PROJETO URBANO PARA
"Arquiteto, por princípio, deve ser um clínico geral. Até pode se especializar, mas não pode perder a capacidade de integrar tudo".
"Arquiteto, por princípio, deve ser um clínico geral. Até pode se especializar, mas não pode perder a capacidade de integrar tudo".
Trabalho apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Amapá, como requisito avaliativo da disciplina de Projeto Urbano I, sob orientação da Prof. Raysa Oliveira.
MACAPÁ 2022
GIOVANNA BARROS DA SILVA DUTRA E ROBERTA FERREIRA LIMAINTRODUÇÃO
ÁREA DE ESTUDO LOCALIZAÇÃO ASPECTOS GERAIS CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÁREA
PROPOSTA PARA A ÁREA DE ESTUDO
PARTIDO PROJETUAL PROPOSTA DE URBANISMO PROPOSTA DE PAISAGISMO PROPOSTA DE ARQUITETURA
INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO 40
CONSIDERAÇÕES FINAIS 43
REFERÊNCIAS 45
A discilplina de Projeto Urbano I trouxe uma área de estudo localizada num recente bairro da cidade de Macapá, no Amapá, a ser objeto de estudo de propostas viabilizantes de urbanismo, paisagismo e arquitetura de Habitação de Interesse Social. O sítio de intervenção, localizado no Marabaixo III, foi estudado e analisado sob um viéis quase antropológico, onde a visita de campo e levantamento de pesquisa bibliográfica foram pontos metodológicos que nortearam a definição de uma concepção planejada do espaço público.
O presente trabalho se baseará em diretrizes urbanas analisadas e apresentará um projeto conceitual para a área de estudo, constituindo-se de ilustrações esquemáticas para melhor compreensão visual. A relevância do projeto se dá na apresentação de novas perspectivas a serem usadas para direcionar futuras propostas para um melhor planejamento urbano regional.
ÁREADEINTERVENÇÃO CORPOHÍDRICO BACIAHIDROGRÁFICA PERIMETROURBANO
Mapa de localização da área de estudo. Fonte: autoras.
O sítio de estudo se localiza no bairro Marabaixo III, na cidade de Macapá, Amapá. Situado na zona Oeste, a área veio de um processo de urbanização que ainda encontrase em expansão, localizando-se perto de creches, centro de referência de assistência social, presídios, praças e demais edificações institucionais.
Os aspectos físicos se resumem a altos indices de insolação durante o ano inteiro, com ventos predominantes advindos do nordeste e forte incidência de chuvas. A orientação solar, de modo geral, se refere a um sol nascente advindo do leste e um sol poente remanescente na porção oeste.
Durante a visita in loco, pode-se perceber a pouca e quase inexistente arborização de calçadas. Os materiais usados na pavimentação do entorno não contam com drenagem eficaz, e, mais precisamente na na área de intervenção, a ausência de piso pavimentado é somada a inexistência de infraestrutura urbana com o mínimo de qualidade. A hipsometria, analisada posteriormente, sugere áreas de talvergue, com declinio de curvas de niveis com grande proximidade, de modo que ocorra alagamentos e esgotos a céu aberto.
A característica socioeconomica que mais se destaca, além das já catalogadas em censos pelos institutos de registros oficiais -como IBGE- é a de que a região possui áreas que configuram assentamentos de invasão em zona de proteção ambiental. Os domicílios que estão fora do perimetro configurado como invasão, são de moradores que, em sua maioria, não possuem titularidade do imóvel. Além disso, as habitações configuram aspectos construtivos que pouco beneficiam o conforto ambiental de seus usuários.
A análise do ponto de vista de cheios e vazios, onde se evidencia as áreas ocupadas majoritariamente por habitações, permitiu a perspectiva estimada sobre a quantidade de famílias que ali residem. Foram contabilizados em torno de 300 lotes, de modo que as autoras consideraram 4 indivíduos por núcleo familiar para melhor abordagem no programa arquitetônico da proposta de Habitação de Interesse Social.
ORIENTAÇÃO SOLAR E VENTOS PREDOMINANTES
VIAS - NÃO PAVIMENTADAS
CHEIOS E VAZIOS
Mapas de relevância que induziram as decisões projetuais. Fonte: Autoras. Mapas esquemáticos. Fonte: autoras.
SFORÇAS: Forte aspecto cultural, projetos comunitários, atividades esportivas, religiosas e escolares. Senso de comunidade. Presença de comércio.
WFRAQUEZAS: Lixeiras viciadas, invasão às margens de zona de proteção ambiental, fossas em passeios públicos.
OPORTUNIDADES: Remanejo das invasões às Habitações de interesse social, potencialização do comercio local, criação de paisagismo e urbanismo aplicados aos aspectos regionais
AMEAÇAS: Pouca segurança local
As diretrizes que nortearam as decisões projetuais preliminares se pautaram, além das considerações levantadas em etapas anteriores de diagnóstico da área de intervenção, na visita in loco feita em localizações do entorno. Foi observada uma tendência, na comunidade, de fazer reuniões em praças e congregações de atividades sociais em torno do esporte em quadra. O futebol e demais ações desportivas são frequentemente fomentados pela vizinhança.
Foi visto, também, uma inclinação dos moradores à prática de comércio local e principalmente bazares de roupas e utensilios gerais. A economia local é vasta, com presença de mercantis em larga escala, hortifruttis, açougues, lojas de roupas, lojas de produtos agropecuários, panificadoras, lanchonetes e demais atividades de venda.
Como um meio de priorizar o pedestre em detrimento dos motoristas, no intuito de promover uma acessibilidade integrada a diferentes modais transporte, foi pensada numa ciclovia e necessidade de prever estações de bicletas compartilhadas. Somado a isso, a proposta de uma nova parada de ônibus que respeitasse as condicionantes bioclimáticas locais foi levada em consideração.
O intuito primordial relacionado ao traçado das vias e acessos era fazer o desvencilhamento do traçado ortogonal pré existente. O desenho viário é idealizado, nesse projeto conceitual, como a dinâmica orgânica de uma dançarina de marabaixo (dança cultural que dá nome ao bairro da área de estudo), mostrando leveza, autenticidade, caminhabilidade e resiliência urbana.
Uma outra perspectiva sobre a tomada do partido projetual, se dá de forma esquemática-ilustrativa sob o enfoque dos teóricos urbanistas de Kevin Lynch e Gordon Cullen, numa tentativa de compreender o espaço urbano numa dimensão sensível. Dimensão essa que é pautada em percepções e e elementos estruturantes, como os marcos, nós, limites, barreiras e pontos focais que viabilizam a imagem da cidade.
Lynch, denota a necessidade de se fazer a reflexão sobre o modo como os habitantes da cidade se relacionam com seu meio, e explora o potencial esperado para uma cidade com qualidade (sistema de movimentação, ordenação dos centros e espaços abertos), análoga a uma obra de arte e pensada para os objetivos humanos.
Ainda, afirma que diversidade dentro de um desenho urbano é mirada ao propor-se um sistema integrado de centros compactos, cada qual com uma rede de apoio por eixo residencial, educacional e recreativo.
A exploração das potencialidades da cidade é observada, por Lynch como um facilitadador da compreensão do meio (tornar a cidade legível). Nesse sentido, o sistema de caminhos (vias) é utilizado para que as pessoas percebam o meio em que estão, para que elas se familiarizem com os pontos de principal interesse (pontos focais) e possam, então, desenvolver uma ponte de comunicação e segurança em contraponto ao sufoco da alienação que a metrópole passa.
A plasticidade do espaço se dá pelo encorajamento de transformações e comunicação com o meio, pontuado por pontos focais estáveis de estímulo e progresso. Nesse sentido, determina a necessidade de se existirem espaços abertos multiusos, em que os indivíduos possam manifestar suas atividades de forma livre dentro do meio urbano.
A visão serial é idealizada nesse partido, e é um conceito-instrumento criado por Cullen e pode ser utilizada para observação, diagnóstico e estratégia de experiência da trajetória do usuário. Prioriza as reações dos sujeitos quando expostos a determinada trajetória de acordo com sua posição no espaço em cada trecho e a percepção visual de determinado espaço e como, a partir dela, as decisões são tomadas sobre onde percorrer ou não, de forma a organizar a experiência na urbe.
Fonte: CULLEN, 1983 e LYNCH, 1970.
Esquema ilustrativo das decisões projetuais iniciais. Fonte: Autoras.
Implantação ilustrada. Fonte: Autoras.
Mapa de setorização do solo. Fonte: Autoras.
Mapa de parcelamento do solo. Fonte: Autoras.
OBSQUADRAÚNICA Á72000M²
Mapas esquemáticos. Fonte: Autoras.
Fluxo principal de pedestres Fluxo secundario de pedestres Fluxo viário - transporte público Fluxo viário secundario Ciclofaixa
Raio do tempo de percurso Estação de bicicleta compartilhada Parada de ônibus
Mapas esquemáticos. Fonte: Autoras.
Plantas. Fonte: Autoras.
PAVIMENTOS DESTINADOS A USO RESIDENCIAL
PAVIMENTOS DESTINADOS A USO COMERCIAL FACHADAS ATIVAS
Cortes humanizados. Fonte: Autoras. 39Parceria entre poder público e sociedade civil através de um procedimento urbanístico de transformação estrutural, valorização ambiental e promoção de melhorias sociais numa área de espaço habitável.
Tem como objetivo promover a utilização do bem público, levando em conta a função social da terra e direito a moradia. Tem como principal instrumento de ação a regularização fundiária.
As ZEIS são zonas de foco para o abrigo da moradia popular. Servem para reservar terrenos ou prédios vazios para moradia, facilitar a regularização de áreas ocupadas e a regularização de cortiços.
Mede os efeitos que determinada modificação por obra ocasiona no entorno da área de intervenção, de modo a garantir que o bairro não sofra grandes transformações que possam destruir a qualidade de vida dos seus moradores, atividades econômicas e o meio ambiente.
Fonte: BRASIL, 2001.
O presente trabalho se prop0ôs a fazer uma proposta conceitual para o bairro do Marabaixo III. O objetivo, era apresentar uma nova perspectiva ao desenho urbano que hoje se encontra existente na região. Apesar de ser um bairro novo e de localização remota em relação ao centro da cidade, o diagnóstico da área se deu de modo exitoso, permitindo, assim, que se materializasse numa concepção ilustrativa mais fiel aos aspectos físicos, socioeconomicos, históricos,legais e normativos do local. O conjunto do trabalho representa um ínicio do que pode vir a ser desenvolvido num projeto em escala maior de complexidade e detalhamento para futuras propostas.
CULLEN, G. Paisagem urbana. São Paulo: Martins Fontes, 1983.
Lynch, Kevin. A cidade como meio ambiente. In: Davis, Kingsley et al. Cidades: a urbanização da humanidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1970. p. 207-216