L-18 Emergencias Medicas I

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Curso de Resgate e Emergências Médicas

Lição 18 EMERGÊNCIAS MÉDICAS I Infarto Agudo do Miocárdio - Angina Pectoris - Acidente Vascular Encefálico Ataque Isquêmico Transitório - Crise e Emergência Hipertensiva

OBJETIVOS: Proporcionar aos participantes conhecimentos que os capacitem a: 1. Definir Infarto Agudo do Miocárdio, citar os sinais e sintomas e descrever o tratamento pré-hospitalar; 2. Definir Angina Pectoris, citar os sinais e sintomas e descrever o tratamento pré-hospitalar; 3. Definir Crise e Emergência Hipertensiva, citar os sinais e sintomas e descrever o tratamento pré-hospitalar. 4. Definir Acidente Vascular Encefálico (AVE), citar os sinais e sintomas e descrever o tratamento pré-hospitalar; 5. Definir Ataque Isquêmico Transitório, citar os sinais e sintomas e descrever o tratamento pré-hospitalar;

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EMERGÊNCIAS CARDIOVASCULARES As emergências cardiovasculares são as principais causas de morte em todo o mundo. Reconhecê-las rapidamente, bem como instituir as primeiras condutas, são essenciais ao profissional da equipe de APH.

As emergências cardiovasculares podem ser divididas em: 1. Infarto Agudo do Miocárdio; 2. Angina de Peito (Angina Pectoris); 3. Crise e Emergência Hipertensiva; 4. Acidente Vascular Encefálico (AVE) e Ataque Isquêmico Transitório (AIT).

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

DEFINIÇÃO

É a morte do músculo cardíaco decorrente da privação de oxigênio fornecido através do sangue proveniente das artérias coronárias.

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FISIOPATOLOGIA O infarto agudo do miocárdio ocorre pela obstrução aguda das artérias coronárias, responsáveis pelo suprimento de sangue ao coração. A obstrução ocorre após a fissura

de

uma

placa

de

ateroma (colesterol) existente na coronária “doente”.

Devido à presença da fissura, há a formação de

trombo

obstrução

(coágulo), do

vaso.

responsável A

persistência

pela da

obstrução acarreta na morte do miocárdio

Artéria coronária obstruída Área de infarto

(músculo cardíaco).

SINAIS E SINTOMAS DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Dor precordial, do tipo queimação, em peso (opressão), ardência podendo irradiar para os membros superiores ou áreas vizinhas. A dor pode não ser precordial, podendo

localizar-se

na

região

epigástrica,

submentoniana (debaixo do queixo), no pescoço, nos ombros,

cotovelos, punho

(como se fosse

uma

pulseira). A área dolorosa ou da ardência está associada a episódios emocionais ou com esforços. A área dolorosa normalmente atinge mais que 8 cm 2 . Acompanha a dor

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a palidez, a sudorese fria (transpiração), ansiedade, sensação de morte iminente e a postura dolorosa, normalmente refletindo a imobilidade postural. Não existe um sinal indicativo para o diagnóstico de IAM. Um paciente pode apresentar IAM sem queixa de dor. Nestes casos, é importante perguntar se o mesmo já apresentou dor nos dias anteriores. Muito provavelmente, a resposta será positiva. Estas vítimas podem apresentar disritmias cardíacas ou, em condições críticas, um choque cardiogênico. Dificilmente serão reconhecidos em ambiente pré-hospitalar.

É importante ressaltar que durante a avaliação médica, alguns pacientes com IAM podem apresentar um eletrocardiograma normal.

Portanto, a melhor maneira de reconhecer o IAM é saber ouvir o paciente. A história da queixa principal, os antecedentes, o reconhecimento dos fatores de riscos para doenças cardiovasculares e a identificação de alguns sinais inespecíficos, mas sugestivos no exame físico revelam o diagnóstico na quase totalidade dos casos.

Fatores para doenças cardiovasculares associados com a queixa do paciente: 

Tabagismo (fumo);

Sedentarismo (falta de exercícios físicos regulares);

Dislipidemias (dieta irregular com excesso de gorduras);

Stress;

Antecedentes familiares;

Doenças associadas (hipertensão arterial, diabetes mellitus).

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ANGINA PECTORIS

DEFINIÇÃO Dor precordial (no peito), de curta duração, usualmente menor do que 15 minutos, que se apresenta quando o coração não recebe uma quantidade suficiente de oxigênio. É agravada ou produzida pelo exercício ou por episódios emocionais e é aliviada pelo repouso ou através de medicamentos vasodilatadores. A angina pode ser classificada em estável ou instável. A angina estável está associada ao exercício físico que origina a dor. A vítima normalmente sabe quando apresentará a dor. A angina instável não é um episódio previsível como a estável, pois ocorre abruptamente com a fissura da placa de ateroma, como já foi comentado na fisiopatologia do IAM.

CRISE E EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA DEFINIÇÃO A hipertensão arterial sistêmica pode ser caracterizada pela elevação súbita da pressão arterial a níveis superiores ao considerado normal (140x90 mmHg nos pacientes

examinados ou 130x80 mmHg em pacientes diabéticos e renais

crônicos). A hipertensão arterial pode aumentar o risco de ocorrer emergências cardiovasculares. Muitas vezes assintomática, representa ainda um risco para a ocorrência do infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico, insuficiência cardíaca congestiva e lesão renal, ataque isquêmico transitório, Em outras ocasiões, o paciente hipertenso apresenta sinais e sintomas. Quando sintomático, o paciente apresenta uma crise hipertensiva. Em situações de risco

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de morte muito aumentado, o paciente pode apresentar uma emergência hipertensiva. Em pacientes com idade entre 40 a 70 anos, cada aumento de 20 mmHg na pressão sistólica e 10 mmHg na pressão diastólica pode dobrar o risco de doenças cardiovasculares. A hipertensão pode ser um sinal de outra doença: um paciente pode ter um tumor em glândulas suprarrenais e devido à produção de noradrenalina aumentada, a hipertensão ser a manifestação clínica. Não é possível reduzir o risco de doenças cardiovasculares se a hipertensão não for controlada. Portanto, deve-se realizar uma terapia efetiva na manutenção da pressão arterial em níveis aceitos.

SINAIS E SINTOMAS Os sinais e sintomas variam de acordo com o nível de urgência:

Assintomático: descobre-se que o paciente é hipertenso após 02 aferições da pressão arterial, no mínimo, no momento da avaliação. Se a pressão arterial sistólica estiver entre 120 e139 mmHg e a diastólica, entre 80 a 89 mmHg, deve-se entender que o paciente encontra-se num estado préhipertenso.

Orientações que podem ser comunicadas à vítima como forma de prevenção de hipertensão:

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MODIFICAÇÕES NO ESTILO DE VIDA PARA CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL REDUÇÃO DA PA MODIFICAÇÃO

RECOMENDAÇÃO

SISTÓLICA (mmHg) 05 a 20 mmHg para cada

Redução do peso

Manter o peso ideal

10 Kg de perda de peso

Consumo rico em frutas, Dieta DASH

vegetais e pobre em

08 a 14 mmHg

gordura saturada e total Reduzir a ingestão de Dieta hiponatrêmica

sódio para 100 mEq/L (2,4

(redução do sódio)

g de cloreto de sódio (sal))

02 a 08 mmHg

Exercício aeróbico regular Atividade física

como caminhada diária

04 a 09 mmHg

com 30 minutos Reduzir a ingestão de Ingestão moderada de

etanol para 2 drinques

bebida alcoólica

diários (30 ml)

02 a 04 mmHg

*DASH: do inglês, significa a dieta sugerida para o controle da hipertensão arterial.

CRISE HIPERTENSIVA 

O paciente apresenta hipertensão (PA> 140 x 90 mmHg ) com sinais e sintomas.

1. Cefaléia; 2. Dor em outras regiões (tórax, abdome, membros); 3. Náuseas; Revisão JAN/09

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4. Escotomas (distúrbios visuais – pontos brilhantes coloridos); 5. Hemorragia nasal (epistaxe); 6. Taquicardia; 7. Parestesia (formigamento) em algum segmento do corpo.

EMERGÊNCIA HIPERTENSIVA 

Sinais e sintomas á descritos com nível pressórico sistólico superior ou igual a 180 mmHg e diastólico superior ou igual a 110 mmHg.

TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR PARA IAM, ANGINA PECTORIS E CRISE HIPERTENSIVA 1. Realizar a análise primaria e secundária e tratar os problemas em ordem de prioridade; 2. Verificar se a situação se enquadra no POP 02-04 – Acionamento de SAV ou POP 02-10 – Transporte Imediato; 3. Manter a vítima em repouso absoluto na posição mais confortável (em geral sentado ou semi-sentado); 4. Afrouxar as vestes; 5. Prestar apoio psicológico; 6. Manter oxigenioterapia com cateter de oxigênio em baixo fluxo (03 lpm) ou de acordo com a orientação médica à distância; 7. Transportar ao hospital, monitorando freqüentemente os sinais vitais e o nível de consciência.

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ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) DEFINIÇÃO Dano no tecido cerebral produzido por falha na irrigação sangüínea em razão de obstrução ou rompimento de artéria cerebral. O efeito compressivo, ou seja, de aumento da pressão intracraniana também manifestam sinais e sintomas e podem causar situações de risco de morte.

FISIOPATOLOGIA

OBSTRUÇÃO CIRCULATÓRIA Como explicado na fisiopatologia do IAM, umas placas de ateroma pode se instalar numa artéria, como a carótida interna, ao longo do tempo. Ocorrendo a fissura da placa, a coagulação é ativada e um trombo * é formado no local. O desprendimento de uma parte do trombo, denominada êmbolo* *, é deslocado ao longo da circulação e pode impactar-se num vaso que participa da irrigação encefálica. A obstrução acarreta infarto ou necrose cerebral. Dependendo do local atingido, haverá diferentes sinais e sintomas. O trombo pode ser formado em outras situações, tais como a fibrilação atrial, situada no coração.

* Trombo: Coágulo formado no interior do próprio vaso sangüíneo (artéria e arteríola) obstruindo-o.

* * Embolo: Fragmento de substância presente na corrente sangüínea, como um coágulo sangüíneo, ar, gorduras, corpos estranhos (agulha, fragmentos de projétil) que é transportado pelo sangue até obstruir um vaso sangüíneo de menor diâmetro. Revisão JAN/09

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HEMORRAGIA CEREBRAL Uma artéria rompe-se deixando uma área do cérebro sem nutrição. O sangue que sai do vaso aumenta a pressão intracraniana pressionando o cérebro e interferindo em suas funções. Exemplo: rompimento de aneurisma (dilatação da parede) de artéria cerebral.

ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO (AIT)

DEFINIÇÃO O Ataque Isquêmico Transitório são déficits focais cerebrais ou visuais que desaparecem num prazo inferior a 24 horas. Os déficits focais cerebrais podem lembrar as evidências clínicas do AVE, entretanto desaparecem completamente.

FISIOPATOLOGIA O êmbolo formado a partir de um trombo situado à artéria carótida, ou em território vertebrobasilar são deslocados através da circulação e sofrem o impacto em artérias de menor calibre, ocasionando a obstrução à passagem de sangue no cérebro ou cerebelo. O êmbolo impactado se desfaz e permite o retorno da circulação local.

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SINAIS E SINTOMAS Déficits motores semelhantes ao AVE, dificuldade para falar (disartria), visão borrada com ou sem presença de sombra, vertigem, náusea, visão dupla (diplopia).

SINAIS E SINTOMAS ESCALA PRÉ-HOSPITALAR DE CINCINNATTI A escala de Cincinnati permite o reconhecimento do AVE com rapidez, mantendo a especificidade e a sensibilidade. São avaliadas três condições: simetria facial, verificação da perda da força muscular ao se estender os membros superiores, e alteração da fala (disfasia).

OS SINAIS E SINTOMAS DEPENDEM DA ÁREA ATINGIDA

1. Dor de cabeça (cefaléia); 2. Inconsciência; 3. Confusão mental; 4. Parestesia (formigamento), paresia (diminuição da força muscular), paralisia muscular, usualmente das extremidades e/ou da face; 5. Dificuldade para falar (disartria); 6. Dificuldade respiratória (dispnéia); 7. Alterações visuais (escotomas, amaurose, diplopia); 8. Convulsões; 9. Pupilas desiguais (anisocoria); 10. Perda do controle urinário ou intestinal.

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TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR 1. Realizar a análise primaria e secundária e tratar os problemas em ordem de prioridade; 2. Verificar se a situação se enquadra no POP 02-04 – Acionamento de SAV ou POP 02-10 – Transporte Imediato; 3. Manter a vítima em repouso, na Posição de Recuperação;

4. Proteger as extremidades paralisadas; 5. Dar suporte emocional. Evitar conversação inapropriada frente à vítima inconsciente; 6. Transportar a vítima para o hospital monitorando os sinais vitais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Planos de aula do Curso de Assistente de Primeiros Auxílios Avançados do Programa USAID/OFDA/MDFR/UDESC/SMS/CBPMESP de Capacitação para Instrutores, São Paulo - 1998. 2. Socorros Médicos de Emergência. American Academy of Orthopaedic Surgeons. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.ª, 1979. 3. Half, Brent – Primeiros Socorros para Estudantes – Editora Manole – 1º Edição Brasileira – São Paulo – 2002. 4. Bergeron, J. David – Primeiros Socorros – Atheneu Editora São Paulo – São Paulo – 1999.

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5. Bergeron, J. David – Emergency Care – Brady Prentice Hall – Upper Saddle, New Jersey -1995. 6. Cummins RO, Ornato JP, Thies WH, et al: Improving survival from sudden cardiac arrest: The “chain of survival” concept. Circulation 1991;83:1832-1847 7. Stiell IG, Spaite DW, Wells GA, et al: The Ontario Prehospital Advanced Life Support (OPALS) Study Part II: Rationale and Methodology for Trauma and Respiratory Distress Patients Ann Emerg Med, 1999, 34, 2 8. Chobanian A V, Bakris G L, Black, H R, et al, The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure, JAMA. 2003;289 9. Feinberg W M, Albers G W, et al, Guidelines for the Management of Transient Ischemic Attacks, Committee on Guidelines for the Management of Transient Ischemic Attacks of the Stroke Council of the American Heart Association, Circulation, 1994;89:2950 –2965. 10. International Classification of Impairments, Disabilities, and Handicaps: A Manual of Classification Relating to the Consequences of Disease. Geneva, Switzerland: World Health Organization; 1980. 11. Emergency Cardiac Care Committee and Subcommittees, American Heart Association Guidelines for Adult Basic Life Support. Circulation, 2000;102:I-22 12. III CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 1998. 13. Robbins, Patologia Estrutural e Funcional, editora Guanabara Koogan 14. José Ramos Júnior, Semiotécnica da Observação Clínica, Editora Sarvier. 15. Stiell IG, Spaite DW, Wells GA, et al: The Ontario Prehospital Advanced Life Support (OPALS) Study: Rationale and methodology for cardiac arrest patients. Ann Emerg Med 1998;32:180-190

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PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

13-01 Alterações do nível de consciência (vítima caso clínico) 13-02 Crise convulsiva 13-03 Emergências respiratórias 13-04 Dor torácica súbita (suspeita de infarto agudo do miocárdio ou angina)

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AVALIAÇÃO EMERGÊNCIAS MÉDICAS I Infarto Agudo do Miocárdio - Angina do Peito - Crise Hipertensiva e Acidente Vascular Cerebral

1. Indique 04 (quatro) sinais e sintomas do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) são: __________________________________________________________________ __________________________________________________________________

2. O tratamento pré-hospitalar do IAM é o seguinte: __________________________________________________________________ __________________________________________________________________

3. Cite 03 (três) sinais e sintomas de um AVC e descreva o tratamento préhospitalar: __________________________________________________________________ __________________________________________________________________

4. Uma vítima de 56 anos de idade solicita auxílio e informa que está com uma hemorragia nasal. Tem dor de cabeça e está muito ansioso. A PA diastólica é de 100 mmhg. Com os seus conhecimentos, o que você pode deduzir que a vítima apresenta? Qual é o tratamento pré-hospitalar que o socorrista deve realizar?

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