portfolio global, arquitetura paisgista

Page 1



Global Landscape: Global gathers a group of landscape architects and architects working in landscape-space production based on the contemporary cultural and economic panorama and through landscape design and planning pratices. Global is a strongly personalized and professionalized structure integrated in a cross-discipline dynamic network. In 1997, JoĂŁo Gomes da Silva founded Global with the landscape architect InĂŞs Norton. Global is an office based in Lisbon often working with leading landscape architects, architects, engineers, designers and artists in projects. Global Landscape comprises 13 resident staff members: ten Landscape-Architects, one Communication Designer, an Accountant, and one Administrative Officer. Its structure is the following: one General Director and Managing Partner, five Project Directors (two of them Associates), three Senior-Landscape, one Communication Manager, one Financial Manager, three Junior-Landscape and two Trainees.



n. A04 PAISAGEM PARA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO | SETÚBAL LANDSCAPE FOR ‘ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO’ | SETUBAL

MEMÓRIA

ABSTRACT

O projecto de execução, aprofunda as opções anteriormente definidas no Estudo prévio, no sentido da criação de um Parque que integre o conjunto de edifícios no Campus do Instituto Politécnico de Setúbal, bem como na Paisagem próxima. O seu desenvolvimento veio permitir a confirmação de potencialidades já apontadas, através de um estudo minucioso do sítio, mas também da Paisagem potencial a partir da análise comparada de situações ecologicamente análogas. Neste caso foram preciosos os estudos de descrições fito geográficas e as recolhas e observações destas situações na zona.

The execution project deepens the predefined options, in the previous study, into the creation of a park which integrates the whole of the buildings in the “Instituto Politécnico de Setúbal” Campus, as well as in the surrounding landscape. Its development has measured not only the already pointed potentialities, through a detailed study of the site, but also of the potential landscape through the compared analysis of ecologically analogue situations. In this particular case we found the phytogeographycal description studies to be extremely helpful, in association with the gatherings and research in this area’s situation.

CONCEITO Para o espaço envolvente da Escola de Educação, propõe-se de uma forma geral, recrear sítios diversificados que através de diferentes formas de vegetação, proporcionam simultaneamente espaços de recreio e de interesse didáctico. Através da plantação de diferentes espécies vegetais, pretende-se caracterizar as diferentes associações vegetais que caracterizam as fases serais de uma potencial evolução da mata climácica potencial nesta zona, caracterizada pela dominância do Quercus suber (Carvalhal quente e húmido).

CONCEPT To the “Escola de Educação” enveloping space, we propose the recreation of multiple spots which, through different vegetation shapes, offer both didactic and pleasure spaces. Through the sowing of different botanical species, we intend to distinguish the different vegetal associations which characterise the evolution stages of a potential growth of “climax” woods in which the “Quercus suber” dominates (hot and humid oak forest).


Actualmente esta paisagem, caracteriza-se por um denso coberto arbóreo sob prado, onde a quase inexistência do estrato arbustivo, nos leva a considerar a degradação do sistema. A proposta de plantação , baseia-se na introdução de espécies que retratem, o carácter potencial de situações ecológicas, determinadas pela presença dos diferentes estratos de vegetação, dando-se a evolução a partir de sistemas simples como o prado cortado, para sistemas sucessivamente mais complexos: a ocorrência de rizomas e bolbosas, anuais, estracto sub-arbustivo, e arbustivo, bastante desenvolvido, e presença de lianas em situações mais densas. O aparecimento de espécies raras, como ‘Acer monspessulanum’ e ‘Paeonia broteroi’, sublinham o interesse didáctico desta colecção de plantas. MORFOLOGIA A introdução de uma grande percentagem de arbustos em sebes, é feita de forma a introduzir uma estrutura espacial, que compartimenta e delimitam o recinto da escola. A poente definem o perímetro do campus da Escola Superior

Actually, this landscape is distinguished by its thick, dense, arboreous covering, beneath meadow, where the unexistance of shrubby stratus makes us think of the system’s degradation. The sowing proposition is based on the introduction of species which intention is to reproduce the potential character of ecological situations, determined by the presence of different vegetation stratus given the evolution from simple systems such as the cut meadow, to successively more and more complex systems: the appearance of rhizomes and annual bulbous, quite developed shrubby and sub shrubby status and the presence of lianas in thicken situations. The appearance of rare species such as “Acer monspessulanum” and “Paeonia broteroi”, strengthen the didactic interest of this plant collection. MORPHOLOGY The introduction of a great percentage of fence bushes is done in such ways so to introduce a spacial structure which divides and marks out the school’s enclosure. In the west, these bushes define the “Escola Superior de Educação” campus’s perimeter, separating it from the access way through a previous modelling of the ground. In the north, the bushes delimitate two big different glades which connect themselves directly to the central yard opened towards north. This relation to the north yard is virtually and visually achieved by the ongoing of the botanical systems (meadow, loans, bulbous), though it is physically separated by a slope and by a path. TYPOLOGY The composition’s criteria refer to ecologically different situations (persistent oak forest, maquis, and natural loans), as well as to structural order questions (closed glades, open, covered paths) and spacial (high colour, density, texture). The didactic aim of providing the students with, not only the knowledge of botanical species, but also of situations and associations in which they naturally occur, allows a better learning in the field of environmental education.


de Educação, separando-a da via de acesso, através de uma prévia modelação do terreno. A norte as sebes delimitam duas grandes clareiras distintas, que se relacionam directamente com o pátio central, aberto para norte. Esta relação com o pátio a norte, é virtualmente e visualmente conseguida pela continuidade dos sistemas vegetais (prado, relvado, bolbosas) apesar de fisicamente separada por um talude e pela passagem do caminho. TIPOLOGIA Os critérios de composição referem-se a situações ecologicamente diferenciadas (Carvalhal persistente, mata esclérofitica, maquis e relvados naturais), bem como a questões de ordem estrutural (clareiras fechadas, abertas; passagens cobertas, etc), e espacial (luz, cor, densidade, textura). O objectivo didáctico de oferecer aos alunos não só o conhecimento e identificação dos indivíduos per si , mas também das situações e associações em que surgem naturalmente, possibilita uma melhor e fundamentada aprendizagem no domínio da educação ambiental. Igualmente a possibilidade e a necessidade de os alunos procederem a colheitas de campo e a trabalhos de aclimatação e reprodução de espécies vegetais, permite outro leque de actividades pedagógicas e de técnica didáctica até agora impossíveis. O plano de manutenção a elaborar para a instalação do parque, fará parte da assistência técnica, e estará intimamente ligado aos objectivos pedagógicos que entretanto se venham a definir, em articulação com as operações normais de manutenção do parque.


nome do projecto | name of project PAISAGEM PARA A ESCOLA DE EDUCAÇÃO DE SETÚBAL LANDSCAPE FOR ‘Escola de Educação de Setúbal’ data do projecto | project date 1991-1993 data de execução | execution date 1993 localização | localization Setubal - Portugal cliente | client Instituto Politécnico de Setúbal área | area 2,4 ha coordenador geral | project coordinator Alvaro Siza arquitectura paisagista | landscape architecture autor | author João Gomes da Silva João Sousa Mateus Inês Norton de Matos colaboradores | colaborators Claudia Taborda, arqª paisagista Ana Brandão Sebastião Carmo-Pereira Verena Edye, estagiários desenho | drawing Diogo Cortez


n. 10 PARQUE DE SERRALVES | PORTO JARDIM DO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA LANDSCAPE FOR SERRALVES PARK | OPORTO GARDEN OF THE MUSEUM CONTEMPORARY ART

CONCEITO O parque como sedimento O parque de Serralves é um espaço em transformação desde o final do século passado, e um lugar de sedimentação de espaços e elementos da Paisagem Rural do subúrbio Portuense de então. Os desenhos de sobreposição (1940) demonstram claramente esta sobre-posição e transfiguração deste Sitio como Lugar: de ocupação rural da cabeceira de uma pequena bacia voltada ao Douro e compartimentada por sistema de azinhagas ou simples muros, a estrutura adquire um tom burguês com a construção de um lago romântico em terraplenos de meia encosta e a meio caminho da Quinta. A construção da Casa por Marques da Silva sobre a anterior edificação, obedece a este mesmo principio de sobreposição, transformação e adaptação, sendo evidente também nos Jardins através da deformação do eixo da Alameda dos Liquidambares e sua adaptação ao limite físico de propriedade. A parcela ocupada pela Horta bem como a ocupada pelo laranjal, surgem neste desenho como parcelas autónomas e delimitadas por muros que terão sido anexadas ao conjunto de Jardins desenhados por Jacques Gréber (1932). O limite da parcela da Horta, murado, surge representado no topo de um

The Serralves Park has been transformed continuously and since the late 19th Century. The identity of the place derives from a Beaux Art garden designed by Jacques Gréber in 1932. The garden was designed as a unit. The space that today is occupied by the Museum of Contemporary Art was never part of Jacques Gréber design. It was always recognized as part of the property but as a secondary area to the Beaux-Arts house and garden. This estate was private owned until 1985 when the Portuguese Government acquired it. It opened to the public as a cultural institution in 1987. The Contemporary Art Museum and its landscape occupies 2 Ha inside a 12 Ha property, belonging to Serralves Foundation. In 1999 this latest addition to the property was complete and it reshaped the property’s NW limit. The landscape design for the SCAM was conceptualized as an open place that could offer both an exclusive place for recreation and an expansion space to the museum program. The topographical and topological situation along with the architectural presence determines the project matter.


talude, coincidente com o actualmente existente, e aonde se localiza o alinhamento contemporâneo ao projecto de Cedrus atlântica, espécie muito difundida no Porto no final do século passado. Esta condição de limite e marginalidade, quer em relação ao conjunto dos Jardins, quer em relação à evolução do caracter fundiário da propriedade, define ainda hoje a condição de limite, ao espaço de intervenção do Museu de Arte Contemporânea. Não como parte separada do conjunto, mas como elemento cujo desenho é habilmente integrado na estrutura geral, e na cabeceira secundária que a topografia define. Claramente distinta, é porém a parcela do Laranjal, que ocupa cerca de metade da área de intervenção e que constitui diferença, apesar de topologicamente e espacialmente integrada no conjunto, pelo alto muro limite. Os jardins desenhados ao gosto burguês da época, por Jacques Gréber, supreendem-nos pela elegância na forma como modelam o terreno e se aproveitam da topologia local, mais do que pela actualidade do conceito subjacente. O seu detalhe, nas dimensões e proporções, diferenciam e destacam uma qualidade e mestria construtiva, não facilmente comparável neste contexto. No plano da vegetação apresentam um eclectismo considerável, surgindo a par a componente exótica do sec XIX, a componente expontânea, e a divulgação de espécies “americanas” como os liquidambares, carvalhos americanos, construindo uma estrutura vegetal complexa, pelo menos ao nível arbóreo. Como é natural esta diversidade não se demonstra nos estrados arbustivo, subarbustivo e herbáceo, com a mesma evidência (com excepção das colecções de Rosas e Camélias), dada a descontinuidade de gestão ao longo da vida do Jardins. O contraste entre o eclectismo exótico dos Jardins, o carácter romântico do lago, e o cariz rural das parcelas de prado e mata, determinam as condições estéticas e botânicas de referências ao projecto, a par do caracter de limite (Parque/ Rua, Jardins/Horta, Mata/ Horta) que o Sítio possui. Outras, de ordem topologica e espacial, são no entanto de considerar.

The SCAM was built in an existing clearing, in a threshold situation between the woods, the Beaux-Arts garden and the surrounding streets. The landscape design aimed to characterize its limit and new clearings become its main spatial construct. The spatial changes were inspired from existing features: landscaping, channelling and storing of water and regeneration of spontaneous vegetation. The landscape design defines the threshold as the structural element that bounds each clearing and announces its spatiality. The vegetation is the key element to describe it. The clearing content evokes a site-specific condition that relates to in-site geography. The spatial design enhances the effects of light experience and sight depth. The vegetation texturizes the surfaces of both ground and sight plans. The observer attention is caught to the interior of the space through existing informal entrances. Inside the place the observer has free opportunity to dwell. The spatial experience is not driven through a path system. It is commanded by the observer choice whose body and sight can stroll through the vegetation vertical and horizontal surfaces: edges, individuals, groups, lawn and ground covers. Oaks (Quercus faginea and Quercus robur), holm-oaks (Quercus ilex Sbs. Ilex), yews (Taxus bacata), birch tree (Betula celtiberica), hazel-nut tree (Coryllus avelana), hawthorn (Crataegus monogyna) and strawberry tree (Arbutus unedo) are among the several species which compose the landscape flora. The flora recalls the endemic one existing at the Portuguese highland and it evolved from the idea of focussing mainly on the limit of the natural wooded area, with the use of species that exist or may have existed in the estate. No naturalist representation was intentional. The creation of the places in terms of space and form were characterised by its specifics or carried out in an abstract manner. The SMAC landscape introduces a transformative spatial opportunity for learning in what refers to contemporary art production and ecological dynamics.


Condições de intervenção A topologia do Sítio, define-o como o topo ou cabeceira de uma bacia relativamente aberta, e separada do eixo principal dos Jardins por uma inflexo da encosta. Topologicamente, esta posição é mediada pelo Roseiral que separa o “parterre” principal dos Jardins, deste espaço. O eixo “dobrado” da Alameda dos Liquidambares, e os maciços heterogéneos de arborização adjacente, constróem a massa vegetal que contém espacialmente e topograficamente o Sítio, determinando-lhe limite duro e exótico. A Mata, de composição pouco clara, e de fraca diversidade botânica e florística, determina igualmente limite a sul, desta vez de forma menos definida, não fosse a descontinuidade topográfica mediada pelas escadas. Do terceiro “lado”, o imenso muro granítico, e uma sebe de Choupos no limite já da plena maturidade, determinam o terceiro limite, também este algo frágil do ponto de vista vegetal. A convexidade topográfica, uma ligeira discontinuidade de planos cujo talude determina a posição de um alinhamento de enormes Cedros (com alguns problemas vegetativos), a par dos limites já referidos, cria uma espécie de centralidade axial topológica que determina a localização quase “inevitável” neste Sítio, do edifício do Museu. Emergente da parte superior do terreno do nível do solo, o edifício atinge a sua maior dimensão no limite de descontinuidade topográfica para a Mata, abrindo um espaço no interior, na continuidade do eixo topográfico do talvegue da bacia. Ao centrar a sua implantação no eixo da bacia, a massa do edifício procura explicitamente o envolvimento pelos planos do terreno, suavemente inclinados na sua direcção, como que em pleno centro desta “clareira”, apenas ligada ao exterior por um ponto tangente. A convexidade topográfica, uma ligeira discontinuidade de planos cujo talude determina a posição de um alinhamento de enormes Cedros (com alguns problemas vegetativos), a par dos limites já referidos, cria uma espécie de centralidade axial topológica que determina a localização quase “inevitável”

neste Sitio, do edifício do Museu. Emergente da parte superior do terreno do nível do solo, o edifício atinge a sua maior dimensão no limite de descontinuidade topográfica para a Mata, abrindo um espaço no interior, na continuidade do eixo topográfico do talvegue da bacia. Ao centrar a sua implantação no eixo da bacia, a massa do edifício procura explicitamente o envolvimento pelos planos do terreno, suavemente inclinados na sua direcção, como que em pleno centro desta “clareira”, apenas ligada ao exterior por um ponto tangente. Assim se determina a condição especial e arquitectónica do Sitio, através desta posição centrada nesta clareira, e deliberadamente afastada e interiorizada do limite do Parque (apenas ligada pela nova entrada), marginal lateral ao conjunto dos Jardins, e enfrentando de forma aberta e determinada, a frágil orla limite da Mata que contem a luz do Sul.

Projecto como redefinição de limites O espaço-clareira como vazio aonde se implantou o edifício, ela própria um limite entre Jardim, Mata e Exterior, determina o projecto como um exercício de redefinição dos limites, de forma a esclarecer as relações entre a vegetação do Jardins (Liquidambares e Roseiral) e a clareira, a vegetação da Mata e a clareira; e o muro e a clareira. O projecto equaciona este problema através da criação de três espaços nas extremidades deste triângulo, cuja tensão determina a transformação dos lados limite. O primeiro, consiste num espaço contido (a cobertura da garagem do edifício) na cota mais alta do terreno, e ligado à nova entrada e ao percurso periférico do parque. A conexão é feita por trás pequenos bosquetes de Bétulas (árvores claras e quase imateriais), cujo espaço central define um Jardim de Gramineas, que marca o percurso de entrada no Museu de


Arte Contemporânea. O conjunto da massa Vegetal contém o topo superior do terreno e interioriza a entrada no parque e no Museu. O segundo, consiste na abertura de um espaço entre o Jardim do Roseiral e a Mata (no sitio de um pequeno laranjal jovem), contornado pelo caminho existente, de forma a tornar mais nítida a separação entre estes dois elementos do Parque, e criar um espaço e uma distância de contemplação do edifício, de quem faz a aproximação pelo lado do Ténis. A abertura deste espaço separa as duas vegetações (exótica do Jardim, e Expontânea da mata), através da definição de ambas as orlas com massas de arbustos e de árvores, surgindo como protagonistas do ‘vazio’ um maciços de Teixos (Taxus baccata), árvores impressionantes como vultos densos e escuros. A orla

que se define na mata, a partir deste sítio, vai determinar num ritmo de aberturas, a nova relação e imagem do maciço da Mata com a Clareira. A partir deste ponto, a orla prolonga-se ao longo do muro de limite e da nova via de acesso à garagem, sob a forma de uma sebe de Carvalhos provenientes da Mata, envolvendo o terceiro espaço. Este, possui uma forma alongada, contida por uma extensa sebe curva de arbustos (Crataegus monogyna), e árvores da orla referida. Quatro maciços de Azinheiras (Quercus ilex subsb.ilex) paralelos entre si, criam como que duas ‘portas’, em relação ao campo alongado da clareira de prado cortado raso, criando um sentido espacial de ‘passagem’ em direcção a um limite virtual, desmaterializado pela intensa luz poente que define os espaços de luz entre si. O espaço entre


esta clareira de azinheiras, e o bosquete de bétulas constitui-se sobre dois eixos de tensão: um entre a massa perenifália e escura das azinheiras e as bétulas; outro entre a linha existente de Cedrus monumentais, e a sebe contínua, homogénea e curva, que determina um limite preciso.

O espaço do Museu como elemento autónomo (do espaço global) A Fundação Serralves é um todo composto pela Casa, Parque, Quinta Museu e Jardins, em que estes elementos se complementam organicamente, mas que possuem o seu caracter autónomo. Também estes espaços, mais ou menos próximos do Museu e dos outros elementos do Parque e dos Jardins, se definem na sua autonomia de caracter e utilização, apesar de complementares à arquitectura e ás artes, sem no entanto constituírem cenário passivo.

A natureza como matéria de projecto As condições topográficas e topologicas em contraste com a presença arquitectónica fortíssima, determinam a matéria de projecto. Neste sentido as transformações propostas situam-se no domínio dos elementos naturais: modelação do terreno, condução e armazenamento de água, regeneração da vegetação expontânea. A situação de limite entre a vegetação exótica dos Jardins e a vegetação da Mata determinam a selecção de espécies, e o material vegetal a utilizar. Desta forma a estrutura vegetal desenvolvida aos diversos níveis, parte da ideia de projectar com especial incidência o limite da mata a Orla, utilizando as espécies que existem ou potencialmente existiram neste Sítio, ampliando no entanto este conceito a situações ecologicamente distintas mas próximas (caso das Bétulas e Teixos).

Ao desenvolver este conceito de forma aplicada ao Projecto, não se pretende qualquer figuração naturalista, mas antes a criação de ambientes formalmente e espacialmente caracterizados pela Natureza de um lugar, ou os seus elementos, ainda que de uma forma abstracta. Tal intenção, ao manipular espécies expontâneas de maneira não formal mas essencial, pretende criar lugares ou espaços de ordem diversa da arquitectura ou de qualquer forma de arte, todavia com elas relacionáveis.


nome do projecto | name of project PAISAGEM PARA O MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA FUNDAÇÃO DE SERRALVES data do projecto | project date 1996

coordenador de projecto | project coordinator João Gomes da Silva coordenador de obra | work coordinator João Gomes da Silva

data de execução | execution date 1999

colaboradores | collaborators Inês Norton, Helena Pato e Silva, Jacoppo Pelegrini, Pedro Cardoso

localização | localization Porto - Portugal

arquitectura | architecture Ávaro Siza

dono de obra | client Fundação de Serralves

consultores | consulting relvados | lawns Ana Vasconcelos organização e preparação de obra | project management Oficina da Paisagem Filipe Gameiro Fernandes

área | area 23 625 m2 honorários | fees € 37 500,00 custo de obra | cost €1 649 604,00 autores | authors João Gomes da Silva com Erika Skabar coordenador geral | coordinator Álvaro Siza

desenho de CAD | CAD drawing José Maria Moreira Nunes infraestruturas GOP rega | irrigation watering Bartolomeu Perestrello


n. 11 JARDINS GARCIA DE ORTA | LISBOA GARCIA DE ORTA GARDEN’S | LISBON

JARDINS NO MAR DE PALHA De manhã cedo a luz reflecte-se na imensa extensão do Mar da Palha, e então inunda de forma difusa a linha de Jardins ao longo do Passeio do Rio. A atmosfera é intensa de cores e cheiros: confundem-se os cheiros das plantas de origem longínqua, com o cheiro das próprias marés; e as cores criam ambientes marcados pelos materiais que as reflectem. A madeira clara e o seixo miúdo, o mármore branco e o adobe, o basalto e a ‘bagacina’, o solo vermelho e granuloso, contrastam com as plantas (mais ou menos) estranhas, de formas alongadas ou estreitas, miúdas, espinhosas, macias, escuras, luminosas, e flores e frutos desconhecidos. Esta sensação de estranheza e de surpresa de um Lugar que sugere outro Lugar, acontece de forma espasmódica ao longo do movimento paralelo ao ‘Mar’ sempre presente, que amplia o espaço do Jardim e o torna quase ilimitado como o são os espaços da Natureza. Pode um Jardim representar uma Paisagem, e confundir o seu espaço limitado com o da própria Natureza sem limites? Os Jardins são faixas estreitas e alongadas, sempre de igual largura, cujo comprimento varia como se essa dimensão dependesse do estritamente necessário para esse Espaço se

THE GARDENS IN MAR DA PALHA In the early morning, the light reflects into the huge extension of the “Mar da Palha” and then, it floods in a diffused way over the line of Gardens along the River’s Sidewalk. The atmosphere is full of colors and different odors: the odor of plants of remote origin mix with the smell of the tides themselves; and the colors create an atmosphere draw by the objects that reflect them. The light colored bright wood and the small stone, the white marble and the adobe, the basalt and the limestone, the red ruff floor contrasts with the (more or less) strange plants that have long or thick forms, with narrow, small, thorny, soft, dark, bright leaves and unknown flowers and fruits. This feeling of oddity and surprise of a Place that suggests another Place, happens in a spasmodic way along the parallel movement of the “Sea”, which is always here. It stretches the Garden’s space and makes it into an almost unlimited space like the Natural spaces. Is it possible for a Garden to represent a Landscape and mix its limited space with the space of an unlimited Nature? Gardens are narrow and long strips of the same width whose length changes just as if this dimension depended on what is strictly necessary for this Space to become a Site. Each Garden is a Place built on a Site. Each Garden is a Place that


tornar um Sítio. Cada Jardim é um Lugar que se construiu sobre um Sítio. Cada Jardim é um Lugar que configura uma Paisagem. Como se se tivesse inventado um Sítio específico para cada Jardim: a topografia constitui-se como planos inclinados, horizontais ou ondulados. Nas depressões acumulou-se água, ou foi retida por laminas. A vegetação está disposta de tal forma que contem espaços ou os direcciona, abrigando-os por vezes do ‘percurso’ do sol ou do vento. Os Lugares constroem--se sobre os Sítios: percursos significam movimentos; muros, estrados e pavilhões significam abrigo para pessoas, plantas e até animais. As Paisagens são construções imensas, que transformam e incorporam as Naturezas que lhe são subjacentes. Pode um Jardim representar uma Paisagem e representar aquilo que surge da necessidade, naquilo que interroga a nossa memória? A nossa memória identifica os lugares desconhecidos a partir dos que conhecemos. A nossa existência num determinado Lugar identifica-nos com o carácter desse Espaço e com a sua Matéria. As plantas e os materiais constroem os Jardins de forma diferente: se o fizéssemos repetindo a mesma forma com matérias diferentes, teríamos Lugares diferentes. Talvez daí venha a estranheza dos diversos Lugares que cada Jardim configura, ainda que nunca tivéssemos estado nessas Paisagens longínquas. Poderá um Jardim representar uma Paisagem, através da sua Matéria e dos Espaços que a constroem? Experimentemos, então, percorrer caminhos singulares que se contorcem sobre si próprios, que se dispõem paralelamente, que se bifurcam e dividem, que se cruzam até se confundirem com o próprio limite. Experimentemos permanecer imóveis sob um coberto ensombrado, e contemplar as plantas na sua ordem e na sua desordem, os planos de água parada ou em movimento, e o céu que tudo contém. Talvez ao fim de algum tempo, no silêncio que o ‘Mar’ vizinho nos faz escutar, a nossa memória se dirija para Paisagens distintas, que desconhecemos talvez, e talvez nunca venhamos a experimentar. Poderá a Memória lembrar aquilo que desconhecemos? (J. Gomes da Silva)

configures a Landscape. As if it had made up a specific Site for each Garden, the topography is formed by sloping, horizontal or rippled plans. In the depressions, the water hoarded or it was held by slabs. The vegetation stands in such a way that it holds the spaces or directs them. Sometimes it protects them from the sun or the wind’s trajectory. The Places are built on Sites: routes mean movements. Landscape are huge constructions that transform and integrate the underlying Natures. Is it possible for a Garden to represent a Landscape and represent what comes from need, in that which questions our memory? Our mind identifies unknown places from those we know. Our existence in a specific Place identifies us with the character of that Space and with its Substance. Plants and substances shape the Garden in different ways: if we build it by repeating the same shape with diferents materials we will obtain different Places. Perhaps that is where the oddity of various Places configured by each Garden comes from, although we never went to those remote Landscapes. Would it be possible for a Garden to represent a Landscape through its Substance and the Spaces that build it? Then, let’s try to walk through unique ways that twist, that stand in parallel, that split and divide themselves,that cross one another until they mix up with their own limit. Let’s try to remain still under a dark cover and contemplate the plants in their order and disorder, the water plans, either still or moving, and the sky that contains everything. Perhaps after a while, in the silence that the neighboring “Sea” makes us listen to, our memory will do towards distinct Landscapes that we may not know and that we may never know. Would the memory be able to remember what we do not know? (J. Gomes da Silva)



Implantação dos Jardins | Gardens Location

1

1. Jardim África | Africa Garden 2. Jardim Macaronésia | Macaronesian Garden 3. Jardim Brasil | S. Tomé | Brazil | Cabo Verde Garden

© Duarte Belo

4. Jardim Goa | Goa Garden 5. Jardim Macau | Macau Garden

1.

© Duarte Belo

2

2.

© Duarte Belo

3

3.

© Duarte Belo

4

4.

© Duarte Belo

5

5.


Jardim Macau | Macau Garden


Jardim Goa | Goa Garden



Jardim Brasil / S. TomĂŠ | Brasil / S.Tome Garden



Jardim MacaronĂŠsia | Macaronesian Garden



Jardim Ă frica | Africa Garden



nome do projecto | name of project JARDINS GARCIA DE ORTA GARCIA DE ORTA GARDEN’S data do projecto | project date 1994 data de execução | completion 1994 - 1998 localização | localization Expo’98 - Lisboa - Portugal cliente | client Parque Expo’98, SA área | area 14 300 m2 custo de obra | cost € 1 047 475,58 € 73,25/ m2

autores | authors João Gomes da Silva, Inês Norton de Matos, R. Salema, L.Cheis, J. Adrião coordenador de projecto | project coordinator João Gomes da Silva colaboradores | collaborators Helena Pato e Silva, S. Carmo Pereira, P. Cardoso, C. Correia engenharia de estruturas | structural engineer F. Rodrigues engenharia hidraulica | hidraulic engineer J. Campos Infraestruturas | Infrastructures Grande Ribeiro, Lda. Iluminação | Lightning Joule, Lda.


n. 14 ‘TERRAÇOS DE BRAGANÇA’ PROJECTO DOS ESPAÇOS EXTERIORES | LISBOA LANDSCAPE FOR ‘TERRAÇOS DE BRAGANÇA’ RESIDENTIAL | LISBOA

CONDIÇÕES PRÉVIAS 1 O Projecto de Espaços Exteriores é fortemente condicionado pela presença de vestígios arqueológicos, conforme tem sido abordado ao longo das faces anteriores deste projecto. Estes condicionamentos levantam questões de diversos níveis como sejam as que se referem ao processo de musealização, de acesso e utilização do espaço, dado tratar-se de um condomínio. 2 A questão da musealização prende-se com os critérios de avaliação e identificação dos vestígios em causa, a possibilidade de comunicação e preservação dos mesmos, o que implica a estabilização e protecção aos elementos considerados importantes, bem como a comunicação e informação da sua identidade e valôr histórico. 3 A questão da acessibilidade ao local põe o problema da dificuldade que a própria topografia estabelece, e dos critérios de acesso quer do interior dos edifícios do lote ao próprio

It is a project that combines the need to preserve archaeological traces found on the site and the new urban housing development programme. On the one hand the heritage conservation project implies the evaluation of the most important elements that must be preserved – Muralha Fernandina (a wall from the XIVth century) and Torre Albarrã (Muslim tower) – and on the other hand the spatial functionality of the site. The project can be considered as a reinterpretation of a former spatial organization - found in ancient cartography - where the terraces were the structural approach to the topographical context. The project proposal makes use of the terraced topography – with stairs and retaining walls -, the archaeological traces and pondered selection of vegetation, through the creation of a garden as a way to intensify the experience of the place.


logradouro, quer do exterior do lote (público) ao mesmo, com a eventual devassa do espaço privado que a questão acarreta. 4 Por último, a necessidade de construção do volume de estacionamento enterrado e a geometria da sua implantação, obriga ao levantamento de determinados troços de estruturas arqueológicas, o que implica a selecção de critérios de reposição e identificação dos elementos afectados, sem perda do valor de caracterização e identificação dos mesmos.

METODOLOGIA 5 De acordo com o parecer sobre a Musealização dos vestígios, considera-se como critério a adoptar, a valorização e destaque dos vestígios da Muralha Fernandina e da Torre Albarrã. A preservação e ao recuperação dos vestígios arqueológicos, deverá ser feito em Projecto específico. 6 É proposto um sistema contido e minimizado de circulação entre as várias zonas, com identificação clara e inequívoca dos percursos e das zonas de contemplação, aonde poderá ser localizada a informação sobre os elementos. 7 É proposto um desenho predominantemente vegetal, através do uso de diferentes estratos da vegetação em toda a área, distribuindo volumes isolados de árvores com maior espressão a Norte, e a maior abertura volumétrica na zona dos vestígios e de maior abertura de vista à Paisagem do Rio. Neste sentido propõe-se um espaço de Jardim de carácter bastante natural e não formal, que utilize como elementos fundamentais da sua composição, os vestígios, a modelação da topografia através de muros de suporte e escadas, e a vegetação.

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO 8 Assumindo a descontinuidade topográfica como a mais forte

característica do espaço, podem diferenciar-se os seguintes elementos do espaço: conjunto muralha/ torre; descontinuidade (muros e talude) longitudinal; plataforma superior (31,50m); niveil intermédio (29,00m); e níveis inferiores contíguo aos edifícios (28,00m e 30,00m). 9 O conjunto da muralha e torre estão implantados nas cotas superiores e constituirão o elemento de maior destaque. Procura-se destacar volumetricamente em relação ao solo, ambos os elementos, recorrendo para isso a um acerto de cota (+0,90m acima do plano de solo). A parte demolida para


construção do estacionamento, será reconstruida com recurso a taipa vertida, mas de forma diferenciada, de acordo com projecto de musealização. 10 A plataforma superior será predominantemente vegetal, com superfícies pavimentadas de forma a assegurarem as ligações de acesso mínimas e fundamentais. 11 O conjunto de vestígios da fábrica Jenssen, foi quase totalmente desmontado na zona de construção do estacionamento subterrâneo, sendo os seus materiais pétreos (trata-se de uma alvenaria irregular de pedra e argamassa) reservados. Serão nivelados e estabilizados por níveis de plataformas descendentes, apenas os troços dos vestígios na plataforma inferior. Este será desnivelado relativamente à torre albarrã, para melhor identificação desta. Os espaços intersticiais serão revestidos por uma vegetação caracterizada por tapetes de musgo, fetos e gramíneas em contraste com um revestimento de saibro, criando assim um contraste e leitura do conjunto. Será conservada a estrutura circular do poço, sendo reinstalados os revestimentos internos do mesmo, e colocada uma tampa em pedra de lióz para segurança dos utilizadores. 12 Os taludes serão modelados de forma a estabilizar o perfil do solo e a diminuir a descontinuidade actualmente existente. A modelação dos taludes deverá absorver o volume enterrado do estacionamento, e o elemento de ventilação. A plataforma ou terraço, do lado Norte, possibilita a criação de uma zona de estar mais ensombrada, e relaciona-se com o elemento de ventilação do estacionamento através de uma escada. O talude será atravessado por um percurso junto ao edíficio 1 sobre a forma de escada, que assegura o acesso entre a parte inferior e superior do Jardim. No troço Norte do jardim será plantado um Umeiro e cinco Zelhas, e alguns maciços de arbustos, de forma

a contrastar com o recorte da muralha existente, e criar uma zona mais fresca. Na zona superior sob coberto do edifício, será instalado um revestimento vegetal apropriado, dominado por maciços de fetos, musgo e relvado de sombra, atravessada pelo pavimento em saibro. A transição entre este plano e os planos intermédios e inferior, é marcada por uma descontinuidade de maciços arbustivos persistentes, localizados no terço superior dos taludes ou no topo dos muros de suporte. Os taludes de transição serão revestidos no seu terço médio e inferior por um prado alto com bolbos de floração (azul) primaveril (em continuidade com a plataforma superior a norte). 13 A zona inferior contígua aos edifícios da Rua do Alecrim será bastante mais aberta em termos de vegetação, evitandose no entanto a criação de um percurso paralelo e próximo aos edifícios, de forma a evitar devassa do piso próximo. Serão previlegiados os acessos perpendiculares aos edifícios e talude, que asseguram ligação à parte superior do Jardim. A


zona inferior será revestida com prado com bolbos de outono (côr branca). 14 Os acessos ao Jardim são feitos directamente de cada edifício,. Prevê-se ainda um acesso a Norte, a partir da Rua do Alecrim, de utilização exclusiva ao Condomínio, um acesso a partir da passagem pública a sul, e ainda outro a Este feito pela Rua António Maria Cardoso, entre o edifício 1 e 2, e entre o edifício 1 e o lote contíguo. A passagem publica a sul e o acesso privado a norte a partir da rua do Alecrim, serão identificados pela presença de olaias de floração branca.

VEGETAÇÃO 15 O jardim está implantado numa encosta exposta a poente, composta por diversos taludes e plataformas, configurando um quadro ambiental de suporte, com características microclimáticas bastante extremas (quente/ frio e húmido/ sêco), e bastante ensombrado pela presença dos edifícios. A vegetação proposta é constituída por um leque de plantas autócnes, aos níveis arbóreos (Ulmus procera x resista; Acer monspessulanum), arbustivo (Quercus coccifera, Myrtus communis, Pistacia lentiscus), e herbáceo (fetos diversos, gramíneas e bolbos). Todos as restantes superfícies no jardim, são revestidos com prado de forma a não criar descontinuidades. 17 É proposto para as coberturas de todos os edíficio um revestimento com um tapete de musgo “Xeroflor”, existindo ainda no ultimo piso do edifício 3 uma zona de relvado, para uso exclusivo do mesmo.


PAVIMENTOS

MUROS

18 Todo o espaço é caracterizado pela utilização de saibro, da calçada de vidraço ou de basalto, sendo esta última utilizada nas situações onde possam existir circulação automóvel. A calçada de vidraço é utilizada essencialmente nos acessos pedonais públicos e privados. Na zona coberta do jardim, será aplicado o pavimento em saibro.

19 A sustentação de algumas plataformas será feita a partir de muros de suporte com características construtivas mistas, betão estrutural e revestimento em taipa, de forma a criar continuidade material com a muralha existente, sendo os remates e escadas assegurados por peças de lióz com acabamento escudado.

nome do projecto | name of project ‘TERRAÇOS DE BRAGANÇA’ PROJECTO DOS ESPAÇOS EXTERIORES

arquitectura paisagista| landscape architecture Global, arquitectura paisagista

LANDSCAPE FOR ‘TERRAÇOS DE BRAGANÇA’ RESIDENTIAL data do projecto | project date 1997 - 2003 data de execução | completion - 2004 localização | localization Lisboa - Portugal cliente | client IMOPÓLIS autores | authors arquitectura | architecture Álvaro Siza

responsabilidade técnica | responsibility tecnica João Gomes da Silva colaboradores | collaborators Sebastião Carmo-Pereira, Arqtº Paisagista Paula Gomes da Silva, Arqtª Paisagista consultores | consulting Doutor Fernando António Baptista Pereira, Historiador Dr. António Freitas Tavares, Geólogo



n. 29 PAISAGEM PARA A POUSADA DA JUVENTUDE | VIANA DO CASTELO

A implantação do edifício da Pousada, contorna e liberta um conjunto de árvores de grande porte, que vêem a preencher a quase totalidade do interior do lote. A sua presença determinam não só a posição e distribuição dos corpos do edifício, como também o carácter do espaço exterior. A configuração arquitectónica e a sua ocupação do lote definem dois espaços exteriores de forte relação com a vivência interior: o pátio arborizado; e um terraço virado a Sul. O primeiro, contido na sua totalidade, é composto por um percurso de distribuição exterior ao edifício, e de ligação ás rampas de serviço. Um conjunto de outras rampas, completa este movimento centripeto, de acessos do centro do pátio, aos dois pisos do edifício. O pátio é relvado na sua zona central, na qual se posicionam as arvores existentes, com muito poucas alterações ao relevo. No limite Poente, um Muro contem um plano de água, e separa o Pátio do Estacionamento exterior. Os materiais utilizados são bastante comuns e de facil aplicação: gravilha de granito estabilizada, betão com endurecedor colorido, e calçada de paralelos de granito. O plano de água utiliza chapas de aço tratado, tão comuns à industria naval de Viana.

O terraço a Sul, elevado do terreno limitrofe, e virado ao Rio Lima, é construido com uma estrutura de madeira do tipo ‘deck’, no qual se abre uma floreira, densamente plantada com Rododendros. Foi instalado um sistema de rega fixo e automático que permite reduzir o trabalho de manutenção ao mínimo indispensável, de limpezas. Foi igualmente instalado um sistema de recirculação de água, de forma a garantir uma economia e qualidade mínima da água do tanque.


nome do projecto | name of project PROJECTO DE ESPAÇOS EXTERIORES PARA POUSADA DA JUVENTUDE DE VIANA DO CASTELO data do projecto | project date 1997 data de execução | completion 1998 localização | localization Viana do Castelo - Portugal cliente | client Instituto Português da Juventude autores | authors João Gomes da Silva, R. Salema coordenador geral | arquitectura project coordinator | architecture João Luís Carrilho da Silva coordenador de projecto | project coordinator João Gomes da Silva colaboradores | collaborators Inês Norton, Jacopo Pellegrini rega | irrigation Bartolomeu Perestrelo


n. 31

PROJECTO DO PARQUE URBANO DE CAXINAS | VILA DO CONDE PROJECTO DO PARQUE URBANO DE CAXINAS | VILA DO CONDE

LOCALIZAÇÃO E SÍTIO O sítio do Parque localiza-se bastante próximo da linha de costa do antigo núcleo de Caxinas, caracterizado pelo seu loteamento estreito e alongado, perpendicular ao mar. A sua relativa interioridade, não lhe retira porém a sujeição aos fortes ventos salgados do mar que varrem toda a costa e zonas adjacentes até a uma determinada distancia para o interior, e ao ambiente duro que caracteriza a vida das populações de pescadores, como foi Caxinas. O sítio inscreve-se numa plataforma costeira de formação quaternária, que justifica a pendente geral de cerca de 4% na maioria da área. Apesar dessa característica, o terreno apresenta alterações topográficas intensas, resultante de terrapleno diversos e depósitos de solos e entulhos, descaracterizando aquilo que seria a morfologia original. A vegetação visível na zona de Caxinas apresenta sinais evidentes de eolo-morfismo, resultantes da acção dos ventos marítimos e salgados. São visíveis formações espontâneas de vimeiros junto a praia, que confirmam a sua distribuição ecológica como adaptas ás condições da zona e definem

o ecotipo de referencia ao estabelecimento da vegetação na zona. Como arquétipo da vegetação potencial (em termos de adaptação ecológica) surge a seguinte tipologia, que deverá ser entendida como referência na procura das espécies de equivalência ecológica: (a) formações herbáceas e subarbustivas rasteiras, de características halofitas e higrofilas; (b) formações arbóreas e arbustivas de características halofitas e higrofilas; (c) mata ribeirinha de composição mista e estratificada

TIPOLOGIA De acordo com o modelo proposto pela Arquitectura, o Parque Caxinas desenvolve-se de acordo com a tipologia de Jardim Urbano Murado, que se caracteriza pela sua delimitação total através de muros e vedações; pelas entradas bem definidas; e pela distribuição de um programa fragmentado composto por pequenos pavilhões, integrados numa estrutura de percursos que atravessam um coberto vegetal dominante em toda a área. As particularidades topográfica, sugeriram a implantação de um lago numa zona deprimida.


área total do Parque murado sem os edificios: 30.436 m2 (100%) área pavimentada: 5.806 m2 (19%) área verde: 22.697 m2 (75%) área do lago: 1.933 m2 (6%)

PROPOSTA DE ESTRUTURA ESTRATÉGIAS Modelação do Terreno Recuperação do relevo pré existente, e adaptação aos perfis de vias adjacentes. Modelação de estruturas do tipo dunar, de forma a criar um conjunto de áreas abrigadas ao vento (sotavento) e um conjunto de áreas expostas.

Estrutura vegetal Estabelecimento de um sistema de ‘cunhas’ sebes de Salix e Pyrus, de forma a possibilitar o crescimento de vegetação a sotavento. Plantação de um grande maciço de Mata. Desenvolvimento do tema higrofilo em torno do lago. Diferenciação de ecotopos (lugares de vegetação diferenciada pela ecologia). Plantação de orlas temáticas, com diversas orientações nos limites. Marcação de lugares com espécies exóticas.

Estrutura ecológica Desenvolvimento de um grande maciço estratificado e diversificado, composto por espécies espontâneas da mata Ribeirinha, e das fases seriais da progressão interdunar marítima ou lagunar interior, articuladas com espécies exóticas em situações particulares, mas com afinidades e equivalências ecológicas, com os seguintes ecotipos:

(a) Estabelecimento de uma zona de Mata Climácica, com subcoberto de formações arbustivas, subarbustivas e herbáceas em regime de sequeiro (excepto durante período de instalação) (b) Estabelecimento de uma zona de sebes em formação de cunha eólica, com formações arbustivas, subarbustivas e herbáceas, sobre prado, em regime de regadio permanente. (c) Estabelecimento de uma zona de clareira com formações subarbustivas e herbáceas em regime de regadio permanente.

Pavimentação Propõe-se dois materiais de revestimento de pavimentos, adaptados as circunstancias da sua instalação: areão grosso e rolado em superfícies de declive inferior a 3%; e calçadas de granito de dimensão variável nas restantes situações, bem como em passeios pedonais exteriores ao recinto do Parque.

Sistema de Rega Propõe-se a instalação de um sistema de rega fixo e automático, sectorizado, e alimentado a partir do reservatório que constitui o lago. Os sectores relativos a parte poente do Parque serão dotações de rega dimensionado para uma rega durante tudo o período de estiagem e de stress hídrico. Os sectores relativos a Mata serão utilizados durante o período de instalação (3 a 5 anos), e ocasionalmente em períodos de carência hídrica. A alimentação do lago faz-se preferencialmente a partir de furo localizado no recinto do parque.


nome do projecto | name of project PROJECTO DO PARQUE URBANO DE CAXINAS LANDSCAPE TO CAXINAS URBAN PARK data do projecto | project date Out. 2001 localização | localization Caxinas - Vila do Conde cliente | client Câmara Municipal de Vila do Conde coordenador geral | project coordinator Álvaro Siza Arquitecto, lda. arquitectura paisagista | landscape architecture Global, Arquitectura Paisagista, lda. coordenador de projecto | project coordinator João Gomes da Silva colaboradores | collaborators Jacopo Pelegrini, Catarina Raposo, Sebastião do Carmo Pereira rega | irrigation Bartolomeu Perestrelo



n. 36 PROJECTO DE ESPAÇOS EXTERIORES ‘MUSEU MARÍTIMO DE ILHAVO’ | ILHAVO LANDSCAPE TO ‘MUSEU MARÍTIMO DE ILHAVO’ | ILHAVO

O Projecto dos Espaços Exteriores do Museu Marítimo de Ilhavo, trata de duas zonas distintas: os espaços exteriores públicos, que enquadram e integram a nova imagem dada pela renovação da fachada do Museu, criando uma nova frente para o espaço público, e o espaço interior ao museu, privado e contido pela nova arquitectura e pelos muros limítrofes que o envolvem.

O jardim

Os trabalhos previstos nesta fase de projecto, referem-se a pavimentações, sistematização de acessos, e plantações, bem como a trabalhos complementares, nomeadamente a rega, a drenagem e o desenho de estruturas ligeiras, em madeira, ferro ou betão.

Propõe-se a pavimentação com materiais inerte do tipo grevilhas ou equivalente e a plantação de arbustos em canteiros geométricos e alinhados. Entre estes prevêm-se passagens em madeira, de forma a quebrar a linearidade dos canteiros.

O espaço público Paralelamente à renovação da fachada principal, pretendese recriar o espaço de frente do Museu, através da criação de um espaço público, integrado na avenida principal mas com um tratamento directamente relacionado com o ‘novo’ Museu. Propõe-se a demolição do pavimento existente e a introdução de um pavimento liso em betão com endurecedor de superfície, que envolverá todo o edifício, salientando-o como unidade no contexto em que se insere. Prevê-se tambem a criação de 16 lugares de estacionamento paralalos à avenida principal. O acesso à entrada principal, será feito por rampas com diferentes pendentes e sentidos, onde se pretende utilizar a chapa em ferro para contenção das mesmas, evocando desta forma a matéria utilizada na construção naval. As rampas serão revestidas com material inerte, de origem marítima ou não, e com texturas diferenciadas. As rampas permitem o acesso, mas tambem a disposição de objectos náuticos. O restante da Praia, será um espaço livre, equipado com alguns bancos, e uma árvore plantada em caldeira. A sudeste, o passeio será pontuado por árvores plantadas em caldeira, e ritmado por rampas em betão que fazem o acesso ás diferentes salas do museu, permitindo desta forma a circulação de objectos de arte naval de porte elevado.

Este espaço interior e privado é limitado pela nova arquitectura do edificio e pelos muros revestidos a pedra que o envolvem. O acesso é feito a partir do interior do Museu, através de um estrado em madeira que se sobrepõe ao grande plano de água, e que caracteriza este espaço de jardim.

O jardim caracteriza-se pela naturalidade dos materiais a empregar, promovendo um espaço de contemplação, quer a partir da esplanada sobre o lago refectindo a envolvente, quer a partir da descoberta da vegetação, através do passeio pelas formas simples e claras do jardim. Nesta proposta são contemplados ainda dois outros espaços de acessos secundários e laterais, e com funções de armazenamento de material, cujo tratamento será igualmente caracterizado pelo revestimento das paredes dos muros com pedra pavimento em gravilhas. Será instalado um sistema de rega fixo e automatizado, no jardim do museu.



nome do projecto | name of project PROJECTO DE ESPAÇOS EXTERIORES DO MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO LANDSCAPE TO ‘MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO’ data do projecto | project date 1999 data de execução | execution date 2000 localização | localization Ilhavo - Portugal cliente | client Câmara Municipal de Ilhavo autores | authors João Gomes da Silva Helena Pato e Silva coordenador geral | project coordinator ARX Portugal, lda coordenador geral | project coordinator João Gomes da Silva colaboradores | collaborators Jacopo Pelegrini, Catarina Raposo, Pedro Cardoso, Luís Alçada Baptista hidraulica | hydraulic BartolomeuPerestrello medições | measures Henrique Ferrão Caos, Estudos Técnicos, Lda.



n. 36 JARDIM DAS ONDAS | LISBOA | PORTUGAL

O “Jardim das Ondas” surge do diálogo entre duas disciplinas: arquitectura-paisagista e artes plásticas. Arquitecto e artista propuseram a criação de um espaço de lazer para os visitantes da EXPO’98. A sua execução é parte da transformação projectada na margem do Tejo, em Lisboa, para a Exposição Mundial de 1998. Inspirando-se directamente nas formas resultantes do movimento das águas, foi concebido o projecto de um jardim de relva onde se modelasse o terreno estritamente, através de curvas de nível que emulassem o ritmo das ondas ao formar-se e ao rebentar. O projecto consiste na utilização do solo como matéria de deformação, e no seu recobrimento com relva como material de acabamento. A sua proximidade relativamente ao plano de água do rio, bem como a sua posição em relação ao movimento aparente do sol, possibilitam o seu uso como superfície praticável e disponibilizam um lugar de contemplação. Água, luz e vegetação tornam-se desta forma os materiais de sensorialidade perante o espaço aberto. A superfície surge ondulada, escavada ou aterrada, de acordo

The “Jardim das Ondas” was born out of the dialogue between two disciplines: landscape architecture and fine arts. Architect and Artist aimed their work at providing a recreational space for visitors to EXPO’98. Their intervention is part of the projected transformation of the bank of the River Tagus band in Lisbon undertaken for the Word Exhibition of 1998. Directly inspired by the movement of the waters, the project was conceived as a grass garden where the terrain was strictly modelled as levels of curves that emulate the rhythm of the making and breaking of waves. The land is used as a construction material, with grass as covering or finishing material. Both its relative proximity to the river and its positioning with regard to solar movements, enable this use and provide a place of contemplation. Water, light, and greenness thus turn into sensory matter that comes together in an open space. The surface appears wavy, excavated, or buried, according to a general strategy defined on a basis of two methods: the transformation of the terrain by means of systematic and rigorous bidimensional cuts, on the one hand, and mechanical modelling of the sandy ground,on the other. Once in situ


com uma estratégia global definida a partir dos modelos. A sua conversão para o terreno é feita a partir de sistemáticos cortes rigorosos bi-dimensionais, e de trabalho mecânico de modelação de solo arenoso. No entanto a realidade demonstrou que apenas a direcção do trabalho no local pelos autores, e o recurso ao trabalho manual, levaram aos resultados que se perseguiam. A fotografia a partir de ângulos elevados ou aéreos, complementou a possibilidade de construção. O revestimento foi feito com tapetes de relva pré-fabricados, cuja composição é preduminantemente de Festuca Ovina v. duryuscula conhecida pela sua tonalidade esmeralda e pela

and under the direction of the authors, pratice demonstrated that the desired effects could be obtained by manual means. Curved steel panels embedded into the ground were used for the definition of certain spaces, and as retaining walls for the earth. Aerial photographs or images taken from higher levels were used to assist the construction. The covering was carried out with rolls of natural grass, whose composition is predominantly Festuca ovina v. duryuscula, chosen because of its emerald tone and its resistance to treading. The surface was cut to an average height of 5 cm, while the sloped planes were left uncut, producing an intentionally


sua resistência ao pisoteio. A superfície é cortada a uma altura média de 5cm, sendo os planos inclinados mantidos sem cortes, produzindo uma textura diferenciada e intencional. Toda a superfície é regada a partir de um sistema fixo, invisivel e automático de forma a criar resistência ao material nos meses em que o clima mediterrânico de Lisboa tende a diminuir a sua vitalidade. Pela dimensão da superfície próxima de um hectare, as suas formas são como vibrações, elevações ou mesmo grandes deformações do solo verde, que se apresentaam quase abstractas à percepção imediata. No entanto, a sua estrutura

differentiated texture. The whole surface is watered through a fixed, invisible, and automatic system, so that the materials resist the effect of the months in which Lisbon’s Mediterranean climate tends to diminish their vitality. Over a surface of approximately one hectare, the forms are like vibrations, elevations, and also great formations of green grond, which initially seem almost abstract. In contrast, as we move away, the general structure appears, and the distance allows us to understand that which, up close, seemed unintelligible. The project was built in 1998.


geral é perceptível quando nos afastamos no céu e a distância nos permite compreender aquilo que de próximo nos é incompreensível.

Silva, J. G. e Fragateiro, F., 2000, “Jardim das Ondas” in Rosado, A.C. (Dir.) Co-Laborações, Lisboa, Parque Expo’98, S. A..

This project received the following awards: ‘Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura’, May 2004, Public Spaces of Expo’98 Park’, 1998, co author with Manuel Salgado, Arch., Câmara Municipal de Lisboa, 2004. ‘Environment Design Awards - National Design Awards ‘(Centro Português de Design) Public Spaces EXPO’98

nome do projecto | name of project JARDIM DAS ONDAS data do projecto | project date 1997 data de execução | execution date 1998 localização | localization Lisboa | Portugal cliente | client Parque Expo’98, SA autores | authors Fernanda Fragateiro João Gomes da Silva coordenador geral | project coordinator Risco, Manuel Salgado coordenador geral | project coordinator João Gomes da Silva


n. 45 PAISAGEM PARA O BAIRRO DA MALAGUEIRA | ÉVORA LANDSCAPE FOR ‘BAIRRO DA MALAGUEIRA’ | ÉVORA

O desenvolvimento do ‘plano de pormenor da Malagueira’ (1979) e a sua concretização como expanção da cidade para oeste (cerca de 30 ha) gerou um complexo tecido de edificações, espaço aberto e de paisagem, que foi sistematizado através de um plano de estrutura verde (1987) e realizado posteriormente ao longo dos anos. O sistema de espaços abertos, constitui uma paisagem urbana que se encontra em relação directa com o centro histórico e com a paisagem rural envolvente atravessando a linha de água do Turgela e integrando-se no espaço urbano através de um parque. Em contraste com este espaço de grandes dimensões (cerca de 9ha), estão também projectados cerca de 30 espaços urbanos de pequena escala e de diversas tipologias (praças, jardns, praças públicas, vias) que constituem a paisagem próxima. O espaço central que integra o rio foi concebido como um espaço de continuidade com a paisagem envolvente quer seja do ponto de vista espacial, quer seja na sua materialidade e atmosfera. Por este motivo a matéria vegetal é autóctone e de origem local, tornando-se um factor de sustentabilidade e definindo a estética da proposta, tal como um sistema de recolha de água por irrigação.

The extension of medieval center of Évora, in context with the ending of revolutionary Agrarian Reform in the seventies in Portugal, brought the problem of finding architectonic and urban answers to problems of language and scale, as well as problems of relation and continuity between rural and urban landscape. Called by Évora Mayor, Portuguese architect Álvaro Siza proposed an urban form developed over a theoretical position recognized (years after) as Critic Regionalism. This urban model created an urban fabric developed upon extensive architectonic and urban typologies, which recognizes preexisting conditions such as natural drainage system and agricultural structure of Quinta da Malagueira. Landscape project recognizes and develops concepts and spatial evidences from the urban fabric, based on the idea of a fundamental structure (in continuity with the Landscape and natural systems) and a fragmented small scale spaces (such as squares, patios, and gardens). As a resident LandscapeArchitect, we participate along almost a decade in the process of planning; designing and building this place both at urban


and landscape scale. The central area, a 13 ha area in continuity with surrounding rural landscape, was intended as a park made of connective open space. Topographic restoration, ecological regeneration, and water cycle management, complemented a contemporary language made of regional materials as granite, marble and adobe, creating a public landscape in close relation

with historical profile of medieval Évora, a UNESCO heritage town.



nome do projecto | name of project PAISAGEM PARA O BAIRRO DA MALAGUEIRA LANDSCAPE FOR ‘BAIRRO DA MALAGUEIRA’ data do projecto | project date 1987 data de execução | execution date 1987-1991 localização | localization Évora - Portugal cliente | client Câmara Municipal de Évora área | area 90 000m2 autores | authors João Gomes da Silva Álvaro Siza coordenador geral | project coordinator Alvaro Siza


n. 49 NOVO JARDIM PARA O PALÁCIO DE BELÉM | LISBOA NEW GARDEN TO BELÉM PALACE | LISBON

CONCEITO A proposta de construir uma nova ala articulada com o conjunto de edifícios que compõem o Palácio de Belém, é inseparável da proposta de construir um novo Jardim a ela ligado. O espaço do Palácio e dos seus Jardins desenvolveu-se de uma forma sedimentar e orgânica desde a sua origem, articulando-se Edifícios, Jardins e Pátios, de forma consequente e harmoniosa. O edifício original (Arrábida) ocupa um afloramento basáltico destacado do relevo suave envolvente, conjuntamente com a plataforma do Jardim anexo (cota 19). A ‘villa’ que com ele se articulou, criou uma topografia artificial através da construção de diversas plataformas que contêm o Jardim do Buxo e o Pátio dos Bichos (cota12), e o Jardim dos Viveiros (cota 15), que lhe servem de embasamento e extensão. O edifício de D. Carlos constituiu uma ultima extensão significativa, que se veio posicionar no eixo de uma das duas rampas frontais ao Palácio, e que simultâneamente veio definir o espaço do Pátio das Damas (simétrico ao Pátio dos Bichos). O espaço a Norte que se estende até ao limite com o Jardim Tropical, e até ao contorno do antigo Tanque de rega construido por Dª Maria está actualmente ocupado por talhões

The project refers to a new garden and building wing of the Palace of Belém. The project integrates both architecture and landscape Program and Construction problems. The project of a new wing corresponds on the growing necessity for functional areas for the Presidents staff. The new Garden complements the needs for open representation spaces. The new building follows the typological principle of the Palace, the constructions creating hanging platforms for Gardens. The Garden itself, creates thermic and acoustic isolation for the building. The space of the new Garden is a platform of fine grass with a triangular shape, limited by several types of vegetal hedges, and rhythmed by a line of conical yews. Their scale, form and darkness creates the feeling of giant anthropomorphic figures, standing in one line and creating a vertical and virtual plane. The president is expected to speak to the public against this scenic presence. The space of the Garden becomes the representation of Power.


relvados irregulares recortados por vias pavimentadas, e serve fundamentalmente como estacionamento temporário e permanente. Esta zona contrasta com as restantes plataformas, pela sua forma mais orgânica e pela função mais indefinida, resultando uma imagem algo confusa em relação ao conjunto. O Jardim do Buxo tem uma função essencialmente de representação, constituindo um espaço de cenário, utilizado em situações de circunstância. O Jardim dos Viveiros proporciona um espaço de recepção em circunstâncias em que o acesso não se faz directamente para o Palácio a partir do Pátio dos Bichos, mas sim em direcção a este através da escadaria lateral pelo Jardim Novo. Este espaço tem sido utilizado também para recepções ou acontecimentos no exterior, com o inconveniente de necessitar da instalação de um estrado sobre os ‘parterre’, o que o torna desadequado a esta função. As instalações para aves encontram-se totalmente desactivadas, servindo actualmente como armazens.

PROPOSTA A localização do novo edifício na sua posição semienterrada, cria uma situação tipológicamente afim ao Pátio dos Bichos/ Jardim dos Viveiros, no sentido em que a construção constitui o suporte da plataforma aonde se instala o Jardim suspenso. A sua posição perpendicular ao edifício de D. Carlos define claramente dois universos, o do Jardim Suspenso (a cota semelhante ao Jardim dos Viveiros) e o do Pátio inferior claramente vocacionado para os serviços e circulação. Pela sua posição o Jardim suspenso articula-se fácilmente com o Jardim dos Viveiros, pelo que poderá constituir um espaço funcionalmente complementar a este ao oferecer uma vasta área não obstruida que permite a realização de actividades exteriores (recepções, ‘cocktails’, ou comunicações) para grandes quantidades de convidados. Possui ainda uma fácil ligação alternativa ao Palácio e aos Serviços, bem como ao novo auditório e à Residência oficial do Presidente. A sua estrutura define-se como uma superfície coberta por relvado e delimitada por duas sebes de murta que recortam o limite poente. O limite nascente com relação para o pátio de serviço, é marcado pelo alinhamento de Teixos talhados em forma cónica, que definem um limite virtual e visual, e que é fisicamente sublinhado por um sebe baixa de alfazema. No seu centro, é rasgado um pátio de acesso ao auditório, cuja forma é repetida por um maciço de floração mais intensa que constitui um ponto focal. O alinhamento impressionante de Teixo articula lateralmente o volume misterioso do restaurante e da estufa. As florações sucedem-se desde o Inverno até pleno Verão. A relação com o Jardim dos Viveiros é mediada por um pequeno Jardim composto por sebes paralelas com alturas alternadas e recortes alinhados, que criam obstruções aos movimentos e olhares, com um sentido labiríntico. O seu percurso central é


marcado pela imponente Araucária, e permite o acesso lateral à zona dos Viveiros. Uma sebe contínua de loureiros ao longo do limite dos jardins, estabelece um ultimo plano vegetal ao conjunto, recintado pela nova vedação metálica que continua a abertura efectuada no Jardim Novo, em relação ao Jardim Tropical. Um movimento perimetral de segurança e de serviço, é possivel ao longo deste limite reformulado. O Pátio de Serviços, mantem no essencial os seus percursos pavimentados a basalto, e o canteiro central, no qual se efectuaram plantações que acentuam o tema dos Jacarandás e dos Limoeiros, acrescidos por um novo estrado herbáceo de abundantes florações. Uma sebe de Pilriteiros (de folha caduca) defendem a fachada nascente do sol baixo matinal no Verão, permitindo a entrada de luz no Inverno, e mantendo um

certo grau de intimidade aos escritórios. O tanque com o seu plano de água reflete o céu e as florações da sebe. O acesso à garagem subterrânea é contido por uma sebe de Pistacia que o sinaliza e dissimula. Estão previstos apenas alguns lugares de estacionamento à superfície junto ao edifício da actual Secretaria-Geral. Prevê-se a instalação de um sistema de rega fixo e automático que reduzirá as necessidades de jardineiros, libertando-os para a manutenção das estruturas talhadas dos Jardins e para as tarefas complementares às plantações. O sistema de drenagem foi reformulado no sentido de defender o novo edifício sob o Jardim, bem como as novas plantações.


Planta do conjunto dos Jardins do Palácio de Belém | Plant of all the Gardens of Palácio de Belém 1. Jardim das Sebes - Proposto | Jardim das Sebes - Proposed 2. Jardim dos Teixos - Proposto | Jardim dos Teixos - Proposed 3. Jardim Grande - Existente | Jardim Grande - Existing 4. Jardim dos Viveiros - Existente | Jardim dos Viveiros - Existing


Plano Geral | Master Plan 1. Sebe Loureiros | Lowel Hedge 2. Jardim das Sebes: Murta e Teixo | Hedges Garden: Myrtle and Yew 3. Jardim dos Teixos | Yew Garden 4. Teixos podados em cone | Cone-trimmed Yew 5. Sebe das Lavandas | Lavander Ledge


corte A

corte B

corte C

corte D

corte E


nome do projecto | name of project NOVO JARDIM PARA O PALÁCIO DE BELÉM (melhoria das instalações da p.r. construção de edifício para a reinstalação do arquivo e serviços de apoio) NEW GARDEN TO BELÉM PALACE data do projecto | project date 1998 data de execução | completion 2002 localização | localization Belém - Lisboa cliente | client Presidência da República

valor de obra | cost € 337 751,02 autor | author João Gomes da Silva com Helena Pato e Silva coordenador geral | general coordinator JLCG Arquitectos, lda coordenador de projecto | project coordinator João Gomes da Silva coordenador de obra | work coordination Victor Beiramar Diniz colaboradores | colaborators Jacoppo Pelegrini, Pedro Cardoso, Dahibi MacDomnhail projecto de rega | irrigation project Bartolomeu Perestrello



n. 66 CASA CARLOS ALEMÃO | PRAIA GRANDE LANDSCAPE FOR CARLOS ALEMÃO’S HOUSE | PRAIA GRANDE

OBJECTIVO Construção de um lugar de habitar na forma de uma casa e de um espaço de paisagem.

LOCALIZAÇÃO A propriedade onde se propõe construir este espaço de habitar exclusivo e unifamiliar localiza-se dentro do espaço do Parque Natural Sintra-Cascais, na Estrada do Rodízio e próximo da Praia Grande. O sítio do projecto localiza-se à cota do andar basal (0-150m) da vertente setentrional da Serra de Sintra, sendo a sua geologia formada por sedimentos calcário gresosos, que originam solos pobres e consequentemente conferem à vegetação um carácter xerotermófilo. A associação fito-climácica desta situação geográfica-ecológica é a Quercetum fagineae (quercofagetea), sendo o estrato arbustivo maioritariamente composto por Quercus coccifera (carrasco), Rhamnus alaternus (sanguinho das sebes), Olea europaea var sylvestris (zambujeiro) e Laurus nobilis (loureiro). Nesta localidade, como em quase todo o espaço da Serra de Sintra, a introdução de espécies sinantrópicas (ex. Acacia sp.) e as práticas agrícolas destruiu quase na totalidade a flora autóctone.

The main agenda behind this project was to built a place of dwelling whether in a shape of a house or of a landscape. The 2, 4 Ha property is located inside the Natural Park of Sintra-Cascais next to Praia Grande on the coast, just a few minutes outside of Lisbon. The landscape project interprets the evolution, structure and ocupation of the territory. The design for the landscape of the Carlos Alemão’s House superposes over a territory which has been transformed gradual and systematically over the years. The property’s spacety still contains some signs of the previous horticulture and agriculture use of the territory, which are reinterpreted to produce a new landscape space.


Na sua exposição atlântica e Norte predominam os ventos nornoroeste.

Características A propriedade é um espaço com cerca de 2,4 Ha, os quais estão ocupados com uma zona de canavial denso, de matos rasteiros, de acacial e com um povoamento misto de mato e de árvores. O sistema da vegetação existente é consequente de uma evolução que resulta do abandono das práticas agrícolas e hortícolas e do envelhecimento, invasão e domínio do acacial plantado nesta paisagem durante as décadas de 1950 e 1960. A evolução deste sistema determinou a ocorrência de matos mistos, constituídos por espécies normalmente associadas à associação fitoclimácica específica da localidade. As principais espécies arbóreas existentes são a Acacia sp., o zambujeiro (Olea europea var. sylvestris), o pinheiro manso (Pinus pinea) e pontualmente na zona baixa alguns ulmeiros (Ulmus procera) , bem como rebentamentos de sobreiro (Quercus suber) e de carvalhiça ou cerquinho. Das espécies arbustivas destacam-se Juniperus sp., Rhamnus sp., Ulex sp., Erica Sp., Quercus coccifera, Myrtus communis e a Rosa sempervirens. As herbáceas que revestem o solo e as situações de talude são na sua generalidade a Vinca minor, a Stipa gigantea e a Brizia lagunus. Os solos são argilo-franco arenosos e o seu índice de degradação está associado à natureza do seu uso no passado e às características da vegetação que actualmente o ocupam. A morfologia do terreno da propriedade corresponde a um cabeço proeminente e uma encosta exposta a Noroeste e a Norte, com declive médio de 25%. No espaço da propriedade não existem quaisquer elementos construídos notáveis, como sejam muros, sistemas de irrigação ou edificações.

Proposta Conceito: interpretar a evolução, a estrutura e a ocupação do espaço, configurando-lhe uma nova espacialidade. O projecto para o espaço de paisagem da casa Carlos Alemão, inscreve-se numa situação de paisagem, cujo tecido se transformou, gradual e sistematicamente, com o abandono e

a substituição das práticas hortícolas e agrícolas específicas desta localidade. O espaço da propriedade, com morfologia suave, contém marcas desse tipo de ocupação e estrutura, as quais são reinterpretadas para construir um espaço paisagem exclusivo. O espaço de paisagem relaciona-se directamente com a casa e com a paisagem adjacente imediata e a grande escala, construindo um espaço de continuidade física e visual. Este espaço de paisagem é uma unidade espacial isolada dos seus limites exteriores, através da plantação de uma sebe arbustiva, que configura a interioridade do seu espaço e a marca na grande escala de paisagem, delimitando uma parcela em continuidade com o sistema natural e cultural. A topologia desta paisagem caracteriza-se pela existência de três lugares estrutural e formalmente distintos: . o espaço de clareira; . o espaço da horta e pomar; . o espaço da mata. A casa inscreve-se no espaço clareira. A clareira localiza-se no plano mais alto da propriedade e a geometria do seu espaço é determinada pela fisiografia. A clareira será o espaço de continuidade imediata entre o espaço de habitar da casa e o de habitar da paisagem. A sua espacialidade é definida pela distribuição das massas de vegetação arbustiva que se aproximam ou afastam do edifício e pela vegetação arbórea que pontua e marca pontos notáveis ou de referência. A composição definida pela distribuição das massas arbustivas e pelas árvores, isoladas ou em grupo, cria um espaço de tensão física e visual, aproximando ou afastando a profundidade dos campos visuais dentro do interior da propriedade, e dos que se estabelecem a partir do interior da propriedade com os horizontes limite distantes: o oceano e a Serra de Sintra. O plano do chão, no espaço da clareira, é revestido com prados e arbustos de pequeno porte, matos rasteiros autóctones. Na clareira, sobre um terraço armado por um muro construído em pedra, localiza-se a piscina. A clareira constitui-se como o primeiro e imediato espaço lúdico, simultaneamente físico e visual. O espaço da horta e pomar é um lugar cuja geometria é definida pelo parcelamento do campo pré-existente.


Este lugar isola-se no interior do espaço de paisagem através da construção e marcação dos seus limites com material vegetal (canas), recorrendo a uma linguagem que pertence à especificidade da compartimentação dos campos na localidade. Na composição desta paisagem, este espaço é simultaneamente um lugar de recreação e de produção. A mata é um espaço lúdico de protecção. A mata que se propõe instalar nesta paisagem, é uma mata mista de pinheiro manso e carvalhos, que é característica das principais formações vegetais de Portugal continental, nomeadamente da do carvalhal da zona húmida quente, encontrado também nesta localidade. A instalação desta mata, metodológica e ecologicamente, surgirá associada a um processo de gestão-regeneração da mata de acácias, que domina e caracteriza o sistema de vegetação existente. No tempo e no espaço instalar-se-ão espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas, que constituem uma associação fitoclimácica adaptada à ecologia do local. A introdução destas espécies possibilitará construir um sistema de protecção natural do espaço e do solo, e favorecer os processos e as dinâmicas ecológicas de autosustentabilidade. A experiência do espaço da mata será estruturada por uma malha de percursos, inspirada e referenciada à malha do parcelamento dos campos que estruturaram até há poucas décadas esta paisagem. No interior da zona baixa e nascente da mata, localiza-se um pavilhão construído em madeira. Este pavilhão é um espaço de habitar interior na interioridade desta paisagem, configurando uma espacialidade e experiência de eremitério únicas.

Caminhos Os principais elementos estruturantes deste espaço de paisagem são o sistema de caminhos e os espaços. O sistema de caminhos é determinado pela necessidade de completar e ampliar a diversidade de experiência das diferentes ambiências que constróem o lugar, pela necessidade de atravessar, manter e vigiar os sistemas naturais e construídos instalados na propriedade. Assim, os principais grupos são os de passagem-peregrinação, passagem-atravessamento, atravessamento-peregrinação, passagem-manutenção e passagem-vigilância. O sistema de caminhos hierarquiza-se sujeito à sua utilização e funcionalidade, e à relação de estruturação e dependência na articulação que estabelece para ligar os espaços, sendo na sua maioria construídos em saibro ou através de cortes rasos dos prados que revestem a superfície.

Vegetação A vegetação arbórea, arbustiva e herbácea que se propõe instalar nesta paisagem é constituinte do carvalhal da zona quente e húmida e a que normalmente ocorre em associação com a Quercus faginea. Assim, propõe-se instalar uma mata mista através da plantação da Quercus faginea (carvalho-cerquinho) e de Pinus Pinea (pinheiro manso) a pontuar situações de espaço especiais, a este estrato arbóreo subpõem-se diversos arbustos que constituirão os matos, nomeadamente a Olea europea var. sylvestris (zambujeiro), a coccifera (carrasco), Myrtus communis (murta), Rosa sempervirens (roseira brava). O revestimento do solo, será feito através da introdução de um estrato sub-arbustivo e herbáceo, com predominância de Cytisus sp. Erica sp. e de prados de sequeiro. O prado irrigado está previsto apenas nas áreas contíguas ao espaço da casa. O fácies mais xerofítico (exposição ao poente e ao vento salgado) será ocupado com Olea europea var sylvestris (zambujeiro) associada ao Pinus pinea e à Quercus suber.

Morfologia O projecto para esta paisagem não altera as condições topográficas existentes, integrando as características da morfologia na composição e estruturação espacial, não sendo efectuados trabalhos de modelação de terreno que alterem a estrutura e a forma topográfica da propriedade.

Matéria e processo Na construção deste espaço de paisagem não são introduzidas matérias ou vocabulários dissonantes da paisagem onde se inscreve. Esta paisagem introduz apenas uma nova linguagem determinada pelo seu uso, tendo a sua composição e estrutura sido concebidas e inspiradas da especificidade de referência dos elementos sistémicos e de composição da paisagem local a grande escala.





nome do projecto | name of project ESPAÇO DE PAISAGEM PARA A CASA CARLOS ALEMÃO LANDSCAPE FOR CARLOS ALEMÃO’S HOUSE data do projecto | project date 2004 localização | localization Praia Grande cliente | client Particular autor | author João Gomes da Silva , Arq. pais Álvaro Siza Vieira, Arq colaboradores | colaborators Mónica Ravazzolo Claudia Taborda Sebastião Carmo-Pereira Yann-Fanch Vauleon



n. 107 PAISAGEM PARA FRENTE DE PORTO DE PESCA | PÓVOA DO VARZIM LANDSCAPE TO ‘FRENTE DE PORTO DE PESCA’ | POVOA DO VARZIM

SÍTIO E INTERVENÇÃO O projecto refere-se à requalificação de uma extensa faixa de terreno não utilizado, ao longo da margem norte do plano de água do Porto de Pesca da Póvoa do Varzim. Esta área complementa a sequência de trabalhos de requalificação e reordenamento do espaço urbano marginal da Póvoa do Varzim. O carácter construido e muito detalhado do espaço já consolidado, será complementado pela dominancia de planos de vegetação, e pela redução de elementos de construção. A área de intervenção corresponde a quatro espaços distintos ao longo da margem, com dimensões e geometria variáveis. A sua exposição dominante a sul, e a próximidade altimétrica do plano de água, conferem a principal qualidade deste espaço e a sua vocação natural para a permanência e o recreio. A proximidade do mar, cria contudo condições limitantes à instalação de vegetação devido à salsugem, carrejada pelos ventos dominantes de NO e N.

ESPAÇOS E ELEMENTOS A área a poente (aprox. 3000m2) constitui um espaço de carácter mais residual, entre a via principal de acesso às

SITE AND INTERVENTION The project refers to the requalification of an extensive and neglected area, along the north side of the water surface of the Fishing Harbour of Póvoa do Varzim. This area complements a sequence of projects of requalification and refurbishment of the marginal urban space in Póvoa do Varzim. The intervention area corresponds to four different spaces along the margin, with variable dimensions and geometry. It’s dominant southern solar exposition, and it’s height proximity to the water surface, grant this space it’s main quality and natural vocation to recreation. It’s proximity to the ocean though, generates limitations in terms of vegetation. SPACES AND ELEMENTS The western area (approx. 3000m2) forms a space with a more residual character, between the main access to the harbour installations. The central area (approx. 5500m2) forms the main recreation space, offering a slightly sloped lawn orientated south and towards the water surface, according to the dune typology.



instalações portuárias, sem função claramente definida, e mais exposta aos ventos marítimos. A sua organização integra uma das rampas de acesso a pequenas embarcações, e a localização proposta para uma escultura de João Cutileiro. A área central (aprox. 5500m2) constitui o espaço principal de recreio e estar, oferecendo uma superfície relvada com uma ligeira pendente virada a sul e ao plano de água, segundo a tipologia de uma duna. Neste sentido o plano posterior é revestido por material arbustivo e herbaceo resistente á salinidade, sendo composto por espécies dunares seleccionados pelas suas características de côr, textura e aroma. Este plano mais inclinado e exposto aos ventos de norte, é contido na base por um murete, e um banco linear, que simultaneamente protegem e condicionam o acesso através de umas escadas. A área a nascente (com aprox. 5400m2) possui uma forma mais concentrica e convexa, e é revestida por um relvado. Pela sua composição possui grande capacidade de suporte para recreio activo, pelo que se prevê a instalação posterior de uma estrutura tri-dimensional de cabos em constituição de uma enorme teia de jogo para jovens e crianças. O enorme talude exposto a poente (aprox. 2400m2) que se prolonga até ao Vila do Conde, está actualmente revestido por chorão (Carpobrotus edulis) espécie invasora e actualmente proibída pelo I.C.N., será replantada com material vegetal identico ao aplicado anteriormente nos taludes anteriores do espaço central. O Pavilhão dos Socorros a Náufragos, é revestido por uma estrutura em madeira, que alberga novas instalações sanitárias e áreas de armazenamento de equipamento, constituirá a unica

Following this concept the posterior surface is covered by arborous and herberous material resistant to salinity. This surface has a higher slope and is exposed to the northern wind. It is contained by a small wall and a linear bench, which simultaneously protect and limit the access through the stairs. The eastern area (approx. 5400m2) has a more concentric and convex shape, and it is covered by a lawn. By it’s layout, this area provides a great capacity for active recreation. This justifies the later installation of a three-dimensional play structure for children. The Pavilion “dos Socorros a Náufragos” is covered by a wooden structure that contains the new sanitary installations, and storage areas. This is the only and significant built reference in the whole intervention area. A long wooden path defines the limit of the central space, in relation to the asphalt paving of access to the harbour pears. It’s structure is used as a support for a discontinuous and intense lighting, that culminates in the lighting installation of Pavilion, with it’s reflecting panels.


e grande referência construida em toda a área de intervenção. Composto por um embasamento( 2m de altura) com uma série de caixas em madeira. Paredes e tecto das caixas em contraplacado marítimo e alçado com dois painéis fixos e uma porta de correr também em madeira (pinho bravo). Sobre o embasamento (com 5m de altura) pousamse umas caixas de estrutura periférica em madeira (pinho Bravo) e interior em páinèis de aço revestidos com tela autocolante retroreflectora tipo “SCOTCHLITE” Enginneer Grade de 70cd/lux/m2. Um extenso passadiço em madeira define o limite do espaço central relativamente ao pavimento asfaltado de acesso aos pontões do porto de pesca. A sua estrutura é utilizada com suporte para uma iluminação descontínua e intensa, que culmina na instalação luminosa do Pavilhâo, com os seus paineis reflectores. São utilizados revestimentos de relvado resistentes ao ambiente salino, e ao ensombramento, de acordo com as duas situações. Na zona do tamariz o coberto de tamargueiras gera uma situação de ensombramento, e de uma relativa protecção dos ventos marítimos, construindo um plano de fundo para quem contempla a escultura a partir dos diversos pontos de aproximação.


nome do projecto | name of project PAISAGEM PARA A FRENTE DE PORTO DE PESCA, PÓVOA DO VARZIM LANDSCAPE TO ‘FRENTE DE PORTO DE PESCA’ data do projecto | project date 2001 data de execução | execution date 2004 localização | localization Póvoa do Varzim - Portugal cliente | client Câmara Municipal da Póvoa do Varzim autores | authors João Gomes da Silva, Inês Lobo, Gilberto Reis produção | production Global, arquitectura Paisagista, lda + ILPD arquitectos, lda colaboradores | collaborators Pedro Oliveira, Rita Zina, Sebastião do Carmo Pereira estruturas | structures A.F.A. Consultores, SA Jorge Carneiro águas e esgotos A.F.A. Consultores Paulo Silva medições | measurer Fidélio Santana instalações eléctricas | lighting Gatangel, lda Nuno Alexandre Pinheiro rega | irrigation Bartolomeu Perestrello



n. 118 PARCO TARELLO, BRESCIA | ITALIA TARELLO PARK, BRESCIA | ITALY

O novo parque urbano ‘Tarello’ será uma das mais importantes áreas verdes da cidade de Brescia.

The new urban park ‘Tarello’ will be one of the most important green areas of the city of Brescia.

O parque, situado numa antiga área agrícola e industrial da periferia sul de Brescia, constitui-se como um centro atractivo para o desenvolvimento do districto ‘Brescia II’. O projecto interpreta a paisagem como um processo que irá responder às questões levantadas pelas as infraestruturas usando os sistemas ecológicos, o design urbano e o ordenamento do espaço para o efeito. A expansão de uma cidade baseada apenas nas estruturas funcionais como ruas, edificado e infraestruturas não integrada numa ideia conceptual de paisagem global, gera espaços residuais e díspares que contribuem para a separação das relações existentes entre o Homem e a Natureza. A habilidade de definir um limite morfológico, constituir um espaço urbano, adicionar um valor ecológico e ambiental à cidade, assim como catalisar a transformação do espaço que o rodeia e, simultaneamente, relacioná-lo com o tecido urbano que o envolve exige uma claridade que até então não existia. Tornava-se prioritário a construção de novas relações com o

Located in the former southern periphery the park creates an attractive center for the growing district ‘Brescia II’. The park, which is presently under construction is growing on former industrial and agricultural areas. The first price winning design foresees a readoption of the adjacent urban grid into the park design and the mediation between the historic city and the suburban south city by emphasizing the visual contacts and the physical connections. A large open space in form of a grass-covered corridor runs through the park- center, framed by a row of elms on the western side and by the densely planted and less formal eastern park area. Sports-and leisure facilities are integrated into this part of the park whereas a group of gardenrooms are aligned with the western limit. The Contrast between the central open space and the forest-like park areas one the one hand-side and the smaller scaled park elements situated on the park limit on


espaço urbano assim como a ligação com as infraestruturas de transportes pré-existentes através de novos trajectos e percursos. A tipologia do parque consiste num espaço aberto e linear alinhado visualmente com o monte Cidneo. A varição altimétrica ao longo do eixo Norte-Sul é suave e contínua, enquanto que a variação Oeste-Este é muito mais variável e abrupta. Esta disparidade gera uma grande abertura visual onde o Monte Cidneo está visível permanentemente tanto no espaço central como nos principais caminhos, resistindo à continuidade entre o tecido urbano e o parque. Simultaneamente, o eixo aberto Norte-Sul facilita a circulação atmosférica contribuindo para qualidade do espaço urbano. O sítio do parque consiste num espaço com um declive suave que desce desde o centro da cidade e é cruzado pelo antigo leito de um rio. Deste modo, o papel da água e a sua utilização surge naturalmente como o protagonista estrutural no desenho do parque e na distribuição da vegetação. O projecto procura readoptar a malha urbana adjacente para a estruturação do parque. Assim, através das ligações com o tecido urbano conjuntamente com o estabelecimento e acentuação dos contactos visuais com o exterior, o parque sobressai-se como mediador entre a cidade histórica e a cidade sub-urbana a Sul de Brescia. O corredor de relva que constitui o grande espaço aberto central é ladeado a Oeste por uma fila de ulmeiros e, a Este, por um bosque irregular densamente plantado. As áreas desportivas e de lazer foram integradas no segundo, enquanto que a poente foi alinhada, contiguamente ao limite, uma plataforma com vários jardins. O contraste entre a grande escala de espaços como a clareira central e o bosque contíguo e, por outro lado, os pequenos elementos localizados no limite do parque, não só constrói uma interessante tensão/ relação dentro do parque como promove a ligação com a cidade envolvente, reflectindo, de certa maneira, as disparidades de escala existentes nas composições do tecido suburbano. A construção de diferentes escalas e o controlo das dimensões e proporções, foi uma parte do processo conceptual e são elementos fundamentais na integração do parque na paisagem urbana existente. As árvores plantadas e o elenco florístico utilizado referese ao biótopo da florestas de Pádua com a excepção das espécies exóticas introduzidas nos jardins. Todo o projecto do parque desenvolve-se segundo um modelo ecologicamente sustentável.

the other hand side, is not only creating an interesting physical relationship inside the park, but is also building a connection with the surrounding city by reflecting changes of scale, characteristic for suburbian urban compositions. The planted trees and plant species refer to the biotop of the Paduan Florests with the exeption of a limited amount of exotic species introduced in the gardenrooms. The overall parkdesign is referring to the guidelines for a sustainable design.



corte | section

corte | section

planta geral | masterplan


nome do projecto | name of project PARCO TARELLO ‘TARELLO’ PARK data do projecto | project date 2003 data de execução | completion 2003 - 2004

coordenador | coordinator C. Pellegrini

localização | localization Brescia- Italy

coordenador de projecto | project coordinator João Gomes da Silva

cliente | client Brescia Chamber área | area 94 000 m2

autores | authors Studio(Milão) C. Pellegrini, Jacopo Pellegrini, Teresa Figueiredo Marques Global (Lisboa) João Gomes da Silva, Inês Lobo

custo de obra | cost € 3 491 585,28 € 37,15/ m2

colaboradores | collaborators Catarina Raposo, Victor Beiramar Diniz, Sebastião Carmo-Pereira, Pedro Oliveira



n. 161 QUINTA DO PICÃO | AZEITÃO | PORTUGAL PROJECTO DE PAISAGEM PARA CASA DE MF ALMEIDA QUINTA DO PICÃO | AZEITÃO | PORTUGAL LANDSCAPE TO MF ALMEIDA HOUSE

No início da nossa prática profissional, foi desenvolvido um plano de ordenamento da Paisagem da Quinta do Picão, em Azeitão. Nesse plano, cumprimos objectivos generosos a pedido dos proprietários: encontrar 30 lugares com cerca de 1ha cada para construir 30 casas. O factor de escolha para a localização dos lotes prendia-se com as características da paisagem, onde o objectivo seria a integração das casas em lotes delimitados apenas pelos elementos naturais, integrados na Paisagem. O projecto de Arquitectura Paisagista, para o Jardim na Quinta do Picão elaborado em 2000/01 ocupa a área de dois lotes contíguos, numa encosta a poente, caracterizada por uma ocupação predominante de sobreiros com alguns pinheiros mansos dispersos. Trata-se de um projecto de integração da casa e do Jardim, onde os espaços projectados abertos e fechados, participam na composição da grande paisagem, caracterizada pelo extensa várzea que ocupa o vale a poente contido pelas encostas arborizadas. A localização de uma piscina, bem como a de espaços exteriores associados à casa para estadia e uso fruto do jardim, articulados com a construção de percursos, constituem o

In 1990 a Landscape Management Masterplan was designed for Quinta do Picão. The site was divided into 30 lots of 1 Ha each and their location was defined by the site-specifics. The limits between the houses is constructed with vegetation, existing in the site or introduced to create naturalized boundaries. The landscape design affects two contiguous lots, 2 Ha, on a hillside facing a extensive fertile valley and with a dominant occupation of cork trees. The house is located on the highest point of a slope and it is embedded in the topography between the road and the involving land. The landscape design works with the topography and between the house and the outdoor space creates patios and terraces. At the front side of the house, 1,5 meters below the road level, a patio was excavated to create an entrance space. This patio is constructed as a shelter. Its main elements are a trellis that filters the light and a marble pool to create a fresh and sonorous atmosphere. The landscape was constructed with terraces. Each terrace creates an independent but continuous space. The vegetation envelopes each terrace and weaves its own spatiality.


programa para este espaço construído, numa clareira onde os elementos naturais e vegetais são fundamentais na estruturação e definição dos limites da paisagem mais próxima. A casa de um só piso localiza-se no ponto alto da encosta, e a construção é escavada e enterrada em relação ao caminho de acesso no topo nascente do lote. Com o objectivo de integrar a casa na paisagem de uma forma natural, procurou-se um sistema de construção capaz de integrar este desencontro de cotas da construção de uma plataforma na encosta. Propôs-se a construção de um conjunto de espaços exteriores, como pátios e terraços directamente relacionados com os acessos à casa, construídos em escavação ou em aterro, que irão articular os diferentes níveis entre a cota de implantação da casa e o terreno envolvente. Esta construção, feita em com tijolo e tijoleira artesanal de adobe, vem criar uma linguagem comum na relação da casa com o exterior, o que se irá repetir na construção de uma piscina dentro da mata de sobreiros. A entrada principal, cerca de 1,5 metros abaixo da cota da estrada é feita através da construção de um pátio escavado no terreno, que permite o encosto de terras e simultaneamente, articula as diferentes cotas com escadas e muros em tijolo de adobe que fazem a contenção de terras. Este pátio, proporciona um primeiro espaço de entrada, cuja frescura é dada por latada e acompanhado pelo barulho da queda da água num pequeno tanque em mármore. Na relação da casa para poente, propôs-se a construção pontual de terraços, que avançam sobre o jardim e assentam sobre em muretes, também em adobe, que resolvem o encontro com o terreno, promovendo espaços de estar articulados com as bolsas de vegetação que prolongam o jardim até à casa. A piscina, de proporções alongadas (3,5mx15m) é construída a cerca de 20 metros da casa, numa clareira dentro da mata de sobreiros. A piscina é perceptível a partir de vários pontos do jardim, filtrada pelas sebes de tojo com folhado, sanguinho e aderno, e ainda pelas copas dos sobreiros, que quando

The walls and surfaces were constructed with brick and artisan tiles of adobe, creating a common language between the house and its outdoor spaces. The swimming pool was designed as a platform surrounded by suspended cork trees. The experience of the landscape is achieved through a diversified experience of sun and shade filtered by vegetation through which some vistas are revealed. The movement is directed by the path system which support the experience of the place. The spaces acquire different atmospheres vegetation creates its identity such as the orange tree grove which is bounded by laurel and pomegranate edges.


iluminadas, surgem suspensas em torno da plataforma da piscina. Uma vez mais, esta plataforma é construída em aterro, integrando na sua construção, um piso semi-enterrado onde se localizam as zonas técnicas e balneários de apoio. A articulação entre as cotas da plataforma, é desenhada através de umas escadas que se soltam do terreno e articulam as cotas do terreno com a plataforma da piscina e os balneários enterrados. A procura de uma continuidade entre a mata e as zonas de jardim em torno da casa, foi factor fundamental para a escolha das plantações propostas. Como estratégia de intervenção, optou-se pela limpeza e abate de algumas árvores seleccionadas, com o objectivo de promover e de densificar a vegetação com interesse, nomeadamente os sobreiros e os maciços arbustivos existentes. Numa segunda fase, propõe-se a plantação de espécies arbustivas a partir das zonas existentes, a plantação criteriosa de sub-arbustos, e ainda sementeira de prados, que duma forma intercalada, revestem os solos entre a mata e a casa. Os diferentes espaços são experimentados através de um percurso em saibro, que percorre o espaço nas suas múltiplas

dimensões, relacionando o Jardim com a Mata através de uma experiência diversificada de zonas de sol e sombra, e vários pontos de vistas sobre a casa, o Jardim e os elementos que o compõem. Os outros espaços em torno da casa, adquirem temáticas diversas, salientando-se a plantação de um pomar de citrinos localizado a sul desta, contido por sebes de loureiros e de romanzeiras, e ainda o pátio de entrada, delimitado por loureiros e pelos subarbustos.


nome do projecto | name of project PROJECTO DE PAISAGEM PARA A CASA DE MF ALMEIDA LANDSCAPE FOR MF ALMEIDA HOUSE data do projecto | project date 2002 data de execução | execution date 2004 localização | localization Azeitão | Portugal cliente | client Privado Private autor | author João Gomes da Silva Inês Norton de Matos colaboradores | colaborators Yann Fanch-Vauleon Sebastião Carmo-Pereira construção | construction Engº Ruivo plantação e rega | plantation and irrigation Casa dos Jardins fotografia | photography Yann Fanch-Vauleon, Inês Norton


n. 164 PARCO FORLANINI | MILÃO FORLANINI PARK | MILAN, ITALY

O concurso internacional para a escolha do projecto de ampliação do Parque Forlanini, permitiu reflectir o carácter e a relação entre o centro e a periferia, através de propostas de reordenamento de uma extensa área de aproximadamente 300ha, no limite da cidade de Milão. Tal como sucede com a maior parte das cidades europeias com maior dinâmica de crescimento, a relação entre o centro urbano consolidado, os aglomerados dispersos imediatos, grandes superfícies de equipamento, serviços, agricultura, ou em simples abandono, constituem a estrutura e a imagem da Paisagem, que não estabelece uma relação equilibrada com a matriz natural que o suporta. No sítio do futuro Parque, confluem também a via Tangencial, o Rio Lambro, e os fenómenos de artesianismo, tão tipicos na Paisagem agrária milanesa, sob a forma das fontes, que a retalham com canais geometricamente dispostos, em formação de um sistema de compartimentação de propriedades ou de simples folhas de cultura, pontuadas pela rede de cascinas centenárias. A proposta desenvolvida por esta equipa de arquitectos e arquitectos-paisagistas, parte do reconhecimento, avaliação e sistematização das funções e usos existentes e previstos

In the summer of 2002 the city of Milan decided about the competition for the future urban park ‘Forlanini’. Situated in the eastern periphery this 320 hectar-large site is part of a Masterplan which foresees a considerable enlargement and re qualification of the cities green-system. By the transformation of former industrial areas and the integration of the existing park from the seventies as well as existing agricultural areas into a new park structure there will be created a 3km long urban park that aims to give an identity to this part of the growing city. The second price winning project foresees a central open corridor that integrates large meadows and agricultural areas and that contrasts with the densely forested park limits. Sports facilities and smaller scale gardens and squares are integrated into this limiting ‘forest’ and also form the connections to the surrounding city. A main topic of the project is the water, which leads to the geometrical grid that characterizes the park design. It is a result of the revitalization of the traditional irrigation ditches that are alimented by the high ground water level and orientated on the limits of the old allotments. Irrigation and drainage of the park as well as the existing agricultural areas is to be executed by


para a área, à qual sobrepuseram uma cuidadosa investigação sobre a delicada trama agrária pré-existente, com a complexidade que a geometria e a micro-topografia ainda visível ou detectável, lhe confere. Este ponto de partida cria uma enorme liberdade e fundamento, para um desenho de Paisagem que reconhece simultâneamente estruturas e elementos espaciais de várias proveniências e tempos, e a necessidade de inventar um espaço de carácter metropolitano e contemporâneo. O parque Forlanini proposto, constitui um espaço de Paisagem cuja Arquitectura se estabelece a partir de tensões criadas entre um extenso espaço central aberto, e as massas vegetais e geometricas que caracterizam os limites periféricos e interiorizam o espaço. Este espaço primário é então determinado e qualificado a partir um conjunto de sistemas de organização espacial, tais como, rede de canais de rega e drenagem, sebes de compartimentação e ensombramento, rede de cascinas e novos pavilhões com funções de equipamento, interligadas pela invenção de um percurso em circuito fechado e articulado com os caminhos ‘históricos’, aonde fluirá o uso contemporâneo do espaço, através da circulação pedonal, em bicicleta de serviço, ou ainda numa viatura eléctrica a inventar para uso específico do parque. É neste espaço de grande escala e articulação com o sistema de espaço verdes da cidade e da rede de metro e transportes colectivos, que imaginamos a apropriação que a cidadania contemporânea milanesa necessita. É neste grande espaço aberto que imaginamos a reinvenção da cidade contemporânea, em que as funções do trabalho se complementam com o recreio físico, cultural e espiritual, na necessária reinvenção do sentido de Habitar. É neste extenso espaço que reinventamos a Paisagem milanesa a partir da sua matriz agrária, industrial e urbana, em que gostariamos de oferecer extensas superfícies, longos percursos e intensos lugares, na construção de um espaço urbano acessível, natural e cultural, sob a difusa luz da planície milanesa. Não se terá tornado inevitável a Cidade contemporânea reinventar a sua Paisagem?

this traditional technique. Drainage water is lead to the river ‘Lambro’ that cuts the park in north-south-direction and its adjacent wet meadows. The introduction of exotic plants is limited to special ‘garden areas’ while for the main part of the park vegetation consists of endemic plants. Two existing gas-towers are transformed into greenhouses ? a contribution to the misty and foggy weather of milan that asks for sheltered public spaces. Integrated into the park are various structure that will be used by the museum of modern art.

Simulação 1 - Parco Forlanini e cidade de Milão. Simulation 1 - Forlanini Park and the city of Milan.

Simulação 2 - Tangenziale envolvida por floresta. Simulation 2 - Tangenziale surrounded by the forest.

Simulação 3 - Transformação do Gazometro em estufa tropical. Simulation 3 - Change of the gas reservoir into a tropical greenhouse.

Simulação 4 - Monte artificial re-modelado. Simulation 4 - Reshaped artificial hill.




nome do projecto | name of project CONCURSO INTERNACIONAL POR PRÉVIA , PARQUE FORLANINI, MILÃO (2º Prémio) FORLANINI PARK COMPETITION data do projecto | project date 2002 localização | localization Milão organização | organization Câmara de Milão Milan Chamber autores | authors João Gomes da Silva, João Luís Carrilho da Graça, Jacopo Pellegrini e Teresa Figueiredo Marques coordenador geral | general coordinator JLCG Arquitectos, lda colaboradores | collaborators Victor Beiramar Diniz arquitectura | architecture JLCG, arquitectos, lda. João Luís Carrilho da Graça infraestruturas | infrastructure OWE ARUPS (Londres)



n. 176 PAISAGEM PARA O CENTRO DE COORDENAÇÃO OPERACIONAL | BRISA | OEIRAS

PAISAGEM PARA O CCO, CARCAVELOS Delimitado por vias interiores, por outros edifícios do complexo da Brisa em Carcavelos, e exposto à Praça da Portagem da A5, o espaço exterior gerado pela implantação do CCO divide-se entre uma plataforma a Norte e o declive a Sul. A intervenção proposta define-se em intrínseca relação com as características morfológicas, espaciais e estruturais do lugar criado pela arquitectura, utilizando a modelação do terreno, o pavimento e a vegetação, quer na sua distribuição, quer na sua composição material, como instrumentos de estruturação, leitura, e geração de conforto de vivência da paisagem. O solo é modelado, respondendo à introdução do edifício: a rampa que acede ao seu interior prolonga-se no exterior, envolvendo-o de Norte para Nascente e por fim a Sul, marcando uma acessibilidade contínua, ainda que eventual, e resolvendo os encontros com a periferia. O terreno mergulha sob o piso em consola, elevando o edifício do solo. Os pavimentos propostos são usados com economia, evitando continuar a excessiva impermeabilização do solo, visível no restante complexo da Brisa, optando-se por materiais e métodos construtivos que mantêm algum nível de

permeabilidade, sempre que a carga prevista o permite. Assim, nas áreas de circulação do estacionamento, em rampas, e nos encontros com o edifício, é utilizada a pedra (Basalto) em granulado agregado com resina epoxy tipo ‘sistema PPA’; nos lugares de estacionamento é utilizado solução identica com forte porosidade; nestes mesmos lugares, pontualmente, o granulado é substituído por coberto herbáceo (relva/ prado) estabilizado e reforçado mecânicamente por grelha de polipropileno, do tipo ‘nidagrass’. A mesma opção construtiva é utilizada na rampa Nascente, o que lhe atribui capacidade de carga mesmo para trânsito automóvel. A escolha e distribuição da vegetação, informada pelas condicionantes e potenciais do lugar, cumpre uma função de clarificação da estrutura espacial do lugar criado, e sobretudo de humanização e melhoria do conforto na sua vivência face à pré-existência de largas áreas pavimentadas, nomeadamente a vasta extensão da Praça da Portagem, que actuam como factores de acentuação dos extremos climaticos. Sobre o estacionamento projecta-se a sombra de árvores de copa larga (Ulmus minor), formando um conjunto que se lê


como tecto quando é atravessado, e simultaneamente como massa de fundo sobre a qual são lidas as vistas longínquas do edifício. Esta espécie está largamente difundida de forma expontânea, em todo o sistema de compartimentação da Paisagem. Será escolhida uma variedade resistente à grafitose para melhor estabilidade biofísica da solução. É proposto um revestimento do solo com dois tipos de gramíneas. Na frente sul do edifício, é proposto um tapete de gramíneas altas (h=1,5/2m) de Stipa gigantea, que promove uma imagem de leveza do edifício, pelo seu caracter flexivel e ondulante ao vento. Pela ausência de manutenção, e pela facilidade de instalação, esta solução poderá ser extensível á restante frente do Núcleo. Nas situações laterais, é instalado um tapete de Festuca ovina, combinada com revestimento de bolbos de açafrão (Crocus sativa), que promove a floração temporária. Nos taludes a norte, é proposta a sua estabilização com quatro muros em lâmina de betão, em contenção do terreno. O seu revestimento será em tapete herbáceo atrás descrito. O topo da plataforma será plantado com uma massa homogénea de roseira brava (Rosa sempervirens) que formará uma massa intransponível, e com floração abundante e sazonal. O tardoz a Norte do edifício, será placado por lajes de basalto poroso, e será instalado um sistema de humedecimento, de forma a promover uma rápida colonização com musgo, por indução natural. O tapete de musgo será obtido em poucos meses, e será visível em continuidade com o tapete de musgo e Sedum, a instalar em parte da cobertura. Este tapete précultivado, apresenta características de total ausência de necessidade de manutenção. O pátio de entrada, é totalmente preenchido por um plano de água negro, onde se rasgam linhas de plantas aquáticas, que se oferecem à contemplação apartir do bar do Centro. As plantações são feitas com plantas expontâneas na Paisagem lacustre: caniço fino (Phragmites communis); tabúa (Tipha minima) consociada com Juncos (Juncus effusus); e Lírios dos pantanos (Iris pseudacorus). Deseja-se a instalação de peixes

no plano de água. O conjunto marcará um forte contraste com o exterior, pela delicadeza e alguma frescura no periodo quente do ano. Será instalado um sistema de rega automatizado e fixo, para uma manutenção mais facilitada.





nome do projecto | name of project PAISAGEM PARA O CENTRO DE COORDENAÇÃO OPERACIONAL DE OEIRAS - BRISA data do projecto | project date 2002 concurso | competition 2002 - 1º lugar localização | localization Carcavelos - Portugal dono de obra | client Centro de Coordenação Operacional, Brisa autores | authors João Gomes da Silva com Victor Beiramar Diniz coordenador de projecto | project coordinator Victor Beiramar Diniz colaboradores | collaborators Catarina Raposo arquitectura | architecture JLCG, arquitectos, lda.

rega | irrigation watering Bartolomeu Perestrello


n. 181 FRENTE DE MAR E PISCINAS | SALINAS | CÂMARA DE LOBOS SALINAS LANDSCAPE PROJECT| CÂMARA DE LOBOS

CONCEITOS Ao entendermos Paisagem não como a mera ocorrência física e espacial de ‘elementos naturais’, mas como um processo cultural de utilização, transformação e construção do território, a intervenção proposta para as Piscinas das Salinas, em Câmara de Lobos, Madeira, apoia-se inequivocamente nos modelos espaciais tradicionais, reutilizando estratégias e formas, bem como processos construtivos e de espacialização enraizados na cultura local, adaptando-os a uma linguagem contemporânea e a uma necessária alteração do uso. Não se procura o mimetismo, mas a coerência nas, e com as, formas de construir e viver a paisagem. Os elementos de construção que operam a transmutação do sítio em lugar, são estruturas vegetais e inertes correntes na Paisagem em que este se insere: poios, levadas, latadas, prados, bananal.

MODELAÇÃO DO TERRENO As características geomórficas da paisagem madeirense levaram ao desenvolvimento de estratégias próprias de manipulação do território, expressas na construção de socalcos e, mais caracteristicamente, na construção de poios.

The designed landscape resulted from the understanding of landscape as a cultural process, rather than a mere physical occurrence. Therefore specific landscape construction strategies, as well as constructive processes, were critically reused to inform the change of use. The drawing process did not search for mimesis, but it aimed for coherence in the way of constructing and dwelling the landscape. The site transformation incorporates traditional techniques and production systems to construct the landscape, in order to adapt it to the site-specific geomorphic conditions of Madeira’s landscape. ‘Poios’, walls, up-levelled canals, vineyard trellis, meadows, banana groves, were introduced through contemporary design thinking and drawing processes, representing a new interpretation for the use of the place.


A manipulação do terreno na principal área de intervenção, actual jardim/parque infantil e bananal, utiliza essa mesma estratégia para a apropriação deste território: uma concha encerrada pelo muro alto que suporta a estrada. Os declives são suavizados e apoiados em muros de contenção, criando plataformas com declives mínimos, apropriadas à estadia e à reimplantação do parque infantil. Elevando-se do terreno, tal como os poios, estas áreas mais reservadas ganham vistas sobre a expansão do oceano. Os muros, de pedra basáltica, desenham polígonos irregulares ditados pelo terreno. Descrevem uma geometria intrínseca ao sítio, não se impondo a este, mas antes revelando a tectónica do lugar.

SISTEMA HÍDRICO O ribeiro torrencial que atravessa o espaço, e cuja presença é hoje principalmente auditiva dada a sua contenção entre muros, a par com as caleiras/levadas de rega e drenagem do bananal, são mantidos e organizados num funcionamento sistémico. Interligados entre si por uma caleira de recolha sob o pavimento, os pontos de junção são salientados, reflectindose em aberturas à superfície que os exibem, permitindo a compreensão do sistema.

VEGETAÇÃO A vegetação organiza-se em planos e massas, densidades e vazio, cria espaço, utilizando espécies, estratégias e processos culturais característicos desta paisagem. Uma latada quase contínua opõe ao plano de solo um plano elevado, vegetal e mutante. Recortada, manipula a luz e a percepção espacial do lugar, reproduzindo em altura a inclinação do terreno. No espaço do parque infantil, as palmeiras existentes perfuram-na. A utilização de uma ou mais espécies de folha caduca sobre esta estrutura evidencia a alteração sazonal, alterando drasticamente a percepção espacial. A sombra e a humidade proporcionadas pela latada permitem a instalação de dois cobertos, um herbáceo e sub-arbustivo, o outro arbustivo, de espécies características do clima húmido da ilha. Os prados, instalados nos declives entre os poios, e não cobertos pela latada, são habitados por árvores nas cotas mais elevadas. Na parcela mais baixa, intencionalmente destacada deste conjunto, é mantido o bananal existente. Ocorrência cultural desta paisagem, as suas características

particulares de densidade e luz apresentam um potencial de fruição pouco explorado.

PERCURSOS E PAVIMENTOS Os percursos inscrevem-se sobre o terreno, acompanhando a morfologia do sítio. Retomam as ligações com os percursos existentes, criando simultaneamente uma nova rede de acessos. Um novo percurso sobre a falésia é proposto, de acordo com o projecto do complexo das Piscinas, prolongando o percurso marginal que desce a encosta a Norte, passa pelo edifício do Forno da Cal, e novamente sobe até ao Lavadouro Público e deste se estende até ao Porto de Recreio. Os pavimentos propostos apresentam camadas de desgaste em função dos usos e cargas previstos. Assim, dividem-se entre um pavimento com camada superficial desagregada e permeável (bagacina ou cinza vulcânica) a utilizar em espaços de estadia, parque infantil e percursos secundários, e um pavimento com uma camada superficial consistente e impermeável ou de baixa permeabilidade (lajes e/ou cubos de basalto) nos restantes percursos.






nome do projecto | name of project REABILITAÇÃO DA FRENTE DE MAR NAS SALINAS, CÂMARA DE LOBOS data do projecto | project date 2003 data de execução | completion 2003-2006 localização | localization Câmara de Lobos, Madeira - Portugal cliente | client Sociedade Metropolitana de Desenvolvimento autores | authors João Gomes da Silva e Paulo David coordenador de projecto | project coordinator PauloDavid colaboradores | collaborators Victor Beiramar-Diniz, Kerstin Hauswald, Sebastião Carmo-Pereira, Catarina Raposo, Paula Gomes da Silva arquitectura | architecture Paulo David - arquitectos rega | irrigation watering Bartolomeu Perestrello



n. 189 PAVILHÃO DO VULCANISMO E JARDINS DE ÁGUA DE S. VICENTE | MADEIRA VOLCANO PAVILION AND WATER GARDENS OF S. VICENTE | MADEIRA

LOCALIZAÇÃO E SÍTIO O sítio do Parque das Grutas de S. Vicente (Pé do Passo), designado por Jardins de Água, localiza-se na margem da Ribeira de S. Vicente, não muito distante do núcleo urbano que o nomeia. O sítio corresponde a uma plataforma marginal da Ribeira (este/ oeste, 55.00/ 50,00m), delimitada pela grande escarpa com cerca de 30m de desnível, que a separa da fajã superior. No seu limite poente, uma linha de água, precipita-se em cascata para vencer o desnível referido, criando um lugar natural de impressionante beleza. O seu enfiamento no eixo longitudinal da ribeira, explica a imponente contenção do vale bastante encaixado e direccionado ao mar e ao poente. As características naturais descritas asseguram uma potencialidade a explorar na construção do Parque. O sítio inscreve-se numa plataforma ribeirinha, resultante da acção erosiva da linha de água, que criou no seu trabalho geológico, as plataformas conhecidas por Fajãs. Neste sentido a área de intervenção é composta por uma plataforma inferior ribeirinha (com suaves pendentes); uma escarpa bastante

SITE The S.Vicente Caves’s Park, known as Water Gardens, locates by the S.Vicente stream, near the village with the same name. The site corresponds to a riverside platform (east/west, 55.00/50.00m), bounded by a cliff, which sets it apart from the upper ‘fajã’, 30m higher. On the site’s western limit, a stream washes down the cliff, creating an astonishing place. The site’s potential, due to its natural qualities, is to be unveiled in the park’s construction. The site is inscribed in a riverside platform, shaped by the stream’s erosive action, which has geologically created the platforms known as ‘Fajãs’. The project area comprehends the riverside platform (mild topography), a steep cliff and the clifferoded debris’ accumulation area at its base. Several farming constructions are located in the transitional area between the riverside platform and the cliff, and they have been integrated in the project. The existing Cave’s service building at the base of the cliff, near the cave’s entrance, will be preserved. The new pavilion, its content relates to the volcanism and water themes, covertly occupies the debris’ accumulation area. Its rooftop


acentuada, e uma faixa de deposição de materiais erosionados na base da mesma. Na transição entre ambas, localizam-se pequenas construções agrícolas, aproveitadas no projecto. A uma cota superior e próximo ás entradas das grutas na base da escarpa, implanta-se o actual edifício de apoio às grutas, que se prevê manter. A proposta de um novo edifício, de conteúdos desenvolvidos em torno do vulcanismo e da água, implanta-se de forma dissimulada nesta faixa de deposição de materiais, construindo sobre a sua cobertura, um plano de água em continuidade com a plataforma de acesso às grutas.

holds a water surface, which is levelled and in continuity with the Cave’s entrance platform. The type of Landscape in which the Park is inscribed corresponds to a farmable riverside ‘fajã’, served by small basalt constructions. The topographically mild fields are structured by basalt retaining walls or small soil slopes. The western stream bank retains traces of the Salix sp. dominated riparian vegetation; diverse rupicolous vegetation and ferns occupy the cliff. On the stream bed, the accumulation of massive rolled stones exposes the stream’s conductive strength.


O tipo de espaço de paisagem em que se inscreve o Parque, corresponde a uma fajã de campos agrícolas ribeirinhos, apoiados por pequenas construções em basalto. Os campos de declive suave são modelados com o auxílio de muros de suporte em pedra seca de basalto, ou pequenos taludes de solo armado. A margem a poente possui vestígios de galeria ripícola dominada por Salix sp., enquanto a escarpa apresenta diversas formações de vegetação rupícola, e de fetos. No leito da linha de água a poente acumulam-se enormes blocos rolados resultantes do carrejamento feito pela mesma, em escavação na queda de água visível.

TIPOLOGIA e ESTRATÉGIAS O modelo desenvolvido no Parque parte do reconhecimento dos elementos e potencialidades naturais do terreno (topografia, geologia, hidrologia e vegetação), bem como dos sinais e vestígios da paisagem agrícola préexistente. A adaptação a parque dedicado à exploração didáctica e lúdica das Grutas, procura configurar, na tipologia de Paisagem proposta, os factores e elementos descritos e adequá-los ao uso público mais sistemático. Neste sentido, são postos em evidência os elementos naturais (escarpa, margem, queda de água, e vegetação expontânea) articulados em torno da ideia de uma paisagem de campos abertos, em ligeiros socalcos, e contidos por uma massa de vegetação correspondente a dois sistemas distintos:ripícola e laurisilva) aos quais se acrescentam uma feteira. Os elementos tipológicos mais evidentes passam a ser o sistema de muros em aparelho tradicional, o sistema de percursos que percorrem a totalidade da área, e o sistema de elementos de água que constituem artificialmente uma estrutura lúdica e uma estratégia de retardamento do escoamento de água.

TYPOLOGY AND STRATEGIES The proposal for the Park rises not only from the acknowledgement of the elements and natural potential of the site (topography, geology, hydrology and vegetation), but also from the signs and traces of the pre-existing agricultural landscape. The Park’s adaptation to a recreational and educational exploration of the Caves, and within the proposed landscape typology, aims to configure the described factors and elements to an organized public use. Thus, the natural elements (cliff, stream bank, waterfall and native vegetation) are highlighted as well as articulated with an idea of landscape composed of open fields, structured in small platforms, and bounded by vegetation (the existing riparian and laurisilva), complemented by a fern field. The most evident typological elements are now the traditional retaining wall system, the path system, and the hydraulic system, which creates a recreational water circuit, retaining and slowing water runoff.


nome do projecto | name of project PAVILHÃO DO VULCANISMO E JARDINS DE ÁGUA DE S. VICENTE VOLCANO PAVILION AND WATER GARDEN OF S. VICENTE data do projecto | project date 2003 data de execução | execution date 2004 localização | localization S. Vicente - Madeira - Portugal cliente | client Sociedade de Desenvolvimento do Norte da Madeira arquitectura paisagista | landscape architecture João Gomes da Silva colaboradores | collaborators Kerstin Hauswald, Catarina Raposo, Sebastião Carmo-Pereira arquitectura | architecture Paulo David, Arq.


n. 193 HERDADE DO MERCADOR | MOURÃO

A Paisagem a Criar

Proposed Landscape

A paisagem a transformar, implica o reconhecimento da condição marginal à barragem e ao seu plano de água, a variação topológica proporcionada pela forma do relêvo e a sua exposição, e pelo valor ecológico relativo do solo bem como a variação das condições de erodibilidade. Neste sentido, e como modelo geral de ordenamento da paisagem da Herdade do Mercador, propõe-se uma distribuição dos núcleos edificados nas zonas de cumeada e promontórios salientes, compartimentados por vales confluentes no plano de água e acessiveis apartir de uma via a cota mais elevada, e por percursos marginais ao plano de água ou perpendiculares a este. O coberto de vegetal deverá ser consequência da variabilidade topoló- gica da paisagem: sistema sêco de carvalhal da zona continental seca e quente às cotas mais elevadas e quadrantes mais frescos, variando nos quadrantes mais quentes para o carvalhal da zona húmida e quente; sistema húmido nos vales e zonas marginais com predomínio da mata ribeirinha e estruturas ripárias. O coberto de vegetal deverá ser planeado e projectado, considerando uma perspectiva de gestão da Paisagem que reflicta um elevado grau de sustentabilidade ecológica e económica.

The Mercador landscape to be transformed is based on the acknowledgment of its location, topology and ecology. Its marginal position in relation to the Dam and its water surface, its geomorphology and sunlight orientation are the main elements to be taken into consideration. In addition, the evaluation on the soil’s ecological value and variation of its erodibility conditions, also integrate the analysis. Thus, the planning proposal rests on the distribution of resorts and buildings throughout ridges and prominent headlands, compartmentalized by the confluence of valleys with the Dam’s water surface. The circulation system defines road accesses on higher elevations and develops pedestrian paths along the water surface and in articulation with the resorts and buildings. The vegetation system is approached as a consequence of the topological variability of landscape: higher elevations are dominated by oak trees, dry/continental and humid/warm adapted oak trees reflect terrain sunlight orientation; and riparian vegetation occupies valleys and water surface margins. The vegetation system should be planned and envisaged, reflecting a highly ecological and economical sustainable landscape management.


localização

proposta



nome do projecto | name of project HERDADE DO MERCADOR data do projecto | project date 2003 localização | localization Évora - Portugal cliente | client Sousa Cunhal, Gestão Agricola Lda. autores | authors Global, Arquitectura Paisagista Lda coordenador geral | general coordinator João Luís Carrilho da Graça, Arq. arquitectura | architecture João Luís Carrilho da Graça, Arq. fotografia | photography Maria Timóteo


n. 195 PASSEIO MARÍTIMO DA PRAIA FORMOSA, SOCORRIDOS, FUNCHAL | MADEIRA ‘PRAIA FORMOSA’ PROMENADE, SOCORRIDOS, FUNCHAL | MADEIRA

O SÍTIO As arribas são o elemento intransponível, a rocha dura, impenetrável, inalterável mas de modo algum obviável: são uma “realidade em si” tal como o mar com acontecimentos, forma, textura, camadas minerais sucessivas e povoada de elementos vegetais, mas caracteristicamente colocados além do nosso alcance material imediato. Existem enquanto objecto de contemplação ou como sujeito que actua em nós mas com o qual não podemos interagir. Constituem as arribas ainda a muralha perfeita, a materialização de um muro que nos distancia melhor, que nos separa totalmente da realidade humana e física que é o resto da ilha. De facto, em virtude da presença esmagadora, vertical e opaca das arribas, é totalmente indiferente estarmos numa ilha ou nalgum continente; entre as arribas e o mar estamos sempre nesse lugar imediato, único e característico precisamente por ser “o espaço entre as arribas e o mar”. As arribas isolam, mas também fragmentam este espaço, impedindo a sua contemplação total e obrigando-nos a percorrê-lo para o conhecer, numa sucessão de enseadas,

The coastal promenade ‘Praia Formosa’ connects the beaches ‘Praia Formosa’ and ‘Socorridos’ on the island of Madeira on a length of approx. 2km. Introduced not only as an element of connection but also to facilitate the contact with the rough sea breaking against the rocky coast and to experience the rich geological and biological range of phenomenas the area offers, the pathway was designed in a manner to leave the elements it aims to reveal ‘intact’ Eight meters above sealevel just out of the range of the powerful weaves the pathway builds up a connection between various structures and elements such as hotels and port-installations and also industrial sites situated between the two beaches. The promenade is structured by three constituional elements: the concrete pathway, the wooden platforms and the concrete platforms. The concrete platforms are forming anchoring points of the pathway, appearing at it key-situations: the beginnings, the turning points and where the pathway meets the sandy bays of the beaches. They provide the access to the beaches and serve as places of shelter with a design inspired by the ‘bunkers’ of the Normandie


promontórios, lapas, penedos, rochedos semisubmersos e praias de calhau rolado. O mar, tal como as arribas, é absoluto e inatingível ao peão que percorre o espaço entre ambos. É barreira, não agora pela sua densidade e opacidade mas, sobretudo, pela ideia de infinita extensão que transmite: frente ao mar estamos infinitamente longe do que quer que esteja “do outro lado”, mas sentimonos, por vezes, mais próximos do horizonte que temos à frente dos olhos do que da terra que nos fica atrás das costas… O mar são as reticências que terminam a terra sem lhe definir um fim, imprimindo na própria imagem imediata do espaço emerso a mutabilidade e reversibilidade das marés. Aliado às arribas determina ainda, em absoluto, a transitabilidade nestes espaços, por vezes negando-a, outras vezes dificultando-a, outras ainda tornando possível passar onde antes não o era (que grande conquista é, para nós, crianças, poder passar de uma praia para outra pelo resto de areia posto a descoberto pela maré vazia). Esse resto é o espaço que aqui consideramos. As praias, as escombreiras, as enseadas, as fajãs: estes são os tipos do espaço que queremos visitar e que partilham todos a mesma situação característica: estarem “entalados” entre as arribas e o mar. Estes dois elementos, mar e arribas, já descritos, apenas caracterizam aquele espaço na medida em que se caracterizam a si mesmos; delimitadores, concretos em si e necessários na definição da essência desse espaço que é a contingência e variabilidade que se interpõe entre dois absolutos. Variabilidade e contingência geomorfológica e geográfica: são espaços gerados pela acção erosiva do mar e pela acumulação de materiais provenientes dessa mesma acção, que, por outro lado, principiam e acabam nos pontos onde o mar e as arribas se encontram, competindo pelo mesmo lugar promontórios e rochedos que constituem obstáculos à passagem e à visão. Estes espaços de contingência são aqueles a que podemos chegar, que podemos tocar, modificar ou, simplesmente, percorrer, deixando a nossa passagem marcada na areia até à próxima subida da maré. PROPOSTA O Passeio Marítimo entre a Praia Formosa e Socorridos, propõe-se com um elemento de ligação pedonal entre ambos os lugares, ao longo da costa, à cota baixa. O percurso que revela a Paisagem e a Natureza Costeira é articulado com

or as ‘service-points’ in form of bars, showers and toilets. The wooden platforms interrupt and structure the pathway and offer areas to rest. The material though resistant as well as conveniant for cicling and walking breaks the hard surface of the asphalt pavement. The walkway consists of prefabricated concret modules with an ashalt pavement finishing. They have a length of 12m each and are based on concrete pillars. This solution implies a minimum environmental impact on the rocky coastline during construction and for the project itself. The pavement, drainge elements and handrails are installed posterior.


diversas ocorrências (hotel, praias, campos agrícolas, instalações portuárias), e constitui-se como elemento estruturante que se incorpora na Paisagem. O Passeio será um lugar de deambulação, de contacto com o mar, de conhecimento da natureza geológica e biológica, de prática desportiva. Elegendo o lugar natural como objecto de usofruto (praias, rochas, arribas) o Passeio é proposto como facto arquitectónico que deixa ‘intocados’ os elementos que se pretendem revelar. Neste sentido, o Passeio é visto como uma estrutura de diversos elementos articulados entre si, e é proposta uma tipologia que recorre a três modos de construir: o passadiço, o estrado em madeira e o maciço em betão. O último constitui os pontos de partida e amarração do passadiço; este, constitui a maneira de vencer os vãos elevados sobre as dobras costeiras de rochas; os estrados completam as superfícies arenosas de praias e de acesso ás mesmas. As ligações ás encostas criam acessibilidade à Paisagem que se desenrola no planalto. As plataformas em betão serão lugares de paragem, de abrigo, de eventual equipamento (sanitários, bar) que configuram ‘protecções’ da família dos fortins de costa portugueses, ou dos ‘bunkers’ da Normandia. São imaginados como estruturas em betão aparente, que permitem o travamento da estrutura, e simultaneamente a permanência ou o acesso aos areais ou ao mar. Os estrados são simples plataformas em madeira que antecedem a entrada nos passadiços, e constituem lugar de permanência nas praias, e pavimento resistente para a passagem de bicicletas ou patins no percurso ao longo do Passeio. Os passadiços são estruturas com módulos de 12m, apoiados em pilares que os elevam sobre os contornos rochosos da

costa, suspendendo o Passeio acima da cota de segurança (+8,00m) e libertando-o da acção directa da ondulação normal. As características de construção e montagem são fundamentais para um resultado final que preserve a ‘naturalidade’ do espaço costeiro, pelo que se optou por uma construção pré-fabricada que é apenas montada no sítio, com o mínimo de impacte ambiental. Duas soluções estão em estudo: uma estrutura metálica em formação de uma viga ‘U’ apoiada em pilares de betão, com pavimento em betume sobre chapa ondulada; ou uma estrutura em betão prefabricado do tipo viga’TT’’, apoiada em pilares de betão, com pavimento e guardas montadas à posteriori.



nome do projecto | name of project PASSEIO MARÍTIMO DA PRAIA FORMOSA - SOCORRIDOS ‘PRAIA FORMOSA’ PROMENADE - SOCORRIDOS data do projecto | project date 2004 localização | localization Funchal, Madeira cliente | client Região Autónoma da Madeira Sociedade Metropolitana de Desenvolvimento coordenador geral | general coordinator João Gomes da Silva João Ferreira Nunes arquitectura paisagista | landscape architecture Global, arquitectura Paisagista, Lda João Gomes da Silva Yann-Franch Vauleon PROAP João Ferreira Nunes Luís Silva infra-estruturas | infra-structures A.F.A. -Associados, Lda.



n. 203 PROJECTO PARA O JARDIM DO MONTE DO BREJO REDONDO | COMPORTA LANDSCAPE TO BREJO REDONDO | COMPORTA

A ideia de uma paisagem sustentável pressupõe existir um equilíbrio da dinâmica dos processos naturais e/ou culturais que continuadamente constróem essa paisagem. A transformação de uma paisagem caracterizada exclusivamente por usos de produção em paisagem de recreio, sem descaracterização ou degradação dos seus componentes essenciais (fisicidade e ambiência), determina que a filosofia de intervenção a adoptar no desenvolvimento deste estudo considere um modelo de sustentabilidade. O modelo de sustentabilidade a desenvolver será baseado na relação dinâmica entre a estrutura e as potenciais funções da paisagem, e entre os vários componentes dos sistemas naturais e culturais. A sustentabilidade das soluções preconizadas será orientada segundo alguns princípios fundamentais, entre os quais se salientam: - a incorporação dos padrões naturais essenciais, para assegurar a sustentabilidade ecológica no tempo e no espaço; - a antecipação e a orientação das mudanças decorrentes da evolução da paisagem em função dos vários cenários potenciais da evolução;

The landscape of the Monte do Brejo Redondo lies on the sand fields of the Alentejo’s west coast. It comprises 67 ha of a multitude of native ecotopes associated with agro-forestry systems. The project was designed in 2005 and built in 2005 and 2006. The transformation of a production landscape into a recreation landscape without losing its main characteristics or deteriorate its fundamental components, namely its physis and settings, determined that a sustainable model of intervention would be adopted. The sustainable model is based in the dynamic relationship between the landscape structure and potencial functions and between the elements that compose both natural and cultural systems.


- a valorização e o realce dos valores culturais essenciais; - assegurar uma qualidade visual elevada; - assegurar a integração dos elementos construídos e dos sistemas naturais; - assegurar a inserção do sítio deste projecto no contexto da paisagem envolvente. A proposta implanta no espaço um desenho determinado pela especificidade do sítio e procura ampliar as condições de habitar na proximidade da casa. A casa é o elemento centralizador de um habitar dominante. O espaço localizado a Nascente e imediato à casa é construído como pátio, definido e delimitado por muros, os quais separam o espaço da casa do da estrada. Na situação de clareira e no seu limite Poente, é construído um tanque. Um sistema de percursos é construído para condicionar e assegurar o atravessamento pedonal do espaço com conforto, possibilitando, simultaneamente, a vivência do espaço através de experiências de lugares diferenciados. A experiência do movimento e da pausa sucedem-se, e pequenos pavilhões marcam no espaço os seus lugares mais diferenciados e potenciam a possibilidade de estar. O sistema de vegetação é composto por espécies autóctones.

Planta de Revestimentos

As áreas a pavimentar estão reduzidas às áreas de estar e ao sistema de percursos, sendo construídas como superfícies permeáveis. As construções, em madeira, serão ligeiras e aparecem como marcas na paisagem, construindo novas possibilidades de fruir da paisagem. Os muros e o tanque serão elementos construídos em taipa, recorrendo e integrando as técnicas e os métodos construtivos locais. O desenho da proposta não altera as características do espaço da propriedade. O projecto recria o uso potencial sem destruir as dinâmicas dos processos ecológicos existentes.

Sistema de Clareiras Prado Hidrófilico Prado Prado |Turfeira Mato Rasteiro | A realizar-se com sementes recolhidas no local Prados associados a Sistemas Arbóreos Prado associado ao Pinhal Prado associado ao Sobreiral Orlas Orla Mato Hidrófilico | Definição de Turfeiras Salgueiral | Limite das Turfeiras

Maciços Arbustivos

Orla com Mato Xerófilico | Definição de Clareira Mato Alto associado a Sobreiral e a Pinhal

Proposta

Pinhal Sobreiral Mata Mista de Sobreiros e Pinheiros Clareiras Árvores existentes de grande porte Alameda de Pinheiro Manso proposto Hipótese de Lago Percurso Principal Percursos Secundários Trilhos Corta Fogo Galeria de Arte Pavilhões de Apoio


mata mista de sobreiro e pinheiro manso com mato psamofilo

sebe de definição da clareira | a plantar

salgueiral | a plantar trilho da orla entre a savana de pinheiro manso e o salgueiral

montado de sobreiros

pinheiros mansos isolados | a manter

clareira com pinheiro manso | a plantar

clareira com prado

clareira com prado orla da clareira

ponte de ligação do caminho ao longo da turfeira

pavilhĂŁo isolado na savana de pinheiro manso | a construir

savana de pinheiro manso | a reforçar

orla da clareira

fetos | a manter savana de pinheiro manso | a manter

montado de sobreiros

percurso principal alameda com pinheiros mansos de atravessamento da propriedade




nome do projecto | name of project PROJECTO PARA O JARDIM DO MONTE DO BREJO REDONDO LANDSCAPE TO BREJO REDONDO data do projecto | project date 2005 data de execução | completion 2005 - 2006 localização | localization Comporta - Portugal cliente | client Particular área | area 67 ha autores | authors Global, arquitectura paisagista coordenador do projecto | project coordinator João Gomes da Silva colaboradores | collaborators Monica Ravazzolo


n. 209 HERDADE DO BARROCAL | REGUENGOS DE MONSARAZ LANDSCAPE FOR BARROCAL | REGUENGOS DE MONSARAZ

Tendo presente que a construção da barragem do Alqueva e respectiva albufeira acarretam, tal como previsto no PROZEA , transformações significativas no território envolvente, o Plano de Pormenor da Herdade do Barrocal tem como objectivo o estudo e desenvolvimento da singularidade histórica, agrícola e paisagística da herdade em paralelo com as perspectivas sócioeconómicas locais e o desenvolvimento turístico sustentado do projecto. Em detrimento dos modelos uniformizados, o desenvolvimento turístico da Herdade do Barrocal é resultado do espaço em que se insere e em continuidade com as actividades e ambientes existentes. Situado num contexto profundamente marcado pela paisagem cultural do montado e das culturas extensivas cerealíferas, pontuadas por vinhas e olivais mais ou menos extensos, o Plano de Pormenor da Herdade do Barrocal vem estabelecer os pressupostos de base para uma intervenção turística de escala reduzida que visa não apenas a fruição por parte dos futuros hóspedes mas também a revitalização de uma extensa propriedade agrícola pertence do património da Concelho de Reguengos de Monsaraz.

The proposed plan for the Barrocal Landscape aims to study and develop the historic, agricultural and landscape uniqueness of the Estate, articulating the local socio-economic perspectives and the sustained development of the tourism programme. The project acknowledges the significant transformations arising from the construction of the Alqueva Dam, as foreseen in the Dam’s Regional Development Plan. The tourism development of the Barrocal Estate results from the space in which it stands, in continuity with its landscape and cultural practices, rather than from standardized templates. Located in a context profoundly dominated by the cultural landscape of the cork tree ecosystem and the extensive cereal crops, punctuated by vineyards and olive groves, the proposed plan establishes the base assumptions for a low density and scale tourism development. The latter considers not only the fruition of future guests, but also the revitalization of this extensive agricultural Estate, constitutive of the Reguengos de Monsaraz heritage. The plan encompasses the 776ha comprised by the current Estate’s limit, this instrument assuming a particularly decisive


Coincidindo a área de intervenção do Plano (aproximadamente 776 ha) com os limites fundiários da actual propriedade , assume este instrumento um carácter particularmente decisivo para a correcta interpretação da estrutura que extravasa a lógica da exploração agrícola e coloca o Barrocal num contexto mais vasto quer em termos geográficos e geomorfológicos mas também na escala temporal. O povoamento ancestral deste território, desde o paleolítico ao neolítico até à idade média e daí aos nossos dias, tem vindo a marcar esta paisagem e apesar de aparentemente assintomática a presença do Homem e da sua cultura, esta tem vindo a transformar sistematicamente a paisagem alentejana conferindo-lhe um dinamismo próprio que caminha paralelamente com as grandes transformações das sociedades humanas que nela habitaram. O Plano pretende, simultaneamente, a instalação de um programa de carácter turístico, cultural e agrícola procurando nas suas premissas garantir o respeito mútuo destas várias valências, as quais actuando em sinergia são a grande mais valia da intervenção.

character towards the correct interpretation of the structure that goes beyond the agricultural production logic, placing Barrocal in a wider geographical, geomorphological and temporal context. This territory’s ancient settlements, spanning from the palaeolithic, neolithic, middle ages to the present day, have been marking this landscape. And although the Human presence and culture appears asymptomatic, it has been systematically transforming Landscape, assigning it a unique dynamism, flowing in parallel with each dwelling society’s great transformations. The plan intends to, simultaneously, implement a tourism, cultural and agricultural programme. Thus, the plan’s premisses aim to assure the mutual respect of each of this themes, which operating synergistically represent the intervention’s greatest asset.


localização planta de declives


estrutura morfol贸gica

capacidade de uso


estrutura ecol贸gica

proposta de ordenamento


nome do projecto | name of project HERDADE DO BARROCAL localização | localization Reguengos de Monsaraz - Portugal arquitectura paisagista | landscape architecture Global, Arquitectura Paisagista Lda João Gomes da Silva, Arq. Paisagista arquitectura | architecture João Pedro Falcão de Campos, Arq. agricultura | agriculture Francisco José de Campos, Eng. Agronomo ecologia da paisagem | landscape ecology Carlos Souto Cruz, Prof. economia | economy José António Uva, Dr. turismo | tourism Fininturis, lda. promotor | promoter Maria do Carmo Martins Pereira


n. 218 PROJECTO DE PAISAGEM PARA O ‘MOSTEIRO DE SANTA MARIA FLOR DA ROSA’ | CRATO

Ao completar a curva fechada e ascendente da estrada, a Igreja surge de rompante, pousada sobre base granítica, que de forma quebrada a destaca e a eleva do alto da colina: o chão elevou-se para assentar a Casa. O céu contem-lhe a silhueta, branca e fundamental: a sua forma de paralelipípedo deformado contem a nave única e o presbitério, bem como a torre e o baptistério. Do interior, o Céu surge trazido pela luz dos grandes janelões, mas também desenhado pela Serra distante, aonde a assembleia o pode contemplar, em silêncio. A Paisagem próxima, real e imediata, é vísivel de forma brutal. A sua ligação à Cidade é quase directa, porque esta a envolve. A Igreja no entanto, rodeou-se de espaços que a destacam e a relacionam, fazendo-nos percorrê-los, para que o Silêncio nos envolva devagar, e o olhar a contorne com a velocidade do caminhar. Este percurso isola-nos aos poucos, até que ao entrarmos, o nosso espírito respira uma atmosfera tão rarefeita quanto límpida, como quando subimos à montanha. Ao contornarmos a esquina do alto muro de granito, a casca branca das bétulas obstrui-nos o olhar, até que ao

encontrarmos e subirmos a alta escadaria de granito, nos elevamos lentamente da luminosidade difusa e imaterial da folhagem, que enche o Adro inferior. No alto das escadas, a silhueta gigante e quase humana do Teixo negro destaca-se como um vulto da sebe idêntica que contem o espaço do Adro superior e a entrada da Igreja. Outros vultos, se aproximam pelo percurso lateral. Da Capela aonde contemplamos a Morte e a Vida, a luz entra coada pelo pequeno Claustro. A janela unica, está preenchida pela ramagem repleta de pequenas flores vermelhas, que pingam o chão granítico. O espaço imediato do Claustro aponta o Céu com a árvore esguia, que acompanha o movimento de quem sobe as escadas. No Verão, o seu perfume branco, preenche o espaço inteiro, escapando-se pela porta do Horto. O Horto é um espaço contido como todos os hortos: o seu interior é desconhecido de quem passa no limite dos seus muros. De fora, as oliveiras de outras encostas oferecem contenção e amenidade ao seu interior: um ervado alongado de cor suave, repleto de macieiras, e inundado pelo Sol e pelo


som da água que corre permanente do interior da Terra e preenche o tanque antigo, de fundo negro. Nem o vento mais forte aqui entra, cortado pela folhagem dos Carvalhos. Por cima de uma grande árvore florida de branco, olhamos então para a Igreja, tão acima de nós, que quase só deitados a podemos ver confundida já com o Céu que nos protege.As áreas a pavimentar estão reduzidas às áreas de estar e ao sistema de percursos, sendo construídas como superfícies permeáveis. As construções, em madeira, serão ligeiras e aparecem como marcas na paisagem, construindo novas possibilidades de fruir da paisagem. Os muros e o tanque serão elementos construídos em taipa, recorrendo e integrando as técnicas e os métodos construtivos locais. O desenho da proposta não altera as características do espaço da propriedade. O projecto recria o uso potencial sem destruir as dinâmicas dos processos ecológicos existentes.



nome do projecto | name of project PROJECTO DE PAISAGEM PARA O ‘MOSTEIRO DE SANTA MARIA FLOR DA ROSA’ data do projecto | project date 2001 localização | localization Crato - Portugal cliente | client IPPAR autores | authors João Gomes da Silva


n. 222 CASA DA ESCRITA | COIMBRA

OBJECTIVO Construção de um lugar de estar, de recreio e lazer, para ler, conversar, descansar, na forma de um jardim.

METODOLOGIA Metodologicamente, a reabilitação do jardim significa: Evidenciar a estrutura original do jardim, identificar os elementos com valor patrimonial, intensificando o seu carácter, retirar o que não pertence ao desenho do jardim.

DIAGNÓSTICO O lugar da Casa da escrita. A propriedade da antiga “Casa do Arco” situa-se na Alta de Coimbra e revela-se como elemento de permanência de uma realidade urbana outrora dominante neste lugar, que sofreu profundas alterações como resultado do desenvolvimento urbano de génese mais recente. O jardim da Casa da escrita implantou-se sob a forma de terraços, devido a uma adaptação aos diferentes níveis do terreno, resultando assim uma natural hierarquização de espaços, uma subdivisão numa serie de pequenos jardins. O espaço do jardim revela-se sub-dividido numa zona mais ligada a casa: aberta, luminosa, exposta a nascente que se situa em contacto directo e em continuidade com a antiga sala de jantar da casa; e uma zona mais misteriosa e intima, e ao mesmo tempo dinâmica, que se define através dum percurso fechado, sombreado com latadas, que percorre e resolve as diferentes cotas e organiza o espaço em vários patamares interligados. Fortes muros funcionam como contrafortes, sustentam os patamares e pontualmente se configuram como bancos onde as pessoas se recolhem. A intimidade destes espaços está marcada pelas presenças das árvores fruteiras que evidenciam um indiscutível carácter de pomar-jardim do lugar. Percorrer as latadas é simultaneamente aceder aos vários espaços, e deambular por contrastes de luz e côr.

PROGRAMA Pátio da casa, virado a nascente. “Quartos” para leitura a céu aberto. Estufa ou jardim-de-inverno. Reservatório de água casa de fresco. Mobiliário fixo- muretes que funcionam simultaneamente como guarda e bancos

ESTRUTURA Intensificar a leitura da estrutura principal do jardim, construída a partir dos muretes que delimitam patamares a cotas distintas no jardim. Esta marca será lida através da introdução de um reboco à base de cal hídrofuga de cor branca, que assinalará estes elementos por contraste com os elementos pontuais em cantaria que se distribuem pelo jardim e cuja passagem do tempo secundarizou a sua evidencia. Parte dos muretes será demolida para a inserção de cantarias de pedra, que servirão como escadas de acesso aos jardins. Promover a reabilitação do sistema hidráulico, evidenciado à superfície por elementos de função obsoleta. Esta acção passa pelo reconhecimento do poço como ponto de recolha das águas pluviais e de adução de água ao jardim e por devolver a função de acumulação de água na construção existente a sul do jardim.

SUPERFÍCIES Removido o pavimento em betonilha existente, será introduzida uma superfície contínua e rigorosa em saibro, associado à experiência do sob a latada, à sombra e à estrutura principal do jardim Um pavimento em gravilha marca os “quartos a céu aberto”, lugares de leitura, recreio e contemplação. A construção de dois elementos – a estufa e o reservatório de água|casa de fresco- reinventam construções pre-existentes, oferecendo a possibilidade de permanência em espaços recolhidos

CONSTRUÇÕES Reabilitação e ampliação da estufa como espaço de apoio ao jardim, espaço interior de permanência e leitura e de apoio à manutenção do jardim. A nova construção apoiar-se-á no sistema preexistente. Os alçados seleccionarão a luz através


de uma estrutura em madeira, a cobertura captará a insolação necessária ao desenvolvimento da vegetação da estufa e assegurará a sua ventilação. O reservatório de água funcionará como casa de fresco, promovendo um lugar ameno de permanência durante o período estival. Estas constituirão abrigos do jardim.

VEGETAÇÃO Será removida a vegetação que não é coerente com o novo uso do jardim. Seleccionar-se-ão os elementos principais do jardim: árvores fruteiras, trepadeiras associados aos percursos, alegrete e serão introduzidas superfícies de prado. Serão mantidas as árvores existentes, as trepadeiras, a buganvília, (Bouganvillea glabra ssp), presente na estrutura metálica da namoradeira, e o maracujazeiro-azul (Passiflora caerulea), presente no muro de entrada do jardim). Serão reabilitadas a vinha (Vitis ssp), que marcam os percursos sob latada e que lhe determinam a âmbiência sombria, bem como a hera (Hedera helix), que reveste os muros. Serão instaladas maciços de vivazes e bolbos a conformar os alegretes que marcam os limites dos pequenos jardins. Introduzir-se-ão superfícies de prado com bolbos em áreas com alguma dimensão, junto à estufa e no espaço da actual horta do jardim. Uma grande árvore, proposta para o pátio, assinalará a entrada no jardim.

ESTRUTURAS LIGEIRAS. Promover-se-á a reabilitação as estruturas metálicas das latadas que permitem a existência de percursos de sombra ao longo de jardim, através da sua consolidação | substituição, e das ‘paredes’ dos ‘quartos’ a céu aberto onde actualmente existem trepadeiras. Propõe-se o reforço da estrutura da latada existente no percurso de maior extensão no patamar à cota mais baixa, bem como o alteamento da mesma no troço norte, promovendo a maior entrada de luz neste ponto e a consequente marcação de um lugar de permanência oferecido pela presença de um banco.

MOBILIÁRIO Serão propostos elementos móveis para o usufruto do jardim designadamente cadeiras a distribuir pelas várias zonas do jardim, de acordo com o projecto de arquitectura, uma rampa em madeira destinada a facilitar o acesso entre os diferentes patamares do jardim e umas escadas móveis construída em madeira.





nome do projecto | name of project PROJECTO DA CASA DA ESCRITA | COIMBRA CONCURSO | 1º LUGAR coordenador geral | general coordinator João Mendes Ribeiro arquitecto, lda arquitectura paisagista | landscape architecture Global, Arquitectura Paisagista, lda responsabilidade técnica | técnic responsability João Gomes da Silva, Arqº Paisagista Monica Ravazzolo, Arqª área | area 1000m2 data do projecto | project date 2005 projecto artístico de luz | lighting project Gilberto Reis rega e hidráulica | Irrigation - Hydraulic Bartolomeu Perestrello, Engº


n. 235 DESENVOLVIMENTO DO RESORT ‘DELLIS CAY’ | TURKS AND CAICOS ‘DELLIS CAY’ RESORT DEVELOPMENT | TURKS AND CAICOS

As pegadas arquitectónicas que, progressivamente, foram definindo os locais de intervenção ajuda a construir a proposta preliminar apresentada. Este documento em work in progress procura questionar alguns apectos que consideramos relevantes de modo a activar o diálogo entre projectistas e testar uma metodologia de trabalho comum. O Resort A proposta impõe uma matriz de conservação/ regeneração que assenta nos ecossistemas existentes que cobrem actualmente o território e que se baseia num sistema renovado e na densificação dos três estratos: herbáceo, arbustivo e arbóreo. O sistema modular e a pureza que caracterizam os objectos arquitectónicos formulam a definição de uma regra geométrica e ortogonal na organização espacial e sobre a qual se inserem os edifícios. O desenho proposto revela-se na manipulação da

The progressive definition of the architectural footprints at the design zones leads us to the presentation of preliminary specific proposals. This ‘work in progress’ booklet envisages to raise some issues that we consider important, in order to initiate the dialogue with designers and to test a methodology of common work. Resort The proposal for a conservation / regeneration matrix based on the existing land coverage tends to the constitution of a renewed, denser, three level induced vegetation. The modularity and pureness that characterizes the architectural objects is the theme for the creation of a geometric, orthogonal rule that organizes the exterior spaces / gardens where the buildings settle. The design focus on the manipulation of the tension between these two opposed universes – ‘natural’ and ‘humanised’ in their most essential expression (Dionysius


tensão entre dois universos opostos – o ‘natural’ e o ‘humanizado’ (Dionísio e Apolo) nas suas expressões mais essenciais. Rede Viária Primária Segundo as características do tráfego viário – velocidade, frequência, tipologia de veículos – não faz sentido manter ao longo da via o perfil tranversal com 6,50 metros. A estratégia propõe transformar este canal num espaço público linear viário mas também pedonal, ciclável, ou simplesmente como lugar de estadia sobre as copas das árvores. Contudo, o canal mantém-se perfeitamente reconhecível e legível ao longo do seu comprimento enquanto espaço público irrigado. A Nova West Beach O novo desenho para a West Beach define a restruturação de um dos principais recursos do Dellis Cay Development. Trata-se de uma enorme superfície de areia (800 metros de comprimento) disposta em arco, que aglomera em si quatro experiências corporais – a morna água salgada do mar, a brisa quente, o calor do sol e a fina areia branca da praia. A proposta repõe o areal em dois momentos. O primeiro a partir da linha de costa fóssil (com a presença de inúmeros pequenos abrigos inerentes à forma irregular dos estratos geológicos) conseguimos criar um sistema semi-lagunar, com locais de estadia que permitem usufruir das águas calmas protegidas do vento por um cordão de dunas artificais; e, num segundo momento, o aumento da superfície balnear nos dois extremos dramatiza a percepção do arco, e constitui-se como uma superfície maior que sabemos à partida irá suportar maior concetração de utilizadores (a partir da costa a Norte e do resort a Sul). Serão formados dois tipos de dunas de acordo a morfologia da praia. Nos extremos serão instaladas dunas parabólicas que irão estar sujeitas à erosão eólica lateral; e, na formação do arco da praia, serão instaladas dunas lineares. Ambas as tipologias terão que ser estabilizadas com vegetação de modo a melhorar a qualidade do espaço interdunar do sistema semilagunar. A praia será equipada com estruturas fixas ou amovíveis de madeira para criar pontos de estadia com melhor conforto e qualidade de utilização. A Frente de Mangal O mangal é uma área que permite a experiência dos ecossistemas naturais e das condições pré-existentes à antropização do território. A ideia de criar uma área ecológica (denominada de Zoo) numa pequena ilha é infiltrada por um sistema de passadiços associados ao movimento ao longo do Mangal e que permitirá a contemplação e ligação entre vários lugares ao longo desta frente. Estes momentos poderão ser formalizados por uma diversidade de situações como o alargamento de plataformas, pavilhões, escadas que acedem ao nível do plano de água, por exemplo. Sentimos haver grande potencial em desenvolver esta ideia através de um desenho contemporâneo sobre um conceito aparentemente conservativo.

and Apollo). The three-dimensional platform scheme enunciates a possible solution for sea protection and the 3,40m grade affair. Main road With the designed car traffic characteristics – speed, frequency, type of cars - probably makes no sense having a constant 6,50m wide road. Transforming this canal into a space with public green characteristics is the main goal, making it suitable for walking, running, biking and even seat with friends and enjoys a good conversation under tree canopies. The 6,50m wide canal will be recognizable / legible as a green irrigated feature and com. Within it,

New West Beach The redesign of the west Beach represents a fundamental development of a key resource on the entire Dellis Cay Development: a huge (800m) sand surface forming an arc in contact between four physical body experiences – warm salty water, hot breeze, sun heat and thin white sand. The propose design consider de sand refill with two differences: respecting the stone fossil coast line (with the richness of the small shelter resulting from irregular shape of the stratified geology) we can create a semi lagunar system, full of small places to enjoy the calm water protected from the breeze by the artificial dunes; and the enlargement of the beach surface in the two extremes, dramatizing the perception of the arc, and offering larger surface on areas we know will have a larger concentration of users (from the north coast at north, and from the resort at south). Two types of dunes will be shaped according beach form: parabolical ones in the extremes subjected to side wind erosion, and linear ones to the arc form body of the beach. Both types will probably have to be stabilised with vegetation in the back face, enhancing the quality of the interdunar space of the semi lagunar system. Both sides of the beach could be equipped with fix or mobile wood elements to provide comfort and quality of utilisation of the beach. The sand volume not used in the fossil coast/ lagunar system, would be used to enlarge the two limits of the sand beach. Mangrove front The Mangrove area provides a very rich experience of natural life and pre-existing conditions to the inhabitants. The idea of creating an ecological experience area (named as zoo) in an small island is expanded thought a system of board walks related to a movement along the Mangrove front, and the possibility of contemplation and connection between several places along the front. This can be achieved thought a diversity of situations like platforms enlargements, shelter pavilions, small


Little Dellis O contraste entre uma ilha formada por recifes e uma arquitectura tectónica e topológica, estimula a possibilidade de constrate entre os elementos naturais (litologia, vegetação e topografia) e as superfícies tectónicas artificiais através de um anfiteatro de água no contacto com o plano de água e a elevação existente. O novo espaço recria um lugar artificial (não conseguimos deixar de pensar em Barragán ou Manrique) que poderá ser usado como espaço performativo, discoteca, cinema ou ginásio ao ar-livre, ou simplesmente, como lugar de descanso em contacto com o plano de água. Simultaneamente, o contacto dramático entre o edifício topológico e o nível de água pode ser exacerbado por um sistema de piscinas com geometria orgânica inseridas a diferentes profundidades e com o fundo em areia ou em betão. Um sistema de passadiços desenvolve-se e evidencia a tensão entre o intenso impacto da arquitectura e o espaço mais naturalizado do mangal. Sistema Lagunar O espaço liquido do sistema lagunar está intimamente relacionado com o princípio do Spa e das Villas previstos para o Desenvolvimento. Visto como um ‘jardim secreto’, as noções de densidade, ambiente vegetativo, microelementos (pequenas pedras, passadiços, etc) constroem pequenos movimentos, plataformas, qualidades de água, fundamentais no desenho de um sistema interligado que providência mistério, privacidades e na caracterização do lugar.

stairs until the water level, and other situations. We feel a great potential on the development of this idea through a contemporary design of an apparently conservative concept. Little Dellis The contrast between a very beautiful reef island and an tectonical and topological architecture, stimulate the possibility of contrasting natural elements (rocks, plants topography) and artificial tectonic surfaces creating a water theatre in contact with water level and existing hill, inventing an artificial place (we cannot avoid thinking in Barragán or Manrique) that can be used as performing space, disco, cinema or gym open air space, or simply as a restingly place of contact with water level. Even the dramatic contact between the topological building and water level, can be enhanced by a organicgeometric system of swimming pools organized in differentiate deep levels, with sand bottom or concrete bottom. Also a system of board walks can develop the experience of body movement between intense architectural experience and very natural space of east mangrove, in the near space of the condo hotel. Lake System The liquid space of the lake system is intimately related with the very private experience of the Spa and the villas habitat. Seen as a sort of ‘secret garden’, the notions of density, vegetable environment, micro-scale elements (small stones, wood walking elements, etc.) that provides small movements, different level ground surfaces, different water quality, are fundamental to design a system of lakes interconnected, that provides mystery, privacy and unique quality to this development.





nome do projecto | name of project DESENVOLVIMENTO DO RESORT ‘DELLIS CAY’ ‘DELLIS CAY’ RESORT DEVELOPMENT data do projecto | project date 2006 localização | localization Turks and Caicos cliente | client Turks Ltd Cem Kinay autores | authors Global, arquitectura paisagista - PROAP plano geral de paisagem | masterplan Zaha Hadid Architects arquitectura | architecture Lissoni Associati Kengo Kuma Architecture Associates David Chipperfield Architects Shigeru Ban Architects Zaha Hadid Architects

project management ARUP infraestructure engineering ARUP coastal engineering + ecology Erickson Consulting Engineers cost consultant CASL Quantity Surveying Services geotechnical engineers GeoMetrics structural engineer EDS



n. 270 PARQUE AVENTURA | CHARNECA DA CAPARICA

O parque instala-se numa mata com domínio de pinheiro bravo inserido no tecido urbano da Charneca da Caparica complementando e melhorando a qualidade do espaço envolvente. O parque surge através da acção de densificação de orlas nos seus limites, procurando a definição de clareiras no seu interior, perfeitamente isoladas da envolvente urbana. Deste modo, reconhecer clareiras pre-existentes, actuando na configuração dos seus limites constitui a primeira acção que determina a sua estrutura. Uma rede de percursos com diferentes hierarquias interliga as clareiras permitindo usufruir e deambular pelos diversos espaços. A definição de uma rede de percursos, adaptados à topografia, permite e auxilia a definição destes limites, complementada pelo adensamento de orlas no contacto dos espaços de clareira, atravessando alternadamente o espaço-mata e o espaço-clareira. A hierarquia que caracteriza os percursos define-se através de três propósitos/programa: - percurso ‘topográfico’/ciclável mais extenso e adaptado à topografia existente, garante o


acesso a todos os lugares existentes no parque - percurso principal/pedonal articula e permite a utilização dos espaços mais significativos do parque, tais como as clareiras, atravessando situações ecológicas distintas. A pista ciclável define uma estrutura que cruza ou acompanha pontualmente o percurso pedonal sendo materializada apenas pela marcação dos seus limites através de estacas de madeiras pintadas mantendo-se o solo natural como elemento de desafio à sua utilização. - percursos/trilhos que permitem ligar os percursos cicláveis e o percurso principal. Estes são constituidos por mulch de casca de pinheiro com remates em madeira, fundindo-se na materialidade que existe no parque. As clareiras constituem espaços onde o programa de recreio se intensifica, criando um parque de merendas, anfiteatro e uma área relvada de recreio informal. Junto à entrada Sul e a entrada principal a Poente, encontra-se o edifício de apoio ao Parque, inserido numa clareira preenchida com mulch de casca de pinheiro, que mantém o ambiente sombrio e calmo da mata como área de estadia e encontro, limitada por um banco em betão. Pretende-se que este espaço complemente as actividades que possam ser desenvolvidas no espaço multifuncional que existe no edifício, propício a actividades educativas e de lazer. Do sistema de vegetação existente, destacam-se as árvores pelo seu porte considerável. Estas, bem como os matos, constituem espécies endémicas em processo de regeneração natural. O estrato arbóreo é dominado por um pinhal, coexistindo o pinheiro bravo (Pinus pinaster) com o pinheiro manso (Pinus pinea) A estratégia da gestão da vegetação prevê que os pinheiros bravos existentes sejam gradualmente substituídos por pinheiros mansos, consolidando o pinhal existente. Estes serão plantados em agrupamentos de elementos de maior


e menor porte, permitindo que a acção do tempo sobre a vegetação garanta a perenidade desta tipologia de vegetação. Ocorrem ainda manchas singulares de carvalhos (Quercus faginea e Quercus coccifera) cuja expressão será intensificada, e aumentada a sua biodivearsidade através da plantação de sobreiro (Quercus suber) e carvalho cerquinho (Quercus faginea). Pretende-se assim criar maior diversidade no coberto vegetal, auxiliando o processo de regeneração natural com a introdução de espécies que compõem um estado evolutivo mais avançado da vegetação. O objectivo será trabalhar sobretudo no contacto entre a mata e as clareiras existentes, através da intensificação do espaço ‘orla’ , que permitirá reconhecer e consolidar o carácter diferenciado destas tipologias de espaço. Será assim instalada uma orla caducifólia (Ulmus resista) cuja folhagem no Outono permitirá uma luminosidade única na clareira a Nascente. A proposta de sinalética para o Parque inclui três soluções de informação distintas nas variantes de sinalética vertical e horizontal.

A sinalética vertical é constituida por um painel informativo localizado na fachada do edifício da entrada, que incluiu o percurso pedonal bem como a informação exigida legalmente nos espaços de recreio infantil. Em diferentes pontos surgem outros paineis verticais que identificam a flora existente no Parque. A sinalética horizontal consiste na aplicação de pintura orientativa e reflectora nos muretes de contenção de percursos e nos atravessamentos entre o percurso ciclável e pedonal. Neste último a sinalética consiste na utilização de lajes de betão com a largura do percurso, com pictogramas que indicam a circulação de peões e bicicletas. Tanto a diferença de materiais como a existência dos pictogramas indicarão ao peão e ao ciclista a necessidade de cuidado adicional.


nome do projecto | name of project PARQUE AVENTURA AVENTURA PARK

Catarina Raposo, Arqª Paisagista Pedro Gusmão,Arqº Paisagista Miguel Domingues, Arqº Paisagista

data do projecto | project date 2007

arquitectura | architecture PARATELIER, Leonardo Paiella e Mónica Ravazzolo, Arqºs responsabilidade técnica | técnic responsability Leonardo Paiella, Arqº

data de execução | execution date 2009 localização | localization Charneca da Caparica, Almada - Portugal cliente | client Câmara Municipal de Almada área | area 23 000 m2 coordenador geral | project coordinator Global Arquitectura Paisagista, lda arquitectura paisagista | landscape architecture Glogal Arquitectura Paisagista responsabilidade técnica | técnic responsability João Gomes da Silva equipa | team Sofia Alegy Raichande, Arqª paisagista Margarida Vilhena, Designer João Felix, Arqº Paisagista Leonor Cardoso, Arqª Paisagista

estruturas | structures Adão da Fonseca, Engenheiros Consultores Lda responsabilidade técnica | técnic responsability Pedro Morujão, Engº Civil electrotécnia ACRIBIA, Engenheiros lda responsabilidade técnica | técnic responsability José Andrade, Engº Electroténico plano de segurança e saúde Tabique, Engenharia lda. responsabilidade técnica | técnic responsability Paulo Jorge Loureiro Ferreira, Enº Téc. Civil água e esgotos ACRIBIA, Engenheiros lda responsabilidade técnica | técnic responsability Joana Andrade, Engª fotografia | photography Monica Ravazzolo


n. 280 MUSEALIZAÇÃO DA ÁREA ARQUEOLÓGICA DA PRAÇA NOVA DO CASTELO DE SÃO JORGE | LISBOA THE MUSEALIZATION OF THE SÃO JORGE CASTLE’S PRAÇA NOVA ARCHAEOLOGICAL SITE | LISBON

A Paisagem como Acumulação

Landscape as a Palimpsest

Ao longo de milhares de anos este Sítio foi procurado para nele nos instalarmos e habitarmos esta colina saliente das demais e dominante do extenso Tejo, da sua planície aluvionar, e da entrada oceânica nesta costa amena. A instalação fez-se de forma efémera ou permanente, sempre contemplativa e poderosa, mas sujeita ao ‘rodar’ do sol que se eleva e decai num horizonte tão extenso que parece ser o mesmo. A luz é suave, violeta e prometedora quando o dia começa: o estuário extenso está muitas vezes coberto de neblina dourada que se dissipa lentamente á medida que as brisas matinais a empurram de volta ao mar-oceano. Durante o dia torna-se porem mais intensa, dura nas sombras que recorta, para no final se dourar e revelar o céu de nuvens ardentes ou de azul matizado. Por isto foi este Lugar criado e sucessivamente transformado. Este Lugar foi primeiro instalado com a permanência eterna que se deseja para os nossos mortos, dispondo-se de forma organizada e dominante as sepulturas, e definindo-se o espaço do Santuário do período que hoje chamamos Idade do Ferro. O período medieval Muçulmano encontrou já sistemas defensivos de muros estrategicamente inscritos na topografia da colina, que permitiram a instalação da Alcáçova perto da Mesquita,

Through time, this Place was chosen to be settled and the hill, an extraordinary landscape mark in the Lisbon’s undulating topography and dominant over the extense Tagus River, its alluvial plain and the oceanic entrance of the coastline, to be dwelled. The settling ocurred permanent or ephemerally, but always contemplative and powerfull and subject to the sun’s rising and falling movement over the same vast horizon. The light is soft, violet and promising when the day begins: the immense estuary is often covered in a golden mist which slowly breaks with the morning breezes that pushes it back to the ocean. Through the day, the light gets more intense, strengthening the shadows. By the end of the day the light turns into gold and reveals a sky filled with flaming clouds or the clearest blue. This Place was created and successively transformed because of it. This Place was first occupied in regard of the eternity that you would expect to give to our deads. The graves were organized in a sanctuary which belongs to a period that we now call Iron Age. The Muslim Medieval Period reveals defensive mechanisms such as walls, strategically inscribed in the hill topography which allowed the construction of the Alcáçova


hoje Igreja da Stª Cruz. A nossa necessidade cultural de referimento histórico como suporte para a Identidade colectiva levou-nos à conservação, reconstrução ou reabilitação de estruturas urbanas, militares ou arquitectónicas, por vezes fazendo escavar o solo e redescobrindo camadas de matéria que nos permitem contemplar o Lugar. A contemplação e a interpretação desses vestígios de cultura material surgem então como instrumento operativo de criação cultural do Lugar como palimpsesto, em que sucessivas camadas de construção são ‘apagadas’ pela acumulação de solo, de detritos de derrocada ou de cataclismo, gerando uma justaposição quase indecifrável: camadas de tempo e de matéria justapostas existem enquanto campo tridimensional transformado pelo Tempo.

near the mosque – today the Stª Cruz Church. Our own cultural necessity to mark our historical identity as a suport to our Collective Identity led us to the conservation, reconstruction or rehabilitation of the urban, military and architectonic structures, sometimes through excavation which brought back to light layers of matter that help us contemplate this Place in time. The contemplation and interpretation of these material culture remains is used as an instrument to construct the Place as a Palimpsest, where a sucessive layering of ocuppations were erased after the accumulation of soil and cataclism debris forming an indefinable juxtaposing of times and materials in a tridimensional field. Revelation

Revelação A Arqueologia tem vindo a revelar e interpretar persistentemente essa acumulação, como que de uma Hermenêutica do Lugar se tratasse. Utilizando a noção de ‘Campo’ arqueológico, que à semelhança de um ‘Campo Cirúrgico’ isola uma parte do corpo, entrando nele e agindo por vezes de forma brutal, expôs ao Tempo Presente, Tempos diversos tão profundos quanto antigos. A nossa tarefa consistiu então em reflectir sobre este problema espacial, de contradição geométrica e altimétrica, propondo um dispositivo arquitectónico e paisagístico que torne comunicável e tangível esta complexidade. Tomando a noção de ‘Campo’ e os instrumentos a ele relativos, procurou-se conter através da técnica da entivação os diversos planos altimétricos que permitem a estabilização topográfica do Lugar, a preservação dos vestígios, e a sua visitação. O Lugar da Praça Nova do Castelo de S. Jorge é no momento da intervenção um lugar esventrado pelas escavações entre belos pinheiros mansos, zambujeiros e ciprestes, contidos

The archaeological excavations has persistently been revealing and interpreting this accumulation as an Hermeneutics of the Place. Using the notion of the ‘Archeologic Field’ isolates part of a body, entering and cutting and exposing to the present time several profound and ancient times. Our task consisted in thinking through this spacial problem of geometric and altimetric contradiction proposing an architectonic and landscape framework which would make this complexity communicable and tangible. Going back to the notion of ‘Field’ and its instruments, we revealled each layer through a retention system around altimetric-time sheets which provided the topographic stabilization of the Place, the preservation of the remains and its visitation. The Place of the Castelo de São Jorge’s Praça Nova was, at the time of the project, an excavated site between pine trees, wild olive trees and cypresses inside the rebuilt medieval walls. The steel vertical sheets that built the retention system, cutted through the multitude of layers, defined the Time and


pela Muralha medieval reconstruída. A instalação das lâminas de aço em entivação dos vários níveis permitiu definir planos de Tempo, e de visita. Os revestimentos diferenciam estes Tempos diversos, sendo o basalto negro o revestimento superior em continuidade com o espaço do Bairro do Castelo, sendo o saibro de cores diversas revelador do espaço colectivo ou privado da Alcáçova. As escavações mais profundas estão contidas pelas estruturas metálicas de entivação, que através de rasgos nos revelam o Tempo do Ferro. Outras estruturas posteriores ao Medieval Muçulmano, justapõem-se formando um todo complexo e contraditório mas belo pela sua tensão temporal e espacial. O negro do basalto, o laranja do saibro e o óxido avermelhado do aço, contrastam com os verdes secos ou intensos dos zambujeiros e pinheiros, formando um novo Lugar em que o ‘Tempo Acumulado’ se contrapõe à extensão infinita do céu, do estuário e da planície. A Paisagem readquiriu a serenidade que a fez Lugar.

visitation plains. The paving distinguishes these diverse Times: the black basalt is used on the superior and contemporary layer; and sand, in different colors, reveals the collective and private spaces of the Alcáçova. The deepest excavations are retained by the metallic strucures which cut through the tridimensional time and reveals the Iron Age. Other post Muslim Medieval strutures are justapoxed forming a complex and contradictory but beautiful temporal and spatial tension. The basalt’s black, the sand’s orange and the steel’s red oxyde, constrasting with the greens of the pine and wild olive trees forms a new Place in which the ‘Accumulated Time’ faces the enormous infinity of the sky, the estuary and the alluvial plain. The Landscape regains the serenity that made the Place.


nome do projecto | name of project Musealização da Área Arqueológica para a Pç Nova Do Castelo de S.Jorge

dono de obra | client Câmara Municipal de Lisboa (EGEAC) autores | authors

data do projecto | project date 2008 data de execução | execution date 2009-2010 localização | localization Lisboa - Portugal

Landscape Architecture Global, Arquitectura Paisagista João Gomes da Silva, Architecture JLGS, Arquitectos João Luís Carrilho da Graça



n. 284 HERDADE DO ESPORÃO | MONSARAZ Projecto de compartimentação e estruturação da vinha e medidas de conservação de habitats e da biodiversidade

The Esporão S.A. has been restructuring the vineyards and ecological system as a way of achieving short, medium and long term solutions to problems affecting both the vineyards and wine production. This new work philosophy is in sync with a long process of modernization, development and improvement of the working conditions, in addition to becoming aware, and recognizing the responsibility of the environmental and ecological role of the Herdade in the region. Simultaneously, Herdade do Esporão seeks to strengthen its image and distinction in the wine and olive oil market. The Esporão S.A. wants to present high quality products, with a strong ecological and humanist character. More than a manufacturing unit, the Herdade aspires to be a crossing platform and haven for biotopes, faunistic and floristic ecosystems, visitors and workers, and practices of use and development of resources that are symptomatic of a close and prolific relation between Man and Nature. The Esporão S.A., with its new approach, merely concedes the spatial and temporal context for these exchanges to happen. strategy The masterplan redefines the vineyard stormwater management system and identifies detention, storage and infiltration points of stormwater runoff in a given drainage basin of the vineyards. This complex system is then crossed with the vineyard agronomic system in order to obtain a design that is both functional and ecological. In association with the stormwater management, the masterplan designs a north-south hedgerow system that will serve as a windbreak against the predominantly northwestern

but also the southeastern winds. The tree hedgerows will furthermore increase the rural bioclimatic comfort both for the workforce in the vineyards and the sightseeing tours. Along with tree hedgerows, the bushy hedgerows will provide refuge and food source for beneficial insects, amphibious, birds and mammals thus increasing biodiversity and providing a weapon against pests. The hedgerows will also serve the vineyards by increasing production over a distance twenty times the hedge’s height. The main north-south and east-west axis with its Narrowleaf Ashes and Olive Trees will also define a stronger sense of circulation from the moment of entrance. The three boulevards are imposed upon the territory by the geometric structure of the vineyards which gain new meaning when faced with the more sinuous silhouette of the riparian forest of streams and canals. From this relation between the rational, geometric and anthropological thinking and the natural teluric and entropic forces, comes the Herdade do Esporão.








obra | project HERDADE DO ESPORÃO Projecto de compartimentação e estruturação da vinha e medidas de conservação de habitats e da biodiversidade cliente | client ESPORÃO S.A. local | localization Reguengos de Monsaraz - Portugal área | area 650 ha arquitectura paisagista | landscape architecture Global, arquitectura paisagista lda. coordenador de projecto | project coordinator João Gomes da Silva colaboradores | colaborator Catarina Raposo Arqª Paisagista Monica Ravazzolo, Arquitecta Pedro Gusmão, Arqº Paisagista data | date início de projecto: Abril 2009 infraestruturas viárias e drenagem | road and drainage infrastruture Campo D’Água


n. 291 PISTA CICLAVEL NA MARGEM RIBEIRINHA DO TEJO | LISBOA CYCLING PROJECT IN THE MARGINS OF RIVERSIDE TEJO | LISBON

‘O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

‘The Tagus is more beautiful than the river which flows through my village, But the Tagus is not more beautiful than the river which flows through my village Because the Tagus is not the river which flows through my village.

O Tejo tem grandes navios E navega nele ainda, Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, A memória das naus.

The Tagus has big vessels And still upon its sails For those who see in all things what is not there The memory of ships

O Tejo desce de Espanha E o Tejo entra no mar em Portugal. Toda a gente sabe isso. Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia E para onde ele vai E donde ele vem. E por isso, porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

The Tagus comes down from Spain And the Tagus flows into the sea off Portugal Everyone knows that. But few know about my village river Or whence it goes Or whence it comes. And so, because it belongs to fewer people, My village river is freer and greater.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo. Para além do Tejo há a América E a fortuna daqueles que a encontram. Ninguém nunca pensou no que há para além Do rio da minha aldeia.

Via the Tagus you can see the World. Beyond the Tagus lies America And the fortune of those who find it. No-one has ever thought of what lies beyond My village river.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem está ao pé dele está só ao pé dele.’

My village river prompts no thoughts. Who stands besides it merely stands beside it.’ Alberto Caeiro

Alberto Caeiro


O projecto da pista insere-se na estratégia de identidade da rede de percursos cicláveis que a Câmara Municipal de Lisboa está a instalar na cidade, afirmando contudo a sua identidade ao inserir-se no espaço do Porto de Lisboa e da margem. A heterogeneidade de espaços e atmosferas, a proximidade ou atravessamento das áreas industriais e de zonas monumentais, impele-nos à cautela e sobriedade na linguagem proposta sem contudo deixar determinada com clareza o espaço para a inserção desta deambulação. Os conflitos da expressão de materiais existentes nos diversos chãos que atravessamos e a sua contextualização em ambientes tão determinantes para a imagem e memória da Cidade quanto a de toda a zona monumental ribeirinha, leva-nos a uma estratégia de reconhecimento minucioso das sucessivas camadas e revestimentos que a margem foi acumulando, na tentativa de encontrar denominadores comuns e de criar uma imagem mais intensa mas mais clara. A tarefa de assinalar o percurso ciclável de forma inequívoca e de forma a minimizar os riscos de conflitos com outros modos de mobilidade, surge sob a forma de um rasto reversível impresso sobre a memória da margem, da cidade e do rio. A estratégia delineada pelo estudo preliminar municipal é acolhida em plenitude e rigor, interpretando a clareza linear através de um sistema cuidado de impressões, sinais e incisões, sobre o mosaico de revestimentos existentes e introduzidos pelo projecto. Comunicação, deslocamento e experiência tornam-se atributos do espaço que propomos cria na margem da cidade.

The project is part of a vaster strategy of a cycling network which is being developed by the municipality of Lisbon. However, the relation with the city’s harbor and the river Tagus sets forth an unique identity for this particular route. The heterogeneity of spaces and environments, the proximity or crossing of several industrial and monumental sites drive us to approach this place with caution and sobriety and, to determine exactly what is the space through which this route wanders about. There are conflicts because of the presence and characteristics of so many different surfaces associated with so many contexts which, on the other hand, have an important role in the construction of city’s image and memory and its relation with the river. This acknowledgment took us to pursue a careful study of the successive layers and covers which were accumulated on the river bank in order to find a common ground and to produce a clearer and intenser image. The design lays down a reversible bicycle trail over the memory of the river bank, the city and the river itself in order to minimize conflicts with other mobility modes and to imprint an unmistakable route. The strategy first lined out by the municipality is accepted totally and with rigor. In addiction the project interprets the clarity of its linear form with a system of signs, impressions and incisions on the vast mosaic of preexisted or introduced surfaces. Communication, movement and experience become space attributes for the riparian city borders.





obra | project PISTA CICLÁVEL / BELÉM-CAIS DO SODRÉ cliente | client APL, Administração do Porto de Lisboa Camâra Municipal de Lisboa EDP local | location Lisboa - Portugal coordenação | coordination Global, arquitectura paisagista lda. projectistas | designers GLOBAL, arquitectura paisagista _João Gomes da Silva P-06 atelier, ambientes e comunição, lda _ Nuno Gusmão, Estela Pinto e Pedro Anjos colaboradores | colaborators GLOBAL, arquitectura paisagista: Catarina Raposo Arqª Paisagista

Filipa Serra, Arqª Paisagista João Félix, Arqº Paisagista Leonor Cardoso, Arqª Paisagista Monica Ravazzolo, Arquitecta Pedro Gusmão, Arqº Paisagista P-06 atelier, ambientes e comunição, lda: Giuseppe Greco Vera Sachetti Miguel Matos Joana Prosperio Miguel Cochofel Pedro Schreck Clara Joana data | date Projecto: dez.2008, Início obra: março 2009, Conclusão obra: agosto 2009 construtor | constructor Consorcio entre CME e Armando Cunha


n. 305 ELABORAÇÃO DO PROJECTO DE EXECUÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO DA RIBEIRA DAS NAUS, NA FRENTE RIBEIRINHA DA BAIXA POMBALINA | LISBOA RIBEIRA DAS NAUS PUBLIC SPACE IN THE RIVERFRONT OF THE POMBALINE LOWER TOWN | LISBON

CONCEITO O Lugar mítico O espaço da Ribeira das Naus é um espaço mítico na identidade nacional e local. Em parte produzido pelo imaginário colectivo, em parte pela cultura ofi cial. O mito está ligado à fábrica naval que operou de facto neste lugar, e que terá produzido ao longo de séculos, embarcações de diversos tipos. O mito articula a certeza da produção das Naus, com a possibilidade de estas terem sido protagonistas do movimento de descoberta de rotas universais, e de um primeiro fenómeno de globalização impulsionado por Portugal. De lugar prático de laboração a espaço mítico de relação com um universo longínquo, global e universal, a Ribeira das Naus é um espaço sempre articulado no tempo, com o outro espaço irmão sempre relacionado com a representação do poder: o Terreiro do Paço, hoje Praça do Comércio. Um poderosíssimo e devastador conjunto de fenómenos naturais destruiu a Cidade parcialmente, afectando totalmente a Ribeira de Lisboa como lugar. A sua reconstrução manteve curiosamente a vocação e a confi guração de alguns elementos como a doca do arsenal, as rampas varadouro ou as docas secas. Lugar/Local e Lugar/Global em simultâneo. Mas hoje aonde está presente o carácter complexo que discutimos atrás? Que signifi cado tem a actual configuração deste lugar?

The place of Ribeira das Naus is central and essential to Local, National and World culture. The place can be described as the Mythic Arsenal were ships were build or repaired before initiating the discovery of new maritime routes between Europe and the rest of the world, beginning the first movement of Globalization. Ribeira das Naus has always been a twin brother of the next space known in the past as Terreiro do Paço (the field of the Royal Palace), a huge empty space relating Town, the Royal Palace, and the sandy margin of the River Tejo. After the big heart quake of 1755, the most of down town was destroyed, not only by the impressive cataclysm of trembling, but also by a submerging tsunami, followed by a big fire. The entire city was then subjected to an Illuminist plan of reconstruction trough which, aristocrat and religious power were spatially subjected to a new rationalist order. Surprisingly the most of the landscape elements on place (dock, shipyard platforms, and a dry dock) persisted in the new design scheme, as it is visible in the prolific iconography and cartography that reached us. In spite of the Imperial scale and atmosphere that characterizes the new twin square renamed Praça do Comercio, the Place of Ribeira das Naus remained until 1940 with the same typology of spatial elements. Only then, when this mysterious and al-


most inaccessible place was trimmed of the direct contact with the River Tejo by a new avenue for car circulation, its structure and order were transfigured and its sense lost. Our project, shared with landscape studio PROAP, history research unit of Lisbon Universidade Nova and maritime engineers, proposed to redefine the place by re-aligning the bank of the river; reorganizing traffic and pedestrian circulation along with the new Lisbon cycling system; redefine the spatial relation with the Navy Admiralty that occupies since ever the space; and proposing an timeless contemplation of fossilized elements buried under layers of time and earth. This tension between elements from the past (docks, shipyard ramps, etc), and the new design language introduced will create a new vibrant space of circulation and contemplative permanence of the elements of memory and a new style of living the presence of the river.

E que outros elementos, hoje invisíveis, poderemos convocar e recentrar na conformação e experiência deste Lugar?

O Lugar misterioso da relação com a memória A estratificação como conceito tectónico originado pela Geologia ajuda-nos a compreender a forma como a Cidade se reconstrói sucessivamente sobre si própria. Por vezes preserva de maneira aparentemente inexplicável formas precedentes, que só a partir da revelação de uma maior extensão se tornam compreensíveis. Na Ribeira das Naus temos hoje sinais de diversos tempos: uns directamente experienciáveis, outros apenas presentes pela abundante iconografi a e cartografi a que os tornam inteligíveis, e pelas ocasionais revelações em cada escavação para uma qualquer instalação ou infra-estrutura. É a partir da tensão entre os diversos elementos presentes (conjunto edifi cado, doca seca) com os diversos estratos geometricamente negativos em relação à cota de superfície actual (doca do


criar em Lisboa um lugar vibrante, que experiência existencial nos poderá proporcionar?

A Ribeira das Naus como contemplação atemporal

Arsenal, paredões de varadouro) que se confi gura o desenho proposto. A revelação e a integração destes elementos fósseis, parcialmente enterrados e potencialmente determinantes do carácter do espaço, constituem o processo de recriação da Ribeira das Naus. A arquitectura deste espaço da Paisagem da Margem de Lisboa consiste então na contraposição de elementos fosseis com elementos contemporâneos, com o duplo sentido de revelação dos diversos tempos do mesmo lugar (cultura do espaço da cidade) e de acção na utilização do espaço público (circulação, permanência, contemplação, infra-estrutura). Mas se a revelação dos estratos temporais justapostos no espaço, parece ser uma oportunidade única de

Norberg-Schulz fala-nos do carácter material e espacial de um Lugar, como determinantes da sua identidade. A proposta para a Ribeira das Naus apresenta a opção radical de recortar a linha de costa no sítio da Doca do Arsenal tangencial ao Torreão Poente, e determinar com precisão um novo alinhamento de margem até ao Cais do Sodré, reconfigurando a linha de Costa num sentido integral. O Torreão aparecerá espelhado no novo plano de água do rio que o separa da plataforma da Ribeira das Naus. Esta plataforma, que contem o artefacto da Doca seca agora totalmente exposta, revela os novos dois planos descendentes ao rio, que materializam o lugar das rampas de varadouro, agora apropriados por planos de relva e madeira contemplativos. O limite original da linha de costa é transposto e materializado pela extensa superfície negra e basáltica que faz signifi car a superfície de margem acrescida e em continuidade material com as ruas, largos e travessas imediatas. Ao atingir o alinhamento marginal, desce suavemente em lâminas pétreas, como uma praia artifi cial contida pelos dois pontões. Um, a nascente, prolonga o muro lateral da doca do Arsenal, enquanto outro, a poente, prolonga o espaço vazio do largo do Corpo Santo, determinado em oposição pela massa dos alinhamentos de árvores sobre o Rio. Nesta superfície negra que nos absorve, atravessa o transito de viaturas, bicicletas e peões, separados por sinais de pedra ou madeira que defi nirão direcções, canais de passagem, ou superfícies partilhadas. O acesso entre a Ribeira das Naus e a Praça do Comércio é agora marcado como que por um ritual de atravessamento


da água, por uma ponte. Fabricada com metal e madeira com a transparência própria destas estruturas, permite-nos olhar para baixo e contemplar a água, os antigos muros de pedra incrustados no dique de maré que acolhe as enormes condutas que coincidem a várias alturas, algumas expostas e suspensas na própria estrutura da ponte. A delicadeza da nova articulação urbana demonstra a clara diferença entre os dois espaços irmãos, que nos fazem signifi car de diferente forma o espaço do Poder e da Fábrica, agora entregues aos nossos rituais de passagem diária ou ocasional, individual ou em colectivo. A luz invade os espaços diversos, percorre-os de diferentes formas ao longo dos dias e ao longo do ano, distribuindo sombras das árvores, refl exos ou planos de luz intensa ou muito suave, envolvendo-nos em muito mais do que o simples atravessamento diário. Imaginamos que poderemos agora descer até ao Rio, ou mesmo caminhar na praia que as marés põem ciclicamente a descoberto até subir a escadaria entre as colunas, e subitamente nos depararmos com a Praça monumental com o seu Castelo elevado contra o céu.

ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO, USOS E FUNÇÕES A partir da reflexão sobre os princípios e objectivos enunciados nos termos de referência e do estudo da evolução urbanística e histórica da área de intervenção, o projecto tentou encontrar respostas através da identifi cação de um conceito e da sua concretização através do desenho. Esses objectivos foram sendo atingidos de forma relativamente natural a partir do conceito, o qual, pela sua robustez metodológica e conceptual, garante a capacidade do projecto responder às principais questões programáticas.

Revelação histórica A proposta tenta cristalizar numa solução contemporânea de espaço público os elementos estruturais mais relevantes da História deste lugar. Dessa síntese, resultam como elementos fundamentais da proposta e do conceito que lhe está subjacente, a revelação de estruturas enterradas, a recuperação da geometria da antiga linha de costa e sua integração no desenho, a reinvenção de elementos funcionais associados ao trabalho de estaleiro (rampas, pontões). Esta atitude de

revelação culmina no topo Poente com a possibilidade de utilizar a arqueologia e os trabalhos de escavação na zona do antigo Palácio Corte Real como elementos integrantes do desenho e como função dos novos espaços verdes criados. Em síntese, o projecto aponta como elementos essenciais de revelação histórica as seguintes acções: -Desaterro da antiga Doca da Marinha (caldeira) e da Doca Seca com a revelação das estruturas pré-existentes de contenção das mesmas, as quais poderão ser completadas e/ou reforçadas caso se verifi que estarem danifi cadas ou incompletas; -Recuperação da geometria da antiga Ribeira das Naus como limite de transição entre o pavimento em pedra de calcário e o pavimento em basalto; -Construção de dois planos inclinados relvados à imagem das antigas rampas varadouro de lançamento de navios; -Existência de uma zona de jardim compatível com a possível integração de trabalhos de escavação arqueológica (zona do antigo palácio Corte Real), permitindo a criação de uma escavação visitável por parte dos utilizadores do jardim e assim uma mais valia cultural e pedagógica da fruição do espaço;

Reconfiguração da linha de costa A condição de limite físico da cidade no seu contacto com o rio, confere a esta zona e a outras congéneres, um carácter volúvel, materializado pelo avanço de um sobre o outro. Esta dinâmica, vem conformando a linha de costa ao longo da história de Lisboa. A presente proposta afi rma-se positivamente sobre a natureza e geometria do limite da cidade propondo o seu avanço face ao limite actual, reconquistando-se a continuidade das direcções e alinhamentos das áreas contíguas, ganhando espaço público de grande proximidade com o rio e regrando as relações formais entre os vários vazios em presença (praças, ruas): -Definição clara da geometria do limite das várias plataformas niveladas no troço Cais do Sodré/ Praça do Comércio, com a afi rmação de um alinhamento único e contínuo ao longo de todas estas zonas coincidente com a crista do plano inclinado; -Criação de dois pontões de remate nos extremos ajudando a conter a plataforma inclinada de avanço sobre o rio e reforçando


a ideia desta funcionar como uma peça encaixada;

Criação de espaço público A reinvenção da Ribeira das Naus enquanto espaço público resulta naturalmente da eliminação da barreira física de limite das instalações da Marinha e da relocalização do eixo viário para sul, acompanhando a linha de costa, com a consequente eliminação da secção diagonal que fragmentava o espaço em dois territórios opostos. O projecto confirma a primeira e integra a segunda. Na proposta apresentada, o sentido de fruição do espaço estende-se a praticamente toda a área de intervenção, com diferentes características e aspectos diferenciadores: -A zona de circulação junto aos edifícios, que apesar de sujeita a alguns condicionamentos, surge como uma plataforma pétrea de continuidade entre o edifi cado e o restante espaço; -As zonas de jardim que assumem o caracter de áreas de relvado com maciços arbóreos e que permitem uma circulação livre e não condicionada, não impondo nenhuma estrutura de caminhos à estrutura sublinhada pelo conceito de revelação histórica da proposta; -A plataforma de transição rio/cidade com o basalto negro, onde a circulação de viaturas se confi na ao estritamente necessário e a não existência de desníveis convida ao atravessamento; -A aproximação ao rio protagonizada por um plano inclinado, onde a circulação longitudinal no coroamento da peça é complementada pelo alinhamento de árvores (conforto) e declive suave da rampa convidam à estadia e contemplação do rio.

Ligações

A posição do espaço da Ribeira das Naus no centexto urbano da cidade de Lisboa é ela própria defi nidora de uma condição de espaço/junta entre uma praça monumental (Praça do Comércio) e o conjunto Praça Duque da Terceira / Jardim Roque Gameiro. Este carácter foi reconhecido nas várias opções projectuais que reforçam este espaço como espaço de ligação: -A proposta reafirma como pressuposto a utilização pelo público da passagem existente através do edifício no topo norte da área de intervenção, o que permitirá a comunicação com a Praça do Município e Rua do Arsenal e daí com a Baixa

Pombalina e com a zona do Chiado; -Possibilita-se com a reinterpretação da antiga linha de contorno dos pontões, a criação de percursos de atravessamento transversal que colocam em ligação a praça de armas interior com o percurso marginal em basalto; -Estabelece-se uma continuidade no alinhamento e geometria do percurso pedonal e ciclável marginal proveniente quer do Cais Sodré, através dos edifícios das Agências, quer da Praça do Comércio, coincidindo o seu limite sul com a linha de coroamento do grande plano inclinado de aproximação ao rio; -Reforça-se no limite poente a relação entre a cidade e o rio, através da criação de um pontão de remate no enfi amento do eixo do Largo do Corpo Santo e a criação de uma alameda arborizada no contacto com o edifício mais a nascente das Agências; -Garante-se a ligação automóvel e pedonal entre a Ribeira Das Naus e o topo poente da Praça do Comércio através de uma ponte/passadiço, assente sobre um açude de contenção da revelada Doca da Marinha. Este elemento que garante a ligação vital entre a Praça monumental e o espaço multifacetado da Ribeira reinventada terá uma singularidade acrescida pela leveza da sua estrutura e pela nobreza dos materiais e qualidade construtiva.

Segurança A eliminação de limites fi sícos e a nova confi guração do espaço traz consigo novas formas de garantir as questões relativas à segurança das instalações militares e de continuar a proporcionar espaços de representação institucional. O desenho e a organização do espaço encontrados permitem, de forma bastante simples, criar zonas de acesso e circulação condicionados, ou mesmo, em situações de excepção, impedir a entrada do público na plataforma mais próxima dos edifícios: -A nova praça de armas, localizada na zona onde actualmente se encontram respiradouros do Metropolitano, terá uma área aproximada de 2000 m2 e permitirá concentrar todas as funções de representação a que o espaço exterior do edifício tenha de dar resposta; -O desaterro da antiga Doca da Marinha (Caldeira) actuará como uma barreira acrescida de segurança no contacto com a


zona do edifício mais sensível em termos de segurança, o corpo nascente. O percurso em volta deste plano de água poderá ser condicionado em termos de acesso total ou parcialmente, garantindo o isolamento das duas fachadas mais sensiveis e dos respectivos acessos directos ao edifício; -A existência dos dois grandes planos inclinados relvados no centro da área de intervenção recuperando a geometria e o conceito dos antigos varadouros, cria uma tectónica do pavimento que garante o isolamento (pela diferença de cotas) das zonas próximas ao edifícios e afectos à função militar; -A barreira da doca seca redescoberta é aproveitada e maximizada constituindo factor acrescido de seguarnça e de controle no acesso às áreas mais próximas do edifício poente; -O desenho permite, através de elementos estruturais e pela forma como combina pré-existências com modelação das cotas do pavimento, garantir que em grande parte da linha de contacto com os edifícios seja fácil implementar medidas de segurança, quer passivas quer activas, que possam possibilitar estabelecer diferentes níveis de segurança; -Será possível, com o desenvolvimento do projecto, defi nir elementos complementares de segurança, tais como barreiras, sistemas de controlo, videoviligância, entre outros, os quais se poderão facilmente justapor ao desenho agora proposto sem com isso se por em causa a estrutura essencial do desenho e das opções do programa concretizadas pelo projecto.

QUALIDADE DO ESPAÇO Tendo como ponto de partida a ambiguidade espacial dos vários espaços da actual Ribeira das Naus, pretendeu-se com a reinterpretação da condição urbana deste lugar, conquistar para a cidade espaços de qualidade superior no que à fruição do espaço público diz respeito. Foi possível ao projecto, na concretização do conceito, definir espaços tipológicamente diversos e complementares, que garantem uma multiplicidade de valências e funções, enriquecendo ainda mais através da diversidade, um espaço à partida único na cidade, quer pela História que representa quer pelas características naturais. A procura dessa qualidade espacial foi conduzida no sentido do incremento do conforto ambiental e da potenciação das qualidades cénicas do espaço: -criando zonas de jardim de escala considerável e zonas de estadia generosas e de relação directa com o rio;

-no cuidado na escolha dos materiais de revestimento (calcário, basalto), na mobilidade e conforto de acesso em todas as zonas do projecto e na segurança da utilização dos espaços (relação peões/automóveis); -na reintrodução do elemento água na composição do espaço com a revelação da Doca da Marinha e suas estruturas de contenção, criando um efeito de espelho de grande escala revelador da beleza cénica do reflexo das fachadas.

COMPATIBILIDADE A compatibilização dos princípios enunciados no conceito com a realidade existente e programada, no que diz respeito ao desenho geral de espaço público para as áreas contíguas e à rede de infra-estruturas existente e em execução no presente momento foi uma preocupação constante na elaboração da proposta. A harmonização do projecto com a rede de infra-estruturas e de circulação viária prevista para as áreas adjacentes bem como para a própria área de intervenção foi garantida em todas as soluções preconizadas: -Integração do projecto para o estacionamento subterrâneo de iniciativa da APL para a zona adjacente aos edifícios das Agências; -Soluções de continuidade para as zonas contíguas à área de projecto, quer ao nível dos alinhamentos quer ao nível dos materiais de revestimento; -Integração da Estação Elevatória da Simtejo e respectivas estruturas anexas; - Integração das redes de infra-estruturas em execução;

CIRCULAÇÃO Na sequência da compatibilização deste novo espaço público de excelência da cidade de Lisboa com a necessidade actual de garantir a prossecução do projecto da rede viária do projecto geral de espaço público encontrou-se resposta na descodificação material das áreas de circulação para automóveis no seu atravessamento da Ribeira das Naus. As faixas de rodagem previstas (duas, uma em cada sentido) são apenas marcações na plataforma do basalto negro, de nível com as zonas pedonais, prescindindo-se do lancil como separador do espaço canal da estrada. A presença dos carros será assim semelhante a uma intrusão consentida e não a uma


imposição da máquina sobre o Homem. Garantindo-se as circulações longitudinais a carros e pessoas, permite-se que as ligações transversais da cidade para o rio ocorram de forma generalizada sem constrangimentos e disciplina formal criando uma grande facilidade de acesso e apropriação do espaço público por parte da população.

nome do projecto | name of project ELABORAÇÃO DO PROJECTO DE EXECUÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO DA RIBEIRA DAS NAUS, NA FRENTE RIBEIRINHA DA BAIXA POMBALINA data do projecto | project date 2009 data de execução | execution date 2009 localização | localization Lisboa - Portugal cliente | client Sociedade Frente Tejo, SA consórcio | consortium PROAP-Estudos e Projectos de Arrquitectura Paisagista, Lda GLOBAL-Arquitectura Paisagista, Lda João Ferreira Nunes, arq. paisagista João Gomes da Silva, arq. paisagista colaboradores | colaborators Miguel Domingues, arq. paisagista Pedro Gusmão, arq. paisagista Filipa Serra, arq. paisagista Susana Frazão, arq. paisagista Leonor Cardoso, arq. paisagista projectistas de obra marítima | designers work at sea CONSULMAR - Projectistas e Consultores, Lda. Lucília Luís, engª consultores | consulting Professor Nuno Senos - Centro de História de Além-Mar, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.