EDIÇÃO 001
Experimentar-te Conheça o projeto desenvolvido por Bernardo Botelho e Carolina Santa Helena, que tem o intuito de comunicar narrativas e conceitos desenvolvidos através da produção de moda e styling garimpado.
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design singular, forรงa coletiva
Seja Odd
Design singular, força colabrativa. É isso o que define o Black Bufalo Estúdio. O estúdio tem como propósito tornar evidente a história e o significado de cada produto - não como meros objetos de consumo, mas como criações oriundas de artistas e de suas expressões singulares. Estas produções especiais nascem da peculidaridade e do universo de cada um, refletindo como uma força motriz no coletivo. Observamos a transparência, originalidade e sustentabilidade nas produções, nos aspectos ambientais e ecológicos. Por isso enaltecemos a criatividade expressada naquilo que é artesanal e exclusivo. O Black Buffalo visa fortalecer o pequeno empreendedor e o processo criativo que vive por trás de cada marca, sendo um local onde novos designers brasileiros podem divulgar seu trabalho e divulgar seus projetos. Além disso, é um ambiente pra viver novas experiências e passar momentos agradáveis, servindo como ponto de encontro aos fornecedores e ao público. A revista ODD nasceu dessa força, reunindo os interesses da manada e divulgando ideias de forma relevante. Promove uma troca de idéias alternativa e natural. Fala de moda, arte e sustentabilidade visando a singularidade do indivíduo, e refletindo na expressão coletiva.
Daniella Sgrott
Carolina Barbosa
Giulia Wendhausen
Gabriela Raposo
Eduardo Cazon
Luisa dos Reis
equipe
DisponĂvel no
Sumário
A primeira edição da Revista Odd oferece dicas de moda a produções artísticas de qualidade, sempre valorizando a sustentabilidade e o colaborativismo.
Catavento
06 Chunky Shoes 10 Clássico Listrado
EXPRESSÃO INDIVIDUAL
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Parucci, por favor!
mãos na massa
17 Do brechó aos seus pés 20 Segredos da Selva 22 Tradição nas Mãos
Manada
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36 2. 39 Vermelho
Experimente
Muda
47 Organizando um Bazar 50 Guia de Brechรณs pelo Mundo 54 Green is the New Black
Achado
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63 Novos Paradigmas
Casa de Noca
Mural
66 Mi casa, Su casa
Bote aqui a legenda das editorias com cor azul Bote aqui a legenda das editorias com cor azul Bote aqui a legenda das editorias co
Saias são boas opções para montar uma boa composição com os Chunky Shoes.
Versões marrons e de cores terrosas compõem um visual elegante e alternativo.
CATAVENTO
Chunky Shoes Pegada mais robusta em diferentes estilos
Sugestão de look
C
omo a aparência sugere, Chunky Shoes significa “sapato robusto”. Ele foi um tipo de calçado muito usado nos anos 70, evoluindo ao longo do tempo. É bastante usado por gringos, sendo uma novidade aqui no Brasil. Os chunky shoes podem vir em diferentes estilos de calçados, desde botas até sandálias com tiras. O legal de pensar na hora de compor o look, é proporção – se o sapato é robusto, opte por peças de roupa mais leves e ajustadas. Então, talvez seja melhor deixar as oversized para outra ocasião. Eles se mesclam à tendência dos anos 1990 que está cada vez mais popular, incluindo itens como jardineiras, jaquetas, shorts e calças – jeans, é claro. Os kimonos também são boas peças complementares, que puxam um pouco para o clima boho.
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Sapato já muito usado em looks gringos ganha força no Brasil.
Caso esteja usando com uma calça jeans muito comprida dobre a barra. Ele também fica ótimo com saia e ou com vestido. Na hora de compor o look, não fique só na cor preta; você pode variar nas cores e estampas para não deixar o look pesado. Quanto às cores, o Chunky Shoes costuma ser predominantemente branco, preto ou vermelho. Para quem gosta de um look mais romântico, algumas lojas gringas possuem modelos nas cores rosa e amarelo em tons pastelados.
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Deixar o sapato à mostra, dobrando a barra das calças, torna o estilo mais interessante.
CATAVENTO
CATAVENTO
As versões pretas para os Chunky Shoes são as mais clássicas
O legal de pensar na hora de compor o look, é proporção – se o sapato é robusto, opte por peças de roupa mais leves e ajustadas.
Abuse de meias calças e Chunky Shoes em climas frios.
Texto: Lindsay Woods Fotos: Divulgação
Saltos muito altos produzem um efeito ousado e únco.
Os Chunky Shoes costuma ser predominantemente branco, preto ou vermelho.
Também tem a opção de usar com um jeans e uma T-shirt bem legal, que combina praticamente com tudo. Sapatos nesse estilo não ficam bem com peças oversized. Peças mais justas ao corpo sempre deixam o look mais interessante. Pernas de fora também são uma ótima opção. Como a temperatura está caindo, abuse da meia calça.
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CATAVENTO
clássico listrado
A
Listras compõe uma ótima proposta para croppeds.
Padronagens que são o clássico da moda aparecem em diversas variações.
Inspiração para a tendência atemporal
s listras são um clássico que pode ser usado em todas as estações. São muito atemporais, por isso continuam como uma tendência firme e forte. As mais comuns são nas cores preto, branco, e azul. O mais legal das listras é que seja qual for o seu estilo elas se adaptam perfeitamente. Sinônimo do estilo navy - inspirado nas roupas dos marinheiros, as listras ganharam texturas, cores e detalhes que as levaram para as ruas, podendo ser usadas em qualquer momento.
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Estas padronagens são um clássico da moda e aparecem em diversas variações de listras: horizontais, verticais, finas , ou mais grossas. Listras em tons de preto, azul marinho e vermelho com fundo branco compõem os clássicos looks navy, com inspirações nos uniformes da marinha francesa dos anos 50. As roupas listradas estão presentes em inúmeras peças no mercado: de camisetas básicas a calças, saias, shorts e jaquetas, a estampa também carrega variação de cores e dá um up no visual. O duo mais famoso são em peças com a moda preto e branco. Podem combinar com outras estampas e com cores sólidas, deixando o look cool, por mais sério que ele seja.
Cores mais vibrantes ficam lindas quando unidas a peças listradas.
Inspiração para looks com saia.
O duo mais famoso são em peças com a moda acromática.
Clássico em versões com listras mais grossas
Listras são simplesmente lindas e clássicas, e combinam com todos os estilos!
Cores diversas também ficam lindas com listras.
CATAVENTO
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Inspiração com cores terrosas.
CATAVENTO
Blazer com estampa listrada.
Vestido com estampa listrada.
As roupas listradas estão presentes em inúmeras peças no mercado: de camisetas básicas a calças, saias, shorts e jaquetas, a estampa também carrega variação de cores e dá um up no visual.
Texto: Luisa dos Reis Fotos: Divulgação
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O Rei da Praia
Expressão Individual
Parucci, por favor! A história do ilustrador que realizou seu sonho através da colaboração de vários 12
Sexta Feira 13, ilustrações disponibilizadas gratuitamente no tumblr do ilustrador Felipe Parucci
Expressão Individual
“Me dedicar a isso é um sonho de carreira, apesar de a vida de quadrinista não ser muito promissora aqui no Brasil”
H
á 15 anos chegava em Florianópolis o paulista, Felipe Parucci: designer gráfico, artista plástico, ilustrador e quadrinista. Há dois anos, para ter mais tempo de desenhar e escrever, tomou a corajosa decisão de deixar seu emprego fixo e trabalhar somente em projetos de ilustração como freelancer. Motivado sempre por temas relacionados a cultura brasileira, reflexões sociais e críticas bem estruturadas, as obras de Felipe Parucci se tornam cada vez mais conhecidas, indo além do mercado nacional e sendo referênciado por grandes sites na área. Para seu maior projeto diz que mesmo com os trabalhos freelancer percebeu que precisaria de mais tempo e dedicação, então decidiu pelo financiamento para o apoiar no período. Inspirado em seu sonho de unir a escrita com o desenho e depois de um trágico fim de namoro, Felipe decide escrever seu primeiro e bem sucedido livro, vendido em lojas de enaltecimento a produção local, como a Black Bufalo. Para alcançar esse objetivo, antes mesmo de terminar o livro (“Apocalipse, Por FAVOR, Parucci optou por
produzi-lo de forma idependente pelo financiamento coletivo. “As editoras normalmente só aceitam o livro para publicação quando ele já está pronto”. O livro que tem 250 páginas antingiu 50% do valor necessário no 20. Parucci afirma que no início tinha muito medo e não esperar atingir mais da metade em tão pouco tempo. Para seus financiadores oferecia recompensas como o próprio livro, postais, quadros de tinta acrílica sobre tela, toy arts e caricaturas, tudo feito pelo autor que acreditou ter sido o maior motivo do sucesso da campanha. Essa atitude não só divulgou ainda mais seu trabalho como também tomou espaço em loja e locais alternativos, de alta qualidade e com iniciativas ligadas a colaboração e produção independente.
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LeMur Posters 2
Casal
Imposto
Sandman
Expressão Individual
Sucesso Inesperado
Estrela
Contando com a ajuda de mais de 300 pessoas, o livro foi lançado dia 4 de novembro de 2015 e tem sido referênciado.
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Expressão Individual
Males Contemporâneos
Discussões sobre relacionamento, sexo, trabalho , religião e a nossa própria existência giram em torno do protagonista de “Apocalipse, Por Favor”, Arthur Mirô, um homem esquizofrênico que se vê como um lobo solitário e possui uma fobia social tão grande a ponto de fazê-lo enxergar todas as suas relações pessoais mais empolgantes como um apocalipse. Em sua cabeça, o mundo está sempre prestes a acabar. Seu anseio por uma vida e um relacionamento normais o levam a conhecer Anabela, uma mulher igualmente deprimida e antissocial que vive em um relacionamento conturbado. A doença social dos personagens os leva a desejar que o mundo realmente acabe de uma vez por todas. O autor usa como argumento central uma situação mudana - fora de namoro e revolta.Aos poucos foi percebendo que ao seu redor os sentimentos assombravam todo mundo e começou a achar interessante, vendo que dava para trabalhar bem esse tema. Para a história não se tornar cansativa aos olhos e para combinar melhor com o clima tenso em que vivem os personagens, Felipe explica que optou por manter todos os quadrinhos em preto e branco.
Ilustrações do livro “Apocalipse, Por Favor!”
Texto: Gabriela Raposo Gomes de Souza Ilustrações: Felipe Parucci
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DisponĂvel no
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Editorial Move - Insecta Shoes
Mãos na massa
Do brechó aos seus pés Insecta Shoes e o design exclusivo de seus sapatos veganos
A
moda sustentável passou do discurso à prática há muito tempo: fios orgânicos, pigmentos naturais, reaproveitamento de retalhos. Reciclar roupas, contudo, continua sendo um desafio e tanto – em geral, o processo é tão custoso quanto começar uma peça do zero. Uma marca gaúcha de sapatos, a Insecta Shoes, nasceu diante dessa missão. E em menos de dois anos no mercado, já escreve uma bela página no movimento ecofashion nacional, com modelos feitos a partir de peças de brechó e sem matéria-prima animal. “O produto mais verde é aquele que já existe, porque não depende de novos recursos naturais para ser feito”, já dizia John
Donahoe, CEO do eBay. Por aí se entende a filosofia da Insecta, ancorada em conceitos como reaproveitamento, customização e upcycling. Upcycling é uma tendência na indústria do design que aposta no reuso criativo. Como sugere a expressão, trata-se de uma reciclagem com um “up”, que evita “matar” a matéria-prima original ao renascer como produto. Ou seja, a peça já nasce com uma história para contar. No caso da Insecta, um encontro de interesses comuns traçou as primeiras linhas da história. A profissional de marketing Bárbara Mattivy tinha um brechó online, o Urban Vintagers, e a designer de moda Pamella Magpali
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tocava a MAG-P Shoes, uma marca de sapatos artesanais que empregava o excesso de couro da indústria calçadista. Quem frequenta brechós sabe o drama que é encontrar peças bacanas, mas de modelagem defasada. O brechó de Bárbara tinha na gaveta algumas roupas vintage com estampas bacanas mas todos em tamanho XXL e que acabaram ficando sem ajuste. Pamella sugeriu usá-las para fazer sapatos e o resultado foi ótimo: 20 pares coloridos que venderam como água.
Editorial Bruma - Insecta Shoes
Mãos na massa
O começo de uma metamorfose ambulante
Decididas a transformar a parceria em sociedade, Pamella e Bárbara buscavam um nome universal, que remetesse à natureza. Nessa busca, descobriram uma paixão comum: ambas passavam horas pesquisando insetos exóticos no Pinterest, Bárbara tinha colares de âmbar com esses bichinhos, Pam colecionava besouros secos. Daí surgiu o nome da marca – e também dos gêneros de insetos que batizam cada modelo. Além de unir o trabalho com excedentes da indústria de Pamella e a preocupação com o pós-consumo de Bárbara, a Insecta também coloca em prática outro interesse compartilhado pelas sócias, que são vegetarianas. A proposta da marca é produzir um sapato vegano: sem produtos de origem animal. Os solados, por exemplo, são feitos de borracha triturada reciclada. O processo de produção da Insecta inclui, claro, sessões de garimpo em brechós e thrift stores, que podem ser em Porto Alegre, Campo Grande, São Paulo e, também, fora do Brasil. Estampas retrô e exóticas são descosturadas para formar o cabedal (parte superior da peça) de botinhas, oxfords e sandálias unissex. O acabamento é cuidadoso: um tecido mais grosso reveste a estampa e muita espuma forra o calcanhar e a palmilha.
“Damos um passo a mais a cada dia, e trabalhando com amor é quase impossível não ser feliz com o que fazemos”
De larva a borboleta: a chegada de uma nova e perfeita parceira
As sócias já contavam uma boa bagagem – Bárbara, 30 anos, fez pós em comunicação de moda em Milão, estagiou na models.com em Nova York, trabalhou na Amelia’s Magazine e na rádio da Diesel em Londres; Pamella, 26, já tinha rodado oito anos por diferentes polos calçadistas, como Franca (SP) e Novo Hamburgo (RS). Faltava, porém, completar a metamorfose da Insecta com uma nova sócia. Publicitária com especialização em design de moda, Laura Madalosso, 29, chegou no final de 2014 para assumir as áreas de pesquisa e branding da empresa. Ela, que trabalhava no departamento de criação da Renner, fala sobre ir para a Insecta: “Para mim foi uma guinada na vida, sair de uma empresa grande para estruturar algo novo. Hoje a felicidade é lei na minha vida” Hoje a marca voa na velocidade de uma mariposa da família Esfingidae, o inseto mais rápido do mundo. Soma mais de 100 mil fãs no Facebook, número para empresa grande nenhuma botar defeito, e abriu, no ano passado, a primeira loja física em Porto Alegre, um espaço bacana e cheio de referências vintage na música, no mobiliário e na decoração. Pela frente, planos de lojas pop up pelo Brasil, parcerias e novas ações. Para as “besouras” da Insecta, vale a pena o esforço de criar produtos mais verdadeiros em seus valores e conscientes do seu impacto, deixando uma pequena marca que seja na busca por um mundo mais bacana e sustentável. Texto: Thiago Guimarães Fotos: Insecta Shoes
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Editorial Folia - Insecta Shoes
Editorial Viva Brasil - Insecta Shoes Editorial Viva Brasil - Insecta Shoes
MĂŁos na massa
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Colaborador - Mapa Daqui
MĂŁos na massa
segredos da selva Projeto colaborativo espalha mapas com pontos de interesse em SĂŁo Paulo 20
Mãos na massa Mapa Faria Lima - Mapa Daqui
I
magine a situação: você chega a São Paulo pela primeira vez. Sem muita referência, além dos pontos turísticos mais batidos da cidade, resta apenas a incerteza de quem se propõe a desbravar os labirintos da maior cidade da América Latina. O que se torna um pouco complicado num lugar com quase 12 milhões de pessoas e infinitas possibilidades. Para solucionar todo esse dilema, o designer Lucas Neumann, de 24 anos, trouxe de Londres a inspiração para um projeto inovador. Foi nas suas andanças por lá onde notou alguns totens de informações salvadoras, que destacam sua localização e pontos de interesse numa distância de 5 a 15 minutos de caminhada. De volta ao Brasil, Lucas resolveu adaptar os totens informativos para a realidade paulistana. Primeiro como trabalho de conclusão de curso na universidade onde se formou em 2015. E, recentemente, levou a ideia para as ruas, propondo mais informação, acessibilidade e segurança. Ganhou o nome de Mapa Daqui e, inovador que é, propôs algo a mais: funciona de modo colaborativo. Ou seja, se você também sabe dos segredos da “Selva” (restaurantes, cinemas, botecos, baladas), compartilhe nas placas espalhadas por aí.
Faça você mesmo
Mapa Preto Café - Mapa Daqui
Além do Lucas, que teve a brilhante ideia, você também pode contribuir para uma cidade melhor sinalizada. É bastante fácil. Basta acessar o site, informar seu endereço, gerar um mapa da região indicada - imprimindo em casa ou em formatos mais resistentes, como em PVC - que segundo o idealizador custa em torno de R$ 25.
Ideia gerando frutos No começo, o próprio designer fazia missões para instalar as placas e lambe-lambe pela cidade. Agora, o projeto já está na casa de 1.000 downloads, e tem parcerias firmadas com estabelecimentos comerciais que disponibilizam o Mapa Daqui em suas fachadas em troca de créditos no site oficial. Texto: Rodrigo Russo Fotos: Mapa Daqui
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Mãos na massa
tradição nas mãos Nada de cópia, jovens artesãs se destacam pela originalidade
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Letícia Jorge
Cesta de crochê
“Sempre cultivei uma paixão por manualidades, já trabalhei com modelagem, cerâmica, mas me encontrei nos processos têxteis.”
jetista mas também o ‘feitor’, a pessoa que confecciona o produto final”, observa a artesã. Entre os produtos de destaque da Amora estão os famosos porta-aparelhos para computadores e tablets, acessórios como gorros e mantas, e também peças decorativas para a acasa. “Minha proposta é entregar peças em que o cliente saiba da procedência da mão de obra daquele produto, e se possível do material também. Tenho preferência pelo uso de materiais naturais e residuais, e de fornecedores locais e da região Sul para valorizar outros artesãos e girar a economia local”, conlcui Letícia.
Tinta artesanal de flores
V
ocê já ouvia falar em craft? O movimento estético surgido ainda no século 19 defende o artesanato criativo como alternativa à mecanização e à produção massiva, e busca dizimar a distinção entre o artesão e o artista. Artesãos ou artistas, alguns jovens produtores da Capital, defensores deste movimento, têm se destacado pela qualidade e irreverência de seus produtos, que seguem angariando cada vez mais consumidores, que, cativos por algo autêntico, buscam nessas produções alternativas a aura da originalidade que falta no mercado. Os produtos da designer Letícia Jorge, 24, que há três anos criou a Amora Handmade Design e desde então tem se sustentado financeiramento somente com as produções da empresa, se destacam por unir o design e o artesanato. Empregada única de si mesma, a criativa jovem trabalha com a produção de processos têxteis manuais, como tricô, a tecelagem, o crochê e o tingimento. Por meio do programa Ciência sem Fronteiras, Letícia teve a oportunidade de passar um ano estudando no New Brunswick College of Craft and Design, em Fredericton, no Canadá, e lá aprendeu a tingir, costurar, fazer feltro, serigrafar e, principalmente, mexer na máquina de tricô, algo de que nunca tinha ouvido falar. “Passei a ver o artesanato de outra forma, como algo que permeia o design e empodera a pessoa que o faz, sendo ela a pro-
Mãos na massa Peças da Crua Design em produção
Resignificação de materiais
Processo de pintura da Crua Design
Germana Lopes, a esquerda
Em algumas ocasiões, a jovem artesã Letícia fez parcerias com as mãos de outra artista, Germana Lopes, 24. Germana é formada em moda e proprietária do estúdio Crua Design, que tem como conceito originário a ressignificação de materiais como a madeira para a produção do artesanato. Ela produz acessórios minimalistas como colares, anéis, pulseiras e brincos. “O processo e a qualidade são fundamentais, dedica-se tempo e amor a cada peça, de forma que seja exclusiva”, diz Germana. A troca de conhecimentos é outro fator importante, por isso ela está sempre aberta a parcerias com outros designers e artistas, procurando agregar personalidade e valor aos projetos. De acordo com a artesã e hoje empresária, a Crua trabalha com o casamento entre a geometria e as cores, fatores essenciais que se destacam nos acessórios da marca. “Por gostar de estar envolvida com atividades criativas e também manuais, faz parte dos meus ideiais produzir moda autoral, exteriorizar sentimentos e visões e dar uma cutucada no mercado da moda, que as vezes me desagrada”, pontua.
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Mãos na massa FofysFactory
Personalização sob encomenda
Assim como Germana e Letícia, a artesã Carol Grilo, 36, começou com seu empreendimento pequeno, mas não demorou muito para suas produções ganharem destaque no mercado do artesanato. “Sou formada em arquitetura, por isso sempre trabalhei de alguma forma com criação. A empresa surgiu meio sem querer, como um hobby. Porém, sempre tive familiaridade com o mundo da costura, pois sempre via minha mãe costurando em casa”, conta. A Fofys Factory produz porta-treco, nécessaires, carteiras, estojos, entre outros produtos, tudo personalizado sob encomenda. O cliente pode escolher a estampa, cor e até o tipo de costura que será utilizada para confeccionar os acessórios. O sucesso da empresa foi tão grande que Carol fechou uma parceria com a “Uatt?” e agora produz uma linha especial de produtos para marca. “Também ao longo desses dez anos nossa clientela aumentou. Curiosamente, no início éramos mais conhecidas em São Paulo, Rio e Brasília, além de enviar para outros países. Mas agora já temos reconhecimento aqui em Florianópolis também, onde produzimos nossas peças”, conta a artesã.
Carol Grilo
“Tudo me inspira: viagens, livros, filmes. Sempre estou atenta às coisas ao meu redor. E adoro desenhar! Dos meus caderninhos surgem ideias.”
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Bordado FofysFactory
Cesta de de tecido
Texto: Marciano Diogo Fotos: Amora Handmade Design; Crua Design e Fofys Factory
UPCYCLE THE WORLD Disponível no
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Experimente Com intuito de comunicar narrativas e conceitos desenvolvidos, atravÊs da produção de moda e styling garimpado, os alunos Bernardo Botelho e Carolina Santa Helena criam o projeto Experimentar-te
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Manada
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s experimentos fotográficos focam na produção artística. O consumo é consequente. Todos os editoriais são recheados de boa fotografia, peças de brechó, modelos amadores, poses incomuns e direção de arte certeira. Mesmo não sendo o objetivo principal, o projeto desconstrói padrões de beleza estabelecidos pela moda que exclui, dando espaço para pessoas comuns mostrarem e enxergarem sua beleza individual. Não existe cabelo bom ou ruim. Não existe corpo certo. Não existe cor de pele melhor que a outra. E não deve existir imposição de padrões estéticos.
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Manada
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Manada
E
m seu primeiro experimento a dupla trabalhou o regionalismo de FlorianĂłpolis, tendo como referĂŞncia os pescadores e as dunas da ilha.
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Manada
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Manada
Fotos: Martina Hotzel Edição: Carolina Santa Helena Modelos: Eduardo Cazon e Julia Lie Styling e Direção de Arte: Bernardo Botelho e Carolina Santa Helena
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Manada
O projeto estĂĄ disponĂvel para acesso no site: www.experimentar-te.tumblr.com
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ilustração por Felipe Parucci
Manada
O
.2
segundo experimento explorou o Tribalismo. Um chamado para ser o que se ĂŠ, se afastando das normas de conduta da sociedade e se aprofundando no desfrutar o momento livremente.
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Manada
Fotos: Martina Hotzel Edição: Bernardo Botelho e Carolina Santa Helena Modelos: Eduardo Cazon, Luiza Gomes e João Pedro Fernandes Borges Styling e Direção de Arte: Bernardo Botelho e Carolina Santa Helena
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VERMELHO O
editorial mais recente do Experimentar-te, Vermelho, foi produzido na época do impeachment da presidente Dilma. A dupla se posicionou contra o golpe e em defesa das minorias, mulheres, gays, estudantes e negros. No site, as fotos são acompanhadas da música Solta o frango – Bonde do rolê, a ideia foi chamar o povo para protestar em defesa de seus direitos e da democracia.
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Manada
Fotos, Edição, Styling e Direção de Arte: Bernardo Botelho e Carolina Santa Helena Modelos: Carolina Santa Helena, João Gabriel e Lyssa de Moraes
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Muda
Organizando um bazar Junte os amigos e promova o consumo consciente (ganhando uma graninha!)
S
e existe uma coisa que eu acho que todos devem almejar, não importa o quanto gostemos de moda, essa coisa é ter um guarda-roupa mais enxuto e funcional. Não que a gente deva excluir tudo que é supérfluo e terminar só com peças de tons mais sóbrios e fáceis de combinar (ainda que, admito, eu esteja super tentando fazer isso, depois de uma vida inteira colecionando estampas das quais enjoei), apenas acho louvável fazermos um esforço pra (1) consumir de maneira mais comedida e consciente e (2) fazer girar aquilo que já existe no mundo. Lembremos da máxima: “o lixo de uma pessoa é o tesouro de outra” e, embora “lixo” seja uma palavra meio pesada pra falarmos de roupa, acho que procede – aquilo que você não aguenta mais ver, ainda pode render anos no armário de alguém. Mas dá preguiça, né? Na real, fazer a limpa no armário nem é difícil. Em meia hora você já tem uma montanha de peças jogadas em cima da cama. O que fazer com essas peças é que é a grande questão.
No meu caso elas acabam sempre indo parar numa mala, que por sua vez passa meses esquecida num quartinho. Sempre digo que vou fotografar pra colocar num desses sites de revenda, mas sempre falta tempo. O resultado disso é que no fim das contas eu acabo sempre doando tudo, o que é louvável, claro, mas assim eu perco a oportunidade de fazer uma graninha pra investir em outras coisas legais ou de trocar essas peças por outras que eu vá de fato usar. Entra o bazar / troca-troca. Juntar os amigos na casa de alguém pra vender e/ou trocar as peças que vocês não querem mais é uma verdadeira situação “win-win”, aquela em que todo mundo sai ganhando. Você está se ajudando, ajudando o próximo e ajudando o mundo. Com o bônus de ainda terminar o processo cheia de coisa nova. “Ah, mas organizar bazar dá um trabalho...”. Olha, dá um pouquinho, mas espero que com este empurrãozinho vocês se animem. Vamos às dicas:
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Muda
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Redes sociais são suas amigas
Comece anunciando na rede social de sua preferência que você quer fazer um bazar e precisa de mais participantes. Aproveite logo esse post para debater datas e locais possíveis. É bem difícil todo mundo concordar nessas horas, mas a democracia há de vencer. Na hora de escolher o local, considere o quão central ele é na cidade, o quão fácil é o acesso e o tamanho/funcionalidade do espaço.
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Divulgue
Escolhida a data e o local, vocês precisam batizar o evento e divulgar. Acho indispensável fazer evento no Facebook, mas não se deve parar por aí. Faça uma arte tosca, no Paint mesmo, e mande pros seus grupos de migos no zap zap... Voltando ao evento do face, poste coisas constantemente pra manter o interesse das pessoas e não deixá-las esquecer.
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Crie Regras
Preços redondos facilitam os pagamentos
Estabeleça uma data limite para a entrada de vendedores no evento, e peça a todas as pessoas que forem vender que façam álbuns com as fotos e os preços das peças no evento do facebook. Isso garante a organização do bazar (imagina se geral resolve chegar na hora com uma mala de roupas sem preço e você nem tem onde expor essas peças?) Falando em preços, estabeleça os valores possíveis, pra não ficar muito confuso, é importante que todos o vejam organizado. Por exemplo: 5, 10, 15, 20, 30, 40, 50, 70, 100. Pode ser menos, mais que isso acho muito. Quanto menos preços mais simples a coisa toda, e aí você pode estabelecer cores pra cada preço e usar aquelas bolinhas adesivas pra marcar as peças.
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Muda
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E o pagamento?
Outra coisa que pode dar trabalho é o dinheiro. Cada vez menos as pessoas lidam com dinheiro vivo; cheque então nem se fala. Lembre as colegas de levar uma saída de caixa, mas considere autorizar transferências. Muita gente hoje em dia tem aplicativos de banco no smartphone, então as transações podem ser feitas e confirmadas ali ao vivo. Alguém pode até baixar em um celular só os aplicativos dos bancos mais importantes e oferecer esse celular pra que os clientes façam suas transferências. Além disso, há sempre a possibilidade de vocês trocarem suas peças. Um trocatroca pode ser um evento em si, em que dinheiro não entra e vocês apenas levam as peças que não querem mais pra trocar por outras. Mas, num contexto bazar, os vendedores que se interessarem por peças de outros vendedores podem barganhar entre si. Tem que ter jogo de cintura e não pode ter vergonha de perguntar. Se gostar de algo do amigo, reflita sobre o estilo dele e ofereça algo seu em troca. Se você gostou muito da peça, considere oferecer algo seu de valor mais alto, ou até duas peças. Costuma dar super certo.
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Torne o seu evento imperdível
Como? Com comida e animais fofinhos, claro. Anuncie que vai ter biscoito caseiro, brownie, música boa e, se possível, filhotes. Essa parte social do bazar talvez seja a mais importante mesmo. Porque economizar uma grana é legal, consumir de maneira consciente é uma beleza, mas o que mais vale mesmo nessa história toda é o tempo que você ganha com os amigos. Enquanto não aparece ninguém pra comprar, dá tempo de conversar sobre assuntos importantes, sobre besteira, sobre novos projetos. Dá pra morrer de rir com o filhote correndo atrás de uma bola três vezes maior que ele e dá pra beber bastante café e comer bastante doce. Também dá pra cortar o cabelo dos amigos, o que gera ainda mais uma economia para o grupo!
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Não vendi tudo, e agora?
Bom, você tem algumas opções. Você pode fazer um saldão nas últimas horas do bazar (lembre de avisar no evento que vai rolar essa xêpa). Se ainda assim sobrarem algumas coisas, vocês podem liberar para que as vendedoras fiquem com o que quiserem, podem juntar tudo pra doar ou podem também levar de volta pra casa pra vender de outro jeito, na internet quem sabe.
Texto: Luiza S. Vilela (adaptado) Fotos: Luiza S. Vilela e Laura Viana
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Muda
Guia de brechós pelo mundo Conheça os brechós mais incríveis e originais em L.A, NYC, UK e Berlim 50
Muda
Absolute Vintadge
Blitz Wasteland
Wasteland
S
e você, só de ouvir a palavra brechó, já torce o nariz, nunca nem pisou em um por preconceito, com medo de se deparar com mofo e cheiro de naftalina, saiba que isso é preconceito de brasileiro. Esse tipo de loja está se popularizando por aqui, mas em lugares como Europa e Estados Unidos muitos brechós já se tornaram um ponto cultural, com o espaço para divulgar artistas locais, customizar roupas antigas e valorizar o vintage e o consumo sustentável. Com imbatível combinação de modelos que já saíram de linha e preços bem mais baixos, muitos dos brechós gringos já se tornaram ponto de parada obrigatória na viagem de quem gosta de moda em qualquer lugar do mundo. Conheça abaixo algumas dos melhores brechós para voltar das suas férias arrasando com peças incríveis e únicas. E é claro, tudo isso sem gastar muito!
os brechós gringos já se tornaram ponto de parada obrigatória na viagem de quem gosta de moda em qualquer lugar do mundo.
Wasteland - Los Angeles (www.shopwasteland.com) Wasteland é um tipo diferente de brechó - afinal a loja vende mercadorias novas ao lado de peças usadas. De coleções passadas da Topshop até jeans de cintura-alta da ACNE, Wasteland promete peças estilosas, com qualidade e baratas.
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Beacon’s Closet
Beacon’s Closet - Nova York (www.beaconscloset.com) O maior loja dessa rede americana de brechós fica no Brooklyn (foto), com mais de 500 metros quadrados de peças para garimpar. Na Beacon’s Closet do Park Shop, você pode levar suas roupas para trocar também, o que ajuda bastante na hora de pechinchar.
Absolute Vintage - Londres (www.absolutevintage.co.uk) A Absolute Vintage foi escolhida pela revista In Style como a melhor loja de vintage de Londres, com várias unidades pela cidade para garimpar roupas para mulheres, homens e acessórios sem dó. O brechó tem tudo para ser um hit absoluto no seu roteiro. Blitz - Londres (www.blitzlondon.co.uk)
Além de roupas e acessórios, você também encontra lingeries, peças de decoração, móveis, livros, discos, malas de viagem e até bicicletas. Tudo vintage! São dois andares divididos em ala feminina, ala masculina, outra para móveis e produtos de decoração e até um café, para quem quiser fazer uma pausa entre as compras.
Colours Kleidermarkt
Blitz
Beyond Retro
Muda
Beyond Vintage - Londres (www.beyondretro.com)
Quando um brechó vintage de East London fica tão grande que tem filiais na Suécia, você já sabe que ele é incrível. A loja original em Londres fica numa fábrica de laticíneos não mais usada. As peças de todas as épocas do século XX escolhidas a mão, muitas com um toque rock’n’roll são maravilhosas. Você consegue ficar um dia inteiro lá dentro!
Colours Kleidermarkt - Berlim (www.kleidermarkt-vintage.de)
Blitz
Absolute Vintage
Em Kreuzberg você consegue comprar de absolutamente um tudo. Bolsas e sapatos alternativos, blusões e chapéus coloridos, marcas locais, camisetas engraçadinhas, roupões étnicos em todas as cores e formatos, e todo tipo de moda urbana.
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Texto adaptado de várias fontes: Caia No Mundo, Renata Garcia, Momondo e Dana Covit Fotos: Múltiplas fontes da internet
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O guarda roupa de Hilda vem quase todos de brechós. Sua clutch verde-oliva é da Campos Bags, marca totalmente sustentável
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Green is
the new black
O slow fashion defende a produção sustentável na moda
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ocê já ouviu falar sobre slow fashion? Ainda pouco conhecido no Brasil, o conceito promete ganhar espaço na indústria da moda durante os próximos anos. De carona em movimentos como o slow food, que prevê a criação de pratos conectados à história das cidades e que são desenvolvidos com ingredientes locais, a ideia de slow fashion já é difundida na Europa e estilistas renomados, como o belga Bruno Pieters, produzem coleções inteiras com base nessa filosofia. Na contramão da produção de roupas massivas e de baixa qualidade, a tendência defende a criação de peças atemporais, feitas à mão, com tecidos naturais e duráveis - como algodão, linho e seda - e cores suaves, além da produção em baixa escala e em locais que funcionam mais como ateliês do que como indústrias. “Quase todas as roupas que hoje estão no mercado a preços acessíveis são produzidas com poliéster e tecidos plásticos de baixa qualidade”, lembra Márcia Nogueira, analista de projetos de responsabilidade social do SESI-SP e especializada em moda. Para ela, diferentemente da Europa, no Brasil ainda estamos no auge da era do fast fashion, sendo que somente algumas marcas, como Osklen e Maria Bonita, se arriscaram, até agora, a lançar peças com o conceito. “A E-Tex é outra companhia nacional que começa a atuar no mercado, vendendo tecidos ecológicos reciclados a confecções e empresas de calçados”, conta.
Humanização da confecção
O estilista Ronaldo Fraga acredita que o conceito, apesar de pouco conhecido, tende a ser cada vez mais difundido no país, principalmente devido aos efeitos da globalização, que resultam na valorização dos produtos locais e genuínos. Além disso, ele opina que, na América Latina, a indústria da moda vive um momento de extremos, em que a produção em larga escala - proveniente, principalmente, de países asiáticos - divide espaço com o trabalho de estilistas que priorizam ideias associadas ao conceito de slow fashion. “Tenho colegas na Argentina, Chile e Uruguai que já incluem nas etiquetas de suas roupas a alcunha ‘moda lenta’”, afirma. No Brasil, diz Fraga, ainda não houve apropriação
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Os óculos de Hilda são feitos de bambo, da marca Woodzee
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efetiva do conceito, embora alguns estilistas tenham iniciado a busca por uma produção mais sustentável. Nesse sentido, ele diz que, antes, contava com uma estrutura que portava 120 costureiras, trabalhando em um espaço de 200 m². Agora, ele atua com somente 30 profissionais, que trabalham em um galpão de 700 m², ao lado de sua casa.
“A qualidade da roupa tem a ver com a qualidade do trabalho de quem a produz” “A qualidade da roupa tem a ver com a qualidade do trabalho de quem a produz”, defende. Por isso, para Fraga, a moda slow fashion deve buscar não somente sustentabilidade econômica, mas também a humanização dos processos.
Quer pagar quanto?
Em relação aos preços da moda sustentável, Márcia, do SESI, explica que eles são mais caros, por levarem em conta o uso de tecidos nobres e naturais e a boa remuneração dos profissionais envolvidos em sua
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confecção. No entanto, para Lena Santana, a moda sustentável só é mais cara em curto prazo, já que as peças podem durar anos, enquanto as roupas do mercado tradicional costumam ser perdidas depois de meses de uso.
Alta-costura ou slow fashion?
Ronaldo Fraga lembra, ainda, que o slow fashion difere do conceito de alta-costura, já que este é dirigido à classe A e prevê a criação de roupas exclusivas, feitas sob encomenda e com materiais de luxo. “Para ser considerada alta-costura, a peça precisa ser 90% feita à mão e totalmente exclusiva, diferente da moda lenta, que é autoral, mas não exclusiva, e também acessível a todos os públicos.”. A estilista Lena Santana explica que a alta-costura e o slow fashion envolvem dois mundos diferentes. “O ambiente de trabalho dos estilistas envolvidos com a moda lenta é mais eclético, se comparado ao da alta-costura, que é elitizado.” Texto: Christina Queiroz Fotos: Rick Manayan Modelo: Hilda Vargas
As roupas desse editorial foram todas garimpadas em brechós
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Moda ecológica vs. Slow fashion Apesar de caminharem juntos, os conceitos de moda ecológica e slow fashion são distintos, conforme explica Marcela Godoy, co-fundadora e chefa de projetos do Primer Congreso Latinoamericano de Ecodiseño, que aconteceu no Chile no final de outubro: de acordo com ela, se por um lado o conceito de moda sustentável se centra na busca de práticas ecológicas à indústria da moda, por outro o slow fashion se relaciona a um estilo de vida, ao consumo de produtos locais e artesanais.
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Achado
casa de noca Música autoral e independente é destaque no palco da Casa
Situada na Lagoa, o espaço cultura é lar de muitos estilos musicais
O espaço é localizado na Tradicional Avenida das Rendeiras
Detalhe da fachada.
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O ambiente é ideal para quem busca música de qualidade, gente bonita, cervejas, e muita risada.
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alar que em Florianópolis a cultura é um marasmo é fácil, difícil é disporse a conhecer todas as manifestações artísticas da cidade, tantas vezes escondidas em seletas apresentações de garagem. Tão cosmopolita como a própria população, é a produção musical da Capital, que há dois anos tem um palco para chamar de seu. É a Casa de Noca, espaço cultural localizado bem no meio da tradicional Avenida das Rendeiras, na Lagoa da Conceição. Lá, a música autoral e independente de Santa Catarina e do resto do Brasil pode dizer muito prazer, eu existo. E tenho conteúdo.
A vista da formosa Lagoa da Conceição faz o cenário perfeito para a boemia.
A Casa de Noca começou como uma festa, despretensiosamente ou não intitulada Revolução Cultural. Foi no dia 1º de dezembro de 2011, no antigo sobrado que há tempos não encontrava melhor vocação. Hoje, cinco anos depois, a casa é reconhecida por sua versatilidade musical. A alcunha de multigêneros faz sentido: ela é o lar de músicos dos mais variados estilos, de rock’n roll, rap, reggae, forró, passando pelo soul, salsa, choro, até o bom e velho samba de raiz. — Quando abrimos achamos que a casa atrairia turistas, mas as pessoas da cidade é que abraçaram o lugar. O público e as próprias bandas pediram para ficarmos — conta o jornalista Marinho Freire Costa, 30 anos.
A alcunha de multigêneros faz sentido: ela é o lar de músicos dos mais variados estilos, de rock’n roll, rap, reggae, forró, passando pelo soul, salsa, choro, até o bom e velho samba de raiz.
Ele é um dos cinco integrantes do coletivo gestor do local, formado por Renato Zetehaku Araújo, 28 anos, Rafael Matheus Custódio Ribeiro, 29 anos, Rafael Rodrigues, 29 anos, e Wesley Rocha de Paula, 30 anos. Cada um deles veio de um lugar diferente do país e tem uma profissão diferente: um é engenheiro, outro é geógrafo, o terceiro é formado em Cinema mas trabalha como cozinheiro. Há ainda um jornalista e o último que está concluindo a graduação em Física. O que eles têm em comum? A paixão por arte e música. — Sempre prezamos pela qualidade musical. O princípio que nos norteia é que as festas sejam aquelas que gostaríamos de frequentar. Queremos que todas as noites sejam legais para todo mundo — diz Rafael Rodrigues.
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A programação mensal da Casa de Noca é um grande quebra-cabeça. No inverno, quando o espaço abre de quinta a sábado, cada noite privilegia um gênero musical diferente. É uma maneira de agradar a todas as tribos e fazer o público girar. Além de evitar cair no abismo da repetição e dos mesmos de sempre. — Levamos em consideração a questão da música autoral e o tributo a grandes mestres, o resgate musical de cantores que nunca vêm para cá — comenta Renato Zetehaku Araújo. Tudo isso combinado a uma dose de bom senso e de faro para saber o que as pessoas gostam e querem ouvir. E também dançar. Hoje é até difícil encaixar na agenda uma data para os músicos que procuram a casa.
Baile do Bastião com gravação do DVD.
Baile do Bastião na Casa de Noca.
Outro detalhe é a ausência de formalidades, tanto no ambiente como nas regras do lugar. Esse conceito está alinhado com o nome do espaço, Casa de Noca, uma expressão popular também conhecida como “casa da mãe Joana”.
Quem procura ouvir Chico Buarque, maracatú, música latina, jazz ou soul, esse é o lugar mais indicado na ilha.
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Agende-se O quê: Festa de cinco anos da Casa de Noca Quando: Dia 22 de Junho, a partir das 22h Onde: Casa de Noca - Avenida das Rendeiras, 1.176, Lagoa da Conceição, Florianópolis Quanto: R$ 15 / R$ 20 (depois da 0h) Informações: (48) 3238-5310
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Achado Como tem parceria com outros coletivos de arte ou música, as indicações de bandas surgem tanto a partir da produção dos próprios gestores quanto de propostas de terceiros. — Quem já tocou quer tocar de novo, quem não tocou ainda quer tocar — diz Rafael Rodrigues. No verão a casa abre de terça a domingo e a proposta de ser uma agendamosaico de gêneros é a mesma, com ainda mais variedade. Outra peculiaridade da Casa de Noca é a decoração, feita a muitas mãos. As paredes com frequência têm obras de arte de artistas da cidade. A intenção é transformar o espaço numa galeria de exposições num futuro próximo. Outro detalhe é a ausência de formalidades, tanto no ambiente como nas regras do lugar. Esse conceito está alinhado com o nome do espaço, Casa de Noca, uma expressão popular também conhecida como “casa da mãe Joana”. Uma das definições que os integrantes do coletivo mais gostam é “casa onde se preza pela liberdade’. Hoje, véspera da data oficial do aniversário, a programação inclui espetáculo de tecido acrobático, sapateado, choro e samba de raiz. Só tem que chegar cedo, porque a casa está sempre sujeita à lotação.
Para quem quer ouvir um som de primeira, dançar e de quebra ainda curtir o lindo visual da Lagoa da Conceição, esse é o lugar.
Texto: Carol Macário Fotos: Divulgação
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novos paradigmas Filmes independentes, inconvencionais e com conteúdo
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Cine Paradigma, espaço de filmes diferenciados e fora dos padrões hollywoodianos
m dia de chuva é ideia agradável, em dia de sol é tão divertido quanto... ir ao cinema é habito para alguns, sinal de distração e relaxamento para muitos. Florianópolis conta com salas de exibição de diversos estilos. Paradigma Cine Arte é um cinema em Florianópolis -SC voltado para exibição de filmes cults e de arte. Oferece aos cinéfilos e entusiastas da sétima arte uma programação diversificada e exclusiva, com destaque a filmes exclusivos, premiados ou em evidência de diversas nacionalidades: documentário brasileiro, aventura francesa, drama americano, romance alemão. Com sessões diárias, a cada semana novos filmes entram em cartaz, sendo exibidos em horários variados conforme a programação padrão da sala. O ambiente é caracterizado por uma linguagem contemporânea, conforto e praticidade. Respeita os sentidos e contribui com uma experiência agradável em cada sessão. Do tratamento acústico às poltronas, do projetor à tela, foram escolhidos conforme melhor adequação ao projeto da sala. A qualidade técnica das exibições é assegurada tecnologia digital inovadora, que garante sessões com som e imagens envolventes Além de possuir o nostálgico projetor 35mm para sessões especiais destinada aos amantes da antiga projeção em película. No hall de entrada temos bomboniere e uma exclusiva locadora de filmes cults e de arte disponíveis em DVD e Blu-Ray para levar pra casa com 15 dias para devolver.
arte independente e diferenciada do circuito comercial de cinema 63
Sala com projetor 35 mm super confortáveis e locadora de filmes bluray
Achado
“Ótimo espaço para quem gosta de cinema alternativo. Passamos um dia todo no Paradigma. fomos muito bem recebidos e atendidos. Recomendo, não apenas pela programação, mas pelo atendimento cordial e diferenciado!” Texto: Gabriela Raposo Fotos: Equipe de Comunicação Pradigma Cine e Arte
Agende-se O que: Cinema Diferenciado Quando: toda Segunda a Sexta, a partir das 14h até as 22h. Onde: Paradigma Cine e Arte Rodovia José Carlos Daux (SC 401) n° 8600 sala 2 bloco 8 Centro Empresarial Corporate Park Sto Antônio de Lisboa (Florianópolis/ SC) Quanto: R$ 20 a inteira e R$ 10 a meia em dias normais. ! Nas segunda: R$15 a inteira e R$7,50 a meia Telefones: (48) 9935 9741 (48) 3239 7777 Endereços Eletrônicos: contato@paradigmacinearte.com.br http://paradigmacinearte.com.br/contato/
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DisponĂvel no
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Mural
mi casa, su casa O talento dos nossos leitores também tem espaço na Odd Texto e Ilustrações: Eduardo Cazon
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Veleiro
Elefante Verde
o nosso Mural você tem liberdade para se expressar e mostrar sua arte. Sinta-se a vontade para entrar e apreciar: a casa é sua.
Eduardo Cazon
A
s ilustrações são uma forma de eu registrar um sentimento, uma idéia ou algo que vi no dia a dia e me chamou a atenção. Gosto de explorar técnicas como grafite, naquim aguado, manipulação digital e ilustração vetorial.
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Para mim a arte nos possibilita uma forma de exteriorizar o que temos dentro de nós, é uma possibilidade de tirar da gente algo que nos chateie, ou de mostrar pro mundo aquilo que achamos belo.
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Faces
Mural
Daniella Sgrott
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Desassossego
pós estudar um pouco o conceito de desconstrução do filósofo Jacques Derrida, comecei a trabalhar muito com colagens feitas à mão. Gosto, particularmente, de trabalhar com temas vindos da literatura. Tenho, por exemplo, alguns trabalhos inspirados no livro Iracema, do José de Alencar, e no Insustentável Leveza do Ser de Milan Kundera.
Iracema-ma
Texto e colagens: Daniella Sgrott
A colagem possibilita um encontro interessante de imagens, e permite a criação de novos significados onde antes não existia.
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Caraminholas
Mural
Flores
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eus olhos caídos passavam a ideia de alguém que já sofreu muito e viveu coisas muito tristes acompanhadas de frustrações; mas seu sorriso parecia querer dizer o contrário: que a vida é boa e vale a pena viver pelos pequenos detalhers, e que a esperança era gratificante. Durante muitos meses minhas tardes na floricultura foram gracejadas com o som de seu violino. Cada buquet embalado era uma melodia, cada botão de rosa era uma nota. Mal sabia ele que suas composições traziam vida à uma vida que eu já havia tornado vazia.
Sempre que eu tinha um intervalo ficava na porta ouvindo a harmonia se criar entre suas interpretações, e sua paixão pelo que tocava, pela arte que fazia. Eu queria que ele me amasse como amava aquele instrumento. Eu costumava investir minhas gorjetas em sua música, mas houve um dia em que ele deixou de aparecer. O motivo, eu não sei, mas espero que ele siga seu caminho encantando outros corações moles como o meu, e que conquiste os sonhos que tive para ele.
Conto Carolina Barbosa Foto: Gustavo
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Mural
Você posta e a gente curte
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