L-13 Traumatismos de Extremidades

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Lição 13 TRAUMATISMOS DE EXTREMIDADES

OBJETIVOS: Proporcionar aos participantes conhecimentos e habilidades que os capacitem a: 1. Conceituar fratura, luxação e entorse, citando suas causas bem como enumerar 4 sinais ou sintomas que identificam tais lesões; 2. Reconhecer as condições que ameaçam a vida de vítimas com trauma de extremidades 3. Citar duas razões para a imobilização provisória; 4. Reconhecer os imobilizadores e suas formas de utilização de acordo com o tipo de lesão; 5. Demonstrar através de uma simulação, os passos para imobilizar fraturas em extremidades superiores/inferiores e na pelve.

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CAUSAS GERAIS DE TRAUMATISMOS MÚSCULOESQUELÉTICOS 1. Trauma direto: A lesão pode ocorrer no local do impacto ou diferente do seu ponto de origem;

2. Forças de torção: O segmento ósseo ou articulação é exposto a uma força contrária lesando o(s) tecido(s);

3. Espasmos musculares: contração violenta do músculo produzindo fratura;

4. Estresse: O osso submetido a esforço repetitivo pode sofrer uma fratura ou luxação;

5. Condições patológicas: Processos destrutivos localizados que podem enfraquecer o osso. Ex: câncer, osteoporose, tumores, etc.

CONCEITOS BÁSICOS

FRATURAS Podemos definir uma fratura como sendo a perda, total ou parcial, da continuidade de um osso. A fratura pode ser simples (fechada) ou exposta (aberta). Na fratura simples não há o rompimento da pele sobre a lesão e nas expostas sim, isto é, o osso fraturado fica exposto ao meio ambiente, possibilitando sangramentos e um aumento do risco de infecção. No caso de fraturas, a vítima geralmente irá queixar-se de dor no local da lesão. O socorrista poderá identificar também, deformidades, edemas, hematomas,

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exposições ósseas, palidez ou cianose das extremidades e ainda, redução de temperatura no membro fraturado. A imobilização provisória é o socorro mais indicado no tratamento de fraturas ou suspeitas de fraturas. Quebra de um osso. Ruptura total ou parcial de um osso. Perda da continuidade óssea.

Tipos de fraturas 

Fechada (simples): A pele não foi perfurada pelas extremidades ósseas;

Aberta (exposta): O osso se quebra, atravessando a pele, ou existe uma ferida associada que se estende desde o osso fraturado até a pele.

Sinais e sintomas de fraturas 1. Deformidade: a fratura produz uma posição anormal ou angulação num local que não possui articulação; 2. Sensibilidade: geralmente o local da fratura está muito sensível ou não há sensação nos extremos do membro lesado; 3. Crepitação: se a vítima se move podemos escutar um som áspero, produzido pelo

atrito

das

extremidades

fraturadas.

Não

pesquisar

este

sinal

intencionalmente, porque aumenta a dor e pode provocar lesões; 4. Edema e alteração de coloração: quase sempre a fratura é acompanhada de um certo inchaço provocado pelo líquido entre os tecidos e as hemorragias. A alteração de cor poderá demorar várias horas para aparecer; 5. Incapacidade ou Impotência funcional: perda total ou parcial dos movimentos das extremidades. A vítima geralmente protege o local fraturado, não pode mover-se ou o faz com dificuldade e dor intensa; 6. Fragmentos expostos: numa fratura aberta, os fragmentos ósseos podem se projetar através da pele ou serem vistos no fundo do ferimento; 7. Dor: sempre acompanha a fatura de forma intensa; Revisão JAN/09

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8. Secção de tecido: o osso ou parte dele rompe o tecido e se retrai para sua posição original ou interna; 9. Mobilidade anormal: a vítima da fratura não consegue movimentar-se normalmente, apresentando dificuldades ao se deslocar ou segurar algo; 10.

Hemorragia: a lesão pode ser acompanhada de sangramento abundante

ou não, dependendo de secção ou não de artéria importante; 11.

Hematoma: em caso de ferimentos fechados, é um bom indicador de

trauma ósseo ou suspeita deste; 12.

Espasmos musculares: logo após a fratura, há a tendência de que, as

lesões em ossos longos, mais especificamente no fêmur, o músculo que trabalha nesta região e que sempre permaneceu tenso, ao ter o osso fraturado, começa a vibrar intensamente por alguns momentos até se relaxar e se contrair bruscamente.

LUXAÇÃO A luxação é uma lesão onde as extremidades ósseas que formam uma articulação ficam deslocadas, permanecendo desalinhadas e sem contato entre si. É o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação fazendo com que as superfícies articulares percam o contato entre si. O desencaixe de um osso da articulação (luxação) pode ser causado por uma pressão intensa, que deixará o osso numa posição anormal, ou também por uma violenta contração muscular. Com isto, poderá haver uma ruptura dos ligamentos. Os sinais e sintomas mais comuns de uma luxação são: dor intensa, deformidade grosseira no local da lesão e a impossibilidade de movimentação. Em caso de luxação, o socorrista deverá proceder como se fosse um caso de fratura, imobilizando a região lesada, sem o uso de tração. No entanto, devemos sempre lembrar que é bastante difícil distinguir a luxação de uma fratura.

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Sinais e Sintomas Geralmente são bastante similares com as fraturas:

1. Deformidade: mais acentuada na articulação luxada; 2. Edema; 3. Dor: aumenta se a vítima tenta movimentar a articulação; 4. Impotência Funcional: perda completa ou quase total dos movimentos articulares.

ENTORSE Entorse pode ser definida como uma separação momentânea das superfícies ósseas, ao nível da articulação. É a torção ou distensão brusca de uma articulação além de seu grau normal de amplitude. A lesão provocada pela deformação brusca, geralmente produz o estiramento dos ligamentos na articulação ou perto dela. Os músculos e os tendões podem ser estirados em excesso e rompidos por movimentos repentinos e violentos. Uma lesão muscular poderá ocorrer por três motivos distintos: distensão, ruptura ou contusão profunda. A entorse manifesta-se por um dor de grande intensidade, acompanhada de inchaço e equimose no local da articulação. O socorrista deve evitar a movimentação da área lesionada, pois o tratamento da entorse, também consiste em imobilização e posterior encaminhamento para avaliação médica. Em resumo, o objetivo básico da imobilização provisória consiste em prevenir a movimentação dos fragmentos ósseos fraturados. A imobilização diminui a dor e pode ajudar a prevenir também uma futura lesão de músculos, nervos, vasos

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sangüíneos, ou ainda, da pele em decorrência da movimentação dos fragmentos ósseos. Se a lesão for recente, esfrie a área aplicando uma bolsa de gelo ou compressa fria, pois isso reduzirá o inchaço, o hematoma e a dor.

Sinais e sintomas de entorse Também são similares às luxações. Nos entorses os ligamentos geralmente sofrem ruptura ou estiramento, provocados pelo movimento brusco. Fim das Aulas 1 e 2 - 1Sgt PM Grossi

RAZÕES PARA A IMOBILIZAÇÃO PROVISÓRIA 1. Evitar ou minimizar a dor: prevenindo a movimentação de fragmentos ósseos fraturados ou dos ossos de uma articulação luxada ou com entorse.

2. Prevenir ou minimizar: a. Lesões futuras de músculos, nervos e vasos sangüíneos pelos fragmentos ósseos. b. Rompimento da pele e conversão de uma fratura fechada em aberta (mais perigosa devido à contaminação direta e possível infecção). c. Diminuição do fluxo sangüíneo como resultado da pressão exercida pelos fragmentos ósseos sobre os vasos sangüíneos. d. Sangramento excessivo para os tecidos ao redor do local da fratura causado pelas extremidades ósseas instáveis. e. Paralisia das extremidades como resultado de uma lesão da medula espinhal por vértebras fraturadas ou luxadas.

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TIPOS DE IMOBILIZADORES 1. Talas rígidas: seguem um formato no alinhamento do membro; 2. Talas moldáveis: permitem moldagem na forma do segmento lesado; 3. Prancha longa: imobilização de corpo inteiro em plano rígido; 4. Bandagens triangulares: fixador de talas e imobilizador para luxações e entorses de membros superiores; 5. Colete Imobilizador Dorsal, conhecido por KED - Kendrick Extrication Device: aplicado invertido em caso de trauma no quadril.

ACESSÓRIOS DE IMOBILIZAÇÃO 1. Fita crepe; Atadura de crepe; Compressas de gaze; Bandagem triangular.

REGRAS GERAIS PARA A IMOBILIZAÇÃO 1. Priorizar o atendimento das lesões que ameacem a vida, detectadas na análise primária. 2. Imobilizar fraturas antes de movimentar o acidentado, exceto, nos casos de risco iminente de vida para a vítima ou socorrista, a posição da vítima estiver obstruindo suas vias aéreas, sua posição impede a realização da análise primária ou para garantir acesso a uma vítima mais grave. Ex. explosão, local gaseado, risco de novos acidentes, etc. 3. Não perder tempo com imobilizações muito elaboradas nas situações em que houver risco de vida imediato para o acidentado; 4. NUNCA tentar alinhar o osso fraturado. 5. NUNCA tentar reintroduzir um osso exposto. 6. Expor o local do ferimento e remover adornos como relógio, pulseiras e anéis das extremidades afetadas.

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7. Cobrir ferimentos com gaze estéril seca, fixando com atadura de crepe ou bandagem triangular. 8. Avaliar o pulso distal, perfusão capilar, cor, temperatura, sensibilidade, mobilidade e motricidade da extremidade afetada. 9. Imobilizar o membro com o mínimo de movimentação possível, em posição mais próxima da anatômica, conforme POP específicos. 10. Refazer exame da extremidade após imobilização; caso haja alterações vasculares ou neurológicas, refaça a imobilização. 11. Na dúvida, se há ou não fratura, sempre imobilizar. 12. Não se distrair das prioridades por causa de uma fratura que cause uma deformidade impressionante. 13. A imobilização de fraturas deve impedir a movimentação de uma articulação acima e uma abaixo do local da fratura e, no caso de lesões em articulações, imobilizar um osso acima e um abaixo da articulação lesada. 14. Nos membros superiores utilizar uma tala e nos membros inferiores utilizar três talas para a imobilização provisória.

PROCEDIMENTOS

OPERACIONAIS

DE

IMOBILIZAÇÃO

DE

LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS CLAVÍCULA, ESCÁPULA E OMBRO. 1. Imobilizar o membro proporcionando sustentação para o braço. 2. Utilizar bandagem triangular e confeccionar uma tipóia: 3. Se o membro estiver afastado do corpo, colocar um apoio entre o braço e o corpo para manter o membro na posição encontrada.

LUXAÇÃO DE OMBRO 1. Utilizar bandagem triangular e confeccionar uma tipóia:

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2. Se o membro estiver afastado do corpo, colocar um apoio entre o braço e o corpo para manter o membro na posição encontrada.

ÚMERO 1. Envolver a articulação do ombro e do cotovelo: a. Se a fratura for proximal (próximo ao ombro), utilizar 2 bandagens triangulares, imobilizando o membro fletido; b. Se a fratura for medial, utilizar tala rígida na face anterior do braço, protegendo a extremidade da tala que estiver em contato com a axila com uma atadura. Poderá ser utilizado tala moldável; 2. Se a fratura for distal (comum em crianças e pessoas idosas) utilizar a tala rígida ou a moldável.

RÁDIO E ULNA 1. Envolver a articulação do cotovelo e do punho. 2. Utilizar a tala rígida ou moldável para imobilização de fraturas.

MÃO E DEDOS 1. Imobilizar a mão com os dedos semi-fletidos, deixando-os apoiados sobre um rolo de atadura de crepe ou chumaço de gaze. 2. Utilizar tala rígida ou moldável. 3. Para os dedos, proceder da mesma forma; caso seja apenas um dedo e o comprometimento é da falange distal, utilizar duas espátulas de madeira.

PÉLVE

1. Imobilizar na prancha longa, com auxílio da tala rígida e bandagem triangular.

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2. Imobilizar envolvendo a articulação do joelho e impedindo a flexão do quadril. 3. Colocar um cobertor enrolado entre os membros inferiores. 4. Poderá ser utilizado o colete imobilizador dorsal na posição invertida.

LUXAÇÃO DE ARTICULAÇÃO COXO-FEMURAL

1. Fazer imobilização de forma a sustentar o membro na posição encontrada, utilizar tala moldável e cobertores enrolados. 2. Utilizar a prancha longa.

FÊMUR 1. Utilizar a tala rígida ou moldável. 2. Imobilizar de forma a impedir movimentação do quadril e do joelho.

JOELHO 1. Lesões ortopédicas de joelho, utilizar tala rígida ou moldável. 2. Imobilizar o joelho envolvendo o fêmur, a tíbia e a fíbula.

TÍBIA E FÍBULA 1. Utilizar tala rígida ou moldável. 2. Imobilizar envolvendo a articulação do joelho e tornozelo

PÉS 1. Utilizar tala aramada moldável.

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ATENÇÃO 

Nunca tentar realinhar um membro fraturado, devendo ser imobilizado na posição encontrada, particularmente em casos onde houver suspeita de lesões próximas às articulações.

Na evidência de alteração de perfusão e ausência de pulso distal à fratura, informar à Central de Operações onde o médico regulador determinará se o SBV aguarda ou não o SAV; se vai ao encontro do SAV ou se vai ao hospital de destino.

Estar atento para a possibilidade de choque nas vítimas com fratura de pelve e/ou fêmur pela grande quantidade de sangue no foco da fratura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Planos de aula do Curso de Assistente de Primeiros Auxílios Avançados do Programa USAID/OFDA/MDFR/UDESC/SMS/CBPMESP de Capacitação para Instrutores, São Paulo - 1998. 2. Socorros Médicos de Emergência. American Academy of Orthopaedic Surgeons. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.ª, 1979. 3. Half, Brent – Primeiros Socorros para Estudantes – Editora Manole – 1º Edição Brasileira – São Paulo – 2002. 4. Bergeron, J. David – Primeiros Socorros – Atheneu Editora São Paulo – São Paulo – 1999. 5. Bergeron, J. David – Emergency Care – Brady Prentice Hall – Upper Saddle, New Jersey -1995.

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS 11-01 Trauma músculo-esquelético

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11-02 Imobilização de membros 12-04 Colocação de colete imobilizador dorsal 12-07 Aplicação de talas

BLOCO DE ANOTAÇÕES _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________

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