Revista Queer

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Romeu no Brasil

Denis Vieira, o bailarino do Municipal do Rio que anda causando frisson nas plateias

Estilo

• Looks

monocromáticos

• Jaquetas para

substituir o terno

Glauco Mattoso

Cego, homossexual, poeta, subversivo

A nova vida de

Ricky

Martin

“Eu sou o pai e sou a mãe, aos meus filhos contarei a verdade” •1


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junho 2012

ESSENCIAL

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ARTE Três artistas plásticos que vem movimentando as galerias de arte

CAPA Ricky Martin nos conta sobre sua vida, casamento e filhos

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VIAGEM

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ESPORTE

Um roteiro diferenciado pela festiva e boêmia Irlanda

O time de rugby formado por gogo-boys e strippers que já tem até patrocinadores


PRELIMINARES

FASHION

CARTA DO EDITOR 6

MODA 66 LUXO 68 EDITORIAL 72

COLUNA TONY GOES 10 GLAMOUR ROMEU DO BRASIL 12

SAÚDE E BELEZA FALE DE PERTINHO 88 LUXÚRIA SEXO 92

ATUALIDADES

ENSAIO 94

POLÍTICA 14

LIFESTYLE

MOTOR 16

DECO 104

CULT CINEMA 20 TEATRO 22

GOURMET 106 AGENDA DESTAQUES 110

ENTREVISTA

POEMA

GLAUCO MATTOSO 32

DIFERENÇA 114


PRELIMINARES

bem vindo Esta é a primeira edição da Queer, uma revista voltada para o público homossexual masculino. Política, atualidades, beleza, estilo, cultura e tudo o que o homem gay, de bem com a vida e conectado com o mundo, deseja saber, será discutido em nossas matérias. O mundo vem se tornando cada vez mais conectado e aberto às diversidades. Nesse contexto, mostramos a matéria com Ricky Martin em que ele fala sobre sua vida, casamento e filhos, depois que assumiu sua homossexualidade. Ainda quebrando a barreira do preconceito, mostramos o time de rugby formado por gogo-boys e strippers, que já tem até patrocinadores. O poeta Glauco Mattoso, nosso entrevistado, nos contou como superou a deficiência visual, seus sofrimentos quando criança e como inclui tais fatos em suas poesias. Você poderá encontrar ótimas dicas sobre moda e estilo na seção fashion, e há também na seção luxúria um ensaio sensual com o modelo Claudio Hernandez. Tudo isso e mais um pouco nas páginas da Queer, mensalmente, para você.

Aproveite e boa leitura!

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Curso de Graduação em Design Projeto Integrado do 3º semestre das disciplinas: Projeto III - Cultura e informação Profª. Marise de Chirico Língua Portuguesa III Profª. Regina Ferreira da Silva Marketing II Profª. Vivian Iara Strehlau Módulo de Atividades Habitação/Cor Profª. Paula Csillag Produção Gráfica Profª. Antonio Celso Collaro

Edição de imagens, projeto gráfico, diagramação, tratamento de imagens, revisão, edição: Giulia Lucena Zoia de Camargo Joyce Torres Thaís de Figueiredo Leite

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COLUNA

Tony Goes Os homofóbicos merecem riso e desprezo Fale com o colunista tonygoes@uol.com.br

T

oda vez que vejo um pastor vociferando contra os gays na televisão, ou um deputado igualando a homossexualidade à pedofilia, tenho vontade de perguntar: vocês não tem medo de estar na contramão da História? É claro que eles não têm. Esta corja só está interessada no voto do eleitor desinformado ou no dízimo do fiel desorientado. O julgamento da posteridade não os incomoda. Não percebem que a luta que travam hoje é inútil: o casamento gay é inevitável, assim como todos os direitos igualitários. Basta olhar no mapa. Há mais de dez anos que a causa LGBT vêm alcançando conquistas reais pelo mundo afora. Primeiro nos países europeus mais avançados socialmente, como a Holanda ou Suécia. Depois, praticamente em toda a Europa ocidental (com a desonrosa exceção da Itália, por causa da influência do Vaticano), além do Canadá, da África do Sul e de cada vez mais Estados norte-americanos. Até nossos vizinhos já começaram a aderir: Argentina, Uruguai, Colômbia, México, todos vêm passando, em graus variados, legislações favoráveis aos homossexuais. Por aqui também alcançamos algumas vitórias, quase todas no âmbito do Judiciário. Mas não é este o meu ponto. O que eu quero dizer é: só um cego não vê que a luta pelos direitos dos gays está seguindo o mesmo padrão de outras grandes mudanças sociais, como a abolição da escravatura ou o movimento feminista. Todas começaram devagarinho, em poucos lugares, mas acabaram se espalhando pelo planeta inteiro e se tornando irreversíveis. A diferença é o que os gays estão avançando muito mais rápido. A escravidão levou praticamente todo o século 19 para ser extinta na Europa e nas Américas.

Isto não quer dizer que nosso triunfo será completo e que o paraíso está próximo. A luta dos negros e das mulheres ainda está longe de terminar; racismo e machismo resistem fortes. Conosco não será diferente. Mas é preciso ter sempre em mente que tudo conspira a favor. A escravidão pode ser defendida com base em muitas passagens bíblicas, e a Igreja Católica, como instituição, jamais defendeu a abolição (houve exceções individuais). Hoje os escravocratas nos soam ridículos: não há argumento capaz de nos convencer da moralidade de um ser humano ser subjugado a outro. Destino semelhante aguarda os Bolsonaros e Malafaias. Num futuro não muito distante, eles serão apontados como os monstros que de fato são defendendo o indefensável e tentando fazer o tempo voltar. Por isto, ao entrar numa discussão com alguém que nos é hostil, lembre-se de que você não está sozinho. Por mais que o sujeito se diga sustentado por Deus, por mais que a plateia em torno o cubra de aplausos, esteja certo de que a marcha do mundo vai para o outro lado. Tenha pena deste dinossauro renitente, mas não deixe barato. Ideias reacionárias, venham elas do Ives Gandra Martins ou do seu tio casca-grossa, caminham céleres para a lata de lixo. Mas não é só questão de tempo: temos que nos mostrar, temos que lutar pelo que acreditamos, temos que dar a cara para bater. E bater de volta. Mais capciosos são os que rejeitam o rótulo de homofóbico, mas acham que “toda criança precisa de um pai e de uma mãe”. Claro que isto também é preconceito, claro que é ignorância. Mas só o fato deles se envergonharem já é um sinal de que lado o vento sopra.

“Só um cego não vê que a luta pelos direitos dos gays está seguindo o mesmo padrão das grandes mudanças sociais”. O feminismo começou para valer há cerca de 50 anos. A militância homossexual só despontou em meados da década de 70, e ainda hoje permanece na surdina, ou sequer é considerável, em inúmeros países. Mas já tem muitos resultados concretos e visíveis para apresentar.

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Tony Goes Colunista da Revista QUEER


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GLAMOUR EM FOCO

Romeu do Brasil Denis Vieira, o bailarino do Municipal do Rio que anda causando frisson nas platéias. Por alexandre schanabl Fotos xaxier b.

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squeça tudo aquilo que você já viu e ouviu quando pensa no austero universo do balé clássico. Ao que parece, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ), o reduto mais tradicional da dança clássica no país, já não é mais o mesmo. Foi a conclusão de parte do público quando assistiu, em outubro do ano passado, as récitas da nova temporada de Romeu & Julieta, estrelada, como de costume, por casais de protagonistas que se revezavam nos papéis principais. O espetáculo, encenado dessa vez por quarto duplas de solistas, foi o enorme sucesso de sempre, mas o público de algumas récitas ganhou um amuse bouche a mais. Quando Denis Vieira, o jovem bailarino de vinte anos, entrava em cena, era possível sentir uma energia sexual a mais vinda da plateia. Além de bom bailarino, Denis é belo. E, em se tratando de um universo onde corpos perfeitos costumam até ser lugar comum, é um feito e tanto. Denis começou cedo na dança clássica. É natural da cidade de Joinville. Aos oito anos de idade, já frequentava as aulas de bale na filial catarinense da companhia de balé russa Bolshoi. Aos treze anos, fez sua primeira viagem ao exterior, participando de um festival de verão em Ravello, onde dançou trechos de espetáculos consagrados. “Foi minha primeira experiência for a do Brasil, e logo em uma cidade onde se respira cultura”, disse ele, deslumbrado com o dolce far niente da Costa Amalfitana. Ano retrasado, foi trazido por um olheiro para o Rio de Janeiro, fez audição e passou como contratado para o corpo de baile do TMRJ. O expediente no teatro vai de 9h as 16h em aulas ininterruptas e, em época de ensaios, pode avançar horas a fio. Durante as temporadas em cartaz, mal sobra tempo para aproveitar a vida, é claro. “Mas não foi essa carreira que escolhi? Então!”, ele ri, bem humorado, ressaltando que teve de se render à disciplina desde criança, quando entrou para a dança. Ainda assim, ele consegue ter tempo para se dedicar a outras atividades dentro e fora do meio professional. Denis Vieira, o belo!

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Uma festa. Vários coquetéis. Na saída dividi um táxi com um rapaz que estava na festa. Coincidentemente, morávamos no mesmo bairro. Trocamos telefone e facebook. Amanhã vamos rachar o táxi da ida e da volta. Sábado também!

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ATUALIDADES POLÍTICA

A Justiça é a saída Pesquisa do Governo Federal confirma que poder Judiciário é mais eficaz do que Legislativo e Executivo na garantia de direitos LGBT. Por hélio filho Foto fernanda monteiro

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núcleo de Pesquisas em Gênero Pagu da Unicamp elaborou uma pesquisa com a coordenação da Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça sobre a atuação dos três Poderes acerca dos direitos da população LGBT. O resultado mostra o que pode ser notado na prática: enquanto o Poder Legislativo emperra nas votações pró-gay, o Poder Judiciário dispara na frente nas decisões em favor dos direitos da diversidade sexual. Os resultados foram apresentados durante a II conferência Nacional LGTB, realizada pelo Governo Federal (Poder Executivo) em Brasília em dezembro de 2011.

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O estudo apontou desde 1969 até novembro de 2011 pelo menos 96 proposições na Câmara dos Deputados, resultados que lidos e refinados derivaram em 84 proposições válidas para análise. No Senado Federal, o número é menor e foram identificadas 13 proposições válidas, totalizando 97 propostas em tramitação no Congresso Nacional. Com raras exceções, as propostas acabam se perdendo no trabalhoso caminho que é exigido para suas aprovações, que dependem de maioria de votos e envolvem discussões com setores contrários aos LGBT. Segundo a pesquisadora Rosa Oliveira, que coordenou o estudo da Unicamp, o Legislativo é o


poder menos atuante em relação aos direitos dos homossexuais. Um pouco melhor Para ela, “existe um paredão do fundamentalismo religioso no Congresso, que se sobressai ao estado laico”. Mas a pesquisa da Unicamp mostra que o Executivo também mar“A verdade é que o Governo Federal e os Governos Estaduais ca pontos a favor principalmente na criação de normas no âmbito e Municipais não têm mostrado a mínima disposição de se in- do poder Executivo e de conselhos profissionais, como, por exemdispor com setores fundamentalistas/conservadores no que tange plo, o Conselho Federal de Psicologia, que proibiu, em 1999, que a aprovação de legislação que promova os direitos da população psicólogos tratem como doença e promovam técnicas de “cura” da LGBT”, avalia o advogado Paulo Roberto Iotti Vecchiatti, mes- homossexualidade (Resolução CPF n 01/99) e o Conselho Federal tre em Direito Constitucional, membro do GADvs (Grupo de de Medicina, que reconhece, desde 1997, o direito das pessoas Advogados pela Diversidade Sexual) e autor do livro “Manual transexuais a cirurgia de transgenitalizacão. da Homoafetividade. Da possibilidade Jurídica do Casamento Também pode ser destacada a inclusão do parceiro homosseCivil, da União Estável e da Adoção por Casais Homoafetivos”. xual como dependente na Declaração do Imposto de Renda (IR) Ele observa ainda que “países que aprovaram legislação fa- e do INSS e como beneficiário em planos de saúde. Mas as duas vorável ao direito das famílias conjugais homoafetivas só tive- coisas estão sendo questionadas no Congresso por projetos de lei ram sucesso porque os respectivos chefes do Poder Executivo de autoria de deputados evangélicos. Um deles é o pastor MarNacional encamparam a luta e exigiram que sua base aliada co Feliciano (PSC-SP), que se posicionou contra o projeto de lei votasse a favor dos projetos – foi assim na Espanha e na Argen- 6297/2005, que inclui como dependente o companheiro ou a tina, por exemplo”. No Brasil, a bancada religiosa representa a companheira homossexual dos servidores públicos no plano de principal opositora aos direitos gays e consegue barrar iniciati- saúde (normatizando de vez o direito), atualmente na Comissão vas como o material anti-homofobia que seria distribuído pelo de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara. Ministério da Educação (MEC) no ano passado, alcunhado de Segundo o deputado e pastor, aprovar o projeto seria discri“Kit gay”, e o PLC 122, atualmente no Senado, que criminaliza minar as pessoas homossexuais. “Não há na justificação do PL ou a homofobia no Brasil e deve ser revisto neste ano a pedido de no relatório apresentado em atributos, méritos ou carência idensenadores religiosos. tificável nos homossexuais para justificar a concessão do benefício. Cumpre relembrar que é a família, que é constituída pelo pai, a mãe e, presumivelmente, filhos”. Essa guerra vai longe.

Não querem seu casamento

É neste cenário de inércia legislativa que o Poder Judiciário surge como a saída mais eficaz, a exemplo de reconhecimento por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) da união entre as pessoas do mesmo sexo por unanimidade em 5 de maio de 2011. A Justiça brasileira julgou em 2011 pelo menos 152% ações de homossexuais a mais do que em anos anteriores, segundo o presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso. Mas a decisão dos ministros está sendo questionada por nada menos do que oito projetos de lei em tramitação no Congresso. Isso é: o Legislativo além de não aprovar leis que garantam direitos aos LGBT, ele tenta caçar direitos conquistados em outras esferas, tanto do Judiciário quando do Executivo. “Os parlamentares acabam assumindo uma postura absolutamente hipócrita sobre o tema, pois não só deixam de aprovar projetos de lei que reconheçam direitos a população LGBT por conta do conservadorismo ou fundamentalismo religioso de suas bases, mas sequer permitem a sua votação pelo Congresso”, alerta Paulo Iotti.

saiba mais os números da pesquisa

Câmara dos Deputados 77 Projetos de Lei (PL), 2 Propostas de Emenda à Constituição (PEC) e cinco Projetos de Decreto Legislativo (PDC)

Senado Federal Oito Projetos de Lei do Senado, duas Propostas de Emendas à Constituição e três Projetos de Lei da Câmara (projetos que foram aprovados na Câmara e seguem sua tramitação no Senado)

Executivo Desde 1995, foram editados 54 atos normativos que garantiam algum direito à população homossexual

Judiciário Entre 1976 e 2011, foram notificadas 391 decisões de tribunais superiores sobre o tema.

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Espreguiçadeira puxada por 360 cavalos

Visão traseira do novo Audi TT RS

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MOTOR ATUALIDADES

O novo Audi TT RS conversível é um monstro delicado, um brinquedo feroz, uma flecha com destino certo – e um ótimo motivo para abandonar o preconceito contra conversíveis. Por marcelo zorzanelli Fotos fabio trindade

A

udi. Talvez seja o primeiro nome que venha à mente quando se pensa numa marca capaz de fabricar modelos que vão do frugal ao deslumbrante. Eles fazem carros que cabem no bolso (não sem algum desconforto), como os hatchs A1 e A3. Do outro lado da escada que leva ao paraíso, está o superesportivo R8 V10, que custa até 800 mil reais. No penúltimo degrau da tal subida, logo antes do R8, vem o Audi TT RS, testado com exclusividade no Brasil por Queer (o lançamento está previsto para junho, e o preço, ainda indefinido, deve bater nos 400 mil reais). Trata-se de uma versão envenenada do Audi TT, compacto de linhas arredondadas lançado em 1998 com um motor de míseros 148 cavalos. O modelo 2012 que dirigimos tem 360 cavalos e cara de bravo (culpa das novas tomadas de ar). Para encurtar a conversa: a baratinha faz de zero a 100 quilômetros por hora em 4,6 segundos. Para isso nasceu. Não é fácil descrever o que acontece quando a máquina ultrapassa os 1 600 giros e o turbo joga ar para dentro dos cinco canecos. É como se motor, rodas e eixos, no afã de seguir cada um para um lado diferente, fossem violentamente convencidos a ficar juntos e ir só adiante. Você sente o fervor da batalha no sangue. Para um carro com essa potência, no entanto, o TT RS pode ser um animal dócil. Se o pé direito não cola no assoalho, ele reage com a doçura bovina de uma SUV – a única lembrança de que estamos a bordo de um esportivo é a posição de dirigir, com os assentos praticamente colados no chão. Roda macio como uma SUV, sim, mas não é para levar os filhos na escola que alguém teria um desses. Para curtir a sinfonia de sons metálicos e explosões guturais que saem do motor, basta apertar o botão “S” ao lado do câmbio e colocá-lo para degustar algumas léguas de asfalto. Esse botão abre a passagem de ar do escapamento e aumenta a resposta do acelerador. É um som de mexer com nervos e coração; sequer tivemos coragem de ligar o rádio. O carro, um representante da Audi explicou a Queer antes dos testes, tem uma tendência a sair de frente em curvas muito rápidas. Isso quer dizer que se você o dirigir como faz com um carro de passeio normal – soltar o acelerador diante de uma curva que parece fechada demais –, a frente do carro vai apontar para fora. Para

isso, é indispensável deixar acionado o ESP (Electronic Stability Program, “Programa de estabilidade eletrônica”, em português), um computador que aplica o freio corretamente em cada roda, colocando-o na direção correta. O fato de que a tração é aplicada nas quatro rodas – e de que a suspensão usa partículas magnetizadas para endurecer na hora certa – dá à ação do ESP ares de feitiçaria. Nenhum outro carro da categoria faz coisa igual. As versões que virão ao Brasil terão apenas câmbio automático, mas você pode escolher entre capota (e ter dois lugares atrás) ou sem capota (e ficar só com o banco do carona). Queer preferiu o conversível. Já está na hora de superar um preconceito bobo. Brasileiro e carro conversível nunca se deram bem. Por quê? Insegurança? Falta de tradição? Modéstia? Seja qual for a razão, o TT RS é uma boa oportunidade para rever essa birra. Porque nada no universo automotivo dará a você o prazer de ver nos olhos de seu companheiro de viagem ou passeio um deslumbramento quase infantil enquanto aquela capota sobe pela primeira vez. Pode acreditar na gente.

Volante esportivo com detalhes em alumínio

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O documentário foi filmado enquanto Bergé preparava o leilão com as obras de arte colecionadas pelos dois. Sabia que em seu lugar, YSL jamais teria se desfeito delas 20 •


Grande

CINEMA CULT

Amor

Em L’Amour Fou, Pierre Bergé narra a história de companheirismo, sucessos e tormenta vivida ao lado de Saint Laurent. Por alline cury Fotos arnaud février

A

primeira imagem que surge na tela é um Yves Saint Lau- também se desloca até Marrakech, onde o casal fez fama no riad rent frágil e cansado. É de 7 de janeiro de 2002. Diante instalado nos Jardins Majorelle, lembrando os bons e maus mode fotógrafos, cinegrafistas e jornalistas do mundo inteiro, mentos vividos ali. Templo de inspiração, a propriedade também ele faz um emocionado discurso e anuncia: “Escolhi o dia de hoje ficou marcada pela época mais depressiva e destrutiva do estilista, para dizer adeus a esse métier que tanto amei”. Iniciava-se ali sua regada a álcool e drogas. reclusão final, sua aposentadoria daquele que foi seu grande palO documentário é recheado ainda de fotos pessoais (selecioco. Corta. De volta a 1958. Aos 22 anos, já considerado garoto nadas entre 10 mil imagens), vídeos de discursos, encontros com prodígio da alta-costura, o argelino que um ano antes assumira o amigos famosos e trechos de desfiles. L’Amour Fou é um bela e rara posto deixado por Christian Dior em sua Maison conhece aquele oportunidade de entrar na intimidade do casal que revolucionou que será seu grande amor (além da moda): o empresário francês a moda. E vai agradar não só a fashionistas, mas também a quem Pierre Bergé. suspira diante de um grande romance. A partir daí, é Bergé, que por cinco décadas foi seu companheiro, amante, amigo e sócio, quem assume a narração do documentário L’Amour Fou, de Pierre Thoretton, lançado em Paris no fim de setembro e com estréia no Brasil prevista para o próximo dia 19. Enquanto organizava o leilão da imensa coleção de arte do casal – em fevereiro de 2009, as 733 obras foram arrematadas por um total de 370 milhões de euros, Bergé foi acompanhado pela equipe de Thoretton. Durante quatro meses, o documentarista registrou sua rotina e gravou depoimentos sobre a vida que partilhou com o maior nome que a moda francesa já acolheu. Guardar aquelas peças, Bergé conclui, não fazia mais sentido desde que Yves partira, em 2008, vitima de um câncer no cérebro – embora, ele também admite, se o primeiro a partir tivesse sido ele, o companheiro jamais teria tido coragem de se desfazer de peça alguma. A câmera passeia pelo apartamento da Rue Babylone, no 7ème, em Paris. Depois, viaja até a Normandia, circulando pelos cômodos do Châteu Gabriel, comprado em 1983 e vendido em 2008 por cerca de 10 milhões de euros. Lá, os quartos eram batizados com nomes de personagens de Marcel Proust, autor preferido do estilista: a suíte de Saint Laurent levava o nome do aristocrata Charles Swann; Veja o trailer do filme online no site www.queer.com.br enquanto a de Bergé homenageava o Barão de Charlus. Thoretton

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CULT TEATRO

Humor das trevas Marisa Orth é morticia na montagem brasileira do musica A Família Adams. Por felype falcão Fotos joão caldas

Musical A Família Addams

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onda de musicais no brasil veio mesmo para ficar. Depois de uma sequência impulsionada por Hair, Mamma Mia!, Cabaret e, mais recentemente, Xanadu e Priscilla – A Rainha do Deserto, é a vez de A Família Adams entrar em cena e estrear neste mês neste mês de março, no Teatro Abril, em São Paulo. Inspirado na obra do lendário Charles Adams, que deu origem ao famoso seriado de tevê sucesso nos anos 1960, o musical A Família Adams tornou-se uma das mais bem sucedidas produções da Broadway quando estreou, em abril de 2010, chegando a faturar mais de US$ 64 milhões. O Brasil será o primeiro país fora dos Estados Unidos a fazer uma montagem da comédia musical. Com versão brasileira assinada por Cláudio Botelho, direção de Jerry Zaks, coreografia de Sergio Trujillo e direção musical de Mary-Mitchell Campbell, a co-

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média musical traz como destaque o casal Marisa Orth e Daniel Ventura. Eles dão vida ao impagável e irresistível casal Morticia e Gomez Addams. Wandinha (Laura Lobo), Feioso (Nicholas Torres e Gustavo Daneluz), Vovó Addams (Ináde Carvalho), Fester (Claudio Galvan) e o mordomo Tropeço (Rogério Guedes) são os outros personagens que completam o elenco deste ótimo espetáculo.

O Brasil será o primeiro país fora dos Estados Unidos a fazer uma montagem do musical

de uma tradicional e “comum”família da cidade, mas que nunca foi apresentado aos pais. Sem muita saída, ela decide contar ao pai Gomez Addams que está apaixonada e mantém um caso, mas diante da educação rigorosa imposta pela mãe, Wandinha pede que o pai mantenha segredo. Até aí poderia ser simples, não fosse um detalhe. Morticia e Gomez são cúmplices em tudo em que fazem e esta é a primeira vez em que ele se vê obrigado a esconder algo de amada esposa Morticia. Tudo vai por água abaixo no dia em que o namorado “normal” é convidado a jantar na casa da família Addams.

Teatro Abril Em cena, a personagem Wandinha Ad- Av. Brigadeiro Luís Antônio, 441 – Bela Vista dams – a última princesa das trevas – cresce Ingressos de R$ 70 a R$ 250 e se apaixona por um belo rapaz, membro www.afamiliaaddams.com.br


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ARTE

AVANT GARDE

Conheça três artistas plásticos da novíssima geração que estão movimentando as galerias de arte com obras de muita personalidade e apelo popular. Por Marcelo Cia e Larissa Marques

“Run”(nanquim sobre papel) Obra de Francisco Hurtz

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Já foi o tempo em que as galerias de arte eram espaços herméticos, distantes da realidade mundana. Também se foi a época em que o artista plástico representava uma figura taciturna, inacessível. Hoje as galerias de arte mais movimentadas são aquelas que dialogam com as ruas (arte urbana), garimpam novos artistas e se esforçam para mostrar arte para novos públicos. O resultado é que há cada vez mais jovens nas galerias de arte. A Fortes Vilaça, uma

das maiores galerias de São Paulo, bateu recorde de público quando expôs Os Gêmeos. A Choque Cultural tem fila na porta graças a seu acervo de grafite e arte urbana de primeira linha. A Mezanino e a Emma Thomas, também em São Paulo, fazem sucesso expondo fotógrafos e artistas que vieram do underground, da moda e da noite. Queer apresenta a seguir três artistas desta nova geração e suas obras.

“Acredito que minha arte veio do desejo de afrontar uma sociedade que está cada vez mais burra e moralista”.

FRANCISCO HURTZ É dono de um traço muito identificável. Suas obras dialogam com o universo erótico e ganham harmonia com grandes espaços em branco. Ele explica: “O erotismo é uma questão bastante recorrente no meu trabalho, mas é mais uma consequência do que um propósito. Eu não tenho vergonha disso, foi uma escolha consciente dentro da minha pesquisa artística. O que eu lido de fato é a relação entre volumes e espaços e me parece natural que o sexo, os toques, as distâncias, os encaixes entre os corpos apareçam na pesquisa. A questão homoerótica veio da intenção de representar os encaixes da variação do mesmo corpo masculino, como peças de um quebra cabeça. Além disso, eu sou um provocador por natureza, portanto, eu sei que minha arte incomoda certos grupos e esse incômodo me agrada muito. Se a minha arte tem alguma intenção, minha intenção é essa: provocar”.

“Barreira II” (nanquim sobre papel) • Obra de Francisco Hurtz

Galeria Mezanino Rua da Glória, 279, cj. 62 Liberdade • São Paulo www.galeriamezanino.com

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ARTE

LEANDRO DÁRIO Tem formação em moda e faz um diálogo muito particular entre ela e o universo da arte. Existe figuras que lembram supermodelos, ícones como Chanel e um pendor para a aristocracia. “Sempre gostei deste universo e procurei trabalhá-lo quando possível. Gosto da fantasia que a moda cria na maioria das pessoas”, afirma. Sobre o novo momento da arte no Brasil, Leandro é otimista: “O mercado de arte está vivendo um bom momento. A cultura brasileira tem sido muito valorizada no exterior, isso reflete nas oportunidades que têm aparecido para profissionais de arte. Vejo também um aumento no interesse dos brasileiros por colecionar, este é um fator determinante para o bom andamento do setor”. AVA (All Visual Arts) Rua Mateus Grou, 513 Pinheiros São Paulo -SP

“La petite familie françoise” (desenho digital) • Obra de Leandro Dario

“Gêmeos” (desenho digital) • Obra de Leandro Dario

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“Acrofilia e Hidrofobia” (gravura) • Obra de João Lelo

JOÃO LELO É carioca e um dos grandes da arte urbana do Brasil. É representado pela Choque Cultural, em São Paulo, uma das responsáveis em arejar o circuito das artes. “Acho que sempre que surge um novo movimento artístico, seja de artes visuais ou música ou qualquer outro, também surge um novo grupo de pessoas interessadas. São pessoas que de um forma, às vezes indireta, participam do surgimento desse movimento porque fazem parte do mesmo meio que os artistas e que se identificam com as mesmas referências que eles”, teoriza. “Faz uns poucos anos que as pessoas estão começando a reconhecer esse movimento como arte e não só como ‘uma coisa legal que a garotada tá fazendo’. As galerias estão abrindo espaço para os artistas criarem fora do espaço urbano. E também os próprios artistas estão colocando seu trabalho como algo profissional, algo que querem fazer para suas vidas”. Galeria Choque Cultural Rua João Moura,977 Jardim Paulista São Paulo –SP www.choquecultural.com.br

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ENTREVISTA

Poeta digesto Glauco Mattoso: escritor, cego, podólatra, sadomasoquista e gay. Subversivo é pouco. Por felype falcão Fotos claudio cammarota

O

sadomasoquismo, a tortura e a violência sexuais já foram De certa forma, isso se espalha por todos os aspectos. tratadas por um número sem fim de escritores, mas dentro A vida homoerótica, a clandestinidade da sexualidade das pesda literatura brasileira nenhum se dedicou tanto a esta te- soas, não está isolada. Não existe uma muralha separando gays e mática quanto o paulista Glauco Matoso. Vitimizado por um glau- heterossexuais. Tudo está acontecendo a todo momento, e cada coma que o deixou cego há dezesseis anos, seu pseudônimo é um vez mais. Os gays estão se soltando e se mostrando. No tempo trocadilho entre o nome da doença e do poeta Gregório de Matos, em que escrevi o Manual do Podólatra Amador, na década de de quem ele se considera herdeiro na sátira politica e na critica 80, ainda havia bastante clandestinidade, mas hoje, na primeira de costumes. década do terceiro milênio, está bem diferente. Os gays estão Tido por muitos como uma espécie de Boca do inferno moder- plenamente expostos, sem medo, então essas questões vão aflorar no ou Bocage pornográfico do século XX, Glauco se consolidou cada vez mais. Esse tipo de literatura que faço vai ser cada vez na literatura por contar, em sonetos, o lado mais clandestino, mais mais frequente. marginal da sexualidade. O prazer em ser humilhado, escurraçado, pisado, o fetichismo pelos pés, a pegada agressiva, sempre sob a perspectiva homoerótica. Tudo isso está presente no conjunto de suas obras. Agora, para comemorar os 60 anos de idade, ele lança um novo olhar sobre suas produções e acaba de publicar o livro Tripé do Tripúdio. Na obra, ele percorre alguns dos sonetos mais marcantes de sua carreira e os transforma em contos, praticamente, eróticos. Uma literatura chocante e, ao mesmo tempo, deliciosa. Nesta entrevista, Glauco fala sobre a fama de poeta maldito, como surgiu o interesse pelo sadomasoquismo, conta que sofreu abuso sexual na infância, como a cegueira passou a influenciar suas obras, revela seu lado de militante gay e ainda critica o autor de novelas Aguinaldo Silva, antigo parceiro de trabalho.

“A fantasia sempre caminha muito mais longe do que a realidade. Isso faz parte da fantasia”.

Quanto da sua vida está presente nos seus poemas? É difícil precisar em porcentagem. Mas eu diria que, proposita- Essa questão da igualdade surgiu nos anos 70 e 80, período damente, sempre deixo vaga essa linha divisória entre a realidade em que você atuava como militante. e a fantasia, para dar ao leitor o poder de decisão. Mas ressalvo o Sim. Isso crio até um certo impasse no momento em que eu estaseguinte: o que não aconteceu e eu acrescento por conta da minha va participando da formação do primeiro grupo gay organizado, imaginação, com certeza aconteceu com outras pessoas. Vamos que foi o grupo SOMOS, por volta de 1978. O GGB, do Luiz dizer que metade aconteceu comigo e a outra metade são coisas Mott, foi fundado em 1983, cinco anos depois, então a gente esque me contaram. tava desbravando, iniciando o movimento organizado gay e hoje

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ENTREVISTA

você vê no que a Parada se transformou. Naquela época, a gente em mais um ingrediente do meu masoquismo. Por isso que nos nem podia sonhar com meia dúzia de pessoas caminhando pelas meus contos sempre tem um personagem deficiente que é abusaruas carregando um cartaz dizendo “eu sou gay”. Era possível isso. do por alguém “normal”. Primeiro porque o regime militar não permitiria. Você seria preso, por atentar contra a moral e os bons costumes, e mesmo que você conseguisse, pouca gente iria querer se expor. Naquela época Você não acredita que sua literatura seja feita para chocar? surgiu esse grupo, também surgiu o primeiro jornal gay vendido Não é gratuito. Tem gente que faz coisas para agredir. Quero nas bancas. O Lampião, com o qual colaborei. Nesse período, a jogar na cara das pessoas que a vida social tem o seu lado clanpalavra que todo mundo levava como bandeira de luta era “igual- destino. Assim como passei por uma experiência de bullying na dade”. Nada de reproduzir papéis heterossexuais, ou seja, macho infância, muitos passam por trotes, humilhações. Se as pessoas se e fêmea, dominador e dominado, aquele fica por cima e o que sentem agredidas, o problema é delas. Mas não é gratuito. É uma fica por baixo... Haveria uma troca de papeis, os mesmos direitos. atitude de convivência, de compartilhar algo que para muitos é Era uma visão ingênua. Hoje se fala em diversidade, uma palavra um grande problema. Consegui superar e encarar isso de uma que demonstra que cada um tem um tipo de desejo. Isso não é forma lúdica, até gostosa. Aprendi a tirar prazer de uma situação necessariamente igualitário. Alguns querem que haja bastante de- que para muitos poderia ser até condenável. sigualdade para ser um dominado e outro dominador. Aí entra o sadomasoquismo. Essa percepção hoje nós temos. Há uma multiplicidade de desejos e há lugar para tudo. Na época em que eu Diante de tanta abertura, você acha que ainda guarda alestava começando, foi difícil levantar essa bandeira, então de certa gum pudor? forma eu reprimi meu lado mais masoquista, mais fetichista. Além Sempre trabalho com a noção do paradoxo, da contradição. Nós do masoquismo, tem o fetichismo no pé, que é uma preferência não somos o tempo todo mocinhos nem bandidos. Somos as não muito comum. duas coisas equilibramos isso ao longo da vida e dependendo da condição social e do ambiente em que estamos. Assim como todo mundo, também tenho meu lado careta, envergonhado, Os seus contos podem ser comparados a contos eróticos? não sou capaz de fazer certas coisas em público, de sair pelado, Sim. Há uma intenção clara nesse sentido, só que não é o conto às vezes, nem em banheiro público consigo mijar se não estiver erótico convencional. O convencional tem um par amoroso que dentro de uma cabine. Tenho esses pudores, essas limitações, o estão quase sempre consensualmente praticando aquilo. Há uma que só acentua o outro lado. espécie de convergência de desejos. Quando se trata de pornografia, de sacanagem, quanto mais você estiver violando, transgredindo essa proibição, mais excitante se torna. Se fosse tudo sem pudores, uma praia de nudisEssa questão do chulé, do cheiro forte. mo, por exemplo, onde além de estar pelado, todos pudessem As bichas em geral gostavam dessa coisa de cosméticos, de per- transar uns na frente dos outros, perderia a graça, ficaria uma fume, de passar creme no pé. Não admitiam muito essa historia coisa monótona. É bom que haja uma espécie de controle social, de pé fedido. Havia resistências a isso. Só que no ambiente sado- de padrões de comportamento que criem barreiras para o que é masoquista isso é mais natural, porque quem manda impõe, e a aceitável porque aí você, ao transgredir isso, tem aquele gostinho pessoa que está obedecendo não pode escolher se quer perfume ou de provocar, de desafiar. não. Aí já tem o componente mais picante da história. Você se considera sexualmente completo? Conseguiu realizar a Como cegueira passou a fazer parte dessa realidade? maior parte das suas fantasias? Depois que fiquei cego, me tornei mais conformado na atitude Diria que não. A fantasia sempre caminha muito mais longe do masoquista. Para o cego, é como se ele estivesse reduzido a um que a realidade. Isso faz parte da fantasia. Mas aquilo é possível patamar inferiorizado, e eu fantasio em cima disso. Associo a ce- dentro de relacionamentos normais, sim realizei. gueira como mais um componente do masoquismo. Foi inclusive uma forma de trabalhar psicologicamente a cegueira, porque embora ela fosse um processo que eu já esperava que acontecesse, Fazendo uma avaliação da sua carreira, o que mudou desde é um trauma muito forte. Muitos se suicidam, ou se tornam os anos 70. alcoólatras viciados. Consegui superar isso através da literatu- Muita coisa. Naquela época, era um franco-atirador, um cara ra, foi um desabafo. Para que eu pudesse trabalhar a cegueira muito novo que não tinha grandes pretensões. Achava que dentro desse ambiente artístico-literário, tive que transformá-la pertencia a uma geração de rebeldes, que ia conquistar o meu espaço pequenininho, dentro de um pequeno circulo, mostrar

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as minhas coisas para aquelas pessoas, se eu pudesse ser respei- opção dele. Inclusive ele teve oportunidade até criar personagens tado naquele círculo, muito bem. Mentalidade marginal mes- gays nas novelas, mas eu já resisti a essas opiniões. Não quis fazer mo. Hoje percebi que tenho uma obra muito volumosa, muito uma literatura de massa. Preferi fazer algo diferenciado. consistente. Se eu for comparar com a da maioria dos escritores, acho que mereço um lugar no meio desse grupo mais seleto de escritores. Essa percepção a gente vai tendo com o tempo. Não Falando em Aguinaldo, ele declarou que em suas novelas nunteria isso aos vinte anos. Ao longo do tempo, fui percebendo que ca vai rolar o beijo gay. aquilo que eu estava fazendo tinha consistência, e fui insistindo. Ele está tendo uma atitude que, para mim, é uma surpresa. A gente tem que confiar no próprio taco. E não aceitar calado a Bastante retrógada. Recentemente, escutei ele se manifestando crítica. Porque ela vem de pessoas que são caretas mesmo, acre- contra a criminalização da homofobia, que é uma espécie de ditando que você faz uma coisa horrível, ou de invejosos, que bandeira do movimento, alegando que não há necessidade. É sabem que você esta fazendo uma coisa muito boa e querem surpreendente ver isso de um cara que foi militante gay desde te derrubar. Sempre tive um pé atrás e personalidade para não dos anos 70. Talvez o comodismo de ele ser um cara bem remuaceitar a crítica. Agora se você tem um amigo muito íntimo, de nerado pela Globo tenha tirado dele a consciência de que as conconfiança, que te aponta alguma coisa que pode ser melhorada, quistas não estão consolidadas, que precisamos estar constantetudo bem. Mesmo contra as opiniões da maioria, tinha que ficar mente alertas e lutar por esses direitos. Não se pode retroceder. firme. Se eu tivesse cedido às opiniões de “faz uma coisa vendá- Desse jeito, a mentalidade homofóbica ganha terreno. vel, para virar best-seller”, teria pasteurizado, feito com água e açúcar. O Aguinaldo Silva, por exemplo, trabalhamos juntos no Lampião, e hoje ele é um dos maiores roteiristas da Globo. Ele aceitou a encomenda da cultura de massa. Nada contra. É uma O poeta Glauco Matoso responde às perguntasda do entrevistador da Queer

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Como um gay que já foi militante, qual sua opinião sobre a aprovação da união estável entre casais do mesmo sexo. Você é a favor do casamento gay? Sou a favor. Já estou com o meu companheiro (o também escritor Akira Nishimura) há dez anos. Temos uma escritura de sociedade de fato, mas agora com a possibilidade de fazer a união de forma mais completa, mais especifica, vamos fazer. Mas quero esperar um pouco porque já estou sabendo notícias de casamento mesmo. Alguns juízes já estão fazendo a conversão direta de união para casamento. Essa tendência vai se consolidar. Se fizerem um casamento coletivo, me proponho a participar. Comecei minha vida homossexual como militante, formando grupos de ativismo gay. Não apenas namorar. Nada mais natural que eu oficialize o casamento de forma coletiva, compartilhando com outros casais. Mas não tenho pressa. Está trabalhando em algum projeto no momento? Em muitos. Tenho muita coisa a gaveta. Meu próximo projeto é um romance diferente e inovador, composto de sonetos, formando um romance. Uma história contada em forma de sonetos. Isso nunca foi feito na literatura. O que existe são grandes poemas narrativos, como Os Lusíadas, que conta uma história em estrofes de oito versos. Mas um soneto inteiro, contando uma historia contemporânea, São Paulo de hoje, com os dramas urbanos e submundanos, envolvendo inclusive relações homoeróticas, nunca foi feito. Isso porque já havia inovado quando bati o recorde mundial de cinco mil sonetos. Nenhum outro autor chegou a esse número. Esta obra vai se chamar Raimundo Curupira, o Caipora. É uma referência a alguém? A uma pessoa que pode ser muitas pessoas. Aquele tipo clássico do azarado, mas tem toda uma história em torno desse achar, capaz de mostrar que aquilo que temos como destino pode ser mudado se quisermos. Deve chegar as livrarias neste primeiro semestre de 2012.

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A NOVA VIDA DE

RICKY

MARTIN

Primeiro foi o anúncio público de sua homossexualidade. Logo, da sua paternidade mediante barriga de aluguel. Agora que volta à Broadway com o musical Evita, Ricky Martin nos apresenta com exclusividade seus filhos, e Carlos, seu parceiro há quatro anos. Por Marta del Riego Fotos Condé Nast Digital

Ricky Martin posa com exlusividade para a Queer, com seu filhos Matteo e Valentino, ambos com 3 anos

Há um homem que passeia por um salão muito nova-iorquino, muito anos quarenta. Está vestido de branco, com cabelo raspado na nuca e um bigode fino, estilo Clark Gable. Tem dois filhos loiros e pálidos que observam os esquilos no jardim. E tem outro tipo atlético e relaxado, que os observa. O tempo transcorre com lentidão.

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Não é exatamente a cena que se imaginaria ao pensar em Ricky Broadway em Abril. Seus filhos, Matteo e Martin. Adolescente movendo-se sobre o cenário como uma mes- Valentino, de três anos, com corte de cacla de Michael Jackson e Duran Duran. Seu grupo, Menudo, de- belo igual. A principio estão muito depensatando avalanches de meninas em toda América Latina. Nem um dentes do pai e ficam o seguindo pela casa. Ricky de vinte anos, sarado, tatuado, agitando as cadeiras diante Até que Carlos, um tipo atlético e parceiro de milhares fãs enlouquecidas. Mas, o que se deve imaginar ao de Ricky, consegue distraí-los. Sentam os pensar em Ricky Martin? Pergunto ao próprio artista. “Para mim três em uma poltrona, cada um com seu diziam: ‘Se tem namorada, não fale para as fãs, por que vão so- iPad. Matteo é o mais sociável e quando a frer uma desilusão’. Imagina se fosse um namorado. Cresci com câmera liga, aperta seus olhos azuis. Valenessa dúvida. Subiu ao palco com 12 anos com Menudo. Entre tino quer ir ao parque, e não tira os olhos nós o mais poderoso era aquele que mais tinha fãs. Se movesse as de cima dos esquilos. cadeiras e as meninas gritassem, estava fazendo direito as coisas. — Levou seus filhos em turnê durante Quem não quer ser um Elvis, um Jim Morrison”. Com um tipo um ano. Não é um pouco desestabilizador? como Clark Gable, Ricky, na realidade está sendo caracterizado — A estabilidade sou eu. Dentro de como um jovem Che Guevara para o musical Evita que estréia na tudo que pode ser instável em uma turnê,

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“Se eles mudarem a lei do casamento gay, agora, como cidadão espanhol, levantaria e me uniria a minha comunidade”.

buscamos uma estrutura. Viajamos a quatro continentes e meus filhos, felizes. Todas as decisões que tomava se baseavam em seu bem-estar, desde a hora que ia para prova de som até a hora que desembarcava do avião. Ainda mais, minha mãe sempre vem com a gente. ­­­— Leva vários anos de cartaz em cartaz: sair do armário, publicar sua autobiografia... — Me fazia falta. Como se sentasse diante do divã do psicanalista. Eu queria escrever histórias que vivi nos palcos e em meus trabalho filantrópico, mas sempre me falta um link. Me fazia perguntas. Por que deixei tudo e fui para Índia? Por que queria me desconectar do mundo artístico. Por que me sentia sem privacidade. Por que todos os jornalistas me perguntavam sobre minha sexualidade. Quando Ricky fala, agita sua mãos, as faz caminhar sobre a mesa, dobra a cabeça e acima de tudo, move as sobrancelhas. Suas sobrancelhas podem ser dois parêntesis, uma interrogação ou um

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“Carlos me disse: estou procurando um namorado, não um pai de família. Eu respondi: você encontrou um homem adulto e direito.”

Claudio, o parceiro de Ricky há 4 anos, segurando um dos gêmeos, Matteo

tempestuoso cenho franzido. É ator e bailarino e se contorce. Sorri, modula a voz, encolhe e estica seus pés descalços. Chega a ensaiar, seis dias na semana, 12 horas por dia, para o musical e é possível se notar. Aqui se tem um menino sobre um palco. — Em sua autobiografia não critica nada, não tem rancor? — (Silêncio, olha para o teto). Conheci pessoas mal intencionadas que não gostavam do meu trabalho e minha personalidade ou minha mensagem. Tratavam de meter o pé para ver se tropeçava. A quem me interessa, digo: Não gosto disso, quero que você saiba”. Mas dar-lhe três parágrafos do meu livro a essa pessoa... — Quem que lerá primeiro? — Carlos. Digo: “Parabéns, que bom que você tenha conseguido chegar a este ponto de sinceridade”. Ricky pronuncia o nome de Carlos com cautela. O próprio Carlos se move ao nosso redor com cautela. Silencioso, educado, em segundo plano. “Nunca tinha feito uma sessão de fotos assim. Eu me dedico aos números”, diz como se tivesse pedindo desculpas. “Vivo em Porto Rico e quando Ricky estava em Miami, nos encontrávamos muitas vezes porque sou meu próprio chefe e me organizo. Nova Iorque é mais longe”. Pausa. “Meus avós eram asturianos. Passei um semestre em Madrid, estudando em Icade. Me encanta a Espanha”. Então se vira: Carlos, Carlos, gritam os meninos. Se arrepende das camadas que se autocolocou para fingir que não era gay? — (Toma ar). Na realidade nunca usei uma máscara para subir aos palcos. Quem estava ali era eu e era o que sentia segundo o que haviam me ensinado em casa, minha religião e minha sociedade. Me agarrava a isso: este sou eu, tenho que ser eu. E se trombava com alguém do mesmo sexo, olhava para o outro lado. — Já dormiu com mulheres? — Sim e me apaixonei por elas e senti coisas maravilhosas. Muita gente disse que estava com uma mulher porque queria justificar minha masculinidade – faz voz de macho –, olha que bem que faria a minha família, aos fãs e a mídia. — Se apaixonar por uma mulher, era um sentimento platônico? — Por melhor que fosse era platônico. Pensava: Uau, que cômodo estar com ela, é uma amizade preciosa!”. Mas existe esse pensamento machista: homem e mulher não podem ser amigos, tem que ter algo sexual. — Elas não se davam conta? — Parece que não. Havia amor, paixão. Não me arrependo de nada, de nenhuma das relações que vivi, me ensinaram muito, tanto os homens como as mulheres. — Nunca tentaram te chantagear? — Isso de ir na imprensa sensacionalista? Nunca, te juro – tom

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de voz suave –. Me considero muito sortudo porque topei com pessoas maravilhosas. Talvez fosse seletivo e despertei em minhas parceiras sentimentos de lealdade e carinho. Sessenta milhões de álbuns como solista, 28 anos no show business, prêmios Grammy e Grammy Latino, discos de ouro. Tem cantado em grupos, solo, concertos musicais, teatro, series de televisão e cinema. Tem usado cabelo curto, longo, loiro, moreno, com mechas. Recebeu conselhos de Madonna: “Se a música ou sua carreira começam a se descontrolar, se desconecte”. Ficou 4 anos seguidos em turnê (com Livin’la vida loca), e em depressão em períodos de desespero e inatividade. Tem viajado pela Índia de trem com um monge budista. Visitou os prejudicados pelo tsunami de 2004 na Tailândia, os do terremoto do Haiti de 2010. Colocou em prática a marcha Ricky Martin Fundation y People For

— Quando contei se aproximaram de mim tantas pessoas dizendo: “Obrigada, pela primeira vez pude dar um abraço em meu filho desde que me disse que era gay”. Fiz por mim, mas ajuda os outros. — E nenhuma reação negativa? — Os fundamentalistas de sempre que dizem: “Agora Ricky está recrutando homossexuais, quer converte-los”– diz em tom sarcástico. — E em porto Rico? — O abraço, o carinho, tem sido incondicional. Em Porto Rico os conservadores de extrema direita têm poder e colocaram um freio no movimento de direitos humanos que é imparável... Mas o amor não impede ninguém – diz com um forte sotaque porto-riquenho. “Não me arrependo Flutuando em torno de Ricky e de sua das minhas relações. equipe há algo... esse amor? Ou talvez, adoraração? Entrega incondicional? José Me ensinaram muito, é sua mão direita, passou quase 30 anos homens e mulheres” com ele. Magro, nervoso, dá ordens com um sorriso e seja o que deus quiser. Rosa, Children para lutar contra o tráfico e a exploração sexual infantil. que cuida agora de seus filhos, o assisti desE em 29 de março de 2010 disse no Twitter: “Eu aceito a minha de os 12 anos. E o mesmo se sucede com homossexualidade”. E o mundo virou. Bruno, seu representante, que já tinha tra— Quando assumiu que era gay? balhado com a Madonna. E com o fotógra— Não foi que um dia me levantei e disse: “Sou gay”– da fo, amigo de toda vida. E com a dona da um tapa na perna.­– Foi um processo que, pouco a pouco, pensa- casa, onde fizemos as fotos. E claro, com mento atrás de pensamento, chegou a decisão. sua mãe, Nereida. Uma mulher sorriden­— A primeira pessoa que soube foi sua mãe. te, tranquila.“Me mudei para Miami para —Eu tinha amigos que compartilhava coisas mas não como ficar mais perto de meus netos. E agora, para atração principal. Minha mãe me pergunto: “Está apaixonado?”, Nova Iorque. Me encanta cuidar deles. Em “Sim”, digo e ela: “Está apaixonado por um homem?”. “Sim”. E breve irão para Escola Francesa e com seus nunca mais voltou ao assunto. Foi uma maneira de dizer: “Ok, amigos se comunicarão em inglês, mas em mas mãe não me pergunte mais”. Tinha 21 anos – logo depois de casa falamos espanhol”. ganhar o primeiro disco de ouro. — Em novembro passado foi concedido — E seu pai? a nacionalidade espanhola. Bom, por que — Me disse: “Me de um abraço, te amo e quero que você seja você a pediu? feliz”. Mais ou menos a mesma idade. — Quando nasceram meus filhos co— Na Espanha temos avançado muito esse percurso. mecei a buscar minhas origens. Eu sou — Que sorte. Todo mundo tem seu processo de qual é a pala- porto-riquenho, meus pais também, mivra? Decodificação. Códigos que estão no DNA. Quando vai para nha terra é essa pequena ilha maravilhosa. o colégio a primeira vez em casa te perguntam: “Como foi?, como Mas quantas mais respostas para as perse chama sua professora? já tem uma namorada? e se você gosta guntas, melhor. Somos espanhóis. Martín de alguém? se gosta mais de fulano do que de sicrano? – da risada. com acento, é uma questão de identidade. — Ele tem feito por você ou para ajudar os outros? Meus avós eram vascos, Arizmendi, da — Este processo nasceu pela minha necessidade de ser feliz. fronteira com a França. E de auto aceitação e dignidade. Como proclamar: “Este sou — O governo do PP fala sobre mudar a eu, é parte da minha natureza”- silêncio, esfrega a cabeça. lei que permite o casamento homossexual.

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Os gêmeos Matteo e Valentino, com o mesmo corte de cabelo de Ricky

— Será assim tão fácil? Haveria um movimento mundial contra. Espanha tem sido um exemplo de revolução dos direitos humanos dos gays e lésbicas. Com tantos problemas que tem que resolver estaria acentuando a dor de um grupo de cidadãos que pagam seus impostos, que querem criar uma família baseada no amor. Não pode ser – aparenta derrotado - Se trocam a lei, como

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cidadão espanhol, me levantaria e me uniria a comunidade e não ficaria calado. — Vai muitas vezes pra Espanha? — Tenho muitos amigos que são quase família. Mas que nada vou para Madrid. Mas posso dizer que conheço a Espanha, conheço 37 cidades. E não são as que passei por minha turnê, me sentei na esquina de um hotel. Vibrei, desfrutei a cultura e me senti como se estivesse em casa. E em algum momento voltarei para ficar um tempo e compartilhar com meus filhos essa terra. — Para casar, talvez? — Isso não sei ainda. Cito uma frase de seu livro: “O amor da minha vida, não sei se o conheço, mas estou me preparando para ele”. — Desde que o escrevi, tenho vivido coisas tão lindas com meu parceiro. De uma cumplicidade, um entendimento e, as vezes, uma liberdade, de não ter medo que seu parceiro te julgue. Isso encontro em Carlos. Estamos há 4 anos juntos. — E o papel em sua família? — Meus filhos gritam: “Papai” e correm para mim quando chego em casa. Isso é o que visualizava antes de tê-los. Para Carlos gritam: “Carlos” e correm – encenando o encontro –. Quando comecei o processo de ter filhos, Carlos não existia. Ele diz: “Eu estava procurando um namorado, não um pai de família”. E digo: “Que você conheceu um homem adulto”. Eu desenho uma estru-

fundamentalistas conservadores. Me emprestaram um ventre. Não paguei por ele. Eu daria a vida a mãe que me ajudo a trazer meus filhos ao mundo. Ela faz pelo desejo de ajudar. — Isto é, dizer que quem deu a luz aos seus filhos é a mesma pessoa que doou os óvulos. — Não. Perguntei por que estava fazendo. Ela diz: “Me encanta estar grávida, mas meu esposo e eu já temos nosso filhos. E mais, ele me quer mais quando estou grávida”. Ri e continua. – “Quando dou a luz e entrego essa criatura a alguém que não pode ter filhos, é esse momento em que mais me sinto perto de Deus”. E isso me desmorona, pensei, isto não pode estar pior. Muita gente religiosa protesta, mas na Bíblia há passagens em que se emprestou o ventre em várias ocasiões. — Quando seus filhos perguntarem por sua mãe, o que lhes dirá? —Eu sou pai e sou mãe. Todas as famílias são diferentes. Há famílias sem pai, e outras sem mãe. Não tem que se sentir mal. Vários grandes líderes cresceram sem pai e sem mãe, Obama, Clinton... Contarei a verdade e mostrarei a foto dela. — E quando perguntarem sobre a sexualidade? — É uma pergunta difícil para qualquer pai, como os filhos vem ao mundo – de fundo, escutam os gritos do meninos que voltam de um breve passeio pelo parque -. Para eles, contarei a verdade. Quando o a criança pergunta já sabe a resposta. — Já aconteceu com você?

“Eu não aluguei um ventre. Essa expressão é utilizada pelos fundamentalistas conservadores. Me emprestaram um ventre. Não paguei por ele.”

tura familiar e me questiono se você não entende e vamos em um caminho. Tem uma personalidade muito firme, não é só mais uma marionete qualquer. — Como caracteriza sua família? — Família moderna, completa – move as mãos – Minto, como me atrevo a dizer moderna se está apenas começando. Creio que quero mais filhos, não sei quando. — O que buscava na mãe de seus filhos? — Honestamente, o físico é importante. Vi fotos, li perfis, adicionava, subtraia e restou essa foto e me disse: “Quem é está mulher tão angelical, tão transparente?”. Ela fala quatro idiomas, toca piano. Não quis conhece-la pessoalmente, mas li um perfil completo. Era perfeita. — Nunca quis adotar? — Muitas vezes. O trabalho com minha fundação me levou à Tailândia justo depois do tsunami, e conheci um menino e o quis adotar. Mas homem solteiro e gay é uma combinação difícil para adotar. Fecham-nos as portas em muitos países. — Agora tem várias celebridades que tem tido filhos mediante barriga de aluguel. — Eu não aluguei um ventre. Essa expressão é utilizada pelos

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— Sim a resposta não foi o que eu esperava. Me senti desiludido. Eu tinha 10 ou 11 anos. Me saíram com o conto das células e outra célula – coloca tom de professor de crianças. Em Porto Rico há um casal de classe média alta com um filho que quer ser estrela. Pega a colher como se fosse um microfone, canta e dança. Seu avô escreve poesia e sua vó pinta e esculpe. É uma Córsega teimosa, que estudo em Boston e se divorciou já velha. Os pais do menino também se separaram quando ele tinha dois anos e refazem suas vidas com outros parceiros e outros filhos. O filho cresce entre duas famílias e seus avós separados e um dia o pai lhe pergunta se quer gravar um comercial. O menino obtém êxito e protagoniza outros comerciais. Com doze anos vai a uma audição de um grupo adolescente, Menudo. Também tem êxito e participou durante uns cinco anos de uma turnê sem fim. E um dia seu pai diz: “Maldito seja o dia em que entraras no Menudo. Esse dia perdi meu filho”. - O que aprendeu com a paternidade? — A maneira como dirijo o carro é diferente. Corro menos e pense : “Se morro, o que será de meus filhos”. Minha vida é mais estruturada. Agora me levanto as sete, os acordo, tomamos café


juntos, escovamos os dentes e vou trabalhar e quando volto dou banho neles. Antes saia com meus companheiros de trabalho, para bares, cinemas, embora eu não beba. Tenho aprendido a importância de manter vivo o menino que existe em você, jogar escondeesconde. Também tem momentos difíceis e podem ser assustadores. —Te deixa angustiado seus filhos estão embaixo de câmeras? — As vezes sim. Por que está tirando foto esse paparazzi? Que coragem, me liberto desta angustia quando aceito que esta é minha vida. Tenho 25 anos de carreira e meus filhos e meus filhos nasceram nesse mundo e percebo, que é parte de um carma. — O que faz quando vê os fotógrafos? — Nada, se não causaria conflito. Digo: “Olha uma câmera e rio com naturalidade”. — Que valores possuem? — O amor incondicional - escuta as vozes dos filhos chamandoo -. Mas também a disciplina porque faz parte da estrutura e eles necessitam disso. — Você é um pai que incentiva o cérebro? — Sou artista, um artista bem passional e compulsivo - tom

misterioso -. As vezes funciona e as vezes não. Felizmente ao meu redor tenho pessoas que são o oposto, que me ajudam a balancear essa paixão. E os filhos te freiam. — Depois de Evita, acha que voltará para a música? —Creio que não imediatamente, vou acabar num estúdio de gravação. Com o livro abriram vários canais interessantes, tenho várias anotações em meu computador que pode virar um roteiro e quem sabe um filme. — Parece que tudo está indo tão bem... Algum momento ruim? — Agora não vem à cabeça. Esvaziei-me com o livro – passa as mãos no rosto, se ajeita na cadeira, os gritos dos meninos se escutam cada vez mais fortes -. Desculpa tenho que ir, estão me chamando.

Ricky Martin e seus filhos Matteo e Valetino

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UMA DELÍCIA DE

IRLANDA Com vida noturna agitada, Dublin tem pubs e clubes fervidos para o turista gay. Por Vinícius Amorim Fotos Alexandre Ferraz

Situado na margem sul do rio Liffey, no centro, o Temple Bar é a área mais cultural da cidade, e possui uma agitada vida noturna para os turistas, sendo o mais boêmio e gay dos bairros de Dublin

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O seu mais recente ticket de viagem para as férias pode não ter como destino a Ilha Esmeralda (sim, a Irlanda é conhecida por esse nome por ser muito verde), mas você deve começar a pensar sobre visitar esse país. A Irlanda oferece uma das mais ricas experiências para quem quer curtir a noite, fazer compras, experimentar cozinhas diversificadas e até assistir a esportes não comuns para os brasileiros. Paixão também pode fazer parte deste passeio. Como aconteceu com o irlandês Glenn Cunningham e o brasileiro Adriano Vilar. Ano passado, eles foram o primeiro casal do mesmo sexo a conquistar oficialmente a união estável. Adriano está na Irlanda há mais de três anos e veio para estudar inglês.


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O país está a oeste da Inglaterra, é banhado pelo Oceano Atlântico e pelo Mar Irlandês e tem o setor de imigração menos burocrático da Europa. Não é preciso visto para brasileiros que querem ficar até três meses. Para entrar no país basta ter a passagem aérea de volta comprada, um seguro de viagem e reserva de estadia. O setor de imigração gentil ainda contribui para que o país receba centenas de estudantes brasileiros interessados em intercâmbio.

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O melhor ainda é que dependendo do tempo de estadia na Irlanda, é possível aproveitar para conhecer outros países saindo da Ilha. O principal atrativo se essa for a sua opção está na oportunidade de comprar passagens aéreas baratas, já que uma das companhias mais baratas da Europa é a irlandesa Ryanair. O principal destino ao chegar aqui vai ser a capital irlandesa Dublin, que consegue oferecer tudo o que as cidades grandes brasileiras têm e algo a mais: índice praticamente zero de violência. O espírito cosmopolita é latente, apesar da cidade ter 25% da população de São Paulo. É possível encontrar gente de extremos do mundo nas ruas. Uma característica geográfica de Dublin é a


Rio Liffey, que corta a cidade de Dublin ao meio, dividindo-a em lados norte e sul

O toque mu lticutural que a globalização gera na cidade proporciona belas paisagens para olhos de qualquer um

presença do Rio Liffey cortando a cidade ao meio, dividindo-a em lado norte (setor mais antigo e onde está o aeroporto) e sul, onde se encontram as principais atrações noturnas, como o Temple Bar, o bairro boêmio da localidade. Em se tratando de Dublin, não é mentira falar que o toque multicutural que a globalização gera na cidade proporciona belas paisagens para olhos de qualquer um. Gente bonita, de diferentes partes da Europa, é fácil de ser encontrada pelas ruas e baladas. Homens geralmente estão em dia com a academia e sempre andam bem vestidos. As mulheres são altas e adoram andar com roupas “mini-curtas”, não importando quanto o termômetro marca.

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LUXURY BALAD

How at the Moon, a nightclub com entrada super estilosa e decoração luxuosa que atrae os turistas

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Nas ruas, o que não faltam são bares, conhecidos como pubs. Por isso é preciso estar preparado para a azaração porque a possibilidade de bom divertimento é grande. No tour que é possível montar para aproveitar o que Dublin tem de melhor para oferecer para o público gay, duas casas noturnas exigem parada obrigatória: a The George e a The Dragon. Os locais fazem uma brincadeira com o santo São Jorge (The George), conhecido por ter matado um dragão (The Dragon). Com 25 anos de história, a The George é o principal palco gay da noite irlandesa. O lugar funciona de segunda a segunda, e tem dois ambientes. Como muita coisa na Irlanda, a fachada não é bombástica, mas o interior é bem diferente. No primeiro ambiente, muito veludo, estátuas e iluminação intimista. O outro ambiente é para ferver! Pistas de dança, palco para show, inclusive com as mais badaladas drags de Dublin e da Europa. A The Dragon é irmã mais nova e tenta atrair o público por conta de sua fachada única, ostentando um imenso dragão. No interior, de dois andares, o ambiente é dominado por uma decoração inspirada no mundo oriental. Em ambas, a entrada é gratuita até as 23 horas. Depois disso, paga-se de 5 a 10 euros, dependendo da programação da balada. Outras opções oferecem requinte maior para o visitante. Com entrada super estilosa que merece uma visitinha diurna, o pub e nightclub Howl at the Moon tem quatro andares e uma decoração luxuosa, com estátuas gregas por todos os lados. O lugar fica aberto de quinta a sábado e custa 5 euros a entrada. Mais elegante e luxuoso, o Café in Siene recria Paris do século 19 e oferece um cardápio de sopas, grelhados, saladas e lanches, além de cervejas e drinks. A entrada é gratuita, mas só são admitidos clientes vestidos em alto estilo. Por isso, não arrisque colocar um tênis, por exemplo, e tentar entrar no lugar porque seguranças estão permitidos a barrar pessoas. Se o interesse for em conhecer algo tradicional, a opção é ir ao Johnnie Fox’s, conhecido como o pub “mais alto” na Irlanda por estar nas montanhas da região de Glencullen. Criado em 1798, ele está em uma área que pertencia a uma antiga fazenda onde moravam revolucionários que lutaram pela separação da Irlanda do Reino Unido, no começo do século XX. O divertimento está ligado às várias opções de pratos, bebidas e apresentações de danças típicas.


THE FOOD

Ao falar de comida, a Irlanda pode até não oferecer uma cozinha tão diversificada quanto países como Itália e França, mas tem suas particularidades. Portanto, deliciar uma boxty faz parte do passeio. O Gallagher’s Boxty House é um restaurante localizado no Temple Bar, o bairro boêmio de Dublin. Esse prato trata-se de panquecas feitas a partir da batata com recheio de carne bovina, frango, cordeiro, salmão e molhos especiais.

Ao lado, o típico prato irlandês conhecido como boxt. Abaixo, o restaurante Gallagher’s Boxty House, especializado neste tipo de culinária

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VIAGEM

SHOPPING Como é uma cidade globalizada, Dublin abriga lojas das mais diferentes marcas e, claro, muitas delas são as desejadas por muitos. Chanel, D&G, Armani, Ermenegildo Zenga, Louis Vuitton, Calvin Klein, que não tem lojas próprias por aqui, mas estão em um só lugar: a Brown Thomas. Esse shopping de luxo fica na Grafton Street, um dos principais calçadões para se fazer compras na região sul. Por ali, o metro quadrado custa 5.621 euros, o quinto mais caro do mundo. Ali são encontradas lojas de eletrônicos, celulares, CDs, DVDs, livros, souvenires da Irlanda (vendidos pela empresa Carrol’s). A multidão que passa por ali ainda atrai muitos músicos, que fazem apresentações ao longo da via. Alguns possuem talento notável, mas continuam apenas misturados à multidão. Os músicos espalhados por ali cantam e tocam os instrumentos em troca de alguns euros. Famosos também já passaram por ali, como Bono,

Grafton Street, uma das principais ruas para se fazer compras em Dublin, onde fica o shopping de luxo Brown Thomas.

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cantor do U2, que todo ano volta onde começou e faz uma apresentação surpresa. O outro ponto de compras é a Henry Street, que fica na região norte. Sem toda a ostentação da outra área, conta com três shoppings ao longo da via e as lojas preferidas dos jovens, como Forever 21, H&M e uma das mais populares de Dublin, a Penneys.


TEMPLE BAR

Abaixo, o Centro Irlandês de Fotografia, e ao lado o Instituto Irlandês de Filmes

O bairro é conhecido como o “quarteirão cultural” e tem a vida noturna mais intensa, apesar dos locais em Dublin não serem conhecidos por ficarem abertos até altas horas – fecham entre 2 horas e 3h30. O Temple Bar fica próximo ao Rio Liffey, do lado sul. As ruas todas preservam o estilo medieval, são estreitas e em algumas não é permitido o trânsito de veículos. Os bares e restaurantes com certeza dão fama à região, mas há muitas unidades culturais por ali. O Centro Irlandês de Fotografia e o Instituto Irlandês de Filmes, por exemplo, estão localizados no bairro. Somente o Temple Bar tem uma população estimada de 3 mil pessoas, a maioria são estudantes estrangeiros.

Os músicos espalhados por ali cantam e tocam os instrumentos em troca de alguns euros. Famosos também já passaram por ali, como Bono, do U2

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VIAGEM

O QUE VOCÊ SÓ VAI VER POR AQUI A Irlanda tem uma paixão por rugby (um esporte semelhante ao futebol americano, mas muito mais antigo) e a equipe Emerald Warriors RFC foi criada em agosto de 2003 para jogadores gays e bissexuais, apesar de aceitar também héteros. A equipe disputa competições oficiais e manda seus jogos no Estádio Suttonians RFC. Para ajudar na manutenção do clube, sempre há eventos realizados na The George Nightclub. O rugby é um esporte conhecido por ter jogadores muito fortes e com músculos bem definidos.

ROTEIRO The George

89 S Great Georges St 2 www.thegeorge.ie

Howl at the Moon

7/8 Lower Mount Street Dublin 2 (D2) www.howlatthemoon.ie

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The Temple Bar

www.thetemplebarpub.com

Johnnie Fox’s www.jfp.ie

Gallagher’s Boxty House www.boxtyhouse.ie



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ESPORTE

BOLA NA MÃO Eles eram gogo-boys e strippers de sucesso até que largaram a

profissão e montaram um time de rugby que já tem até patrocinadores. Por Felype Falcão Fotos Davi Brandão

Treino de rotina do Winner Rugby. No centro, Capitão Márcio em uma disputa de bola

São 15h de uma tarde nublada de janeiro, com tempo fechado na capital paulista. O céu cinzento não intimida o treino de um time de fortões. Os meninos estão em um campo de rugby, nas proximidades do Parque Ibirapuera. Ali, pelo menos três vezes por semana, o Winner Rugby se encontra para praticar um esporte ainda pouco difundido no Brasil. Esta seria a única novidade, não fosse por um detalhe: cerca de 80% dos 35 jogadores do Winner Rugby já trabalharam ou ainda atuam, como gogo boys. A ideia de montar o time veio de Renato Freitas, presidente Winner – empresa que até então atuava apenas nos segmentos de publicidade legal e mercado de capitais. Frequentador da noite paulistana, ele decidiu conciliar a vontade de investir em um esporte que sempre apreciou ao desejo de dar oportunidade aos amigos que fez durante as suas passagens pelos clubes da cidade.

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Criado em setembro de 2010, o time parece anunciar um futuro promissor. Somente em 2011, o Winner Rugby participou de cinco torneios e consagrou-se campeão invicto no mais importante deles, o grupo de acesso do Campeonato Paulista. Treinados por Fernando Portugal, que também trabalha na Seleção Brasileira, a meta do grupo para este ano é ser o primeiro colocado no Campeonato Nacional. Mas não é apenas dentro do campo que o time enfrenta adversários. Fora deles, eles encaram uma batalha para vencer o preconceito. “Bando de viado, bando de michê, isso é o mínimo que a gente ouve. Sempre rola esse tipo de preconceito, já que o mundo dos héteros tem outra visão. Eles falam daquilo que não conhecem”, conta Márcio Blade, ex-gogo boy e capitão do time. “Nos esforçamos bastante e a vitória do Campeonato Paulista foi um cala boca para quem nos discriminou e não acreditou na nossa capacidade como time”, completa Blade. Para dar conta das duras partidas e dos treinos semanais, Márcio Blade, 30 anos, tem uma rotina mais do que agitada. Todas as manhãs, ele se reveza entre uma série de corridas para manter a resistência física e um tempo para curtir um dos quatro filhos, que mora com ele.

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Winner Rugby vence SB Templários e conquista o Paulista de Acesso

“A equipe toda foi muito criticada. Olha os gogo boys, pega os gogo boys. Dizem que somos garotos de programa”.


No restante do dia, ele precisa se dividir entre a academia, o trabalho no programa Legendários, da TV Record – em que protagoniza – a sauna do Blade –, e o seu próprio negócio, a oficina de confecções Blade, na qual produz calças, camisas, saias e bermudas sob encomenda. Mesmo com tantas atividades, ele arruma fôlego para os treinos que rolam à noite, sempre às 22h. Ainda que precise lidar com essa correria diariamente, há um ano longe do queijo, Márcio Blade não sente falta do período em que era um dos principais gogo boys da Blue Space – tradicional e animado clube gay de São Paulo, famoso pelos icônicos shows de drags. “Não tenho mais vontade de dançar, a menos que seja na pista”, sentencia. “Chegou um momento em que me dei conta de que trabalho como dançarino na noite era maravilhoso, mas eu não saía daquilo. Então aos poucos fui preparando meu futuro e buscando outras oportunidades”, explica. Seu colega de equipe, Antony, 30 anos, há três deixou o queijo de lado, mas ainda é um dos nomes mais lembrados entre os gogo boys que encerraram a carreira na Blue Space. “Trabalhei como dançarino durante dez anos. Passei pela Blue Space, The Week... Posso dizer que já trabalhei nos melhores e nos piores clubes”, afirma. Apesar de ter se afastado dos clubes, ele continua dançando, mas só se for contratado para aniversários, festas, shows e strips. “Tem que ser muito macho para enfrentar os caras. Já estourei os dois ombros, o tornozelo. Estou quase sempre lesionado. É preciso aguentar pancadas, dar duro e conhecer as pessoas certas. Além disso, todos os que praticam rugby tem vida formada, outra profissão que lhes garante estabilidade financeira. É um esporte caro, e não dá pra viver somente dele aqui no Brasil”, critica. Para encarar o dia-a-dia pesado, Antony dá aulas de musculação em uma academia. Também vítima de preconceito junto com os parceiros do time, ele não mede esforços para rebater as críticas: “A equipe todo foi muito criticada. Olha os gogo boys, pega os gogo boys. Dizem que somos garotos de programa. A maioria dos que dançam não são, mas uns poucos queimam a imagem dos outros. Mas no fundo, os que criticam são uns invejosos. Gogo boy tem que ser bonito e ter o corpo sarado, perfeito. Isso não é para qualquer um”. Marcelo Medina comemorando a vitória

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FORA DO MEIO Há um ano e meio, Abimael, 29 anos, trabalhava numa empresa de display como operador de máquina e era o que podemos chamar de atleta de fim de semana. Em um bate-papo com o amigo Antony, foi convidado a conhecer o esporte e, quem sabe, ingressar no time. “Até então só conhecia o futebol americano. Precisei ver várias partidas para entender o jogo”, lembra. Hoje, ele é um dos membros do time e não brinca nem quando é questionado sobre o que acha do contato intenso do corpo a corpo masculino durante as partidas. “Adrenalina pura, quem está na sua frente é inimigo. Tudo o que você que é passar por cima de qualquer jeito”, conta, e relembra que estourou o tendão de aquiles logo no segundo jogo. A rotina de Abimael não é menos corrida que a de seus companheiros de equipe. Ele trabalha o dia inteiro na empresa de displays e, logo após o expediente, corre para malhar e esquentar o corpo para o treino, sem descuidar da alimentação. Uma das raridades num time formado quase exclusivamente por gogo boys, ele afirma não se importar com o histórico dos amigos e diz já ter visto eles dançarem, mas nunca se animou para encarar o poder do queijo. Sobre as críticas envolvendo os parceiros do time, ele não mede palavras. “Conheço os meninos, já conhecia o trabalho deles e sei muito bem quem eles são”. Com apenas 25 anos, Lucas Góis é um dos mais novos do time. Formado em logística e sem nunca ter ouvido sequer falar do esporte, ele conheceu o time através da própria empresa, a Winner, em que trabalha como executivo de contas na área de mercado de capitais. Mesmo levando a sério o fato de integrar um time de rugby, Lucas prefere encarar o esporte como uma válvula de escape do estresse que precisa enfrentar diariamente ”Trabalho o dia inteiro,

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vou para a academia todos os dias e depois para o treino de rugby. Gosto muito do esporte, mas, infelizmente, ele fica em segundo plano. Não dá para viver dele”, lamenta. Com seriedade de quem trabalha em escritório de negócios, ele também traz no histórico a carreira como gogo boy. Natural de Porto Alegre, já aos 16 anos de idade ele costumava a dançar em festas de debutantes. Foi um pulo para que começasse uma maratona pelos clubes gays da cidade até chegar a São Paulo. Há três anos sem dançar, hoje ele prefere lembrar dos tempos de gogo boy como algo que ficou em um passado sem chances de retorno. “Foi uma fase legal, mas já passou. Só voltaria pelo prazer de dançar, mas não pelo dinheiro”. Mesmo sem precisar ganhar dinheiro com a exposição do corpo, Lucas é um dos mais preocupados com o fato de estar em forma e manter uma rotina de vida saudável. “Comecei a cuidar do corpo muito cedo. Sigo uma dieta que já é normal. Evito doces e salgados. Tenho uma alimentação saudável e isso não é nenhum sacrifício. Pelo contrário, é uma filosofia de vida”, finaliza.

Time Winner Rugby posando para a foto de time


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FASHION MODA

Encontro Casual A sobriedade dos paletós dá espaço às jaquetas esportivas, usadas em ocasiões formais. Por helena montanarini Fotos burberry

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uma das temporadas mais monocromáticas dos últimos tempos, repleta de tons escuros, como preto, marinho e cinza-chumbo, o desafio dos stylists foi combinar peças atemporais que fossem ao mesmo tempo interessantes e adaptáveis para a vida do homem fora da passarela. Estilistas de Paris e Londres entraram em consenso, apostando nas jaquetas casuais como a principal peça de investimento para o inverno, capaz de substituir o paletó dos costumes. Mesmo os italianos, famosos pela sartoria clássica, abriram espaço para essas peças rejuvenescedoras. Esta tendência das jaquetas aponta para dois caminhos. O primeiro como uma releitura da roupa militar, cheia de bolsos (que os homens adoram) e mais esportiva, em tecidos como tweed, flanelas e lãs feltradas. Em geral, assim como vinha acontecendo com os paletós, estas peças estão mais curtas na cintura, o que gera a sensação de alongamento da silhueta do homem. O destaque vai para a jaqueta da Burberry Prorsum, usada com camisa e gravata de mini-xadrez. Versace, Gucci, Yamamoto e Canali também apresentaram suas versões, confirmando a tendência militar, com ombros mais arredondados acompanhados de martingales (aquela tira de tecido preso a um botão) e fechamento com passante na parte da cintura. O segundo caminho tomado pelos estilistas confirma o minimalismo. Jaquetas limpas, apenas com algum detalhe na gola ou no bolso, também prometem ganhar vida nas ruas. Retas ou com elástico na cintura, elas também aparecem mais curtas nas coleções de Lanvin, Balmain, Acne e Kenzo, todas desfiladas em Paris, a mais vanguardista das três cidades da temporada de moda masculina. Tecidos levemente brilhantes transmitem a sensação de inovação, mas dificilmente chegarão às lojas, como no caso da biker prateada Bottega Veneta. Mesmo assim, é possível perceber o purismo nas formas, acentuado pelo fechamento com zíperes. Esta onda de casacos mais casuais tem tudo para se tornar um sucesso entre os brasileiros, mais informais por natureza. O segredo para não cair no desleixo é sempre estar atento ao resto do outfit, combinando com calças sociais, camisas sérias e gravatas. Isso não significa o fim dos paletós. Como peça clássica, eles nunca sairão de moda, mas poderão ser deixados nos armários em algumas ocasiões. O que vemos é uma nova proposta dos alfaiates que buscam uma solução mais jovem para sua profissão sem perder a riqueza e excelência.

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AS JAQUETAS SERÃO AS PRINCIPAIS PEÇAS DE INVESTIMENTO PARA O INVERNO, SUBSTITUINDO O PALETÓ

A tendência das jaquetas aponta para a releitura da roupa militar e também para o minimalismo

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FASHION LUXO

Closet Clean O que deveria estar pendurado no seu รกrmario. Por august zachrisson Fotos robert pollidori

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acima sapato branco Gucci R$ 2210 calça Bottega Veneta R$ 1170 bota Burberry R$ 2750 terno Ermenegildo Zegna R$ 2299 ao lado casaco de pele Burberry R$ 5.995 sapato Ermenegildo Zegna R$ 1770 luvas Armani Exchange R$ 259 pasta Canali R$ 4760

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FASHION EDITORIAL

MINIMALISTA

A elegância do monocromático invade a próxima estação Fotos christoph köstlin

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camisa El Colmlillo de Morsa calรงa Burberry Prorsum sapatos Surface To Air

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jaqueta Henrik Vibskov gola rolê Bottega Veneta calça Silent Damir Doma

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look inteiro Dior

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macacão El Colmillo de Morsa jaqueta Lanvin calça A.P.C chapéu Dior

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camisa Gori de Palma calça Burberry Prorsum gola rolê Bottega Veneta

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fotos Christoph Köstlin styling Ivona Yvon cabelo e maquiagem Júnior Queirós with Rituals Cosmetics modelo Joan @ Traffic Models assistente de producão Sergio Arcera

suéter Surface To air calça Hugo Boss óculos Adrian Mustelin Spectacles

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BELEZA E SAÚDE

Fale de pertinho Não adianta culpar a gastrite: em 90% dos casos, a causa do mau hálito está na boca. Reforçar a limpeza e o consumo de água ajudam a evitar o problema. Por ana luiza leal

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odo mundo acorda com bafo. É normal, mas se permanecer depois de tomar café e fazer a limpeza, há algo errado. Existem mais de 60 causas para o mau hálito: 90% na boca, 9% no aparelho respiratório (culpa do muco produzido por quem tem rinite ou sinusite) e 1% no estômago. Na maioria dos casos, as vilãs são bactérias que vivem de restos de comida, por isso, o melhor é procurar um dentista. Veja a resposta para as dúvidas mais comuns:

Como saber se tenho bafo? Pergunte a alguém de confiança. “Uma dica: crianças nunca mentem sobre isso”, diz Marcos Moura, presidente da Associação Brasileira de Halitose (ABHA). Qual é a higiene básica? Visite o dentista todo ano para fazer limpeza e verificar se algum dente está retendo resíduos por causa de cáries ou restaurações malfeitas. Diariamente, escove os dentes e limpe a língua com um raspador após as refeições, além de passar fio dental ao menos uma vez por dia. “A melhor escovação deve ser a de antes de dormir”, diz William Frossard, da UERJ. Dê preferência a enxaguantes bucais sem álcool e use-os até duas vezes por semana, para não manchar os dentes. Só a higiene resolve? Boa parte. Também ajuda alimentar-se de três em três horas e beber dois litros de água por dia, para incentivar a produção de saliva, prevenindo o mau hálito.

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“Caro bafo de onça...” Quer alertar alguém sobre mau hálito? Pelo site da Associação Brasileira de Halitose (ABHA), é possível enviar carta ou e-mail gratuito, anonimamente, que informa o fato educadamente à pessoa destinada: www.abha.org.br/sosmauhalito


Kit básico Os melhores amigos do seu parceiro

A escova ideal tem cabeça pequena (para chegar a todo canto) e cerdas macias (para não machucar a gengiva) Escova 5460 Ultra Soft, da Curaprox, R$ 14

Em excesso, a pasta desgasta o esmalte. Não use mais que uma bolinha. Creme dental Luminous White, da Colgate, R$ 4

Não usa fio? Escove, bocheche enxaguante, passe fio no último dente e cheire o que sai.

O raspador ou limpador de língua deve ser usado das amígdalas para frente.

Fio dental Cuidado Total, da Johnson & Johnson, R$ 6

Limpador de língua, da TePe, R$ 22

Use o enxaguante até duas vezes por semana. Antisséptico Pro-Saúde Clinical Protect, 250 ml, da Oral-B, R$ 12

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LÚXURIA SEXO

BDMS no Brasil Por fernando antônio Fotos miuri hausem phptopgrafy

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xistem várias manifestações de prazer sexual, a maioria independe da sexualidade, que descobrimos por acaso ou curiosidade. Dentre as mais conhecidas temos BDMS (Bondage, Disciplina, Sadismo e Masoquismo), bears (usos), leather (couro). Os desejos sexuais de cada um podem ser pré-existentes ou decorrentes de experiências próprias ou de outras. Nós humanos carecemos de variação sexual, mesmo com parceiro fixo, isso faz com que criemos alguns fetiches, que podemos adotar como prática sexual ou apenas uma simples aventura. O BDSM é uma espécie de guarda-chuva que abriga vários fetiches. Antes de tudo gostaria de explicar que a relação mestre-escravo é sagrada e os adeptos prezam pela segurança do companheiro envolvido. Quando uma relação mestre-escravo é estabelecida, o escravo tem plena confiança no seu mestre, sabendo que o que foi pré-estabelecido sempre será respeitado. Se um escravo diz para seu mestre que ele não quer nenhum tipo de queimadura, mesmo que ele seja vendado e amarrado, ele sabe que seu mestre o respeitará. Caso você se interesse em conhecer as práticas BDSM, não faça acordos que você não tem certeza que ira cumprir, assuma que você esta interessado em conhecer, que é curioso. O verdadeiro mestre se for do interesse dele, te iniciará. Entenda que um adepto do BDSM tem isso como estilo de vida, todo encontro que você tiver com ele será sobre os critérios pré-estabelecidos. Nós brasileiros não temos cultura BDSM e, por isso, a internet é o grande veículo para encontrar pessoas com os mesmos interesses e descobrir lugares voltados para esse tema. Um bom site de relacionamento BDSM é o www.recon.com, a vantagem desse site é que ao criar seu perfil você escolhe seu interesse principal e, ao se conectar ao site, você entra na sala do interesse escolhido e abaixo está a sala com os outros membros em ordem cronológica de login. A maioria das pessoas que tem perfil nesse site já descreve bastante o que e quem estão querendo encontrar, o que facilita um pouco. Um lugar que tem uma proposta BDSM mais fiel em São Paulo é o RG BAR, e no Rio, o GAYLÍNGULA, ambos adaptados à nossa cultura, ou seja, nestes dois dresscode não é obrigatório, como é no exterior.

Bondage

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Masoquismo

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LÚXURIA ENSAIO

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GARANHÃO

Cavalos são símbolos milenares de virilidade e aventura. Temas que caem como luva em Claudio Hernandes, esse verdadeiro príncipe brasileiro • 95


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LIFESTYLE DECO

Uma

cozinha para

convidados

As dicas do designer Thom Filicia para uma cozinha pronta para entreter. Por lindsay damast Fotos rick diamond e getty images

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hom Filicia, o designer de interiores do programa Queer Eye for the Straight Guy e autor do livro Thom Filicia Style, sabe como fazer um espaço atrativo e agradável de viver. Para Filicia, um frequente anfitrião, isso significa uma cozinha que funcione tão bem para entretenimento quanto para preparar a comida. “Mesmo que você feche a porta, todo mundo acaba lá dentro”, fala Filicia. Pense num layout que inclua esse fenômeno, como portas duplas que possam ficar abertas para atrair os convidados, ou fechadas em ocasiões mais formais. Em termos de marcenaria, Filicia gosta de incluir prateleiras abertas ou portas de vidro. “É um lugar para decorar, mostrar os produtos e exibir os utensílios para os convidados, como taças – para que eles não tenham que remexer pelos armários.” Depois, pense além do planejamento do espaço e aparelhos de cozinha, usando cores e texturas para fazer do cômodo “convidativo, fresco e com um toque de alegria”. Estabeleça o tom com uma combinação de cores intrigantes, como a combinação vermelho Chinês e cinza carvão que o próprio Filicia tem em sua cozinha em Nova York. E não se leve tão a sério enquanto você decora: Mantenha o astral leve com um trabalho de arte inesperado ou um acessório engraçado. Para concluir? “Passar um tempo neste cômodo é o melhor jeito de fazê-lo aconchegante – sua cozinha não é apenas para ser admirada,” diz Filicia.

Thom Filicia, o “doctor design” de Queer Eye for the Straight Guy e autor do livro de como-fazer Thom Filicia Style

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Solução surpresa Abajures como acessórios decorativos. Considere uma arandela elegante ao lado do fogão ou um abajur no balcão. “Estes objetos de decoração tem uma sensibilidade peculiar,” diz Filicia. Breck Lamp, $160

Impossível viver sem Um aparelho de fazer gelo profissional. “Entre os coquetéis e a comida eu gosto de servir, e ter bastante gelo ao alcance da mão é essencial,”diz Filicia. Ele é um grande fã de frutos do mar (como ostras e mariscos) e gosta de manter o peixe fresco no gelo antes de cozinha-lo. Quando se trata de fazer coquetéis ou resfriar latinhas e garrafas, a possibilidade de rapidamente encher um balde de gelo é a chave.

O aparelho mais usado Os vinhos favoritos de Filicia são armazenados em um refrigerador de vinhos embaixo do balcão, onde as garrafas são acessíveis e preservadas na temperatura certa. Ele gosta que os vinhos fiquem separados do refrigerador principal e fácil para os convidados pegá-los, para que não tenham que incomodar o chef. Kitchen Aid Architect Series 24’ Undercounter Wine Cellar, $3200

Material Inesperado Em sua cozinha, Filicia colocou um revestimento impermeável de madeira de nogueira recortados em pedaços formato V atrás do fogão. “Isso acalora meus balcões de pedra e combina com o chão. É o yin-yang de todos esse material feito de aço e utensílios de metal. Harmony Wood Tile Herringbone, $54 por metro quadrado

Novo aparelho O Quick Tap fridge 2009 da Amana. O recipiente removível na porta suporta 2,5 litros de qualquer bebida e a dispensa no aperto de um botão. “É ótimo para famílias e para quem gosta de entreter – você pode facilmente encher um copo ou um jarro com uma bebida gelada.” Quick Tap Entertainment Refrigerator, $1599

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LIFESTYLE GOURMET

o que é

GRANDE, com

GAY e coberto

CONFETES?

Doug Quint conduz o Big Gay Ice Cream Truck, que oferece desde sorvetes na casquinha até coberturas como farelo de wasabi. Por beth schwartzapfel Fotos rick diamond

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tilintar metálico de um caminhão de sorvete – para alguns, ele lembra a infância e o verão; para Doug Quint, ele grita gay. “O som é tão queer,” ele diz fazendo graça. O idealizador e condutor do Big Gay Ice Cream Truck — a mais nova adição na cena gastronômica de Nova York — é um fagotista formado na Juilliard Schoo. Ele sabia que precisaria de um trabalho durante o dia neste verão, e quando surgiu a oportunidade de dirigir um dos caminhões de sorvete da franquia Mister Softee, ele já imaginou – por que não pegar estes doces e finalizá-los com algo inesperado? Como qualquer outro caminhão de sorvete que circula por Nova York, este também oferece sorvetes na casquinha e milkshakes. Mas o que o diferencia são faixas, grandes sinais gays no caminhão, e coberturas como cereais coloridos, pimenta-vermelha, e uma doce redução de balsâmico. “Combinar estes ingredientes – é uma coisa positivamente confusa, bem urbana a se fazer,” diz Quint, que é gay e tem como parceiro Bryan Petroff, que também trabalha com ele. Quando Quint lançou o BigGayIceCreamTruck.com em abril, ele ainda não tinha sua licença de vendedor. E ainda assim, o mundo dos blogs se agitou com a novidade. Um twitteiro escreveu animado, “Oh meu deus, é gay e oferece bacon como cobertura!” Estava quente e ensolarado quando o caminhão foi inaugurado na Brooklyn Pride (a parada gay de Brooklyn), no Prospect Park – o dia perfeito para se tomar um sorvete. “As pessoas vinham até o caminhão e apenas riam” Quint disse, “Isto as deixa felizes.”

Doug Quint, o condutor do Big Gay Ice Cream Truck, que circula pelas ruas de Nova York com seu parceiro, servindo os mais gays e divertidos sorvetes da cidade

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Torta de sorvete de berries

Como fazer

Os criadores do Big Gay dividem sua receita de torta de sorvete de morango com uma calda de blueberries frescos

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Receita por Bryan Petroff e Douglas Quint Tempo de prepare: 45 minutos mais congelamento Serve 8 porções

Ingredientes: • 11/4 xícara de pedaços bem pequenos de bolacha graham (um tipo de bolacha parecido com bolacha maizena) • 1/3 xícara de açúcar mascavo • 1/3 xícara de manteiga sem sal, derretida • 500 ml de sorvete de morango, amolecido • 1 xícara de vinagre balsamico branco • 1 litro de blueberries (mirtilo)

Pre-aqueça o forno a 180ºC. Numa tigela, misture os pedaços de bolacha, o açúcar mascavo e a manteiga até ficar uma massa uniforme umedecida. Pressione os pedaços dentro de uma forma de vidro de 20 cm e a coloque para assar no forno por 10 minutos, até ficar levemente dourada. Deixe esfriar completamente.

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Enquanto isso, pegue outra forma igual, distribua 1/3 do sorvete e amarre com um embulho plástico por cima. Coloque no freezer por mais ou menos 10 minutos, até ficar firme. Espalhe mais 1/3 do sorvete por cima do plástico, cubra com mais um embrulho plástico, e volte para o freezer. Repita o procedimento mais uma vez com uma última camada de sorvete, e volte para o freezer até que fique firme.

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Enquanto isso, em uma panela coloque o vinagre para ferver em fogo médio até que se reduza a 1/3 da xícara, por mais ou menos 15 minutos. Adicione o blueberrie e espere ferver também. Cozinhe lentamente em fogo baixo, amassando as frutinhas, até que fique uma massa grossa e pastosa, por volta de 8 a 10 minutos. Transfira a mistura para uma tigela, e coloque no freezer até que fique fria.

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Transfira a camada de cima de sorvete achatado para as bordas e fundo de um prato, espalhando pelos cantos. Coloque metade da massa de blueberries por cima. Repita o procedimento com a segunda camada de sorvete e a outra parte da massa de blueberries, e coloque no topo a camada final de sorvete. Ponha no freezer até que fique firme, por volta de 30 minutos. Corte a torta em pedaços e sirva com blueberries frescos.

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AGENDA

Destaques

Blue Space

Epicentro do movimento drag, parada obrigatória para quem adora um batecabelo e shows de transformismo sobretudo nos domingos. Duas pistas e quatro bares. Sábado, das 23h às 6h; domingo, das 20h à 1h Rua Brigadeiro Galvão, 723 • Barra Funda (11) 3826.7157

Bubu Lounge

House na pista principal e sucessos do pop na pista Vip. Sexta, a partir da meia-noite; quarta e sábado, a partir das 23h30; aos domingos, matinê das 19h às 24h Rua dos Pinheiros, 791 • Pinheiros (11) 3081.9659

Cantho

Música é bem eclética indo de Cazuza a Gaga em um piscar de olhos. Sexta a domingo, a partir das 23h Largo do Arouche, 32 • República (11) 3362.15430

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Club Danger

Hot Hot

Sonique

Rua Rêgo Freitas, 470 Vila Buarque (11) 3211.0371

Rua St. Antônio, 570 Bela Vista (11) 2985.8685

Rua Bela Cintra, 461 Baixo Augusta (11) 2628.8707

D-Edge

The L. Club

The Society

Flex Club

Av. Brigadeiro Luís Antônio, 277 Bela Vista (11) 3104.7157

Rua Auro Soares de Moura Andrade, 141 Barra Funda (11) 3667.8334

Avenida Marquês de São Vicente, 176 Barra Funda (11) 3612.24401

Glória

Rua Treze de Maio, 830 Bela Vista (11) 3287.3700

Rua Luís Murat, 370 Vila Madalena (11) 2604.3393

Lions

Nova Nostro

Rua Consolação, 2554 Jardim Paulista (11) 3419.7360

Rua Marquês de Paranaguá, 329 Baixo Augusta (11) 3868.9944


Cinema

Bares

Cine Art Palácio

Bar da Vida

O Gato

Cine República

Rua Dr. Melo Alves, 98 Jardins (11) 3088.7172

Cine Paris

Café Vermont

Habeas Copus

Chopp Escuro

Vermont Itaim

Farol Madalena

Volt

Frey Café

Queen

Avenida São João, 341

Rua Frei Caneca, 462 Baixo Augusta (11) 9186.4444

Avenida Ipiranga, 752

Avenida Ipiranga, 808

Cine Ponto Zen

Rua Vieira Carvalho, 10 República (11) 3222.5848

Rua Vieira Carvalho, 94 República (11) 3222.7080

Avenida São João, 119

Cine Arouche

Largo de Arouche, 426

Cine Dom José

R. Marquês de Itu, 252 Vila Buarque (11) 3221.0872

Rua P. Alvarenga, 1192 Itaim Bibi (11) 3707.7721

Rua Dom José de Barros, 306 Rua Jericó, 179 Vila Madalena (11) 3032.6470

Rua Frei Caneca, 721 Baixo Augusta (11) 3539.0858

Rua Haddock Lobo, 40 Baixo Augusta (11) 2936.4041

Rua Vitória, 826 República (11) 3333.7834

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POEMA

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