Escola Montessori

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ESCOLA

MONTESSORI

Giovanna Ramos da Silva


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Trabalho final de graduação para a conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo. Cento Universitário Estácio de Ribeirão Preto. Orientação: Catherine D’Andrea

ESCOLA

MONTESSORI

Giovanna Ramos da Silva


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Resumo O objetivo deste trabalho é conceber um equipamento de educação infantil integral, no bairro Jardim Paiva, zona oeste do município de Ribeirão preto, com a finalidade de dar assistência para a criança nos seus primeiros anos de vida, chamada ‘’primeira infância’’, fase mais importante para o bom desenvolvimento do ser humano, e também trazer tranquilidade e satisfação para famílias que vivem no bairro, em sua grande parte de baixa renda, e que sonham poder colocar os filhos em uma escola de qualidade, porém a condição financeira não possibilita, e só resta de opção as escolas públicas, onde a infra-estrutura é precária e desmotivadora. O espaço arquitetônico a ser desenvolvido, terá como principio suprir as necessidades físicas, cognitivas, sociais e emocionais das crianças em idades de quatro meses a seis anos de vida, e despadronizar o modelo pré concebido da escola, e seus paradigmas enraizados, com ambientes mais livres, estimulantes, que encantem e encoragem os alunos na busca do conhecimento e da autonomia.


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Agradecimentos É com muita alegria que encerro esse ciclo em minha vida, após cinco anos em que tive a oportunidadede de expandir meu intelecto, circulo de amizades, e minha autoconfiança, afinal, por muitas vezes pensei que não conseguiria, que não seria capaz, e com inúmeros erros e acertos, perseverança, fé e uma boa dose de humor, consegui superar minhas expectativas e concluir esse livro, que irá ilustrar minha trajetória no curso de Arquitetura e Urbanismo, o qual nutro uma enorme paixão. Meus mais sinceros agradecimentos são para minha mãe Mara Isa, que me deu todo suporte necessário para realização desse sonho, para meu pai André, que sempre incentivou eu e meus irmãos a estudarem, para minha filha Jade, que é uma inspiração na minha vida, e apesar da pouca idade, sempre se mostrou paciente e muito compreensiva, além de tornar qualquer momento mais leve e descontraído. Ao meu namorado Wesley, por sempre me ouvir e estar do meu lado nos dias mais difíceis, e a todos os meus professores, que transmitiram seu conhecimento com tanta dedicação, amor ao oficio, e profissionalismo. Levarei essa experiência para todas as áreas da minha vida!


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Tema A concepção de criança que se tem hoje, faz parte de uma longa construção histórica, pois em tempos remotos, a realidade era muito diferente, e seu papel social era quase nulo, não havia uma valorização da criança, tampouco conceito de infância. Os respectivos direitos da criança foram conquistados através de um lento processo, e no Brasil, devido à Constituição de 1988, a criança foi colocada no lugar de sujeito de direitos e a educação infantil foi incluída no sistema educacional. Porém, ainda há muitas crianças privadas de usufruir destes direitos, e viverem a sua infância de forma plena, com segurança, afeto e suas necessidades básicas. A Desigualdade social, a falta de investimentos na educação pública e principalmente na educação infantil, tanto a banalização do assunto, opera para que essa realidade continue a fazer parte da história do país, tornando o Brasil uma das piores pátrias educadoras, no Ranking mundial de educação, e o ensino de qualidade continue a ser privilégio das classes mais abastadas, como no inicio da civilização. Portanto, de todos os temas passíveis de escolha, esse foi o que mais permeou meus pensamentos, por já ter tido experiências em escolas particulares, e também em escolas públicas, onde conclui o terceiro ano do colegial, e pude perceber a discrepância de realidades, que vão desde os cuidados com o prédio, até o nível de atividades e programas que são ministrados, ou seja, há muita coisa que precisa ser mudada, repensada, discutida, e resignificada, ao se tratar

da escola como um todo. Portanto, abordarei esse tema em especial, para desafiar-me, pois sei de sua complexidade, e para enfatizar como um espaço com essa importante função social, pode se apresentar com expectativas diferentes.


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Metodologia O presente trabalho será desenvolvido com base em evidências cientificas e fatores históricos. Será colocado em pauta a importância da primeira infância no desenvolvimento pleno, com dados adquiridos nos campos da neurociência e de pesquisas socioeconômicas, que vão mostrar como a educação, ambientes e estimulos afetam positiva ou negativamente a estrutura cerebral da criança, e sequencialmente suas relações, seu futuro acadêmico e profissional, e até a sociedade em que se vive. Também será abordado teorias da educação, seu inicio, divergências de pensamentos atribuidas à ela do ponto de vistas de vários pesquisadores e educadores, e qual era a função da escola em cada período, e transformações decorrentes.A metodologia de desenvolvimento deste trabalho é dividida em cinco etapas, sendo elas:

Etapa 1: pesquisas bibliográficas, apoiadas em grande parte nos livros de Doris Kowawtoski Arquitetura escolar (2011), e de Maria montessori - A criança, que guiarão no entendimento sobre o usuário, e sobre o impacto que o ambiente de ensino exerce sobre ele.

Etapa 2: Construção da fundamentação teórica, que será embasada em três pontos triviais: a importância da primeira infância no desenvolvimento, como surgiram as principais teorias pedagógicas ocidentais e instituições de ensino, e por fim o método pedagógico que será assimilado ao projeto. Etapa 3: Selecionar três projetos escolares de referência, que se alinhem com o método pedagógico que será proposto, sendo dois internacionais e um brasileiro. Etapa 4: Realizar levantamento morfológico do bairro onde equipamento será implantado Etapa 5: Sintetizar todas as informações coletadas ao longo das pesquisas, para perceber a real necessidade dos usuários e o que poderá ser feito dentro das possibilidades para elaboração de um espaço ativo de educação, onde tanto as crianças, como colaboradores se sintam pertencidos e motivados a freqüentar-lo.


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Indíce de figuras Figura 1- Crianças aprendendo Figura 1.2- Formação de novas sinapses Figura 1.3- Metáfora do desenvolvimento infantil Figura 1.4- Equação Heckman Figura 1.5- Interação de crianças e arquitetura Figura 1.6- Pintura rupestre Figura 1.7- Escrita cuneiforme Figura 1.8- Obra Madonna entre os santos Figura 1.9- Filósofos Iluministas reunidos no salão de Geoffrin Figura 2 Ilustração blocos Froebel Figura 2.1 Blocos froebel autenticos e madeira Figura 2.2 Piaget Figura 2.3 Bonecos Waldorf Figura 2.4 Material Montessori Figura 2.5 CentroEducacional Carneiro Ribeiro Figura 2.6 Sala de aula convencional Figura 2.7 Fotografia Maria Montessori Figura 2.8 Crainça realizando atividade Montessoriana Figura 2.9 Creche Camperdown Figura 3 Área externa creche Camperdown Figura 3.1 Universidade de Sidney Figura 3.2 Ópera de Sidney Figura 3.3 Estilo de moradia do bairro Figura 3.4 Mapa Camperdown Figura 3.5 Setorização Figura 3.6 Caixa de areia da área externa Figura 3.7 Divisa do grupo de crianças Figura 3.8 Sala de atividade Figura 3.9 Área recreativa Figura 4 Volumetria Figura 4.1 Volumetria Figura 4.2 Volumetria

Pg 12 Pg 13 Pg 13 Pg 14 Pg 17 Pg 18 Pg 19 Pg 21 Pg 24 Pg 26 Pg 26 Pg 29 Pg 30 Pg 31 Pg 32 Pg 35 Pg 39 Pg 44 Pg 46 Pg 47 Pg 48 Pg 48 Pg 48 Pg 49 Pg 50 Pg 51 Pg 51 Pg 51 Pg 51 Pg 52 Pg 53 Pg 53

Figura 4.3 Materialidade Figura 4.4 Materialidade Figura 4.5 Materialidade Figura 4.6 Escola Maternal La ruche Figura 4.7 Corredor de acesso Figura 4.8 Moradias em Pethes Figura 4.9 Foto de Paris Figura 5 Igreja século XII Figura 5.1 Mapa Perthes en Gâtinais Figura 5.2 Setorização Figura 5.3 Fachada principal Figura 5.4 Sala primário Figura 5.5 Horta Figura 5.6 Sala maternal Figura 5.7 Volumetria Figura 5.8 Volumetria Figura 5.9 Materialidade Figura 6 Materialidade Figura 6.1 Materialidade Figura 6.2 Escola casa fundamental Figura 6.3 Pátio da escola Figura 6.4 Lagoa da Pampulha Figura 6.5 Praça Manoel de Barros Figura 6.6 Rua Castelo de Ajuda Figura 6.7 Mapa BH Figura 6.8 Setorização Figura 6.9 Praça de convivência Figura 7 Ateliê Figura 7.1 Sala de atividades Figura 7.2 Refeitório Figura 7.3 Volumetria Figura 7.4 Volumetria

Pg 54 Pg 54 Pg 55 Pg 56 Pg 57 Pg 58 Pg 58 Pg 58 Pg 59 Pg 60 Pg 61 Pg 61 Pg 61 Pg 61 Pg 62 Pg 63 Pg 64 Pg 64 Pg 65 Pg 66 Pg 67 Pg 68 Pg 68 Pg 68 Pg 69 Pg 70 Pg 71 Pg 71 Pg 71 Pg 71 Pg 72 Pg 73


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Figura 7.5 Materialidade Figura 7.6 Materialidade Figura 7.7 Materialidade Figura 7.8 Mapa Jardim paiva Figura 7.9 Mapa Jardim paiva Figura 8 Foto E.E Jardim Paiva I Figura 8..1 Lazer improvisado Figura 8.2 Gráficos censo IBGE Figura 8.3 Mapa indicando terreno Figura 8.4 Fotografia das moradias Figura 8.5 Fotografia do terreno Figura 8.6 Planta e cortes terreno natural Figura 8.7 Condicionantes Figura 8.8 Uso do solo Figura 8.9 Mapa figura fundo Figura 9 Vazio urbano Figura 9.1 Rua Amélia Maria de Conceição Figura 9.2 Hierarquias viárias Figura 9.3 Av Dra. Nádir Aguiar Figura 9.4 Av. Virgílio Soeira Figura 9.5 Av. Renê Oliva Strang Figura 9.6 Conceito e partido Figura 9.7 Organograma Figura 9.8 Planta e corte de movimentação topográfica Figura 9.9 Plana de massas Figura 10 Setorização Figura 10.1 Estudo volumétrico Figura 10.2 Esudo de planta baixa Figura 10.3 Estudo volumétrico Figura 10.4 Desenho técnico Figura 10.5 Desenho técnico Figura 10.6 Desenho técnico

Pg 74 Pg 74 Pg 75 Pg 78 Pg 79 Pg 80 Pg 80 Pg 81 Pg 82 Pg 82 Pg 83 Pg 84 Pg 85 Pg 86 Pg 88 Pg 89 Pg 90 Pg 90 Pg 91 Pg 91 Pg 91 Pg 94 Pg 95 Pg 97 Pg 98 Pg 99 Pg 100 Pg 101 Pg 101 Pg 102 Pg 103 Pg 104

Figura 10.7 Figura 10.8 Figura 10.9 Figura 11 Figura 11.1 Figura 11.2 Figura 11.3 Figura 11.4 Figura 11.5 Figura 11.6 Figura 11.7

Desenho técnico Materialidade Imagem 3D Imagem 3D Imagem 3D Imagem 3D Imagem 3D Imagem 3D Imagem 3D Imagem 3D Imagem 3D

Pg 105 Pg 106 Pg 107 Pg 108 Pg 109 Pg 110 Pg 111 Pg 112 Pg 113 Pg 114 Pg 115


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Indíce

C a p í t u l o 1 Primeira infância Te o r i a s p e d a g ó g i c a s método Montessori C a p í t u l o 2 Referências projetuais C a p í t u l o 3 L o c a l i z a ç ã o C a p í t u l o 4 Escola Montessori C a p í t u l o 5 Referências bibliográficas

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Primeira

Infância


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A importância da primeira infãncia no desenvolvimento A primeira infância compreende o período de 0 a 6 anos de idade, conforme define o Marco Legal da Primeira Infância (Lei n. 13.257/2016) e é de extrema relevância no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança, e também engloba a chamada primeiríssima infância, que se inicia do nascimento aos 3 anos de idade. Através de inúmeras pesquisas na área da neurociência, foi revelado que essa é uma das fases mais importantes para o desenvolvimento cerebral, que é quando a janela de oportunidades de desenvolvimento é ainda maior, porem no caminho oposto pode também ser uma janela de riscos, por conta da vulnerabilidade desse período. O motivo disso tudo é que segundo estudos da NATIONAL SCIENTIFIC COUNCIL ON THE DEVELOPING CHILD realizados por pesquisadores da Universidade de Harvard, o cérebro possui uma “arquitetura”, e as bases dessa arquitetura são construídas logo no início da vida, antes mesmo do nascimento, decorrente de continuas interações dinâmicas realizadas pelo cérebro, que acontecem mediante aos estímulos que lhe são oferecidos, tal como ambientes frequentados, vínculos sócio afetivos, experiências vividas e uma nutrição adequada. Todos esses pressupostos possuem um efeito significativo, já que é quando o cérebro está num estado mais flexível, de “plasticidade” e a formar suas ligações mais importantes. Portanto a qualidade do meio onde a criança está inserida, aliada a cuidados, afeto familiar, e estímulos contínuos e apropriados exercem forte influência para definição dos pontos fortes e fracos dessa arquitetura cerebral, que breve ditarão a capacidade que ela terá de pensar, regular emoções e se relacionar com o mundo.

“A criança que vive em circunstâncias de negligencia, tem seu desenvolvimento em risco, principalmente aquelas que vivem na pobreza extrema, pois não há tempo para sonhar, pensar no amanhã. Isso não ocorre necessariamente porque seus pais não as amam, mas pela sobrecarga das circunstâncias que os acercam”, explica Jack P. Shonkoff, diretor do Center on the Developing Child, de Harvard, em documentário.

Figura 1

Fonte: https://jornadaedu.com.br/praticas-pedagogicas/ a-importancia-dos-professores-na-educacao-infantil/


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A partir desse gráfico se vê a queda que essas ligações sofrem ao se aproximar dos seis anos de vida, ou seja, dentro desse período que deverá se obter as melhores experiências da criança, para que desenvolva seu cérebro de maneira ampla, feliz e saudável. Cabe então a família, ao estado e órgãos públicos competentes, oferecerem estrutura para que toda elas tenham abertas as «janelas de oportunidade’’

"Os seres humanos aprendem mais - e mais rápido - da gestação aos três anos do que em todo o resto de suas vidas." (Andrew Meltzoff, Pesquisador e PhD da Universidade de Washington)

Figura 1.3 Figura 1.2

Fonte: https://www.primeirainfanciaempauta.org.br/a-crianca-eseu-desenvolvimento-o-desenvolvimento-cerebral.html

Fonte: https://www.primeirainfanciaempauta.org.br/a-crianca-e-seu-desenvolvimento-odesenvolvimento-cerebral.html

Ilustração didática demonstra o que os pesquisadores afirmam quando dizem que afeto e estimulo são a base do desenvolvimento pleno infantil. .


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Investimento na educação infantil: Prioridade absoluta Segundo o economista norte americano James Heckman, vencedor do premio Nobel de econoia em 2000, Investir no desenvolvimento na primeira infância reduz déficits a curto, médio e longo prazo, pois fortalece a economia e enfraquece muitos problemas frequentes no atual contexto contemporâneo, como a desigualdade social, inserção dos jovens à criminalidade, gravidez precoce, dentre outros temas complexos. Assim sendo, Heckman afirma que o quanto antes forem aplicados investimentos nessa fase, maior será o retorno positivo para a criança e conseqüentemente para o país. Sua estrategia, baseada em um programa social chamado Perry School realizado na década de sessenta e que gerou impactos significantes, prova que para cada USD 1 investido na primeira infância, se tem em média USD 7 de ganho na vida adulta, e se comparado ao que se gasta com o sistema carcerário, que nada mais é que uma punição (cerca de USD 70 por individuo), incentivar politicas públicas voltadas para a educação e para a família, só tende a gerar ótimos benefícios em prol da criança e da sociedade como um todo, ao passo em que substituirá a “medicação” pela “prevenção”. O gráfico ao lado demonstra que quanto mais cedo se investe na primeira infância, desde o nascimento até os 5 anos de idade, principalmente de famílias carentes, maior é a taxa de retorno do investimento, e menor os reparos futuros à se fazer. Saúde, educação e sociabilidade, tal como felicidade e sucesso profissional, são fatores estritamente ligados ao que se investe e se prioriza na educação das crianças, afirma heckman.

Figura 1.4

Fonte: www.zeroaseis.org.br

“Tentar sedimentar num adolescente o conhecimento que deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes custa mais caro e é menos eficiente.” (James Heckman)


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Teorias

pedagรณgicas


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Introdução Segundo Kowaltowski, a educação deve ser encarada como prioridade máxima, dada a importância social na preparação dos indivíduos para a vida adulta e por conseguinte na criação de uma sociedade mais justa e humana. As questões educacionais são palco de muitas discussões no Brasil, e a qualidade de ensino ofertada é deveras questionada por muitos motivos, principalmente no que diz respeito à avaliação de desempenho dos alunos de escola pública, o que faz com que fique evidente a carência de uma atuação que busque melhorias para esse cenário. Em paralelo, existe e educação não formal (aquela que acontece fora do núcleo escolar) que é também responsável e crucial para promover a sociabilidade, as lições de cidadania e a formação do caráter humano. Já o ambiente físico escolar, deve ser compreendido como local do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, e o edifício por sua vez exibe aspectos que vão muito além de sua materialidade, por conter traços e expressões culturais refletivas de uma comunidade. Posto isso a discussão sobre a escola ideal se torna muito mais ampla, não se restringindo a um único aspecto (pedagógico, social, arquitetônico) possibilitando uma abrangência multidisciplinar, que envolva professor, aluno, teorias pedagógicas, materiais de apoio e escola como instituição e lugar. As discussões sobre arquitetura escolar precisam de sensibilidade e levantamento de reflexões sobre sua plástica formal, funcionalidade, conforto acústico, térmico, e de iluminação, pois tudo isso gera estímulos no aluno.Para Buffa, projeto e metodologia pedagógica devem conversar entre si, pois definirão as qualidades do ambiente escolar, dos programas e atividades, e seu conceito arquitetônico, caso contrário se notará um distanciamento entre essas questões. Cabe ao arquiteto entender o que a instituição

almeja, e a instituição ser clara e objetiva para juntos traçarem um melhor resultado. Na figura 1.5, Fotografia

de alunos do colégio particular ‘’Beacon School’’, em Alto de Pinheiros- SP, interagindo com sua arquitetura, dinâmica e colorida.

“As ideias pedagógicas e sua assimilação na prática escolar são articuladas a diversos modos de projetar e construir prédios escolares. As ideias pedagógicas e sua assimilação na prática escolar têm um dinamismo próprio, tanto quanto têm sua própria evolução as concepções arquitetônicas e sua influência no projeto e construção de edifícios escolares. [...] Às vezes, educadores e arquitetos estão próximos, há uma clara concepção pedagógica a influenciar a conceito arquitetônico. [...] Outras vezes, percebe-se um maior distanciamento entre eles, talvez pela ausência de uma proposta pedagógica explícita, ou talvez porque falte ao arquiteto que projeta a escola uma sensibilidade pelas questões de ensino” (Buffa; Pinto, 2002, p.154).


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Figura 1.5 https://www.archdaily.com/796398/school-in-alto-de-pinheiros-base-urbana-plus-pessoa-arquitetos?ad_medium=gallery


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Educação: O início de tudo A escola como instituição de ensino, que hoje conhecemos, é fruto de uma longa construção histórica. É pela educação que se transmite valores e acervos de conhecimentos de uma civilização, e por esse motivo a história da educação é também a história de uma sociedade e sua sucessão econômica, política e cultural, que se transforma radicalmente no decorrer de um complexo processo. Se esse processo não ocorresse, o ser humano estaria fadado as condições de vida primitivas, e as próprias determinações biológicas. Entretanto na história da humanidade, esse processo de transmissão de conhecimentos e comportamentos “necessários” para um bom desenvolvimento social, se deu por fatores variados e objetivos específicos, sendo que em muitas culturas primitivas a educação não era formalizada, e sim efetivada de maneira livre. O local em que se vivia podia ser chamado de escola, e o papel de educador era exercido por todos os membros, com influência maior da família. Em um período onde ainda não fora desenvolvida a escrita, a forma de comunicação e registro de acontecimentos e experiências de um povo, era por meio de desenhos; as pinturas rupestres Há medida que a sociedade se expande, e de fato inúmeros saberes deverão continuar a serem transmitidos às próximas gerações, se fez necessário uma divisão de funções, e a primeira divisão contava com homens e mulheres a desempenhar tarefas distintas. Conforme fossem produzindo e dominando habilidades específicas, “adotavam” alguma criança ou jovem como aprendiz para os auxiliar, e dessa forma o conhecimento era difundido, por fim transcendendo um ambiente de educação estritamente familiar. Eis que assim surge o embrião da instituição que visa transmitir os conhecimentos: A escola.

Uma das primeiras formas de expressão do ser humano, antes de existir a escrita que temos hoje, foram as chamadas ‘’Pinturas rupestres’’ (figura 1.6), registradas por historiadores no interior de cavernas. Segundo especialistas, elas retratavam cenas do cotidiano dos homens pré históricos. A pintura acima é em Chauvet, no Sul da França, e estima-se que foram criadas entre 28.000 e 40.000 anos atrás, de acordo com um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Figura 1.6

https://veja.abril.com.br/ciencia/arte-rupestre-de-cavernafrancesa-e-a-mais-antiga-ja-encontrada-diz-estudo/

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Cueva_de_las_Manos


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Porém com o passar do tempo começam a surgir sistemas de aprendizagem diferenciados, e com uma sociedade segregacionista focada nos seus interesses próprios, a educação foi consolidada privilégio de poucos, em um verdadeiro monopólio. As castas sacerdotais oriundas das primeiras grandes civilizações do Oriente Médio retinham esses conhecimentos acumulados, e repassavam para um pequeno grupo de iniciados, os quais se perpetuavam no poder. Logo os antigos egípcios, mesopotâmicos e várias outras culturas aderiram esta mesma pratica. Com a invenção da escrita, por volta de 3.500 a.C muitas funções como legislar, contabilizar, regular as atividades agrícolas, e principalmente manter o culto aos deuses, foram ficando mais contundentes para com a ordem da vida em sociedade, e dada a sua importância, marca o final da sociedade pré-histórica, e o início da História.

“ A história da educação em várias épocas está entrelaçada ao desenvolvimento das religiões dominantes. Estudos sobre judaísmo, islamismo, budismo e cristianismo mostram que, muitas vezes, o templo ou a igreja também é a escola, onde o ensino formal acontece “ (Kowaltowski, 2011) A palavra pedagogia conhecida nos tempos modernos, teve sua origem na Grécia; Paidós (criança) Agógos (condutor), ou seja, a pedagogia está atrelada ao ato de conduzir/construir o saber da criança.

É na Grécia antiga que tem inicio a educação formal da história ocidental, e a conferencia de ideias pertinentes ao nascimento do ofício de pedagogo, que por sua vez deram um salto na evolução da educação e cultura da época. na

figura abaixo escrita Cuneiforme, realizada por meio de símbolos e formas, há cerca de três mil anos.

Figura 1.7

https://conhecimentocientifico.r7.com/escrita-cuneiforme/


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Origem da educação ocidental Kowaltowski aponta que o modelo de educação vigente no Brasil, tem como precedente o desenvolvimento de ensino europeu, e da América do Norte, e que certos aspectos da educação europeia contribuíram para consolidar as bases iniciais da educação ocidental, suas instituições e tradições pedagógicas. Na idade média, o número de escolas era escasso e assim como no período pré-histórico, se restringia a uma minoria cuja classe social ou religiosa lhe concedesse esse benefício. Os ensinamentos eram ministrados em mosteiros e sedes episcopais, e os pensamentos eram trabalhados de forma condicionada, voltados puramente para questões religiosas, pois a pretensão era justamente preparar sacerdotes para a igreja, ou capacitar indivíduos para o reduzido corpo de funcionários da corte. A partir do século XI, o cenário no continente Europeu no âmbito educacional começa a transgredir, a começar pelo surgimento e expansão de universidades, e pelo pensamento aristotélico em conjunto da semente do racionalismo, sendo plantados em território institucional. Por hora o espírito crítico vai ganhando espaço, até se desenvolver de forma mais moderna no renascimento e grandes pensadores saem em busca de difundir novas ideias dentro da Europa. Com o início da reforma religiosa, em 1517, realizado pelo Monge e professor Martinho Luthero, se fez perceptível os efeitos desta reforma por meio da extensão do ensino primário e também da amplificação de setores da população a serem alfabetizadas, pois para se ter acesso as sagradas escrituras, era necessário aprender a ler, vide dessa forma a educação estava se tornando mais acessível. Por conseguinte, a reação da igreja em função da reforma,

provocou uma guerra civil que poderia esgotar os recursos do continente por mais de um século, porém a contrarreforma deu luz a novas instituições de educação em países católicos: O colégio, e de praxe sendo destinado para filhos de indivíduos mais abastados, e com fins estritamente religiosos, como por exemplo oferecendo formação para sacerdotes, por meio da criação de seminários, e métodos de refinamento psicológico. A extensão da educação com apoio de novos recursos e da imprensa, foi intensa ao longo da história europeia. Reis, bispos, e autoridades da época precisavam se cercar de pessoas capacitadas, para diversas funções, e, todavia, com a nova forma de vida, as pessoas se viam cada vez mais reféns de atividades em que se era indispensável a leitura, bem como a educação. Para navegar, governar, interpretar e redigir documentos, das ações mais simples as mais complexas, como a construção de catedrais; ter instrução era essencial para a vida em sociedade. Á direita, pintura medieval de Madonna entre os santos, do ano de 1462,na igreja Maria Am Gestade, em Viena-Itália. O forte apelo religioso era muito comum e retratado nas obras de arte e arquitetura do período, tal como os fins educativos.

“ O desenvolvimento das técnicas, muitas vezes adiantadas em relação as ciências puras, impôs a especialização dos saberes. A arquitetura, a arte da guerra, a navegação e as finanças ficavam nas mãos de especialistas” (Kowaltowski, 2011)


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Figura 1.8 https://ďŹ neartamerica.com/featured/medieval-paint-of-madonna-among-the-saints-jozef-sedmak.html


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Assim colocado, as demandas sociais vão crescendo, e definindo os rumos das tecnologias e conhecimentos, bem como o acesso a eles. Em meados do século XVII, chega ao fim os conflitos religiosos na Europa, e a religião ainda fortemente vinculada a política, perde seu controle sobre as ideologias e filosofias da época, que a partir de agora vão se constituir fora de sua total influencia. O empirismo e o racionalismo ganham notoriedade nas áreas da ciência e da educação e data desse período, o monge Tcheco Commenius cria o primeiro programa organizado de escolarização universal, que estabelecia uma escola sem restrição, onde homens e mulheres, ricos e pobres poderiam Ingressar, e os alunos que mais se destacassem seriam selecionados para cursar ensino superior. Em sua proposta pedagógica, buscava interdisciplinar a afetividade do educador e a participação ativa da família para com a escola, a fim de fortificar essas relações, pois acreditava que esse era o alicerce do processo educacional. O desenvolvimento do raciocínio logico e do espirito cientifico, vão em detrimento das experiências, ações e observações para constituir o homem social, político, religioso, racional afetivo e moral; um ser humano integro. Commenius sustentava sua pedagogia por ideais humanistas e espiritualistas, de sua formação, e ressalta a importância do ambiente escolar ser esteticamente agradável, bem arejado, tal como oferecer áreas livres e ecológicas, a qual todos estes intuitivamente virão a favorecer a recepção da aprendizagem, posto que com a exploração dos sentidos e experimentações de objetos uma vez internalizados, mais tarde serão interpretados pela

razão. Compreensão retenção e prática são três itens pertinentes a seu método didático, em que o mesmo preconizava a clareza e objetividade no ensino da verdadeira ordem natural de todas as coisas, assim como o entendimento de que cada ser possui o próprio ritmo, e este deve ser respeitado, sem abandonar ou acelerar qualquer parte do processo. Portanto deve se a Commenius a primeira sistematização das características da educação moderna. Já o século XVII, é marcado por um novo espirito e otimismo, o iluminismo, que devido ao progresso da ciência e da razão, aprimoraria as condições do espirito humana, e materiais, pelo fato de acreditarem que o homem era produto de convicções e ideias, simultaneamente integradas ao mundo em que vivem.

“ As ideias iluministas estão diretamente relacionadas às mudanças sociais, politicas e econômicas vividas nesse momento histórico Europeu. Verifica-se uma verdadeira revolução dos meios de produção, que influenciaram o modo de vida do ser humano, com a revolução industrial, econômica, cientifica e cultural, que levou uma revisão de todos os paradigmas até então estabelecidos “ (Kowaltowski, 2011, pag. 16 )


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Deste período surgem dois grandes nomes que vão otimizar ainda mais os conceitos de educação, são eles JeanJacques Rousseau (1712-1778) e Henrick Pestallozzi. Rousseau não foi em termos exatos um educador, mas corroborou para um novo modelo de educação, em que se apoiava na liberdade, no desenvolvimento de dons naturais da criança, e na educação para conquista da autonomia, com intuito de atenuar as consequências do autoritarismo e da fomentação a competitividade, por vezes incitada em diferentes contextos sociais. Para Rousseau o homem é bom por natureza, mas uma educação equivocada, o perverte. De acordo com esse modelo de educação natural, o homem não deveria agir mais por imposições externas, e artificias, mas sim respeitar seus próprios instintos, pois de acordo com seus pensamentos, o homem não se faz só do intelecto, as disposições primitivas, tais como, emoções, sentimentos, instintos, já existem muito antes do pensamento concebido, ou seja, essas camadas primitivas deveriam ser mais dignas de confiança, do que tradições e imposições forjadas pela sociedade. Também ressaltou o quanto a educação é a chave para intercessão de mudanças, pois tanto o homem como a sociedade, passam por várias transformações, e a educação atua como um meio para as adaptações necessárias. De acordo com Kowaltowski, Rousseau introduziu o conceito da criança não ser mais vista como um adulto em miniatura, mas um ser com ideias e interesses únicos. Assim conclui que a educação não vem de fora, mas do contato criançanatureza, na sua liberdade de expressão, e sendo totalmente contra o uso excessivo da memória e rígidas disciplinas, sugeriu o esporte, os

brinquedos, e a agricultura, além de atividades de linguagem, canto, aritmética e geometria, para que mais tarde, fossem utilizados em sua vida cotidiana.

“Rousseau iniciou uma revolução nas teóricas educacionais, ao enfatizar que o ensino era um apoio para a criança crescer naturalmente. Essa visão mudou a relação professor/aluno e colaborou para eliminar os rígidos sistemas disciplinares educacionais do século XVIII. Suas principais ideias são: a atenção ao desenvolvimento de opiniões individuais, a harmonia das necessidades e habilidades, e a prevalência de um espirito humanitário. Para ele a criança deve ser educada para se tornar um ser humano completo, e não uma profissão especifica” (Kowaltowski, 2011,

pag. 17)

De acordo com Kowaltowski, Henrick Pestalozzi, outro importante nome da educação, em transição do século XVIII para XIX, foi adepto da educação pública e visava democratiza-la, alegando ser direito de toda criança desenvolver plenamente os dons herdados de Deus. Defendia teorias práticas de educação baseadas no conhecimento da mente humana. Acreditava que a escola deveria remeter a uma casa, bem organizada, pois para ele, o lar era a melhor instituição de ensino, e eixo para formação moral, política e religiosa. Em sua escola, alunos e professores passavam o dia juntos e realizavam atividades de maneira flexível, contando


Figura 1.9 Filósofos Iluministas reunidos no salão de madame Geoffrin. Óleo sobre tela de Anicet-Charles Lemonnier, 1812

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https://www.unifal-mg.edu.br/remadih/wp-content/uploads/sites/11/2017/12/SalaoIluminismo.jpg


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com duas tardes livres por semana para excursões. Era contra punições e recompensas, pois para ele somente a educação poderia servir para que o povo não perdesse seus direitos conquistados.Na sua concepção o desenvolvimento é gradativo e cada forma de instrução deve acontecer lentamente. Pestallozzi impulsiona à formação de professores, e do estudo da educação vir a ser uma ciência, e tem como proposta a valorização da experiência antes do simbolismo, explorando a realidade da vida por meio da inserção de diversos trabalhos manuais. Sua equipe elaborou conteúdos pedagógicos voltados para história, musica, ciência, geografia matemática e linguagens. O programa educacional tinha como objetivo levar em consideração aos interesses conjuntos e habilidades de cada criança, podendo formar grupos, com liberdade de exploração.

“Os princípios educacionais e as contribuições de Pestallozzi podem ser assim resumidos: O desenvolvimento é orgânico, regido por leis definidas; a gradação deve ser respeitada; o método seve seguir a natureza; a impressão sensorial é fundamental e os sentidos devem estar em contato direto com os objetos. A crença na educação é vista como o melhor meio para o aperfeiçoamento individual e social.” (Kowaltowski, 2011, pag 18)

A educação de encontro com a razão era insuficiente para Pestallozzi, o mesmo tinha como necessário o envolvimento pessoal e emocional entre mestres e alunos, e o estimulo para que busquem conhecimentos. Foi com Contribuição desses pensadores iluministas, que se constatou a necessidade de reformar e abranger a educação para todos os níveis, e fazer do mundo um lugar mais sábio e justo, mas para isso foi preciso um longo e demorado processo, pois o que se priorizava era o ensino secundário e predominado pelas classes elitizas, e suas preocupações em se perpetuarem no sistema. Todavia a pressão da classe trabalhadora e o desejo de qualificar os trabalhos manuais o qual a indústria se tornava cada vez mais exigente, motivou a democratização do ensino, e uma aspiração do governo burguês europeu, de levar toda população infantil as escolas, é finalmente concretizada ao final do século XIX, atraindo para a maioria dos países industrializados grande parte da educação infantil às escolas, reduzindo drasticamente a taxa de analfabetismo. Nesse período o educador de maior destaque, foi o alemão Friedrich Froebel (1782-1852) que após trabalhar com Pestallozzi, abre o primeiro jardim de infância, (Kindergarten) em 1837. A essência de sua pedagogia é a liberdade e a atividade, e vai atribuir suma importância ao brinquedo. Dedica parte da sua vida ao ensino pré escolar, formação de professores e a criação de métodos e equipamentos para as instalações. Acreditava na genética a favor do desenvolvimento da criança, por isso estudou as várias etapas do crescimento: Infância, meninice, puberdade, mocidade e maturidade, todos elevadas ao mesmo


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grau de importância por Foebel. Blocos de construção que levam seu nome “ Froebel Blocks”, eram utilizados pelas crianças em suas atividades criativas, que inclusive, o arquiteto Frank Lloyd Wright relata que na sua infância, os blocos exerceram papel fundamental no aprimoramento de habilidades espaciais e tridimensionais. De acordo com Kowaltowski, as escolas de Froebel trabalhavam diferentes tipos de materiais para realização das atividades, como papelão, argila serragem; e também focava na valorização do lúdico; os contos de fadas, mitos e lendas, enquanto que o brinquedo físico daria poder e força ao corpo, as histórias expandiriam a mente. Para ele o professor não deveria intervir ou impor educação, e sim entender a fundo o comportamento de cada criança, e suas limitações criativas, a fins de ajuda-las a quebrar essas barreiras e progredir no seu desenvolvimento criativo. Semanalmente promovia excursões as montanhas, pois Froebel tinha em si que a natureza tinha o poder de auxiliar a compreensão de si mesmo, e a compreensão para com o outro, e tanto quando Pestalozzi, acreditava no poder da família e sua função aos planos biológicos, religiosos, sociais e educacionais.

Figura 2 Ilustração de Blocos Froebel

Fonte Kowaltoski, pag 19

Figura 2.1 Blocos Froebel em madeira, autenticos.

“O homem é uma força autogeradora e não uma esponja que absorve conhecimento do exterior” (Fröebel, em “A educação do homem”, 1826) https://www.architectmagazine.com/technology/at-the-nationalbuilding-museum-construction-toys-get-a-second-life_o


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Entre XIX e XX surgem mais dois autores importantes na educação, que ganham destaque pelas novas propostas educacionais, são eles John Dewey, e Jean Piaget. Deway é reconhecido como um dos melhores pedagogos americanos, contribuindo imensamente para os princípios do que se chama de “Escola nova” ou escola progressista”. Atuava como diretor do departamento de filosofia da universidade de Chicago, e assim fundou uma escola elementar experimental, onde obteve elementos pertinentes para formular suas ideias acerca da educação. Seu posicionamento era contrário ao da educação tradicional, a qual criticava severamente, por enfatizarem o intelectualismo e memorização, pois conforme suas crenças, o conhecimento é uma atividade dirigida, sem ter um fim em si, mas à experiência, parte do desenvolvimento natural do ser humano, concretizadas pela superação das dualidades que fatuamente afetam a ele e suas relações; “razão/espirito, indivíduo, fins/meios, teorias/praticas, trabalho/lazer, braçal/intelectual.

“ O espirito de iniciativa e independência leva a autonomia e ao autogoverno, que são virtudes de uma sociedade realmente democrática, em oposição ao ensino tradicional, que valoriza a obediência. ” (Kowaltowski, 2011 pag 20)

“Segundo Dewey, a razão não é separada da natureza, pois ela estabelece a razão individual como social, a natureza como social, e a sociedade como natura. Assim, a educação é uma necessidade social, que se cumpre para assegurar a continuidade social. Por ser um processo natural e social, a educação é o meio de grupos humanos manterem e transmitirem suas crença, ideias e conhecimentos. ” (Kowaltowski, 2011 pag 20) Dewey também afirma que a escola não pode ser uma preparação para a vida, já que é a própria vida, tendo a experiência como fator central de suas presunções. Posto isso a educação deve viabilizar condições para que a criança resolva seus próprios problemas, de modo a se afastarem de convenções que pretendam molda-las e orienta-las em seu futuro, com base em modelos preexistentes.Portanto a medida que se intensifica o conteúdo da experiência, assim como o controle sobre ele, o educador deverá atuar na descoberta das verdadeiras aspirações da criança, pois são devidas a essas aspirações, que as experiências adquirem verdadeiro valor educativo. Os trabalhos manuais representam para Dewey, um ótimo recurso para solucionar problemas concretos que possam eventualmente surgir, e esse trabalho faz prosperar um espirito de comunidade, onde as tarefas compartilhadas entre os envolvidos possam vir a estimular a cooperação, e conseqüentemente o despertar do espirito social. Assim

Kowaltowski conclui que para Dewey, a escola deve focar nos reais interesses do aluno, valorizar a


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curiosidade humana natural, e ser a peça precursora para estender a população todos os benefícios, e a função democratizadora que a educação exerce ao igualar as oportunidades. Kowaltowski apresenta Jean Piaget, (18961980) que no início do século XX estudou a evolução do pensamento até a adolescência, para buscar entender os mecanismos mentais utilizados pelo indivíduo para compreensão do mundo. Voltado para área epistemológica (reflexão geral em torno da natureza) salientou o processo de construção dos saberes após muito observar as crianças a sua volta e seus próprios filhos, e tomou nota que em muitos aspectos cruciais, as crianças não seguiam a mesma lógica dos adustos, por ainda não terem desenvolvido determinadas habilidades. A teoria que aplica divide se em várias etapas, e tem como objeto de estudo o desenvolvimento cognitivo; por ela vai pressupor que o ser humano passa por uma série de mudanças, ordenadas e previvíeis. Uma de suas vertentes teóricas é o interacionismo, que vai dizer que a criança é um ser dinâmico e ativamente interativo com seu meio, pessoas e objetos, fatores que interferem no desenvolvimento. Essa interação com o ambiente resulta na construção de estruturas mentais e formas de fazê-lo funcionar. Portanto a base dessa construção, é a interação organismo-meio que ocorre ao longo da vida, através de dois processos simultâneos: Organização interna e adaptação ao meio. De acordo com Kowaltowski, na visão Piagetiana os conflitos cognitivos têm muita importância para o desenvolvimento na aprendizagem. A educação deve estar apta para oferecer a criança um processo dinâmico que incentive as vivências significativas, e a escola deverá se apropriar dos esquemas de assimilação para propor atividades desafiadoras, que

promovam “quedas” e superações de maneira sucessiva, ao passo que as crianças vão descobrindo e construindo o conhecimento. Os objetivos pedagógicos devem colocar em ponto focal o aluno e as atividades, que servirão de instrumento para o desenvolvimento evolutivo natural, construído internamente pelo aluno, e que dependerá do nível de desenvolvimento do mesmo.

“ A adaptação definida por Piaget, como o próprio desenvolvimento da inteligência, ocorre pela assimilação e acomodação. Os esquemas de assimilação modificam-se, conforme os estágios de desenvolvimento, influenciados por fatores como: Maturação (crescimento biológico dos órgãos), exercitação (funcionamento dos esquemas e órgãos que implica a formação de hábitos), aprendizagem social (aquisição de valores, linguagem, costumes e padrões sociais e culturais) e equilibração (processo de autorregulação interna do organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio sofrido). “ (Kowaltoski 2011, pag 21)


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maior desenvolvimento do criança ou do aluno. Sua contribuição para psicologia e pedagogia está em pauta até os dias atuais, deixando em ressalva que o conhecimento não é algo receptivo, puramente vindo do exterior, ou do interior, mas sim das interações entre indivíduo e meio. Em suma, os principais princípios da corrente construtivista são: Aluno como centro do processo de aprendizagem, professor como orientador desse processo, e não como o único capaz de transmitir ensinamentos, compreensão do ritmo, conhecimento e amadurecimento de cada um dentro desse processo, que deverá ser respeitado, e educação como um processo dinâmico, construindo pouco a pouco, e não estático como acontece nos métodos pedagógicos tradicionais.

Figura 2.2

https://www.matematiksel.org/piaget-neden-cocuklar-uzerinde-arastirmalar-yapti/

Piaget na realização do seu trabalho em prol da educação, a qual dedicou sua vida.

‘’Se o individuo é passivo intelectualmente, não conseguirá ser livre moralmente.’’ (Piaget, 1948/1974, pag 68-9)

h ps://www.matema ksel.org/piaget-neden-cocuklar-uzerinde-aras rmalar-yap /

Em sua obra, Piaget não oferece aos educadores uma didática absoluta, para obtenção do desenvolvimento intelectual, pelo contrário, ele tende a mostrar que a cada etapa da vida, possui características e possibilidades distintas a serem trabalhadas, e o conhecimento dessas possibilidades auxiliam o educador a oferecer os estímulos adequados, para um

“O ser humano é ativo na construção de seu conhecimento e não uma massa 'disforme' a ser moldada pelo professor.” (Inhelder, Bovet, Sinclair, 1974/1977. p. 263). Outro importante nome da educação, da passagem do século XIX para inicio do século XX, foi Rudolf Steiner (1861-1925) fundador da pedagogia “Waldorf”. Uma das principais características dessa pedagogia é o embasamento no conceito de desenvolvimento humano, e a antroposofia, ciência espiritual elaborada por Steiner, que busca a perfeita integração da alma e do espirito, da mente e do corpo; Em suma, uma integração entre o sentir, o pensar e o querer. Steiner


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vai indagar que o ser humano não está passível exclusivamente da herança e ambiente, mas pelas respostas obtidas pelo seu próprio interior. Baseada nesse conceito, o currículo escolar vai de encontro as necessidades evolutivas do ser humano, e as diferentes fases das crianças, que deverão se familiarizar com a história local e com a natureza, para maior entendimento dos elementos que constituem o passado e presente, de modo a capacitar nas escolhas e caminhos a seguir .A intenção é fomentar a criatividade e imaginação na criança, para alcance de um pensamento livre e independente de imposições governamentais. O ensino Waldorf faz junção de teoria e pratica, com bastante enfoque nas atividades manuais, artísticas e corporais (ação), e sempre de acordo com a faixa etária.

Não industrializados, influenciado por grandes arquitetos da época, como Charles R. Mackintosh, do movimento “Arts and crafts”, Alvar alto da Finlândia, o espanhol Antoni Gaudi, Frank Lloyd Wrigth, dos Estados Unidos, e o movimento “Art Nouveau”, da França.

“Ouça e você esquece; veja e você lembra; faça e você entende.” (Rudolf Steiner) Figura 2.3 Bonecos Waldorf

“ As atividades do pensar, iniciam-se com o exercício da imaginação, do conhecimento dos contos, lendas e mitos, até atingir o desenvolvimento do pensamento mais abstrato, teórico e rigorosamente formal. O método Waldorf é contra a exigência da abstração muito cedo, e assim, diferenciase de outras pedagogias. ” (Kowaltoski, 2011, pag 23)

Os reflexos da pedagogia Waldorf vão além de sua pedagogia; Na arquitetura escolar de grande parte das instituições que levam o nome, também se vê a diferenciação comparado as escolas tradicionais, principalmente por seu formato orgânico, e materiais

(Kowaltoski, 2011, pág 24)


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Kowaltowski destaca também Maria Montessori (18701952) fundadora da pedagogia Montessoriana, que tem desdobramentos sobre outras correntes sendo aplicadas até então; sua pedagogia visa harmonizar corpo, inteligência e vontade, tendo como principal objetivo educar a vontade e a atenção, oferecendo liberdade de escolha no uso dos materiais didáticos, e incitando a cooperação. Os principais fundamentos são a atividade, a liberdade e a individualidade, considerando aspectos biológicos e que o papel da educação é de favores o desenvolvimento da criança. Contudo, essa metodologia concede as crianças autonomia, para agir sobre os objetos preestabelecidos, conjunto de jogos e matérias desenvolvidos por Montessori.

Montessori desenvolveu materiais divididos em cinco grupos, o qual intitula “Material dourado”; os primeiros são para exercícios do dia a dia, e os demais abordam ciências da matemática, da linguagem, cientificas e sensoriais. Esses materiais têm cores e formas variados, abrem e fecham, se encaixam, possuem variedades de espessuras e texturas, e campainhas com diversos sons. Como o método das escolas novas possibilitam a a criança atuar em várias atividades ao mesmo tempo, as salas se equipam com mobiliários do cotidiano, como utensílios de cozinha, muitas estantes para organização dos materiais didáticas. e bastante espaço no chão para fazerem bom uso desses objetos. Figura 2.4 Material Montessori

“A pedagogia Montessori ocupa um papel de destaque o movimento das “escolas novas”, pelas técnicas que apresentou para o jardim de infância e para as primeiras séries do ensino fundamental. O material criado por Montessori tem papel preponderante n seu trabalho educativo, pois pressupõe a compreensão das coisas a partir delas mesmas, com a função de estimular e desenvolver na criança um impulso interior que se manifesta no trabalho espontâneo do intelecto. ” (Kowaltowski, 2011 pag 25)

(Kowaltoski, 2011, pag 27)


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Os professores da metodologia, são auxiliares no processo de aprendizagem, e os alunos por sua vez são responsáveis por se avaliarem; concentração disciplina e um silencio relativo, estabelecem os parâmetros dessa escola, assim como o senso da percepção, o desenvolvimento da iniciativa da criança, e a libertação da dependência parental e dos professores.

“Ajude-as a fazer sozinhas.” ( Montessori, Maria) De acordo com Kowaltowski, no Brasil, alguns educadores que ganharam notoriedade pelas suas pesquisas e atuações, são Paulo Freire, Anísio Spinola Teixeira e Darcy Ribeiro. Teixeira (1900-1971) foi aluno de Dewey em 1928, quando viajou para a América do Norte e foi responsável por introduzir seus conceitos no Brasil, o que lhe concedeu subsídios para a construção da pedagogia no país. No ano de 1924 vai para a Bahia, no intuito de dirigir a educação e lançar a “reforma baiana”, onde apenas 9% das crianças no estado frequentavam a escola. Desde então Anísio lutou pela função social da escola, ou seja, torna-la acessível, e também para tirar as pessoas do conformismo. Teve apoio de muitos pedagogos e profissionais de outras áreas, divididos filosoficamente em dois grupos: “Naturalistas”, e “reformistas”. Os Naturalistas como Montessori, contribuíam com estudos da neurologia, fisiologia humana e animal, da pediatria e ecologia; já

os reformistas cuidavam de áreas sociológicas, psicológicas e antropológicas, na intenção de modificas as condições sócias, tangívéis com a ideias de Dewey. Assim, com mutua colaboração, inicia-se um período de reconstrução da pedagogia brasileira; A partir de 1937, por questões políticas, propostas de modificação institucional da educação no país são prosseguidas, e em 1964 com a vitória das forças democráticas, Anísio volta a Bahia, quando surge a escola Parque da Bahia, que foi considerada pela ONU uma das maiores experiências de escolas do ensino primário. Os debates e reflexões produzidas por Anísio, também foram precedentes para inspirar A Lei de Diretrizes e Base (LDB) de 1996, que promoveu inúmeras melhorias no cenário da educação brasileira, e a ciência pedagógica no Brasil, do INEP (Instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais) Figura 2.5 Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, Bahia.

Fonte: https://www.flickr.com/photos/secultba/8869850092


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“ Os esforços de Teixeira voltam-se para a universalização da escolaridade primária, o treinamento e aperfeiçoamento de professores, a educação pré-escolar, o g i n á s i o ú n i c o e p l u r i c u r r i c u l a r, a organização da universidade e os cursos de pós-graduação. ”

processo de desenvolvimento. Freire não acreditava que o problema central era somente a alfabetização, mas a dignidade do homem também, pois este acreditando em si, conseguiria dominar instrumentos de ação dispostos a ele, inclusive a leitura. Entretanto suas ideias foram consideradas subversivas, e em 1964 com o golpe militar, seu trabalho de renovação humana foi interrompido.

(Kowaltoski, 2011 pag 32)

Paulo Freire (1921-1997) respeitado mundialmente e considerado um grande pedagogo da atualidade e grande, teve participação essencial para popularização da educação. Para freire o homem vive em um sistema subdivido por classes, em que os privilégios de um impossibilitam a maioria de usufruir dos bens produzidos, e um desses bens é a educação, da qual é privada grande parte da população de classes não privilegiadas. Sua pedagogia tem vertentes no socialismo, tendo a educação como expressão participativa feita com e para o povo, justaposto com sua realidade econômica especifica. Refere-se a dois tipos de pedagogias como: dos Dominantes, que a educação existe como pratica de dominação, e a do oprimido, para quem a educação seria base de libertação, através de politização e conscientização. Freire desenvolveu um método revolucionário de alfabetização, com somente quarenta horas de duração, sem cartilha ou qualquer material didático; decorrente disso surgem movimentos culturais e campanhas no país, com pretensão de “reciclar” culturalmente os indivíduos deixados para trás, no

“Acredito na participação popular, acredito na transformação do mundo realizada sobretudo por aqueles e por aquelas que se encontram desprovidos, ou roubados no seu direito de ser” (Paulo Freire em entrevista no programa “Matéria Prima”, da TV Cultura, em 198) Acerca de todos aspectos abordados pertinentes a educação, metodologia e fundadores, pode-se observar que ha muitas divergências sobre o que constitui o conhecimento. Para uns, a educação é o processo do conhecimento, para outros, conhecimento é libertação, a qual todos deveriam ter acesso; assim cada metodologia adotada, tem fins específicos para a construção do caráter, moral, religião e consciência politica.Os profissionais das área de psicologia e educação, por meio de suas teses e experimentos, provam que existem diferentes caminhos que podem ser traçados para a busca do conhecimento, e para um bom resultado, os professores devem considerar a


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diversidade de estilos de aprendizagem, para então discutir a que se enquadra melhor para o aluno, já que a maneira de cada indivíduo aprender é inteiramente singular. (Bransford et al.,1999) Entretanto, cada metodologia possui prós e contras, e necessitam de capacitação e domínio por parte do educador, para poder ser executado com maestria, em conjunto de um ambiente físico apropriado. Posto isso, fica evidente que com uma interação mais humana, entre aluno, professor e método, assim como disposição de materiais que viabilizem o método, mobiliário e ambientes propícios para que tais atividades atinjam seu êxito com qualidades que não comprometam o conforto e bem estar do usuário. Teorias como de Maria Montessori, Steiner e Piaget, que são consideradas sistemas alternativos de educação, possuem métodos distintos e pouco difundidos no ensino publico formal. O Brasil continua sem grandes mudanças na concepção de escolas e sistemas de ensino, tendo na grande maioria das instituições publicas o modelo tradicional, onde os alunos voltam-se para um quadro negro, em carteiras enfileiradas e movimentos limitados, e o professor posicionado no centro da sala como único detentor e disseminador de conhecimento. Segundo Kowaltowski O filósofo Francês Amorim em proposta para a UNESCO, critica os atuais sistemas educacionais, apresentando o que chama de ‘’Buraco negro da educação’’. Amorin cita sete mudanças necessárias para a educaçao do futuro: O primeiro se refere ao conhecimento e as dificuldades em serem repassados no ensino; a segunda estende se a preocupação aos saberes, onde a contextualização é importante; a terceira, a identidade humana, que

Amorin diz ser ignorada pelos sistemas, e sugere a convergência de disciplinas (Literatura, matemática, biologia etc.) Na quarta vai falar que a escola raramente ensinam a compreensão entre as pessoas, conhecer uns aos outros, para gerar empatia, identificação e um relacionamento humana mais positiva ; a quinta é a incerteza, pois as circunstancias mudam a todo tempo e o futuro é imprevisível, por isso deve-se ensinar a tomar decisões que contenham riscos de erro, e pensar estratégias para reparar ações a partir de imprevistos; Sustentabilidade e globalização, são a sexta; e por fim a antroética, que discute questões morais e éticas, nem sempre claros e abordados nos sistemas educacionais vigentes. Portanto, o tema em sua complexidade exige inúmeras discussões, partindo desde o interesse público até o interesse do usuário, para entendimento de sua real necessidade, e então se alcançar uma solução, tanto no que diz respeito as teorias pedagógicas aplicadas , tanto em pensar uma arquitetura que as complemente e dê suporte para toda a sociedade envolvida. A escola não deve se fechar para a comunidade, deve ser interativa e motivo de orgulho. Na figura 2.6, exemplo do modelo de sala de aula mais comum nas escolas tradicionais e públicas.


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Figura 2.6 h ps://redacaonline.com.br/blog/tema-de-redacao-ensino-tradicional-x-escolas-inovadoras-quebra-de-paradigmas-na-educacao/


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‘’No ensino tradicional, portanto, a aprendizagem é padronizada. É o aluno que precisa se adequar ao modelo vigente, à média da turma e ao ritmo ditado pelo professor.’’ (https://escolainfantilmontessori.com.br/blog/4-diferencas-entreescola-montessoriana-e-escola-regular/)


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O

mĂŠtodo


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Maria Montessori Nascida em Chiaravalle, norte da Itália, Maria Montessori (1870-1952) foi uma pesquisadora, médica e pedagoga italiana, responsável pela criação do método Montessori, o qual Foi pioneira no campo pedagógico pelo fato de dar mais ênfase à auto-educação do aluno, do que ao posto do professor como única fonte de conhecimento. Montessori desde a juventude demonstrava interesse pela ciência, e optou por cursar medicina, na universidade de Roma, sendo uma das primeiras mulheres a concluir medicina em uma universidade na Itália, em julho de 1986. A sociedade ainda era muito preconceituosa com a inserção feminina no âmbito profissional, mas não fora suficiente para impedir as objeções de Montessori, que após trabalhar dois anos como assistente na clínica psiquiátrica de Roma, e de fazer inúmeras visitas à asilos, percebeu o tratamento desumano dado as crianças deficientes, e indagou que o problema é mais pedagógico do que clínico, como a mesma menciona em seu livro: ‘’A descoberta da criança: artigo cientific’’. Assim inicia seu trabalho como psiquiatra em prol de crianças com alguma deficiência física ou cognitiva, e a partir do estudo da obra dos franceses Jean Marc Gaspard Itard e Édouard Séguin, (que também trabalhavam com crianças especiais), de suas observações na Clínica Psiquiátrica da Universidade de Roma e pesquisas independentes a respeito da Pedagogia e Antropologia, Montessori passa a se interessar pela aprendizagem infantil, e elabora métodos de ensino e materiais didáticos para auxiliar o processo de auto-aprendizado dessas crianças e, tempos depois, começa a considerar a extensão suas ideias para a educação em geral. Um importante

avanço em sua carreira ocorreu em 1906, quando foi convidada a dirigir e coordenar a instituição Casa dei Bambini, ou Casa das Crianças, que receberia os filhos dos trabalhadores de um bairro de classe baixa, chamado San Lorenzo, em Roma. Montessori cuidava da organização do local, direcionando as atividades educativas, e com o tempo constatou que as crianças preferiam atividades práticas, e destinavam uma maior atenção aos materiais com que pudessem interagir — montando, encaixando e desencaixando — moldando — do que brinquedos sem esses mecanismos. A partir de sua concepção, alterou a forma como as salas de aula eram configuradas. Substituiu cadeiras e móveis pesados por materiais mais leves, no intuito de facilitar o manuseio e movimentação das crianças. As estantes projetadas para adultos se transformaram em prateleiras baixas, garantindo livre acesso a todos os recursos ali dispostos. Assim, outras Casas dei Bambini foram criadas nos anos subsequentes contendo a mesma proposta, tornando-se centros de aprendizado para muitos educadores e entusiastas da Pedagogia. Nessa época Montessori percebe um padrão no comportamento infantil: a autoeducação e a autodisciplina eram predisposições naturais, e afloravam quando a criança exercia autonomia para fazer suas próprias escolhas. Essas constatações edificaram a base sobre a qual seu método seria construído. Para o professor poder auxiliar da melhor forma o processo do conhecimento, ele precisaria preparar-se interiormente, e estudar a si mesmo constantemente, para observar alem do que se pode ver, e despir-se de velhos conceitos pragmáticos, até mesmo dos próprio defeitos, para aí então compreender cada criança, e as ações externalizadas por ela, acreditava Montessori.


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Figura 2.7 Fotografia da médica e educadora Maria Montessori

Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/459/medica-valorizou-aluno

‘’O pecado mortal que nos domina e nos impede de compreender a criança, é a ira’’ ( Montessori, 1972 , pag 166) h ps://novaescola.org.br/conteudo/459/medica-valorizou-aluno

Em 1909, Montessori escreveu “Pedagogia Científica”, que se propagou com o título “Método Montessori”. Em 1912 foi para os Estados Unidos lecionar em Nova Iorque e em Los Angeles. Em 1916 difundia sua tese em Barcelona e em 1920 em Londres. Com o sucesso do “Método Montessori”, varias “casas” foram criadas na Itália. Em 1922 foi intitulada pelo governo, a Inspetora Geral das Escolas da Itália. Porem com a ascensão do regime fascista de Mussolini, muitas escolas especializadas no Método Montessori foram fechadas, e em 1934 a médica e educadora decidiu por deixar o país. Em 1936, trabalhando na Espanha, novamente foi obrigada a fugir, quando eclodiu a Guerra Civil Espanhola. Em 1939 foi para a Índia, onde lecionou durante sete anos, e em 1946 volta finalmente para seu país. Em 1947, já com 76 anos, Maria Montessori falou para a UNESCO sobre “Educação e Paz”. Em 1949 recebeu a primeira das três indicações ao Prêmio Nobel da Paz. Com 81 anos participou do 9º Congresso Montessori Internacional. Maria Montessori faleceu na cidade de Noordwijk, na Holanda, no dia 6 de maio de 1952. Em suma, sua proposta consiste na criação de uma novo olhar para a educação infantil, e atualmente as ciências cognitivas e da neurociências dão vazão a cada uma de suas descobertas, com novas publicações todos os anos comprovando a precisão de suas teses e observações, como alguns artigos citados no inicio deste livro. Portanto, uma abordagem pedagógica sensível e um ambiente estimulante e propício para aprender, tem grandes possibilidades de construir os jovens e adultos educados, gentis e criadores do próprio conhecimento.


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Método Montessori não definiu uma lista contendo um ‘’passo a passo’’ de seus princípios pedagógicos, e de sua pedagogia, mas citou em seus livros e pesquisas características importantes para atingir o nível de suas perspectivas educacionais, porém para uma melhor abordagem e síntese do assunto, serão colocados cinco pontos trabalhados em seu método, da autoria de Edimara de Lima, diretora pedagógica da Escola Prima Montessori, de São Paulo.

e conseqüentemente a autoconfiança. O método Montessori como já falado, inclui materiais específicos, que podem ser manipulados pela criança, e que poderão trabalhar um novo desafio de cada vez, dada à criança a chance de agir, perceber seus próprios erros, e os corrigir, com disciplina e concentração, pois com a liberdade para escolher em que trabalhar a cada momento, e liberdade para repetir quantas vezes quiser cada exercício, a criança se autoeduca constantemente.

Autoeducação: mediante analises comportamentais das crianças em liberdade, alcançou a extrema ideia de que as crianças são capazes de aprender sozinhas. Todas as crianças possuem o potencial de aprenderem certas coisas sozinhas: falar, andar, comer, pegar, reconhecer rostos e vozes, receber e fazer carinho, mas em muitos casos, isso não é percebido ou devidamente explicito. No método Montessori, se confia na criança e na suas habilidades e esforços, que com as condições adequadas oferecidas á ela, esta poderá desenvolver quase tudo de forma independente e livre. Para aprender sozinha, a criança necessita ter primeiramente a oportunidade de ver outras pessoas, adultos ou crianças, fazendo as coisas; ter a oportunidade de experimentar, testar, sem ajuda e sem ser inibida ou interrompida; ter a possibilidade de compreender os próprios erros, e os corrigir espontaneamente; superar pequenas dificuldades dificuldades, simultaneamente, em um ritmo particular e diferente para cada aprendizado. Assim ocorre a autoeducação, que levará a independência,

Educação Cósmica: A curiosidade é inerente da criança, elas nascem interessadas por tudo ao seu redor, e existem infinitas formas de manter esse interesse vivo por toda a infância. Uma das mais belas é perceber que todas as coisas se encontram em sintonia e dependem umas das outras para existir. Mostrar essa visãodo mundo, faz com que a criança desenvolva um senso de união e gratitudão para com tudo o que há no planeta, e a leva a perceber a ordem que habita a natureza e o universo. Para garantir que o encanto das crianças pelo conhecimento e pelo mundo não se apague, a educação das crianças em idades de 6 a 12 anos é baseada em perguntas, pesquisas e histórias que permeiam a curiosidade da criança. É possível propiciar a expansão dos interesses e curiosidades das crianças, e fomentar a percepção de que tudo pode ser explorado, compreendido, e se olharmos as coisas do ângulo certo, elas podem se tornar interessantes, ou seja, a educação Cósmica é basicamente oferecer a criança uma visão cósmica do mundo. - Cosmos, o oposto do caos, é a ordem do universo.


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Educação como Ciência: A estrutura de escola que temos no atual presente, advêm de um conjunto de tradições e modos de agir do meio do século XVIII, era da Revolução Industrial: filas de cadeiras, o mesmo conteúdo para todos, ao mesmo tempo, submissão dos alunos, e recompensas e castigos como forma de disciplina. Quando Montessori começou a trabalhar com as crianças de São Lourenço, já tinha em si que essa abordagem não funcionava bem. Mas ao invés de estabelecer uma nova pedagogia, de acordo com suas próprias crenças, optou por deixar um grupo de crianças livres, em um ambiente semiestruturado, e por ora observou os comportamentos, para depois pensar uma educação que não partisse das crenças do adulto, e sim do desenvolvimento natural das crianças. E assim se faz até hoje, nas casas e escolas Montessorianas, antes de qualquer decisão, desde apresentar um material novo, até intervir no que aparenta ser uma má ação, observa-se a principio, e tenta-se compreender as reais necessidades da criança por tras daquilo, e qual melhor abordagem a se adotar com cada criança, a cada situaçao. Isso faz com que o aluno adepto dessa educação atinja um bom desempenho acadêmico, enquanto usufrui de um grande prazer estando na escola, e não o oposto. Ambiente Preparado: No método Montessori, liberdade é algo primoridal. A criança necessita de um ambiente preparado, seguro, e com ‘’nutriente’’ (físicos, emocionais, mentais e sociais) para que possa ser livre para viver. Existem algumas condicionantes para que o ambiente dê suporte à liberdade da criança. A primeira delas é que tudo o

que for importante deve se encontrar acessível, ou seja, de modo que a criança consiga realizar sem precisar da autorização ou mediação do adulto, como por exemplo comer, beber água, usar o banheiro e dormir. Viver com o mínimo de ajuda possível e autorização do adulto são fatores crucias, e para isso, o mundo deve ser preparado para os pequenos, deixando as coisas ao seu alcance, dentro de sua escala, ou no caso de casa, disponibilizar um banquinho para que alcance a pia sem pedir ajuda. Outra característica é que o ambiente não deve ser hiperestimulante. O mundo por si só é estimulante para a criança, então os ambientes que for possível de se controlar, devem ser tranqüilos, com cores neutras, e mobília seguindo a mesma lógica simples. Pelo mesmo motivo, não é necessário brinquedos demais, apenas poucos e bons. Por isso, tudo no ambiente deve servir para a atividade das crianças, não só os exercícios que o professor propõe, mas todos os materiais, a mobília, objetos decorativos. Tudo poderá ser cuidado, limpo, reparado, e organizado pela criança. Assim, as crianças podem finalmente viver uma vida de independência e liberdade. Adulto Preparado: Todos os demais princípios só funcionam quando o adulto que interage com a criança se esforça para transformar-se interiormente. Montessori dizia que precisariam abdicar do orgulho, e da ira contra a criança que não se comporta como julgassem mais cômodo. É necessário que o adulto se permita respeitar a criança em todas as suas necessidades, por mais difícil que possa parecer, e para isso, uma preparação profunda, espiritual e


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psicológica, aliada a técnica é de grande valor. Uma vez que o educador esteja preparado, observa e confia na criança, buscando nos atos desta as indicações de suas necessidades. Com a observação realizada, configuração adequada do ambiente e interações, o adulto oferece os meios para que a criança supra aquilo que lhe é importante, e supere os desafios e obstáculos do cotidiano. A intenção é do adulto não ajudar mais do que o mínimo necessário, supervisionar e não intervir no que a criança demonstre conseguir sozinha, porém garante que sua presença possa ser notada, caso seja preciso. A alegria deste adulto é de ser cada vez menos necessário, e observar a vida se desenvolvendo. Criança Equilibrada: Na tenra idade, vontade e ação andam juntas; mente e corpo. Quando um bebê chacoalha um chocalho, toda sua concentração está ali, ele está por inteiro com o chocalho, mente e corpo, vontade e ação. Ao passar do tempo, quando as atividades ficam mais complexas e perigosas, do que chacoalhar um chocalho, o receio dos adultos acaba por privar a criança da sua própria autonomia, ajuda-as a subir escadas, abrir e fechar gavetas, interrompendo as do tempo demais lavando as mãos e sobretudo, cria-se uma separação entre a vontade, que fica na escada, e a ação, que fica em frente a televisão, pois este foi o lugar mais seguro de coloca-la. Essa separação causa danos, produzindo instabilidade no desenvolvimento da criança, que poderá ficar irritada, agitada e com movimentos desordenados, até mesmo desinteressada. Contudo, há trajetos para retornar à um curso mais equilibrado do

desenvolvimento, onde a criança se concentra e se empenha com alegria, em atividades que desafiem e exigem movimento do corpo e aperfeiçoamento das ações executadas. Em Montessori, essa atividade é nomeada de ‘’trabalho’’, e a primeira função do trabalho é auxiliar a criança a conseguir se concentrar. Quando a mente e o corpo (vontade e ação) se unem, todos os desequilíbrios atenuam, e muitos desaparecem, conduzindo a um estado mental que envolve concentração e alegria, e promove a iniciativa, autodisciplina, independência, generosidade, prazer pelo esforço e autoconfiança. No Lar Montessori, optou por nomear este ponto como “Equilíbrio”. As Características Essenciais de uma Escola Montessori são: Implementar um currículo Montessori que deve incluir: projeto de sala de aula que seja compatível com os princípios do “ambiente preparado” montessoriano; conjunto completo de materiais montessorianos para cada sala e grupo etário; períodos diários de trabalho ininterrupto; Ensino visando alto grau de liberdade aos alunos, para que definam em que trabalhar, onde trabalhar, e por quanto tempo trabalhar; Ensino que aconteça a prior em pequenos grupos (Ensino Fundamental) ou individualmente (Educação Infantil). Contar com profissionais de educação adequadamente capacitados em sua formação, o que se baseia por: Ter um professor principal em cada sala com uma credencial de formação de professores no nível com que trabalha; ter membros da equipe envolvidos em constante desenvolvimento profissional em Montessori. Possuir salas com: Os agrupamentos etários adequados: 2,5/3-6, 6-9, 9-12, ou 6-12 anos de idade.


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Crianças de recém nascidas até os três anos de idade e de 12 a 18 anos podem ser agrupadas por diversas configurações etárias. Tamanhos de sala e relações criança/adulto que se alinhem com os princípios montessorianos; avaliar o progresso dos estudantes por meio de observações dos professores e registros detalhados. Sobre a divisão de grupos por faixa etária, geralmente as classes são formadas por alunos com idades mistas, podendo ser de 1 a 3 anos, 3 a 6 anos, 6 a 9 anos, e assim por diante.

‘’ O tempo destinado às vivências dos ciclos – três anos – permite o estabelecimento de vínculos mais efetivos, dos que os construídos no modelo seriado. Alunos e professores usufruem da intimidade daqueles que se conhecem bem e esta condição favorece a aprendizagem natural e prazerosa. O professor acumula um conhecimento invejável sobre seus alunos: preferências, rotinas, relações familiares, desejos, ritmos de aprendizagem. Na sala agrupada todos são diferentes – em idade, tamanho físico, potencialidades, modalidades de inteligência. As diferenças são qualidades da diversidade e a sua aceitação é o alimento do respeito, característica fundamental da escola montessoriana. Ao entrar no agrupamento o indivíduo é o mais novo, com menorconhecimento escolar e de mundo, enquanto que no seu último período será o “veterano”, o mais estruturado e mais “sábio”; este percurso se repete a cada novo ciclo, proporcionando a vivência de diferentes papéis o que enriquece o emocional e o cognitivo.’’ (Lima, Edimara, pag 14)


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Tendo em vista os benefícios já comprovados da metodologia Montessori, e sua eficácia na educação infantil, ela será usada como diretriz projetual e condicionante para criação da arquitetura escolar que será desenvolvida ao longo deste livro. Considerando que a educação no Brasil precisa se atualizar e promover mudanças em todos os aspectos, uma vez que a mesma já se encontra defasada, inclusive no que diz respeito à constante desvalorização dos professores de instituições públicas, que precisam para além do reconhecimento, de boas condições ambientais para trabalhar. Também é necessário provocar um despertar coletivo, para mostrar o quanto é importante e transformador mudar a história do mundo através da infância, acreditando e investindo, pois como já comprovado, esta é a fase de maior valor na vida do ser humano, onde as grandes oportunidades de desenvolver um caráter integro e uma mente saudável, feliz, e consciente se encontram. Aprender a aprender, ter seus interesses e qualidades valorizados, e sentir prazer no ato de estudar, como algo espontâneo e não por razão imposições vinda de um adulto, é o caminho ideal para uma educação de qualidade. Sobretudo, acredito no poder que a arquitetura exerce sobre o bem estar das pessoas, e em como ela pode ser ponte para tantas ações e fenômenos significantes na construção do nosso ser, inclusive se nessa arquitetura passamos grande parte dos nosso dias, ou de nossas vidas, e mesmo quando que deixemos de frequentala, ela de certa forma, permanecerá viva, em nossas memórias.

Figura 2.8 Criança realizando atividade em escola Montessoriana

Fonte: h ps://familycenter.com.br/pedagogia-montessoriana/

“Se houver para a humanidade uma esperança de salvação e de ajuda, esta ajuda só pode vir da criança, porque é nela que se constrói o homem.” (Maria Montessori)


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ReferĂŞncias

projetuais


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Figura 2.9 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/930128/creche-camperdown-co-ap


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Projetado pelo estúdio australiano CO-AP, o centro educacional Camperdown expressa o quão bem aproveitado pode ser um espaço já existente, fazendo o uso de boas soluções projetuais e algumas adaptações que proporcionam novos programas e usos para estruturas antigas em lugares históricos. Foi solicitado a construção de uma creche que abrigasse oitenta crianças, de zero a seis anos de idade, e que esse espaço contasse com áreas de recreação internas e externas, ampla iluminação e ventilação natural, e uma paleta de cores mais natural, de modo a criar uma sensação familiar e aludir a própria casa.

Figura 3 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/930128/creche-camperdown-co-ap

F i c h a t é n i c a Camperdown puericultura Programa / creche Arquitetos / CO-AP Á r e a / 5 8 8 m ² Conclusão / 2014

Crianças brincando na área de recreação externa. Nota-se o potencial da iluminação natural, adquirida pelas aberturas superiores no telhado.


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Relação com o entorno A escola está localizada em Camperdown, um subúrbio ocidental no interior da cidade de Sidney, Nova Gales do Sul, pertencente a região Inner West. Grande parte das moradias do bairro são em estilo Vitoriano, e de acordo com o senso 2016, há uma média de 10.341 habitantes. O bairro é tomado por instituições de ensino consagradas, como a Universidade de Sidney , fundada em 1850, e as faculdades residenciais da universidade. As instituições de educação infantil apresentam algumas metodologias não convencionais, como espaços de Childcare, onde a criança pode passar o dia sem necessariamente estar matriculada. A creche e pré escola Camperdown acontece no interior de uma antiga fábrica de armazém, entre as ruas Denilson Street, Australia Street e Derby Pl, ao lado de alguns estabelecimentos de prestação de serviço, também partes da fábrica , que abriga agencias de design, estúdio de fotografia e buffet, e que fica quase de frente para uma outra creche. Próximo a escola há muitos equipamentos de lazer; Playgrounds, parques, campos esportivos, galerias de arte, museus dentre outras atividades interessantes. Na costa está a famosa Opera de sodney, obra mundialmente famosa e símbolo da Australia, projetada pelo arquiteto Jørn Utzon.

Figura 3.1

Fonte: Archidaly

Universidade de Sidney Figura 3.2

h ps://www.archdaily.com.br/br/784303/classicosda-arquitetura-pera-de-sydney-jorn-utzon

ópera de Sidney, próxima à instituição Figura 3.3

Fonte: Google maps

Estilo de moradias do bairro


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Figura 3.4 Fonte: Google earth

Bairro suburbano de uso diversificado. Possui muitas residências, instituições de ensino, lazer, comércios e prestações de serviço no geral.

Lazer

Institucional

Situação Higiene da escola


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Setorização

3

Fonte

2

4 1

Fonte

Fonte: Google maps

Figura 3.5 Planta e corte editada pela autora, Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/930128/creche-camperdown-co-ap

Pedagógico

Convívio

Higiene

Administrativo

Serviços

Circulação


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Figura 3.6

Figura 3.7

1

2

e: Archidaly

e: Archidaly

https://www.archdaily.com.br/br/930128/creche-camperdown-co-ap

https://www.archdaily.com.br/br/930128/creche-camperdown-co-ap

Caixa de areia da área exerna para uso das crianças de dois à cinco anos.

Divisa do grupo de crianças por faixa etária.

Figura 3.8

Figura 3.9

4

3

https://www.archdaily.com.br/br/930128/creche-camperdown-co-ap

https://www.archdaily.com.br/br/930128/creche-camperdown-co-ap

Uma das salas de atividades das crianças menores (zero à dois anos) onde possuem espaço de descanso.

área recreativa externa que dá acesso as salas de atividades

Fonte: Archidaly

O acesso da escola acontece pela rua Australia Street, por uma recepção que funciona como corredor para as áreas administrativas, sala de apoio, cozinha e banheiros. Tres salas atendem crianças em idades de 2 à 3 anos, 3 à 4 anos e 4 à 5 anos. As Duas primeiras são conectadas por um banheiro de uso compartilhado. As crianças do pré usufruem de um extenso espaço de convivência, com caixa de areia, mini pontes, e diversas intervenções para estimular a descoberta e o livre brincar. No maternal segue a mesma tipologia, com duas salas separadas por faixa etária, ambas com espaços de descanso e um fraldário de uso compartilhado. O solário fica separado das outras áreas da escola, por meio de uma portinhola.


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Volumetria

Uma série de recortes no telhado existente dá vida a um espaço recreativo ao ar livre, enquanto que o telhado conservado oferece sombra e abrigo sobre as novas formas inseridas. Os elementos de construção existentes foram mantidos em seu estado original sempre que possível, para revelar camadas de história do local. A nova arquitetura interior, incorpora nas salas de atividades janelas amplas e que se elevam à própria forma, criando uma geometria retangular, que ora vão alternando de espessuras, e que possibilita a entrada da luz mais profundamente no ambiente; o uso de formas primárias nos elementos construtivos, criam oportunidades para imaginação e educação. No paisagismo, há uma integração dos espaços elevados naturalmente, formando áreas de lazer estimulantes para desafiar o equilíbrio e promover a avaliação de riscos, que são consideradas essenciais para o desenvolvimento da primeira infância.


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Figura 4.1 Fonte: Archidaly

Figura 4 Fonte: Archdaily

Figura 4.2 Fonte: Archidaly


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Materialidade

Estrutura metálica

Compensado de madeira

Figura 4.3 Fonte: Archidaly

Há uma predominância de tons sóbrios, materiais crus e com aparência “desgastada”, que não destoe da locação original: uma fábrica, a madeira utilizada na vedação das salas de atividades trazem calor ao ambiente e contrapõe com os tons mais frios. O resultado dessa cuidadosa seleção mantém o caráter industrial do lugar, porém constitui uma atmosfera convidativa e muito agradável, com diferentes texturas e estímulos visuais. No interior das salas, o que predomina são cores e materias mais quentes, o uso de carpete, que é um material macio e e confortável, de modo a trazer maior acolhimento.

Tijolinho Carpete

Figura 4.4 Fonte: Archidaly


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Figura 4.5 Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/930128/creche-camperdown-co-ap/54aca3b9e58ecea6f8000091-camperdown_childcare_72r8383_ďŹ nal-jpg


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Figura 4.6 Fonte: tracks-architectes.com/


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Vencedor de várias premiações, como concurso Nacional de Construção de Madeira de 2019, na categoria "aprenda, divirta-se“, o projeto requintado e acolhedor criado pelo escritório de arquitetura TRACKS, se abre a uma vila histórica, em uma comuna francesa, pertencente ao parque natural regional (PNRGF). Voltada para um bosque e construída em madeira e volume linear, incentiva e valoriza a natureza pedonal de vegetações rasteiras onde está inserido o jardim de infância, criando uma forte relação com o exterior, e tomando partido da tipologia arquetípica de casas da região e a icônica representação ilustrativa das casinhas, realizada por crianças do mundo todo, esse projeto maximiza a escala infantil para trazer conforto, reconhecimento e bem estar as crianças. Figura 4.7 Fonte: tracks-architectes.com/

Corredor que dá acesso as salas de aula.

FICHA TÉCNICA Arquitetos / Tracks Programa / Jardim de infancia área / 1028 m² Ano / 2018


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Relação com o entorno

Localizada em uma área pedonal arborizada, a escola faz parte da comuna francesa, no coração de uma cidade histórica, sul da região de Seine e Marne, chamada Perthes-en-Gâtinais, e possui 2.050 habitantes (INSEE 2015). Sua instalação se integra perfeitamente ao ambiente, que pertence ao Parque Natural Regional dos Gâtinais, e conta com soluções bio sustentáveis, como tanque para coleta de água da chuva, e caldeira a lenha de biomassa que abastece vários edifícios municipais, além da escola. Implantada no local de uma antiga creche infantil, pré fabricada e temporária, e no perímetro de uma igreja Patrimônio histórico do século XII , a nova instalação toma emprestado os volumes tradicionais da região, e mantem a identidade local, reinterpretando de maneira lúdica e poética as habitações históricas medievais e a paisagem urbana. Por não circular veículos, atribui ao equipamento uma maior qualidade sonora, evitando ruídos indesejados, e oferecendo maior segurança e conforto para os moradores da região. O visual da cidade é marcado por um clima bucólico e ares de vilarejo; Nele há residências individuais e grande maioria são feitas de pedra em coloração natural. Os telhados com caimento duas águas e bastante proeminentes são características das moradias de Perthes, e o gabarito de altura é baixo e denso, variando entre um e dois pavimentos. A escola vista da rua quase desaparece na paisagem, sendo visível apenas em uma das quinas do lote, ou ao adentra-lo.

Figura 4.8 Fonte: Google maps

Moradias em Perthes.

Figura 4.9 Fonte: Archdaily

Paris, a poucos kilômetros da comuna.

Figura 5 Fonte: https://monumentum.fr/eglisepa00087 193.htmlpa00087193.html

Igreja Saint-Gervais-e-Protais de Perthes, séculoXII


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Figura 5.1 Fonte: Google maps

A escola fica a poucos metros de um cemitério e da prefeitura da cidade, e a quantidade de comércios e instituições no seu entorno é rasa, possuindo alguns serviços básicos, como loja de conveniência e padaria, açougue, mas sem muitas variedades Existem duas escolas nas proximidades, uma de ensino médio e outra de ensino fundamental. A região é bem arborizada, e a implantação da escola acontece dentro de um parque.

Lazer

Institucional

Situação Higiene da escola


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Setorização

1 4

2

3

Figura 5.2 planta e corte editado pela autora, Fonte: http://tracks-architectes.com/portfolio/peg/

Pedagógico

Convívio

Higiene

Administrativo

Serviços

Circulação


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Distribuição espacial Figura 5.3

1

Figura 5.6

4

Fonte: h p://tracks-architectes.com/por olio/peg/

Fachada pricipal que dá acesso direto ao maternal

2

Figura 5.4

h p://tracks-architectes.com/por olio /peg/

Sala primário

3

Figura 5.5

h p://tracks-architectes.com/por olio /peg/

Horta

h p://tracks-architectes.com/por olio/peg/

Sala de atividades maternal

O acesso da escola acontece pelas ruas Chemin de la Guinguere, e por uma trilha pedonal paralela a ela, no perímetro da fachada principal da escola, voltada para um bosque arborizado. Possui dois acessos diretos para as salas de aula, um para a sala do primário, passando por um corredor, e o outro para as salas do maternal. Todas as salas tem vista privilegiada para a natureza, e espaço generoso para brincar no pátio arborizado. Ao lado direto do acesso ao maternal, fica a sala de atividades motoras, todas ligadas a um longo corredor que dá acesso em todos os ambientes da escola, de layot longitudinal, e em sua fachada posterior há uma horta a disposição das crianças.


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Volumetria

A plástica formal dessa arquitetura escolar, encanta pela simplicidade. Os blocos são dispostos linearmente, um ao lado do outro, com telhado em caimento duas águas, remetendo a um pequeno vilarejo de casinhas, como é a paisagem do entorno, e o desenho de casa que toda criança já fez algum dia. Estes foram essencialmente os pontos de partida principais para concepção da volumetria. As janelas amplas e retangulares permitem ver grande parte do interior, e conferem uma maior leveza para o projeto, que utiliza uma geometria mais pura e linear.


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Imagem editada pela Figura autora5.7 Fonte: tracks-architectes.com/

Figura 5.8 Fonte: tracks-architectes.com/Fonte:


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Materialidade

Figura 5.9 Fonte: tracks-architectes.com/

A madeira é o elemento protagonista dessa edificação, ela aparece tanto nas fachadas, bem como na estrutura, no forro do teto, esquadrias, pisos e em alguns mobiliários. As paredes internas são brancas, o que amplifica a iluminação natural e deixa o ambiente visualmente leve. A cor fica por conta dos mobiliários e da massa vegetativa que compõe o bosque, podendo ser contemplado através dos rasgos generosos que a edificação possui. A cobertura de um dos acessos da fachada são em placas de fibra transparente, para além do efeito de leveza conferir mais luminosidade para seu interior. O revestimento exterior é composto por tablados de madeira de cor clara e espessuras finas, paginadas em escama de peixe a 45º, que cria uma padronagem interessante junto a totens de inseto, que setorizam e identificam cada sala.

Figura 6 Fonte: tracks-architectes.com/


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Figura 6.1 Fonte: tracks-architectes.com/


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Figura 6.2 Fonte www.arcoweb.com.br


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A Casa fundamental é uma escola de ensino infantil e fundamental, inserida em um local onde funcionava originalmente um galpão industrial na região da Pampulha, em Belo horizonte. Realizada pelos arquitetos Marcos Franchini, Gabriel Castro e Pedro Haruf, a intervenção preservou a aparência externa do galpão, e fez modificações na estrutura interna do imóvel, localizado na rua Castelo de Lisboa. A proposta foi de conceber um espaço de ensino e aprendizagem, de convívio social, de debates e experimentações pedagógicas, em prol de relações mais cuidadosas e gentis, e que o espaço proposto se tornasse um ambiente ativo nesse processo educativo. o projeto foi vencedor na premiação de arquitetura do Departamento de Minas Gerais do Instituto de Arquitetos do Brasil, na categoria Edifícios para fins Religiosos, Atividades Sociais, Institucionais, Culturais e Educativas. Figura 6.3 Fonte www.arcoweb.com.br

Pá o da escola.

FICHA TÉCNICA Arquitetos / Pedro Haruf, Gabriel Castro, Marcos Franchini Programa / Jardim de infancia e fundamental área / 865 m² Ano / 2017


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Relação com o entorno A integração com o bairro Castelo e a comunidade local é um dos pontos percussores da Escola, que incorpora a praça pública Manoel de Barros como espaço recreativo externo para complementar as atividades curriculares dos alunos. A praça interna presente no projeto, é o espaço articulador da escola, um ambiente amplo, de socialização, vivências coletivas, e eventos diversos para integração da comunidade escola: pais e alunos, educadores, e moradores do bairro. A escola de metodologia inovadora foi assentada em um galpão já existente, conformando uma transformação de uso industrial para uso educacional, um empreendimento não muito habitual no país, todavia com características marcantes, e que podem ser devidamente aproveitadas, como no caso desse projeto. Por possuir vãos livres e generosos, pé direito alto e pouca compartimentação de espaços, propicia maior liberdade de criação, porem para resolver as premissas climáticas; iluminação e acústica, interviu-se na estrutura pré-existente com a substituição de alguns elementos vedativos por telha perfurada e cobogó, criação de novas aberturas, ampliação das zenitais e um jateamento termo acústico por cima do telhado. O município da Pampulha possui monumentos considerados patrimônio histórico, como o conjunto da Pampulha, com autoria de Oscar Niemayer

Figura 6.4

Fonte: www.caronetimoveis.com.br

Lagoa da Pampulha Figura 6.5

Fonte: Google Maps

Praça Manoel de Barros Figura 6.6

Fonte: Google Maps

Rua Castelo de Ajuda


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Figura 6.7 Fonte: Google Earth

Bairro de alto padrão, uso misto e pontos turísticos nos arredores, contendo inumeras opções de escola e comércio.

Lazer

Institucional

Situação Higiene da escola


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Setorização

Figura 6.8 Plantas editadas pela autora. Fonte www.arcoweb.com.br

Pedagógico

Convívio

Higiene

Administrativo

Serviços

Circulação


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Programa e distribuição espacial

2

Figura 6.9

13

Fonte www.arcoweb.com.br

Praça de convivência

4

Fonte www.arcoweb.com.br

Atelie aberto ao pátio superior Figura 7.1

5

Figura 7.2

Fonte www.arcoweb.com.br

Fonte www.arcoweb.com.br

Uma das salas de atividades.

Figura 7

Refeitório

A escola acontece em dois niveis. O acesso se dá por uma unica fachada, da Rua Castelo de Lisboa, e já se abre a praça (patio) que serve como espaço de integração das pessoas e também dos ambientes. Nessa praça ha uma arquibancada, e nela estão apoiados escorregador e escada, para acesso ao segundo pavimento. Ha um total de quatro salas de aulas, refeitório na contingência das que ficam no térreo, e acima um outro pátio, que dá acesso as demais salas e a um ateliê. A parte administrativa é distribuída nos dois blocos, verticalmente.


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Volumetria

Neste projeto alojado no interior de uma antiga fábrica, de cobertura metálica e arredondada, as linhas e volumes retangulares se estendem no perímetro de sua estrutura original, que abre espaço para pátios amplos e bem iluminados. O design limpo e delicado do projeto, se encaixa perfeitamente com a volumetria simples e sinuosa que a fabrica possui, e que foi preservada. Para estruturação do projeto foram u lizados painéis Wall como sistema de lajes, perfis laminados de aço para compor a estrutura, Drywall e soluções em marcenaria e serralheria para criação de divisórias e fechamentos ver cais, que por serem modulares, também viabilizam alterações futuras. A arquibancada em madeira, além das u lidades de permanência e uso cole vo, também serve de base para um escorregador, que facilita o acesso para o térreo, ao mesmo tempo que diverte os estudantes.


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Figura 7.4

Fonte www.arcoweb.com.br

Figura 7.3 Fonte www.arcoweb.com.br


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Materialidade

Metal Madeira

Cobogó

Figura 7.5 Fonte www.arcoweb.com.br

O projeto escolar faz bom uso das cores, e combinações interessantes de materiais; Alegre e estimulante. Nota-se que houve um cuidado especial com relação as paleta e revestimentos aplicados, em detrimento de diretrizes projetuais que conferem a importância da “multissensorialidade” do espaço e da exploração com o uso do corpo. Desse modo a infra estrutura do antigo galpão se renova para além do novo uso, com uma infinidade de texturas e materiais: Cimento, ferro, fibra de vidro, madeira, azulejo serigrafado. A definição de elementos vazados como o cobogó, deixa o projeto leve e com ares modernos, além de peneirar a entrada de luz e criar geometrias luminosas nas superfícies ao longo do dia. Optou-se por deixar todas as instalações aparentes, assim como aspectos excêntricos do galpão; As paredes em bloco de concreto receberam somente pintura, e o piso industrial de marmorite restaurado com a raspagem da tinta que o cobria.

Figura 7.6 Fonte www.arcoweb.com.br


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Figura 7.7 Fonte www.arcoweb.com.br


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Considerações As referências projetuais analizadas, tem muitos pontos em comum: configuraçao de sala fora do padrão, espaços que se integram, ou se relacionam com a natureza, e características de metodologias ativas de ensino, tal como Montessori, Waldorf, dentre outras. Algumas acontecem no interior de um prédio antigo, e reutilizam do espaço e estrutura pré existente para adequar um novo programa, como é o caso da escola Casa fundamental, e da Creche Camperdown, mas ambas utilizam a seu favor tudo o que pode ser utilizado, para manter a originalidade e não apagar as marcas da história, e inserem o programa com muita sensibilidade e criatividade. Já a escola La Ruche, toma partido do entorno e concebe uma escola com ares simples, que se adequam a sua paisagem. Esses três projetos foram essenciais para traçar diretrizes e soluções práticas e visualmente agradáveis.


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LOCALIZAÇÃO


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Localização

Figura 7.8 Fonte: Arquivo pessoal

O terreno escolhido para a implantação da escola fica situado na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, que segundo censo IBGE 2010, possui cerce de 604.682 habitantes, e uma densidade demográfica de 928.046 habitantes por Km², no bairro Jardim Paiva, zona Sub-setor Oeste 12-N. O bairro, que possui 30.046 habitantes conta com apenas tres equipamentos de educação infantil, todas de educação tradicional: Emei Carmen Aparecida de Carvalho Ramos (pública municipal), que atende creche e pré escola, Emei Quintino Vieira também creche e pré escola, localizada no limite do bairro, e E.E Jardim Paiva I (escola estadual) de ensino fundamental, 1º ao 5º ano. Nenhuma das creches e pré escolas funcionam em período integral, e ao entrevistar mães e moradoras, foi perceptível que elas sentem necessidade de um centro de educação infantil que ofereça uma maior assistência, para que consigam trabalhar com mais tranqüilidade, sem ter que deixar os filhos com terceiros e por conseqüência ter uma rotina mais atribulada por conta do tempo destinado a essas funções, o que prejudica inclusive o tempo de qualidade que possuem com os filhos. Por ser uma área bastante populosa, a demanda de equipamentos de uso público é alta, sejam eles educacionais, de saúde, ou lazer, fatores que ainda fazem com que muitos moradores se desloquem para bairros vizinhos ou para o centro, para suprimento de suas necessidades sociais.


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E.E Jardim Paiva I

EMEI Carmém Aparecida de Carvalho Ramos

Área verde

Lote

EMEI Quntino Vieira

Instituições de ensino

Figura 7.9 Fonte: Google Earth


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Equipamentos

Figura 8 Fonte: Arquivo pessoal

Figura 8.1 Fonte: Arquivo pessoal

Assim se encntra um dos equipamentos instituciionais da região, E.E Jardim Paiva I, figura , que fica situada dentro de uma grande área vazia, onde moradores também construíram um campo de futebol para suprirem a falta de lazer. A ausência de saneamento e cuidados é gritante, provavelmente fruto de ações realizadas por adultos, mas que interferem negativamente a vida das crianças que frequentam esses espaços. Uma escola deve ter aspectos que motivem a chegada do aluno, e soluções que evitem esse tipo de fenômeno, ou então se tornarão depósitos de lixo. Por essa razão, acredito ser importante como ja citado por Kowaltoski, que a escola seja orgulho dentro da comunidade, o que pode, ou não, fazer com que as pessoas preservem-na.


81

Gráficos

Na figura..., temos a População do bairro com relação ao município. O bairro possui cerca de 30,036 habitantes, e 9,842 residências, de acordo com censo IBGE 2010. A densidade demográfica do bairro é de 3635.06 Km² por habitante. 5% dos habitantes do município se encontram residindo no local, o que torna o bairro bastante populoso, e torna justificável a ampliação de setores de uso público, sejam de natureza educacionall, l a z e r, o u s a ú d e . D e s s e s 3 0 , 0 3 6 habitantes, a quantidade de crianças em idade de até nove anos é de 4,382, como mostra figura 8.2,e de 0 á 4 anos, que será o publico alvo da escola, por serem primeira infância, é de 2,150 crianças. Um número bastante alto, comparado a oferta de escolas que se tem no bairro. Por esse motivo, e considerando fatores como qualidade das instituições existentes, além da necessidade dos moradores por uma escola em período integral, foi optado a zona Oeste, dentre as várias zonas disponíveis para a implantação do centro escolar.

5%

95%

14,59%

16,05%

40,54%

28,82%

Figura 8.2 Gráficos realizados pela autora com base em: https://censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores/

0 áLot 9

10 áLot 19

20 áLot 34

Lot +34

As escolas da rede municipal das regiões Norte e Oeste de Ribeirão Preto são, na média, consideradas inferiores as das zonas Sul e Leste. É o que diz estudo sobre Escolas Públicas e Educação realizado pela Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), que analisou os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) dosa anos 2007 a 2015, para compreender o desenvolvimento educacional na cidade. Essa discrepância se torna mais evidente na lista das 20 melhores e piores escolas da cidade, do final do 5º até o 9º ano, se mostrando pior na segunda fase do ensino fundamental. Isto é, na relação das piores escolas, a predominância de instituições são das zonas Norte e Oeste. Fonte:https://www.cbnribeirao.com.br/politica/N OT,0,0,1312600,escolas+sao+piores+nas+regio es+norte+e+oeste+de+ribeirao+preto.aspx


82

Terreno

1

Figura 8.3 Fonte: Arquivo pessoal

Lote institucional em desuso, com cerca de 4.700 m², fazendo divisa com outro terreno, destinado á area verde. Um dos grandes atrativos para a escolha da implantação, foi a inexistência de Prédios , que faz com que se tenha uma vista panorâmica e límpida de uma extensa área verde (APP), que apesar de não ser tão arborizada, trás qualidades para o novo equipamento, que em outros locais da cidade, repletas de grandes construções, não teriam. Por esse motivo, o terreno selecionado para a abrigar a escola de ensino infantil, visará manter as características de gabarito do bairro e explorar a relação com seu entorno.

Figura 8.4 Fonte: Arquivo pessoal


83

1

Figura 8.5 Registro do terreno e sua vista frontal. Fonte: Arquivo pessoal


84

A

Topografia

João Nogueira

B

a Arnaldo Pacagnell

A topografia do terreno é irregular, se encontra em aclive nos dois sentidos, e possui seis curvas de nível passando por ele, abrangindo quatro metros de altura no total. A parte mais baixa do terreno fica na rua Ventuir Gomes de Oliveira, na extremidade esquerda (figura...). Não é um terreno muito acidentado e por isso pode ser trabalhado com corte e aterro, de modo a viabilizar custos, sem precisar exportar ou importar terra.

B

R. Ventuir Gomes

A

de Oliveira

A

A

lote com topografia natural esc: 1:1000

B

Corte terreno natural A-A esc: 1:1000

B

Corte terreno natural B-B esc: 1:1000

Figura 8.6 Planta e cortes do terreno natural. Fonte: Realizado pela autora


85

condicionantes

Sol poente

Sol nascente

Ventos predomiantes vindos do Sudeste

Figura 8.7 Maquete superior da topografia e condicionantes climáticos, sem escala. Fonte: Realizado pela autora

demarcação do terreno


86

Uso do solo

Residencial

Institucional

Uso misto/Residencial e serviรงo


87

Bairro composto majoritariamente por residências unifamiliares, predominância de quadras, e gabarito térreo. As casas, por serem obra da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e COHAB (Companhia Habitacional Regional de Ribeirão Preto) em parceria com o município, possuem uma tipologia padronizada, se diferindo uma das outras apenas pelo tamanho do muro, cores, portões, e determinadas reformas realizadas pelos moradores, como no caso dos poucos sobrados que se vê pelas ruas do bairro. O número de comércio e prestação de serviços é relativamente baixo, comparado com a quantidade de residências, e funcionam em grande parte nas contingências da própria residência, e de maneira informal, sem totens e fachadas chamativas. Também nota-se que há uma tendência de acontecerem nas casas de esquina, principalmente mercados e bares. Em questão de lazer, o bairro não oferece muitas alternativas; A única praça em território, que fica paralela a uma das ruas do terreno, sequer possui bancos, vegetações, parquinho para as crianças, ou alguma qualidade de uso a qual um respiro urbano poderia proporcionar, o que acaba ocasionando improvisos por parte dos habitantes, como ’’campos de futebol’’ desenhados no asfalto, ou práticas de esporte em lotes vazios. Figura 8.8 Fonte: Arquivo pessoal

Uso misto/Residencial e comércio

Área verde

Terreno


88

Cheios e vazios

Espaços contruídos

Ruas e vazios


89

Figura 9 Fonte: Arquivo pessoal

Percebe-se através deste mapa, que apesar da larga contrução de moradias populares, há também muitas áreas subutilizadas, compondo grandes vazios urbanos em meio a paisagem. Esses vazios não coincidem apenas sob o tecido urbano, e o fato de não cumprirem nenuma função social, mas também afeta questões como segurança pública e saúde dos moradores, por virar foco de despejo de lixo e resíduos. Quando esses vazios não são propriedades particulares, e sim áreas destinadas á lazer ou instituição, poderiam estar servindo como praças, parques ou centros de esporte e lazer, o que melhoraria gradativamente a vida coletiva e vitalidade do lugar. Figura 8.9 Mapa figura fundo Fonte: Realizado pela autora

Terreno


90

Hierarquias viárias 3

2

João Nogueira

la Arnaldo Pacagnel

O lote fica entre as ruas Ventuir Gomes Oliveira, na testada maior, rua Arnaldo Pacagnella, e rua João nogueira, todas vias locais, com baixo fluxo de automóveis, o que viabiliza o acesso pedonal de pais e alunos com mais segurança, além da possibilidade de estacionar o carro com tranquilidade, se necessário, pois não há nenhum local de interesse comum que gere fluxo. As principais vias de acesso são as Avenidas Virgílio Soeira, Avenida Renê Oliva Strang, Avenida Rio pardo, Avenida Dra. Nádir águiar e Avenida Senador Teotoniovilela, que delimitam o bairro.

4

Ventuir G. Oliveira

1

Figura 9.1 Rua Amélia Maria de Conceição. Fonte: Arquivo pessoal

Via arterial

Via coletora


91

2

Figura 9.3 Av Dra. Nádir Aguiar Fonte: Google Maps

3

Figura 9.4 Av. Virgílio Soeira. Fonte: Google Maps

4 Figura 9.2 Mapa viário. Fonte: Arquivo pessoal

Figura 9.5 Av. Renê Oliva Strang. Fonte: Google maps

Via local


92


93

Escola

Montessori


94

Conceito e partido

s

o Tip

Valorização do traçado da vizinhança

ia log

da

s sa ca

n oe

tor

no

d

Integração com a natureza Figura 9.6 Desenhos realizado pela autora

O Conceito do projeto surgiu através das análises do entorno, após notar o quão repetitivo é a tipologia das residências, obviamente por razões sócio econômicas, que caracterizam fortemente o entorno do local. Paralelo a essa observação, a sutileza de não ferir a paisagem urbana, com um arquitetura excêntrica, e que não dialogasse com o contexto da vizinhança. Outro ponto considerado, adentrando mais o universo infantil, foi o protótipo desenho de casa, que toda criança no mundo já representou alguma vez na vida, e que se relaciona diretamente com o entorno, de traços simples e ao mento tempo marcantes. Ademais, mesmo que de forma inconsciente, a casa para a criança representa inúmeros símbolos, que dizem muito a respeito de sua vida, cultura, família, paixões, sonhos, lembranças e segurança, e por esses motivos o projeto escolar, se apropriará das características que o bairro denota, em suma, do arquetípico simbolo da casa, para oferecer ao equipamento e seus usuários, inclusive a própria comunidade, uma experiência de identidade e pertencimento, tal como a valorização da paisagem urbana, além da qualidade espacial, que visará atender a todas as necessidades; físicas, cognitivas, emocionais e sociais da criança, em sinergia dos pais e responsáveis. A Metodologia Montessori servirá como parâmetro para a concepção do projeto e seus respectivos ambientes; receberá crianças em idades de quatro meses á seis anos de idade, e cada qual será agrupada da seguinte forma: Bebes de quatro meses a um ano ingressarão na mesma turma (berçario), de um ano a dois, em outra turma, e de dois anos a quatro, e de quatro anos a cinco, em agrupamentos de acordo, para uma socialização tal como é na vida fora da escola, a fins de promover relações de cooperação, respeito, e diversidade.


95

Organograma

Estacionamento

Pedagógico

Administrativo

Serviço

Convívio

Pedagógico

Convívio

Pedagógico

Recepção

Figura 9.7 Organograma realizado pela autora

O projeto acontece em torno de uma grande área de convívio, que terá como intuito a recreação, exploração dos sentidos e socialização de alunos, educadores, e da comunidade como um todo, podendo servir como espaço de reuniões e festivais, do contato com a natureza, da busca pelo bem estar e de afetividades. Todos os ambientes terão acesso direto a essa área, pela forma que foram distribuídos em planta, e todos estarão interligados a ela.


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Programa de necessidades Creche e pré escola - Quatro meses á seis anos de idade - Capacidade 204 alunos em perído integral Administrativo

Pedagógico Ambiente

Quantidade

área (m²)

Ambiente

Quantidade

área (m²)

Berçario Área de descanso Lactário Fraldário Solário Sala de atividades espaço multiuso Atelie de artes Horta Sanitário infantil

02 02 02 01 01 08 01 01 01 02

39,00 36,38 8,36 21,70 266,27 52,80 62,62 44,25 92,45 18,58

Recepção Secretária Diretoria Almoxarifado Sala de reunião WC funcionários Copa

01 01 01 01 01 01 01

107,81 21,08 30,21 35,53 45,15 17,25 41,59

Convívio

Serviço

Ambiente

Quantidade

área (m²)

Ambiente

Quantidade

área (m²)

Solário Pátio coberto Pátio descoberto Refeitório WC comum

01 01 01 01 02

82,50 333,47 443,09 183,50 23,43

Cozinha Despensa Lavanderia Coleta de lixo Estacionamento

01 01 01 01 01

76,89 16,84 7,51 4,11 348,20

Área total do terreno - 5000 m²

Área total construída - 3643,55 m²

Cada berçario estará apto para receber 14 bebes, e terá como recomendação de no mínimo duas pedagogas por turma. As salas de pré escola, terão capacidade para até 22 crianças, tendo em vista que a prioridade é um ambiente confortável e que viabilize uma educação qualificada, com bastante espaço a disposição do aluno, para que desenvolva em potencial sua autonomia.


97

Movimentação topográfica A topografia se encontra na forma natural do terreno, e como não está trabalhada, é irregular, contendo aclives e declives dentre as seis curvas de nível, partindo da cota 623 até a cota 629, que são as curvas em que o terreno esta situado. com isso, optou-se por trabalhar na cota média do terreno, (626) para poder viabilizar custos na parte de terraplanagem. Dessa forma será executado um corte e aterro, pois a movimentação de terra é mais viável financeiramente do que a importação ou exportação da mesma, ou seja, será feita uma movimentação de terra do fundo do terreno para a frente dele, onde será criado um platô de construção, que dará toda a acessibilidade para dentro do lote, através da recepção,sem necessidade do uso de rampas e escadas no interior da escola.

C B

A

A 629 628 627 626

C

B

623

624

625

Corte A-A

Corte B-B

Corte C-C

Figura 9.8 Planta e corte de movimentação topográfica

Terra

Corte

Aterro


98

Plano de massas

Acesso serviço

Acesso principal

Figura 9.9 Plano de massa desenvolvido pela autora

Pedagógico

Convívio

Higiene

Administrativo

Serviços

Estacionamento


99

Figura 10 Diagramas iniciais


100

Concepçao volumétrica A tipologia das casas do bairro, disposta linearmente no perímetro do terreno, da vida á escola infantil, porém com uma certa abstração. Linhas puras e angulosas compõe a fachada principal do edifício, que remete á uma pequena vila. Das grandes aberturas em fita se revela a paisagem que pode ser contemplada de grande parte das salas, além de viabilizar a entrada de luz natural e trazer o conforto térmico

Figura 10.1 Estudo volumétrico fachada principal


101

No interior da escola, há uma grande praça verde, onde acontecerão as brincadeiras e interações, e as salas de atividades configuradas ao redor, que contarão com uma projeção da cobertura, já que não terá um corredor fechado, o que quebraria o ritmo da volumetria. todos os ambientes terão vista para esse pátio, que envolve a edificação por inteiro.

Figura 10.2 Estudo de planta baixa, sem escala. Fonte: desenvolvido pela autora.

Figura 10.3 estudo volumétrico área interna da edificação


Legenda

102

ntos

Rua Bento M. dos Sa

Rua João Nogue ira

Rua Arnaldo Pa

1- Acesso comunidade 2- Recepção 3- Sala de atividades 4- WC menina 5- WC menino 6- Refeitório 7- Pátio coberto 8- Arquibancada 9- Cozinha 10- Despensa 11- Deposito de resíduos 12- Lavanderia 13- EstacionamentoCarga e descarga 14- WC comum Fem. 15- WC comum Masc. 16- Horta 17- Espaço multiuso 18- Ateliê de artes 19- Almoxarifado 20- Sala de reunião 21- Copa 22- WC- Vestiário 23- Espaço para descanso 24- Maternal 25- Direção 26- Secretaria 27- Área verde - recreação 28- Área verde - Solário

cagnella

Rua Ventuir Gomes

de Oliveira

Figura 10.4 Implantaçao


103

Figura 10.5 Layout


104

Figura 10.6 Planta de cobertura


105

Figura 10.7 Cortes e vistas


106

Materialidade

Figura 10.8 materiais

Madeira

Vidro

aluminio

B

l

o

c

o

Concreto

Cobogó

O bloco de concreto estrutural compõe grande parte da estrutura da escola, por suas inúmeras vantagens apresentadas em obra, tal como dispensar inserção de vigas e pilares, proporcionar proteção acústica ao espaço e abrigar os sistemas elétricos e hidráulicos, possibilitando a redução de diversas etapas e a otimização da mão-de-obra, diminuindo assim, o tempo para executar os serviços e os seus respectivos custos. A estruturas para a cobertura dos corredores de acesso, são em alumínio, pois além de ser um material leve e poder vencer grandes vãos, o alumínio tem um alto grau de resistência à corrosão e também é um material prático e de fácil montagem. O piso assim como elementos vazados são em concreto, para manter uma estética leve e agradável, e o mobiliário em madeira de reflorestamento. A premissa para a definição da materialidade, foi de se obter um projeto econômico, funcional, e facilmente executável, e que também contribuísse de certa forma para a não degradação do meio ambiente.


107

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Figura 10.9 Imagem 3D

Fachada principal da escola, onde o conceito e partido ficam tangívéis: Uma forma simples, que remete ao imaginário infantiil e que não causa impacto na paisagem urbana, que é fortemente marcada por um padrão nas construções, como já dito anteriormente. O acesso, que acontece por essa porta terracota alinhada ao telhado, se abre para a calçada, que cede alguns metros para dentro do lote, dando origem a uma pequena gentileza urbana, que vai oferecer um canteiro com sombra, a fim de tornar a ingressão dos alunos, assim como a espera dos pais, mais segura e confortável. Outro ponto levado em consideração para definir o ponto de acesso, foi o nível da rua, que com um corte e aterro, e inserção do muro de arrimo, tornou possível a acessibilidade total do equipamento por essa área, sem ser preciso o uso de escadas e rampas.


108

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Recepção com relação direta a comunidade. A intenção era que o equipamento não se fechasse totalmente, com muros e grades, para o local onde fosse ser implantado, criando barreiras físicas e exclusão. Para isso foi usado na parede da fachada lateral, elementos vazados, que também colaboram para uma generosa iluminação natural e conforto climático. Para segurança, a escola conta com uma porta de correr, que da o acesso direto para os ambientes pedagógicos, e poderá ficar trancada quando necessário. Outros elementos presente são o concreto, a cobertura em telha sanduíche pintada de branco, e os azulejos coloridos atrás do balcão de atendimento, que trazem alegria e traços contemporâneos ao espaço.

Figura 11.0 Imagem 3D


109109

Solรกrio dos bebes, com bastante verde, paisagismo e uma paleta de cores suave e estimulante. Na frente corredor das salas dos agrupamentos de dois รก quatro anos, e de quatro รก seis. Figura 11.1 Imagem 3D


110

Figura 11.2 Imagem 3D

Paisagismo que delimita visualmente o solário do berçario, dos agrupamentos de mais idade. Essa é a vista obtida das duas primeiras salas de atividades, ao passar pela recepção. Avante, ha uma parede de cobogó, que cumpre a função de isolar, sem fechar o espaço por completo, e portinholas de correr para não obstruir a livre circulação. O projeto é inteiramente ligado por uma cobertura metálica, que integra todos os espaços externos, alem de proteger das intempéries e criar uma forte unidade visual.


111 111

Vista panorâmica das salas de atividades, e de suas respectivas coberturas. com caimento duas åguas.

Figura 11.3 Imagem 3D


112

Figura 11.4 Imagem 3D

Corredor que dá acesso as demais áreas da escola, e onde ficam as salas principais de atividades dos agrupamentos. Os banheiros, feminino e masculino ficam centralizados entre as oito salas, contam com porta de correr, para ganhar mais espaçoo interior e facilitar o manuseio dos alunos. Logo a frente foi inserida uma grande placa de acrílico, que acopla uma cuba manual feita em cimento, onde servirá água para as criancas se hidratarem e também realizarem as atividades de higiene bucal.


113 113

Figura 11.5 Imagem 3D

No pátio coberto, para além da amplitude do espaço, os alunos desfrutarão de uma arquibancada, que poderá ser utilizada tanto nas datas festivas para apresentações, como no dia a dia, para descanso, brincadeiras e atividades diversas. A sua direita, a porta de entrada para funcionários, que leva ao estacionamento, e os sanitários masculino e feminino para uso comum. A escola também acomodará uma horta, que ficará abaixo da cobertura metálica, dois ateliers de arte, e espaço multiuso


114


115 115

Figura 11.7 Imagem 3D

As salas de aulas foram projetadas para serem amplas e espaçosas, viabilizando a livre movimentação da criança, e as varias possibilidades de layout e configuração de mesinhas e cadeiras. O mobiliário baixo, permite que a criança alcance, e escolha o material que deseja trabalhar, para obterem autonomia e auto confiança no seu processo de aprendizado. A base do espaço é neutro, com paredes brancas e piso em concreto, e uma parede pintada em tom de verde, que sobe até o teto, pois os estímulos nessa metodologia devem ficar por conta dos materiais pedagógicos á disposição.A cor escolhida para contracenar com a paleta neutra, foi seguindo preceitos da cromoterapia, que estipula o verde, como a cor do equilíbrio, harmonia e possuidor de efeitos calmantes e refrescantes, além de promover o bem estar físico e mental. A madeira dos moveis, e da marcenaria que abraça a janela para criar um espaço de contemplação, aquece o ambiente, e traz o conforto necessário para aqueles que passarão grande parte do tempo longe de casa e da família. Figura 11.6 Imagem 3D


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Referências

bibliográficas


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Bibliografia

https://issuu.com/fmcsv/docs/o_tempo_e_a_qualidade_das_primeiras_07fcce03a1a3ea/18?ff&e=3034920/8024759 http://omb.org.br/wp-content/uploads/2016/09/A-sala-agrupada-Montessori.pdf https://escolamariaorg.files.wordpress.com/2017/04/caracterc3adsticas-essenciais-de-uma-escola-montessori.pdf https://globoplay.globo.com/v/5021365/ Arquitetura Escolar - Doris Kowaltowski (2011) A Descoberta da Criança. Pedagogia Científica - Maria Montessori (1965)


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