[TFG] Complexo de Reabilitação e Inclusão Social - Quartel Tabatinguera

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COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL CRIS - QUARTEL TABATINGUERA

GIOVANNA T.BENIGNO ORIENTADOR: MARINA CARAFFA



FIAM – FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO

Giovanna Trevizan Benigno COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL Pq. Dom Pedro II

São Paulo 2015



FIAM – FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO

Giovanna Trevizan Benigno COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL Pq. Dom Pedro II

Trabalho Final de Graduação apresentado à Banca Examinadora da FIAM-FAAM Centro Universitário, como exigência parcial para o título em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Professora Marina Caraffa.

São Paulo 2015


BENIGNO, Giovanna Trevizan – COMPLEXO DE INCLUSÃO E REABILITAÇÃO SOCIAL, Pq. dom Pedro II / Giovanna Trevizan Benigno – São Paulo, 2015. XX Páginas


Giovanna Trevizan Benigno COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL Pq. Dom Pedro II Trabalho Final de Graduação ao curso de Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Professora Marina Caraffa, defendido e aprovado em ______ de Dezembro de 2015, pela banca examinadora constituída pelos Professores:

______________

______________

_____________

Marina Caraffa

______________

_____________

FIAM – FAAM

FIAM – FAAM

_____________

(Orientadora)

(Professor)

São Paulo 2015

(Professor Convidado)


DEDICATÓRIA


“Ao Sr. Bilu, que nunca saiu do meu lado e estaria extremamente feliz e orgulhoso de sua “loirinha” ao presenciar esse momento. Obrigada por tudo, sempre te amarei.”


AGRADECIMENTOS


Gostaria de agradecer a todos aqueles que estiveram comigo nessa

longa jornada da vida chamada TFG.

São muitas pessoas a agradecer, começando por minha família (Vâ-

nia, Mauro, Lucas e com certeza Dona Maria) que me apoiaram psicologicamente e financeiramente durante toda a faculdade; Francine Freire e Marcela Pierobon, pelas ideias e força nos momentos em que eu achava que tudo estava perdido; André Watanabe, Esther Magalhães e Helan Santos, por perdurarem comigo noites e noites varadas, cheias de produção e pizza; Henrique Turola, amigo para todas as horas, que me auxiliou na montagem dessa monografia; Diego Soares, meu companheiro e melhor amigo, por toda a ajuda em maquetes, textos e tudo mais que você me auxiliou e deu força para continuar.

Equipe TC Urbes, com certeza, sem a ajuda de vocês com folgas,

palpites, debates e conselhos esse TFG não sairia. Fer, você irá morar no meu coração para sempre, obrigada por ceder seu TFG para eu ter como uma excelente base!

Por fim e não menos importante, a minha orientadora Marina Ca-

raffa, que sempre teve as palavras certas, nos momentos certos para me aconselhar e acalmar, me dar broncas e me chamar para a responsabilidade que é esse Trabalho.



Sumário APRESENTAÇÃO 15 COMPLEXO DE INCLUSÃO E REABILITAÇÃO SOCIAL População em situação de Rua PARQUE DOM PEDRO II Análise Urbana Da escala metropolitana a escala de intervenção

19 20 27 41 41

Especificidades do ambiente urbano no perímetro de intervenção

48

Descrição do perímetro de intervenção

50

Descrição da área de intervenção

56

ESTUDOS DE CASO Museu Militar de Dresden – Daniel Libeskind Fabbrica Mooca – Espaço Novo Arquitetos Centro de assistência social - “The Bridge” – Overland Partners

63 67 71 75

PROJETO

81

Complexo de Reabilitação e Inclusão Social 82 Programa 100 Memorial Descritivo 108 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

119

IMAGENS DE PROJETO

121



APRESENTAÇÃO



Este tema para estudo de área e trabalho final de graduação, surgiu

após 4 anos de faculdade, onde começo a me encaminhar para a área da arquitetura social e restauradora, em que primeiramente, os edifícios que compõem a cidade e as pessoas que a habitam são tradadas de uma maneira única.

O Complexo de Reabilitação e Inclusão Social visa à reestruturação

urbana de uma área degradada na cidade de São Paulo, restaurando um edifício tombado como patrimônio histórico e agregando novos usos para sua utilização.

O trabalho está configurado em quatro capítulos, sendo que no pri-

meiro capítulo, pode-se ter uma noção do tema escolhido para estudo; no segundo capítulo, uma análise urbana do terreno e do entorno no qual o projeto será implantado, o Parque Dom Pedro II; no terceiro capítulo, são apresentados estudos de caso utilizados para a confecção do projeto; por fim, no quarto capítulo, é apresentado o projeto com a sua justificativa de implantação.

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COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL


O termo complexo, segundo o dicionário Michaelis1 significa “con-

junto de coisas, fatos ou circunstâncias que entre si têm qualquer ligação”. Dentro deste contexto, a nomenclatura Complexo de Reabilitação e Inclusão Social, é designada para tratar de três temas distintos (habitação temporária, saúde e educação), voltados principalmente para a população em situação de rua e de baixa renda, ou seja, oferecer um conjunto de serviços sociais que interligados fornecem à parte carente da sociedade uma nova forma de inclusão ao meio comum.

População em situação de Rua A Política Nacional para população em Situação de Rua, instituída na constituição pelo decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 20092 caracteriza em parágrafo único essa parcela da população como: “(...) considera-se população em situação de rua o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço 4

1 2

http://michaelis.uol.com.br  http://www.planalto.gov.br

20


O documento citado explica em toda sua extensão os princípios,

diretrizes e objetivos, que devem ser seguidos para garantir de forma igualitária o tratamento e instrução desse grupo de pessoas em situação de extrema pobreza. São ressaltados como pontos prioritários para entendimento deste estudo os incisos I, X, XI e XIV do artigo 7º do Decreto para Política Nacional para Moradores em Situação de Rua: “I – assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda; (...) X - criar meios de articulação entre o Sistema Único de Assistência Social e o Sistema Único de Saúde para qualificar a oferta de serviços; XI - adotar padrão básico de qualidade, segurança e conforto na estruturação e reestruturação dos serviços de acolhimento temporários, de acordo com o disposto no art. 8o; (...) XIV – disponibilizar programas de qualificação profissional para as pessoas em situação de rua, com o objetivo de propiciar o seu acesso ao mercado de trabalho.”

De acordo com a pesquisa nacional sobre a população em situação

de rua disponibilizada pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a fome (MDS), no ano de 2008 existia um contingente de aproximadamente 31.922 adultos (considerados pessoas acima de 18 anos) vivendo

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em situação de rua nos 71 municípios pesquisados3. Desse total encontrado, apenas 27,50% das entrevistas aconteceram em instituições sociais, o que mostra, em geral, a deficiência no sistema de acolhimento temporário nacional. Com os dados da pesquisa também é possível traçar um perfil dos moradores de rua, tendo em vista que a maior parte da população é do sexo masculino, tem idade entre 25 e 44 anos, a escolaridade não passa do ensino fundamental, possuem renda média semanal entre R$20,00 e R$80,00 e que em sua maioria, foram para as ruas devido ao consumo excessivo de drogas ou desentendimentos familiares.

No que diz respeito à utilização de abrigos temporários ou albergues

como são comumente chamados, a população em questão aponta como principal argumento para a estadia no local, a violência sofrida nas ruas onde ficam completamente vulneráveis a assaltos, roubos e agressões. A não utilização dos albergues provém da falta de liberdade, obrigação de cumprimento com horários (para higiene pessoal e alimentação, principalmente), além da proibição do consumo de álcool e drogas.

Cerca de aproximadamente 70% da população de rua é composta

“Entre as capitais brasileiras não foram pesquisadas São Paulo, Belo Horizonte e Recife, que haviam realizado pesquisas semelhantes em anos recentes, e nem Porto Alegre que solicitou sua exclusão da amostra por estar conduzindo uma pesquisa de iniciativa municipal simultaneamente ao estudo contratado pelo MDS.” – Dados: http://www.mds. gov.br 3

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por trabalhadores não registrados, que possuem como única forma de renda subempregos oferecidos pela própria rua como, por exemplo, catador de materiais reciclados, guardador de carros, ajudante de obra, carregador / estivador, trabalho com ramo de limpeza geral, dentre outros. Os 30% restantes da população são pedintes.

A maioria das pessoas em situação de rua não tem um local ade-

quado para fazer a higiene pessoal além dos oferecidos pelos albergues disponíveis na cidade, como por exemplo, vestiários públicos, centros de convivência (localizados geralmente embaixo de viadutos), dentre outros.

No estudo “Descartáveis Urbanos: discutindo a complexidade da po-

pulação de rua e o desafio para políticas de saúde”, de Walter Varanda e Rubens Adorno (2004), podemos afirmar a situação descrita acima e ainda ter exemplos de locais utilizados atualmente para suprir as necessidades básicas da população em situação de rua: “Um grande contingente de pessoas ainda não usa os serviços públicos oficiais ou pouco se relaciona com a assistência instituída, buscando alternativas para o banho, necessidades fisiológicas, alimentação e vestuário. Vivendo literalmente nas ruas, usam os depósitos de ferro velho ou papelão, postos de gasolina, bicas, torneiras públicas,

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chafarizes, igrejas, banheiros públicos, instalações de vizinhos domiciliados, lojas e supermercados e serviços de higiene pagos (SAS, 2000).”

Com informações extraídas do estudo e a compilação de dados apre-

sentados nesta pesquisa, é possível observar que muitas pessoas optam por ficar nas ruas ao passar pela burocracia instaurada nesses locais de permanência temporária, sendo assim, acabam não tendo cuidados pessoais necessários para com a saúde e acabam adoecendo mais facilmente.

Ainda referenciado a pesquisa da MDS, cerca de 24,80% da po-

pulação em situação de rua não possui nenhum documento oficial de identificação.

Tendo em vista todos os dados oferecidos pela pesquisa da MDS,

aliados aos conceitos do Plano Nacional para pessoas em situação de rua, percebe-se a falta de um local que contemple todas as funções básicas de saúde, educação e acomodação destinadas preferencialmente a essa parcela da população.

24


25



PARQUE DOM PEDRO II


No final do século XIX e início do século XX, a cidade de São Pau-

lo transformava-se em um grande núcleo urbano, devido à expansão industrial ocorrida principalmente na região central do Município, próxima as margens do rio Tamanduateí. Com o crescimento dos bairros próximos ao rio, na chamada Várzea do Carmo, as preocupações com o saneamento da região aumentaram, pois na época o leito do rio servia para a lavagem de roupas, banho de animais, depósito de lixo e principalmente para o despejo de dejetos in natura o que aliado a características alagadiças da região poderiam trazer muitas doenças aos usuários do local (MEYER,R; GROSTEIN,M., 2010).

A partir do contexto citado, começa-se a obra de alargamento e re-

tificação do rio Tamanduateí, que na época, caracterizava a correção dos problemas de saneamento recorrentes na região. De 1810 até os dias atuais, o rio Tamanduateí teve seu percurso alterado no mínimo 04 vezes, e mesmo após as alterações de percurso, foram feitas obras de canalização e tamponamento no rio (F.01). Com a mudança de percurso do rio e da morfologia local durante os anos, vieram as intervenções na área. A primeira proposta para a região foi o projeto do Parque da Várzea, elaborado no ano de 1991, pelo arquiteto francês Joseph Antonie Bouvard.

28


FIGURA 01: Diagrama de alteração do percurso do rio Tamanduateí com o passar dos anos. Fonte: MEYER, R; GROSTEIN, M., 2010,. 29


O desenho contava com percursos sinuosos e arborizados, além de

um pavilhão de exposições (atual Museu Catavento) e o Mercado Municipal. O projeto foi implantado por Francisque Couchet entre 1916 e 1918. Em 1924 o projeto implantando recebe o nome de Parque Dom Pedro II (F.02).

As maiores intervenções urbanas na região, se devem aos planos

de avenidas e viadutos implantados as margens do rio Tamanduateí entre os anos de 1920 e 1975, como por exemplo, o plano de avenidas de Prestes Maia, 1930 – propondo a ligação da Marginal do Tietê à região do ABC Paulista através da Avenida dos Estados, que margeia o rio Tamanduateí; e a construção do complexo de viadutos que cruzam o Parque Dom Pedro II, ligando as duas margens do rio em 1972.

As fotos aéreas, de 1945 a 2007, mostram as diversas intervenções

urbanísticas ocorridas na região e a transformação do antigo parque com uso predominante de pedestres no grande complexo viário existente atualmente na região (F.03 a F08).

30


FIGURA 02: Mapa situação do Parque dom Pedro em 1930. Fonte: MEYER, R; GROSTEIN, M., 2010,.


Mercado Municipal

Prolongamento da Avenida Mercúrio

Palácio das Industrias Casa das Rotortas Alteração de projeto do Couchet

Gasômetro Alteração na rua Anita Garibaldi

Quartel 2º Batalhão de Guardas

FIGURA 03: Foto aérea do Parque Dom Pedro - Tranformações em até 1945 Fonte: MEYER, R; GROSTEIN, M., 2010,. 32

1945


Edifício São Vito

Alterações no projeto do Couchet

Colégio Estadual SP

Intervenções no Sistema Viário

Avenida Radial Leste

1958

FIGURA 04: Foto aérea do Parque Dom Pedro - Tranformações em até 1958 Fonte: MEYER, R; GROSTEIN, M., 2010,. 33


Retirada das travessias sobre o Rio Ramnduateí

Alteraçãos no projeto Couchet

Aumento da calha do Rio Tamanduateí

1968

FIGURA 05: Foto aérea do Parque Dom Pedro - Tranformações em até 1968 Fonte: MEYER, R; GROSTEIN, M., 2010,. 34


Viaduto DIário Popular

Alterações do projetoo Coucher

Terminal de Ônibus

Viaduto Mercúrio Viaduto 25 de março

1973 Viaduto do Glicério

Viaduto 31 de Março

FIGURA 06: Foto aérea do Parque Dom Pedro - Tranformações em até 1973 Fonte: MEYER, R; GROSTEIN, M., 2010,. 35


Estação Pedro II

Implementação do Metro

Linha 3 - Metro leste-oeste

Tamponamento do Rio Tamanduateí

1986

FIGURA 07: Foto aérea do Parque Dom Pedro - Tranformações em até 1986 Fonte: MEYER, R; GROSTEIN, M., 2010,. 36


Alterações na praça cívica

terminal Mercado

corredor de ônibus Expresso Tiradentes

2007

FIGURA 08: Foto aérea do Parque Dom Pedro - Tranformações em até 2007 Fonte: MEYER, R; GROSTEIN, M., 2010,. 37


O Plano Urbanístico mais recente para a região foi proposto pelo

escritório UNA em 2010. De uma maneira geral o Plano apresenta mudanças impactantes para região e de grandes valores urbanísticos para a integração e transposição das barreiras naturais existentes (topografia e o rio Tamanduateí).

No projeto apresentado pelo escritório, são premissas o rebaixa-

mento dos viadutos 25 de março e Radial leste, ao nível da Avenida dos Estados – sentido centro; o rebaixamento da Avenida dos Estados – sentido ABC Paulista; e a integração de todos os modais de mobilidade existentes no perímetro estudado, que são: estação de metro Parque Dom Pedro II, o terminal de ônibus e a estação do Expresso Tiradentes. Devido aos rebaixos propostos e as integrações de modais, são projetados também áreas de contemplação do rio, através de Decks e praças secas, sempre trabalhando com a topografia local.

Para a parte de restruturação urbana são propostas novas edifi-

cações que abrigam o SESC e o SENAC, e além dos novos edifícios, é proposto um centro de compras popular, duas edificações de apartamentos com o térreo tendo uso comercial e uma torre de salas comerciais, ou escritórios.

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PLANO PARQUE DOM PEDRO II 01  Mercado Municipal 02  Praça do Mercado Acesso ao Metrô 03  Acesso Estacionamento 04  Esdifício, Comércio e Serviços 05 Sesc 06  Senac 07  Praça de Eventos 08  Lagoa de Drenagem, Tratamento e Reuso 09  Galeria Comercial e Terraço Restaurante 10  Ligação com o Pátio do Colégio 11  Pátio do Colégio 12  Comércio e Habitação 13  Torre de Escritórios 14  Estação Intermodal 15  Estação de Metrô Pedro II

FIGURA 09: Implantação -Plano Urbanistico - UNA Fonte: UNA Arquitetos, 2010

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FIGURA 10: Foto Montagem -Plano Urbanistico - UNA Fonte: UNA Arquitetos, 2010


Análise Urbana A análise feita a seguir, refere-se ao desenvolvimento urbano da área de estudo – centro velho da cidade de São Paulo – onde se localiza o terreno de intervenção utilizado para a implantação do Complexo de Reabilitação Inclusão Social.

Da escala metropolitana a escala de intervenção O Segundo Batalhão de Guardas – Parque Dom Pedro, se localiza no bairro da Sé – centro velho da cidade de São Paulo, as margens do Rio Tamanduateí.

FIGURA 11: Localização da região de estudo, perante ao Município de SP. Fonte: Prefeitura de São Paulo Elaboração: Giovanna Benigno

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Para entender como funcionam as dinâmicas sociais, econômicas

e políticas do entorno imediato do terreno, deve-se primeiramente estudar uma escala mais abrangente de território; o objeto de estudo urbano é a Subprefeitura da Sé, responsável pelos bairros: Bela vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Santa Cecília e Sé. De acordo com as informações do Infocidade1, em 2010 a subprefeitura da Sé ocupa a 9ª posição dentre as 31 subprefeituras da cidade, no quesito populacional tendo 454.717 pessoas residentes nos distritos abrangentes (F.12).

FIGURA 12: População no Município de SP em 2010. Fonte: Infocidade Elaboração: Giovanna Benigno

Site de dados da prefeitura de São Paulo; atualizado pela SMDU – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. 1

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A subprefeitura estudada apresenta dados bastante controversos

entre os bairros que abrange, porém, quando comparado as outras subprefeituras, apresenta níveis muito bons de moradia, saúde e educação de seus moradores. Esse fato, visivelmente é dado pela concentração de duas glebas sociais sob a mesma coordenação: o centro velho – que possui edifícios antigos com caráter histórico, onde muitos deles foram invadidos por movimentos de pessoas sem moradia (MST2 – por exemplo), que geralmente possuem baixa ou nenhuma renda; e o centro novo – com edificações modernas ou reutilizadas por uma população que geralmente possui renda alta ou média. O centro novo também abrange o bairro mais denso da capital: a Bela Vista, que em 2010 contava com 26.715 hab./km². O único ponto em comum das duas glebas, é que a predominância do uso do solo é comercial / misto e que ambas movimentam grande parte do setor financeiro do Município, o que torna a região um grande produtor de empregos, ou seja, pessoas de outros distritos se deslocam até o centro para trabalhar.

Afirmando novamente os dados apresentados, a região possui um

dos melhores índices de escolaridade do Município e consequentemente 2

Movimento dos Sem Teto

43


FIGURA 13: População de 10 anos ou mais por nível de instrução no Município de SP em 2010. Fonte: Infocidade Elaboração: Giovanna Benigno

FIGURA 14: Rendimento por domicílio em salários mínimos no Município de SP em 2010. Fonte: Infocidade Elaboração: Giovanna Benigno 44


é o 2º maior contribuidor financeiro do mesmo, no quesito rendimento por domicílio contabilizado em salários mínimos (F.13 e F.14).

No quesito saúde, a subprefeitura apresenta apenas 298 leitos, entre

hospitais Municipais e Estaduais, para uma população média de 454.717 pessoas, sendo que a quantidade ideal para a região seria de 1.365 leitos (considerando o índice de 3 leitos a cada 1.000 habitantes), ou seja, 1.067 leitos a mais do que o apresentado. Em contrapartida, os hospitais de caráter privado apresentam cerca de 2.135 leitos disponíveis, tendo em vista

FIGURA 15: Distribuição de leitos hospitalares por distrito - Subprefeitura Fonte: Infocidade Elaboração: Giovanna Benigno

que pessoas de outras regiões também os utilizam.

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FIGURA 16: Locação de pontos importantes. Fonte: Google Earth Elaboração: Giovanna Benigno

Dentro deste perímetro são perceptíveis características próprias do

centro da cidade, tais como: áreas de grandes comércios populares, região da rua 25 de março; equipamentos culturais como o Museu Cata-Vento, Museu da Imigração, Museu da Língua Portuguesa, Centro Cultural São

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Paulo, Pinacoteca do Estado, dentre outros; serviços como o Mercado Municipal (F.16);

A região também é o centro viário da cidade. Por ela passam as

principais avenidas que interligam as regiões norte e sul – através das avenidas Tiradentes e 23 de maio – leste e oeste – através da avenida Alcântara Machado, que interliga no Elevado Costa e Silva – e por fim a região do ABC paulista, através da avenida dos Estados (F.17), além de contemplar fácil acesso através do transporte público realizado pelas estações de

FIGURA 17: Locação das principais vias do entorno. Fonte: Google Earth Elaboração: Giovanna Benigno

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Metrô Pq. Dom Pedro, Sé, Anhangabaú, São Bento e Tiradentes; Estação da CPTM Luz; e os terminais de ônibus Pq. Dom Pedro e Pça. Do Correio.

Especificidades do ambiente urbano no perímetro de intervenção

O terreno onde está localizado o Segundo batalhão de Guardas –

Pq. Dom Pedro no bairro da Sé possui três especificidades importantes: o sistema viário que o cerca, a intervenção do Metrô no terreno e as leis de tombamento da edificação existente.

A primeira especificidade percebida no terreno foi sua localização

com relação ao sistema viário local, uma vez que o terreno em questão é circundado pela Avenida dos Estados – via principal e alça de acesso à pista expressa – que causa um isolamento da área em relação ao entorno, por conta da barreira física da avenida, aliada a outra barreira, que é o Rio Tamanduateí; o terreno está localizado entre os viadutos Vinte e cinco de Março e Radial Leste, causando, além do isolamento do entorno, um limite de gabarito nas futuras construções. Sendo assim, os únicos meios de acesso ao lote escolhido, ocorrem pelas duas faixas de pedestres semaforizadas que estão locadas na pista local da Avenida dos Estados (sentido ABC) ou pela passarela confeccionada pelo Metrô, localizada no outro lado

48


do Rio Tamanduateí, que passa por cima da Avenida dos Estados, sentido zona norte da capital. A segunda especificidade citada foi a intervenção que o sistema de Metrô tem sobre o terreno escolhido. A infraestrutura do Metrô, na linha 3 – vermelha tem metade de seu percurso realizado de modo subterrâneo (estação Marechal Deodoro até a estação Sé), e a outra metade realizada por meio de viadutos (estação Sé, até o final do percurso). Ao sair da estação Sé, os trilhos do Metrô formam um viaduto que corta o terreno do Segundo

FIGURA 18: Viadutos do Entorno. Fonte: Google Earth Elaboração: Giovanna Benigno

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Batalhão de Guardas, causando mais uma vez um limite de gabarito nas futuras construções no terreno (F.18)

Descrição do perímetro de intervenção

Como já foi dito, o Segundo Batalhão de Guardas – Pq. Dom Pedro,

se localiza no bairro da Sé – coordenado pela subprefeitura da Sé. Neste item serão expostas as características do entorno imediato da edificação, como uso predominante de solo, equipamentos urbanos localizados no perímetro, pontos de transporte público, dados socioeconômicos e topográficos do terreno.

O terreno de intervenção é isolado por conta da barreira física na-

tural (Rio Tamanduateí) e a barreira mecânica (Avenida dos Estados), ou seja, seu entorno é totalmente rodoviarista, porém logo após essas barreiras, é possível identificar edificações com gabarito de 5 a 60 metros de altura (F.19), sendo que, quanto menor a altura, maior a proximidade da linha 3-vermelha do metrô.

Dentre essas edificações os usos de solo são variados, passando

por institucional, serviços, misto, comércio e residencial. Institucional: Unidade da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e o Tribunal de contas do Estado de São Paulo.

50


ESCALA - 1:5000 LEGENDA Altura de 0.00 à 7.50m V

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Altura de 7.51 à 15.00m PEDRO II

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51

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Serviços: Fundo de Solidariedade do Estado de São Paulo (educação profissionalizante específica), UBS – Unidade Básica de Saúde, Terminal de Ônibus Pq. Dom Pedro II, Expresso Tiradentes e Estação de Metrô Pq. Dom Pedro II.

Misto: Próximo ao Terminal de Ônibus, as edificações possuem, em

sua grande maioria, térreo e sobreloja com usos comerciais e os outros andares com uso residencial, mesmo que com gabarito relativamente baixo.

Comércio: Lojas em geral com apenas térreo e sobreloja ou

mezanino.

Residencial: Edificações, em geral de alto gabarito, com uso estri-

tamente residencial.

A região possui o melhor acesso por meio de transporte público, pois

é possível chegar de qualquer ponto da RMSP ou ABC Paulista através de Metrô, ônibus e do expresso Tiradentes. As proximidades com o terreno possuem estacionamentos privados, uma vez que as vias de grande fluxo não possuem estacionamentos nos bordos e as vias de médio fluxo que possuem estacionamento não suprem a demanda de automóveis na região.

Em 2010, apesar dos altos índices nos dados socioeconômicos da

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subprefeitura da Sé com relação as outras subprefeituras da capital, o Bairro Sé em específico, sofre com índices menores do que o dos outros bairros pertencentes a mesma subprefeitura.

A maior parte da população do bairro possuía uma média salarial

de 2 a 5 salários mínimos, enquanto os habitantes da Bela Vista, têm uma média salarial de 5 a 10 salários mínimos (F.20). O mesmo acontece com o setor da educação, no qual a maioria da população do bairro possui Ensino

FIGURA 20: Rendimento por domicílio em salários mínimos no bairo da Sé em 2010 Fonte: Infocidade Elaboração: Giovanna Benigno

Médio completo com Ensino Superior incompleto, e a população da Bela Vista possui Ensino Superior completo (F.21).

Quando se entra no mérito de população em situação de rua no

Município de São Paulo, a Subprefeitura da Sé é a que apresenta maiores

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FIGURA 21: População de 10 anos ou mais, por nível de instrução na Subprefeitura da da Sé em 2010 Fonte: Infocidade Elaboração: Giovanna Benigno

índices, tanto no Censo detalhado de 2010, quanto no Censo prévio de 2015.

Atualmente, existem 15.905 pessoas em situação de rua em todo

Munícipio de São Paulo, sendo que 8.570 pessoas estão em centro de acolhida e 7.335 pessoas ainda residem nas ruas da capital. Segundo o Censo de 2015, 52% dessa população que reside na rua está localizada no centro de São Paulo. Ainda segundo o Censo atual, a grande maioria da população está em idade adulta e é do sexo masculino, como podemos observar nos gráficos, retirados do “Censo da população em situação de rua da cidade de São Paulo, 2015” – realizado pela SMADS e FIPE. A localização do edifício, às margens do Rio Tamanduateí, também pode

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FIGURA 22: População em situação de rua em 2015 Fonte: Prefeitura de São Paulo, SMDADS e FIPE.

FIGURA 23: População em situação de rua em cada subprefeitura do Município de SP, 2015. Fonte: Prefeitura de São Paulo, SMDADS e FIPE.

FIGURA 24: População em situação de rua em São Paulo de acordo com o sexo, 2015. Fonte: Prefeitura de São Paulo, SMDADS e FIPE.

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ser vista como um problema. Por fazer parte da várzea, e em grande parte, por ter o rio canalizado, a região tem problemas de drenagem e é alagadiça, lembrando que em caso de chuva, toda a água da região da Praça da Sé (por exemplo) que está a cerca de 30 metros acima do nível do terreno, escoa para o rio, causando mais problemas com inundações.

Mesmo margeando o Rio, o perímetro não apresenta condicio-

nantes ambientais relevantes, como por exemplo, áreas de preservação

FIGURA 25: Rendimento por domicílio em salários mínimos no bairo da Sé em 2010 Fonte: Infocidade Elaboração: Giovanna Benigno

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permanente (APPs) ou vegetação preservada, devido aos processos de canalização do rio.

Descrição da área de intervenção

O terreno onde será implantado o CRIS é dado como patrimônio his-

tórico devido à construção existente no local, um antigo Quartel do exército.

FIGURA 26: Ficha de identificação do Bem Tombado. Fonte: Processo de Tombamento - Acervo USP

A edificação do Segundo Batalhão de Guardas foi tombada em 28

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de agosto de 1981, pelo órgão CONDEPHAAT3 (processo de tombamento Como é possível verificar na ficha de identificação do bem tombado, a edificação já foi sede da Sede da chácara Fonseca, Seminário dos Educandários, Hospício dos Alienados e por fim Sede do Segundo Batalhão de Guardas, uso que dá nome ao processo de tombamento. Para abrigar todos os usos do quartel militar, foi necessário construir cerca de 9 anexos no terreno, dentre eles garagens cobertas e descobertas, salas de munição, vestiários, entre outros; porém no processo de tombamento realizado em 1981, esses anexos são considerados sem valor histórico (mesmo que sua parte estética seja muito semelhante ao existente), uma vez que foram construídos em outra época e situação.

A edificação principal existente, foi construída no ano de 1842 em

taipa de pilão, porém alguns estudos indicam que devido ao grande número de inundações no terreno, houve danos na parte estrutural do prédio e em 1880 houve uma grande reforma, na qual foram mantidas as características externas da edificação, porém, suas bases estruturais foram refeitas em alvenaria de tijolos, sistema que permanece até hoje na edificação.

O terreno possui topografia predominantemente plana, com variações

CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico. 3

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entre 1 e 2 metros de altura no decorrer do terreno.

Atualmente a edificação não possui nenhum tipo de uso, e está em

constante estado de deterioração à espera da aprovação de um projeto para se tornar um Museu Militar, entretanto a informação divulgada pela mídia é de que o projeto não foi aceito pelo CONDEPHAAT.

FIGURA 27: Imagem das fachadas frontal e posterior da Edificação Elaboração: Giovanna Benigno

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Perante o novo PDE (Plano Diretor Estratégico) de São Paulo,

lançado em 2015, a área do terreno é especificada como “Área verde ou Parque”. Contudo uma das diretrizes de zoneamento do plano é a ZEPEC (Zonas Especiais de Preservação Cultural), que se aplica a todos os bens tombados da capital, independentemente de sua localização ou do tipo de tombamento, seja ele Municipal, Estadual ou Nacional; recentemente foi lançado um mapa com todos os bens tombados e sua localização como ZEPEC no Município de São Paulo (F.27).

Segundo o novo PDE a ZEPEC é a “demarcação de áreas da cida-

de destinadas a preservação, valorização e proteção de espaços culturais, afetivos e simbólicos, de grande importância para a memória, identidade e vida cultural da cidade”, Plano Diretor – Estratégias ilustradas. O edifício tombado do Segundo batalhão de guardas se encaixa no conceito de ZEPEC-BIR (Bens Imóveis Representativos) que se refere a “elementos construídos e suas respectivas áreas, com valor histórico, arquitetônico, paisagístico, artístico, arqueológico e cultural, que tenham valor referencial para uma comunidade”. Com o novo PDE esse tipo de classificação de ZEPEC ganha poder de transferência do potencial construtivo e incentivo fiscal de IPTU e ISS, benefícios não utilizados por se tratar de um imóvel da Prefeitura de São Paulo. Perante a lei, os imóveis de ZEPEC não possuem

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FIGURA 27: Recorte do mapa de ZEPEC e recorte do mapa de zoneamento atual, novo plano diretor de SP Fonte: Prefeitura de SP, PDE 2015 - Cartilha Ilustrada

coeficiente de aproveitamento, taxa de ocupação de solo ou dimensões mínimas de recuo; segundo a lei, as adições aos bens tombados ou mudança de uso dos mesmos, devem ser baseadas nas leis de tombamento das edificações, e para qualquer especificação à parte, devem ser procurados os órgãos de tombamento responsáveis pela edificação. O entorno da edificação é totalmente rodeado por um grande gramado, assim como as ilhas de espera para travessia ou separação de duas faixas de rolamento da via. Esse fato pode ser considerado positivo pela possibilidade de requalificação do ambiente, mas também, atualmente pode ser considerado negativo devido aos moradores de rua da região, utilizarem as áreas gramadas para construir moradias temporárias ou acampamentos ilegais.

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ESTUDOS DE CASO


Como o próprio nome sugere, os estudos de caso são na realidade

referências projetuais estudadas durante o processo de criação de uma nova arquitetura, a fim de entender conceitos básicos de programa de necessidades (ambientes), áreas de circulação, integração de edifícios privados aos espaços públicos ou vice e versa, paisagismo, soluções estruturais e de volumetria, além de outras características abordadas de acordo com a temática do projeto em questão.

Entendendo que o CRIS está implantado em um terreno tombado

pelos órgãos públicos, fato que prevalecerá como base de projeto à edificação existente no local, os estudos de caso foram voltados a temas como: adição de arquitetura contemporânea a edificações tombadas como patrimônio histórico, projetos arquitetônicos de retrofit, edificações que possuam o mesmo uso de atividades do local e também estudos de volumetria e ligação entre edificações.

Para entender a relação entre a adição de um projeto arquitetônico

contemporâneo a um edifício tombado, foram utilizadas duas referencias básicas de projeto: o Museu Militar, do arquiteto Daniel Libeskind – localizado em Dresden, Alemanha; e a relação existente entre o Museu das Minas e do Metal com o Espaço de Conhecimento da UFMG, do arquiteto Jô Vasconcellos – localizado na Praça da Liberdade, Minas Gerais, Brasil.

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Ainda dentro do contexto de edificação tombada, temos como estu-

do de caso a Fabbrica Mooca, que foi reinventada através de um projeto de retrofit do escritório Espaço Novo, e teve seu antigo uso (fabrica de lingerie) adaptado a um supermercado. Por fim, para explorar as referencias do programa de usos prioritário – o albergue – foram estudados edifícios como o Complexo de Padre Rubinos, Espanha; Homeless Shelter, Espanha; Oficina Boracéia, São Paulo – Brasil e o projeto que mais teve influência na criação do CRIS, o Centro de Assistência Social “The Brigde”, USA – que além de ser um referencial de usos, serviu como referencial de volumetria.

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FIGURA 28: Fachada frontal do Museu Militar. FIGURA 29: Foto aérea da implantação do edifício 66 Fonte: Studio Libeskind,2011.


Museu Militar de Dresden – Daniel Libeskind “Eu queria criar uma interrupção em negrito, um deslocamento fundamental para penetrar no arsenal histórico...” – Daniel Libeskind, 2011.

Arquiteto: Daniel Libeskind Local: Dresden – Alemanha Ano de Conclusão: 2011 Área de construção: 14.000,00m²

Com o projeto vencedor do concurso para a ampliação do Museu

Militar de Dresden – Alemanha, o arquiteto Daniel Libeskind tem como objetivo mostrar sua arquitetura desconstrutivista, que deixa muito clara a diferença entre o clássico e o contemporâneo.

No exterior da edificação o que fica em evidência, é o grande polígo-

no triangular maciço, confeccionado em vidro, concreto e aço que corta a fachada e traz a transparência do anexo o qual nasce do átrio interno (F.31) como o contraponto da arquitetura rígida e opaca do século XIX.

Por fora, o polígono triangular quebra a simetria da edificação

existente ao criar um eixo secundário (deslocado do centro) na fachada

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principal, esse deslocamento cria uma zona de contemplação da cidade, quando se chega ao ultimo andar do anexo. Por dentro, as áreas de exposição respeitam o caráter original do prédio e somam áreas de livre circulação, por onde passa o anexo proposto.

O Museu Militar estudado influenciou diretamente na interpolação

do edifício tombado do Segundo Batalhão de Guardas, com os prédios anexos ao mesmo, além da proposta de inserção de um anexo prioritário na edificação principal e a referencia de materiais utilizados.

FIGURA 30: Fachada frontal do Museu Militar. Fonte: Portal Arquitetônico, 2014

68


FIGURA 31: Planta do Térreo do Museu Militar. Fonte: Portal Arquitetônico, 2014

FIGURA 32: Corte Transversal do Museu Militar. Fonte: Portal Arquitetônico, 2014 69


FIGURA 33: Fachada principal / entrada - Fabbrica Mooca. FIGURA 34: Fachada esqueda - Fabbrica Mooca Fonte: Revista AU, Edição Dez/12. 70


Fabbrica Mooca – Espaço Novo Arquitetos “Nosso objetivo foi preservar o galpão e abrir a quadra para todas as visuais possíveis” – Joviita V. Torrano, Sócia fundadora do escritório Espaço Novo, 2015.

Arquiteto: Espaço Novo Arquitetura Local: São Paulo – Brasil Ano de Conclusão: 2011 Área de construção: 5.400,00m²

Para o projeto da Fabbrica Mocca, o escritório Espaço Novo, le-

vou em consideração a história industrialista do bairro da Mooca, onde o projeto foi implantado, juntamente com o cenário atual do local, que em curto período de tempo sofreu um grande processo de verticalização. O galpão de tijolos de barro, localizado no centro da quadra, foi o ponto inicial do projeto, pois a partir da sua reestruturação e implantação seria possível definir o paisagismo e a locação dos outros anexos no terreno (F. 35 – Bloco 3: Supermercado). Para abrigar um supermercado na antiga fábrica de lingerie, o escritório

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optou por fazer alterações na distribuição interna do galpão, transformando o que anteriormente eram 3 glebas, divididas por paredes, em apenas uma, ou seja, foram utilizadas apenas as paredes de vedação do antigo galpão, e para a edificação não sofrer dados estruturais, toda a fundação, assim como os telhados, tiveram reforços estruturais. Para ter iluminação e ventilação natural no interior do prédio, os telhados foram restaurados e em alguns pontos específicos foram construídos sheds1. Os caixilhos existentes foram restaurados e os tijolos internos retirados na obra, sendo reutilizados em outras áreas da edificação. Ainda no terreno foram construídos mais 2 blocos de serviço, confeccionados em estrutura metálica e vidro, com formato orgânico (F.34 – Blocos 01 e 02: Centros Comerciais).

A estratégia de restaurar e utilizar apenas as paredes de vedação

da edificação e reforçar a estrutura existente, complementando a mesma com estrutura metálica, serviu de referencia base para a elaboração do CRIS, objeto projetual proposto no próximo capítulo.

Originalmente, termo inglês que significa alpendre. No Brasil, designa os telhados em forma de serra, com um dos planos em vidro para favorecer a iluminação natural. Bastante comum em fábricas e galpões. – http://reocities.com/Eureka/executive/8820/dicionarioB. htm – acesso em 12/10/2015. 1

72


FIGURA 34: Implantação, Corte AA, Ampliação do Bloco 4 e Elevação - Fabbrica Mooca Fonte: Revista AU, Edição Dez/12. 73


FIGURA 35: Fachada principal - The Brigde. FIGURA 36: Pateo interno - The Brigde. Fonte: Overland Partners, 2011. 74


Centro de assistência social “The Bridge” – Overland Partners “The Bridge fez com que a comunidade de Dallas se tornasse um lugar melhor para viver e trabalhar. O proprietário da loja em frente, que liderou a luta contra os planos, já disse que o Centro foi a melhor coisa que aconteceu para o bairro.” – Mike Rawlings | Presidente do Conselho – 2010.

Arquiteto: Overland Partners Local: Texas, USA Ano de Conclusão: 2010 Área de construção: 75.000,00m²

O centro de assistência social “The Brigde” está implantado na re-

gião central de Dallas – Texas, com 75.000,00m² distribuídos em 4 blocos de serviços. Embora as edificações sejam distintas umas das outras, a composição de todas remete a um formato quadrado, com um átrio central, usado para convivência dos abrigados.

Os blocos são divididos por uso, sendo que os 3 blocos térreos

75


proporcionam paços

de

respectivamente, convivência;

recepção

área com

de

alimentação;

bagageiro

e

um

esgal-

pão que pode ser convertido em dormitórios “ao ar livre” para pessoas que são resistentes a entrar no centro comunitário. O bloco principal possui 3 andares, abriga no térreo usos como atendimento médico e psicológico, além de ter espaços para a capacitação profissional dos frequentadores (F.37); no 1º andar ficam os alojamentos para pessoas de curta estadia (F.38); no segundo andar se localizam os alojamentos de pessoas que tem a estadia prolongada, e trabalham no centro (F.37).

The Bridge foi premiado com o certificado LEED2, dentre outras

ações, por conta do telhado sustentável verde, grandes fluxos de ventilação e iluminação naturais e sistema de reciclagem. O funcionamento acontece 24 horas por dia, todos os dias do ano, atendendo cerca de 1.400 pessoas por dia, seja em busca de abrigo ou em busca de outros serviços que a instituição oferece.

O sistema de separação de usos por bloco, o tempo de funciona-

mento e os tipos de necessidades e ambientes implantados no centro de   LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações, utilizado em 143 países, e possui o intuito de incentivar a transformação dos projetos, obra e operação das edificações, sempre com foco na sustentabilidade de suas atuações – http://gbcbrasil.org.br/sobre-certificado.php – acesso em 1210/2015. 2

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assistência social, serviram para basear o projeto do CRIS quanto ao seu programa de necessidades e distribuição de usos e funções da edificação, mesmo os projetos tendo áreas específicas e padrões de implantação distintos.

FIGURA 37: Térreo - The Brigde. Fonte: ArchiDaily, 2011.

77


FIGURA 38: 1ยบ Pavimento - The Brigde. Fonte: ArchiDaily, 2011.

78


FIGURA 38: 2ยบ Pavimento - The Brigde. Fonte: ArchiDaily, 2011.

79



PROJETO


Complexo de Reabilitação e Inclusão Social

O projeto do CRIS tem como principal objetivo a restruturação urba-

na da “ilha rodoviária1” na qual o terreno de implantação dos edifícios se localiza, ou seja, a restruturação urbana remete a dois princípios específicos para aquela região: restaurar uma edificação tombada como bem histórico; agregar usos públicos ao lote, de modo que atraia a população do entorno para dentro do terreno.

Conforme apresentado no item 2.2.1 (Análise da escala Metropoli-

tana) é possível compreender que a região central da cidade de São Paulo apresenta duas realidades diferentes em todos os aspectos socioeconômicos estudados. Com a divisão do local estudado em centro velho e centro novo, vieram também as desigualdades sociais e econômicas dessa região, contrapondo o centro novo que concentra os melhores índices de oferta de empregos, população com renda intermediária/alta e escolaridade com ensino superior completo, além de alta oferta de serviços no setor de saúde, sendo que os dois últimos itens são provenientes, em grande parte, de instituições privadas. O centro velho, por sua vez, apresenta grande número de subempregos, altos índices de população carente e 1  Ilha Rodoviárias- Lote ou quadra cercada e isolada por vias arteriais ou pontes.

82


em situação de rua, além de apresentar uma quantidade de escolas e hospitais que não suprem a demanda de classes e leitos que a população regional necessita.

Tendo em vista esses índices, o Complexo foi pensado para ser um

equipamento urbano que melhorasse a condição de vida os moradores regionais, através da oferta de cursos profissionalizantes, oficinas de aprendizagem, atendimento médico e psiquiátrico, espaço de uso público para todas as idades e gêneros, restaurante popular, além de vagas para estadia no albergue, voltadas para pessoas em situação de rua.

O quartel do Segundo Batalhão de Guardas Tabatinguera, é tomba-

do pelo CONDEPHAAT como descrito no item 2.2.3 (Condicionantes Locais). Desde os primeiros estudos para a concepção do projeto, esse dado foi imprescindível, visto a importância da reutilização da edificação histórica (com outro tipo de uso que não o seu original) para a sociedade em geral, tendo em vista que um local abandonado se torna propício a atos de violência e consequentemente se torna um local do qual a população evita. “As noções de cidadania e de democracia são inseparáveis da noção de espaço público. É exatamente na degradação do espaço público onde primeiro, ou mais facilmente, se sente frustrar o sentido que se esperava encontrar na cidade, pois esse sentido deixa de prevalecer a medida que a violência passa a operar como norma. “ (BUCCI, A. São Paulo, razões de arquitetura – P.22 e 23 , 2005) 83


Partido Arquitetônico

Para projetar o CRIS foram levadas em consideração primeiramente

as condicionantes legais do terreno e suas barreiras físicas a serem vencidas. Sabendo quais as possibilidades e impossibilidades de intervenção no terreno e na edificação existente, foi possível determinar o partido arquitetônico, que se baseia em três fatores: fluxos e acessos da edificação; requalificação e valorização do bem histórico, volumetria e aspectos sustentáveis das novas edificações propostas no terreno.

Condicionantes legais

Conforme explicado no item 2.2.3 (Condicionantes Locais), o local

para a implantação do CRIS deve seguir a lei zoneamento de ZEPEC2, que neste caso, não prevê restrições de uso ou construções no terreno, além daquelas previstas no processo de tombamento nº 21740/81 – Quartel do Segundo Batalhão de Guardas.

Pelo processo de tombamento, não existem restrições quanto ao

uso de solo do local, construção ou demolição de edificações, gabarito a 2

Zonas Especiais de Preservação Cultural

84


ser respeitado ou nível de preservação da edificação existente, porém, após a conclusão do projeto, o órgão responsável pelo tombamento aprova ou não as intervenções propostas.

Transposição de barreiras físicas.

O terreno possui em seu entorno uma barreira física natural (o rio

Tamanduateí) e quatro barreiras artificias, que são o viaduto 25 de março, o viaduto radial leste e a linha de metrô – que passam sobre o terreno – e a Avenida dos Estados, via coletora de tráfego intenso que circunda o ter-

VIADUTO 25 DE MARÇO

METRO

RIO TAMANDUATEÍ

VIADUTO RADIAL LESTE

reno, como se pode observar na figura 39.

AVENIDA DOS ESTADOS

AVENIDA DOS ESTADOS

FIGURA 39: Identificação de barreiras. Elaboração: Giovanna Benigno 85


Para vencer as barreiras físicas citadas anteriormente e garantir a

transposição de pedestres de um lado para o outro do rio Tamanduateí foram propostas as seguintes modificações (F.40): 1. Reativação da antiga passarela sobre o rio, após uma reforma de modernização e adaptação para PCD; 2. Implantação de semáforo com faixa de pedestres na Avenida dos Estados (sentido centro), no alinhamento da passarela; 3. Revitalização do entorno da passarela existente do metro, localizada dentro do terreno, levando iluminação e segurança para os usuários; 4. Utilização do sistema de sinalização horizontal existente na avenida (faixas de pedestre) aliado aos semáforos também existentes, para garantir a chegada ao terreno dos pedestres que vem da Rua Tabatinguera e da Avenida Rangel Pestana;

Fluxos e acessos da edificação. Atualmente as entradas do Quartel Tabatinguera são voltadas para a Avenida dos Estados, onde as calçadas são estreitas. Para o projeto da nova implantação dos anexos no terreno, foram estudados novos fluxos e acessos para o

86


01

03 02

04

FIGURA 40: Pontos de solução para as barreiras. Elaboração: Giovanna Benigno

lote, permitindo o percurso toda a extensão do mesmo.

Pensando em uma maneira de aproveitar a circulação no terreno, as

entradas das edificações propostas foram voltadas na orientação norte – sul (ou no sentido horizontal da implantação), e os fluxos de transposição ficam demarcados na orientação leste – oeste (ou no sentido vertical de implantação).

Na figura 41 é possível compreender o sistema de circulação no

interior do terreno; os fluxos de chegada e saída que demarcam a transposição do terreno com as barreiras físicas existentes; e o antigo fluxo da edificação existente.

87


FIGURA 41: Fluxos do Térreo. Elaboração: Giovanna Benigno

Todos os fluxos indicados acima, são abordados no projeto através da paginação de piso utilizada na implantação da área pública, que através da diferenciação de materiais e composição de placas, demarca os fluxos pertinentes a cada ação, ou seja, a paginação de piso “guia” o pedestre durante a caminhada pelo lote. O mesmo sentido de circulação dos pedestres no térreo, também ocorre no 1º pavimento, onde os dois anexos propostos no lote estão ligados ao prédio histórico através de duas passarelas metálicas.

88


Requalificação e valorização da edificação histórica.

Como citados nos itens 2.2.3 (Condicionantes Locais) e 4.1.1 (Con-

dicionantes legais), a edificação do Segundo Batalhão de Guardas, tombada pelo CONDEPHAAT, não apresenta um nível formal de tombamento. No processo de tombamento analisado, fica muito claro o levantamento de dados do corpo principal da edificação, que tem o formato de uma ferradura, informando o estado de conservação de suas fachadas, caixilhos, estruturas e etc. O processo não leva em consideração os anexos construídos no lote para a adaptação do antigo convento em quartel, ou seja, para o CONDEPHAAT a única edificação com valor histórico é a principal citada acima.

Tendo em vista que não existe um nível de tombamento para ser

seguido no quesito de alteração da edificação histórica, optou-se por demolir todos os anexos existentes no terreno e manter apenas a construção principal existente.

Para o projeto do CRIS, propõem-se que a edificação principal do

Quartel Tabatinguera seja restaurada em sua totalidade, tendo como base as alvenarias existentes até o ano de 1990.

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ANEXO 1 ANEXO 7

ANEXO 2

ANEXO 9

ANEXO 3

ANEXO 6

ANEXO 8

ANEXO 5

ANEXO 4

IMPLANTAÇÃO EXISTENTE Sem escala

ANEXO 1

ANEXO 7

ANEXO 2

ANEXO 9

ANEXO 3

ANEXO 6

ANEXO 8 ANEXO 5

ANEXO 4

IMPLANTAÇÃO EXISTENTE - A DEMOLIR Sem escala

A DEMOLIR

FIGURA 42: Situação existente do Quartel Tabatinguera e situação a demolir. Fonte: Elaboração: Giovanna Benigno 90

PERMANECER


FIGURA 43: Levantamento das Alvenarias originais - Térreo e 1º Pavimento. Fonte: Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2010. 91


Ainda para a edificação principal são propostas duas intervenções

marcantes e visíveis paras fachadas, que são as passarelas metálicas de interligação da edificação histórica com os anexos propostos; e um novo andar acima da antiga área de recreação do Quartel (área não tombada, que possui apenas o pavimento térreo atualmente), construídos também em estrutura metálica – totalmente coberto, porém com aberturas laterais – os quais servirão como espaço de oficinas de aprendizagem e espaço de exposição dos produtos finais dessas oficinas.

Para o átrio interno do Quartel, é proposta a retirada da cobertura

existente na varanda interna, e em seu lugar, projetada uma passarela que contorna todo o átrio, servindo de circulação externa das salas de aula, oficinas e espaços de leitura implantados no 1º pavimento da edificação. Para viabilizar as intervenções citadas acima, foram necessárias as substituição de alguns caixilhos existentes por réplicas, ou seja, alguns caixilhos de janela foram substituídos por portas, e vice e versa.

Atualmente a edificação está sob o domínio da Polícia Militar do

Estado de São Paulo, que é o órgão responsável pela manutenção e futura reforma/ restauro do edifício.

Em visita ao local, é possível perceber que a edificação apresenta

estado crítico de conservação tanto interna quanto externamente (F.45 a

92


F.61), os anexos são atualmente utilizados como garagem para as viaturas ou guarita e alojamento para os policiais que ficam de guarda no local, um anexo destelhado serve como baia para os cavalos. A edificação principal, como o esperado, é o mais conservado, porém durante visita a edificação, são visíveis patologias como: o esboroamento da taipa de pilão, sulco, erosão, eflorescências, capilaridade, infestação de insetos na cobertura e batentes, além do próprio vandalismo.

As patologias são reconhecidas e indicadas, porém para o projeto

de restauro devem ser levadas em consideração as diretrizes impostas na carta de Veneza de 1964, e para a confecção do projeto de restauro, é necessária a consultoria de um especialista na área.

RELAÇÃO DA PASSARELA COM A EDIFICAÇÃO HISTÓRICA

FIGURA 44: Corte da Passarela. Fonte: Elaboração: Giovanna Benigno SEM ESCALA

93


FIGURA 45: Fachada Lateral. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 46: Vista Átrio Interno. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 47: Entrada do anexo. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 48: 1º Pav. Edificação Principal. Foto: Diogo Yanata

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FIGURA 49: Ala de sanitários - Edificação Principal. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 50: Entrada II - Edificação Principal. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 51: Detalhe da varanda - Edificação Principal. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 52: Detalhe Cobertura - Edificação Principal. Foto: Diogo Yanata

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FIGURA 53: Detalhe forro. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 54: Detalhe Clarabóia. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 55: Detalhe piso. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 56: Capela - Edificação Principal. Foto: Diogo Yanata

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FIGURA 57: Cor original do Caixilho. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 58: Detalhe taipa. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 59: Detalhe caixilho. Foto: Diogo Yanata

FIGURA 60: Detalhe taipa. Foto: Diogo Yanata

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Volumetria e aspectos sustentáveis das novas edificações A volumetria de ambos os anexos implantados no lote, tem como principal função enaltecer a edificação tombada, e por esse motivo, o anexo 01 – Albergue, apresenta na cobertura uma estrutura com a inclinação que remete a edificação tombada, como uma seta indicativa (F.61), além de possuir a fachada totalmente recoberta por um brise de proteção solar perfurado, que também funciona como uma fachada cega.

FIGURA 61: Fachada do anexo 01 Elaboração: Giovanna Benigno

FACHADA PRINCIPAL - ANEXO 01 SEM ESCALA

A volumetria proposta para o anexo 02 – Auditório, apresenta uma forma estrutural retangular simples de dois pavimentos (térreo + 1º andar), com o térreo revestido em vidro. Para acompanhar a referência de enaltecer a edificação histórica, o anexo conta com um painel de brise, confeccionado no mesmo material do anexo 01 e com o mesmo formato de prisma com a parte superior inclinada, indicando a edificação principal (F. 62).

98


FIGURA 62: Perspectiva Ilustrativa do Complexo Elaboração: Giovanna Benigno

FIGURA 63: Fachada do anexo 02 Elaboração: Giovanna Benigno

99


Como partido de projeto, foi levado em consideração as condicio-

nantes sustentáveis referentes a construção dos anexos, incluindo materiais recicláveis e economia de recursos (elétricos e hídricos).

Tendo como premissa a utilização da ventilação e iluminação natu-

ral no Anexo 01, foi criado um átrio central no prédio que permite a troca de ar e a iluminação em todos os quartos de albergue propostos (F. 63). Ainda para os quartos, a parede de divisória localizada no centro do quarto é construída até a meia altura de alvenaria e o restante de cobogós, garantindo a ventilação cruzada no cômodo (F. 64).

DETALHE - VENTILAÇÃO NATURAL FIGURA 63: Estudo de ventilação natural - Anexo 01. Elaboração: Giovanna Benigno ESCALA 1:100

100


JANELA VENEZIANA

DETALAHE COBOGÓ SEM ESCALA

APLICAÇÃO DE COBOGÓ

CAIXILH COMUM - VIDRO

FIGURA 64: Ventilação natural dormotórios - Anexo 01. Elaboração: Giovanna Benigno

O subsolo do Anexo 01 abriga um canil e a clínica de tratamento de

animais. Por esse motivo, mais que todos os andares, necessita de ventilação natural para que se disperse os possíveis odores. Para a ventilação natural desse andar é proposto o chamado fosso inglês (F. 48), aliado a janela em fita, que mais uma vez proporciona ao ambiente uma ventilação cruzada.

101


Programa

O programa do CRIS está dividito em três blocos, de modo que o

complexo fncione em todas as horas do dia, de acordo com a atividade que está sendo desenvolvia nele.

O anexo 01 -Albergue, abriga as atividades voltadas para as pes-

soas em situação de rua, o mesmo possui um o térreo com livre acesso, que também funciona como passagem para acessar os outros blocos implantados no terreno. O 1º pavimento, acolhe apenas as pessoas que iram pernoitar no local, oferecendo os serviços próprios para essa atividade. No subsolo, ficam localizados um espaço para guardar e fazer a manutenção dos carrinhos, canil, uma clínica veterinária e áreas de depósito.

Na Edificação Principal, foram locados os serviços de saúde no pa-

vimento térreo e de educação no 1º pavimento.

O anexo 02 - Audtitório, conta com um restaurante no pavimento

térreo e o auditório no 1º pavimento.

Tendo em vista a distribuição do programa, as pasarelas de ligação

entre os três edifícios, servem como uma conexão da área de educação com a área de albergue, pois a mesma interliga a parte de dormitórios do Anexo 01, a ala de biblioteca e história da Edificação Principal, que por sua

102


vez, se conecta diretamente com o auditório no Anexo 02.

No que diz respeito a implantação, próximo ao Anexo 01 foram lo-

cados os equipamentos como playgrous, área de gisnática e espaço de convivencia, pois são as pessoas utilizam o Anexo 01, que mais utilizaram esses espaços. Ainda próximo ao Anexo 01, está locada a passarela que faz o acesso a esação de metro, sendo assim, nesse trecho de passagem, foram locadas pequenas lojas oferecendo serviços gerais (inclusive alimentícios).

A Edificação principal, tem em seu entorno as praças de chegada e

áreas de convivencia, implantados nesse local devido a espera por serviços oferecidos na edificação.

Por fim, próximo ao Anexo 02 - Auditório, foi locado uma praça de

eventos e a área de estacionamento, pois esse anexo, diferente dos outros, apresenta versatilidade de usos, podendo ser utilizado para qualquer tipo de evento.

103


-1.00 S

7 S

S

1 -1.70

74

-0.60

6

5

S

4

-0.60

5

2

10

6

10

S

s

6

s

-2.04

11

-3.56

0 s

-3.56

-0.60

10 s

10

-0.60

3

5

5

3

8

12

-1.00

1

-1.00

-0

9

-0.60

-2.0

-2.04

11

2

8

9

-0.60

-0.60

-0.60

13 -0.60

14

0.00

EGENDA - IMPLANTAÇÃO: LEGENDA - IMPLANTAÇÃO:

. SKATE PARK

6

-1.00 S

1 -1.70

1. SKATE PARK

. GINÁSTICA AO AR LIVRE

COMERCIO ALIMENTÍCIO

9. ANEXO 01

COMERCIO ALIMENTÍCIO

10. ARQUIBANCADA

9. ANEXO 01

14. PRÉDIO PRINCIPAL

14.

15. PRAÇA INTERNA 10. ARQUIBANCADA 2. GINÁSTICA AO AR LIVRE 6. ACESSO AO METRO 15. 11. QUADRA POLIESPORTIVA 3. PLAYGROUND 16. PRAÇA DE RECEPÇÃO 02 7. BICICLETÁRIO METRO 6. ACESSO AO METRO

11. QUADRA POLIESPORTIVA 16. 7. BICICLETÁRIO METRO 12. DECK DE MADEIRA 17. ELEVADORES 8. ACESSO - SUBSOLO ANEXO 12. DECK DE MADEIRA 4. MESAS / LANCHE 17. 8. ACESSO - SUBSOLO 01 13.ANEXO PRAÇA DE RECEÇÃO 01 5. "CAMELODROMO" / 18. CARGA E DESCARGA 01 13. PRAÇA DE RECEÇÃO 01 5. "CAMELODROMO" / 18. 3. PLAYGROUND

4. MESAS / LANCHE

104


-2.04 -2.04

0.00

12

-2.04 0.00

12

18

18

12

10 12

20

15 15

-0.60

20 16 -0.60

-0.60

16

-0.60

21

19 19

-0.60

13 -0.60

17

13

-0.60

21

-0.60

-0.60

17

14

-0.60

14

0.00 -0.60

0.00 -0.60

0.00 0.00

19. ANEXO 02 PRÉDIO PRINCIPAL 14. PRÉDIO PRINCIPAL

19. ANEXO 02

20. PRAÇA DE EVENTOS PRAÇA INTERNA15. PRAÇA INTERNA 20. PRAÇA DE EVENTOS 21. ESTACIONAMENTO (47ESTACIONAMENTO (47 TIVA 21. PRAÇA DE RECEPÇÃO 02 16. PRAÇA DE RECEPÇÃO 02 VAGAS) VAGAS) ELEVADORES 17. ELEVADORES 1CARGA E DESCARGA 18. CARGA E DESCARGA 105


AVENIDA DOS ESTADOS C

B -2.04

7 6 5 4 3 2 1

S

7 6 5 4 3 2

C

B

-2.04

23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8

S

-3.56 -2.04

s

S

S

S

7 6 5 4 3 2 1

7 6 5 4 3 2 1

-2.04

23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8

-3.56

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

S

12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

A

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

-0.60

A

-0.60

S

-0.60

-0.60

-0.60

-0.60

-0.60

-0.60

-0.60

-0.60

S

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

11121314

15 1 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

S

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

11121314

15 1 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

TÉRREO (ANEXO 01; QUARTEL TABATINGUERA; ANEXO 02) ESCALA 1:750

ESCALA 1:750

C

B

EGENDA - TERREO: Escada de Emergência LEGENDA - TERREO: 1. Escada de Emergência Vestiário Público 2. Vestiário Público Lavanderia 3. de Lavanderia Sala Segurança 4. Sala de Segurança Sala de Doações 5. Sala de Doações Vestiário de Funcionários 6. Vestiário de Funcionários Brinquedoteca 7. Brinquedoteca Salão de Cabelereiro 8. Salão de Cabelereiro 9. Sanitários Sanitários

106

10. 10. 11. 11. 12. 12. 13. 13. 14. 14.

Sanitário PCD Sanitário Coletiva PCD Cozinha Cozinha Coletiva Sanitário de Funcionários Sanitário de Funcionários Copa Copa Sala de Reunião - Área Sala de Reunião - Área Albergue Albergue 15. de Administração Administração 15. Sala Sala de - Área Albergue Área Albergue 16. Central Central de 16. deDocumentos Documentos

C

B

AVENIDA DOS ESTADOS

TÉRREO (ANEXO 01; QUARTEL TABATINGUERA; ANEXO 02)

17. Refeitório 24. Sala de Espera - Psiquiatria 30. Refeitório 24. Sala de - Psiquiatria 18. Cozinha 25.Espera Informações 31. Cozinha 25. Informações 26. T.I. 19. Depósito 26. T.I. Depósito 20. Recepção 27. Sala de Reunião - Área32. Recepção 21. Circulação Vertical Principal27. Sala de Reunião A - Área GSaúde 33. Circulação Vertical Principal Saúde N E R de28.Administração 22. de Reunião Sala de Administração ASala SalãoSalão de Reunião V 28. L A Psiquiatria O Psiquiatria 34. Área Saúde Área Saúde IC Sala de Atendimento 23. 23. Sala de Atendimento DE- R 29. Arquivo 29. Arquivo E R F Psiquiatria Psiquiatria 35. A U

17. 18. 19. 20. 21. 22.

R


A DOS ESTADOS D

C

-2.04

S

S

7 6 5 4 3 2 1

7 6 5 4 3 2 1

S

23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8

-0.60

D

C

-2.04

-0.60

-0.60

S

S

7 6 5 4 3 2 1

7 6 5 4 3 2 1

S

23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8

-0.60

22 23 24 25

19 20 21

17 18

16

15

-0.60

-0.60

14

-0.60

5

S

1

2

3

4

6

8

9

10

11

13

S

12

7

A

22 23 24 25

19 20 21

17 18

16

15

-0.60

14

7

5

S

1

2

3

4

6

8

9

10

11

13

S

12

A

D

C

OS ESTADOS

D

C

35. Sala de Raio X

36. 37.

ER A

GU

34.

TIN

33.

BA

Área Saúde 29. Arquivo

30. 31. 32.

30. Copa 31. Pórtico de Entrada 32. Sala de Espera Copa Pórtico deOdontologia Entrada Sala -de Atendimento Sala33. de Espera Odontologia Odontologia Sala34. de Atendimento Sala de Esterilização Odontologia Odontologia Sala de Esterilização 35. Sala de Raio X Odontologia

TA

24. Sala de Espera - Psiquiatria 25. Informações 26. T.I. 24. Sala de Espera - Psiquiatria 27. Informações Sala de Reunião - Área 25. Saúde 26. T.I. 27. de de Reunião - Área 28. Sala Sala Administração Saúde Área Saúde 28. Sala de Administração 29. Arquivo

38. 39.

42. 36. Área de Descanso 43. 37. Sala de Espera - Pronto Atendimento 42. Sala de Triagem Área de Descanso 44.38. - Pronto Sala de Atendimento - de Atendimento 43. Sala Sala de Espera 45. Clínico Geral Ginecologista Atendimento 44. -Restaurante 46. Sala de Atendimento 39. Sala- e Atendimento 45. Administração Clínico Geral 47. Ortopedista Sala e Atendimento - de Raio X 46. Balcão - Caixa 40. Sala 47. Cozinha Ortopedista Sala de Raio41. X Sala de Medicação

40. 41. Sala de Medicação

Sala de Triagem Sala de Atendime Ginecologista Restaurante Administração Balcão - Caixa Cozinha

107


B

AVENIDA DOS ESTADOS C

B -2.04

-2.04 23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10

-3.56 -2.04

-3.56

s

12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

S

-0.60

-0.60

A A

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

S

3.90

3.90

3.90

3.90

3.90

3.90 3.90

17 18 19 20 21 22 23 24 25

3.90

3.90

11121314

3.90

11121314

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

17 18 19 20 21 22 23 24 25

1 15 16

1 15 16

3.90

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

3.90

1º PAVIMENTO (ANEXO 1; QUARTEL TABATINGUERA; ANEXO 2)

1º PAVIMENTO (ANEXO 1; QUARTEL TABATINGUERA; ANEXO 2) ESCALA 1:750

ESCALA 1:750

EGEND A - 1º PAVIMENTO: 54. Fumódromo 59. 8. Área de LEGEND ConvivênciaA - 1º PAVIMENTO: 9. Vestiário48. Área de Convivência 55. Passarela 54. Fumódromo 60. 55. Passarela 49. Masculino Vestiário 0. Alojamento 56. Área de Estudos 61. Área de Estudos 62. 50. Alojamento Masculino 1. Alojamento Feminino 57. Exposição - 56. Quartel 57. Exposição - Quartel63. 51. Família Alojamento Feminino 2. Alojamento Tabatinguera 64. 3. Sala de Projeção Tabatinguera 52. Alojamento Família 58. Sala de Informática

53. Sala de Projeção 108

58. Sala de Informática

C

B

B

AVENIDA DOS ESTADOS

Oficinas 65. Sala de Aula 65. Oficinas 66. Varanda - Circulação Área aberta de 59. exposição 66. 60. Área aberta de exposição externa Atendimento ao Aluno 67. Foyer 61. Atendimento ao Aluno Secretaria Escolar 68. Sala de Tradução 67. 62. Secretaria Escolar Sala de Coordenação 69. Sala de Projeção 68. Sala dos Professores 63. Sala de Coordenação

RE

ERI D E FRProfessores 64. U A dos R Sala

LVA A O C

69.


S ESTADOS D

C D

C -2.04 -2.04

23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10

23 22 21 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10

-0.60 -0.60

4.56

4.56

3.90

3.90

-0.60

-0.60

-0.60

-0.60

24 25

S

22 23

24 25

22 23

19 20 21

17 18

19 20 21

16

15

17 18

16

15

-0.60

14 12

14

S

13

13 12

4.90

4.90

10

11

11 10

9

5

8

4.90

7

6

9

4.90

7

6

8

4

3.90

5

S

1

2

3

4

1

2

3.90

3.90

3

3.90

S

A

A

3.90

3.90

3.90

3.90

3.90

3.90

3.90

D

AT

ING UE

Centro de Convenções Palco Área de Apoio Varanda

AB

A ENG

R

LVA CO A

70. Centro de Convenções Sala de Aula 71. Palco 70. 72. Área de Apoio Varanda - Circulação 71. 73. Varanda externa 72. Foyer 73. Sala de Tradução Sala de Projeção

RA

C

65. Sala de Aula 66. Varanda - Circulação 65. externa 66. exposição 67. Foyer o Aluno 68. Sala de Tradução 67. ar Sala de Projeção 69. 68. nação 69. sores

ERI

3.90

D

C

TADOS

3.90

109


B B -4.10

-4.10

-4.10

-4.10

-2.62

A

-2.62

1 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

A

-4.10

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

-4.10

-4.10 1 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

11121314

-4.10

-4.10

11121314

-4.10

SUBSOLO (ANEXO 1) ESCALA 1:750

SUBSOLO (ANEXO 1) ESCALA 1:750

B B

LEGENDA - SUBSOLO: NDA - SUBSOLO: 74. Área de Convivência 81. ea de Convivência 75. Sala de Espera - Veterinário 82. la de Espera - Veterinário 76. Salas de Atendimento - 83. las de Atendimento Veterinário 84. eterinário 77. Administrativo 85. dministrativo 78. Banho e Tosa 86. nho e Tosa 79. Sala de Cirurgia 87. la de Cirurgia 80. Depósito 88. epósito

110

Canil 81. Canil 82. de Despejo de Dejetos Despejo Dejetos 83. Depósito de Lixo Depósito de Lixo 84. Manutenção Manutenção 85. Material de Jardinagem Material Jardinagem 86. de Lavanderia Lavanderia 87. Depósito Geral Depósito 88. Geral Coleta de Água Pluvial Coleta de Água Pluvial

89. Oficina pra concerto 89. Oficina pra concerto de de Carriolas Carriolas 90. Estacionamento de 90. Estacionamento de Carriolas Carriolas 91. Acesso 91. Acesso 92. Jardim Interno 92. Jardim Interno



Memorial Descritivo

O Projeto do CRIS tem pilar, vigas e a cobertura construída em es-

trutura metálica com perfis soldados (F.65) e para a vedação foram utilizadas alvenarias simples e as lajes são confeccionadas em concreto maciço.

FIGURA 65: Detalhe do Pilar. Elaboração: Giovanna Benigno DETALHE PILAR SEM ESCALA

Por possuírem dimensões diferentes, geralmente um diferença de

5cm,o encaixe da viga no pilar é reforçado por uma placa metálica soldada entre os dois (F.66)

Os materiais utilizados para a composição do paisagismo são de ori-

gem natural ou reciclada. A pavimentação da área externa possui características drenantes, ou seja, permite o escoamento da água para o solo. Já para o playgrond foi utilizado o piso de borracha de alta absorção de impactos (o piso amortece o impacto da criança com o solo no caso de quedas, trazendo

112


maior segurança ao espaço). O piso de borracha também é drenante.

Por fim os materiais utilizados para a proteção solar que compõem

o brise, também possuem perfurações que garantem a passagem de ar para dentro dos ambientes, auxiliando assim a ventilação natural do novo edifício.

FIGURA 66: Detalhe de emenda - Viga x Pilar. Elaboração: Giovanna Benigno

113



CONCLUSÃO



A região do Parque Dom Pedro é vista como uma área de interliga-

ção de modais (metro, ônibus e o expresso Tiradentes) na qual pessoas geralmente passam com medo dos vários moradores de rua que se encontram na local.

A criação de um espaço saudável e seguro para relocar os mora-

dores de rua, cedendo um lugar para estadia (mesmo que temporária), cuidando de sua saúde física e mental, além de dar condições para que o mesmo possa recuperar sua posição na sociedade, é fundamental em qualquer local, principalmente no centro da cidade de São Paulo, onde o número de moradores em situação de rua é altíssimo.

O projeto do CRIS atende os objetivos colocados no início desse

processo de estudo, por propor um local que atenda as necessidades de moradores em situação de rua e a população de baixa renda, e propor também uma área de reestruturação urbana, garantindo a integração de um local antes abandonado, com a população residente no entorno. A restruturação proposta cria espaços de convivência, meios de transposição do Rio Tamanduateí e traz segurança ao acesso do metro.

Projetos como o CRIS devem servir como uma “acupuntura urbana”

e mudar regiões e costumes através de um único ponto de intervenção.

117



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



BRASIL. Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009. BUCCI, Ângelo. São Paulo: razões de arquitetura: Da dissolução dos edifícios e de como atravessar paredes. São Paulo: Romano Guerra, 2010. GROSTEIN, Marta D.; MEYER, Regina M. P. A Leste do Centro: Territórios do Urbanismo. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010. ICHIMARU, Pedro. Situação de rua e o projeto nova luz: rede de equipamentos para proteção social, Trabalho Final de Graduação FAUUSP, 2010. OGG, Helena D. Centro de assistência à população em situação de rua Trabalho de Conclusão de Curso Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2014. Orientador: Armando Luis Yoshio Ito. SANTANA, Flávia. Casa de Acolhida do Carmo Adaptação de Quartel Histórico em abrigo para pessoas em situação de Rua, Trabalho Final de Graduação FAUUSP, 2013. Orientador: Fábio Mariz Gonçalves. SÃO PAULO, Prefeitura. Censo da população em situação de rua na municipalidade de São Paulo, 2011. SÃO PAULO, Prefeitura. Censo da população em situação de rua na municipalidade de São Paulo, 2015.

121


SUGIMOTO, Fernanda P. Estação Bela Vista Inserção urbana do Metrô no Bexiga, Trabalho Final de Graduação FAUUSP, 2013. Orientador: Fábio Mariz Gonçalves. VARANDA,W; ADORNO, R.C.F. Descartáveis Urbanos: discutindo a complexidade da população de rua e o desafio para políticas de saúde; Saúde e Sociedade v.13, n.1, p.56-69, jan-abr, 2004. SITES www.unaarquitetos.com.br www.prefeitura.sp.gov.br www.loebarquitetura.com.br www.brasilarquitetura.com.br www.overlandpartners.com www.archdaily.com.br www.michaelis.uol.com.br/ www.fau.usp.br/disciplinas/tfg www.infopatrimonio.org www.arquicultura.fau.usp.br

122


IMAGENS DE PROJETO



LEGENDA DE AMBIENTES: 1. SKATE PARK 2. GINÁSTICA AO AR LIVRE 3. PLAYGROUND 4. MESAS / LANCHE 5. LOJAS 6. ACESSO AO METRO 7. BICICLETÁRIO METRO 8. ACESSO - SUBSOLO ANEXO 01 9. ANEXO 01 - ALBERGUE 10. ARQUIBANCADA

11. QUADRA POLIESPORTIVA 12. DECK DE MADEIRA 13. PRAÇA DE RECEÇÃO 01 14. EDIFICAÇÃO PRINCIPAL 15. PRAÇA INTERNA 16. PRAÇA DE RECEPÇÃO 02 17. ELEVADORES 18. CARGA E DESCARGA 19. ANEXO 02 - ESPAÇO MULTIUSO 20. PRAÇA DE EVENTOS 21. ESTACIONAMENTO (47 VAGAS)

IMPLANTAÇÃO ESCALA 1:1250

COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL - CRIS QUARTEL TABATINGUERA - PQ DOM PEDRO II - SÃO PAILO / SP

FOLHA

01


LEGENDA DE AMBIENTES: 1. Escada de Emergência 2. Vestiário Público 3. Lavanderia 4. Sala de Segurança 5. Sala de Doações 6. Vestiário de Funcionários 7. Brinquedoteca 8. Salão de Cabelereiro 9. Sanitários 10. Sanitário PCD 11. Cozinha Coletiva

12. Sanitário de Funcionários 13. Copa 14. Sala de Reunião – Área Albergue 15. Sala de Administração – Área Albergue 16. Central de Documentos 17. Refeitório 18. Cozinha 19. Depósito 20. Recepção 21. Circulação Vertical Principal 22. Salão de Reunião – Psiquiatria 23. Sala de Atendimento – Psiquiatria 24. Sala de Espera – Psiquiatria

25. Informações 26. T.I. 27. Sala de Reunião – Área Saúde 28. Sala de Administração – Área Saúde 29. Arquivo 30. Copa 31. Pórtico de Entrada 32. Sala de Espera – Odontologia 33. Sala de Atendimento – Odontologia 34. Sala de Esterilização – Odontologia 35. Sala de Raio X 36. Área de Descanso 37. Sala de Espera – Pronto Atendimento

38. Sala de Atendimento – Clínico Geral 39. Sala e Atendimento – Ortopedista 40. Sala de Raio X 41. Sala de Medicação 42. Sala de Triagem 43. Sala de Atendimento – Ginecologista 44. Restaurante 45. Administração 46. Balcão – Caixa 47. Cozinha

TÉRREO

ESCALA 1:750

COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL - CRIS QUARTEL TABATINGUERA - PQ DOM PEDRO II - SÃO PAILO / SP

FOLHA

02


LEGENDA DE AMBIENTES: 48. Área de Convivência 49. Vestiário 50. Alojamento Masculino 51. Alojamento Feminino 52. Alojamento Família 53. Sala de Projeção 54. Fumódromo

55. Passarela 56. Área de Estudos 57. Exposição – Quartel Tabatinguera 58. Sala de Informática 59. Oficinas 60. Área aberta de exposição 61. Atendimento ao Aluno 62. Secretaria Escolar 63. Sala de Coordenação 64. Sala dos Professores

65. Sala de Aula 66. Varanda – Circulação externa 67. Foyer 68. Sala de Tradução 69. Sala de Projeção 70. Centro de Convenções 71. Palco 72. Área de Apoio 73. Varanda

1º PAVIMENTO ESCALA 1:750

COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL - CRIS QUARTEL TABATINGUERA - PQ DOM PEDRO II - SÃO PAILO / SP

FOLHA

03


LEGENDA DE AMBIENTES: 74. Área de Convivência 75. Sala de Espera – Veterinário 76. Salas de Atendimento – Veterinário 77. Administrativo 78. Banho e Tosa 79. Sala de Cirurgia 80. Depósito 81. Canil 82. Despejo de Dejetos 83. Depósito de Lixo 84. Manutenção 85. Material de Jardinagem

86. Lavanderia 87. Depósito Geral 88. Coleta de Água Pluvial 89. Oficina pra concerto de Carriolas 90. Estacionamento de Carriolas 91. Acesso 92. Jardim Interno

CORTE BB

ESCALA 1:750

CORTE CC

ESCALA 1:750

CORTE DD

ESCALA 1:750

SUBSOLO

ESCALA 1:750

FACHADA - ANEXO 01 ESCALA 1:750

FACHADA - ANEXO 02 ESCALA 1:750

COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL - CRIS QUARTEL TABATINGUERA - PQ DOM PEDRO II - SÃO PAILO / SP

FOLHA

04


CORTE - AA

ESCALA 1:750

FACHADA FRONTAL - SEM BRISE ESCALA 1:750

FACHADA FRONTAL - COM BRISE ESCALA 1:750

FACHADA POSTERIOR - SEM BRISE ESCALA 1:750

FACHADA POSTERIOR - COM BRISE ESCALA 1:750

COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL - CRIS QUARTEL TABATINGUERA - PQ DOM PEDRO II - SÃO PAILO / SP

FOLHA

05


15

18

20

21 22 23 24

19

17

16

25

14

10 9

11

12

S

13

S

1

2

3

4

5

6

7

8

PROJEÇÃO DE VIGAS E LOCAÇÃO DE PILARES - TÉRREO ESCALA 1:500

PLANTA DE ESTRUTURA - TÉRREO SEM ESCALA

PROJEÇÃO DE VIGAS E LOCAÇÃO DE PILARES - 1º PAVIMENTO ESCALA 1:500

PLANTA DE ESTRUTURA - 1º PAVIMENTO SEM ESCALA

COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL - CRIS QUARTEL TABATINGUERA - PQ DOM PEDRO II - SÃO PAILO / SP

FOLHA

06


ESTRUTURA GERAL - 3D SEM ESCALA

DETALHE ESTRUTURA - ANEXO 01 SEM ESCALA

DETALHE ESTRUTURA - EDIFICAÇÃO PRINCIPAL SEM ESCALA

DETALHE ESTRUTURA - ANEXO 02 SEM ESCALA

COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL - CRIS QUARTEL TABATINGUERA - PQ DOM PEDRO II - SÃO PAILO / SP

FOLHA

07


DETALHE - ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO NATURAL DETALHE - VENTILAÇÃO NATURAL ESCALA 1:100 ESCALA 1:100

TRELIÇA EM PÓRTICO RUFO

TELHA/FORRO TERMOACÚSTICA

.35

TRELIÇA EM PÓRTICO TELHA/FORRO TERMOACÚSTICA

.35

.30

RUFO

CALHA

.30

MONTANTE PARA FIXAÇÃO DO ACM PLACA DE ACM REBITE DE ENCAIXE MONTANTE PARA FIXAÇÃO DO ACM CONDUTOR P/ ÁGUA FLUVIAL CALHA

CONDUTOR P/ ÁGUA FLUVIAL

DETALHE CALHA DETALHE - CALHA ESCALA 1:10

ESCALA 1:25

DETALHE CALHA

PLACA DE ACM PARAFUSAÇÃO DO MONTANTE REBITE DE ENCAIXE

PARAFUSAÇÃO DO MONTANTE

DETALHE - FIXAÇÃO DO BRISE ESCALA 1:25

DETALHE - LIGAÇÃO VIGA x PILAR ESCALA 1:25

ESCALA 1:10

COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL - CRIS QUARTEL TABATINGUERA - PQ DOM PEDRO II - SÃO PAILO / SP

FOLHA

08


PERSPECTIVAS ILUSTRATIVAS

COMPLEXO DE REABILITAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL - CRIS QUARTEL TABATINGUERA - PQ DOM PEDRO II - SÃO PAILO / SP

FOLHA

09


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