Rui Batista
O Braille e as novas tecnologias: a Perspectiva Nerd O Braille é o modo por excelência de escrita e leitura das pessoas cegas. É, até ver, a única forma aceite de alfabetizar uma pessoa cega, dando-lhe o mesmo acesso à escrita e leitura que os seus pares. Se um leitor de ecrã com síntese de voz, pela sua conveniência, é, atualmente, essencial à grande maioria das pessoas cegas, não podemos de modo algum considerar que lhes proporciona um acesso à informação escrita equivalente ao Braille. Não existe o mesmo contacto com a ortografia, a forma das palavras, a pontuação, a cadência... diria até com a estética de um texto. Ler e “ouvir ler”, não são equivalentes.
que tornam o Braille menos atrativo e mais complexo nos dias de hoje, complementando com possíveis soluções e caminhos com vista à mudança. Eu e o Braille O meu percurso escolar não terá sido muito diferente de outras crianças cegas que cresceram nos anos 90 em Portugal. O Braille acompanhou-me desde o ensino primário até à faculdade, e à vida profissional.
Neste artigo proponho-me, a partir da minha experiência pessoal, contextualizar a utilização do Braille em meio digital. Iniciarei por descrever o meu percurso como estudante e profissional, enquadrando o papel do Braille nesse caminho. De seguida, tentarei abordar o estado da arte neste campo: as linhas e impressão em Braille, o papel dos leitores de ecrã e a grafia. Em paralelo, tentarei enunciar o que me parecem ser os maiores problemas e desafios
Fiz a minha formação na área das ciências e da computação. Se, ao longo dos anos, a utilização de um computador e leitor de ecrã, mesmo que complementados por uma linha Braille, se tornou cada vez mais necessária e prática, o Braille foi indispensável e insubstituível no estudo da matemática, da física, da química e, obviamente, das línguas. O contacto tátil com as fórmulas, os números, e até os relevos (alguns 47