Mala Direta Postal
Básica
9912263622/2010 – DR/RS
SIMERS
DEVOLUÇÃO FÍSICA
Ano XV | Abril de 2016 | Nº 71
Erro Médico: 1 em cada 5 médicos do rs é
processado
Esta revista não publica anúncios da indústria farmacêutica
SEU CÉREBRO VAI ESCOLHER PELO DESEMPENHO EXTRAORDINÁRIO.
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2 | VOX Medica | Abril 2016
TODOS JUNTOS FAZEM UM TRÂNSITO MELHOR.
EDITORIAL
Se não agora, quando?
V
ai de mal a pior a saúde no Brasil. Não bastassem as dificuldades de
Arquivo SIMERS
gestão do Sistema Único de Saúde em várias frentes, sucedem-se ano a ano os cortes nesta rubrica do orçamento federal. Para 2016, o
que já era ruim acabou ficando ainda pior. Os R$ 118,5 bilhões anunciados para o ano (valor inferior aos já minguados R$ 121 bi de 2015) sofreram mais uma redução em fevereiro, perdendo R$ 3,8 bilhões em meio ao contingenciamento de verbas da União. Em síntese, a população brasileira sofrerá na carne a redução de R$ 6,3 bilhões nas verbas previstas para a saúde neste ano, na comparação com o período anterior. Com esse corte, seria possível, por exemplo, construir 20 UPAs 24 horas e custear sua manutenção por dez anos.
Mais revoltante ainda é saber que os aproximadamente 4% investidos em saúde são quase nada diante dos mais de 45% do orçamento destinados ao pagamento de juros e amortizações aos credores da União, os quais vão abocanhar nada menos que R$ 1,3 trilhão.
A preocupação não é apenas com os cortes. Com a crescente taxa de desemprego, cada vez mais brasileiros estão se desligando de planos de saúde e se tornando dependentes do já esgotado SUS. Em um ano, mais de 160 mil planos, especialmente empresariais, foram cancelados em todo o Brasil.
Enquanto o governo afunda em denúncias e mais denúncias de corrupção e malversação do dinheiro público, a pergunta que fica no ar, infelizmente sem resposta, é: se a saúde não será prioridade agora, quando será?
Paulo de Argollo Mendes Presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul
Abril 2016 | VOX Medica | 3
humor
Expediente Vox Medica é uma publicação do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul. Rua Cel. Corte Real, 975, Petrópolis Porto Alegre/RS – CEP 90.630-080
Telefone (51) 3027-3737 Diretoria 2016/2018 Diretoria Executiva Presidente: Paulo de Argollo Mendes Vice-presidente: Maria Rita Sabo de Assis Brasil Secretária-geral: Ariadene Beatriz Porciuncula Duarte 2ª Secretária-geral: Gisele Rodrigues Lobato
4 | VOX Medica | Abril 2016
1º Tesoureiro: André Luiz Borba Gonzales 2º Tesoureiro: Mauricio Alberto Goldbaum Diretoria-geral Alberto Salgueiro Molinari Alcides José Zago André Luiz Borba Gonzales Ariadene Beatriz Porciuncula Duarte Bruno Mendonça Costa Carlos Antônio Madalosso Clarissa Coelho Bassin Cristina Helena Targa Ferreira Fábio da Silva Gatti Fernando Starosta de Waldemar Flavio José Petersen Velho Germano Mostardeiro Bonow Gisele Rodrigues Lobato
Gustavo Steibel Ivan Carlos Ferreira Antonello Jorge Luiz Eltz de Souza José Paulo Rotunno Corrêa Maria Rita Sabo de Assis Brasil Mauricio Alberto Goldbaum Oscar Medeiros Blanco Roberto Assumpção Gaffree Ronaldo Guimarães Lerch Volnei Santos Malheiros Conselho Fiscal Balduino Tschiedel Edmundo Lima Zagoury Elias Morsch Júlio Cesar Simon Luiz Roberto de Fraga Brusch
Conselho Consultivo
Conselho de Representantes
Airton Getelina Alfredo Floro Cantalice Neto André Aozani Prochnow André Luis Kowalski Dias André Wajner Arlindo Roso de Vargas Aroldo João Schmitt Beatriz Valiati Carlos Augusto Cornetet Júnior Carlos Humberto Ceresér Cláudio Vinícius Bublitz Cristiane Becker Neutzling Daniel Leonardo Boessio Edmundo Vinicius Gimenez Persiani Fábio Vieira de Faria Fernando Luis Medina Francisco Flavio Jose Kanter Flavio Pechansky Giovani Kopacek Gustavo Vasconcelos Alves Henrique Luiz Oliani Hermes Wilagran Cattani Jose Cesar Boeira Justo Antero Sayão Lobato Leivas Luciane Maria Barbosa Peixoto Luiz Fernando Job Jobim Marcos Eduardo Avancini Schenatto Maria Ângela Bongers Alexandretti Mario Golin da Costa Mário Lúcio Machado Mario Strelow Milton Luiz da Rocha Mirela Foresti Jiménez Osvaldo Catarino Barbosa Barcelos Patricia Miranda do Lago Pauline Elias Josende Paulo Roberto Hofsttater Steger Protógenes da Cunha Nunes Regênio Mahfuz Herbstrith Renan Luís Marchant Gomes Rodrigo Marquetoti Esteves Rogerio de Barros Macedo Rogerio Wolf de Aguiar Rudah Jorge Sergio Fabris Júnior Susilene Mendonça Gonçalves Umberto de Oliveira Nunes Walter Ité Ardenghi Wernher Schwambach Willian Adami
Alcir Martins Iuppen Aline Ferreira Marcon Ana Paula da Rocha Freitas Andre Avelino Steffens Ary Poerscke Carla Fernanda S. Gonzaga Oliveira Carlos Armando Antonello Difini Carlos Roberto Lagomarsino Beck Carlos Roberto Pavani Flores Carlos Roberto Schwartsmann Cesar Augusto Trinta Weber Charles Pan Cintia Lufchitz Pilczer Cristiano Carapeto Francisco Daniel Heisler Tassinari Desidério Fülber Fernando Aloisio Faccini Bergmann Fernando Ferreira Bernd Flávio Veríssimo da Fonseca Geraldo Arthur Bischoff Gilberto Luís Federle Iolanda Mello de Faria Janice Venina Masera Rotava João Álvaro Machado Filho João Carlos Kabke Jorge Humberto Frota Tusi José Abruzzi Neto José Francisco Bortolotto José Francisco Fagundes Valls Juliano Nunes Chibiaque de Lima Leda Maria Lazzaretti Silveira Luiz Fernando Ribeiro de Menezes Marcelo Marsillac Matias Maria de Lourdes Kafrouni Mauro Fett Sparta de Souza Nilton Haertel Gomes Paulo Francisco de Azeredo Paulo Roberto Juca Paulo Roberto Mousquer Kunde Pedro Gus Rafael de Almeida Remir Brackmann Rivail Cunha de Abreu Rodney Zinn de Carvalho Ronaldo Nicanor Castro e Silva Sílvia Lemke Guterres Tatiana Kurtz Telmo Manoel de Souza Cruz Themis Reverbel da Silveira Vítor Hugo da Silveira Ferrão
REVISTA VOX MEDICA Coordenação: SIMERS Gerência de Marketing e Comunicação: Flávia da Rosa Krieger Equipe de Comunicação: Amália Ceola, Camila Ferro, Elio Bandeira, Guilherme Tubino, Juliane Soska, Katherine D´Ávila, Letícia Heinzelmann e Patrícia Comunello Equipe de Marketing: Bruna Mello, Júlia Hernandez, Kamyla Medeiros, Luísa Gerchman e Sérgio Schüler Núcleo de Pesquisa: Carolina Dorneles dos Passos, Guilherme Silva de Farias e Renata Dalazen Foletto Supervisão editorial: Paulo de Argollo Mendes Coordenação editorial: Juliane Soska e Letícia Heinzelmann Execução: ALMA DA PALAVRA Textos: Comunicação SIMERS, Fernanda Pacheco e Ricardo Bueno Edição: Fernanda Pacheco Editoração: Gilson Rachinhas e Hannah Beineke Revisão: Press Revisão Comercialização: EDITORA MERCADO Paulo Moraes – (51) 9128-2888 editoramercado@gmail.com Impressão: Gráfica e EDITORA PALLOTTI Tiragem: 27 mil exemplares Última atualização: 30/3/2016 Visite o site www.simers.org.br para conferir as edições anteriores da Vox Medica.
Abril 2016 | VOX Medica | 5
Índice Júlio César Bernardo / Marketing AACD (PE)
40 Santa Transmedia / Reprodução
DESTAQUES 16
denúncia
44
responsabilidade social
48
premiação
128
Contingenciamento no Orçamento da União reduz recursos do programa Farmácia Popular Eventos no Hospital Psiquiátrico São Pedro e na Praça Dom Sebastião ofereceram música, alegria e clima natalino para a comunidade SIMERS recebeu certificação do Prêmio Marcas de Quem Decide como o sindicato mais lembrado e o preferido dos gaúchos
gestão Dicas para administrar seu consultório de forma eficiente e produtiva
6 | VOX Medica | Abril 2016
28
seções 3 editorial 4 expediente 6 índice 8 matéria de capa 12 governo DIlma 16 Denúncia 21 humor 22 cenário brasil 24 política internacional 28 orgulho médico 34 delegados regionais 36 zika vírus 40 especialidades 44 responsabilidade social 48 PREMIAÇÃO 52 PANORAMA 54 NÚMEROS 124 SERVIÇOS – SEGUROS 126 SERVIÇOS – CONVÊNIO uNISINOS 128 GESTÃO 131 NÚMEROS 132 NÚCLEO ACADÊMICO DO simers 133 museu de história da medicina 134 Humor 20
Camila Ferro
Lutas 56 segurança 70 prevenção – vacinas 74 hospital universitário DE Canoas 77 municipários de canoas 78 Osório 80 residentes 87 taquara 90 Polos Regionais 106 hospital Porto alegre 108 municipÁRIOS DE PORTO ALEGRE 110 ubs TRONCO 112 IPE SAÚDE 114 PERITOS inss 117 HONORÁRIOS MÉDICOS 118 FÓRUM DE SAÚDE SUPLEMENTAR 122 NOTAS
80 Arquivo SIMERS
DESTAQUES segurança
110
Violência explode nas vilas Cruzeiro do Sul e Bom Jesus. Postos de saúde, médicos e pacientes vivem situações inacreditáveis e assustadoras
hospital universitário de canoas Justiça defere pedido do SIMERS e garante manutenção de vagas na instituição
taquara Hospital Bom Jesus passa por grave crise financeira que afeta a remuneração dos profissionais
ipe saúde Implantação do sistema digital apresenta problemas que se arrastam ao longo dos meses, sem solução
56
74 87 112
Abril 2016 | VOX Medica | 7
capa
O fantasma
do erro médico Um dos aspectos mais nefastos da judicialização da saúde diz respeito aos processos em que médicos são acusados de negligência, imprudência ou imperícia. Os profissionais gaúchos estão entre os mais visados
N
a dúvida, responsabiliza-se o médico.
Vulnerável ao extremo, por estar na linha de frente
Pouco importa que a saúde pública esteja
do atendimento, o profissional precisa cada vez mais
um caos, oferecendo péssimas condições
estar atento ao tema, por mais desagradável que seja.
de trabalho.
Aqueles médicos que estão sindicalizados sabem
Esta premissa tem alimentado dezenas de milhares
que, caso surja alguma situação de risco, podem
de ações na Justiça, em especial no Rio Grande do
contar com assistência especializada de parte do
Sul, estado considerado o mais litigante do Brasil.
Sindicato Médico, 24 horas por dia, para minimizar
Mais do que em outras unidades da federação, é
os danos à sua carreira.
aqui que, em número cada vez mais assustador, os pacientes ou suas famílias alegam negligência, imprudência ou imperícia por parte dos médicos. E pedem reparação financeira, em valores cada vez mais altos. Mesmo em caso de absolvição, o custo provocado por danos à imagem, do ponto de vista pessoal e profissional, é incomensurável.
Para o advogado Diego Cardoso, que integra escritório de advocacia que presta serviços ao SIMERS, é inegável a existência de uma verdadeira indústria de ações judiciais nesta área, principalmente em busca de indenizações por dano moral.
Imagens: Shutterstock
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– A expectativa de ganho
– É importante que se
sem risco (sob a proteção
compreenda que cada
traduzir, para o entendimento
da assistência judiciária
processo é único. Ainda
do magistrado, que é
gratuita) é um estímulo
que existam casos
leigo, a matéria técnica,
para muitas pessoas
semelhantes, nunca serão
demonstrando que não houve
ingressarem em juízo.
idênticos, pois cada um
erro médico. Desta forma,
O caráter inercial deste
tem suas circunstâncias,
o processo se torna um
fenômeno tem acarretado
características,
exercício de aprofundamento
o crescimento do número
peculiaridades.
naquilo que a ciência médica
Em cada situação,
tem a explicar sobre a matéria
portanto, a defesa deve
– esclarece o advogado.
de ações – explica o advogado. E acrescenta: – A publicação na mídia, a intervalos regulares, de
NÚMEROS QUE ASSUSTAM
resultados de processos, procedentes ou não, também perpetua a ideia da possibilidade de se
1
2
é apenas oportuno, mas um aspecto extremamente
Dados obtidos pelo jornal O Estado de S.Paulo revelam que, nos últimos cinco anos, o número de ações desse tipo que chegam ao Superior Tribunal de Justiça aumentou 140%.
Para Cardoso, ter experiência neste tema não
em cada cinco médicos possui um
relacionados ao alegado erro médico.
tipo. Aí se incluem as sobre o assunto.
aponta que um
processo em andamento no Estado, entre cíveis e criminais,
mover uma ação desse publicações de estatísticas
Levantamento do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul
3
Estima-se que o número de ações por erro médico em todo o Brasil ultrapasse 28
mil.
necessário para a defesa de médicos.
Abril 2016 | VOX Medica | 9
capa
Um longo e tortuoso processo Da alegação de erro médico até uma eventual condenação, em geral, se percorre um longo caminho. Mesmo que seja julgada
Os custos, havendo condenação, podem desestruturar a vida do médico, conforme o dano.
improcedente, a ação gera muito
Alguns magistrados entendem que, justamente por constar em publicações médicas, tal complicação poderia ser prevista, e por isso indagam se o médico
desgaste e exposição da figura do
O advogado Diego Cardoso
adotou as medidas necessárias
profissional.
acrescenta outro aspecto:
para a respectiva prevenção e
os juízes, após julgarem
solução do problema – explica
repetidamente casos médicos,
Cardoso.
O processo é um impacto que abala a estrutura emocional do médico. Há uma ideia, que se perpetua ao longo do tempo, de que este tipo de profissional é um benfeitor por natureza. Como, então, alguém assim pode ser acusado de provocar o mal? A primeira reação é como a do diagnóstico de câncer: negação. Mais da metade dos envolvidos procura ajuda jurídica só no final do prazo para aí então se manifestar, depois do recebimento da citação. Ficam metabolizando a ideia por dias.
10 | VOX Medica | Abril 2016
também aprimoram seus conhecimentos em alguns
O advogado diz que a
assuntos, ao passo que assumem
investigação judicial dos
posições a respeito desses temas
procedimentos médicos, no
– o que pode resultar em maior
tocante aos cuidados e diligências
dificuldade à defesa.
necessários, é uma constante nesses processos.
– Já não é mais suficiente, por exemplo, demonstrar que determinada complicação está prevista na literatura médica e que, portanto, é imprevisível e eventualmente pode ocorrer.
E afirma ainda que os problemas estruturais do SUS – que, por um lado, servem como combustível na gênese destes litígios – normalmente não são considerados como fatores justificadores ou atenuantes de eventuais resultados danosos.
VOCÊ PRECISA SABER QUE... •
...no Direito, o dano moral é definido como personalíssimo, ou seja, cada um diz o quanto acha valer em dinheiro a sua dor, e não há limites estabelecidos, informa o advogado do SIMERS Apolinário Cardoso.
•
...em dez anos, a média das indenizações nos casos envolvendo perda de vida julgados em São Paulo passou de 50 a 100 salários mínimos para cerca de 300 salários mínimos.
•
...em algumas ações, o pagamento da indenização está inserido em um pedido antecipado de tutela. É uma tentativa de os acusadores evitarem os efeitos da demora da Justiça, no que diz respeito ao agravamento dos prejuízos sofridos pelas vítimas enquanto o julgamento definitivo não sai.
SINDICATO ESTÁ AO LADO DO PROFISSIONAL O SIMERS oferece cobertura dos honorários advocatícios para eventos decorrentes de alegada má prática médica nas esferas civil, criminal e ético-disciplinar, contando com uma equipe de advogados exclusivos e especializados. Buscar o serviço, assim que o profissional perceber estar em qualquer situação que envolva risco iminente, pode ser determinante no resultado da ação e na preservação da imagem. O sistema de proteção tem plantão 24 horas para auxiliar os associados.
Abril 2016 | VOX Medica | 11
GOVERNO DILMA
Desastre completo Gastos do governo federal em rubricas não essenciais e má gestão do orçamento prejudicam a saúde e reduzem os parcos recursos destinados ao atendimento da população
Imagens: Shutterstock
12 | VOX Medica | Abril 2016
P
or qualquer ângulo que se avalie o governo
o número de UPAs gaúchas que estão prontas, mas
federal, a sensação é a mesma: desconsolo.
que não podem entrar em funcionamento justamente
Do ponto de vista da saúde e da (des)
pela falta de repasses por parte do governo para
assistência à população, o cenário é ainda mais
a manutenção desses locais. O projeto das UPAs
patético e dramático. Não bastasse a má gestão dos
prevê financiamento compartilhado tripartite (federal,
recursos destinados ao setor, os brasileiros ainda
estadual e municipal). Para uma UPA do tipo 1
precisam conviver com informações sobre gastos
ser aberta, são necessários em torno de R$ 700
com futilidades, como os R$ 39 mil da cera aplicada
mil mensais, dinheiro prometido pelo Ministério da
no piso de mármore do Planalto, com “o objetivo de
Saúde.
manter a nobreza dos ambientes por onde circulam autoridades” (de acordo com contrato do serviço).
Já o repórter Rodrigo Saccone, da RBS TV em Brasília, levantou números estarrecedores sobre
Por essas e outras, somente o orçamento da
gastos previstos pelos mais de 30 ministérios do
Presidência da República em 2014 perfez um total
governo Dilma com cafezinho e recepção em 2016.
de R$ 9,3 bilhões, incluindo gastos que contemplam
Os dados foram divulgados pelo jornal Zero Hora:
nada menos que R$ 4 milhões por ano com irrigação e jardinagem e outros R$ 5,3 milhões em vigilância e limpeza. Com o valor gasto diretamente pela Presidência da República em apenas um ano, seria possível arcar com o orçamento da saúde do Rio Grande do Sul por mais de dois anos, considerando os recursos previstos para 2015 no Estado – R$ 3,8 bilhões. Os descalabros não param por aí. Reportagem publicada pela revista Veja no final de 2015 apontou que o governo Dilma iria lançar, até dezembro, nove
• gastos dos ministérios com cafezinho: R$ 81,4 milhões (maior que o orçamento do Ministério da Micro e Pequena Empresa); • gastos com recepcionistas terceirizadas: R$ 94,6 milhões (apenas o Ministério do Ambiente emprega 180 recepcionistas); • “exército” de garçons e copeiras terceirizados: 1.342 pessoas (somente no Palácio do Planalto atuam 184 garçons, copeiras e auxiliares de cozinha).
ações publicitárias, sete delas com custo estimado
Também jornalista do Grupo RBS, o colunista
de R$ 56 milhões, incluindo a dos Jogos Olímpicos
David Coimbra sintetizou com maestria o estado de
– que ficaria em R$ 12 milhões. Somente com o
desgoverno da nação no artigo Viva a intolerância, em
valor dessa peça publicitária seria possível manter,
que elenca uma série de aspectos que comprovam a
durante um mês, 17 Unidades de Pronto Atendimento
incompetência do governo Dilma. Confira na próxima
(UPAs) do tipo 1, com capacidade para atender, em
página.
média, 150 pessoas por dia. Coincidentemente, 17 é
Abril 2016 | VOX Medica | 13
GOVERNO DILMA
ClicRBS
Viva a intolerância David Coimbra Colunista do jornal Zero Hora. Artigo publicado em 11.1.2016
P
assei um pacote de dias no Brasil. Pouco, mas o suficiente para comprovar como certas pessoas estão preocupadas com a intolerância. “Mais tolerância”, pedem. “Aí, quanta
intolerância.” É bonito clamar pela bondade ou pela paz. Já eu estou orgulhoso dessa intolerância do Brasil. Finalmente! Aqui, nos Estados Unidos, o sistema funciona devido à intolerância. Quem infringe a lei é punido. Ponto. Está estabelecida a igualdade. No Brasil, a tolerância histórica estabelece a desigualdade histórica. Há sempre justificativa para a tolerância. Ou o sujeito é coitadinho demais ou poderoso demais para ser punido. Ou se tem pena ou se tem medo dele. O longo braço da lei, no Brasil, não é tão longo. Só alcança aquela que esperneia entre os coitadinhos e os poderosos – a classe média, tão odiada pelos governistas. Os poderosos, como o ministro corrupto ou o nababo assassino, esses estão muito acima do braço da lei (ou estavam), porque têm recursos para se defender. Os coitadinhos, como o punguista da Praça XV ou o menor que apunhala o médico, esses estão muito abaixo da lei. Não ficam na cadeia, são quase inimputáveis. Sente medo da lei apenas quem tem algo a perder com as penas da lei. Só os infelizes assalariados, tristes contribuintes que, além de financiar com seus impostos um governo ineficiente, ouvem desse mesmo governo que são a pérfida elite branca. E que são intolerantes, quando reclamam. Os governistas, tão intolerantes com a classe média e com a oposição, agora precisam desesperadamente da tolerância para existir. Seja tolerante, recomendam. Tolere um governo que:
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1. Soma 21 ministros denunciados, investigados ou presos por corrupção. Vinte e um ministros! Deve ser algum tipo de recorde. 2. Leva, com sua presidente, 900 pessoas em comitiva
16. Tem o ex-presidente do seu principal partido preso. 17. Faz uma proposta ideológica de mudança no currículo escolar, acabando com o estudo da
para um evento em Paris. Novecentas! Deve ser outro
história antiga e medieval, e eliminando o estudo
recorde.
dos clássicos da literatura ocidental.
3. Causou um rombo de R$ 120 bilhões nas finanças públicas. 4. Mentiu na campanha eleitoral. O que foi admitido pelo próprio Pai Lula. 5. Inchou a folha do Estado com a contratação de 235 mil funcionários, isso só os concursados. 6. Corroeu de corrupção a maior empresa da América Latina, a Petrobras. 7. É suspeito de ter promovido corrupção nos Correios e Telégrafos, na Eletrobras e nos fundos de pensão. 8. É suspeito de praticar corrupção ao captar recursos para campanhas. 9. Fez acordos com as ditaduras mais espúrias do mundo. 10. Usou o BNDES para financiar empresários amigos, como Eike e Odebrecht. 11. Gastou bilhões de dólares para construir quatro estádios onde praticamente não há futebol. 12. Está investindo outros bilhões para patrocinar uma Olimpíada numa cidade em que os hospitais estão falidos. 13. Falhou no controle sanitário e permitiu epidemias. 14. Tem o seu líder no Senado preso. 15. Tem dois tesoureiros do seu principal partido presos. Artigo reproduzido mediante autorização
18. Conduz a economia de maneira que a inflação chegue a dois dígitos, que o dólar estoure os R$ 4, que mais de 1 milhão de pessoas percam seus empregos e que empresas comecem a demitir e a falir. Um governo com tal desempenho precisa, sim, e muito, de tolerância. Seus bajuladores precisam de tolerância. Nenhum outro povo toleraria. Só os tolerantes brasileiros. Sejam, pois, intolerantes, brasileiros! Não deem trégua a eles! Não acreditem que o prejuízo de vocês é o benefício dos pobres! Não acreditem que, saindo um ruim, entrará outro pior! Chega, basta e fora! Viva a nova intolerância brasileira!
Péssima perspectiva para quem precisa de remédios
Arquivo SIMERS
Denúncia
Estava ruim,
ficou ainda pior A saúde, que já havia perdido recursos no orçamento original de 2016, foi afetada pelos novos cortes anunciados pelo governo federal. Medicamentos gratuitos terão redução de verba
O
anúncio da verba para a
No meio desta situação lamentável,
saúde em 2016 parecia ser
os cidadãos que recorrem ao governo
o fundo do poço, pois a Lei
para obter medicamentos gratuitos
Orçamentária Anual (LOA) previa uma redução de R$ 2,5 bilhões na saúde, em relação à já insuficiente verba do ano passado. Pois veio fevereiro e março e o governo federal informou um contingenciamento no Orçamento da União, o que incluiu dois novos cortes na saúde, de mais (ou, no caso, menos) R$ 5,3 bilhões.
16 | VOX Medica | Abril 2016
vão sofrer ainda mais. Não se sabe ainda como o corte adicional irá impactar internamente a rubrica da saúde, mas na LOA original já estava prevista uma redução de R$ 578 milhões no programa Farmácia Popular do Brasil.
Criado em 2006, o projeto oferece remédios gratuitamente, ou com 90% de desconto, para rinite, colesterol, glaucoma, Mal de Parkinson, osteoporose, além de anticoncepcionais e fraldas geriátricas. A proposta prevê que seja mantido o braço chamado Saúde Não Tem Preço, no qual remédios para diabetes, hipertensão e asma continuariam sendo distribuídos.
– As farmácias dos postos
Atualmente, são 527 farmácias
tirar os medicamentos que
próprias no Brasil, mas esse número
precisam? – questiona.
deve cair para 460. No Rio Grande do Sul, são 29 estabelecimentos do programa e 3.360 conveniados. A diretora do SIMERS Clarissa
não têm condições suficientes. Esta situação vai tornar impossível o controle de doenças crônicas – afirma Clarissa. A presidente da Associação Brasileira dos Usuários de Sistemas de Saúde (Abrasus),
Vai ser uma perda enorme. De onde as pessoas vão tirar os medicamentos que precisam? Terezinha Borges, presidente da Abrasus
Terezinha Borges, lamenta o possível fechamento. – Vai ser uma perda enorme. De onde as pessoas vão
A proposta de redução nas verbas da Farmácia Popular ainda deverá ser discutida e aprovada no Congresso Nacional.
Bassin lembra que as farmácias populares surgiram na esteira de uma dificuldade operacional do Sistema Único de Saúde. – As farmácias do SUS não davam
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conta, então criaram este projeto – explicou a médica. Para ela, se for confirmado o fechamento, será um fracasso, porque muitas pessoas se acostumaram e se cadastraram nas farmácias populares e não usam mais os postos de saúde para garantir os medicamentos.
Abril 2016 | VOX Medica | 17
Denúncia
Sartori nega medicamentos O desgoverno na saúde pública no
Nos últimos cinco anos, o Tribunal
que diz respeito aos medicamentos
de Justiça do Rio Grande do Sul
tem encontrado muita indignação
conseguiu reduzir em 30 mil
entre os gaúchos. Segundo dados
o número de ações judiciais
do Conselho Nacional de Justiça,
relacionadas à área da saúde.
referentes a abril de 2015, tramitam 82 mil processos sobre o tema.
O Estado concentra metade de todas as ações judiciais por pedidos de medicamentos e tratamento no País.
– Percebemos que a maioria dos medicamentos pleiteados em ações constava na lista do SUS, ou seja, o Estado tinha a obrigação de fornecer, e adotamos uma ação de planejamento e de gestão sistêmicos com foco na saúde – conta o juiz
E acreditem: esse número já foi
Martin Schulze, da 3ª Vara de Fazenda
bem maior, em tempos recentes.
Pública de Porto Alegre, coordenador
Arquivo SIMERS
do Comitê de Saúde do TJ-RS.
18 | VOX Medica | Abril 2016
Flagrante: lotação obriga as pessoas a formarem filas em frente a Farmácia do Estado
Imagens: Shutterstock
Farmácia do Estado é uma vergonha Porém, falta de medicamentos, mau
de atendimento aos pacientes
atendimento e instalações precárias
que buscam medicamentos. Em
seguem no cenário de dificuldades
geral, essas pessoas trazem um
enfrentadas pelos usuários que
componente de ansiedade e de
buscam a Farmácia do Estado.
angústia, pois são medicamentos
Só em 2014, a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul gastou R$ 235 milhões para fornecer medicamentos, muitos dos quais importados, a 61 mil pacientes que moveram ações judiciais. No mesmo período, o órgão despendeu R$ 73 milhões para fornecer medicamentos da tabela do SUS a 103 mil pacientes que não entraram na Justiça. Ou seja, pela via administrativa, o Estado gasta até cinco vezes menos com cada usuário.
importantes em seus tratamentos – aponta o diretor do SIMERS Germano Bonow, elencando algumas razões pelas quais o Estado é líder em judicialização da saúde. Muitas vezes, resta ao paciente, mesmo de planos privados, usar a via judicial. A Abrasus auxilia a população no esclarecimento de direitos e, se necessário, no encaminhamento dos processos. No Rio Grande do Sul, a organização tem mais de cem ações em andamento. As requisições mais comuns são por medicamentos,
– Isso não é de hoje, não é de
consultas, exames, cirurgias,
ontem, não é só deste governo
internações e acesso a produtos
ou do governo passado. Vêm de
como fraldas descartáveis ou
muito tempo as más condições
suplementos alimentares.
Abril 2016 | VOX Medica | 19
Denúncia
Só farmacêuticos. E agora? O paciente do Sistema Único de Saúde é
A questão é que os postos de saúde não
vítima das mais inacreditáveis questões.
possuem farmacêuticos. Conclusão: apenas
Uma resolução do Conselho Federal de
metade dos 141 postos de saúde de Porto
Enfermagem (Coren), que entrou em vigor em
Alegre estava distribuindo remédios com
março, impediu os profissionais de atuarem
servidores da área administrativa. Além
na entrega das medicações. O entendimento
disso, muitos pacientes voltaram para casa
do órgão é de que esta atividade configura
de mãos vazias.
exercício ilegal da profissão porque os enfermeiros e técnicos de enfermagem não possuem a qualificação necessária para disponibilizar remédios à população. A entidade defende que o trabalho deve ser feito exclusivamente por farmacêuticos.
A situação durou oito dias até que a Justiça Federal atendeu ao pedido da prefeitura de Porto Alegre e liberou a entrega de medicamentos por enfermeiros e técnicos de enfermagem nos postos de saúde da capital.
O IMPORTANTE TRABALHO DA ABRASUS A Associação Brasileira em Defesa dos Usuários de Sistemas de Saúde (Abrasus) auxilia a população no esclarecimento de direitos e, se necessário, no encaminhamento dos processos. No Rio Grande do Sul, a organização tem mais de cem ações em andamento. As requisições mais comuns são por medicamentos, consultas, exames, cirurgias, internações e acesso a produtos como fraldas descartáveis ou suplementos alimentares. ck
to ers
utt
Sh
A sede da Abrasus está localizada na Rua dos Andradas, 1560, conjunto 1704, no Centro de Porto Alegre. O atendimento jurídico acontece nas terças-feiras, das 13h30 às 16h30, e nas quintas-feiras, das 9h30 às 11h, mediante agendamento prévio pelo telefone (51) 3062-8007.
Imagens: Shutterstock
20 | VOX Medica | Abril 2016
HUMOR Homenagem do Charlie Hebdo a uma pediatra gaúcha que acreditou no seu próprio direito à liberdade e foi massacrada por isso
Charge reproduzida mediante autorização
Abril 2016 | VOX Medica | 21
cenário BRASIL
Em meio às incertezas,
ameaças à saúde Por qualquer ângulo – político, econômico ou social – que se analisem as perspectivas brasileiras em 2016, há mais razões para preocupação do que entusiasmo. Nesse cenário turbulento, a saúde tem as maiores perdas
(des)INVESTIMENTO EM SAÚDE
A
execução orçamentária do Ministério da Saúde em 2015 foi de 91%, ou seja, dos R$ 121 bilhões dotados inicialmente, foram empenhados R$ 110,2 bilhões até 31 de dezembro. Para se ter uma ideia de como a saúde NÃO é prioridade, basta dizer que a Lei Orçamentária Anual (LOA) 2016 previu R$ 1,3 trilhão para pagamento de juros e amortizações da dívida (total de 45,7% do orçamento), enquanto para o Ministério da Saúde foram previstos apenas R$ 118,5 bilhões (4% do total), agora reduzidos a R$ 113,2 bilhões, devido ao contingenciamento. Fonte: SIGA Brasil, Lei Federal nº 13.115/2015
PIB NEGATIVO Em meio ao cenário de crise constante, o Brasil deve ter Produto Interno Bruto (PIB) negativo de 3,8% em 2015. Essa taxa é a menor desde 1996. Para 2016, a expectativa de -1% foi piorada para -3,5%, com a atividade econômica estabilizando apenas em 2017. Fonte: Banco Central e G1
Shu
22 | VOX Medica | Abril 2016
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ck
JUROS CORROEM SALÁRIOS A taxa básica de juros, estabelecida pelo Banco Central, define o preço do dinheiro e impacta o conjunto dos preços da economia, motivando (ou não) o crescimento das atividades produtivas. Por essa razão, é importante estabelecer a relação da taxa de juros com a situação do salário médio real dos trabalhadores. Entre 2003 e 2014, a taxa de juros básica do Banco Central (Selic) foi, em média, de 6,8% acima da inflação anual. Para o mesmo período de tempo, o crescimento real do salário médio do trabalhador nas seis principais regiões metropolitanas foi de 1,3% ao ano. Em resumo: para cada 1 ponto percentual de aumento real na taxa básica de juros do BC, o salário médio real do trabalhador cresceu 0,19 ponto percentual ao ano. O BC fechou 2015 com a taxa Selic em 14,25% ao ano. Fonte: Rede Brasil Atual, EBC Agência Brasil
DESEMPREGO A taxa de desemprego prévia do Brasil em 2015 (considerando os três primeiros trimestres) é de 8,4%, superando as taxas médias registradas no mesmo período de 2014 (6,9%), 2013 (7,4%) e 2012 (7,5%). Fonte: IBGE
INFLAÇÃO EM ALTA A inflação oficial do País, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou 2015 com alta acumulada de 10,67%, resultado 4,16 pontos percentuais acima do teto da meta inflacionária fixada pelo Banco Central, de 6,5%. A taxa de 2015 foi a maior desde 2002, quando atingiu 12,53%. Em 2014, o IPCA havia fechado o ano em 6,41%, ficando abaixo do centro da meta fixada pelo Banco Central, de 6,5%, mas a mais alta desde 2011. Fonte: EBC Agência Brasil, Portal FGV
OPERAÇÃO LAVA-JATO A Operação Lava-Jato é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. Soma-se a isso a expressão econômica e política dos suspeitos de participar do esquema de corrupção que envolve a Petrobras. Nesse desvio de recursos, que dura pelo menos dez anos, grandes empreiteiras organizadas em cartel pagavam propina para altos executivos da estatal e outros agentes públicos. O valor da propina variava de 1% a 5% do montante total de contratos bilionários superfaturados. Esse suborno era distribuído por meio de operadores financeiros do esquema, incluindo doleiros investigados na primeira etapa. De acordo com o laudo de perícia criminal anexado pela Polícia Federal (PF) em um dos processos da operação, o prejuízo causado pelas irregularidades na companhia petrolífera pode chegar à casa dos R$ 42,8 bilhões, embora a estatal apresente oficialmente valor bem abaixo, na casa dos R$ 6 bilhões. Fonte: Ministério Público Federal
IMPEACHMENT Em dezembro de 2015, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acatou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A comissão especial formada na Câmara Federal foi instalada em 17 de março, seguindo o rito determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os desdobramentos do processo podem levar à saída de Dilma Rousseff do Planalto. Fonte: O Estado de S.Paulo, Zero Hora, Exame, G1
Abril 2016 | VOX Medica | 23
Política internacional
BNDES e Cuba:
chegou a hora de desvendar segredos As verdadeiras motivações de tanta benevolência do governo brasileiro com Havana, incluindo o programa Mais Médicos, estão na iminência de virem à tona
U
ma das negociações mais
Nacional de Desenvolvimento
nebulosas da história
Econômico e Social (BNDES),
da República brasileira
que permitiu a construção do Porto
poderá ser desvendada em breve.
de Mariel, em Cuba. A operação vem
Tudo depende da aprovação de um
sendo questionada pela população
projeto de lei apresentado neste
brasileira há tempos: por que, afinal,
ano pelo senador gaúcho Lasier
o dinheiro do contribuinte é utilizado
Martins (PDT). O PLS 7/2016 propõe
para a construção de um porto
acabar com o sigilo bancário de
em Cuba, que sequer será usufruído
30 anos sobre operações como o
por empresas brasileiras?
A pergunta é: por que financiar um porto em Cuba?
Ismael Francisco/Cubadebate
financiamento, por parte do Banco
Dilma ao lado de Raul Castro: ligações perigosas
24 | VOX Medica | Abril 2016
Ciclo Suspeito O governo federal, através do BNDES, emprestou
US$ 802 milhões (R$ 3,1 bilhões) ao governo de Cuba para a construção do Porto de Mariel, com taxa de juros reduzida e prazo de pagamento maior
PT
O governo cubano usou este dinheiro para pagar a constru-
A Odebrecht, investigada pela
tora Odebrecht, responsável por
Operação Lava-Jato, doou
realizar a obra
R$ 48 milhões para a campanha eleitoral de Dilma em 2014
A preocupação faz todo o sentido.
Detalhe muito importante: a obra
Desde 2010, o total dos empréstimos
do porto de Mariel está a cargo da
do governo brasileiro para a obra
construtora Odebrecht, tradicional
em Havana alcança R$ 3,1 bilhões.
financiadora de campanhas eleitorais. A empreiteira costuma
Se esses recursos permanecessem no Brasil, só em Porto Alegre seria possível bancar a reforma do Hospital de Clínicas e construir uma nova UPA 24h, custeando suas atividades por 85 anos.
emprestar um jato para viagens do
Afinal de contas, que interesses
Há ligação entre o financiamento
estão por trás dessas vultosas
em Cuba e o dinheiro doado
e estranhas equações?
para a campanha eleitoral?
ex-presidente Lula e foi uma das grandes apoiadoras da presidente Dilma Rousseff na corrida pela reeleição – motivo pelo qual é investigada na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
Abril 2016 | VOX Medica | 25
Política internacional
De setembro de 2013 a setembro de 2015, o governo federal repassou mais de R$ 3,4 bilhões a Cuba pelo programa Mais Médicos. O governo paga R$ 10.513 por médico cubano, mas só US$ 1.245 vão para o profissional. A diferença fica com Havana
26 | VOX Medica | Abril 2016
Segundo o BNDES, as
Essas informações não podem
parcelas da dívida para
ser comprovadas, uma vez
construção do porto vêm
que está em vigor a proteção
sendo pagas, e o prazo para
do sigilo bancário por 30 anos
a quitação é de 25 anos.
sobre empréstimos feitos para
Porém, parte do empréstimo
empreendimentos privados
é a fundo perdido (não
fora do País executados por
precisa ser devolvido), sem
empreiteiras, como o que vem
falar na doação de R$ 240
sendo tocado pela Odebrecht.
milhões por parte do governo. São fundos que jamais retornarão ao País, ao menos não oficialmente.
– O BNDES não é um banco comercial. O povo brasileiro precisa saber para onde está indo o dinheiro. É preciso que saibamos como os seus recursos são gastos – argumenta o senador Lasier Martins.
O que poderia ser feito com o dinheiro exportado pelo governo para Cuba
+ 24h Construção de 59 hospitais, como o Hospital da Restinga
Pagamento de salário de cerca de 11,4 mil* clínicos gerais por mais de 6 anos
* Número de médicos cubanos atuando no Brasil
Criação de mais de 1.000 Unidades de Pronto Atendimento 24h
Mais Médicos, mais dinheiro para Cuba Simultaneamente à nebulosa construção do Porto de Mariel, está em vigor o programa Mais Médicos, em que o governo brasileiro paga R$ 10.513,00 mensais por profissional cubano que atue no País, mas a maior parte desse montante vai diretamente para a ilha caribenha (os médicos cooperados ficam hoje com o equivalente a US$ 1.245, repassados pela Organização Pan-Americana da Saúde). Desde o início do programa, já teriam sido pagos a Cuba R$ 3,4 bilhões, e até abril de 2018, esse valor deve chegar a R$ 4,1 bilhões, dinheiro suficiente para bancar toda a modernização do Hospital de Pronto Socorro, a construção do Hospital Restinga e Extremo-Sul e ainda custearia as atividades deste por mais de 140 anos. Tanta benevolência com Cuba é de graça ou existe algum tipo de negócio velado entre a ilha e a presidenta Dilma?
Karina Zambrana/Ascom-MS
Mais Médicos: até 2018, mais de R$ 4 bilhões pagos ao governo cubano
Abril 2016 | VOX Medica | 27
Pirecco e Rafael: empatia gerou amizade entre médico e paciente
ORGULHO MÉDICO
O privilégio de ter o
trabalho reconhecido Em meio a uma rotina atribulada, não são muitas as oportunidades para que os médicos sejam brindados com palavras de agradecimento pelo empenho e pela dedicação à profissão. Um vídeo veiculado pelo SIMERS emocionou profissionais e pacientes envolvidos em histórias reais
S
e alguém lhe dissesse que
Ricardo Trombini Pires, o Pirecco,
a descoberta de um linfoma
hoje com 32 anos, ilustrador e artista
não Hodgkin (tipo de câncer
plástico que havia se mudado para
no sistema linfático), aos
Vancouver, no Canadá, em 2008,
26 anos, foi a melhor coisa que lhe
e, pouco mais de um ano depois,
aconteceu na vida, você acreditaria?
em fevereiro de 2010, descobriu um
Pois é justamente assim que pensa
caroço no pescoço.
28 | VOX Medica | Abril 2016
Imagens: Santa Transmedia / Reprodução
Com visto de trabalho para cinco anos em
Ao longo do tratamento, quatro profissionais
terras canadenses, no entanto, teve que
da medicina foram fundamentais para que a
abandonar a perspectiva de realização
travessia fosse menos dolorosa – e vitoriosa.
profissional no exterior. De volta ao Brasil,
Um deles teve papel ainda mais decisivo.
deu início a um tratamento quimioterápico
E foi por isso que Pirecco escolheu o médico
que duraria cerca de um ano, com
Rafael Seewald como homenageado no
revisões nos outros cinco e alta apenas em
filme Mensagens do Coração, produzido
dezembro de 2015. A partir do episódio,
pelo SIMERS e veiculado em outubro do ano
Pirecco reavaliou todas as suas prioridades,
passado nas redes sociais.
e sua vida ganhou um outro sentido. No lugar do estresse e das produções por encomenda, ganharam mais espaço em seu dia a dia trabalhos autorais, amigos e a família: a mulher, Fabiana, e a pequena Mallu, de oito meses.
Afinidades e distanciamento Seewald, junto com Gabriel dos Anjos, era residente no Hospital de Clínicas e integrante da equipe de oncologia liderada pelo médico Gilberto Schwartsmann quando Pirecco descobriu o linfoma. Ele acabaria cumprindo um papel essencial durante o tratamento, graças às muitas afinidades entre médico e paciente, descobertas logo nos primeiros encontros.
Abril 2016 | VOX Medica | 29
ORGULHO MÉDICO
– O Rafael, que hoje chamo pelo apelido de Alemão, teve um cuidado muito grande para que nossa relação se mantivesse em nível profissional, de médico e paciente. Somente quando o tratamento terminou, ele me disse: “Agora posso te convidar para jantar na minha casa e sermos amigos. Até aqui, era preciso ter todo o cuidado para que um envolvimento emocional maior não prejudicasse o processo”. Achei isso sensacional. E hoje somos grandes parceiros – conta Pirecco.
A amizade com seu ex-médico e hoje grande parceiro foi um dos resultados “positivos” do episódio do linfoma na vida de Pirecco, e veio na carona da percepção de um novo sentido da vida. Desde então, para ele, “o presente é a única coisa que não tem fim”. Situações delicadas Do ponto de vista do médico Rafael Seewald, se não tivesse havido o cuidado de manter um certo distanciamento de Pirecco logo no início, corria-se o risco da amizade atrapalhar a conduta clínica.
Ele cita também o papel importante
origem a um documentário sobre
– A proximidade poderia me levar a fazer “demais”, como indicar procedimentos desnecessários, ou “de menos”, não avaliando corretamente certos aspectos, pensando no que poderia ser mais conveniente e confortável para o amigo, mas não necessariamente o melhor para o paciente – explica o hoje oncologista que atua em Lajeado.
superação.
O médico afirma que situações em
de Amnol Arora, uma amiga com formação em psiquiatria e que lhe ensinou exercícios de visualização da cura, técnica semelhante à meditação. Concluída a quimioterapia, Pirecco e Seewald passaram a compartilhar de forma mais intensa muitos interesses, entre eles o ciclismo, a ponto de estarem planejando percorrer um roteiro fora do País, que inclusive daria
que o paciente depois vira amigo do profissional não são incomuns, mas acrescenta que o mais difícil mesmo é lidar com a situação inversa, em que um amigo de longa data acaba se tornando paciente.
30 | VOX Medica | Abril 2016
Emoção e orgulho Aponte seu smartphone para o QR Code e confira o vídeo Mensagens do Coração, produzido pelo SIMERS.
– É uma situação delicada, em
Seewald se emociona novamente
especial quando a gente acompanha
ao lembrar da cena gravada na
um tratamento quimioterápico e aí
homenagem proporcionada pelo
recebe o resultado de um exame em
SIMERS.
que, eventualmente, a evolução não foi significativa. É uma angústia muito grande aguardar a hora de comunicar isso para alguém com quem se tem uma relação afetiva. Mas faz parte da nossa profissão – explica o oncologista.
– O Pirecco me ligou e disse que estava participando de um concurso de histórias de superação, e que isso ia se transformar em um documentário. E aí veio aquela mensagem especial, que ouvi pelo estetoscópio... Muito bacana!
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ORGULHO MÉDICO
Maior remuneração Para o cardiologista Aloysio Achutti, 82 anos, ainda que o insucesso faça parte da rotina de um médico, a maior remuneração pelo trabalho realizado é saber que o paciente se recuperou plenamente. Ainda mais em casos difíceis como o de Mário Antônio Mascarenhas, que, logo ao nascer, teve diagnosticados dois problemas graves: uma cardiopatia, conhecida por tetralogia de Fallot, e a impossibilidade de deglutir até mesmo a própria saliva, pois nasceu sem o esôfago e tudo que engolia acabava indo para o pulmão. Achutti teve papel decisivo na condução do caso e posterior indicação de um especialista norte-americano do Texas para dar conta do quadro complexo. Por meio de duas cirurgias realizadas nos Estados Unidos, foi possível devolver à criança as chances de sobreviver e se desenvolver normalmente. Não por outra razão Achutti ouviu em seu estetoscópio a mensagem “obrigado por seguir cuidando do meu coração até hoje”, quando participou das gravações do vídeo Mensagens do Coração. Foi a forma que Mário encontrou de agradecer ao médico pela dedicação e pelo envolvimento. Não fosse assim, ele dificilmente teria chegado aos 44 anos, pai de gêmeos e levando uma vida normal.
32 | VOX Medica | Março 2016
32 | VOX Medica | Abril 2016
Mário e Achutti: gratidão por uma vida normal
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Abril 2016 | VOX Medica | 33
Presença no interior santa cruz do sul daniel leonardo boéssio
Patrícia Comunello
A série que reúne depoimentos de delegados regionais do Sindicato Médico apresenta nesta edição os relatos dos representantes do SIMERS em Santa Cruz do Sul e Santa Rosa
As principais dificuldades em nossa região dizem respeito à negociação com hospitais sobre a correção das tabelas de procedimentos, bem como por Contatos (51) 3711.3385 (51) 8124.6383
melhores condições de trabalho para a categoria. Em compensação, a prefeitura sinalizou que deverá aprovar a proposta do Sindicato de implantação do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV). Em breve, deveremos ter boas notícias.
delegacia.santacruzdosul@ simers.org.br
Assim, há um reconhecimento da categoria quanto ao trabalho realizado pelo
Municípios de abrangência Candelária, Encruzilhada do Sul, Gramado Xavier, Herveiras, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Tunas, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz
serviços. Outro dia, um colega relatava que é uma das poucas mensalidades
34 | VOX Medica | Abril 2016
SIMERS, não apenas do ponto de vista político, mas também de prestação de que ele paga com tranquilidade, em razão das contrapartidas e do retorno do investimento, por assim dizer. Da mesma forma, parece que a população, depois de ter que engolir goela abaixo a mídia enganosa sobre o Mais Médicos, vai reconhecendo o trabalho que fazemos. Além disso, o Sindicato segue sendo chamado para participar das principais discussões na área da saúde, em uma relação bem interessante com a população e as autoridades.
Lucas Azevedo-M3 Fotoconceito
santa Rosa giovani kopacek
Contatos (55) 3512.5737 (55) 9962.8502 delegacia.santarosa@simers. org.br
A principal luta em nossa região diz respeito à melhoria na remuneração do sobreaviso para os colegas que atuam no hospital. Em paralelo, há carência de profissionais em algumas especialidades, por estarmos distantes da capital. Acreditamos que a remuneração de quem dá plantão na UTI neonatal, por exemplo, poderia ser melhorada, uma vez que são poucos médicos para dar conta das escalas, muitas vezes com sobrecarga de horários. Na área de saúde pública, temos o privilégio de contarmos com uma fundação que trabalha em regime de dedicação exclusiva e inclusive com plano de carreira. E, apesar da crise no repasse de recursos por parte dos governos federal e estadual, estamos conseguindo receber em dia, cenário muito diferente de dez, 12 anos atrás, quando houve uma crise muito séria envolvendo o hospital do município. O Sindicato Médico tem bom conceito na região. No ano passado, inclusive, tivemos uma audiência exclusiva do presidente, Paulo de Argollo Mendes, com os gestores do município, com quem temos mantido um canal aberto de diálogo. E, em paralelo, temos o desafio de buscar maior mobilização da categoria.
Municípios de abrangência Alecrim, Alegria, Campina das Missões, Cândido Godói, Cerro Largo, Chiapeta, Dezesseis de Novembro, Garruchos, Giruá, Guarani das Missões, Horizontina, Independência, Inhacorá, Mato Queimado, Novo Machado, Pirapó, Porto Lucena, Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Porto Xavier, Rolador, Roque Gonzales, Salvador das Missões, Santa Rosa, Santo Cristo, São Nicolau, São Paulo das Missões, São Pedro do Butiá, São Valério do Sul, Senador Salgado Filho, Sete de Setembro, Três de Maio, Tucunduva, Tuparendi e Ubiretama
Abril 2016 | VOX Medica | 35
Zika Vírus
Simers na luta
contra o Aedes Assustado com o efeito devastador da microcefalia provocada pelo zika vírus, o Sindicato Médico estabelece parceria com a SES para alertar médicos e população
O
SIMERS está engajado
Na reunião com o presidente da
na campanha RS
entidade, Paulo de Argollo Mendes,
Contra Aedes, em
foram definidas ações conjuntas para
parceria com a Secretaria
reduzir o risco de má-formação fetal e
Estadual da Saúde (SES), que
suas consequências devastadoras.
visa a eliminar focos do mosquito transmissor do zika vírus, da febre chikungunya e da dengue.
A transmissão do zika já ocorre em todo o País. Boletim divulgado pelo Ministério da Saúde no dia 29 de
Tudo começou em dezembro,
março identificava a circulação do
quando o secretário estadual
vírus no Acre, Amapá, Santa Catarina
da Saúde, João Gabbardo dos
e Rio Grande do Sul, estados que não
Reis, esteve na sede do Sindicato
apresentavam registros de transmissão
Médico discutindo estratégias
local. A mudança atesta a velocidade de
para impedir a epidemia de
propagação do vírus.
microcefalia, desencadeada pelo zika, no Estado.
Consciência O SIMERS lançou uma campanha reforçando as orientações para a população em geral e, especialmente, para a categoria médica sobre como agir e orientar os pacientes. A meta da entidade é reduzir ao máximo o número de casos no Estado.
36 | VOX Medica | Abril 2016
Shutterstock
O que é zika? É um vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue e da febre chikungunya. Ele é apontado como a causa da epidemia de microcefalia no País.
Casos de microcefalia no Brasil O papel dos médicos nessa luta é fundamental. Eles são agentes que multiplicam a informação, orientam e conscientizam a população sobre os cuidados necessários para que o Estado seja blindado contra o mosquito e as doenças que ele dissemina. A confirmação do primeiro caso de pessoa infectada com zika que reside no Estado, em início de fevereiro, uma mulher de 30 anos não gestante que contraiu o vírus em viagem a Mato Grosso, elevou o alerta sobre cuidados e cerco no combate ao Aedes aegypti.
Contudo, a situação não
+2.159%
foi controlada. A Secretaria Estadual de Saúde confirmou, no dia 18 de março, cinco novos casos de infecção pelo zika vírus no Estado. Dois são autóctones, ou seja, foram contraídos em solo gaúcho. Com isso, são seis casos da doença confirmados desde o início do ano. – Os casos confirmados só reforçam o que estamos falando desde dezembro: não podíamos deixar o vírus entrar, agora já entrou. Estamos assustados. Teremos uma
147
3.174
2014
2015
Fonte: Boletim Epidemiológico Nacional de 5/1/2016
epidemia de microcefalia no Rio Grande do Sul, é inexorável. Precisamos evitar a proliferação do mosquito – resumiu Argollo.
Abril 2016 | VOX Medica | 37
zika vírus
Informação é a maior arma Depois de firmar parceria com
O material consiste em alerta
O SIMERS realizou atividades
a Secretaria Estadual da Saúde
para o combate ao mosquito que
em colônias de férias de
(SES) para o combate ao zika
transmite o zika vírus.
Porto Alegre, como teatro,
vírus e à epidemia de microcefalia no Estado, o Sindicato Médico entrou na campanha RS Contra Aedes com um pacote de ações práticas que busca envolver, esclarecer e preparar a população para o enfrentamento ao mosquito. O presidente do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes, exibiu aos jornalistas e representantes de entidades, ao secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, e ao governador em exercício, José Paulo Cairoli, o vídeo produzido para a campanha e que está sendo veiculado nas emissoras de TV do Estado.
– Queremos chamar a atenção da população para a gravidade dessa doença que o País está enfrentando – alertou o sindicalista.
Outra ação que faz parte dessa parceria é a produção de folhetos informativos, que estão sendo distribuídos nas lojas dos parceiros Panvel e Zaffari, nos 142 postos de saúde de Porto Alegre e nos 17 centros administrativos regionais, bem como no litoral e interior do Rio Grande do Sul. Esta ação só foi possível com a doação de papel (20 toneladas) feita pela Celulose Riograndense. A ideia de multiplicação de agentes de informação contra o Aedes aegypti também foi focada nas crianças.
brincadeiras e distribuição de material informativo específico para essa faixa etária, além de oficinas. – A criança é capaz de levar essa informação para a casa, escola, amigos e familiares, conscientizando seus pais e todos com quem convive. E aí está a importância de trabalharmos fortemente com esse grupo – salientou o presidente do Sindicato. O governador em exercício lembrou que a integração da entidade com a administração é essencial para o benefício coletivo. – Argollo é um grande parceiro nesse momento em que estamos nos antecipando a uma situação que pode existir com gravidade. Essa é uma das muitas ações do SIMERS pelo bem da população – reconheceu Cairoli.
38 | VOX Medica | Abril 2016
Letícia Heinzelmann
A maior arma que podemos dispor é a informação. É através do conhecimento que vamos poder salvar essa geração de possíveis deficiências. Paulo de Argollo Mendes, presidente do SIMERS Argollo alerta sobre os riscos do zika vírus, em entrevista na Rádio Guaíba O SIMERS integra a sala de monitoramento RS Contra Aedes com o objetivo de auxiliar no repasse, em tempo real, a médicos e à população de informações atualizadas da situação epidemiológica sobre dengue, zika e chikungunya. Mais de 50 instituições compõem a iniciativa.
Argollo listou a série de sequelas que podem ser causadas ao bebê pela má-formação associada ao zika durante a gravidez: cegueira, surdez, retardo mental e motor e, em casos mais graves, até a morte.
Denúncias: Comunicados sobre locais com possíveis focos de mosquito podem ser feitos pelo telefone
0800 645 3308
Entrevistas
Informações:
Ao longo dos últimos meses,
www.rscontraaedes.ufrgs.br
o presidente do Sindicato
www.simers.org.br
Médico concedeu entrevistas às rádios gaúchas, alertando sobre os riscos do zika vírus, as consequências da microcefalia e a possibilidade de chegada das doenças ao Estado.
Abril 2016 | VOX Medica | 39
especialidades Imagens: Júlio César Bernardo / Marketing AACD (PE)
Vanessa compartilhando conhecimentos (acima) e em contato com os bebês, sua paixão (ao lado)
Uma neuropediatra, o zika
e a microcefalia
Vanessa van der Linden destacou-se por ser uma das primeiras profissionais a identificar a relação do vírus com a doença 40 | Abril 2016 2016 40 | | VOX VOXMedica Medica | Abril
E
la se tornou quase uma
Casada, 46 anos e mãe de duas meninas,
celebridade. Depois de ter
uma de 15 e outra de 11, a neuropediatra
sido uma das pioneiras na
vive dias especiais:
identificação da relação do
zika vírus com a microcefalia, a médica Vanessa van der Linden passou a ser muito demandada por jornalistas de todo o País. Para não prejudicar a rotina de trabalho, precisou contar com o apoio de um assessor da AACD de Pernambuco (Associação de Assistência à Criança
– É o momento mais importante em 22 anos como médica – assegura. Tudo começou em agosto do ano passado. Um caso de gêmeos, em que um dos bebês nasceu normal e o outro com sequelas de uma infecção, alertou a médica para algo estranho.
Deficiente – Centro de Reabilitação Eng.
– Eu o atendi no início de agosto (os
Clóvis Scripilliti), onde atua quatro turnos
gêmeos nasceram em julho). Um irmão
por semana, para organizar a agenda
nasceu saudável, mas o outro tinha uma
com a imprensa. O contato com a revista
microcefalia bem grave. Fizemos uma
Vox Medica, por exemplo, só foi possível
tomografia e havia características de
graças a uma breve pausa enquanto
infecção congênita, que é quando o bebê
a neuropediatra aguardava um voo no
é afetado por uma infecção na mãe –
aeroporto de Recife.
explica Vanessa.
| VOX Medica | | 41 41 Abril Abril 20162016 | VOX Medica
Especialidades
– Comecei a investigar os principais vírus que
Dedicação e estudo
podem causar infecções congênitas, mas
Formada em Medicina pela Universidade Federal de
todos os exames foram normais. Pedi, então,
Pernambuco (UFPE), com especialização e mestrado
para a doutora Regina Coeli, infectologista no
em Neuropediatria na Universidade de São Paulo
Hospital Universitário Oswaldo Cruz, reavaliar
(USP), Vanessa divide-se entre o hospital, o consultório
o caso. Já estávamos investigando a genética
e a AACD. E é nesta última em que encontra a plena
da criança quando, no meio de setembro,
realização, pois tem a oportunidade de lidar com os
apareceram casos de microcefalia no Hospital
mais diferentes casos clínicos:
Barão de Lucena, em Recife, onde também trabalho. Em determinado dia, havia três bebês com o problema na UTI, com características de infecção. Na semana seguinte, mais dois – lembra a médica. E complementa: – No dia seguinte, minha mãe, que é neuropediatra no Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira, o IMIP, me disse que havia sete pacientes internados com microcefalia. Aí eu pensei: tem alguma coisa errada – relata. E realmente havia, como veio a se confirmar alguns meses mais tarde, com a epidemia se
– A gente aprende muito com os pacientes, é preciso estar sempre estudando. E a AACD é um centro de referência. Sobre seu papel relevante na descoberta da relação do zika vírus com a microcefalia, Vanessa reconhece que não são situações fáceis de lidar, mas prepondera o sentimento de estar cumprindo sua missão como médica. Todos estes temas foram abordados em palestra da neuropediatra em Porto Alegre, em abril, iniciativa do SIMERS e da Sociedade de Neurologia e Neurocirurgia do Rio Grande do Sul (SNNRS).
alastrando pelo País.
De um lado, tem a dor das mães e as crianças, mas, de outro, poder contribuir para minimizar o sofrimento das pessoas é o que nos faz gostar ainda mais da profissão. Vanessa van der Linden, neuropediatra
Vanessa garante que aprende a cada dia
42 | VOX Medica | Abril 2016
RESPONSABILIDADE SOCIAL Imagens: Dennis Magalhães e Lia Magalhães / HPSP
Atrações musicais em diversos estilos encantaram a plateia
Natal com a
comunidade
Sindicato Médico proporciona eventos natalinos para pacientes, funcionários de instituições de saúde e população de Porto Alegre
N
ovidade em 2015, o Natal
– O São Pedro é uma instituição muito
no Hospital Psiquiátrico
importante, que abre suas portas para
São Pedro (HPSP) reuniu
a sociedade – valorizou o presidente do
cerca de mil pessoas em dezembro.
SIMERS, Paulo de Argollo Mendes.
O Sindicato Médico foi parceiro
Para o coordenador da Saúde Mental
na realização desse projeto, que
da Secretaria Estadual da Saúde, Luiz
proporcionou à comunidade,
Coronel, o evento foi um conforto para os
pacientes, funcionários e familiares
pacientes e funcionários, que enfrentam
um evento único.
uma série de dificuldades para manter a casa aberta e prestando relevante serviço para 89 municípios.
Camila Ferro
– O apoio do SIMERS deu um brilho especial para este evento e, principalmente, para essas pessoas, deserdadas da sorte por serem doentes – disse Coronel.
As atrações no palco montado no HPSP foram o Coral Banrisul, o Grupo de Médicos e Músicos da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), a banda Vulto, Sérgio Rojas, Dorotéo Fagundes, Renato Fagundes, Antônio Flores e Gaúcho da Fronteira. Abril 2016 | VOX Medica | 45
responsabilidade social
Imagens: Patrícia Comunello
Natal na Praça Dom Sebastião
Chegada do Papai Noel Com o objetivo de proporcionar momentos saudáveis de alegria a quem está hospitalizado, principalmente as crianças, o Sindicato Médico tem promovido o Natal na Praça desde 2011. Incluindo apresentações musicais e a chegada do Papai Noel, o evento, realizado na Praça Dom Sebastião, em frente ao Museu de História da Medicina (MUHM), virou tradição. Em 2015, centenas de pessoas acompanharam as atrações e confirmaram o sucesso da iniciativa, que agora faz parte do calendário oficial dos eventos de fim de ano da capital gaúcha.
O Papai Noel chegou depois de descer pelas paredes do prédio do Hospital Santo Antônio. Crianças e adultos vibraram com a cena do velhinho percorrendo um corredor iluminado até o palco. Realização do SIMERS e do MUHM, com apoio de diversos parceiros e da Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet),
As atrações musicais da quinta edição foram a Orquestra Rosariense, os corais da Associação Cultural Italiana do Rio Grande do Sul (ACIRS), da Santa Casa e da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), além da Camerata Mansão Musical.
o Natal na Praça, que nasceu para alegrar as crianças do Hospital Santo Antônio, hoje envolve toda a comunidade.
Público prestigiou o evento
Abril 2016 | VOX Medica | 47
premiação
O mais lembrado
e o preferido SIMERS recebeu a certificação do Prêmio Marcas de Quem Decide no ano em que, pela primeira vez, a categoria sindicato foi pesquisada
O
Sindicato Médico foi agraciado
Em solenidade no Centro de Eventos do
na 18ª edição do prêmio
Hotel Plaza São Rafael, o presidente do
Marcas de Quem Decide,
SIMERS, Paulo de Argollo Mendes, recebeu
promovido pelo Jornal do
o certificado.
Comércio e pela Qualidata, como o sindicato mais lembrado e o preferido.
O Sindicato Médico venceu na primeira vez em que a categoria foi pesquisada. Este resultado corrobora o trabalho que vem sendo realizado nos últimos anos na construção e fixação da marca SIMERS.
Imagens: Elio Bandeira
Argollo (3º a partir da dir.) representou o Sindicato na cerimônia
Os serviços na entidade são pautados em três frentes: atuação político-sindical, social e serviços de atendimento ao médico. Nas duas últimas décadas, o Sindicato ampliou os serviços por meio de uma visão moderna, levando aos associados todo o suporte político, jurídico, administrativo e de aprimoramento profissional. Em 2014, a entidade atingiu a marca inédita de 15 mil sócios.
Essa premiação significa uma mudança de patamar. A sociedade nos reconhece não só como entidade sindical, que luta pelo interesse de seus associados, mas como uma instituição que defende os interesses da comunidade. Paulo de Argollo Mendes, presidente do SIMERS
Este reconhecimento, contudo, transcende a relação com os sócios e revela como a entidade é percebida pela sociedade: na condição de defensora da saúde. Isso é fruto das posições fortes e marcantes defendidas pelo SIMERS por meio de pronunciamentos de seus diretores, de ferramentas de comunicação e de comunicados na mídia.
Abril 2016 | VOX Medica | 49
premiação
MAIS SOBRE O PRÊMIO A pesquisa da Qualidata é realizada junto a um público qualificado, constituído por gestores de negócios e executivos de organizações, profissionais liberais e formadores de opinião distribuídos em mais de 40 dos principais municípios do Rio Grande do Sul. Por isso, o levantamento usa a expressão “marcas de quem decide”.
A Gerdau foi a Grande Marca Gaúcha de 2016, liderando nas avaliações preferência e lembrança, bem como em responsabilidade social. Já a Tramontina ficou na segunda posição em Grande Marca Gaúcha, tanto em preferência como em lembrança.
Premiações recentes A dedicação e o trabalho do SIMERS têm sido reconhecidos pela sociedade. Confira outras distinções recebidas recentemente: Top de Marketing, conferido pela ADVB-RS, pelo case De 2 mil a 15 mil associados, o resultado da excelência em gestão do SIMERS. Top Cidadania, conferido pela ABRH-RS, e Prêmio Ser Humano, da ABRH nacional, pela iniciativa de promover o Trote Solidário.
50 | VOX Medica | Abril 2016
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Abril 2016 | VOX Medica | 51
panorama
Saúde mental no FSM
Camila Ferro
Dentro da programação do Fórum Social Mundial 2016, a Associação Brasileira dos Usuários de Sistemas de Saúde (Abrasus) recebeu os psiquiatras e diretores do Sindicato Médico Bruno Costa e Roberta Grudtner (foto). O debate Desafio da Saúde Mental foi mediado pelo também diretor do SIMERS Germano Bonow. As presidentes da Abrasus, Terezinha Alves Borges, e da Sociedade de Apoio ao Doente Mental, Carmen Lia Silveira Marino, e o voluntário do Centro de Valorização da Vida, o médico Vitor Alfredo Stumpf, prestigiaram o painel aberto à população.
Dia da Mulher
Letícia Heinzelmann
A vice-presidente do SIMERS, Maria Rita de Assis Brasil (dir.), e a presidente da Associação Brasileira dos Usuários de Sistemas de Saúde (Abrasus), Terezinha Borges, foram homenageadas no Dia Internacional da Mulher, em solenidade na Câmara Municipal de Porto Alegre. A cerimônia destacou 16 cidadãs que prestam trabalho humanitário, em prol do desenvolvimento social, cultural e econômico da capital.
52 | VOX Medica | Abril 2016
Elio Bandeira
Palestra em aula inaugural na FURG A vice-presidente do Sindicato Médico, Maria Rita de Assis Brasil, proferiu a palestra Internet e a Relação Médico-Paciente na aula inaugural do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), em Rio Grande. O evento contou com a presença de cerca de 40 estudantes.
Camila Ferro
Bonow autografa na Feira do Livro O diretor do SIMERS e médico sanitarista Germano Bonow participou da 61ª Feira do Livro de Porto Alegre autografando a obra Na fronteira da medicina: um médico no interior da Amazônia. Bonow narra sua experiência na pequena cidade de Benjamin Constant, no Amazonas, na década de 1960.
Abril 2016 | VOX Medica | 53
números
Famílias gastam mais que governo com saúdE Os gastos com saúde das famílias brasileiras superam os investimentos no setor das três esferas de governo – federal, estadual e municipal. É o que revelou a pesquisa Conta-Satélite de Saúde 2010-2013, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dos R$ 424 bilhões gastos com bens e serviços relacionados à saúde em 2013, 55% foram despendidos pelas famílias. Esse número segue tendência observada desde 2010, quando o levantamento foi iniciado.
Estranho, não? O Sistema Único de Saúde, em tese, oferece acesso integral e universal à população brasileira. Os números demonstram uma realidade bem diferente.
Gastos com saúde (per capita) R$ 1.162,14 Famílias brasileiras
R$ 946,21 Governo (municípios, estados e País)
Principais despesas das famílias Serviços privados (planos de saúde e atendimentos particulares)
R$ 702,97
per
capita
Compra de remédios
R$ 390,84 capita
Shutterstock
54 | VOX Medica | Abril 2016
per
Lutas
Indiferença Descaso Desrespeito É assim que médicos e pacientes do Sistema Único de Saúde são tratados (ou destratados) em Porto Alegre
• • • • • • • •
Unidades de saúde no centro da guerra do tráfico Médicos assaltados enquanto atendem nos consultórios 50% dos postos de saúde com registros de violência Unidades sem guardas, câmeras de segurança ou botão do pânico E, também, sem vacinas e medicamentos Pacientes internados em sofás, cadeiras, ou mesmo deitados direto no piso Postos de saúde alagados a cada chuva Equipamentos quebrados
Shutterstock
A realidade é triste:
Abril 2016 | VOX Medica | 55
Lutas Segurança
Violência explode na Vila Cruzeiro
Médicos deflagram estado de greve e exigem que pronto-atendimento seja transferido de local. Agressões, tiroteios e assaltos dispararam neste início de ano
M
edo e insegurança
A partir do final de fevereiro,
voltaram com força
a situação piorou muito. No dia 28,
a dominar o Pronto
confronto entre grupos criminosos
Atendimento Cruzeiro do Sul
espalhou terror no interior da
(PACS), na zona sul de Porto
unidade de saúde depois que um
Alegre. Os médicos têm enfrentado
tiroteio resultou em feridos, alguns
quase que diariamente uma
dos quais levados para atendimento
situação de insegurança, com
no local. A emergência fechou.
tiroteios e vítimas de arma de fogo.
Pacientes e profissionais ficaram sob a mira das armas dos criminosos. – Os pacientes estavam alvejados com tiros de metralhadora. As pessoas se esconderam nos banheiros – recordou um dos médicos que tentava trabalhar em meio ao caos. A sala onde ficam mais de 10 cilindros de oxigênio teve a janela perfurada de bala, com risco de explosão.
56 | VOX Medica | Abril 2016
Patrícia Comunello
Momentos da assembleia dos médicos do PACS, que aprovou estado de greve
No fim da noite, um novo
Um dia antes, 23, um idoso
tiroteio, em frente à unidade,
morreu e outras três pessoas
elevou a tensão e o medo.
ficaram feridas após serem
– A situação na Vila Cruzeiro é de extrema gravidade. O serviço não pode continuar aberto – advertiu Paulo de Argollo Mendes, presidente do SIMERS. Terror em fevereiro Este foi o pior, mas não o único dia violento. Em 24 de fevereiro, quatro postos de saúde da capital, entre eles o PACS, tiveram que fechar mais cedo devido à insegurança e ao medo de troca de tiros.
baleadas próximo ao prontoatendimento. A região vem registrando vários tiroteios, desde o início deste ano, resultado do conflito entre facções. Na mesma região, um médico foi assaltado com arma na cabeça dentro de um consultório da UBS Vila Cruzeiro, enquanto atendia uma gestante. O ladrão
a Im
ns:
ge
e ut t Sh
k oc
r st
fugiu a pé, levando carteira e celular do médico. A violência na área não dá trégua.
Abril 2016 | VOX Medica | 57
Lutas
Segurança
Triste histórico
Geral Permanente. A condição
Em 25 de setembro do ano
permite tomar medidas mais
passado, episódio semelhante
fortes a qualquer momento.
provocou o fechamento do PACS (houve tiroteio e morte em frente à unidade na guerra de traficantes), e a posição da categoria era de só voltar a atender com a garantia de segurança. De lá para cá, a insegurança é crescente e a proteção, quase inexistente. Deliberação da assembleia Diante desta situação, a categoria aprovou estado
reivindicam a retirada do pronto-atendimento da conflagrada Vila Cruzeiro.
– O risco à vida de médicos, funcionários e pacientes é constante. Não podemos continuar lá. Queremos transferir a estrutura para outro local, para que os serviços e a assistência à população sejam garantidos – explica o diretor do SIMERS Jorge Eltz.
Sh ut t er s
to c k
de greve e Assembleia
Os profissionais também
Médica faz desabafo no Facebook “Novo tiroteio no entorno do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul, onde eu estava de plantão! Dois baleados, um por acaso e outro por motivo, levados para atendimento, e mais três ou oito mortos na rua. Informações imprecisas. Samu só pode sair de lá com um dos baleados escoltado pela BM, que só chegou ao local 1h30 depois de chamada! Pânico total, servidores e pacientes correndo pelos corredores para se esconder! ATÉ QUANDO??? ATÉ QUANDO AS AUTORIDADES VÃO EXPOR E EXIGIR QUE MÉDICOS E DEMAIS PROFISSIONAIS DO SUS ESTEJAM À MERCÊ DE BANDIDOS ARMADOS ATÉ OS DENTES, ENQUANTO TENTAM FAZER O SEU TRABALHO????? CHEGAAAAAAAAAAAA!!!!!”
58 | VOX Medica | Abril 2016
O Sindicato Médico solicitou à
Outra cobrança é que a
Secretaria Municipal de Saúde
administração do PACS libere
que formalize as ações que
as imagens das 41 câmeras
anunciou após estes últimos
de vídeo internas do Postão,
acontecimentos: patrulha 24
para comprovar as cenas de
horas da Guarda Municipal (GM)
pânico que são registradas a
e seguranças na área interna.
cada ataque.
A vigilância permanente,
– O secretário de Saúde disse
conforme determinação da
que não houve nada disso.
Justiça após os episódios de
Então, ele que mostre as
violência de setembro, não
imagens – cobrou Eltz.
É consenso que o local não é seguro, que a autoridade pública não consegue controlar a situação. Jorge Eltz, diretor do SIMERS
estava sendo feita.
Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul é sinônimo de insegurança
Letícia Heinzelmann
Abril 2016 | VOX Medica | 59
Lutas
Segurança
Arquivo SIMERS
– Entre 23 e 28 de fevereiro, foram pelo menos três episódios de tiroteio com feridos. O que antes ocorria a cada ano, agora é quase diário – desabafou um médico, que admite ter medo de ir trabalhar no local.
Muitos profissionais cogitam parar de atuar no Postão e outros já se inscreveram em banco de remanejo, para serem transferidos a outras unidades onde não se coloquem vidas em risco. Além disso, o Sindicato cobra que as câmeras sejam integradas ao centro de monitoramento da Guarda Municipal e da Brigada Militar. Enquanto ocorria a assembleia no SIMERS, médicos que estavam de plantão no PACS informaram que nova troca de tiros havia sido ouvida na região. Fotos de perfurações Janela do PACS perfurada por tiro de metralhadora
feitas por munição de metralhadora em janelas foram apresentadas na plenária, comprovando os estragos dos últimos ataques.
Problemas no sistema de som também geram insegurança A segurança em um posto de saúde vai além da vigilância desempenhada pela Brigada Militar ou pela Guarda Municipal. A falta de estrutura do estabelecimento também acaba colocando a vida dos pacientes e dos profissionais em risco. Um exemplo claro disso é a confusão que se instalou em dezembro por causa de um problema técnico no sistema de som do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul. Os pacientes não escutavam a chamada para consultas, gerando grande tumulto. A GM precisou ser chamada ao estabelecimento. Situação idêntica havia ocorrido em 2007, no mesmo local, quando se estabeleceu uma enorme confusão, que resultou em pessoas machucadas.
60 | VOX Medica | Abril 2016
Apedido publicado nos jornais de Porto Alegre
APEDIDO
VIOLÊNCIA NO POSTÃO DA CRUZEIRO
Diante dos níveis insuportáveis de violência no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS), o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul e os médicos plantonistas comunicam as medidas protocoladas nesta quarta-feira (2/3/2016) no Gabinete do Prefeito de Porto Alegre: 1. O PACS deve sair da zona de tráfico e ir para local seguro, de fácil acesso à população da Zona Sul. 2. Enquanto se faz a transição do Postão a outro local, são exigidas condições mínimas de trabalho e segurança. 3. Os médicos aprovaram estado de greve e assembleia geral permanente. 4. Foi requisitado ao Secretário Municipal de Saúde que formalize em um documento as garantias prometidas aos plantonistas, em reunião na segunda-feira (29/2/2016). Os médicos estão mantendo a assistência, só não querem colocar em risco a sua vida e a dos seus pacientes.
A Verdade faz bem à Saúde. Dr. Paulo de Argollo Mendes Presidente
Porto Alegre, 3 de março de 2016.
Dra. Maria Rita de Assis Brasil Vice-presidente
Abril 2016 | VOX Medica | 61
Lutas
Segurança
Porto Alegre sitiada Confrontos também assustam na Bom Jesus
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k oc r st
Situação semelhante à da Vila Cruzeiro acontece na Bom Jesus. A violência gerada por brigas entre facções rivais tem levado pânico aos funcionários e pacientes do posto de saúde da região. O Sindicato
A entidade médica pede que as rondas feitas pela Brigada Militar ao redor do Bom Jesus sejam intensificadas e, também, a presença diária da Guarda Municipal na porta do local.
Médico esteve no 11º Batalhão da Polícia Militar e entregou um
Na ocasião, o diretor do SIMERS
ofício solicitando mais segurança
Germano Bonow enfatizou a
no pronto-atendimento e nas
necessidade da entidade, a pasta,
intermediações. Representantes
a GM e a BM trabalharem cada
da Guarda Municipal, da Secretaria
vez mais unidas para enfrentar a
Municipal de Saúde e da
violência nos postos de saúde.
coordenação do Centro de Saúde Bom Jesus também estiveram presentes na reunião. Juliane Soska
A violência nos preocupa. Temos feito muita pressão junto a autoridades em vários níveis, nas esferas municipal e estadual. Infelizmente, o resultado é pífio. Paulo de Argollo Mendes, presidente do SIMERS
Bonow e Helbio: Sindicato reivindica Guarda Municipal armada no PA da Bom Jesus
62 | VOX Medica | Abril 2016
Guilherme Tubino
Sindicato Médico pressiona a Brigada Militar pedindo mais segurança no PA Bom Jesus
O major da BM Luciano Moritz
Helbio respondeu que o setor está
garantiu que a instituição
fazendo rondas com mais frequência,
fará o que for possível para
mantém contato direto entre os guardas
fornecer proteção.
por meio de mensagens instantâneas
Bonow também visitou o secretário-adjunto de Segurança de Porto Alegre, João Helbio, reivindicando a permanência da Guarda Municipal armada no local.
e vem atendendo aos chamados nas regiões vulneráveis com agilidade. Também garantiu que irá avaliar outras ações, como o deslocamento de uma guarnição localizada nas imediações. O diretor do SIMERS esteve em contato, ainda, com o comandante-geral da corporação, Luiz Antônio Pithan.
Conforme levantamento do Diário Gaúcho, quase 40% das vítimas em guerra de facções não tinham relação com a criminalidade, o que assusta ainda mais os médicos e outros profissionais que precisam trabalhar diariamente em regiões de conflito
Abril 2016 | VOX Medica | 63
Lutas
Segurança
Simers cobra segurança Unidades de saúde estão no centro da guerra de traficantes em Porto Alegre A maior incidência de casos
– Dois brigadianos em frente
de violência envolvendo as
aos postos proporcionariam
imediações e instalações
tranquilidade – defende Paulo
de postos de saúde em
de Argollo Mendes, presidente
Porto Alegre tem levado o
do SIMERS, acrescentando
Sindicato Médico a reforçar a
que os profissionais se negam
reivindicação da presença de
a trabalhar na periferia pela
policiamento armado nesses
falta de segurança.
locais, rondas constantes da Brigada Militar, instalação de botões de pânico e de câmeras de videomonitoramento, assim como aumento no efetivo da Guarda Municipal.
a Im
e ut t Sh : s n
k oc r st
ge
Conforme o dirigente sindical, cerca de 60% dos médicos aprovados em concurso não querem atender em postos de saúde em razão dos riscos.
Efetivo da Guarda Municipal Para o presidente do SIMERS, é ridículo ter apenas 200 guardas municipais em Porto Alegre, mesmo número de Novo Hamburgo. – A capital precisa ter efetivo cinco vezes maior. Mas o município fez concurso público para apenas dez vagas. É um deboche – afirmou Argollo.
64 | VOX Medica | Abril 2016
As ações propostas pelo SIMERS Guarda Municipal.
1
Presença permanente da Brigada Militar nas proximida-
4
des das unidades. A exemplo
atendimento devem ter monitora-
dos estádios de futebol, que
mento com gravação permanente,
recebem policiamento, as
para identificar eventuais agressores.
unidades de saúde são locais
O Sindicato entende que o anoni-
de aglomeração com potencial
mato estimula o comportamento
de conflito, devido aos
violento.
ânimos exaltados.
2
Grupo de Trabalho com a
5
Secretaria Estadual de Segu-
que o atendimento de saúde
3
Instalação de botão de pânico nos postos de saúde sob a responsabilidade da Guarda Municipal.
rança Pública. A parceria está buscando alternativas para
Instalação de câmeras internas nas unidades de saúde. Os locais de
6
Aumento do efetivo da Guarda Municipal da capital – dos 497 ho-
se dê em condições mais
mens, 160 são operacionais e estão
seguras.
armados, os demais estão prestes a se aposentar. Seriam necessários
Instalação de câmeras
1,5 mil guardas, mas o edital para
externas 360º no entorno
concurso público prevê dez vagas.
das unidades de saúde. As prefeituras de Porto Alegre e de outras cidades com his-
7
Estudo para adequação das unida des visando à segurança. Muitos
tórico de violência em postos
postos são improvisados em prédios
devem garantir o videomo-
já existentes, não pensados para o
nitoramento, com espelha-
atendimento de saúde. As prefeituras
mento no Centro Integrado de
devem revisar as estruturas físicas
Comando da Brigada Militar,
com vistas à segurança, evitando
Secretaria
invasões e facilitando a saída
de Segurança Pública e
em caso de emergência.
Abril 2016 | VOX Medica | 65
Lutas
Segurança
Medidas práticas 70% dos postos de saúde da capital terão botão de pânico
ck vra sto ala tt er a P u d Sh lma m A e ag r te Im m a o c
Em reunião com a direção do SIMERS,
Os gestores apresentaram ainda
a Guarda Municipal de Porto Alegre
uma nova forma de comunicação
informou que foi realizada licitação
que vem sendo usada entre os
para instalação do chamado botão de
comandos regionais da GM e
pânico em postos de saúde da capital,
os coordenadores de postos e
recurso que permite a comunicação
escolas municipais: o WhatsApp.
direta de casos de violência à
São criados grupos locais
corporação. Segundo o comandante
para tratar especificamente de
Luiz Antônio Pithan, o equipamento
casos de violência, seja uma
estará em funcionamento em 70% dos
situação de risco eminente ou
locais a partir de março. Ele explicou
mesmo uma intercorrência em
que a cobertura cabe à Secretaria
que o profissional não tenha
Municipal de Saúde e que há interesse
condições de falar ao telefone. Os
da pasta em ter o dispositivo em todas
coordenadores contam, ainda, com
as unidades.
o 0800-6460153 e os telefones
Segundo os responsáveis pela
diretos dos comandos regionais.
segurança municipal, a instalação
O SIMERS solicitou que os
de câmeras de vigilância dentro dos
médicos – não apenas os
postos também seria uma atribuição
coordenadores de postos –
da pasta da Saúde. Hoje, apenas o
também tenham acesso às linhas
Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul é
diretas com os guardas municipais.
monitorado. Bonow (segundo da esq. para dir.) conhece a sala de monitoramento da Guarda Municipal
66 | VOX Medica | Abril 2016
Letícia Heinzelmann
Assalto no Samu SIMERS cobra providências junto às secretarias de Saúde e Segurança do Estado A Central Reguladora do
O Sindicato Médico
Serviço de Atendimento
solicitou à Brigada
Móvel de Urgência (Samu),
Militar, imediatamente
localizada no bairro Partenon,
após o ocorrido, que
em Porto Alegre, foi assaltada
disponibilizasse uma viatura
três vezes em 40 dias. Na
para fazer ronda na região
última vez, foram levados
durante a noite. A entidade
os computadores. Os
também entregou ofício
funcionários ressaltam a
cobrando providências às
insegurança: não há sequer
secretarias estaduais da
chaves nas fechaduras das
Saúde e da Segurança.
Não há sequer chaves nas fechaduras das portas
portas. O único segurança que trabalha no local não
www.fiatpress.com.br
possui porte de arma.
Abril 2016 | VOX Medica | 67
Lutas
Segurança
Em Rio Grande, violência à luz do dia Bandidos atacaram postos de saúde em pleno horário de funcionamento Como o SIMERS já vinha
Ao longo do ano passado, o Sindicato
alertando, as armas dos vigilantes
esteve diversas vezes na cidade,
dos postos de saúde de Rio Grande
tratando o assunto junto às autoridades
têm sido um atrativo extra para
locais, em parceria com o Sindicato
os ladrões. Ataques constantes
Médico de Rio Grande (SIMERG).
visam a esses equipamentos.
O prefeito, Alexandre Lindenmeyer,
Em janeiro, foram dois casos. O posto São João Roberto Socoowski sofreu uma tentativa de assalto à tarde. O vigilante reagiu, não permitindo que a arma fosse roubada, mas houve troca de tiros em pleno horário de funcionamento da unidade. Nenhum paciente se feriu, e os bandidos fugiram. Na mesma semana, o segurança do posto de saúde Vila São Miguel foi surpreendido. Os pacientes foram poupados: o objetivo era apenas a arma, que foi
Imagens: Shutterstock
levada.
68 | VOX Medica | Abril 2016
comprometeu-se em ampliar o sistema de videomonitoramento dos postos. Pelo menos oito casos de ataques e situações de violência foram registrados nas unidades do município em 2015.
Monitoramento em Santo Ângelo SIMERS reivindica que os postos de saúde recebam câmeras de vigilância Representante do Sindicato Médico esteve na Secretaria de Saúde de Santo Ângelo para debater a instalação de câmeras de vigilância nos postos de atendimento do município. Também participaram da reunião representantes do Poder Executivo e da Brigada Militar.
O projeto de colocar câmeras de videomonitoramento em diversos locais da cidade levou a entidade médica a propor que os postos de saúde também sejam contemplados com os equipamentos, como uma política de prevenção. – Entendemos que essas câmeras podem inibir ações violentas, além de auxiliar o trabalho da Brigada Militar – disse o delegado do SIMERS na cidade, Aroldo Schmitt. Por outro
Câmeras de vigilância nas unidades de saúde são uma segurança para médicos e população
lado, o secretário de Saúde, André da Silva Kissel, opinou que a solução seria contratar vigilantes. – O ideal seria contar com um vigilante em cada local, garantindo a segurança dos servidores e da população – afirmou Kissel, tendo a sugestão corroborada pelo tenente da BM Cloveni Lugo. O secretário prometeu empenho em solucionar a questão. Uma das alternativas seria unir forças com outros órgãos, como a Receita Federal, que poderia contribuir com os equipamentos, enquanto a pasta assumiria os custos de instalação e manutenção.
Abril 2016 | VOX Medica | 69
Lutas
Shutterstock
PREVENÇÃO
Romaria
em busca de vacinas Atraso na distribuição do Ministério da Saúde e falta de acondicionamento adequado prejudicam a população
O
ano começou com um novo
O interior também sofreu com
problema para a população
a dificuldade. Em Passo Fundo,
brasileira: a falta de vacinas.
faltavam doses para hepatite B e
Em Porto Alegre, receber uma dose
raiva, além de soro antiofídico.
da vacina antirrábica ou as três
Em Pelotas, o problema atingiu 51
contra a hepatite B era praticamente
postos de saúde. Em Santa Rosa,
impossível em janeiro. Não havia
faltavam alguns tipos de vacina desde
doses contra as hepatites A e B,
o ano passado.
vacina dT adulto e dois tipos de DTP infantis, que previnem difteria, tétano e coqueluche, e também vacinas contra rotavírus e raiva, em meados de fevereiro.
70 | VOX Medica | Abril 2016
Em nota, o Ministério da Saúde admitiu as falhas na distribuição e prometeu normalizar a situação.
Equipamentos Mas esta não foi a única dificuldade para a população da capital. Outra situação também impediu a vacinação em Unidades Básicas de Saúde: a falta de equipamentos adequados para armazenagem. Em setembro do ano passado, a prefeitura iniciou a substituição das geladeiras por câmaras específicas para armazenamento, recomendadas pelo Ministério da Saúde. Os novos aparelhos conseguem manter a temperatura adequada, entre 2ºC e 8ºC, diferentemente dos equipamentos anteriores, que algumas vezes congelavam as vacinas. Ótimo, não fosse a morosidade.
A recomendação da prefeitura era procurar o serviço em outro posto da cidade. Porém, o deslocamento para outras unidades, muitas vezes, não é tarefa fácil para as mães. As distâncias podem ser longas, e assim a procura de posto em posto se torna difícil.
Camila Ferro
Segundo o Plano Nacional de Imunizações (PNI), além dos cuidados com a conservação das
Cartaz nos postos de saúde da capital virou rotina
vacinas, é indispensável melhorar o local de trabalho. Toda sala de vacina deve ter ar-condicionado. O PNI foi criado no ano de 1973 com o objetivo de coordenar as ações de imunizações.
Em visitas realizadas pelo Sindicato Médico, em janeiro, foi constatado que a UBS São José, no bairro Partenon, e a UBS Nonoai não estavam disponibilizando a imunização, pois a geladeira não havia sido instalada. A UBS Vila Ipiranga estava há três meses sem geladeira. No bairro Sarandi, a informação recebida foi de que o posto da região estava aguardando o refrigerador da prefeitura. Como a geladeira da UBS Belém Velho estava estragada, a sala de vacinas foi interditada. Nas unidades Estrada dos Alpes e
os
t Fo
bli pú
s ca
Calábria, os refrigeradores também não funcionavam.
Abril 2016 | VOX Medica | 71
Lutas
PREVENÇÃO
Calendário de vacinação
O calendário de vacinação atualmente prevê, para
crianças até 9 anos, as vacinas
BCG-ID, Hepatite B, Pentavalente, Meningocócica, Febre Amarela, Tríplice Viral, Hepatite A, Tríplice Bacteriana, Poliomielite e Tetra Viral.
Para adolescentes, são recomendadas
as da Hepatite B, dT (contra difteria e tétano), SRC (contra sarampo, caxumba e rubéola) e Febre Amarela.
Imagens: Shutterstock
Adultos e idosos devem tomar as dT, SRC, Febre Amarela, Pneumococo e Influenza. É válido ressaltar também que, ao viajar, a vacinação deve estar em dia, para prevenir contágio de alguma doença que possa estar em surto no local de destino.
72 | VOX Medica | Abril 2016
Abril 2016 | VOX Medica | 73
Lutas Hospital Universitário de Canoas
Leitos reabertos Justiça defere pedido do SIMERS e garante manutenção das vagas atuais e reabertura das fechadas
B
om senso. A Justiça de Canoas
Cível do município, determinou que a
acatou o pedido de liminar
administração municipal se abstenha
do Sindicato Médico e da
de reduzir serviços e infraestrutura da instituição e que restabeleça os
Sistemas de Saúde (Abrasus) contra
leitos fechados. Até início de junho, a
o fechamento de leitos no Hospital
totalidade das vagas deve ser reaberta.
Universitário (HU) de Canoas. A juíza
O cálculo é de que 184 vagas tenham sido
Elisabete Maria Kirschke, da 3ª Vara
fechadas no hospital.
Imagem: www.jornalnh.com.br
Associação Brasileira dos Usuários de
HU de Canoas: 184 vagas fechadas nos últimos meses
74 | VOX Medica | Abril 2016
Arquivo SIMERS
É uma vitória dos pacientes que dependem do HU. A juíza está devolvendo a milhares de pessoas o acesso à saúde. E temos que comemorar também a rapidez do Judiciário em conceder a liminar. Paulo de Argollo Mendes, presidente do Sindicato Médico
Os dados apresentados pelos autores
“Não restam dúvidas de que houve um
da ação também comprovam que os
incremento no recebimento de verbas
recursos estaduais e federais dedicados
públicas a título de cofinanciamento
aos hospitais de Canoas cresceram
hospitalar, atingindo a cifra de
em 2015, em relação ao ano anterior,
R$ 47.839.564, de janeiro a outubro
tornando injustificáveis o fechamento
de 2015, num montante superior em
de leitos e a redução de serviços na
R$ 14.159.118 aos R$ 33.680.445
cidade, referência em saúde para
recebidos no mesmo período de 2014.
outros municípios. A magistrada disse
Ante o exposto, considerando que já
compreender as dificuldades financeiras,
foi efetivada a notícia da redução de
mas lembrou que o ônus de administrar
mais 70 leitos no Hospital Universitário
os recursos cabe aos gestores.
de Canoas, defiro o pedido liminar”, argumentou a juíza em seu despacho.
Minuto SIMERS Aponte seu smartphone para o QR Code ao lado e conheça a mensagem do Minuto SIMERS sobre o HU de Canoas. O áudio foi veiculado nas rádios de Porto Alegre. Antes, é preciso baixar um aplicativo leitor de QR Code.
Abril 2016 | VOX Medica | 75
Lutas
hospital universitário de canoas
Letícia Heinzelmann
Jorge Eltz e Terezinha Alves Borges na audiência em Canoas
SEM ACORDO
forma a não reduzir o atendimento
A decisão veio após a audiência que reuniu
– declarou.
os autores da ação civil pública, SIMERS
O diretor do SIMERS Jorge Eltz
e Abrasus, com o secretário municipal
apontou que a redução de leitos
da Saúde de Canoas, Marcelo Bósio, e
em Canoas vem sendo denunciada
representantes do Sistema de Saúde Mãe
pela entidade ao Ministério Público,
de Deus, que gere o HU desde 2011, a qual
e cobrou que os recursos fossem
terminou sem acordo.
realocados das verbas de propaganda
Na ocasião, a magistrada cobrou um
e dos cargos em comissão.
compromisso efetivo em relação à retomada
A presidente da Abrasus, Terezinha
das vagas.
Alves Borges, argumentou que a saúde
– Não estamos aqui para discutir questões
não pode esperar, pois a situação,
jurídicas, mas a gravidade do fechamento
que já é grave, pode piorar se atitudes
de leitos. A saúde é uma grande queixa
como a da prefeitura de Canoas não
da população, temos que resolver isso de
forem evitadas.
76 | VOX Medica | Abril 2016
Municipários de Canoas
Descaso com os médicos Pauta de reivindicações entregue em maio de 2015 ainda não foi negociada
O
Sindicato Médico tem cobrado
Muitos profissionais têm mais de 20 anos
retorno do prefeito de Canoas,
de atuação e estão ainda no Nível 1. Outra
Jairo Jorge, a respeito das pautas
preocupação é o impacto no novo plano de
prioritárias para os médicos municipários,
carreira para servidores da prefeitura. Ainda
levadas em maio passado pelo presidente
não há esclarecimentos sobre o valor final da
do SIMERS, Paulo de Argollo Mendes. São
remuneração em cada uma das leis aprovadas.
elas: adoção do piso médico nacional da Federação Nacional dos Médicos (Fenam)
Assembleia
para jornada de 20 horas semanais,
A categoria segue mobilizada. Durante a última
simulador para cálculo do valor de salários
assembleia, ficou acordado que o Sindicato irá
no novo modelo de remuneração e garantia
lutar pelo direito de subsídio de 40 horas para
de reposicionamento no nível adequado da
os médicos que assim o desejarem e seguir
carreira, seguindo a formação e o tempo de
buscando os demais direitos dos servidores
trabalho dos médicos.
para os outros planos.
Camila Ferro
Assembleia com os municipários de Canoas: em busca dos direitos dos médicos
Abril 2016 | VOX Medica | 77
Lutas OSÓRIO
Guilherme Tubino
Negociações abertas Médicos municipários buscam melhorias na remuneração. Prefeitura se compromete a elaborar alterações no plano de carreira
78 | VOX Medica | Abril 2016
Médico do Rio Grande do Sul têm realizado
Camila Ferro
R
epresentantes do Sindicato
negociações periódicas com o prefeito de Osório, Eduardo Aluísio Cardoso Abrahão, e membros de sua gestão desde novembro de 2015, quando a categoria definiu a proposta de melhoria na remuneração. O salário dos médicos está defasado, especialmente se comparado a outras cidades do Litoral Norte, como Capão da Canoa, onde o pagamento chega ao dobro do praticado pela prefeitura de Osório para a mesma carga horária. Além disso, a parcela de insalubridade sobre o
Secretário municipal de Saúde, Emerson da Silva (esq.), com o diretor do SIMERS André Gonzales
salário caiu pela metade, de 40% para 20%, há cerca de três anos. O presidente do SIMERS, Paulo cidade, apresentando ao gestor do
Boa vontade
Executivo uma proposta de Plano
O município de Osório demonstrou boa vontade com a
de Cargos, Carreira e Vencimentos
categoria médica ao atender a algumas das demandas
(PCCV). Na ocasião, o prefeito
propostas pelo Sindicato Médico após vistorias realizadas no
sugeriu formar uma comissão para
final de 2015.
discutir o assunto, mas não houve
No posto de saúde Laranjeira, onde o SIMERS reivindicou a
avanços que contemplassem a
presença de vigilantes, um profissional foi contratado. Dos
remuneração do trabalho médico
14 estabelecimentos de saúde de Osório, nove são ESFs
na localidade. Novas reuniões com
(Estratégia de Saúde da Família). Nestes, há vigilantes.
de Argollo Mendes, já esteve na
o Executivo serão agendadas para cobrar providências.
Abril 2016 | VOX Medica | 79
Lutas residentes
Residentes da capital mobilizados
Camila Ferro
Movimento
em defesa da formação Categoria decretou nova paralisação, após meses de diálogo com o Ministério da Educação sem avanço significativo 80 | VOX Medica | Abril 2016
M
édicos residentes estão mobilizados em todo o País lutando por melhores
Confira as principais pautas 1. Alteração imediata da composição da Comissão Nacional de
condições de formação e fim da expansão
Residência Médica (CNRM) e fim da Câmara Recursal.
indiscriminada de vagas em programas
A ANMR apresentou proposta em outubro passado.
de residência. A categoria aponta ainda a
2. Plano de avaliação adequada de todos os programas de
sobrecarga de trabalho, que ultrapassa 60
residência médica, com presença de especialista da área e
horas semanais, e reivindica o reajuste da
representante dos residentes.
bolsa-auxílio (hoje, em R$ 2.956,00). O Sindicato Médico declarou apoio irrestrito ao movimento. Após cinco meses de negociação sem
3. Interrupção imediata da abertura de novas vagas ou ampliação de programas já existentes até o fim da avaliação dos programas de residência médica em funcionamento hoje.
4. Delimitação de um plano nacional estratégico de ampliação
avanços significativos, a Associação Nacional
de vagas de residência, conforme as necessidades de cada
dos Médicos Residentes (ANMR), que lidera
especialidade nas regiões do País, com ampla, efetiva e
o diálogo com o Ministério da Educação
deliberativa participação dos médicos residentes e das
(MEC), optou pela paralisação de três dias em
entidades médicas.
dezembro. O movimento foi decidido após
5. Revisão do instrumento de avaliação dos programas de
consulta eletrônica, que teve quase 90% de
residência, com participação das entidades médicas e dos
apoio e contou com a adesão de 21 estados.
médicos residentes.
Ingressaram na paralisação os residentes dos hospitais Ernesto Dornelles, Mãe de Deus,
6. Levantamento dos dados da situação financeira dos últimos cinco anos das instituições que ofereçam programas de
Materno-Infantil Presidente Vargas (HMIPV),
residência médica a ser realizado no prazo de três meses
Clínicas, Conceição e Santa Casa.
e analisado em prazo idêntico. O governo federal deverá
Em setembro, os residentes chegaram a fazer um dia de paralisação nacional, com forte adesão no Estado. Médicos de Porto
propor soluções às instituições que apresentarem cortes nos orçamentos.
7. Correção inflacionária do valor da bolsa de residência
Alegre, Canoas, Caxias do Sul, Ijuí, Rio
médica desde março de 2013 (ano do último reajuste) até
Grande, Pelotas, Passo Fundo e Santa Maria
dezembro de 2015, seguindo o Índice Nacional de Preços ao
fizeram protestos e levaram à população
Consumidor Amplo (IPCA) do período, mais 5,5% de aumento.
esclarecimentos sobre a situação dos programas.
Abril 2016 | VOX Medica | 81
Lutas
nas ruas de Porto Alegre Centenas de residentes promoveram caminhada de protesto e alerta em dezembro, na capital gaúcha. Os manifestantes, muitos com tarjas pretas no braço, ostentaram faixas e bandeiras e distribuíram panfletos esclarecendo as razões do movimento para a população. A passeata despertou a atenção de moradores, que mostraram apoio à manifestação com aplausos nas janelas dos edifícios. Leonardo Augusto Carbonera, um dos líderes da manifestação, explicou que a categoria deseja maior rigor nos programas de formação para proporcionar melhor assistência à população. – A tarja preta simboliza nossa indignação diante da ameaça à qualidade da residência médica no Brasil devido à abertura desenfreada de vagas sem análise das condições sobre a qualificação dos hospitais e de outras instituições e dos professores – detalhou Carbonera. Também em dezembro, grupos de residentes doaram sangue e mantiveram “plantão” no Parque da Redenção, durante um final de semana, para divulgar o movimento, esclarecer as reivindicações e buscar apoio da população.
82 | VOX Medica | Abril 2016
Imagens: Camila Ferro
residentes
Apedido publicado pelo SIMERS nos jornais da capital
Abril 2016 | VOX Medica | 83
Lutas
residentes
TCU quer anular ações do MEC Tribunal de Contas da União analisa o edital do Ministério da Educação que permitiu a abertura de novas faculdades de Medicina
A
ministra do Tribunal de Contas da
Há uma articulação de vários ministros do órgão
União (TCU) Ana Arraes, relatora
para tentar rever a decisão da relatora, que foi
do processo que analisa o edital do
taxativa: o governo mudou a regra no meio do
Ministério da Educação (MEC) que autoriza
jogo, o que tornou todo o processo ilegal e, por
a abertura de faculdades de Medicina no
isso, ele deve ser anulado.
País, sustentou que o procedimento deve
Para a ministra, os procedimentos adotados
ser anulado.
“descumpriram princípios basilares” da Lei de
Se a maioria dos ministros do órgão concordar,
Licitações.
ficam ameaçadas 2.290 vagas de Medicina abertas no ano passado. A decisão de suspender temporariamente o processo não foi tomada ainda porque o ministro Vital do Rego pediu vista do processo, o que suspendeu a votação.
– Admitir a publicidade posterior dos critérios de classificação propiciaria ao gestor malintencionado escolher a vencedora que lhe aprouvesse – disse a ministra em despacho.
Ao todo, o edital motivou sete ações na Justiça por parte de instituições que se sentiram prejudicadas com a mudança nas regras.
Entenda o caso Há dois anos, na esteira do programa Mais Médicos, o governo federal passou a indicar os municípios em que poderiam ser abertos cursos de Medicina. A partir dessa lista, coube ao MEC selecionar as melhores propostas de faculdades particulares interessadas na disputa. Esse processo, entretanto, motivou questionamentos na Justiça e recursos ao TCU. Inicialmente previsto para junho de 2015, o resultado final da seleção não foi confirmado devido aos processos na Justiça. O principal motivo do conflito é a exigência, prevista no edital, de “capacidade econômico-financeira” das mantenedoras. As escolas argumentam que o documento não explicitou a forma como esse critério seria avaliado, nem indicou que a tarefa caberia à FGV Projetos, contratada pelo ministério.
84 | VOX Medica | Abril 2016
Shutterstock
Ociosidade Vagas de residência para as principais especialidades médicas simplesmente não são preenchidas
A
penas 54% das vagas de
Ortopedia, Pediatria, Radiologia e
André Wajner, preceptor em
residência médica para as
Urologia. No Rio Grande do Sul,
Medicina Interna do Hospital
principais especialidades
a taxa de ocupação varia entre
Conceição, em Porto Alegre,
são preenchidas em todo o País.
40% e 49,9%, ou seja, a maioria
esse descompasso entre oferta
Os dados são de levantamento
das vagas está ociosa. Procurado
e procura de vagas acontece
feito pelo jornal O Estado de S.
pelo Sindicato Médico, o Ministério
porque muitos médicos disputam
Paulo, e dizem respeito às taxas de
da Educação disse não ter como
programas que são referência de
ocupação em Cardiologia, Cirurgia
levantar esses números.
qualidade.
Geral, Dermatologia, Ginecologia e Obstetrícia, Medicina da Família
Para o conselheiro do SIMERS
e Comunidade, Oncologia,
Abril 2016 | VOX Medica | 85
Lutas
residentes
– Há poucos hospitais com bons
A migração de estudantes pode
programas de residência, que
ser um fator para a diferença no
garantam uma boa qualidade de
número de vagas preenchidas.
formação ao profissional. Enquanto
Porém, para a Associação
isso, o governo estimula diversas
Nacional dos Médicos Residentes
vagas de residência em atenção
(ANMR), os fatores mais decisivos
primária, pagando até melhor, mas
para a pouca procura são a baixa
que não são atrativas, pois não
qualidade dos cursos e o valor da
garantem independência e retorno
bolsa-residência.
profissional, estando geralmente vinculadas a governos e sem um plano de carreira que garanta estabilidade – opinou o médico. Também ocorre disputa de mercado de trabalho entre as residências de atenção primária e médicos sem especialidade, estimulada pelo próprio governo. – Mesmo que o valor das bolsas de residência tenha até melhorado nos últimos anos, ainda fica abaixo dos salários pagos em áreas em que não são exigidas especialidades e oferecem menores jornadas de trabalho. Uma bolsa em residência está muito abaixo dos R$ 10 mil pagos aos profissionais que atuam pelos
Um dos estados com menor adesão aos programas de residência é Minas Gerais, líder em número de cursos de Medicina no País. Já São Paulo figura entre as maiores ocupações, embora nenhuma
“Atualmente, a residência médica tem sido desqualificada pelas medidas recentemente implantadas que, na maioria dos casos, preveem a abertura em massa de vagas sem estrutura física e pedagógica compatíveis para o estabelecimento de um padrão mínimo de qualidade”, avalia, em nota, a ANMR.
unidade federativa alcance
Enquanto o governo federal
para fixação de médicos em
propõe que, a partir de 2018, a
áreas mais afastadas dos
residência em Atenção Básica seja
grandes centros urbanos. O
pré-requisito para a maioria das
problema é que 81% delas
especializações, a Medicina da
estão nas regiões Sul e
Família ainda é pouco atrativa para
Sudeste, o que, segundo a
os recém-formados.
pasta, teria relação com o
programas Mais Médicos e de
– Não adianta criar novas
Valorização dos Profissionais
vagas em áreas em que não há
da Atenção Básica (Provab) –
estrutura adequada para formação
completou Wajner.
profissional. Um plano de carreira diminuiria esse descompasso – defendeu Wajner.
86 | VOX Medica | Abril 2016
Pelo País
70%. É justamente este estado que concentra metade de todas as vagas de residência criadas no último ano.
Discrepância Em 2014, o MEC autorizou a criação de 71.873 vagas de residência como medida
tamanho da população e com a procura em cada estado. Ainda assim, há enorme discrepância de atração entre as especialidades.
Taquara
Hospital Bom Jesus retoma atividades Sem receber salários, médicos chegaram a interromper a assistência. A situação foi normalizada após a gestão da instituição garantir os pagamentos
A
pós intensa
foi interrompida apenas
negociação do
por total falta de perspectiva
Sindicato Médico,
dos pagamentos.
a prefeitura de Taquara e o Sistema de Saúde Mãe de Deus assumiram o compromisso de quitar os honorários dos profissionais do corpo clínico do Hospital Bom Jesus. Diante da proposta, os médicos retomaram as atividades que estiveram suspensas por duas semanas. Os valores em atraso correspondem aos meses de novembro (débito de 40%), dezembro, janeiro e fevereiro. suspensão do atendimento
Houve muitas tentativas de negociar e evitar a paralisação. Foi dado aviso prévio de 30 dias à administração e, mesmo sem resposta, os médicos mantinham a assistência, que
O SIMERS comunicou a situação ao Conselho Regional de Medicina (Cremers), que reconheceu o movimento como ético.
O atraso nos salários virou rotina no Bom Jesus. Em 2015, o Sindicato Médico já havia feito notificação de aviso prévio, e, na ocasião, a direção colocou em dia os pagamentos. Mudança de gestão
– Os profissionais estavam
Após o acordo com os médicos, a administração municipal anunciou a mudança na gestão do Bom Jesus. O Instituto de Saúde e Educação Vida (ISEV), de Porto Alegre, assumirá a instituição.
trabalhando normalmente,
Conforme o prefeito de
mesmo sem receber. É um
Taquara, Tito Lívio Jaegger
desrespeito completo à
Filho, o hospital é referência
categoria – ressaltou
na região e atende cerca de
Paulo de Argollo Mendes,
30 mil pessoas por mês.
São cerca de 40 profissionais, nas especialidades de anestesia, clínica geral, traumatologia, cirurgia geral, terapia intensiva e emergência, pediatria, ginecologia e obstetrícia, otorrinolaringologia, oncologia e psiquiatria.
presidente do SIMERS.
Abril 2016 | VOX Medica | 87
taquara
Lutas
Apedido publicado nos principais jornais da regiĂŁo
88 | VOX Medica | Abril 2016
Elio Bandeira
Reunião ocorreu na sede da Secretaria Estadual da Saúde
Debate na SES Encontro na sede da Secretaria Estadual
Vereadores e do hospital estiveram
da Saúde (SES) discutiu a grave crise
presentes e decidiram formar um grupo
econômica do hospital. O secretário João
de trabalho para avaliar os repasses
Gabbardo dos Reis, o prefeito do município,
financeiros do governo do Estado, já que
Tito Lívio Jaeger Filho, representantes
existem divergências entre os números da
do Sindicato Médico, da Câmara de
SES e da prefeitura.
Os médicos do corpo clínico fundaram, em assembleia geral no dia 15 de março, a Associação dos Médicos do Hospital Bom Jesus
Abril 2016 | VOX Medica | 89
Lutas POLOS REGIONAIS A estrada é a rotina dos representantes do Sindicato Médico. A atuação do SIMERS abrange todo o Estado e, por isso, a equipe está sempre percorrendo centenas de quilômetros e visitando todas as cidades em que os médicos demandam assessoria jurídica, política e informações
Arquivo SIMERS
442 Km
497 Km
Alegrete Noventa dias de atraso nos salários Os médicos do Hospital Santa Casa de Caridade de Alegrete estão sem receber seus salários, honorários e produções há mais de três meses, sem perspectivas para o pagamento. O Sindicato Médico notificou a instituição para que pague imediatamente os valores em atraso, sob pena de ajuizamento de ação judicial.
90 | VOX Medica | Abril 2016
Elio Bandeira
Santo Antônio da Patrulha
82 Km
Categoria em greve Médicos municipários de Santo Antônio da Patrulha estão com os serviços paralisados, mantendo 30% do atendimento. A categoria, que reivindica reajuste salarial e melhorias nas condições de trabalho, tomou a decisão após mais uma reunião com o prefeito do município, o médico Paulo Roberto Bier, com a participação do Sindicato Médico. No encontro, o prefeito sinalizou com a criação de um plano de cargos e salários
– O prefeito apresentou uma proposta que não tinha viabilidade prática. Dessa forma, os médicos decidiram entrar em greve – salientou o diretor do SIMERS Jorge Eltz, que acompanhou o encontro.
para a categoria e sugeriu que seja criado um grupo de trabalho para avaliar a proposta.
Eltz reforçou a necessidade de valorização dos profissionais
No entanto, mesmo que a lei seja aprovada neste
e citou que o Sindicato tem levado às prefeituras os planos
ano, a mudança só valeria a partir de 2017. No
de cargos, carreira e vencimentos que buscam avanços na
total, são 12 médicos ligados ao município.
condição de trabalho e na prestação de assistência.
Passo Fundo
298 Km
Darlan Corral – Panoramio
Reajuste de 10% Os atendimentos realizados pelo convênio da prefeitura de Passo Fundo, a Capasemu, tiveram reajuste de 10% em janeiro. Assim, as consultas médicas passaram de R$ 70 para R$ 77. Para o delegado do Sindicato Médico na região, Carlos Madalosso, trata-se de uma conquista importante diante da atual conjuntura econômica.
Abril 2016 | VOX Medica | 91
Lutas
POLOS REGIONAIS
124 Km Tramandaí Falta de obstetras no plantão do hospital Ação do Sindicato Médico restabeleceu o número
A instituição contava com dois especialistas da área no
de profissionais no plantão obstétrico do Hospital
plantão, porém esse número foi reduzido em outubro
Tramandaí (HT). Em novembro, apenas um
devido a cortes financeiros, como o do novo contrato
especialista ficava encarregado, enquanto o Conselho
com o governo estadual, que subtraiu R$ 900 mil do
Regional de Medicina orienta dois profissionais,
orçamento mensal do hospital, e os recursos da Operação
especialmente em hospitais de grande porte e
Verão, os quais sofreram redução de 40%. Apesar
forte demanda (a instituição é referência para 23
das dificuldades financeiras, um novo profissional foi
municípios). O SIMERS pediu esclarecimentos à
contratado para o plantão obstétrico em dezembro.
direção do HT.
De acordo com o diretor-administrativo do hospital, Luis Genaro Figoli, são realizados, em média, 120 partos por
Juliane Soska
mês no local. No verão, esse número pode chegar a 160.
92 | VOX Medica | Abril 2016
439 Km Dom Pedrito Médicos da Santa Casa têm contratos de sobreaviso renovados Mais uma negociação intermediada
Entenda o caso
pelo Sindicato Médico em Dom
Em novembro passado, médicos se reuniram e decidiram que o SIMERS
Pedrito terminou com resultado
enviaria notificações para Santa Casa, prefeitura, Secretaria Municipal
positivo. A entidade conseguiu
da Saúde, Ministério Público Estadual e Conselho Regional de Medicina
regularizar a situação dos médicos
(CREMERS) alertando para o impasse sobre a prorrogação do contrato de
na Santa Casa de Caridade. Depois
sobreaviso nas áreas de cirurgia geral, pediatria e obstetrícia. A indefinição
do impasse no fim do ano, quando
atingia a prestação de assistência em 2016.
chegou a ser cogitada a suspensão
O Sindicato Médico também noticiou, em apedido publicado nos jornais
dos plantões de sobreaviso, um
locais, que a suspensão dos serviços ocorreria diante da falta de resposta
acordo entre a entidade médica e
da Santa Casa. A medida não foi necessária. No início de janeiro, em nova
o hospital garantiu a manutenção
reunião entre médicos e a direção do hospital, foi assegurada a assinatura
dos serviços e, ainda, a prorrogação
de contrato com a prefeitura, o que garantiu recursos necessários
do contrato de sobreaviso das
à manutenção do sobreaviso ao longo deste ano. O documento foi
especialidades básicas em 2016.
oficializado, com vigência até 31 de dezembro de 2016.
Abril 2016 | VOX Medica | 93
Lutas
POLOS REGIONAIS
Arquivo SIMERS
442 Km Santo Ângelo Sindicato garante a contratação de três médicos Após muita pressão do Sindicato Médico, o
O fechamento dos postos de saúde aos finais
Hospital Santo Ângelo contratou mais três
de semana agrava a situação. No final de 2015,
médicos para sua equipe de sobreaviso e escalas
ocorreram registros de agressões a profissionais
de plantão.
devido ao tempo de espera. Os casos foram
O SIMERS estava denunciando desde janeiro a
denunciados pelo SIMERS às autoridades e à
situação na instituição, que contava com apenas
população, por meio de apedido.
um médico presencial para atender emergência,
O Sindicato seguirá atuando perante a prefeitura
urgência e pacientes internados oriundos de 23
de Santo Ângelo, na luta pela melhoria de
municípios da região noroeste.
condições de trabalho e atendimento no hospital,
Para o representante sindical Aroldo Schmitt, esta
assim como pela regularização dos pagamentos
é uma vitória parcial.
dos funcionários, há três meses em atraso e
– O ideal seria contar com mais dois médicos presenciais na Emergência: um clínico e um pediatra. Observamos diariamente pacientes indo embora sem atendimento, pois cansam de esperar – lamenta.
94 | VOX Medica | Abril 2016
pagos em parcelas.
Apedido publicado em jornais de Santo Ă‚ngelo
Abril 2016 | VOX Medica | 95
Lutas
Cátia Simone
POLOS REGIONAIS
São Lourenço do Sul
191 Km
Salários dos médicos pagos após paralisação A Santa Casa de São Lourenço do Sul atrasou os pagamentos do sobreaviso de 40 profissionais com honorários em aberto, pois, além dos profissionais de pediatria, anestesia, cirurgia, obstetrícia e clínica médica, também os plantonistas do pronto-atendimento não receberam seus vencimentos. Diante de mais este flagrante desrespeito ao corpo clínico, o SIMERS notificou o hospital, e os profissionais paralisaram os serviços em dezembro. Veja, abaixo, apedido publicado nos jornais da região. Após este movimento, os valores foram pagos pela instituição.
Gravataí
29 Km
Assistência em risco O Hospital Dom João Becker tem sofrido com o descumprimento do repasse de verbas pela prefeitura de Gravataí. Os procedimentos eletivos têm sido reduzidos e/ou cancelados. Médicos especialistas ficaram oito meses sem receber salários em 2015, mas mantiveram os atendimentos. Veja apedido publicado pelo SIMERS sobre o tema.
Apedido publicado em jornais de Gravataí
Abril 2016 | VOX Medica | 97
Lutas
POLOS REGIONAIS
60 Km
Capela de Santana Aprovado projeto de regime de trabalho por metas O Sindicato Médico e a prefeitura de Capela de
O presidente da Câmara, Alessandro Lopes, destacou
Santana apresentaram para os vereadores do
o reconhecimento ao atendimento prestado pelos
município o projeto de lei que busca instituir o plano de
médicos e a otimização no atendimento.
regime de metas para os médicos da localidade.
– Este é um projeto que vai auxiliar a comunidade e,
O projeto foi aprovado e transformado na Lei
inclusive, aumentar o número de consultas por mês –
1.733/2016, com vigência desde abril de 2016.
comentou o vereador.
Juliane Soska
Capela de Santana é o primeiro município a implementar o projeto de metas do SIMERS.
98 | VOX Medica | Abril 2016
Arquivo SIMERS
Santana do Livramento
489 Km
Pagos os salários atrasados Negociação do SIMERS obteve sucesso e foi fechado acordo para o pagamento de salários atrasados e outras reivindicações da categoria que atuam na Santa Casa Misericórdia de Santana do Livramento. Pelo acordo, os profissionais receberão os valores relativos aos meses de janeiro, fevereiro e março de 2016 a
ainda mantiveram algumas reivindicações, como a imediata
partir de abril, com parcelas até agosto.
contratação de cirurgião auxiliar e o pagamento de valores
Os médicos também obtiveram a garantia de que os
relativos a atendimentos pelo SUS.
novos contratos serão imediatamente formalizados, Em Assembleia Geral Extraordinária (foto), os médicos
com prazo-limite de 30 de agosto, quando serão
decidiram não suspender o atendimento à população,
renegociados.
mesmo com os honorários atrasados. Em 2015, o
Além disso, a instituição assegura que dará condições
pagamento dos honorários do corpo clínico, referente
necessárias para que a prática do ato médico ocorra
aos meses de julho, agosto e setembro, foi parcelado em
com segurança. Mesmo com o acordo, os profissionais
cinco meses e quitado em fevereiro de 2016. Odacir Blanco / Panoramio
com data retroativa a 1º de janeiro deste ano,
Abril 2016 | VOX Medica | 99
Lutas
POLOS REGIONAIS
São Borja
594 Km
Prorrogação de contrato para anestesista Representantes do Sindicato Médico estiveram em São Borja para debater melhorias para os médicos anestesistas do Hospital Ivan Goulart. O SIMERS requereu a prorrogação do contrato de prestação de serviços, que expirou em
Arquivo SIMERS
março deste ano, e obteve sucesso: o documento foi protelado por prazo indeterminado.
Agudo
242 Km
SIMERS denuncia exercício ilegal da medicina O Sindicato Médico denunciou o suposto exercício ilegal da medicina por optometristas em Agudo. A denúncia foi formalizada junto ao Ministério Público e à Vigilância Sanitária do município. As atividades do optometrista são técnicas e distintas das desempenhadas pelo médico oftalmologista. O SIMERS aguarda a investigação e a eventual responsabilização dos envolvidos, caso alguma irregularidade seja comprovada.
100 | VOX Medica | Abril 2016
Epocavital Wordpress
Alvorada
22 Km
Atraso de salário Os médicos de Alvorada não receberam a remuneração referente ao mês de dezembro na data habitual. O Sindicato Médico protocolou um requerimento para que o município informasse oficialmente o prazo previsto para o pagamento dos salários. Os valores acabaram sendo quitados apenas em janeiro, em duas parcelas, pagas nos dias 15 e 29. O gestor do município não explicou o motivo do atraso.
Rio Grande
309 Km
Aponte o seu smartphone para
Situação de calamidade na Santa Casa
o QR Code abaixo
A Santa Casa do Rio Grande passa por gravíssimas dificuldades. Os médicos
SIMERS veiculado
continuam prestando assistência aos pacientes, apesar dos atrasos nos salários e
em rádios de Porto
das condições precárias de trabalho. Faltam materiais básicos, como soro, luvas
Alegre e Rio Grande
e escute o Minuto
cirúrgicas e gazes. O Sindicato Médico de Rio Grande (SIMERG) e o SIMERS notificaram a direção do hospital e autoridades, como prefeitura, Conselho Municipal de Saúde, Câmara de Vereadores, Ministério Público Estadual e Conselho Regional de Medicina (CREMERS), exigindo providências.
Abril 2016 | VOX Medica | 101
Lutas
POLOS REGIONAIS
Camila Ferro
Rio Pardo Negociações em andamento
137 Km
Após publicar apedido nos jornais da região com o
Fucks se comprometeu com a questão do corpo
título “Desagravo” (veja na página ao lado), o Sindicato
clínico, em abrir processo seletivo e em cumprir o
Médico procurou a diretoria do Hospital Regional
estatuto da própria Fundação Hospitalar Getúlio Vargas
do Vale do Rio Pardo para defender o interesse dos
(FHGV), administradora da instituição. Já a questão
médicos. A vice-presidente da entidade, Maria Rita
da negociação do acordo coletivo de trabalho está em
de Assis Brasil, participou de uma reunião com o
andamento.
diretor-médico, Alexandre Fucks. Na ocasião, solicitou
– Questionamos também a troca do nome do hospital,
que sejam estabelecidos os contratos de trabalho de
que, por 60 anos, era denominado Nossa Senhora dos
acordo com a legislação – detalhando especialidades e
Passos e, desde que a FHGV assumiu o local, passou
atribuições. Reivindicou, também, que a Consolidação
a se chamar Hospital Regional do Vale do Rio Pardo.
das Leis do Trabalho (CLT) seja respeitada e que seja
Atitudes como essa mexem com a autoestima não
restabelecido o corpo clínico.
só dos funcionários, como também da população – alertou Maria Rita.
102 | VOX Medica | Abril 2016
Apedido publicado em jornais de Rio Pardo
Abril 2016 | VOX Medica | 103
Lutas
POLOS REGIONAIS
Pelotas
253 Km
Médicos reivindicam a abertura de negociações Os médicos que atuam em Pelotas decidiram
Assis Brasil, e do diretor Marcos Schenato. Também
reivindicar a abertura de negociações com a prefeitura
estiveram presentes o representante dos municipários,
para a implantação do Plano de Cargos, Carreira e
Luiz Fernando Barbosa de Barros, e cerca de 30
Vencimentos (PCCV) na cidade. Além disso, pedem a
médicos do município.
imediata redução da carga horária da categoria para
Maria Rita destacou que é importante que a categoria
o máximo de 20 horas semanais, mantidas as atuais
retome a luta iniciada no ano passado e ressaltou que
remunerações, e a inclusão de gratificação de função,
as vistorias que o Sindicato realizou nos postos de
baseada no maior percentual pago pelo município.
saúde em Pelotas comprovaram a falta de condições
O ofício com as reivindicações foi protocolado na
de trabalho.
prefeitura no dia 1º de março.
– Não entendo como um gestor público não se dispõe
O encontro, promovido pelo Sindicato Médico, contou
a negociar diante dessa situação difícil – resumiu a
com a presença da vice-presidente, Maria Rita de
dirigente sindical. Elio Bandeira
104 | VOX Medica | Abril 2016
Elio Bandeira
188 Km
Cachoeira do Sul Sindicato e Secretaria definem jornada de trabalho dos médicos A direção do Sindicato Médico conseguiu reestabelecer
– A proposta do Sindicato estabelece a
a negociação com a Secretaria Municipal da Saúde de
proporcionalidade das remunerações. Tivemos a
Cachoeira do Sul para implantação de um plano de
mesma iniciativa em Pelotas e em Porto Alegre,
carreira para os médicos municipários e para garantir
avanços que buscam estabelecer melhores condições
condições ao exercício profissional.
de permanência dos médicos na carreira – defendeu a
No primeiro encontro deste ano, a vice-presidente
vice-presidente.
do SIMERS, Maria Rita de Assis Brasil, entregou
A expectativa agora é que novos encontros sejam
uma proposta de Projeto de Lei para estabelecer a
agendados com as áreas da administração, para
proporcionalidade de cumprimento da jornada.
esclarecimento e consolidação da proposta, que
A medida ajudará na questão da exigência do registro
será levada à Câmara de Vereadores, conforme
do ponto, sem prejudicar os profissionais.
compromisso da secretária.
A secretária Marta Caminha garantiu que emitirá uma
– A questão mais importante é organizar e regularizar
ordem de serviço prevendo a distribuição da jornada
o exercício da medicina na prefeitura – ressaltou a
diária entre atendimento no posto e outras atividades.
dirigente sindical, lembrando que o SIMERS tem um
Além de ajustar o cumprimento da jornada, uma questão urgente é resolver as diferenças de remuneração entre os tipos de contratos dos médicos. Cachoeira do Sul tem jornadas de 20 e 40 horas semanais, mas os valores não são ajustados de acordo com a carga horária, o que prejudica os concursados.
histórico de negociação e atitude pró-ativa. As conversas com a atual gestão municipal começaram em abril de 2013. O médico André Prochnow, representante do SIMERS na cidade, também participou do encontro.
Abril 2016 | VOX Medica | 105
Lutas Hospital Porto Alegre
Situação indefinida
O
s médicos do corpo clínico do Hospital Porto Alegre, mantido pela Associação
Divulgação
Assembleia avaliou as dificuldades enfrentadas pela instituição após encerramento do convênio com a prefeitura da capital
dos Funcionários Municipais de Porto Alegre (AFM), participaram de assembleia realizada na sede do Sindicato Médico. Foi um encontro bastante representativo, com a participação de mais de 70% dos integrantes do corpo clínico.
Sede do Hospital Porto Alegre
A reunião tratou das perspectivas futuras da instituição, após mais de dez meses do encerramento do Fett e Naida: indenização pendente em fase final
convênio com a prefeitura da capital.
Preocupa os médicos a dificuldade de cumprimento dos contratos por parte do hospital. O SIMERS também esteve reunido com o secretário adjunto da Administração de Porto Alegre, Carlos Fett Paiva Neto, para buscar informações sobre o andamento dos processos administrativos de indenização do Hospital Porto Alegre. As ações dizem respeito aos
Juliane Soska
valores gastos com pacientes que
106 | VOX Medica | Abril 2016
permaneceram internados após o término do convênio.
Camila Ferro
Assembleia na sede do Sindicato Médico reuniu profissionais do Hospital Porto Alegre
Fett garantiu à delegada sindical Naida Dellamora Degrazia que pelo menos
Entenda o caso
um dos processos está em fase final
O Hospital Porto Alegre, através da AFM, matinha convênio com a
na Procuradoria Geral do Município
prefeitura de Porto Alegre e atendia municipários e seus dependentes,
(PGM), para elaboração do termo de
além de inativos, há mais de 45 anos.
indenização e pagamento.
Desde o fim do contrato, o hospital acumula dívidas e não vem conseguindo manter os serviços em funcionamento. A instituição tem en-
A preocupação com o futuro da instituição, especialmente pela redução nos atendimentos prestados, é grande. O SIMERS seguirá exigindo providência para superar os atrasos de pagamentos aos médicos, bem como buscará uma solução institucional mais definitiva para o Hospital Porto Alegre.
frentado dificuldades financeiras desde 2013, quando o Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) se excluiu do plano, deixando uma dívida de R$ 5 milhões. Além disso, a prefeitura da capital deve à AFM um valor estimado em R$ 3 milhões. – Estamos tentando conseguir resgatar esses valores para saldar as dívidas que temos com o corpo clínico e fornecedores – explicou o diretor-técnico do hospital, Artur Seabra. A instituição conta com ambulatório, unidades de oftalmologia e psiquiatria, sendo referência no tratamento a dependentes químicos pelo Sistema Único de Saúde.
Abril 2016 | VOX Medica | 107
Lutas Katherine D’Ávila
municipários da capital
Jorge Eltz, diretor do SIMERS, em encontro com Fernando Ritter, secretário municipal de Saúde
Proporcionalidade
em pauta
SIMERS leva reivindicação ao secretário municipal de Saúde e ao Ministério Público
108 | VOX Medica | Abril 2016
D
urante encontro do SIMERS, representado pelo diretor Jorge Eltz, com o secretário municipal de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, a proporcionalidade para a remuneração dos médicos
municipários foi debatida. – A questão é urgente. Não é justo que um médico que trabalha 40 horas não receba exatamente o dobro da remuneração daquele que trabalha 20 horas – detalhou Eltz.
Sancionada a Gratificação de Incentivo Médico (GIM), a próxima luta é a proporcionalidade. Paulo de Argollo Mendes, presidente do Sindicato Médico
O secretário concordou que se deve resolver o problema da proporcionalidade e a incorporação da gratificação de 10% para as emergências. Já o presidente do Sindicato Médico, Paulo de Argollo Mendes, esteve reunido com a promotora de Defesa dos Direitos Humanos, Liliane Dreyer Pastoriz, no Ministério Público Estadual (MPE). – O ajuste no valor/hora pago aos médicos que trabalham 30 horas e 40 horas minimizará o problema da falta de profissionais e reduzirá a terceirização – argumentou Argollo. Durante a reunião, Liliane garantiu que irá averiguar o caso e fará todo o possível para solucionar a pendência.
xxxImagnsGuilherme Tubino
Argollo no Ministério Público com a promotora Liliane Dreyer Pastoriz
Abril 2016 | VOX Medica | 109
Lutas UBS Tronco
Caos completo Falta de estrutura e de remédios e até chuva assolam a unidade de saúde na zona sul da capital. Isso sem falar na violência
O
Sindicato Médico visitou a Unidade
Dos cinco aparelhos de ar-condicionado
Básica de Saúde (UBS) Tronco,
instalados em dezembro passado na UBS,
na Grande Cruzeiro, zona sul de
apenas dois seguem em funcionamento.
Porto Alegre, e constatou uma série de
A sala da ginecologia não tem climatização.
problemas estruturais, além da falta de
Os aparelhos de colposcópio e sonar,
medicamentos e equipamentos. O diretor
utilizados em pré-natal, estão estragados.
do SIMERS André Gonzales observou a
Com isso, as grávidas da região precisam
instalação elétrica defasada e com fios
se deslocar até o Hospital Fêmina para
expostos, situação que fica ainda mais
fazer o acompanhamento. Já as ecografias
perigosa diante dos alagamentos que o
podem demorar até sete meses para serem
posto sofre em dias de chuva.
agendadas, ou seja, muitos bebês nascem
Este não é o único problema com a infraestrutura: o pré-atendimento é feito no corredor, as salas não garantem privacidade, e o banheiro dos funcionários fica dentro de um dos consultórios e tem um vão na parte
Shutterstock
superior.
110 | VOX Medica | Abril 2016
antes da realização do exame.
Arquivo SIMERS
Quatro vezes em um mês No dia 9 de março, a UBS Tronco foi fechada devido a mais um alagamento, o quarto em 30 dias. Dois consultórios, a sala de curativos, a sala de triagem, os corredores e a sala de espera ficaram inundados, impossibilitando o atendimento. As consultas foram transferidas. Os pedidos de conserto do telhado têm Alagamentos constantes prejudicam a unidade Há falta, ainda, de medicamentos e vacinas do calendário básico. Além disso, os funcionários relatam que é comum faltar materiais simples e essenciais a uma unidade de média complexidade. Diversas vezes, eles próprios levaram luvas e álcool de casa. As quedas de luz são constantes e dificultam, inclusive, o preenchimento dos prontuários no e-SUS. O mato alto em volta do posto é outra dificuldade, pois atrai ratos e insetos.
sido incessantes. O SIMERS já encaminhou ofício cobrando esclarecimentos e ações do secretário de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter. Além disso, a gerência distrital da região da UBS Tronco também enviou documentos para a SMS pedindo interferência para a solução do problema. A coordenação da Atenção Básica informa que a unidade está instalada junto a uma escola estadual e, portanto, a responsabilidade pelo conserto da infiltração seria do Estado. Em meio ao impasse, a população e a equipe da unidade seguem desassistidas.
A violência assusta quem trabalha e quem consulta na UBS, localizada em região de conflito do tráfico. Apesar das ameaças
Inacreditável
frequentes, o posto não conta com segurança e
Aponte seu smartphone para
nem mesmo botão de pânico.
o QR Code e assista ao vídeo
Diante de toda essa situação, o SIMERS entrou em contato com a Coordenação Básica de
feito pelos médicos que revela a realidade da UBS Tronco em dias de chuva.
Saúde da capital, exigindo providências para garantir o atendimento pleno e com segurança, tanto para funcionários como para pacientes.
Abril 2016 | VOX Medica | 111
Lutas Amália Ceola
ipe-saúde
Grupo paritário discute dificuldades operacionais do plano de saúde
Falhas no Pin Pad Implantação do sistema digital apresenta problemas que se arrastam desde o ano passado sem solução
A
s constantes falhas no Pin Pad,
orientados a adquirir novo equipamento,
sistema digital que identifica
gerando mais despesas.
os usuários do IPE-Saúde nos
O Sindicato Médico pediu providências urgentes.
consultórios, continuam preocupando os médicos. O equipamento obrigatório, adquirido pelos próprios profissionais que atendem pelo plano estadual, enfrenta problemas seguidamente. Os credenciados relatam instabilidade no sistema, defeitos com o aparelho e bloqueio da operação para autorizar a consulta. Muitos são
112 | VOX Medica | Abril 2016
– Os problemas administrativos estão gerando descredenciamento de médicos, que já têm de administrar a remuneração defasada – advertiu o diretor da entidade Jorge Eltz.
Representantes do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE) informaram que se reuniriam com o Banrisul (que fornece o equipamento e se responsabiliza pelo suporte) e afirmaram que a instituição está trabalhando em uma solução definitiva. Disse, ainda, que o banco cogita substituir todos os equipamentos.
Eltz frisa que o SIMERS não aceitará que o ônus das constantes trocas e manutenções recaia sobre os profissionais. A orientação é que todas as falhas sejam informadas ao IPE.
Alternativas inválidas O IPE alega fornecer medidas alternativas de cobrança para os médicos quando o Pin Pad não funcionar. Afirma que o médico pode se valer da Unidade de Resposta Audível (URA) e do aplicativo RS Móvel, disponibilizado para os celulares, bem como autorizações efetuadas pelo site do IPE-Saúde.
Ocorre que, na prática, isso tudo não existe. O URA não atende nunca, o aplicativo não está disponível ainda e as autorizações pelo site precisam de uma ligação preliminar para, só depois, conseguir a autorização eletrônica. Além disso, essa permissão é temporária e limitada, em torno de uma semana, tempo que seria necessário para o médico adquirir novo aparelho ou assinar o contrato com o Banrisul, obrigando ao pagamento de uma mensalidade de R$ 25. O Simers não concorda com a cobrança desse valor, pois entende que os médicos já adquiriram o aparelho quando foi lançado o sistema.
t te Shu
r s to
ck
Abril 2016 | VOX Medica | 113
Lutas PERITOS INSS
Desconsideração do governo federal
Depois de ignorar o assunto por quase seis meses, Brasília negocia com os médicos, que encerram o movimento
A
greve dos médicos peritos do INSS terminou definitivamente.
A categoria, liderada pela Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), firmou acordo com o governo federal para encerrar o movimento, iniciado ainda em setembro e que, desde o fim de janeiro, vinha atuando em estado de assembleia permanente. Na ocasião, os profissionais decidiram retornar ao trabalho parcialmente, com o objetivo de amenizar o sofrimento da população desassistida. Foram 165 dias de mobilização. A previsão é de que em seis
Shutterstock
meses sejam normalizadas as perícias.
114 | VOX Medica | Abril 2016
Agência Brasil
A secretária-geral da ANMP e
Outra conquista foi o fim de um
diretora do Sindicato Médico,
curso que os médicos tinham de
Clarissa Bassin, apontou que houve
fazer para acessar a última letra
avanços na negociação. O principal
da carreira no INSS antes de se
foi a mudança da Gratificação do
aposentar. A dirigente explica, porém,
Desempenho da Atividade Médica
que a formação não era oferecida
Pericial. Agora, a gratificação terá
desde 2011, o que gerou grande
uma parte fixa (70% do valor) e
represamento de peritos, os quais não
outra variável (30%).
conseguiam atingir o topo da carreira.
– Há metas que independem do
– Além disso, qual é a justificativa de
nosso trabalho, por isso a alteração
exigir um curso para quem está em
era fundamental – explicou Clarissa.
fim de carreira e ainda é custeado com dinheiro público? – questionou a secretária-geral da ANMP.
Indignação Aponte seu smartphone para o QR Code ao lado e conheça o conteúdo da mensagem do Minuto SIMERS veiculado pelo Sindicato Médico nas rádios de Porto Alegre. Antes, é preciso baixar um aplicativo leitor de QR Code.
Abril 2016 | VOX Medica | 115
Lutas
peritos inss
Grande descaso
Reestruturação da carreira O objetivo a partir de agora será buscar a reestruturação da carreira dentro do órgão. O acordo
O INSS tem aproximadamente
com o governo prevê a instalação de um comitê para
4,5 mil vagas de médicos
rediscutir a organização em vigor.
peritos.
Entre 2011 e 2015, mais de 2 mil médicos peritos
De 2011 a 2015, quase a metade
se demitiram. Segundo Clarissa, a carreira atual é
(mais de 2 mil) dos
a responsável pelo esvaziamento do segmento, o
profissionais pediu demissão do
que afeta diretamente as condições de prestar o
cargo de servidor público.
atendimento e agilizar o fluxo de perícias e demais atribuições dos servidores.
A União repôs apenas
– Imaginamos que este acordo e a perspectiva de
Há quase
mudanças na carreira vão segurar por mais um
para atender à demanda.
sindicalista. – A nova estrutura deverá discutir jornada e remuneração dos peritos, que terão novas atribuições, pois houve a fusão dos ministérios da Previdência Social e do Trabalho – completou a médica perita. Sem salário A categoria não parou integralmente, mas ficou sem receber salário desde outubro, quando foi deflagrada a paralisação. – O período não pago foi devolvido em abril, apesar
Shutters
tock
de termos voltado ao trabalho em 25 de janeiro –
116 | VOX Medica | Abril 2016
2 mil cargos ociosos, o
que gera transtornos e dificuldades
ano os peritos que pensam em sair – declarou a
esclareceu Clarissa.
500 vagas.
Honorários médicos
Trabalho recompensado Comissão celebra avanços na legislação, mais diálogo e realização de fórum em 2015
A
Comissão Estadual de
Ao todo, foram 36 reuniões ao
Honorários Médicos
longo do ano, que resultaram
do Rio Grande do Sul
em reajustes nos honorários
(CEHM-RS) apresentou balanço
médicos entre 5,5% e 17,8%.
do trabalho realizado em 2015.
As operadoras de saúde
A partir da aprovação da Lei
suplementar que negociaram
13.003/14, da Agência Nacional
com a CEHM-RS foram Centro
de Saúde Suplementar (ANS),
Clínico Gaúcho, Saúde Caixa,
foi estabelecido um bom diálogo
Doctor Clin, Cassi, Cabergs, Sul
com as operadoras de planos
América, Bradesco e Golden
de saúde atuantes no Estado.
Cross.
A nova legislação regulamentou um indexador e percentuais de reajustes a serem observados
Sh ut
te r
st
oc k
pelos prestadores de serviços médicos.
Já o Grupo Paritário do IPESaúde realizou 15 encontros. Também foi promovido o I Fórum Gaúcho de Saúde Suplementar. Confira nas próximas páginas. Letícia Heinzelmann
Integrantes da CEHM-RS e assessores do SIMERS apresentam relatório anual
Abril 2016 | VOX Medica | 117
Lutas
honorários Médicos
Saúde suplementar em debate Fórum trouxe informações e esclarecimentos sobre legislação e cenário atual do relacionamento entre operadoras e médicos
Imagens: Shutterstock
A
relação entre médicos e
Os dois painéis seguintes pautaram
planos de saúde foi o tema
a situação hoje da adoção da
do I Fórum Gaúcho de Saúde
Classificação Brasileira Hierarquizada
Suplementar, que ocorreu em Porto
de Procedimentos Médicos (CBHPM),
Alegre. O evento reuniu palestrantes
que é a referência de remuneração
nacionais, como o diretor-presidente
e rol de tratamentos disponibilizados
da Agência Nacional de Saúde
pelos profissionais aos seus pacientes.
Suplementar (ANS), José Carlos
A implementação, contratualização e
Abrahão, e o presidente da Associação
regulamentação são aspectos decisivos
Médica Brasileira (AMB), Florentino
para assegurar a efetividade da CBHPM.
Cardoso, além de dirigentes sindicais e
Dois temas cruciais que completaram
autoridades de todo o País. O evento foi
o programa foram o financiamento e
organizado pela Comissão Estadual de
a crise da saúde no País. Atualmente,
Honorários Médicos do Rio Grande do
o maior aporte de recursos é feito
Sul (CEHM-RS), criada pelas entidades
pelas famílias e por empresas. Os
médicas para fazer a interface com
investimentos públicos são inferiores a
as operadoras em negociações que
40%. Os debates foram conduzidos por
buscam melhoria das condições de
Pedro Westphalen (secretário estadual
remuneração e ampliação da cobertura.
de Transportes) e Luiz Henrique
A conferência de abertura traçou o cenário do segmento: regulação e
Mandetta (deputado federal pelo DEMMS), ambos médicos.
fiscalização da ANS, crescimento de
As entidades médicas apresentaram,
beneficiários, além de perspectivas
na sequência dos trabalhos, as
para os próximos anos.
negociações e perspectivas para os honorários da categoria.
118 | VOX Medica | Abril 2016
Letícia Heinzelmann
Entidades de diversos estados debateram a luta por reajustes
Cenário atual e perspectivas da saúde suplementar O presidente da Associação Mé-
forme Cardoso, apesar da pequena
dica Brasileira (AMB), Florentino
queda no número de conveniados,
Cardoso, e o diretor-presidente
devido à crise econômica instalada
da Agência Nacional de Saúde
em todo o País, pesquisas mostram
Suplementar (ANS), José Carlos
que o segundo objeto de maior
Abrahão, apresentaram o cenário
desejo dos brasileiros é o plano de
da saúde suplementar e traçaram
saúde, atrás apenas da aquisição
o futuro do setor em um debate
da casa própria.
mediado pelo diretor do Sindicato Médico Jorge Eltz.
Abrahão. O diretor-presidente da ANS discorreu sobre os fatores que afetam as atividades da área, como transição demográfica, maior taxa de longevidade da população e queda da taxa de fertilidade, estrutura dos serviços, transição epidemio-
– Isso demonstra a decadência
lógica, evolução tecnológica e
do SUS, um sistema no qual nós
inovação. Abrahão afirmou que a
Florentino reforçou a importância
acreditamos, mas que está sendo
entidade trabalha para garantir o
do sistema de saúde suplementar
mal gerido e subfinanciado – con-
acesso e a qualidade assistencial,
por meio de números. Segundo
siderou.
integrar a saúde suplementar ao
ele, 26% da população brasileira tem plano de saúde. – Em torno de 50 milhões de pessoas recorrem aos planos. O setor tem mais recursos que o sistema público de saúde, que atende 74% da população – contabilizou.
O dirigente da ANS também apresentou dados sobre a relevância da saúde suplementar, que somente
SUS, promover a sustentabilidade do setor e aprimorar as interfaces regulatórias.
em 2014 movimentou aproxima-
A vice-presidente do SIMERS,
damente R$ 130 bilhões. Neste
Maria Rita de Assis Brasil, reforçou
mesmo período, foram 280 milhões
a importância do evento e encerrou
de consultas e quase 10 milhões de
o painel afirmando que o debate
internações.
sobre a saúde suplementar, que já
Quanto ao futuro, o presidente da
– Porto Alegre é a segunda capi-
AMB aposta em mais pessoas ade-
tal com maior taxa de cobertura
rindo à saúde suplementar. Con-
dos planos de saúde do País, com quase 60% de abrangência. Muito
ocorre entre as lideranças das entidades médicas do Rio Grande do Sul, deve ser ampliado para toda a categoria médica do Estado.
disso se deve aos fatores socioeconômicos e culturais – afirmou
Abril 2016 | VOX Medica | 119
Lutas
honorários Médicos
Mobilização pela carreira de Estado Durante o painel A crise da Saúde
– É preciso tornar atraentes
no Brasil, o médico e deputado
os postos vagos. Tínhamos 3
federal Luiz Henrique Mandetta
mil cidades sem médicos. Nós
(DEM-MS) cobrou dos colegas
fomos demonizados, taxados de
organização política para buscar
mercenários, e foram buscar mé-
representatividade no Congresso.
dicos em Cuba como se fossem
– Os médicos não têm voz no País porque não sabem se representar
mercadoria – criticou, em alusão ao programa Mais Médicos.
de atestado – conjecturou. – O Rio Grande do Sul é um estado que exportou sua juventude e está com grande envelhecimento da população, que, em breve, não poderá mais arcar com os valores dos planos e vai
quando é preciso. Sabemos tudo
Seu companheiro de painel,
onerar ainda mais o sistema
de política classista, mas não con-
o também médico e político
de saúde. A previdência, que
seguimos fazer frente aos repre-
Pedro Westphalen, lembrou a
já vinha pagando aposen-
sentantes dos planos de saúde no
fala do ex-ministro da Saúde
tadorias a cidadãos ainda
Congresso. Muitos deputados são
Arthur Chioro, pouco antes de
muito jovens, vai explodir –
financiados pelas operadoras, as
ser demitido do cargo, de que o
argumentou o deputado.
quais defendem na Câmara – pon-
País vivenciará em 2016 o pior
derou, lembrando que a Lei 9.656,
cenário já sofrido pelo SUS em
que regula as operadoras, sequer
seus 25 anos. O parlamentar ain-
cita os profissionais.
da abordou o excesso de escolas
Mandetta conclamou os colegas a se mobilizarem por uma Carreira
médicas, que devem chegar a 350.
– Então, precisaremos elevar impostos para bancar essa situação, e a população, além de pagar a maior taxa tributária do mundo, ainda vai arcar com saúde, segu-
de Médico de Estado, buscando
– Serão 30 mil médicos
rança, escola privada, porque
apoio parlamentar para a aprova-
formados por ano. Vamos ter,
os serviços públicos não
ção da PEC 454. A proposta de
de um lado, uma ótima medicina
oferecem qualidade.
emenda estabelece diretrizes para
e, de outro, uma massa amorfa,
a criação de uma carreira única
composta por clínicas de venda
para os médicos, seguindo os mol-
Letícia Heinzelmann
des do Ministério Público.
120 | VOX Medica | Abril 2016
Mandetta no Fórum de Saúde Suplementar
Juliane Soska
Vice-presidente do SIMERS, Maria Rita de Assis Brasil, defendeu a importância de ampliar a discussão sobre os honorários médicos e envolver toda a categoria
Perspectivas dos Honorários Médicos No painel Negociação e Pers-
do Sul os principais planos são
pectivas dos Honorários Médicos,
IPE-Saúde e Unimed, os quais reú-
do qual participaram represen-
nem quase 2 milhões de usuários.
tantes do Rio Grande do Sul, de Pernambuco e da Bahia, os dirigentes sindicais apresentaram os cenários locais de planos de saúde. Ficou evidente a marcante diferença entre estados.
– O IPE é uma realidade diferente, pois não é operadora, mas uma autarquia estadual, de um Estado em crise. Estamos lutando por melhor remuneração desde 2011 – lamentou o diretor do SIMERS Jorge Eltz.
Enquanto o Bradesco Saúde
O novo presidente do IPE-Saúde,
lidera no Brasil, sendo alvo de
Alexandre Escobar, estava na pla-
inúmeras campanhas sindicais
teia naquele momento.
por remuneração, no Rio Grande
Abril 2016 | VOX Medica | 121
Lutas Letícia Heinzelmann
notas
Detran O secretário-adjunto da Casa Civil do Rio Grande do Sul, José Guilherme Kliemann, comprometeu-se a encaminhar um projeto de lei que viabilize reajuste aos peritos das juntas especiais do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). A promessa foi feita em reunião entre o SIMERS e a direção da autarquia. O secretário admitiu a necessidade de adequar os honorários, mas lembrou da crise financeira pela qual passa o Estado. Assim, não fixou prazo nem forma para o documento. Já o diretor-presidente do Detran, Ildo Mário Szinvelski, reconheceu o descompasso, porém alegou que não há condições para reajuste porque as taxas são totalmente subsidiadas pelo órgão. Daí a necessidade de um projeto de lei que indique outras fontes de custeio.
A categoria não tem aumento real desde 2013 e, além disso, não recebe diárias de hospedagem nem alimentação para as perícias realizadas fora de Porto Alegre. A diretora do Sindicato Médico Clarissa Bassin também frisou que os valores pagos no Rio Grande do Sul estão muito defasados em relação a outros estados. O representante da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) salientou que os profissionais atuam sob risco de violência e processos, entre outras pressões.
Hospital de Clínicas Os médicos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) deram sinal positivo para a renovação do acordo coletivo de insalubridade por mais um ano, que vem sendo celebrado desde 2008. A aprovação ocorreu em assembleia na sede do Sindicato Médico.
122 | VOX Medica | Abril 2016
Camila Ferro
Fechamento de leitos no Santa Clara Integrantes do SIMERS receberam os médicos intensivistas da UTI Geral do Hospital Santa Clara, que integra o complexo Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Foram discutidos a redução de leitos e o deslocamento de médicos para outros setores. Eles estão preocupados com a segurança profissional e dos próprios pacientes. A diretora Clarissa Bassin se reuniu com a diretoria da instituição (foto ao lado) para
Fórum Carcerário debate sistema prisional
Guilherme Tubino
buscar soluções.
O Sindicato Médico participou do Fórum Interinstitucional Carcerário (FIC), que teve como proposta debater questões sobre a realidade do sistema prisional do Estado. O debate foi realizado no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. O diretor do Sindicato Médico Germano Bonow falou sobre a situação preocupante do Instituto Psiquiátrico Forense (IPF). Bonow foi enfático ao propor que a sustentabilidade da instituição venha de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), pois presta assistência médica aos internos.
O secretário estadual da Segurança Pública, Wantuir Jacini, abordou a relevância do tratamento penal. – Todos os presos precisam trabalhar, além de terem assistência à saúde. O tratamento penal é tão deficitário quanto as vagas nos presídios – afirmou.
Abril 2016 | VOX Medica | 123
Serviços
Seguros:
segurança e qualidade de vida O aumento dos índices de violência, o sistema previdenciário ineficiente e a necessidade de economizar hoje para bem viver o amanhã reforçam o ditado de que prevenir é melhor do que remediar
S
egurança, saúde e
E quando o tema é seguros, o Sindicato
qualidade de vida depois
Médico oferece uma consultoria que
da aposentadoria são itens
permite ao médico adquirir a melhor
que frequentam o topo da lista de
opção com comodidade, segurança e
preocupações dos brasileiros há
certeza de um excelente negócio.
algum tempo, independentemente da classe social. Para estas situações, uma das melhores alternativas é o seguro.
Com o investimento (ou poupança) de um valor mensal, é possível minimizar os efeitos de algum infortúnio, como assalto ou doença, mas também garantir uma melhor qualidade de vida quando a velhice chegar e as energias já não forem as mesmas.
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– O associado ganha em média 10% de desconto nos seguros – afirma o administrador da Central de Seguros do Sindicato, Emerson Randal. O seguro de carro é o mais solicitado, porém, a entidade médica também oferece outros tipos de apólices, como de vida, patrimonial e previdência privada.
Para adquirir qualquer um dos serviços e para mais informações, basta entrar em contato com a Central de Seguros pelo telefone (51) 3027-3737.
Boas razões para optar pelo seguro
Aumento nos índices de violência: Furtos ou roubos de automóveis, celulares e, também, assaltos a residências estão cada vez mais comuns no Rio Grande do Sul. Os assaltos estão em curva ascendente, 28,3% a mais em 2015 do que no ano anterior. O mais grave na escalada dos assaltos são os latrocínios (roubo com morte). Os casos quase dobraram (86,6%) em cinco anos. O clima de insegurança no Estado se traduz em pesquisa do Instituto Index, realizada em fevereiro de 2016, com 2 mil gaúchos em 30 cidades. Sete em cada dez entrevistados afirmaram já terem sido vítima de ladrões.
Sem salário fixo: Para os médicos, muitos dos quais profissionais liberais, há um temor adicional – a necessidade de manter a renda caso ocorra algum problema de saúde que impeça o desempenho temporário da profissão.
aposentadoria: A manutenção do padrão de vida quando chegar a hora de parar de trabalhar é uma preocupação para a categoria.
CARDÁPIO DA CENTRAL DE SEGUROS Os principais serviços oferecidos são: Seguro de Vida e Renda Temporária O Sindicato oferece os melhores planos de seguro de vida, invalidez por doença ou acidente, podendo incluir o Seguro de Renda por Incapacidade Temporária (SERIT). Seguro do Automóvel O SIMERS busca a melhor opção de seguradora e proposta
Seguro Patrimonial São diversas modalidades de planos para a proteção do patrimônio. Seguro de Previdência Privada
Imagens: Shutterstock
de acordo com a necessidade do associado.
O plano de previdência oferecido aos médicos é sólido, já consagrado e aprovado pelos associados.
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serviços
Convênio
com a Unisinos Novidade beneficia associados e seus dependentes com descontos em cursos de graduação e pós-graduação
O
Sindicato Médico do Rio Grande
Passam a ser oferecidos descontos de
do Sul firmou convênio com a
até 10% nas atividades curriculares,
Universidade do Vale do Rio dos
além da parceria em cursos voltados
Sinos (Unisinos), que garante uma série de benefícios aos associados e seus dependentes em todos os níveis de cursos oferecidos pela instituição.
A partir da esq., Zanini, Zani e Argollo
126 | VOX Medica | Abril 2016
exclusivamente à categoria médica.
Imagens: Letícia Heinzelmann
Fique por dentro A Unisinos está entre as maiores universidades privadas do Brasil, com cerca de 31 mil alunos em cursos de graduação, pós-graduação e extensão, nas modalidades presencial e EAD. A instituição, que já diplomou cerca de 75 mil estudantes, é mantida pela Associação Antônio Vieira (Asav), organização que atua Momento da assinatura do convênio
O primeiro curso desta parceria é Gestão de Consultórios para Médicos, elaborado em conjunto pelas entidades. Com 120 horas e aulas em Porto Alegre, abordará os principais conteúdos da área e demandas apontadas pela categoria, especialmente os profissionais mais jovens. O desconto exclusivo será de 20% aos associados.
como uma das faces civis da Província dos Jesuítas do Brasil. O quadro de colaboradores é formado por mais de mil professores, dos quais mais de 90% são mestres, doutores e pós-doutores, e aproximadamente 1,1 mil funcionários. Além do campus
Nos demais cursos da Unisinos, os sócios do SIMERS terão
principal em São Leopoldo,
direito a descontos de 10% em graduação, pós e MBA; 7,5%
a Unisinos está presente em
em idiomas e intensivos, e 5% em mestrado e doutorado.
Porto Alegre, Caxias do Sul,
Familiares diretos poderão usufruir das mesmas vantagens,
Bento Gonçalves, Santa Maria e
exceto em mestrados e doutorados.
Canoas, no Rio Grande do Sul,
O acordo foi oficializado entre o presidente do SIMERS, Paulo
e ainda em Florianópolis (SC) e
de Argollo Mendes, e os representantes da instituição de
Curitiba (PR).
ensino João Zani, pró-reitor administrativo, e Francisco Antônio
Saiba mais em www.unisinos.br
Mesquita Zanini, diretor da Unidade Acadêmica de Educação Continuada. Mais informações pelo telefone (51) 3027 3737.
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gestão
Dicas e serviços para administrar seu consultório As questões de organização do ambiente de trabalho são essenciais para um bom desempenho profissional
Shutterstock Imagens: Shutterstock
O exercício da medicina costuma ser apaixonante. O dia a dia, contudo, vai além da relação médicopaciente. Cuidar da “casa” é quase tão relevante quanto estar atento aos melhores procedimentos clínicos e médicos. Confira dicas para melhor gerir seu consultório.
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Ouvir os Pacientes
O consultório e a recepção são ambientes especiais. O espaço e a forma de atendimento podem cativar ou decepcionar o paciente. Manter os recintos organizados e decorados de forma agradável remete, além de conforto e bem-estar, à confiança e à credibilidade.
Equipe faz a diferença Um fator importante para o sucesso do consultório é o grupo de recepcionistas, pois seu atendimento impacta na primeira impressão do paciente. Uma ótima recepção vai do contato telefônico até o tratamento pessoal. É fundamental treinar a equipe de recepcionistas para que entendam com que tipo de público estão lidando e possam proporcionar um atendimento humanizado.
DURAÇÃO DAS consultas Cada tipo de atendimento é diferente, podendo demorar mais ou menos dependendo da complexidade. Ao longo do tempo, você vai perceber que é possível calcular uma média, que permitirá se programar de forma mais assertiva e, assim, ter condições de organizar tarefas e atividades extras sem comprometer o atendimento aos pacientes ou sua vida particular.
Cuidar bem do dinheiro Para que o profissional tenha total domínio sobre a gestão financeira, é preciso disciplina para controlar os gastos e medir o que é realmente essencial para a sobrevivência do consultório. Não deixe de separar as contas pessoais das contas do trabalho. Este é um erro muito comum entre empreendedores, mas deve ser erradicado.
Fonte: ClinicBlog e Academia Médica
Organização
Conhecer o que o cliente aprova ou desaprova é importante para saber onde melhorar. Elabore uma pesquisa de satisfação na recepção do consultório, listando pontos fundamentais. Os pacientes precisam do médico da mesma forma que você precisa deles e, quanto melhor for esta relação, maior será a confiança de ambas as partes e a fidelidade.
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GESTÃO
SIMERS OFERECE SERVIÇOS DE APOIO Ao abrir um consultório, o médico se envolve com questões administrativas que extrapolam o universo da saúde ao qual está habituado. Para auxiliar em tarefas que vão desde a locação da sala até a folha de pagamento da equipe, o Sindicato Médico disponibiliza uma série de serviços exclusivos a seus associados. Cuidamos da burocracia para que o médico fique livre para poder se dedicar à sua atividade: cuidar dos pacientes.
Contabilidade Profissionais especializados com dedicação exclusiva auxiliam na declaração do Imposto de Renda, incluindo livro-caixa, malha-fina, ganhos de capital, etc. A equipe realiza, ainda, análise, elaboração e orientação sobre abertura e manutenção de empresas médicas, prestando todas as informações pertinentes para melhor contratar e gerenciar serviços básicos, como telefonia e internet.
Alvarás e certificados O Sindicato presta orientação completa para a obtenção de alvarás de localização e de saúde. Também cuida da certificação digital, evitando filas e perda de tempo para retirada ou renovação do documento, que é uma exigência legal para todos os empregadores e médicos com empresas.
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gráfica Receituários e cartões de visita são essenciais na rotina do consultório. Por isso, o SIMERS oferece agilidade para solicitação da autorização de receitas controladas e serviço de criação, diagramação e impressão.
proteção ao médico A Assessoria Jurídica do SIMERS disponibiliza cobertura completa na defesa do ato médico nas esferas civil, criminal e ético-disciplinar em qualquer local do Estado. Veja na página 8.
Equipe O SIMERS administra a rotina referente a empregados, como admissão, rescisão, folha de pagamento, férias e apuração de encargos sociais. Conta, ainda, com um banco de currículos de pessoas interessadas em trabalhar em consultórios. O médico economiza tempo e gastos com anúncios.
números
Mulheres na Medicina A presença crescente da mulher na Medicina é percebida nas escolas, nos hospitais e nos consultórios e comprovada pelos números. O total de médicas
Médicos em atividade 1910
22,1% mulheres
2010
39,9% mulheres
Fonte: CFM
praticamente dobrou no Brasil em cem anos. Conforme dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), que levam em conta
Médicos com até 29 anos Mulheres
56,2%
Fonte: Demografia Médica no Brasil 2015
os profissionais em atividade, o percentual de médicas passou de 22,1% em 1910 para
Mulheres que ingressaram na Medicina
39,9% em 2010.
2011
Segundo a Demografia Médica
2014
no Brasil 2015, no cenário atual,
52,6% 54,8%
Fonte: Demografia Médica no Brasil 2015
os médicos com até 29 anos:
Especialidades médicas
56,2% contra 43,8% de homens.
Total de 53 especialidades
De acordo com o estudo, em comparação com os homens, as mulheres estão mais presentes nos serviços públicos e menos
Shutterstock
as mulheres já são maioria entre
Maioria de mulheres 15 (28,3%) 38 (71,7%)
Maioria de homens Fonte: Demografia Médica no Brasil 2015
em consultórios particulares, e sua remuneração é menor, embora a carga horária seja parecida com a dos homens. Entre as 53 especialidades
Algumas especialidades com maioria feminina 74,4%
Dermatologia
71,1%
Pediatria 56,5%
reconhecidas, as mulheres
Medicina de Família e Comunidade
são maioria em 15. Dermatologia
Ginecologia e Obstetrícia
52,9%
Clínica Médica
50,4%
e pediatria são aquelas com maior número de médicas.
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Núcleo acadêmico Simers
Aposta no interior Diretoria do NAS planeja nomear representantes nos cursos mais distantes da capital
A
presidente, Bárbara Dalla Corte
Com 21 anos e aluna do 9º semestre, Bárbara
(UFCSPA), e seus vices, Gisele Belloli
entrou para o NAS ainda no 3º período do
(Ulbra) e Dimas Gramz (UFRGS),
curso, atraída pela possibilidade de enriquecer
compõem a nova gestão do Núcleo Acadêmico
sua experiência profissional, além da rotina de
SIMERS (NAS) para o ano de 2016. Estar à frente
estudos e do conhecimento científico.
da entidade, entretanto, não significa que será
A acadêmica acredita que esta é uma vivência
responsabilidade exclusiva do trio a tarefa de
pela qual outros estudantes deveriam passar, por
ampliar as atividades. Além de contar com toda a
ser enriquecedora de muitas maneiras.
diretoria (veja lista abaixo), a presidente destaca o tema que vem sendo debatido com mais ênfase, nas últimas semanas:
– Uma das prioridades da nossa gestão será buscar uma aproximação maior com as universidades do interior, possivelmente definindo representantes do NAS nas cidades mais distantes – afirma Bárbara.
A propósito, durante o evento de encerramento da gestão 2015, a nova diretoria foi apresentada com boas-vindas pelo então presidente do NAS, Tadeu Ludwig, que assim definiu seu período à frente do núcleo: – Que todos sejam muito bem-vindos para um 2016 de muito trabalho e de conquistas. Tenho certeza que o NAS fará diferença na vida de vocês, assim como fez na minha. Bárbara, Gisele, Dimas e toda a diretoria para o período de 2016 não têm a menor dúvida disso.
Gestão 2016 Presidente: Bárbara Dalla Corte (UFCSPA) Vice-presidentes: Gisele Belloli (Ulbra) e Dimas Gramz (UFRGS) Diretores: Bruna Favero (PUCRS), Fabio Hermann (PUCRS), Géssica Haubert (UFCSPA), Giulia Reichert (Ulbra), Gustavo Pesenatto (PUCRS), Marcelo Fabris (Ulbra), Marina Cobalchini (Ulbra), Tatiane dos Santos (UFRGS) e William Matheus Stertz (UFCSPA) Conselheiros: Francine Veadrigo (UFRGS), Marcos Razera (UFRGS), Rodrigo Costa Elsade (UFRGS), Tadeu Ludwig (UFRGS), Tamie Hatori (UFRGS) e Vinícius de Souza (UFCSPA).
132 | VOX Medica | Abril 2016
MUHM
Dia da Mulher Trajetória das gaúchas na medicina é destaque em exposição
As três primeiras médicas formadas no Brasil eram gaúchas
P
ara celebrar o Dia
do País se formaram no Rio Grande
Internacional da Mulher,
do Sul). A exposição retrata, ainda,
o Museu de História da
profissionais que atualmente se
Medicina (MUHM) remontou a já
dedicam à comunidade, além das
consagrada exposição Mulheres e
parteiras e benzedeiras, importantes
as Práticas da Saúde: Medicina e Fé
personagens da cultura popular
no Universo Feminino, a qual esteve
no que diz respeito a cuidados em
em cartaz durante o mês de março
saúde.
na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na capital.
– Para o Sindicato Médico, a oportunidade de resgatar o trabalho e a memória de médicas e de outras pioneiras é motivo de
A mostra apresenta a trajetória de
muito orgulho – sintetizou a vice-
algumas mulheres gaúchas que se
presidente do SIMERS, Maria Rita
destacaram em seu trabalho em
de Assis Brasil.
prol da saúde da população, em especial as médicas pioneiras no Brasil (as três primeiras profissionais
A exposição é uma parceria entre o MUHM e o curso de Museologia da UFRGS.
Abril 2016 | VOX Medica | 133
humor
Destino O destino ajuda mais os insolentes.
Destino é um coelho cego procurando cenouras num deserto.
Destino – Essa fração de segundo em que o sinal muda de verde pra amarelo e você decide se para ou avança.
Não há acordo possível entre um homem e seu destino. E se você estiver no caminho certo, mas na contramão?
Tudo é destino. Tenho absoluta certeza de que vim ao mundo como exemplo. Só falta descobrir de quê.
Shutters
tock
O dedo do destino não deixa impressão digital. Quem nasceu para afogado nunca chega a nadador. A Bíblia do Caos, de Millôr Fernandes Textos utilizados sob autorização
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Vai ser difícil controlar a emoção. O melhor da tecnologia e design Toyota esperam você na CarHouse.
Venha fazer um test drive e conhecer a experiência incomparável de ser um cliente CarHouse.
POA: SERTÓRIO
(51) 2121.1800 Av. Sertório, 1717
NOVO HAMBURGO
(51) 3393.1800
R. Ignácio Treis, 761 (BR-116)
PASSO FUNDO
(54) 2104.1800 Av. Brasil Oeste, 3465
SANTA MARIA
(55) 2101.1800
Rua do Acampamento, 713
IJUÍ
(55) 3331.7200 BR-285 (KM 457), 234
POA: ZONA SUL
(51) 3396.1700 Av. Padre Cacique, 532
Preços sujeitos a alteração conforme tabela do fabricante. Corolla GLI 1.8 AT, ano/modelo 2016/2017, valor à vista R$ 81.240,00. Hilux SRX AT ano/modelo 2016/2016, valor à vista R$ 189.220,00. SW4 SRX AT GAS ano/modelo 2016/2016, valor à vista R$ 232.000,00. Frete incluso. A Toyota oferece três anos de garantia de fábrica para toda a linha sem limite de quilometragem para uso particular, e três anos ou 100.000 km (prevalecendo o que ocorrer primeiro) para uso comercial. Consulte o livrete de garantia, o manual do proprietário ou o site www.toyota.com.br para obter mais informações. As ofertas deste anúncio não abrangem os veículos adquiridos em Vendas Diretas com isenção de impostos. Imagens meramente ilustrativas. Essas promoções/benefícios não são cumulativas com outras promoções/benefícios vigentes.