Swim channel #1

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de nada dor para nada dor

Quando conversamos com alguém que realmente entende do assunto discutido, sempre tiramos proveito bem maior da conversa. Entender do assunto é o principal valor da swim channel, a revista que você tem em mãos. Todos os seus integrantes têm vivência nas piscinas, tiveram envolvimento com o esporte em alto nível e, hoje, são profissionais de sucesso em suas áreas de atuação. Além de tudo, como não poderia deixar de ser, todos continuam dando suas braçadas.

Nosso time, formado por jornalistas, médicos, profissionais de marketing, fisioterapeutas, treinadores, nutricionistas, colunistas e todos os demais colaboradores, partilha de uma só paixão: a natação. Foi essa paixão que possibilitou a criação da swim channel e é por isso que todo o conteúdo que você encontra aqui tem alto nível de qualidade e relevância. Nós acreditamos no imenso valor do esporte que praticamos e ficamos entusiasmados ao poder influenciar positivamente outras pessoas que queiram praticá-lo. Seja muito bem-vindo a nossa comunidade. Temos na natação mais do que um esporte; um estilo de vida. Boas braçadas e ótima leitura!

Equipe swim channel 6

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contato contato@ swimchannel.com.br marketing marketing@ swimchannel.com.br assinatura e site oficial www. swimchannel.com.br

capa  Agência Yo projeto gráfico  Agência Yo edição e diagramação  Drehmer Studio revisão de textos  Serg Smigg distribuição  Global Press

A swim channel é uma publicação da Endurance Sport Business. É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da editora. Todos os direitos reservados.


Índice

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16 CONQUISTADORES

DESEMPENHO HISTÓRICO

DO OCEANO

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RESPIRANDO DURANTE A TRAVESSIA

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28 A VOLTA DO

VELOZ E POLÊMICO

THORPEDO

48 DE NADADORA A PRESIDENTE

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A TRAVESSIA PARA QUEM É FORTE

DESVENDANDO AS NADADEIRAS

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Largada da Travessia dos Fortes, Rio de Janeiro, 2010

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equipe swim channel Patrick Winkler

Savio Bertolani

Guilherme Freitas

Daniel Takata

patrick@swimchannel.com.br

savio@swimchannel.com.br

guilherme@swimchannel.com.br

daniel@swimchannel.com.br

Cleyton Carregari

Fabio D’Alessadro

Satiro Sodré

Luiz Lima

cleyton@swimchannel.com.br

fabio@swimchannel.com.br

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Alex Pussieldi

Marcelo Tomazini

Ricardo Cintra

Editor Chefe

Eventos

Colunista, editor-chefe do site Best Swimming

Dra. Tathiana Parmigiano

Ginecologista do Esporte pela UNIFESP

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uma revista de nadadores para nadadores

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Diretor Executivo

Publicidade

Técnico da seleção paulista de natação

Alexsandra Winkler Fisioterapeuta pósgraduada pela UNIFESP

Jornalista Senior

Fotógrafo

Técnico da seleção brasileira de águas abertas

Dra. Luciane Botelho Dermatologista pela UNIFESP

Redator

Colunista, campeão pan-americano

André Ferreira (Amendoin)

Técnico da seleção brasileira de natação

Almir Marchetti

Assessor técnico da metodologia de natação Gustavo Borges


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de sem pe nho histórico No emirado de Dubai, Brasil faz sua melhor campanha em mundiais de curta desde 1995 e segue o caminho para ser potência mundial

A campanha do Brasil em Dubai Número de medalhas conquistadas

3 Ouro • 50m livre (Cesar Cielo) • 100m livre (Cesar Cielo) • 50m peito (Felipe França)

1 Prata • 200m borboleta (Kaio Almeida)

4 Bronze • • • •

por GUILHERME FREITAS | fotos SATIRO SODRÉ

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100m peito (Felipe França) 100m borboleta (Kaio Almeida) 4x100m livre (Revezamento masc) 4x100m medley (Revezamento masc)


Na décima edição do Mundial de piscina curta, realizada em Dubai nos Emirados Árabes Unidos, a seleção brasileira mostrou que está no caminho certo para ser potência na modalidade. Desde o Mundial do Rio de Janeiro em 1995, o Brasil não obtinha resultado tão expressivo nesse evento. Ao todo, foram oito medalhas conquistadas (três de ouro, uma de prata e quatro de bronze) e doze recordes sul-americanos superados. Em números gerais de medalhas, o desempenho em Dubai-2010 superou o do Rio-1995: oito a seis. No Oriente Médio, Cesar Cielo confirmou que é o nadador mais rápido do Planeta. O velocista unificou suas conquistas mundiais nos 50m e 100m livre e passa a ser o homem a ser batido nos Jogos Olímpicos de Londres, em agosto do próximo ano. De fato, o tropeço no Pan-Pacífico do ano passado foi acidente de percurso. Cesão mostrou

estar totalmente recuperado das derrotas para Nathan Adrian. A primeira vitória veio em sua especialidade, os 50m livre. O brasileiro não deu chance para seu amigo Frédérick Bousquet e venceu com 20s51, ficando apenas 21 centésimos acima do recorde mundial de Roland Schoeman. Nos 100m livre, o velocista fez uma prova perfeita e levou sua segunda medalha de ouro. Cesão foi ainda peça fundamental nos revezamentos 4x100m livre e 4x100m medley, cujos nadadores subiram ao pódio. A primeira medalha do Brasil, logo no dia inicial do Mundial, veio com o quarteto formado por Nicholas dos Santos, Cesar Cielo, Marcelo Chierighini e Nicolas Oliveira, que garantiu o bronze. No revezamento 4x100m medley, última prova da competição, a equipe formada por Guilherme Guido, Felipe França, Kaio Márcio e Cesar Cielo conquistou 13


a medalha de bronze, a primeira da história do país nessa prova em mundiais de curta. Se Cielo é o grande nome mundial das provas de velocidade, Felipe França começa a despontar no cenário internacional no estilo peito. Vice-campeão mundial nos 50m peito na piscina longa em Roma-2009, o nadador deixou Dubai com o título de campeão mundial na distância. Venceu apertado duelo contra o sul-africano Cameron Van der Burgh e vibrou muito ainda na água com o feito.

Mundial coroa ano perfeito de Lotche

A cerimônia de premiação foi um dos momentos mais tocantes da competição. França ajoelhou, rezou e chorou ao som do Hino Nacional. Visando os Jogos Olímpicos de 2012, o atleta intensificou os treinamentos para os 100m peito e conseguiu a medalha de bronze. Além de Cielo e França, Kaio Márcio de Almeida conquistou medalhas individuais em Dubai. Campeão mundial nos 100m borboleta no Mundial de Xangai-2006, levou o Brasil ao pódio nos 100m e 200m borboleta. Na equilibrada final dos 100 metros, conquistou a medalha de bronze. Já nos 200 metros, o paraibano fez prova conservadora. Na virada para os últimos 50 metros, estava na quinta posição, porém, após recuperação espetacular, terminou com a medalha de prata.

Em Dubai, nadador leva seis ouros Ninguém brilhou tanto no Mundial de Dubai quanto Ryan Lotche. O nadador americano foi o grande nome da competição, conquistando seis medalhas de ouro (100m, 200m e 400m medley, 200m livre, 200m costas e 4x100m medley) e uma de prata com o revezamento 4x200m livre. Ainda bateu dois recordes mundiais (nos 200m e 400m medley), tornando-se o primeiro atleta a superar marcas individuais após o banimento dos trajes tecnológicos. O desempenho do americano em Dubai coroou sua melhor temporada. Além dos feitos no Mundial de Curta, ele já havia conquistado seis medalhas no Pan-Pacífico e batido Michael Phelps no campeonato americano. Lotche também foi eleito o melhor nadador do ano pela Federação Internacional de Natação – Fina e pela conceituada revista Swimming World.

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Demais brasileiros passam em branco Se os nadadores brasileiros brilharam nos Emirados, a natação feminina não conseguiu medalhas. Pesou para o fato a ausência de Gabriella Silva, cortada após lesão no ombro. Fabíola Molina foi a única brasileira a atingir uma final em Dubai: oitava colocada nos 50m costas. As meninas, porém, estabeleceram dois novos recordes sul-americanos nos revezamentos 4x100m livre e 4x100m medley. Apenas um centésimo separou Nicholas dos Santos da medalha de bronze nos 50m borboleta. O velocista acabou fora do pódio, em quarto lugar, mesma colocação que o jovem Henrique Rodrigues atingiu na final dos 200m medley, após ter estado em terceiro lugar durante boa parte da prova. O Mundial de Dubai registrou quatro recordes mundiais, dois deles nos revezamentos 4x200m livre: no feminino com a China e no masculino com a Rússia. Os outros dois com Ryan Lotche, que bateu as marcas dos 200m e 400m medley. O americano foi a estrela do campeonato ao conquistar sete medalhas. Se Lotche foi o cara no masculino, a jovem Mireia Belmonte ganhou os holofotes no feminino. A espanhola de vinte anos ganhou três medalhas de ouro nos 200m borboleta e nos 200m e 400m medley.


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CONQUISTADORES DO

OCEANO O Desafio Rei e Rainha do Mar já virou tradição. Em 2010, alguns dos melhores nadadores do mundo foram ao Rio de Janeiro em busca da glória por DANIEL TAKATA | fotos GILVAN DE SOUZA E LUCAS FIGUEIREDO

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Quer maior atrativo que disputar um desafio em águas abertas no cenário da competição olímpica de 2016? Pois foi exatamente isso que alguns dos maiores nomes das águas abertas do mundo foram fazer em dezembro de 2010 na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O Desafio Rei e Rainha do Mar recebeu a nata da maratona aquática mundial. E dessa vez, uma novidade: a disputa, até 2009 restrita a homens, foi estendida a mulheres. Antes das provas para os atletas de elite, houve competição para os demais nadadores. Quem quisesse nadar era só escolher a modalidade de sua preferência: Sprint, Beach Biathlon e Circuito. A premiação deu-se aos três melhores colocados de cada faixa etária. Além disso, foram declarados vencedores do Circuito os atletas que mais acumularam pontos nas três etapas realizadas: Ana Brena Militão e Eric Alves Miranda.

A prova para atletas de elite teve formato inovador: voltas de mil metros no mar com curta corrida na areia entre elas. Para mulheres, sete voltas e, para homens, dez. No feminino, os maiores nomes foram Poliana Okimoto, campeã do circuito mundial em 2009, e a americana Christine Jennings, campeã do Pan-Pacífico no ano passado. E logo as nadadoras monopolizaram as atenções, assumindo a liderança. O panorama se manteve durante toda a prova: a americana, mais forte, conseguia pequena vantagem na parte da corrida, enquanto Poliana se aproximava durante o percurso na água. Ao final da prova, ambas saíram praticamente juntas do mar, mas Christine superou a brasileira no último pique. A mexicana Alejandra González ficou na terceira posição. “Não treino para esse tipo de percurso. A entrada e a saída do mar dificultaram um pouco”, disse Poliana. “Outra 17


musculatura é exigida; é um negócio bem mais complexo”, declarou seu técnico Ricardo Cintra, colaborador da swim channel (veja sua coluna na página 20). No domingo foi a vez dos homens. O vencedor da prova de 2009, o australiano Trent Grimsey, não pôde estar presente, mas mandou o irmão Code em seu lugar. Além dele, a prova esteve altamente estrelada com a presença do sulafricano Chad Ho, atual campeão do circuito mundial, e do americano Alex Meyer, atual campeão mundial da prova de 25 km. Do lado brasileiro, presença de Allan do Carmo, ter-

Nem rei, nem Rainha, o Bobo da Corte por HELIO DE LA PEÑA

Comecei a nadar como todo mundo: obrigado pelo pai. Ele me levava ao Olaria e, bastava se distrair, eu escapava do clube e ia jogar bola. Resultado: cresci nadando como um prego enferrujado. Depois de barbado, decidi tirar o atraso. Não podia pressionar meus filhos com uma bóia de patinho na barriga. Comecei a nadar e tomei gosto pela coisa. Há cerca de quatro anos passei a praticar o esporte com mais regularidade no clube Federal, com meus professores Coutinho e Vítor Azevedo. Mas estava ficando entediado de ficar contando azulejo. Propus à dupla um treinamento semanal no mar. Venho da Vila da Penha, não tinha grandes intimidades com água salgada. E deu certo. Natação no mar é um esporte extremamente prazeiroso e ainda proporciona um contato muito particular com a cidade do Rio. Nadamos do Arpoador ao 18

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ceiro lugar no circuito mundial; de Luis Rogério Arapiraca, atual campeão da Travessia dos Fortes; e de Samuel de Bona. A prova foi bem mais acirrada que a feminina. Grimsey liderou no início, mas a partir da terceira volta outros nadadores começaram a se revezar na ponta. Na passagem da areia para a sétima volta, para vibração do público, do Carmo assumiu a liderança. No entanto, foi logo ultrapassado pelo alemão Alexander Studzinski, que manteve a colocação até o final em uma prova de tirar o fôlego literalmente. Arapiraca e Ho completaram o pódio.

Leblon, vamos ao Buraco da Velha na Praia da Macumba, esticamos as remadas até a ilha de Peças em frente à Prainha. Não raro estou num paraíso que poucos conhecem. O evento Rei e Rainha do Mar pintou como consequência dessa história. Não costumava competir, mas em 2009 me deu vontade de participar do evento. E não parei mais. No ano passado estive em todas as etapas. E acho que minha presença estimula os outros concorrentes. A galera logo pensa: “Pô, ando meio fora de forma, mas pelo menos o seu casseta eu consigo ganhar...” Não ligo se perder, embora adoraria faturar um primeiro lugar. Ao menos pra dar uma satisfação aos meus filhos. Numa dessas provas em que cheguei em casa satisfeito com a minha 237ª colocação, tentei explicar aos pequenos o objetivo de um evento deste tipo. — Essa competição visa a estimular o esporte, mostrar pro público que qualquer um minimamente preparado é capaz de participar de um desafio como este. O mais importante é completar a prova! — Mas papai, não tem gente que completa e ainda chega na frente? Fiquei desarmado. Não tive resposta pro moleque. O jeito é treinar mais e ver se um dia dou o troco.


SEGURANÇA ACIMA DE TUDO por LUIZ LIMA

Queridos amigos da swim channel, é um prazer estar novamente com vocês. Hoje falaremos sobre segurança em provas de águas abertas. Não podemos discutir o tema sem falar de preparação do atleta. Existem hoje no Brasil inúmeros eventos, com propostas diferentes e não poderemos nunca dizer que eventos esportivos não oferecem riscos. O que temos a fazer é minimizar as possibilidades de acidentes. Os eventos de águas abertas são realizados em diferentes distâncias e ambientes. Sendo assim, a segurança do atleta inicia-se na preparação adequada para enfrentar tais adversidades. É importante lembrar que o treinador, a organização, a arbitragem e o próprio nadador têm suas responsabilidades. No ano passado, tivemos o fato mais triste do nosso esporte: a morte de Francis Crippen, campeão panamericano em 2007 no Rio de Janeiro. Crippen era um dos melhores atletas do mundo, rapaz saudável e tinha apenas 26 anos. Morreu por completa falta de sensibilidade dos organizadores da prova e também pelo regulamento estúpido da Federeção Internacional de Nata-

ção – Fina: onde todos os atletas envolvidos na briga pelo título eram obrigados a completar a última prova do circuito. Sou atleta e imagino o quanto esse rapaz se esforçou, vindo a falecer justamente fazendo aquilo que era sua paixão. A prova nos Emirados Árabes Unidos foi um verdadeiro absurdo e jamais poderia ter acontecido. Um erro atrás do outro. Primeiro: o regulamento contribuiu para a morte de Crippen; segundo: condições climáticas inadequadas da água que beiravam os 32°C; terceiro: o nadador não estava acompanhado de seu treinador e por fim: não se pode jamais perder um atleta de vista, como ocorreu nesta história. Amigos, fiz questão de citar a morte de Francis Crippen, pois infelizmente só aprendemos quando acontecem tragédias. Uma prova de águas abertas, como falei, começa com preparação adequada do atleta. Além disso, em evento seguro e deve exigir-se atestado médico. Em minha opinião, em travessias oceânicas, onde os atletas ficam longe da costa ou de longo percurso, deveria ser exigido histórico de competições realizadas pelo nadador Nunca vi aqui no Brasil, em provas de 5 km ou mais, exigirem tal documento, o que já é um risco à segurança. Devemos ter boias adequadas e em número suficiente, médicos e socorristas experientes e UTI móvel. E deve-se liberar o uso de roupas térmicas em temperatura inferior a 22°C. Amigos, cabe a nós mesmos, atletas, participar apenas de eventos seguros. Não poderemos nunca desafiar a natureza. Temos que respirar fundo e pensar bem antes de arriscar o que temos de mais precioso: nossa vida. 19


RESPIRANDO DURANTE A TRAVESSIA

Qual é a melhor técnica de respiração para se utilizar em uma prova de maratona aquática? Descubra aqui três opções para o seu treinamento. por RICARDO CINTRA | fotos SATIRO SODRÉ

Na minha época de atleta, sempre escutei falar que os nadadores de maratonas aquáticas deveriam nadar utilizando uma técnica diferente do nado crawl. Falavam que deveriam usar um estilo mais “capenga”, mais relaxado, ou algo do gênero. Hoje como técnico, minha conclusão é que isso era apenas uma lenda. Assim como ocorre em outros esportes de longa distância, ou de longa duração, a economia de energia durante a prova é fundamental para um bom desempenho. E na 20

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águas abertas não é diferente. O atleta que possui uma boa técnica, vai economizar energia para conseguir uma melhor performance durante a prova e também no sprint final. Dentro desta filosofia de poupar energia através da mecânica de nado, a respiração é um ponto fundamental. Existem três tipos que são constantemente utilizadas nas maratonas aquáticas. São elas: respiração lateral, respiração frontal com a cabeça parada e respiração frontal acompanhando o ciclo de braçada.


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Procure treinar as duas formas de respiração frontal e utilizá-las apenas quando necessário

A respiração lateral é a tradicional técnica utilizada no nado crawl nas competições e treinos na piscina. Sem dúvida nenhuma, do ponto de vista mecânico, esta técnica de respiração é a que mais economiza energia. Pelo fato do movimento ser natural e de fácil assimilação pelos nadadores, este estilo é e deve ser o mais utilizado durante toda a travessia. Conhecida no meio da natação como nado pólo aquático, a respiração frontal com a cabeça parada é utilizada normalmente quando o nadador deseja observar alguma coisa à sua frente como bóias, adversários e chegada. Das três formas de se respirar durante uma maratona, esta é a mais cansativa e a que mais consome energia do atleta. O fato de o nadador ter que mudar muito sua técnica durante o percurso, pode prejudicar sua hidrodinâmica de nado. Por fim, a respiração frontal acompanhando o ciclo de braçada é uma forma de respirar frontalmente, onde a cabeça volta para a água ao fim do movimento do braço. Esta técnica exige uma maior coordenação motora do atleta. Ela é mais usada pelos nadadores profissionais e mais experientes, que já possuem um bom domínio da técnica necessária para utilizá-la corretamente. Na primeira participação em competições internacionais, Poliana Okimoto (minha esposa e atleta) passou por 22

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um grande aperto, relacionado com a respiração frontal. No Mundial de Maratonas Aquáticas de Nápoles, em 2006, ela nadou no primeiro dia de competição os 5 km, onde se sagrou vice-campeã mundial. Após a euforia da conquista inédita para a natação brasileira, ela revelou um desconforto nas costas, junto ao trapézio. Quando ela me mostrou, tomei um grande susto. Havia um nódulo enorme no local. E sabem qual foi o motivo desta lesão, segundo ela? A enorme quantidade de vezes em que levantou a cabeça durante a prova para respirar e se orientar. Tudo por falta de experiência. O grande problema dela é que a prova dos 10 km seria apenas dois dias depois. Foi uma corrida contra o tempo para conseguir atenuar as dores, até o dia da prova. Hoje percebo que esta experiência foi essencial para que na distância olímpica ela não cometesse o mesmo erro, e ganhasse, mais uma vez, a medalha de prata no Mundial. Por isso, fica a dica para quem esta iniciando no esporte. Procure treinar as duas formas de respiração frontal e utilizá-las durante a prova apenas o necessário, para obter uma orientação segura. Uma boa conferida no percurso e na chegada, antes da prova, também irá deixar o nadador mais confiante e ajudará a poupar energia durante a travessia. E viva as Maratonas Aquáticas!


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veloz e

polêmico Grande nome do nado peito brasileiro, Eduardo Fischer revela nesta entrevista momentos marcantes de sua brilhante carreira e críticas a gestão da Confederação nos últimos anos

por DANIEL TAKATA | fotos SATIRO SODRÉ

Em 2008, aconteceu no Rio de Janeiro o Troféu Maria Lenk. Era a última oportunidade para nadadores brasileiros alcançar o índice olímpico. Pelas regras dos Jogos, apenas dois atletas de cada país são permitidos por prova. Na história da natação brasileira, é raro dois nadadores conseguirem índice para a mesma prova. Mas naquele dia aconteceu algo inesquecível: quatro nadadores conseguiram o índice para a prova dos 100m peito. Contudo, somente os dois primeiros, Henrique Barbosa e Felipe França, competiram em Pequim. E logo no nado de peito, que anos antes era tido como o nado mais fraco do Brasil. Um dos nadadores que atingiram o índice foi Eduardo Fischer. Ele não alcançou seu objetivo, mas tem muita responsabilidade pelo o que aconteceu. 24

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Fischer foi um dos responsáveis pelo crescimento do nado de peito no Brasil, sendo semifinalista no Mundial de 2001 e nos Jogos Olímpicos de 2004. Conquistou ainda uma medalha de bronze no Mundial de piscina curta de 2002, nos 50m peito. A partir dele, o país viu o surgimento de vários peitistas de nível internacional. Aos 30 anos, Fischer representa o Minas Tênis Clube e continua competitivo. Também se destaca por sua conhecida oposição à atual administração da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos - CBDA e ao seu presidente, Coaracy Nunes Filho. Suas fortes opiniões ganham espaço nos grandes veículos de comunicação. Para a swimchannel, Fischer concedeu imperdível entrevista, onde falou de tudo isso e muito mais.


swim channel  Você é um dos nadadores mais experientes da seleção brasileira. O que acha que mudou na natação do Brasil nestes últimos dez, doze anos? Eduardo Fischer  Muita coisa mudou, é inegável. No início dos anos 2000 as coisas ainda eram um pouco amadoras. Cada um por si e todos por Gustavo Borges e Fernando Scherer. Hoje, apesar de não concordar com muitas coisas que o Coaracy faz e decide, tenho de admitir que, ao menos, tenta-se fazer um plano para elevar a natação do Brasil. Digo “tenta” porque é mal gerenciada. Tudo tem de passar pelo aval do presidente, que nem sempre é a pessoa certa para tomar certos tipos de decisão. Mas enfim, a verdade é que a natação mudou sim. E para melhor.

sc  Você falou em Gustavo e Xuxa. Nadou um bom tempo com eles. Consegue notar a influência das conquistas dessa geração passada na geração atual? fischer  Não há dúvidas de que eles contribuíram e muito para a melhora da natação no Brasil. Quantas crianças entraram em aulas de natação depois das medalhas olímpicas deles? Eu mesmo fui uma criança e adolescente que ficou grudado na TV em todas as provas do Gustavo. Lembro-me de cada detalhe até hoje. A influência deles foi enorme; muitas pessoas passaram a praticar natação depois de 1992. sc  Não seja tão humilde e não se citar, pois você foi um dos precursores do nado de peito na última década. 25


fischer  Humildemente, acho que também ajudei bastante o nado de peito a evoluir. Depois que fui medalhista mundial, que quebrei vários recordes e que estabeleci marcas importantes. O número de participantes no Troféu Brasil (hoje Troféu Maria Lenk) em 1998, por exemplo, era muito menor do que hoje. Muito mais gente nada peito. sc  Voltando à Olimpíada de 2000, você foi convocado devido o revezamento 4x100m medley. A participação o motivou de alguma forma a futuros resultados individuais? fischer  Na verdade, as coisas aconteceram muito rapidamente. Em 1996, eu mal ganhava o Campeonato Catarinense. No ano seguinte fui campeão brasileiro da categoria. Em 1999 não fui ao Pan-Americano por dois centésimos nos 100m peito. No ano seguinte fui às Olimpíadas. Ou seja, em três anos passei de nadador regular para o melhor do Brasil.

Só eu tenho coragem de dizer o que penso. A maioria tem medo de sofrer represálias sc  Realmente, muita coisa boa ainda viria, mas qual considera a sua maior conquista? fischer  É difícil apontar uma; cada uma delas teve sua particularidade. Mas acho que, quando terminei a prova no Pan-2003, vi o tempo de 1min01s88 ­— índice olímpico para Atenas 2004 — e percebi ser o primeiro homem da América do Sul a nadar na casa de 1min01s, foi um dos dias mais felizes da minha carreira. sc  Naquela Olimpíada, em 2004, você alcançou a semifinal, mas não a tão sonhada final. Mas durante a preparação, você teve apendicite, o que o tirou de alguns treinos. Aquilo o atrapalhou de alguma forma? fischer  É ruim apontar a apendicite como culpada por eu não ter conseguido um resultado melhor, mas acho que 26

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teve, uma influência. Estava treinando muito forte. Foi então que, dois meses antes dos Jogos, fiz a cirurgia e tudo correu bem. Mesmo assim, o médico disse para ficar quinze dias parado. Comecei a chorar no mesmo instante. Com seis dias de pós-operatório, fui até o consultório retirar os pontos. Na frente do médico, me abaixei e comecei a fazer abdominais para mostrar que já estava bom e poderia voltar a nadar. Ele disse: “Eduardo, você está louco? Levanta daí, guri. Não faz isso, pode ter uma hérnia!” Foram só sete dias longe da piscina, mas tem todo o fator psicológico. Até hoje meu médico me encontra e a gente ri do episódio. sc  Como já dissemos, você é um dos responsáveis pelo ressurgimento do nado de peito no Brasil. Paradoxalmente, essa evolução que você ajudou a trazer o deixou de fora da Olimpíada de 2008. Como foi lidar com esta situação? fischer  Foi difícil. Perder nunca é legal, ninguém gosta de perder e eu não fujo à regra. Naquela ocasião, fiquei atrás de atletas bem mais novos, que me usaram como espelho. É como se o professor perdesse para o aluno; não é algo fácil de lidar. Ainda mais porque eu fiz o índice, que parecia ser o mais difícil. Mas ficar fora da Olimpíada foi uma vitória, pois na época o papo de borda de piscina era que o Fischer já era. Então, quando caí na água e consegui o índice olímpico. Foi uma vitória e tanto! Quase um cala-boca para os críticos. sc  O que pretende fazer quando deixar a natação? Tem ideia de quando isso vai acontecer? fischer  Sou advogado e já trabalho um pouco com isso. Minha intenção é ir deixando a natação gradativamente e ir trocando por Direito. Quero abrir um escritório, e trabalhar com Direito. Casei no ano passado; a vida muda um pouco, passa-se a ter mais responsabilidades. Também quero ter filhos. Talvez daqui uns três ou quatro anos veremos um Eduardinho dando braçadas na aulinha de bebês. sc  Você é notório crítico do atual estágio da administração da natação brasileira. Quais são suas principais ressalvas contra essa gestão?


fischer  Uma pessoa no poder por muito tempo, controlando todas as decisões, não é nada saudável. É errado, é antidemocrático. A CBDA já não toma mais decisões baseadas no interesse de atletas e técnicos faz algum tempo. A Confederação virou um ente político representado na figura do Coaracy. A CBDA usa dinheiro público e tudo deveria ser feito às claras. sc  Voce se sente solitário em fazer abertamente criticas a Confederação? fischer  Uma pena que apenas eu tenha coragem de dizer isso. Nas conversas em competições, a maioria concorda comigo. Só que tem medo de represália. Enfim, muita coisa precisa mudar. Infelizmente, enquanto a atual administração estiver no poder, isso não vai acontecer.

Humildemente, acho que ajudei o na evolução do estilo. Hoje muito mais gente nada peito.

sc  Voltando para dentro das piscinas, sua meta é a conquista da vaga olímpica para Londres-2012? fischer  Totalmente. Primeiramente tentarei a vaga para os Jogos Pan-Americano de Guadalajara e também para o Mundial de Esportes Aquáticos de Xangai, porém, me manterei competitivo até as últimas seletivas para os Jogos Olímpicos de Londres.

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a volta do

thor pedo por PATRICK WINKLER | fotos SATIRO SODRÉ

Após se aposentar em 2006, Ian Thorpe anuncia sua volta às piscinas. O australiano mira os Jogos Olímpicos de Londres do ano que vem, dando chance de revanche a Michael Phelps. E aí? Quem vence esse duelo?

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Quem é Ian Thorpe nome: Ian James Thorpe data e local de nascimento: 13 de outubro de 1982, em Sydney, Austrália feitos: Campeão olímpico nos 400m e 4x100m e 4x200m livre em Sydney - 2000 e nos 200m e 400m livre em Atenas - 2004; campeão mundial nos 400m livre e 4x200m livre em Perth - 1998, nos 200m, 400m e 800m livre, 4x100m medley e 4x100m e 4x200m livre em Fukuoka - 2001 e nos 200m e 400m livre e 4x200m livre em Barcelona - 2003

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O Comitê Olímpico Internacional – COI já pode comemorar. Em 2012, realizará uma das edições dos Jogos Olímpicos mais eletrizantes da história. E a natação será a grande responsável por isso. Neste início de fevereiro, Ian Thorpe anunciou oficialmente sua volta às piscinas. O nadador australiano foi o maior fenômeno dos esportes aquáticos entre 1998 e 2004. Inicialmente, assombrou o mundo ao ser campeão mundial com apenas 15 anos de idade. A façanha aconteceu no Campeonato Mundial de Perth, na Austrália. Na ocasião, venceu a prova dos 400m livre e também o revezamento 4x200 metros livre. Nas Olimpíadas de Sydney, competindo em casa, ele ganhou cinco medalhas e bateu três recordes mundiais. Durante o evento, demonstrou toda a força da natação australiana, principalmente nos revezamentos nado livre, derrotando os Estados Unidos. Sua única falha foi perder os 200m livre para o holandês Pieter van den Hoogenband. O domínio continuou e em 2001, no Campeonato Mundial de Fukuoka, ganhou seis medalhas de ouro. Foi absoluto nas provas individuais e humilhou os americanos, colocando todos os revezamentos australianos no lugar mais alto do pódio. Destaque para sua vitória nos 200m livre com o espetacular tempo de 1min44s06, marca inacreditável para a


época. O recorde mundial de Thorpe foi batido seis anos depois, no Mundial de Melbourne, por Michael Phelps, que nadou para 1min43s86, colocando a prova em outro patamar. Entretanto, o maior feito de Thorpe não foi o de conquistar medalhas e, sim, o de elevar o status da natação australiana e mundial à audiência jamais alcançada. O esporte sempre teve destaque nos canais da TV da Austrália, mas, com o nascimento do Thorpedo, os índices aumentaram muito. Como consequência, passou a ter gama de patrocinadores, entre eles: Adidas, Audi, Autore Sea Pearls, Konamis Sports, Omega, Qantas, Sony, TV Asahi do Japão e Uncle Boys. Passou também a ser um dos atletas mais bem pagos do mundo entre todas as modalidades esportivas. Em 2003, surgiu a resposta dos Estados Unidos para a natação mundial. Seu nome: Michael Phelps. O Campeonato Mundial de Barcelona, em 2003, foi antológico. Primeiro pela hegemonia de Thorpe nos 200m e 400m livre e segundo pela incrível performance de Phelps, que venceu três provas individuais e levou uma medalha de prata nos 100m borboleta. Nesse mesmo campeonato, Thorpe nadou pela primeira vez os 200m medley, que nunca foi sua especialidade, e terminou na segunda posição atrás de Phelps. Começava aí uma nova rivalidade.

Nos Jogos Olímpicos de 2004, os dois titãs se enfrentariam individualmente uma única vez: nos 200m livre, justamente a mesma prova que o australiano havia perdido quatro anos antes para van den Hoogenband. A mídia batizou a final de A Prova do Século. E não era para menos, haja vista o histórico de todos os oitos nadadores que disputaram o evento. Thorpe venceu com propriedade, deixando seus dois maiores rivais a quase meio segundo de distância e mostrando ao mundo quem era o mestre no nado livre. Após os Jogos, Thorpe tirou um longo período de férias, e anunciou sua aposentadoria em 2006. Por ter apenas 24 anos, foi considerado um fim-de-carreira precoce, visto que na última década os nadadores conseguiam apresentar alta performance acima dos trinta anos de idade. Mas para alguém que se tornou campeão mundial na adolescência e viveu dez anos de intensa competitividade, a aposentadoria chegaria cedo mesmo. Após os Jogos Olímpicos de Pequim, Phelps mencionou em seu livro, chamado Sem Limites, que desejaria enfrentar Thorpe novamente, mas era algo impossível de acontecer. Contudo, como disse Confúcio, “tome-se sempre cuidado com o que se deseja; o desejo pode virar realidade”: depois de quatro anos o maior nadador australiano está de volta. 31


A Revanche de Phelps pode ser em Londres Thorpe tem 28 anos e estará com 30 durante os Jogos Olímpicos de Londres em 2012, idade perfeitamente dentro dos padrões atuais da natação competitiva. Para se ter idéia, o atual capitão da seleção americana Jason Lezak tem 35 anos. Conforme as regras da Fina, qualquer atleta que anuncie retorno ao esporte profissional deve ficar nove meses sem participar de eventos internacionais e realizar diversos testes e exames gerenciados pela própria entidade e pela Agência Mundial de Anti-Doping – Wada. É tempo suficiente para o Thorpedo participar da seletiva australiana que acontecerá em março de 2012. Na coletiva em que anunciou seu retorno, Thorpe afirmou que seu treinamento focará a prova dos 100m livre, na qual enfrentará o atual recordista mundial, Cesar Cielo. Contudo, a equipe editorial da swimchannel acredita que ele também nadará os 200m livre. Afinal, para um atleta que foi recordista mundial dos 800m livre, a prova de 200m pode até ser considerada uma distância curta. Assim, proporcionaria a Phelps a chance de ter sua sonhada revanche. Seria de fato o ápice das transmissões de TV nos Jogos Olímpicos. Thorpe e Phelps se enfrentaram duas vezes individualmente que resultaram em uma vitória para cada lado, mas em nenhuma delas a briga esquentou de verdade. No Mundial de 2003, Thorpe resolveu arriscar os 200m medley e perdeu para o americano, ficando mais de três segundos atrás. Em Atenas 2004, o australiano deu o troco na final dos 200m livre, mas o holandês van den Hooganband ficou entre eles no pódio. Por isso, um reencontro em 2012 faria as águas inglesas tremerem. As atuações do australiano não são referenciais apenas a recordes e medalhas. Sua performance no estio crawl é considerada por muitos técnicos como uma das mais perfeitas e eficientes que já existiram. A biomecânica do estilo, o sincronismo dos braços e o tamanho desproporcional de seus pés - ele calça o tamanho 51 - o tornam um verdadeiro “torpedo” dentro das piscinas. 32

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O que esperar do Thorpedo? Agora vejamos a questão: Ian Thorpe tem condições de ser medalhista olímpico? A swim channel acredita que sim. Após quatro anos afastado, terá de nadar em nível semelhante ou até mais alto que em 2004. Terá de adaptar-se às mudanças de técnicas pelas quais a natação passou nesse período e disputar a difícil seletiva australiana. Entretanto, com mais idade e mais experiência, o foco dos treinos não está muito direcionado a altos volumes, como na época em que treinava com Doug Frost. Ele tem reais condições de vencer Phelps nos 200m livre e os principais nomes atuais dessa prova, como o alemão Paul Biedermann e o americano Ryan Lochte. Já nos 100m livre, em que também já foi medalhista olímpico, terá de melhorar em alguns pontos, principalmente no tempo de reação do bloco. Thorpe é nadador de meia distância (provas de 200m e 400m livres) que se estica para nadar as provas de 800m livre e se encolhe para nadar os 100m. Há duas maneiras de encarar a versatilidade de um nadador. A primeira é a variedade de estilos na qual um atleta compete, como Phelps. A outra é a distância. E Thorpe foi o nadador mais versátil do mundo neste sentido. Nos últimos meses, Thorpe estava treinando sob a orientação do técnico da seleção australiana, Leigh Nugent. Após anunciar seu retorno, ele afirmou que precisava passar um tempo longe das competições. “Nunca pensei que isso iria acontecer, que estaria nadando competitivamente de novo. Precisava ficar alguns anos longe das piscinas. Quero retomar o estágio em que estava quando competia.” Bem-vindo de volta, Thorpedo!

Thorpe Phelps X

O americano supera o Thorpedo em número de medalhas e recordes

8

medalhas olímpicas

(5 de ouro)

16 13

medalhas em mundiais

11

medalhas em pan-pacífico

(11 de ouro)

vitórias em confrontos em revezamentos

15 anos

15 anos

primeiro recorde mundial

25

(21 de ouro)

(9 de ouro)

16

(13 de ouro)

18

recordes mundiais vitórias em confrontos diretos individuais

(14 de ouro)

1 1

39

(200m livre nas Olimpíadas de 2004) (200m medley no Mundial de 2003)

2 3

(4x200m livre no pan-pacífico de 2002 e no mundial de 2003) (4x100m medley no pan-pacífico de 2002 e 4x100m e 4x200m livre nas olimpíadas de 2004)

15 anos

16 anos

primeiro título mundial

17 anos

19 anos

primeiro título olímpico

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ALONGAMENTO E NATAÇÃO

Conceitos para uma rotina saudável. Confira aqui porquê da importância desta atividade.

por ALEXSANDRA WINKLER | fotos SATIRO SODRÉ

Nas bordas das piscinas, avistamos muitos braços girando, muitos corpos dobrando, muitos colegas puxando os braços para trás, unindo sua mão à do parceiro, independentemente de idade, sexo ou nível de performance. Muitos não gostam de se alongar e não entram em água sem se aquecer. Então, como adquirir rotina saudável de exercícios para beneficiar o esporte e melhorar as condições do corpo, produzindo braçadas longas e pernadas eficientes? 34

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A natação, por ser modalidade aquática, envolve outro estado de ambiente e outras percepções corporais. O ajuste postural e posicional do corpo à gravidade é diferente do do ambiente aquoso, onde este sustenta o corpo. Porém, esse meio líquido é mais resistente se comparado com o ar, exigindo forças para o descolamento do corpo na posição horizontal. Esses deslocamentos são resultados de aplicação de força e flexibilidade e, por isso, o treinamento é realizado.


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Consequências do encurtamento muscular

1 Há muitas dúvidas sobre o melhor momento para executar, aonde realizar e quais os exercícios serem feitos. O primeiro passo — e o mais importante —­­é saber se o alongamento tem por objetivo desenvolver flexibilidade; perceber o momento de tensão para se alongar, manter postura adequada e executá-lo continuamente com técnica e percepção corporal. Em geral, são prescritos exercícios para saúde até três vezes por semana com propósito de eliminar tensão muscular. Os exercícios de alongamento para o esporte devem visar melhoria de amplitude do movimento necessário e habilidades atléticas como aumentar a extensão da braçada, que é uma vantagem mecânica. Precisam ser prescritos na mesma frequência que o número de sessões de treino, com baixa e moderada tensão muscular (sem dor), caso não seja identificada nenhuma contra-indicação específica ao exercício. O programa de alongamento antes e após atividade esportiva deve ser estabelecido. O que antecede a ação tem como Benefícios gerais objetivo preparar as articulações de alongamento e os grupos musculares de maneira global para a execução do Evitação ou exercício: o nado. Já após a naeliminação tação, o objetivo é relaxamento do encurtamento músculo-tendíneo e diminuição das tensões, podendo ser mais específico ao Diminuição enfatizar o grupo muscular mais do risco de alguns tipos de solicitado durante o treino. lesão músculoarticular Para atletas, alongamento com massagens são indicação Aumento necessária para profilaxia de endo relaxamento muscular e fermidades do sistema muscular. melhora da Agora, o que acontece quancirculação do o músculo ou a articulação

1

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Aumento do gasto energético

está acometido? Com o sistema muscular sofrendo de Utilização de músculos encurtamento ou insuficiêncompensatórios cia de flexibilidade, aumenta a estimulação (tensão Aumento da incidência do músculo que está com a de cãibras e dor ação), contraindo–se e tornando mais rígidos os músPrejuízo culos contrários à tensão, fidas técnicas de nado cando mais lassos ou soltos. Como consequência, instalaDesenvolvimento se assimetria e desestabilide nódulos zação de postura. Por fim, vale ressaltar o problema da instabilidade articular, muitas vezes causada por excesso de treinamento de flexibilidade, maus hábitos (como alongamento de tríceps a todo momento ou empuxo do ombro para frente inúmeras vezes) e repetitividade do gesto esportivo. A instabilidade manifesta-se quando há excessiva amplitude de movimento, com insuficiência da capacidade de sustentação de força. São inúmeros os conceitos e práticas dos exercícios de alongamento. Consequentemente, muitas dúvidas e muitos novos rituais vão sendo estabelecidos. Por isso, foram citados os benefícios e os porquês de se fazer alongamentos. Porém, melhor planilha de exercícios, que garantirá saúde postural e desenvolvimento de treino, deverá ser desenvolvida com um profissional da área: preparador físico, técnico ou fisioterapeuta, pois o treinamento é composto de várias etapas e várias características de treino.

2

3

4 5


Opções de alongamento Confira dicas para fazer corretamente seus exercícios

O iniciante no programa de flexibilidade

Na hora de mudar de exercício

deve priorizar o ajuste postural

a passagem deve ser feita

durante os exercícios em vez de

lentamente, pois as amplitudes

procurar atingir determinadas

dos exercícios são maiores que

amplitudes de movimento

as que se realizam durante o dia

Não é totalmente

Não é normal

necessário colocar as mesmas

sentir dor aguda durante o

tensões musculares em todos

alongamento. Nesse caso,

os grupos de músculos de cada

procure investigar o porquê e

parte do seu corpo

compare um lado com o outro

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DESVENDANDO AS

NA DA DEI RAS

Mitos ou verdades? Vantagens ou prejuízos? Força ou velocidade? Heroínas ou vilãs? Nesta matéria, tentaremos desvendar alguns dos mistérios que as nadadeiras trazem consigo por MARCELO TOMAZINI | fotos SATIRO SODRÉ

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O uso das nadadeiras — os famosos pés-de-pato — na prática da natação sempre proporcionou muita polêmica por diversos fatores. Acredito que o maior dos mitos seja: por que usá-las? Muitos fatos foram comprovados cientificamente, outros experimentalmente e mais alguns apenas praticamente, mas, em suma, realmente o uso das nadadeiras proporciona ao indivíduo algumas vantagens e desvantagens. Vejamos:

1. Aumento de força da perna

A batida de perna se tornará mais forte, pois, tendo área de atrito maior que a dos pés, a força gerada para realizar a pernada também terá de se desenvolver, fazendo com o praticante se desloque. Com isso haverá incremento de força nos membros inferiores e consequentemente uma pernada muito mais forte. Resumindo, quanto maior a área de superfície 39 13


da nadadeira, maior será a força que o indivíduo demandará para deslocar-se e mais forte poderá ficar sua perna. Músculos mais intensos em uma técnica ideal podem fazer com que os atletas nadem mais rápido. É preciso salientar que o uso das nadadeiras desenvolverá a força das pernas para um exercício especificamente e talvez esse desenvolvimento não seja notado em outra especificidade. Por exemplo, o nadador que quer ter perna de crawl forte necessita treinar perna de crawl; e assim como os demais nados.

2. Aumento do nível de aptidão e do condicionamento cardiovascular

É fato que a natação é considerado um esporte completo. A prática dessa atividade faz que todos os sistemas físicos do indivíduo sejam desenvolvidos. Mas o que notamos é que muitos dos praticantes poderiam explorar um pouco mais o trabalho dos membros, afinal, acabam nadando sem bater tanto a perna. Por isso, o uso da nadadeira implicaria na obrigação de utilizá-la para deslocar-se, visto que a não utilização a torna um peso morto. Consequentemente, se a pessoa consegue ativar mais as pernas durante a atividade, faz com que um mais músculos sejam trabalhados, aumentando o consumo de oxigênio. Isso leva o sistema cardiovascular a ser mais acionado e desenvolvido, melhorando a aptidão física.

3. Melhora da flexibilidade dos tornozelos

Todos nós, praticantes de natação, notamos que quanto menor o nível do praticante maior é a dificuldade para realizar a propulsão da pernada. Uma das principais razões disso é a flexibilidade dos tornozelos, que limita os movi-

VANTA GENS 40

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mentos dos pés e compromete a pernada. O uso de nadadeiras causa, nessa articulação, uma carga extra devido o aumento da superfície, fazendo que haja alongamento dos tornozelos ao realizar a propulsão, assim como incremento de força nos ligamentos e tendões para suportar a pressão. Com isso, o praticante de natação poderá desenvolver flexibilidade nessa articulação, melhorando assim sua pernada.

1

Incremento das capacidades físicas força e flexibilidade Força das pernas através da energia liberada para movimentar a superfície das nadadeiras e ganho de flexibilidade da articulação dos tornozelos

2

Elevação do nível de condicionamento do sistema cardiovascular Podemos incorporar as nadadeiras no programa normalmente, incluindo séries de intervalos e objetivos mais fortes

3

Melhora da técnica e posicionamento do corpo Ao utilizá-la, o corpo flui mais fácil, afinal, movimenta-se com mais velocidade e flutuabilidade, facilitando a execução dos movimentos


1 Uso demasiado

O uso demasiado gera ao sistema neuromuscular falsa sensação de sucesso, fazendo que o corpo se acomode naquela situação. Uso exagerado pode também oferecer consequências fisioterápicas graves nas articulações, principalmente em joelhos e tornozelos

2 Tipo de material

As nadaderias geralmente são produzidas em borracha. Em muitos casos, devemos tomar cuidado com a flexibilidade dos materiais, pois borrachas pouco flexíveis tendem a forçar mais as articulações e borrachas flexíveis demais não trazem os resultados esperados

3 Falsa dependência

Sempre conscientizar o nadador do uso correto das nadadeiras para que não se tornem dependentes e queiram fazer tudo com elas

DESVAN TAGENS 4. Melhora da posição do corpo e da técnica

O uso de nadadeiras acrescenta propulsão extra ao corpo, aumentando a velocidade e a flutuabilidade do praticante. Dessa forma, os nadadores técnicos conseguem tirar proveito da situação para deslizar horizontalmente à superfície da água, enquanto os menos técnicos e com dificuldades de propulsão arrastam as pernas em posição quase vertical, gerando resistência em seu deslize. É comprovado que atletas que nadam em velocidade usando os pés-de-pato também conseguem nadar rápido ao tirá-los, transferindo toda sensação adquirida à nova posição a partir do desenvolvimento do sistema neuromuscular. Isso ocorre porque os músculos e nervos se lembram da sensação de nadar mais rápido e tentam reproduzi-la. Sendo assim, quanto mais vezes conseguirmos repetir esse padrão, mais fácil será para o sistema memorizá-lo.

Tipos de nadadeiras: qual a superfície ideal? O fator determinante das nadadeiras é a superfície que possuem. Afinal, é através delas que a energia será gerada. Quanto maior a superfície da nadadeira, maior será a força que o atleta terá de exercer e, maior será a velocidade ganha. Mas quanto maior a superfície, maior será a dificuldade em executar movimentos rápidos. Nadadeiras com superfícies curtas necessitam de menos força para gerar energia, mas ao mesmo tempo possibilitam movimentos rápidos. O maior responsável para essas informações é o profissional de Educação Física, que orientará o praticante sobre a superfície correta a ser usada, dependendo do objetivo, estrutura, conhecimento e necessidade. Existem no mercado nadadeiras específicas para cada nado, cuja área de superfície exerce resistência localizada para desenvolvimento dos principais músculos para certos movimentos. 41


Nadadeiras

swim shop Qual se adapta melhor aos seu treinamento? Qual é o melhor custo benefício? Quais são as mais inovadoras? A swim channel oferece as informações das principais nadadeiras do mercado nacional. por PATRICK WINKLER & FABIO D’ALESSANDRO

Nadadeira Open    Mormaii Pala flexível, combinando termoplástico e borracha (material leve e com flutuabilidade) Solado antiderrapante Parte traseira aberta, proporcionando melhor conforto e desempenho durante o treinamento 6 tamanhos, 4 cores diferentes mormaii.com.br    R$135,00

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Training Fin    Speedo Proporciona maior resistência e propulsão Ideal para treinos de sobrecarga muscular, ultra leve e confortável Corpo em silicone speedo.com.br    R$109,00

Power Fin    Speedo Indicada para treinamento dos membros inferiores Calçadeira aberta para maior mobilidade articular Pala curta e flexível Sacola drenante e fácil de carregar Corpo em silicone R$132,90    speedo.com.br

Nadadeira     Hammer Head Ideal para treinos de sobrecarga muscular, ultra leve e confortável Corpo em polipropileno e tiras de silicone. hammerhead.com.br    R$112,00

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Monofins Rapid    Finis Específico para o nado borboleta, proporciona bom posicionamento e da resistência na perna para desenvolver a ondulação com perfeição Feito em fibras de vidro O produto foi construído sob orientação do nadador de borboleta e campeão olímpico Pablo Morales contato@finisbrasil.com.br    R$260,00

Zoom    Finis Barbatana reta e curta para promover um menor e mais rápido ponta-pé, aumentando o número de pernadas Proporciona resistência suficiente para firmar e tonificar as pernas e os grupos musculares centrais. Pequenas o suficiente para permitir excelente controle e segurança na água Construída sob orientação de campeão olímpico Jeff Rouse contato@finisbrasil.com.br    R$120,00

Monofin Shark & Mermaid (Infantil)    Finis Ajustável com velcro cinta para utilização segura e divertida Leve plástico macio, encaixe do pé confortalvemente Calça de 30 a 34 contato@finisbrasil.com.br    R$99,00

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Z2    Finis O formato Z2 permite que os pés deslizem através da água, diminuindo o esforço, obrigando a chutar e permitindo que as pernas fiquem mais ativas durante todo o treino R$120,00    contato@finisbrasil.com.br

Tech Fin    Arena Nadadeira para treinos. Feita de material macio, leve e durável. Evasão da água localizada na parte superior do pé O modelo curvo e reforços laterais dão mais estabilidade e máxima transferência de potência. Modelo ergonômico auxilia no apoio completo do arco do pé e proporciona mais liberdade e conforto para os tornozelos. Construído em EVA. Chegada para o segundo semestre de 2011 teamarena.com.br

Powerfin    Arena Nadadeiras para treinamento em formato diamante na ponta que confere maior potência aos movimentos dos pés. O solado exclusivo AQUA SOLE permite melhor evasão da água. Construído 100% em silicone teamarena.com.br    R$119,00

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Nadadeira Cressi    Cressi Especificamente projetadas para a piscina e para treinamento A pala curta é feita de materiais leves e altamente reativos para garantir uma batida ágil e efetiva dos pés, porém não muito cansativa A lateral da pala é protegida por um perfil de elastômero macio para prevenir possíveis danos a outros nadadores A sapata projetada por computador é totalmente feita de elastômeros macios, e seu formato altamente anatômico aloja o pé com um alto grau de conforto, inclusive durante longas sessões de natação A conformação especial com sola larga da sapata torna a inserção do pé suave Nautical.com.br/cressi    R$88,20

Nadadeira Trainning    Fiore Nadadeira Trainning Fiore foi desenvolvida especialmente para natação, material 100% silicone Leve e confortável Proporciona muito mais propulsão e performance durante os treinamentos Aumenta a força da perna e melhora a aptidão física e condicionamento cardiovascular R$127,50    fiore.com.br

Nadadeira Kpaloa    Kpaloa Conforto na área onde são fixados os pés, com texturas de borrachas distintas para uma maior proteção, elasticidade e conforto Uma aba mais reduzida a fim de obter amplitude ideal na execução das batidas de pernas dos estilos crawl, costas e borboleta proswim.com.br    R$119,00

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Patrícia e as duas estrelas do Flamengo: Cesar Cielo e Nicholas dos Santos

por DANIEL TAKATA | fotos SATIRO SODRÉ E ARQUIVO DO FLAMENGO

Para um esporte como o futebol, no qual atualmente a identificação de atletas com os grandes clubes é cada vez menor, é até irônico que o maior exemplo venha da natação. Patrícia Amorim, atual presidente do Flamengo, tem uma relação de amor com a instituição. Nos últimos anos, a maioria das pessoas conheceu seu nome por seu desempenho em diferentes funções administrativas na Gávea. Mas, antes da Patrícia dirigente, existiu a Patrícia nadadora. E conhecer sua trajetória como atleta é fundamental para se entender como ela se tornou a primeira mulher a presidir o clube com a maior torcida do Brasil. 48

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Sua história na natação começou cedo. Precisamente aos três anos de idade, quando aprendeu a nadar na escolinha. O talento não tardou a aparecer e aos oito anos começou sua relação com o Flamengo. Já era a melhor nadadora do país na categoria mirim. Em janeiro de 1982, na piscina do Parque Aquático Julio Delamare, no Rio de Janeiro, venceu os 200m livre no Troféu Brasil, conquistando seu primeiro título brasileiro absoluto. Tinha apenas treze anos e competia com atletas com o dobro de sua idade. No ano seguinte, disputou o Pan-Americano de Caracas. Seus bons resultados a faziam sonhar com


nada a dora presidente

DE

Conheça a história de Patrícia Amorim, nadadora pioneira e primeira mulher presidente do Flamengo

uma vaga na Olimpíada de Los Angeles, disputada em 1984. Desde 1972, nenhuma brasileira havia nadado provas individuais em Jogos Olímpicos. Naquela época, Patrícia já mostrava a personalidade marcante. “Nas Olimpíadas de 1980, o Comitê Olímpico Brasileiro não levou nenhuma nadadora. Se não levar nenhuma agora, elas vão acabar desistindo de nadar”, declarou Patrícia ao Jornal dos Sports. No final das contas, Patrícia acabou não sendo convocada, fato que a entristece ainda hoje. “Fiquei fora de Los Angeles sem nenhuma razão”, chegou a declarar há alguns anos. “Não existia critério. Foi muito doloroso.”

Na realidade, a natação feminina do Brasil passava por uma fase difícil. Os homens, impulsionados pelas conquistas de Rômulo Arantes, Djan Madruga e Ricardo Prado, tinham espaço na mídia e projeção nacional. A tarefa para as mulheres era mais difícil. A natação feminina era dominada pelas atletas da Alemanha Oriental, que na época causavam espanto com seus corpos masculinizados. Anos mais tarde, foi descoberto o sistema de doping vigente naquele país. “Nadei com nadadoras dopadas quando ainda não se falava de doping. Foi uma época muito difícil de conseguir resultado internacional”, relembrou Patrícia anos depois. 49


Patrícia Amorim começou a colecionar medalhas e títulos cedos, sendo a primeira nadadora brasileira a obter um patrocínio pessoal e presidir um grande clube do Rio de Janeiro

Mas Patrícia jamais abaixou a cabeça diante das adversidades. Para enfrentar as adversárias, passou a fazer musculação, atitude inovadora entre nadadoras brasileiras em época em que o preconceito contra corpos fortes de mulheres era bem maior. “Não tinha essa história de corpo de miss. Senão, como ser competitiva?” Com isso, os resultados que já eram bons passaram a ser melhores ainda. Logo, mais um feito da pioneira Patrícia. Foi a primeira nadadora do país a conseguir um patrocínio: Kibon, conquistando uma visibilidade inédita. Em 1985, Patrícia, de origem judaica, disputou a tradicional Macabíada, a Olimpíada para judeus. Conseguiu a medalha de bronze nos 800m livre. No ano seguinte, nadou o Mundial em Madri. Foi destaque do país ao superar o recorde brasileiro dos 800m livre. Naquela competição, contou com a companhia de sua irmã Paula, também nadadora e diversas vezes campeã brasileira no nado borboleta. Em 1987, no Pan-Americano de Indianápolis, a nadadora brasileira passou perto do pódio: três quintos lugares individuais (200m, 400m e 800m livre) e um quarto com o 4x100m livre. Uma medalha na natação feminina era algo raríssimo para o Brasil na história da competição (até então, só três de bronze haviam sido conquistados). É bom lembrar que naquela época os Estados Unidos enviavam seus melhores nadadores para o Pan, o que não ocorre atualmente. 50

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Hoje, seus tempos a colocam na quarta posição no ranking brasileiro de todos os tempos nos 1500m livre Finalmente, a Olimpíada Em 1988, pouco mais de dois minutos a separavam do maior sonho de sua vida, concretizado no dia 13 de maio. Mais precisamente em 2min04s27, Patrícia percorreu os 200m nado livre na piscina do Fluminense e alcançou o índice para os Jogos Olímpicos de Seul. Seu choro foi uma mistura de alegria, emoção e desabafo pela oportunidade perdida em 1984. Somente em 2000 outra nadadora brasileira, Fabíola Molina, conseguiria índice olímpico individual. Em Seul, Patrícia deu sequência aos grandes resultados. Venceu sua série eliminatória dos 800m livre e, além de garantir longos segundos de aparição na televisão através da transmissão oficial melhorou em quase seis segundos seu recorde sul-americano. Também bateu o recorde continental dos 400m livre. As marcas das duas provas, além de nos 200m livre anotada em maio, perduraram até 1999/2000. Outros aspectos atestam a longevidade de suas marcas


e o quanto Patrícia estava à frente de seu tempo na natação brasileira. Ainda hoje, mesmo depois do advento dos trajes tecnológicos, seus tempos a colocam na oitava posição no ranking brasileiro histórico dos 800m livre e na quarta colocação nos 1500m. No Troféu Maria Lenk do ano passado, completaria os 800m livre na terceira posição. Após a Olimpíada de 1988, a maior nadadora brasileira de então desacelerou sua vitoriosa carreira. Os títulos brasileiros continuaram vindo, mas era hora de pensar no futuro. Dedicou-se a faculdade de Educação Física na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1994, disputou seu último Troféu Brasil e abandonou as piscinas no mesmo ano, defendendo as cores do Flamengo. Estava decidida a retribuir à natação tudo que esta lhe havia proporcionado. Começou como auxiliar-técnica, chegando à treinadora.

Após deixar as piscinas em 1994, Patrícia estava decidida a retribuir à natação tudo que esta lhe havia proporcionado

A carreira pós-natação Em 1994, casou-se com o economista Fernando Sihman, com quem tem quatro filhos. No final da década de 1990, assumiu o cargo de diretora de natação do Flamengo e posteriormente tornou-se conselheira. Em 2000, foi eleita vereadora no Rio de Janeiro, mandato para o qual seria reeleita mais duas vezes. Em 2006 foi nomeada Vice-Presidente de Esportes Olímpicos. Porém, no início 2009, foi afastada pelo então presidente Márcio Braga sem nenhuma justificativa. Patrícia Amorim viu que algo precisava mudar no seu clube de coração. Percebeu que o Flamengo necessitava de alguém com experiência administrativa, identificado com o clube e trajetória impecável. Foi nesse momento que decidiu lançar sua candidatura à Presidência. Recebeu apoio dos esportes olímpicos e em dezembro de 2009, tornou-se a primeira mulher a presidir de um grande clube no Rio. Desde então, o Flamengo já sentiu melhora nos esportes olímpicos. Uma de suas cartadas foi a contratação de Cesar Cielo. A natação do clube foi bem nas competições ano passado e o número de alunos nas escolinhas aumentou de 15% a 20%. Parece utopia pensar que Patrícia pode trazer à natação do Flamengo os anos vencedores do passado. Mas de Patrícia não se pode duvidar nada. Afinal, a pioneira de diversas formas na natação feminina do Brasil está no comando do clube ao qual dedicou uma vida. 51


A TRAVESSIA PARA QUEM É

FORTE! Tradicional prova do calendário nacional, a Travessia dos Fortes será disputada em abril e reúne anualmente 2,5 mil atletas no mar da Praia de Copacabana por GUILHERME FREITAS | fotos SATIRO SODRÉ

No próximo dia 03 de abril, muitos nadadores vão encarar uma disputa na qual é preciso muita disposição e coragem. É a Travessia dos Fortes, tradicional competição de águas abertas disputada anualmente na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O trajeto da maratona é de 3.800m e liga o Forte de Copacabana ao Forte Duque de Caxias (Forte do Leme). A nomenclatura dos Fortes também é utilizada em alusão àqueles que se aventuram a completar percurso. As águas de Copacabana são conhecidas por ser geladas e ter corrente e ventos desfavoráveis. Por isso, quem completa a prova completa pode ser chamado de forte. A Travessia é a prova de águas abertas mais famosa do País. Após a popularização da modalidade no Brasil, a TV Globo passou a transmitir ao vivo a disputa em rede nacio52

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nal. A primeira edição em 2001 reuniu setecentos atletas. E desde então o número só cresceu. Em 2004, foram 3,8 mil participantes. No ano seguinte, o número chegou a quatro mil nadadores. Em 2009, por motivos de segurança, a organização limitou o número de participantes para 2,5 mil e o número se mantém assim desde então. A tradicional Travessia começou a ser disputada em 2001, após parceria entre a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos - CBDA e o Exército Brasileiro, que pretendia incluir maratonas aquáticas nos eventos esportivos das Forças Armadas. Rafael Gonçalves e Fabiana Cunha foram os campeões da primeira prova. Nos anos seguintes, só deu Luiz Lima. O nadador carioca venceu cinco edições consecutivas, de 2002 a 2006, e é até hoje o maior campeão da história do evento.


MAR DE GENTE. A Travessia dos Fortes reune 2,5 mil nadadores na Praia de Copacabana

Enquanto Luiz Lima dominava o cenário masculino, as disputas entre as mulheres eram mais equilibradas. Nas mesmas cinco edições ganhadas por Luizinho, Natalya Yakovleva, Fabiana Terra Cunha, Monique Ferreira, Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha conquistaram títulos. Após enfrentar problemas financeiros, a organização do evento cancelou a prova por duas temporadas. A competição voltou a ser realizada em 2009. Teve início então outra hegemonia, dessa vez no feminino: Poliana venceu as duas edições seguintes. No masculino, dois baianos sagram-se campeões: Allan do Carmo em 2009 e Luiz Rogério Arapiraca em 2010.

Campeões da Travessia dos Fortes Luiz Lima e Poliana são os maiores campeões

Detalhes da prova A Travessia tem percurso com largada na Praia de Copacabana em frente ao Forte. Os atletas nadam em linha reta passando por boias e pontos de hidratação. A chegada é na Praia do Leme, em frente ao Forte Duque de Caxias. Disputam a prova 2,5 mil atletas, divididos em três grupos: elite, portadores de necessidades especiais e faixas etárias. O primeiro reúne apenas os nadadores top, aqueles que disputam o calendário nacional e internacional de águas abertas e que tem respaldo técnico da CBDA; o segundo concentra os nadadores paraolímpicos; o terceiro, os demais participantes da maratona.

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

Rafael Gonçalves Fabiana Cunha

Luiz Lima Natalya Yakovleva

Luiz Lima não realizada Ana Marcela Cunha

Luiz Lima Fabiana Cunha não realizada

Luiz Lima Monique Ferreira Allan do Carmo Poliana Okimoto

Luiz Lima Poliana Okimoto Luis Arapiraca Poliana Okimoto

53


Dicas para a Travessia dos Fortes por Luiz Lima

54

Aquecimento e alongamento

Estratégia de prova

O aquecimento

Sempre procurei, fosse

deverá ser feito com

qual fosse a distância,

alongamentos gerais,

dividir a prova em três

e uma nadada de

partes: início - manter

aproximadamente

a calma e saber conter

quinze minutos ajuda

a ansiedade. Afinal,

a elevar a temperatura

tem-se longa prova pela

corporal. Leve sempre

frente; meio - quando se

em consideração

entra no limiar, ponto de

que o aquecimento

equilíbrio e se mantém

é variável de acordo

ritmo forte suportável;

com a idade, nível de

fim - a hora da

condicionamento e

superação, do aumento

temperatura ambiente e

do ritmo, da pernada e

da água.

do ciclo de braçada.

Alimentação

Outras dicas

Três dias antes da

Não se deixe levar pela

prova, faça dieta rica

empolgação. Siga em

em carboidratos, pobre

seu ritmo, respeitando

em gordura e normal

sua estratégia. Visualize

em proteínas. Na

a prova antes do início

refeição pré-prova, opte

e esteja preparado para

por alimentos a que

enfrentar surpresas.

você esteja acostumado

Em águas abertas,

e limite o café da

ocorrem choques entre

manhã a suco de frutas,

nadadores; por isso,

pães brancos, banana

não revide aos contatos

ou frutas sem casca.

físicos. Domine a

Recomendo ingerir uma

respiração frontal que

banana e hidratar-se

fará com que você nade

vinte minutos antes da

em linha reta durante

prova.

boa parte da prova

SWIM CHANNEL

A chegada da prova é diferente para as categorias. Os atletas de elite e os paraolímpicos precisam tocar no placar de tempo, localizado em uma grande boia flutuante, ainda no mar. Os demais atletas precisam cruzar a linha final, já na areia, para ter seus tempos computados através dos chips que carregam junto ao corpo. A organização da Travessia dos Fortes esforçase ao máximo para obter boa estrutura. Na água, dezenas de barcos, botes, lanchas, caiaques e jet-skis atuam para orientar atletas e zelar pela segurança de todos. Na areia, UTIs móveis, tendas e médicos estão à disposição para prestar socorro aos nadadores. Poliana Okimoto, atual bicampeã da prova, afirma que a largada é um dos momentos chave para

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a travessia. “Todos devem ter muito cuidado na saída, se proteger para não se machucar e tentar não machucar ninguém. Como é uma prova tradicional e há muitos participantes, a largada acaba sendo muito tumultuada. Então é melhor se precaver para fazer uma prova tranquila”, revela. Para o atual campeão no masculino, Luis Rogério Arapiraca, a chegada é o momento mais importante porque define a competição. “Aconselho a nadar mais forte na largada, tendo por objetivo desgrudar do pelotão. Além disso, devese manter o ritmo até a sexta boia, forçando bastante no final”, instrui o nadador baiano. E na partida, os nervos estão sempre à flor da pele. “É muita adrenalina, mas se deve manter a calma, pois a prova é longa. Lembre-se sempre de que uma boa saída pode decidir o final da prova”, aconselha Poliana. Então nadador, prepare-se. Segure a adrenalina e faça uma boa travessia.

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55


Let’s swim3,8km

Neste espaço sugerimos um programa de treino para as provas mais procuradas do calendário nacional. Nesta edição montamos um cronograma especial para a Travessia dos Fortes. Confira abaixo e boa prova!

Semana 1 - Travessia dos Fortes dom descanso seg 3.000 mts 600 200 cr/100 mdl

ter qua

qui sex

56

10x50 ac: 1’ 15’’

I. crawl P. cr polo

400 6x100 200 3x200 100

costas ac: 1’30’’ a 2’ costas ac: 2’45’’ a 4’ costas

musculação e alongamento 3.400 mts 400 cr aquecimento 1x600 cr snorkel frontal 2x800 cr ritmo desc 45’’ 1x600 cr snorkel 400 cr solto musculação + alongamento 3.800 mts 1500 crawl 4x100 900 = 3x

pr cr desc: 15’’ 100 resp front 100 resp bilat 100 resp melhor lado

1x400 600 = 2x

pr cr c/ nadadeiras 100 mdl 200 cr solto

4x1000 desc: 30’’

crawl braco brawl c/ palmar crawl var. respiração braco crawl

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Semana 2 - Travessia dos Fortes dom descanso seg 3.500 mts

ter qua

qui sex

sab

800 10x50 ac: 1’

crawl I. br submensa P. dedo risca agua

10x100 ac: 1’30’’ a 2’ 200 4 x 200 ac: 2’45’’ a 4’

cr ritmo

200

costas

costas cr ritmo

musculação e alongamento 4.000 mts 400 cr 4x800 cr snorkel frontal cr ritmo cr prog ac 200 mts cr ritmo 400 var estilo solto musculação + alongamento 4.000 mts 2000 crawl 8x50 I. pr costas II. pr borboleta 1000 400

crawl com nadadeira pr crawl

200 3.500 mts 3.1500 desc: 50’’

solto crawl ritmo

Semana 3 - Longa dom descanso seg 3.000 mts 1 x 3000 cr ritmo ter alongamento qua 4.000 mts cr 400 5x400 8x50 cr ritmo ac:1 4x100 cr ritmo ac:1’30 2x200 cr ritmo ac:3’15 100 mdl/ 100 costas crawl ritmo qui sex

alongamento 4.500 mts 600 12x75 1x1000 2x 12 x 25 ac: 45’’ 100

sab descanso dom prova

aquecimento 25 resp frontal 25 normal 25 cr pr 6 tempos br cr c/ palmar 400 pr c/ nadadeira 400 crawl ritmo crawl forte solto


Welcome Jason Lezak Jason wears the Hydrospeed™ Velo Tech Suit

Olympic Gold Medal 4x100 freestyle, Beijin 2008

contato@finisbrasil.com.br Fina 2011 APPROVED

57


CAINDO NA

PISCINA DESDE

CEDO

A natação para bebês é de suma importância na infância. A criança conseguirá muitos benefícios com a prática por ALMIR MARCHETTI

A água é essencial para nossa vida: 75% do nosso corpo é constituído por água. Ela tem fundamental importância para nossa sobrevivência e está presente em nossas atividades de lazer. Seu contato proporciona relaxamento e podemos desfrutar de momentos alegres e descontraídos com nossa família e amigos. Preocupados com o desenvolvimento dos filhos, papais e mamães recorrem às aulas de natação logo nos primeiros meses de vida dos bebês. As ações em piscinas para crianças aliam prazer que o contato com a água proporciona com benefícios da atividade no desenvolvimento social, cogniti58

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vo e motor dos pequenos nadadores. A estimulação motora e sensorial dos exercícios desenvolvidos na água favorece expansão de acervo sensório-motor dos bebês, tornando-os mais inteligentes. Para alguns, a prática da natação melhora o sono e o apetite, estimula as crianças hipoativas e acalma as hiperativas, aumentando a autoconfiança e diminuindo a ansiedade frente a novas situações. Juntos, pais, bebês e professores formam parte de uma grande família. E o contato com outras crianças, as brincadeiras em roda e a troca de brinquedos auxiliam na


foto thinkstock

socialização e aprendizado, além de promover momentos únicos para todos. A criança pode começar a frequentar as aulas a partir do terceiro mês de vida, pois é quando, com o fortalecimento cervical, consegue sustentar a cabeça e as vacinas básicas já foram tomadas. Os pais fazem aula junto com os filhos até os dois anos de idade. Após essa fase, o bebê anda e fala, ou seja, já tem autonomia para ficar sozinho e as aulas são executadas apenas com o professor e amiguinhos. Elas têm duração de trinta minutos. Procure escolher horários que não coincidam com a hora em que os bebês dormem ou se alimentam e obedeçam intervalos de descanso de outras atividades. É importante a utilização da música nas aulas como estratégia pedagógica e motivacional, além de contribuir para desenvolvimento da fala. Durante essa fase, a a criança aprende por meio de imitações e fantasias, estando a música associada ao movimento, permitindo que o execute com prazer.

Com os vários movimentos feitos dentro da água, a criança adquire novas experiências e vivências corporais, começando a perceber o que consegue fazer com segurança na piscina. O principal objetivo nas aulas é desenvolvimento das habilidades aquáticas fundamentais, a competência aquática, o aprendizado da imersão da cabeça, respirações, flutuações, movimentos alternados e simultâneos de pernas e braços. Essas atividades levarão a criança a adquirir autonomia nos deslocamentos aquáticos e sobrevivência, ou seja, ao cair na piscina, terá condições de deslocar-se até a borda ou outro ponto de apoio. Para que o bebê sinta-se confortável durante as aulas, a temperatura da água deve ficar entre 31°C a 33°C, estando o ambiente e materiais utilizados sempre limpos e os vestiários, climatizados. Não perca a oportunidade de desfrutar de momentos únicos com seu filhinho e aproveitar todos os benefícios que a prática da natação infantil proporciona. 59


MANTENHA SEUS CABELOS SAUDÁVEIS Preocupação de dez entre dez nadadores, os cabelos merecem totais atenção e cuidado. Anote aqui alguns conselhos por DRA LUCIANE BOTELHO | fotos SATIRO SODRÉ

O cabelo é importante para proteção do couro cabeludo e por sua função estética. Basta perdê-los para se saber como fazem falta. Os efeitos da água, da piscina e do mar podem danificar fios. Por isso, tome alguns cuidados para mantê-los saudáveis.

60

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Como cuidar de seus cabelos

4

Siga passo a passo as dicas do que você deve ou não fazer

1

Mantenha alimentação balanceada

Treinos diários exigem que

7

Não prenda cabelos molhados

cabelos sejam lavados

além de quebrá-los, isso

todos os dias, o que

predispõe aparecimento

pode agredir a cutícula

de caspa. Cabelos

do cabelo se o shampoo

presos são submetidos à

escolhido não for

pressão na parte frontal

apropriado. Portanto,

do couro cabeludo e, se

se seu cabelo é seco, dê

a tração for excessiva,

preferência a produtos

causará queda nessa

indicados para esse caso.

região. Portanto, deixe-

Após usar condicionador,

os soltos sempre que

enxágue-o bem para

possível

evitar presença de resíduos

com carnes, frutas, legumes e verduras. Deficiência de alguns nutrientes, como zinco e ferro, pode alterar a matriz do cabelo

5

O sol queima fios e resseca-os, deixando-os frágeis. Por isso, quando nadar e

2

tomar sol em seguida,

Dê preferência ao pente de madeira

aplique um produto especializado com

com cerdas separadas

proteção solar para fios

em vez de escovas para desembaraçar os fios. O cabelo molhado é mais frágil e o uso de escova nessa situação pode prejudicá-lo

6

Evite usar secador em excesso O ideal é deixar o cabelo secar naturalmente. Em caso de necessidade,

3

Quando se pentear

habitue-se a

e o cabelo estiver

temperaturas amenas.

embaraçado, separe-o

O uso de chapinha

por mechas e penteie-

com cabelo molhado

as individualmente. Isso

é completamente

evita rompimento de fios

desaconselhável, pois

vizinhos

danifica fios

Uma dúvida frequente é se realmente água de piscina deixa o cabelo verde. Sim, isso pode acontecer se o cabelo for claro. A alteração de cor é provocada pelo cobre existente nos algicidas e nas tubulações, com possível participação do cloro usado no tratamento da água. Essa alteração de cor é menos frequente atualmente, pois há no mercado algicidas sem cobre e tubulações antigas têm sido substituídas por de outros materiais. A natação não precipita queda capilar; a queda dos fios pode ser apenas o fenômeno transitório chamado eflúvio telógeno, que é desencadeado por estresse, regime, deficiência de ferro e zinco, período pós-parto e determinadas doenças, como o hipotireoidismo. Se seu cabelo apresentar-se fraco, quebradiço, sem brilho ou continua a cair, procure um médico. 61


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frágeis e sensibilizados.

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elasticidade, resultando em

balanceados, além de

cabelos fortes, flexíveis e

surfactantes, para que os fios

com brilho saudável. Deve-se

fiquem livres de resíduos e o

aplicar no cabelo úmido e

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Os meses de março e abril reservam muitas emoções para os nadadores. Destaque para o Campeonato Brasileiro Master em Campo Grande e o Sul-Americano Juvenil no Peru. Em Porto Belo ocorre a travessia de 5 km que será seletiva para o Mundial de Xangai, em Santos acontece a primeira etapa da Copa do Mundo de 10 km da FINA e no Rio de Janeiro tem a Travessia dos Fortes. No final de abril começa o Troféu Maria Lenk, também na cidade maravilhosa.

2011 Natação

mar

abr

18 a 20 XV Masters

mais mais Curitiba (PR)

20 1ª Etapa do Circuito Paulista de Natação Master São Paulo (SP)

02 21 a 24

23 a 26 Campeonato

Sul-Americano Juvenil Lima, Peru

Águas abertas

13 Travessia Nacional de Porto Belo Porto Belo (SC)

1ª etapa do Campeonato Brasileiro de Maratonas Aquáticas / Seletiva Nacional para os 5 Km do Mundial de Xangai Distânia: 5km

20 3ª Etapa do Circuito de Maratonas Aquáticas Jacaraí (SP)

Distâncias: 1 km, 2.5 km e 5 Km

64

03

SWIM CHANNEL

16 e 17

mai 02 a 08

Campeonato Paulista Master de Outuno (piscina longa) São Paulo (SP)

Campeonato Brasileiro Absoluto Troféu Maria Lenk (piscina longa) Rio de Janeiro (RJ)

Campeonato Brasileiro Master de Natação (piscina curta) Campo Grande (MS) Travessia dos Fortes Praia de Copacabana, Rio de Janeiro (RJ) Distância: 3.8 km

4ª Etapa do Circuito de Maratonas Aquáticas Santos (SP) Distâncias: 1 km, 2.5 km e 5 Km

17

Travessia Renata Agondi Santos (SP) 1ª etapa da Copa do Mundo da FINA de Águas Abertas 2011 Distância: 10 km


65


AS VOLTAS DE UM NOVO ESPORTE por ALEX PUSSIELDI

Ian Thorpe, Geoff Huegill, Dara Torres, Ed Moses, Laure Manaudou, Libby Trickett. Você pode até escolher o atleta, mas a conclusão é uma só: o nosso esporte mudou. A natação não envelheceu, simplesmente amadureceu. Deixamos de ser o último esporte não profissional do mundo. Hoje, com nível internacional e alta performance, já se ganha dinheiro e se pode viver de natação. A carreira dos atletas se estendeu. Em 1976 em Montreal, em sua última aparição olímpica, Gary Hall Senior fazia a despedida e era chamado de o Velho Lobo do Mar por incrível que pareça aos 26 anos de idade. Nessa mesma olimpíada, Jim Montgomery era campeão olímpico aos 21 anos de idade, sendo o segundo mais velho da final dos 100 metros livre. Em Pequim, em 2008, César Cielo foi bronze na mesma prova aos 21 anos de idade, sendo o mais novo. Isso tudo só foi possível graças à nova perspectiva que o esporte tomou. A profissionalização foi determinante para que atletas pudessem ter vontade de voltar, que fosse possível prolongar carreiras e viver disso. Por trás dos retornos desses grandes atletas também existem grandes investi66

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mentos. Dara Torres, um dos maiores fenômenos da história da natação, tenta chegar à sexta participação olímpica aos 43 anos de idade. Conseguir ou não é apenas mero detalhe, pois livros, aparições públicas, programas de televisão, equipamentos de ginástica e suplementos ligados a sua imagem serão intensamente consumidos até lá. Ian Thorpe não é diferente. Não acho que sua volta tenha sido apenas por estar literalmente quebrado ­­— e está. Maus investimentos e crise financeira foram determinantes na retomada da carreira do nadador, que teve a volta orquestrada pela IMG, empresa de marketing que agencia grandes nomes e celebridades da cultura e do esporte australiano. O anúncio, os motivos, o programa, os objetivos, tudo foi planejado e vendido. Uma empresa aérea esteve por trás de todo o esquema para a volta de Thorpe e até vai levá-lo para Abu Dhabi — onde o australiano decidiu fixar sua base de treinamento — no voo inaugural da empresa. Esperar que ele volte a ser o mesmo de antes, a essas alturas, não é o mais importante. Nada do que venha a acontecer apagará seus feitos, suas glórias, suas conquistas. Thorpe voltou porque a natação de hoje permite que seus ídolos continuem no esporte brilhando e lucrando.Essa profissionalização nos deu a alegria de manter grandes nomes do esporte em atividade, promovendo ainda mais a modalidade. Thorpe brilhar ou não em Londres vai ser mero detalhe. Até lá, ele continuará reluzindo na piscina e muitas passagens aéreas serão vendidas pela empresa patrocinadora. Realmente, o nosso esporte mudou.


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