L-12 Hemorragia_ferimentos

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FERIMENTOS DEFINIÇÃO Podem ser definidos como uma agressão à integridade tecidual.

Dependendo da localização, profundidade e extensão, podem representar risco de vida para a vítima pela perda sangüínea que podem ocasionar ou por afetar órgãos internos.

Os ferimentos podem ser classificados em: 1.

Ferimento aberto: é aquela onde existe uma perda de continuidade da

superfície cutânea, ou seja, onde a pele está aberta. 2.

Ferimento fechado ou contusão: a lesão ocorre abaixo da pele, porém não

existe perda da continuidade na superfície, ou seja, a pele continua intacta.

TIPOS DE FERIMENTOS 1. Escoriações ou ferida abrasiva: São lesões superficiais de sangramento discreto e muito doloroso. Devem ser protegidas com curativo estéril de material não aderente, bandagens ou ataduras.

2. Incisivo: São lesões de bordas regulares produzidas por objetos cortantes, que podem causar sangramentos variáveis e danos a tecidos profundos, como tendões, músculos e nervos. Devem ser protegidas com curativo estéril fixado com bandagens ou ataduras.

3. Lacerações: São lesões de bordas irregulares, produzidas por objetos rombos, através de trauma fechado sobre a superfície óssea ou quando produzido por objetos afiados que rasgam a pele.

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4. Pérfuro-contusos: São lesões causadas pela penetração de projéteis ou objetos pontiagudos através da pele e dos tecidos subjacentes. O orifício de entrada pode não corresponder à profundidade de lesão, devendo-se sempre procurar um orifício de saída e considerar lesões de órgãos internos, quando o ferimento localizar-se nas regiões do tórax ou abdômen.

5. Contundente: lesão produzida por agressão através de objeto pesado e pouco afiada, ou pelo choque do corpo contra estruturas semelhantes. Sempre suspeitar da possibilidade de rompimento de órgãos internos principalmente se ocorre na cavidade abdominal.

6. Avulsões: Extração violenta ou arrancamento de determinadas partes do corpo.

7. Amputação Traumática: Perda total ou parcial de uma extremidade ou de parte deste segmento (mão, dedo, pé,braço, etc) causada por um traumatismo.

Observação: em geral o termo amputação se refere ao procedimento cirúrgico de secção de parte ou de todo um membro. Quando provocada por trauma deve o conceito ser acrescido da expressão “traumática”.

FERIMENTOS EM TECIDOS MOLES – REGRAS GERAIS Procedimentos operacionais 1. Verificar o mecanismo de lesão. 2. Identificar lesões que ameaçam a vida. 3. Verificar a localização do ferimento, pois pode sugerir que houve lesão interna de órgãos, com ou sem hemorragia. 4. Expor o ferimento:

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4.1.

Não retirar objeto encravado, exceto quando este se encontrar na bochecha comprometendo as vias aéreas;

4.2.

Retirar somente corpos estranhos grosseiros (pedaços de roupa, grama, por exemplo) superficiais e soltos utilizando gaze seca;

4.3.

Não lavar o ferimento;

4.4.

No caso de objetos encravados ou transfixados, estabilizar e proteger o objeto de movimentação, com auxílio de gaze, atadura ou bandagem;

5. Avaliar a função neurovascular distal ao ferimento (antes e após a confecção do curativo). 6. Fazer curativo compressivo na presença de sangramento (exceto nos ferimentos penetrantes de crânio onde o curativo deve ser oclusivo). 7. Cobrir o ferimento com compressa de gaze seca, fixando-a com esparadrapo, fita crepe, atadura ou bandagem triangular (sem deixar as pontas das bandagens expostas sem arremate).

IMPORTANTE 1. Deve-se utilizar compressas de gaze secas na confecção do curativo;

2. A umidificação é indicada nos seguintes casos: a. Evisceração abdominal; b. Oclusão de globo ocular protruso.

FERIMENTOS NA CABEÇA E FACE COURO CABELUDO

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Ferimentos de couro cabeludo podem ser difíceis de tratar pelos numerosos vasos sangüíneos encontrados nessas regiões. Muitos destes vasos estão na superfície da pele e produzem sangramentos profusos mesmo em pequenas feridas. Problemas adicionais surgem se os ferimentos envolvem os ossos do crânio, vias aéreas e pescoço. Deve o socorrista oferecer apoio emocional às vítimas, pois estes ferimentos tendem a ser muito dolorosos, produzem sangramentos que as assustam e estão em uma região onde todos se preocupam com as possíveis cicatrizes e deformidades.

Procedimentos operacionais 1. Verificar a permeabilidade das vias aéreas, mantendo a coluna cervical alinhada na posição neutra. 2. Adotar cuidados especiais para: 2.1.

Não retirar objetos encravados ou transfixantes, exceto aqueles transfixantes na bochecha que comprometam a permeabilidade das vias aéreas.

2.2.

Nos ferimentos com fratura de mandíbula utilizar a cânula orofaríngea nas vítimas inconscientes para manter a via aérea permeável.

3. Aplicar curativo compressivo sem exercer forte pressão, exceto em ferimentos penetrantes de crânio, quando deverá ser feito curativo oclusivo. 4. Utilizar para o curativo compressa de gaze e fixar com bandagem triangular ou atadura de crepe. 5. Estabilizar o objeto encravado com auxílio de compressa de gaze, atadura de crepe e bandagem triangular. 6. Estar atento aos sinais e sintomas de traumatismo craniano.

ATENÇÃO 

Ferimentos de face associados à fratura são graves, muitas vezes necessitam de manobras de SAV para a manutenção das vias aéreas.

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Em vítimas com lesões acima da clavícula existem grandes possibilidades de lesão na coluna cervical.

Nas crianças os ferimentos de cabeça podem levar rapidamente ao choque por perda sangüínea.

Em casos de sangramentos incontroláveis, transportar a vítima em DDH com lateralização da prancha longa para drenar o sangue da boca;

FERIMENTOS NOS OLHOS Impressionam pelo aspecto da lesão; Não se descuidar das prioridades devido à lesão; Suspeitar de lesões mais severas associadas à lesão ocular.

Lembrete:

1.

NÃO aplique pressão direta no globo ocular traumatizado. Há fluido gelatinoso (humor vítreo e aquoso) no globo ocular, insubstituível. Neste caso, utilize curativo absorvente não compressivo para auxiliar na formação de coágulos sangüíneos e no controle do sangramento.

Procedimentos operacionais: 1. Retirar somente corpos estranhos grosseiros superficiais e soltos com gaze seca na superfície externa das pálpebras. 1.1.

Não retirar nenhum corpo estranho do globo ocular.

2. Aplicar curativo oclusivo em ambos os olhos, mesmo que somente um olho tenha sido lesionado, para limitar os movimentos. 2.1.

Não fazer pressão sobre o globo ocular;

2.2.

Não tentar recolocar o globo ocular protruso no lugar.

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3. Irrigar com soro fisiológico por aproximadamente 10 minutos no caso de queimadura química seja por substância álcali ou ácida. Fazer a irrigação do centro para o canto externo do olho; 3.1.

Fazer a irrigação continuamente durante o transporte.

ATENÇÃO 

Retirar as lentes de contato, se houver.

No caso de queimaduras químicas obter o nome do produto e se possível levar o recipiente para o hospital.

FERIMENTOS NA ORELHA Procedimentos operacionais 1. Utilize curativos absorventes (gaze estéril), enfaixando o local; 2. Partes avulsas devem ser mantidas envoltas em compressas de gaze estéril secas ou em plástico esterilizado. Mantenha-a refrigerada envolvida em plástico estéril, em um recipiente com algumas pedras de gelo; 3. Não efetuar a oclusão do sangramento através da orelha (conduto auditivo).

FERIMENTOS NO NARIZ SANGRAMENTO NASAL (EPISTAXE) (Origem traumática) Procedimentos operacionais 1. Manter as vias aéreas permeáveis.

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2. Observar se há saída de sangue e/ou líquor e não obstruir a sua saída; proteger o local com gaze. 3. Observar os procedimentos específicos para os casos de amputação ou avulsão.

SANGRAMENTO NASAL (EPISTAXE) (Origem clínica)

Procedimentos operacionais 1. Manter as vias aéreas permeáveis. 2. Manter a vítima calma e sentada e a cabeça em posição neutra. 3. Orientá-la para que respire pela boca, não forçando a passagem de ar pelas narinas e também para não engolir o sangue. 4. Pinçar com o dedo indicador e polegar, as narinas na sua parte cartilaginosa durante cinco minutos, transportando a vítima na posição sentada: 4.1.

Se persistir o sangramento, exercer novamente a pressão com os dedos;

4.2.

Pode ser usada compressa fria sobre a narina que está sangrando.

ATENÇÃO 

Não permitir que a vítima assoe o nariz sob risco de agravar a lesão.

Se usar gelo, envolver com pano para não provocar queimadura.

FERIMENTOS NO PESCOÇO Sinais e sintomas:

1. Dificuldade ou impossibilidade de falar; Revisão JAN/09

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2. Obstrução de vias aéreas mesmo quando a boca e nariz estão livres; 3. Edema aparente ou contusão no pescoço; 4. Traquéia desviada para um lado; 5. Depressões no pescoço; 6. Feridas abertas aparentes: cortes, escoriações, perfurações.

Procedimentos operacionais 1. Manter as vias aéreas permeáveis; 1.1.

Havendo

dificuldade

respiratória

(depressão

respiratória)

prestar

assistência ventilatória; 2. Manter a coluna alinhada na posição neutra, mesmo não sendo possível utilizar o colar cervical. 3. Ministrar oxigênio. 4. Verificar se o ferimento produziu abertura no pescoço (tipo traqueotomia); em caso positivo: 4.1.

Não ocluir este ferimento;

4.2.

Deixar a vítima respirar por esta via; e

4.3.

Não permitir acúmulo de secreções.

5. Imobilizar objeto encravado ou transfixado para evitar movimentação; não tentar removê-lo, exceto se obstruir as vias aéreas totalmente. Neste caso, informar a Central de Operações e solicitar SAV. 6. Adotar os seguintes cuidados nos ferimentos que comprometam vasos sangüíneos: 6.1.

Fazer uma compressão manual direta sobre o vaso e mantê-la até chegar ao hospital;

6.2.

Nunca pressionar os dois lados ao mesmo tempo;

6.3.

Não retirar coágulos.

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ATENÇÃO 

Estar atento aos sinais de lesão na laringe e traquéia por traumatismo fechado (enfisema subcutâneo).

Estar atento para alteração da voz, dos ruídos respiratórios, aumento de hematomas, enfisema de subcutâneo e desvio de traquéia que podem comprometer a permeabilidade das vias aéreas. Nestes casos acionar SAV.

AMPUTAÇÃO TRAUMÁTICA Procedimentos operacionais 1. Conter hemorragias. 2. Prevenir o choque. 3. Localizar o segmento amputado. 4. Conduzir o segmento amputado juntamente com a vítima. 5. Envolver o segmento amputado com plástico protetor esterilizado. 6. Colocar o segmento amputado, envolvido com plástico esterilizado, em um recipiente com gelo, se possível.

ATENÇÃO 

Considerar a possibilidade da ocorrência de choque nas grandes amputações e/ou avulsões.

Não colocar o segmento amputado em contato direto com gelo, água, soro fisiológico ou outra substância.

Caso haja grande perda de sangue ou sinal de choque, não perder muito tempo em procurar o membro amputado ou providenciar gelo.

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FERIMENTOS NAS NÁDEGAS OU GENITÁLIA Ferimentos nas nádegas podem produzir hemorragias intensas. Por causa de sua localização, os órgãos externos de reprodução não são comuns de serem feridos. A pélvis e a coxa geralmente protegem esses órgãos, que são conhecidos como genitália externa. Inclui traumatismos fechados, avulsão peniana ou de escroto, lacerações nas nádegas.

OBSERVAÇÕES 1. Não remova objetos transfixados; 2. Preserve as partes arrancadas (avulsão) envolvendo-as em plástico ou curativo esterilizado e as mantenha resfriada em recipiente com algumas pedras de gelo.

Tratamento pré-hospitalar dos ferimentos nas nádegas Controlar sangramento com compressão direta utilizando bandagem triangular.

Tratamento pré-hospitalar dos ferimentos na genitália 1. Expor e examinar a genitália somente para confirmar a presença de ferimentos; 2. Utilizar curativo estéril volumoso envolvendo amplamente a área da lesão; e 3. Utiliza bandagem triangular em forma de fralda para fixar o curativo.

ATENÇÃO 

Informar sempre à vítima o que será feito. Diga-lhe porque deve examinar e cuidar de sua genitália. Proteger a vítima do olhar dos curiosos, afastando-os

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do local da ocorrência. Se isto não for possível, preserve os cuidados no interior da viatura ou local reservado.

OBJETO CRAVADO Tipos de acidentes mais comuns: Ex: lança de grade de portão, agressão à faca etc.

Tratamento pré-hospitalar:

1. Estancar a hemorragia, colocando-se gaze em torno do objeto; 2. Evitar movimentação do objeto enquanto se efetua o procedimento; 3. Estabilizar o objeto utilizando bandagem triangular, esparadrapo, blocos de gaze, etc. 4. Somente remover objetos que estejam na bochecha e com risco absoluto de obstruir as vias aéreas.

FERIMENTOS ABDOMINAIS Sangramento interno pode ser severo quando há uma ruptura de um órgão. Além disso, órgãos ocos podem romper e drenar seu conteúdo para a cavidade abdominal e pélvica, produzindo reações dolorosas e graves, irritando o peritônio.

Conseqüências do ferimento abdominal 1. Lesões em vísceras ocas: Ex: intestino delgado e intestino grosso, estômago, vesícula biliar, etc. a. Alteração ou perda funcional do órgão;

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b. Extravasamento do conteúdo para a cavidade abdominal podendo produzir peritonite aguda (inflamação da parede abdominal).

2. Lesões em vísceras sólidas ou parenquimatosas: Ex: baço, fígado, pâncreas, etc. a. Alteração ou perda funcional do órgão; b. Hemorragia abundante podendo evoluir para o estado de choque.

Reconhecimento do trauma abdominal 1. Verificar o mecanismo da lesão; 2. Verificar ocorrências de náuseas e vômitos; 3. Observar a posição e postura da vítima: protegendo o abdome e adotando posições típicas de defesa da dor (resguardando o abdome); 5.

A vítima tentando deitar-se com as pernas encolhidas;

6.

Abdome rígido ou sensível;

7.

Respiração rápida, superficial e pulsação acelerada;

8.

Observar sinais e sintomas de choque hipovolêmico.

Tratamento pré-hospitalar para ferimentos fechados abdominais 1. Avalie a necessidade de transporte imediato ou de acionamento de SAV; 2. Mantenha a vítima em decúbito dorsal horizontal; 3. Adote medidas para prevenir o estado de choque; 4. Esteja alerta para vômito.

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EVISCERAÇÃO ABDOMINAL Lesão na qual a musculatura do abdômen é rompida em decorrência de violento impacto ou lesão de objeto perfurante, cortante ou contundente, expondo o interior da região abdominal exteriorizando vísceras e provocando contaminação. Protrusão de vísceras através de abertura na cavidade abdominal provocada por traumas (ferida aberta).

Procedimentos operacionais 1. Cobrir as vísceras expostas com plástico esterilizado ou, na ausência, compressas de gaze algodoadas estéreis umedecidas constantemente com soro fisiológico. 2. Proteger o local com curativo oclusivo. 3. Prevenir estado de choque.

ATENÇÃO 

Estar preparado para ocorrência de vômitos.

Não recolocar as vísceras no interior do abdome.

Não lavar com soro fisiológico ou qualquer outra substância.

Não utilizar gaze de dimensões 7,5 x 7,5 cm para efetuar curativo, pois podem cair na cavidade abdominal.

FERIMENTOS FECHADOS EM GERAL Quando um objeto é lançado contra um corpo ou ocorre o inverso, com força suficiente para lesionar tecidos abaixo da pele, sem, no entanto lesionar sua superfície temos uma ferida fechada, também chamada de contusão.

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EFEITOS DA CONTUSÃO 1. Equimoses; hematoma; 2. Fraturas, luxações e entorses; 3. Lesões em órgãos internos.

TRATAMENTO

PRÉ-HOSPITALAR

DOS

FERIMENTOS

FECHADOS Estes ferimentos podem variar o grau de lesão abaixo da pele até lesões severas em órgãos internos. Basicamente, o tratamento pré-hospitalar consiste em avaliar o acidentado, identificar a lesão e tratar a hemorragia interna com imobilização e prevenir o choque.

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BANDAGEM TRIANGULAR

vértice

Em forma de gravata.

ponta

base

ponta

Vértice, base e Pontas.

2. Ferimento na face

1. Ferimento no crânio

4. Ferimento no tórax 3. Ferimento no ombro Revisão JAN/09

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