Eliana Cunha Lima
Sistema de leitura e escrita Braille: insubstituível no processo de alfabetização e letramento de crianças com cegueira e baixa visão profunda Breve relato histórico Na história da humanidade, a invenção da escrita é um marco indiscutível. Por meio dela, as informações e conhecimentos passaram a ser transmitidas com eficiência e historicamente ocorreram esforços para que as pessoas cegas tivessem acesso a essa importante conquista. Há registros datados do século XV de um célebre professor árabe que havia perdido a visão logo após o nascimento, que desenvolveu um método para identificar seus livros por meio de espirais de papel engomadas e que eram dobradas sobre as letras. Em 1517, na Espanha, Francisco Lucas desenvolveu um jogo de letras esculpidas em finas placas de madeira e em 1575, essa ideia foi aprimorada na Itália por Rampansetto, porém os dois métodos não obtiveram êxito para o desempenho de leitura. No século XVII, foi utilizado na Alemanha um método em que consistia em recobrir uma placa de madeira com cera, sobre a qual as pessoas cegas podiam escrever com um estilete. Em 1741, o escritor francês Diderot relata que
uma mulher cega foi alfabetizada com a utilização de letras recortadas em papel. Em meados do século XVIII, a cantora e pianista cega austríaca Maria Theresa von Paradisis foi alfabetizada utilizando alfinetes cravados em almofadas. Já em 1784, o francês Valentin Haüy fundou, em Paris, o Instituto Real dos Jovens Cegos, a primeira escola para cegos do mundo. Os alunos eram alfabetizados por meio de sistema tátil desenvolvido pelo próprio Haüy, que consistia na impressão de caracteres comuns em relevo linear nas folhas de papel. Foi nessa escola que em 1819 ingressou Louis Braille, na época com 10 anos de idade, sempre se destacando como um aluno dedicado e brilhante (Abreu et al, 2018). 23