TFG - Ecossistema Criativo: Centro de Arte, Tecnologia e Inovação.

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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS – CCT CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ECOSSISTEMA CRIATIVO

FELIPE GUSTAVO RODRIGUES MAIA

ORIENTADOR: AMANDO CANDEIRA COSTA

FORTALEZA - CE 2019 2


Felipe Gustavo Rodrigues Maia

ECOSSISTEMA CRIATIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza, como requisito parcial para obtenção do título de Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Amando Candeira Costa

Fortaleza – CE 2019 3


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Felipe Gustavo Rodrigues Maia

ECOSSISTEMA CRIATIVO

Relatório final, apresentado à Universidade de Fortaleza, como parte das exigências para a obtenção do título de graduação.

Fortaleza, 10 de junho de 2019.

BANCA EXAMINADORA

Arq. Amando Candeira Costa Professor Orientador

Sarah Bastos de Macedo Carneiro Arquiteta Urbanista

Emiliano Cavalcante Teixeira Lima Arquiteto Urbanista 5


RESUMO / ABSTRACT O presente trabalho propõe a implantação de um empreendimento singular para o Estado do Ceará, o qual se caracteriza como um Centro de tecnologia, arte e inovação. O espaço, denominado Ecossistema Criativo, sugere a inserção de novos usos ao Bairro Praia de Iracema, com um programa de necessidades diversificado que inclui coworking, laboratórios de tecnologia, ateliers, oficinas, galerias de exposição, auditório, ambientes de pesquisa, de estudo, e de lazer, com o intuito de proporcionar aos usuários do local, uma rede de conexões que concentre pesquisadores, técnicos, engenheiros de software, empreendedores, empresários, artistas e etc., os quais interagindo entre si irão trabalhar para o desenvolvimento de ideias revolucionárias, negócios inovadores, tecnologias urbanas e sustentáveis, colaborando de forma significativa para a geração de uma economia criativa.

O equipamento atuará como um estímulo aos avanços tecnológicos, ao empreendedorismo e a inovação, promovendo um ambiente apto e seguro para se reinventar. Uma proposta arquitetônica que visa intervir em uma escala micro urbanística do Bairro Praia de Iracema, uma área histórica e tradicional da cidade de Fortaleza, a qual pretende-se devolver o entusiasmo e a jovialidade, contribuindo com a regeneração de uma parcela do lugar que hoje se encontra em fase de declínio e esquecimento, proporcionando aos frequentadores do bairro, espaços urbanos de convívio e lazer.

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AGRADECIMENTOS Uma jornada exaustiva e desafiadora, foram exatos seis anos de muitas renúncias em prol de um grande sonho: Se tornar um Arquiteto. Chego neste momento com meu coração transbordando de gratidão a todos aqueles que de alguma forma contribuíram e fizeram parte dessa trajetória. Deixo registrado aqui meus sinceros agradecimentos, primeiramente a Deus, o idealizador e autor de tudo que sou. Aos meus professores e mestres, em especial ao meu orientador, Amando Costa por confiar e acreditar no meu potencial. E por fim, agradeço a minha família pela paciência e todo apoio que me foi concedido.

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SUMÁRIO 01 INTRODUÇÃO [10] 1.1

Justificativa do tema [12]

1.2

Objetivo Geral [14]

1.2.1 Objetivo Específico [14] 1.3

Metodologia [14]

02 REFERENCIAL CONCEITUAL [16] 03 REFERENCIAL PROJETUAL [32] 3.1

Hub Criativo do Beato [34]

3.2

Lx Factory [36]

3.3

Casa Firjan [40]

04 ÁREA DE INTERVENÇÃO [42] 4.1

Evolução Urbana e Histórica [46]

4.2 O atual episódio da Praia de Iracema [50]

05 O CONCEITO DA IDEIA [58] 5.1

Partido Urbanístico [61]

5.2

Diretrizes Projetuais [65]

06 O TERRENO [66] 07 PROGRAMA DE NECESSIDADES [72] 7.1

Estudo solar e ventilação [82]

7.2

Setorização

[83]

08 PARTIDO CONCEITUAL E ARQUITETÔNICO

[84]

09 CONSIDERAÇÕES FINAIS

[98]

10 ANEXOS

[100]

11 BIBLIOGRAFIA

[124]

4.2.1 A nova proposta [53] 4.3 Mobilidde e relação do [54] bairro com a cidade 4.2 Condicionantes Legais [55] 4.4.1 Parâmetros urbanísticos de ocupação[56] 4.4.2 Classificação das atividades e [56] normas do uso do sistema viário

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INTRODUÇÃO

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Um Ecossistema Criativo funcionaria como um estímulo aos avanços tecnológicos, ao empreendedorismo e a inovação. Um ambiente apto e seguro para se reinventar, rompendo com o modelo econômico convencional e estabelecendo novas procedimentos de produção e serviços. Galgando territórios desconhecidos e inexplorados, com o olhar sempre apurado as diversidades e as características locais.

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Um ponto de partida para ideias revolucionarias e incomuns, que resultaria na criação de uma identidade cultural e artística peculiar do Estado, abrindo espaço para novos empreendimentos, gerando uma transformação socioeconômica, proporcionando uma vasta quantidade de empregos, fornecendo oportunidades e dando visibilidade para profissionais e artistas cearenses a manifestarem ao mundo suas invenções e criações.


1.1. Justificativa do tema Aproveitando-se das inovações tecnológicas vigentes e dos constantes avanços econômicos, acompanhado de profissionais qualificados, de empreendedores, de pessoas criativas, de empresas tecnológicas, de startups, de aceleradoras, de oficinas de treinamento, de laboratórios de pesquisas e de um centro de desenvolvimento e qualificação, criaríamos um ambiente propicio a inventividade e ao surgimento de ideias extraordinárias. O Ceará é uma terra de muitos talentos. Daqui saíram grandes humoristas, compositores e escritores. A cidade é a capital que mais aprova alunos em vestibulares como o ITA e o IME. O potencial intelectual e artístico do nosso povo é inegável, temos tradição e vocação para saber fazer, e se inserirmos tais competências em um equipamento, que disponibilize os investimentos precisos, o direcionamento correto, a tecnologia de ponta, e possibilite a conexão de todas as pessoas necessárias como em um sistema, sem dúvida alguma, firmaríamos uma forte economia cultural, artística e tecnológica. É necessário nos encorajarmos com as palavras de Cláudia Leitão que testifica: “Nossa capital tem vocação, tradição e talento para fazer parte desse grupo seleto de cidades, que definiram a cultura e a ciência & tecnologia como eixos estratégicos de desenvolvimento. Uma cidade criativa é aquela que formula e im-

plementa políticas públicas para um desenvolvimento que se fundamenta na diversidade cultural, inovação, inclusão produtiva e sustentabilidade” (LEITÃO, 2018).

Concentrando e preservando nossa massa artística, profissional e inovadora em benefícios do nosso próprio Estado, geraríamos uma economia criativo, que poderá colocar o Ceará em um patamar de visibilidade internacional. A globalização tem rompido barreiras e gerado uma cultura hegemonizada, de uma lado temos um seleto grupo de países produtores e exportadores de tendências, do outro temos uma grande massa que consomem e se apropriam de uma cultura que foi imposta como padrão a ser seguido, colocando em cheque os valores locais, os aspectos regionais, a história do lugar. O que é tipicamente cearense se torna desconhecido para a nova geração, que vislumbra a cultura internacional e se limita ao que ela impõe. É diante desse cenário, que muitos países estão reagindo e se impondo para preserva sua essência, estabelecendo uma economia voltada a aspectos culturais e criativos, uma economia que valorize o artista, que enalteça o artesão, que der visibilidade e oportunidade para novas ideias e empreendimentos, e que beneficie os milhares de indivíduos que contribuem para o desenvolvimento através de uma economia diferenciada, a qual se reproduziu com a expressão ‘Economia Criativa’. Paul Keating, 14

primeiro-ministro australiano, no ano de 1994, propagou o dito Creative Nation. Nas palavras de Keating: “Cultura gera riqueza. Em geral, nossas indústrias culturais geram 13 bilhões de dólares por ano. Cultura emprega. Cerca de 336.000 australianos são empregados em indústrias relacionadas à cultura. Cultura agrega valor, é uma contribuição essencial para a inovação. É um símbolo de nossa indústria. O nível da nossa criatividade determina substancialmente a nossa capacidade de adaptação a novos imperativos econômicos. É uma exportação valiosa em si mesma e um acompanhamento essencial para a exportação de outras mercadorias. Atrai turistas e estudantes. É essencial para o nosso sucesso econômico” (KEATING, 1994).

O Ecossistema Criativo também terá a missão de revitalizar a área na qual estará inserido. Uma região famosa por seu grande potencial turístico, e por “apresentar uma vasta produção simbólica em registros de análises históricas, monográficas, arquitetônicas, etnográficas e jornalísticas, sendo também “cenário” de produções literárias, musicais, guias urbanos e materiais de divulgação turística (Bezerra, 2008). O bairro, Praia de Iracema, se torna a localização apropriada para concentrar o equipamento em questão. Um recorte da cidade que já passou por intervenções urbanas nos anos 90, que resultou em profundas


transformações nos usos e nas diferentes apropriações, revelando que todo e qualquer empreendimento interfere diretamente na logica socioespacial, o que torna a determinada geografia, um ‘objeto’ rico para se fazer uma investigação minuciosa sobre os pontos que obtiveram êxito e o que resultou em falhas nas antigas atuações.

elo ultrapassado de infraestrutura urbana, enquanto cidades como Portland, Milwaukee, Bogotá entre outras, estão demolidos seus elevados e viadutos, e optando por opção que valorizem mais as pessoas, a Capital Cearense investe em obras de viadutos e tuneis que estão causando uma verdadeira segregação.

Por ser uma região que viveu episódios bem diferentes decorrentes das intervenções, de bairro bucólico, de moradores abastados, para um local boêmio, de bares e boates, ao estado de degradação que se encontra hoje, o que tem gerado insegurança para os que ainda frequentam o local, tornando a região uma área abandonada e ociosa, propicia para o consumo de drogas, prostituição e violência, tornando necessário intervir nesse localização, contribuindo para impulsionar a grande potencialidade que o local possui, proporcionando uma relação do equipamento com todo seu entorno, trazendo de volta a sociedade para usufruir desse ambiente, gerando segurança para o local, possibilitando um entretenimento diferenciado, concedendo uma requalificação urbana, recuperando a qualidade ambiental da área, viabilizando obras de infraestrutura básica e resgatando a valorização que se foi perdida na região.

Uma pesquisa realizada pela SINAENCO, Sindicato Nacional de Arquitetura e Engenharia, publicado pelo portal online do G1 no ano de 2013, revela que para 70% da população de Fortaleza, o trânsito e o tráfego de veículo é o maior problema de infraestrutura urbana. Os outros itens mais citados são saneamento básico (15%), mobiliário urbano (que inclui praças, parques e calçadas, com 8%) e habitação, com 7%.

Por estar inserido em um contexto caótico, um ponto forte do Ecossistema Criativo, seria investir em ideias e tecnologias urbanas sustentáveis para melhorar a qualidade de vida na cidade. Fortaleza é um mod-

Percebemos que as obras de mobilidade realizadas pela prefeitura não obtiveram êxito satisfatório, quando comparamos essa primeira matéria, publicada antes das obras de mobilidade serem concluídas, com uma reportagem divulgada no portal online do jornal O Povo no ano de 2018, com os tuneis e viadutos já em funcionamento. A pesquisa recente revela que Fortaleza é a 7ª capital com pior pico de trânsito no Brasil. Outro ponto assustador, é o número de pedestres mortos no transito, que apesar de apresentar o menor índice desde de 2011, ainda é uma soma muito alto, são exatos 96 pedestres mortos no ano de 2017, é o que revela uma matéria publicada pelo portal online do G1. Isso coloca em xeque a forma 15

como os envolvidos estão procurando resolver os problemas referente aos engarrafamentos, que estão cada vez maiores, provocando o esgotamento da qualidade de vida e contribuindo para a poluição ambiental. Em virtude dos fatos apresentados, é possível concluir que o equipamento contribuirá de forma expressiva para a economia do estado, para os avanços tecnológicos, para a cultura, para o artista informal, o artesão, para a qualificação e desenvolvimento profissional, o que resultará em novas ideias, inovações que contribuirá para a melhoria da cidade, geração de renda, transformação socioeconômica e socioespacial. Um empreendimento que não se restringirá a trazer benefícios somente para o contexto ao qual o mesmo estará inserido. Suas benfeitorias serão abrangentes, tendo um alcance que ultrapassará as fronteiras do município, estendendo-se por todo os limites do Estado. Iniciativas urbanísticas, associada ao uso de tecnologias, desenvolvidas no polo, serão possíveis de mudar o modo de vida em alguns lugares, podendo por exemplo, atender as necessidades que o sertão do Ceará enfrenta. Ideias sustentáveis melhoraram a qualidade de vida dos que vivem nos grandes centros urbanos.


1.2. Objetivo geral

1.3. Metodologia

Propor novos usos ao Bairro Praia de Iracema através da implantação de um Ecossistema Criativo, de forma a colaborar com a revitalização urbana e a qualidade ambiental do espaço.

O presente trabalho terá natureza exploratória e descritiva, fara uma análise com base em dados qualitativos, adquirido por meio de pesquisas de campo, especificamente visita técnica ao local do empreendimento. A pesquisa também se desenvolverá através de projetos de referência como distritos criativos, clusters industriais, centros culturais e polos tecnológicos. O trabalho será embasado por fonte de pesquisas secundarias, a partir de órgãos públicos e sites, um levantamento bibliográfico a partir de livros, revistas, jornais, TFGs e artigos acadêmicos, e por fim levantamento documental, investigando normas, leis, notícias e atualidades.

1.2.1. Objetivo específicos Manter viva a memória do lugar respeitando os parâmetros existentes. Propor quarteirões menos adensados e que sejam mais fluidos, contribuindo para o surgimento de novos espaços urbanos. Viabilizar novos fluxos de passagens e uma livre circulação de pedestres. Trazer o meio urbana para dentro do edifício. Propiciar uma arquitetura permeável que aproveite os fatores bioclimáticos. Proporcionar novas perspectivas e novas sensações aos usuários do local. Promover e valorizar os avanços tecnológicos, ideias sustentáveis, a cultura, a arte e o empreendedorismo como instrumentos para o fortalecimento de uma economia criativo e tecnologias urbanas para o Estado do Ceará.

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fonte: www.unsplash.com


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REFERENCIAL CONCEITUAL

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Os referenciais conceituais apresentados no decorrer deste capitulo, foram definidos de acordo com o que se pretende imprimir ao projeto do Ecossistema Criativo, visando estabelecer diretrizes urbanísticas e arquitetônicas pautadas a partir das investigações dissertadas sobre os assuntos recorrentes ao tema determinado pela pesquisa. O tópico discorre sobre a importância da economia criativa como um novo modelo de desenvolvimento para o Estado do Ceará. De mesmo modo, faz uma breve analise sobre a evolução dos espaços de trabalho, apresentando uma nova modalidade que propicie ambientes flexíveis e de integração social. Por fim, o capitulo desenvolve sobre a temática de micro urbanismo como uma tática que poderá contribuir para a regeneração da área de intervenção do empreendimento.


A origem e propagação do termo ‘economia criativa O termo ‘economia criativa’ surge, pela primeira vez, no ano de 2001 em uma “matéria de capa da edição especial de agosto da revista Business Week, intitulada The Creative Economy – the 21 century corporation (COY, 2001) e dando título ao livro, The creative economy – how people make money from ideas, publicado em Londres por John Howkins”. Porém, a ideia expressa pelo termo, surgia bem antes disso. As primeiras organizações em torno do tema, se deram ainda na década de 90 com a nomenclatura de ‘creative industries’. Logo de início, houve uma expressiva e exponencial crescente em torno desse âmbito econômico, o que motivou o novo partido trabalhista inglês, o New Labour, a realizar um manifesto em 1997, para o reconhecimento de políticas públicas especificas relacionadas a essa esfera econômica (MIGUEZ, 2007). Contudo, o olhar mais aprofundado e difundido relacionado a esse termo, é encontrado em um documento oficial publicado em 1994 pelo então primeiro-ministro da Austrália Paul Keating, intitulado ‘Creative Nation’, o qual considerava a cultura e a criatividade australianas como estratégias de desenvolvimento. Essa foi a primeira formulação de políticas públicas para a criatividade (LEITÃO, 2016). Keating almejava em seu governo estabelecer uma identidade cultural e artística através de políticas públicas. Nas palavras de Keating:

“A Austrália, como o resto do mundo, está num momento crítico de sua história. Aqui, como em qualquer outro lugar, valores e ideologias tradicionais estão em fluxo e a rapidez da economia global e de mudanças tecnológicas tem gerado dúvidas e cinismo sobre a habilidade de governos nacionais confrontarem o futuro. O que é distintivamente australiano sobre a nossa cultura está em perigo pela cultura em massa homogeneizada internacional” (KEATING, 1994).

malização de uma “agenda dedicada a essa temática” (MIGUEZ, 2007).

Três anos depois, surge no governo do então primeiro ministro britânico Tony Blair, um órgão do governo dedicado as indústrias criativas. Vale ressaltar que na década de 80 Margaret Thatcher já indagava sobre a importância da tecnologia e criatividade como políticas de desenvolvimento econômico. Outro exemplo de propagação do termo, pode ser visto no âmbito acadêmico com o livro Creative industries: contracts between art and commerce, publicado em 2000, onde o autor destaca a pouca abordagem com relação ao tema, considerado por muitos como insignificante.

O termo vem se propagando por todos os continentes, e ganhando força em muitos países. Na Austrália e a na Ásia já investem maciçamente em atividades que valorizem a cultura local. A Malásia, por exemplo, já se caracteriza como uma grande exportadora de games, que é um produto decorrente da criatividade, quebrando assim o paradigma emposto pelo monopólio de determinados países.

Mas foi em um encontro no final de 2002, Intitulado New Economy, Creativity and Consumption Symposium, “que reuniu estudiosos e pesquisadores vinculados à recém-criada Creative Industries Faculty da Queensland University of Technology, à London School of Economics, ao Massachusetts Institute of Technology e à New York University”, que começaram a sair do papel as ideias relacionadas ao termo, com a for-

A economia criativa apregoa a cultura como um “eixo estratégico para o desenvolvimento brasileiro”, é o que a afirmar a antropóloga e Ex-secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura do Ceará, Cláudia Leitão. Arnaldo Dallas e Elson Rodrigo indagam Economia Criativa “como aquele que tem como foco as atividades baseadas no capital intelectual” (DALLAS; RODRIGO, 2011).

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A discussão chegou ao brasil em junho de 2004, com a realização da XI Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD) realizado na cidade de São Paulo, que resultou na instalação, no ano seguinte, do centro internacional das indústrias criativas, em salvador (MACHADO, 2009).

Economia criativa como modelo de desenvolvimento


De acordo com Claudia leitão a economia criativa abrange os processos de “produção, criação, distribuição, difusão, consumo, fruição de produtos e de bens criativos” (LEITÃO, 2014). Tais processos englobam atividades como, “design, moda, arquitetura, artes, produção cultural, cinema, turismo, mídia, entre outros” (RODRIGO; DALLAS, 2011). Um dado relevante aponta o que já dizia André Malraux , sobre o século XXI ser o século da cultura. A economia criativa – que é um sistema que produz diversidade cultural, e tem a cultura como um de seus insumos – representou 2,6% do PIB brasileiro, obtivendo um crescimento acumulado de 70% nos últimos 10 anos e constituindo 3,5% da cesta de exportação brasileira. Os dados expostos são do ano de 2017, informados pelo Atlas Econômico da Cultura Brasileira, que levaram o ministro da cultura, Roberto Freire, a indagar a importância do setor cultural como um fator proeminente para ajudar o país a sair da crise (SARAIVA, 2017). Ou seja, não estamos falando de um pensamento utópico, estamos dialogando sobre uma temática real e que representa uma vertente em expansão, que só tende a crescer e se desenvolver pelo mundo em um futuro não tão distante. Tulio Kruse coloca o Brasil como um dos maiores mercados para economia criativa entre os países emergentes. De acordo com Kruse “Serviços ligados à internet – como jogos eletrônicos, vídeos sob demanda

e publicidade online, por exemplo – estão entre os segmentos que mais crescem no Brasil”. A expectativas para o futuro é de um crescimento ainda mais abrangente colocando o brasil acima da média mundial. Segundo estudo da consultoria PwC, o país apresentara até o ano de 2021 um crescimento aproximado de 4,6% enquanto a expectativa para o mundo é de crescer 4,2%. “A pesquisa leva em conta segmentos como mídia e entretenimento, listando desde atividades tradicionais (televisão, cinema e música), até as consideradas de última geração, como os jogos eletrônicos e o grafite” (TRULLER, 2018). É preciso diferenciar o termo ‘indústria criativa’ de ‘economia criativa’ o surgimento do conceito de ambas as expressões, estão atreladas ao ponto de confundirmos um ponto com outro. A questão é que indústrias criativas se caracterizam como mais uma arma do modelo econômico capitalista, de produção em série, de hegemonização cultural. O capitalismo se instaurou como um sistema econômico universal, caracterizado por ser um modelo altamente concentrador e excludente, o qual construiu e estabeleceu a famosa indústria taylorista, responsável pela fabricação em série (LEITÃO, 2014). Um modelo econômico que homogeneíza a produção, onde um grupo seleto de países produzem e ditam o padrão a ser seguido, enquanto a grande maioria consome e segue o paradigma imposto. Esse fator se intensificou ainda mais graças a globalização que permitiu através dos avanços tecnológicos uma homogeneização cultural. 21

A economia criativa é um modelo que se opõe ao capitalismo. Seu maior desafio é quebrar essa padronização imposta pela globalização, estabelecendo uma diversidade cultural, e disseminar os polos concentradores de capital. O objetivo é dar espaço e valorizar, através de incentivos, pessoas totalmente excluídas do sistema, e que possuem potencial de gerar valor ou renda através de um negócio inovador em torno de um produto, serviço ou processo, mobilizando assim a economia. O capitalismo se caracteriza por dificultar esse procedimento, pois esse sistema monopoliza o complexo das grandes indústrias. A economia criativa é uma economia de inovação, que possui uma política de inclusão, valorizando o protagonismo do artista, do profissional e do empreendedor criativo. Falar em economia criativa é falar em “sustentabilidade social”, envolvendo as classes de pessoas inovadora nos “processos econômicos” (LEITÃO, 2015). O Brasil se caracteriza por suas variedades regionais, possuindo uma diversidade cultural abrangente. A economia criativa envolve segmentos que se estende desde as atividades manufaturadas valorizando o trabalho do artesão, passando pelas artes, o patrimônio edificado, as festas populares, e tudo que envolve a cultura do local, até chegar nas tecnologias da informática. Ou seja, é uma economia que está associada a ciência e a tecnologia.


A era do empreendedorismo A economia empreendedora surge através de um ecossistema inovador. E o que é um ecossistema no dialeto científico? Segundo a definição de Jose Afonso da Silva, o ecossistema é constituído por dois elementos inseparáveis, uma área (biótopo) e um conjunto de seres, que o ocupa (biocenose) em uma continua interação mútua. Interagindo como um sistema, Nicolas Colin afirma que “um ecossistema designa entidades que vivem juntas em um habitat”, ressaltando que essas “entidades vivem vidas melhores, mais longas e mais felizes se esse habitat for saudável” (COLIN, 2015). Trazendo esse conceito de ecossistema para área do empreendedorismo, podemos citar o exemplo do Vale do silício para elucidar a ideia em nossa mente. Hoje, o Vale do Silício é o exemplo mais recorrente nas pautas relacionadas a ambientes empreendedores. É possível encontrar uma “literatura abundante” como ressalta Nicolas Colin, sobre o sucesso desse modelo e como tudo lá funciona da melhor maneira possível. Mas vale ressaltar que em nenhuma dessas pautas se encontram formulas de como implementar esse sistema, e mais ainda, a maioria dos autores que se dispuseram a investigar sobre o sucesso do Vale do silício, afirmaram que “não é possível imitar a história” do local (COLIN, 2015). Nicolas Colin motivado por proporcionar um ambiente favorável para em-

presários ambiciosos, fundou o TheFamily, cuja a missão é criar um “ecossistema proprietário, projetado para derrotar ambientes de inicialização tóxicos e para criar negócios escalonáveis”, aumentando assim as probabilidades de se obter êxito nos empreendimentos de seus clientes. A investigação para alcançar um paradigma que facilitasse o compartilhamento da ideia a cerca desse assunto, levou Nicolas Colin, um dos cofundadores do TheFamily, a um modelo de ecossistema empreendedor sustentado em três pilares, intitulados por ele de ingredientes, os quais são: capital, know-how e rebelião. Colin destaca como primeiro pilar, a importância dos investimentos alegando que “nenhum negócio pode ser lançado sem dinheiro e infraestrutura relevante”. Ele citar como exemplo desse primeiro pilar o Technion, os quais são excelentes fabricantes de produtos que falharam na comercialização por falta de investimentos, até que o governo Israelense atrai capital de risco e transformou o núcleo do setor de alta tecnologia de Israel, o Tchnion, em um ecossistema empreendedor. Como segundo pilar, o know-how é traduzido por Colin como os empreiteiros do empreendimento, grupo formados pelos engenheiros, desenvolvedores, designers, vendedores, ou seja, “todos aqueles que as habilidades são necessárias para o lançamento e o crescimento de negócios inovadores.” 22

E por último e não menos importante com um termo bastante controverso, temos os ‘rebeldes’, que no dialeto de Colin são os “inconformados com o estado atual”, os que possuem ideias incomuns, que não se intimidam com os limites impostos pelo sistema para inovar. Geralmente esse é o ingrediente mais difícil de se desencadear, pois é preciso coragem para assumir os riscos. Foi por meio do descontentamento de Robert Noyce e Gordon Moore, que eles assumiram o risco de se rebelarem contra as limitações impostas por sua corporativa controladora, a qual favoreciam a eficiência acima do empreendedorismo, e iniciaram a partir daí a Intel. Colin destaca que o Vale do Silício “é um subproduto desses três ingredientes misturados”, e ressalta de que quanto maior o grau de interação entre os ingredientes apresentados, maior a probabilidade de se obter o sucesso. Na gêneses do Vale do Silício, o capital veio do departamento de defesa, tempos depois do fundo de capital de risco, e agora com o negócio já consolidado, os investimentos advém de investidores mais tradicionais. O know-how só começou a fazer parte do Vale a partir da década de 40, “graças à atração de engenheiros no campo de micro-ondas e semicondutores”. Já os rebeldes estão presentes na área, entre eles Colin Cita a presença de artistas, hippies, líderes estudantis, cientistas da computação, entre outros. Empreendedores são a chave do negócio, é preciso confiar neles e “estimu-


lar sua ambição no nível mais alto possível”, pois são eles os responsáveis por permitir a interação dessas três vertentes – dinheiro, know-how e rebeldes -, por meio de um ecossistema empreendedor. E o que são empreendedores? Babak Nivi define a categoria como aqueles que possuem “a capacidade de atender a um cliente no mais alto nível de qualidade e escala, simultaneamente” (NIVI, 2017).

A evolução dos espaços de trabalho Os avanços tecnológicos, o desenvolvimento dos meios de produção, a globalização, a busca pelo bem-estar social, que ocasionou mudanças comportamentais e culturais, entre outros fatores que exigem a necessidade de flexibilidade no mundo contemporâneo, posicionaram o homem em um novo âmbito de trabalho, o que ocasionou, ao logo do século passado e principalmente começo do século XXI, mudanças no espaço de trabalho, o que consequentemente interferiu na forma como se trabalha. A investigação do tema, descreve sucintamente as transformações decorrentes nos espaços de trabalhos e como isso afetou a dinâmica na vida das pessoas. “Dentre os diversos tipos de espaço construídos pelo homem, os ambientes destinados ao trabalho foram os que passaram por transformações mais profundas nas últimas décadas. Assim como a indústria, os es-

critórios sofreram uma verdadeira revolução, motivada, em grande parte, pelo advento da informática” (CALDEIRA, 2005).

A história do escritório O termo escritório, assim como baruel, na língua francesa, foi designado em sua origem, para nomear um tipo de mobiliário típico encontrado nos gabinetes, a escrivaninha (CALDEIRA, 2005). Era justamente nesse móvel que as pessoas realizavam atividades como leitura, escrita, contabilidade, cálculos e projetos, daí a expressão “atividades de gabinete” (FONSECA, 2004). É relevante ressaltar que as atividades realizadas nesse ambiente de trabalho, denominado escritório, já eram praticadas desde os tempos faraônicos pelos escribas, os quais eram responsáveis por redigir textos e leis, registrar dados numéricos, copiar e arquivar informações. A origem da cultura de que quem trabalha em escritório tem um status de relevância, vem desde os escribas, que dominavam a escrita, considerados verdadeiros intelectuais e com um nível hierárquico privilegiado. Podemos equipara-los aos que hoje exercem as funções de escriturários, controladores, atendentes e outros operários de gabinete (CALDEIRA, 2005). O fato é que exercer tarefas administrativas e de produção intelectual sempre foi sinônimo de relevância e nobreza, possibilitando um universo de oportunidades (SAVANA, 2016). 23

A princípio o escritório era algo individualizado, como retratado em pinturas do século XV e XVI, nas quais aparecem gabinetes isolados em ambientes do cotidiano monástico. (FONSECA, 2004) Esse modelo padrão individualista, presente nos mosteiros medievais, ainda se repete nos dias de hoje, geralmente no âmbito residencial. Foi também no século VX que ocorreu o surgimento da ideia de ambiente destinados a atividades administrativas e de produção intelectual. O arquiteto italiano Francesco di Giorgio elaborou um tratado descrevendo como deveriam ser os edifícios para abrigar tais atividades. Somente anos depois surge a ideia de coletividade em ambientes de trabalho com gabinetes, os scriptoriums das bibliotecas abaciais beneditinas (CALDEIRA, 2005). O Palácio Florentino dos Uffizi (escritório, em italiano) construído entre 1560 e 1574, em Florença por Giorgio Vasari, é considerado por Caldeira (2005) como um dos primeiros edifícios a abrigar atividades administrativas. A organização espacial do local é composta por alas estreitas e compridas e grandes salões para recepcionar convidados e para exibição de obras artísticas pertencente ao ducado de Toscana, além de ser realizado tarefas relacionadas a controladoria financeiros dos Medici (CALDEIRA, 2005). Naquela época não haviam edifícios destinados somente a abrigar atividades de escritórios, em muitos centros comerciais, por exemplo, era possível encontrar no


pavimento superior dos estabelecimentos, espaços destinados a negociação, pagamentos, controladoria e atividades administrativas (CHÁVES, 2002). O século XX é marcado por grandes transformações no ambiente de trabalho, a concorrência entre empresas, o surgimento da propaganda, o aumento de informações arquivadas após a primeira guerra mundial e o surgimento da máquina, acabou por exigir um número maior de trabalhadores, que agora precisavam se especializar para se adequar as normas estabelecidas pelo escritório (CALDEIRAS, 2005). As atividades realizadas no escritório, se diversificaram e ampliaram seu âmbito de atuação, o que acarretou no aumento de edifícios para abrigar tais funções, gerando verdadeiros centros urbanos comerciais e administrativos. Aglomerado de escritórios gerando fluxo intenso de trabalhadores, e uma economia voltada a bens e serviços (CALDEIRA, 2005). Em 1890 surge o modelo taylorista, que propõe a segregação dos ambientes de trabalho como meio de deixar evidente a hierarquia de cada cargo, são definidos os cargos entre escrivão, guarda-livros, controladores das finanças chefes e subchefes. O taylorismo também sugere a “padronização do mobiliário e a rigidez do layout como forma de garantir a disciplina e a linearidade do processo de trabalho” (CALDEIRA, 2005).

O projeto de Frederick Taylor para escritórios de grande porte, por mais que fossem separados das fabricas, as plantas se assemelhavam ao ambiente industrial, no qual os gerentes e supervisores, tinham seus postos em salas privativas envidraçadas situado em um lugar com alcance visual do espaço coletivo. O ambiente é pensando no controle de todas as atividades, e nesse momento em que se aplicam também medidas ergométricas. Começam a surgir design inovadores para os mobiliários, e tudo coopera para um objetivo de funcionalidade, desde a organização espacial ao layout e design, contribuíam para proporcionar uma máxima eficiência na produção. O taylorismo impõe justamente essa rigidez onde tudo é feito cronometrado, para se alcançar a meta de produção (CALDEIRA, 2005). Com a construção dos edifícios verticais com suas estrutura em aço que superavam grandes vãos e deixavam as fachadas livres, permitindo assim grandes aberturas para o exterior, acabou possibilitando o surgimento de novas tipologias de escritórios, como a proposta em 1958 pela empresa alemã de consultoria Quickborne Team, o Office Landscape (escritório panorâmico), o qual apresentava planta livre para facilitar as comunicações e proporcionar uma maior interação entre os funcionários, eliminando toda e qualquer divisória de ambiente, seja essa modular ou não (FONSECA, 2004). Os avanços na construção civil permitiram uma ampla gama de possibilidades que 24

proporcionaram uma nova tipologia para os escritórios. Em 1964 surge uma linha de moveis projetada pela empresa moveleira norte-americana Herman Miller, conhecido como Action Office, que se adequa a essa nova tipologia de escritório, visando a coletividade. Era moveis e modulares que se adequavam a diferentes atividades, a ideia principal era facilitar a vida do funcionário, colocando tudo que ele precisava no alcance de suas mãos. Elton Mayo juntamente com o movimento das relações humanas, se opõe ao padrão taylorista, alegando que o sistema de trabalho imposto pelo modelo se caracteriza como opressor e que reprimi qualquer tipo de relação e manifestação que esteja fora do cronograma estabelecido na produção de serviços. Surge a partir daí o que Caldeira (2005) chama de novos princípios filosóficos, dos quais ele cita a “linha behaviorista de Douglas McGregor (O lado humano da empresa, de 1957), que vê na autossatisfação e na participação criativa o mais eficaz estímulo ao trabalho e à responsabilidade” (CALDEIRA, 2005). Com a retomada da estética mobiliaria nos anos 80, os princípios behavioristas são questionados pelo sistema de Robert Simon e Victor Thompson, influenciados por Hermam Miller apresentam uma nova linha Ethospace de componentes para escritórios.


Coworking, uma modalidade flexível no âmbito de trabalho

mantidas algumas práticas saudáveis, como a ioga, que acabou fazendo parte do ambiente de trabalho (JACKSON, 2013).

a estratégia que permite e justifica a sobrevivência da organização produtiva” (AQUINO, 2007).

Não se sabe ao certo a origem e os reais antecedentes que contribuíram para o surgimento do movimento em torno do coworking como uma atividade. Há inúmeras incertezas e uma dificuldade de se encontrar registros que evidencie a história, considerada recente e de difícil definição (JACKSON, 2013).

Nos demais dias, Brad e seus colegas buscavam outros ambientes para realizar seus trabalhos, (MEDINA, 2015) o que deixa evidente a flexibilidade no modo de se trabalhar, o qual vem evoluindo e consequentemente modificando os ambientes de trabalho, para que os mesmo se adequem as novas necessidades que surgem decorrente dos avanços tecnológicos, que possibilitam a comunicação e interação a longa distância, além de compactar e tornar portátil todo seu material de trabalho em um único objeto, o notebook.

Logo após a iniciativa do empreendimento, Spiral Muse, Brad criou o primeiro coworking em tempo integral, intitulado The Hat Factory (JACKSON, 2013). “Porém, quando o Hat Factory encerrou suas atividades, após algum tempo, uma nova parceria surgiu entre Brad Neuberg, Tara Hunt e Chris Messina, criando um espaço de coworking, o Citizen Space, para disseminar pelo mundo essa nova modalidade de trabalho” (MEDINA, 2015). Uma nova modalidade de trabalho é como se apresenta esse novo ambiente que traz vivacidade ao ambiente de trabalho. No brasil o movimento dos cowerking aparecem no ano de 2007 e vem se consolidando cada vez mais com a evolução e as necessidades no modo de se trabalhar. Alguns aspectos tornam esse empreendimento uma opção favorável de se adotar, em virtude de seu “baixo custo e o fornecimento de uma estrutura adequada para atender pequenas empresas, autônomos, freelancers, empresários emergentes e teletrabalhadores” (MEDINA, 2015).

Em tradução livre coworker significa “colega de trabalho” ou “trabalhar conjuntamente” (MEDINA, 2015). Jackson (2013), em sua pesquisa sobre coworking e os fatores socioeconômicos que o geraram, traçou uma linha do tempo para facilitar a compreensão a respeito de onde tudo começou. A autora relata que o termo foi utilizado pela primeira vez no ano de 2005 por um codificador e hacker chamado Brad Neuberg, para descrever um espaço de trabalho que reunia uma comunidade de freelancers que compartilhavam conhecimentos e se identificavam com as mesmas ideias (JACKSON, 2013). Intitulado de “Coworking Group”, o empreendimento localizado em San Francisco, nos Estados Unido, se apropriava do período inativo de uma casa onde funcionava um centro de saúde e bem-estar, o Spiral Muse, para realizar suas atividades de trabalho de forma colaborativa. Porém, mesmo nos dias de recessão das atividades do centro, foram

“Temos todas as ferramentas necessárias para trabalhar em qualquer lugar que desejamos, e uma geração de novos funcionários acostumados a fazer contatos instantâneos através do celular e do Skype” (JACKSON, 2013). A flexibilidade é um elemento indispensável na vida contemporânea, sendo ela a responsável pela junção de tempo e trabalho. O que determina a produtividade do seu trabalho, é a maneira pela qual você vincula o seu trabalho com o seu tempo (AQUINO, 2007), e o século XXI é preciso estar à frente do tempo e a presença, e isso traduz em ser flexível (ARAUJO, 2015). “A flexibilidade é o que vai definir a produtividade e, muitas vezes, chega a constituir-se 25

Medina aponta que dentre as principais propostas do coworking estão: “possibilitar um espaço de trabalho para profissionais que estão fora da estrutura tradicional de organização, mas buscando também permitir que o isolamento profissional seja reduzido ao estimular o compartilhamento e ofertar o networking” (MEDINA, 2015).


Cowokers fogem do sistema convencional de trabalhos, é uma nova proposta, que acredita em ideias que surgem a partir de compartilhamento de conhecimento, em projetos que são incrementados por um conjunto de mentes criadoras. Uma nova modalidade de trabalho é como se apresenta esse novo ambiente que traz vivacidade ao ambiente de trabalho. “Percebe-se, então, certa necessidade de contato com outros profissionais, seja pelo bom clima que o coworking possa oferecer ou pelo aspecto de comunidade e de troca de favores e ideias, o que permeia é a necessidade de interagir” (MEDINA, 2015). Talvez por isso esse ambiente de trabalho possua um caráter de empreendedorismo, é o que ressaltada a pesquisa realizada por Costa (2013b) para o blog Movebla, que revela que a maioria dos cowokers no Brasil se caracterizam por empreendedores (MEDINA, 2015). Em um curto espaço de tempo houve um crescimento exorbitante no número de cowokers em todo mundo. Jackson relaciona esse crescimento a um fator externo, advindo das novas tecnologias, que proporcionaram rede de wi-fii e posteriormente 3G e 4G. Jackson também acrescenta que nos Estados Unidos, a desaceleração econômica ocorrida em 2007 e consequentemente o aumento da taxa de desemprego impulsionaram as pessoas a se reinventar e procurar novos métodos para produzir, o que resultou em um

crescimento no número de trabalhadores independentes e autônomos, que surgiram mediante a insegurança do desemprego e o declínio de empregos vitalícios. Decorrente disso, surge o movimento dos coworkers, como uma resposta à crise do desemprego (JACKSON, 2013). A medida em que ocorria a desaceleração economia, a busca pela palavra coworkers no google subiu exorbitantemente, o que nos revela que a propagação desse novo estilo de ambiente de trabalha está interligado a insegurança dos trabalhadores na economia. Com o passar do tempo foram se estabelecendo novos design e organização espacial de ambiente de coworkers. No período de acessão, foram criados diretórios e plataformas online, que funcionavam como uma rede de conexão para facilitar o indivíduo a encontrar esses ambientes de trabalho. Jackson (2013) cita os diretórios Deskwanted e Loosecubes, que vendia a proposta de conectar - em um ambiente com mesas vazias, em um estúdio ou em um sofá com café - pessoas que precisam de um lugar produtivo e inspirador para trabalhar, facilitando o indivíduo a encontrar pessoas certas para compartilhar seu dia de trabalho (LOOSECUBES, 2018). Também foram desenvolvidos software para facilitar a dinâmica e organização dos coworkes, como o Cobot, um software de gerenciamento de espaços de coworking, que foi desenvolvido para automatizar as tarefas diárias e ajudar outros 26

espaços de coworking a funcionar sem esforço (COBOT, 2018). Jackson (2013) também cita o empreendimento goodworking.com, que estabelece a criação de um ambiente de trabalho mais ‘social’, o objetivo, segundo a autora, é diversificar os ambientes de trabalho que pode se estender de casa para o coworking até uma cafeteria, evitando se prender a um sistema fechado e se abrindo a novos ambientes, ou por que não dizer se abrindo a cidade. “A história do coworking é curta, mas o conceito já se comprovou no passado. O surgimento de novas ferramentas e infraestrutura de suporte em todo o movimento pode levar a um maior crescimento no futuro próximo” (JACKSON, 2013). Concluímos que o coworkers surge mediante as necessidades advindas da sociedade contemporânea. O desemprego, a geração de mentes empreendedores e autônomas, que não se veem presas a um sistema rígido de patrão e empregado, sem uma troca de conhecimento, sem uma oportunidade de expor suas ideias, somando tudo isto aos avanços tecnológicos que conectam e permite uma flexibilidade exorbitante, acabaram por impulsionar essa modalidade de trabalho, que envolve compartilhamento e se distancia do modelo de escritório taylorista.


Uma proposta que propõe a economia colaborativa Qual a vantagem em possuir um escritório próprio e individualista, se é possível dividir com outros, um ambiente com os recursos comuns entre ambas as partes, e que podem efetivamente ser compartilhados por meio da facilidade de acesso proveniente das novas tecnologias (JACKSON, 2013). Em 2012 os trabalhadores independentes contribuíram com cerca de US$ 1 bilhão para a economia dos EUA (JACKSON, 2013). Mediante a números tão expressivos, é preciso ter um olhar atento a colaboradores autônomos, pois eles mobilizam o fluxo econômico e geram renda. Estes trabalhadores tendem a procurar ambientes que lhe vincule a outros profissionais e amplie sua rede de contatos, impulsionando seus negócios e acrescentando suas ideias. Um troca de favores, na qual todas as partes se beneficiam, uma economia que trabalha com o princípio da colaboração, ou melhor da confiança. Em virtude do alto número de empreendedores e trabalhadores independentes, surgem grandes empreendimentos de coworkers que são verdadeiros híbridos por acomodar Incubator, Coworking Space, ‘Coffee shop +’, BarCamp, startups, reunindo comunidades em um único e amplo ambiente. Jackson (2013) cita como exemplo, o Club Office, localizado na Alemanha com seus 9

andares e 24.384 metros quadrados de espaço. Outro exemplo citado por Jackson (2013), o edifício 1871, que possui 15.240 metros quadrados de espaços de coworking que acomodam empresários e startups na área de Chicago. Para atender a demanda, diversos coworking estão aumentando seu espaço, como por exemplo WeWork em Nova York e Indy Hall, na Filadélfia. (JACKSON, 2013).

O micro urbanismo se opõe a esse método de planejamento por ter uma visão de escala mais aproximada e por considerar efetivamente que a cidade se traduz em relações sociais, em cheiro, em cor, em sons, em atividades, e entre outras coisas. Pode-se dizer que o micro urbanismo vai no problema específico, e tenta solucionar essa questão com intervenções de pequeno porte (SATHLER, 2009).

Micro urbanismo

A definição do termo micro urbanismo é captada por projetos e ações que interferem em uma escala reduzida do espaço urbano, em uma proporção na qual se percebe a relação do homem com a cidade, identificando as atividades e os anseios de uma determinada comunidade para realizar uma intervenção que possibilite um resultado satisfatório para a população (SATHLER, 2009).

Le Corbusier, um dos pioneiros na prática do urbanismo, já questionava no começo do século passado, sobre quando deveriam ser aplicadas grandes operações urbanas ou operações em pontos específicos. Denominada de cirurgia ou medicina das cidades, as intervenções seguiam os princípios modernistas publicadas na carta de Atenas, na qual é perceptível uma leitura técnica e científica da cidade, sem dar muita ênfase as causas socias, históricas e culturais que fazer parte do cotidiano urbano (GUNN, CORREIA, 2017). O urbanismo expressa uma visão geral da cidade, com um olhar de satélite e uma leitura de mapas em uma escala macro. Na maioria das vezes apresenta propostas de intervenções com um vasto alcance territorial, resultando em um longo período de obras, que muitas das vezes acaba gerando transtorno para os moradores, e um gasto final com valores superfaturados. 27

Pensar em uma escala micro, é considerar o corpo humano, é ter um olhar mais intimista do lugar, é entender o dinamismo do espaço, reconhecendo a identidade e a memória da área. É observar as relações que se estabelecem, é apurar as atividades que se fazem presente e interfere na logística do espaço. É compreender que existe um apego entre morador e o lugar, uma relação que vai além de pessoa e cidade, e se instituindo como indivíduo e lar. Existem fatores que só são perceptíveis a olho nu, ou seja, em uma escala humana, e são justamente esses fatores


que configuram o micro urbanismo. E nessa escala que se observam os fluxos, os públicos predominantes, as atividades realizadas, o cotidiano dos moradores, os odores e os sons que a cidade produz, os agentes que transformam o local, como aqueles que se apropriam do espaço pelas práticas informais, dentre outros fatores que alteram consideravelmente o desenho urbano e são imperceptíveis em mapas e vistas de satélite. Intervir em uma escala menor, por sua vez, possibilita soluções mais humanistas e apropriadas aos usuários do lugar. São procedimentos que solucionam pequenas causas e ocasionam grandes mudanças, trazendo excelentes benefícios (SATHLER, 2009). Essas intervenções podem ser manifestadas através de projetos arquitetônicos, projetos urbanísticos, design de mobiliário, arte urbana, paisagismo, intervenções de cunho culturais e educacionais, ações solidarias, entre outros. “Em tempos de projetos monumentais que prometem uma modificação total da cidade”, que muitas das vezes resulta na descaracterização da identidade local, causando estranhamento para os frequentadores e habitantes do lugar, como aconteceu na Nova Jaguaribara, uma cidade do interior do Ceará que foi toda projetada com o objetivo de construir o açude castanhão. A proposta, cujo interesse se restringia a políticas econômicas, causou grandes transtornos nas relações sociais e culturais, que até hoje é

notório o resultado devastador que a intervenção causou aos seus moradores. Atualmente, observa-se uma nova cidade, porém sem vida e sem identidade. O micro urbanismo se opõe a essa ideologia, o qual “aparece como uma alternativa para pensar a cidade dando voz a quem nela habita” (CEBEY, 2015).

Acupuntura urbana, uma vertente do micro urbanismo Contrapondo-se também a esse pensamento apresentado pelos grandes urbanistas modernistas, temos a ideia de ‘acupuntura urbana’, que reflete muito o conceito do micro urbanismo. O termo ‘acupuntura urbana’ propagado por Jaime Lerner em seu livro de mesmo título, publicado no começo do século XXI, apresenta uma visão mais preocupada com a humanização da cidade. Uma visão mais intimista dos lugares, propondo uma análise que não se restringe a projetos urbanísticos, podendo se apresentar de diferentes formas como serão expostas no decorrer do tópico. Podemos citar projetos simples e enxutos que fizeram uma grande diferença no local, sem grandes faturamentos e ideias mirabolantes, mas que foram capazes de recuperar áreas abandonadas e subtilizadas. É o caso do Red Ribbon Park ou fita vermelha na tradução para o português, localizado na Qinhuangdao, Hebei, China. Um ótimo exemplo de acupuntura urbana, o projeto se re28

sume a um design minimalista de um único banco vermelho com 500 metros de comprimento, o qual possui iluminação própria e conecta todo o parque Qinhuangdao. A área localizada no rio Thange, antes servia como um deposito de lixo, e era considerado um local inseguro e inacessível por conta de sua vegetação nativa. O projeto do banco trouxe vida de volta ao espaço, reaproximando as pessoas das condições naturais do lugar, como a própria vegetação e o rio que antes era banalizado.

Figura 1. Red Ribbon Park / Turenscape. Fonte: https:// www.archdaily.com.br/br/01-156629/parque-red-ribbon-slash-turenscape

Um exemplo de acupuntura urbana citado no livro de Jaime Lerner é o Paley Park em Nova Iorque, o ponto de encontro em meio aos arranhas céus de Manhattan, uma verdadeira gentileza urbana para quem frequenta o local. Um ambiente ao qual é possível sentir a sensação de pertencimento, um lugar que se configura necessária no adensamento urbano ao qual o mesmo está inserido.

Figura 2. Paley Park, New Iork. Fonte: https://www.pps. org/places/paley-park


De acordo com Jaime Lerner existem diversos tipos de acupuntura, a qual se manifesta das formas mais variáveis possíveis. Um festival que se torna marca registrada do município, ao ponto de fazer sua população esperar ansiosamente pela data do ocorrido, mobilizando a cidade e acaba por gerar o que Lerner cita como uma boa acupuntura, a acupuntura da “autoestima”, aquela que faz o morador ter orgulho de sua cidade. Lerner cita o espetáculo da Paixão de Cristo, que ocorre todos os anos na Nova Jerusalém, em Pernambuco, no período da páscoa. A encenação se tornou uma identidade para a cidade, sendo motivo de honradez para os seus habitantes (LERNER, 2003). Existe também a acupuntura da luz, um excelente exemplo é a , em Lyon, onde as luzes coloridas projetadas nos edifícios ao redor da praça dão vida ao lugar. A água também pode ser utilizada como elemento para fazer o que Lerner chama de “aquapuntura”. Deixar o rio fluido e livre, recuperar os canais e traze-los de volta ao meio urbano, reaproximar as pessoas dos lagos e lagoas, se utilizando disso para promover espaços públicos de interação e lazer (LERNER, 2003).

Figura 3. Festival das luzes. Place Des Terreaux, Lyon, França. Fonte: https://heavym.net/blog/en/blog/inspirations/the-festival-of-lights/

orgânico que você separa para reciclagem se caracterizam como atitudes que geram mudanças (LERNER, 2003).

Figura 4. Rio Cheonggyecheon, em Seul, na Coréia do Sul. Fonte:https://www.gazetadopovo.com.br/haus/ reacao-urbana/acoes-de-urbanismo-tatico-podemdar-nova-vida-ao-vale-do-pinhao/

Acupuntura também se traduz em integrar os meios de transportes, tornando viável o plano que muitas cidades europeias já estão implantando em seus sistemas viários. Como Londres, por exemplo, que para incentivar a utilização de automóveis particulares somente em áreas menos adensadas, começou a cobrar pedágio para circulação em regiões na qual o adensamento é muito grande, como o centro da cidade. Como Jaime Lerner cita: “Acupuntura nem sempre é uma transformação física. Às vezes é uma boa ideia que pode mudar para melhor a vida de uma cidade” (LERNER, 2003). Acupuntura representa solidariedade e gen erosidade com o meio em que vive e com o próximo, onde o indivíduo como cidadão, faz sua contribuição para melhorar a sua cidade. “As pessoas, muitas das vezes, acham que não há nada a fazer, e entram no clube dos que projetam a tragédia. A mídia não ajuda por que também projeta os prognósticos catastróficos como se as coisas continuassem sempre assim.” Porém, pequenos gestos fazem a diferença, uma arvore que você planta na calçada da sua casa, o lixo 29

Acupuntura urbana se configura como toda e qualquer intervenção de caráter específico, seja essa de grande ou pequeno porte. “Nem sempre acupuntura urbana se traduz em obras. Em alguns casos, é a introdução de um novo costume, um novo habito, que cria condições positivas para a transformação” (LERNER, 2013). Tudo isso são intervenções de microescala em pontos distintos e específicos que fazem uma grande diferença no local. Um mercado que mobiliza a região, traz movimento de pessoas para área, um prédio cuja a fachada pode ser admirada, uma vitrine para a rua, um marco postal que pode ser usado como ponto de referência, tudo isso se configura como acupuntura urbana (LERNER, 2003).

Micro urbanismo efêmero, uma reaproximação do espaço público A efemeridade se caracteriza como uma das características mais recorrentes nas intervenções de microescala, que na maioria das vezes são manifestadas por ações inovadoras da própria população. Em outros casos tais mudanças se inserem no espaço urbano por intervenções coletivas de instituições não governamentais. (DE OLIVEIRA, 2017)


A relação entre o indivíduo e o espaço no qual ele atua se modificou nas últimas décadas com os avanços tecnológicos da informática e comunicação, as quais contribuíram para o impulsionamento da propagação em massa, que se constitui como uma nova forma de instaurar políticas. A rede virtual se configura como um portal para expressar ideologias, organizar atividades e eventos, mobilizar a comunidade, gerando um dinamismo organizacional, informativo e de sociabilidade que antes não existia e agora contribui significativamente para a tomada de decisões e processos que interferem no meio urbano. (DE OLIVEIRA, 2017) “Essas tecnologias de comunicação não são apenas ferramentas de descrição, mas sim de construção e reconstrução da realidade. Quando alguém atua através de uma dessas redes, não está simplesmente reportando, mas também inventando, articulando, mudando. Isto aos poucos, altera também a maneira de se fazer política e as formas de participação Social.” (SAKAMOTO, 2011) Em intervenções de microescala a participação popular deve se configurar como um instrumento, uma espece de plano diretor participativo. A cidade é direito de todos, o que torna a igualdade e a diversidade valores comumente ao cidadão (DE OLIVEIRA, 2017). Como cita Harvey em seu discurso sobre a tomada da cidade por meio de movimentos políticos. Nas Palavras de Harvey:

“O direito inalienável à cidade repousa sobre a capacidade de forçar a abertura de modo que o caldeirão da vida urbana possa se tornar o lugar catalítico de onde novas concepções e configurações de vida em sociedade podem ser pensadas e da qual novas e menos danosas concepções de direitos possam ser construídas. O direito a cidade não é um presente. Ele tem de ser tomado pelo movimento político.” (HARVEY, 2011) A ideia de que o indivíduo deve se adaptar ao projeto urbanístico sempre foi algo muito recorrente entre os famosos pensadores do urbanismo modernista, que durante décadas ditaram a forma de se planejar e projetar cidades, causando, muita das vezes, ambientes inacessíveis e de total desinteresse da população, isso quando não meche com a comunidade em si, desconsiderando aspectos culturais e históricos e as relações sociais e afetivas do lugar, gerando transtornos irreparáveis. Intervir na cidade é um processo quase que intimo na vida das pessoas, e essa é uma visão muito recorrente em intervenções micro urbanísticas que se configuram com atuações efêmeras, a qual se caracteriza por se adaptar a comunidade existente, preocupando-se com os interesses de quem irá usufruir do espaço urbano. O micro urbanismo efêmero de mesmo modo representa uma forma contemporânea de se pensar espaços propícios para ações temporárias e informais, as quais se 30

apresentam por meio de intervenções criativas e inovadoras, cujo objetivo se traduz em uma aproximação do indivíduo com espaço público.

Figura 5. Ruas de Santiado, Chile. Fonte: https:// Figura 5. Ruas de Santiado, Chile. Fonte: https:// www.archdaily.com.br/br/885944/intervencao-colorwww.archdaily.com.br/br/885944/intervenida-transforma-famosa-rua-de-santiago-em-pascao-colorida-transforma-famosa-rua-de-santiaseio-ludico go-em-passeio-ludico

A categoria também se manifesta em procedimentos comerciais, como os aglomerados de food truck ou os números vendedores ambulante, que acabam por gerar uma frequência intensa de movimento em uma determinada região podendo ser ou não por um período estimado. É a chamada “economia alternativa” que se move conforme as necessidades de quem a prática e os interesses e demandas locacionais. (BALEM, 2017) Um garoto que faz malabarismo, um jovem que se equilibra em uma corda bamba, um homem que faz mágica ao vivo e a cores, ou um outro que quebra o coco com a cabeça e chama atenção de quem passa por perto. Um músico que vende sua arte através de seu som ou um palhaço que arranca gargalhada da multidão, é possível observar na rua, na praça ou na calçada, um artista a procura de um lugar para manifestar seu talento em busca de seu próprio sustento.


Ações como as citadas acima só são possível por intermédio da própria população. São intervenções que não se definem por projetos ou diretrizes, mas se caracterizam como atividades que interferem no ambiente ao qual estão sendo realizadas, intervindo no espaço em uma em uma micro escala, que se configura como uma ação micro urbanística, sendo as atividade realizada de cunho efêmero, pelo fato de se modificar de lugar em detrimento do público, do fluxo de movimento, e de outros fatores recorrentes. O micro urbanismo efêmero também propicia a renovação do lugar, sempre modificando o ambiente, por meio de uma nova programação, que acaba propiciando novos visuais do entorno, novas atividade, novos espetáculos, e novas formas de utilização do espaço como um todo. É como redescobri o lugar, no qual um dia se aprecia uma exposição cultura, outro dia se tem um parque de diversão para entretenimento, não muito depois um evento de competição esportiva movimenta o lugar, e assim por diante, sempre sugerindo algo novo, fugindo da monotonia. As pessoas são atraídas por novidades, e esse fluxo decorrente da efemeridade, acaba por permiti experiencias novas a população, não permitindo que o lugar caia no esquecimento, ou abandono, pois sempre terá um novo motivo para se fazer presente na área. De acordoo com o dicionário online português a definição do termo ‘efêmero’ se traduz em algo temporário, momentâneo

ou transitório. Intervenções urbanísticas de caráter efêmero, só são viáveis quando se tem o espaço propicio para pratica-las. Uma praça, por exemplo, se caracteriza como um ambiente provável para intervenções efêmeras, pois nela observa-se ambulantes que atuam no lugar e modificam o espaço diariamente, dependendo do seu posicionamento. Uma arte urbana na pista, chama a atenção de quem passa e frequenta o lugar, modificando o aspecto paisagístico do ambiente. Toda e qualquer intervenção, seja essa de cunho comercial, social ou cultura, que se traduza em procedimentos momentâneos, temporários ou transitória, se configura como “Microurbanismo Efêmero” podendo se propagar com outras definições como, por exemplo, “Placemaking”, “Post-it-City” , “Guerrilla Urbanism”, “Selfmade City”, “Insurgente Public Space” , “Occupy”, “Temporary City”, “Efemeral Urbanism”, “Tatical Urbanism”, “Handmade Urbanism”, “Micro-planejamento Urbano”. (BALEM, 2017) A transição é outra vertente do micro urbanismo efêmero, a qual pode ocorrer em espaços que se configuram como subutilizados ou vazios. Um terreno vazio que futuramente será destinado a construção de um edifício, mas que atualmente encontra-se sem utilidade alguma e sem previsões de prazos recorrentes ao início das obras do projeto, pode receber durante esse período ocioso, um food truck, por exemplo, ou quem sabe um circo que visita à cidade. 31

“Um terreno, quando vazio, tem que ser preenchido imediatamente, de preferência com alguma atividade de animação.” Lerner defende a instalação de estruturas provisórias para consolidar algumas atividades até que surjam novos projetos. A mistura de funções é importante (LERNER, 2003). Outro exemplo recorrente de transição, é a famosa Avenida Paulista em São Paula, a qual se configura como uma via de trafego de automóveis durante a semana, mas que aos domingos ocorre uma transição de transformação que resulta na modificação do uso do solo. A rua se transfigura em um espaço propicio para caminhar, andar de bicicleta, fazer um piquenique, apreciar intervenções artísticas que se manifestam no lugar, como dança de rua, entre outras coisas.

Figura 6. Avenida Paulista aos domingos. Fonte: https:// Figura 6. Avenida Paulista aos domingos. Fonte: vejasp.abril.com.br/cidades/capa-avenida-paulishttps://vejasp.abril.com.br/cidades/capa-avenita-passeio/ da-paulista-passeio/

O micro urbanismo efêmero se consolida como uma solução de imediato, algo de urgência, que não requer gastos exorbitantes, nem longo período de tempo, o que traduz perfeitamente a ideia do urbanismo tático, descrito por Neiel Brener da seguinte forma:


“O urbanismo tático propõe modos de intervenção imediatos, “acupunturais”, em relação a questões locais vistas como extremamente urgentes por seus proponentes. Seu horizonte de tempo é, portanto, relativamente curto, até mesmo “impulsivo” e “espontâneo”. Sua escala espacial também tende a ser relativamente circunscrita a um limite bem determinado – por exemplo, ao parque, ao prédio, à rua ou ao bairro;” (BRENER, 2016)

melhoria nos espaços urbanos, através de manifestações populares, de espaços livres para atuações da própria comunidade, com intervenções de caráter efêmero e que se configure como acupunturais, promovendo uma regeneração no ambiente consequentemente na qualidade de vida das pessoas.

O urbanismo tático de mesmo modo apregoa a questão de que todos devem contribuir fazendo sua parte. “geralmente promove uma visão de base, participativa, prática e de “faça você mesmo” de reestruturação urbana, na qual aqueles que são mais diretamente afetados por uma questão mobilizam-se ativamente para enfrentá-la, podendo, ainda, mobilizar-se continuamente para influenciar a evolução dos métodos e das metas necessárias de alcance. Por esta razão, o urbanismo tático é, muitas das vezes, apresentado como um modelo de ação de “fonte aberta” e como uma forma de “reapropriação” do espaço urbano por seus usuários.” (BRENER, 2016) Os princípios de ações micro urbanísticas serão pertinentes ao projeto do Ecossistema Criativo, pois o mesmo se localizará em uma área de adensamento urbano, a qual possui um caráter histórico e cultura muito relevante para a cidade de Fortaleza. O equipamento visa contribuir com diretrizes urbanísticas, promovendo uma 32


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fonte: www.wework.com


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REFERENCIAL PROJETUAL

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fonte: www.wework.com

O capítulo em questão se configura como um catalogo de modelos de referências, apresentando o projeto do Hub Criativo do Beato, do Lx Factory e por último da recém-inaugurada Casa FIRJAN da Industria Criativa. Três empreendimentos diferentes, os quais possuem pontes que convergem e outros que se divergem com relação a proposta do Ecossistema Criativo, mas, se fazem presente na pesquisa, por ter contribuído significativamente para composição do programa de necessidades e de tomadas de diretrizes projetuais, tanto arquitetônicas quanto urbanísticas. 35


HUB CRIATIVO DO BEATO O Hub Criativo do Beato se instala em um perímetro degradado e de total desuso desde 2011, no leste de Lisboa nas margens do Rio Teje. O Local antes ocupado por um antigo complexo de fábricas do exército português, possui um valor patrimonial para a cidade, em virtude dos seus edifícios históricos, e um potencial industrial por estar situado em uma área composta por um cais avançado.

ifícios que atualmente se encontram vazios e degradados, os quais irão comportar empresas nacionais e internacionais que trabalhem e desenvolvam projetos com elementos criativos, tecnologias, empreendedorismo e inovação. Percebe-se também por meio das imagens que ilustram o empreendimento, que o projeto terá espaço destinado a construção de novos edifícios, que ficará sob responsabilidade das empresas que irão se instalar no local.

em meados de 2018. A previsão é que os primeiros espaços deverão começar a funcionar entre o final de 2019 e início de 2020 (DINHEIRO VIVO, 2018). Ficara a cargo da Câmara Municipal de Lisboa a infraestrutura dos espaços comuns exteriores. A parte administrativa relacionada aos eventos e programações do empreendimento ficara sobre a responsabilidade da Startup Lisboa, enquanto as empresas que irão se instalar no complexo ficarão encarregadas pelo desenvolvimento e execução do projeto de reabilitação dos edifícios (ORIENTRE, 2017).

Figura 10. Projeto para os ambientes internos do Hub Criativo de Beato. Fonte: https://www.orientre.pt/beato/hub-criativo-do-beato/7/

Figura 8. Espaço do antigo complexo fabril de Beato. Fonte: https://www.orientre.pt/beato/hub-criativo-do-beato/7/

A área destinada ao centro criativo engloba 35 mil metros quadrado, e será responsável por restaurar um total de 20 ed-

Figura 9. Vista aérea do projeto do Hub Criativo de Beato. Fonte: https://www.orientre.pt/beato/hub-criativo-do-beato/7/

O projeto anunciado em 2016 pela Câmara Municipal de Lisboa em parceria com a Startup Lisboa, foi idealizado pelo presidente da Câmara, Fernando Medina, e começou a ser construído recentemente, 36

O objetivo do Hub Criativo é “posicionar Lisboa como cidade aberta, criativa, empreendedora e inovadora” (FONTES, 2017), transformando a zona ribeirinha oriental da cidade em um ecossistema de empreendedorismo, elevando a cidade a nível de referência mundial de desenvolvimento e economia criativa.


O programa inclui espaço para coworking, incubadoras e aceleradoras que trabalham com empreendedorismo. Indústrias criativas ligadas a área do design, moda, música, publicidade, cinema, audiovisual, arquitetura, entre outras, também terão espaço para seus ateliês. O complexo ainda inclui área destinado ao conhecimento, pesquisa e desenvolvimento de novas ideias, com centros específicos de competências, inovação e desenvolvimento e equipes corporativas ligadas à inovação. Startups e Global Companies também fazem parte do programa, visando atrair empresas que queiram expandir as suas áreas de negócio e os mercados onde atuam (ORIENTRE, 2017). O programa estabelece que o Hub Criativo do Beato irá reunir as pessoas e industrias mais inovadoras e diferenciadas, em um mesmo ambiente, construindo assim um ecossistema empreendedor, com salas para reuniões e eventos, auditórios, alojamentos, lavandeira e minimercado. A área será aberta e de livre acesso para comunidade, possibilitando a circulação de moradores locais, visitantes e turista. Uma zona livre de carros, e com um sistema de transporte público eficiente, incluindo bicicletários, e a criação de uma rede de ciclovias interligando o Hub a cidade.

Figura 11. Proposta do Hub Criativo do Beato para o entorno do empreendimento. Fonte: https://www. orientre.pt/beato/hub-criativo-do-beato/7/

Com bastantes áreas verde e locais propicio de convivência, o Hub Criativo do Beato pretende valorizar o pedestre, fazendo com que o mesmo se sinta confortável para se encontrar com amigos e familiares, ou para fazer um passeio no fim de tarde com seu animal de estimação. Para se tornar um lugar convidativo, o complexo disponibilizara wi-fi gratuitamente para todos que o frequentarem, e incluirá também restaurantes, bares, áreas de lazer e descanso e academia desportiva. O projeto visa usar o que já é característico da região, como por exemplo os espaços culturais, de diversão e gastronômicos, para revitalizar o bairro, trazendo vida de volta ao meio urbano. Com base na análise descrito acima é possível concluir que ações projetuais do Hub Criativo do Beato terão grande influência no projeto do Ecossistema Criativo da Praia de Iracema. Ambas os bairros se assemelham em muitos aspectos, enfrentam problemas semelhantes decorrente do desuso e abandono, e possuem potenciais característicos que fazem dessas localizações ambientes propício para se intervir. 37

Uma diretriz do Hub Criativo do Beato pertinente ao projeto da Praia de Iracema é a inclusão da comunidade ao empreendimento, possibilitando uma total integração do equipamento ao bairro, e permitindo o livre acesso das pessoas ao local. Outro ponto oportuno é a priorização do pedestre nas decisões projetuais. O objetivo é trazer vitalidade ao bairro, trabalhando em uma escala mais humanizada e intimista, tornando o ambiente convidativo com opções de lazer para família, entretenimento cultural, transformando espaços subutilizados e vazios em áreas verdes, requalificando áreas degradadas. O projeto também visa o incentivo do uso de bicicletas, minimizando assim o fluxo de veículos particulares motorizados na região. Com um sistema de ciclo faixas sombreado e locais de descanso que interligue o perímetro do empreendimento a toda cidade e a disponibilização de bicicletários somados a um sistema de transporte público eficiente. Assim como o Hub de Beato, o empreendimento da Praia de Iracema propõe atrair uma visibilidade internacional para o Estado do Ceará como polo de tecnologia, criatividade, inovação e empreendedorismo, atraindo assim empresas nacionais e internacionais. As benfeitorias do projeto não só se restringiram ao local ao qual o mesmo estará inserido, seus feitos beneficiaram o Estado como um todo, proporcionando o desenvolvimento de ideias sustentável, que atendam às necessidades de todas as regiões do Ceará.


Após o declínio das fabricas, a área se encontrava em total desuso à espera da aprovação do projeto Alcântara XXI, o proprietário do local, um grupo de investimentos imobiliários – a MainSide -, teve a ideia de criar uma espécie de Vale do Silício destinado a industrias da cultura, intitulando o empreendimento de LX Factory. (SALAZAR, 2009) O nome foi inspirado no ateliê Factory do artista americano de Pop Art, Andy Warhol, em Nova Iorque, um verdadeiro celeiro de jovens artistas, reunidos em um espaço destinado a criação artística e a fusão cultural. E era exatamente essa a ideia que o LX Factory queria imprimir em suas comodidades.

LX FACTORY

A ocupação pós-industrial, deu um novo destino a região da Alcântara as margens do Rio Teje. Foi no ano de 1846 que um dos mais importantes complexos de fabricas de Lisboa, a Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonenses, se instalaram em uma área de 23 mil metros quadrados na região. Nos anos seguintes, empreendimentos como a Companhia Industrial de Portugal e Colônia, a Tipografia Anuário Comercial e mais recentemente a Gráfica Mirandela, se apropriaram do estabelecimento tornando o ambiente uma zona caracteristicamente fabril, o que por um lado, contribuindo para exclusão da

determinada área do restante da cidade, e por outro, fez da região um local com valor histórico por abrigar um dos primeiros exemplos da arquitetura de ferro portuguesa.

Figura 13. Complexo Fabril Lx Factory. Fonte: https:// www.ruadebaixo.com/celebrar-o-erro.html

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O local esquecido pela cidade, é totalmente repaginado pela contemporaneidade do século XXI. Com espaços destinados a adultos, jovens e crianças, proporcionando uma efervescência cultural, através de eventos, concertos, instalações, performances e exposições, que fazem desse local uma fábrica de entretenimento cultural. A devolução do lugar a cidade acontece com uma rede conectada de empreendimentos que trabalham com a criatividade e inovação. Hoje o complexo se apropria da arquitetura existente dos grandes galpões das fabricas, para produzir ideias e inovações. O local acomoda espaço para manifestações culturais e artísticas, além de abrigar agências de moda, ateliês de artistas, espaço para festa, empresas de publicidade e multimídia, escola de dança, biblioteca, bares, restaurantes, lojas de moveis, produ-


toras de cinema, escritórios de arquitetura, entre outros. O objetivo do projeto de acordo com a arquiteta responsável, Filipa Baptista, é “fomentar um negócio e ao mesmo tempo contribuir para a dinâmica cultural da cidade” (BAPTISTA, 2009).

lioteca, transformado o local em um ambiente social. A sensação é de estar em uma cidade cenográfica com arte urbana presente da caixa d’água até os antigos muros das fabricas passando pelas extravagantes esculturas, e os aconchegantes e despojados postos comerciais que transformam o lugar, um tanto caricato, em uma ilha criativa. “Um espaço admirável e espantoso em qualquer parte do mundo. Um dos pisos do edifício principal é um dos primeiros exemplos da arquitetura do ferro portuguesa. Só o ambiente que se respira na rua é já de si um push criativo” (ASTOLFI, 2009).

Figura 14. Área comercial Lx Factory. Fonte: https://dicasdelisboa.com.br/2016/04/comercio-na-lx-factoryem-lisboa.html

Figura 16. Biblioteca Ler Devagar na Lx Factory. Fonte: https://aviagemdosargonautas.net/2014/05/28/livraria-ler-devagar-entre-as-melhores-do-mundo-porclara-castilho/ Figura 15. Rua Lx Factory. Fonte: https://www.efe.com/ efe/portugal/destacada/lx-factory-a-fabrica-de-ideias-e-experiencias-artisticas-lisboa/50000440-2628910

O interessante é que o lugar desencadeia a imaginação, e nos leva a um ambiente lúdico e fantasioso. No LX Factory você pode encontrar um bar dentro de uma bib-

Figura 17. Terraço do restaurante Rio Maravilha na Lx Factory. Fonte: http://visao.sapo.pt/actualidade/ visaose7e/sair/2017-04-03-12-ideias-para-aproveitar-a-primavera-em-Lisboa 39

O LX Factory foi introduzido para ser algo temporário, digamos que um escape de urgência para revitalizar a área que se encontrava em total desuso, até o momento em que a câmera municipal de Lisboa decidisse o que fazer com o complexo fabril, e isso já faz aproximadamente uma década, e a forma como o empreendimento recuperou o local e o devolveu a cidade, fica difícil de imaginar a área com uma outra aspecto que não seja a Ilha Criativa, que acabou por se tornar uma identidade própria do lugar que atrai mais de um milhão de visitantes por ano que atravessam seus portais com este fantástico mundo alternativo e criativo (DEL AMO, 2015). A ideia de diversificar e estabelecer novos usos para diferentes públicos, é um fator do LX Factory proeminente ao bairro Praia de Iracema. Ocupar um lugar abandonado e esquecido da cidade, transformando-o em um ponto de encontro para pessoas que com ideias diferenciadas, que inovem em suas produções e tenham total liberdade de expressar suas criações, é uma das estratégias do Polo Criativo da Praia de Iracema para trazer vitalidade ao local. O LX Factory é um exemplo de que não se precisa de altos investimentos ou mudanças drásticas para se obter uma revitalização e requalificação da região. Vemos aqui um modelo de micro urbanismo que transformou o lugar em atrativo de lazer, de cultura e comercio para todos os públicos. E o projeto da praia de Iracema pretende assim como o LX Factory, trabalhar em escalas


mais aproximadas, de intervenções objetivas, rápidas e simples, proporcionando ambientes mais humanizados. A arte urbana é um exemplo de micro urbanismo presente no LX Factory que faz do local um ambiente um tanto quanto lúdico, mas consideravelmente um atrativo que gera um fluxo de pessoas que acabam por se encantar com o lugar. Esse tipo de ação será muito pertinente ao polo criativo da praia de Iracema. O LX Factory é ambiente aconchegante, com seus bares e restaurantes personalizados, suas vitrines de lojas expondo inovações para as ruas estreitas e aconchegantes, as quais são preenchidas apenas por pedestres, mesas e cadeiras dos comércios. Suas esculturas coloridas transformam o ambiente em uma verdadeira cidade cenográfica, que transmite a sensação de acolhimento e pertencimento ao local. Se compararmos as ruas personalidas do LX Factory com as ruas do bairro Praia de Iracema, conseguiremos identificar uma semelhança, Outro ponto oportuno do LX Factory para o Ecossistema Criativo, está ligado a identidade histórica do lugar. O LX Factory preservou o design industrial das fabricas do século XIX, e o bairro Praia de Iracema possui uma identidade nos arruamentos, nos edifícios antigos, os quais serão conservados. Separados por uma extensão de 8km, tanto o LX Factory quanto o Hub Criativo do

Beato se encontram nas margens do Rio Teje em áreas que antes eram ocupadas por um complexo fabril e que se encontrava em situação de abandono e desuso, porem as semelhanças entre os empreendimento não se restringem somente a localização, ambos os complexo possuem propostas semelhantes para revitalizar e requalificar o local ao qual estão inseridos. E podemos dizer no caso do LX Factory que já está em funcionamento a aproximadamente uma década, que o objetivo de atrair pessoas ao local e devolver esse ambiente a cidade foi atingido com êxito, o empreendimento é um verdadeiro sucesso que atrai todos públicos e milhões de pessoas por ano. Algo que diferencia os projetos, é que o Hub criativo tem uma integração mais efetiva com o bairro, não possui muros para segregar enquanto o LX Factory tem seu perímetro fechado vedado por alvenarias, restringindo o acesso ao local pelo seu portal de entrada. Ambos os complexos são fomentados por empreendimentos que trabalhem com criatividade e inovação. O Hub do Beato se atem mais a área que trabalham com tecnologia de ponta, empresas nacionais e internacionais, incubadoras, aceleradoras, startups, centro de pesquisa de desenvolvimento, já o LX Factory já vai mais pro caminho da arte, da parte cultural, trabalho mais artesanal, com ateliês de design, moda, arquitetura entre outros, focando também na questão de eventos e manifestações artísticas e cul40

turais, o que nós dar a combinação perfeita para o Polo criativo da praia de Iracema, que pretende fazer a junção do ramo tecnológico, com empresas que trabalhem com o desenvolvimento sustentável e tecnológico, com ateliers de artistas somados a espaços culturais que proporcione um entretenimento a população.


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fonte: www.unsplash.com


CASA FIRJAN Figura 18. Casa Firjan da Industria Criativa. Imagem do edifício novo e do Palacete espelhado no novo prédio. Fonte: http://arquittetando.com.br/casa-firjan/

O empreendimento se divide entre o centenário Palacete Guinle-Linneo de Paulo Machado e um novo edifício recém construído, o qual compreende a maior área do núcleo e abriga o maior número de atividades do projeto. O objetivo do complexo se concentra em atrair empresários, empreendedores e inovadores, além de oferecer um espaço com uma programação que seja convidativa para o público em geral. O equipamento envolve um casarão histórico tombado, um novo prédio de quatro andares, duas casas geminadas e um jardim, inserido em uma área de 10 mil metros quadrado, dos quais 7.500 são de área construída. (CERQUEIRA, 2018) O projeto, ganhador de um concurso nacional realizado no ano de 2012 pela Federação das indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), se insere em um contexto de adensamento urbano, de uma área privilegiada do bairro Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro.

A implantação foi pensada para preservas algumas arvores que figuram a área, além de proporcionar o surgimento de um espaço livre, situado entre o Palacete e o novo edifício. Analisando o projeto como um topo, vê-se uma preocupação inerente de respeitar o edifício centenários que ocupa a área, o qual foi restaurando para receber novos usos relacionados ao programa de necessidade da Casa FIRJAN. A área entre os dois ambientes, além de deixa evidente as diferentes tipologias dos prédios, também se caracteriza como uma praça interna central.

Figura 19. Casa FIRJAN da Industria Criativa. Implantação. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/0179016/casa-firjan-lompreta-nolte-arquitetos 42

O novo edifício se configura com dois volumes cujos dimensionamentos dialogam com a arquitetura do Palacete. Os dois blocos se conectam no primeiro e no ultimo pavimento, o que gera uma ligação entre os diferentes setores. Outro aspecto utilizado para indagar o protagonismo do edifício centenário, pode ser observado na forma simples, sem grandes exageros, que o novo prédio carrega consigo. O projeto arquitetônico ficou a carga do escritório de arquitetura Lompreta Nolte. As diretrizes projetuais visam preservar as características do local, proporcionando visuais do entorno e possibilite espaços aprazíveis para encontros e momentos de lazer. Inaugurado em agosto de 2018, a casa Firjan reúne um centro de estudo, um núcleo cultural e uma fábrica de ideias. As atividades propostas pelo complexo serão de palestras, workshops, cursos, laboratórios, atividades culturais, exposições, apresentações musicais, sessões de cinema ao ar livre e um restaurante. (CERQUEIRA, 2018) O centro conta com um auditório para 250 pessoas e uma biblioteca com 7.000 livros. O núcleo educacional oferece 1.200 vagas distribuídas em 30 opções de cursos que envolve temas como marketing digital, liderança, design thinking, inteligência artificial, prototipagem, empreendedorismo e branfing. A Casa FIRJAN conta ainda com espaços colaborativos, onde ocorrerão hacktons e


outras atividades desafiadoras. Os laboratórios, contará com equipamentos de alta tecnologia como impressoras 3d, cortadoras a laser e scanners, e ainda permitirá que qualquer indivíduo que queira desenvolver um produto ou projeto, terá livre acesso ao local, sendo supervisionado pelos profissionais do empreendimento. (CERQUEIRA, 2018) “A criatividade está em tudo, mas fomos além. Queremos ter a função de um radar e antecipar as mudanças tecnológicas, comportamentais e dos modelos de negócio que impactam toda a população” é o que diz Cristiane Alves, gerente-geral de estratégia e desenvolvimento da FIRJAN para o site veja rio (ALVES, 2018). O projeto se caracteriza como um exemplo de arquitetura a ser seguido, imprimindo satisfatoriamente a ideia projetual que se pretende incorporar ao Ecossistema Criativo. O primeiro indicio de referência para o projeto em questão parte da forma como o edifício se insere na rua, se comunicando com o entorno e tornando viável a visualização do espaço interno que se configura no equipamento. Segundo o edifício delimita espaços internos que se caracterizam como praças, e local apropriados para arquitetura efêmera. A questão dos materiais confere ao edifício um estilo de contemporaneidade o diferenciando do prédio centenário que fica logo a sua frente, e por fim a volumetria do empreendimento também remete muito ao que se pretende para o ecossistema criativo.

Figura 20. Casa FIRJAN da Industria Criativa. Perspectivas. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-79016/ casa-firjan-lompreta-nolte-arquitetos.

A proposta do empreendimento, que visa oferecer ao estado do Rio de Janeiro um espaço destina as indústrias criativas, também se preocupa em oferta a população em geral uma opção diversificada de entretenimento cultural, além de um programa de atividades que engloba práticas criativo e de empreendedorismo. A casa FIRJAN se diferencia do projeto do Hub Criativo de Beato assim como também da proposta do LX Factory, pelo fato de se configurar como privado, cobrando uma taxa de 10 reais para o acesso do público em geral. Essa diretriz, de restringir o acesso ao complexo por uma única e exclusiva entrada, não será adotada ao Ecossistema Criativo, por considera que tal conduta foge da proposta de conectar o equipamento a cidade, e fazer dele um bem de inclusão e acesso para todos. É claro que o edifício em si, será de uso exclusivo de seus usuários, mas a ideia de inserir o prédio no meio de adensamento urbano, e fazer desse equipamento um elo que conecta a comunidade a arquitetura, promovendo ambientes de en43

contros, nichos divaricados, com mobiliários urbanos e a presença de vegetação, traz vida para um espaço que antes se configurava como privado, mas que a partir do projeto do Ecossistema Criativo , pretende-se inserir essa área a cidade.


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ÁREA DE INTERVENÇÃO

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fonte: www.pexels.com


O bairro Praia de Iracema se caracteriza por ser uma área histórica e tradicional da cidade, a qual possui um valor simbólico referente ao boêmio devido aos usos e apropriações que o lugar já vivenciou. Configurando-se como um recorte representativo da capital cearense, cuja a imagem nos remete as memórias de uma saudosa Fortaleza. Ao longo de sua trajetória socioespacial, o bairro passou por diversos conflitos, entre a boemia e o novo que se instaurava, entre o bucólico e o declínio decorrente das degradações, entre a nostalgia e o infame presente que o assola. Por isso, falar em Praia de Iracema, é retornar a um passado de lembranças prazerosas, dos bons e velhos tempos áureos. De fato, no decorrer do século XX e início do século XXI, o bairro transpôs diversas fases marcadas por modificações de usos do solo, e pela forma como frequentadores e moradores se relacionaram com o local, tendo em vista o novo que se estabelecia, e que muitas das vezes ocasionava a perda emblemática, tão característica de uma região assolada por intensas transformações, fases de declínio e esquecimento (BEZERRA, 2009). A área investigada, o bairro Praia de Iracema, pertence a secretaria executiva regional II – SER II, localiza-se em uma região litorânea, junto ao mar, situado entre as ruas João Cordeiro, Monsenhor Tabosa, Almirante Jaceguai, Almirante Tamandaré e Avenida Beira-Mar. Caracterizando-se por ser um dos

Figura 21. Mapa de Fortaleza, com representação do Bairro Praia de Iracema e da área de intervenção. Fonte: Google Earth (2018). Legenda e modificações feita pelo autor.

menores bairros da cidade, que de acordo com o censo demográfico do IBGE do ano de 2010, possui uma população de 3.130 habitantes em um total de 1.790 domicílios. O estudo em questão aprofunda-se em pesquisas e diagnósticos de um recorte em menor escala do bairro, em uma proporção micro urbanística, delimitado pelo o mar ao norte, pela Avenida Almirante 46

Barbosa ao sul, e pelas Avenidas Almirante Tamandaré e Beira-Mar nas extremidades oeste e leste, respectivamente. A área em questão concentra em si a essência do local, sendo uma configuração representativa de todo o perímetro do bairro.


Figura 22. Mapa do Bairro Praia de Iracema, com área da intervenção em destaque. Fonte: Google Earth (2018). Legenda e modificações feita pelo autor. 47


4.1.

Evolução urbana e histórica

A narrativa dos primeiros indícios de ocupação da área se deu ainda no século XIX. O urbanismo em torno da localização sempre esteve associado a atividades portuários (STUDART, 2004). O antigo porto da cidade de Fortaleza situava-se na altura do monumento Cristo Redentor, uma posição estratégica localizada próximo ao centro comercial, visando assim a facilidade e agilidade de transportação das mercadorias que desembarcavam no local em direção aos comércios.

No mapa de Fortaleza acima, feito por Adolpho Herbster no ano de 1888, observa-se um adensamento de edificações já consolidado no Centro da cidade, e o traçado das linhas de bonde e trem existente no local, que faziam o transporte de cargas e pessoas. Ao lado, na periferia do centro, delimitado com o tracejado vermelho, localização onde hoje se encontra o bairro Praia de Iracema, no qual começa a se configura, no final do século XIX, com o surgimento dos primeiros estabelecimentos que se instalavam no local afim de abrigar atividades relacionadas ao porto. As instalações do porto eram consideradas inapropriadas, em condições acidentáveis de extrema insegurança (GARCIA, 2017). Mediante a isso, foram propostas diversas intervenções como a construção de quebra-mar. As tentativas foram tantas, que hoje podemos observar a grande quantidade de píer ao longo da orla, principalmente na região da Praia de Iracema. A construção da ponte metálica concluída em 1906 foi por um período de 20 anos a responsável por exercer a função de embarque e desembarque de mercadorias e passageiros (GÁRCIA, 2017).

Figura 23. Mapa de Fortaleza do ano de 1888, feito por Adolpho Herbster. Legenda e modificações feito pelo autor. Fonte: Blog Fortaleza nobre (2016). Legenda e modificações feito pelo autor.

Figura 24. Vista da Ponte Metálica, e ao fundo, estabelecimentos que exerciam as atividades portuárias. Fonte: Blog Fortaleza em fotor (2014). 48

Figura 25. Ponte Metálica funcionando como porto de Fortaleza. Fonte: Blog Fortaleza em fotos. (2011)

As atividades portuárias se intensificaram com o aumento das exportações do algodão, café, couro e cera de carnaúba (STUDART, 2004), o que interferiu diretamente na região próxima ao porto, local denominado de Prainha desde o século XVIII (NOBRE, 2015). Começaram a se instalar na área estabelecimentos como armazéns, depósitos, repartições e edifícios que davam suporte as operações realizadas pelo porto e pelo o comercio, como a casa Boris, por exemplo, construída em 1869, o estabelecimento tinha como atividade o comercio e exportação de produtos cearenses (STUDART, 2004). Ao leste das instalações portuárias, localizava-se uma aldeia de pescadores, denominada Porto das Jangadas, Praia do Peixe ou Grauçá (BEZERRA, 2008). A paisagem era marcada por vasto coqueirais e pelas simples casinhas dos pescadores, os quais desembarcavam suas jangadas ao longo da orla.


Outro fator que impulsionou a ocupação da área ocorreu “por meio da acessibilidade ao local com a instalação da linha de bonde da Rua dos Tabajaras, até a Praia de Iracema e, por fim para o uso do automóvel” (EVANGELISTA, 2013). A avenida pessoa anta foi urbanizada em 1931 na gestão de Tibúrcio Cavalcante (NOBRE, 2009), contribuindo significativamente para o adensamento da região. Figura 26. Paisagem da praia do peixe, onde hoje se encontra a Praia de Iracema. Fonte: Blog Fortaleza nobre (2015).

Somente na década de 20 o espaço urbano local começou a ser modificado e a ganhar novos usos diferentes das tipologias portuárias. Com a chegada dos bungalow de frente para a praia, ocupados por famílias abastadas, as quais eram impulsionadas pelo chamativo banho de mar, visto como medida terapêutica, de contemplação e lazer, o que tornou a região um ponto de agitação da aristocracia da cidade.

Um lugar aprazível, que se tornou uma estação balnearia de Fortaleza. É nesse período que o Hotel Pacajus se torna o primeiro a ocupar a beira-mar. Surgem também clubes como o Praia Clube, América e Jangada Clube, os quais eram frequentados pela elite econômica, que motivados pela impressa da época julgavam inadequado a nomenclatura que o encantador bairro carregava. Foi então proposto um novo nome, que carregasse uma identidade própria ao local. Em homenagem a heroína do romance de José de Alencar, o bairro foi designado como Praia de Iracema e suas ruas ganharam nomes de etnias indígenas. O local se tornou um ponto de encontro da nobreza, a praia dos amores, um dos epítetos que a zona costeira ganhou, um ambiente encantador por sua paisagem natural, e boêmio por seus usos e sua classe frequentadora, e assim se constituía o mais conhecido cartão postal da cidade de Fortaleza.

Figura 27. Ocupação dos bungalows na orla da Praia de Iracema. Fonte: Blog Fortaleza em fotos (2015).

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Na década de 30, foi decretado que o antigo porto seria transferido para a enseada do Mucuripe, considerado por especialista o lugar mais adequado para abrigar as atividades portuárias. Essa mudança resultou na desocupação de muitas edificações que exerciam as atividades relacionadas ao porto. Residências passaram a ser ocupadas por uma classe mais pobre e surgem prostíbulos nos antigos edifícios abandonados. O entorno do ramal ferroviário utilizado para o transporte das cargas que desembarcavam no porto, passa a ser tomado indevidamente pela população de baixa renda, nasce então a comunidade Poço da Draga (SCHRAMM, 2001). A década de 50, o bairro é marcado por um período de declínio e profunda melancolia por parte dos seus moradores e frequentadores. Em virtude do avanço do mar, decorrente da construção do porto do Mucuripe, houve uma alteração das correntes marítimas, diminuindo a faixa de praia e resultando em uma zona de risco, que levou ao abandono de grande parte das casas abastadas à beira-mar, das quais muitas foram destruídas (BEZERRA, 2016).

Figura 28.Rua Pacajus, que mostra a destruição dos bungalows por conta do avanço do mar. Fonte: Blog Fortaleza em fotor (2012).


Havia uma relação afetiva entre a Praia de Iracema e seus frequentadores, que ultrapassava o paradigma de pessoa e bairro. Era um sentimento de pertencimento, e que após seus declínios causaram profunda melancolia em seus moradores e frequentadores. A baixa uma composição de Luís Assunção que mostra essa vinculo das pessoas com o lugar: “Adeus, adeus, / Só o nome ficou/ Adeus praia de Iracema/ Praia dos amores/ Que o mar carrego/ Quando a lua te procura/ Também sente saudades/ Do tempo que passou/ De um casal apaixonado/ Entre beijos e abraços, / que tanta coisa jurou/ Mas a causa do fracasso/ Foi o mar enciumado/ Que da praia se vingou.” (Música Adeus Praia de Iracema de Luís Assunção)

Porém é do período que se estenda das décadas seguintes até os anos 90 que o bairro viveu seu apogeu simbólico, consolidando seu valor emblemático referente a boemia. O local passou a ser um ponto de encontro de intelectuais, militantes políticos, jornalistas e artistas. As ruas ganharam vida e uma efervescência de bares e restaurantes que animavam a noite, como é o caso do Restaurante Lido, inaugurado em 1950. O Estoril, onde antes funcionava um casino das tropas americanas que se instalaram aqui em decorrência da segunda guerra mundial, funcionava a todo vapor. Havia vida nas ruas, e uma sensação muito intimista dos frequentadores com o local (NOBRE, 2015).

Entre as décadas de 60 a 80 ocorreu uma ocupação irregular de casas de madeira e papelão na faixa da praia. O banho de mar já não era mais uma tração no local por conta das alterações das correntes marítimas que diminuíram a faixa de praia. Os que frequentavam o lugar, ainda assim sendo a classe alta da cidade, era visto, muita das vezes, de forma marginalizada por conta das atividades contrarias aos valores morais que começara a ser praticada no local por outros (NOBRE, 2015). A década de 80 foi marcada por intensas oposições por parte dos moradores e frequentadores do bairro que desejavam que o local fosse reconhecido como Patrimônio histórico e cultural da cidade, preservando assim sua tradicionalidade e sua arquitetura. Porém é nessa época que começam a surgir edifício com mais de dez pavimentos, assim como a instalação de bares e restaurantes em lugares supervalorizados. O bairro se transforma em uma zona de comercio, sendo alvo de empresários, que viram ali um grande potencial de gerar lucros, alterando a forma e as representações do lugar, probabilizando a poluição sonora, desornamento do trânsito, abertura irregular de estabelecimentos comercias e a especulação imobiliária. Um período marcado por protesto de moradores que deixaram o lugar, considerando que o mesmo estava perdendo sua essência (NOBRE, 2015). Além da relevância histórica e social para a cidade de Fortaleza, o bairro possui 50

uma localização geográfica privilegiada, por se situar próximo ao centro da cidade, em uma região praiana, o que tornou a área alvo de interesses de políticas governamentais, resultando, na década de 90, em uma transformação do lugar por meio de intervenções urbanas, ou como indaga Bezerra (2016) , “uma ruptura”, ocasionada pelo então governador do estado Tasso Jereissati, que pretendia transformar a região em um polo turístico, se utilizando do simbolismo e potencial natural do lugar e por meio de incentivos fiscais. “Segundos relatos de antigos moradores nesse período, iniciou-se um novo momento da boemia da praia de Iracema, a qual descrevem como “boemia high tech”, “nova boemia” ou “modernização da boemia. (BEZERRA, 2016). Um período marcado por intervenções urbanas, como a construção do calçadão na orla da praia de Iracema, a requalificação da ponte dos ingleses, a construção do largo Luiz Assunção, a reconstrução do restaurante Estoril que havia desmoronado em 94, entre outras. As requalificações probabilizaram uma mudança do uso do solo e nas relações sociais do bairro, o número de turista na região aumentou, assim como também o número de bares, restaurantes e comércios, o que é apontado por muitos relatos, como o princípio de um novo declínio no bairro. Junto com as intervenções urbanas que visavam transformar o local em um polo turísticos, investimentos de iniciativa privada, ocasionaram uma supervalorização


da área, “inserindo o litoral como um produto a ser consumido”, (EVANGELISTA, 2013) o que desencadeou a homogeneização do uso do solo da região, preenchido predominantemente por bares e restaurantes. Por conta da forte presença de turistas internacionais, o ambiente se transformou em um ponto de prostituição, isso ocasionou a desapropriação da área pelos antigos moradores e fieis frequentadores, que procuravam novos lugares para habitar e novas áreas de lazer para frequentar. Começaram a surgir problemas relacionados a falta de manutenção do espaço, a ocupação agora era predominantemente dos hippies, moradores de rua, comerciantes ambulante, turistas estrangeiros e prostitutas. (NOBRE, 2015) Por ser um centro que reunia em um só lugar teatro, cinema, auditórios, livrarias, cafés, lojas e bares, a construção do Centro Dragão do Mar, no final da década de 90, atraiu para si, a concentração de grande parte das pessoas que frequentavam a Praia de Iracema, o que, de fato, ocasionou um certo desinteresse e até mesmo desprezo das pessoas pelo área, que já não era mais, a essa altura, um atrativo para a população, sem falar na situação decadente que o lugar se encontrava, onde em muitos espaços não havia mais iluminação púbica, e diversos pontos comerciais, já estavam desativados. Pouco tempo depois, mais da metade dos estabelecimentos presentes no lu-

gar, encontravam-se em desuso. Terrenos baldios configuravam a área, o que agravou ainda mais a situação do bairro, que passou a ser reconhecido como ponto de prostituição e lugar propicio para o consumo de drogas, tornando-se uma zona de extrema insegurança, resultando na saída dos poucos antigos moradores que ainda moravam na região. Em 2008, a então prefeita Luizianne Lins sugere uma nova requalificação no calçadão da Praia de Iracema. O projeto se caracteriza por seu desenho urbano ineficaz, e por apresentar diretrizes muito vagas, o que ocasionou a recuperação de alguns estabelecimentos do local, mas nada que retomasse os antigos tempos áureos. Hugo Frota (2014) indaga o que de fato ocasionou essa ruptura brusca no bairro ao longo de sua evolução. Ele diz: “As intervenções e ocupações ocorridas no espaço público da Praia de Iracema não foram precedidas de estudos técnicos amplos e multidisciplinares, não enfatizando no mesmo grau de importância o patrimônio imaterial, mais precisamente patrimônio cultural, antropológico e histórico do bairro e suas adjacências, causando as rupturas no cotidiano, êxodos e ocupação e corroerem o sentimento de raiz e a identidade dos residentes e frequentadores com o local, favorecendo sobremaneira a proliferação das atividades criminosas e a omissão estatal por mais quase uma 51 década”. (FROTA, 2014)

Frota (2014) também ressalta que nesse período de ruptura, iniciou-se uma verdadeira “guerra fria” entre os tradicionais moradores e frequentadores do lugar e os novos ocupantes que estavam relacionados ao crime de drogas, assaltos, aliciamento de menores e prostituição, que somado tais atividades as políticas de facilitação do turismo, colocava sobre o Estado do Ceará a reputação de turismo sexual (FROTA, 2014).


4.2.

O atual episódio da Praia de Iracema

Sexta-feira, nove da noite, as luzes dos bares e das casas de shows se ascendem e iluminam a rua. Os diferentes sons musicais se misturam e se confundem com os ruídos de muitas conversas. A sonoridade sinaliza mais um final de semana que se inicia na Praia de Iracema, onde um grande fluxo de pessoas, em sua maioria um público jovem, se aglomeram na região em busca de um entretenimento noturno. A circulação de carros a procura de uma vaga de estacionamento é intensa, o que acaba gerando um ligeiro engarrafamento na Rua dos Tabajaras, a qual concentra no seu lado leste, muitos restaurantes e bares, que nada lembram os tradicionais estabelecimentos do século passado. Um quarteirão ao sul, a escuridão toma conta do ambiente, nesta altura, encontra-se a Rua dos Potiguaras, onde é possível escutar ao longe o barulho que ecoa dos bares. Não se vê movimento alguma, a região é desértica e sombria, e as sensações que se tem são de medo e insegurança. Alguns passos dali na Avenida Almirante Barbosa, observa-se um grande fluxo de veículos, cuja a direção sinaliza o destino de maior confluência, o centro Dragão do Mar. Ainda na Avenida Almirante Barbosa, prosseguindo em direção à Avenida Beira-Mar, a ausência de pessoas no percurso, se transpõe em sentimento de perigo. Os passos se alongam buscando chegar em um ambiente seguro, os olhares se deparam com os moradores de

rua que dormem nas calçadas no relento da noite. A visão logo avista uma grande movimentação de pessoas, que circulam de bicicleta, skate e patins na orla da praia, na qual se observa um público mais familiar, com casais passeando de mãos dadas e crianças se divertindo. Caminhando no calçadão na direção oeste, observa-se algumas pequenas lanchonetes que se preparam para encerrar o horário de funcionamento. Logo ao lado, tapumes pichados vedam as grandes casas abandonadas na orla da praia. Bem próximo dali o aconchegante e simpático bar do Mincharia, anima o largo com música ao vivo, reunindo um público com idade mais avançada, em um ambiente que mais se aproxima da antiga e boemia Praia de Iracema. Sábado, duas horas da tarde, partindo da Avenida Tamandaré em direção ao mar, uma calçada avantajada e sombreada do lado esquerdo, reúne jovens com pranchas de surf, e um grupo de pessoas que interagem, sentadas nos bancos fixados em frente aos grandes armazéns abandonados. A direita, o estabelecimento dos correios ocupa mais da metade do quarteirão, e logo ao lado uma passagem estreia e quase imperceptível, dá acesso a uma vila de casas, denominada de vila dos correios. Entrando na Rua dos Tabajaras em direção ao leste, um edifício de residência multifamiliar de frente para o mar com seus exatos sete pavimentos, se destaca das demais 52

edificações por ultrapassar o gabarito padrão do bairro. Na orla da praia, os tapumes que cercam a obra paralisada do aquário, escondem o exuberante cenário paradisíaco do local, transfigurando a área em um ambiente árido e ocioso, no qual configura-se um quarteirão inteiro, sem o movimento de pessoas e de veículos. Não é possível se avista uma sombra sequer, o que torna a caminhada por esse trecho, em plena duas e meia da tarde, sob um sol escaldante, uma tarefa, além de insegura, bastante desgastante.

Figura 29. Rua dos Tabajaras para quem vem do lado oeste. Fonte: Google Earth.

No final do quarteirão, na esquina da Rua dos Tabajaras com a Rua Cariris, a área investigada se divide em dois fragmentos, os quais se distinguem por apresentar edificações de tipologias diferentes.


no enquadramento. Finalizando o percurso do quarteirão verifica-se a Vila do Artesão, um novo empreendimento que comercializa produtos manufaturados. Ao lado, uma concessionaria de carros, e próximo dali empresas como a Ipesca e a Vita Blindagem, configuram o lugar com estabelecimentos de perfil industrial.

Figura 30. Mapa de uso e ocupação do solo da área de intervenção. Fonte: do autor.

estão sendo subutilizados, configurando-se como estacionamentos.

Acima o mapa do uso do solo, mostrando como se encontra a ocupação da área de intervenção atualmente. O eixo pontilhado, divide a área de acordo com as tipologias das edificações presentes. O lado oeste, delimitado pela Avenida Almirante Tamandaré e pela Rua Cariris, por se localizar em uma região próxima ao antigo porto da cidade, se configura com a presença de grandes armazéns, de depósitos, de galpões, de repartições e edificações que davam suporte as operações portuárias. Ao percorrer o perímetro do quarteirão, percebe-se que muitos desses galpões receberam novos usos, como é o caso do edifício de pedra construído em 1891, que abrigou a Alfandega no século passado e onde atualmente se localiza a Caixa Cultural. Porém, a grande maioria desses estabelecimentos,

Passando a Rua Cariris, o cenário se transforma. Uma nova tipologia de edificação se constitui do lado leste, delimitado pela Avenida Beira-Mar e a Rua dos Cariris, no qual encontram-se estabelecimentos mais características do bairro, geralmente propriedades que não ultrapassam o gabarito de três pavimentos, cuja as fachadas se configuram com platibanda e adornos em torno das esquadrias.

Figura 31. Tipologia das edificações do lado oeste da área de intervenção. Fonte: Google Earth.

É possível identificar poucas residências na quadra, e uma comunidade na área de intervenção, a qual se tem acesso pelo beco dos Potiguaras. Na esquina da Rua Cariris com a Avenida Almirante Barbosa, localiza-se o fórum eleitoral. Pousadas e mercearias também fazem parte do uso do solo 53

Figura 32. Tipologia representativa do lado leste da área de intervenção. Fonte: Acervo pessoal (2018).

Uma gama de cores vivas e grafites expostos a rua, divertem a aparência do lugar, o qual apresentam usos diversificados como moradia, comercio e serviço. Alguns estabe-


lecimentos se configuram como uso misto, e ainda é possível observar a presença de edificações de uso cultural que se localizam no calçadão como o Museu da Cultura Digital e o Centro Belchior, que promove cursos gratuito de produção artística e cultural.

Em um dos espaços urbanos que dar acesso ao calçadão da praia, eventualmente ocorre uma competição de skate que movimenta o lugar, trazendo um entretenimento para jovens e crianças em pleno sábado à tarde. Um ambiente que se configura apropriado para programações efêmeras a céu aberto.

Figura 35. Rua dos Potiguaras. Fonte: Google Earth.

Figura 33. Rua dos Tabajaras para quem vem do lado leste. Fonte: Vida Ciranda (2017).

A região também se configura por apresentar casas de shows e boates, como o Clube do Pirata e a Lupus Bie. Vale ressaltar que a grande maioria desses estabelecimentos, funcionam somente aos finais de semana no período da noite, sem funcionalidade alguma durante a semana. Neste recorte do bairro, se observar uma circulação com maior frequência de pedestres. Nota-se também a presença de dois grandes edifícios, um residencial e um hotel, que destoa o gabarito da área. É nesse perímetro que se localiza o Estoril, onde hoje funciona a secretaria do turismo, o qual possui um anexo na esquina da Rua dos Tremembés com a Rua dos Tabajaras.

Figura 34. Espaço público com passagem para o mar. Fonte: Acervo pessoal (2018).

Um quarteirão ao sul, entrando na Rua dos Potiguaras em direção ao oeste, muitas edificações abandonadas e subutilizadas caracteriza a região, mas as poucas moradias juntamente com a comunidade localizada no beco dos Potiguaras, logo no final da via, trazem a rua, crianças que jogam de bola, e pessoas que se encontram para conversar na esquina com a Rua Cariris, onde funciona uma lanchonete que mobiliza o lugar.

54

É nesse setor da área investigada, que podemos observar ao se caminhar pelas ruas da saudosa e boêmia Praia de Iracema, palco de uma efervescia de sabores e de um público diferenciado, inúmeros terrenos subutilizados, e muitos vazios, que estão sendo propícios para práticas ilícitas. Como relata uma moradora do bairro, que alega ter presenciado por diversas vezes, pessoas utilizando o local para o consumo de drogas e até mesmo para práticas sexuais em plena luz do dia. Na esquina da Rua dos Tremembés com a Avenida Almirante Barbosa, um edifício de tipologia residência, com quatro pavimentos, encontra-se abandonado e com sua estrutura comprometida. Vale destacar a grande presença de edificações que se encontram em desuso na região, muitas delas em estado de ruína, o que revela o grande desinteresse que assola o bairro, que antes já foi um lugar altamente disputado, e que hoje, se tornou uma região esquecida da cidade.


a instituição governamental que fica logo ali. Muitos estabelecimentos, alguns até reformados, com placas de aluga-se, mas a atual situação do bairro parece não atrair nem instigar o interesse pelo lugar. No calçadão observa-se pessoas se exercitando, e na praia alguns surfistas pegam onda. Mas o que chama atenção é o número de moradores de ruas que se concentram naquela região. Figura 36. Edifício abandonado na esquina na Rua dos Tremembés com a Avenida Almirante Barbosa. Fonte: Google Earth.

Sexta-feira, nove horas da manhã, o número de carros estacionado na Rua dos Tabajaras revela uma intensa atividade no local, que logo se confirma com a quantidade de pessoas que circulam na área com seus trajes a rigor, o que indica, que não estão ali a passeio ou turismo, mas sim, a trabalho. As atividades se concentram em grande parte no núcleo de vetores da secretaria da saúde, e na secretaria do turismo. O barulho que ecoa, sinaliza o intervalo recreativo da escola municipal São Rafael que fica logo ao lado do Núcleo de Vetores. Na esquina da Rua Cariris com a Rua dos Tabajaras, as obras da prefeitura, impendem a visão do mar, porém, prometem uma nova ponte metálica. Tudo que se vê são tapumes, que escondem as obras paralisadas. Observando o local, vê-se uma câmera de monitoramento, provavelmente instalada nesse ponto como precaução de segurança, para os que trabalham e frequentam

do por intelectuais, artistas e nobres, hoje, se reduz em decadência. Uma área com um enorme potencial paisagístico, turístico e de lazer, que atualmente se configura como cenário para a prática da prostituição, exploração sexual de menores e o tráfico de drogas, sem falar do sentimento de insegurança que se tem ao frequentar o local, por conta da ociosidade e falta de iluminação que caracteriza o bairro. 4.2.1. A nova aposta

Figura 37. Obras na Ponte Metálica. Fonte: Acervo pessoal (2018).

Figura 38. Calçadão. Fonte: Acervo pessoal (2018).

O bairro que já vivenciou o glamour da aristocracia da cidade, sendo frequenta55

A mais nova aposta para recuperação do bairro, está sendo depositada em um empreendimento que pretende aumentar o número de turistas na cidade. O Acquario Ceará, como foi intitulado, é um projeto do Governo do Estado, que surgiu na gestão do ex-governador Cid Gomes, estimando em um custo de U$$ 150 milhões. Porém, há muitas controversas em torno do empreendimento. Além do custo altíssimo, a indícios de possíveis danos ao meio ambiente, é o que alega o Ministério Público Federal que entrou com ações contestando as licenças ambientais que não foram emitidas por órgão federal, como o Ibama, apesar da obra ocupar grande parte da orla da praia. “Segundo a legislação brasileira, impactos no mar territorial induzem licenciamento federal a ser realizado pelo Ibama. No entanto o estado fez o projeto da obra e ele mesmo licenciou no seu órgão estadual do meio ambiente”, destaca o procurador da República Alessander Sale (SALES, 2013).


O empreendimento, que se construído, será o terceiro maior aquário do mundo, ocupando 21,5 mil metros de área na orla da Praia de Iracema, tendo um total de 38 tanques com capacidade de 15 milhões de litros d’água, o que de fato mobilizou opositores acerca do equipamento em precaução da seca das últimas décadas que aflige o sertão cearense. Não se sabe ao certo se a obra, um dia, será concluída, e o que resta é a fatídica dúvida se o empreendimento possui um perfil regenerador para o bairro, ou será somente mais um atrativo turístico na capital, que cobrará preços tão exorbitantes, que se tornará inviável para a grande parte da população local, sendo um equipamento usufruído apenas por turistas e pessoas com condições mais abastadas.

de fluxo intenso de automóveis, que se caracteriza como uma das principais vias de acesso ao local, a Avenida Historiador Raimundo Girão – via arterial II – que se conecta a Avenida Almirante Barbosa – via arterial II – e logo adiante à Avenida Pessoa Anta – via arterial II –, na altura da caixa cultural, se configurando como a principal eixo de ligação que conecta o lado leste (Mucuripe, Vicente Pizon, Praia do Futuro) ao Centro da cidade. A Avenida Leste-Oeste – via arterial I – que se conecta a Avenida Monsenhor Tabosa – via comercial – na altura do Centro Dragão do Mar, é a principal via de ligação para quem vem do lado oeste (Pirambu, Barra do Ceará) em direção ao leste da cidade. Avenidas como Dom Manuel (via arterial I), Barão de Stuart (via arterial I) e Desembar-

Por ser um bairro próximo ao Centro, o transporte coletivo é servido por inúmeras linhas de ônibus e vans, que conectam o bairro aos diversos terminais espalhados pela capital. O sistema modal, se completa com uma estação de metrô, que fica no Centro da cidade, próximo à estação João Felipe, que interliga a área a região metropolitana de Fortaleza. A também a presença de ciclo faixas que conecta a área as demais localizações da cidade, porém, o percurso destinado aos ciclistas se configura, em alguns pontos, como ineficaz e incompleto. Abaixo, o mapa da mobilidade urbana, com os fluxos modais, que mostra as principais ligações do bairro com a cidade. Figura 39. Mapa sistema viário do Bairro Praia de Iracema e entorno. Fonte: do autor.

Entre tantas polêmicas envolvendo o projeto, fica o questionamento se o Acquario Ceará é a intervenção ideal para recuperar o antigo e saudoso bairro histórico com suas narrativas memoráveis, cenários de produções literárias, musicais, guias urbanos e materiais de divulgação turística da Praia de Iracema. O que temos de concreto literalmente é uma construção totalmente abandonada, ainda na fase inicial, com sua fundação e pórtico levantado. 4.3. Mobilidade e relação do bairro com a cidade

gador Moreira (via arterial I), fazem a ligação do bairro ao lado sul da cidade.

O bairro é cortado por uma Avenida 56


É possível encontrar na área, pessoas de todos os lugares da região metropolitana de Fortaleza. Isso, pode ser explicado pela questão do bairro se localizar ao lado do Centro da cidade, o que facilita a questão da mobilidade através das linhas de transporte público. Outro ponto que explica essa relação é por conta do local se caracterizar como um ponto de lazer, atraindo em sua grande maioria um público jovem em busca de entretenimento gratuito. 4.4.

Condicionantes legais

As normas estabelecidas como condicionantes legais estão de acordo com a Regulamentação do Plana Diretor de Fortaleza, lei complementar nº 236, de 11 de agosto de 2017. Abaixo estão prescritas artigos, parágrafos, incisos e normas retiradas do Plano Diretor. De acordo com o Plano Diretor do Município de Fortaleza, a área investigada, o Bairro Praia de Iracema, possui seu território dividido entre a Macrozona de Proteção Ambiental – na qual localiza-se a Zona de Preservação Ambiental 2 - Faixa de Praia (ZPA2) –, e a parcela ocupada com edificações construídas, situa-se na Macrozona de Ocupação Urbana, a qual se configura a Zona de Orla – Trecho III – Praia de Iracema (ZO3). A Macrozona de Proteção Ambiental é constituída por ecossistemas de interesse ambiental, bem como por áreas destinadas

à proteção, preservação, recuperação ambiental e ao desenvolvimento de usos e atividades sustentáveis . A ZPA2, que se localiza na Macrozona de Proteção Ambiental, engloba toda faixa de praia, que percorre o perímetro litorâneo do bairro. A zona se define pela paisagem natural do lugar, que se configura como um cartão postal da cidade de Fortaleza.

o espaço edificado e o espaço não edificado. O bairro também engloba quatro zonas especiais, que são: Zona Especial de Interesse Social 1 (ZEIS1); Zona Especial de Interesse Social 3 (ZEIS3); Zona Especial do Projeto da Orla (ZEPO); Zona Especial de Preservação do Patrimônio Paisagístico, Histórico, Cultural e Arqueológico – Praia de Iracema (ZEPH – Praia de Iracema).

No artigo 7 do inciso IX, caracteriza a Zona de Orla (ZO), por ser área contígua à faixa de praia, que por suas características de solo, aspectos paisagísticos, potencialidades turísticas, e sua função na estrutura urbana exige parâmetros urbanísticos específicos.

Art. 8. As Zonas Especiais são áreas do território que exigem tratamento especial na definição de parâmetros reguladores de usos e ocupação do solo, sobrepondo-se ao zoneamento, ressalvadas as restrições estabelecidas em normas específicas.

O parágrafo 3º do inciso IX, divide a Zona da Orla (ZO) - Trecho III - Praia de Iracema - em duas subzonas: I - Subzona 1 - Monsenhor Tabosa; II - Subzona 2 - Interesse Urbanístico. No parágrafo 4º do inciso IX, A Subzona 2 - Interesse Urbanístico, da Zona da Orla (ZO) - Trecho III, fica dividida em 02 (dois) setores de uso e ocupação do solo, sendo: I - Setor 1, área destinada à revitalização urbana com incentivo à implantação dos usos Residencial, Cultural, Alimentação e Lazer e Hospedagem; II - Setor 2, área destinada à preservação urbana, envolvendo a manutenção do ambiente, no tocante ao parcelamento do solo, à volumetria e às características das edificações e às relações entre 57

III - Zona Especial do Projeto da Orla (ZEPO) - é a área de implementação do Plano de Gestão Integrada da Orla Marítima – Projeto Orla; V - Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Paisagístico, Histórico, Cultural e Arqueológico (ZEPH) - são áreas formadas por sítios, ruínas, conjuntos ou edifícios isolados de relevante expressão arquitetônica, artística, histórica, cultural, arqueológica ou paisagística, considerados representativos e significativos da memória arquitetônica, paisagística e urbanística do Município; O Projeto do Ecossistema Criativo, se localizar em um recorte de menor escala do bairro Praia de Iracema, que compreende o Setor 2, da Subzona 2, da Zona de Orla – Trecho III. A área ainda se configura pela pre-


sença das Zona especial do Projeto de Orla (ZEPO) e pela Zonas especiais do Patrimônio Paisagístico, Histórico, Cultural e Arqueológico – Praia de Iracema (ZEPH – Praia de Iracema). Art. 119. A ocupação na Zona da Orla (ZO) - Trecho III - Praia de Iracema - poderá utilizar-se dos seguintes incentivos: I - em terreno de esquina, a dispensa dos recuos de fundo e lateral no pavimento térreo, para os empreendimentos enquadrados no subgrupo de uso Hospedagem; II - em terrenos com mais de uma frente, a redução de um dos recuos frontais para 5,00m (cinco metros), quando o recuo de frente exigido for maior que 5,00m (cinco metros), não sendo, entretanto, permitida esta redução nas testadas confinantes com vias traçadas com sentido Leste-Oeste.

Art. 120. A ocupação da área ao norte da Rua Tabajaras não poderá ultrapassar o Índice de Aproveitamento (I.A.) igual a 1.0 (um) e deverá respeitar a altura máxima de 10,50m (dez metros e cinquenta centímetros). Art. 121. Na Zona da Orla (ZO) - Trecho III Praia de Iracema - Subzona 2 - Interesse Urbanístico fica definido o Índice de Aproveitamento Básico (I.A.B.) igual a 1,0 (um). Art. 122. Na Zona da Orla (ZO) - Trecho III Praia de Iracema - Subzona 2 - Interesse Urbanístico, para os lotes existentes cuja profundidade for inferior a 25,00m (vinte e cinco metros), o recuo de frente poderá ser reduzido para 5,00m (cinco metros). Art. 123. Na Zona da Orla (ZO) - Trecho III Praia de Iracema - Subzona 2 - Interesse Urbanístico

- Setor 2 - o parcelamento do solo, nas modalidades de desmembramento e reagrupamento de lotes, será permitido: I - o desmembramento de lotes, desde que o resultado seja lotes com dimensão mínima de frente igual a 5,00m (cinco metros) e com área mínima de 135,00m² (cento e trinta e cinco metros quadrados); II o reagrupamento de lotes, desde que o resultado seja lotes com dimensão máxima de frente igual a 20,00m (vinte metros) e com área máxima de 650,00m² (seiscentos e cinquenta metros quadrados), exceto para o subgrupo Hospedagem (H), que poderá exceder tais limites. § 1º No caso de nova proposta de ocupação, esta não deverá alterar as características construtivas das edificações existentes e as relações pré-existentes entre o espaço edificado e o espaço não edificado no Setor. Art. 125. A ocupação da Zona da Orla (ZO) Trecho III - Praia de Iracema - Subzona 2 - Interesse Urbanístico - Setor 2 - poderá utilizar-se dos seguintes incentivos, em complementação daqueles previstos nesta Seção: I - em caso de reforma ou mudança de uso nas edificações existentes, admite-se a manutenção das características relativas a recuos, taxa de ocupação e altura da edificação, mesmo quando a ocupação apresentar parâmetros urbanos de ocupação superiores aos permitidos nesta Lei; II - o recuo de frente, nas novas edificações, deverá atender ao projeto de alinhamento para a via e deverá se incorporar à calçada de acordo com diretrizes da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (SEUMA); III - será permitida a projeção em até 30,00cm (trinta centímetros) de elementos decorativos das fachadas, compreendendo: frisos, cornijas, balcões e similares, mesmo que a edificação seja implantada no alinhamento da calçada, de acordo com diretrizes da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (SEUMA). Art. 127. Na Zona da Orla (ZO) - Trecho III - Praia de Iracema - Subzona 2 - Interesse Urbanístico - Setor 2 são vedados o rebaixamento e a alteração do alinhamento do meio-fio das calçadas, para acesso e estacionamento de veículos. 58

No Artigo 164 no parágrafo 2º Os limites da ZEPH da Praia de Iracema são os definidos para a Subzona 2 - Interesse Urbanístico, da Zona da Orla (ZO) - Trecho III - Praia de Iracema. 4.4.1. Parâmetros urbanísticos de ocupação Os parâmetros urbanísticos de ocupação foram definidos a partir de análise feitas nos mapas de Zoneamento Urbano, nos quais se identificou a área de intervenção como Zona da Orla – Trecho III – Praia de Iracema – Subzona 2/ ZEPH Interesse urbanístico – Setor 2. Os dados abaixo foram retirados do anexo 4.2 do Plano Diretor de Fortaleza. Taxa de permeabilidade – 10% Taxa de ocupação – 80% Indice de Aproveitamento Máximo – 1,00 Altura máxima da edificação –10,50m 4.4.2. Classificação das atividades e normas do uso do sistema viário De acordo com o anexo 5, que classifica as atividades por grupo e subgrupo, e o anexo 8, que dispõe sobre as norma e adequações do uso do sistema viário. Considera-se o Ecossistema Criativo, um empreendimento pertencente ao grupo industrial, classificado no subgrupo de industrias adequada ao meio ambiente, cuja atividade se adequa a montagem de equipamentos eletrônicos de informática, comunicação, se-


gurança e etc, como disposto na tabela 8.15. E sabendo que o entorno do equipamento possui apenas vias locais, se define os recuos conforme a tabela 8.15, prescrito abaixo: Recuo de Frente – 7m Recuo Lateral – 3m Recuo de Fundo – 3m É importante ressaltar que os recuos propostos pela norma para o bairro Praia de Iracema, citados acima, não configuram a área específica na qual o projeto do Ecossistema Criativo estará inserido. A extensão que o terreno do empreendimento se encontra, localiza-se na porção norte do bairro, na região litorânea, que caracteriza-se como Zona de Orla (ZO) – Trecho III – Praia de Iracema - Subzona 2 – Setor 2, que de acordo com o artigo 125 do Plano Diretor, decreta que: O recuo de frente, nas novas edificações, deverá atender ao projeto de alinhamento para a via e deverá se incorporar à calçada de acordo com diretrizes da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (SEUMA). Os anexos das normas citadas acima também estabelecem: 1 vaga de carga e descarga. Vaga de taxi e embarque e desembarque facultativo. 1 vaga de estacionamento a cada 100m². Figura 40. Zoneamento urbano do bairro Praia de Iracema. Fonte: do autor (2018). 59


05

O CONCEITO DA IDEIA

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fonte: www.wework.com


O nome designado ao equipamento, parte do conceito de um sistema empreendedor. Para se obter um produto, um processo ou um serviço, é necessário ter capital. O dinheiro vem por meio de investidores, que são as grandes empresas, empresários e aceleradoras. Investidores estão à procura de ideias revolucionários para investir acertadamente o seu patrimônio. Ideias revolucionarias surgem a partir de pessoas criativas, de mentes inovadoras e de espirito de ousadia. Por sua vez, essa classe de indivíduos criadores, precisam de profissionais eficientes para a execução exata de seus projetos, os quais se caracterizam como aqueles que sabem fazer, são eles os engenheiros de software, técnicos de informática, desenvolvedores de web, design de produtos, ilustradores, entre outros. Porém, para o surgimento desses empreiteiros, e para que os que já existem estejam aptos para a execução de projetos, é preciso cria-los, capacita-los e qualifica-los no mais alto nível através de um centro institucional de ensino, além de oferece-los um ambiente adequado com tecnologia de ponta, oficinas e laboratórios de pesquisa e de desenvolvimento. Com a interação de todos os envolvidos citados em um espaço propicio de estimulo a criatividade, e que ofereça as ferramentas precisas, obtém-se um produto, processo ou serviço final, o qual traz consigo uma representatividade de um artefato que foi idealizado, produzido e que será consumido ou usufruído pela população local, resultando em algo peculiar do Estado, ou 62

Figura 41. Esquema conceitual da proposta que o Ecossistema Criativo sugere para o Estado do Ceará. Fonte: do autor.


seja, algo cultural, que poderá se propagar pelo país e até mesmo pelo mundo. A comercialização – obtida através do produto/processo ou serviço – gera capital, resultando em uma Economia Criativa.

usos para o local. Ou seja, o equipamento se restringe a um único núcleo central, porém o ‘Eixo de Regeneração’ irá incorporar um raio mais abrangente, que no caso é todo o entorno do edifício.

O ciclo apresentado acima, é a proposta que o empreendimento sugere para o Estado do Ceará, o qual se designa Ecossistema Criativo, cuja a nomenclatura, se baseia na definição do dialeto científico.

Para melhor entendimento, podemos, metaforicamente, assimilar o novo edifício a um ímã que gera ao seu redor um campo magnético de atração. A finalidade é justamente essa, fazer do novo equipamento um núcleo que atrai para si, ou para próximo de si, empreendimentos com atividades similares as suas, formando assim uma rede de conexões que irá concentrar artistas, profissionais, investidores, empreendedores, inventores e revolucionários com ideias semelhantes e objetivos comuns.

Pelo dialeto científico, o que seria um ecossistema? Como já mencionado antes, de acordo com Jose Afonso da Silva, o ecossistema é constituído por dois elementos inseparáveis, uma área (biótopo), a qual se configura como o equipamento que será construído, e um conjunto de seres, que o ocupa (biocenose) em uma continua interação mútua, os quais se constituem pelos usuários que estarão executando suas funções no empreendimento, interagindo uns com os outros e com o próprio ambiente como um sistema. 5.1.

Figura 42. Mapa das diretrizes urbanísticas. Fonte: o autor.

Partido urbanístico

O Ecossistema Criativo irá atuar como um núcleo central, o qual funcionará como um incentivador ou melhor, um impulsionador para a regeneração de uma determinada área, a qual denomina-se ‘Eixo de Regeneração’. O núcleo central será precisamente o novo edifício, sendo ele o responsável por estimular a requalificação e revitalização do seu entorno, atraindo novos 63


A área de implantação dos núcleos, foi determinada a partir de uma análise feita do uso do solo, no qual se considerou as regiões com maior número de estabelecimentos em desuso, sendo muitos dessas edificações encontradas em estado de precariedade ou até mesmo em ruinas, representados no mapa abaixo pela cor roxo escuro. Por outro lado, observa-se o grande percentual de terrenos subutilizados e vazios que correspondem a 23% do uso do solo da área de intervenção, identificados pela cor roxo claro. Com base no estudo apresentado no mapa acima, é possível visualizar três regiões que concentram uma maior quantidade de tons de roxos, determinando assim o número exato de eixos necessário e a localização viável dos núcleos centrais com seus respectivos raios de influência, originando os ‘Eixos de Regeneração’. Além desse fator, os eixos foram determinados por apresentar uma possibilidade de conexão da avenida princi-

pal com o calçadão da praia, abrindo visuais, viabilizando novas espaços urbanos e fazendo a integração de diferentes lugares. A proposta inicial do plano consiste em desenvolver o projeto de apenas um ‘Eixo Regenerador’, identificado na figura 15 pelo número 2 com seu raio de interferência representado pela cor vermelha. A escolha do eixo específico para o desenvolvimento do projeto, se deu por conta de sua centralidade na área de intervenção, e pelas inúmeras possibilidades de conexões com o restante da área de intervenção que engloba os demais eixos, localizados a leste e oeste. Outro ponto pertinente que justifique a escolha do eixo 2, é que esse recorte do bairro se caracteriza por ser uma área peculiar e muito representativa da Praia de Iracema, com a presença de edificações simbólicas como o Clube do Pirata e o Estoril. 64

Mediante ao planejamento do eixo 2, pressupõe no futuro, o possível desenvolvimento dos demais núcleos. A proposta consiste em elaborar um projeto complexo para o eixo 2, intervindo no espaço com a construção de um novo equipamento, o qual se caracterizara como o núcleo central, o ponta pé inicial para a regeneração do seu entorno, atraindo novos usos para o local, até chegar ao ponto de que essa irradiação do raio do núcleo alcance os limites dos demais eixos vizinhos, tornando viável o desenvolvimento dos mesmos. É preciso salientar que a inserção de um novo equipamento em cada eixo, aceleraria de forma absurda o processo de regeneração da área. Porém não se descarta a possibilidade de apenas um único equipamento ser o responsável pela regeneração em longo prazo. Vale ressaltar a importância fundamental do papel do Governo do Estado na inserção de políticas públicas que ofereçam uma serie de facilidades e atrativos, para que empresas nacionais e internacionais, se sintam convidadas a fazer parte do ecossistema. O objetivo é tornar o empreendimento um dos estímulo, não apenas o único estimo de regeneração da área, e que o mesmo funcione como um ímã, como foi citado antes, e que esse ímã seja fortalecido por políticas de incentivo, para que somado os dois fatores resulte na transformação da área em um Ecossistema Criativo. De fato, só o projeto do edifico em si, não será o suficiente, é preciso ter um pla-


no mais abrangente de incentivo fiscal e um apoio governamental que facilite a migração de empresas e dos que desejem se instalar no local, assim o façam. Propõe-se a inserção de novos usos voltado a área da criatividade, envolvendo empresas de base tecnológica, startups, aceleradoras, ateliers, estúdio audiovisual, laboratórios de pesquisa, centro de qualificação e desenvolvimento, entre outras, porém, o plano de intervenção não ignora os usos já existentes no local, e que se encontram em ótimas condições em pleno funcionamento, que é o caso das habitações presentes na área, das pousadas e hotéis, dos restaurantes, das casas de shows e dos comércios. O intuito é estabelecer uma zona, onde o morar, o produzir e o consumir convivam em harmonia dentro da escala proposta ao ‘Eixo de Regeneração’. Estabelecimentos desocupados e, ou ruinas receberam novos usos, porem será estabelecido uma tipologia predominante de uso misto, que mescle serviços e moradia ou comercio e moradia. O intuito é que coberturas e térreos não tenham funções previamente determinadas, permitindo assim uma diversificação de atividades que serão estabelecidas de acordo com a necessidade do lugar e da comunidade local. O modelo proposto para essas edificações seriam estabelecer espaços comerciais, de serviços ou recreativos no térreo, e nos pavimentos superiores, usos destinados a moradias e alojamentos. Figura 44. Mapa das diretrizes proposta ao ‘Eixo de Regeneração 2’. Fonte: do autor.

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A intervenção priorizará a circulação pedonal, com decisões projetuais que valorizem o pedestre, minimizando o uso de automóveis motorizados na área de interferência. Para isso, será adotado um sistema de ciclo faixas interligando toda a área de intervenção a diversidade modal dos transportes já em funcionamento na região, – metro, ônibus, carro e a própria linha de ciclo faixas existentes – integrando o Ecossistema Criativo da Praia de Iracema as demais a cidade. Uma sequência de espaços livres sombreados, com bastante áreas verdes, e rede de wi-fii disponível, os quais se conectam por meio de bulevares aconchegantes, com restaurantes nas calçadas e arte urbana expostas nos muros. O intuito é fazer dessas zonas livres, áreas propicias para se descansar, ou simplesmente para contemplar a paisagem. Um ambiente conveniente para leitura, ou para um lanche com um grupo de amigos no horário de intervalo do trabalho, ou quem sabe até mesmo, um lugar propicio para buscar inspirações para o próprio trabalho. Zonas livres para exposições, festivais e competições a céu aberto, ou simplesmente para uma tarde recreativo com a família e os animais de estimação. 5.2.

Diretrizes projetuais

A proposta projetual do Ecossistema Criativo se fundamenta na estrutura urbanística existente no Bairro Praia de Iracema. O valor histórico, cultural, e o sim-

bolismo que o lugar possui para a cidade de Fortaleza, torna-se para o empreendimento um parâmetro de modulação e de referência que irá delinear o equipamento em questão, articulando o mesmo a estrutura das vias, das calçadas, dos recuos e do gabarito, não obstruindo a padronização recorrente do lugar. Resumindo, a estrutura característica da área será o molde do edifício. Partindo do pressuposto da inserção de um novo equipamento no bairro Praia de Iracema, cujo o mesmo não se detenha a um único volume, mas se constitua de diferentes blocos interligados entre si, os quais sejam permeáveis, se relacionando com o meio externo. Serão adotadas medidas que possibilitem a eliminação de barreiras visuais, com utilização de vedações que propicie uma comunicação do edifício com o seu entorno. Um equipamento que não se detenha as fronteiras do privado, mas que transponha os limites da propriedade, não se prendendo a um único acesso, mas se conectando de diversas formas e de maneira imperceptível com o meio público. Que essa transição do meio público para o privado seja feita de forma suave, estabelecendo uma integração consolidada do edifício com a rua. A utilização de estruturas em balanços é outra diretriz projetual que irá possibilitar a abertura de novos caminhos, e de menores percursos para pedestres, além de incorpora o uso do solo ao meio público, transforman66

do espaços, que antes caracterizavam-se como área privado, em pontos de encontros, atividades de lazer, áreas de descanso, ou simplesmente um fluxo de passagem para pedestres. O objetivo principal das diretrizes apresentadas acima, é incorporar a paisagem do lugar ao projeto, considerando todo o entorno, que por sinal possui um grande potencial paisagístico, por conta da praia, do calçadão e das edificações características do bairro. Usufruir da paisagem como partido para o equipamento, é fazer do edifício um elemento não anexado, mas pertencente ao contexto local, e mais que isso, pertencente a todos que frequentarem o lugar. Outro ponto pertinente que compõe o partido do projeto arquitetônico, está ligado com a junção do contemporâneo, respeitando e considerando a identidade muito característico da Praia de Iracema, como os arruamentos, o gabarito predominante das edificações, e a escala do bairro. Uma arquitetura que se aproxime da escala humana e seja mais intimista, sem grandes dimensões, ou pé direitos superdimensionados, mas que gere espaços que deem a sensação de abrigo e pertencimento, priorizando o pedestre nas decisões projetuais, e não se distanciando da proporção local existente. A proposta também se compõe do conceito de arquitetura bioclimática, que considera as condicionantes locais do clima,


explorando suas vantagens e evitando seus extremos, tendo como objetivo o conforto ambiental dos usuários, com um baixo consumo de energia. Um ponto que não pode ser ignorado ou visto como algo a parte do projeto. O sol se faz presente o ano inteiro com muita intensidade, esse fator natural do Estado, será usado como um partido para evitar o uso excessivo de iluminação artificial. Porém é preciso ter um equilíbrio para que a exploração seja feita de forma moderada. Com isso, o projeto visa criar medidas que capture a luz natural, contudo, evite a exposição excessiva de raios solares diretamente nos ambientes internos provocando o superaquecimento do lugar, sendo necessário o uso demasiado de ar condicionando, e esse não é a proposta que o empreendimento sugere. Outro ponto que será explorado dessa condicionante natural, são as captações dos raios solares para geração de energia sustentável para o edifício, Além da produção de energia, o equipamento visa estabelecer medidas para o reaproveitamento de água, uma contribuição significativa para um problema tão recorrente que assola o Estado. O objetivo é traduzir os fatores bioclimáticos, em partido arquitetônico, com a utilização de painéis modulares que se adequem a estação e hora do dia, brises e demais soluções de proteções, proporcionando assim, um conforto proveniente de total eficiência energética.

Um edifício que propicie ambientes, tanto internamente como externamente, capazes de estimular a criatividade e a interação entre as comunidades que irão atuar no local. Espaços que sejam flexíveis e de fáceis adaptações para serem modificados e receberem novas atividades ou até mesmo para mudar o sistema monótono de trabalho. Mudar é preciso, e a mudança acaba por inspirar novas ideias e proporcionar um novo ânimo. O projeto visa possibilitar essas flexibilidades de organização e modificação espacial. Uma arquitetura fluida, que permita a paisagem de pedestres por entre o empreendimento, formando nichos de permanecia, que poderá gerar uma alta frequência de movimento e atividades tanto de dia como de noite. Por fim, o edifício pretende incorporar novos usos ao bairro Praia de Iracema, transformando o lugar em um polo criativo, onde empresas de tecnologia, startups, aceleradoras, centro de pesquisas e desenvolvimento, incubadoras, entre outras atividades relacionadas ao universo de tecnológico e de inovação, interajam em um ambiente fértil para o surgimento de ideias revolucionarias.

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O TERRENO 68


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fonte: www.wework.com


A área escolhida para implantação do empreendimento nomeado de Ecossistema Criativo, se localiza em duas regiões distintas, situadas em duas quadras do Bairro Praia de Iracema, as quais estão localizadas entre a Rua dos Tabajaras ao norte e a Rua Groaíras ao sul, separadas pela Rua dos Potiguaras, e delimitado pela Rua dos Tremembés ao leste e Rua do Cariris ao oeste. A região identificada como área 1, localizado entre a Rua dos Potiguaras ao norte e a Rua dos Groaíras ao sul, abrange quatro lotes em uma área total de 1.244 m², dos quais configuram-se, um como estacionamento, e os outros três como edificações que estão em desuso e/ou com suas estruturas comprometidas. Dos imóveis existentes, serão demolidos os três estabelecimentos que se encontram abandonados, o que resultara em uma área livre, na qual será construído o edifício institucional com um centro de qualificação e conhecimento profissional, um núcleo de pesquisa e desenvolvimento, o setor administrativo do centro, um auditório e um salão de eventos e exposições culturais e artísticas.

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Figura 45. Área do terreno. Fonte: do autor.


Figura 46. Terreno 1. Fonte: Google Earth.

Figura 47. Vista aĂŠrea terreno 1. Fonte: Google Earth.

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O terreno 2, engloba uma área de 1.335 m², situado na esquina da quadra delimitada pela Rua dos Tremembés, Rua dos Tabajaras e Rua dos Potiguaras. O espaço encontra-se distribuído em 5 lotes, dos quais três estão em desuso, um configura-se como terreno vazio que aos finais de semana funciona como espaço de show, e o outro como um bar. O projeto planeja a demolição das edificações em desuso e do bar, que não possuem caráter simbólico do lugar, para que seja implementado na área os coworkings juntamente com um espaço comercial. Os terrenos foram escolhidos mediante ao estado pelo qual se encontravam os estabelecimentos presentes na região, os quais configuram a área como uma parte excluída e sem movimento algum do bairro, configurando o local como abandonado, propiciando praticas ilícitas.

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Figura 48. Entorno do terreno 3. Fonte: Google Earth.

Figura 49. Vista aĂŠrea terreno 3. Fonte: Google Earth.

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PROGRAMA DE NECESSIDADES

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fonte: www.unsplash.com


O programa de necessidades do espaço Ecossistema Criativo, configura o empreendimento como um polo que irá reunir atividades relacionadas à tecnologia, a arte, a cultura e a inovação. A diretriz de estabelecer um programa com atividades diversificadas, visa probabilizar o funcionamento do equipamento em diferentes turnos. Nas tabelas anexadas, as quais divide o programa de necessidades em setores, é possível se ter uma ideia mais consolidado da escala do equipamento, e da atuação que o mesmo poderá estabelecer no local ao qual será inserido. O setor administrativo compreende a gestão que gere o empreendimento. Tais como políticas de funcionamento e a logística de ocupação dos espaços e das atividades realizadas nos mesmos. A função destinada ao setor, ficará sob a responsabilidade do poder público.

Tabela 1. Programa de necessidades, setor administrativo. Fonte: do autor (2018). 76


O setor de espaço de trabalho do Ecossistema Criativo, compreende o ambiente de coworking, sugerindo ao equipamento uma nova forma de relação social no âmbito de trabalho. A proposta visa, criar áreas flexíveis, que se adapte a diferentes formas de produção, proporcionando o compartilhamento de ideias por pessoas de empresas variadas. O setor, também contará com salas de reuniões, de perfil corporativo mais reservados. O espaço em questão, será mantido pelo setor privado, desde a construção até a manutenção do lugar.

Tabela 2. Programa de necessidade, Setor do espaço de trabalho. Fonte: do autor (2018). 77


O Ecossistema Criativo inclui em suas atividades de funcionamento, espaços institucionais, que compreende um centro de qualificação e conhecimento profissional, e um núcleo de pesquisa e desenvolvimento, que inclui, um FabLab, oficinas e laboratórios de tecnologias avançadas, com perfil industrial de montagem, fabricação e prática. O setor em questão será construído e mantido pelo setor privado.

Tabela 3. Programa de necessidades, setor institucional de ensino e pesquisa. Fonte: do autor (2018). 78


O setor privado comum, engloba espaços partilhados por todos que frequentarem o Ecossistema Criativo, além de contar com salão de eventos e exposições culturais e artísticas. O ambiente será mantido e construído pelo setor privado.

Tabela 4. Programa de necessidade, setor privado comum. Fonte: do autor (2018). 79


O setor de serviço se restringe a manutenção do empreendimento, sendo gerido pela gestão privada. O equipamento visa interagir com o entorno, proporcionando ambientes públicos para o lazer, com áreas verdes, em uma zona na qual o uso de automóveis seja minimizado, e o pedestre seja valorizado. O projeto visa estabelecer wi-fii na área de intervenção, atraindo pessoas para o local. A gestão e manutenção do setor público ficará sob a responsabilidade da Prefeitura de Fortaleza.

Tabela 5. Programa de necessidades, setor de serviços. Fonte: do autor (2018).

Tabela 6. Programa de necessidades, setor público. Fonte: do autor (2018). 80


O equipamento podera atrair para o seu entorno, estabelecimentos relacionados a economia criativa, proporcionando novos usos na área de intervenção. Na tabela abaixo, a proposta para ocupação das edificações que se encontram em desuso e com suas estruturas comprometidas.

Tabela 7. Programa de necessidades, proposta para o entorno do equipamento. Fonte: do autor (2018). 81


7.1.

Estudo solar e ventilação

O conceito de arquitetura bioclimática, incluso nas diretrizes arquitetônicas do Ecossistema Criativo, foi considerado desde a concepção do projeto, visando o desenvolvimento sustentável do mesmo. O partido bioclimático, que funcionou como um norte para o desenvolvimento do equipamento, foi definido a partir de analises climáticas do local, do estudo do terreno e do seu entorno, analisando se há barreiras que impeçam a ventilação natural, ou uma sombra projetada por edifícios próximos, e por fim, pela definição do programa de necessidades. Em virtude disso se fez necessário a análise do estudo solar, visando imprimir ao projeto, decisões que contribuam para uma maior eficiência energética. A imagem abaixo ilustra a incidência dos ventos predominantes e a posição do sol em diferentes horários do dia. Com o estudo presente, foi possível projetar considerando fatores bioclimáticos do local, a fim de proporcionar um conforto ambiental para os usuários do Ecossistema Criativo. Figura 50. Estudo solar e ventilação do terreno. Fonte: do autor (2018).

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7.2. Setorização A setorização do Ecossistema Criativo foi desenvolvida a partir da definição do programa de necessidades, e das diretrizes urbanísticas e projetuais apresentadas na pesquisa em questão. A perspectiva apresentada abaixo indica a ocupação dos diferentes setores, exemplificando de forma ilustrativa a configuração setorial na área escolhida, e a relação estabelecida entra os diferentes setores com o entorno do empreendimento.

Figura 51. Setorização do Ecossistema Criativo. Fonte: do autor (2018).

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PARTIDO CONCEITUAL E ARQUITETÔNICO 84


fonte: www.weworkcom

O conceito do projeto tem como embasamento cinco segmentos que são: Padronização Fluidez Integração Permeabilidade Eclosão 85


Outro ponto padrão está relacionado ao gabarito da área, na qual grande parte das edificações possuem altura máxima entre 6 a 8 m.

o Bairro Praia de Iracema possui um padrão estabelecido, o qual é possível verificar características peculiares que dão forma e identificam o lugar. tais características podem ser observadas na parametrização das edificações, cuja grande maioria não possuem recuos, são edifícios no qual as fachadas se alinham com a calçada e dão acesso direto para rua, delimitando a via de passagem.

Muitas dessas edificações também não possuem afastamento lateral, configurando casa colada com casa, resultando em quarteirões bastante adensados e pouco permeáveis.

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Tanto a questão relacionada ao gabarito do local como o alinhamento das fachadas com a rua, geram sensações e visuais muito próprios do bairro Praia de Iracema, e foi a partir dessas impressões evidentes, que se chegou em uma volumetria inicial: 2 blocos sólidos com altura de 8 metros que preenche todo o perímetro do terreno, cujas frentes são alinhadas com a rua, e as laterais niveladas com os edifícios adjacente.

O projeto pretendia respeitar a questão do alinhamento e do gabarito, primeiro porque esses parâmetros são exigidos pela legislação e segundo por entender a importância de se preservar a identidade que o lugar possui, e como o próprio conceito sugere ‘manter viva as memorias do bairro’. Entretanto, havia uma repudio, e uma certa rejeição em relação a questão do adensamento dos quarteirões.

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A ideia era anular com esse padrão de adensamento, e propor algo novo relacionado a esse quesito. E eis que surge um grande ponto de interrogação com relação a como seria forma desse edifício quebrando esse paradigma de adensamento, e foi diante desse questionamento que surgia a ideia de fluidez, permeabilidade e integração.


A partir desse conceito se pensou em introduzir novos fluxos de passagem para pedestres. Fluxos que permitissem que a vida urbana fluísse por meio do equipamento, o que possibilitaria uma livre circulação das pessoas por caminhos que atrairiam e instigariam a curiosidade do público, ou que simplesmente esses novos caminhos encurtasse itinerários e facilite os percursos. Com base nesse conceito e de forma estratégica os fluxos de passagens foram estabelecidos.

Primeiro fluxo - Eixo estratégico de conexão entre os dois edifícios, e que também faz a ligação do calçadão da praia com a Rua Groaíras.

Terceiro fluxo - Eixo Dragão do Mar, o qual se caracteriza como uma passagem para quem está indo em direção ao centro Dragão do Mar.

Segundo fluxo - Eixo de ligação de quem vem da Avenida Historiador Raimundo Girão em direção ao Estoril.

Quarto fluxo, Eixo de liga da rua Groaíras com a Rua dos Potiguaras.

Após determinar os fluxos de passagens já era possível visualizar como o edifico se organizaria no térreo de forma a proporcionar essas passagens.

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Para que esse conceito fosse incorporado ao projeto, o espaço construído foi desenhado visando proporcionar o surgimento de novos espaços públicos. A estratégia não era só criar passagem, a intenção era proporcionar ambientes urbanos de permanência dentro dos edifícios, os quais se configurassem como pátios centrais internos , que funcionassem como nichos de encontro, de lazer, onde as pessoas poderiam conversar, fazer uma refeição, um intervalo do trabalho ou simplesmente um local de passagem. A ideia é integrar o meio urbano ao edifício, trazendo as inúmeras sensações da cidade para dentro do projeto.

Os fluxos de passagem se transformam em acessos a esses espaços públicos internos.

A ideia de atrair pessoas para os espaços urbanos interno, exigia um programa destinado ao espaço urbano ao ar livre, foi a partir daí que surgiu a ideia de um palco urbano para manifestações artísticas e galerias externa aberta ao público.

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O conceito em questão determinou o volume do pavimento superior, o qual se organiza espacialmente de forma a permitir que a luz do dia e a ventilação natural permeiem dentro do empreendimento, visando justamente o aproveitamento dos fatores bioclimáticos.

Desde a concepção do projeto, havia um anseio de fazer algo diferente, de idealizar algo grandioso e inovador, até porque a proposta do equipamento sugere diferenciado, e esse desejo acabou tornando a ideia do projeto um grande desafio, por que ao mesmo tempo que se queria algo arrojado, havia também a consciência de se respeitar e seguir os parâmetros do lugar. E foi ai que se pensou em Edifícios literalmente rasgados internamente, que por fora respeitasse o entorno, seguindo o padrão estabelecido, mas que dentro ele eclodisse, ele desabrochasse, ele fosse ousado e audacioso, e que proporcionasse uma nova perspectiva para os seus usuários, como se a pessoal de repente estivesse em um outro lugar. As diretrizes estabelecidas para incorporar esse conceito ao projeto, foram traços desenhados aleatoriamente, formas irregulares e irreverentes, algo meio descontruído, configurando paredes com diferentes ângulos e inclinações. 90


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Com a junção dos 5 conceitos apresentados, o projeto alcança com êxito o seu objetivo final, que é proporcionar um edifício diferenciado, ousado e inovador

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e que ao mesmo tempo respeita a identidade do lugar

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e ĂŠ eficiente energeticamente, propondo conforto e bem-estar.

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Partindo do oeste da Rua dos Groaíras em direção ao calçadão da praia, ao leste na Rua dos Tabajaras, é possível observar a tipologia padrão que configura as ruas do Bairro Praia de Iracema. Logo a frente, no início do percurso, observa-se uma entrada discreta e quase que despercebida, mas que lhe convida a explorar um caminha antes inexistente. E é justamente ao transpor por entre essa passagem quase que secreta, delimitadas por paredes de concreto aparente, que os visuais começam a se modificar. O que visivelmente faz parte do contexto local, se altera para uma paisagem totalmente diferenciada. Os parâmetros estabelecidos externamente, dão lugar a um espaço urbano interno inovador e ousado, retratando aos usuários novas perspectivas, impressões e sensações. O edifício se apresenta, em suas visuais interna, com painéis de concreto aparente pré-moldados, os quais se inserem na estrutura com diferentes angulações e inclinações, seguindo formas irreverentes e descontinuas, resultando em um volume que se assemelha a contornos geométricos triangulares, cuja as extremidades pontiagudas, para não serem espaços perdidos, se abrem em grandes vãos de passagem, os quais dão acesso direto para os blocos que constituem o pavimento térreo. Em outros casos, se fez necessário trabalhar com uma vegetação ou mobiliário específico nessas extremidades aguçadas, justamente para não se perder a estética que se pretendia imprimir a composição da forma do edifício.

O Prédio em questão, identificado por edifício 1, se constitui como um centro institucional de ensino e pesquisa voltado para a área da tecnologia, do design e da inovação. O edifício se comunica com o entorno seguido os padrões de alinhamento e o gabarito estabelecidos pela área, se apresentando de forma discreta com o uso do concreto aparente como material que constituem as fachadas, porém, com um toque diferenciado nas aberturas que a compõem, as quais seguem a forma geométrica triangular fechadas com suporte de alumínio, cujo design evidencia ainda mais a linguagem do projeto. O gabarito do local foi o responsável por definir que o edifício conteria o térreo e apenas um andar, se fazendo necessário incluir um subsolo para compor o programa de necessidades. O edifício se rasga internamente, permitindo uma maior permeabilidade e consequentemente, um menor adensamento no quarteirão, introduzindo nesse meio que surge através desses rasgamentos, espaços públicos que atraem a vida urbana para dentro da propriedade privada. A abertura de tais espaços acaba viabilizando a entrada de luz e da ventilação natural que circulam com maior facilidade por todos os ambientes da edificação, proporcionado uma maior eficiência energética. As aberturas internas se configuram como cobogós de alumínio, cujo design dos vazamentos segue o estilo adotado no pro95

jeto, a forma triangular. Os painéis vazados permitem a entrada do vento nas partes de convivência e na circulação do prédio, além de projetar uma sobra com um desenho diferenciado. Em virtude da forma espacial multifacetada que o edifício possui, o projeto se tornou um grande desafio. O primeiro deles foi com relação a organização dos ambientes internos, os quais se configuram de maneira não convencional, o que em contrapartida se adequa perfeitamente com a proposta que o Ecossistema Criativo sugere, de não seguir padrões, mas sim, criar seus próprios padrões. Vale ressaltar que mediante a isso houve uma preocupação que demandou bastante tempo para se trabalhar de forma minuciosa esses ambientes internos, inclusive a parte de layout, tudo feito de forma a proporcionar o conforto ergonômico e o bem-estar dos usuários visando sempre a total funcionalidade desses espaços. Voltando ao trajeto em direção ao destino, a Rua dos Tabajaras, é possível sentar-se nos bancos disposto no espaço urbano interno para conversar, ou simplesmente contemplar as artes urbanas que constitui o ambiente, como pinturas e esculturas espalhadas no local, ou quem sabe descer as escadarias que dão acesso ao salão de exposição localizado no subsolo. A ideia de se colocar uma escada no meio desse espaço urbano interno se fez na intenção de proporcionar um palco público,


no qual poderá acontecer apresentações e manifestações culturais de pequeno porte. Os degraus funcionariam como arquibancada, e o térreo como uma galeria para se visualizar o que aconteceria no pavimento inferior, sem falar que a abertura da escadaria se tornou fundamental para proporcionar a ventilação e a iluminação do subsolo. Continuando o trajeto, avista-se, ainda na parte interna do edifício 1, a Rua dos Potiguaras, cuja elevação do nível do logradouro indica a priorização do fluxo de pedestres. Atravessando a rua que divide os dois prédios, chega-se ao edifício identificado pelo número 2, o qual se constitui com espaço de trabalho de coworking voltado ao empreendedor e um coworking voltado a trabalhos artístico. A ideia é proporcionar ambientes flexíveis que se adapte aos diferentes tipos de atividades realizadas no local. Um espaço de trabalho informal, onde os usuários se comportam de forma mais despojada, onde se trabalha no ambiente de estar ou até mesmo na sala de jogos, com muita agitação e descontração. A linguagem do edifício 2 segue o mesmo estilo da linguagem do edifício 1, externamente o edifício respeita os parâmetros locais, internamento o edifício eclode, se apresentando com uma forma inovadora e rebuscada. O partido estrutural de ambos os edifícios é constituído de um sistema de laje caixão, cujas vigas passam internamente entre as duas faixas de concreto que compõem a armação.

Os pilares de concreto se inserem no projeto de forma aparente e por fim o sistema da fundação dos edifícios se caracterizam pela técnica da sapata isolada. Os fechamentos das aberturas do edifício 2 é feito por meio de painéis de vidro cuja o suporte de alumínio adota o mesmo design dos cobogós presentes no edifício 1. O prédio se constitui com 3 blocos separados que possuem um pavimento térreo e um primeiro andar, todo conectado por meio de uma passarela. O espaço urbano interno do edifício 2 se caracteriza como uma área comercial, constituindo-se de uma livraria e cafeteria e um ateliê de gastronomia. Um ambiente adequado para se fazer uma refeição, conversar com os amigos, fazer um passeio em família, ou simplesmente como um fluxo de passagem. Logo ao fundo, emoldurado pelas paredes de concreto, já é possível visualizar o destino do percurso. Chegando ao extremo do edifício 2, localizado na rua dos Tabajaras, observa-se as lajes em balanço que dão um toque especial ao projeto, permitindo maiores aberturas de passagens para os espaços urbanos internos. Durante todo o itinerário, a calçada se manteve no nível, finalizando o percurso chegando ao calçadão da praia e avistando a paisagem exuberante que o local proporciona. 96


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio dos estudos elaborados e do projeto realizado, conclui-se que o Ecossistema Criativo poderá contribuir de forma significativa para a regeneração do bairro Praia de Iracema, tendo o potencial de devolver ao lugar o entusiasmo, a jovialidade, o regozijo, o prestigio, a dignidade e os demais aspectos inerente ao local, que foram perdidos e esquecidos pela sociedade ao longo das transformações pela qual a área passou.

atividade em produtos, serviços e processos e estimular o empreendedorismo, permitindo assim um protagonismo de artistas, de profissionais e de pessoas com ideias revolucionarias, causando uma ruptura na cultura e no consumismo hegemonizado em massa, e estabelecendo uma nova economia que seja equitativa, e que permita a inclusão e diversificação produtiva, constituindo uma Economia Criativa para o Estado do Ceará.

A pesquisa sucinta a importância dos avanços tecnológicos, tanto para a âmbito econômico, quanto para o bem-estar da população em geral. Hoje, um dos problemas mais recorrentes que a capital enfrenta está relacionado a mobilidade urbana, e a sustentabilidade é uma pauta que precisa ser vista como prioridade, o que ressalta a importância de se priorizar estudos, processos e pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias que visam amenizar a problemática recorrente dos temas citados, tendo em vista atender as necessidades da população, assegurando uma melhor qualidade de vida.

A pesquisa culminou na elaboração de diretrizes projetuais, que auxiliaram na concepção do projeto arquitetônico, o qual foi modulado pela a estrutura urbana existente e muito característica da área de implantação. O Ecossistema Criativo, intervém em uma escala micro urbanística, respeitando e aderindo os parâmetros dos locais, visando não distorcer a tipologia urbanística e arquitetônica do bairro. Vale ressaltar que o projeto considera veemente as questões bioclimáticas, e se adequa as normas e legislações vigentes que preservam a área.

A análise indica a tecnologia e a diversidade cultural como artifícios, que devem caminhar lado a lado, para conceber novas ideias, gerar inovações, produzir cri-

A investigação dos temas abordados nesse trabalho, resultou em tomadas de partido que intenciona oferecer ao projeto, ambientes de trabalho, de pesquisa, de estudo e de lazer, propícios para o compartilhamen103

to de ideias, os quais sejam flexíveis, e permita a seus usuários que ampliem suas redes de contatos profissionais, e o acréscimo de conhecimento e experiencias. Ambientes que propiciem uma rede de conexões, com pessoas de pensamentos, de denominações e de funções diferentes, interagindo entre si, gerando uma economia colaborativa. O Ceará carece de um local que se configure como um polo de tecnologia, arte e inovação, o qual se corrobore com a propagação de uma economia criativa e do desenvolvimento de tecnologias urbanas e sustentáveis. Mediante a isso, conclui-se que o Ecossistema Criativo se caracteriza como um empreendimento singular para a cidade, que poderá colocar o Estado em um patamar de visibilidade internacional.


ANEXOS

104


105


LEGENDA ACESSO PEDESTRES ACESSO CARGA/DESCARGA ÁREA GRAMADA PISO HIDRÁULICO CALÇAMENTO LIXEIRA E POSTE DE ESCALA MAIOR LIXEIRA E POSTE ESCALA HUMANA CICLOFAIXA SENTIDO DA VIA

RUA DOS POTIGUARAS

RUA GROAÍRAS

RUA DOS TABAJARAS

RUA DOS TREMEMBÉS

1 0

5

10

IMPLANTAÇÃO 20m


QUADRO DE ÁREAS TERRENO 1 ÁREA TOTAL DO TERRENO | 1.627 m² ÁREA DE OCUPAÇÃO | 1.102 m² TAXA DE OCUPAÇÃO | 68% ÍNDICE DE APROVEITAMENTO | 1,0 ÁREA DE PERMEABILIDADE | 525 m² TAXA DE PERMEABILIDADE | 32% ÁREA TOTAL DA CONSTRUÇÃO | 2.921 m²

LEGENDA ACESSO PEDESTRES ACESSO CARGA/DESCARGA ÁREA GRAMADA SENTIDO DA VIA PROJEÇÃO 1º PAVIMENTO PROJEÇÃO DA COBERTA

CONTORNO TÉRREO

ACES S

O SU B-SO

LO

CONTORNO TÉRREO

QUADRO DE ÁREAS TERRENO 2 ÁREA TOTAL DO TERRENO | 1.380 m² ÁREA DE OCUPAÇÃO | 1.043 m² TAXA DE OCUPAÇÃO | 75% ÍNDICE DE APROVEITAMENTO | 1,0 ÁREA DE PERMEABILIDADE | 337 m² TAXA DE PERMEABILIDADE | 24% ÁREA TOTAL DA CONSTRUÇÃO | 1.684 m²

CONTORNO TÉRREO

RUA DOS POTIGUARAS

EDIFÍCIO 1 EDIFÍCIO 2

0 10 20m

2 PLANTA GERAL

CONTORNO TÉRREO

CONTORNO TÉRREO

RUA DOS TABAJARAS

RUA GROAÍRAS

CONTORNO TÉRREO

CONTORNO TÉRREO CONTORNO TÉRREO

CONTORNO TÉRREO

CONTORNO TÉRREO

1 0

SITUAÇÃO E LOCAÇÃO 5

10

20m


PROGRAMA 1 LIVRARIA | CAFETERIA 2 ATELIÊ DE GASTRONOMIA 3 RECEPÇÃO | ESPERA 4 LOUNGE | ESTAR | JOGOS 5 SERVIÇO 6 LOJA DE DESIGN 7 COORDENAÇÃO | DIRETORIA 8 ADM | GERÊNCIA 9 LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO 10 LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA E PROTOTIPAGEM

0,12 0,10

0,00 0,12

0,00 0,10

LEGENDA ACESSO PEDESTRES ACESSO CARGA/DESCARGA ÁREA GRAMADA PISO HIDRÁULICO CALÇAMENTO LIXEIRA E POSTE DE ESCALA MAIOR LIXEIRA E POSTE ESCALA HUMANA CICLOFAIXA SENTIDO DA VIA

0,00

PROJ. 1º PAVIMENTO 0,10 0,10 -3,14

0,00

ACESSO SUB-SOLO

RUA DOS POTIGUARAS

10 8

0,10

RUA GROAÍRAS

0,12

0,00

0,10

0,00

0,10

0,12

0,10

PROJ. 1º PAVIMENTO 0,08

0,00

3 0,12

0,10

0,10

9

0,08

0,10

PROJ. 1º PAVIMENTO 0,10 0,10 0,12 0,08 0,10 0,12

6 0,10

0,10

5

0,10

0,12

7

0,10

5 3

0,08 0,10

5 0,12

4

0,10

0,12

0,12

0,08

0,10

PROJEÇÃO PASSARELA 1º PAVIMENTO

0,10 0,12

0,10

RUA DOS TABAJARAS

00

0,00

0,08

0,12

0,10 0,08

2 3

0,00

PROJEÇÃO PASSARELA 1º PAVIMENTO

0,12 0,10

0,12

0,10

0,08

0,12

0,10

1

0,12

0,10 0,12

0,10 0,10

0,00

0,00

0,10

0,10

0,10

RUA DOS TREMEMBÉS

0,10

0,00

1 0

IMPLANTAÇÃO COM TÉRREO 5

10

0,10

20m

0,10


-3,12

6 9m² 7 P6

5 6m²

8

-3,14

J2

JARDIM VERTICAL

-3,14

A1

B1

JARDIM VERTICAL

6 12m²

A1 -3,12

P6

6

4 18m²

A1

ELEVADOR DE SERVIÇO

8

PROJEÇÃO DO PAVIMENTO TÉRREO B1

JARDIM VERTICAL 8

-3,12 P1 7

P6

B XX

2 483m²

A1

6

-3,14

P5 2 483m²

A1

C XX

2 483m²

2

E XX

D XX

3 31m²

F XX

B XX

C XX

-3,12 6

-3,14

1 64m²

6 P6 3m²

A1

JARDIM VERTICAL

P7 V5 -3,12 P6 P6 P7 6 3m²

P6

J9

2 483m²

P5

F XX

D XX A XX

P1 P6 -3,14 J2

5

P6 6 J9 3m²

86

A XX

4 14m²

E XX

1

1 PL. BAIXA SUB-SOLO| EDIFÍCIO 1 0

PROGRAMA DE NECESSIDADES 1 RECEPÇÃO | HALL DE ENTRADA 2 SALÃO DE EVENTOS | GALERIA DE EXPOSIÇÃO 3 ALMOXARIFADO 4 DEPÓSITO 5 DML 6 BANHEIRO 7 CIRCULAÇÃO 8 ÁREA DE CONVIVÊNCIA

QUADRO DE ÁREAS SIMB DIMENSÕES TIPO P1 2,00X2,50 CORRER 2 FOLHAS P5 1,00X2,50 PIVOTANTE 1 FOLHA P6 0,80X2,20 ABRIR 1 FOLHA P7 0,70X2,20 ABRIR 1 FOLHA J2 2,00X0,60/2,00 PIVOTANTE 2 FOLHAS J9 0,60X0,40/2,20 PIVOTANTE 1 FOLHA A1 PAINEL FECHADO B1 PAINEL VAZADO

MATERIAL VIDRO E METAL FERRO MADEIRA MADEIRA VIDRO E ALUMINIO VIDRO E ALUMINIO VIDRO E ALUMINIO ALUMINIO

5

10

20m

2 2 2

LEGENDA ÁREA GRAMADA

1 1

0 10 20m

2 PLANTA GERAL


12 11m² J6

BANCO

0,12

20

P8

B XX

ELEVADOR SERVIÇO P8

P4

J1

PROJ. 1º PAV.

19 38m²

0,10

0,10

BANCO A1

0.08

A1 A1

30m²

6 P6

-SOLO V2 P1

20 P6

0.08

A1

A SUB

PROJ. 1º PAV.

13 2m²

0,10

P8

20 P6

J5

V2

0,12

B XX

5

A1

18 38m²

A1

0,10

C XX

17 0,10

11 2m²

V2

0.08

DA PA R

0,12

J5

0,10 V2

PROJ. 1º PAV.

ESCA

1 91m² V2 V2

P1 A1

A1

A1

0,10

P6 P1 V2

A1

2

0,10 0,12

0,12

P1 A1

A1

A1

E XX

PROGRAMA DE NECESSIDADES 1 LABORATÓRIO DE PROTOTIPAGEM 2 LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO 3 SALA TÉCNICO 4 LOJA DESIGN 5 RECEPÇÃO 6 ESPERA 7 CONTABILIDADE 8 ADM | GERÊNCIA 9 ESTAR FUNCIONÁRIOS 10 PUBLICIDADE E MARKETING 11 DML 12 ARQUIVO MORTO 13 BANHEIRO 14 SALA MANUTENÇÃO 15 ESCRITÓRIO DE CONTROLE 16 PÁTIO DE RECEBIMENTO DE MERCADORIA 17 CARGA | DESCARGA 18 COORDENAÇÃO | DIRETORIA 19 SALA PROFESSORES 20 CIRCULAÇÃO

2 81m²

3 6m²

PROJ. 1º PAV.V2

0,12

D XX

C XX

A1

A1

PROJ. 1º PAV.

A1

16 18m² 0,12

P1

0,12

6 26m²

V2

4 46m²

A1

A1

15 6m²

0,10

0,10

V2

-3,14

14 15m²

P8

P1

5 26m²

A1

P1

7 22m²

BANCO

PROJ. 1º PAV. A1

P6

BANCO

P6 11 2m² 13 P6 J7 P8 3m² 13 12m²

0,12

V2

J5 13 P6 2,4m²

20

9 16m² A1

V2

20

P6 13 J5 3m² P6

J5 A1

13 9m²

A1

8 39m²

P6

10 22m²

J1 B1

A1

QUADRO DE ESQUADRIAS SIMB DIMENSÕES TIPO MATERIAL P1 2,00X2,50 CORRER 2 FOLHAS VIDRO E METAL P4 2,00X3,82 CORRER 1 FOLHA FERRO P6 0,80X2,20 ABRIR 1 FOLHA MADEIRA P8 0,60X2,20 ABRIR 1 FOLHA MADEIRA J1 2,00X0,60/2,70 PIVOTANTE 2 FOLHAS VIDRO E ALUMINIO J5 0,60X0,40/2,90 PIVOTANTE 1 FOLHA VIDRO E ALUMINIO J6 4,00X1,00/2,20 PIVOTANTE 4 FOLHAS VIDRO E ALUMINIO J7 0,40X0,40/2,20 PIVOTANTE 1 FOLHA VIDRO E ALUMINIO V2 3,00X3,80 VÃO FORMA TRIÂNGULAR A1 PAINEL DE VIDRO VIDRO E ALUMINIO B1 PAINEL VAZADO ALUMINIO

PROJ. 1º PAV.

V2 V2

F XX

A XX

P1

PROJ. 1º PAV.

A1

20 P6 13 3m²

F XX

D XX

0,10

V2

A1

A1 P6

A XX

PROJ. 1º PAV.

E XX

1

1 PL. BAIXA TÉRREO | EDIFÍCIO 1 0

LEGENDA ACESSO PEDESTRES ACESSO CARGA/DESCARGA ÁREA GRAMADA PISO HIDRÁULICO CALÇAMENTO LIXEIRA E POSTE ESCALA HUMANA

5

10

20m

2 2 2 1 1

0 10 20m

2 PLANTA GERAL


A1

J5 P8

5 33m²

A1

3 5m²

1 31m²

A XX

B1

7 2,4m²

J5

A1

A1

8

P9

B1

P9

B1

B1

B1

PROJ. COBERTA 4 52m² B XX

B1

B1

PROJ. COBERTA

8

B1

8 V1

B1

1 58m²

8

B1

P8 1 87m²

A1

A1

2

A1

A1

A1

V4 P8

C XX

7 2,3m²

6 12m²

E XX

D XX

A1

B1

V4 P8

2 91m²

1 50m²

P9 P9 A1

8

8 P10

8

1 32m²

P10

ACESSO COBERTA

6 13m² J4

J4

F XX

P8

B1

B1

PROJ. COBERTA

5 57m²

V1

V1

B1

A1

B1

B1

B1

A1

B1

PROJ. COBERTA

PROJ. COBERTA

B XX

P8

V1

GUARDA CORPO B1

PROJ. COBERTA

C XX

5 23m² B1

PROJ. CX. D’ ÁGUA

PROJ. COBERTA

B1

P9

4 48m²

3

B1

P8 7 2,7m²

1 27m²

1 42m²

B1

V1

J5

A1

8 8

B1

5 43m²

A1

ACESSO

P8COBERTA 8

6 P8 3m²

P9

B1

PROJ. COBERTA GUARDA CORPO

A1 6 J5 3m²

1 43m²

PROJ. COBERTA B1

A1 P8

B1

V1

A1

F XX

D XX

B1

A XX

B1

E XX

1

1 PL. BAIXA 1º PAVIMENTO| EDIFÍCIO 1 0

PROGRAMA DE NECESSIDADES 1 SALA DE AULA 2 AUDITÓRIO 3 SALA TÉCNICO 4 VARANDA 5 ÁREA DE CONVIVÊNCIA 6 BANHEIRO 7 DML 8 CIRCULAÇÃO

QUADRO DE ESQUADRIAS SIMB DIMENSÕES TIPO MATERIAL P8 0,60X2,20 ABRIR 1 FOLHA MADEIRA P9 0,80X2,20 CORRER 1 FOLHA MADEIRA P10 1,60X2,20 ABRIR 2 FOLHAS MADEIRA J4 1,00X0,60/2,10 PIVOTANTE 1 FOLHAS VIDRO E ALUMINIO J5 0,60X0,40/2,90 PIVOTANTE 1 FOLHA VIDRO E ALUMINIO V1 3,00X3,40 VÃO FORMA TRIÂNGULAR V4 1,20X2,50 VÃO A1 PAINEL FECHADO VIDRO E ALUMINIO B1 PAINEL VAZADO ALUMINIO

5

10

20m

2 2 2

LEGENDA ÁREA GRAMADA PISO HIDRÁULICO

1 1

0 10 20m

2 PLANTA GERAL


D XX

F XX

E XX

A XX A XX

COBERTA VERDE TAMPA DE FERRO ACESSO COBERTA CAIXA D’ÁGUA

B XX

B XX

TAMPA DE FERRO ACESSO COBERTA COBERTA VERDE

C XX

F XX

E XX

D XX

C XX

1 PL. DE COBERTA| EDIFÍCIO 1 0

5

10

20m

2 2 2

LEGENDA ÁREA GRAMADA

1 1

0 10 20m

2 PLANTA GERAL


0,12 P4

J3

7 3 m²

9 4 m²

P3

J XX

PROJ. 1º PAV.

P6

P6

0,10

ARMÁRIO 17 DEBAIXO DO MEZANINO COZINHA

PROGRAMA DE NECESSIDADES 1 LOUNGE | ESTAR 2 RECEPÇÃO 3 SALA DE JOGOS | ESTAR 4 JARDIM 5 CAFÉ | LIVRARIA 6 ATELIÊ GASTRONOMIA 7 BANHEIRO 8 DML 9 ÁREA DE LAVAGEM 10 DESPENSA | ARMÁRIO 11 PÁTIO DE RECEBIMENTO DE MERCADORIA 12 ESCRITÓRIO DE CONTROLE 13 DEPÓSITO VASILHAME 14 DEPÓSITO DE SUPORTE 15 ALMOXARIFADO 16 CIRCULAÇÃO 17 CARGA | DESCARGA

PROJ. 1º PAV.

A1

J3

P8

XX

PROJ. 1º PAV.

H

I XX

2

P6 8 2,5 m²

0,10

6 95m²

0,12 P1 A1

16

0,10

1,38 10 4 m²

0,12

A1 11 41 m²

PROJ. 1º PAV. P6

0.08

0,12

P6

12 9 m²

8 8 m²

0,12

P1

PROJ. PASSARELA 1º PAVIMENTO

P3

A1 A1

0,10

QUADRO DE ESQUADRIAS SIMB DIMENSÕES TIPO MATERIAL P1 2,00X2,50 CORRER 2 FOLHAS VIDRO E METAL P3 3,00X3,82 CORRER 1 FOLHA FERRO P4 2,00X3,82 CORRER 1 FOLHA FERRO P6 0,80X2,20 ABRIR 1 FOLHA MADEIRA P7 0,70X2,20 ABRIR 1 FOLHA MADEIRA P8 0,60X2,20 ABRIR 1 FOLHA MADEIRA P9 0,80X2,20 CORRER 1 FOLHA MADEIRA J1 2,00X0,60/2,70 PIVOTANTE 2 FOLHAS VIDRO E ALUMINIO J3 1,00X0,60/2,70 PIVOTANTE 1 FOLHAS VIDRO E ALUMINIO J6 4,00X1,00/2,20 PIVOTANTE 4 FOLHAS VIDRO E ALUMINIO V2 3,00X3,80 VÃO FORMA TRIÂNGULAR A1 PAINEL FECHADO VIDRO E ALUMINIO B1 PAINEL VAZADO ALUMINIO

0,10 13 12 m²

P9 0.08 P9

14 9 m²

A1

16

A1

H

14 12 m²

P9

1

5 212m²

0.08 0,10

G

0.08

XX

P9 A1

PROJ. PASSARELA 1º PAVIMENTO 15 47 m²

PROJ. PASSARELA 1º PAVIMENTO P1

J6

0,12

J1 7 11 m²

0.08 P1 0,12

A1 J6

2 35m²

1 PL. BAIXA TÉRREO| EDIFÍCIO 2

P7 0,10 P6 0,12 V2 8 2 m² 7 P6 P7 11 m² J1 7 11 m²

0,10

PROJ. 1º PAV. PROJ. 1º PAV.

B1

A1

PROJ. 1º PAV.

4

A1

I XX

G

XX

1 41m² 0,12 P1

0,10

PROJ. 1º PAV.

A1

3

J XX

3 74m²

0

A1

LEGENDA ACESSO PEDESTRES ACESSO CARGA/DESCARGA ÁREA GRAMADA PISO HIDRÁULICO CALÇAMENTO LIXEIRA E POSTE ESCALA HUMANA

5

10

20m

2 2 2 1 1

0 10 20m

2 PLANTA GERAL

XX


A1

A1

J XX

XX

A1

H

I XX

2

A1

A1

4 14m²

4 15m²

A1

P6 P6 5 8 m²

P6

5 9 m²

1 316m²

PROGRAMA DE NECESSIDADES 1 COWORKING EMPREENDEDOR 2 COWORKING ARTÍSTICO 3 COPA | ESTAR 4 SALA DE REUNIÃO 5 ESCRITÓRIOS RESERVADOS 6 DML 7 APOIO 8 BANHEIRO 9 ESTAR

A1

P6

A1

10 5 9 m²

P6

PROJ. COBERTA

5 8 m² P6

P6 6 3 m²

A1

P6 5 8 m²

10 P2

3 23m²

A1 A1

PROJ. COBERTA

QUADRO DE ESQUADRIAS SIMB DIMENSÕES TIPO P2 1,60X2,50 CORRER 2 FOLHAS P6 0,80X2,20 ABRIR 1 FOLHA P8 0,60X2,20 ABRIR 1 FOLHA J8 2,00X0,60/2,10 PIVOTANTE 2 FOLHAS A1 PAINEL FECHADO B1 PAINEL VAZADO

MATERIAL VIDRO E METAL MADEIRA MADEIRA VIDRO E ALUMINIO VIDRO E ALUMINIO ALUMINIO

A1

GUARDA CORPO

A1 A1

1 316m²

10

2 190m²

PROJ. COBERTA

1

GUARDA CORPO

H

P2 A1

G

A1

XX

GUARDA CORPO PROJ. COBERTA GUARDA CORPO

10 A1

A1 P2

1 PL. BAIXA 1º PAVIMENTO| EDIFÍCIO 2

A1 3 40m²

0

5

10

20m

A1 A1

PROJ. COBERTA

7 J8

A1 10

8 7,8m²

A1

8 7,8m²

9 79m²

B1

TRAMPOLIM

J8

ACESSO COBERTA

A1

A1

2 A1

I XX

G

2 A1

6 P6 2,4m²

LEGENDA ÁREA GRAMADA PISO HIDRÁULICO

1 1

0 10 20m

2 PLANTA GERAL XX

3

J XX

A1

2 A1

8 2,4m² P8 P6 P8

XX


H

J XX

XX

I XX

2

COBERTA VERDE

1

COBERTA VERDE

H

G

XX

1 PL. DE COBERTA| EDIFÍCIO 2 0

5

10

20m

COBERTA VERDE

2 2

CAIXA D’ÁGUA TAMPA DE FERRO ACESSO COBERTA

2

LEGENDA ÁREA GRAMADA XX

J XX

I XX

G

3

1 1

0 10 20m

2 PLANTA GERAL

XX


COBERTA 8.30 1

1

1

1

4

1

9

9

1º PAV. 4.30 12

11

10

3

10

14

2

10

6

TÉRREO 0.10 5

13

SUB-SOLO -3.14

1 CORTE CC

COBERTA 8.30 1

1

1º PAV. 4.30

8

4 10

5

10

7

10

10

TÉRREO 0.10

5 SUB-SOLO -3.14 2 2

2 CORTE DD

PROGRAMA DE NECESSIDADES 1 SALA DE AULA 2 LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO 3 LABORATÓRIO DE ELETRÔNICA E PROTOTIPAGEM 4 AUDITÓRIO 5 SALÃO DE EVENTOS | SALÃO DE EXPOSIÇÃO 6 COORDENAÇÃO/ DIRETORIA 7 ADM/ GERÊNCIA 8 ESTAR FUNCIONÁRIOS 9 BANHEIRO 10 CIRCULAÇÃO 11 CARGA | DESCARGA 12 PÁTIO DE RECEBIMENTO DE MERCADORIA 13 DEPÓSITO 14 SALA TÉCNICO

2 D

1 1

c

c

0 10 20m 0

D

3 PLANTA GERAL

5

10

20m


ESCADA DE FERRO ACESSO COBERTA CAIXA D’ÁGUA

PLATÔ ELEVADORES TAMPA DE FERRO ACESSO COBERTA

COBERTA 8.30

6

13

1

1

11

15

1

10

1

5

6 1º PAV. 4.30

17

2

11

9

7

10

8

13

12

11

18 TÉRREO 0.10

10

4

11

4

14 SUB-SOLO -3.14

1 CORTE AA PLATÔ ELEVADORES TAMPA DE FERRO ACESSO COBERTA

COBERTA 8.30

6

ACESSO COBERTA E PLATÔ

3 1º PAV. 4.30

16

9

TÉRREO 0.10

4 POÇO ELEVADORES

SUB-SOLO -3.14 2 2

2 CORTE EE 2 A

E A

1 1

PROGRAMA DE NECESSIDADES 1 SALA DE AULA 2 LOJA DESIGN 3 AUDITÓRIO 4 SALÃO DE EVENTOS | SALÃO DE EXPOSIÇÃO 5 SALA TÉCNICO 6 ÁREA DE CONVIVÊNCIA 7 ADM/ GERÊNCIA 8 PUBLICIDADE E MARKETING 9 RECEPÇÃO | ESPERA 10 BANHEIRO 11 CIRCULAÇÃO 12 ARQUIVO MORTO 13 DML 14 DEPÓSITO 15 PLÂTO | ACESSO COBERTA 16 ACESSO BLOCO ADMINISTRATIVO 17 ACESSO BLOCO DIRETORIA 18 ACESSO BLOCO DE SERVIÇO

0 10 20m 0

E

3 PLANTA GERAL

5

10

20m


PLATÔ

COBERTA 8.30 10

9

10

9

5

5

1º PAV. 4.30 10

14

6

11

7

10

TÉRREO 0.10 10

12

11

10

10

7

4

SUB-SOLO -3.14

POÇO ELEVADOR

1 CORTE BB

COBERTA 8.30 5

10

1

10

1

1º PAV. 4.30 2

10

6

10

3

TÉRREO 0.10

2 CORTE FF

2 2

PROGRAMA DE NECESSIDADES 1 SALA DE AULA 2 LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO 3 LOJA DESIGN 4 SALÃO DE EVENTOS E EXPOSIÇÃO 5 VARANDA 6 SALA PROFESSORES 7 RECEPÇÃO | ESPERA 9 ÁREA DE CONVIVÊNCIA 10 CIRCULAÇÃO 11 BANHEIRO 12 ALMOXARIFADO 13 DML 14 SALA DE MANUTENÇÃO

2 F

1 B

B 0 10 20m

1 F

3 PLANTA GERAL

0

5

10

20m


COBERTA 8.30 2

2

1º PAV. 4.30 5

12

7

3

TÉRREO 0.10

1 CORTE GG

COBERTA 8.30 8

1

1

1

1º PAV. 4.30 4

6

12

10

11

TÉRREO 0.10

PROGRAMA DE NECESSIDADES 1 COWORKING EMPREENDEDOR 2 COWORKING ARTISTICO 3 LIVRARIA | CAFETERIA 4 ATELIÊ DE GASTRONOMIA 5 RECEPÇÃO | ESPERA 6 DESPENSA 7 BANHEIRO 8 ESCRITÓRIO 9 CARGA | DESCARGA 10 PÁTIO RECEBIMENTO DE MERCADORIA 11 ESCRITÓRIO DE CONTROLE 12 CIRCULAÇÃO

2 CORTE HH H

2 H

2 G

2 G

1 1

0 10 20m 0

3 PLANTA GERAL

5

10

20m


COBERTA 8.30 8

6

1

8

8

7

1º PAV. 4.30 9

9

9

9

7

TÉRREO 0.10

1 CORTE II

COBERTA 8.30 2

10

9

5

9

9

3

1

1º PAV. 4.30

9

PROGRAMA DE NECESSIDADES 1 COWORKING EMPREENDEDOR 2 COWORKING ARTISTICO 3 LIVRARIA | CAFETERIA 4 ATELIÊ DE GASTRONOMIA 5 RECEPÇÃO | ESPERA 6 SALA DE REUNIÃO 7 LOUNGE | JOGOS 8 ESCRITÓRIO 9 CIRCULAÇÃO 10 ÁREA CONVIVÊNCIA

4

TÉRREO 0.10

2 CORTE JJ I

2 2 2 I

J

1 1

0 10 20m 0

3 PLANTA GERAL

5

10

20m


VEGETAÇÃO

SISTEMA DE PAINÉIS DE CONCRETO PRÉ-MOLDADOS NÃO PORTANTES

TERRA SISTEMA DE DRENAGEM BARREIRA CONTRA RAÍZES MANTA IMPERMEABILIZANTE PARAFUSO DE METAL CHUMBAMENTO LATERAL PARAFUSO DE METAL CHUMBAMENTO LATERAL PAINEL DE CONCRETO PRE MOLDADO PARAFUSO DE METAL CHUMBAMENTO HORIZONTAL

PAINÉIS VAZADOS

CAMADA VAZIA DALAJE CAIXÃO FAIXA DE CONCRETO |LAJE CAIXÃO PARAFUSO DE METAL CHUMBAMENTO LATERAL (CORTE) PARAFUSO DE METAL CHUMBAMENTO HORIZONTAL (VISTA) PAINEL DE CONCRETO PRE MOLDADO PARAFUSO DE METAL CHUMBAMENTO DOS COBOGÓ COBOGÓ DE ALUMÍNIO

0

0,25

0,5m

2 DETALHAMENTO 1

Os painéis vazados se configuram como cobogós de alumínio na cor branca com e s p e s s u ra d e 3 0 m m . A s a b e r t u ra s d a e s t r u t u ra permite a passagem de luz e v e n t i l a ç ã o n a t u ra l p a ra dentro do edif ício. Os s u p o r te s s e i n s e re m n a composição do prédio fixados nos painéis de concreto prémoldodo por meio de um sistema de parafusamento. O design da armação é composta por cheios e vazios com formas triangulares, resultando na projeção de uma sombra, tanto internamente como externamente, semelhante a linguagem apresentada pelo edifício.

CHUMBAMENTO 1. Detalhamento que simula o chumbamento do painel de concreto pré melroado na laje do edifício. sugere a fixação p o r m e i o d e pa ra f u s o s m e tál i co s . A fi xa çã o d o s painéis ocorrem através de um suporte de metal que faz a ligação da laje com o painel.

PILAR CONCRETO COBOGÓ ALUMÍNIO SECCIONADO COBOGÓ ALUMÍNIO VISTO PARAFUSO DE METAL VISTO PARAFUSO DE METAL SECCIONADO CHUMBAMENTO COBOGÓ PARAFUSO DE METAL SECCIONADO CHUMBAMENTO PAINEL CONCRETO PRE MOLDADO PAINEL DE CONCRETO PRÉ MOLDADO

COBERTA 8.30

Desempenham a função apenas de fechamento do edifício. pilares e vigas suportam o peso do painel, ou seja, são sustentados pela própria estrutura do edifício. os painéis se fixam individualmente nas lajes do edifício por meio de um sistema de parafusos chumbados na estrutura. o sistema de painéis de concreto prémoldados também se configura como auto-portante, os quais se apoiam uns sobre os outros. os fechamentos do edifício são composto por esse sistema de painéis, configurando o concreto aparente o material predominante nas fachadas do prédio.

2

2

2. Chumbamento do cobogó de alumínio no painel de concreto por meio de parafusos metálicos.

2

1 1

FAIXA DE CONCRETO | LAJE CAIXÃO FAIXA VAZIA | LAJE CAIXÃO

VIGAS Vigas de concreto armado que passam internamente na estrutura da laje caixão, ou seja, o sistema de vigas é inserido ao edifício de forma não aparente. As vigas se configuram com altura máxima de 30 cm.

1º PAV. 4.30

LAJE CAIXÃO Estrutura formada por duas camadas de concreto armado, com o sistema de vigas passando internamente por entre as camadas. os espaços entre as lajes que não passam vigas se configuram como vãos vazios. A laje possui espessura total de 30cm, divididos em 2 camadas, 2 faixas de concreto, cada qual com 10 cm de espessura e completando a espessura com um vão vazio de 10 cm.

PILARES Os pilares, em sua grande maioria, são visíveis na estrutura do edif ício, configurando-se em um formato circular cujo o material é o concreto aparente.

TÉRREO 0.10

PAINÉIS FECHADOS O sistema de painéis fechados, configura-se com a utilização do vidro 30mm translúcido, sustentando-se por meio de um suporte de alumínio com um design de formas triangulares. A estrutura se fixa nos painéis de concreto pré-moldodo com o auxílio da s u a p ró p r i a a r m a ç ã o , a q u a l é chumbado por meio de um serie de parafusamentos. O uso dos painéis de vidro se fez necessário em ambientes cujo a utilização do ar-condicionado se fez necessário.

SUB-SOLO 3.14

FUNDAÇÃO

FAIXA DE CONCRETO | LAJE CAIXÃO

0

0,25

0,5m

3 DETALHAMENTO 2

O sistema construtivo utilizado para composição da fundação foi a sapata isolada, a qual configura-se com o concreto armado.

1 DETALHAMENTO GERAL 0

1

2m


COBERTA VERDE EM ESTRUTURA DE LAJE CAIXÃO | EDIFÍCIO 2

SISTEMA DE PILARES DE CONCRETO 1º PAVIMENTO | EDIFÍCIO 2

ESTRUTURA DE LAJE CAIXÃO 1º PAVIMENTO | EDIFÍCIO 2

SISTEMA DE PILARES DE CONCRETO TÉRREO | EDIFÍCIO 2

ESTRUTURA DE LAJE CAIXÃO TÉRREO | EDIFÍCIO 2

COBERTA VERDE EM ESTRUTURA DE LAJE CAIXÃO | EDIFÍCIO 1

SISTEMA DE PILARES DE CONCRETO 1º PAVIMENTO | EDIFÍCIO 1

ESTRUTURA DE LAJE CAIXÃO 1º PAVIMENTO | EDIFÍCIO 1

SISTEMA DE PILARES DE CONCRETO TÉRREO | EDIFÍCIO 1

ESTRUTURA DE LAJE CAIXÃO TÉRREO | EDIFÍCIO 1

SISTEMA DE PILARES DE CONCRETO SUB-SOLO | EDIFÍCIO 1

ESTRUTURA DE LAJE CAIXÃO SUB-SOLO | EDIFÍCIO 1


P47

P37 V11

P61

V18

P62

P89

A

P120

P98

P97

P124

P99

P129

V16 P122 V19 P126 P131

P130

P133

V54

V24 P96

P95

P84

P83

P128

V52

P82

P121

P117 P118

P127

V50

V37 P94

P93

P92

P81

P116

P125 P73

P80

V35

V33 P91

P90

V22

P85

P86

V31

V29

V27

V26

P87

V23

P71

V41

P79

P75 V17 V18 P88

V15

P123

P66 P72

V39

V21

P119

P69

P70

P74

V17

P65

P67

V57

V55 V53

P113

P114

V48

P60

P59

P112

P111

V20

P53

P109

V13

V46

P57

V8

P115

V44

V22

P52

P107

P110

P41

V15

P105

P104

P132

P135

P134

V59

V10

P39

P103 P108

V14

P51

V25

P29

P102

V58

P36 P46

P28

P34

V12

P45

P106

V49

P33

P27

P18

P101

V56

P26

P100

P12

P11

V9 V51

P25

P10

V45

V42 P31

P9 V5 P17

V47

P22

P21

P8

P7

V40

V7 P24

P19

P6

V43

P5

V34

V4

P16

V6 P20

P4

V38

P3

V36

P2 V2 P14

V30

V3

P13

V32

V28

V1

P137

P136

2 PLANTA DE FORMA 1º PAV.| EDIFÍCIO 1 0

5

10

20m

V1

P36 P49

P54

P76

P75

P89

P90

P86

P91

P92

V40

2

P93

1

P66

1

P72 P73

P80

P94

P44 A

P44

P71

P85

V30

V28

V26

V25

V19

2

V15 P65

P69

P79

P78 P87

V23

V17 V18 P88

P77

P30

P81

P95

P82 V20 P96

P97

P98

P99

0 10 20m

3 PLANTA GERAL

P84

P83

V42

V16 P74

P29

LEGENDA MORRE ATRAVESSA

2

P63

P70

P28 P37 V10 P43

V9 P41

P64

V14 P68

P12 P15

V41

P62

V36

P61

V34

P60

P39

P50 P55 P56

P53

V32

V22

P59

P11

P18

P27

P26

V12 P52

P10

P34

P33

P42

P67

V21

P25

P31

P40

P48

P47

P9 V5 P17

V38

P38 P46

P8

P7

V37

P35

V13 P57

P24

V29

P23 V7 P32 V8

P6

P19

V11

P45 P51

P22

V27

V24 P21

P20

P16

P5

V35

V4

V6

P4

V39

P3

V33

P2 P14

V31

V2

V3 P1

P13

1 PLANTA DE FORMA PAV. TÉRREO | EDIFÍCIO 1 0

5

10

20m


P90

P91

P92

P93

P94

P95

P82

V44

V24 P96

P97

P84

P83

P98

V57

V55 V53

P120

P121

P124

P99

P129

P122 V19 P126 P131

P130

P133

P132

P135

P134

P118

V16

P127

P128

V56

P81

V41

V37

P86

P73

P80

P85

V33

V29

V27

V23

P89

V31

P87

V26

V17 V18 P88

V22

V39

P79

P75

V35

V21

A

P125 P72

P71

V15

P123

V52

P69

P119

P66

P65

V50

P62

V17

V46

P61 P70

P74

P112

V13 P116 P117

V18

3

P109

P110

V20

P53 V P60

V8

P114

V48

P52 P59

P107 P108

V14

P67

V25

P37 V11

P105

P104

P41

V15 P57

P29

P103

V59

P39

P46

V22

P51

P28

P102

V54

P45

V10

P101 P106

P34 P36

V12

P18

V49

P33

P27

P100

P12

V58

P26

P11

V9 V51

P25

P10

V45

V42 P31

P9 V5 P17

V47

P21

V7 P24

P8

P7

V40

P19

P6

V38

V4

P16

V6 P20

P5

V43

P4

V36

P3

V34

P2 V2 P14

V32

P13

V30

V28

V1

P137

P136

LEGENDA MORRE ATRAVESSA

1 PLANTA DE FORMA DE COBERTA| EDIFÍCIO 1 0

5

10

20m

2 2 2 1 1

0 10 20m

2 PLANTA GERAL


V1 P4

P5

V5

V3

P3

V4

P2

V2

P1 V6

P6

V7 P7

P8

V8

P10

P9

V9

V10 P11

P12

P14

V12 P16

P15

P18

V11

P13

P17

V13 P22

P19

P20

V15

P21

V14 6

P26

P28

V18

V46

V17

P27

V1

P23 P24

P25

P31

P32

P38

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V19 P30

P29

V20 P34

P33 V21

V47

P35

P36

P37

V22 P40

P44

P49

P50

P52

P51

P48

V49

6

V28

1 PLANTA DE FORMA 1ยบ PAVIMENTO| EDIFร CIO 2 0

5

10

20m

V3

P54

V27

P47

V2

P46

P53

P43

LEGENDA MORRE ATRAVESSA

4

V25

P45

V23 P42

V2

V45

P41

V50

9 P64

6

1

V3

P67

P77

P73

P72

V39 P78

P79

V41 P80

P66

2 2

P81

2

V48

V40

P65

P59

P69 P74

P70 P71

V35

V51

P58

V2

P62

P75 P76

P57

P63

V3

V37 V38

V44

V42

V43

0 2

P61

V34

P56

P55

V3

P60

V33

P82

P83

1 1

0 10 20m

2 PLANTA GERAL


V1 P4

P5

V5

V3

P3

V4

P2

V2

P1 V6

P6

V7 P7

P10

P8

V8

P9

V9

V10 P11

P12

P14

V12 P16

P15

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V14 P23 P24

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P26

V46

V17

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V15

V19 P30

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V20 P34

P33 V21

V47

P35

P36

P37

V22 P40 P41 V45

V23 P42

P44

P49

P50

V25 P46

V27

P47

4 V2

V28

P52

P51

5

10

20m

V50

9

V2 P64

1

V3

2

V3

P67

V40

6

V3

P71

P78

P79

V41 P80

P65

V51

V35

P59

2

P66

2

P69 P74

P73

P72

V39

P77

P58

P63

P62 V38 P70 P75

P57

P81

2

V48

P61

V44

V42

V43

6

V33

P76

0 V34

P56

P55

0 V3

P60

1 PLANTA DE FORMA DE COBERTA| EDIFÍCIO 2

V2

P54

P48

V49

P45

P53

P43

LEGENDA MORRE ATRAVESSA

P82

P83

1 1

0 10 20m

2 PLANTA GERAL


COBERTA VERDE COBOGÓ DE ALUMINIO

PAINÉIS DE VIDRO TRANSLUCIDO COM SUPORTE DE ALUMINIO CONCRETO APARENTE

FACHADA 1 | EDIFÍCIO 1 0

5

10

20m

COBERTA VERDE PAINÉIS DE VIDRO TRANSLUCIDO COM SUPORTE DE ALUMINIO

CONCRETO APARENTE

FACHADA 2 | EDIFÍCIO 1 0

5

10

20m


COBERTA VERDE PAINÉIS DE VIDRO TRANSLUCIDO COM SUPORTE DE ALUMINIO CONCRETO APARENTE

JARDIM VERTICAL

FACHADA 1 | EDIFÍCIO 2 0

5

10

20m

COBERTA VERDE

CONCRETO APARENTE

PAINÉIS DE VIDRO TRANSLUCIDO COM SUPORTE DE ALUMINIO

FACHADA 2 | EDIFÍCIO 2 0

5

10

20m


COBERTA VERDE CONCRETO APARENTE

PAINÉIS DE VIDRO TRANSLUCIDO COM SUPORTE DE ALUMINIO

FACHADA 3 | EDIFÍCIO 2 0

5

10

20m


09

BIBLIOGRAFIA 106


107

fonte: www.unsplash.com


LEITÃO, Cláudia. O Destino das Cidades ou as Cidades como Destino: Uma Reflexão sobre Cidades Criativas a partir de Políticas Públicas Culturais. RIGS - Revista interdisciplinar de Gestão Social, v5, p. 91, 2016. Disponivel em: https://portalseer.ufba.br/index.php/rigs/article/viewFile/12510/11738. Acesso em: 15/08/2018. LEITÃO, C. S.. Sobre Cultura, tecnologia e o retorno da utopia. O Povo, Fortaleza, 24 ago. 2017. Disponível em: https://www.opovo.com.br/jornal/opiniao/2017/08/claudia-leitao-sobre-cultura-tecnologia-e-o-retorno-da-utopia.html. Acesso em: 18/08/2018. BEZERRA, Roselane Gomes. O Bairro Praia de Iracema entre o “Adeus” e a “Boémia”: Usos, Apropriações e Representações de um Espaço Urbano. VI congresso português de sociologia. Mundos sociais: Saberes e práticas. Fortaleza, 2008. Disponivel em: http://historico.aps.pt/ vicongresso/pdfs/81.pdf. Acesso em: 21/08/2018. BRESSER, Luiz Carlos. Em Busca de Novo Modelo Celso Furtado. Revista de Economia Política, vol.23, n° 3 (88), São Paulo, 2002. Disponivel em: http://reformadagestaopublica.org.br/ works/PrefacesReviews/R-Furtado.pdf. Acesso em: 22/08/2018. CADAU, Vera Maria; BARBORA, Antônio Flávio. Educação escolar e cultura(s): construindo caminhos. Revista Brasileira de Educação, nº 23, 2003. Disponivel em: http://www.scielo.br/ pdf/%0D/rbedu/n23/n23a11.pdf. Acesso em: 22/08/2018. COSTA, Armando Dallas; DE SOUZA-SANTOS, Elson Rodrigues. Economia criativa: novas oportunidades baseadas no capital intelectual. Economia & Tecnologia - Ano 07, Vol. 25 - Abril/ Junho de 2011. Disponivel em: http://www.economiaetecnologia.ufpr.br/revista/25%20Capa/ Armando%20Dalla%20Costa%20-%20Elson%20Rodrigo%20Souza-Santos.pdf. Acesso em: 27/08/2018. KRUSE, Tulio. Economia criativa cresce acima da media no Brasil. O Estado de São Paulo. 10 de julho 2018. Disponível em: https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,economia-criativa-cresce-acima-da-media-no-brasil,70002396326. Acesso em: 28/08/2018. LE ROUX, Mathieu. Mapiamento do ecossistema brasileiro de startups. Artigo publicado no site Medium.com. 2016. Disponível em: https://medium.com/codando/mapeamento-do-ecossistema-brasileiro-de-startups-9593069ed8c5. Acessado em: 28/08/2018. LEITÃO, Cláudia. Marco Zero, economia criativa. Programa Marco Zero versão web. 2014. 108


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