Frutos do Cerrado: Um pequeno guia de PANCS

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Frutos do Cerrado um pequeno guia de pancs

se m p re-viva



Frutos do Cerrado um pequeno guia de pancs

se m p re-viva 2022


Ilustrações Kyron Laube Capa e projeto gráfico Diagramação Giulia Leroy Compilação e seleção textual Giulia Leroy Fotografia Filipe Chaves


Sumário Apresentação

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Introdução

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araticum, araticum-do-cerrado, araticum-cortiça, marolo, pinha-do-cerrado

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bacupari, bacupari-do-cerrado, saputá

14

baru, cumbaru, barujo

15

buriti, miriti, muriti, caraná, carandaí-guaçu

16


butiá, coquinho-azedo, coquinho, coqueiro-cabeçudo

17

cagaita

18

cajuí, cajuzinho-do-cerrado, caju-do-cerrado, cajuzinho-do-campo

cereja-do-cerrado, pitanga-de-perdizes, pitanga-do-cerrado

curriola, maçaranduba, abiu, pitomba-de-leite,

19 20

grão-de-galo, figo-do-cerrado

21

gabiroba, guavira, guabiroba, guabiroba-do-campo

22

jatobá, jatobá-do-cerrado, jataí

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macaúba, coco-espinho, bocaiúva, coco-baboso, macaíba, mucajá

mama-cadela, chiclete-do-cerrado, conduru, mamica-de-cachorra, inharé

24 25

mangaba, mangaba-ovo

26

murici, muricizão, embirici, murici-da-mata

27

pequi, piqui, piquiá, piquiá-bravo

28

pêra-do-cerrado, pêra-do-campo, cabacinha

29

pimenta-de-macaco, embira, pindaíba,

30

pachinhos, banana-de-macaco, bananinha


Desde que passei a ter um olhar diferente para a alimentação e a forma como nossos alimentos são produzidos, um mundo se abriu diante de mim. Por questões éticas e de saúde, aos poucos fui mudando minha alimentação para totalmente vegetal, excluindo os alimentos de origem animal. Com o tempo, me tornei cozinheira e entusiasta do universo das plantas, alimentícias ou não. A abordagem e o interesse em temas como alimentação saudável, aspectos nutricionais e medicinais das plantas, veganismo e culinária passaram a ter grande relevância em meu percurso. Ao longo dessa trajetória, esses interesses e paixões se complementavam e me instigavam a buscar mais. Pude ter contato com a agroecologia, o ativismo ambiental e alimentar e cada vez mais percebi a dimensão das contradições e das falhas do

nosso sistema agroalimentar. No Brasil, com toda sua grande biodiversidade e abundância, a produção e a distribuição de alimentos ainda são desiguais, e privilegia espécies geneticamente modificadas e exóticas, mesmo com toda a riqueza de plantas nativas aqui presentes. Diante de todo esse cenário, vi a necessidade de contribuir na divulgação desse conhecimento, fazendo um recorte a partir das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), em específico os frutos do Cerrado, um bioma extremamente rico que vem sendo devastado e ainda não recebe o merecido destaque por parte das autoridades. Giulia Leroy


Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) é um termo cunhado pelo biólogo Valdely Kinupp, em 2008, para designar plantas que têm uma ou mais partes comestíveis, nativas ou exóticas, podendo ser espontâneas ou cultivadas, que não estão incluídas no dia a dia da maioria das pessoas, no mercado ou na merenda escolar. São ditas, muitas vezes, “plantas daninhas”, “invasoras”, sendo frequentemente combatidas, ou até mesmo conhecidas como “comida de porco” e “comida de pobre”, quando usadas em situação de vulnerabilidade alimentar. Biologicamente, fruto é o resultado do ovário amadurecido da flor geralmente após fecundação. Fruto é a parte que envolve a(s) CORADIN. Parentes silvestres das espécies de plantas cultivadas, p. 7-8. 1

semente(s) (óvulo fecundado), assegurando a propagação e perpetuação da espécie. Pseudofruto é qualquer tecido acessório à semente que não tem origem no ovário. Já fruta é um termo popular que se refere aos frutos e pseudofrutos consumidos in natura ou em algum preparo culinário. A maioria dos alimentos consumidos no Brasil são exóticos, trazidos de outras partes do mundo e aqui naturalizados. É o caso da “cana-de-açúcar proveniente da Nova Guiné, do café da Etiópia, do arroz das Filipinas, da soja e da laranja da China, do cacau da América Central e México e do trigo da Ásia Menor”1. A cultura alimentar brasileira desde a introdução dessas espécies tende a supervalorizar os alimentos de fora


em detrimento dos nativos. Isso contribui para a desvalorização da nossa biodiversidade, a redução da autonomia e da segurança alimentar. A valorização de alimentos nativos e regionais é necessária para o resgate de saberes tradicionais, fazendo oposição ao imperialismo agroalimentar advindo da globalização, que torna a alimentação do povo padronizada e monótona, muitas vezes pobre nutricionalmente (alimentos ultraprocessados) e dependente de corporações multinacionais (sementes transgênicas e agrotóxicos). O uso das espécies selvagens que fogem da unicidade genética das monoculturas, a criação de bancos de sementes crioulas e o consumo local são tendências cada vez maiores no mundo, que sofre com a crise climática e os impactos ambientais gerados pela agroindústria atual.

Tendo em vista esta atual situação, esta cartilha busca fazer uma introdução de alguns frutos de grande potencial econômico e ajudar a guiar na identificação e usos das PANCs para que a população tome conhecimento ou faça o resgate dos alimentos que podem ajudar a compor sua alimentação, tornando-a mais diversificada nutricionalmente. Esse conhecimento possui potencial de aumentar e diversificar as fontes de renda familiares por meio de vendas em feiras, para restaurantes e agroindústrias, como também, por meio do turismo. A cartilha Frutos do Cerrado: um pequeno guia de PANCs reúne uma seleção de 18 PANCs do Cerrado, em específico os frutos. Ela se organiza pelos nomes populares das plantas em ordem alfabética seguidas de


seus nomes científicos. A seleção é composta de ilustrações para fins didáticos e de identificação em conjunto à descrição das plantas, seus possíveis usos e onde são encontradas. A escolha do bioma Cerrado deve-se ao fato de esse ser um dos ecossistemas que mais vêm sendo ameaçados no planeta. Estimase que 50% da vegetação original do bioma tenha sido desmatada principalmente por causa da expansão do agronegócio2. Ao mesmo tempo, o Cerrado é considerado “a savana mais rica do mundo, detendo 5% das espécies de todo o planeta e 30% da biodiversidade nacional”3.

WWF. Relatório Planeta Vivo, 2018 apud JORGE. Urgência e necessidade da pesquisa científica, p. 3. 2

Esse bioma possui diversas formações vegetais, ou fitofisionomias. Ao todo, somam 11 fisionomias que estão divididas entre formações florestais (Mata de Galeria, Mata Ciliar, Mata Seca e Cerradão), savânicas (Cerrado sentido restrito, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e campestres (Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre).

Cerrado sentido restrito: Espécies arbóreas e arbustivo-herbáceas; pequenas árvores de troncos retorcidos; normalmente apresenta evidência de passagem de fogo; árvores distribuídas aleatoriamente na paisagem; pode ser Denso, Típico ou Ralo. WWF. Relatório Planeta Vivo, 2018 apud PIRES. Patrimônio (in)visível, p. 10. 3


Parque de Cerrado:

Mata de Galeria:

Árvores concentradas em espaços específicos com pequena elevação de terreno; algumas espécies se apresentam em destaque, conhecidas como murundus.

Forma corredores fechados que acompanham córregos e pequenos rios.

Palmeiral: Pode ocorrer tanto em solo bem drenado quanto em brejos; presença de palmeiras arbóreas e árvores.

Vereda: Predomínio de apenas uma espécie de palmeira: o buriti (Mauritia flexuosa) e espécies arbustivo-herbáceas; ocorre em campos não drenados. Nas Formações Florestais, há predomínio de espécies arbóreas com a formação de uma cobertura contínua (dossel).

Mata Ciliar: Acompanha cursos d’água de médio e grande porte; frequentemente, as copas das árvores não se encontram.

Mata Seca: Marcada pela queda de folhas que contribui para o aumento de matéria orgânica no solo; não se associa a cursos d’água.

Cerradão: Mata rala, resistente à seca; possui as mesmas espécies que ocorrem no Cerrado sentido restrito; não se associa a cursos d’água.


Campo Sujo:

Campo Rupestre:

Arbustos e subarbustos preenchidos por espécies herbáceas.

Mistura das vegetações de Campo Sujo e Limpo com a presença de rochas; presença marcante de gramíneas.

Campo Limpo: Espécies arbustivas muito escassas; presença de plantas herbáceas, principalmente gramíneas.

No desenho abaixo, é possível identificar cada fitofisionomia:

Fitofisionomias do Bioma Cerrado. Fonte: Portal Embrapa.


Os biomas brasileiros podem identificados no seguinte mapa:

ser

AMAZÔNIA CAATINGA CERRADO MATA ATLÂNTICA PAMPA PANTANAL Biomas Brasileiros. Fonte: Educa Mais Brasil.


araticum, araticum-do-cerrado, araticumcortiça, marolo, pinha-do-cerrado Annona crassiflora

Família: Annonaceae

De casca bem grossa e marrom, o araticum é um fruto grande com cerca de 15 centímetros de diâmetro e possui polpa creme amarelada firme de sabor característico e doce. É uma planta lenhosa, de porte arbóreo que mede entre 4 a 8 metros de altura. Floresce entre os meses de setembro e novembro e frutifica entre janeiro e abril. O araticum-do-cerrado está distribuído amplamente no Brasil, no Cerrado sentido restrito, Cerradão e Campo Rupestre, nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Pará, Bahia, Tocantins, Maranhão, Piauí e Paraná. Sua polpa pode ser aproveitada para fazer licores, doces, sorvetes, sucos e geleias. Na medicina popular, a infusão das folhas de araticum e as sementes pulverizadas são usadas para combater diarreia e para induzir a menstruação. Fontes: [5], [11], [14], [17]

13


bacupari-do-cerrado, bacupari, saputá Salacia crassifolia

Família: Celastraceae

De porte arbustivo ou de arvoreta, o bacupari-do-cerrado é uma planta que atinge até 4 metros de altura. Seu tronco é curto e tortuoso e suas folhas alternas e, muitas vezes, com pigmentos pretos provocados por fungos. É um fruto de até 5 centímetros de coloração amarela à laranja por fora quando maduro e, por dentro, branco mucilaginoso. Possui formato esférico com ápice mais largo que a base. Habita o Cerrado sentido restrito e Cerradão, florescendo quase o ano inteiro, com maior ocorrência entre agosto a dezembro, demorando por volta de 4 meses para atingir a maturação. O fruto pode ser encontrado nos estados do Tocantins, Rondônia, Piauí, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. O bacupari pode ser consumido in natura ou na elaboração de compotas, sorvetes e outros doces. Todas suas partes são utilizadas como extrato aquoso na fitoterapia regional e, a casca de seu caule apresenta ação bactericida, fungicida e anticancerígena. Fontes: [11], [14], [17]

14


baru, cumbaru, barujo Dipteryx alata

Família: Fabaceae

Árvore de 15 a 25 metros de altura e copa densa e globosa, o baru é um fruto ovoide, levemente achatado, de casca dura em cor marrom que possui uma castanha semelhante em sabor ao amendoim, porém mais rígida. O interior do fruto tem textura lenhosa e apresenta coloração mais escura do que a casca. É uma espécie que ocorre nas formações florestais tipo Cerradão e Matas e em áreas de transição entre Cerrado e Mata Atlântica. Distribui-se pelos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Rondônia, Tocantins, Bahia, Maranhão e São Paulo. A polpa do baru pode ser usada em massas de bolo e em barra de cereais. A castanha pode ser consumida torrada, no preparo de farofa, paçoca, pé-de-moleque, biscoito e outros doces. Pode-se extrair óleo da semente para fins medicinais. O baruzeiro apresenta floração entre novembro e fevereiro, no período chuvoso. Seus frutos atingem a maturação no período de seca, quando a árvore está praticamente sem folhas, entre julho e outubro. Fontes: [5], [11], [13], [14], [17]

15


buriti, miriti, muriti, caraná, carandaí-guaçu Mauritia flexuosa

Família: Arecaceae (Palmae)

O buriti é uma palmeira com folhas em forma de leque que pode alcançar até 25 metros de altura e seu tronco, anelado, entre 25 a 80 centímetros de diâmetro. Possui um fruto marrom-avermelhado coberto por escamas que protegem sua polpa fina, carnosa e alaranjada. Floresce quase o ano inteiro, alcançando a maturação entre dezembro e maio. Habita as Veredas e Matas de Galeria, em terrenos alagáveis e brejos, com ampla distribuição na América do Sul e, no Brasil, ocorre nos estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins, Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. Por meio de seu tronco, extrai-se a seiva do buriti que serve de mel, possuindo alta concentração de sacarose. O fruto pode ser consumido puro ou em beneficiamento de doces, picolés, sucos, vinho e óleo. Da palmeira, também pode-se aproveitar seu palmito, fécula, madeira e folhas para fins de construção e artesanato, respectivamente. Fontes: [5], [11], [13]

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butiá, coquinho-azedo, coquinho, coqueiro-cabeçudo Butia capitata

Família: Arecaceae (Palmae)

Butiá é uma palmeira que pode alcançar 4 metros de altura, possuindo bainhas agudas ao longo do tronco e folhas fortemente arqueadas. Seu fruto tem formato ovoide de sabor ácido e cor alaranjada. Distribui-se pelo Cerrado sentido restrito, Cerradão e Palmeiral, geralmente em terrenos arenosos, nos estados da Bahia, Minas Gerais e Goiás. O coquinho-azedo é frequentemente usado para fazer sucos e como infusão para saborizar cachaças, mas também pode ser aproveitado para fazer sorvetes, geleias e licores. Fontes: [5], [10], [11], [19]

17


cagaita

Eugenia dysenterica DC

Família: Myrtaceae

De tronco tortuoso e casca grossa de cortiça, a cagaiteira é uma árvore de porte médio que pode atingir entre 4 a 11 metros de altura. Apresenta folhas ovaladas a elípticas e flores de quatro pétalas brancas. Floresce em agosto, atingindo a maturação entre setembro e outubro. É um fruto pequeno, de cor amarelo esverdeado, suculento e de sabor levemente ácido. Pode ser consumido in natura, mas é preciso cautela ao consumir os frutos muito maduros e em grande quantidade, pois eles têm um forte efeito laxativo. Por outro lado, as folhas da planta têm propriedades antidiarreicas e pode-se extrair seu óleo essencial que possui atividade antifúngica. A cagaita pode ser usada no preparo de sorvetes, sucos, chutneys e geleias. Habita o Cerradão e Cerrado sentido restrito, ocorrendo nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Minas Gerais e São Paulo. Fontes: [5], [10], [11], [14]

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cajuí, cajuzinho-do-cerrado, caju-do-cerrado, cajuzinho-do-campo Anacardium humile

Família: Anacardiaceae

Cajuí é um pseudofruto nativo do Cerrado, sendo seu verdadeiro fruto a castanha. É semelhante ao caju tradicional (Anacardium occidentale), porém de tamanho pequeno. Suas cores estão entre o vermelho e o amarelo, seu sabor entre doce e ácido e é suculento quando maduro. É uma planta de porte arbustivo tortuosa, típica de Cerrado, medindo 30 a 150 centímetros de altura. Sua floração acontece entre os meses de setembro e outubro, frutificando em novembro. Ocorre em Campo Rupestre e Cerrado sentido restrito, nos estados de Goiás, Minas Gerais, Rondônia, Tocantins, Bahia, Piauí, Mato Grosso, Mato Grosso do sul, Paraná, São Paulo e no Distrito Federal. A parte carnosa do caju-do-cerrado pode ser consumida tanto in natura quanto processada; em sucos, doces, sorvetes, geleias e pratos salgados. Sua castanha é consumida depois de descascada e torrada. Medicinalmente, as folhas e casca da planta são utilizadas em infusão para combater infecções de garganta e diarreia. Fontes: [5], [10], [11], [14]

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cereja-do-cerrado, pitanga-de-perdizes, pitanga-do-cerrado Eugenia calycina

Família: Myrtaceae

A pitanga-do-cerrado é um arbusto de 80 a 160 centímetros de altura que possui um fruto pequeno tipo baga vermelho, suculento e de sabor doce. Suas flores são brancas de quatro pétalas redondas e suas folhas são longas e estreitas. Floresce no início da primavera, frutificando entre novembro e janeiro. Habita os Campos Sujos, Cerrado sentido restrito e Campos com murundu, ocorrendo nos estados de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. A pitanga-do-cerrado pode ser consumida pura ou no preparo de geleias, sucos e doces. Fontes: [7], [14], [15]

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curriola, maçaranduba, abiu, pitomba-de-leite, grão-de-galo, figo-do-cerrado Pouteria ramiflora

Família: Sapotaceae

Curriola é uma árvore que mede entre 4 a 10 metros de altura, possui folhas duras alternas e, seu fruto, de cor verde acinzentado, mesmo quando maduro, tem formato oval medindo de 3 a 5 centímetros de comprimento. A pitomba-de-leite frutifica na estação chuvosa e, quando madura, possui sabor doce e agradável, que pode ser consumida in natura ou no preparo de doces, sucos, sorvetes e biscoitos. Habita o Cerrado sentido restrito, Campo Sujo, Cerradão e Mata de Galeria. É uma espécie com ampla distribuição geográfica, ocorrendo nos estados do Pará, Amazonas, Rondônia, Tocantins, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Fontes: [8], [11], [14], [16]

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gabiroba, guavira, guabiroba, guabiroba-do-campo Campomanesia adamantium

Família: Myrtaceae

A gabiroba é um fruto globoso pequeno e suculento de cor verde ou amarela na maturação que apresenta sabor doce e ácido. Possui porte de arbusto ou subarbusto, medindo de 50 a 150 centímetros de altura. Floresce entre setembro e outubro, frutificando em novembro e dezembro. A guavira é amplamente difundida na cultura do Mato Grosso do Sul, que promove anualmente em novembro o Festival da Guavira na cidade de Bonito. O fruto tem ampla distribuição geográfica, nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Habita o Cerrado sentido restrito e Campo Sujo, ocorrendo também na Mata Atlântica. Pode ser usada para fazer licores, sucos, sorvetes, geleias, vinhos e cachaças. A casca e folhas da planta podem ser usadas medicinalmente para combater diversos desconfortos como diarreia, vômito e infecção na garganta. É uma planta melífera, podendo ser aproveitada para produção de óleo essencial. Fontes: [5], [11], [14], [19]

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jatobá, jatobá-do-cerrado, jataí Hymenaea stigonocarpa

Família: Fabaceae

O jatobá-do-cerrado é uma árvore tortuosa que pode atingir até 10 metros de altura. Seu fruto é longo de casca dura e marrom e sua polpa farinácea é adocicada e de forte odor. O jatobá atinge a maturação quase um ano após a floração, que ocorre entre novembro e abril. Quando a polpa é reduzida a pó, ela pode ser usada no preparo de bolos, biscoitos, mingaus, pães, pudins e bebidas fermentadas. Medicinalmente, a seiva do jatobá e a casca do caule são usadas para tratar diversas enfermidades. Habita o Cerrado sentido restrito, Cerradão e Campo Sujo, podendo ser encontrado, também, em áreas de transição com a Mata Atlântica e na Caatinga. Ocorre nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Pará, Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão e Pernambuco. Fontes: [5], [11], [14], [19]

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macaúba, coco-espinho, bocaiúva, coco-baboso, macaíba, mucajá Acrocomia aculeata

Família: Arecaceae (Palmae)

A macaúba é uma palmeira espinhenta de 10 a 20 metros de altura. Suas folhas são dispostas em vários planos, conferindo aspecto plumoso. Os frutos da macaúba se apresentam em grandes cachos e têm forma globulosa em tom marrom. Sua casca é quebradiça e sua polpa fibrosa amarelada, sendo aproveitada para fazer geleias, mousses, farinha e sorvetes. O caroço, ou amêndoa é uma oleaginosa comestível, crua ou torrada, usada também para extração de óleo comestível, semelhante ao azeite de oliva. A bocaiúva é nativa em quase todo o território brasileiro, nos estados do Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Tocantins, Bahia, Maranhão, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Ocorre em Palmeiral, Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão. Fontes: [5], [10], [11], [13], [14]

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mama-cadela, chiclete-do-cerrado, mamica-decachorra, conduru, inharé Brosimum gaudichaudii

Família: Moraceae

De porte arbustivo ou de arvoreta, a mama-cadela pode atingir de 4 a 10 metros de altura. Seus frutos são alaranjados quando maduros e possuem cerca de 2 centímetros de comprimento. É comumente chamada de chiclete-do-cerrado por sua polpa possuir textura de mascar. Seus frutos costumam atingir a maturação entre dois a quatro meses após a floração, que acontece de junho a novembro. Medicinalmente, suas folhas e raízes são utilizadas no combate ao vitiligo, dores de estômago e problemas intestinais. O fruto pode ser consumido in natura ou no preparo de doces diversos. Além disso, a polpa da mama-cadela macerada à farinha de mandioca é utilizada por alguns grupos indígenas para consumo durante viagens. Habita o Cerrado sentido restrito, Cerradão e as transições entre Cerrado, Caatinga, Floresta Amazônica, Pantanal e Mata Atlântica. Distribui-se nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão, Piauí, Tocantins, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Fontes: [5], [11], [14], [19]

25


mangaba, mangaba-ovo Hancornia speciosa

Família: Apocynaceae

A mangabeira possui distribuição em todos os estados brasileiros, com exceção de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. É uma árvore de porte médio, atingindo 2 a 6 metros de altura quando ocorre no Cerrado sentido amplo e Campo Rupestre. Em outros biomas, pode atingir até 15 metros de altura. Seus frutos são ovoides e de cores variadas, entre amarelo e verde claro, com pigmentações em vermelho ou sem pigmentações. É um fruto suculento, com 3 a 5 centímetros de comprimento quando maduros. Floresce na estação chuvosa (abril/maio), com colheita entre julho e setembro, e no período seco (outubro/dezembro), com colheita entre janeiro e março nas regiões litorâneas do país. No Cerrado, floresce em junho e em novembro, frutificando entre outubro e dezembro. A mangaba é utilizada tanto in natura como em beneficiamento de licores, compotas, sorvetes, geleias e sucos. A planta pode ser usada, também, para extração de látex, por ser laticífera. Fontes: [5], [10], [11], [17], [19]

26


murici, muricizão, embirici, murici-da-mata Byrsonima verbascifolia

Família: Malpighiaceae

De arbusto à árvore, o murici pode atingir 4 a 6 metros de altura. Possui tronco tortuoso e folhas pilosas grandes, de 14 a 20 centímetros de comprimento. É um fruto pequeno, de cerca de 2 centímetros, amarelo quando maduro, doce e suculento. Suas flores amarelas vêm em buquê, aparecendo ao longo de toda a estação seca, e frutificando de outubro a fevereiro. Habita o Cerrado sentido restrito e Campo Rupestre, possuindo ampla distribuição no Brasil, nos estados do Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e no Distrito Federal. O fruto do murici pode ser consumido in natura ou no preparo de sucos, frisantes, licores e doces. Fontes: [5], [11], [14]

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pequi, piqui, piquiá, piquiá-bravo Caryocar brasiliense

Família: Caryocaraceae

Símbolo da cultura e culinária de Goiás e Minas Gerais, o pequi é tradicionalmente usado cozido em pratos com arroz, feijão e carnes, e também para fazer licor, conservas, óleo, doces e sorvetes. É um fruto de casca verde e polpa amarela oleaginosa, super aromática e sua semente também pode ser consumida. Possui espinhos muito finos em seu interior, embaixo da polpa, sendo necessário cuidado ao consumir, mordendo superficialmente com os dentes. É uma árvore tortuosa típica de Cerrado, de copa frondosa, que atinge até 10 metros de altura. Floresce entre agosto e novembro e frutifica entre meados de novembro até fevereiro. Habita o Cerrado sentido restrito, Campo Sujo e Cerradão, ocorrendo nos estados do Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Fontes: [5], [10], [11], [13], [14], [17], [19]

28


pêra-do-cerrado, pêra-do-campo, cabacinha Eugenia klotzschiana

Família: Myrtaceae

De porte arbustivo formando touceiras, a pêra-do-cerrado pode atingir até 1 metro de altura em ambiente natural e, em condições de cultivo, até 3 metros de altura. Possui flores brancas e aromáticas e seus frutos têm a casca amarelo esverdeada. Varia de sabor de acordo com a distribuição geográfica; as populações de pêra-docerrado encontradas no Distrito Federal produzem frutos grandes, muito ácidos e pouco aromáticos. Em contrapartida, as populações do extremo sul de Minas Gerais produzem frutos menores, com baixa acidez, de sabor agradável e aromático. Os frutos atingem a maturação entre outubro e dezembro e podem ser consumidos puros ou na produção de sucos, geleias e doces. A pêra-do-campo tem melhor adaptação aos solos drenados e permeáveis, habitando o Cerrado sentido restrito (Cerrado Ralo), Campo Sujo e Campo Limpo. A espécie tem distribuição geográfica restrita, ocorrendo nos estados de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Bahia. Fontes: [5], [11]

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pimenta-de-macaco, embira, pindaíba, pachinhos, banana-de-macaco, bananinha Xylopia aromatica

Família: Annonaceae

Pimenta-de-macaco é um fruto que, depois de reduzido a pó, é usado como condimento análogo à pimenta-do-reino (Piper nigrum). As folhas da Xylopia aromatica também podem ser aproveitadas para extrair óleos essenciais usados medicinalmente. É uma árvore amplamente distribuída em território brasileiro que atinge até 6 metros de altura. A embira é uma espécie nativa do Brasil, típica do Cerrado sentido restrito, podendo ocorrer no Cerradão, em Mata Ciliar, Mata Seca, Vereda e Savanas amazônicas. Possui odor característico nas folhas, frutos e casca. Suas flores são brancas e têm tom avermelhado por fora, apresentando-se de forma individual. Seus frutos são cilíndricos de cor verde por fora e vermelho por dentro quando maduros, medindo entre 2 e 3 centímetros de comprimento, contendo de 3 a 9 sementes pretas e brilhantes por fruto. Distribui-se pelos estados do Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Bahia, Maranhão, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Fontes: [5], [11],[17], [19]

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1.

ARAÚJO, Nathália. Instituto Jurami, 2020. Disponível em: <http://bit.do/fToHc>. Acesso em: 20 dez. 2021.

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se m p re-viva

Este livro é resultado do trabalho de conclusão de curso do bacharelado em Edição da Faculdade de Letras da UFMG. Produzido no ano de 2021 e concluído no verão de 2022 em Belo Horizonte.



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