Pousada Colina SP Gisela Franco

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POUSADA COLINA-SP

trabalho final de graduação - tfg Gisela Caldas Junqueira Franco arquitetura e urbanismo centro universitário barão de mauá 2012



CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

PROJETO DE UMA POUSADA NA CIDADE DE COLINA/SP.

GISELA C. JUNQUEIRA FRANCO

Ribeirão Preto 2012


GISELA C. JUNQUEIRA FRANCO

PROJETO DE UMA POUSADA NA CIDADE DE COLINA/SP.

Trabalho apresentado ao Centro Universitário Barão de Mauá, como exigência para a conclusão do curso de Aqruitetura e urbanismo Prientador: Professor Roberto Luiz Ferreira

Ribeirão Preto 2012.


AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, por iluminar meu caminho, permitindo que eu concretizasse mais um sonho e alcançasse em mais um objetivo em minha caminhada profissional.

Aos mestres do curso, pelo profissionalismo na transmissão de seus conhecimentos.

Ao meu orientador, Professor Roberto Ferreira, e pelas válidas sugestões.

Ao Sr. Ronaldo Ivanof, proprietário da Pousadinha em Colina, por me permitir fotografar seu empreendimento e dele fazer uso neste trabalho. Aos meus colegas de “turma”, pelos maravilhosos momentos juntos.


RESUMO

O objetivo principal deste trabalho foi projetar uma arquitetura de pousada para a cidade de Colina/SP, capital do cavalo, a qual pudesse oferecer uma relação de conforto e flexibilidade, integrando-se ao turismo regional que acontece, tanto na própria cidade, com a Festa do Cavalo, campeonatos de Pólo e Hipismo e também em Barretos, a 20 km de Colina, onde ocorre a Festa do Peão de Boiadeiro e outros eventos, como Encontro de Motoqueiros. Para isso buscou-se descrever sobre a arquitetura de hospedagem, enfatizando-se a de pousada; abordou-se o turismo regional e sua relação com a arquitetura de hospedagem; apresentou-se a região de Colina/SP, bem como seu turismo regional; elaborou-se um projeto arquitetônico enfatizando-se o respeito pelo meio ambiente e pela região agropecuária que caracteriza este município. A escolha por este projeto arquitetônico se deve ao fato de que naquela cidade ainda não há um local específico para hospedar o turista ou o criador de animais, o pesquisador, o professor, que chegam para visitar o município e sua região, principalmente durante o período das festas do Cavalo e do Peão e outros que vêm para fins de negócios e pesquisas com animais. A intenção é que este projeto seja integrado ao meio ambiente e que leve em conta o turismo regional. As poucas formas de hospedagem que lá existem, são casarões adaptados para hospedar, sem de fato aplicar uma arquitetura própria para receber o turista ou qualquer outro tipo de hóspede. Buscou-se elaborar um projeto que utilize materiais naturais da região, como pisos em pedra, assoalhos em madeira, vidro, para marcarem a sua identidade visual. Além disso, fechamentos em vidro para uma ou duas salas devem interagir os espaços internos com o externo, marcado pelos bangalôs, pelas árvores e pelo verde. O método utilizado para a elaboração deste trabalho foi uma pesquisa bibliográfica e uma parte prática. A primeira foi realizada por meio de livros e artigos

científicos sobre o turismo regional, o meio ambiente e a arquitetura de pousada. A segunda foi caracterizada pela elaboração do projeto propriamente dito, considerando-se o respeito pelo meio ambiente e o turismo regional.

Palavras-chave: Projeto arquitetônico. Pousada. Regionalismo.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Alojamentos para viajantes na Mesopotâmia há 4.000 anos atrás. Choupanas de Harran na Mesopotâmia...................... Figura 2: Jean Baptiste Debret na hospedaria no Brasil...................................................................................................................... Figura 3: Hotel de France em 1840 no Rio de Janeiro....................................................................................................................... Figura 4: Pousada da Ilha de Silves..................................................................................................................................................... Figura 5: Resort em Porto Rico............................................................................................................................................................ Figura 6: Refúgio Ecológico Caimãn.................................................................................................................................................... Figura 7: Hotel Ecológico Ariarú-Amazon- Towers, Amazônia............................................................................................................ Figura 8: Zagai Resort. Hotel de Convenções..................................................................................................................................... Figura 9: Grande Hotel de Ouro Preto................................................................................................................................................. Figura 10: Hotel Águas de Santa Clara............................................................................................................................................... Figura 11: Planta Original do Hotel águas de Santa Clara.................................................................................................................. Figura 12: Park Hotel, Nova Friburgo, Rio de Janeiro, 1940, Lúcio Costa.......................................................................................... Figura 13: Pousada no Pantanal Matogrossense................................................................................................................................ Figura 14: Pousada Caimã no Pantanal Matogrossense..................................................................................................................... Figura 15: Endêmico Resguardo Silvestre........................................................................................................................................... Figura 16: Planta de um apartamento do Endêmico Resguardo Silvestre........................................................................................... Figura 17: A não interferência direta no terreno................................................................................................................................... Figura18: Disponibilidade de aço e o não contato direto com o meio.................................................................................................. Figura 19: Harmonia da Obra com o meio Ambiente .......................................................................................................................... Figura 20: Conceito de Casa para Acampar “ de Luxo “..................................................................................................................... Figura 21 – Corte de um apartamento................................................................................................................................................. Figura 22: Elevação do esqueleto da sala, com o nome EcoLoft, para evitar o contacto com o solo................................................. Figura 23: Fluxo do Endêmico Resguardo Silvestre............................................................................................................................ Figura 24: Casa de Chá....................................................................................................................................................................... Figura 25: Casas de Chá como lanternas pairando sobre a paisagem natural................................................................................... Figura 26: Três Casas de Chá............................................................................................................................................................. Figura 27: Banheiro com vista para o céu............................................................................................................................................ Figura 28: Placas fotovoltaicas montadas sobre o telhado da casa principal...................................................................................... Figura 29: Combinação de materiais: aço. Vidro, concreto e madeira................................................................................................ Figura 30: Casas de chá parecem estar indissoluvelmente ligadas à paisagem nativa da Califórnia.................................................

15 17 18 19 22 22 23 24 25 25 26 28 38 39 48 48 49 49 50 50 51 51 52 54 54 55 56 56 57 57


Figura 31: A noite as estruturam brilham............................................................................................................................................. Figura 32: Corte de uma Casa de Chá................................................................................................................................................ Figura 33: Implantação das três Casas de Chá.................................................................................................................................. Figura 34: Fluxo das Casas de Chá..................................................................................................................................................... Figura 35: Fluxo da Casa de Chá Meditação....................................................................................................................................... Figura 36: Hotel Fasano Las Piedras .................................................................................................................................................. Figura 37: Módulos isolados, “pousados naturalmente” sobre o terreno............................................................................................. Figura 38: Unidades distribuídas e „pousadas‟ pela propriedade......................................................................................................... Figura 39: Restaurante Fasano............................................................................................................................................................ Figura 40: Piscina e bar........................................................................................................................................................................ Figura 41: container de aço.................................................................................................................................................................. Figura 42: Spa...................................................................................................................................................................................... Figura 43: Cabanas.............................................................................................................................................................................. Figura 44: Planta do Hotel Las Piedras................................................................................................................................................ Figura 45: Esboço da obra................................................................................................................................................................... Figura 46: Cortes do projeto................................................................................................................................................................. Figura 47: Cortes do projeto................................................................................................................................................................. Figura 48: Fachada.............................................................................................................................................................................. Figura 49: Plantas dos Bangalôs Hotel Fasano Las Piedras................................................................................................................ Figura 50: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras Recepção e Restaurante .......................................................................................... Figura 51: Fluxo do hotel Fasano Las Piedras Restaurante Fasano................................................................................................... Figura 52: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras Bangalô 80 m²............................................................................................................ Figura 53: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras Bangalô 120 m ²......................................................................................................... Figura 54: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras Piscina Bar ................................................................................................................ Figura 55: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras Espaço para Eventos................................................................................................. Figura 56: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras SPA............................................................................................................................ Figura 57: Pousadinha em Colina........................................................................................................................................................ Figura 58: Entrada da Pousadinha....................................................................................................................................................... Figura 59: Quarto Simples de Solteiro na Pousadinha......................................................................................................................... Figura 60: Quarto para Casal da Pousadinha...................................................................................................................................... Figura 61: Acesso para os quartos....................................................................................................................................................... Figura 62: Acesso para os quartos....................................................................................................................................................... Figura 63: Acesso para Lavanderia...................................................................................................................................................... Figura 64: Salinha Adptada para Café da Manhã.................................................................................................................................

58 58 59 60 61 64 64 65 65 66 66 67 67 68 68 69 69 70 70 71 72 73 74 75 76 77 79 80 81 81 82 82 83 83


Figura 65: Piscina Localizada no acessos aos Quartos....................................................................................................................... Figura 66: Projeto Plano de Massa Pousadinha................................................................................................................................... Figura 67: Localização da Cidade de Colina SP................................................................................................................................... Figura 68: Foto Área da Municipio de Colina........................................................................................................................................ Figura 69: Rodovia Municipal Renê Vaz de Almeida ........................................................................................................................... Figura 70: Bairro Vila Hípica ( Terreno – Vista Frontal )....................................................................................................................... Figura 71: Loteamento da Vila Hípica ( Terreno Lateral Direita )......................................................................................................... Figura 72: Mapa da Cidade.................................................................................................................................................................. Figura 73: Uso do Solo......................................................................................................................................................................... Figura 74: Implantação do Projeto........................................................................................................................................................ Figura 75: Croqui da Pousada em Colina............................................................................................................................................. Figura 76: Croqui da Pousada em Colina............................................................................................................................................. Figura 77: Croqui da Pousada em Colina............................................................................................................................................. Figura 78: Croqui da Pousada em Colina............................................................................................................................................. Figura 79: Croqui da Pousada em Colina............................................................................................................................................. Figura 80: Croqui da Pousada em Colina............................................................................................................................................. Figura 81: Croqui da Pousada em Colina............................................................................................................................................. Figura 82: Croqui da Pousada em Colina............................................................................................................................................. Figura 83: Croqui da Pousada em Colina............................................................................................................................................. Figura 84: Croqui da Pousada em Colina............................................................................................................................................. Figura 85: Bangalô com Plano de Massa e Layout.............................................................................................................................. Figura 86: Bangalô com Cotas..............................................................................................................................................................

84 85 87 90 91 91 92 93 94 95 96 96 97 97 98 98 99 99 100 100 101 102


SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................................................... 1.1 Objetivo geral ..................................................................................................................................................................................... 1.2 Objetivos específicos........................................................................................................................................................................... 1.3 Justificativa.......................................................................................................................................................................................... 1.4 Metodologia......................................................................................................................................................................................... 1º CAPÍTULO – ASPECTOS GERAIS DA HOTELARIA......................................................................................................................... 1.1 História e evolução da hotelaria no mundo e no Brasil....................................................................................................................... 1.2 Tipos e classificação de hospedagem................................................................................................................................................. 1.3 Hotelaria de lazer................................................................................................................................................................................ 1.4 Arquitetura de hotelaria....................................................................................................................................................................... 1.5 Arquitetura hoteleira e regionalismo................................................................................................................................................... 1.6 Arquitetura hoteleira e o ecoturismo................................................................................................................................................... 2 CAPÍTULO – POUSADA......................................................................................................................................................................

10 12 12 12 13 15 15 19 21 24 27 28 34


2.1 Conceito de pousada.......................................................................................................................................................................... 34 2.2 Estudo da viabilidade da pousada...................................................................................................................................................... 35 2.3 Estilo arquitetônico.............................................................................................................................................................................. 36 2.4 A escolha do local................................................................................................................................................................................ 37 2.5 Regulamento de pousadas.................................................................................................................................................................. 39 2.6 Classificação das pousadas................................................................................................................................................................ 40 3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS.............................................................................................................................................................. 46 3.1 Endêmico Resguardo Silvestre............................................................................................................................................................ 48 3.2 Casas de Chá...................................................................................................................................................................................... 54 3.3 Hotel Fasano-Las-Piedras................................................................................................................................................................... 63 4 ESTUDO DE CASO – VISITA À POUSADINHA EM COLINA.............................................................................................................. 79 5 PROJETO DE POUSADA EM COLINA................................................................................................................................................. 87 5.1 Caracterizaçâo de Colina.................................................................................................................................................................... 87 5.2 História de Colina.............................................................................................................................................................................. 88 5.3 Diretrizes projetuais........................................................................................................................................................................... 90 5.3.1 O terreno......................................................................................................................................................................................... 90 5.3.2 Intenções formais............................................................................................................................................................................ 92 5.3.3 Croqui da pousada......................................................................................................................................................................... 96 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................................................................................... 103 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................................................... 104 ANEXO A - PORTARIA Nº 100 - 21/06/2011 - MINISTÉRIO DO TURISMO.......................................................................................... 106


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1 INTRODUÇÃO

Por isso, uma pousada em colina será para abrigar essa massa de pessoas que vai em busca do cavalo e do agronegócio, bem

Este trabalho surgiu da idéia de se projetar uma arquitetura de pousada para a cidade de Colina/SP, que possa

como do ecoturismo que é praticado na cidade de Colina. O ecoturismo e o tipo de turismo mais praticado nesta

trazer benefícios, dando um apoio para o turismo regional, como

região, o qual é realizado

um espaço para hospedar os hospedes, tendo uma implantação

tradicionais, que as conservam da mesma forma que eram no

que traz conforto e funcionalidade flexibilidade dos espaços,

passado: umas guardando um pouco do que foi o período

com a idéia de pequenos bangalôs, os quais tratam-se de

escravocrata no Brasil, com senzalas, troncos e outros

espaços onde funcionam quarto, cozinha sala integrada com a

elementos característicos do período escravocrata, como a

natureza local. A idéia de projetar bangalôs vem através de

“Fazenda da Chuva”, por exemplo; outras destinadas à criação,

pequenas moradias.

estudos e pesquisas relacionadas a eqüinos, como é o caso da

Colina é conhecida como a Capital Nacional do Cavalo,

nas antigas fazendas de famílias

chamada “Fazenda do Governo”.

devido à criação de cavalos em propriedades particulares.

O Centro de Pesquisa da Fazenda do Governo em Colina

Possui um Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico do

realiza pesquisas sobre animais de grande porte, cavalos, touros

Agronegócio, um clube hípico de Pólo, onde acontece torneios

e gado de várias raças. Diante disso atrai criadores interessados

nacionais e internacionais.

nesses resultados, que precisam se hospedar na cidade para

Colina também e reconhecida internacionalmente com o

realizarem seus negócios, suas pesquisas e também usufruir do

hipismo, que levou à formação de vários cavaleiros olímpicos

ecoturismo que a cidade pode lhe oferecer.

representando o Brasil em eventos internacionais e nacionais.

pousada seria o lugar ideal para hospedar professores e

O turismo em colina vem aumentando devido a dois grandes eventos que ocorrem a cada ano na Região: a Festa do Cavalo de Colina, e a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos.

Com isso, uma

doutores que visitam a Fazenda do Governo com muito conforto e qualidade.


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A cidade de Colina possui duas formas de hospedagem, quais sejam: um

Assim, diante dessas definições,

entende-se que uma

Hotel simples e duas singelas pousadas,

pousada é uma forma de hospedagem estabelecida como parte

adaptadas em antigos casarões, porém estes são insuficientes

da região onde esteja instalada e que não destrói as

para atender os hospedes, principalmente aqueles que vêm a

características regionais, onde o hóspede pode permanecer, por

negócios.

no mínimo uma noite. Esse tipo de hospedagem costuma não

Diante dessas justificativas, verificou-se que Colina

ter parâmetros predefinidos de classificação, situando- em

necessita de uma pousada para receber tanto os turistas de

edificações de valor histórico, ou em construções novas, oferece

várias partes do País, que lá chegam para buscar atrativos

serviços com atendimento personalizado e cozinha regional ou

naturais

internacional refinada, segundo dados do Serviço Brasileiro de

e

também

pesquisadores,

criadores

professores

e

de

animais

demais

de

raça

profissionais

e do

agronegócio. A opção por uma pousada se deve ao fato de que esta forma de hospedagem é de pequeno porte. Conforme afirma Perez (2001, p. 15) pousadas “são estabelecimentos com quantidade limitada de quartos, muitas vezes instalados em construções antigas restauradas, com serviços de alimentação regional e grande luxo. Muito comum em países como a Espanha, etc” (PEREZ, 2001, p.15). Para o Ministério do Turismo (2007), as posadas “são locais turísticos, normalmente fora do centro urbano que, predominantemente

construídas

em

partido

arquitetônico

horizontal, oferecem hospedagem em ambientação simples e integrada à região”.

Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE MS (2010).


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1.1 Objetivo geral

- Abordar o turismo regional e sua relação com a arquitetura de hospedagem;

O objetivo principal deste trabalho é projetar uma

- Apresentar a região de Colina/SP, bem como seu

arquitetura de pousada para a cidade de Colina/SP, capital do

turismo regional (Festa do Cavalo e Festa do Peão de Barretos).

cavalo, onde traga relação de conforto e flexibilidade, onde se

- Elaborar um projeto arquitetônico para uma pousada na

integre ao turismo regional que acontece tanto na própria

cidade de Colina/SP, enfatizando-se o respeito pelo meio

cidade, com a Festa do Cavalo,

ambiente e pela região agropecuária que caracteriza este

campeonatos de

Pólo e

Hipismo e em Barretos, a 20 km de Colina, onde ocorre a Festa

município.

do Peão de Boiadeiro e outros eventos, como Encontro de Motoqueiros. Além disso, busca principalmente atender o

1.3 Justificativa

hóspedes que vêm em busca do agronegócio no Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico do Agronegócio, assim como

A opção por um projeto arquitetônico de uma pousada na

também professores e pesquisadores que não encontram na

cidade de Colina/SP, se deve ao fato de que naquela cidade

cidade um lugar próprio para sua estadia. Portanto, uma

ainda não há um local específico para hospedar o turista ou o

pousada em Colina, direcionada a este público será uma forma

criador de animais, o pesquisador, o professor, que chegam

de hospedar com qualidade, unindo os negócios ao lazer, tendo

para visitar o município e sua região, principalmente durante o

como cenário, o turismo regional.

período das festas do Cavalo e do Peão e outros que vêm para fins de negócios e pesquisas com animais. A intenção é que

1.2 Objetivos específicos

este projeto seja integrado ao meio ambiente e que leve em conta o turismo regional. As poucas formas de hospedagem que

- Descrever

sobre

enfatizando-se a de pousada.

a

arquitetura

de hospedagem,

lá existem, são casarões adaptados para hospedar, sem de fato


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aplicar uma arquitetura própria para receber o turista ou qualquer outro tipo de hóspede. Busca-se elaborar um projeto que utilize

materiais

naturais da região, como pisos em pedra, assoalhos em madeira, vidro, para marcarem a sua identidade visual. Além disso, fechamentos em vidro para uma ou duas salas devem interagir os espaços internos com o externo,

marcado pelos

bangalôs, pelas árvores e pelo verde.

1.4 Metodologia

Este

trabalho

será

elaborado

por

uma

pesquisa

bibliográfica e uma parte prática. A primeira será realizada por meio de livros e artigos científicos sobre o turismo regional, o meio ambiente e a arquitetura de pousada. A parte prática será caracterizada pela elaboração de um projeto arquitetônico de uma pousada na cidade de Colina/SP, que leve em conta o respeito pelo meio ambiente e o turismo regional.


14

14

1º CAPÍTULO –

ASPECTOS GERAIS DA HOTELARIA


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1º - CAPÍTULO – ASPECTOS GERAIS DA HOTELARIA

Nesta parte do trabalho apresenta-se todo o referencial teórico relacionado à história e evolução da hotelaria, bem como a arquitetura desse ramo de atividade e o pensamento de arquitetos como Corbusier, Niemeyer e Lúcio Costa, precursores do Modernismo e que projetaram obras de hotelaria.

1.1 História e evolução da hotelaria no mundo e no Brasil

Figura 1: Alojamentos para viajantes na Mesopotâmia há 4.000 anos atrás. Choupanas de Harran na Mesopotâmia. Fonte: Oliveira (2003, p. 22).

Oliveira (2003, p. 20) ressalta que “a partir do momento

O termo hotel somente surgiu no final do século XVIII,

em que o homem se deslocou de seu habitat, teve necessidade

derivando do vocábulo latino hospitale, com o significado de

de abrigar-se, reabastecer-se, revigorar as forças através do

hospedaria (OLIVEIRA, 2003).

repouso e isso pode ser verificado pelos registros históricos do processo civilizatório”. A figura 1 ilustra alojamentos desenvolvidos para

O século XX foi caracterizado pelo luxo dos hotéis em todo o mundo, com a instalação de banheiros privativos, calefação central, água corrente, assim como também uma

viajantes na Mesopotâmia há 4.000 anos atrás, cuja finalidade

arquitetura

era fornecer abrigo e alimentos.

escritórios. Um exemplo deste tipo de hotel é encontrado nas

significativa,

que

combinava

teatros,

hotel

e

obras de Wright por volta de 1915 e 1922, o qual projetou o Hotel Imperial de Tóquio, introduzindo novos conceitos m relação ao meio ambiente e à estrutura, por meio de propostas para resolver problemas com terremotos, como alicerces


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especiais, que proporcionavam flexibilidade, elasticidade e

(2005, p. 50) afirma que “os hotéis se desenvolveram muito a

leveza à estrutura e também valorizando as características da

partir de então, assim como o conceito de viagem”.

cultura japonesa.

Atualmente, os hotéis se desenvolvem conforme as

Com o advento da Primeira Guerra Mundial ocorreu uma

necessidades e exigências dos seus clientes, não mais

pequena queda na expansão da hotelaria, surgindo hotéis mais

oferecendo todos os serviços possíveis, mas sim um serviço

simples, de categoria mais inferior. Contudo, até a década de

personalizado e especializado, antecipando o conhecimento

1930 houve um grande desenvolvimento deste setor, em razão

sobre as preferências do cliente, tanto nas instalações como nos

de alguns motivos, dentre os quais, as novas legislações

serviços.

trabalhistas, com férias remuneradas. Como exemplo dessa fase

No Brasil, a história da hotelaria está intrinsecamente

da hotelaria pode-se destacar o Hotel Stevens em Chicago, com

relacionada com a história colonial, pois o País recebia europeus

três mil quartos.

civilizados que vinham para conquistar espaços. Os primeiros os

Por volta dos anos de 1960, em razão da inflação, da

conquistavam, e os sucessores se hospedavam nestes espaços.

recessão e do desemprego em massa, começam a surgir os

Até o século XIX não existiam no Brasil hospedarias

hotéis de veraneio, de lazer, valorizando os recursos naturais,

comerciais. O setor era representado por rústicos ranchos na

como as montanhas, as praias, os lagos, o campo e muitos

beira das estradas, sem nenhum conforto, apenas para servir

outros. Contudo, após o advento da globalização da economia,

aos viajantes que assim relataram sobre esse meio de

especialmente no mundo ocidental, ocorreu a formação de

hospedagem: “O viajante se hospedava em moradias pobres,

mercados de consumo de massas globais, juntamente com o

abrigando-se da chuva. Armava sua rede na varanda e

incremento de inúmeras atividades internacionais, como o

guardava seus pertences em um quarto ao lado do alpendre”

sistema bancário e o turismo. Isto fez com que os hotéis, até

(NOVAIS, 1997, apud OLIVEIRA, 2003, p. 41).

então com características de atmosfera familiar, tiveram que ser

Com a vinda da família Imperial para o Brasil começaram

adaptados às necessidades dos viajantes. Por isto, Rodrigues

a surgir formas melhores de hospedagem, contudo, algumas


17

famílias o faziam ser visar lucro, pois significava um prestígio dar abrigo aos estrangeiros que vinham para o Brasil. Posteriormente, com a chegada da família Real, surgiram as hospedagens compulsórias, isto é, alguns proprietários ofereciam todo tipo de serviço à nobreza, inclusive a alimentação, em troca de aposentadoria. A figura 2 ilustra este tipo de hospedagem no Brasil:

Figura 2: Jean Baptiste Debret na hospedaria no Brasil. Fonte: (Novais, 1997, apud OLIVEIRA, 2003)

Tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro a hotelaria ganhou influência estrangeira depois da vinda da família Real, No ano de 1875 existiam no Brasil 60 hotéis e 22 hospedarias na corte.


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Durante o século XX grandes hotéis foram construídos,

com características mais nacionais somente apareceu em

como o Copacabana Palace e o Hotel Glória, requintados e que

meados do século XX, em razão de duas circunstâncias: a

se espelhavam em modelos europeus, pois a chegada da família

Semana da Arte Moderna, de 1922 e a Revolução de 1930. A

Real no Brasil despertou para o bom gosto e para o luxo,

primeira destruiu a apatia artista que dominava o País. A partir

inclusive na arquitetura das edificações, que para servir à

de

nobreza, passou a ser mais elaborada, conforme demonstra a

significativamente, adequando-se aos princípios da escola

figura 3:

modernista internacional.

então,

a

arquitetura

brasileira

transformou-se

No final do século XX ocorre um grande interesse pela hotelaria de lazer, direcionada ao turismo, valorizando o espaço histórico nacional e as riquezas naturais do País, preocupandose com a qualidade de vida. Nasce, então, o conceito de pousada, como uma forma de hotelaria de lazer. A figura 4 ilustra um exemplo de pousada do final do século XX no Brasil:

Figura 3: Novais (1997 apud OLIVEIRA, 2003). Fonte: Hotel de France em 1840 no Rio de Janeiro

Assim,

Oliveira

(2003)

observa-se

que

os

hotéis

brasileiros aos poucos foram adquirindo características próprias e se diferenciando das hospedarias. Porém, uma arquitetura


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Dados da Embratur – Empresa Brasileira de Turismo (apud OLIVEIRA, 2003) revelam outra classificação para os hotéis: de acordo com a localização (hotéis de praia, de campo, de montanha, de aeroporto) e de acordo com sua destinação (hotéis de turismo, de lazer (resort), cassino, negócios, convenções, econômicos). A Embratur tem seu sistema de classificação de hotéis instituído pela Deliberação Normativa 367, de 23 de novembro de 1996. O quadro 1 ilustra esta classificação: Figura4: Pousada da Ilha de Silves Fonte: Oliveira (2003)

1.2 Tipos e classificação de hospedagem

O avanço da tecnologia e das ciências proporcionou o crescimento das cidades, bem como mudou os hábitos e costumes da sociedade. Isso contribuiu para que surgissem diferentes tipos de hospedagens, dentre os quais: Hotel de Centro Urbano, Hotel Suburbano e Motel, Hotel de Resort e Lazer, Hotel de Convenções, Centro de Conferências, Hotel Residencial e Condominial, Hotel-suíte, Hotel Superluxo, Hotel Renovado, Mega Hotel, Hotel Cassino.


20

QUADRO1: Tipos de meios de hospedagens de turismo com

do centro urbano

suas devidas características TIPO

HOTELH

HOTEL HISTÓR ICO -HH

HOTEL DE LAZER - HL

LOCALIZA ÇÃO

Preferencial mente urbana

NATUREZA DA EDIFICAÇÃ O normalmente em edificação com vários pavimentos ( partido arquitetônico vertical)

CLIENTEL A PREFERE NCIAL mista, com executivos e turistas, predominan do ora uns, ora outros

em prédios, prédio mista, com locais tombado pelo executivos ou cidades IPHAN ou de e históricos, significado turistas, e (no histórico com meio urbano ou valor predominân ou regional cia rural) reconhecido variável, de uns ou outros áreas rurais normalmente turistas em ou partido viagens local arquitetônico de turístico fora horizontal recreação e

lazer

INFRAESTRUT URA hospeda gem e, depende ndo da categoria , alguma infra estrutura para lazer e negócios normalm ente restrita à hospeda gem

POUSA DA - P

locais turísticos, normalment e fora do centro urbano

predominante turistas em mente viagens construído de em partido recreação e arquitetônico lazer horizontal

entos e serviços próprios, para lazer do hóspede restrita à hospeda gem

Fonte: SEBRAE ES (1999)

É o Regulamento dos Meios de Hospedagem de Turismo, da EMBRATUR que rege o

segmento de hotelaria e não é

necessário que o empreendedor siga fielmente o sistema de classificação

da

EMBRATUR,

contudo,

as

formas

de

hospedagem que se adequam aos seus pré-requisitos são classificados e recebem a chancela do Governo Federal, ou seja, têm a sua qualidade auferida e certificada periodicamente (SEBRA ES, 1999).

áreas, instalaçõ es, equipam


21

1.3 Hotelaria de lazer

suficientes, direcionados para os mais variados interesses, indo desde o esporte até os negócios.

As sociedades antigas não valorizavam o lazer e se dedicavam integralmente ao trabalho. O homem antigo não observava o seu entorno, desvalorizando o mundo natural.

A

hotelaria

de

lazer

dispõe

de

vários

tipos

de

hospedagens, dentre os quais: 

Os Resorts: representam o tipo mais atual de

Somente a partir do século XX é que a humanidade passou a ter

hotelaria de lazer e se caracterizam por se localizarem em áreas

uma maior preocupação com a qualidade de vida e com o meio

grandes e estratégicas e por oferecerem uma variedade de

ambiente, estreitamente relacionados com o lazer, afirma Pires

serviços visando atender as necessidades e expectativas do

(2001).

maior número possível de hóspedes.

Diante dessa nova postura começaram a surgir diferentes meios e recursos de lazer, cada qual com suas próprias características. Tais características requer um planejamento criterioso que anteceda o projeto arquitetônico, visto que o sucesso de um empreendimento depende desse projeto, que deve levar em conta fatores como: o segmento de mercado, o perfil do usuário (gosto, hábitos de consumo), a viabilidade econômico-financeira, a localização, a definição do programa e da relação das áreas e o tipo de hotel, segundo afirmam Andrade, Brito e Jorge (1999). Nos dias atuais, de acordo com Oliveira (2003) a hotelaria de lazer transformou-se para atender as expectativas de seus clientes, oferecendo-lhes ambientes cada vez mais auto-


22

A figura 5 ilustra um resort:

pousadas. Esses tipos de hotelaria de lazer se caracterizam por possuírem instalações menores e mais simples que os resorts, com serviços que compreendem diárias completas, com a inclusão de refeições, oferecidas em um único restaurante e que, geralmente possuem administração familiar, tendo como diferencial o tratamento personalizado. A figura 6 ilustra este tipo de hotelaria de lazer:

Figura 5: Resort em Porto Rico Fonte: Oliveira (2003)

Hotéis Fazenda e Pousadas: Atualmente o homem

passou a valorizar mais o meio natural e o espaço geográfico brasileiro para o turismo. Isto fez com que as grandes fazendas dos antigos coronéis do café, que estavam abandonadas, se transformassem em agradáveis hotéis fazenda e confortáveis

Figura 6: Refúgio Ecológico Caimãn Fonte: Oliveira (2003)


23

Atualmente, conforme Oliveira (2003), tem ocorrido um aumento

substancial de

ambientes

de

lazer

no

Brasil,

principalmente de hotéis fazenda e pousadas, privilegiando lugares como o Pantanal Mato-Grossense,

a Floresta

Amazônica, as pequenas cidades históricas do Nordeste e de Minas Gerais, as Estâncias Hidrominerais e as antigas fazendas do café no interior do Estado de São Paulo. Assim, observa-se uma grande quantidade de construções adaptadas para este

Figura 7: Hotel Ecológico Ariarú-Amazon- Towers, Amazônia Fonte: Oliveira (2003)

tipo de hotelaria, como os casarões das antigas fazendas que foram transformados em rústicos hotéis. 

O Hotel acima ilustrado caracteriza-se por construções circulares assentadas sobre palafitas no Rio Ariarú.

Hotéis Ecológicos: Em razão da conscientização

global sobre a necessidade de se preservar o meio ambiente e a exuberância da natureza brasileira, houve uma proliferação de locais ecológicos de hospedagem, voltados para atender turistas estrangeiros que buscam por estes locais. Tratam-se de edificações inseridas no ambiente natural, especialmente no interior de florestas, e são construídas com materiais que harmonizam o espaço em sua volta e que não agridem o meio ambiente. A figura 7 ilustra este tipo de hotelaria de lazer:

Hotéis de Convenções: Este tipo de hotelaria é

muito comum nos Estados Unidos, acrescentam Andrade, Brito e Jorge (1999), porém ainda pouco desfrutado no Brasil. Eles possuem a especificidade de sediar congressos e convenções de grande proporções. Caracterizam-se por grande porte e podem se localizar tanto em áreas centrais como em áreas mais afastadas ou próximas a aeroportos. A figura 8 ilustra este tipo de hotel.


24

Hotéis Residências (apart hotéis, flats): Tratam-se

de hotéis destinados a servir de residência, por curto ou longo prazo, conforme a necessidade do hóspede, oferecendo serviços diferenciados das demais formas de hotelaria, como recepção, limpeza, troca e lavagem de roupas de cama. Figura 8: Zagai Resort. Hotel de Convenções. Fonte: Oliveira (2003)

1.4 Arquitetura de hotelaria

Spas: Em virtude da grande preocupação com a

saúde, bem estar e boa forma física, tem aumentado o número de Spas no Brasil. Tratam-se de locais de hotelaria destinados as pessoas que buscam por dietas e perda de peso e sua localização se vincula a locais de águas terapêuticas.

Segundo Rodrigues (2005), a temática hotel não se apresenta com muita importância

na história da arquitetura,

contudo, vale destacar o trabalho de dois arquitetos, entre outros,

que deixaram marcas significantes na arquitetura

hoteleira. São eles: Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. 

Hotéis Cassino: Este tipo de hotel já não mais

existe no Brasil, mas são comuns nos Estados Unidos. São construções de hotelaria destinadas à exploração de jogos de azar que oferecem uma gama variada de serviços, tais como hospedagem, alimentação, recreação e lazer. O Brasil sediou um dos mais importantes hotéis cassino: o Urca no Rio de Janeiro.

De acordo com estes dois arquitetos, a arquitetura de uma edificação hoteleira é de sua relevância, visto que o sucesso do empreendimento depende dela, pois ela influencia a sensação do hóspede, em relação à implantação, integração com o meio. Juntando-se a isto, ocorre, no século XX um retrocesso do Historicismo, dando lugar ao estilo do século XX.


25

Desta forma, Corbusier, Niemeyer e Lúcio Costa, precursores do Modernismo, começam a projetar obras de hotelaria.

Niemeyer projetou uma obra moderna, que pode atender a demanda do turismo sem alterar a configuração especial da

Le Corbusier foi importante para a arquitetura hoteleira,

cidade, com edifícios históricos, a maioria datada do século

porque projetou edifícios de habitação coletiva e suas déias

XVIII. Também usou pilotis para alinhar o edifício, cujo terreno

inovadoras influenciaram muitos arquitetos de obras hoteleiras

possuía um declive forte.

como Oscar Niemeyer, que projetou o Hotel em Ouro Preto, conforme figura 9:

Oliveira (2003) argumenta que uma das principais preocupações de Niemeyer ao projetar hotéis era a inserção da obra adequando-a ao entorno construído, Por isso seus projetos eram

caracterizados

com

grandes

aberturas,

integrando

espaços internos aos externos, de forma a um melhor aproveitamento da luz natural e da isolação, quando fosse necessária. A figura 10 ilustra um projeto de Niemeyer:

Figura 9: Grande Hotel de Ouro Preto Fonte: Rodrigues (2005)

Figura 10: Hotel Águas de Santa Clara Fonte: Oliveira (2003)


26

O projeto do Hotel Águas de Santa Clara, na fonte de águas minerais, ficou conhecido como o melhor exemplo de arquitetura hoteleira do período modernista. Sua cobertura é apoiada em pilares, cujo espaço é fechado com esquadrias de metal e vidros com janelas pivotantes verticais que permitem a circulação de ar. Este hotel é de lazer e está localizado no Centro Oeste do Paraná, no Planalto Atlântico, com altitude de 1450 m acima do nível do mar. O local foi escolhido em razão da existência de uma fonte de águas minerais.

Figura 11: Planta original do Hotel Águas de Santa Clara

De acordo com Oliveira (2003), o edifício é formado por

Fonte: Oliveira (2003)

um prédio central com dois pavimentos; um bloco de serviços, 12 chalés com dois apartamentos cada; uma construção que

Lúcio

Costa também foi um

arquiteto verdadeiro,

abriga a fonte hidromineral e um edifício com salas de banho

consciente e intencional. Ele influenciou toda uma geração de

com as águas minerais. A figura 11 ilustra a planta original do

arquitetos,

Hotel Águas de Santa Clara:

contemporânea e colonial, entre o ideário moderno europeu e as

fazendo

uma

síntese

entre

arquitetura

raízes da cultura brasileira, enfatizando a valorização do regional, usando a natureza para emoldurar o moderno, afirma Guerra (2002 apud RODRIGUES, 2005).


27

Observa-se que a arquitetura hoteleira brasileira sempre

Frampton (s/d apud RODRIGUES, 2005) acrescenta que

valorizou o regionalismo, juntando influências estrangeiras com

o regionalismo significa enraizar-se no passado com um espírito

elementos tradicionais, integrados dentro de um todo.

nacional. Contudo, é preciso acompanhar a civilização moderna,

1.5 Arquitetura hoteleira e regionalismo

por isso as culturas regionais precisam ser, nos dias atuais, uma manifestação local emoldurada pela cultura moderna mundial.

Nesta parte do capítulo, aborda-se a identificação de alguns

conceitos

condicionamento

regionais, físico,

como

recursos

herança

humanos,

cultural,

técnicos

e

econômicos, dentre outros, que muito podem contribuir para a arquitetura local, quando nela aplicados, constituindo-se em razões determinantes de sua forma. Na

arquitetura,

o

regionalismo

Montaner (1997 apud RODRIGUES, 2005)

argumenta

que uma arquitetura regional pode associar características tipicamente

regionais

com

estruturas

padronizadas

nas

construções de quase todo o mundo. Costa (1997 apud RODRIGUES, 2005) ressalta que a arquitetura regional se liga e possui suas raízes na terra, sendo

tem

seu

conceito

uma produção espontânea das necessidades e conveniências

apresentado sob diferentes aspectos por diversos autores, o que

do meio físico social, desenvolvendo-se por meio de uma

torna difícil uma definição universal. Por exemplo, Colquhoun

tecnologia mais apurada, com meios e técnicas peculiares de

(1987 apud RODRIGUES, 2005) o define como um modelo de

cada povo ou região. Esta arquitetura regional pode ser

sociedade ideal, cuja essência, que deve ser descoberta e

demonstrada por meio do projeto do Park Hotel em Nova

preservada repousa em alguns elementos locais, tais como

Friburgo, o qual adotou uma arquitetura apropriada ao terreno,

geografia, clima, costumes, envolvendo a utilização de materiais

conservando a vegetação natural, integrando-se estreitamente

locais. Assim, a arquitetura, que há muito tempo esteve ligada a

com o contexto, conforme figura 12:

esses fatores, hoje já não mais depende deles e, quando ainda são utilizados, são apenas por vontade do arquiteto.


28

valorizou materiais que até então não eram considerados clássicos pelos arquitetos, como a palmeira imperial, o granito cinza e rosa e o azulejo português. Assim, segundo afirma Rodrigues (2005), o regionalismo dos dias atuais deve se ligar ás tradições culturais da região, e considerar fatores específicos da região, como topografia, clima, vegetação,

cultura,

luz,

contudo,

não

pode

deixar

de

acompanhar a evolução tecnológica e a modernidade.

Figura 12: Park Hotel, Nova Friburgo, Rio de Janeiro, 1940, Lúcio Costa. Fonte: Rodrigues (2005)

1.6 Arquitetura hoteleira e o ecoturismo

As últimas décadas têm mostrado grandes preocupações, No Brasil, a busca por uma identidade regional na arquitetura teve seu início no ano de 1922, durante a semana de Arte Moderna, na ânsia da brasilidade, quando os artistas brasileiros foram em busca de cursos fora do Brasil e descobriram a riqueza de formas e inspirações, principalmente na Europa. Depois disto, o modernismo passou a oscilar entre incorporação e transgressão e a arquitetura brasileira se encheu de idéias, passando por experiência como o neocolonial no sentido estético e as inspirações de Le Corbusier, em 1936, que

no mundo todo, com algumas questões como o aquecimento global e os impactos causados ao meio ambiente, ocasionados pela utilização, desenfreada, dos recursos naturais pelo homem. Tais

preocupações

tornaram-se

mais

calorosas

após

a

divulgação do relatório da União das Nações Unidas – ONU, “Mudanças Climáticas 2007”, que destaca comprovados estudos científicos sobre o que pode acontecer com as futuras gerações se não houver uma consciência global para mudar este quadro tão drástico em relação á degradação ambiental.


29

O

meio

ambiente

tem

sofrido

muitos

danos,

Trata-se de uma questão complexa, enquadrando-se no

principalmente a partir das últimas décadas do século XX,

conjunto dos problemas contemporâneos, cabendo a cada um

devido à exploração inadequada dos recursos naturais, em

contribuir para que cesse, ou, que se reduza ao máximo, a

razão do acelerado processo da globalização, da integração das

degradação ambiental.

economias e das sociedades dos diversos países e do

Diante deste cenário, a ciência se posiciona como aliada

crescimento descontrolado da população, os quais contribuíram

desta consciência, buscando descobrir novas tecnologias que

para a intensificação da produção e do consumo de produtos

possam, ao menos, reduzir os impactos ambientais e isto faz

industrializados, acarretando danos no meio ambiente e, como

com que a cada dia surjam novos bens, produtos e serviços

principal conseqüência, a diminuição da qualidade de vida da

„ecologicamente corretos‟, especialmente no ramo da hotelaria e

população mundial.

turismo. Carmo Embora muitas ações de conscientização já tenham sido desenvolvidas no mundo todo, em prol do meio ambiente, tais como o “Maio de 68 e o Clube de Roma”, a “Conferência de Estocolmo” e a “Conferência de Tiblisi”, a “Conferência do Rio”, o “Rio mais 5”, a “Conferência de Tsalônica”, dentre outras, essa temática ambiental continua a ser, a nível mundial, uma questão atual, uma vez que não foi possível cessar a evolução dos problemas ambientais, a nível global, que pelo contrário, têm vindo a acelerar-se, colocando-se hoje, em risco, a própria existência humana (MILARÉ, 2001, p. 38).

e

empreendedores,

Jesus ao

(2008)

observarem

relatam esta

que

muitos

necessidade

de

responsabilidade com o meio ambiente, começaram a investir em tipos de hospedagens direcionadas ao ecoturismo, cujo objetivo é contribuir para a real minimização dos impactos negativos sobre o meio ambiente e integrar o hóspede à prática do turismo responsável. Para

uma

melhor

compreensão

do

ecoturismo,

necessário se faz conceituar turismo, que, conforme Barreto e Tamanini (2000, p.43),


30

(...) uma forma ampla de hospedagem para atender as necessidades, tanto daqueles que viajam como daqueles que residem nos pólos receptores, tratando-se do fenômeno de interação entre o turista e o núcleo receptor e de todas as atividades que decorrem dessa interação, caracterizando-se por uma estrutura composta de bens e de serviços locais para atender a demanda dos turistas e demais usuários.

pelo homem, bem como os fenômenos culturais, sociais e econômicos do entorno. Desta forma, a exploração da atividade turística implica em modificações e degradações ao meio ambiente que muitas vezes são irreversíveis. Sendo assim, o turismo, quando realizado de forma consciente, englobando os aspectos ecológico, social, cultural e econômico,

O turismo é divido em três conjuntos distintos, conforme Beni (1998): 1) relações ambientais, 2) organização estrutural e 3) ações operacionais. Cada qual consiste em uma série de características específicas que interligam os subsistemas ecológico, social, cultural e econômico, de forma a tornar o turismo, muitas vezes, responsável por utilizar e proteger o meio ambiente com todos os seus recursos naturais, uma vez que é intrinsecamente relacionado com a ação do homem. Segundo Carmo e Jesus (2008), não se pode contestar a relação entre o turismo e o meio ambiente, visto que este último é caracterizado com a essência para a atividade turística, o qual, por sua vez, utiliza-se do meio ambiente para desenvolver e praticar suas atividades, valorizando o local visitado, devendo-se considerar como meio ambiente não apenas os recursos naturais, mas também o ambiente construído ou transformado

poderá

trazer

inúmeros

benefícios

para

a

conservação dos locais visitados e reduzir os impactos negativos causados pelo uso desenfreado dos recurso naturais pela ação humana, bem como aos culturais e aos sociais. Portanto, como afirma Ferretti (2002), o turismo pode ser maléfico ao ambiente, mas também pode oferecer motivação para tal.

ser benéfico, ao


31

Sabe-se que o desenvolvimento da atividade turística se

período de férias anual ao trabalhador com carteira assinada e

faz através de uma complexa rede de produtos e serviços que

outros fatores, como a busca por uma melhor qualidade de vida.

se complementam, para atender à principal característica do

O termo ecoturismo só foi incorporado pela sociedade na

turismo, que é a estadia, de no mínimo 24 horas, do turista no

década de 1990

local

utilizado por empresários do ramo do turismo como forma de

de destino. Assim, a hospedagem é um dos ramos

imprescindíveis ao trade turístico, afirmam Carmo e Jesus (2008).

, desde então, o

termo "eco", tem sido

atrair turistas com consciência de conservação ambiental. Segundo Costa (2002, p. 9),

A função básica dos primeiros meios de hospedagem era oferecer alojamento a todos aqueles que se encontravam fora de seus lares, e que assim precisavam de um quarto, uma cama e um bom banho. Contudo, esta área foi evoluindo e surgindo novas formas de empreendimentos hoteleiros, buscando oferecer uma gama variada de serviços para atender as necessidades das pessoas em trânsito e a atrair a população da microrregião para consumir seus produtos e serviços (DUARTE, 1996, p.18)

(...) muito já se escreveram sobre o ecoturismo, contudo há pouco consenso quanto ao seu significado, em razão das muitas formas em que as atividades do ecoturismo são oferecidas e por uma grande diversidade de operadores, praticadas por uma variedade ainda maior de tipos de turistas.

O Conselho Brasileiro para o Turismo Sustentável – CBTS (INSTITUTO DE HOSPITALIDADE, 2003), através de seu Programa Princípios do Turismo Sustentável, estabelece as

Diante

dessas

características

da

hospitalidade

os

reais características do ecoturismo:

hóspedes começaram a permanecer por mais tempo nos locais

a) Respeito à legislação vigente;

visitados, voltando outras vezes e trazendo consigo novos

b) Garantia dos direitos das populações locais, de forma a

hóspedes, desenvolvendo-se, assim a atividade turística no

promover ações de responsabilidade social, ambiental e de

mundo, que também teve a contribuição da evolução tecnológica

caráter econômico;

das formas de transportes, das leis trabalhistas que garantiram o


32

c) Conservação do ambiente natural e sua biodiversidade, por meio da adoção de práticas de mínimo impacto sobre o ambiente natural; d) Consideração sobre

o patrimônio cultural e valores

locais, de forma a reconhecer e respeitar o patrimônio históricocultural colaborando para seu desenvolvimento; e) Estímulo ao desenvolvimento social e econômico dos destinos turísticos, de modo a fomentar a capacidade local de desenvolver-se; f)

Garantia da qualidade dos produtos, processos e

atitudes; e g) Planejar e administrar de forma responsável, buscando o engajamento da responsabilidade social econômica e ambiental de todos os integrantes da atividade e de forma ética. Existem

diversas

formas

de

empreendimentos

e

estabelecimentos direcionados ao ecoturismo, contudo, as pousadas constituem o objeto deste estudo, por isto necessário se faz apresentar as suas características.


33

33

2º CAPÍTULO –

POUSADA


34

2º - CAPÍTULO – POUSADA

existem, são de pequeno porte. O regime predominante é o de diárias completas, incluindo as refeições, em um único

Neste capítulo são apresentados os aspectos gerais

restaurante. A administração é basicamente familiar, e por esta

necessários a uma pousada. Por isto, em primeiro lugar,

razão e pelo porte reduzido do hotel, o tratamento concedido

conceitua-se este tipo de hospedagem; demonstra-se sua

aos hóspedes é mais pessoal.

classificação

atual,

segundo

o

Sistema

Brasileiro

de

Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass), bem como a

De acordo com dados do SEBRAE (2005 apud PITANGA, 2007, p. 27), as pousadas são

estrutura física básica, serviços oferecidos e legislação vigente para implantação e funcionamento.

2.1 Conceito de pousada

Andrade, Brito e Jorge (1999) conceituam pousada como hotéis basicamente de lazer, com algumas características dos resorts, embora em escala muito menor e quase sempre com instalações bem mais modestas e menor diversidade de serviços.

(...) inspiradas em hospedarias do passado, são a versão contemporânea daqueles estabelecimentos em que se pode conjugar o aconchego de um lar, à isenção de tarefas domésticas proporcionada pelos hotéis. Elas são fenômeno razoavelmente recentes, mas já se encontram presentes na maioria das cidades de pequeno e médio porte com vocação turística. Representam alternativa de hospedagem mais acessível, sem que isso signifique ausência de conforto e charme. Ao contrário, charme, conforto e personalidade são os primeiros pontos em que o empreendedor da área deve investir. As pousadas mais requintadas têm em comum, o respeito às tradições da hospitalidade integradas a modernos conceitos de conforto e serviços. Tudo pelo prazer de bem receber.

De acordo com esses mesmos autores, o número de apartamentos é menor, as instalações para o esportes

Carmo e Jesus (2008), consideram pousada como um

resumem-se a alguns poucos itens, geralmente com ênfase em

forma de hospedagem de pequeno porte, contudo isso depende

algum tipo de esporte relacionado à localização ou à

de vários fatores de classificação, ou seja, há autores que

especialidade do hotel, e as áreas para reuniões, quando

defendem o tamanho ou porte de um meio de hospedagem pela


35

quantidade de unidades habitacionais que existem, outros

Outro

ponto

importante

para

o

sucesso

do

classificam pelo luxo ou pela característica e qualidade dos

empreendimento, acrescenta Andrade (apud ARCO EDITORIAL

serviços prestados.

2012), é o local onde será implantado o projeto, porque se trata

Para Pérez (2001) a pousada é um estabelecimento

de um ítem fundamental para o sucesso financeiro, contudo, em

caracterizado pela quantidade limitada de quartos, geralmente

grandes centros urbanos, quase nunca há possibilidade de se

adaptados em casarões antigos restaurados, com oferecimento

escolher a localização ideal. Sobretudo, há que se considerar,

de comida regional e grande luxo.

por exemplo, a expectativa de expansão da malha urbana, a fim de avaliar se, no futuro, a região ainda corresponderá aos

2.2 Estudo da viabilidade da pousada

interesses do hóspede, conforme o perfil do público-alvo. Andrade

também

ressalta

a

necessidade

de

os

Um projeto de implantação de uma pousada requer um

empreendimentos em áreas centrais serem situados, de

prévio estudo da viabilidade econômico-financeira, como o ponto

preferência, em ruas sem congestionamento de tráfego e que

de partida para que o projeto seja bem-sucedido.

seja de fácil acesso aos meios de transporte, como aeroportos,

De acordo com Andrade (apud ARCO EDITORIAL, 2012),

rodoviárias

e

outras

vias

importantes.

Para

pousadas

a avaliação deve ser iniciada pela escolha do tipo de pousada

direcionadas a negócios, a melhor opção são as zonas próximas

que se pretende implantar e do segmento de mercado que se

a centros de negócios e serviços, de infra-estrutura urbana

quer atingir, estipulando perfil do público-alvo, serviços, número

confiável e com possibilidades de estacionamento.

de quartos, diferenciais para a disputa de mercado e, claro, o

A escolha do lote deve considerar alguns fatores técnicos,

valor da diária. Daí a necessidade de os operadores

de modo a não correr riscos de sofrer custos por imprevistos

participarem do projeto desde o início, o que quase nunca

decorrentes de, por exemplo, grandes movimentações de terra,

ocorre.

obras de contenção, fundações próprias para terrenos de baixa resistência ou limitações causadas por lençóis freáticos altos.


36

2.3 Estilo arquitetônico

outro país. Também, um projeto tipicamente brasileiro não pode se deixar cair na total alegoria tropical, que pode não agradar a

Andrade (apud ARCO EDITORIAL, 2012) afirma que não

todos.

existem regras que definam o estilo arquitetônico de uma

Outro fator que deve ser considerado, ainda como explica

pousada, porém, é importante levar-se em conta alguns fatores,

Andrade (apud ARCO EDITORIAL, 2012), é o retorno do capital

dentre os quais, a regularidade das formas do terreno, para

aplicado, que vai depender da entrada, em operação, do

garantir mais liberdade à concepção; a importância de o projeto

empreendimento. Isto explica os reduzidos cronogramas de

auto promover-se, destacando-se no entorno.

trabalho, que se tornam cada Vaz mais freqüentes, e a opção

O referido autor também lembra que para uma maior

pelos sistemas pré-fabricados, que, mesmo com custos mais

valorização do edifício, o arquiteto deve buscar criar um projeto

altos, tem se tornado a opção mais procurada, em todas as

livre de modismos, que não combinam com investimentos de

etapas, desde a estrutura, vedação ou paredes-divisórias, até os

longo prazo. Isto porque quando uma novidade passa, é

banheiros prontos, fabricados na indústria em acordo com o

impossível que o extravagante consiga se sustentar. Sendo

projeto arquitetônico e posteriormente instalados no lugar

assim, o melhor mesmo é a utilização de uma

definitivo.

arquitetura e

interiores que seguem uma estética contemporânea, sem

Quanto à distribuição das unidades, Andrade também

exageros e excessos e que tenda, levemente, para o

menciona que deve ser evitada a extensão dos corredores,

conservadorismo.

optando-se por plantas em formato de cruz, por exemplo, na

Vannucchi, presidente da ASBEA - Associação Brasileira

qual é possível um maior número de apartamentos em um

dos Escritórios de Arquitetura, (apud ARCO EDITORIAL, 2012),

mesmo andar, sem que o hóspede precise percorrer corredores

argumenta que é necessário uma atenção especial ao estilo da

intermináveis.

pousada, visto que existem projetos tão pasteurizados que o

O mesmo autor assinala que tanto faz ser um hotel ou

hóspede, quando acorda, não sabe se está no Brasil ou em

uma pousada, porém cada um deve conter suas características


37

bastante peculiares, requerendo uma infra-estrutura própria e

serviço, circulação e área comum) dividida por unidade

um conhecimento específico de forma a contemplar todas as

habitacional de 32 m2.

situações.

Os

de

padrão

econômico

devem

dispor

de

instalações simplificadas, restritas a apartamentos, área de

2.4 A escolha do local

recepção e administração. O recomendável é que as pousadas possuam uma infra-

Uma pousada deve ter a sua localização bem planejada,

estrutura mais modesta, como, por exemplo, um único

de forma a atender as expectativas do turista. Via de regra, este

restaurante para todas as refeições e pequena área de

tipo de hospedagem está localizado fora do centro urbano das

convenções e devem ter acesso viário fácil aos pontos de

cidades e próximas de atrativos naturais. Assim, é importante,

interesse da cidade.

além da escolha do local, também o esforço em preservar a

Dados do SEBRAE ES (1999) recomendam para as

natureza em seu estado natural, como picos, vales, rios,

pousadas um perfil arquitetônico que esteja relacionado

cachoeiras, quedas d‟água, grutas e muitas áreas ainda

intrinsecamente com as características da cidade, sendo de

cobertas por vegetação nativa (SEBRAE, 1999).

grande

importância que seja ambientada com a imagem da

Conforme Ruschmann (2002 apud RODRIGUES, 2005),

cidade e da própria região (tipo de construção, decoração, tipos

para que um território seja ocupado por uma pousada, deve se

de plantas, jardins, etc.). levando-se em conta um dito popular

levar em conta alguns aspectos como:

de que simplicidade não é sinônimo de mau gosto, pode-se ser simples, porém atraente. Um exemplo de pousada ideal, segundo dados do

Escolher o terreno, observando as condições do

sitio, orientação, topografia, articulação funcional (localização, proximidade

de

serviços,

transporte);

carta

climática

da

SEBRAE (1999), é aquela construída em um ou dois

localidade (Sol, temperatura, umidade, ventos, precipitações

pavimentos, atendendo as características do local, cuja área de

atmosféricas);

construção bruta projetada seja de 384 m2, incluindo área de


38

Articulação arquitetônica entre as propriedades

O partido arquitetônico deve integrar os sistemas

físicas da massa edificada e de entorno, buscar a melhor

naturais aos artificiais, trabalhando o edifício de forma a mesclar

relação ecológica entre terreno (permeabilidade do solo,

iluminação, ventilação, aeração natural a sistemas artificiais de

topografia, projeções do entorno, massas de água, vegetação,

tecnologia limpa.

sombras, composição da envolvente relação entre espaços

A figura 13 ilustra uma típica pousada no Pantanal

abertos e fechados), e o edifício (dimensões e geometria de

Matogrossense:

fechamentos, aberturas, estrutura, e cobertura volumétrica, materiais,

pinturas,

cores,

cheios,

vazios,

propriedades

termoacústicas, toxidade e reciclagem de materiais).  princípios

Escolher ecológicos

materiais de

de

construção,

reciclagem,

segundo

flexibilidade

e

adaptabilidade arquitetônica do edifício a reformas e alterações de layout , de forma a possibilitar e facilitar mudanças com o mínimo custo de materiais e energias. 

Transparência

e

permeabilidade

da

pele

do

edifício, que deve funcionar como moderadora (luz, calor, ar e umidade), permitindo eficiente

controle e interação entre as

necessidades do espaço interno e condições exteriores. 

Incorporar dispositivos bioclimáticos nos edifícios,

integrados aos condicionadores artificiais, dento do conceito ecológico de auto sustentabilidade energética, os recursos técnicos devem adequar-se á função do edifício.

Figura 13: Pousada no Pantanal Matogrossense Fonte: Rodrigues (2005)


39

Esta pousada foi construída em alvenaria, com cobertura de telha de barro, com detalhes em madeira nas varandas,

atividades de pecuária com o turismo, comprovando a viabilidade do desenvolvimento sustentável.

dando uma noção de rusticidade, na busca do regionalismo local.

2.5 Regulamento de pousadas A figura 14 demonstra uma outra pousada, no Pantanal,

onde o meio ambiente continua intocável.

As pousadas são regidas pelo Regulamento dos Meios de Hospedagem de Turismo, da EMBRATUR. Contudo, o empresário não é obrigado a sujeitar-se necessariamente a esse sistema de classificação. No entanto, se o fizer, recebe a chancela do Governo Federal, ou seja, têm a sua qualidade auferida e certificada periodicamente. Assim, conforme esse Regulamento da EMBRATUR, pode se considerar uma pousada o estabelecimento que seja uma pessoa jurídica e que satisfaça às condições seguintes: 1. Seja licenciada pelas autoridades competentes para prestar serviços de hospedagem. 2. Seja administrada ou explorada comercialmente e que

Figura 14: Pousada Caimã no Pantanal Matogrossense Fonte: Rodrigues (2005)

adote, no relacionamento com os hóspedes, contrato de hospedagem, com as características definidas no Regulamento

Esta pousada faz parte do Projeto de Turismo Ecológico no Pantanal de Mato Grosso do Sul e procura integrar as

dos Meios de Hospedagem de Turismo e nas demais legislações aplicáveis que atenda aos padrões classificatórios previstos pela legislação em vigor.


40

3.

Mantenha

permanentemente

os

padrões

de

2.6 Classificação das pousadas

classificação. 4) deve oferecer aos hóspedes, no mínimo: alojamento,

De acordo com o Novo Sistema de Classificação de

para uso temporário dos hóspede, em Unidades Habitacionais

meios de Hospedagem (SBCLass, 2011), conforme

(UH) específicas para esta finalidade; serviços mínimos

Ministerial MTur N° 100, de 16 de junho de 2011 (Anexo A), uma

necessários ao hóspede consistentes em : a) recepção/portaria

pousada

para atendimento e controle permanentes de entrada e saída; b)

horizontal, constituído por, no máximo 30 unidades habitacionais

guarda de bagagens e objetos de uso pessoal dos hóspedes,

e 90 leitos, contendo serviços de recepção, alimentação e

em local apropriado; c) conservação, arrumação e limpeza das

alojamento temporário, podendo ser em um prédio único com

instalações e equipamentos.

até três pavimentos, ou contar com chalés ou bangalôs.

trata-se

de

empreendimento

de

Portaria

característica

Deve-se ressaltar que as Unidade Habitacional ( UH) são

Para as pousadas, a classificação do SBClass (2011)

os espaços atingíveis a partir das áreas principais de circulação

estabelece as categorias de uma estrela (mínimo) a cinco

comuns do estabelecimento, destinado à utilização pelo

estrelas (máximo).

hóspede, para seu bem-estar, higiene e repouso.

A pousada de categoria uma estrela deve atender a

Existem diferentes tipos de Unidades Habitacionais ,

requisitos mínimos de infraestrutura, serviços e sustentabilidade.

quais sejam: a) apartamento –constituído, no mínimo, de quarto

Para cada estrela adicional, a pousada deve atender a uma

de dormir de uso exclusivo do hóspede, com local apropriado

série de requisitos adicionais que diferenciam as categorias

para a guarda de roupas e objetos pessoais, servida por

entre si. Por meio da comparação entre a infraestrutura e

banheiro privativo; b) suite – UH especial constituída de

serviços oferecidos, assim como das ações de sustentabilidade

apartamento, conforme definição anterior, acrescido de sala de

executadas pelo meio de hospedagem o consumidor poderá

estar.

fazer uma melhor escolha.


41

Os serviços oferecidos pela pousada em cada categoria são os seguintes, de acordo com dados do SBCLass (2011): Para uma estrela: 

Serviço de recepção aberto por 12 horas e

acessível durante 24 horas; 

Área de estacionamento;

Troca de roupas de cama e banho em dias

Serviço de alimentação disponível para café da

Medidas permanentes para redução do consumo

de energia elétrica e de água; 

Medidas permanentes para o gerenciamento de

resíduos sólidos, com foco na redução, reuso e reciclagem; 

Medidas permanentes para geração de trabalho e

Serviço de alimentação disponível para café da

manhã; 

Pagamento com cartão de crédito ou de débito;

Medidas permanentes para redução do consumo

de energia elétrica e de água; Medidas permanentes para o gerenciamento de

resíduos sólidos, com foco na redução, reuso e reciclagem; 

manhã;

Troca de roupas de cama e banho em dias

alternados;

alternados; 

Medidas permanentes para geração de trabalho e

renda para a comunidade local 

Programa de treinamento para empregados.

Para três estrelas: 

Serviço de recepção aberto por 12 horas e

acessível durante 24 horas; 

Serviço de guarda dos valores dos hóspedes;

Berço para bebês, a pedido;

Para duas estrelas:

Troca de roupas de cama e banho diariamente;

Minirrefrigerador em 100% das UH;

Climatização (refrigeração/ventilação/calefação)

renda para a comunidade local; 

Programa de treinamento para empregados.

Serviço de recepção aberto por 12 horas e

acessível durante 24 horas; 

Área de estacionamento;

adequada em 100% das UH; 

Bar;


42

Restaurante;

Café da manhã no quarto;

Serviço de alimentação disponível para café da

Serviço de refeições leves e bebidas nos quartos

(room service) no período de 12 horas;

manhã; 

Área de estacionamento;

Troca de roupas de cama e banho diariamente;

Programa de treinamento para empregados;

Duas amenidades, no mínimo, em 100% das UH;

Medidas permanentes para redução do consumo

Serviço de lavanderia;

Sala de estar com televisão;

Televisão em 100% das UH;

Acesso à internet nas áreas sociais;

Mesa com cadeira em 100% das UH;

incluindo

Instalações para recreação de crianças;

pesquisas de opinião, espaço para reclamações e meios para

Salão de jogos;

solucioná-las;

Minirrefrigerador em 100% das UH;

Climatização (refrigeração/calefação) adequada em

de energia elétrica e de água; 

Medidas permanentes para o gerenciamento de

resíduos sólidos, com foco na redução, reuso e reciclagem;  hóspedes

Monitoramento das expectativas e impressões dos em

relação

aos

serviços

ofertados,

Medidas permanentes para geração de trabalho e

renda para a comunidade local.

100% das UH; 

Para quatro estrelas: 

Serviço de recepção aberto por 24 horas;

Serviço de guarda dos valores dos hóspedes;

Berço para bebês, a pedido;

Facilidades

Serviço de alimentação disponível para café da

manhã, almoço e jantar; 

Preparação de dietas especiais (por exemplo:

vegetariana, hipocalórica, etc.); no

Bar;

restaurante, facilidades para aquecimento de mamadeiras e

Restaurante;

comidas, etc);

Área de estacionamento;

para

bebês

(cadeiras

altas


43

Medidas permanentes para redução do consumo

de energia elétrica e de água; 

hóspedes

Medidas permanentes para o gerenciamento de

Monitoramento das expectativas e impressões dos em

relação

Facilidades

para

bebês

(cadeiras

altas

no

restaurante, facilidades para aquecimento de mamadeiras e

resíduos sólidos, com foco na redução, reuso e reciclagem; 

aos

serviços

ofertados,

incluindo

comidas, etc); 

Café da manhã no quarto;

Serviço de refeições leves e bebidas nos quartos

(room service) no período de 24 horas;

pesquisas de opinião, espaço para reclamações e meios para

Troca de roupas de cama e banho diariamente;

solucioná-las;

Secador de cabelo à disposição, sob pedido

Programa

de

treinamento

para

empregados

Serviço de lavanderia;

Medidas permanentes de sensibilização para os hóspedes em

Sala de estar com televisão;

relação à sustentabilidade;

Espaço para leitura;

Televisão em 100% das UH;

Canais de TV por assinatura em 100% das UH;

Acesso à internet nas áreas sociais;

Para cinco estrelas:

Mesa com cadeira em 100% das UH;

Serviço de recepção aberto por 24 horas;

Piscina;

Serviços de mensageiro no período de 24 horas;

Salão de jogos;

Serviço de cofre em 100% das UH para guarda dos

Instalações para recreação de crianças;

valores dos hóspedes;

Minirrefrigerador em 100% das UH;

Quatro amenidades, no mínimo, em 100% das UH;

Climatização (refrigeração/calefação) adequada em

Berço para bebês, a pedido;

Medidas permanentes para geração de trabalho e

renda para a comunidade local; 

Pagamento com cartão de crédito ou de débito.

100% das UH;


44

Serviço de alimentação disponível para café da

manhã, almoço e jantar; 

conta para se projetar uma pousada. Quanto à classificação,

Preparação de dietas especiais (por exemplo:

vegetariana, hipocalórica, etc.); Bar;

Restaurante;

Serviço à la carte no restaurante;

Área de estacionamento;

Medidas permanentes para redução do consumo

programas das grandes operadoras.

de energia elétrica e de água; Medidas permanentes para o gerenciamento de

resíduos sólidos, com foco na redução, reuso e reciclagem;  hóspedes

Monitoramento das expectativas e impressões dos em

relação

aos

serviços

ofertados,

incluindo

pesquisas de opinião, espaço para reclamações e meios para solucioná-las; 

Medidas permanentes de sensibilização para os

hóspedes em relação à sustentabilidade; 

Medidas permanentes para geração de trabalho e

renda para a comunidade local; 

esta vem de encontro ao atendimento das necessidades do turismo e, onde elas não são atendidas, não entram nos

Estes são os elementos que precisam ser levados em

Programa de treinamento para empregados.


45

45

3º CAPÍTULO – REFERÊNCIAS PROJETUAIS


46

3 º - CAPÍTULO- REFERÊNCIAS PROJETUAIS

A realização do projeto de uma pousada na cidade de Colina/SP, levou à leitura de três projetos, quais sejam: Endêmico Resguardo Silvestre, do arquiteto graciastudio - Jorge Gracia; Casas de chá, do arquiteto Miers Ewatt Arquitetos e o Hotel Fasano Las Piedras, do arquiteto Isay Weinfeld.


47 47

1ยบ REFEร NCIA PROJETUAL


48

3.1 Endêmico Resguardo Silvestre Uma das principais premissas era a não interferência Localizado

no Valle de Guadalupe,

Baja Califórnia,

o

direta no terreno, levando-se em conta a filosofia do projeto, que

Endêmico Resguardo Silvestre foi projetado no ano de 2011

era de respeitar a natureza da melhor forma possível. A figura

pelo arquiteto graciastudio – Jorge Gracia. Compreende

16 ilustra esses dados:

um

conjunto de vinte dormitórios/apartamentos independentes, de 20 metros quadrados cada, localizados dentro de uma área de

Por meio da figura 16 observa-se que houve o cuidado para que o terreno não sofresse interferência:

94 hectares, que conta ainda com uma vinícola e uma área residencial. A figura 15 ilustra esta obra:

Figura 15: Endêmico Resguardo Silvestre Fonte: ArchDaily (2011)

Figura 16: Planta de um apartamento do Endêmico Resguardo Silvestre Fonte: ArchDaily (2011)


49

A estrutura surge elevada do terreno A não interferência no terreno também pode ser observada através da figura 17:

e sustenta o

esqueleto dos apartamentos, chamados EcoLoft, permitindo assim que não haja contato direto com o meio, conforme se observa na figura 18:

Figura 17: A não interferência direta no terreno Fonte: ArchDaily (2011)

Figura18: Disponibilidade de aço e o não contato direto com o meio Fonte: ArchDaily (2011)

disponibilidade do pilotis

O aço corten foi utilizado para o revestimento, Com o

por parte do cliente, que direcionou o projeto e também na forma

passar do tempo ele muda sua coloração, mimetizando-se com

limpa de utilizar o material.

a paisagem, possibilitando que obra e meio ambiente estejam

Isto foi possível, graças à

em harmonia, conforme ilustra a figura 19:


50

Figura 20: Conceito de casa para acampar “de luxo” Fonte: ArchDaily (2011) Figura 19: A harmonia da obra com o meio ambiente Fonte: ArchDaily (2011)

As figuras 17, 18 demonstram que neste projeto ocorreu o A implantação do

projeto

surgiu

do

conceito de

se

criar uma casa para acampar “de luxo”, de forma a atender as expectativas básicas dos hóspedes, fomentando ao mesmo tempo o seu contato com o meio ambiente e o desfrutar de paisagens incríveis. A figura 20 ilustra este dado:

respeito à natureza de toda forma possível.


51

A

obra

do

Endêmico

Resguardo

Silvestre

foi

especialmente projetada para o turismo e os materiais utilizados em sua construção foram madeira e vidro e sua estrutura foi toda em aço, devido a grande disponibilidade desse material no local. O projeto da pousada na cidade de Colina também contemplará os materiais descritos acima Figura 21 – Corte de um apartamento Fonte: ArchDaily (2011)

como madeira,

alvenaria cerâmica e vidro e utilização do aço em sua estrutura.

As figuras 23, demonstra o fluxo da obra: ( vide pagina 52 )

Figura 22: Elevação do esqueleto da sala, com o nome EcoLoft, para evitar o contacto com o solo Fonte: ArchDaily (2011)


52

Figura 23: Fluxo do EndĂŞmico Resguardo Silvestre Fonte: Fonte: ArchDaily (2011) e Autora


53 53

2ยบ REFERร NCIAS PROJETUAL


54

3.2 Casas de Chá

telhados planos. Com o seu tamanho mínimo, o projeto paira levemente

Projeto do Miers Swatt Arquitetos, as Casas de Chá foram construídas no ano de 2009 e se localizam no Vale do Silício, na

sobre

a

terra,

minimizando

classificação

e

preservação dos sistemas de raízes delicadas dos carvalhos autóctones, como se pode observar na figura a seguir:

Califórnia. A figura 24 demonstra estas casas.

Figura 24: Casas de Chá Fonte: ArchDaily (2010)

As casas são construídas com uma estrutura em aço e

Figura 25: Casas de Chá como lanternas pairando sobre a paisagem natural Fonte: ArchDaily (2010)

um pavilhão de vidro transparente e parecem parar como uma lanterna sobre a paisagem natural. Moldados no local, elementos centrais de concreto ancoram os pavilhões, apoiando vigas de aço , bem como os núcleos de apoio no chão e

A idéia do projeto surgiu quando o proprietário e sua filha, em passeio ao bosque daquela localidade e perceberam um local tão apropriado para a construção de uma casa na árvore.


55

Então, assim se fez e esta primeira casa foi construída com 600

Cada uma destas três casas de chá possui um tamanho

m2. No entanto, algum tempo depois a família decidiu que esta

diferente, cada um com sua finalidade própria. Uma delas, a

casa fosse subdividida em três, direcionadas ao turismo,

Casa "meditação" possui 270 m2, situada sob a copa da árvore,

conforme ilustra a figura 26:

o maior carvalho do local, sendo um lugar para a contemplação individual. Outra casa de chá é um pouco maior, é a Casa de chá de “dormir”, com cerca de 372 m2, como um local projetado para dormir. Esta estrutura é acompanhado por um núcleo que forma o banheiro, com vista para o céu iluminado, que faz a ponte para a maior casa de chá. A terceira casa de chá é a Casa “de visionamento”, com 492 m 2, destinada a encontros íntimos e pensamento criativo. A noção de "simplicidade calma" é um tema que consiste no interior desta edificação. Lá não existem telefones, televisores ou sistemas de áudio. A figura 27 ilustra o banheiro com vista para o céu iluminado.

Figura 26: Três Casas de Chá Fonte: ArchDaily (2010)


56

dissolver a barreira entre o interior e o exterior. O arrefecimento natural

é

reforçado

pelo

sombreamento

de

paisagismo

estrategicamente colocadas, incluindo árvores verdes, sequóias e bambu e árvores de folha caduca gingko. O aquecimento é proporcionado por um sistema de hydronic radiante, abaixo do pavimento. A electricidade é produzida no local por um conjunto de placas fotovoltaicas montadas sobre o telhado da casa principal, conforme se observa na figura 28:

Figura 27: Banheiro com vista para o céu Fonte: ArchDaily (2010)

O projeto enfatiza a sustentabilidade. As portas de aço e janelas são emolduradas com toldos, de forma a permitir o acesso à alta e baixa ventilação. As portas de correr são moldadas em alumínio, com interlockers de aço personalizados e painéis de vidro fixos, mitrados nos cantos, de maneira a

Figura 28: Placas fotovoltaicas montadas sobre o telhado da casa principal Fonte: ArchDaily (2010)


57

Os interiores são construídos com uma combinação de

fora do vidro, e por noite, brilham as estruturas como lanternas

materiais simples contrastantes, como aço, vidro e concreto

em um jardim. Visto de longe ou de dentro, as casas de chá

orgânico, bem como tábuas de cedro reciclados a partir da

parecem estarem ligadas à paisagem nativa da Califórnia.

remodelação da casa principal.

Figura 29: Combinação de materiais: aço. Vidro, concreto e madeira. Fonte: ArchDaily (2010)

Como a luz do sol e as sombras se movem através da encosta, as casas de chá assumem diferentes formas: quando o Sol nasce, as estruturas desaparecem nas sombras longas; a silhueta suave do sol do meio-dia lança reflexões dramáticos

Figura 30: Casas de chá parecem estarem indissoluvelmente ligadas à paisagem nativa da Califórnia Fonte: ArchDaily (2010)


58

Figura 32: Corte de uma Casa de Chá Fonte: ArchDaily (2010) Figura 31: A noite as estruturam brilham Fonte: ArchDaily (2010)

A figura 32 demonstra a Corte de uma Casa de Chá:

A figura 33 demonstra a Implantação das três Casas de Chá:


59

Figura 33: Implantação das três Casas de Chá Fonte: ArchDaily (2010)

A figura 34, 35 a seguir demonstra o fluxo desta obra: A obra foi construída direcionada para o turismo e utilizou em sua construção materiais como: madeira, vidro, aço e concreto, os quais também serão utilizados na pousada da cidade de Colina.


60 60

Figura 34: Fluxo da Casas de Chรก Fonte: ArchDaily (2010) e Autora


61

Figura 35: Fluxo das Casa de Chá Meditação Fonte: Fonte: ArchDaily (2010) e Autora


62 62

3ยบ REFERร NCIA PROJETUAL


63

Localizado em La Barra e com 3 km de frente para o Rio 3.3 Hotel Fasano-Las-Piedras

Maldonado o hóspede pode mergulhar no life sty le de Punta ou

O Hotel Fasano Las Piedras é um empreendimento

refugiar-se dele. O paisagismo típico da região combinado com

construído em Punta Del Este, no Uruguay, no ano de 2010,

o pôr do Sol espetacular de Punta criaram um cenário

com uma área de 43.000,00 m², cujo arquiteto foi Isay Weinfeld.

maravilhoso às margens do Maldonado.

Ao chegar em Punta Del Este para uma primeira visita de

Neste hotel há uma combinação de casas particulares,

reconhecimento do terreno, o arquiteto e sua equipe técnica não

bangalôs de hotel e outras amenidades, como spa, centro

tiveram dúvidas de que aquelas construções – rústicas e

equestre, campos de polo e 3 km de praia no riverside do Arroyo

artesanais – deveriam ser preservadas. Assim, estudaram

Maldonado, numa ampla área de 480 hectares, dominada por

detalhadamente do programa e optaram pela implantação

uma paisagem dramática e deslumbrante: árida, rochosa e de

pulverizada

vegetação esparsa e rasteira.

das

unidades

que

compõem

o

complexo,

concebidas e distribuídas como módulos isolados, “pousados naturalmente” sobre o terreno, como as próprias pedras – uma solução que visa evitar a construção de grandes prédios ou volumes que interfiram demais na paisagem. Também decidiram instalar na antiga casa a recepção do hotel e o Restaurante Las Piedras, e no anexo – antes quartos privativos do proprietário – o Restaurante Fasano. Em 480 hectares de paisagens deslumbrantes, surge o Hotel Las Piedras, o primeiro empreendimento a reunir atributos de praia e campo (Beache Country) em Punta Del Este.


64

Figura 37: Módulos isolados, “pousados naturalmente” sobre o terreno Fonte: ArchDaily (2011) Figura 36: Hotel Fasano Las Piedras Fonte: ArchDaily (2011)

As demais estruturas – 20 bangalôs de 80 e 120m², spa, piscina e bar, local para festas – foram construídas no mesmo conceito, distribuídas e „pousadas‟ pela propriedade, como as próprias pedras locais.


65

Figura 38: Unidades distribuídas e „pousadas‟ pela propriedade Fonte: ArchDaily (2011)

A

antiga

residência

do

proprietário

anterior

Figura 39: Restaurante Fasano Fonte: ArchDaily (2011)

foi

Foram pouquíssimas as intervenções feitas no anexo,

completamente remodelada e expandida, de forma a abrigar a

erigido no ponto mais alto da propriedade, com vistas

recepção do hotel e o Restaurante Las Piedras – onde são

privilegiadas do entorno: na área interna, paredes, piso, portas,

servidos aos hóspedes o café da manhã e o almoço. O

janelas e forro de madeira foram mantidos; na área externa, um

restaurante ocupa completamente uma das alas do prédio em

novo deck de madeira, rebaixado, foi anexado ao existente.

forma de U, com mesas tanto no salão, como na varanda – esta

Interligado ao anexo foi construído um volume inteiramente

última aberta para um pequeno pátio.

novo, para abrigar a cozinha e as dependências de apoio: de


66

concreto aparente e ligeiramente mais baixo que a construção

vestiários, o bar e o lounge para festas, para atender aos

de pedra, mantém uma relação respeitosa com esta e não

hóspedes na piscina.

destoa absolutamente na paisagem rochosa.

Figura 41: container de aço Fonte: ArchDaily (2011) Figura 40: Piscina e bar Fonte: ArchDaily (2011)

O spa consiste de um volume térreo, retangular, em A piscina foi instalada na parte mais alta do terreno, com

concreto aparente. Todas as salas (de tratamento, sauna seca e

vista privilegiada da paisagem ao redor, tendo ainda a vantagem

úmida, piscina e relaxamento e suíte privativa), alocadas no

de estar em uma depressão natural entre as pedras. Ao lado

perímetro da construção, deixam ao centro um espaço para um

dela foi colocado um container de aço corten para abrigar os

pequeno jardim descoberto, em torno do qual se organiza a


67

circulação. A escolha dos materiais e a luz filtrada que entra através das aberturas nas paredes de concreto e dos domos contribuem para um clima de serenidade em todos os ambientes.

Figura 43: Cabanas Fonte: ArchDaily (2011)

Figura 42: Spa Fonte: ArchDaily (2011)

As cabanas, com 180m2 e arquitetura contemporânea, têm vista privilegiada para o lago e para a mata, propiciando aos hóspedes uma maior privacidade e uma vista exuberante.

A figura 44, 45, 44, 46, 47, 48, 49 ilustra Planta Corte e Elevação Hotel Las Piedras:


68

Figura 44: Planta do Hotel Las Piedras Restaurante Fasano Fonte: ArchDaily (2011)

Figura 45: Esboรงo da obra Piscina e Bar Fonte: ArchDaily (2011)


69

Figura 46: Cortes do projeto e Planta da Recepção e Restaurante Fonte: ArchDaily (2011)

Figura 47: Cortes do projeto e SPA Fonte: ArchDaily (2011)


70

Figura 48: Fachada Fonte: ArchDaily (2011)

Este Hotel foi construído exclusivamente direcionado para o turismo e teve em sua construção a utilização de

Figura 49: Plantas dos Bangalôs Hotel Fasano Las Piedras e Espaço para Eventos Fonte: ArchDaily (2011)

materiais como: concreto e madeira e sua estrutura consiste em concreto e pedra. No projeto da Pousada em Colina também será utilizados materiais como concreto e madeira

As figuras 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56 demonstram os fluxos destas obras:


71 71

Figura 50: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras Recepção e Restaurante Fonte: ArchDaily (2011) a Autora


72 72

Figura 51: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras Restaurante Fasano Fonte: ArchDaily (2011) e Autora


73

Figura 52: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras Bangal么 80 m虏 Fonte: ArchDaily (2011) e Autora


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Figura 53: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras Bangal么 120 m虏 Fonte: ArchDaily (2011) e Autora


75 75


76

Figura 55: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras Espaรงo para Eventos Fonte: ArchDaily (2011) e Autora


7777

Figura 56: Fluxo do Hotel Fasano Las Piedras SPA Fonte: ArchDaily (2011) e Autora


78 78

4º CAPÍTULO –

ESTUDO DE CASO


79

4º - CAPÍTULO -ESTUDO DE CASO – VISITA À POUSADINHA Esta pousada hospeda turistas que vêm paras os eventos

EM COLINA

que ocorrem na região, como as festas, do Cavalo em Colina, Este estudo de caso foi realizado em uma pousada da cidade de Colina/SP, chamada “Pousadinha”. Ela se localiza na Avenida Rui Barbosa, centro da cidade. A figura 57 demonstra a facha desta pousada:

realizada no mês de julho e a do Peão de Boiadeiro, em Barretos, realizada no mês de agosto e também outros eventos como Encontro de Motoqueiros e Exposição de Carros Antigos, realizados na região (Barretos, Bebedouro, Colina), Também oferece hospedagem a empresários, negociantes e profissionais de vendas, que vêm para Colina realizar seus negócios. De acordo com a classificação do Ministério do Turismo, a Pousadinha, de propriedade do Sr, Ronaldo Ivanof, está classificada com 1 estrela, oferecendo, desta forma, os seguintes serviços: - Serviços de recepção aberto por 12 horas e acessível durante 24 horas. - Área de estacionamento. - Troca de roupas de cama e banho em dias alternados; - Serviço de alimentação disponível para café da manhã. - Medidas permanentes para redução do consumo de energia elétrica e de água.

Figura 57: Pousadinha em Colina Fonte: Autora (2012)

- Medidas permanentes para o gerenciamento de resíduos sólidos, como foco na redução, reuso e reciclagem.


80

- Medidas permanentes para geração de trabalho e renda para a comunidade local.

A Pousadinha é composta de quartos sem nenhuma sofisticação e com pouca qualidade, sendo eles caracterizados

- Programa de treinamento para empregados.

por quartos triplos (casal e solteiro), conforme se observa na

A Figura 58 demonstra a entrada da Pousadinha:

figura a seguir:

Figura 58: Entrada da Pousadinha Fonte: Autora (2012)


81

Figura 60: Quarto para casal na Pousadinha Fonte: Autora (2012)

Alguns pontos críticos foram observados na Pousadinha, Figura 59: Quarto simples de solteiro na Pousadinha Fonte: Autora (2012)

por isso ela não será utilizada como referência no atual projeto,


82

objeto deste estudo. Dentre os principais pontos críticos encontrados, destacam-se alguns: O acesso para os quartos é o mesmo utilizado para a saída do lixo, não apresentando uma separação dessas áreas,

Outro problema detectado é que existe um quarto para deficiente físico, contudo o seu acesso possui degraus e se localiza no mesmo acesso da lavanderia, conforme se observa nas figuras a seguir:

conforme demonstra figura a seguir:

Figura 62: Acesso aos quartos Fonte: Autora (2012) Figura 61: Acesso para os quartos Fonte: Autora (2012)


83

O acesso dos quartos não pode ser o mesmo da área de serviços,

pois

isto

provoca

conflitos

entre

hóspedes

e

funcionários.

Os quartos não recebem a luz solar no período matutino, por isso são caracterizados com pouca iluminação, o que repercuti em um aumento de energia. São quartos frios e

O quarto de deficiente físico deveria ter o seu acesso com uma rampa.

úmidos. Todos os quartos deveriam receber, em pelo menos algumas horas, um pouco de luz solar, para tornar os ambientes mais secos e com iluminação natural. A Pousadinha não oferece refeições diárias, somente o café da manhã, que é servido em uma salinha adaptada, conforme figura a seguir:

Figura 63: Acesso á lavanderia Fonte: Autora (2012)

Figura 64: Salinha adaptada para café da manhã. Fonte: Autora (2012)


84

TambĂŠm a piscina se localiza em lugar inadequado, pois dĂĄ acesso direto para os quartos, conforme demonstra a seguinte figura:

A figura a seguir demonstra o Projeto Plano de Massa da Pousadinha: Embora com todos esses problemas, bem perceptĂ­veis, foi importante a visita na Pousadinha, visto que se trata da melhor forma de hospedagem existente na cidade de Colina.

Figura 65: Piscina localizada no acesso aos quartos Fonte: Autora (2012)


85

Figura 66: Projeto Plano de Massa Pousadinha Fonte: Autora


86 86

5º CAPÍTULO –

PROJETO DE POUSADA EM COLINA


87

5º - CAPÍTULO - PROJETO DE POUSADA EM COLINA

Este trabalho busca apresentar um projeto de arquitetura para uma pousada na cidade de Colina/SP, visto que esta forma de hospedagem lá existente é inadequada para tal e apresenta alguns sérios problemas, conforme verificado no estudo de caso. A intenção deste projeto é projetar uma pousada que ofereça ao hóspede conforto, segurança, bem estar e um moderno design. Para A realização deste projeto, necessário se faz apresentar o perfil da cidade.

Figura 67: Localização da cidade de Colina/SP Fonte: Prefeitura Municipal de Colina (2012)

O município comemora seu aniversário no dia 21 de Abril 5.1 Caracterizaçâo de Colina

e conta, atualmente, com uma população de aproximadamente 18.000 habitantes, conforme dados do IBGE (2010).

O município de Colina encontra-se localizado na região

O acesso rodoviário de Colina faz-se por meio da

norte do estado de São Paulo, distando em linha reta 371 km da

Rodovia SP Brigadeiro Faria Lima, porém, a ligação do

cidade de São Paulo e situado na sexta região administrativa do

município com as cidades vizinhas se faz por intermédio de uma

estado, sub-regional de Barretos, conforme demonstra a figura

rede de estradas municipais e vicinais. Sua distância da Capital

67:

do Estado: por ferrovia é de 489 km e por rodovia é de 405 km. A vegetação do município é caracterizada pela mata alta e pelo cerrado e, quanto ao clima, a região apresenta


88

características bastante suaves. Seu clima é temperado,

Possui ainda cinco estabelecimentos de crédito: Caixa

sofrendo variações não muito bruscas. A temperatura média

Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco Bradesco, banco

atinge os 24º C. As chuvas se manifestam de setembro a março,

Santander e Cooperativa de Crédito Credicitrus.

sendo mais freqüentes de dezembro a janeiro. O seu relevo é suavemente ondulado, solo firme e terreno

Na área de educação, Colina possui escolas do ensino fundamental e médio e ainda não possui faculdades. Dentre estas escolas, uma é a Escola Técnica Agrícola Municipal –

árido. Em relação aos aspectos econômicos, as atividades

Etam, e um colégio particular chamado Colégio Cecília Meireles.

econômicas básicas do município é a agricultura e a pecuária. Na pecuária, destacando-se a criação de cavalos de raça,

5.2 História de Colina

bovinos (leiteiros e de corte), suínos, ovinos, asininos e caprinos. Na agricultura são produzidos cana-de-açúcar e

Dados retirados do site oficial de Colina (2012) informam

seringueira, em maior escala e laranja, soja, café, algodão,

Colina nasceu graças à iniciativa do Coronel José Venâncio

milho, feijão e amendoim em pequena escala.

Dias, que era o proprietário de terras que deram origem ao

O município possui um crescimento industrial moderado,

município, denominadas Fazenda Colina. A Fazenda Colina era

sobretudo, abriga em seu distrito industrial a Sucocítrico Cutrale

constituída de três partes: Baixada – atual centro da cidade;

S/A, um a indústria de Tripas para embutidos chamada

Baixadinha – que inclui parte do Bairro Cemitério e Cabaças

Comércio de Tripas União Conseg, uma indústria de látex,

onde está hoje localizado o Pólo Regional de Desenvolvimento

chamada de Colitex e uma usina do setor sucroalcooleiro,

dos Agronegócios da Alta Mogiana.

chamada Usina São José pertencente ao Grupo Guarani. Seu comércio é relativamente pequeno, mas o bastante para suprir as necessidades básicas de sua população.

A criação do município ocorreu por meio da Lei Estadual nº 2096, de 24 de dezembro de 1925 e no ano seguinte ocorreu oficialmente sua criação, no dia 21 de abril de 1926, data em


89

que se considera a emancipação político-administrativa. A

destinado à Cavalaria 9 de julho (criação de cavalos para a

cidade possui uma área territorial compreendida em 424 km2.

guarda montada da policia militar do estado). Toda criação é

Nos anos anteriores a 1926, a história de Colina foi uma

usada para a pratica de esportes como o Pólo, reconhecida

verdadeira luta de desbravamento promovida pelas primeiras

internacionalmente e hipismo, que já formou vários cavaleiros

famílias que aqui chegaram ao final do século XIX, por volta do

participantes de competições hípicas em todo o mundo, dentre

ano de 1900.

eles, André Ricardo Paro, Carlos Eduardo Paro,

A Companhia Paulista de Estradas de Ferro já havia

Luciano

Mirando Drubi e Antenor Junqueira Franco.

estendido seus trilhos até Bebedouro e dependia de verba para

André Ricardo Paro participou das olimpíadas de

adquirir o leito ferroviário até Barretos. Foi aí, que entrou em

Barcelona de 1992, Atlanta de 1996, e medalha de bronze nos

cena o Coronel José Venâncio Dias que foi até Campinas e em

jogos pan-americanos do Rio de Janeiro em 2007, já

reunião com os diretores da Ferrovia, ofereceu, gratuitamente, a

classificado para as olimpíadas de Pequim em 2008.

faixa de terras necessária ao empreendimento.

Carlos Eduardo Paro participou das olimpíadas de Atlanta

A expansão da cidade de Colina ocorreu em razão da à

de 1996, e ganhou medalha de bronze nos jogos pan-

cultura do café, que aos poucos foi dando lugar à pecuária e

americanos do Rio de Janeiro em 2007, sendo também

lavouras diversas, atualmente predominando a cultura da cana

classificado para as olimpíadas de Pequim em 2008. O cavaleiro

de açúcar.

reside atualmente na Inglaterra, onde treina.

Hoje há também a criação de eqüinos, que tornou Colina

Luciano Miranda Drubi, depois de 52 anos, foi o primeiro

conhecida como a “Capital Nacional do Cavalo” em virtude da

a ser classificado para as olimpíadas de Barcelona. Com isso

criação de cavalos das raças bretão, mangalarga, Anglo-arabe e

conquistando o seu nome no livro de recordes. Teve

BH (Brasileiro de Hipismo ).

participação nas olimpíadas de Atlanta em 1996. Em 1995 foi

No município conta também com a instalação do Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegocios,

medalha de ouro nos jogos pan-americanos de Mar Del Plata na


90

Argentina. Em 1999 foi medalha de prata nos jogos pan-

5.3 Diretrizes projetuais

americanos de Winnipeg, no Canadá. Os cavaleiros colinenses participam das provas CCE Concurso Completo de Equitação.

O partido da proposta é a apresentação de um projeto de uma pousada que se caracterize pelos conceitos da arquitetura

Em virtude da tradição hípica, o município realiza a Festa

contemporânea, levando-se em consideração o ecoturismo e o

do Cavalo anualmente, durante o mês de julho, no Recinto

regionalismo e que empregue o uso de materiais que

Municipal, atraindo turistas de todo o Brasil e cavaleiros

proporcionem à obra uma significativa redução de gastos, de

internacionais para as competições hípicas.

forma a proporcionar a seus hóspedes muito conforto,

A figura 68 ilustra uma foto aérea do município de Colina:

qualidade, bom atendimento e também a vontade de voltar sempre.

5.3.1 O terreno

O terreno selecionado para a elaboração do projeto localiza-se no Bairro chamado Vila Hípica, Rodovia Municipal Colina/Monte Azul Paulista. Trata-se de um bairro novo no Figura 68: Foto aérea do município de Colina. Fonte: Prefeitura Municipal de Colina (2012).

município, tendo sido loteado e asfaltado bem recentemente. A escolha deste terreno se deve em razão da proximidade com alguns locais importantes em Colina, como o Recinto Mário de Felício, onde se realiza a Festa do Cavalo de Colina; o campo de Pólo, onde se realiza esta prática esportiva, atraindo grandes esportistas e muitos turistas; o Pólo Regional de


91

Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios, onde ocorre a

O bairro Vila Hípica passa, atualmente, por uma fase de

criação e desenvolvimento de cavalos de raça, bem como

desenvolvimento e está gradativamente se expandindo para

estudos e pesquisas sobre estes animais; o Clube Hípico, onde

beneficiar parte da população colinenses.

se realiza esta prática esportiva, também atraindo esportistas e turistas. Assim, verifica-se que o terreno escolhido se localiza em local estratégico para a hospedagem. A figura 69 demonstra a rodovia de acesso à esse terreno:

Figura 70: Bairro Vila Hípica ( Terreno – Vista Frontal ) Fonte: Autora (2012) Figura 69: Rodovia Municipal Renê Vaz de Almeida de acesso ao terreno – que liga Colina a Monte Azul Paulista Fonte: Autora (2012)

O loteamento já possui toda uma infraestrutura urbana necessária para a realização do projeto, como as vias


92

asfaltadas, sistema de água e esgosto, energia elétrica e

utilizados na arquitetura contemporânea, como por exemplo,

galerias pluviais. A figura 71 ilustra este loteamento:

grandes aberturas em vidro para proporcionar iluminação e ventilação

natural,

superfícies

translúcidas,

madeira

de

demolição, barreiras contra a insolação direta, entre outros. A área da pousada apresentará fluxos coerentes com o seu uso, de forma a facilitar a circulação e a distribuição das salas. O local obedecerá as normas determinadas para os projetos de pousada, na qual serão empregados materiais adequados, de forma a proporcionar , conforto e segurança aos hóspedes.

Figura 71: Loteamento da Vila Hípica (Terreno Lateral Direita) Fonte: Autora (2012)

5.3.2 Intenções formais As intenções formais deste projeto é a realização de uma obra que utilize volumes diferenciados entre si e materiais de


93

Figura 72: Mapa da Cidade de Colina - SP Fonte: Autora


94

Figura 73: Mapa Uso do Solo da Cidade de Colina - SP Fonte: Autora


95

Figura 74: Implantação do Terreno Fonte: Autora


96

5.3.3 Croqui da pousada

As figuras a seguir demonstram os croquis da Pousada em Colina:

Figura 76: Croqui da Pousada em Colina Fonte: Autora Figura 75: croqui da Posada em Colina Fonte: Autora


97

Figura 78: Croqui da Pousada em Colina Fonte: Autora

Figura 77: Croqui da Pousada em Colina Fonte: Autora


98

Figura 79: Croqui da Pousada em Colina Fonte: Autora

Figura 80: Croqui da Pousada em Colina Fonte: Autora


99

Figura 81: Croqui da Pousada em Colina Fonte: Autora Figura 82: Croqui da Pousada em Colina Fonte: Autora


100

Figura 84: Croqui da Pousada em Colina Fonte: Autora Figura 83: Croqui da Pousada em Colina Fonte: Autora


101

Figura 85: Bangal么 com Plano de Massa Layout Fonte: Autora


102

Figura 86: Bangal么 com Cotas Fonte: Autora


103

CONSIDERAÇÕES FINAIS

fotografar o local onde se implantará o projeto. Contudo, embora tenha resultado em um trabalho bem simples, pode mostrar a

Após a elaboração deste trabalho deve-se considerar que

importância da preocupação com o meio ambiente, construindo

o objetivo proposto inicialmente foi alcançado, visto que se

sem agredi-lo; com a região, considerando o regionalismo sem

compreendeu os conceitos relacionados á arquitetura de

deixar a obra de ser moderna; pensando o turista e no

hotelaria, verificou-se a classificação dos meios de hospedagem,

negociante que busca um local confortável e belo para se

conceituou-se pousada, bem como seus serviços e apresentou-

hospedar.

se as referências projetuais, nas quais se baseou a criação

Projetar esta pousada na cidade de Colina, mostrou a

deste projeto de uma pousada em Colina e verificou-se, através

intensidade do trabalho do arquiteto, como se fosse um escultor

de um estudo de caso de uma Pousada já existente naquela

esculpindo sua obra de arte; como se fosse um fruto de uma

cidade, as possíveis falhas que podem ocorrer na arquitetura,

longa gestação.

que demanda muita atenção por parte dos projetistas..

Foi gratificante este trabalho, porém, não esgota o

Pode-se afirmar que foi um trabalho construtivo, na medida

que

trouxe

maiores

conhecimentos

acerca

assunto, vez

que outros estudos podem ser realizados

da

buscando enfatizar novas formas de projetar de modo a

importância de um projeto e de todos os elementos que devem

preservar o meio ambiente e conciliar bom gosto com economia

ser considerados, tais como: ventilação, iluminação, materiais,

e conforto.

entorno, design e fatores como flexibilidade, circulação, redução de energia e outros, os quais possibilitam que uma obra se torne exemplo para outros arquitetos. Durante a realização deste trabalho houveram algumas limitações, como por exemplo a falta de tempo para pesquisas mais aprofundadas sobre o assunto e disponibilidade para


104

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106

ANEXO A - PORTARIA Nยบ 100 - 21/06/2011 - MINISTร RIO DO TURISMO

GABINETE DO MINISTRO


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