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LANÇAMENTOS E INOVAÇÕES
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Cursos on-line
O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal – Sindirações – definiu a agenda de cursos que acontecerão ao longo de 2021. Serão ao vivo e on-line, com turmas a partir de 10 participantes. A programação dos cursos tem como público-alvo gestores, supervisores e colaboradores de fazendas efetivamente envolvidos na produção e no controle de qualidade. Mais detalhes sobre a inscrição para os cursos estão disponíveis no site do Sindirações (https://sindiracoes. org.br/) ou pelo e-mail qualidade@sindiracoes.org.br .
Cartilha sobre boas práticas da ordenha
A qualidade do leite é um dos principais desafios do setor de laticínios e é fator crucial para a qualidade de queijos artesanais produzidos com leite cru. A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) desenvolveu a cartilha “Boas Práticas da Ordenha”, que traz instruções e cuidados para produzir leite de boa qualidade. A cartilha disponibilizada para download gratuito no site da entidade (http://www.epamig.br/) traz orientações técnicas observáveis para diminuir a carga microbiana do leite.
Novo CEO da Ideagri
A Ideagri, AGTech especializada em sistemas de gestão para empresas rurais focadas em pecuária, tem um novo CEO: Marcelo Ferreira, 34 anos, engenheiro, que chega para acelerar o programa de expansão da empresa, iniciado no primeiro semestre de 2020 com o aporte de capital do fundo 10b. Ele substitui Heloise Duarte, fundadora e acionista da Ideagri, que assume a parte operacional. Na lista de lançamentos da Ideagri em 2021, está um software voltado para as necessidades diárias de gestão do pequeno produtor de leite, já testado em um programa-piloto em 2020. O lançamento acontece no primeiro trimestre de 2021. Segundo ele, a equipe de tecnologia da Ideagri já dobrou de tamanho para fazer frente às inovações previstas e continuará crescendo. As áreas de marketing e customer service também foram expandidas.
Produção de embriões in vitro
A central de inseminação Alta passa a integrar o mercado de embriões ao adquirir um portfólio de tecnologias, que levará aos pecuaristas soluções reprodutivas avançadas para os rebanhos e consultoria técnica especializada. Transferência de embriões, fertilização in vitro, sêmen sexado e a criopreservação são ferramentas que passam a estar disponíveis para os criadores que procuram alcançar objetivos específicos de produção e reprodução. E o principal destaque é a tecnologia de criopreservação dos embriões em etilenoglicol pelo processo exclusivo de congelamento lento, conhecido como DirectTransfer (DT), que apresenta dados muito positivos a campo, com resultados consistentes e comprovados em grandes fazendas. Com a técnica já foi possível realizar mais de 20 mil transferências com resultados acima dos observados no mercado, que serão inclusive divulgados nos modelos comerciais da empresa.
Automação da ordenha
Criado para permitir fluxo livre das vacas (Free Cow Traffic), o sistema de automação da ordenha permite que as vacas descansem por maior tempo, colabora para um baixo índice de estresse animal e melhora o ambiente de ordenha. De acordo com o gerente comercial da Lely, no Brasil, João Vicente Pedreira, a automação tem representado um ponto de virada para os pecuaristas. Quando a vaca entra no robô, é feita uma leitura automática da coleira do animal. Com base nas informações coletadas, o software de gestão e manejo Lely direciona a ordenha de forma customizada. Na prática, isso significa que a alimentação da vaca é adequada ao seu histórico físico, sanitário e produtivo. São combinados até cinco tipos de ração e distribuídos pelo sistema autônomo, incluindo um alimento líquido.
MF Rural lança “Negócios Infinitos”
Ao completar 16 anos de atividades, o MF Rural, maior portal do agronegócio do Brasil, lançou a campanha “Negócios Infinitos”, com o objetivo de mostrar a importância da plataforma de marketplace, que facilita a vida de quem é ligado ao setor rural. “Através dela, é possível realizar todo tipo de compra e venda dentro
do nosso ambiente virtual. Aqui, o produtor encontra os melhores anúncios e também empresas do setor agropecuário”, diz o CEO do grupo MF Rural, Roberto Fabrizzi Lucas. Nesse sentido surgiu a campanha “Negócios Infinitos”, com o objetivo de mostrar que na plataforma de marketplace do MF Rural o empresário rural está sempre fazendo negócios, quer seja comprando ou vendendo. A campanha se baseou no origami, uma arte milenar que consiste na criação de objetos e formas a partir de um pedaço de papel quadrado, sem cortá-lo. Dessa maneira, foram criados personagens ligados ao setor rural, com histórias reais dos clientes do MF Rural.
Números do MF Rural
O portal tem 3 milhões de acessos/mês. Apenas em 2020, a plataforma de marketplace do grupo MF Rural gerou R$3,1 bilhões em volume de negócios. Além dessa plataforma, estão disponíveis outros serviços, como é o caso do MF Leilões. Com grande inovação tecnológica, os leilões rurais são transmitidos de forma on-line. Assim, pela internet, o comprador pode dar lances no conforto de sua casa ou escritório. Uma novidade lançada recentemente pelo MF Rural é a plataforma de pagamentos on-line MF Pago. Ela garante mais segurança tanto para quem vende quanto para quem compra, com uma série de vantagens. “O sucesso do projeto do grupo MF Rural é tanto que será transformado em franquia. Isso porque existem empresas de outros países, como Argentina, Paraguai e Bolívia, interessadas em implantar esse modelo de plataforma de marketplace, com o objetivo de facilitar a vida do homem do campo e as empresas nesses países”, informa Roberto Lucas.
Alta nos fertilizantes
Boa relação de troca, incentivada pelo preço das commodities e relação cambial positiva, estimula agricultor brasileiro a investir em fertilizantes. A Mosaic Fertilizantes, produtora global de fosfatados e potássio combinados, espera um novo crescimento do mercado brasileiro de fertilizantes em 2021, podendo alcançar pela primeira vez na história à marca de 40 milhões de toneladas de produtos vendidos. Em 2020, Mosaic Fertilizantes registrou um crescimento de 30% nas linhas de nutrição de alto desempenho. O portifólio de companhia inclui a Linha Performa, lançada recentemente, de altíssima tecnologia, que confere Macro e Micronutrientes em uma única solução, contribuindo assim para um melhor rendimento operacional e melhor distribuição de nutrientes. A linha contempla 5 produtos: Performa NEO, Performa Plus, Performa Ultra, Performa Full e Performa HF.
Secagem
A dupla Ciprolac Vaca Seca e Sellat é uma das terapias de secagem da Ourofino Saúde Animal. O Ciprolac Vaca seca é um antimicrobiano da classe das quinolonas, com amplo espectro de ação, boa permeabilidade no tecido mamário e consegue atingir infecções agudas e crônicas causadas por diferentes patógenos, e sua ação permanece por 59 dias. Embora a taxa de cura na secagem seja dependente do tipo de agente, da idade da vaca, e da saúde da glândula durante a lactação (CCS), podemos observar alta taxa de cura, em torno de 91%. O Sellat é o selante interno, que juntamente com o Ciprolac VS diminuiem em 27% a chance de novas infecções durante o período seco (em comparação com protocolo estabelecido no mercado), como também proporcionam menor riso de mastite clínica nos primeiros 60 dias de lactação. Mais cura, mais prevenção e melhor produtividade com segurança e assertividade.
Contra mastite
A mastite ainda é uma das enfermidades que causa os maiores prejuízos na atividade leiteira. Para auxiliar o produtor no manejo adequado e evitar desperdício, a Casa Glória Suprimentos Inteligentes traz para o Brasil o R-CCS. Já utilizado em mercados como os Estados Unidos da América, Nova Zelândia, Holanda e Reino Unido, o produto é um separador de leite contaminado com mastite, sangue ou hemorragias, e garante que o leite sadio não tenha contato com o contaminado, pois com o RCC-S o leite não passa pelo coletor. Dessa forma, todos os tetos do animal podem ser ordenhados simultaneamente, separando os infectados para o equipamento R-CCS e aproveitando o leite dos tetos saudáveis. o R-CCS realiza a ordenha embaixo da vaca. Por ser um galão pequeno, tem uma instalação rápida e não atrapalha a ordenha nem a movimentação dos ordenhadores.
Sem resíduos
Em sistemas de produção de leite, o uso de antimicrobianos requer especial atenção, a fim de evitar resíduos no produto final. Pensando nesse fator tão relevante,
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a Zoetis traz ao mercado Excenel® RTU EZ, antimicrobiano de amplo espectro, usado para o tratamento de inúmeras doenças que comprometem a saúde dos animais e, consequentemente, a produtividade do rebanho. Com formulação pronta para uso, facilidade de aplicação e atendendo aos mais elevados padrões de controle de resíduos, Excenel® RTU EZ é recomendado para pneumonia, problemas de cascos, diarreia e metrite em bovinos. Com o uso de Excenel® RTU EZ, não há necessidade de descarte do leite, o que representa uma economia muito grande em relação a outros antimicrobianos que requerem isso.
Tratamento mastite
O tratamento para as mastites deve ser fundamentado no tipo de microrganismo que está acometendo o animal e, para isso ocorrer, é necessário a realização de testes de cultura na fazenda. A sugestão da J.A Saúde Animal para o tratamento das mastites clínicas ambientais é o uso do intramamário Mastite Clínica VL, solução inovadora à base de Amoxicilina, Clavulanato de Potássio e Prednisolona, que alia alta eficácia antimicrobiana com ação anti-inflamatória local, garantindo maior conforto para o animal doente. Adicionalmente, é indicado a administração de um antimicrobiano sistêmico, já que em mastites agudas e superagudas, geralmente a permeabilidade local está comprometida. Nesses casos é necessário o uso de medicamentos sistêmicos de alta concentração e ação imediata, sendo o Gentopen, associação de Penicilina Potássica e Gentamicina, uma das melhores opções do mercado.
Resíduos em pastagem
Cientistas da Embrapa Meio Ambiente (SP) aprimoraram um método capaz de detectar múltiplos resíduos de produtos químicos por meio de uma única análise. O procedimento é voltado a identificar a presença e a quantidade de herbicidas usados para controlar plantas daninhas em cultivo de capim-elefante. Conhecida por produzir grande quantidade de biomassa, a gramínea é usada na geração de energia e muito empregada na alimentação de gado leiteiro. Por isso, é importante saber se os animais estão consumindo alimento seguro. O método multiresíduo é capaz de detectar resíduos dos sete herbicidas estudados (metsulfurom-metilico,atrazina, clorimurom-etilico, halossulfurom-metilico, metsulfurom-metilico, nicossulfurom e S-metolacloro). De olho nessa aplicação, o método deve ser empregado em um projeto em parceria com a Embrapa Gado de Leite.
Reforço na ABS
A ABS apresentou Diego Santos como novo Gerente Técnico e Ferramentas Genéticas Leite. Graduado em Medicina Veterinária e com formação em Gestão Rural, o profissional traz experiência de quatro anos como Coordenador do Serviço de Controle Leiteiro e Diretor Executivo da Associação Mineira de Gado Holandês (ACGHMG). Além disso, o novo colaborador tem quase três anos de experiência em uma companhia voltada para saúde animal, onde trabalhava com foco total na área de melhoramento genético leite, atuando nacionalmente com o Clarifide Holandês, Jersey e Girolando.
Bioacústica
As perdas de produtividade de animais expostos a altas temperaturas e umidade não são tão silenciosas quanto parecem. E foi literalmente escutando as vacas que uma pesquisa liderada pela Embrapa Rondônia utilizou a bioacústica, ou seja, os sons emitidos pelos animais, para medir a frequência respiratória (FR). A metodologia foi validada para rebanho Girolando. A equipe de cientistas validou um método inédito de avaliação desse parâmetro de conforto térmico, que utiliza gravadores digitais fixados ao cabresto dos animais, para mensurar de maneira prática, precisa e não invasiva o comportamento dos bovinos em pastejo. Essa é a primeira vez que a metodologia é validada para medir a frequência respiratória. Segundo a pesquisadora da Embrapa Rondônia Ana Karina Salman, é uma ferramenta valiosa para os pesquisadores que estudam o efeito do estresse térmico em bovinos em situação de pastejo.
Novas embalagens
A Cruzília anuncia ao mercado seu novo conceito e posicionamento de marca. Fundada em 1948, a empresa – cuja história foi iniciada em uma banca no Mercado Municipal de São Paulo – passa agora por um processo de rebranding que iniciou identificando junto ao mercado os principais atributos de seu portfólio. A partir de agora, as gôndolas começam a receber as novas embalagens, fruto de um trabalho artístico que contam com elementos como a tipografia handmade (que sugere o cuidado, respeito, dedicação e carinho na fabricação feita à mão), ilustrações que reforçam a brasilidade da marca e a exclusividade premium que mostra que o consumidor está adquirindo um produto único e especial. Como reforço, a aplicação de selos nos rótulos, que enaltecem a excelência ímpar presente em seu interior.
ENTREVISTA
por Larissa Vieira
Girolando
Márcio Nery
Girolando
Márcio Nery
Mercado de genética aquecido em 2021?
Os dados da Asbia apontam um crescimento nas vendas gerais de sêmen em 2020. Esse desempenho também foi verificado na pecuária leiteira?
O mercado do leite mostrou grande aquecimento em 2020, crescendo 13%. Foram 5,2 milhões de doses de sêmen vendidas no País. Para o ritmo do leite, que vinha crescendo de 1% a 2% em anos anteriores, é um desempenho excelente. Esse cenário vem mudando desde 2018 e agora voltamos a um patamar de crescimento igual ao de anos como 2016. Acredito que vamos continuar crescendo. No geral, somando leite e corte, tivemos quase 24 milhões de doses de sêmen vendidas, sendo que 91% desse total é referente ao mercado interno, 2% para exportação e 7% vem da prestação de serviço. Os resultados marcam definitivamente a inseminação artificial como uma das ferramentas fundamentais para o futuro da pecuária no Brasil e colocam o País em um patamar muito importante no cenário mundial. Em 5 anos, passamos de menos de 13 milhões de doses para 21,5 milhões vendidas ao cliente final, que é o mercado interno. O número de vacas inseminadas passou de 11% para quase 20%.
Quais fatores levaram a esse desempenho?
É um acordar do produtor de leite para a necessidade de fazer melhoramento genético e utilizar a inseminação artificial como uma das ferramentas para fazer esse avanço genético. Existem alguns pontos que contribuíram para esse cenário. O primeiro deles está ligado ao custo/benefício da IA, que nunca passa de 1 a 2% do total de custo de produção mesmo se o produtor utilizar os sêmens mais caros, como o sexado. Por outro lado, ele começou a entender que de todos os insumos colocados na fazenda esse é o único que vai permanecer por toda a vida naquele rebanho. Os demais têm ação temporária.
Outro ponto é que o produtor mais moderno começou a fazer contas mais refinadas. Ele tinha a genética como algo que atuava na ponta do aumento de produção, conseguindo elevar a relação leite/hectares ou leite/vaca/dia. Depois passou a perceber que a genética atua na ponta de redução de custo. Ao usar sêmen de animais selecionados para características importantes que impactam o negócio, o produtor está investindo em fertilidade do rebanho, redução de doenças, como CCS alta, metrite, cetose, qualidade do leite ou eficiência alimentar. E tudo isso contribui para a redução de custo.
E um terceiro ponto, que ainda vai ser descoberto pelo produtor, é a sustentabilidade. O melhoramento genético atua de frente para entregar mais sustentabilidade, produzindo mais com menos recursos, com vacas mais eficientes. Com tudo isso, o produtor começou a perceber que não
Se o ritmo dos últimos anos for mantido, a resposta é sim. As vendas de sêmen das raças leiteiras ultrapassaram os 5 milhões de doses em 2020. A expectativa é de que 2021 confirme essa procura firme por genética. É o que prevê o presidente da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), Márcio Nery. Em entrevista à revista Girolando, ele fala do excepcional desempenho da raça em 2020, avalia os principais fatores que levaram ao crescimento do mercado de genética e destaca como os dados da Asbia podem ajudar a fomentar a IA no País. Por outro lado, o Brasil ainda precisa avançar bastante no número de vacas leiteiras inseminadas.
Girolando
Márcio Nery
Girolando
Márcio Nery
Girolando
pode mais ficar sem fazer melhoramento genético.
Dentro desse cenário como está a raça Girolando?
O Girolando vem tendo um crescimento fantástico. Saiu de 611 mil doses de sêmen em 2019 para mais de 752 mil em 2020. A raça não parou de crescer, mesmo nos anos em que houve queda na inseminação artificial no País. O que significa isso? Confiança na raça. O produtor de leite usa touros CCG 3/4 ou Girolando [5/8] com bastante tranquilidade; para ele aquela genética é suficiente. Não tem segregação e produz o animal que ele quer. O touro Girolando deu ao produtor a tranquilidade no manejo que ele precisava. Muito interessante também é que o sêmen sexado saiu de 47,6 mil doses para quase 73,9 mil no último ano. Isso significa que o usuário de touro Girolando quer fazer melhoramento genético, mas com velocidade, para chegar mais rapidamente a um rebanho de qualidade.
Para 2021, a Asbia espera novo aumento nas vendas de sêmen?
A nossa expectativa é repetir esse crescimento de 2020, ficando entre 12 e 15%. O mercado de leite está um pouco instável ainda por conta de questões como a cobrança do ICMS no estado de São Paulo e pode ser cobrado em Minas Gerais. Ainda tem o fato de as importações de leite terem aumentado no final do ano passado, mesmo com o valor atual do dólar, impactando nosso preço interno do litro do leite, além do preço da soja e do milho. Também a pandemia vem afetando o consumo de leite não só pela queda na renda do brasileiro, mas também pela suspensão das aulas, deixando de ofertar o leite na merenda escolar para crianças de todo o País. Por tudo isso, este é um cenário que dificulta prever como o mercado da genética leiteira vai se comportar. Muitos produtores que estavam mal na atividade acabaram deixando a pecuária leiteira e a captação caiu, mas diversas entidades, como a Girolando, têm se mobilizado junto aos governos federal e estaduais para garantir melhores condições de trabalho ao produtor. Mesmo com todas essas questões, será um ano bom para o segmento. Pode até ser que 2021 não seja excepcional para o leite, mas trabalhamos com a expectativa de crescimento acima de 12%.
Apesar do crescimento das vendas de sêmen, o número de vacas leiteiras inseminadas ainda é baixo no Brasil?
Girolando
Márcio Nery
Girolando
Márcio Nery
Realmente a situação do leite não é a desejada. No geral, em torno de 11% das vacas leiteiras são inseminadas, sendo que esse percentual é maior nos estados do Sul, ficando entre 17,2% e 25%. É o inverso de países que são grandes produtores, onde é comum inseminar mais de 80%, ou nos vizinhos, como Argentina e Uruguai, que inseminam mais de 60%. Nós temos um caminho longo a percorrer e precisamos superar alguns desafios, mostrando ao produtor as vantagens da IA e capacitando-o para isso, especialmente as pequenas propriedades de leite que veem a tecnologia como algo difícil de aplicar. Mas vale destacar que nas estatísticas do Censo Brasileiro são incluídos alguns milhões de vacas de subsistência, que dão apenas 3 ou 4 litros de leite, ou seja, não são de rebanhos voltados para a produção de leite. Se colocassem nessas estatísticas somente os animais de fazendas especializadas em leite esse índice de vacas inseminadas certamente seria maior que 11%.
A difusão de tecnologias como a IATF em rebanhos leiteiros precisa estar entre as ações para elevar o número de vacas inseminadas?
Com certeza. A IATF é mais comum no corte, respondendo por 90% do total realizado no País, mas é muito crescente no leite. Das fazendas leiteiras que usam inseminação, mais de 35% já usam IATF. Esse é um caminho sem volta, pois com o aumento dos rebanhos, a detecção de cio fica muito mais difícil, tornando-se um gargalo para a fazenda. Por isso, fazer IATF não é apenas uma opção, é uma necessidade nas propriedades que buscam maior eficiência e rentabilidade.
Como os dados do relatório da Asbia podem ajudar no desenvolvimento de estratégias para aumentar o uso da IA?
A municipalização dos dados foi um passo importante para tornar as ações dos associados da Asbia mais precisas. Pelos dados do novo relatório, a IA está presente em todo o território nacional, sendo verificada em 4.286 municípios, o que representa 77% de todos os municípios brasileiros. Com a análise dos dados segmentada por município é possível verificar as localidades onde há pouco uso da inseminação, mesmo tendo a atividade pecuária, e tomar medidas para fomentar a tecnologia, tais como: cursos de IA, palestras, dias de campo, parcerias público-privadas, dentre outras iniciativas.
VOCÊ SABE POR QUE USAR bST A CADA 14 DIAS?
A pecuária no Brasil atualmente se encontra em um momento muito favorável. Não apenas pelos valores pagos por litro de leite, que se encontram 50% acima dos valores do ano anterior, mas também pelo valor da arroba, situação que também favorece a pecuária de leite. Apesar da estimativa dos custos de produção se manter alta, a tendência de preços elevados para os próximos meses assegura uma boa remuneração aos produtores ao longo dos próximos meses.
Diante desse cenário, produtores de leite planejam aumentar sua produção diária a níveis cada vez maiores. No entanto, esse aumento de produção desejado deve acontecer sobre sólidas bases nutricionais e de manejo. A adoção de ferramentas que aumentem a produção de leite a qualquer custo pode trazer consequências indesejadas a médio e longo prazo, como diminuição de escore de condição corporal e redução dos índices reprodutivos das vacas.
Uma dessas estratégias adotadas por algumas fazendas é o uso de Somatotropina Recombinante Bovina (bST) em intervalos menores que os 14 dias recomendados em bula. Algumas fazendas, pensando exclusivamente no aumento de produção de leite e não pensando nas consequências a médio e longo prazo, têm adotado intervalos de 12, 11 ou 10 dias entre aplicações. Essa redução do intervalo recomendado nas bulas dos bST disponíveis no mercado, de 14 para 10 dias, pode causar alterações no comportamento reprodutivo dos animais e redução de alguns índices reprodutivos essenciais para a produtividade a médio e longo prazo.
Ao longo dos anos, diversos pesquisadores pelo mundo demonstraram que o intervalo de 14 dias entre aplicações de bST não afeta negativamente a reprodução dos animais e proporciona respostas lucrativas no aumento da produção de leite. No entanto, outros trabalhos que testaram intervalos menores entre aplicações mostraram que essa redução de intervalo pode causar alterações no comportamento reprodutivo das vacas. Rivera et al. (1993) testaram o uso de bST com intervalo de 10 dias entre aplicações e apresentaram alguns resultados que con rmam o que foi relatado acima. Eles veri caram que esses animais tratados com bST em intervalos de 10 dias apresentaram as seguintes alterações numéricas:
• Redução da taxa de detecção de cio (33,3% vs. 44,8%); • Diminuição da duração do cio (5,6 vs. 7,6 horas); • Menor número de montas aceitas durante o período de cio (6,7 vs. 7,8 montas); • Maior perda gestacional entre 33 e 66 dias de gestação (16,9 vs. 11,4%).
Outros trabalhos de pesquisa também já demonstraram que o uso de bST em intervalos menores que 14 dias aumenta a produção de determinadas substâncias, como o IGF-1, que in uenciam diretamente na reprodução das vacas. Thatcher et al. (2006) relataram que elevados níveis de IGF-1 circulantes em vacas de leite podem in uenciar negativamente a taxa de prenhez, e o uso de bST está diretamente ligado ao aumento dos níveis circulantes de IGF-1 nos animais. Dessa forma, a redução do intervalo entre aplicações de bST pode levar ao aumento dos níveis dessa substância nos animais e in uenciar negativamente resultados reprodutivos.
Após todas essas informações, conclui-se que o intervalo de 14 dias entre as aplicações de bST na rotina das fazendas leiteiras é o ideal a ser adotado. Isso leva ao aumento da produção de leite de maneira uniforme por 14 dias, ao incremento de lucratividade e não afeta negativamente a reprodução. Ao contrário disso, menores intervalos entre aplicações, por exemplo 10 dias, podem levar à redução dos índices reprodutivos da fazenda, com implicações sobre a produção de leite a médio e longo prazo.
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