAMPO DURANTE A NOITE.

VISTA AÉREA DA PRAÇA DURANTE Á NOITE.

IMAGEM DA NOVA PROPOSTA DO CALÇADÃO DURANTE A NOITE.

VISTA GERAL AÉRA DO CAMPO DURANTE A NOITE.


84

PROPOSTA PAISAGÍSTICA DA ÁREA DE ALIMENTAÇÃO DURANTE A NOITE.


85

BACIA ALAGÁVEL PARALÉLO AO CANAL DURANTE CHUVA.

PALCO CALISEU ALAGADO DURANTE CHUVA.

ÁREA DE ALIMENTAÇÃO ALAGADA DURANTE CHUVA.

SKATE PARK ALAGADO DURANTE CHUVA.


86

VISTA AÉREA DA PRAÇA ALAGADA DURANTE CHUVA.


87

VISTA AÉREA DA PRAÇA DURANTE CHUVA.

VISTA AÉREA DA ENTRADA PRINCIPAL DA PRAÇA DURANTE CHUVA.

VISTA AÉREA DA BACIA PARALELA AO CANAL DURANTE CHUVA.

VISTA AÉREA DO CANAL DA COSTA DURANTE CHUVA.


88

BACIA ALAGÁVEL INUNDADA DURANTE CHUVA.


89

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho buscou, através do paisagismo, trazer mais vida, funcionalidade e interação entre a população e um degradado local na região do bairro de Boa Vista, em Vila Velha. O local em questão, faz parte do trajeto do autor até sua residência e é altamente passível de melhorias que agreguem valor a região. Mesmo estando próximo a shopping, universidade e órgãos públicos, não existe nenhum programa ou intervenção previsto na região que dê mais conforto e incentive o uso de locais públicos para lazer. Através dos estudos, foi possível perceber que, quando alinhada ao interesse popular e político, uma boa estratégia de intervenção paisagística pode criar um ambiente favorável ao crescimento econômico, além de impactar diretamente na qualidade de vida da região, principalmente por se tratar de uma área que sofre com constantes alagamentos. A requalificação do canal que corta a área, bem com o conceito de praças alagáveis pode contribuir muito para a satisfação geral de quem passa pelo trajeto proposto e na melhora da qualidade de vida da cidade. Os casos apresentados chancelam o fato de o poder público, alinhado a projetos paisagísticos propiciam uma melhora significativa na poluição visual e física e podem contar com funcionalidades específicas para cada localidade e trazer proveitos para situações indesejáveis recorrentes nessas áreas.

Acredita-se que, mesmo que

preliminares, as mudanças propostas nesse projeto focadas na situação ocasionada pelos alagamentos no local junto a aspectos paisagísticos, tais como, mobiliário urbano, pavimentação, replantio da vegetação e principalmente na requalificação do curso d’água, contribuirá e muito para a melhor convivência em espaços públicos, mais qualidade de vida para os moradores, frequentadores, além de uma cidade com paisagens mais apreciáveis.


90

REFERÊNCIAS

ABBUD, B.. Criando Paisagens. São Paulo: Saraiva, 2010. ASCOM; CONSEA. Degradação ambiental castiga os rios, lagos e mananciais do país. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 21 Jul. 2017. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/consea/comunicacao/noticias/2017/julho/degradacaoambiental-castiga-os-rios-lagos-e-mananciais-do-pais>. Acesso em: 29 out. 2019. DOMAKOSKI, M.. Tenha em casa plantas que ajudam você a relaxar; saiba quais são. Gazeta do Povo, 2017. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/haus/paisagismo-jardinagem/tenha-em-casaplantas-que-ajudam-voce-a-relaxar-saiba-quais-sao/>>. Acesso em: 19 out. 2019. FARAH, I.; SCHLEE, M.; TARDIN, R. (orgs.). Arquitetura paisagística contemporânea no Brasil. São Paulo: Editora Senac, 2010. FERREIRA, A. A. A permanência da paisagem: os princípios do projeto paisagístico de Haruyoshi Ono. 163 f. 2012. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CAC. Desenvolvimento Urbano, 2012.

GLOBO.COM. Ruas de Vila Velha, ES, ficam intransitáveis após chuva forte. Disponível em: <https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2019/12/07/chuvaforte-volta-a-alagar-ruas-da-grande-vitoria.ghtml>. Acesso em: 18 jan. 2020. GONÇALVES, L.; DEVENS, N. Um problema 100% urbano visto e ignorado . A Gazeta, Vitória, 19 de junho de 2017. Seção Especial Águas Passadas. GORSKI, Maria Cecília Barbieri. Rios e cidades. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010.

GOUVÊA, L. A. Biocidade: conceitos e critérios para um desenho ambiental urbano, em localidades de clima tropical de planalto. São Paulo: Nobel, 2002. IBGE. Cidades IBGE - município de Vila Velha, panorama e pesquisas. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/es/vila-velha/panorama>. Acesso em: 17 out. de 2019


91

LAERA. L. H. N. Valoração economizada arborização: valoração dos serviços ambientais para a eficiência e manutenção do recurso ambiental urbano, 2006. 137 f Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) Universidade Federal Fluminense, Niterói – RJ, 2006. LIMA, W. P.; ZAKIA, M. J. B. Hidrologia de matas ciliares. In: Matas ciliares: conservação e recuperação [S.l: s.n.], 2000. LIRA FILHO, J. A. Paisagismo: elementos de composição e estética. Viçosa: Aprenda Fácil, 2002. 194 p. (Coleção de jardinagem e paisagismo. Série planejamento paisagísticos, v. 2). MEINIG, D. W. The interpretation of ordinary landscapes: Geographical essays. Oxford: University Press, 1979. NUCCI, J. C. (org.). Planejamento da paisagem como subsídio para a participação popular no desenvolvimento urbano. Estudo aplicado ao bairro de Santa Felicidade ‒ Curitiba/PR. Curitiba: LABS/ DGEOG/UTFPR, 2010.

REIS, L. F.; SILVA, R. L. M. Decadência e renascimento do Córrego CheongGye em Seul, Coreia do Sul: as circunstâncias socioeconômicas de seu abandono e a motivação política por detrás do projeto de restauração. urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana, LOCAL, vol.8, n.1, p.113-129, 2016. RODRIGUES, A. M. O espaço urbano e as estratégias de planejamento e produção da cidade. In: PEREIRA, E. M. (org.). Planejamento urbano no Brasil: Conceitos, diálogos e práticas. Chapecó: Argos, 2008. p.110-126.

RODRIGUES, F. T.; COSTA, R. C. Caracterização geomorfométrica de áreas afetadas por deslizamentos no alto curso da bacia do igarapé do Mindú, Manaus (AM). In: COSTA, R. C. (Org.). Riscos, vulnerabilidades e condicionantes urbanos. LOCAL: Paco Editorial, 2019.

SANDEVILLE JUNIOR, E . Paisagem. Paisagem e Ambiente, São Paulo, v. 20, p. 47-60, 2005.

SEMPLA. Secretaria de Planejamento e Projetos Estratégicos. Perfil Socioeconômico por Bairros. Vila Velha, nov. 2013. Disponível em: <https://www.vilavelha.es.gov.br/midia/paginas/Perfil%20socio%20economico%20R2 .pdf> Acesso em: 10 nov. 2019


92

Seoul Metropolitan Government. Revived Cheong Gye-Cheon: urban design studio exhibition, UnivHarvard. Seul: Governo Metropolitano de Seul, 2006. SEOUL / Walkability as Covering Up Tool: From removing overpass to reusing overpass. fac.arch.hku.hk. 2018. Disponível em: <https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox?projector=1>. Acesso em: 05 nov. 2019.

TAKAKI, N. H.; MACIEL, R. F. (org.). Letramentos em terra de Paulo Freire. Campinas: Pontes Editores, 2014. p. 209-230.

Tipos de jardins e como decorá-los. ConstruindoDECOR. Disponível em: <http://construindodecor.com.br/tipos-de-jardins/>. Acesso em: 05 nov. 2019. Universidade Federal de Pernambuco. Parque Capibaribe, 2018. Disponível em: <http://parquecapibaribe.org/projeto/>>. Acesso em: 30 out. 2019.

WATERMAN, T. Fundamentos de paisagismo. Tradução técnica: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2010.

ANEXO A – MATERIAIS DE CONSULTA

13 patrimônios históricos e culturais da UNESCO que ficam no Brasil. Momondo. 2016. Disponível em: <https://www.momondo.com.br/discover/artigo/patrimoniohistorico-cultural-brasil>. Acesso em: 05 nov. 2019.

ALDEIA INDÍGENA TEKOA PORÃ. Itaporanga. Disponível <https://www.itaporanga.sp.gov.br/portal/noticias/0/9/6037/ALDEIAIND%C3%8DGENA-TEKOA-POR%C3%83>. Acesso em: 05 nov.

em: 2019.

ARELLANO Mónica. Basketcolor: identidade, brincadeira e resiliência na fronteira do México. Archdaily. 2019. Disponível em: <https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox?projector=1>. Acesso em: 05 nov. 2019. BARATTO, R.. Nove propostas inovadoras de mobiliário urbano. Archdaily. 2013. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-113267/dez-propostasinovadoras-de-mobiliario-urbano?ad_medium=gallery>. Acesso em: 05 nov. 2019.

CAU/BR. São Paulo homenageia Rosa Kliass, a grande dama da Arquitetura Paisagística. CAU/BR. 2016. Disponível em: <https://www.caubr.gov.br/rosakliass/>. Acesso em: 05 nov. 2019.


93

CAU/BR. Rosa Kliass, pioneira da Arquitetura paisagística no Brasil. CAU/BR. Disponível em: <https://www.causp.gov.br/rosa-kliass-pioneira-da-arquiteturapaisagistica-no-brasil/>. Acesso em: 05 nov. 2019.

DARQUEA L., FLORES D.. Archdaily. 2013. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/757244/mirante-quilotoa-shalala-jorge-javierandrade-benitez-plus-javier-mera-luna-plus-daniel-moreno-flores>. Acesso em: Acesso em: 05 nov. 2019.

EDUARDA, M.. Você conhece os tipos de iluminação pública? Fique por dentro do assunto!. Iluminim. 2019. Disponível em: <https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox?projector=1>. Acesso em: 05 nov. 2019.

Escola kids. Paisagem natural e paisagem cultural. Disponível em: https://escolakids.uol.com.br/geografia/ambiente-natural-e-ambientemodificado.htm>. Acesso em: 05 nov. 2019.

FILHO, E. V. S.; FERREIRA, G. A. C. O rio da costa e suas fases de transformação. Anpur.org. 2015. Disponível em: <http://anpur.org.br/xviiienanpur/anaisadmin/capapdf.php?reqid=532>. Acesso em: 05 nov. 2019. Getyourguide. Disponível em: <https://www.getyourguide.com.br/rio-senal2601/?utm_force=0>. Acesso em: 05 nov. 2019.

Governors State University. Marymiss. Disponível em: <http://marymiss.com/projects/field-rotation/>. Acesso em: 05 nov. 2019.

GOOGLE MAPS. Google. 2011. Vista Satélite da poligonal. Disponível em: <https://www.google.com/maps/place/Associa%C3%A7%C3%A3o+Nacional+Esport e+Clube/@-20.3568721,40.297784,15z/data=!4m5!3m4!1s0x0:0x649b07b6dd699d7c!8m2!3d20.3568721!4d-40.297784>. Acesso em: 08 out. 2019. MARTIN, Kirt. Paisagismo: a chave para o futuro de nossas cidades. Archdaily. 2015. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/772473/paisagistas-a-chavepara-o-futuro-das-nossas-cidades>. Acesso em: 05 nov. 2019.

MOREIRA, P. Alexandre Altberg e a Arquitetura Nova no Rio de Janeiro. Vitruvius. 2005. Disponível em: <https://wvyw.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.058/484>. Acesso em: 05 nov. 2019.


94

MOURA, D. et. al. A revitalização urbana: contributos para a definição de um conceito operativo. In: Cidades, Comunidades e Territórios, n.0 12/13, 2006, pp. 1332 15. Disponível em: <https://repositorio.iscte.pt/bitstream/10071/3428/1/Cidades2006-1213_Moura_al.pdf>>. Acesso em: 13 out. 2019. Paisagismo online. Disponível em: <http://paisagismoonline.com.br/elementospaisagisticos/>. Acesso em: 05 nov. 2019.

Parquecapibaribe. Disponível em: <http://parquecapibaribe.org/>. Acesso em: 05 nov. 2019.

PEREIRA, M.. Casa Modelo / Pitta Arquitetura. Archdaily. 2019. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/921615/casa-modelo-pittaarquitetura?ad_source=search&ad_medium=search_result_projects>. Acesso em: 05 nov. 2019.

Piuvdesign. 2019. Disponível em: <https://interior.piuvdesign.com/2019/05/04/pamgroen-plein/>. Acesso em: 05 nov. 2019.

RAMIRO, J.. Tipos de solo: saiba quais são e os tipos existentes no Brasil. Boas Práticas Agronômicas. 2019. Disponível em: <https://boaspraticasagronomicas.com.br/artigos/tipos-de-solo/>. Acesso em: 05 nov. 2019.

Redação Folha Vitória. Atividades turísticas cresceram apenas no Espírito Santo, diz IBGE. Folha vitoria. 2017. Disponível em: <https://www.folhavitoria.com.br/economia/noticia/10/2017/atividades-turisticascresceram-apenas-no-espirito-santo--diz-ibge>. Acesso em: 05 nov. 2019.

RIBEIRO Caroline. Paris proíbe carros em margem do rio Sena. Medium. 2016. Disponível em: <https://medium.com/pastel-de-nata/paris-pro%C3%ADbe-carrosem-margem-do-rio-sena-898fdf0d0a50>. Acesso em: 05 nov. 2019.

rinnovabili 2019. rinnovabili.it. Disponível em: <http://www.rinnovabili.it/>. Acesso em: 05 nov. 2019. ROBICHAUD, R.. Com o Mais Poluído Canal da Baía de Guanabara, Moradores da Maré Debatem Saneamento e Pesca. RioonWatcH. 2017. Disponível em: <https://rioonwatch.org.br/?p=27514>. Acesso em: 05 nov. 2019.


95

SALAVERRY, Antonio. Urban arts. Disponível em: <https://www.urbanarts.com.br/rio-de-janeiro-vista-panoramica-109031/p>. Acesso em: 05 nov. 2019. SANTOS, M.. A Natureza do Espaço: Técnica, Razão e Emoção. 3. ed. São Paulo: Edusp (Editora da USP), 2003.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.