Edição Especial de Aniversário - Setembro / 2014
revista da 21 anos trabalhando em prol do desenvolvimento sustentável do produtor e da fruticultura Norte Mineira
Revista da Abanorte | 1
Editorial
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into-me muito honrado em presidir uma associação que comemora seus 21 anos de existência com reconhecimento regional e nacional sobre suas realizações como representante dos produtores e também dos elos que antecedem a comercialização na cadeia produtiva das frutas da Região do Jaíba. Projetando os próximos 21 anos, duas questões surgem como grande desafio, mas também como excelentes oportunidades: sustentabilidade e o novo modelo de distribuição e comercialização de frutas. Os recentes problemas com a escassez de água principalmente no Sudeste brasileiro são um alerta para todo o setor produtivo sobre a necessidade de repensar nosso modelo de irrigação e buscar tecnologias que tenham como base um melhor aproveitamento da água. Embora a evolução para a micro aspersão tenha sido um importante passo, a situação atual mostra que temos que avançar mais. Sustentabilidade ambiental é um importante pilar na sustentabilidade do negócio frutícola. Do ponto de vista social e econômico, os outros pilares da sustentabilidade, a disponibilidade e a qualificação da mão de obra tem que ser encaradas pelo setor produtivo como desafios que, uma vez vencidos, trarão qualidade para os
Expediente produtos da Região do Jaíba, determinantes para a nossa competitividade. Teremos que vencer esses desafios reduzindo custos para que a fruticultura irrigada retorne, para seus investidores e empresários rurais, o capital investido com rentabilidade. Somente assim, o círculo virtuoso de novos investimentos, novos empregos, desenvolvimento regional, entre outros benefícios, serão concretizados. Não tenho dúvidas que para vencer esses desafios, um ASSOCIATIVISMO forte, profissional e ativo, é questão básica para o sucesso. A outra questão que merece uma reflexão profunda é: como nossas frutas serão distribuídas e comercializadas para um mercado cada vez mais exigente, com concorrentes a todo o momento surgindo de novas regiões produtoras e outros países? Os grandes varejistas querem comprar direto de produtores organizados, certificados e com produção de qualidade e consistente ao longo do ano. A imagem de centros de distribuição onde a higiene não é ponto forte, as perdas são imensas, a produtividade é baixa, não agrada ninguém e o consumidor começa a dar sinais que a paciência acabou com esse cenário de “mercados da Idade Média”. Se a solução não é simples, somente estruturas produtivas organizadas e profissionais sobreviverão nesse novo ambiente competitivo. Aos pequenos, somente resta à união, o associativismo e/ou o cooperativismo. Escala de produção será tão fundamental quando a redução dos custos estruturais, a qualidade, a regularidade da produção e a rastreabilidade. Difícil? As grandes emoções são para os fortes e já demos demonstração ao longo desses 21 anos que podemos muito mais do que acreditamos e que a fibra do fruticultor Norte Mineiro é a mesma daqueles que transformaram uma região semiárida em um dos maiores polos de fruticultura irrigada do País. Vamos juntos!
Jorge de Souza Presidente da Abanorte
revista da
A Revista da Abanorte é uma publicação especial que comemora os 21 anos da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), situada a Rua São Pedro, nº 236, Bairro Centro. Janaúba, Minas Gerais. CEP: 39440-000
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Contatos (38) 3821-2936 (38) 8815-5848 comunicacao@abanorte.com.br www.abanorte.com.br
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Presidente Jorge Luis Raymundo de Souza Tesoureiro Saulo Bresinsk Lage Secretário Jésus Maria Ribeiro Gerente Executiva Ivanete Pereira dos Santos Gerente de Mercado Heider Lara Cabral
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Jornalista Camila Guimarães Abreu Editoração e Diagramação Gilmário Gonçalves
____________ Impressão Gráfica UniSet
Tiragem desta edição 1000 exemplares.
Nesta Edição
07 Cooperativismo
Frutvale inicia trabalho voltado para cooperados a fim de melhorar a qualidade das produções através da troca de experiências.
16 Conquista
Depois de anos de trabalho Sindicato Rural de Jaíba e Matias Cardoso consegue reconhecimento legal do Ministério do Trabalho e Emprego.
17 Comercialização
Associação dos Compradores de Frutas do Norte de Minas trabalha para a promoção da melhoria no que se refere à produção e comercialização de frutas.
24 Reconhecimento
Saiba o que é o processo de Indicação Geográfica que tem sido batalhado pela Abanorte para a Região do Jaíba.
27 Organização
Produtores se reúnem para defender produção de frutas e organizar o trabalho feito na Região.
30 Consolidação Abanorte completa 21 anos e celebra a atuação de presidentes, colaboradores e parceiros.
04 Empreendedorismo
Conheça a história de Sirineu Rodrigues, empreendedor que tem feito sucesso nas atividades que realiza.
18 Desenvolvimento
Saiba mais sobre a história da fruticultura Norte Mineira e entenda como a produção de frutas ganhou força e trouxe desenvolvimento para o Norte de Minas Gerais.
36 Premiação
Primeiro Concurso de Cacho de Banana movimenta produtores da Região.
38 Certificação
Produtores de banana recebem certificação Global Gap durante celebração dos 21 anos da Abanorte.
08 Inovação Produção de uvas ganha cada
vez mais espaço no Norte de Minas e serve de incentivo para que mais variedades de frutas sejam cultivadas.
12 Exportação Frutas produzidas no Norte de Minas conquistam novos consumidores no mercado externo.
23 Região do Jaíba 28 Pioneirismo Entenda como funciona a Marca Região do Jaíba e saiba mais sobre a importância dessa estratégia para os produtores Norte Mineiros.
Sicoob Credivag completa 25 anos de Trajetória no Norte de Minas.
Empreendedorismo
O empreendedor de
SUCESSO S
egundo o SEBRAE para se tornar um empreendedor de sucesso é preciso possuir algumas caraterísticas básicas e essenciais tais como: ter um espírito criativo, ser um pesquisador e buscar novos caminhos e novas soluções constantemente, tendo em vista as necessidades das pessoas. A essência do empreendedor de sucesso é a procura por novos negócios e oportunidades, além da preocupação com a melhoria do produto. Se essas caraterísticas têm de ser comuns ao empreendedor de sucesso, Sirineu Rodrigues, empresário que possui uma pequena
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propriedade rural no Projeto Jaíba, atende todos os requisitos para ser considerado como tal. A área de cinco hectares batizada de São Francisco de Assis é a prova de que, tamanho não é documento e que o importante é o planejamento e a organização para que o negócio possa gerar bons resultados. A história de vida deste homem começou quando ele e a esposa Edna deixaram o Paraná e seguiram para São Paulo (SP) em busca de uma vida melhor. Nesta tentativa cruzaram a vida desse casal, alguns amigos que lhes apresentaram o Projeto Jaíba. Entusiasmado
com as falas e leituras que viu em jornais da época, Sirineu veio ao Norte de Minas para conhecer o famoso projeto de irrigação. Ao voltar para São Paulo não lhe restaram dúvidas: junto com a esposa mudou-se para o Jaíba. Se em São Paulo ele trabalhava como boia fria, na região Norte do Estado de Minas Gerais, a oportunidade de ser dono do próprio negócio falou mais alto. Na época os lotes eram comercializados para que mais pessoas pudessem povoar o projeto. Sirineu e a esposa então o fizeram. Há 10 anos na região ele lembra que o início não foi fácil, mas que
tudo valeu a pena. “Uma família de amigos uma pequena fábrica de linguiça. Fiz algumas as adubações e invisto na irrigação e nas me convidou para conhecer o Projeto Jaíba e, capacitações e comecei a fazer a linguiça aplicações para ter um produto de qualidade. após visitar o Projeto, eu voltei para São Paulo defumada. Depois, com ajuda do SENAR, Essas ações são simples e não precisam de decidido a me mudar para o Norte de Minas. aperfeiçoei meu trabalho investindo também muito investimento, porém possibilitam um Naquele tempo um lote custava sete mil reais nos produtos embutidos e, desde 2009 estou resultado efetivo. Imagino que daqui dois anos e eu tinha apenas dois mil reais em mãos. Com nessa área”. terei uma resposta exata sobre isso.” ajuda da minha irmã consegui o dinheiro e De duas matrizes (porcas reprodutoras) Para o Gestor do SEBRAE na Microrregião comprei os cinco hectares que tenho até hoje. Sirineu passou para oito e pretende chegar de Janaúba, Jadilson Borges, pessoas como No começo plantei feijão através das sementes a 12. A granja representa para o produtor Sirineu Rodrigues são os personagens fornecidas pela Conab (Companhia Nacional 50% do rendimento da propriedade. Além necessários para o desenvolvimento da Região de Abastecimento) e a banana prata. Iniciei da linguiça defumada ele vende o joelho do Jaíba. Jadilson diz que o produtor tem meu trabalho em fevereiro de 2004, menos do porco, a costela, o lombo, a pururuca e as características básicas para ter sucesso e de um ano depois de conhecer o projeto. o kit pronto para feijoada, que segundo o ressalta que o fato de Sirineu por a mão na Vim em busca de ter meu próprio negócio e empresário tem uma excelente saída. Os massa e buscar pelo seu objetivo faz com ter condições de criar meus filhos. Passado produtos são feitos em parceria com a esposa que ele esteja constantemente conquistando esse tempo me mantenho firme no trabalho e que ajuda na hora de defumar e montar os novos ideais. “No caso do Sirineu ele tem agora tenho a ajuda do meu filho, que trabalha kits. Depois de prontos Sirineu os vende para uma vantagem que é o ‘fazer’. Isso se traduz comigo na minha propriedade”, lembra o restaurantes de Jaíba, além de participar de na necessidade de sempre estar realizando produtor. feiras em cidades vizinhas. Dos porcos também alguma coisa. Talvez esse seja o gatilho para A primeira tentativa com a produção de vem parte da energia gasta na propriedade. As todas as outras características que ele tem: banana não deu muito comprometimento, certo. O solo arenoso iniciativa, participação não era propício para o no negócio e, acima cultivo dessa fruta e o de tudo, ele tem muita Mal do Panamá atingiu a visão de futuro. Ao invés lavoura que teve de ser de reclamar de uma erradicada. Já o feijão situação ele se dispõe continuou produzindo a fazer e a mudar o que e gerando renda para o vive. Isso permite que ele produtor que também tenha independência e a optou por cultivar autoconfiança.” outras verduras como O gestor ressalta que batata doce, pepino o fato de Sirineu ser um para conserva, dentre pequeno produtor não outros. Mas foi em interfere nesse processo outra fruta que Sirineu inovador. O que interfere viu a oportunidade de não é o tamanho da investimento. O cultivo de propriedade e sim a visão limão foi a oportunidade que o empreendedor que ele teve de plantar tem de como pode e colher bons frutos. evoluir no seu negócio. “Comecei a cultivar limão “Costumo dizer que não há oito anos. Tenho existe o pequeno ou o dois hectares e meio de empreendedor. “Um dia resolvi criar porcos. Comprei dois animais e chamei o grande limão plantado e sempre O que existe são pessoas pedreiro para fazer um pequeno chiqueiro.” que são definidas busquei diversificar minha produção. Além do limão Sirineu Rodrigues como empreendedoras mantenho o plantio de mediante suas atitudes batata doce e tenho uma e comportamentos. Para lavoura de decopon. Isso por que o limão fezes dos suínos passam por um biodigestor e uma pessoa ser uma empreendedora de é uma fruta cujo preço é instável. Tem anos se transformam em gás. O gás, por sua vez, é sucesso a primeira coisa que ela tem de ter que a comercialização é boa, e outros que ela utilizado no fogão da residência gerando uma são os comportamentos empreendedores. cai o preço. Tendo outros produtos consigo economia de dois botijões por mês. De onde Para isso, é preciso atitudes que resultem compensar um pelo outro quando o mercado ele tirou a ideia para produzir esse gás? A nesses comportamentos. O empreendedor não está favorável”. resposta é simples: após ver o mesmo processo tem que ter a necessidade de realizar alguma E se o empreendedor age para expandir o implantado em uma propriedade durante a coisa e isso não muda mediante o tamanho da negócio em novas áreas, produtos ou serviços, exibição de uma reportagem na televisão, empresa. O que interfere nesse processo é a como bom empreendedor que é Sirineu Sirineu buscou pela EMATER e começou a vontade do ser humano em buscar, realizar e viu outra vertente para aproveitar a área implantar o processo na sua área. “Assistindo desenvolver ideias, a exemplo do Sirineu.” comprada. Uma granja de porcos foi a saída a televisão vi o aproveitamento do gás e resolvi Jadilson alerta ainda que os produtores para otimizar o espaço e ter mais uma fonte de utilizar esse processo. A economia gerada é rurais precisam entender que a propriedade renda. Contudo, o que era para ser pequeno bem significativa e tem ajudado bastante.” deles não é uma “roça” e sim uma empresa tem aumentado a cada dia. A granja de suínos Sobre o futuro Sirineu diz que não espera rural. “Se as pessoas começarem a atender estruturada dentro da propriedade permite muito, pois está satisfeito com os avanços que essa empresa gera renda, gera receita que a família comercialize os produtos em toda tidos. A fruticultura, pontapé inicial do trabalho e têm que ter custos controlados, elas vão a região. “Um dia resolvi criar porcos. Comprei do produtor na região, continua sendo a base começar a ter resultados positivos. Sirineu dois animais e chamei o pedreiro para fazer um do negócio. Com a implantação da estratégia trata a propriedade dele como uma empresa pequeno chiqueiro. Durante a obra o pedreiro da marca Região do Jaíba, ele acredita que e esse é o diferencial. Assim, as pessoas que me contou um caso de uma suinocultura em melhorias estão por vir e pretende continuar atuam na Região do Jaíba e não tem essa que os donos começaram a fazer linguiça para apostando no limão como fonte de renda. visão empresarial precisam transformar esse vender. Após essa conversa resolvi investir “Estou confiante na marca da Região e por pensamento o quanto antes”. A colaboração nesse ramo e procurei a EMATER para montar isso tenho investido no meu limão. Mantenho dos filhos nesse processo também é Revista da Abanorte | 5
Empreendedorismo
“Costumo dizer que não existe o pequeno ou o grande empreendedor. O que existe são pessoas que são definidas como empreendedoras mediante suas atitudes e comportamentos.’’ Jadilson Borges Gestor do SEBRAE - Microrregião de Janaúba
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importante como destaca Jadilson. Segundo ele, quanto mais novos eles entenderem essa necessidade, melhor poderão contribuir para o crescimento do negócio e da região como um todo. “O grande ganho para nossa região são as gerações futuras. Se essas gerações acompanharem os exemplos dos pais nós teremos uma região muito melhor. Buscamos criar na Região do Jaíba uma cultura empreendedora e essa cultura será criada e mantida à medida que os filhos começarem a estudar e a dar sequência no negócio dos pais”. Para que isso aconteça Jadilson Borges explica que o SEBRAE tem atuado de forma direta na educação das crianças e dos jovens levando até eles o conhecimento sobre o empreendedorismo. “Temos trabalhado com a educação infantil através de capacitações realizadas nas escolas da região voltadas para o professor. Nosso objetivo é repassar conteúdo para esses profissionais para que eles consigam inserir esse conhecimento em todas as disciplinas. Não queremos que haja apenas uma disciplina de empreendedorismo e sim que em todas as matérias existam caraterísticas sobre o empreendedorismo; isso gera resultado a curto e médio prazo, e automaticamente transborda em uma cultura empreendedora para todas as crianças dos municípios pertencentes à Região do Jaíba”, conclui Jadilson.
Cooperativismo
COOPERADOS DA FRUTVALE SE REÚNEM PARA DISCUTIR MELHORIAS, APRESENTAR IDEIAS E TROCAR EXPERIÊNCIAS SOBRE A PRODUÇÃO DE FRUTAS
A
o longo dos 14 anos de existência a Cooperativa de Fruticultores do Vale do Verde Grande (FRUTVALE) tem uma estrutura administrativa organizada que trabalha a fim de atender as necessidades dos produtores de banana de maneira coletiva. Esse trabalho é voltado para desenvolvimento da produção e da comercialização da fruta. Pensando nesse desenvolvimento do produtor rural, e da produção, a Frutvale iniciou no mês de Junho, um projeto cujo objetivo é permitir aos cooperados, a troca de informações técnicas e de experiências vividas relativas aos trabalhos feitos. Através de reuniões nas propriedades de cada associado da Frutvale, os produtores, junto dos seus encarregados, poderão obter informações e conhecer na prática, o que tem sido feito para melhorar a produção de banana na região, como explica o Produtor Rural, e Engenheiro Agrônomo, Marcelo Meirelles, que está como presidente da Frutvale. “O nosso objetivo é reunir produtores e encarregados para que haja uma troca de informações sobre os processos feitos nas fazendas podendo
assim, melhorar a qualidade das nossas frutas. Nosso primeiro encontro foi realizado na minha fazenda no mês de Junho e nossa proposta inicial é que esses eventos aconteçam a cada três meses. Essa é uma oportunidade para que sejam feitas discussões e troca de ideias. Às vezes um produtor faz uma ação simples que tem um ganho significativo para todos nos tratos culturais utilizados e que precisa ser compartilhado.” Marcelo ressalta que para o primeiro encontro, as expectativas foram superadas e os resultados positivos. “Houve a participação expressiva dos produtores e encarregados. Os que não puderam comparecer mandaram seus representantes e dessa forma, todos puderam participar das discussões feitas. Já no campo, a visita possibilitou que os presentes observassem na prática o que foi falado nas reuniões. O encontro foi muito produtivo e espero que os próximos também sejam.” Além da troca de ideias, o momento é propício para que haja a confraternização entre os produtores que por muitas vezes, não conseguem se encontrar para que isso
aconteça. “Temos produtores em toda a região e um encontro como esse possibilita que todos possam se conhecer melhor além de afinar conhecimentos do dia a dia.” Reunir os envolvidos da cadeia produtiva, segundo Meirelles, traz outro benefício para o fortalecimento da fruticultura Norte Mineira: a união da classe “No momento em que estamos no campo, é possível promover uma maior união entre os produtores em virtude da aproximação dos mesmos. Juntos, nos fortalecemos de tal forma que se torna mais fácil avançar em questões importantes para a cooperativa como um todo.” Para o próximo encontro, previsto para o mês de setembro, na fazenda do produtor Nuno Casassanta, Meirelles diz que a qualidade da fruta, será um dos temas da pauta proposta, uma vez que tratar de qualidade, é a prioridade dos produtores. “No final desse trabalho o que queremos é manter uma qualidade elevada dos nossos produtos para que assim possamos atender nossos clientes da melhor forma possível”, conclui Marcelo.
Durante reunião realizada na propriedade de Marcelo Meirelles, produtores e encarregados discutiram sobre melhorias aplicadas nas produções e trocaram informações sobre os processos utilizados. Revista da Abanorte | 7
Inovação
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Norte de Minas é conhecido pela fruticultura em todo o país e tem buscado constantemente esse mesmo reconhecimento fora das terras brasileiras. A produção de banana Prata, da manga Palmer, do limão Thaiti e do mamão Formosa, tem conquistado espaços importantes nos grandes centros comerciais para onde esses produtos são enviados. Contudo, o clima e os solos dessa região tem despertado o interesse de muitos produtores que veem a possibilidade de cultivar frutas diferentes daquelas que já estão em pleno vapor de produção. Inovar para garantir novos plantios e diversificar a produção, se torna cada vez mais necessário. Nesse contexto, a uva tem se despontado como uma fruta promissora para quem a cultiva e, uma opção para quem não tem receio em investir em uma cultura diferenciada.
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Segundo a Embrapa a produção de uvas de mesa (destinada ao consumo e não à fabricação de vinhos) no Brasil encontra-se em expansão. A ampla adaptabilidade da videira a uma gama diversificada de climas, os benefícios do controle da irrigação em climas de pluviosidade baixa ou estacional, a maior facilidade de controle de doenças em períodos de pouca incidência de chuvas, dentre outros fatores, tem impulsionado o cultivo de uvas para mesa em regiões de clima tropical de tal modo que, a região Nordeste e Sudeste do Brasil, respondem por grande parte da produção de uvas de mesa no País. E na Região do Jaíba, no Norte de Minas Gerais, essa fruta tem alcançado seu espaço e conquistado o paladar do consumidor dos grandes centros em que é comercializada. O produtor rural Ulisses Sales da
Costa faz parte do grupo de produtores que viu na produção dessa fruta, uma boa oportunidade de negócio. Natural da cidade de Sete Lagoas, Minas Gerais, ele chegou ao Norte do Estado no ano de 1996 e trabalhou como funcionário de empresários que investiam na região. Contudo, passados os anos, veio à chance de Ulisses ter sua própria produção. Atualmente ele possui uma área de 11 hectares, localizada no Projeto Gorutuba, município de Nova Porteirinha, em que sete hectares estão destinados ao cultivo da uva. Ulisses lembra que o início não foi fácil, mas com dedicação e fé, conseguiu organizar sua área que produz cerca de 50 mil quilos de uva por hectare, divididos em duas safras por ano. “Quando tive a oportunidade de comprar essa propriedade eu não tinha em mãos o dinheiro para isso, mas Deus preparou e
prosperou em minha vida e consegui em um ano comprar a propriedade e começar a produzir. Hoje tenho quatro variedades de uva: Brasil, Itália, Benitaka e Niagara, que nessa época do ano atendem todo o comércio regional, como as feiras em Porteirinha, Janaúba, Montes Claros e também a capital Belo Horizonte. Já em outras épocas a comercialização é destinada para o estado de São Paulo uma vez que, outras regiões começam a produzir e assim é preciso buscar por outros locais para vender o produto”, diz Ulisses. O produtor descreve que a uva não é um negócio ruim, mas se trata de um negócio cujo investimento é alto se comparado às demais frutas cultivadas no Norte de Minas. “A uva tem muitos detalhes que o produtor tem que ficar atento. Não é igual à banana que já existe um processo certo a ser seguido. Cada cacho de uva tem de ser trabalhado separadamente para que a fruta tenha a qualidade necessária para ser vendida. Com isso, a mão de obra se torna cara, por precisar de pessoas dedicadas para cuidar da fruta.” Ele diz que é preciso ter coragem para investir e mais do que isso, afirma que para todo negócio a pessoa tem de ter um chamado para continuar atuando. “Investir em uva não é barato. Por isso, é preciso ter vocação para continuar nesse ramo. Hoje tenho
as mesmas dívidas que eu tinha quando comecei a cultivar uva, porém possuo uma estrutura melhor do quê quando iniciei”. Se a vocação é precisa para tocar o negócio, a paciência para que a produção dê retorno também se faz necessária. Segundo Ulisses, apenas agora, depois de cinco anos e meio de trabalho na área, é que ele pegou o jeito para o negócio. Isso porque a uva precisa de tratos culturais que sejam adaptados a uma região que não tem tradição no plantio dessa fruta, assim como em Petrolina (PE), por exemplo, onde o cultivo é feito há várias décadas. “Quando uma pessoa vê que o investimento em 10 hectares de uva é de aproximadamente R$ 500 mil reais ela desanima. É preciso ter paciência para investir e começar a colher os resultados. Nossa região não é reconhecida como produtora de uva e, dessa forma, precisamos testar e buscar por maneiras de cuidar da produção. Não adianta aplicar aqui o que é feito em outros lugares que já fazem isso da maneira correta. Muitas vezes uma pessoa vem com uma fórmula pronta para trabalhar na lavoura, mas na prática, é diferente. Vejo que após esse tempo que estou cultivando uva, apenas agora posso dizer que estou conhecendo a terra, sabendo quais aplicações devem ser feitas e espero com isso que minha fruta tenha muito mais qualidade do que quando comecei.”
O resultado positivo que tem tido no investimento Ulisses lembra que é fruto de um trabalho comprometido e, que o mercado precisa de três aspectos que devem ser atendidos: a qualidade, a quantidade e a continuidade. Assim, tendo uma fruta que atenda essas necessidades, a venda é satisfatória e com lucratividade. Mas, para ele, se a produção vai bem existe uma explicação que vai além do esforço humano. Pastor de uma Igreja Evangélica, ele lembra que o ‘O homem planta e rega. Mas quem faz crescer e produzir é o Senhor’. “Deus procura por pessoas em determinados lugares que tenham coragem de arriscar para alcançar o que lhes foi proposto. Ele te dá uma certeza do que deve ser feito e, é preciso ter coragem para fazer aquilo que você quer fazer. Vivemos de atitudes e temos de ter visão de futuro para conseguir conquistar nossos objetivos. A vida é feita de riscos e de escolhas. O passado não pode ser mudado, mas o futuro está intacto. Se quisermos conquistar o que nunca conquistamos, é preciso que façamos o que nunca fizemos”, afirma. E se é preciso que o homem faça sua parte Ulisses coloca em prática aquilo que lhe cabe e busca sempre inovar em sua propriedade. Para o futuro, o produtor pretende aumentar a produção completando os 11 hectares que possui e quem sabe, destinar parte da colheita para
Pastor de uma Igreja Evangélica, Ulisses lembra que o ‘O homem planta e rega. Mas quem faz crescer e produzir é o Senhor’.
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Inovação
Na produção de uvas as mulheres são responsáveis por tratar os cachos e colher com delicadeza, a fruta que será embalada. a fabricação do suco concentrado da fruta. Atitudes inovadoras como as de Ulisses que investe na uva e possivelmente no suco, segundo o presidente da Abanorte, Jorge de Souza, são de extrema importância para a sobrevivência do agronegócio na área da fruticultura. “Os processos de inovação tem que buscar por soluções para responder a seguinte pergunta: como vamos competir em um mercado onde cada vez mais alimentos saborosos estão surgindo? O setor da fruticultura inova muito pouco, por isso é preciso criar estratégias para que essa inovação aconteça desde o plantio à comercialização e cultivar produtos diferentes em uma área onde o plantio de banana é predominante faz parte desta atitude inovadora”, explica o presidente. Para isso Jorge diz que o processo de inovação passa pela formação e pela educação do produtor que tem que ter uma visão estratégica e entender que o tema é relevante. “O produtor precisa entender que a inovação tem que existir. Por isso ele tem que abrir a mente e utilizar o exemplo de outras cadeias produtivas, e utilizar desses exemplos nos processos aplicados na região. O produtor tem que começar a se questionar e a criar pensamentos divergentes para que assim, ele possa ter produtos capazes de se tornarem competitivos no mercado. A agroindustrialização é a prova disso. Algumas frutas não são simples de 10 | Revista da Abanorte
serem produzidas, por isso maneiras inovadoras para estimular essa produção tem de ser aplicadas. Se o produtor investe no suco da uva, por exemplo, ele agrega valor a uma fruta que teoricamente ele
“Ter outras culturas na região é importante, pois diversifica a produção e a oferta de produtos, mas é preciso que o produtor que quer investir em novos plantios saiba qual é a melhor forma de se fazer isso.” Jorge de Souza Presidente da Abanorte
venderia mais barato e que tem um prazo de consumo menor e investe em outro produto que dura mais tempo em uma prateleira. Eu vejo o futuro com processos inovadores e produtos inovadores. E para isso é preciso que o produtor faça parte desse pensamento e, acima de tudo, planeje o que será feito dentro do seu negócio”. No que se refere à inovação, Jorge acrescenta que inovar não é se aventurar em algo que não se tem probabilidade de dar certo. Inovar é arriscar com base em um planejamento feito e com hipóteses testadas, principalmente quando a cultura em que se pretende investir é de alto risco. “Ter outras culturas na região é importante, pois diversifica a produção e a oferta de produtos, mas é preciso que o produtor que quer investir em novos plantios saiba qual é a melhor forma de se fazer isso. Diversificar é necessário, mas ficar atento ao lado comercial também é. Tudo passa por uma análise de risco. Se você tem o domínio das análises agronômicas e uma estratégia comercial definida, você pode investir em uma cultura como essa, pois mesmo sendo custosa, ela é bem rentável. A diversificação é fundamental para nossa região e trará muitos benefícios para os produtores e para toda a cadeia produtiva”, conclui Jorge.
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Exportação
DO NORTE DE MINAS PARA O MUNDO
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egundo o Instituto Brasileiro de esse produto tanto para o mercado interno e há três anos atua na própria empresa. Frutas (IBRAF), no ano de 2013 o quanto externo. Também é a entidade a “A QualyFruit começou suas atividades volume de frutas exportadas pelo responsável por organizar a certificação através de uma a parceria com a Frutvale Brasil superou a exportação feita pelo país dos produtores em grupos para que durante um ano. Passado esse tempo a no ano de 2012. No total foram enviadas esses possam mandar seus produtos para Frutvale seguiu no ramo da banana e nós, para comércio externo no ano passado, fora do país. “Sem a ASLIM eu não seria da empresa, seguimos com a exportação 711,8 mil toneladas, crescimento de 2,7% mais produtor de limão, pois a cadeia do limão. Em três anos no mercado em comparação com as 696 mil toneladas produtiva é muito complexa para esta adquirimos propriedades, arrendamos embarcadas em igual intervalo do ano fruta” ressalta. O limão que não vai para outras e também compramos o limão de anterior, conforme dados da Secretaria a exportação abastece o mercado interno, outros produtores certificados na região. de Comércio Exterior (Secex) compilados que segundo Cláudio, é fundamental “pois Hoje exportamos dois contêineres de pelo IBRAF. Em receita, as exportações de a fruta que não vai para exportação tem limão por semana”, lembra Alexandre. frutas atingiram US$ 657,5 milhões em de ter um destino. Sendo esta fruta de O empresário diz que o mercado 2013, incremento de 6,2%. Hoje, cerca casca e coloração diferenciada da fruta externo tem se tornado mais receptivo de 80% das exportações são destinadas à de exportação ela é aceita normalmente ao Limão Tahiti e que o gosto pelo limão União Europeia. no mercado do Brasil”. No comércio brasileiro também tem aumentado entre E é para a Europa que o limão Tahiti brasileiro o produtor afirma que existe os estrangeiros. “O mercado externo para produzido na Região do Jaíba tem sido uma significativa diferença entre os preços limão melhorou bastante se comparado destinado desde quando as exportações comercializados, principalmente quando aos anos anteriores. O consumo dessa dessa fruta começaram a acontecer a safra do limão produzido em São Paulo fruta aumentou sendo que o limão Tahiti se no Norte de Minas. tornou mais conhecido Representados pela lá fora. Nossa fruta Associação de Produtores atende a Alemanha, de Limão da Jaíba Suíça, Portugal e Dubai (ASLIM), os produtores sendo que Dubai é de limão do Projeto Jaíba um mercado novo tem tido no mercado para onde estamos externo, a oportunidade enviando bastante de ver os resultados dos limão.” Alexandre investimentos feitos. ressalta que a Dentre esses produtores, exportação só não é está Claudio Dykstra, que maior por que a região desde o ano de 2003 atua ainda não produz a na região. Cláudio, que é quantidade necessária natural do município de para exportar. “Se Ponta Grossa, no Paraná, Jaíba tivesse mais mil conheceu o Projeto hectares de limão Jaíba depois de visitar plantados nós teríamos várias áreas irrigadas no mercado externo para Brasil. Decidido a cultivar comercializar toda essa limão fixou raízes na quantidade de fruta, Região do Jaíba e faz contudo, não temos parte da Associação quantidade “Sem a ASLIM eu não seria mais produtor de limão, pois essa que representa os porque os produtores a cadeia produtiva é muito complexa para esta fruta.” de produtores desta fruta. pequenas Cláudio Dykstra - Produtor de Limão propriedades ainda Em 11 anos de trabalho, e com uma área de 52 não tem estrutura hectares, ele diz que para produzir esse a exportação é o melhor caminho a ser entra no mercado. Em 2013, Cláudio volume para a exportação.” seguido. “Na época que me mudei para o Dykstra afirma que os preços referentes Além do limão a QualyFruit também Jaíba o limão era uma cultura que estava à exportação do limão Tahiti ficaram de tem trabalhado com a exportação da em sua fase inicial na região e que tinha fato abaixo do esperado, mas em 2014, manga Palmer, outra queridinha do grandes perspectivas de futuro. a expectativa é de que haja uma melhora mercado externo. Doce como mel e macia A ASLIM por sua vez, exporta limão até o final do ano. como mamão, a manga Palmer conquistou há 10 anos, mas foi no ano de 2011 Baseado na oportunidade de melhorar o paladar do estrangeiro que a cada dia que que houve um aumento significativo na e ter o negócio próprio o empresário passa consome mais a fruta. “Começamos exportação sendo que hoje, exportar o Alexandre Vieira abriu uma empresa a trabalhar com a manga Palmer por limão é o fator diferencial que garante de exportação de limão na cidade de percebemos que o mercado para a preço para o produtor. Sem a exportação Janaúba. Alexandre que já trabalha com manga começou a crescer. Enviamos dois dessa fruta é inviável produzir limão uma exportação há 15 anos, veio a primeira vez contêineres de manga por semana para o vez que 40% da produção, é destinada na região em 2004 para produzir junto a exterior. Assim, estamos fechando novas ao mercado externo”, conta Dykstra. Centraljai e a ASLIM o primeiro contêiner parcerias no que diz respeito à manga, No processo para exportar a ASLIM, de limão Tahiti destinado ao comércio pois acredito que até o final desse ano como explica Cláudio, é responsável por exterior. Observando a oportunidade, teremos boa produtividade dessa fruta, intermediar a fruta do produtor enviando o empresário mudou-se para a região que produz o ano todo.” A manga Palmer Revista da Abanorte | 13
Exportação
“Se Jaíba tivesse mais mil hectares de limão plantados nós teríamos mercado externo para comercializar toda essa quantidade de fruta.’’ Alexandre Vieira - Empresário Rural
Processamento de Limão feito pela ASLIM
negociações para exportar começaram em 2012 após a visita à Fruit Logistica na Alemanha. Depois dos primeiros contatos com importadores fizemos um contêiner teste para Portugal e em seguida iniciamos um trabalho com um cliente Alemão. Em 2013 já iniciamos o ano com volumes mais significativos e intensificamos as exportações via aéreo e via marítima, com clientes espalhados em Portugal, Espanha, Alemanha, Holanda e Canadá”, conta Londe. Dalton Londe explica que a média no preço da exportação de manga, historicamente, é 30% superior ao mercado interno. Segundo ele, se compararmos o ano de 2014 com 2013, é possível notar mudanças e criar expectativas. “Em função da grande quantidade de frutas produzidas localmente a preços baixos na Europa, aliado à grande oferta de manga vindas de outros países, principalmente do continente africano, o mercado importador reduziu significativamente seus pedidos nesse primeiro semestre de 2014. Nesse segundo semestre as exportações com embarques marítimos vão crescer significativamente e esperamos aumentar os volumes exportados em relação a 2013.” Para o futuro o produtor diz esperar atender o mercado interno e externo com o mesmo padrão de qualidade estando preparado para receber a marca da Região do Jaíba e, dessa forma, ter um nicho de mercado que remunere melhor uma fruta de qualidade. “A exportação, no meu entender, é um regulador de mercado possibilitando uma estabilidade no preço de venda. Tendencialmente teremos no primeiro semestre um volume menor de exportação, dedicado à exportação via aérea e um volume cada vez mais crescente na exportação marítima. Acredito que a região se tornará nos próximos anos referência no mercado mundial da Manga e assim, possibilitará preços mais justos aos nossos produtos.”
do Jaíba começou a ser exportada no ano de 2012, por um grupo de produtores liderados pelo falecido Manoel Japonês produtor da região. Seu Manoel acreditava que exportar manga era possível e foi então que junto aos parceiros estratégicos como SEBRAE Minas e com o apoio da Abanorte foi realizado o primeiro contêiner teste marítimo da manga. De lá pra cá, a exportação não parou mais. A exportação da manga Palmer agrega valor à fruta e alivia o mercado interno possibilitando melhor retorno financeiro para os produtores da região. No grupo de produtores que exportam manga Palmer, está Dalton Londe ‘‘Nesse segundo semestre as exportações que começou vender a fruta para o exterior, com embarques marítimos vão crescer depois de participar da Fruit Logistica, (maior significativamente e esperamos aumentar os feira internacional de frutas e verduras). “As 14 | Revista da Abanorte
volumes exportados em relação a 2013.” Dalton Londe - Produtor de Manga
A CAMINHO DO MERCADO EXTERNO A banana prata segue agora novos caminhos para chegar ao mercado da exportação. O desejo de exportar essa fruta é antigo e tem ficado cada vez mais evidente entre os produtores da Região do Jaíba a necessidade de escoar a produção para outros países, como explica o Gerente de Mercado da Abanorte, Heider Cabral. “Há muitos anos se discute na região a necessidade da exportação da banana prata para o mercado europeu que gerou uma demanda para receber essa fruta. Temos diversos parceiros comerciais fora do país dispostos a lançar a nossa fruta como uma fruta diferenciada. Porém, não tínhamos uma tecnologia que nos permitisse exportar a banana prata há mais tempo. Agora, através dos trabalhos feitos, e por meio do contêiner teste da banana, estamos chegando ao final de um processo de experimentos tendo a esperança de que os resultados sejam positivos quanto à chegada dessa fruta ao exterior.” O teste a que o gerente se refere é o do contêiner estacionado da banana prata cujo objetivo é o fechamento do estudo da tecnologia de conservação que a banana tem recebido, com fins de exportação. Através de um tratamento especial de monitoramento da qualidade, a fruta tem sido alvo de experiências relativas à tecnologia de armazenagem e conservação para embarque ao exterior. Esse trabalho de conservação é executado pelo INAES (Instituto Antonio Ernesto de Salvo) através de uma parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), dentro do Programa de Melhoria da Competitividade do APL da
Fruticultura da Região do Jaíba. Segundo Cabral, o contêiner é uma grande oportunidade que a região tem para testar a banana para exportação. “Vários outros testes já foram feitos em câmaras frias e em menor escala para desenvolver um protocolo de exportação adequado à banana prata. A utilização de um contêiner nos permite simular o que de fato acontece num trâmite normal para exportação de banana prata através de um navio. No dia 26 de Julho o contêiner em questão foi estufado com a fruta que foi preparada por uma equipe qualificada. Agora ele permanece estacionado durante 25 dias. Esse tempo é o prazo que precisamos para que seja feito o envio marítimo da banana prata para a Europa. Depois desta ação a banana será climatizada e levada ao mercado fechando assim o teste feito.” Cabral afirma que, esse trabalho dando certo, o próximo passo será o envio do primeiro contêiner de banana prata para ser comercializada na Europa. Quanto à comercialização do produto no exterior, a exportação da banana prata, segundo o Gerente de Mercado, visa atender o mercado europeu através de uma “janela” que permita um novo canal de comercialização. “Nossa região está em construção de um volume de produção que possa atender o mundo, mas que hoje ainda não existe. Por isso o nosso objetivo é enviar a banana prata para o mercado externo durante as grandes safras dessa fruta no Brasil. Assim, na nossa entressafra nós manteríamos o mercado externo abastecido tendo um valor agregado melhor. Nesse contexto, toda a cadeia produtiva, desde o produtor ao consumidor, tende a ganhar.” Revista da Abanorte | 15
Conquista
Sindicato Rural de Jaíba e Matias Cardoso Reconhecimento de um trabalho feito em prol dos produtores rurais
“O reconhecimento legal do sindicato é a confirmação real da instituição sindicato como representante dos produtores rurais de Jaíba e Matias Cardoso.” Jésus Ribeiro
U
m sindicato é uma associação que reúne pessoas de um mesmo segmento econômico ou trabalhista. Os sindicatos começaram a ser organizados durante a Revolução Industrial na Inglaterra (século XVIII). Hoje os sindicatos têm como objetivo principal a defesa dos interesses econômicos, profissionais, sociais e políticos dos seus associados. São também dedicados aos estudos da área onde atuam e realizam atividades como palestras, reuniões ou cursos voltados para o aperfeiçoamento profissional dos associados. Os sindicatos são mantidos, principalmente, pelas contribuições sindicais pagas pelos trabalhadores associados. Na Região do Jaíba a presença de um sindicato rural que representasse os produtores dos municípios pertencentes ao Projeto de Irrigação Jaíba sempre se fez necessário. Agora o que era sonho, se tornou
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realidade. Depois de anos de trabalho os produtores Rurais de Jaíba e Matias Cardoso tem mais um motivo para comemorar. Isso porque eles conseguiram atingir um grande objetivo: ter o Sindicato de Produtores Rurais de Jaíba e Matias Cardoso devidamente reconhecido. É o que afirma o atual presidente da entidade, Jésus Ribeiro, que desde 2005 iniciou suas atividades agropecuárias na região. “O reconhecimento legal do sindicato é a confirmação real da instituição sindicato como representante dos produtores rurais de Jaíba e Matias Cardoso.” O sindicato, como explica Jésus, foi fundado em 14 de fevereiro de 2004 com adesão de mais de 60 produtores rurais desses municípios. Segundo ele, “a entidade começou a se estruturar para atuar na coordenação, desenvolvimento e representação legal da categoria econômica dos ramos da agropecuária e do extrativismo
rural, de atividades pesqueiras e florestais, inspirando-se na solidariedade, na livre iniciativa, no direito de propriedade, na economia de mercado e nos interesses do país”. A participação de Jésus no Sindicato dos Produtores Rurais de Jaíba e Matias Cardoso iniciou através do então presidente da época de fundação, Dalton Londe. Jésus se tornou sindicalizado e, a partir deste período atuou como membro do conselho fiscal. No mandato posterior se elegeu como vice - presidente. Já em abril de 2013 foi eleito presidente. Segundo Ribeiro, desde a criação da instituição a diretoria do sindicato buscou seu registro junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) encaminhando a documentação necessária para o devido fim. A partir de então houve o acompanhamento constante do processo junto aquele ministério. Com o registro feito a entidade pode atuar como deve e merece. “Antes do reconhecimento legal do Sindicato dos Produtores Rurais de Jaíba e Matias Cardoso muitas dificuldades tiveram de ser superadas. Por muitas vezes ficamos impossibilitados de atender aos anseios da categoria por não possuirmos o amparo legal do MTE. Contudo, essa realidade mudou e agora nossa atuação ficou mais ampla e abrangente.” Atualmente o Sindicato dos Produtores Rurais de Jaíba e Matias Cardoso possui mais de 70 produtores sindicalizados e vários em processo de sindicalização. Entre as principais ações feitas durante esses anos de existência Jésus Ribeiro destaca a busca constante pelo registro do sindicato, conquistado recentemente; o convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR); a busca por novos associados, dentre outras. “Nossos trabalhos sempre foram voltados para a atuação em conjunto. O exemplo disso é a parceria feita com o SENAR Minas. Na ocasião conseguimos capacitar mais de 7000 pessoas no que diz respeito à formação profissional e a promoção social. Como perspectiva para o futuro nós temos o objetivo de trabalhar junto aos associados na busca das melhores soluções de crescimento regional de forma contínua. Esperamos continuar agindo desta maneira para que mais feitos como este possam acontecer daqui pra frente”, conclui Jésus.
Comercialização
Trabalhando para o desenvolvimento da fruticultura AS SO CI AÇÃO DO S C OM PR AD OR ES DE FR UT AS DO NO RT E D E M IN AS
T
rabalhar para promover ações de melhoria e desenvolvimento no que se refere à produção e comercialização de frutas. Esse é um dos objetivos da Associação de Compradores de Frutas do Norte de Minas (FRUCOM), que é referência para que os representantes comerciais da região possam definir preço, avaliar as condições do mercado e possibilitar a melhoria na hora de vender as frutas produzidas na Região do Jaíba. Além de discutir sobre o preço do produto as reuniões também servem como fórum de debates sobre assuntos pertinentes a produção e de interesse do produtor e do comprador. Dentre esses, estão à qualidade do produto, os investimentos feitos nas áreas produtoras e a necessidade do fortalecimento da cadeia produtiva. Aline Bastos é uma das profissionais que atuam junto a FRUCOM. Desde o ano de 2010, ela trabalha como representante comercial de uma empresa que produz e comercializa frutas com sede em Janaúba. Aline, que também faz parte da diretoria da Associação de Compradores, explica a importância da entidade para a região. “A FRUCOM faz parte dos pilares para a empresa que trabalho por entendermos que Associação representa o coletivo, e não o individual. Nas reuniões promovidas, temos a oportunidade de expressar nossos pensamentos e trocar experiências com outros representantes comerciais a fim de tomar decisões que levem em consideração a necessidade de todos: produtores e compradores. Quando atuamos com uma associação, temos que pensar no interesse do grupo, e não no interesse individual. E esse é o papel da FRUCOM, pensar no bem comum.” Aline diz que a Associação de Compradores de Frutas, por representar o coletivo, enfrenta um desafio no que se refere à participação das pessoas envolvidas no processo de produção e comercialização de frutas. Para a representante comercial, fazer com que as pessoas se envolvam ativamente e com frequência nas discussões feitas é uma
reconhecidos como os melhores produtores de banana, contudo, hoje em dia não somos os únicos a possuir esse título. Para que não percamos esse reconhecimento precisamos evoluir e buscar por melhorias constantes. Nesse sentido, o produtor tem que entender que investir na qualidade do produto, é extremamente necessário. Não basta pensar em produzir e enxergar a banana no pé, pois a missão de quem produz frutas termina quando a fruta está no supermercado e com boa qualidade.” Para resolver a situação descrita, a representante comercial acredita que é necessário que a FRUCOM faça um trabalho de conscientização entre os produtores da região, bem como os compradores de frutas. Segundo Aline, “a qualidade é um dos requisitos exigidos pelo Aline Bastos mercado consumidor e para que Representante Comercial a Região do Jaíba seja reconhecida como região produtora de frutas necessidade que vai além da realidade vivida. de qualidade, é preciso investir e cuidar do “As reuniões da FRUCOM representam um produto, desde o plantio a pós-colheita”. Ela momento de partilha em que podemos expor acrescenta ainda que “não basta colocar a nosso ponto de vista. Contudo, é necessário banana na caixa, é preciso saber como colocar que os representantes comerciais associados essa banana na caixa para que a fruta tenha a à FRUCOM estejam presentes aos encontros qualidade garantida também na hora em que com maior frequência. Infelizmente muitas for embalada”. vezes as pessoas vão à reunião quando o preço Para o presente, Aline entende que da fruta diminui e se esquecem de participar um estudo sobre outras regiões produtoras quando o preço está em alta. Essa realidade pode contribuir para que a Região Norte de tem que mudar e os representantes comerciais Minas Gerais não perca a posição ocupada e tem que ter maior envolvimento nos trabalhos possa assim, melhorar os processos utilizados feitos.” no cultivo de frutas. “O cenário nos mostra Sobre a relação entre comprador e que no futuro vamos ter mais bananas para produtor, Aline diz que o representante comercializar. Resta saber se teremos mais comercial é a voz do produtor de frutas, e por consumo para essa quantidade de fruta. isso, tem de haver confiança entre eles. “Os Assim, precisamos desenvolver no presente, representantes comerciais tem que incorporar um centro de informações que nos permita suas funções e representar os interesses dos conhecer e entender outras regiões produtoras produtores. Já o produtor tem de ficar bem a fim de nos planejarmos para futuras informado e buscar por um representante situações de mercado. Entendo, porém, que comercial que tenha a mesma filosofia de esse trabalho não acontece da noite para o dia, trabalho que ele. Um depende do outro, e por mas temos que nos movimentar para que ele isso eles tem de estar sempre com os pensamos inicie. Hoje, somos referência em preço para alinhados.” Além da relação de confiança, Aline outras regiões, mas me pergunto até quando destaca que a qualidade do produto é outra vamos ocupar essa posição.” bandeira defendida pela FRUCOM. “Somos Revista da Abanorte | 17
Desenvolvimento
FRUTICULTURA NORTE MINEIRA: DESENVOLVIMENTO PARA TODA A REGIÃO
H
á mais de 40 anos o Norte de Minas deixou de ser uma região despovoada em que prevalecia a agricultura de subsistência para dar espaço para o desenvolvimento proveniente da fruticultura. Se antes, os pequenos produtores dependiam da boa vontade de São Pedro, o “santo das chuvas” para que a água molhasse as lavouras, com a implantação dos Projetos de Irrigação Gorutuba, Lagoa Grande e Jaíba, essa realidade se tornou diferente. De fato, a chuva vinda dos céus continua sendo de extrema importância para uma localidade que por uma longa época do ano, se mantém seca. Contudo, a presença desses projetos possibilitou a instalação de sistemas da irrigação resultando no crescimento de uma região que hoje caminha para ser reconhecida como o maior polo de fruticultura do Brasil.
Barragem Bico da Pedra: pontapé inicial para os Projetos Gorutuba e Lagoa Grande
Em um lote com 50 hectares, denominado Fazenda Bambuzal, Yuji Yamada iniciou seus trabalhos na região 18 | Revista da Abanorte
Quando chegou à cidade de Janaúba em busca de novas áreas de plantio, o japonês naturalizado brasileiro, Yuji Yamada não imaginava o que iria encontrar. Ainda assim, movido pelo desejo de achar terras planas e com clima adequado para cultivar frutas, Yuji procurou pelo projeto de irrigação que ouvira falar em outras partes do Brasil. Ao encontrar o Projeto de Irrigação Gorutuba, sentiu que esse era o lugar em que iria fixar raízes. O ano era 1983 e tudo, segundo ele, ainda era muito recente. “Depois de passar por algumas cidades buscando o melhor lugar para ficar cheguei a Janaúba. Ouvi dizer na época que aqui estava iniciando um projeto de irrigação e que a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba) era a responsável por este trabalho. As pessoas na cidade não sabiam muito bem do que se tratava. Perguntei a várias delas e nenhuma tinha as informações de que eu precisava. Até que, ao trocar o pneu do carro no posto Cruzeiro, me deparei com um mecânico que me falou sobre o projeto. Fui
até o local indicado por ele e percebi que havia encontrado o que eu tanto buscava”, lembra Yuji. Yamada voltou para Registro (SP), cidade em que morava, juntou a família e mudou-se para Janaúba no ano seguinte. Em um lote com 50 hectares, denominado Fazenda Bambuzal, ele iniciou o plantio de Banana Nanica. A banana ocupava um espaço pequeno. Eram apenas 20 hectares. Nessa época o produtor diz que o desânimo para o cultivo de frutas era grande, mas como ele já plantava banana em São Paulo decidiu investir por aqui. “Quando vim para o projeto às pessoas estavam sem vontade para cultivar. Mesmo assim, percebi que aqui seria um ótimo lugar para plantar Banana Nanica, pois as terras, o clima e a umidade eram ideais para isso. Não foi
banana. Comecei com 300 hectares de banana prata e a partir de então, comprei outras áreas na região do Jaíba que além de banana possuem outras frutas como citrus, cajá manga, caju e romã.” O Projeto Jaíba, que surgiu através da Política Nacional de Irrigação, objetivava preencher o vazio econômico e demográfico do extremo norte do Estado de Minas Gerais. Dados indicam que o projeto foi concebido pela
Em 1994, na fazenda Carolina do Norte, Vicente de Paula começou a plantar banana, fruta que já se despontava nos centros comerciais
bovinocultura e fruticultura irrigada que pudessem gerar desenvolvimento para região. Com base nesse incentivo, Vicente de Paula chegou ao Norte de Minas e, em 1994, na fazenda Carolina do Norte, localizada no município de Matias Cardoso, começou a plantar banana que já se despontava nos centros comerciais. Dentre as principais dificuldades da época, Vicente destaca que a comercialização era um gargalo da cadeia produtiva. “Naquele tempo vendíamos banana, mas não sabíamos para quem o comprador da fruta, destinava o produto no mercado consumidor. Observando a necessidade de organizar esse comércio junto com outros produtores me Projeto de Irrigação Jaíba: preencher o vazio econômico e associei a Associação Central dos demográfico do extremo norte do Estado de Minas Gerais Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte) que surgiu em Janaúba no ano de 1993 e que tinha exatamente fácil e sofri bastante quando comecei, mas Fundação Rural Mineira – Rural Minas na o que necessitávamos: o objetivo de com dedicação consegui me estruturar.” década de 1970, durante a implementação reunir os produtores de banana da Não demorou muito para que viesse a do Plano de Desenvolvimento do Noroeste região e permitir que um trabalho mais plantação da banana prata, sucesso em Mineiro, como projeto público de irrigação organizado, em relação à venda dessa Belo Horizonte, capital Mineira, para onde que objetivava irrigar uma área de 80.000 fruta, acontecesse no Norte de Minas.” o produtor começou a vender a fruta. hectares, com execução prevista para Dois anos depois, em 1995, Vicente Em virtude da aprovação do consumidor quatro etapas: Etapa I, Etapa II, Etapa III e lembra que a lucratividade com a venda de que simpatizou por essa variedade de Etapa IV. Nesse sentido de crescimento no banana contribuiu para que mais pessoas banana, Yuji investiu na plantação que ano de 1990, muitas pessoas, assim como começassem a plantar a fruta na região também fez sucesso em Brasília, Distrito Yuji, viram no Projeto a oportunidade de como um todo. “A caixa de banana chegou Federal. Com a aceitação da fruta no investir e ter retorno cultivando banana. ao preço médio de R$30,00 reais valor mercado o produtor resolveu investir em Em 1993, o Banco do Nordeste por sua satisfatório para a época. Tivemos no ano outras áreas. Veio então a oportunidade vez, incentiva os profissionais de Ciências de 1995 o melhor preço da banana, muito de ter um uma propriedade no Projeto de Agrárias, através de financiamentos, para próximo ao que temos nos dias de hoje. Irrigação Jaíba. “Em 1992 ainda existiam que esses viessem produzir na região Dois anos depois, veríamos esse preço muitas possibilidades para investimento considerada na época como Semiárido despencar, enfrentando assim, uma forte no Projeto Jaíba. Adquiri uma fazenda Mineiro. O intuito era que existissem aqui crise no setor”, conta Vicente. em Mocambinho e continuei plantando projetos integrados com caprinocultura, Revista da Abanorte | 19
Desenvolvimento A crise vivida pela bananicultura do Norte de Minas no segundo semestre de 1997 instigou os produtores a buscarem uma forma de organização mais estruturada, capaz de enfrentar essas dificuldades. Nesse ano a caixa da banana começou a ser vendida a R$ 1,00 e os produtores amargaram o prejuízo durante a queda do preço. “A banana vinha muito bem, mas quando a caixa começou a custar um real, foi um momento impactante. Muitas pessoas, principalmente quem não era profissional da área, se empolgaram com o valor que a fruta era vendida em 1995 e começaram a produzir banana. Houve uma safra muito além da esperada sem que houvesse paralelamente a isso, um planejamento para escoar o produto. Ninguém estava preparado para o mercado mediante a grande quantidade de banana oferecida. A partir dessa dificuldade a Abanorte se reuniu com cerca de 500 produtores e estabeleceu que era preciso vender a banana por um preço mínimo. Começamos a vender a caixa por cinco reais no intuito de organizar esse cenário. Foi de fato uma grande dificuldade, mas com isso, conseguimos nos manter para levar a produção adiante e superar a crise.” Passada a crise, mais pessoas compraram áreas e voltaram a plantar banana. Contudo, alguns locais do Projeto Jaíba não eram propícios para quem queria plantar a fruta. Esse é o caso da C2, Gleba localizada na Etapa I do Projeto Jaíba, local em que o empresário do ramo de combustíveis, Darcy Glória, começou a cultivar seus primeiros hectares de banana prata. A área financiada pelo BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais) em meados do ano de 2002 permitia
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que quatro culturas fossem implantadas: banana, limão, manga e mamão. Darcy optou por plantar as três primeiras frutas, uma vez que o mamão ainda causava receio nos produtores pela falta de experiência com a fruta. Porém, o solo arenoso dessa área impossibilitou que os bananais fossem adiante. Atingidos pelo mal - do - Panamá (doença causada pelo Fusarium Oxysporum, fungo de solo que apresenta alta capacidade de sobrevivência mesmo na ausência do hospedeiro sendo considerada a doença mais devastadora dos bananais do Norte de Minas), Darcy, assim como os demais produtores da C2 tiveram que erradicar suas plantações. Para aqueles que não tinham outras fontes de renda, sair da fruticultura foi a melhor opção. Já Darcy Glória, que tinha sua principal fonte de renda oriunda dos postos de combustíveis, decidiu continuar como produtor rural e viu no limão e na manga, uma forma de crescimento. “Em 2004 minha produção de banana já tinha acabado em virtude do Panamá. Se antes eu tinha 10 hectares de manga e 10 de limão, utilizei os 30 hectares que havia plantado banana para aumentar a produção dessas frutas. Plantei mais 16 hectares de Manga Palmer e 14 de Limão Thaiti.”. Darcy se recorda que o investimento em si não trouxe tantos lucros, mas que a lavoura sempre gerou o bastante para se manter. “Gasto muito para conduzir minha produção uma vez que a manga, por exemplo, requer um investimento maior. Além disso, existem anos em que a produção, tanto de manga quanto de limão, supera a expectativa das vendas e em outros anos deixa a desejar. Mas meu envolvimento é pequeno para
o tamanho da minha propriedade. Ainda assim, estou implantando mais um lote onde terei culturas de ciclo rápido dentro de uma área com pivô central e, nos 12 hectares restantes serão cultivados limão e manga.” A diversidade de produção permitiu que produtores como Darcy Glória vissem em outras frutas, o caminho para fortalecimento. Além disso, atraiu outros produtores de regiões distintas do país que atuam no projeto expandindo as áreas de produção e as variedades das culturas aqui plantadas. Com a diversificação dos produtos e com as possibilidades de crescimento, a região do Norte de Minas evoluiu com o tempo e a produção de frutas ganhou espaço e destaque no setor agrícola brasileiro. Nesse contexto, desde o ano de 2011, a região tem sido trabalhada pelo Governo de Minas como um Arranjo Produtivo Local (APL) da Fruticultura. O Arranjo Produtivo de Fruticultura do Norte de Minas tem sua origem nos investimentos públicos em perímetros irrigados, com a implantação dos projetos Gorutuba (Nova Porteirinha), Jaíba e Lagoa Grande (Janaúba). A importância do fortalecimento e da promoção do desenvolvimento deste arranjo produtivo se justifica no entendimento da história regional, das intervenções públicas realizadas ao longo do tempo e as principais limitações ao seu desenvolvimento integrado. A Abanorte é a entidade que representa a Governança Local sendo a responsável por conduzir, junto aos parceiros estratégicos, as atividades de promoção do desenvolvimento e fortalecimento do setor, dentro do APL, como explica a Gerente Executiva
da Associação que acompanha esse trabalho desde o início, Ivanete Pereira. “Pela importante atuação ao longo de sua trajetória e por desempenhar papel estratégico para o desenvolvimento sustentável da fruticultura, a Abanorte foi escolhida como Entidade de Governança Local (EGL), dentro do âmbito do Programa de Melhoria da Competitividade do APL de Fruticultura da Região do Jaíba. Para apoiar o desenvolvimento das ações junto aos produtores e demais atores envolvidos, a entidade me indicou para o papel de Técnica Local do Programa, o que foi um aprendizado pessoal e profissional extremamente significativo”, avalia Ivanete. A Gerente Executiva da Abanorte ressalta que o Programa de Melhoria da Competitividade trouxe para o APL um grau de maturidade maior para que todos atuem conjuntamente em benefício da coletividade. “Através do Programa realizamos ações estruturantes fundamentais que foram demandadas pelos produtores para desenvolvimento de vantagens comparativas e competitivas em relação a outros importantes polos produtivos do país. O APL de fruticultura é considerado dentro do Programa um dos que mais apresentaram resultados positivos e isso é muito gratificante, pois o desenvolvimento do mesmo demandou um esforço coletivo intenso para a efetiva participação de produtores e técnicos nas inúmeras ações realizadas.” Para Ivanete Pereira, o fato de o Programa ter sido construído com a participação dos produtores, por meio de workshop, contemplou demandas propostas por estes, que têm prosseguido
“Em 2004 minha produção de banana já tinha acabado em virtude do Panamá. Se antes eu tinha 10 hectares de manga e 10 de limão, utilizei os 30 hectares que havia plantado banana para aumentar a produção dessas frutas.” Darcy Glória - Produtor Rural com o Programa de Melhoria da Competitividade do APL que se encerra no final desse ano. Quanto aos resultados deste Programa Ivanete fala dos objetivos alcançados até o momento. “Um grande número de ações estruturantes certamente apresentará resultados no médio e longo prazo e por isso, o Programa continuará sendo monitorado para acompanhar todas as evoluções do APL. Em curto prazo é notório a mudança na gestão de pessoas e gestão empresarial das propriedades rurais participantes do programa, bem como na saúde e segurança do trabalhador, o que
demonstra o grau de envolvimento dos atores neste Programa.” Com o crescimento, o desenvolvimento e o fortalecimento da fruticultura regional e do produtor rural, no que diz respeito ao APL da Fruticultura, surgiu então, a necessidade de identificar as frutas da Região do Jaíba posicionando o Norte de Minas como polo produtor e exportador de frutas de qualidade. Lançada em Janeiro de 2013 a Marca Região do Jaíba é a transformação de esforços conjuntos em uma das maiores iniciativas agrícolas do Brasil. O projeto foi criado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG),
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Desenvolvimento contou com o apoio da Secretaria produtores atuantes. Além de de Desenvolvimento Econômico agregar valor ao produto, o selo de Minas Gerais (Sede), por meio permitirá a abertura de novas da Subsecretaria de Indústria, vias de agregação de valor a Comércio e Serviços, em parceria partir do desejo do empresário com a Federação das Indústrias do de tornar-se apto à certificação. Estado de Minas Gerais (Fiemg) O papel da Abanorte no e Instituto Euvaldo Lodi (IEL), processo de criação da marca do Banco Interamericano de da Região do Jaíba foi de Desenvolvimento (BID) juntamente fundamental importância visto com a Associação Central dos que a Associação participou Fruticultores do Norte de Minas ativamente, junto com seus (ABANORTE) agora é realidade no parceiros estratégicos, na cenário Norte Mineiro. Dentre os mobilização, discussão, criação municípios pertencentes à Marca e busca de parcerias para Região do Jaíba, estão as cidades concretização dos objetivos Itacarambi, Matias Cardoso, traçados. Aos parceiros “O APL está mais maduro e com melhor Jaíba, Verdelândia, Janaúba, Nova estratégicos envolvidos nesse Porteirinha e Porteirinha. trabalho a Gerente Executiva capacidade de coordenar programas de grande Ivanete explica a relação destaca que “a Associação magnitude e que tenham como propósito da Marca Região do Jaíba com Central dos Fruticultores do o Arranjo Produtivo Local da tornar a Região do Jaíba referência mundial em Norte de Minas – Abanorte é fruticultura.” Fruticultura bem como as grata pela oportunidade de Ivanete Pereira necessidades oriundas deste amadurecimento e melhoria na trabalho. “A Região do Jaíba se profissionalização do setor”. Já Gerente Executiva da Abanorte inseriu neste processo como o para o futuro da fruticultura do único APL do agronegócio em Norte de Minas, Ivanete diz que maior maturidade do setor, todas as ações “o APL está mais maduro e com melhor Minas Gerais, o que foi ainda mais desafiador para o cumprimento de metas propostas tinham de ser realizadas.” O uso capacidade de coordenar programas através da sensibilização e motivação dos e a aplicação do selo da marca Região do de grande magnitude e que tenham produtores. Isso por que muitas vezes havia Jaíba serão definidos por um Conselho como propósito tornar a Região do Jaíba ações paralelas em desenvolvimento, e pela Regulador, constituído e composto por referência mundial em fruticultura”.
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Região do Jaíba
A marca C
riar uma estratégia de marca para identificar as frutas da Região do Jaíba posicionando o Norte de Minas como polo produtor e exportador de frutas de qualidade superior gerando desenvolvimento e criando diferenciação relevante para a localidade e seus produtos, atraindo assim, novos compradores. Esse foi um dos objetivos iniciais que contribuíram para o surgimento da estratégia de marca da Região do Jaíba. Lançada no início do ano de 2013 pela Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), junto com seus parceiros estratégicos, a Marca aplicada em produtos da região será um certificado de origem e qualidade funcionando como um registro identificador das frutas produzidas no maior projeto de irrigação da América Latina. Idealizada por um grupo de produtores de manga, a marca da Região do Jaíba é a transformação de esforços conjuntos em uma das maiores iniciativas agrícolas do Brasil. O SEBRAE Minas faz parte do grupo de parceiros estratégicos que desde o início dos trabalhos tem apoiado e atuado para tornar a marca uma realidade na Região, como explica o Analista do SEBRAE Minas, Cláudio Wagner. “O SEBRAE Minas vem atuando junto à ABANORTE na Região do Jaíba há mais de 12 anos. A construção da marca território da região começou em 2011 com a construção da estratégia. Após esta etapa, que envolveu estudos de tendências no Brasil e no mundo, o SEBRAE Minas passou a apoiar com ações estruturantes que pudessem dar suporte a ativação da estratégia.” Um exemplo de fácil visibilidade desta ação, segundo Cláudio, são as certificações nas quais o SEBRAE contribuiu para a obtenção dos selos como Global GAP e Ethical Trade, sendo a primeira com foco em rastreabilidade e a segunda com foco em implementação de práticas socialmente responsáveis, que protegem os direitos dos trabalhadores e o ambiente. De quando foi lançada aos dias atuais, a marca da Região do Jaíba tem sido trabalhada junto aos produtores e parceiros da região através de cursos, encontros e capacitações. Um trabalho estratégico para o entendimento dessa marca e efetivação da mesma tem sido feito mediante a importância da participação de todos os envolvidos na cadeia da fruticultura no que diz respeito à implantação e utilização dos benefícios da marca. Cláudio Wagner explica que a efetivação ou “ativação
da estratégia” da marca território da Região do Jaíba irá contribuir para conectar a Região aos consumidores nos mercados interno e externo. “Através desta conexão o produtor terá a oportunidade de desmistificar para o consumidor os atributos da Região do Jaíba, garantindo qualidade e sabor. Já o consumidor terá oportunidade de conhecer e entender o mundo da fruticultura de uma região com características específicas. A conexão da Região e do mercado contribuirá, ainda, para que as frutas e a fruticultura sejam agentes transformadores da Região do Jaíba e da sociedade, trazendo vitalidade, não apenas para os Cláudio Wagner - Analista do SEBRAE Minas consumidores, mas principalmente para os negócios e para a região. Trata-se de um novo diálogo entre consumidor e produtor.” para a geração de produtividade, abundância, Na prática, o consultor lembra que ainda fertilidade e lucratividade.” Nesse contexto, há muito que se fazer. Contudo, está planejado a participação do produtor no processo de para o final de 2014, o início da utilização da reconhecimento da Região se faz de extrema identidade da Região do Jaíba, aplicada às necessidade uma vez que ele é o elo e o seguintes culturas: banana Prata e Nanica, personagem principal desta história. manga Palmer, limão Tahiti e mamão Formosa. Por isso, projetos de conscientização e “Faremos juntos um projeto piloto para a estruturação têm sido desenvolvidos para que inserção da estratégia em um varejista em o produtor rural seja o primeiro a defender a Minas Gerais e um em São Paulo (SP). No caso marca Região do Jaíba e a utilizá-la. “Temos de São Paulo será realizado um evento para bons produtores engajados nesta estratégia. comunicar aos diversos agentes da cadeia Para a adesão de mais produtores ao projeto frutícola que a Região está pronta para atendêé preciso que os mesmos entendam e se los como Região do Jaíba, com frutas contendo comprometam com o propósito. Projetos atributos tangíveis e intangíveis favoráveis ao desta natureza necessitam de investimentos consumo das mesmas. A partir do momento de curto e médio prazo, dentro e fora da em que a Região do Jaíba for introduzida porteira. Para que isso aconteça o SEBRAE no mercado, novas ações serão necessárias Minas e a Abanorte estão intensificando a para que a estratégia seja ampliada. Afinal, comunicação com os produtores através de as tendências nunca param, elas continuam reuniões em câmaras temáticas, por cultura, mudando”, conta Wagner. onde são discutidos assuntos de ordem Quanto às perspectivas de crescimento individual e coletivo. Nos assuntos coletivos para o Norte de Minas com a implantação dessa são abordados, constantemente, os que levam marca Cláudio Wagner lembra que “a ambição à ativação da estratégia de marca território desta estratégia é tornar a Região do Jaíba da Região do Jaíba. Quanto mais rápida for uma nova referência mundial em fruticultura; à adesão dos produtores, maiores serão as e ser referência nesta estratégia significa possibilidades dos mesmos participarem mais muito mais que ser conhecido, significa ser rapidamente da estratégia. Lembro que a reconhecido”. Já o reconhecimento por parte adesão dos produtores é livre e existem regras dos consumidores será efetivo, segundo o para a participação. Portanto é necessário consultor, quando os mesmos passarem a conversar com um representante do Conselho demandar frutas da Região do Jaíba. “Isto irá Regulador da Marca Região do Jaíba junto à gerar ainda mais desenvolvimento econômico Abanorte”, conclui Cláudio. e social para a Região contribuindo, ainda, Revista da Abanorte | 23
Reconhecimento
Indicação Geográfica: Reconhecimento para a Região do Jaíba
Localizada no Norte do Estado de Minas Gerais, Sudeste do Brasil, a Região do Jaíba é composta por sete municípios que ocupam uma área de 10.829 km2. A combinação entre as condições climáticas, o solo fértil e a irrigação controlada, formam o cenário perfeito para a produção de diversas frutas tropicais com qualidade superior.
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Condições climáticas: · Insolação média: 7h40 por dia · Temperatura média anual - mínima: 18ºC e máxima: 32ºC · Altitude média: 500 metros · Pluviosidade média anual: 940 mm
Marcos Fabrício Welge - Consultor
D
esde o ano de 2013 a Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (ABANORTE) tem buscado pela Indicação Geográfica (IG) para a Região do Jaíba. A Indicação Geográfica é o reconhecimento de uma cidade ou região que se tornou famosa por ser o centro de extração, produção ou fabricação de um determinado produto ou serviço. A IG dividese em duas categorias: Indicação Geográfica de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO). A IG como instrumento de desenvolvimento manifesta-se de forma indireta em toda a área demarcada. Tanto os produtos, quanto o prestador de serviço de demais produtos, ou serviços, serão beneficiados assim como o consumidor. Essa abrangência alcança o setor público do município ao país. É uma figura onde toda a sociedade tende a ganhar. Para a Região do Jaíba a Indicação Geográfica será o reconhecimento da Região como um dos maiores polos de produção de frutas do Brasil. Esse reconhecimento vem confirmar a fama e a notoriedade da região como produtora de frutas de qualidade consumidas no mercado nacional e internacional. Para que isso aconteça, o registro da Região do Jaíba como Indicação Geográfica é feito através de um processo administrativo perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Para conseguir a Indicação de Procedência pretendida, a Abanorte tem tomado providências específicas como explica o consultor responsável pelo processo, Marcos Fabrício Welge. “No
primeiro momento a Abanorte adequou seu Estatuto para a implementação de um Conselho Regulador que vai gerir a Indicação de Procedência, que é o nome geográfico de um país, cidade, região ou uma localidade de seu território, que se tornou conhecida como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço. Em segundo momento instituiu um Regulamento de uso para o controle de produção e dos produtos. Paralelamente, vem resgatando documentos históricos e coletando documentos científicos e reportagens que comprovam a fama da região. Por fim, através de consultores especializados, busca a tipicidade e qualidade das suas frutas, um padrão que deverá ser atendido por todos os produtores da região, tornando assim, uma região com a Indicação de Procedência.” Fabrício avalia que o reconhecimento tido pela Indicação Geográfica trata-se do reconhecimento do trabalho bem feito dos produtores rurais, que devem ser um dos maiores interessados nesse processo. “Possuir a IG é como ter uma medalha pelos méritos alcançados pelos produtores sendo, dessa forma, uma vitrine para o Brasil e para o Mundo, o que afeta toda a região e sociedade. Está comprovado, a exemplo de outras regiões reconhecidas como Indicação Geográfica, que toda a sociedade ganha em benefícios porque há a necessidade crescente e permanente de cuidado com a produção, com a valorização dos produtos, com a melhor condição de vida dos trabalhadores diretos e indiretos,
com a maior arrecadação de tributos e com a preservação ambiental, ou seja, em toda a cadeia que envolve a produção e a região.” A busca por produtos no mercado com uma origem específica demonstra a indicação geográfica como excelente meio para acender o mercado e como uma vantagem competitiva. As indicações geográficas como forma de preservação da cultura local e dos produtos naturais ajudam e ensinam os produtores a trabalharem juntos e a resolverem problemas comuns. Trata-se de um processo interativo que começa com o reconhecimento da região. Fabrício alerta, contudo, que o processo de melhoria é contínuo e demanda tempo e união de diversos setores. “O reconhecimento na verdade é a demonstração e, é o chamativo que a região tem um potencial. As mudanças, no entanto, necessitam de uma maior aproximação do poder público com a iniciativa privada visando um plano de governo que atue a favoreça toda a sociedade. As mudanças visíveis não ocorrem de um dia para o outro, mas de forma constantes. A premissa é sempre de uma mudança para melhor construída a cada dia.” Percebendo essa importância e essa necessidade que no início dos anos 90, o Café do Cerrado buscou pela Indicação Geográfica de Procedência. Conhecida como Região do Cerrado Mineiro, e composta por 55 municípios localizados no noroeste do Estado de Minas Gerais, a região é produtora de cafés diferenciada sendo a primeira no Revista da Abanorte | 25
Reconhecimento
“A Indicação Geográfica é uma das formas mais eficazes de proteger e assegurar a origem de um produto elaborado em uma determinada região.” Juliano Tarabal
Superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado
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Brasil com Denominação de Origem para o café. Ao todo são 4.500 produtores trabalhando juntos na produção do “Café de Atitude”. A Região do Cerrado Mineiro é gerida pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado, uma organização composta por nove cooperativas, sete associações e uma fundação. O registro junto ao INPI demorou quase 10 anos para ser concretizado. O título veio no ano de 2005 e, desde 2010, a região buscou pela Denominação de Origem, conquistada no final do ano passado. O Superintendente da Federação, Juliano Tarabal, diz que o processo para essa conquista foi demorado e complexo, mas que valeu a pena para toda a região. “Quando buscamos a indicação o próprio INPI não tinha muitas informações sobre o que era preciso para ter esse reconhecimento. Por isso demorou dez anos para que o título fosse outorgado. Depois de conquistarmos a Indicação de Procedência partimos em busca da Denominação de Origem, uma vez que para consegui-la é preciso que a Indicação de Procedência seja alcançada. Esse trabalho começou em 2005 e em dezembro de 2013 conseguimos a indicação.”
Juliano explica que o reconhecimento é de extrema importância para toda a região por criar um posicionamento de mercado tornando-se referência na produção de café de qualidade. “A Indicação Geográfica é uma das formas mais eficazes de proteger e assegurar a origem de um produto elaborado em uma determinada região. As influências do ambiente, do processo de produção e das pessoas envolvidas criam um fator diferenciador para o produto, que apresenta originalidade e características únicas somente encontradas naquela localidade. Ser um território demarcado nos permite a sensação de maior organização e isso é transmitido ao mercado consumidor que nos responde muito bem. Somos referência de organização, pois nosso café possui certificação, passa por todo o processo de rastreabilidade e esse é um dos mecanismos utilizados para proteger nosso produto e garantir a qualidade do mesmo.” Juliano Tarabal diz ainda que espera que mais regiões do país sejam reconhecidas pela IG por ser esse um processo que traz para o agronegócio “uma imagem estratégica que é fundamental para o desenvolvimento do setor”.
Organização
Câmaras Setoriais da Fruticultura Um importante passo para o desenvolvimento das cadeias produtivas
A
s Câmaras Setoriais da Fruticultura são comissões formadas por representantes dos setores organizados da cadeia produtiva que se reúnem para analisar, discutir e propor soluções relativas aos principais produtos e atividades da área de atuação. O conceito de Câmara Setorial segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) está fortemente relacionado com a ideia de um agrupamento
de cada fruta, pesquisadores e técnicos. Esse trabalho tem a coordenação da Abanorte, dentro do processo de reestruturação da entidade e gestão estratégica implementada para aprimorar o processo de tomada de decisão na Região do Jaíba. Esta ação é desenvolvida em parceria com o SEBRAE Minas e com o Instituto Antônio Ernesto de Salvo (INAES) ligado ao Sistema Faemg, que contrataram a Stracta Consultoria para conduzir este trabalho, por meio dos consultores Uriel Rotta e Marco Conejero, que têm orientado os produtores sobre o importante papel de cada um para fortalecer as Câmaras. Os primeiros encontros foram realizados em Janaúba, no auditório da Abanorte e no município de Reunião com representantes das Câmaras Setoriais Matias Cardoso, na Associação dos de representantes dos organismos, órgãos Produtores de Limão do Jaíba (Aslim) e na e entidades, públicas e privadas, que Fazenda Águas da Prata. As reuniões serviram compõem os elos de uma cadeia produtiva de base para esclarecer dúvidas e apresentar do agronegócio, que tem por substrato um ou o processo de funcionamento das Câmaras. mais produtos. Tratam dos setores produtivos Durante suas falas os consultores apresentaram da Agropecuária, tendo sempre um enfoque as propostas de criação das Câmaras Setoriais sistêmico – Visão de Cadeia Produtiva. das Frutas dentro da estrutura organizacional No âmbito do Ministério da Agricultura, da ABANORTE, diretamente ligadas ao Pecuária e Abastecimento os princípios Conselho Regulador da marca território Região que norteiam as Câmaras são: dinamismo, do Jaíba. desenvolvimento, qualidade, segurança Segundo Pierre Vilela, Coordenador do alimentar, competitividade e harmonia. Inaes, o processo de implantação das Câmaras Na Região do Jaíba o processo de Setoriais da Fruticultura permite a maior implantação das Câmaras Setoriais encontra-se participação dos produtores nas cadeias em pleno vapor. Ao todo, quatro Câmaras estão produtivas. “Podemos afirmar que a Câmara em formação, sendo elas: Câmara do Limão, Setorial é um importante instrumento de da Manga, do Mamão e da Banana. A primeira orientação de atuação da Associação criando reunião de apresentação e formação dessas um canal direto, participativo e específico para Câmaras Setoriais foi feita no mês de Abril e cada cultura, onde os problemas e necessidades contou com a participação dos produtores serão tratados coletivamente ampliando as
possibilidades de solução e crescimento.” Para o produtor Gabriel Lage, que participa da Câmara Setorial da Banana, “as Câmaras fazem parte de uma demanda antiga das lideranças anteriores que contribuíram para o desenvolvimento da região”. Gabriel define o momento como uma “oportunidade na qual os técnicos, os produtores e a governança local se unem para se posicionarem em relação a um bem comum para cada fruta da região, momento este que muitas vezes permitiu discussões necessárias para o crescimento regional”. Entre os benefícios que esse trabalho vai trazer para a fruticultura, Gabriel destaca que “no caso específico da Câmara da Banana foram levantadas demandas importantes no primeiro encontro evoluindo, no segundo, para o direcionamento e para a tomada de decisões sobre aspectos importantes como impedimento da pulverização aérea, importação da banana equatoriana, definição do padrão da banana para a marca, realização do simpósio nacional da banana, recebimento de documentação para indicação geográfica da região, dentre outros. Nas ocasiões tais discussões foram direcionadas para a formatação de um plano de trabalho que, além de organizar ideias e ações, busca integrar ações e agentes, sejam produtores, técnicos e governança, para solucionar e gerar o sonhado crescimento paralelo regional e particular de cada empresário”. Mesmo estando no começo do trabalho ele avalia que como toda nova atitude, sempre há quem fique com receio do que pode acontecer, mas acredita que é preciso buscar maior adesão do público para que alcançar importantes resultados. “Ainda estamos no começo, mas precisamos deixar clara a importância de cada agente no resultado final e, nesse sentido, acredito que as lideranças de cada Câmara tem papel importante buscando mobilizar o público para resolver os problemas existentes. Assim permaneceremos firmes para o futuro e conquistaremos nossos objetivos de forma satisfatória.” Revista da Abanorte | 27
Pioneirismo
SICOOB CREDIVAG Mais de 25 anos de trajetória
T
ransformar sonhos em realidade é uma virtude dos vencedores. Assim devem se considerar todos aqueles que têm contribuído para o sucesso do Sicoob Credivag, ao longo desses mais de 25 anos de caminhada. A trajetória desta Cooperativa de Crédito, pioneira em nossa região, é repleta de desafios e obstáculos que são enfrentados com muita coragem, idealismo e sabedoria, num esforço contínuo e incansável para a sua consolidação. Para muitos uma missão quase impossível, para outros, utopia, para nós visão de futuro e, sobretudo a certeza de que o cooperativismo levado a sério é meio de transformação e desenvolvimento de uma sociedade. Esta Cooperativa de Crédito é o exemplo de que a comunhão de esforços, em que cada qual com o seu talento dá a sua parcela de contribuição, resulta na conquista do objetivo almejado.
responsável pela gestão da Cooperativa, composto por 2(dois) diretores, profissionais da área financeira, escolhidos pelo Conselho de Administração. Com esta nova configuração, mais moderna, em que se inseriu uma Diretoria profissional com funções bem definidas, não vinculadas ao Conselho de Administração, tem-se o propósito de segregar as responsabilidades entre os órgãos superiores da Cooperativa, a fim de tornar mais dinâmico o processo de tomada de decisão. Conforme estudos publicados pelo Banco Central do Brasil(Governança Cooperativa – Diretrizes para boas práticas de Governança em Cooperativas de Crédito, 2009) uma das práticas de governança mais importantes está pautada na separação entre
O SICOOB CREDIVAG E A NOVA GOVERNANÇA CORPORATIVA Governança Corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para sua perenidade. (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC). Desde o mês de junho de 2013 o SICOOB CREDIVAG está sob uma nova formatação de governança corporativa, em conformidade com a Lei Complementar 130/2009 e a Resolução 3859 do Conselho Monetário Nacional. Esta nova estrutura tem como principal característica a segregação das funções estratégicas das executivas, que são exercidas por órgãos distintos, quais sejam: a)Conselho de Administração, constituído por 6(seis) conselheiros eleitos em assembleia geral, que tem atribuições estratégicas, orientadoras, eletivas e supervisoras; b)Diretoria Executiva, órgão 28 | Revista da Abanorte
“Esta Cooperativa de Crédito é o exemplo de que a comunhão de esforços, em que cada qual com o seu talento dá a sua parcela de contribuição, resulta na conquista do objetivo almejado.”
Fabrício José Vicente
Diretor Executivo - Sicoob Credivag
administradores com funções executivas e não-executivas. Deve haver clara separação entre os papéis desempenhados pelos administradores com funções estratégicas (Conselho de Administração) e por aqueles com funções executivas (Diretoria Executiva). Salienta que nas organizações modernas o órgão máximo de administração é constituído por um grupo de pessoas que representam os proprietários, cabendo a tal órgão a responsabilidade por definir as estratégias e objetivos, escolher os executivos que irão implementá-los e acompanhar sua efetivação, trazendo assim as expectativas e os interesses dos proprietários. Aos executivos, cabe o esforço necessário para alcançar os resultados esperados pelo Conselho. As deliberações estratégicas, definição de políticas e prestação de contas aos associados são funções exercidas pelos conselheiros de administração, os quais não ocupam funções executivas. Apoiado nas teorias usadas para analisar o papel dos Conselhos e da descrição de códigos de governança, Hung (1998) avalia que cabe ao Conselho de Administração desempenhar seis papeis distintos: ligação, coordenação, controle estratégico, conformidade e apoio. Cornforth (2004), retrata que em cooperativas e associações, destaca-se a perspectiva democrática (modelo democrático) no papel e nas práticas dos Conselhos, uma vez que os membros devem ser eleitos pelos associados. Neste sentido, os conselheiros de administração representam os interesses dos membros da organização, tendo a função de resolver conflitos e de escolher a política global da organização. (BC, 2009, p. 44 e 45) Já os administradores com funções executivas (Diretoria Executiva), são os responsáveis pela gestão do negócio e devem dedicar tempo integral às atividades da Cooperativa, a fim de executarem as diretrizes fixadas pelo Conselho de Administração. Tendo em vista a complexidade das funções exercidas, os executivos devem ter competência técnica e gerencial compatível, não somente em relação às responsabilidades legais que assumem, mas também em virtude das atribuições rotineiras a que são submetidos.
Conselho de Administração do Sicoob Credivag: Da esquerda para direita, Ronaldo Carvalhais, Júlio César A. Diniz, Nilde Antunes, Adilson Pessoa Lopes, Álvaro Fernandes e Ailson Mendes Ramos Na figura podemos observar que o papel da Diretoria está em interligar a estrutura de governança com a estrutura de gestão, em que cabe aos executivos implementar com eficiência e eficácia as decisões e objetivos escolhidos pelos proprietários da organização, traduzidas pelo Conselho de Administração. É na gestão, responsabilidade da Diretoria, que devem ser empregadas as melhores técnicas e arranjos estruturais para atuar competitivamente no mercado de forma a atingir os melhores resultados.
O Sicoob Credivag, adotou a nova estrutura de governança na íntegra, em que implementou o modelo chamado “dual total”, com funções entre 02(dois) órgãos de administração bem definidas, em que os membros do Conselho não exercem a execução, conforme determinado no Estatuto Social:
Art. 54 São órgãos de administração da Cooperativa: I. Conselho de Administração; II. Diretoria Executiva. Parágrafo único. O Conselho de Administração tem, na forma prevista em lei e neste Estatuto, atribuições estratégicas, orientadoras, eletivas e supervisoras, não abrangendo funções operacionais ou executivas. Art. 70 A Diretoria Executiva, órgão subordinado ao Conselho de Administração é composta por 02 (dois) diretores, sendo um Diretor Operacional e um Diretor Administrativo. § 1º Os membros da Diretoria Executiva não poderão ser oriundos do Conselho de Administração. Os Regimentos Internos de cada órgão de administração delimitam a sua atuação e fixam às respectivas finalidades, quais sejam: O Conselho de Administração tem como finalidade estabelecer diretrizes, planos, metas e estratégias para garantir a adequada e eficaz consecução dos objetivos estatutários da Cooperativa e o fortalecimento do Sicoob. A Diretoria Executiva tem como finalidade cumprir as diretrizes estabelecidas pelo Conselho de Administração, bem como executar planos, metas e estratégias para garantir a adequada e eficaz consecução dos objetivos estatutários da Cooperativa.
Sabe-se que as boas práticas de governança das organizações são fundamentadas pelo nível das relações entre conselho de administração, proprietários e gestores, sendo que a distribuição equilibrada de forças contribui de forma determinante na própria sobrevivência do empreendimento.
Cristiane Silveira
Diretora Executiva - Sicoob Credivag Assim, o Sicoob Credivag, por meio dos seus dirigentes, acredita que a nova governança é fator primordial para atuar com mais profissionalismo em um mercado cada vez mais competitivo e complexo, em que é indispensável o conhecimento especializado para embasar a correta tomada de decisões. Revista da Abanorte | 29
Consolidação
Abanorte:
21 anos trabalhando para o fortalecimento da fruticultura do Norte de Minas
E
m 2014 a Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (ABANORTE) completa 21 anos de existência. Esses 21 anos são representados pelos trabalhos voltados para o desenvolvimento da fruticultura e do produtor norte mineiro. Para retratar momentos marcantes do trabalho da Associação e levar ao conhecimento dos produtores, parceiros e colaboradores dessas mais de duas décadas de vida, a Abanorte organizou na 33ª Expô Janaúba, um stand que, através de uma linha do tempo contou um pouco da trajetória da entidade que se destaca pelo trabalho em benefício da coletividade. O espaço também foi palco para a comemoração dos 21 anos da Abanorte que aproveitou a ocasião para homenagear os ex-presidentes que atuaram a frente da associação e contribuíram para o crescimento da entidade. O primeiro a receber a homenagem feita foi o produtor rural Gustavo Drummond Lage, um dos fundadores e incentivadores da Associação dos Bananicultores do Norte de Minas (Abanorte). Esse foi o primeiro nome dado à entidade – ainda no ano de 1993 – que representava os produtores de banana, cultura predominante nos projetos irrigados daquele tempo. A união inicialmente dos 50 produtores associados teve como finalidade organizar a comercialização da fruta e se tornar o fórum legítimo de discussões sobre o setor. Sua atuação mostravase pontual e, ao longo do tempo, a associação passou por um processo de desgaste e regressão. O segundo nome a presidir a Abanorte foi o do economista Domério Nassar de Oliveira, que atuou na entidade até o ano de 1997. Domério, que hoje reside em São Paulo, em virtude de compromissos anteriormente marcados não pode comparecer para receber o certificado de homenagem, mas agradeceu a lembrança feita. Em seguida foi à vez de Fabrina Pereira, representante do produtor rural e Ex-secretário de Agricultura do Estado de Minas Gerais, Nuno Casassanta, a receber a homenagem. Nuno Casassanta presidiu a instituição entre os anos de 1997 a 1998, época da grande crise da banana. Naquele tempo houve a inserção de profissionais de outras áreas da economia no setor da fruticultura ocasionando o crescimento desordenado da área produtiva dessa fruta culminando em um momento de forte crise no Norte de Minas. No segundo semestre do ano de 1997 as
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caixas de banana foram comercializadas a R$1,00. Com a crise, os produtores saíram da zona de conforto e buscaram por formas de se organizarem como alternativa para enfrentar as dificuldades, o que fortaleceu a ABANORTE como entidade representativa da bananicultura. O empresário rural Huarrisson Antunes (Bionicão), que atuou como presidente da Abanorte durante os anos de 1998 a 1999, também foi homenageado. No ano de 1998, quando assumiu a presidência, aconteceram as mudanças na estrutura organizacional da Abanorte que permitiram a atuação da Associação como colegiado e com maior abrangência enquanto órgão de representação. A entidade passou a denominar-se Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas, oportunidade em que foi criado o Conselho Diretor da Abanorte com participação ativa das principais entidades representativas da fruticultura da região e, que passaram a fazer parte do quadro social da associação. Para receber a homenagem póstuma feita ao ex-presidente Clemente Telles, que dirigiu a Abanorte entre os anos de 2000 a 2003, Rejaine
Gustavo Lage – Primeiro Presidente e um dos fundadores da Abanorte no ano de 1993
Fabrina Pereira representando Nuno Casassanta - Presidente da Abanorte no ano de 1997
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Consolidação houve uma conquista importante para a bananicultura do Norte de Minas Gerais, que ficou reconhecida como Área Livre de Sigatoka Negra pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o que permitiu a continuidade da comercialização da banana para todos os Estados do Brasil. O lacre das cargas de banana se tornou obrigatório para atestar que o nosso produto estava livre de Sigatoka Negra. Para o cumprimento Huarrisson Antunes – Presidente da das exigências fitossanitárias Abanorte em 1998 na comercialização foi firmado Convênio entre a Abanorte e o Melo representou o produtor rural. O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). ano de 2001 foi marcado pelo início Cada produtor começou a contribuir com da parceria estratégica com o SEBRAE dois centavos por cada caixa MINAS. A aliança estabelecida entre a de banana comercializada, Abanorte e o SEBRAE Minas, por meio de o que significou a projetos coletivos junto aos fruticultores independência financeira da da região, teve como foco ações pontuais entidade. Esse foi o ponto que visavam sensibilizar os produtores chave que deu dignidade à da importância de se organizarem para associação. obterem melhores resultados em seus No ano de 2005 negócios. a entrada de empresas Já em 2003, ao final do mandato e produtores individuais de Clemente assumiu a presidência ligados ao agronegócio, da Abanorte, o produtor rural Dirceu na qualidade de Parceiros Colares. Impossibilitado de estar presente Associados, fortaleceu a ao evento, Dirceu que permaneceu na representatividade exercida entidade de 2003 a 2011, agradeceu pela Abanorte. Com a a homenagem e o reconhecimento da diversificação da fruticultura entidade. No período em que esteve principalmente com as na associação Dirceu Colares enfrentou culturas do limão, manga obstáculos e dificuldades que depois de e mamão, a associação consolidousuperadas foram significativas para o se como legítima representante de crescimento da fruticultura. No ano de 2004 toda a produção frutícola do Norte do Estado. Em 2006, com o aperfeiçoamento do trabalho e, com a certificação Global Gap, (protocolo de boas práticas agrícolas reconhecido internacionalmente) o apoio do SEBRAE Minas nos trabalhos de certificação permitiu a organização e preparo das fazendas para atender a evolução dos padrões de qualidade nos mercados internos e externos. Com isso, vieram os projetos estruturantes que Rejaine Melo recebendo a homenagem contribuíram para a construção de póstuma feita a Clemente Teles – um alicerce sólido através da união da classe e trabalho integrado que Presidente da Abanorte no ano 2000 conquistou um respeito expressivo 32 | Revista da Abanorte
de todo o segmento frutícola. O trabalho foi intenso, particularmente na implementação das ações dos vários projetos em andamento. Com apoio do Governo de Minas, através da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDE), uma série de ações estruturantes foi realizada através do Programa de Melhoria da Competitividade do Arranjo Produtivo Local (APL) da Fruticultura, coordenado pelo Sistema FIEMG. Por fim, na lista dos homenageados o atual presidente da Abanorte, Jorge de Souza recebeu o reconhecimento pelos trabalhos feitos desde o ano de 2011. Jorge aproveitou o momento para agradecer a todos os parceiros,
Jorge de Souza – Atual Presidente da Abanorte produtores e colaboradores que tem, junto a ele, atuado constantemente para o crescimento sustentável da fruticultura. Jorge lembrou “que a trajetória da entidade é marcada por momentos de superação e união” e reforçou que “os resultados alcançados são frutos de um trabalho feito por todos, que em equipe, e junto aos parceiros estratégicos, trabalham pela sustentabilidade da fruticultura”. Um dos trabalhos destacados por ele é o lançamento da Estratégia da marca Região do Jaíba. A estratégia lançada em Janeiro de 2013 tem como missão “tornar a Região do Jaíba uma referência mundial em fruticultura” alicerçado nos pilares da qualidade e consistência, saudabilidade e
consciência, versatilidade e inovação, sustentabilidade e causa. A proposta visa aumentar a competitividade da Região do Jaíba que é composta por sete municípios com características similares, nos diversos negócios instalados, começando pelo segmento de frutas e, contribuindo assim para uma maior agregação de valor aos produtos. Em 2014, ano em que a Abanorte completa sua maioridade, as ações continuam acontecendo. Agora as palavras de ordem são: redesenhar, reestruturar e inovar. Hoje a Abanorte exerce um relevante papel de interlocução entre produtores e entidades, contribuindo para o desenvolvimento da Região. Assim, o lançamento das Câmaras Setoriais das Frutas marca o início da reestruturação da Abanorte. O Conselho Regulador da Marca foi inserido na estrutura organizacional e o processo de IG – Indicação Geográfica de Procedência da Região do Jaíba – será depositado junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Encerradas as homenagens o público presente ao evento participou de um coquetel em comemoração aos 21 anos da Associação. O momento foi propício para a confraternização entre os produtores, representantes de entidades, líderes políticos e sociedade civil organizada que compareceram ao stand.
Stand da Abanorte durante a realização da 33ª Expô Janaúba.
Representantes de entidades, líderes políticos e sociedade civil organizada que compareceram ao stand.
“ A Abanorte agradece a todos os colaboradores que contribuíram e contribuem para o fortalecimento da entidade durante esses 21 anos.”
Rubens, Daniela, Haroldo, Fernanda, Rafael e Aline
Ivanete, Camila, Dona Lena, Édina, Marta e Cabral Revista da Abanorte | 33
Consolidação
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Premiação
Produtores são premiados em 1º Concurso de Cacho de Banana
Marcel (Tropicália Frutas), Farley Frederico, Diego (Tropicália Frutas) Adbala e Marcelo Meirelles (comissão julgadora)
Premiação de Maior Cacho de Banana Nanica concedida a produtora rural Regina Magário, representada pela Eliane
Participantes do concurso à espera do resultado no Stand da Bamak
A
Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte) realizou junto com a Nutrivale Agrícola, e com apoio da empresa Bamak, o 1º Concurso de Cacho de Banana, durante a 33ª Expô Janaúba. O evento teve como objetivo premiar o Melhor e o Maior Cacho de Banana, nas variedades Prata e Nanica, reconhecendo e estimulando o trabalho do produtor rural. A avaliação dos cachos inscritos foi feita pelos engenheiros agrônomos Abdala Ganem, Marcelo Meireles e Francisco Rodrigues. A disputa aconteceu no dia sete de Junho, onde os cachos foram avaliados e premiados. Na categoria de Maior Cacho de Banana Nanica venceu o Cacho de Banana da produtora rural Regina Magário. Regina foi representada pela colaboradora da empresa, Eliane. Já as categorias de Melhor e Maior Cacho de Banana Prata, e Melhor Cacho de Banana Nanica, tiveram apenas um ganhador. A vitoriosa foi à empresa Tropicália Frutas Tropicais, que conquistou três títulos da disputa. Os critérios que serviram de base para o julgamento dos cachos foi à qualidade da fruta, que tinha de estar sem defeitos e danos do campo, ou causados por insetos; a maturação e coloração da fruta, e a homogeneidade do cacho de acordo com o padrão Abanorte. No que se referiu ao tamanho, foram levados em consideração o peso do cacho e o tamanho do mesmo. Durante a premiação dos vencedores, o empresário Farley Frederico Souza, da Nutrivale Agrícola, parabenizou os participantes e agradeceu o apoio recebido pela Bamak e a parceria feita com a Abanorte para a realização do Concurso. Já a Gerente Executiva da Abanorte, Ivanete Pereira, afirmou a importância da presença dos produtores e disse esperar que no próximo ano, o evento seja ainda melhor. Em suas palavras, Ivanete elogiou todos os cachos inscritos tanto pela qualidade quanto pelo tamanho, resultado do trabalho e da dedicação dos produtores para com as produções, e disse que o concurso cumpriu com sua missão de promover uma disputa sadia entre os participantes. 36 | Revista da Abanorte
A Tropicália Frutas Tropicais recebeu três premiações: Melhor e Maior Cacho de Banana Prata e Melhor Cacho de Banana Nanica
Participantes do 1º Concurso de Cacho de Banana realizado pela Abanorte durante a 33ª Expô Janaúba
Revista da Abanorte | 37
Certificação
CERTIFICADO GLOBAL GAP
E
m 21 anos de história, a Abanorte teve a contribuição de parceiros importantes para a concretização de grandes ações. Dentre as ações e parcerias realizadas está a certificação Global Gap, feita pela Abanorte junto com SEBRAE Minas no ano de 2013. O certificado Global Gap
trata-se de um protocolo de boas práticas agrícolas reconhecido internacionalmente. Durante o evento de 21 anos da Abanorte, o Gestor do SEBRAE Microrregião de Janaúba, Jadilson Borges, entregou o certificado Global Gap aos produtores de banana que participaram da certificação.
Werick Rodrigues
Alexandre Ribeiro
Nilde Lage
Representando a Fazenda TUPUIO II
Representando a Fazenda Itapicuru
Representando a Fazenda Terra Santa
Fabrina Pereira
Diego Castellotti
Saulo Bresinsk
Representando a Fazenda São Pedro
Representando a Fazenda Tropicália
Representando a Fazenda Uirapuru
Moacivane Barbosa Representando a Fazenda Nossa Senhora Aparecida
Marconi Representando a Fazenda Buraco da Coruja
Revista da Abanorte | 39
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