Coletânea de metodologias ativas

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COLETÂNEA DE METODOLOGIAS ATIVAS

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NAP - Núcleo de Assessoria Pedagógica - Americana/SP Unisal - 2015 V.1


NAP - Núcleo de Assessoria Pedagógica - Americana/SP Prof. Homero Colinas - Diretor Operacional Profa. Regina Penachione Prof. José Padoveze Prof. Giuliano Paulino Coan


PALAVRAS DA DIRETORIA OPERACIONAL DE AMERICANA
 O Centro Universitário Salesiano de São Paulo – Unidade Americana – desde 2013, vem refletindo com seus colaboradores sobre as práticas pedagógicas inovadoras que possam atender às necessidades dos seus alunos do século XXI. Como a própria vida apresenta problemas que aparecem sem aviso prévio para serem resolvidos, acredita-se que quanto mais adaptação à nova realidade, no menor intervalo de tempo, mais apto o sujeito estará para os enfrentamentos cotidianos. Na educação, levando-se em consideração as transformações sociais, políticas, econômicas e culturais, o processo de educar está deixando de ser baseado simplesmente na transmissão de conhecimentos pelo educador a um sujeito com pouca participação em sala de aula para ser um processo amplo com a inserção do estudante, como agente principal e responsável pela sua aprendizagem, e do educador, como orientador ou facilitador da aprendizagem, mas não a única fonte de informação do educando. Com o intuito de provocar no estudante as funções mentais de pensar, raciocinar, observar, refletir, entender e resolver problemas simples e complexos da vida, independente da metodologia inovadora escolhida, o educador deve observar as dificuldades enfrentadas pelos alunos e orientá-los para o caminho adequado na resolução dos problemas pessoais e profissionais. Com essa concepção sobre prática pedagógica inovadora ou metodologia ativa, muitos encontros foram realizados com os docentes para entendimento do termo e divulgação de algumas práticas já realizadas por eles. As conversas foram bastante frutíferas, pois cada educador teve a oportunidade de expressar ao grupo como vem desenvolvendo suas aulas e quais práticas pedagógicas diferenciadas estão sendo aplicadas em sala de aula. Ainda há muito que percorrer para que a educação consiga preparar educadores e educandos para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea. O que a Instituição espera com essas reflexões são atitudes de renovação das práticas pedagógicas de todos os envolvidos no processo educacional na busca pela excelência na formação dos alunos salesianos, futuros profissionais do 3º milênio, que possam experimentar situações de aprendizagem profundamente signficativas para suas vidas e, se sentirem falta de algum conteúdo, saberão onde encontrá-lo e o que fazer para apreendê-lo. Homero Colinas
 Diretor Operacional


PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INOVADORAS Numa era em que as tecnologias de informação já revolucionaram o acesso ao conhecimento, e o mundo aparece cada vez mais complexo e heterogêneo, a educação precisa dar passos mais acelerados e respostas mais coerentes, com novas técnicas de ensino para desenvolver competências cognitivas e éticas. A ideia é repensar o modelo tradicional de ensino, que combina a mera exposição de conteúdo na sala de aula e a posterior resolução de problemas e apresentar, aos poucos, um modelo que se concentra na aprendizagem ativa, em que os alunos são engajados pelo professor a resolver problemas e construir o conhecimento. O termo aprendizagem ativa surgiu para designar um conjunto de práticas pedagógicas, que aborda a educação mais interativa em sala de aula, cujo aluno não é considerado um receptor do conteúdo, mas um sujeito que busca e constrói o seu próprio conhecimento. A aprendizagem ativa tem sido compreendida mais intuitivamente do que definida e não é uma invenção recente ou a descoberta de algo inovador. Basta ler Paulo Freire, Jean Piaget, John Dewey, Demerval Saviani, Pedro Demo, Marcos Masetto, dentre outros, para verificar a presença dela. Para que haja uma tentativa de rever os paradigmas que guiam a educação, o professor precisa mudar sua postura em sala de aula, começando com questionamentos sobre quais itens de aprendizagem deseja que seus alunos tenham e focar na elaboração de perguntas, tarefas, exercícios, projetos ou desafios, que estimulem os alunos a buscarem o conhecimento necessário para atingir esses objetivos. Quanto aos alunos, a percepção deles pode ser de que o professor vai transferir seu trabalho a eles, mas, se procurarem o conhecimento por meio das inúmeras práticas pedagógicas inovadoras, terão mais chances de entender os conteúdos e conseguirão resolver, com mais facilidade, os desafios atuais apresentados durante a vida acadêmica. Mesmo com a mudança de postura do professor quanto às práticas inovadoras, o educador salesiano precisa dar continuidade ao humanismo pedagógico de D. Bosco, seguindo os 4 componentes educativos no cotidiano acadêmico: religião, razão, carinho e trabalho. A religião refere-se à descoberta de um sentido na vida, guiada por um projeto de vida; a razão, aos processos de compreensão de si mesmo, do mundo e do bom senso; o carinho, ao eixo afetivo, à abertura ao outro e à construção da autoestima; o trabalho, ao saber fazer para atuar na construção de um mundo melhor. Nesses 4 pilares do humanismo pedagógico de D. Bosco, o educador encontra a inspiração para atuar em estilo salesiano no ensino superior, desenvolvendo em seus alunos:


a) excelência da gestão do conhecimento; b) construção de sólidos projetos de vida; c) melhorias da qualidade da convivência, do exercício da cidadania e de atitude de responsabilidade social; d) formação profissional de qualidade. Para auxiliar o professor quanto ao entendimento de algumas práticas existentes, seguem algumas conceitos:

a) Arco de Maguerez = investigação sobre quais são os saberes que podem ser mobilizados/estimulados por meio da Metodologia da Problematização (MP) com o Arco de Maguerez (que se constitui com cinco etapas: observação da realidade e definição do problema, pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade).


b) Aula invertida = flipped classroom, ou sala de aula invertida, é o nome que se dá ao método que inverte a lógica de organização da sala de aula. Os alunos aprendem o conteúdo no aconchego dos seus lares, digerindo videoaulas e games (a chamada aula cassino). Na sala de aula, fazem exercícios.

c) Taxonomia de Bloom = estrutura de organização hierárquica de objetivos educacionais. Bloom dividiu as possibilidades de aprendizagem em três grandes domínios: - o cognitivo, abrangendo a aprendizagem intelectual; - o afetivo, abrangendo os aspectos de sensibilização e gradação de valores; - o psicomotor, abrangendo as habilidades de execução de tarefas que envolvem o organismo muscular.


d) Clínica de direito = pretende apresentar aos alunos a prática advocatícia por meio de exercícios multifacetados, capazes de propiciar uma abrangente exposição às diferentes subáreas que coexistem sob a rubrica do Direito Penal e trabalhar pela defesa e promoção dos direitos fundamentais no Brasil.

e) Debate ou discussão = discussão entre duas ou mais pessoas que queiram apenas colocar suas ideias em questão ou discordar das demais, sempre tentando prevalecer a sua própria opinião ou sendo convencido pelas opiniões opostas.

f) Diálogo socrático = sessão de investigação filosófica em grupo, orientada por um filósofo que não interfere no conteúdo do diálogo, mas faz com que o grupo cumpra determinadas regras com o objetivo de responder a uma determinada pergunta da forma mais rigorosa e clarividente que for capaz. Contém dois momentos: ironia: para demonstrar que o interlocutor, que pensa que sabe, mas, na verdade, não sabe do que está falando; maiêutica, por meio da conversa, ajuda o interlocutor a ter uma ideia mais clara e acertada sobre o que se está falando.


g) Estudo de caso = instrumento pedagógico que apresenta um problema mal- estruturado, ou seja, que não tem uma solução predefinida, exigindo empenho do aluno para identificar o problema, analisar evidências, desenvolver argumentos lógicos, avaliar e propor soluções.

h) PBL (Problem Based Learning) = emprega problemas da vida real (reais ou simulados) para iniciar, motivar e focar a aprendizagem de conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais. Divide-se em três etapas: formulação do problema; resolução do problema; discussão do problema.

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i) PBL (Project Based Learning) = metodologia de aprendizagem em que os alunos se envolvem com tarefas e desafios para resolver um problema ou desenvolver um projeto que também tenha ligação com sua vida fora da sala de aula. No processo, lidam com questões interdisciplinares, tomam decisões e agem sozinhos e em equipe. Por meio dos projetos, são trabalhadas também suas habilidades de pensamento crítico, criativo e a percepção de que existem várias maneiras para a realização de uma tarefa, tidas como competências necessárias para o século XXI.

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j) Role playing = modelo de ensino que pertence à família das interações sociais. Ajuda os alunos a compreender o comportamento social, o seu papel nas interações sociais e as formas de resolver problemas de uma forma mais eficaz. Este modelo requer que os estudantes experienciem os conflitos, aprendam a desempenhar os papéis dos outros e observem os diferentes comportamentos sociais.


k) TBL (Team based learning) = valoriza o desempenho e a proatividade dos alunos sempre estimulando a aplicação dos conhecimentos construídos em sala de aula na realidade que cada aluno vivencia. Para a eficácia desse método, o feedback imediato é fundamental para que o professor possa acompanhar cuidadosamente o desenvolvimento dos grupos de estudo. Com a TBL, a utilidade principal da aula deixa de ser a apresentação da matéria e passa a ser a aplicação dos conceitos em grupo. Os alunos têm o primeiro contato com os conteúdos pelo estudo individual, antes da aula. A motivação para o trabalho individual emerge de um conjunto de regras que incluem responsabilização perante o grupo, avaliações individuais e avaliações em grupo. O aluno deixa de responder apenas perante o professor e o poder de avaliar deixa de ser exclusivo do professor.

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l) Seminários = exposições com base na transmissão de conhecimentos específicos (técnicos ou científicos) a respeito de um assunto relacionado à determinada área do conhecimento.


m) Cine debate = estimula, por meio da utilização do meio cinematográfico, o debate e a construção de conhecimento interdisciplinar, constituindo-se espaço privilegiado para o desenvolvimento da capacidade crítica em torno das questões éticas, políticas e sociais que permeiam a atuação profissional. Como atividade acadêmica, pretende ainda desenvolver as habilidades da escrita pela publicação de artigos sobre o filme e da oratória pelos debates após as sessões, que favorecem, ainda, a compreensão das relações entre Ciência e Cinema.

n) Teatro = uma forma de arte na qual um ou vários atores apresentam uma determinada história que desperta na plateia sentimentos variados.

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o) Gamificação = aplicação de elementos e mecânicas de design de jogos em outros contextos, que não são jogos eletrônicos.

p) TED (Technology, Entertainment, Design) = é uma fundação privada sem fins lucrativos dos Estados Unidos que se destina à disseminação de ideias. Segundo as palavras da própria organização, "ideias que merecem ser disseminadas". Suas apresentações são limitadas a dezesseis minutos, e os vídeos são amplamente divulgados na Internet.


q-) Peer Instruction = (numa tradução livre, “instrução entre pares”): entendimento e aplicabilidade dos conceitos, utilizando-se a discussão entre os alunos com a leitura prévia, questões pré-aula, exposição em sala de aula e questões conceituais. As diversas tecnologias para utilização do Peer Instruction são: Indicações das respostas pelos alunos com a mão; Fichas e folhas de respostas; Filipetas e cartões de respostas; Clickers; Plataformas on-line de colhimento e de gerenciamento de respostas como o http://socrative.com

! r-) TPS – Think Pair Share = é uma estratégia de aprendizagem colaborativa em que os alunos trabalham em conjunto para resolver um problema ou responder a uma pergunta. Essa técnica exige que os alunos pensem individualmente sobre um tópico ou responder a uma pergunta, discutindo na sequência esta idéias com um colega e no final compartilhando as suas respostas/idéias com a sala toda.

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Nas metodologias ativas, pode-se dizer que educadores e aprendentes são todos sujeitos que compartilham da busca pelo saber. Isso quer dizer que, nessa busca pelo saber, o aprendente possuirá mais autonomia cognitiva e mais condições de atuar eficazmente no campo profissional, levando-se também em consideração a atuação do educador salesiano que deve seguir o humanismo pedagógico de D. Bosco no desenvolvimento dos 4 componentes educativos em sua prática acadêmica. Deve-se lembrar que, no contexto educacional, não existe uma metodologia melhor que a outra, mas, se houver uma relação sinérgica entre a metodologia escolhida e os bons resultados obtidos pelos estudantes, poderse-á dizer que a técnica empregada foi a melhor, e essa tarefa ainda cabe ao educador executar.


REFERÊNCIAS BISSOTO, Maria Luiza. As metodologias ativas e suas correlações com os processos cognitivos humanos: implicações para o ensino de adultos. REIS, Fábio José Garcia dos. Aprendizagem ativa. GUDWIN, Ricardo. Aprendizagem ativa. Disponível em: <http:// faculty.dca.fee.unicamp.br/gudwin/activelearning>. Acesso em: 15 set.2015. BRANCO, Alice. Um bom método de aprendizagem ativa. Disponível em: http://www.greenme.com.br/viver/especial-criancas/1761-um-bom-metodode-ensino-a-aprendizagem-ativa. Acesso em: 15 set. 2015.

LMI - Laboratório de Metodologias Inovadoras. Disponível em: http:// www.labmi.com.br . Acesso em: 01 dez. 2015.


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