TFG- CENTRO DE NEUROREABILITAÇÃO INFANTIL

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C E N T R O D E NEUROREABILITAÇÃO I N F A N T I L


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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU CURSO DE GRADUAÇÃO DE ARQUITETURA

GISELE VALÉRIA DA SILVA

CENTRO DE NEUROREABILITAÇÃO INFANTIL

RECIFE 2019


2 GISELE VALÉRIA DA SILVA

CENTRO DE NEUROREABILITAÇÃO INFANTIL

Projeto apresentado ao Curso de Graduação de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Maurício de Nassau do estado de Pernambuco, como pré-requisito para obtenção de nota da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação da Professora MSc. Ana Maria Moreira Maciel.

RECIFE 2019


3 GISELE VALÉRIA DA SILVA

CENTRO DE NEUROREABILITAÇÃO INFANTIL

Projeto apresentado ao Curso de Graduação de Arquitetura do Centro Universitário Maurício de Nassau do estado de Pernambuco, como pré-requisito para obtenção de nota da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação da Professora Msc. Ana Maria Moreira Maciel.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Ana Maria Moreira Maciel Professora Orientadora

________________________________________________ Professor(a) e Convidado(a) Interno(a)

________________________________________________ Professor(a) e Convidado(a) Externo(a)


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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ser a luz que me guia o chão que eu piso, trazendo tranquilidade e paz nos momentos mais difíceis, me fortalecendo todos os dias.

Aos meus pais e minha avó, que me apoiaram e incentivaram em todos os momentos, fazendo com que eu buscasse cada vez mais me empenhar e nunca desistir dos meus objetivos.

Ao meu esposo, que suportou meus momentos de ansiedade, trazendo tranquilidade e me orientando no dia a dia, mostrando o melhor caminho para a solução dos problemas.

Aos meus colegas de turma, que nesses cinco anos compartilharam muitas alegrias, companheirismo, apoio nas dificuldades diárias e o aprendizado da divisão de tarefas que a cada período facilitava e trazia leveza com o trabalho em grupo.

A minha orientadora Ana Maria Maciel, por seu incentivo e dedicação em extrair o meu máximo, para que desenvolvesse um trabalho de excelência.

Aos meus professores, onde sua maior tarefa foi formar pessoas e profissionais competentes, compartilhando seu conhecimento e experiências.

E por fim, a coordenação do curso de Arquitetura e Urbanismo, pela melhora diária do aluno na instituição.


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“Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo�. Buda


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RESUMO Este trabalho irá abordar a importância da implantação de um centro de neuroreabilitação infantil, buscando o conceito de humanização. Seu objetivo será atender pacientes que necessitam de cuidados especiais, com lesões neurológicas adquiridas ou doenças congênitas, entre 0 a 12 anos. Um centro de neuroreabilitação na verdade trata-se de um centro clínico especializado na recuperação física e psicológica de um paciente com dificuldades consideradas básicas, que com o tempo e falta de tratamento se torna cada vez mais difícil sua recuperação. A instituição será implantada na cidade do Recife, que concentra o maior número de casos de crianças com doenças neurológicas em Pernambuco. O objetivo é, portanto, a elaboração de um espaço que traga oportunidade de evolução dos pacientes e orientação aos familiares, para que o tratamento se torne eficaz. Dessa forma a definição do local de implantação do equipamento foi de suma importância, uma vez que esse fator é apontado como motivo de desistências ou desmotivação na continuação do tratamento. Sendo assim, foi escolhido uma localização próxima a hospitais de referência, vias de circulação rápida e que interligam a um numero grande de localidades, desde cidades da região metropolitana até regiões da mata e agreste do estado. A proposta estará voltada para criação de ambientes sensoriais, lúdicos e com atividades para desenvolvimento dos sentidos, trazendo independência e melhorias ao tratamento. Finalmente ambientes agradáveis, aconchegantes, com grandes jardins, salas de atividades diversas e espaços de convivência, uma estrutura que atenda e demonstre o interesse por essas pessoas que dependem diariamente de uma atenção básica de saúde.

Palavras Chave: Clínica, arquitetura hospitalar, crianças, humanização, doenças congênitas.


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ABSTRACT

This monograph aims to highlight the implantation importance of a childhood neurorehabilitation center, as of the architecture humanization concept. The purpose will be to manage acquired neurological lesions or congenital diseases on 0-12-yearold children who need special care. A neuro-rehabilitation center is a clinical complex specialized in the physical and psychological recovery of disabilities' people, without treatment over the years their recovery is almost impossible. This institution will be in Recife's city, which concentrates the highest percentage of childhood neurological diseases cases in Pernambuco's state. The objective is elaborate an opportunity space which helps on the patient evolution, besides to orientate the family about the treatment efficiency. On this wise, the equipment’s implantation local was major important, since this factor indicates whether the patient will be able to continue or quit the treatment process. Therefore, the picked location is close to reference hospitals, smart urban connection ways which join since metropolitan cities to outlying areas. The project focus is about creating sensorial and playful places that afford activities to evolve the human sense, gathering independence and improvements to patient's treatment. At long last, this institution will provide a comfortable ambiance with large gardens, rooms to develop many activities and living spaces to rest. The building's structure intends to attend and set forth interest in people with disabilities.

Key-words: diseases.

Clinic,

hospital

architecture,

children,

humanization,

congenital


8 LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Dimensionamento mínimo para rotação de 90º, 180º e 360º Figura 02: Alcance manual lateral sem deslocamento do tronco Figura 03: Alcance visual sentado Figura 04: Símbolo utilizado em vagas de estacionamento Figura 05: Dimensionamento mínimo das calçadas Figura 06: Dimensionamento para instalações de barras de apoio, bacias para adultos e crianças Figura 07: Espaço para diversão Figura 08: Jardim do hospital infantil do Legacy Emanuel Medical Center. Figura 09 Programa de necessidades da instituição, dividido entre os blocos A, B e C. Figura 10: Fachada principal da AACD, com os jardins internos interligando os blocos Figura 11: Oficina Ortopédica, para criação, armazenamento e entrega de próteses Figura 12: Bazar locado em três container. Figura 13: Fisioterapia Aquática Figura 14: Fachada do Hospital Infantil Sabará Figura 15: Ambientes lúdicos com características da fauna e flora Figura16: Painéis lúdicos no percurso do hospital Figura 17: Sala de tomografia com representação de foguete, para distração dos pacientes Figura 18: Mapa do Campus, complexo hospitalar localizado no coração da cidade de Portland Figura 19: Estrutura convidativa dispersando a ideia de um ambiente hospitalar comum Figura 20: Ambientes lúdicos percorrem todo o espaço hospitalar, trazendo maior leveza Figura 21: Terraço jardim com curvas e espaços de permanência Figura 22:Jardim externo com claraboias em forma de cone Figura 23: Mapa da Cidade de Recife, com as divisões das RPAs, totalizando 6 regiões. Figura 24: Localização do bairro da Cidade Universitária no contexto nacional, estadual e metropolitano. Figura 25: Imagem aérea indicando a localização do terreno escolhido Figura 26: Mapa de visadas, identificando edificações importantes Figura 27: Mapa de Nolli, identificando o adensamento Figura 28: Mapa de Usos, identificando a diversidade das edificações Figura 29: Mapa de Gabaritos, identificando a altura das edificações Figura 30: Mapa de Sistema viário, identificando o fluxo e acessos de veiculos

24 25 25 26 26 27 38 39 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 51 52 53 53 57 58 59 60 61 62 63 64


9 Figura 31: Mapa de Massa vegetativa, identificando o adensamento de árvores Figura 32: Insolação e ventilação Figura 33: Demarcação do zoneamento Figura 34: Tangram, conjunto formado por 7 peças Figura 35: Zoneamento do edifício Figura 36: Evolução da forma Figura 37: Implantação do edifício no terreno Figura 38: Distribuição dos ambientes em Planta Baixa Figura 39: Ambientes internos utilizando recursos visuais e táteis, através do conceito Tangram. Figura 40: Inclusão da natureza no processo de recuperação, através de materiais eficientes Figura 41: Utilização de brises para conforto térmico e visual a edificação Figura 42: Desenhos na fachada com figuras geométricas Figura 43: Vista da coberta Figura 44: Jardim Sensorial

65 66 67 68 71 72 73 74 77 78 78 79 80 81


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Nomeação dos Centros de acordo com o tipo e quantidade

28

de serviços realizados. Tabela 2- Área especializada de Reabilitação Auditiva Tabela 3- Área Especializada de Reabilitação Física Tabela 4- Área Especializada de Reabilitação Intelectual Tabela 5- Área Especializada de Reabilitação Visual Tabela 6- Doenças e suas características Tabela 7- Ambientes básicos de uma unidade de reabilitação integrada Tabela 8- Equipe Técnica mínima a ser integrada Tabela 9- Crescimento populacional em Pernambuco Tabela 10: Programa de necessidades e pré-dimensionamento dos

29 29 30 30 32 33 34 36 69

ambientes


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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Síntese entre as diferentes aplicações dos estudos de caso apresentados, AACD, Hospital Infantil Sabará e Randall Children´s Hospital Quadro 2- Parêmetros legais Urbanísticos. Quadro 03: Indicação de espécies para a proposta paisagística

55 67 80


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LISTA DE SIGLAS/ABREVIATURAS

AACD- Associação de Apoio a Criança Deficiente ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ABPC- Associação Brasileira de Paralisia Cerebral ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária CRO- Centro de Reabilitação de Olinda IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IMIP- Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira LUOS- Lei de Uso e Ocupação do Solo NBR- Norma Brasileira SUDENE- Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste SUS- Sistema Único de Saúde UFPE- Universidade Federal de Pernambuco ZAC- Zona de Ambiente Construído


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SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral 2.2. Objetivos Específicos 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. Arquitetura Hospitalar 3.2. Normatizações do ambiente hospitalar 3.2.1.Resolução RDC 50/ 2002 3.2.2.NBR 9050/ 2015 3.3. Centros de Reabilitação e seu público alvo 3.3.1. Entendendo o público alvo 3.4. Desenho Universal e estratégias de humanização hospitalar 3.4.1. Humanização no espaço físico hospitalar 3.4.2. Princípios de Armando de Holanda 4- ESTUDOS DE CASO 4.1. Centro de Reabilitação AACD- PE 4.2. Sabará Hospital Infantil- SP 4.3. Hospital Infantil Randall – Portland (EUA) 4.4. Quadro Síntese 5- ETAPAS PRÉ PROJETUAIS 5.1. Contexto do desenvolvimento urbano da cidade 5.2. Área de estudo 5.3. Caracterização da área de estudo 5.4. Análise da área de estudo 5.4.1. Mapa de Nolli 5.4.2. Mapa de Usos 5.4.3. Mapa de Gabaritos 5.4.4. Sistema Viário 5.4.4. Massa Vegetativa 5.5. Condicionantes Ambientais 5.5.1. Insolação e Ventilação 5.6. Condicionantes Legais 6. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA 6.1. Conceito e Partido arquitetônico 7. DIRETRIZES E CONDICIONANTES PROJETUAIS 7.1. Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento 7.2. Zoneamento 7.3. Evolução Volumétrica 7.4. Inserção Urbanística 7.5. Soluções Funcionais 7.6. Acessibilidade 7.7. Métodos construtivos 7.8. Instalações Hidrossanitárias 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APÊNDICES- PEÇAS GRÁFICAS

15 17 17 17 18 18 19 20 24 27 31 34 36 39 41 41 47 50 54 57 57 58 59 60 60 61 63 64 65 66 66 66 69 68 69 69 71 72 73 74 75 76 82 83 84 89


14 APÊNDICE A- PLANTA DE SITUAÇÃO E PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA APÊNDICE B- PLANTA BAIXA APÊNDICE C- PLANTA BAIXA COM LAYOUT APÊNDICE D- CORTES APÊNDICE E- FACHADAS


15

1. INTRODUÇÃO Diante de tantos problemas apresentados no dia a dia da sociedade, a precariedade na saúde pública é uma das que mais vem preocupando. Hospitais especializados para o tratamento infantil são uma das demandas que mais necessitam de investimentos. Nos últimos anos, o aumento alarmante de crianças com problemas neurológicos associados a microcefalia através da epidemia do vírus da zika, despertou a necessidade de espaços para o tratamento intensivo de crianças afetadas pela doença, sem perder de vista a necessidade de atendimento para outras patologias como Paralisia Cerebral, Lesão Medular e demais doenças neurológicas congênitas ou adquiridas. Dessa maneira, a proposta para esse trabalho é o desenvolvimento de um Centro de Neuroreabilitação Infantil, que atenda crianças de 0 a 12 anos que necessitam de cuidados especiais, como o atendimento especializado junto a diversos profissionais da área da saúde (Fisioterapeutas, Oftalmologistas, entre outros). Amenizando dessa forma os impactos causados pela deficiência, despertando a independência e qualidade de vida dos pacientes e seus familiares. A presença de crianças com limitações físicas ou mentais atualmente é uma realidade crescente e presente em muitas famílias no Brasil. As dificuldades para o acesso a locais com uma estrutura adequada para reabilitação se torna cada vez maior. Em 2015, segundo pesquisa da Secretaria Executiva de Vigilância em Saúde, no Nordeste os casos de má formação congênita registrou um aumento, indicando no Recife 51,9% dos nascimentos. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, a incidência de pessoas com Lesão Medular é de 40 casos novos/ano/milhão de habitantes. A paralisia cerebral também afeta cerca de duas crianças a cada 1.000 nascidos vivos em todo o mundo, sendo a causa mais comum de deficiência física grave na infância (O’SHEA, 2008; CANS et al., 2007). Um centro de Neurorabilitação se caracteriza pelo tratamento posterior a cirurgias ou para desenvolvimento de habilidades ainda não adquiridas sejam elas neurológicas ou físicas. Destacam-se pela sua forma de tratamento e dificuldades enfrentadas diariamente, com números evidentes e necessários para a melhoria no atendimento e acompanhamento desses pacientes.


16 Tendo em vista as necessidades diárias desses pacientes, a proposta é a diminuição dos impactos que dificultam o tratamento e desenvolvimento da doença. Na região metropolitana do Recife, encontramos alguns locais que oferecem um atendimento e acompanhamento para esses pacientes. A Associação de Assistência à Criança Deficiente- (AACD), destaca-se por ser um centro voltado para pessoas com diversas deficiências e fornecer um tratamento especializado a população direcionada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira – (IMIP), segundo a próprio instituto, foi adaptado espaços dentro da unidade para atender uma parte desses pacientes.

Na cidade de

Jaboatão dos Guararapes, em Piedade, é oferecido tratamento através da Policlínica de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente. Em Olinda segundo a prefeitura foi inaugurada novas instalações do Centro de Reabilitação de Olinda- (CRO), esse novo centro foi construído para atender o público infantil, o que não acontecia no antigo local, devido à falta de espaço. Com a definição do problema, a busca por melhorias se torna cada vez mais crescente. Os atendimentos mal elaborados, longas esperas, dificuldade de deslocamento, se tornam principais barreiras para um bom desenvolvimento do tratamento. Parte da solução para a melhoria e qualidade de vida seria, ambientes seguros, agradáveis, estrutura que atenda uma grande demanda, espaços que sejam acolhedores para as famílias, pacientes e funcionários. São necessários também espaços para pesquisas que podem permitir o desenvolvimento de atividades e soluções para a melhoria do tratamento. A humanização do espaço, para que se tornem ambientes seguros e confiantes para os usuários. Quanto maior o estímulo traçado no ambiente, maior será a chance de interesse e continuidade do tratamento.


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2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Elaborar anteprojeto de um Centro de Neuroreabilitação Infantil, situado na cidade do Recife.

2.2. Objetivos Específicos ● Proporcionar espaços com ambientes que possam aguçar os sentidos, como tato, olfato, audição, paladar e visão; ● Desenvolver espaços que promovam autonomia e independência dos pacientes de forma inclusiva; ● Implantar um centro de atendimento especializado próximo a hospitais de referência; ● Criar espaços para reforçar a integração do ambiente interno e externo, explorando o contato com a natureza.


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3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. Arquitetura Hospitalar

No

Brasil,

as

Unidades

de

Urgência

e

Emergência

tornaram-se,

principalmente a partir da última década do século passado, as principais portas de entrada no sistema de atenção à saúde, eleitas pela população como o melhor local para a obtenção de diagnóstico e tratamento dos problemas de saúde, independentemente do nível de urgência e da gravidade destas ocorrências. (SOMASUS, 2011). Durante a idade média a imagem dos hospitais era usualmente associada com a morte. O objetivo era o confinamento das pessoas doentes, visando mais a proteção dos que estavam fora dos hospitais do que o atendimento aos pacientes. Havia pouca esperança de recuperação (MIQUELIN, 1992). Por esse fato, é que nesse período não se tinha preocupação com o conforto e o bem-estar dos pacientes. Os hospitais repetiam as estruturas góticas das catedrais através de largas paredes assemelhando-se às fortificações e as prisões. As enfermarias eram ambientes insalubres onde a iluminação era natural ou por archotes. Como a circulação de ar era considerada contaminante e veiculador de miasmas as janelas eram projetadas com pequenas dimensões, deixando o ambiente escuro e amedrontador. Considerado um local de depósito de doentes as pessoas na sua maioria não retornavam desses ambientes insalubres com vida sendo assim denominados de Salle de Mourir (COSTI, 2002). Atualmente a rede pública segue com dificuldades diárias, que com o passar dos anos deveria estar em melhores condições, porém na realidade é bem diferente. Os pacientes enfrentam filas intermináveis, a população que depende da rede pública encontra

grandes dificuldades na marcação de consultas, inclusive nos

postos de saúde, idealizados para serem a principal porta de entrada no sistema de atenção à saúde. A realidade demonstra que este sistema tem sido incapaz de oferecer atendimento adequado, em nível ambulatorial, no diagnóstico e tratamento de ocorrências que exijam a presença de especialistas ou exames de maior complexidade ( SOMASUS, 2011). Diante de tantos problemas, a arquitetura reúne profissionais para garantir melhores espaços. Quando se fala de arquitetura hospitalar um dos projetos que


19 mais se destaca é a rede Sarah Kubitschek, que traz espaços como forma de cura, que se integram entre o interno e externo, ambientes lúdicos e de grande referencia, projetado pelo Arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé. Além disso, a rede de hospitais Sarah são verdadeiros modelos de arquitetura bioclimática, sendo que as suas soluções arquitetônicas garantem melhores condições de conforto térmico por meio de sheds e brises, que permitem um maior controle dos raios solares e uma ventilação permanente. Esses recursos tornam a Rede Sarah um símbolo da arquitetura hospitalar no Brasil.(LUKIANTCHUK, CARAM, 2001). Portando, a Arquitetura Hospitalar não somente requer atenção a estrutura física e sim as necessidades humanas. Espaços eficientes, com objetivos de crescimento e modernização, que acompanhem os avanços tecnológicos, beneficiando assim os usuários que necessitam desse tipo de atendimento. Pacientes com terapias contínuas precisam de centros especializados, com espaços confortáveis e equipamentos que facilitem seu desenvolvimento, e nada melhor do que utilizar da própria arquitetura, com ventilação natural, iluminação, espaços lúdicos com uso de cores, integração com a natureza, entre outras formas de estímulo para o tratamento.

3.2. Normatizações do ambiente hospitalar

Quando se trata de ambiente hospitalar, logo o pensamento se volta para a edificação, onde é localizado, quais as condições propostas para aquele determinado

espaço,

entre

outros.

Sendo

assim

os

hospitais

precisam

primeiramente ser funcionais, atendendo as exigências técnicos- legais. Conforto e segurança devem ser pensados não só para o paciente e sim para toda a equipe e visitantes daquele espaço. O hospital necessita ter vida longa, para evitar reformas continuas, e é guiada também por normas rígidas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária- (ANVISA). Segundo a ANVISA, estão disponíveis dez documentos que servem de orientação aos usuários, e cabe ao arquiteto/planejador avaliar aqueles mais adequados a sua situação. Entre eles estão, Arquitetura na Prevenção de Infecção Hospitalar; Condições Ambientais de Leitura Visual; Condições de Segurança


20 Contra Incêndio; Instalações Prediais Ordinárias e Especiais; Manual de Segurança no Ambiente Hospitalar; Manutenção Incorporada a Arquitetura Hospitalar; O Custo das Decisões Arquitetônicas no Projeto de Hospitais; RDC Anvisa Nº 306/04Aspectos jurídicos da Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa sobre Resíduos de Serviços de Saúde; Sistemas de Controle das Condições Ambientais de Conforto; Sistemas Construtivos na Programação Arquitetônica de Edifícios de Saúde, entre outros. Uma das principais normas que dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos, é a Resolução – RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, também disponibilizada pela ANVISA. Outra normatização muito utilizada e atualmente cada vez mais presente em ambientes públicos é a Norma Brasileira- NBR 9050, norma que promove o direito e parâmetros para a locomoção e utilização de equipamentos para deficientes físicos.

3.2.1. Resolução RDC 50/ 2002

A RDC 50/2002, dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. considerando a necessidade de dotar o País de instrumento norteador

das

novas

construções,

reformas

e

ampliações,

instalações

e

funcionamento de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde que atenda aos princípios de regionalização, hierarquização, acessibilidade e qualidade da assistência prestada à população ( MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). O Manual de Ambiência dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) e das Oficinas Ortopédicas, disponibilizado pelo Ministério da Saúde resume as atribuições assistenciais dos ambientes indicados pela RDC 50.

Abrigo externo de resíduos sólidos: Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 8.7) Zelar pela limpeza e higiene do edifício, instalações e áreas externas e materiais e instrumentais e equipamentos assistenciais, bem como pelo gerenciamento de resíduos sólidos.


21 

Área de convivência externa: Possibilitar atividades terapêuticas, treinos de habilidades motoras, descanso e convivência em ambiente ao ar livre provido de paisagismo adequado.

Área de prescrição médica (Átrio com bancada de trabalho coletiva): Realizar avaliação clínico funcional. Apoiar, integrar, compartilhar

e

agilizar

o

processo

diagnóstico

pela

equipe

multidisciplinar. 

Área externa para embarque e desembarque de ambulância: Embarcar e desembarcar ambulância;

Área externa para embarque e desembarque de veículo adaptado: Embarcar e desembarcar veículo adaptado

Áreas de Convivência Interna: Possibilitar atividades terapêuticas, treinos de habilidades motoras, descanso e convivência em ambiente provido de paisagismo adequado

Consultório Diferenciado (Fisiatria, Ortopedia ou Neurologia): Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 1.7) Proceder à consulta médica, odontológica, psicológica, de assistência social, de nutrição, de farmácia, de fisioterapia, de terapia ocupacional, de fonoaudiologia e de enfermagem. 1.8) Realizar procedimentos médicos e odontológicos de pequeno porte, sob anestesia local (punções, biópsia, etc).

Consultório Diferenciado (Neurologia): Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 1.7) Proceder à consulta médica, odontológica, psicológica, de assistência social, de nutrição, de farmácia, de fisioterapia, de terapia ocupacional, de fonoaudiologia e de

enfermagem.

1.8)

Realizar

procedimentos

médicos

e

odontológicos de pequeno porte, sob anestesia local (punções, biópsia, etc). 

Consultório Diferenciado (Oftalmologia): Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 1.7) Proceder à consulta médica, odontológica, psicológica, de assistência social, de nutrição, de farmácia, de fisioterapia, de terapia ocupacional, de fonoaudiologia e de

enfermagem.

1.8)

Realizar

procedimentos

médicos

e

odontológicos de pequeno porte, sob anestesia local (punções, biópsia, etc).


22 

Consultório

Diferenciado

(Otorrinolaringologia):

Atividades

Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 –1.7) Proceder à consulta médica, odontológica, psicológica, de assistência social, de nutrição, de

farmácia,

de

fisioterapia,

de

terapia

ocupacional,

de

fonoaudiologia e de enfermagem. 1.8) Realizar procedimentos médicos e odontológicos de pequeno porte, sob anestesia local (punções, biópsia, etc). 

Consultório Indiferenciado (Consultório Interdisciplinar para avaliação clínicofuncional): Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 1.7) Proceder à consulta médica, odontológica, psicológica, de assistência social, de nutrição, de farmácia, de fisioterapia, de terapia ocupacional, de fonoaudiologia e de enfermagem. 1.8) Realizar procedimentos médicos e odontológicos de pequeno porte, sob anestesia local (punções, biópsia, etc).

Consultório Indiferenciado (Sala de atendimento terapêutico em grupo infantil): Realizar acompanhamento terapêutico infantil em grupo. Provocar estimulação física, intelectual, motora, sensorial, cognitiva e visual.

Consultório Indiferenciado (Sala de atendimento terapêutico infantil): Realizar acompanhamento terapêutico infantil. Provocar estimulação física, intelectual, motora, sensorial, cognitiva e visual.

Copa/ refeitório: Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 –

5.1.16)

Oferecer

condições

de

refeição

aos

pacientes,

acompanhantes e funcionários. 

Depósito de Material de Limpeza (DML): Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 8.7) Zelar pela limpeza e higiene do edifício, instalações e áreas externas e materiais e instrumentais e equipamentos assistenciais, bem como pelo gerenciamento de resíduos sólidos.

Sala de arquivo: Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 7.1.6) Organizar, processar e arquivar os dados de expediente

Sala de espera/recepção: Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 8.6.1, 8.6.3 e 8.6.4) Proporcionar condições de conforto e higiene ao paciente e ao público: recepção, espera, guarda de pertences, recreação, troca de roupa e higiene pessoal.


23 

Sala de reunião: Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 1.1) Realizar ações individuais ou coletivas de prevenção à saúde tais como: imunizações, primeiro atendimento, controle de doenças, visita domiciliar, coleta de material para exame, etc.; 1.3) Promover ações

de

educação

para

a

saúde,

através

de

palestras,

demonstrações e treinamento “in loco”, campanha, etc.; 1.4-Orientar as ações em

saneamento básico através da instalação

e

manutenção de melhorias sanitárias domiciliares relacionadas com água, esgoto e resíduos sólidos; 1.5) Realizar vigilância nutricional através das atividades continuadas e rotineiras de observação, coleta e análise de dados e disseminação da informação referente ao estado nutricional, desde a ingestão de alimentos à sua utilização biológica. 

Sala de Triagem: Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 2.1.1) Fazer triagem para os atendimentos

Sala do setor administrativo: Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 7.1) Realizar

os serviços administrativos do

estabelecimento 

Sanitários Independentes (feminino e masculino): Atividades Assistenciais conforme RDC nº 50/2002 – 8.6.1, 8.6.3 e 8.6.4) Proporcionar condições de conforto e higiene ao paciente e ao público: recepção, espera, guarda de pertences, recreação, troca de roupa e higiene pessoal.

A RDC 50 apresenta a importância de se ter um planejamento arquitetônico, atingindo um padrão básico de qualidade, otimizando os serviços prestados e garantindo

a

segurança

através

de

materiais

corretamente

aplicados,

armazenamentos e setorizações. Para hospitais de grande porte a RDC 50 é de extrema importância principalmente pela higienização do espaço e a não contaminação dos pacientes e usuários. As normatizações evoluem a cada ano, uma das maiores preocupações atuais é a acessibilidade. A NBR 9050/2015 é a norma que garante o direito de ir e vir de qualquer usuário.


24 3.2.2. NBR 9050/ 2015

A NBR 9050/ 2015 é uma norma regulamentadora, criada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que define os aspectos de acessibilidade que devem ser observados nas construções urbanas. É possível encontrar parâmetros técnicos que auxiliam na padronização mínima e qualidade de locomoção das pessoas. Algumas orientações como, sinalização horizontal e vertical, dimensionamento de banheiros, características de pisos, espaços mínimos de circulação, estacionamentos acessíveis, rampas de acesso, entre outros. ( NoventaTI, 2018). A NBR 9050 é extremamente importante para a inclusão de uma parcela da população que necessita de um deslocamento adequado, facilitando sua mobilidade, qualidade de vida e acesso a serviços básicos. Pessoas com algum tipo de deficiência física ou com a mobilidade reduzida como, idosos, gestantes, obesos, etc. Direcionando também para os princípios do desenho universal, que estabelece 7 critérios para que os ambientes favoreçam biodiversidade humana e ergonomia a todos. ( NBR 9050, 2015). Alguns parâmetros principais para a locomoção são de extrema importância para uma construção acessível. Área para manobra de cadeirantes sem deslocamento exige no mínimo círculo com diâmetro de 1,50 m. (Figura 01). Figura 01: Dimensionamento mínimo para rotação de 90º, 180º e 360º

Fonte: NBR 9050, 2015

As aplicações em relação as alturas e profundidades são exemplificadas para um alcance manual lateral sem o deslocamento do tronco em cadeiras de rodas. (Figura 02). Figura 02: Alcance manual lateral sem deslocamento do tronco.


25

Fonte: NBR 9050, 2015

Para um alcance visual são aplicadas diferentes distâncias horizontais e de ângulos adequados para pessoas em pé, sentadas e em cadeiras de rodas. (Figura 03). Figura 03: Alcance visual sentado.

Fonte: NBR 9050, 2015

A orientação da norma em relação a legibilidade exige o uso de corrimãos, pisos táteis, sinalizações, evitando materiais brilhantes e de alta reflexão. As simbologias de acesso são importantes para garantir a localização exata do usuário e guiar sua locomoção. Devem ser utilizados nas entradas e saídas, vagas de estacionamento, sanitários, entre outros. Símbolo Internacional de Acesso ( Figura 04). Figura 04: Símbolo utilizado em vagas de estacionamento.


26

Fonte: NBR 9050, 2015

Para deficientes visuais, auditivos e preferencial a simbologia devem ser representadas em mobiliários e serviços destinados a essas pessoas. Nos sanitários as sinalizações serão de acordo com cada necessidade se é masculino, feminino, uso misto ou acessível. As portas devem abrir no sentido do deslocamento do usuário, existindo 0,30 m entre a parede e a porta, e ao abrir no sentido oposto deve existir um espaço livre de 0,60 m. Deverão ter condições de serem abertas com um único movimento, e suas maçanetas ser do tipo alavanca, instaladas a uma altura entre 0,80 m e 1,10 m. Nas calçadas as medidas mínimas para um passeio agradável contendo no mínimo faixa de serviço com 0,70 m e faixa livre com 1,20m. Caso necessite de redução do percurso para travessia é recomendado o alargamento da calçada para seu rebaixamento. ( Figura 05) Figura 05: Dimensionamento mínimo das calçadas. A) Dimensionamento de área de serviço. B) Rebaixamento na calçada para travessia.

Fonte: NBR 9050, 2015


27 Nos

banheiros

acessíveis

são

recomendadas

medidas

mínimas

de

transferência e instalações. ( Figura 06). Figura 06: Dimensionamento para instalações de barras de apoio, bacias para adultos e crianças.

Fonte: NBR 9050, 2015

3.3. Centros de Reabilitação e seu público alvo

Os Centros de Reabilitação são estruturas que visam a reabilitação de pessoas com deficiência física ou psicológica, através da inclusão social, garantindo um atendimento de saúde com qualidade e eficiência. Reabilitação é compreendido como um processo que objetiva a capacitação e o alcance do máximo potencial de habilidades físicas, sensoriais, intelectuais, psicológicas e de funcionamento social. Este processo constitui-se de uma instrumentalização

dos

indivíduos

com

incapacidades,

subsidiando-os

com

ferramentas necessárias para a obtenção de independência e autodeterminação (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011). O Art. 1º da PORTARIA Nº 1.303, DE 28 DE JUNHO DE 2013, estabelece os requisitos mínimos de ambientes para os componentes da Atenção Especializada da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e outras providências. Classifica os Centros de Reabilitação quanto ao tipo e quantidade de serviços especializados de reabilitação. Atualmente são onze, no


28 projeto a ser desenvolvido será enquadrado na classificação CER IV, que atende deficiência auditiva, física, Intelectual e Visual.( Tabela 01). Tabela 01: Nomeação dos Centros de acordo com o tipo e quantidade de serviços realizados. CER TIPO

ESPECIALIDADES DE SERVIÇOS DE REABILITAÇÃO

CER II

Auditiva e Física

CER II

Auditiva e Intelectual

CER II

Auditiva e Visual

CER II

Física e Intelectual

CER II

Física e Visual

CER II

Intelectual e Visual

CER III

Auditiva, Física e Intelectual

CER III

Auditiva, Física e Visual

CER III

Auditiva, Intelectual e Visual

CER III

Física, Intelectual e Visual

CER IV

Auditiva, Física, Intelectual e Visual

Fonte: Art. 1º da PORTARIA Nº 1.303, Ministério da Saúde, 2013.

De acordo com a proposta, o centro de reabilitação apresentado terá ambientes de acordo com as necessidades dos pacientes. Segundo o Manual de Ambiência dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) e das Oficinas Ortopédicas, estão descritos todos os ambientes obrigatórios para cada serviço realizado, elaborado pelo Ministério da Saúde. No Manual encontram-se os espaços mínimos, ambientes e instalações que serão necessárias para as condições da edificação, para a classificação CER IV será disponibilizado diretrizes para cada área especializada, determinando os usos para reabilitação Auditiva.( Tabela 02). Tabela 02: Area Especializada de Reabilita̧ao Auditiva


29 DIMENSIONAMENTO UNIDADE/ AMBIENTE

QUANTIFICA̧AO (MINIMA)

DIMENSAO (MINIMA)

Consultorio Diferenciado (Otorrinolaringologia)

1

12.5

Sala de atendimento individualizado com cabine de audiometria (Sala com cabine acustica, campo livre, refoŗo visual e equipamentos para avalia̧ao audiologica)

1

16

Sala para Exame complementar Potencial Evocado Auditivo (EOA - emissoes otoacusticas) e BERA

1

10

Sala de atendimento individualizado (Sala para selȩao e adapta̧ao AASI - Aparelho de amplifica̧ao sonora individual)

1

10

Fonte: Manual de Ambiência dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) e das Oficinas Ortopédicas, Ministério da Saúde, 2017.

A partir de diretrizes para implantação de áreas mínimas, a padronização ou o conforto mínimo é estabelecido nos centros especializados, como determina

a

classificação CER IV para reabilitação física. (Tabela 03). Tabela 03: Area Especializada de Reabilita̧ao Física DIMENSIONAMENTO UNIDADE/ AMBIENTE

QUANTIFICA̧AO (MINIMA)

DIMENSAO (MINIMA)

Consultorio Diferenciado (Fisiatria, Ortopedia ou Neurologia)

1

12.5

Sala de Preparo de paciente (consulta de enferm., triagem, biometria)

1

12.5

Salao para cinesioterapia e mecanoterapia (Ginasio)

1

150

Box de terapias (eletroterapia)

4

8

Banheiro individual para deficientes (Sala de banho)

2

4.8

Deposito de equipamentos / materiais*

1

Dos tipos de equipamentos e materiais.


30 Fonte: Manual de Ambiência dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) e das Oficinas Ortopédicas, Ministério da Saúde, 2017.

O manual de Ambiência determina espaços mínimos para a reabilitação intelectual, classificado na CER IV. (Tabela04). Tabela 04: Area Especializada de Reabilita̧ao Intelectual Dimensionamento Unidade/ Ambiente

Consultorio Diferenciado (Neurologista)

Quantifica̧ao (minima)

Dimensao (minima)

1

12.5

Fonte: Manual de Ambiência dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) e das Oficinas Ortopédicas, Ministério da Saúde, 2017.

A reabilitação visual é um dos tratamentos que necessitam também de espaços que auxiliem no desenvolvimento do paciente, portanto as áreas especializadas exemplificam espaços mínimos para esse atendimento. (Tabela 05). Tabela 05: Area Especializada de Reabilita̧ao Visual DIMENSIONAMENTO UNIDADE/ AMBIENTE

QUANTIFICA̧AO (MINIMA)

DIMENSAO (MINIMA)

Consultorio Diferenciado (Oftalmologico)

1

15

Sala de atendimento individualizado (Laboratorio de Protese Ocular)

1

5

Consultorio Indiferenciado (Sala de Orienta̧ao de Mobilidade)

1

20

Consultorio Indiferenciado (Sala de orienta̧ao para uso funcional de recursos para baixa visao)

1

12

Fonte: Manual de Ambiência dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) e das Oficinas Ortopédicas, Ministério da Saúde, 2017.

O Ministério da saúde (BRASIL, 2006) propôs uma reorganização da rede de serviços de saúde incorporando a atenção à pessoa portadora de deficiência, separando os pacientes em níveis de atendimento, como primário, secundário e terciário.


31 1. Primário: realizar ações de prevenção primária e secundária, bem como ações básicas de reabilitação com vistas a favorecer a inclusão social; 2. Secundário: prestar tratamento em reabilitação para os casos referendados, mediante atuação de profissional especializado para tal e utilização de tecnologia apropriada (tais como fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, avaliação e acompanhamento do uso de órteses e próteses,entre outros); 3. Terciário: prestar atendimento ambulatorial e hospitalar aos casos de reabilitação cujo momento da instalação da incapacidade e cujos tipo e grau justifiquem uma intervenção mais frequente e intensa, requerendo, portanto, tecnologia de alta complexidade e recursos humanos especializados. ( SOMASUS, 2006, p. 18).

Nesse contexto, a arquitetura tem o papel de “[...] prover todas as facilidades para que equipamentos e pessoas encontrem sua plena utilização, permitindo, inclusive, as modificações de uso e a adaptação à adoção de novas práticas e aparelhos,

fato

extremamente

corriqueiro

nesta

área”

(ALBUQUERQUE;

CARDOSO,2006). O paciente com algum tipo de deficiência, seja física ou mental, necessita de espaços mínimos para um atendimento adequado. Através da arquitetura, pode- se estimular o desenvolvimento do tratamento e interação entre o espaço e o público, visando o conforto e qualidade de vida.

3.3.1.Entendendo o público alvo

Uma pessoa portadora de deficiência é aquela que sofreu algum tipo de perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano (BRASIL. Decreto-Lei n° 3.298, de 20 de dezembro de 1999). Algumas doenças serão abordadas e apresentadas para tratamento no projeto desenvolvido, doenças neurológicas que consequentemente afetam o sistema motor necessitando de reabilitação e acompanhamento especializado. Serão classificadas doenças como, lesão cerebral adquirida, paralisia cerebral, lesão medular traumática e má-formação Congênita. (Tabela06). Tabela 06: Doenças e suas características


32 DOENÇA

CARACTERISTICAS

Lesão cerebral adquirida

Pessoas que sofreram lesões encefálicas, incluindo Traumatismo CranianoEncefálico (TCE), Acidente Vascular Encefálico (derrame), Infecções Cerebrais, Tumores, Anóxias e Doença de Parkinson.

Paralisia cerebral

Ocorre devido ao desenvolvimento anormal do cérebro, muitas vezes antes do nascimento.

Lesão medular traumática,

Pode ocorrer devido a um golpe súbito ou corte na coluna vertebral. Uma lesão na medula espinhal costuma causar perda permanente de força, sensibilidade e funções abaixo do local da lesão.

Má-formação Congênita

Osteogenesis Imperfecta (doença dos ossos de vidro), Artrogripose Múltipla Congênita (articulações rígidas) e doenças genéticas que causam alterações motoras, especialmente nos membros superiores e/ou inferiores, com o objetivo de estimular seu potencial máximo.

Fontes: AACD e Hospital Israelita A. Einstein.

De acordo com essas características pode-se observar a necessidade de um acompanhamento para a evolução do paciente. De acordo com o site CONGNIFIT (2019), as pessoas que correm mais riscos de sofrer uma lesão cerebral são as mais jovens e os mais velhos acima de 65 anos, pela dificuldade de comunicação e indicação dos sintomas, dessa forma agravando seu quadro clínico. Uma de cada meio milhão de pessoas sofre lesões cerebrais traumáticas cada ano. Entre elas, 800.000 requerem cuidados ambulatórios precoces e 270.000 são hospitalizadas. Cada ano, cerca de 52.000 mortes e 80.000 deficiências neurológicas severas e permanentes são ocasionadas por uma lesão cerebral traumática severa. (CONGNIFIT, 2019). A Associação Brasileira de Paralisia Cerebral (ABPC, 2019), descreve que a Paralisia Cerebral é a deficiência mais comum na infância, existem 17 milhões de pessoas em todo o mundo que vivem nesses condições. As estatísticas mundiais revelam que, por ano, a cada um milhão de pessoas, 30 a 40 delas sofrem lesão medular. Aplicando tais dados à população brasileira, pode-se supor que de 5 a 6 mil pessoas por ano apresentam esse grave comprometimento neurológico. Observa-se aumento significativo nas últimas décadas, principalmente nos centros urbanos, onde a violência tem crescido assustadoramente. A população mais afetada é jovem e do sexo masculino. (GONZALEZ, MATTOS, 2019).


33 Malformações congênitas constituem a segunda causa de mortalidade infantil. Aproximadamente 3% a 4% dos recém-nascidos têm algum defeito congênito grave. Alguns deles só se descobrem quando a criança cresce. Aproximadamente em 7,5% das crianças menores de 5 anos diagnostica-se um defeito desse tipo, embora muitos deles sejam insignificantes. Muitas anomalias importantes podem ser diagnosticadas antes do nascimento, podendo ser leves ou graves e muitas podem ser tratadas ou “reparadas”. Apesar disso, a maioria trata-se depois do parto ou mais adiante. Algumas anomalias não necessitam de nenhum tratamento. Outras não podem ser tratadas e, em consequência, a criança fica gravemente incapacitada de forma permanente. (PERNAMBUCO: SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE, 2015). O tratamento para essas deficiências variam de acordo com cada paciente, por isso é necessário o acompanhamento junto aos familiares, realizando, orientando e explicando os cuidados necessários, para melhor evolução do paciente, prevenindo assim maiores complicações. Tratamentos

como

Terapia

Ocupacional,

Psicologia,

Fisioterapia,

Fonoaudiologia, Fisioterapia Aquática, Musicoterapia, Arte-Reabilitação, Pedagogia, Serviço Social, Odontologia, Nutrição, Oftalmologia, ajudam a melhorar o desenvolvimento de pacientes que necessitam de uma reabilitação de qualidade, que contribuam para sua independência e evolução. A estrutura física de um centro de reabilitação na saúde publica ou privada deve atender as especificações técnicas previstas na RDC n° 50/02 da ANVISA. Dessa maneira são previstos espaços mínimos para um atendimento adequado, como por exemplo, box de terapias, sala de turbilhão, piscina, salão para cinesioterapia

e

mecanoterapia,

sala

de

terapia

ocupacional,

sala

de

psicomotricidade e ludoterapia. (Tabela 07). Tabela 07: Ambientes básicos de uma unidade de reabilitação integrada. SETOR

AMBIENTE

Box de Terapias Sala para turbilhão Piscina REABILITAÇÃO Salão para cinesioterapia e mecanoterapia Sala de terapia ocupacional- consulta de grupo Sala de psicomotricidade e ludoterapia *A depender do equipamento utilizado. Fonte: RDC nº 50, 2002

ÁREA MÍN. (M²) 2,40 7,2* 150,0* 45,4* 20,0 20,0


34 Um espaço de reabilitação necessita de uma equipe de profissionais especializados para acompanhamento desses pacientes por um longo período, portanto se estabelece uma equipe técnica mínima, para que com essas diretrizes possa nortear espaços que serão construidos ou reestruturados para atendimento mínimo e adequado. Conforme a Portaria GM 793 de 24 de abril de 2012 e Portaria GM 835 de 25 de abril de 2012, visa a necessidade de no mínimo um médico, um enfermeiro, três fisioterapeutas, dois terapeutas ocupacionais, um fonoaudiólogo e um psicólogo. (Tabela08). Tabela 08: Equipe técnica mínima a ser integrada EQUIPE TÉCNICA MÍNIMA Médico

Enfermeiro

Fisioterapeuta

1

1

3

Terapeuta ocupacional 2

Fonoaudiólogo

Psicólogo

1

1

Fonte: Portaria GM 793 de 24 de abril de 2012 e Portaria GM 835 de 25 de abril de 2012.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a reabilitação é um processo contínuo, objetivando a reinserção do indivíduo no meio social e reestabelecimento do desempenho físico e mental. Dessa maneira os espaços necessitam de uma estrutura que possam atender essas necessidades, sendo bem elaborados, localizados e com atendimento especializado, priorizando a humanizado hospitalar como forma de tratamento para que o paciente não se torne um objeto de estudo, e sim tenha um tratamento de qualidade e atenção, entre funcionários e usuários.

3.4. Desenho Universal e estratégias de humanização hospitalar

As Pessoas com deficiências enfrentam dificuldades diárias, principalmente em relação a locomoção e espaços adaptados para o uso e seu deslocamento. De acordo entrevista realizada no dia 28/03/2017 o portal G1 PE apresenta a dificuldade de uma mãe que há cinco meses não consegue acompanhamento necessário para seu filho que possui microcefalia. Vieira (2017), “...Eu pegava três ônibus e passava por duas horas de viagem para chegar à fonoaudióloga que estávamos indo. É bem complicado”. Com os problemas e dificuldades diárias foi verificado a necessidade de implantação de alguma lei que garantisse a locomoção e acesso dessas pessoas, em 1985 a Associação Brasileira de Normas Técnicas- (ABNT), criou a primeira


35 norma referente à “Acessibilidade a edificações, mobiliário, de espaços e equipamentos urbanos”, a Norma Brasileira- (NBR 9050), facilitando assim o direito para quem tem dificuldades de locomoção, idosos, obesos, gestantes etc., ressaltando o conceito de desenho universal. O projeto universal é o processo de criar os produtos que são acessíveis para todas as pessoas, independente de suas características pessoais, idade, ou habilidades. Os produtos universais acomodam uma escala larga de preferências e de habilidades individuais ou sensoriais dos usuários. A meta é que qualquer ambiente ou produto poderá ser alcançado, manipulado e usado, independentemente do tamanho do corpo do indivíduo, sua postura ou sua mobilidade. ( GABRILLI, p. 10)

O

desenho

universal

se

divide

em

sete

conceitos

reconhecidos

mundialmente, são eles: Utilização equitativa, Flexibilidade de utilização, Utilização simples e intuitiva, Informação perceptível, Tolerância ao erro, Esforço físico mínimo, Dimensão e espaço de abordagem e de utilização. Na Utilização equitativa, se caracteriza por portas com sensores por exemplo, para facilitar o acesso independente da condição física. A Flexibilidade de utilização se caracteriza pela adaptação de design de produtos ou espaços que se adapte as necessidades de cada pessoa. Utilização simples e intuitiva, ou seja, a fácil compreensão independente de sua experiência, conhecimento, habilidades de linguagem, ou nível de concentração. Informação perceptível, diz respeito a clareza nos elementos comunicativos e facilidade de transmissão para o receptor. Tolerância ao erro, é a minimização de riscos e consequências de ações acidentais ou não intencionais. Esforço físico mínimo, está ligado ao conforto físico e sensorial, não trazendo barreiras físicas ou sensitivas e que facilite o uso para todas as pessoas. Dimensão e espaço de abordagem e de utilização, estabelece dimensões e espaços mínimos para acesso, alcance e uso independente das condições que o usuário esteja. De acordo com o Censo demográfico de pessoas com deficiência no estado de Pernambuco, apresenta 485.003 mil pessoas com alguma dificuldade em relação a deficiência motora. (Tabela 09). Tabela 09: Crescimento Populacional em Pernambuco


36 Deficiência motora

Nº de pessoas

Não conseguem de modo algum

36.599

Grande dificuldade

210. 836

Alguma dificuldade

485.003

Fonte: IBGE – Censo- Amostra- Pessoas com deficiência- 2010

Dado preocupante em relação a quantidade de pessoas, que de sua grande maioria, não tem acesso básico para o deslocamento adequado. Milhares de pessoas são prejudicadas por não conseguirem circular livremente em calçadas ou ruas sinalizadas, entre outros problemas que podem ser vivenciados todos os dias no Brasil. Com a aplicação de princípios facilitadores, como normas e conceitos universais, traria melhores benefícios e independência a usuários, promovendo o conforto e bem estar de todos.

3.4.1. Humanização no espaço físico Hospitalar

O termo “humanização” significa tornar mais humano, socializar, respeitar, reverenciar com educação. A aplicação desse conceito deve ser aplicado além do relacionamento entre médico e paciente, e sim entre toda a estrutura hospitalar, entre funcionários, pacientes, familiares, entre outros. Através do tratamento não só como fonte de lucro e sim como forma de solução e melhoria para o paciente. Segundo Medeiros (2004, apud. MALKIN, 1992) sugere alguns aspectos que devem ser levados em consideração na humanização física hospitalar. O controle da privacidade, da incidência de luz e vento, são questões importantes. O espaço deve, por exemplo, permitir o contato do paciente com outros, com o exterior, funcionários, etc., quando o mesmo achar e for necessário. Em vários campos, a possibilidade de escolha, segundo o autor, dá sensação de segurança, conforto e bem-estar, o que influencia no tratamento. Há mais de cem anos atrás, Florence Nightingale notou os efeitos do meio ambiente em seus pacientes. Sendo a precursora na preocupação com a qualidade do ambiente hospitalar, e certamente, estando à frente de seu tempo, ela uniu perspectivas do ambiente físico com saúde e psicologia ambiental nos seus livros: Notes on Nursing e Notes on Hospitals, publicados em 1859. Suas palavras serviram como instruções para direcionar os projetos de estabelecimentos de saúde que


37 enfatizavam a recuperação. Notes on Hospitals foi uma forte influência para a arquitetura hospitalar de todo o mundo. ( VASCONCELOS, 2004). Atualmente encontram-se dificuldades em relação a humanização na rede pública de saúde, porem cada vez mais se torna uma teoria a ser aplicada no meio hospitalar. O papel de um arquiteto tem função principal no que diz respeito ao meio físico que essas pessoas irão frequentar, porém para essa aplicação o profissional precisa conhecer o público que estará presente naquele espaço para que atenda as expectativas mínimas para um ambiente de qualidade. Para Costi (2002), mesmo que administrado como uma empresa, parecido com um hotel que oferece qualidade de atendimento e conforto, com uma fábrica produtora de sangue e de leite materno, ou, com um shopping center que vende seus serviços, ainda assim, o hospital permanece sendo um estabelecimento de saúde que prioriza a saúde humana no seu sentido mais completo. Portanto, o principal objetivo do projeto, além de beleza, funcionalidade e competitividade para seu cliente, deve ser a promoção da cura para os pacientes. O ambiente pode proporcionar ao paciente uma melhora no seu tratamento, trazendo estímulos e desenvolvimentos sensoriais. A Psiconeuroimunologia busca exatamente esse conceito. É a arte e ciência de criar ambientes que ajudam a evitar doenças, acelerar a cura e promover o bem-estar das pessoas. Estuda os estímulos sensoriais, os elementos do ambiente que os causam, e as relações entre estresse e saúde. Seus estudos demonstram que a variação na quantidade de estímulos sensoriais é necessária, pois a condição de monotonia permanente induz a distúrbios patológicos. (GAPPELL, 1991). Segundo Gappell (1991), o bem estar físico e emocional do homem é influenciado por seis fatores: luz, cor, som, aroma, textura e forma. Estes elementos do ambiente têm impacto tão grande no psicológico e no físico dos indivíduos que uma instalação médica bem projetada, aplicando adequadamente estes fatores, pode ser considerada parte importante do tratamento. Um exemplo a ser colocado em pratica principalmente para um centro voltado para crianças, que ambientes coloridos e iluminados traga curiosidade e conforto ao paciente. O London Royal Children’s Hospital tras de forma clara o que um ambiente com todos esses fatores pode causar sensações maravilhosas só em olhar. Segundo matéria do site Cláudia, publicado em 14 de março de 2016, o projeto


38 levou o trabalho de 15 artistas para alegrar os olhos cansados dos pequenos pacientes, familiares e profissionais do London Royal Children’s Hospital. (Figura 07). Figura 07: Espaço para diversão. A) Espaço com brinquedos coloridos. B) Corredores temáticos. C) Uso de animais como forma de interação. D) O quarto com imagem panorâmica do centro de Londres.

Fonte:Redação CLAUDIA, 2016.

Uma outra maneira de tratamento é a utilização de Jardins terapêuticos que segundo pesquisa publicada em 1984 mostrou que estar em um quarto de hospital com uma janela, que tenha uma vista como esta, para as árvores, faz uma grande diferença. O levantamento feito nos Estados Unidos com 46 pacientes, mostrou que ter um contato com a natureza, ainda que de longe. Diminui a quantidade de medicamentos tomados durante o tratamento. Além de reduzir o tempo de recuperação. ( MOTTA, 2013). Por causa disso, espaços cheios de plantas e flores estão invadindo os centros de saúde americanos. No hospital infantil do Legacy Emanuel Medical Center, as plantas são de espécies resistentes a pragas, o que evita o uso de pesticidas para a manutenção do jardim. (MOTTA, 2013). (Figura 08). Figura 08: Jardim do hospital infantil do Legacy Emanuel Medical Center. A) Entrada principal do hospital. B) Jardim para auxiliar no tratamento dos pacientes.


39

Fonte: Regina Motta, 2013.

3.4.2. Princípios de Armando de Holanda

Armando de Holanda, arquiteto, nascido em 1940, na cidade de Canhotinho interior de Pernambuco, utilizava em seus projetos, materiais com textura natural, como tijolo e concreto aparente. Uma das características de sua arquitetura era a racionalidade e muitas vezes era suavizada pela sensibilidade natural. Em 1976 foi lançado o Roteiro para Construir no Nordeste, apresentando algumas estratégias para projetar no Nordeste do Brasil. O objetivo era ajudar estudantes e arquitetos, o livro fala muito além da relação entre arquitetura e natureza e do real significado da arquitetura moderna. Segundo Armando, a arquitetura deveria ser pensada como uma grande árvore: "Comecemos por uma ampla sombra, por um abrigo protetor do sol e das chuvas tropicais; por uma sombra aberta, onde a brisa penetre e circule livremente retirando o calor e a umidade; por uma sombra amena, lançando mão de uma cobertura ventilada, que reflita e isole a radiação do sol; por uma sombra alta, com desafogo do espaço e muito ar para se respirar" . (Fonte: Vitruvius).

Os princípios listados no Roteiro para Construir no Nordeste, são: Criar sombra, Recuo das paredes, Vazar os muros, Proteger as Janelas, Abrir as portas, Continuar os espaços, Construir com pouco, Conviver com a natureza e Construir Frondozo. O primeiro principio, Criar Sombra, destaca a criação de abrigos protetores do sol e das chuvas e o uso de espaços abertos para que o ar circule livremente diminuindo a o calor e umidade.


40 O recuo das paredes, cria agradáveis áreas externas sombreadas. Com a construção de fachadas planas, a edificação se torna mais quente e não desenvolve um conforto térmico adequado. Vazar os muros, filtra a iluminação e a ventilação, no nordeste o cobogó é a maior característica de paredes vazadas. Proteger as Janelas, o uso de fachadas envidraçadas se torna difícil o uso continuo de janelas abertas. Devem sempre ser protegidas por quebra-sol, para que fiquem abrigadas e sombreadas. Abrir as portas, estende a fluência do interior com o exterior, para ter o contato com o coletivo e o individual. A criação de portas externas vazadas para trazer privacidade e ao mesmo tempo entrada de luz, ar e permeabilidade ao ambiente. Continuar os espaços, criar planos vazados, separar somente áreas privativas, disponibilizar um ambiente livre, paredes de meia altura, mantendo a tradição da casa do interior do nordeste. Construir com pouco, empregar materiais diversificados, refrescantes e redução dos custos na construção. Conviver com a natureza, utilizar o sombreamento vegetal, estimulando o crescimento da paisagem natural. Construir Frondoso, desprender da arquitetura de países mais desenvolvidos, e buscar desenvolver uma tecnologia de construção tropical, que forneça os meios necessários para a enorme demanda da nossa população, buscando não só quantidade e sim qualidade. Uma arquitetura que expresse nossa cultura e mostre a apropriação do nosso espaço, trazendo harmonia para as construções.


41

4. ESTUDOS DE CASO 4.1 AACD Recife- PE ( Centro de Reabilitação Eng. Clóvis Scripilliti) Ficha técnica Arquiteto: Não disponibilizado Instituição: AACD Recife- PE ( Centro de Reabilitação Eng. Clóvis Scripilliti) Endereço: Av. Advogado José Paulo Cavalcanti, 155 – Ilha Joana de Bezerra, Recife- PE, CEP: 50080-810 Contato: (81) 3419- 4000 Local do empreendimento: Recife- Pernambuco A instituição é uma entidade privada, sem fins lucrativo que surgiu no Brasil através da iniciativa de ter um atendimento de qualidade, como encontrado no exterior. Com o intuito de tratar crianças e adolescentes com deficiência física e reinseri-los na sociedade. Atende crianças e adolescentes com deficiências como, Lesão Encefálica Adquirida, Paralisia Cerebral , Lesão Medular, Má Formação Congênita, Doenças Neuromusculares, entre outras. Uma equipe ampla de profissionais para o melhor desenvolvimento desses pacientes. O centro foi construido em 1998 com recursos do Teleton, campanha que arrecada fundos para construção de espaços para tratamento de crianças com deficiência. Sua inauguração ocorreu em 1999. Atualmente a AACD disponibiliza 15 unidades distribuídas por 6 estados do país. Em Recife ocupa uma área total de 15.404 m² com 3.175 m² de área construída. Responde pela segunda maior quantidade de atendimentos da Associação. Atende oito patologias em cinco especialidades médicas e odontológicas.(AACD, 2018). A estrutura possui 3 blocos ( A, B e C), no bloco A é distribuído áreas como, Atendimento Geral, Administração, Gerência Administrativa, Sala de Reunião, Tesouraria, Caixa, Marketing e Captação de Recursos, Informação e Voluntariado. No bloco B encontra- se consultórios, serviço social, avaliação global, enfermaria, coordenação clínica, oftalmologia e raio- x. No bloco C está localizado salas de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, fisioterapia aquática, pedagogia e para grupos ( salas com acesso aos jardins internos para atividades em grupo). ( Figura 09).


42 Figura 09 Programa de necessidades da instituição, dividido entre os blocos A, B e C. A) Distribuição dos ambientes no Bloco A. B) Distribuição dos ambientes no Bloco B. C) Distribuição dos ambientes no Bloco C.

Fonte: AACD, Modificado pelo Autor, 2018.

O contato com a natureza se torna cada vez mais importante para o tratamento e evolução dos pacientes. A inclusão de jardim interno entre os blocos se


43 tornou uma das maneiras de interação mais fáceis encontrada pela AACD. Na terapia em grupo os pacientes utilizam esse espaço para fazerem atividades diferenciadas que muitas vezes não vivenciam no seu dia a dia. ( Figura 10). Figura 10: Fachada principal da AACD, com os jardins internos interligando os blocos. A) Fachada principal identificando a localização dos jardins internos.

Fonte: Autor, 2018.

Atualmente funciona um quarto bloco que acomoda a oficina ortopédica. Anteriormente o bloco era localizado em uma das salas de avaliação global localizada no bloco B e não atendia as necessidades para fabricação, armazenamento, distribuição e acompanhamento dos pacientes. ( Figura 11) Figura 11: Oficina Ortopédica, para criação, armazenamento e entrega de próteses. A) Bloco criado em 2009 para maior acomodação dos pacientes. B) Oficina de criação das próteses. C) Área externa da oficina, acesso principal, após os pacientes receberem suas próteses os médicos utilizam também a escada para iniciar o processo de adaptação.


44

Fonte: Autor, 2018.

Com o passar dos anos os ambientes internos tiveram grandes melhorias em relação a acessibilidade e acomodação dos usuários. Atualmente a instituição é adepta do uso de containers para criação de novos ambientes, conforme Rejane, voluntária à 19 anos na AACD que aponta ser um meio mais barato e prático. O bazar criado para arrecadação de doações e revenda a preços acessíveis para os próprios usuários, está instalado em um dos containers. O ambiente é revestido com PVC e refrigerado com ar condicionado. (Figura 12). Figura 12: Bazar locado em três container. A) Acesso principal ao bazar, à esquerda possui uma porta e pano de vidro. B) Instalações internas, acabamento em PVC e ar condicionado. C) Distribuição dos ambientes para o bazar.


45

Fonte: Autor, Modificado pelo Autor, 2018.

Ao longo de toda a criação da AACD a sua estrutura passou por diversas reformas, de acordo com a voluntária Rejane, 2018. Elas acontecem conforme as necessidades e a disponibilidade das doações. A renda é revertida para sua manutenção, através de empresas, campanhas do Teleton, entre outros. A última reforma aconteceu menos de um ano, e foram trocados acentos, portas e realizado reformas nos banheiros. A acessibilidade atende as necessidades dos pacientes. No bloco C está disponível a fisioterapia aquática, um ambiente com uma piscina aquecida, através de um sistema natural de aquecimento realizado para não ter custos adicionais.( Figura 13).


46 Figura 13: Fisioterapia Aquática. A) Indicação do sistema de aquecimento interno. B) Acesso Principal a piscina.

Fonte: Autor, 2018.

Segundo Rejane (2018), todos os pacientes são encaminhados pelo Sistema Único de Saúde- (SUS), já diagnosticados com a deficiência e ao chegar na AACD realizam um cadastro na recepção, cria-se uma carteirinha para que o paciente seja acompanhado. Após esse cadastro ele é encaminhado para a sala de Avaliação Global, nessa etapa o paciente passa por avaliação de várias especialidades para saber qual tratamento ele irá realizar, a sala comporta uma espécie de camas e possuem cortinas para trazer privacidade em cada avaliação. A sala de raio-x está localizado no mesmo corredor da avaliação global, assim o paciente pode ser deslocado facilmente para realizar exames necessários. Nos corredores possuem placas de sinalização para facilitar o acesso dos usuários. Segundo Rejane, 2018, a instituição não possuem ambientes separados para profissionais e pacientes, todos circulam pelos mesmos espaços. As salas para consulta, são ambientes compactos com espaços necessários para atendimento individual.


47 4.2 Hospital Infantil Sabará

Ficha técnica Arquitetos: Fiorentini e Diana Malzoni Instituição: Hospital Infantil Sabará Endereço: Av. Angélica, 1987 - Consolação, São Paulo - SP, 01227-200 Contato: (11) 3155-2800 Local do empreendimento: São Paulo, SP O Hospital Infantil Sabará, foi fundado em 1962 por um grupo de pediatras oriundos das melhores escolas médicas de São Paulo. Ao longo dos anos, consolidou a imagem de compromisso ético, excelência técnica e humanismo no atendimento médico.( Equipe Sabará, 2018). Localizado na Avenida Angélica, com 17 andares e quase 16 mil m². Um novo prédio inaugurado em 2010, teve o principal objetivo de criar um ambiente humanizado para atender crianças e adolescentes. ( Figura 14). Figura 14: Fachada do Hospital Infantil Sabará

Fonte: Julienne Gananian, 2012.


48 Cada andar foi projetado para representar um ecossistema ou bioma diferente e suas características da fauna e flora.(Figura 15). Em 2012 foi desenvolvido o Instituto PENSI, dedicado a pesquisas, ensino e projetos sociais. ( Fonte: Equipe Sabará, 2018). Figura 15: Ambientes lúdicos com características da fauna e flora. A) Sala de espera com figuras e mobiliário de barcos com equipamentos interativos na parede. B) Sala de espera com brinquedoteca e ilustrações do fundo do mar.

Fonte: Redação Pais&Filhos, 2016

Em 2016 o hospital recebeu a Reacreditação de Qualidade e Segurança Hospitalar pela Joint Commission International, classificando a instituição com os mais altos padrões de qualidade e segurança na assistência a crianças e seus familiares, sendo assim comparado aos melhores centros de saúde do mundo. É um dos únicos hospitais no Brasil exclusivamente pediátrico e único privado no estado de São Paulo.( Equipe Sabará, 2018). A humanização no ambiente hospitalar se torna importante a partir de ambientes que tragam algum tipo de distração, um atendimento diferenciado com medidas que conforte a forma de trabalho e o tratamento dos usuários. Uma das praticas que podem deixar os pacientes mais tranquilos, é o cuidado nos centros cirúrgicos, o hospital garante que a mãe ou o responsável pela criança permaneça dentro da sala de cirurgia até que a anestesia faça efeito e ao acordar a mesma pessoa deverá estar presente para que a criança tenha a sensação de segurança. Nos corredores com a implantação de painéis ilustrados, figuras de animais e cenas contando algum tipo de história, ajudam os pacientes aliviarem seus medos e afastarem a sensação de um ambiente confinado ( Figura 16)


49 Figura 16: Painéis lúdicos no percurso do hospital. A) Painéis com figuras de animais. B) Papéis de parede nos corredores para distração e movimento ao ambiente.

Fonte: Roberta Gimenes, 2013

Alguns projetos alegram o dia a dia dos pacientes, garantindo a qualidade no seu processo de recuperação. Como o Cão Terapia, projeto que auxilia na evolução dos pacientes criando laços com os animais, atualmente possui 54 cães terapeutas e seus donos voluntários. O Pronto Sorrir, é um grupo de voluntários atores que se caracterizam de personagens e circulam em duplas nos corredores do hospital interagindo com as crianças. O grupo Saracura propõe as crianças acesso a cultura e música no período de confinamento. O Viva e deixe viver, desde 1997 vem contando histórias para as crianças do hospital. Essas práticas garantem a distração e de alguma forma amenizam todo o processo doloroso de estar em um ambiente hospitalar. Na ária nutricional, a alimentação se torna muito importante para a evolução do paciente. As crianças fazem uma avaliação nutricional, e todos os pratos vem montado com desenhos para se tornarem mais atraentes. As salas de exames, como por exemplo, a de tomografia é temática, em forma de nave espacial, atraindo o olhar e interesse das crianças, obtendo maior cooperação na hora de realizar o procedimento.( Figura 17). Figura 17: Sala de tomografia com representação de foguete, para distração dos pacientes.


50

Fonte: Instituto Pensi, 2012

Com uma infraestrutura especialmente dedicada às crianças, não é a toa que o hospital se tornou referência em qualidade e segurança. O comprometimento com o trabalho, bem estar dos pacientes e familiares está acima de qualquer outra atividade priorizando sempre a humanização do espaço, independente da posição em que se encontra o usuário. De acordo com o Dr. Wagner Cordeiro Araújo, Diretor Superintendente do Hospital, criança não é um adulto pequeno. ( Equipe Sabará, 2019).

4.3 Randall Children´s Hospital – Portland (EUA)

Ficha técnica Arquiteto: ZGF Architects Instituição: Randall Children´s Hospital Endereço: 2801 North Gantenbein Avenue, Portland, OR 97227, USA Contato: 503-276-6500 Local do empreendimento: Porland, Oregon, Estados Unidos O Hospital Infantil Randall, está localizado no Campus do Centro Médico Legacy Emanuel. Com 9 andares, 165 leitos para internação de emergência, terapia intensiva neonatal, terapia intensiva pediátrica, unidade de câncer infantil. É especializado em cuidados pediátricos. ( Figura 18).


51 Figura 18: Mapa do Campus, complexo hospitalar localizado no coração da cidade de Portland.

Fonte: Legacy Health, 2019.

O projeto do Randall Hospital inclui uma nova estrutura com paisagismo, mobiliário urbano, percursos para pedestres que aumentam a sensação de um lugar agradável e convidativo. Sua fachada possui um envidraçamento de alto desempenho e maior isolamento térmico que excede os padrões mínimos de energia do Oregon Energy Code.(Figura 19). Figura 19: Estrutura convidativa dispersando a ideia de um ambiente hospitalar comum. A) Fachada principal revestida com vidros de alto desempenho energético e acessos valorizando o pedestre. B) Entrada com mobiliário urbano e área verde criando espaços de permanência durante o percurso.


52 Fonte: Archdaily, 2013

O hospital estabelece os princípios orientadores definidos por 10 valores que inspiram todas as decisões no design aplicado. Uma delas é a sensação de descoberta inesperada e distração, trazer ambientes confortáveis para todas as idades. Celebrar a diversidade das regiões de Oregon, integrar formas e curvas suaves com imagens encontradas na natureza no interior da instituição. A paleta de cores e animais são representadas em seu interior com regiões geográficas como, o Vale do Willamentte, a Cordilheira da Cascata, a Costa de Oregon e o Deserto. (Fonte: Archdaily, 2013). (Figura 20). Figura 20: Ambientes lúdicos percorrem todo o espaço hospitalar, trazendo maior leveza. A) Sala de espera com design florestal, e numerações em destaque para facilitar a localização dos ambientes. B) Corredor com equipamentos representando campos e jardins, como árvores e pássaros. C) Acesso aos quartos com animais em destaque para distração no decorrer do percurso. D) Recepção com mobiliários lúdicos, iluminação diferenciada e uso de cores aconchegantes.

Fonte: Hoffman Corp, 2016. Um terraço com jardim localizado no terceiro andar foi projetado para fornecer uma variedade de ambientes para brincar, conversar ou simplesmente contemplar. (Figura 21).


53 Figura 21: Terraço jardim com curvas e espaços de permanência.

Fonte: Escritório ZGF, 2019.

Elementos em forma de cones de fibras e vidro foram projetados como elementos decorativos e principalmente funcionais como claraboias para as instalações abaixo. Uma sala com jardim interno, está localizada no extremo leste do terraço, oferecendo um local tranquilo para acesso a um jardim privado ao ar livre. Incorporando ao novo prédio estratégias de design sustentável e segue o “Guia verde para cuidados de saúde”. (Archdaily, 2013). (Figura 22). Figura 22:Jardim externo com claraboias em forma de cone.

Fonte: Escritório ZGF, 2019.


54 A Reabilitação e Desenvolvimento agrega uma equipe que consiste em fisioterapeuras,

terapeuras

ocupacionais,

arteterapeutas,

neuropsicologos,

terapeuras infantis, assistente social, entre outros. Algumas deficiências são tratadas no Rendall Hospital, como Autismo / transtorno do espectro do autismo, Lesões cerebrais, Paralisia Cerebral, Fissura labiopalatina, Atraso no desenvolvimento e outras 15 são listadas para atender um maior número de crianças possíveis. (Fonte Legacy Health, 2019). O programa da Escola hospitalar, oferece uma experiência educativa e motivadora, introduzindo o apoio educacional a alunos com até 21 anos com necessidades médicas, durante sua hospitalização ou tratamento contínuo.

4.4 QUADRO SÍNTESE

Os estudos de caso apresentados destacam-se pela estrutura física, humanização dos espaços, uso de sistemas naturais para melhor funcionamento dos ambientes, economia dos custos fixos, vegetação e espaços verdes para conectar o interior ao exterior como forma de tratamento. A partir dessa tratativa o repertório projetual se torna mais amplo para melhor desenvolvimento e criação de equipamentos que atenda as expectativas do projeto elaborado. A AACD Recife se difere pela divisão dos espaços, seu programa de necessidades busca a adequação de sua estrutura física e administrativa, para que seja quantitativo e qualitativo. A Distribuição dos serviços por blocos facilita a organização interna e direcionamento dos pacientes. A conexão com os jardins internos demonstra a preocupação de inclusão com a natureza. O uso da arquitetura com containers para fins lucrativos voltados para a própria instituição, facilita a diminuição de gastos e manutenção contínua. O Hospital Infantil Sabará, traz a capacidade de introdução da humanização hospitalar, o respeito pela família, pacientes e funcionários. Hospital exclusivo para atendimento infantil, é referencia em qualidade e segurança. Ambientes lúdicos projetados para o bem estar de todos, atividades diferenciadas, ativando o interesse e dispersão dos usuários, eliminando o aspecto hospitalar tradicional. O Randall Children´s Hospital, utiliza cores, formas, iluminação e natureza, destacando-se fortemente na aplicação da humanização dos espaços. Ambientes


55 lúdicos trás o conforto e aplicação de outras perspectivas diárias aos usuários. Utiliza materiais e equipamentos para integração dos ambientes e interação em cada andar da edificação. ( Quadro 01). Quadro 01: Síntese entre as diferentes aplicações dos estudos de caso apresentados, AACD, Hospital Infantil Sabará e Randall Children´s Hospital. Objetos de Estudo

Implantação

AACD Recife Localizado próximo a estação Joana Bezerra, no bairro do Recife, área central que interliga vários sistemas viários da Região metropolitana.

Hospital Infantil

Randall Children´s

Sabará

Hospital

Localizado na Avenida Angélica-

Localizado

Consolação, Campus

do

região central do município Médico de

São

Paulo,

com Emanuel,

importante marco histórico maiores e cultural.

no Centro Legacy

um

dos

complexos

hospitalares,

na

cidade de Portland, no noroeste dos Estados Unidos A edificação é dividida em três blocos principais, cada um deles contém um conjunto de especialidades médicas. Um único bloco separado, construído posteriormente, abriga a oficina ortopédica.

O prédio com 17 andares é equipado com, Unidade de internação, Unidade de Terapia Intensiva, Centro cirúrgico, Centro de Diagnóstico, Centro de excelencia, Hospital Dia e ProntoSocorro, distribuídos ao longo do edifício.

A edificação possui 9 andares, 165 leitos para internação de emergência, terapia intensiva neonatal, terapia intensiva pediátrica, unidade de câncer infantil.

Salas de avaliação, atendimento, reabilitação, voluntariado, oficina Programa de ortopédica, são os Necessidades principais atendimentos ofertados.

Sala de espera; Sala de triagem; Sala de cadastro; Sala 100; Consultório médico; Consultório de ortopedia; Sala de emergencia; Sala de medicação; Box de observação; Cafeteria; Central de exames; Central de internação; Brinquedoteca e Salas de cirurgia.

Administração; Sala de atividades infantis; Serviço voluntário; Centro de tratamento diário; Departamento de emergencia; Unidade intensiva neonatal; Unidade intensiva pediátrica; Centro do adolescente e Psiquiatria.

Zoneamento


56 Ambientes agradáveis em ótima conservação, banheiros, portas, rampas acessíveis, jardins internos, terapias em grupos, piscina aquecida para hidroterapia, atraem o olhar para um atendimento humanizado.

Capacitação dos Integração do interior funcionários para com o exterior, uso de identificar as necessidades cores e iluminação. Terraço jardim e sala dos pacientes e familiares. com jardim interno. Ambientes lúdicos. Descoberta Respeito às crenças inesperada e familiares. Projetos que nos garantem a qualidade do distração processo de recuperação. ambientes. Programa

Sistema Construtivo

Na fachada uso de tijolos aparente, e utlização de vidros. Edificação horizontal facilitando o deslocamento dos usuários.

Uso de vidros e chapas de ACM. Iluminação artificial se destaca na edificação. Construção verticalizada.

Fachada com pano de vidro, uso de madeira e clarabóia. Iluminação natural se destaca na edificação.

Conforto Ambiental

Espaços acessíveis, poucos ambientes abertos, uso de iluminação artificial é predominante. Jardim interligando os blocos.

Espaços lúdicos, humanizados e iluminação artificial, decoração com ilustrações. Terraço jardim como espaço para distração.

Uso de cores, terraço jardim e mobiliário interativo. Os espaços lúdicos se destacam.

Humanização dos espaços

escola hospitalar.

Fonte: Modificado pelo autor, 2019.


57

5. ETAPAS PROJETUAIS 5.1 Contexto do desenvolvimento urbano da cidade Capital do Estado de Pernambuco, a cidade de Recife é a 9ª cidade mais populosa do Brasil de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018, possuindo 1.637.834 habitantes. Considerada por muitos a capital do nordeste, exerce um papel importante por sua influência e localização na região, através da sua história, economia, educação e turismo. A cidade é composta por 6 RPAs que de acordo a lei nº 16.293/97, são subdivididas em microrregiões, visando à definição das intervenções municipais à nível local articuladas com a população. À cada Região Político-Administrativa corresponde uma sede regional, onde poderão ser instaladas as unidades administrativas desconcentradas dos diferentes órgãos da Prefeitura da Cidade do Recife -PCR, para fins previstos no art. 167, do Plano Diretor de Desenvolvimento da Cidade do Recife – PDCR. A Região Político Administrativa IV (RPA4) é composta pelos bairros: Cordeiro; Ilha do Retiro; Iputinga; Madalena; Prado; Torre; Zumbi; Engenho do Meio; Torrões; Caxangá; Cidade Universitária; Várzea.( Figura 23). Figura 23: Mapa da Cidade de Recife, com as divisões das RPAs, totalizando 6 regiões.

Fonte: Edmar Lyra, 2018.


58 O bairro da Cidade Universitária se destaca por ser uma área residencial, localizada no perímetro dos equipamentos urbanos importantes para a região metropolitana do Recife. Segundo o Censo demográfico, 2010, a região possui 818 habitantes, sendo 49, 28% com faixa etária de 25-59 anos. O número elevado de moradores não destaca a movimentação diária do bairro, estão residindo na localidade para usufruir dos serviços disponibilizados, caracterizando assim uma população flutuante. O número fixo de moradores se torna muito inferior, comparado aqueles que estão de passagem ou que permanecem por tempo determinado.

5.2 Área de estudo A área escolhida de forma estratégica, está localizado no bairro da Cidade Universitária limítrofe com o bairro do Engenho do Meio em Recife, enquadrado na RPA 4. (Figura 24) Figura 24: Localização do bairro da Cidade Universitária no contexto nacional, estadual e metropolitano.

Fonte: Modificado do Google, 2018.

O terreno está localizado na Rua Lindolfo Color s/n, Engenho do Meio, Recife- PE, com uma área de 23.923 m², próximo a BR 101 um dos principais corredores que interligam diversos bairros, cidades e Estados, caracterizando uma área de grande fluxo. (Figura 25).


59 Figura 25: Imagem aérea indicando a localização do terreno escolhido.

Fonte: Modificado do Google Earth, 2018.

5.3 Caracterização da área de estudo

A Cidade Universitária localizada na RPA 4, Microrregião: 4.3, distância de 8,89 km do Marco Zero. O bairro surgiu em torno da Universidade Federal de Pernambuco- (UFPE), inaugurada em 1958. A região abriga também o prédio da extinta Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste- (SUDENE) , atualmente pertencente a UFPE. Por ser uma área que dispõe de diversos serviços, o Hospital das Clínicas recebe pacientes de diversos locais, se tornando um hospital de referência na cidade do Recife. O hospital foi lançado na década de 50 durante o reitorado do professor Joaquim Amazonas. Contudo, a sua inauguração ocorreu no dia 14 de setembro de 1979 pelo Reitor Paulo Frederico do Rêgo Maciel. Essa iniciativa marcou a transferência dos setores do Pedro II ( primeira unidade hospitalar ligada à UFPE) para o Hospital das Clínicas. Fonte:http://www.ebserh.gov.br Construções de forte impacto atrai diariamente uma grande movimentação de pessoas na área. O mapa de equipamentos indica a localização dessas construções de grande importância. ( Figura 26).


60 Figura 26: Mapa de visadas, identificando edificações importantes. A) Terreno escolhido para implantação do projeto. B) Hospital das Clínicas. C) Prédio da Sudene. D) Universidade Federal de Pernambuco.

Fonte: Modificado do Google Earth, 2018.

5.4 Análise da área de estudo 5.4.1 Mapa de Nolli

A análise dos mapas irão determinar o adensamento da malha urbana, características pontuais, indicações climáticas entre outros aspectos que serão de extrema importância para a elaboração de um projeto arquitetônico. O mapa de Nolli destaca a organização da malha urbana indicando seu adensamento e ocupação das edificações. Próximo a UFPE percebe-se uma predominância em relação as construções, quadras alinhadas, lotes individuais e


61 com recuos. De forma ortogonal as edificações se organizam criando diversas quadras ao longo do bairro. É perceptível grandes vazios, afirmando a rotatividade de moradores na área, de sua maioria flutuante. ( Figura 27). Figura 27: Mapa de Nolli, identificando o adensamento.

Fonte: Modificado do Autocad, 2018.

5.4.2 Mapa de Usos

A Cidade Universitária concentra equipamentos urbanos que destinam espaços para estudo, pesquisa e tratamento de pessoas, desenvolvendo assim uma


62 área adensada. Em um perímetro próximo a esses equipamentos, uma malha urbana foi alinha de acordo a essas necessidades, destacando o uso residencial, proporcionando revitalização e ocupação dos espaços urbanos. O uso comercial não é o predominante, porém, próximo a essas instituições pode- se encontrar comércios irregulares facilitando o atendimento daqueles que circulam diariamente na localidade. Essas características podem ser facilmente identificadas no mapa de usos. (Figura 28). Figura 28: Mapa de Usos, identificando a diversidade das edificações.

Fonte: Modificado do Autocad, 2018.


63 5.4.3 Mapa de Gabaritos

De acordo com a legislação da área (Lei nº 17511/2008), a Rua Lindolfo Color caracteriza-se como uma via secundária, dessa maneira a altura máxima permitida para construções é de até 48 metros lineares. Com a análise da área pode ser identificado um agrupamento maior de residências com até um pavimento. Ao longo do percurso encontra-se alguns edifícios residenciais que não ultrapassam esse limite estabelecido. As instituições marcantes da área estão localizadas em uma via principal (BR101), os edifícios podem atingir até 60 metros lineares, de acordo com a legislação vigente para a região. (Figura 29). Figura 29: Mapa de Gabaritos, identificando a altura das edificações.

Fonte: Modificado do Autocad, 2018.


64 5.4.4 Sistema viário

De acordo com o Plano Diretor do Recife (Lei 17.511/2008) Art. 76, diz que o sistema viário está classificado por categorias funcionais, via Arterial Principal, via Arterial Secundária, Coletora e Local. Apresenta também as ruas e avenidas classificadas de acordo com seu fluxo e importância viária. Uma das principais rodovias federais do Brasil, a BR 101, que interliga diversos estados, é classificada como uma via arterial principal. Durante o ano muitas obras são realizadas para melhorias da rodovia que refletem em grandes engarrafamentos e aglomerado de veículos. O terreno localizado na Rua Lindolfo Color é perpendicular a BR 101, classificada como uma via arterial secundária, com médio fluxo de veículos. A circulação do transporte público facilita o acesso da população da área por interligar a diversos terminais rodoviários da cidade. (Figura 30). Figura 30: Mapa de Sistema viário, identificando os fluxo.

Fonte:Modificado do Autocad, 2018.


65 5.4.5 Massa vegetativa

Ao longo dos anos, percebemos que a Cidade do Recife vem sofrendo com altas temperaturas, isto ocorre através das mudanças do solo, com adensamento populacional

e

redução

nas

coberturas

vegetais,

aumentando

sua

impermeabilização, afetando diretamente o não escoamento da água da chuva. No perímetro do terreno a massa vegetativa se enquadra como moderada, tendo sua disposição classificada como agrupada e difusa. (Figura 31). Figura 31: Mapa de Massa vegetativa, identificando o adensamento de árvores.

Fonte: Modificado do Autocad, 2018.


66 5.5 Condicionantes ambientais5.5.1 Insolação e Ventilação

A análise bioclimática indica a direção dos ventos e curvatura solar. Na carta é possível verificar ventos predominantes vindos do sudeste na maioria dos meses do ano, sendo de suma importância para a fluidez do ar e não estabelecer barreiras ou gerar ilhas de calor. De acordo com a curvatura solar a disponibilidade é de um nascer e entardecer mais rápido, dessa maneira a visibilidade de equipamentos que tragam sombras no oeste é maior para que não crie desconforto térmico no interior da edificação. No nascente o aproveitamento da iluminação e ventilação natural deverá trazer permeabilidade e leveza na construção.( Figura 32). Figura 32: Insolação e ventilação.

Fonte: Modificado do sunearthtools, 2018.

5.6 Condicionantes legais

De acordo com o Plano diretor do Recife, a área de intervenção está situada na Zona de Ambiente Construído de Ocupação Moderada- ZAC Moderada, caracteriza-se como uma ocupação diversificada, com o objetivo de moderar e potencializar novos padrões de adensamento, observando a capacidade e a infraestrutura do local, dinamizando atividades locais e combater a retenção imobiliária,


67 promovendo parcerias com a iniciativa privada e o poder público. (Figura 33). Figura 33: Demarcação do zoneamento.

Fonte: Modificado do Esig, 2018.

Os parâmetros encontrados na Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) da Cidade do Recife, aplica-se às obras de infra-estrutura, urbanização, reurbanização, construção, reconstrução, reforma e ampliação de edificações, instalação de usos e atividades, inclusive aprovação de projetos, concessão de licenças de construção, de alvarás de localização e de funcionamento, habite-se, aceite-se e certidões. Para o terreno estão sintetizadas no Quadro 02. Quadro 02: Parâmetros legais Urbanísticos Zac Moderada

Zoneamento

Estacionamento

Área total do terreno

100%

Afastamento Frontal

Af

Coeficiente de utilização

3

Afastamento Lateral

Al

Taxa de solo natural

25%

Afastamento F. Inicial

Afi

Lâmina construtível

75%

Afastamento L. Inicial

Ali

Afastamento Fundos

Afu

Fonte: Modificado da LUOS da Cidade do Recife, 2018.


68

6. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA 6.1. Conceito e Partido Arquitetônico

O conceito desse projeto foi desenvolvido a partir da necessidade de inclusão e tratamento adequado para crianças com algum tipo de deficiência neurológica. O cérebro é o ponto inicial para a funcionalidade do nosso corpo. Dessa maneira se torna um quebra cabeça agregado ao corpo, ou seja, sem ele ou uma parte não funcional, o corpo não desenvolve corretamente suas funções. A partir desse entendimento o conceito para o projeto é o “ Tangram”. O Tangram é um quebra-cabeça chinês que contém 7 peças (2 triângulos grandes, 1 triângulo médio, 2 triângulos pequenos, 1 quadrado e 1 paralelogramo). Na China antiga, era utilizado para estudar a inteligência humana. (Dantas, 2019). (Figura 34). Figura 34: Tangram, conjunto formado por 7 peças.

Fonte: Brasil Escola, 2019.

Buscou-se na proposta a união das formas, de modo a favorecer setorização do edifício e a percepção das figuras geométricas. A integração das áreas internas e externas foi a maior preocupação, para que não se tornasse um edifício denso e enclausurado. O encontro de cada bloco é separado por um jardim. O uso de vidros, brises e claraboia foi a solução encontrada para introduzir a natureza nos ambientes. Figuras interativas foram desenvolvidas nas fachadas e no interior da construção, trazendo ludicidade e humanização.


69

7. DIRETRIZES E CONDICIONANTES PROJETUAIS 7.1. Programa de Necessidades e Pré Dimensionamento

O programa de necessidades estabelece parâmetros e dimensionamentos para os ambientes propostos visando atender os objetivos apresentados. O projeto será baseado no Manual de Ambiência dos Centros Especializados em Reabilitação, disponibilizado pelo Ministério da Saúde. Nele contém orientações para elaboração de projetos de Construção, Reforma e Ampliação, todas conforme a RDC 50/2002, regulamentação técnica para o planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Os estudos de caso também foram considerados como referências projetuais, exemplificando ambientes obrigatórios e recomendados com áreas mínimas e sugestões de layout. A construção do programa de necessidades, baseado nas orientações técnicas, está representado em tabela subdividida em atividades desenvolvidas e seus dimensionamentos específicos. (Tabela 10). Tabela 10: Programa de necessidades e pré-dimensionamento dos

Aprendizagem

Administração

Hall Principal

ambientes. Ambiente

Quantidade

Área Prevista

Sala de Telefonia

01

20,34 m²

Voluntariado

01

44,91 m²

Bazar Beneficente

01

97,30 m²

Sala de Reuniões

01

33,78 m²

Arquivo

01

22,25 m²

Sala de Administração

01

35,00 m²

Auditório

01

321, 59 m²

Sala de Pesquisa

01

56,20 m²

Biblioteca

01

128,00 m²

Hall de acesso

01

60,61m²


Serviços

Consultórios

Terapias

Aquática

70

Fonte: Autor, 2019.

Consultório Hidroterapia

01

18,25m²

Fisioterapia Aquática

01

863,75m²

Depósito

01

40,84m²

Terapia Ocupacional

02

22,55m²

Assistente Social

01

16,20m²

Psicologia

01

16,33m²

Consultório Fisioterapia

01

33,56m²

Consultório Pediatria

01

32,96m²

Consultório Fonoaudiologia

01

33,25m²

Fisioterapia Coletiva

01

72,83m²

Sala de Descompressão

01

31,53m²

Corredor de Serviço

01

154,85m²

Avaliação Global

02

29,10m²

Consultório de Pediatria

02

33,95m²

Consultório de Neurologia

02

33,95m²

Consultório de Fonoaudiologia

02

33,21m²

Consultório Oftalmologia

02

33,95m²

Corredor de Serviço

01

87,46m²

Recepção

03

193,65m²

Depósito de Lixo

01

12,25m²

Guarita

01

20,42m²

Bwc Masculino

04

20,40m²

Bwc Feminino

04

20,40m²

Bwc Acessível Feminino

03

8,11m²

Bwc Acessível Masculino

03

8,00m²

Vestiário Masculino

01

69,42m²

Vestiário Feminino

01

68,97m²

Refeitório

01

74,42m²

Copa

01

35,00m²


71 7.2. Zoneamento

Partindo do programa de necessidades e pré-dimensionamento é elaborado o zoneamento para a proposta apresentada. O estudo de distribuição dos espaços é de extrema importância para definir usos funcionais e estratégicos a edificação. O acesso inicial se da através das recepções ou hall de espera, logo após identificação os pacientes serão direcionados ao atendimento. A área Administrativa está conectada aos espaços internos da edificação. O acesso do bloco aprendizagem atende de forma ampla a população residente na área, convidados e alunos, com eventos e palestras. Ao oeste estão localizadas as zonas de atendimento, como fisioterapia aquática, setor de reabilitação e atendimento básico, todos conectados internamente.(Figura 35). Figura 35: Zoneamento do edifício.

Fonte: Modificado do Autocad, 2019.

7.3. Evolução Volumétrica

O estudo foi elaborado através da junção e desconstrução dos volumes geométricos do Tangram, seguindo o sentido do terreno, várias formas foram


72 desenvolvidas pensando na conexão dos blocos criando espaços internos e externos. A volumetria foi estudada também com recortes das peças e junção de diversas possibilidades. Facilitando o entendimento das variações de espaços, posicionamentos e acessos. (Figura 36). Figura 36: Evolução da forma

Fonte:Autor, 2019.

O volume inicial apresenta uma junção aglomerada de blocos, criando espaço confinados e mal distribuídos. No processo evolutivo a necessidade de ampliação foi a principal causa para a mudança. Blocos com quadra aberta é o principal ponto para a inserção da população ao edifício desenvolvido. A proposta é que o paciente pudesse acessar diversos ambientes sem apresentar dificuldade de locomoção.

7.4. Inserção Urbanística

O projeto está inserido em uma área central para a facilidade de acesso, próximo a equipamentos urbanos de extrema importância para a localidade. A fachada principal está voltada para a Rua Lindolfo Collor, uma entrada lateral secundária também viabiliza a locomoção dos usuários. A entrada do estacionamento é pela Rua Gov. Lopo Garro e saída para Rua Costa Sepulveda, com capacidade para 57 vagas. (Figura 37).


73 Figura 37: Implantação do edifício no terreno.

Fonte: Autor, 2019. O projeto conta com seis blocos interligados. O conceito de quadra aberta está aplicada em espaços arborizados para o público, bicicletário, auditório, biblioteca e sala de pesquisa, viabilizando a conexão com o contexto existente.


74 Na área externa um jardim sensorial e espaços para terapia foram projetados para diferenciar a forma de tratamento aos paciente, buscando sempre a humanização hospitalar para a eficácia do processo evolutivo.

7.5. Soluções Funcionais

A distribuição dos ambientes se deu através dos estudos preliminares, o zoneamento foi de extrema importância para que o programa de necessidades fosse incluído de forma coerente ao edifício. A funcionalidade e acessibilidade é a principal preocupação para que o percurso fosse feito de forma fácil e intuitiva. (Figura 38) Figura 38: Distribuição dos ambientes em Planta Baixa

Fonte: Autor, 2019.

O primeiro contato com o paciente é através da recepção geral ( Recepção/ Hall de espera), viabilizando os atendimentos específicos. Para as consultas o paciente é direcionado a área de atendimento básico, uma triagem inicial é realizada


75 e encaminhado para uma avaliação global, passando por diversos profissionais, identificando assim suas necessidades e iniciando um tratamento personalizado. No bloco Reabilitação, integrado ao bloco Terapia Aquática encontra-se o atendimento às atividades de fisioterapia e desenvolvimento do paciente, contendo fisioterapia geral, individual, aquática, terapia ocupacional, entre outras atividades para o desenvolvimento físico e psicológico. Os profissionais poderão contar com uma área externa privada com jardim sensorial e atividades ao ar livre. Interligado ao bloco Terapia Aquática, temos a área de Aprendizagem que concentra o auditório, sala de pesquisa e

biblioteca. Por ser uma área inclusa na rede da

Universidade Federal de Pernambuco e ser próximo ao Hospital das Clínicas, pode ser um atrativo para profissionais de diversas áreas criando possibilidades para aqueles que necessitam de uma evolução em seu tratamento. O conhecimento é de extrema importância para quem convive com pessoas que apresentam algum tipo de deficiência. No bloco Administração encontra-se a gestão de todo o funcionamento do espaço, com sala de arquivo, reuniões e administração geral. Áreas para funcionários como

sala de descompressão, convivência e refeição, estão

disponíveis para trazer um ambiente agradável e humanizado. O bazar beneficente está interligado, atendendo também a população residente da localidade.

7.6. Acessibilidade

A acessibilidade foi pensada em toda a construção, facilitando o deslocamento dos pacientes, seguindo principalmente os critérios e parâmetros técnicos da NBR 9050 (2015) e princípios do Desenho Universal. Os acessos principais possuem rotas exclusivas para pedestres, evitando o conflito com a circulação de veículos. Foram evitados desníveis internos e na área externa uma suave inclinação direciona o usuário para dentro do lote, viabilizando seu deslocamento de forma segura e confortável. O projeto conta com sanitários acessíveis, e barras de apoio, possibilitando um acesso independente e entrada de um acompanhante. Todas as portas seguem a recomendação de aberturas para fora. O piso tátil está aplicado nos principais acessos para que o paciente seja direcionado corretamente.


76 No estacionamento o acesso de veículos e seus espaços de circulação estão localizados de forma independente para não interferir na circulação de pedestres. Vagas reservadas facilitam o deslocamento, direcionando o usuário através de um espaço seguro.

7.7. Métodos construtivos A fim de oferecer outras formas de percepção do edifício, foram utilizadas soluções simples que exploram os sentidos do usuário e vão além das normas de acessibilidade. Foram utilizados na proposta recursos visuais, táteis, auditivos e olfativos. A aplicação de diferentes pisos é encontrado em toda a implantação. Internamente o piso vinílico se destaca, indicado para ambientes clínico hospitalar, é um revestimento antialérgico e bastante resistente, conserva a temperatura do ambiente e reduz a propagação do som. Na travessia entre um bloco e outro o piso de madeira foi escolhido para trazer a sensação da natureza ao conectar o usuário ao ambiente externo. A escolha do concreto vassourado para a área externa foi pensado para facilitar o deslocamento, principalmente dos cadeirantes, evitando trepidações em seu trajeto, esse tipo de piso é indicado para áreas de passeio, possuindo alta resistência e é anti derrapante. Também foram utilizados recursos visuais e auditivos na circulação, através das diferentes formas geométricas, elaboradas pelo conceito do Tangram. Cada ambiente possui um tema característico, trazendo a humanização e distração dos pacientes. ( Figura 39)


77 Figura 39: Ambientes internos utilizando recursos visuais e táteis, através do conceito Tangram.

Fonte: Autor, 2019.

Na fisioterapia aquática e no interior da edificação o uso painés de vidro, claraboias e inclusão de jardins de inverno, agregam soluções visuais através da conexão com o ambiente externo, facilitando a entrada de iluminação e inclusão da natureza no processo de recuperação dos pacientes. (Figura 40).


78 Figura 40: Inclusão da natureza no processo de recuperação, através de materiais eficientes.

Fonte: Autor, 2019. Com os problemas em relação a incidência solar, os ambientes voltados para o poente, foram solucionados através da utilização de brises verticais. Para não se tornar um equipamento monótono a aplicação de um conjunto de cores, garantem um conforto térmico e visual aos usuários. (Figura 41) Figura 41: Utilização de brises para conforto térmico e visual a edificação.


79 Fonte: Autor, 2019. Na fachada a escolha inicial foi a aplicação de vidros, trazendo leveza e interação com o ambiente externo. O uso de placas de ACM, sobrepondo algumas partes da fachada, foi uma proposta diferenciada e divertida, através de recortes em formatos de crianças em movimento, formadas pela junção das peças geométricas do Tangram. A busca de um ambiente lúdico é logo perseptível na chegada da edificação, se destacando e criando uma relação atrativa e aconchegante, principalmente para as crianças que estão frequentemente nesse espaço. (Figura 42). Figura 42: Desenhos na fachada com figuras geométricas.


80 Fonte: Autor, 2019.

Na coberta a utilização de teto verde traz à edificação conforto térmico e acústico, diminuição de temperatura interna e externa, promove a convivência com a natureza, beleza e bem estar. Serão instalados o modelo SkyGarden nº 5 que possuem substratos de 5cm de espessura e poderão receber vegetação de até 45cm de altura. (Figura 43). Figura 43: Vista da coberta.

Fonte: Autor, 2019. E por fim, para a área externa foram escolhidas maneiras de explorar o olfato, criando memórias através dos cheiros. O jardim sensorial foi proposto para trazer sensações olfativas, visuais e táteis, com a escolha de espécies vegetativas, cores e formas diferenciadas. ( Quadro 03). Quadro 03: Indicação de espécies para a proposta paisagística. Nome Popular

Nome Científico

Hábito

Porte

Hortelã

Mentha spicata

Herbácea

0,2-0,5m

Manjericão-dejardim

Ocimum basilicum

Herbácea

0.6m

Mini-gardênia

Gardenia radicans flore Arbusto pleno

Capim-santo

Cymbopogon citratus

Fonte: Autor, 2019.

Herbácea

Clima Temperado e subtropical Subtropical

0,6-2,0m

Mediterrâneo, subtropical, temperado e tropical

1-2m

Equatorial, mediterrâneo, subtropical e tropical


81 Esse tipo de tratamento se torna importante para o processo evolutivo do paciente, gerando diferentes persepçþes. ( Figura 44) Figura 44: Jardim Sensorial

Fonte: Autor, 2019.


82 7.8. Instalações Hidrossanitárias

Para o cálculo da capacidade do reservatório superior e inferior foram tomadas como base as recomendações da Lei de Edificações e Instalações da Cidade do Recife, nº 16.292/97,. De acordo com a legislação deve ser considerado o uso do edifício em relação a sua quantidade de usuários para estimar o consumo geral. O edifício se enquadra como serviço técnico, o recomendado é que seja considerado 80 litros por pessoa a cada 70m². Para o cálculo da reserva de incêndio, foram considerados 02 dias de falta d’água e um adicional de 20% para o reservatório superior. Com isso, o cálculo se torna importante para o dimensionamento e capacidade dos reservatórios.

69 pessoas x 80 litros = 5.520 litros

/

5.520 litros x 2 dias = 11.040 litros

Reservatório Superior: 11.040 x 40%= 4.416 + 20%= 5.299,20 Reservatório Inferior:

11.040 x 60%= 6.624

Total: RS: 5.299,20 e RI= 6.624 Volume : RS: 5.299,20 x 1000= 52,99 m³ / RI: 6.624x 1000= 66,24 m³ Dessa maneira o reservatório superior possui a capacidade de 5.299,20L, medindo 7,00 x 7,00 x 1,08 metros, e o reservatório inferior 6.624L , medindo 5,00 x 7,00 x 1,89 metros.


83

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento de um Centro de Neuroreabilitação Infantil, foi importante para a visibilidade do público-alvo e seus problemas, que através de pequenas aplicações arquitetônicas podem ser solucionadas, gerando oportunidades e melhorias no tratamento. As dificuldades e limitações do dia a dia dessas crianças e suas famílias, conduz o interesse para alcançar o mínimo de um tratamento digno e adequado. Todos os dias em diversas localidades, pessoas sofrem com um simples acesso a um serviço básico de saúde, passando por inúmeras dificuldades com a regressão de seus movimentos físicos e atividades mentais. Quanto aos acompanhantes, parte de suas vidas são doadas em prol do bem-estar desses pacientes, tentando amenizar esses reflexos adquiridos com o tempo. Nessas condições, um espaço físico que promova maior bem estar e desenvolvimento, não irá resolver todos os problemas, mas certamente contribuirá para minimizar os traumas ocasionados pela busca de tratamento e qualidade de vida dessas pessoas. A maior dificuldade para a realização deste trabalho foi reconhecer e entender suas limitações e identificar motivos básicos para interrupção do tratamento dessas crianças. Uma das principais diretrizes é a inclusão da humanização dos espaços, com a criação de ambientes que estimulam, acolhem e tratam esses pacientes de forma adequada, com equipamentos inclusivos e até uma simples figura ilustrativa aplicada a edificação. O processo projetual foi desenvolvido a partir de referências diárias, estudos de caso, relatos de pessoas que se enquadram nessa situação. A visita na AACDRecife, possibilitou estar mais próximo dessa realidade, podendo vivenciar suas dificuldades de perto, visualizando o fluxo de atendimento e contribuições diárias. Dessa

maneira

todo

o

estudo

realizado

foi

enriquecido,

norteando

o

desenvolvimento e permitindo que minha proposta fosse concluída, levando em consideração todas as legislações vigentes, a funcionalidade dos espaços, facilidade de acessos e principalmente a oportunidade de um dia encontrarmos mais ambientes com estruturas mínimas para atender essas pessoas.


84

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT, NBR 9050, 2015. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Disponível em: <https://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/ %5Bfield_generico_imagens-filefield-description%5D_164.pdf>. Acesso em 05 de Abril de 2019. ABPC, Associação Brasileira de Paralisia Cerebral. Paralisia Cerebral. Disponível em: <https://paralisiacerebral.org.br/>. Acesso em 18 de Março de 2019. ARCHDAILY, 2013. Randall Children’s Hospital/ ZGF Architects. Disponível em: <https://www.archdaily.com/347370/randall-children%25c2%25b4s-hospital-zgfarchitects-llp>. Acesso em 15 de Abril de 2019.

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<https://www.zgf.com/project/legacy-health-randall-childrens-

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89

APÊNDICES- PEÇAS GRÁFICAS APÊNDICE A- PLANTA DE SITUAÇÃO E PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA APÊNDICE B- PLANTA BAIXA APÊNDICE C- PLANTA BAIXA COM LAYOUT APÊNDICE D- CORTES APÊNDICE E- FACHADAS


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