VOL
COSTANZA PASCOLATO
A mais nova parceira da GO Eyewear fala sobre óculos, moda e a importância de manter um “olhar limpo”
Henrique Fogaça A vida rock ‘n’ roll do chef que manda bem dentro e fora da TV
ANA HICKMANN
Os 15 anos da marca e o poder da empresária que ganha o mundo
Saint laurent
A história, a ousadia e os novos rumos da icônica grife francesa
01
2018
T9079 T02
CHARGED WITH STYLE
Fashion Eyes Volume 1 . 2018
ÍNDICE
4
26
A mensagem de Joyci Lin
Novidades para as mulheres e looks futuristas
Carta da CEO
6
Evoke
Tendências
Os estilos, as cores e as inspirações para a temporada
32
9
Gucci
A estética do absurdo do estilista Alessandro Michele que faz da Gucci a marca mais quente do momento
QUem Usa
Celebridades, influencers e gente bacana com os óculos das marcas da GO Eyewear
10 Capa
Ana Hickmann: top, capa de revista e nome da marca de óculos femininos best-seller no Brasil
14
Olho no Olho
A Fashion Eyes conversou com dois nomes e super parceiros da GO: a papisa da moda Costanza Pascolato e o chef Henrique Fogaça
35
Alexander McQueen
A essência punk chic da marca britânica traduzida para os óculos
Lifestyle
O estilo natural da modelo Isabel Hickmann, um dos rostos da Hickmann Eyewear.
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Cartier
A grife de joalheria surge renovada e aposta em seu potencial avant-garde nos óculos
31
Boucheron
A marca completa 160 anos e transporta os elementos da alta joalheria para o design do eyewear
4 4
39
Bottega Veneta
O primor artesanal da marca italiana
40
55
A funcionalidade, a tecnologia e o design da marca masculina da GO Eyewear para homens em constante movimento
A Fashion Eyes impactando as redes sociais
#FashionEyesMe
T-Charge
56
42
46
Youtubers, Aline Barros e Wanessa Camargo: a pluralidade de estilo da Atitude
Saint Laurent: a história e o DNA de uma das marcas de moda mais icônicas de todos os tempos
Atitude
Fashionismo
43
51
Para esportistas e crianças fofas: os universos da Speedo e da Jolie
Os detalhes do bem na moda da estilista britânica © Divulgação
Vitrine
58
Novo Olhar
Stella McCartney
52
O sucesso das vendas está na motivação
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Flash
A GO Eyewear nos eventos pelo mundo afora
Palavras da Costanza
Nossa colunista dá as dicas para garantir sempre o close certo com os melhores óculos
45
54
Os famosos que desfilam pelas campanhas da marca
Retomada sem precedentes, simpatia de celebridades e streetwear na medida certa
Bulget
Business
A parceria de sucesso entre GO Eyewear e Kering
Puma
5
63
Contato Direto Fale com a GO Eyewear
64
Olhar Final
Quando Paul McCartney é a inspiração
Fashion Eyes Volume 1 . 2018
Carta da CEO Caro amigo leitor,
É com muito prazer que apresento a primeira edição da Fashion Eyes, a revista que veio para trazer informação e agregar conteúdo à sua vida pessoal e profissional. Trata-se de mais uma importante ação da GO Eyewear com o objetivo de contribuir com o enriquecimento profissional do setor óptico. O Brasil vive um momento de transição de seu sistema político-econômico e o mercado óptico é um ótimo reflexo disso. Uma zona cinzenta e de incertezas deu lugar a um momento de lucidez, planejamento e confiança. A óptica brasileira está entrando em sua melhor fase, em que lojistas, consumidores e toda cadeia produtiva estão animados e conscientes para fazer bons negócios. Por isso, organização, planejamento e dedicação são palavras de ordem para todos os profissionais do setor. Uma visão de paixão é o que move a GO. O propósito de inspirar vidas é algo que realmente conduz a empresa e dá sentido para manter seus investimentos em pessoas, em parcerias e relacionamentos duradouros. A construção do setor vai muito além de uma relação comercial de venda de óculos. Depende também da troca de conteúdo, do respeito e de uma comunicação clara.
Realização GO Eyewear Editora Andrea Tavares (MTb. 16.030) Projeto gráfico e direção de arte André Pavanello Direção criativa Gustavo Martins
A GO acredita na expansão do mercado óptico, com altos índices de crescimento, e é por isso que dedica este ano de 2018 para lançar também a Fashion Eyes, projeto realizado com muita paixão, zelo e cuidado e que se tornou a menina dos olhos da empresa. Toda a equipe está obstinada em fazê-la atraente e interessante, a fim de trazer conhecimento e benefícios a todos. E para que o projeto fosse elaborado com excelência, foi escolhida para essa missão uma das melhores conhecedoras do universo óptico: a jornalista Andrea Tavares que, com a equipe de profissionais da empresa, além de colaboradores de grande êxito, trabalhou na curadoria e na produção para dar vida à Fashion Eyes. Então, caro amigo e leitor, eu dedico esta revista ao Criador da vida, a você e todas as pessoas do bem que fazem o setor óptico valer a pena. Espero que desfrute este projeto e que possa se sentir acolhido pela GO Eyewear. Boa leitura! Muito obrigada,
Joyci Lin
CEO da GO Eyewear
Direção de marketing Fabio Monzillo
Coordenação de comunicação Michele Dovoezem Produção gráfica Ernani Yoshinaga
6
Colaboradores Angela Roman Graziela Canella Julio Cesar Viana Luciana Prezia Marcela Ceccela Natalia Sexto Ricardo Brito Tiago Salvador
Impressão Elyon Indústria Gráfica Circulação dirigida 15 mil exemplares Capa Modelo Ana Hickmann Fotografia Karine Basílio Styling Fernanda Hickmann Beleza Marcelo Gomes
ARRECIFE A01
DESIGNED TO BE FIT 7
Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . t e n d ê n c i a
Tendências
Estilos, cores e inspirações da temporada. Uma compilação das principais tendências de eyewear desta estação, com opções de sol e grau para todos os estilos. Olhar felino Nenhum estilo como o gatinho consegue ser tão eficaz em levantar o olhar e a expressão de uma mulher. Não é à toa que é definido por muitos como o melhor tipo de cirurgia plástica: indolor, instantânea e sem cicatrizes. Por tudo isso, deveria ser tendência eterna!
Evoke modelo Unique
McQ modelo MQ0144O 003
Saint Laurent modelo SL 217 004
Sobreposição
Unidos pela cor
Chic e empoderador, o estilo que brinca com a aplicação de uma espécie de sobrancelha nos frontais está super em alta.
No acetato, aros e lentes de um único tom: é o monocromatismo entrando em cena.
Cartier modelo CT0030SA 001
Gucci modelo GG0257S 005
Ana Hickmann modelo AH3177 04C
Stella McCartney SC0119S 003
8
Metal cheio de bossa Sinônimo de conservadorismo no passado, o metal volta ao protagonismo como matéria-prima dos óculos, mas, agora, cheio de graça: adornando frontais quando combinado com o acetato, gerando belas curvas ou trabalhos para lá de interessantes e ainda seguindo a inspiração do estilo industrial.
Boucheron modelo BC0053S 001
Atitude modelo AT5385 T02
Stella McCartney modelo SC0137S 004
Hickmann modelo HI3048 04E
Alexander McQueen modelo AM0137S 004
Diferente é bonito Subjetiva por natureza, a beleza pode estar tanto na harmonia, quanto no contraste. E, nesta temporada, as oposições estão em voga no acetato. Cores e padronagens contrastantes geram efeitos interessantes, como o color block.
Ana Hickmann modelo AH9265 P01
Gucci modelo GG0276S 005
McQ modelo MQ0125O 003
Quanto mais brilho, melhor!
A releitura da leveza
Viva a tecnologia, que permite recursos cada vez mais interessantes para produção dos óculos. Um deles é a aplicação de glitter no acetato, garantindo um efeito de total glamour nas peças.
O estilo flutuante, tão característico das armações invisíveis, está de volta, conferindo charme e visibilidade a modelos solares
Gucci modelo GG0284O 004
Evoke modelo Super Cat
9
Bottega Veneta modelo BV0178S 003
Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . t e n d ê n c i a
Olha as máscaras aí! Os solares de lente única, febre absoluta na década de 2000, voltam à ordem do dia em releituras mais planas e com mais contornos, além da versão tradicional, mais curvada.
Cartier modelo CT0023S 002
Evoke modelo Futurah A112S
Atitude modelo AT3218 04B
Óptica ostentação
Delicadeza na cor
Cada estação traz suas inspirações mais criativas, como as franjas de correntes nas hastes e as aplicações de cristais de corações
A temporada também é dos tons pastel, que harmonizam tanto modelos de grau como solares, nas opções de metal e acetato, conferindo-lhes aquele certo ar romântico.
Gucci modelo GG0308S 001
Stella McCartney modelo SC0127S 002
Hickmann modelo HI3066T 03A
Elegância a toda prova Não basta ser feito de metal e ter estilo. Vale acrescentar ainda mais elegância a solares e receituários com aros encapados. Em algumas peças, a cobertura é total e, em outras, apenas em alguns detalhes.
McQ modelo MQ0146SA 004
Stella McCartney modelo SC0131OA 004 Bottega Veneta modelo BV0173O 003
Hickmann modelo HI1057 04B
1100
Quem usa
Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . Q U E M USA
Celebridades, influencers e gente bacana flagrada por aĂ usando Ăłculos das marcas da GO Eyewear.
O ator Caio Castro (@caiocastro): Evoke
A atriz e apresentadora Pathy de Jesus (@pathydejesus): Evoke
O ator Thiago Martins (@tgmartins): Evoke
A beauty blogger Jana Alvarenga (@janabalvarenga): Hickmann
O surfista de ondas grandes Pedro Scooby e Luana Piovani (@pedroscooby / @luapio): Evoke
A atriz Maria Joana (@mariajoana): Atitude
A Youtuber e atriz Flavia Pavanelli (@flaviapavanelli): Atitude
A atriz e apresentadora Mel Fronckowiac (@melfronck): Ana Hickmann
O ex-jogador de futebol Biro Biro (@obirobiro): Speedo
11
Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . c a p a
O mundo é dela
Há muito tempo que a modelo, empresária e apresentadora Ana Hickmann deixou de ser conhecida somente pelo par de pernas de 1,2 metro – atributo que, nos anos 2000, lhe rendeu a menção no Guinness Book como as pernas mais longas do mundo. Atualmente, seu recorde é outro: a gaúcha dá nome à marca de óculos femininos mais vendida do Brasil, que completou 15 anos em 2017. Isso sem contar o sucesso de uma série de outros produtos licenciados, que vão de cosméticos a roupas e objetos de decoração, alcançando um faturamento de
mais de R$ 400 milhões por ano, à venda nos cinco continentes. “É a celebridade que mais fatura e que mais bem trabalha com licenciamento no Brasil”, afirma a diretora presidente da Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), Marici Ferreira. O segredo do toque de Midas de Ana Hickmann é a credibilidade. Desde seu primeiro projeto de coleção, assinado em parceria com uma marca de calçados, em 2002, a beldade faz questão de acompanhar de perto o desenvolvimento das peças, desde a escolha dos materiais até a distribuição, com 11 22
o intuito de garantir a qualidade e o bom gosto dos produtos. “Nos dois primeiros anos, o mercado acreditou que seria uma marca de oportunidade, que duraria pouco”, contou em 2012 à revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. “Porém, como na minha carreira de modelo, eu vi a chance de fazer algo muito maior. E todo o trabalho de desenvolvimento da marca foi concebido com o meu aprendizado diário e com as equipes de criação de cada empresa que passou e que está ao meu lado. Sempre fiz questão
fotografia alexandre virgÍlio / LUCIANA PREZIA
Ana Hickmann é top, capa de revista e dá nome à marca de óculos femininos mais vendida do país. Além de reconhecida pela carreira como modelo internacional, é sucesso também como apresentadora, mãe e empresária, e seu nome é um negócio que não para de crescer.
Empresária e celebridade: Ana marca presença em mais um Silmo, o salão francês de óptica
Making of: rosto das próprias campanhas, Ana Hickmann posou para a coleção Metamorfose na Casa das Caldeiras, em São Paulo. © Lu Prezia
modelo AH1355 09B
de escolher os materiais, os modelos e as cores e acreditei que esses produtos seriam os melhores para as minhas consumidoras. Só sei vender aquilo em que eu acredito e que eu usaria”, arrematou. O envolvimento de Ana Hickmann em todos os detalhes hoje fica ainda mais evidente graças ao canal da beldade no YouTube, com mais de 360 mil seguidores. Na plataforma, Ana dá dicas de beleza e saúde e mostra um pouco de sua rotina, mas também é possível vê-la envolvida nos projetos de eyewear – por exemplo, visitando as feiras nacionais e internacionais de óculos ou conferindo de perto as ópti-
modelo AH3179 06A
cas em Paris que vendem suas coleções. Em evolução
A nova coleção Ana Hickmann Eyewear tem como tema a Metamorfose, inspirada pelo desejo de transformação. Essa busca por novos ares é inserida no universo feminino, acompanhando as mudanças no próprio comportamento das mulheres, que estão saindo de seus “casulos” das mais diferentes formas. Nos óculos, esse conceito se traduz em detalhes sutis – como o acetato dégradé, que muda de cor de uma extremidade a outra. 13
modelo AH3182 05A
No metal, as formas são criativas, pontuadas por efeitos vazados e a famosa tecnologia Duo Fashion mantém a proposta de transformação nas hastes, enquanto as lentes espelhadas criam reflexos inconstantes. O ambiente escolhido para a sessão de fotos da campanha da nova coleção, clicada por Karine Basilio, também tem seu papel no simbolismo: a Casa das Caldeiras, em São Paulo, empresta seu visual industrial e rústico como pano de fundo para uma mulher em construção. A produção de moda ficou a cargo da irmã da empresária, a stylist Fernanda Hickmann.
Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . c a p a
Linha do tempo Os pontos altos dos 15 anos de Ana Hickmann Eyewear.
2002 Ana Hickmann estava no auge de sua carreira como modelo, era rosto de várias marcas e contratada pela Victoria’s Secret ao lado de tops como Tyra Banks, Heidi Klum, Adriana Lima e Gisele Bündchen. Com o desenvolvimento da primeira linha de óculos solares e armações de receituário assinados pela então modelo, estava lançada a marca Ana Hickmann Eyewear. 2003 Ainda no início da empreitada no segmento óptico, Ana Hickmann fotografou a primeira campanha de óculos e participou de eventos de lançamento no nordeste do país.
2007 Ana Hickmann Eyewear chega ao exterior com lançamento de coleção em Portugal, seguido de Espanha, França, Itália e leste europeu. Atualmente, a marca está presente em mais de 50 países.
2009 A presença da gaúcha no desfile de apresentação do Summer Preview da GO, realizado no Instituto Tomie Ohtake, foi destaque na imprensa. Poucos meses antes do evento, Ana Hickmann havia estreado no programa dominical Tudo é Possível, também na TV Record.
A bela de óculos: o paraíso particular em Ilha Bela
Estrela: Ana Hickmann brilha em mais um evento da GO
2010 Uma das grandes inovações no design de óculos, o Duo Fashion é criado e patenteado para a Ana Hickmann Eyewear. A partir de então, todas as coleções de óculos incluem modelos com sistema que permite girar as hastes e revelar um lado diferente, transformando o modelo. Ana Hickmann Eyewear: a estreia da campanha
2004 Ano em que estreou no programa Tudo a Ver, da TV Record. Carismática e competente, Ana passou a aparecer em outros programas e viu sua carreira de apresentadora decolar. Foi presença de destaque na inauguração do showroom da GO, em São Paulo.
Noite de festa: a bela com Daniela Escobar e Fabio Assunção
2015 O ano marcou o lançamento de uma de suas mais sofisticadas campanhas de óculos. Intitulada “Heaven”, retratou a modelo em um ambiente náutico sofisticado, com óculos de ar retrô em tamanhos máxi.
2013 Em agosto, Ana Hickmann revelou duas surpresas – anunciou, durante o programa Domingo Espetacular, a gravidez do primeiro filho, Alexandre. No mesmo mês, a imprensa de moda falava da bela campanha que a apresentadora havia lançado para sua coleção de óculos, inspirada no mítico Expresso do Oriente.
Nova campanha: as referências do Oriente Médio 11 44
2017 O aniversário de 15 anos da marca de óculos foi celebrado em grande estilo, com festa na Casa Fasano, em São Paulo, em maio. Meses depois, o aniversário ainda teve mais uma comemoração para lá de especial, em Paris.
São Paulo: Ana e Tiago Abravanel celebram os 15 anos da marca
Paris: Ana brinda à data especial com Jacky Chen e Joyci Lin (GO)
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Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . O L HO NO O L HO
Costanza Pascolato
Nova parceira da GO Eyewear, a empresária e consultora Costanza Pascolato, um dos nomes mais respeitados da moda, e dona de um olhar para lá de afiado, recebeu a Fashion Eyes em seu apartamento, em São Paulo, para um ótimo bate-papo e uma divertida sessão de fotos. Texto Andrea Tavares
Ela debutou de Dior, casou de Balenciaga, foi fotografada usando Pucci por ninguém menos que o cineasta italiano Luchino Visconti, morou no Copacabana Palace, recebia Rockfeller para jantar aos 21 anos... E conta que, aos dois anos, durante uma prova de roupa, abriu o berreiro antes mesmo de a costureira ter tempo de ajustar a altura da barra do vestido, porque achava que estava muito comprido. A intimidade com a moda parece estar impressa no DNA dessa italiana de Siena, que desembarcou no Brasil em 1945 com a família. Dois anos mais tarde, seus pais, Gabriella e Michele, abriram a Tecelagem Santaconstância e, assim, tinha início a intensa relação dos Pascolato com a moda, já que, até então, sua família atuava em outros ramos de negócio. Acessórios por excelência, os óculos, invariavelmente, fazem parte de seu dia a dia. Costanza tem preferência por aqueles modelos mais fashion, que sempre tiveram “cadeira cativa” em seu guarda-roupa. E há cerca de dez anos ainda mais intensamente: os óculos fazem também parte do look que criou para si mesma, quando resolveu reinventar seu estilo. Estabeleceu o cabelo armado, preso com dezenas de grampos magistralmente aplicados na nuca, adotou o traço negro do delineador e nos olhos e, diante deles, estão os óculos sola-
Fotos Luciana Prezia
res, cujas lentes sempre são trocadas por uma versão bem mais clara e sempre dégradé. É para proteger os olhos nas salas de desfile e dos flashes? Não somente. Costanza está o tempo todo de óculos, de manhã até a noite, e não abre mão deles nem em sua rotina no escritório e na fábrica, ao lidar com cores e estampas, tarefa que requer percepção exata dos tons. Mas seu olhar parece ser tão poderoso que já se tornou capaz de enxergar precisamente os tons mesmo com suas lentes especiais. Olhar esse, aliás, que autoridade em moda, que é referência internacional no assunto e presença constante nas semanas de moda ao redor do mundo, mantém pronto e aguçado para captar os movimentos do universo fashion e o comportamento do público, sempre antenado com a vanguarda. E que agora vai colocá-lo também em prática no segmento óptico, por conta da nova parceria com a GO Eyewear. Desde de fevereiro, Costanza atua como uma espécie de embaixadora da empresa, participando de eventos, encontros com a imprensa especializada, colaborando para comunicar a história e o DNA das marcas do portfólio da GO e contribuindo com a sua coluna na Fashion Eyes (nesta edição, nas páginas 52 e 53). 11 66
Como foi a sua relação com os óculos ao longo da vida? Sempre usei óculos escuros. Tenho um pouco de fotofobia. Além disso, frequento todos os desfiles desde os anos 70. Então, para não fazer um guarda-roupa gigantesco, os óculos sempre foram a minha maneira de mudar de cara de um dia para o outro. São sempre as mesmas pessoas todos os dias da semana, de manhã até a noite, e não dá para estar com a mesma cara ontem, hoje e amanhã. O que eu mais fazia, a minha vida inteira, era mudar de acessório - basicamente, os óculos -, que fundamentavam aquilo que eu queria dizer visualmente para os outros. Animada com a parceria com a GO Eyewear?
Muito! Achei maravilhoso esse convite. Acho que me escolheram talvez por eu estar sempre de óculos. A GO tem um portfólio com marcas incríveis, de alta qualidade e que têm
a ver com meu universo, no qual vivo há muito mais de 50 anos. É um projeto de longo prazo, vou aprender muito e, eventualmente, ajudá-los na divulgação dessa nova face da empresa.
Cada vez mais os acessórios são dominantes em um look, não é? Os óculos principalmente... Óculos são o jeito mais fácil de adquirir estilo. São realmente o ponto final e a acentuação para o que se que quer como estilo. E hoje há uma variedade enorme de possibilidades. Com o passar dos anos, os óculos foram ganhando espaço e, mesmo quem nunca usou na vida, agora usa, mesmo que não precise de correção visual, só para acrescentar estilo. Você, que teve o privilégio de acompanhar a evolução da moda, que rumo ela moda tomou ao longo das décadas?
Se tem um momento muito discutido, é o 17
atual. E a explicação é simples: a indústria da moda cresceu e, como tudo que cresce muito, precisa de diferentes gestões, pulverizações e divisões cada vez mais amplas e, depois que a internet chegou, isso se tornou ainda mais possível. Ou seja, quem vai ter de lutar cada vez mais com mais dificuldade são as grandes empresas, que têm de alcançar cada vez mais pessoas, porque, ao mesmo tempo, há tantas start-ups, tantos lugares onde se pode comprar on-line... E se essas grandes marcas não aprenderem a fazer uma amálgama da experiência física da loja com a internet, muitas vão desaparecer ou virar outra coisa. De que forma o digital tem influenciado a moda?
As marcas estão cada vez mais indo atrás de comportamentos novos, de novas tribos, porque quem consome moda de verdade são os jovens ou então quem gosta de moda, é aficionado ou profissional. Estão de olho em
Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . P a l av r a s d a C o s t a n z a
“Óculos são o jeito mais fácil de adquirir estilo. São realmente o ponto final e a acentuação para o que se que quer como estilo. E hoje há uma variedade enorme de possibilidades.”
todos os novos comportamentos, os jeitos de pensar, as filosofias, o imediatismo e a casualização da moda - porque ela está cada vez mais casual. Eu vivi isso tudo e nunca fui alguém que pensava muito formalmente sobre moda. Sempre achei legal tudo que era mais moderno, mais contemporâneo. E eu vivi os anos 60, que era uma espécie de janela aberta para o futuro, mesmo que fosse um futuro que, hoje em dia, tem cara de retrô. Hoje, é mais difícil acompanhar tudo porque, obviamente, é muita coisa. Antigamente não se tinha essa revolução da imagem perseguindo as pessoas o tempo todo. A novidade é saber se adaptar e não ser muito partidário disso ou daquilo. É preciso recuar, se possível, cuidar do próprio eu e enxergar com óculos maravilhosos, porque senão a pessoa se dispersa, deixa de ser ela mesma para viver no virtual. Qual a sua opinião sobre o fenômeno dos digital influencers?
É uma consequência absolutamente óbvia. Há influencers que têm realmente valor e representam grupos cada vez mais múltiplos, são tribozinhas, e essas tribos querem, sim, uma imagem para seguir e se identificar. As pessoas vivem no virtual e cada vez menos se identificam como pessoas e, já que são jovens, cada vez mais precisam de exemplos.
Qual o segredo para estar sempre com o olhar limpo e o espírito pronto para acompanhar e entender as mudanças do mundo? Você viveu tantas eras... Não é simples. Eu sempre tive esse privilégio de ter um olhar investigativo e meu olhar é mais inteligente que eu, ele descobre coisas e depois tenho de pensar para entender porque essas coisas ocorrem. Mas eu fico incomodada quando há mudanças e eu não entendo, sabe? Então eu vou atrás e, obviamente, tenho de conversar com as gerações mais jovens. Não que elas vão me explicar, mas vou entender o que pensam. Sabe aquele princípio budista de se voltar para si mesmo? No começo da vida e, quase sempre, a pessoa passa o tempo vivendo experiências e procurando entender essas experiências. Curiosidade né? Coisa que, aliás, eu tenho até hoje... Porém, sei que preciso me recolher e aperfeiçoar o espírito. Eu tenho de ter um certo equilíbrio entre aquilo que eu sou e aquilo que consigo ser por dentro. Sobretudo, nessa idade, que se tem muito menos tempo para viver do que tudo que já se viveu. E isso não é uma tragédia, é simplesmente o que é. Como é a sua relação com as mídias sociais? Você posta na sua conta do Instagram com alguma frequência...
11 88
Muito pouco. Na verdade, eu tinha uma conta no Instagram só para olhar os outros, porque acho que a rede é reveladora, capaz de mostrar a pessoa como ela é. É preciso saber “ler”, mas, obviamente, a pessoa é aquilo que ela posta. Eu não queria postar nada, aí como comecei a trabalhar com a Shop2gether, porque me interessava entender o ritmo de uma plataforma digital de venda on-line, tive de fazer posts diários na página, o que me deu uma agilidade na pesquisa e no texto que eu não tinha. É um exercício e tanto, porque quem envelhece e não usa a cabeça se ferra, né? Para mim, foi bom sob todos os aspectos, inclusive porque também entendi a velocidade e o tipo de relação que esse novo comércio tem com o público. Entre as marcas internacionais de moda, quais você destacaria que estão em alta, fazendo um trabalho original?
Hoje em dia, é fácil saber, porque há pesquisas profissionais elaboradas no hemisfério norte. A primeira marca é a Gucci, a segunda é a Vetements, a marca própria de Demna Gvasalia, que também é o diretor criativo da Balenciaga, que, ao lado da Gucci, também pertence à Kering. Mas há marcas “estranhas” como Moncler, muito na frente de outras grifes que já foram fundamentais. Na moda de hoje, não existe mais a neces-
“Antigamente não se tinha essa revolução da imagem perseguindo as pessoas o tempo todo. A novidade é saber se adaptar e não ser muito partidário disso ou daquilo. É preciso recuar, se possível, cuidar do próprio eu e enxergar com óculos maravilhosos, porque senão a pessoa se dispersa, deixa de ser ela mesma para viver no virtual. sidade da criação absoluta, como até pouquíssimo tempo atrás, porque a velocidade do lançamento das coleções é incrível. São seis coleções por ano, mais umas coisas que lançam no meio porque o público precisa de novidade a toda hora. Essa revolução começou há quase 20 anos com o gênio da Zara, o espanhol Amancio Ortega, que passou a copiar o que era mais interessante nos desfiles e, com uma velocidade inacreditável - e ele ainda é o mais veloz do mundo! -, em cerca de 18 dias, põe a coleção em todas as lojas do mundo inteiro, como se fosse algo simples. E, depois disso, obviamente, a entrada do digital também foi outra revolução: as mídias sociais são tão importantes que estão substituindo, para algumas marcas, os próprios desfiles sazonais. O que era elegância antes e o que é ser elegante hoje?
Não estou falando em termos de roupa, porque a roupa mudou com o comportamento, com a época... Sempre digo que a coisa mais óbvia quando se vê fotos das ruas da década de 50 até os dias de hoje, é possível acompanhar a mudança não só da quantidade de pessoas, mas também a casualização e deselitização da moda, que vieram avançando ao longo dos tempos. A vida hoje é cada vez mais complicada e ativa. Os centros são grandes e, mesmo quem está fora dos gran-
des centrosdeles, precisa ter agilidade. Usa-se muito mais tênis e isso acontece simplesmente porque o mundo está cada vez mais casual. Além disso, é mais confortável, porque as pessoas têm uma vida mais ativa e se vestem de uma maneira mais esportiva. A qualidade de antigamente do trabalho artesanal, feito à mão, é uma coisa impossível de se conseguir hoje, mais uma vez pela quantidade de pessoas no mundo. Ora, tem algumas mini marcas que são nichos, aqui no Brasil conheço algumas que têm feito roupas praticamente artesanais, de preço muito acessível, mais bem feitas do que essas produzidas em grande escala. Que dicas você daria para quem quer desenvolver seu estilo?
O primeiro passo é se aceitar diante do espelho. É preciso se olhar no espelho tridimensionalmente, aproveitando a facilidade incrível proporcionada pelos smartphones. O caminho é fazer muitas fotos e selfies: de frente, de lado, de costas, pequenos vídeos em movimento, observar essas fotos e, aos poucos, a pessoa vai entendendo o que é melhor para ela. É preciso se aceitar; não adianta ficar disfarçando ou inventando que é outro alguém. O segundo passo, que considero super importante, é entender que fase da vida em que se pessoa. Há quem persiga a juventude eter19
na o tempo todo e não há nada pior do que isso para envelhecer, sabe? Mesmo estando com a pele lisinha, o cabelo maravilhoso, fazendo ginástica, essas pessoas falseiam o período de vida que estão porque tentam parecer uma coisa que não são. Não acho que a construção do estilo seja uma fórmula que se adota para sempre, é algo que vai se desenvolvendo passo a passo e a pessoa tem de se olhar sempre porque, afinal, não vive só para ela, mas para o “público”, isto é, as pessoas que a encontram, mesmo que não seja alguém da mídia. Acho que tudo é uma questão de se aceitar. Mesmo que não se tenha o padrão ideal e, hoje em dia, graças a Deus, há uma abertura para os padrões que não existiam nem de longe na minha época. O que mais a encanta na moda?
O fato de ser o reflexo do comportamento de uma época no espelho. Se eu quisesse ficar parada e enterrada na minha idade, jamais teria a possibilidade de entender tanto não só da geração dos meus netos, por exemplo, como também entender da moda. Eu sempre enxergo o que é novo e isso é um milagre, acho que é porque eu sempre estou aberta para isso, sabe?
HI6061 H04 - HI1046 01A
@hickmanneyewear
Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . P a l av r a s d e F O G A Ç A
Henrique Fogaça O chef que ganhou ainda mais notoriedade por conta de seu estilo durão na cozinha do MasterChef Brasil é um dos parceiros da Evoke, marca da GO Eyewear, e assina a coleção Signature Series Evoke x Fogaça. Texto Andrea Tavares
Vinte e sete anos é, definitivamente, uma idade simbólica. É o momento na vida de muitas pessoas em que ciclos se encerram, vidas mudam e outros novos ciclos se iniciam. Para o chef Henrique Fogaça, nascido em Piracicaba, os 27 anos também abriram um novo e decisivo caminho para sua vida, sempre embalada pelo som do rock, que, ele confessa, moldou sua vida e, curiosamente, acabou levando tantos ídolos nessa mesma idade, como Jimmy Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison e Kurt Cobain. Fogaça largou a carreira de bancário e deixou para trás dois cursos universitários incompletos (Arquitetura e Comércio Exterior) para dedicar-se à comida. O nome do seu primeiro negócio gastronômico, O “rei das ruas”, que durou apenas seis meses, parecia uma premonição do que estava para vir. Hoje, coleciona prêmios, muitas críticas positivas e figura no time de chefs celebridades do país. Aos 44 anos, em meio a rock, panelas, tatuagens e motocicletas, está à frente de três restaurantes (Sal Gastronomia, Cão Véio e Jamile) e ganhou notoriedade além do território nacional ao tornar-se jurado da bemsucedida versão brasileira do talent show gastronômico MasterChef,
Fotos Luciana Prezia
que estreou em setembro de 2014 na TV Band e, desde então, já rendeu oito temporadas em três diferentes versões (amadores, profissionais e crianças). Além disso, ainda encontra tempo para um segundo programa de TV, o 200 graus, exibido pelo canal a cabo Discovery Home & Health, que mostra um pouco de sua rotina, bem como para o divertido canal no YouTube (@chefhenriquefogaca), sua banda de punk hardcore, a Oitão, que já soma dois álbuns. Sem falar nas parcerias como a que mantém com a Evoke desde agosto, quando passou a assinar a collab Signature Series Evoke x Fogaça, composta por quatro óculos, todos de acetato: dois para o público feminino (o modelo On the rocks, nas versões grau e sol) e dois para o público masculino (o Urban para grau e o Uprise para sol). Em todas as opções, o frontal brilhante contrasta com hastes foscas de acabamento texturizado a laser, com aplicação da caveira (o logo do Fogaça) nas ponteiras e, seguindo o padrão Evoke de estampar frases originais para cada modelo no interior das hastes, esta série traz a inscrição “conteste, preserve e evolua”.
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“Sou muito ligado ao rock. Muito do que eu sou, da minha vontade de fazer as coisas, das minhas tatuagens, inclusive, vem do rock.” Como você decidiu enveredar pela gastronomia? Meus pais são do interior e, na época, eu morava em São Paulo, perto da Avenida Paulista, com a minha irmã. Eu trabalhava no Banco Real, minha mãe mandava comida congelada e a gente comia meio mal. Um dia, do nada, deu vontade de comer um bife empanado e liguei para a minha avó materna para saber como fazia. Eu entrava às 17h aquele dia no banco. Comprei os ingredientes e fiz o bifinho empanado. No outro dia, fiz de novo. Quando eu vi, estava cozinhando, fazendo alguns jantares. Eu era casado na época, a irmã da minha ex-mulher morava no mesmo prédio e toda terça-feira ela recebia as amigas em casa e encomendava a comida comigo. Eu descia os pratos pelo elevador e a coisa foi indo. Nesse meio tempo, entrei na faculdade de Gastronomia. Um amigo comentou que sempre teve vontade de ter uma Kombi de comida na Rua Augusta, uma prévia dos food trucks de hoje, e era a deixa que eu queria para mudar de vida. Saí do banco para me dedicar à comida. Abrimos o Rei das Ruas. Comprei um freezer e comecei a produzir as comidas em casa. Não tinha experiência nenhuma, mas tinha muita vontade. Era muita novidade na época, né?
A comida de rua sempre existiu, só que hoje
em dia tem a onda dos food trucks. Na época, o povo começou a se interessar, porque era algo diferente, comida de chef de cozinha em barraca de feira. Eu abastecia a Kombi todo dia às 6h da manhã, mas durou só uns seis meses, pela inexperiência. A gerente e o chapeiro brigaram, o sócio achou que o lucro era pouco, aí ele resolveu vender. Parti para outra. Já tinha começado a faculdade de Gastronomia e então criei uma marca, a Fogar, que era a junção dos meus sobrenomes, sou Henrique Aranha Fogaça. O logo era uma frigideira. Eu saía pelas ruas dos Jardins, ia nas lan houses e nas lojas de conveniência oferecer lanche, bolo de cenoura e mousse de chocolate sob consignação. Recebi muito não na cara, mas era o maior orgulho quando eu conseguia: eu voltava nas lojas para ver os produtos expostos. Como nasceu o Sal?
Fiquei uns dois meses com a Fogar. Comecei a fazer estágios em alguns restaurantes e trabalhei no restaurante Na Mesa, no Shopping Iguatemi, por quase um ano. Um dia, um amigo me ligou comentando que o pessoal de uma galeria de arte em Higienópolis queria abrir uma cafeteria. Falei com meu pai. Eu ainda estava na faculdade e ele não me incentivou no primeiro momento, mas eu estava decidido. Tinha um carro, que depois eu bati e deu perda total, uma graninha do banco e, depois de duas 23
ou três conversas, meus pais resolveram me ajudar. Aí fui atrás de equipamentos usados lá em Itaquera. Um deles é esse fogão que eu tenho tatuado no braço, que ficou alguns anos comigo. Assim, nasceu o Sal na Galeria Vermelho. Abri o primeiro mês com lanches, mas eu já tinha feito estágio em alguns restaurantes, então resolvi que ia por um prato no cardápio. Fiquei quase dois anos fazendo isso, não sei de onde eu tirava tanta imaginação, porque pensava no cardápio todas as manhãs levando em conta o que eu tinha achado de mais fresco nas feiras. Certa vez, um casal tinha sido o único cliente do dia e o prato era risoto de açafrão com filé mignon. Uns 40 minutos após irem embora, o telefone tocou e era do Guia da Folha querendo marcar para fazer uma matéria. Deu certo! Na semana seguinte, foi o pessoal da extinta revista Gula e, bem nesse dia, eu tinha pensado nos pratos mais doidos, mas não quis nem saber. Servi talharim de cacau com molho de gorgonzola e a crítica da revista foi positiva. De matéria em matéria, a coisa foi indo. Nos finais de semana, o pátio ficava cheio. A cozinha era muito pequena e eu ficava ali que nem louco fazendo os pratos. Na terceira vez que o meu ex-sogro propôs investir para ampliar o espaço, eu disse sim. A minha ex-mulher já havia largado a carreira de psicóloga para me ajudar, aí ele investiu e ela ficou com metade do negócio. E esse é o Sal como está lá até hoje.
Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . P a l av r a s d e F O G A Ç A
Quando você abriu o Cão Véio? Há pouco mais de quatro anos. Eu tinha vontade de ter um pub ou uma lanchonete e, por coincidência, dois amigos, o Marcos Kishimoto (o “Kichi”) e o Fernando Badaui (do CPM 22), foram ao Sal e me disseram que estavam a fim de abrir um pub. Queriam batizar de “Old Dog Pub”, porque o Kichi já tinha uma estatuazinha de um cachorro. Avisei que eu poderia até fazer o bar com eles, mas o nome teria de ser em português, não tinha porque ficar dando nomes em inglês. Toparam, aí surgiu o Cão Véio. Todo o conceito muito bem definido, inspirado no universo canino. Eu sempre tive cachorro, acho um animal muito fiel. Criei o cardápio todo temático com raças de cachorro e homenagens a vários animais que passaram pela minha vida. Para o Zorro, um boxer que eu tinha quando era pequeno, criei uma porção com filé mignon e gengibre; para a Julieta, que era uma salsichinha, fiz uma entrada com linguicinha pequena; para a Granola, que é a labradora que eu tenho hoje em dia, me inspirei para fazer um sanduíche vegetariano; e para o Catatau, uma outra entradinha. O Cão Véio deu muito certo, tanto na estéti-
ca, quanto na música e, principalmente, na comida. Hoje, a matriz, em Pinheiros, está reformando, e já tem duas franquias em São Paulo e uma em Brasília. E, em breve, abrirão em Curitiba e Porto Alegre. Quem foi sua grande inspiração na cozinha?
Sou um cara muito didático. Se quero alguma coisa, eu vou atrás. Havia um chefe belga, o Quentin de Saint-Maur, que teve restaurante na Rua Oscar Freire, o L’Arnaque, que começou o conceito de cozinha contemporânea no Brasil, há 30 anos ou mais. Quando saiu a primeira matéria sobre o Sal no Guia da Folha, ele apareceu lá. Já era um senhor e morava em Brasília. Provou meus pratos e achou tudo lindo. Começamos a conversar e nasceu uma grande amizade. Depois, teve um evento de culinária brasileira no Museu de Arte Moderna (MAM), com Alex Atala e outros chefs que já estavam tendo mais projeção, e eu fui convidado, graças ao Quentin, para fazer ostra com inspiração brasileira. Mais uma vez, fiz uma coisa da minha cabeça: ostra empanada com banana da terra. Sem dúvida, o Quen22 44
tin foi uma grande inspiração no começo da minha carreira. Sua avó e sua mãe também o influenciaram?
Com certeza. Foi o princípio de tudo, para eu começar a cozinhar e entender as coisas. Para errar, errar e errar até acertar, porque ninguém consegue acertar tudo de uma vez. Você tem algum convidado platônico para quem gostaria de cozinhar?
Sim, para o vocalista do Slayer, o Tom Araya. Sou muito ligado ao rock. Muito do que eu sou, da minha vontade de fazer as coisas, das minhas tatuagens, inclusive, vem do rock. Desde moleque, sempre ouvi rock e, aos 14 anos, me liguei ainda mais no espírito de contestação do punk rock. Na época, até meus pais eram completamente contra, mas eu sempre bati de frente porque era algo com o qual eu me identificava muito. O skate também, de uma certa forma, mas devo meu comportamento e a minha forma de pensar à música e, principalmente, ao movimento punk, e levo isso para o meu trabalho.
Como você divide seu tempo hoje em dia? Você faz tantas coisas... Durmo pouco, mas, para as coisas continuarem andando, eu preciso ter pessoas boas ao meu lado. Sozinho eu não consigo nada, então tenho vários braços direitos. A televisão foi um grande desafio?
Quando o MasterChef começou, meu trabalho na gastronomia já estava consolidado. Fiz o teste e uns seis meses depois me ligaram avisando que era para começar a gravar no dia seguinte. Mas antes de bater o martelo, a produção queria saber minha opinião sobre os futuros colegas de júri, Erick Jacquin e Paola Carosella. Não me opus a nada, inclusive já conhecia o Jacquin de uns eventos, e então estava definido o trio. No começo, era algo um pouco diferente: um estúdio gigante, muitas câmeras, roteiro e marcações, mas consegui me adaptar. Algumas pessoas falam que eu faço um certo tipo, mas o programa tem um formato. Primeiro avalio o prato e não posso demonstrar minha opinião. Na essência, eu sou aquilo ali. O MasterChef deu muito certo. Já está na oitava temporada, o interesse é cada vez maior e ganhou uma dimensão muito grande, até fora do país. Recebo mensagens do Japão, da Austrália e essa exposição foi muito boa para mim. As pessoas falam que se inspiram muito com a possibilidade de uma nova profissão. Muita gente vem me dizer, também,
que passou a cozinhar direto em casa. Fazer comida é uma terapia, uma diversão. A gente nasce comendo e morre comendo...
Uma vez, durante o MasterChef, você comentou sobre a sua frustração de não poder cozinhar para uma de suas filhas, que é especial...
Sim, a Olívia, que tem quase 11 anos e é a mais velha. Tem também o João, com nove anos, e a Maria Letícia com dois. Quando nasceu, a Olívia não chorou e a gente foi vendo que ela era diferente. Fomos em busca, de todas as formas, de descobrir o que era, mas não achamos até hoje e aí fica mais difícil de cuidar. Ela é portadora de uma síndrome rara, muito específica: não fala, não anda, fica em uma cadeirinha e se alimenta por uma sonda. De vez em quando, faço umas papinhas e dou na boca. É extremamente limitada, precisa ser estimulada e procuramos dar o máximo de conforto. Ela é um anjinho. Quando você viaja, vai em busca de novos sabores?
Gosto de viajar para comer, inclusive. Vou aos lugares, mas meu foco é conhecer restaurantes. Infelizmente, não gosto de estudar. Isso é algo ruim para mim, talvez eu pudesse ser muito melhor. Então, o meu grande investimento é viajar e comer. Vou a restaurantes, como um negócio que acho 25
legal, vejo uma coisa legal aqui, um detalhe ali, e acabo transportando essas inspirações para as minhas criações. E a parceria com Evoke?
Conheço o pessoal da Evoke há quase dez anos e temos muito em comum. O lifestyle e a forma de ver a vida nos uniram. Sempre fui 100% Evoke, tenho um monte de óculos da marca. Já havia esse desejo de criar a coleção e, há pouco mais de um ano, resolvemos fazer, aproveitando minha exposição na televisão e o fato de o público gostar do jeito que eu sou. Deu super certo! Você participou da criação?
Sim, a gente conversou sobre várias coisas para criar um contexto, inclusive sobre a frase que estampa o interior das hastes (“Conteste, preserve e evolua”), que eu acredito e aplico no meu cotidiano: a contestação, que vem do meu lado punk, a preservação do que é importante na vida e o ato de evoluir sempre. Você precisa usar óculos mesmo?
Tenho miopia e presbiopia; uso lentes multifocais, mas não fico de óculos o tempo todo. De que ingredientes o Fogaça é feito?
De verdade, determinação, vontade e lealdade.
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AH3175 01A | www.oculosanahickmann.com.br
Boucheron
Olhar de diamante Em meio às comemorações pelos 160 anos e à renovação de seu icônico endereço na Place Vendôme, a francesa Boucheron leva elementos da alta joalheria para o design das coleções de eyewear.
Serpent Bohème: clássicos da joalheria Boucheron. Viagem no tempo: a loja na Place Vendôme, hoje e no passado. Ícones: a padronagem Clou de Paris presente nas peças Quatre, que reúnem quatro símbolos Boucheron (a alta costura, o pavimento das ruas, o brilho das pedras e o amor eterno)
modelo BC0052S 002
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Fundada em Paris no ano de 1858 por Frédéric Boucheron, a marca foi a primeira a se instalar na histórica Place Vendôme, em 1893, que logo se tornou endereço das mais luxuosas joalherias francesas, sem falar no hotel Ritz. A forte conexão com o endereço não somente inspira clássicos das joias da grife – a exemplo de Clou de Paris, cujo desenho presta homenagem ao pavimento de pedra da praça – como rendeu este ano uma exposição comemorativa aos seus 160 anos, intitulada “Vendôrama”. O aniversário ainda foi marcado pela renovação do prédio histórico no número 26, ocupado pela flagship Boucheron. Desde meados de 2017, a Kering, grupo do qual a marca faz parte, promoveu obras
para restaurar e preservar a arquitetura original do edifício, que antes abrigava um hotel e já teve o apelido de “mansão da luz”, por conta de sua farta iluminação natural ao longo do dia. Nos óculos, a marca aplica a expressão “haute lunetterie”, trocadilho com termos em francês que remete à sua alta joalheria. Com foco em três pilares – inovação, criatividade e artesania –, o design reverencia coleções e padronagens clássicas da casa. Além dos traços modernos do desenho Clou de Paris, aplicado em hastes e detalhes de modelos solares, e dos óculos da coleção Quatre, destaca-se também uma seleção que resgata a famosa textura de cobra da coleção Serpent Bohème.
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Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . E V OK E
Evocando o futuro Pioneira na tendência das collabs criativas, a marca mais transgressora da GO traz novidades com o lançamento de solares femininos, acetato que muda de cor e máscaras futuristas que fazem parte da coleção assinada com a Cartel 011.
modelo The Godmother
modelo Unique
Marca brasileira de óculos mais inovadora de seu tempo, consolidada a partir da paixão por ideias revolucionárias e da constante sinergia criativa com os universos da arte, da música, do esporte e da moda, a Evoke traz novidades em seu portfólio. Entre os destaques da temporada, estão novos modelos solares femininos, uma seleção cheia de estilo e originalidade para mulheres fãs da marca, sempre às voltas com os modelos unissex. A novidade chega na forma de três modelos, batizados como The Godmother, Unique e Super Cat. O primeiro tem estilo minimalista e oversized, com referências clássicas, mas cheio de personalidade,
modelo Super Cat
especialmente na versão Multi Color, com lentes espelhadas que mudam de cor de acordo com a luz do ambiente. Já o Unique se destaca por conta da sobreposição de formas geométricas e contrastes, em combinações de preto e branco, preto e azul e preto com glitter. O Super Cat se inspira no desenho gatinho da década de 50, mas em versão máxi, moderna e imponente. Esse, em especial, está disponível também em cores Thermo, tecnologia que faz os óculos mudar de cor com a variação de temperatura. A “mágica” ocorre quando a camada externa de tinta, em contato com o corpo (a, pelo menos, 35ºC) fica transparente, trazendo à tona uma segunda camada com textura.
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modelo Futurah
Quando a tendências são as máscaras, que voltaram a figurar nas ruas e nos rostos do mais antenados, a Evoke apresenta o Futurah, de design futurista, lente única e linhas angulosas e marcantes. Disponível em oito cores, o modelo ganhou edição especial por meio da collab Evoke x CZO, a etiqueta da multimarcas paulistana Cartel 011, com a customização dos óculos. As hastes foram revestidas manualmente com couro sintético e receberam pintura interna com efeito que remete à padronagem de chifre. A parceria ganhou uma campanha e os óculos estiveram presentes no desfile da CZO na 41º edição da Casa de Criadores.
Passarela: Evoke na Casa de Criadores, no desfile CZO - Cartel 011 por Cristian Resende © Marcelo Soubhia
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Fashion Eyes
Vol-01
2018
L i fe s t y le
O estilo natural de
I S ABEL
HIC K MANN
A modelo e futura Youtuber fala sobre seu estilo de vida, livre, natural e cheio de energia, tudo a ver com o espírito da Hickmann Eyewear, a marca da qual é um dos rostos desde 2014. fotografia MARCELA CECCELA TEXTO GRAZIELA canella
É difícil não se lembrar de Ana Hickmann ao ouvir o sobrenome de Isabel. Afinal, a irmã mais velha de Isabel consolidou-se como uma das mais bem-sucedidas modelos, empresárias e apresentadoras da tevê brasileira ao longo de mais de duas décadas de carreira. A referência, no entanto, para por aí. Aos 30 anos, com cabelos escuros, olhos castanhos, corpo atlético e espírito livre, Isabel – ou “Bel”, como é conhecida no mundo da moda e entre os amigos – já fez trabalhos para televisão mas, definitivamente, não tem interesse em seguir os passos da irmã Ana e prefere a liberdade de ter seu próprio canal no YouTube, por exemplo, focado em assuntos de sua preferência. Esse é um dos principais projetos de Bel no momento. E a carreira de modelo segue a todo vapor: inclusive como
rosto, espírito e estilo da marca de óculos Hickmann Eyewear, que integra o portfólio da GO Eyewear. Isabel despontou como modelo há quase dez anos, já aos 21 – bem mais velha do que boa parte de suas colegas de profissão e da própria irmã, que foi descoberta aos 15. Sem o menor interesse em ingressar nesse universo tão cedo e abrir mão da própria juventude, Isabel só deixou a casa dos pais, na gaúcha Santa Maria, e mudouse para São Paulo aos 17, para estudar Publicidade na FAAP. “Foi bom ter começado mais tarde na profissão, pois consegui me formar e aprender a viver em uma metrópole”, avalia Bel, que, logo no primeiro ano como modelo, fez mais de 45 desfiles entre São Paulo Fashion Week e Fashion Rio. “Além disso, ter estudado e estagiado
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em agências de propaganda me permitiu vivenciar o outro lado da profissão e entender a visão do cliente”, conclui. No Brasil, rapidamente Bel caiu nas graças de “padrinhos” de peso como o estilista Alexandre Herchcovitch, a jornalista Erika Palomino e o fotógrafo Bob Wolfenson. No exterior, viveu temporadas em Paris e Londres, onde conta ter tido a sorte de trabalhar com nomes como o fotógrafo inglês Nick Knight e de estar nas páginas das revistas Harper’s Bazaar, Vogue Alemanha e Pop, entre outras. Foi em Nova York, porém, que se estabeleceu por mais tempo – em cinco anos, caiu de amores pela cidade e trabalhou por várias temporadas para a Calvin Klein, então sob a batuta do brasileiro Francisco Costa. “Era como minha segunda família”, lembra. Nesse período, embora fosse modelo exclusiva da grife, foi liberada para fotografar a primeira campanha da Hickmann Bel na raiz As características que Isabel mais aprecia na profissão são o fato de não ter rotina e a possibilidade de poder incorporar várias mu-
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lheres diferentes e exercitar seu lado camaleoa, brincar com diferentes estilos – até porque, fora das passarelas e longe dos flashes, Isabel é essencialmente simples e básica. “Tenho muita sorte na vida, porque faço o que gosto e o que quero. Às vezes, tento escapar um pouco de responsabilidades, mas, quando acredito em um projeto, me entrego”, diz. A busca pelo equilíbrio é uma constante até mesmo na personalidade da modelo, que, ao mesmo tempo em que é urbana, ama estar perto da natureza e, mesmo sendo tranquila, admite gostar de viver intensamente. “Adoro uma mudança radical na vida. Levei apenas uma semana para voltar de Nova York a São Paulo quando tomei a decisão”, revela. O lifestyle de Isabel, mais palpável para o público quando retratado nas mídias sociais, tem cada vez mais fortalecido sua imagem de adepta de uma vida leve, o que acrescenta ainda mais credibilidade às marcas que a escolhem por esse perfil. Fã da corrida e da alimentação saudável, Isabel elegeu os alimentos orgânicos e sem lactose e evita carnes. É avessa à busca pela perfeição e prefere manter a aparência com saúde, sem neuras. Namora há dois anos,
O que não pode faltar no seu closet? Calça, jaqueta de couro, camiseta e tênis. Cidade ou campo? Sou super urbana, mas vim do interior e venho conhecendo um lado da minha personalidade mais conectado com a natureza. Praia ou montanha? Gosto de praia, mas cresci no campo e adoro um clima de montanha. Calor ou frio? Frio. Óculos redondos ou estilo gatinho? Redondos.
Um ritual de beleza? Sempre tiro a maquiagem, lavo o rosto antes de dormir e, pela manhã, uso água termal. Quando sinto a pele muito ressecada, passo óleo de coco. Óculos foscos ou brilhantes? Foscos, mas aos poucos estou me abrindo para o brilho! Qual seu lugar favorito no mundo? Nova York. O que é São Paulo para você? Ao mesmo tempo em que a cidade é minha casa, é desafiadora. São Paulo me fez aprender a viver em equilíbrio, apesar do estresse, do trânsito e da poluição.
Jogo Rápido com Bel Hickmann
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Hickmann Eyewear Site Facebook Instagram @hickmanneyewear
tro lado, o assédio acontece e incomoda. Quero conversar sobre esses assuntos com pessoas que possam acrescentar conhecimento”, planeja. Outro tema de seus vídeos será uma espécie de desafio que consiste em fazer programas pela cidade com R$ 50, incluindo transporte. “As pessoas pensam que sou rica por ser modelo, mas não é bem assim. Gosto de descobrir possibilidades de diversão a preços acessíveis”, revela. Sobre ser rosto da Hickmann, Isabel conta que tem orgulho de ter participado de todo o processo de evolução da marca desde o começo, em 2014. “É uma marca cool, jovem e agrega diferentes estilos em um. Isso mudou minha própria relação com óculos – se antes eu tinha apenas um ou dois, bem básicos, para usar o tempo todo, hoje já me arrisco e me divirto usando novas cores e formatos”, diz a top.
Isabel Hickmann Facebook @isabelhickmann1 Instagram @isabelhickmann
mas evita expor o relacionamento e o glamour que incorpora em campanhas está longe de suas escolhas de vida – no dia a dia, Bel anda de metrô, vive em um pequeno estúdio na capital paulista e orgulha-se de garimpar algumas das melhores peças de seu guarda-roupa em brechós ao redor do mundo, paixão que só reforça sua bandeira de sustentabilidade, optando apenas por investir em bons acessórios de tempos em tempos, daqueles feitos para durar. É verdadeiramente uma “Simple Bel”, como bem diz o nome de seu canal na plataforma digital, que terá vídeos sobre o que interessa à modelo, desde aprender a fazer uma horta orgânica em casa e participar de uma corrida até como reformar roupas usadas. Também pretende receber convidados para uma espécie de talk show. “Não tenho convicções políticas nem levanto bandeiras. Sou a favor do feminismo, mas acho que as pessoas estão muito radicais, por ou-
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Pronto para
Guccificar?
A visão de negócio, a capacidade de reinvenção e a estratégia de branding que sustentam a estética do absurdo na moda do italiano Alessandro Michele, o diretor criativo de uma das grifes mais badaladas do momento, a icônica Gucci.
Não é de hoje que as maiores e mais luxuosas grifes de moda do planeta perceberam o poder da reinvenção. Definitivamente, a indústria fashion não pode se permitir mais viver apenas de clássicos. Tanto o público de um desfile quanto aqueles que visitam uma loja esperam, no mínimo, uma experiência. Mas, no fundo, o que desejam, é o arrebatamento. Eis que nesse contexto a quase centenária Gucci, casa italiana de moda que, como muitas de suas compatriotas, evoluiu de um pequeno negócio familiar para um império, volta a ser chamada de a marca mais
quente do momento e isso quando se pensava que o auge de sua capacidade de transformação tinha ficado lá na década de 90, com a impetuosa e inesquecível subversão da imagem proposta pelo texano Tom Ford. Um grande responsável por esse novo frenesi em torno da Gucci é o italiano Alessandro Michele, que assumiu a direção criativa em janeiro de 2015, logo após a estilista Frida Giannini e seu noivo e então CEO da marca, Patrizio di Marco, terem deixado seus cargos um mês antes do previsto. Michele, então designer de acessórios da casa, já teve de chegar ao novo emprego operan33 44
do milagres: dizem que preparou em apenas cinco dias o desfile de moda masculina que marcou sua estreia. Seu estilo exuberante, original, andrógino, fantasioso, mezzo retrô mezzo futurista surpreende na passarela, mas o sucesso da grife se dá pelo cuidadoso trabalho de branding. Desde a primeira coleção, Michele reintroduziu em cada look, quase imperceptivelmente, as grandes referências da marca – elementos de verde e vermelho, bambu, selas de montaria e monogramas. Até as combinações mais elaboradas são compostas por uma seleção de peças e
Há mais de 15 anos na Gucci, Alessandro Michele assumiu a direção criativa em 2015 e mudou os rumos da marca.
A apresentação nada convencional dos estravagantes oculos que fazem parte da coleção fall 2017
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acessórios que, separados, têm enorme potencial de venda. E dá-lhe venda. No ano passado, a cada trimestre encerrado, a marca divulgou índices impressionantes de crescimento – respectivamente, 48%, 39% e 49% nos três primeiros, melhor resultado dos últimos 20 anos. Com o aumento das vendas on-line na casa dos três dígitos no terceiro trimestre, calcula-se que o faturamento em 2017 tenha chegado a € 6,2 bilhões até o fim do ano, posicionando a Gucci como a mais rentável do grupo Kering. O valor de marca está estimado em € 262 bilhões.
A indicação de Michele não foi acaso, mas um dos vários acertos do executivo italiano Marco Bizzarri, que assumiu a cadeira de CEO determinado a fazer a marca voltar a crescer e a acabar com a cultura do medo que, a seu ver, impedia a liberdade criativa dos funcionários. “Quando entrei na Gucci, Alessandro Michele trabalhava há mais de 15 anos lá e sequer estava na lista de candidatos para diretor criativo”, comentou durante um bate-papo em São Paulo, no ano passado. Considerado gênio na gestão de marcas, Bizarri orquestrou profundas mudanças nas áreas de produto, comunica35
ção, lojas, digital e logística. Uma de suas grandes sacadas, por exemplo, foi conectar dados sobre o que é vendido nas lojas diretamente com as unidades de produção, para garantir que as peças mais adoradas não faltassem nos estoques. Há quem diga que o termo “Guccification” foi criado pelo mestre Yves Saint Laurent para reclamar do “excesso de informação” de uma de suas coleções prêt-à-porter. Opiniões mais contemporâneas atribuem a origem dos verbetes a um esquete do ator James Franco para o site Funny or Die, no qual o astro finge não saber a pronúncia
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de Gucci, ou ainda à canção Crucify, de Tori Amos, trilha sonora de uma festa da grife. De qualquer forma, em comparação com a ideia não muito bem recebida de Hedi Slimane de tirar o “Yves” de Saint Laurent, pode-se dizer que a experiência de Michele ao subverter um nome foi mais leve e divertida – e um dos motivos que levaram o e-commerce da grife a estourar de vender em 2017. No Insta - Mais uma razão para explicar o recorde das vendas on-line é o fato de que a Gucci de Alessandro Michele “bomba” muito na internet, especialmente no Instagram. Na rede social com mais de 800 milhões de usuários ativos, é inegável o alcance de uma exposição como o post de Rihanna vestindo Gucci da cabeça aos pés, há pouco mais de um mês, com quase 4 milhões de curtidas. O próprio Alessandro Michele é um suces-
so na rede, apontado recentemente como o designer de moda com maior índice de engajamento – ou seja, seu número de seguidores não está entre os mais altos, mas surpreende pela quantidade de curtidas e comentários em suas publicações. Engajado - Se responsabilidade social e posicionamento político não saem de moda, Alessandro Michele também fez bonito ao anunciar, dois dias após seu apoteótico desfile de inverno, que a Gucci doaria US$ 500 mil para a March for our Lives, manifestação pública marcada para 24 de março, em Washington, em defesa do controle da venda de armas de fogo nos Estados Unidos. O movimento, liderado por sobreviventes do recente ataque a tiros no colégio Parkland, recebeu doações do mesmo calibre de celebridades como Oprah Winfrey e George Clooney. 33 66
Cabeça feita - A cada temporada, os desfiles de Alessandro Michele para a Gucci são um espetáculo à parte no calendário internacional, mas talvez nenhum deles tenha sido tão comentado quanto o último outono-inverno 2018, em fevereiro. O estilo consagrado de Michele estava lá, saturado e excessivo, propositalmente estranho, levantando dúvidas sobre padrões de beleza e feiura. Há quem tenha visto uma ode à diversidade no desfile de figuras incomuns, sem gênero, ora carregando a própria cabeça debaixo do braço, ora acalentando um filhote de dragão nos braços. O desfile foi resultado de seis meses de trabalho na criação das roupas e também das criaturas, que ganharam vida graças ao estúdio de efeitos especiais Makinarium, em Roma, que tem no currículo filmes de cineastas como Ridley Scott e Danny Boyle.
MARCUS TONDO - INDIGITAL.TV
Gucci Fall 2018 Ready-to-Wear Fashion Show
Alexander McQueen
Herança punk Das tachas e dos alfinetes ao perfeccionismo, o legado de Alexander McQueen permanece vivo nos pequenos detalhes e nos óculos que compõem as coleções de sua pupila Sarah Burton.
kim weston arnold - INDIGITAL.images.com
Passado recente: o desfile masculino de inverno 2016 deu o que falar por conta dos ostensivos piercings faciais. Coleção Metamorfose: no desfile mais recente, em março, referências punks dividiram a passarela com besouros, insetos e borboletas. Verão 2018: tachas, couro e alfinetes combinaram-se à alfaiataria primorosa e a delicados florais
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Na década de 90, a cena londrina viu surgir um de seus grandes gênios contemporâneos, que sabia como poucos valorizar o contraste da estética britânica, carregada de tradição e rebeldia. Tinha, ainda, o dom de moldar um vestido direto no manequim com precisão, agilidade e elaboradas técnicas manuais. Até a morte de Alexander McQueen, em 2010, a estilista Sarah Burton já era seu braço direito por 14 anos, o que tornou menos difícil a tarefa de assumir o lugar do criador da marca, posto que ocupa até hoje. Responsável pelo vestido de noiva da duquesa de Cambridge, Kate
Middleton, e já listada entre as 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista norte-americana Time, Sarah consegue manter a essência do mestre em cada coleção e empresta fortes elementos visuais das roupas da marca para o design de óculos. Símbolos como tachas, piercings e caveiras, sempre revisitados nos desfiles da grife em releituras sofisticadas, atribuem aos óculos a essência punk chic de McQueen, seja de forma sutil, nas charneiras, seja ostensivamente, como na barra que remete a um piercing atravessando o frontal de um dos modelos.
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Vanguarda centenária
Inovadora e lançadora de tendências no universo da joalheria há mais de 170 anos, agora a Cartier exercita todo seu potencial avant-garde no desenvolvimento de óculos, capitaneado pela parceria entre Kering Eyewear e Richemont.
A icônica marca parisiense de joias e relógios, fundada em 1847 por Louis-François Cartier, estabeleceu seu renome ao redor do mundo graças a qualidade, perfeição artesanal e originalidade no design de suas coleções, muitas vezes de forma vanguardista. Com a inovação no DNA, a marca lançou desde relógios de pulso com tiras de couro, que popularizaram o modelo, a pedido do aviador Santos Dumont, até peças opulentas de alta joalheria inspiradas na fauna e na flora, cravejadas de pedras coloridas para dar vida a desenhos de flores e animais. Nos últimos anos, lançou mão também de recursos de última geração, como tecnologia 3D, para aprimorar a flexibilidade, o movimento e o ajuste das joias, a fim de atribuir-lhes ainda mais leveza.
Esse legado de inovação agora se faz mais evidente também no design de óculos, especialmente após a negociação firmada em 2017, que integrou a Maison Cartier Lunettes, unidade produtiva responsável pela fabricação de óculos Cartier em Sucy-en-Brie, nos arredores de Paris, à Kering Eyewear. A mudança se deu a partir de uma parceria estratégica entre dois grandes conglomerados de luxo – Kering Group e Richemont (proprietária da Cartier) – que uniram suas operações para aprimorar todo desenvolvimento, fabricação e distribuição da Cartier Eyewear, aplicando conceitos e tecnologias ao portfólio de grifes da Kering. No acordo, a Richemont adquiriu 30% da Kering Eyewear. A parceria mostrou a que veio logo na pri33 88
meira coleção e representa um feliz casamento de expertises, atribuindo um tom mais moderno e versátil aos óculos da marca francesa, sem abrir mão de materiais nobres como ouro, madeira, titânio e detalhes como pintura esmaltada e couro. A evolução também é visível nas novas campanhas de eyewear, com um clima mais fashion e descontraído. A alta joalheria ainda está presente em símbolos como Panthère ou Trinity, além de fortes referências visuais aos clássicos Cartier – como os parafusos da linha Santos, homenagem ao relógio de Santos Dumont, ou ainda a letra “C”, presente em pontes e hastes –, mas com apelo fashion pronto para agradar a um público mais amplo, ainda que não menos exigente.
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1975
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História de ícones Com elementos visuais bem próprios, é fato que a maioria das joias Cartier é facilmente identificável, tanto pelo uso de símbolos em várias peças comerciais quanto por inspirações recorrentes, como flores e animais. Esse fenômeno de branding se dá, ainda, por conta da associação da marca a uma lista de peças icônicas, como o colar feito em 1975 com dois crocodilos entrelaçados, cravejados de esmeraldas, brilhantes e rubis, ou ainda o broche em forma de flamingo cravado com pedras coloridas que pertenceu à Duquesa de Windsor, Wallis Simpson. A relação da Cartier com a monarquia inglesa é de longa data. Quando coroado rei, em 1901, Eduardo 7º da Inglaterra encomendou 27 tiaras e fez a melhor propaganda de Louis Cartier ao declarar que era o “joalheiro dos reis e o rei dos joalheiros”.
Assim, a realeza britanica o tornou seu fornecedor oficial, exemplo seguido por outros impérios, não somente europeus, mas também orientais. Além da alta joalheria, composta por peças únicas, a Cartier ainda tem seus sucessos comerciais. Talvez o maior deles, a linha Love nasceu a partir de um bracelete criado pelo designer da casa Aldo Cipullo, em 1969, com mecanismo de fechamento desenvolvido para abrir somente com o uso de uma chave específica, que acompanhava a peça. Literalmente, um lacre! Unissex, o bracelete é decorado com desenhos que remetem a parafusos. A analogia com algemas e cintos de castidade despertou o interesse do público e logo a peça tornou-se símbolo de fidelidade e amor eterno. Dois anos depois, Cipullo criou uma nova pulseira na forma literal de um prego torcido, porém a coleção Juste um Clou (ou “apenas 39
um prego”) só foi oficialmente lançada em 2012, quando o desenho tomou a forma de anéis, colares, abotoaduras e brincos. 1975: um dos favoritos da atriz mexicana Maria Felix, o colar de crocodilos cravejados de diamantes, esmeraldas e rubis 1967: com ar surrealista, o modelo Cartier Crash foi supostamente inspirado em um relógio derretido encontrado em destroços de um acidente 1936: o colar Tutti Frutti, adornado por enormes safiras e esmeraldas O broche de flamingo que pertenceu à duquesa de Windsor Joga a chave: pulseira Cartier Love Juste um Clou: criação de 1970 ganhou coleção própria em 2012
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A nova visão da Cartier Entre os ícones Cartier, destacam-se algumas referências para o desenvolvimento da atual coleção de óculos: Trinity, Panthère, Santos, Signature C e Precious.
Trinity Uma das coleções mais antigas da casa, criada pelo próprio Louis Cartier em 1924 a partir de um anel, a linha se mantém até hoje e é caracterizada por três aros interligados de cores diferentes. Normalmente são feitos de ouro branco, ouro amarelo e ouro rosa (que simbolizam, respectivamente, amizade, fidelidade e amor), mas há variações como argolas cravejadas de brilhantes no lugar do ouro branco. A linha inclui pulseiras, colares e brincos com visual moderno mas, naturalmente, seus anéis são um hit e muito usados como alianças de casamento 1-Trindade: o anel Trinity e seu simbolismo de amizade, fidelidade e amor. 2 - Oculos Trinity (CT0089S 001) Panthère Muitos animais já serviram de inspiração para as joias da marca mas, talvez, nenhum tenha sido tão associado à Cartier quanto a pantera. Diz a lenda que, em 1914, Louis Cartier comprou uma pintura que retratava uma pantera aos pés de uma mulher e, no mesmo ano, experimentou recriar, com dia-
mantes e pedras preciosas, uma textura de animal print em joalheria. A designer contratada em 1918 e nomeada diretora criativa em 1933, Jeanne Toussaint, foi responsável pela perpetuação da obsessão de Cartier pela pantera, conquistando clientes como a atriz mexicana Maria Felix e a socialite norte-americana Barbara Hutton. Em 1935, a marca lançou uma nova técnica para reproduzir as manchas do animal, usando esmalte preto sobre ouro. Até hoje, o ícone aparece em anéis, broches, relógios, colares, brincos, pulseiras e óculos. 3 - Oculos Panthère (CT0030S 001) 4 - Anel Panthère: versão esmaltada. Pulseira Panthere: ícone da alta joalheria. Santos Amigo de Louis Cartier, o aviador brasileiro Alberto Santos Dumont fez um pedido, em 1904, que viria a se tornar um dos grandes sucessos da Cartier, a linha Santos. Tudo começou quando Dumont pediu a Cartier que tentasse inventar um relógio mais prático do que os modelos de bolso da época, que não eram muito fáceis de manusear pelo menos, não enquanto tentava manter o avião no ar. Na época, os poucos modelos de pulso que existiam eram femininos, com ares de alta joalheria. Com linhas geométricas, pulseira de couro e parafusos aparentes (mais um ícone), a criação de Cartier para o amigo tornou-se hit e realmente 44 00
popularizou o conceito de relógio de pulso que se conhece hoje. 5 - O relógio Santos, um tributo ao brasileiro Santos Dumont
Signature C. Nos anos 1970, a Cartier lançou como símbolo da marca um monograma com dois “C” entrelaçados, com formato angular bem no meio das letras, formando uma espécie de ponta. Elegante e atemporal, a referência é inserida nos óculos de inúmeras maneiras e muitas vezes quase imperceptível – por exemplo, quando aparece no contorno da ponte, visível por cima, ou quando “abraça” as hastes, quase em forma de fivela. 6 - Oculos Signature C (CT0013S 002)
Precious. As coleções de óculos ainda incluem a categoria Precious, compostas não somente por um ícone em particular, mas pelo conceito de alta joalheria. Ali reúnem-se armações de três peças feitas de ouro maciço, verdadeiras joias para os olhos. A inspiração vem dos primeiros óculos de ópera com toque de joalheria desenvolvidos pela marca – como o legendário Tiger Lorgnette, feito em 1954 para a Duquesa de Windsor. 7 - Olho do tigre: a peça feita para a Duquesa de Windsor inspira a linha de eyewear de alta joalheria
BOTTEGA VENETA
Trama italiana
Principal característica da Bottega Veneta, o elaborado Intrecciato permanece como um símbolo de elegância e primor artesanal há mais de 50 anos.
Tradição cinquentenária: o Intrecciato na bolsa Roma e em uma versão masculina, colorida. Na passarela do verão 2018, o Intrecciato andou lado a lado com os óculos Surface to Lens. Trama na prata: anel Bottega Veneta
modelo BC0052S 002
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modelo BC0052S 002
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A história do famoso trançado da Bottega Veneta, chamado “Intrecciato”, se confunde com a própria origem da marca italiana, que nasceu em, 1966, da produção artesanal de acessórios de couro, e cujo nome significa, em italiano, “loja veneziana”. Conta a história que a região do Vêneto, onde foi fundada, era tradicionalmente têxtil, e por isso não contava com máquinas de costura adequadas, nem artesãos preparados para manusear couro de forma convencional. As oficinas locais tiveram, então, de encontrar um material adaptável às máquinas disponíveis, e logo passaram a utilizar um couro superfino e maleável, porém trançado, para obter acessórios mais resistentes e duráveis.
O Intrecciato não demorou a se tornar sinônimo de Bottega Veneta e sua textura está presente não somente em bolsas, cintos, carteiras, sapatos e vários outros acessórios de couro em todas as coleções. Nos óculos, também é presença garantida e, nos novos modelos, aparece em relevo nas hastes, nas lentes ou ainda, em destaque, com aplicação de couro colorido no frontal. Outros estilos da temporada, vistos na passarela do verão 2018 da marca, são os conceitos Surface to Lens, de armações minimalistas com lentes amplificadas, redondas ou quadradas, ou ainda o Thick Lens Monocolor, resgate moderno da armação de estilo flutuante, com hastes parafusadas nas lentes.
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Fashion Eyes Volume 1 - 2018 - L i fe s t y le
Missão cumprida
Dinâmico e em constante movimento, o homem T-Charge aprecia design, funcionalidade, tecnologia e não abre mão do conforto. Criada pela GO Eyewear em 2012, a T-Charge é a única marca de óculos essencialmente masculina do portfólio da casa. Cada detalhe, desde o design até a escolha dos materiais e, principalmente, características como ajuste, caimento e leveza são cuidadosamente pensados para agradar a esse público que se preocupa com a imagem, mas não aceita vestir nada desconfortável em nome da moda. Ao longo dos anos, a marca busca se reinventar e modernizar, em sintonia com seu público. A partir de um elaborado storytelling, conseguiu definir uma identidade visual que faz o homem T-Charge se ver como personagem das campanhas: um cidadão do mundo, elegante, sempre em
movimento e, por que não, com um quê de mistério. Uma delas, por exemplo, teve como base uma trama de ação, em que um hipotético T-Agent, interpretado pelo ator e modelo norte-americano Josh Duhamel, que atuou na série Las Vegas e em dois dos filmes da franquia Transformers, tem como missão recuperar o protótipo de um par de óculos misteriosamente desaparecido. Para fortalecer a imagem cosmopolita, as quatro últimas campanhas tiveram grandes cidades no papel coadjuvante – Los Angeles, Londres, Barcelona e São Paulo. A primeira inspiração para o nome “T-Charge” traduz o espírito de seu público-alvo: é a expressão, em inglês, “take charge”, isto é, “assuma o controle”. Na evolução da marca, 42
o “T” de T-Charge que, no início, era referência para o titânio, primeira e principal matéria-prima de suas peças, também ganhou novos significados. Atualmente, pode ser atribuído a pelo menos três palavras: “titânio”, “tecnologia” e “tendência”. Com peças segmentadas por categorias como stylish, sport e casual, as coleções hoje incluem também óculos de acetato, fibra de carbono, madeira de reflorestamento do tipo maple, além de lentes polarizadas nos solares. No quesito tecnologia, a marca se destaca por inovadoras como charneiras sem mola (T-Flex, inspirada na engenharia das pulseiras dos relógios) e abertura de hastes com um clique (Slide).
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modelo T6171 H02
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modelo T9087 G21
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T-Charge ao redor do mundo 2014 Los Angeles O ex-modelo e ator norte-americano Josh Duhamel estrelou a primeira série da nova era da marca, que teve como locação a Goldstein Residence, mansão do milionário James Goldstein, em Beverly Hills – também usada nas filmagens de As panteras detonando. Na produção, o fotógrafo de moda israelense baseado nos Estados Unidos, Yossi Michaeli, direção de arte de Guilherme Rex e estilo assinado por Alex Shera. 3 e 4 - T-Charge: astro de Hollywood, mansão cinematográfica e trama com direito a agente secreto
2015 Londres Da terra do cinema para a terra da rainha. O
modelo britânico Simon Clark, rosto de várias campanhas de moda, foi o eleito para a nova “missão” da T-Charge e posou para as lentes do fotógrafo inglês Mark Sanders, em locações como Bank Station, Pottery Park, Shad Thames e St. Katharine’s Pier. 2 - T-Charge: foco no homem dinâmico e sofisticado
2016 Barcelona Mais uma vez em solo europeu: dessa vez, o cenário é Barcelona. O modelo holandês Frank van de Velde foi clicado pelo fotógrafo de moda catalão Sergi Pons, em locações como o histórico Barri Gòtic e o Passeig de Gràcia, a badalada avenida que abriga várias das obras-primas do arquiteto símbolo 43
da cidade, Antoni Gaudí, como a Casa Milà, também conhecida como “La Pedrera”. 1 e 5 - Making of: cenários para lá de privilegiados em Barcelona
2017 São Paulo Seguindo seu ar cosmopolita, a T-Charge desembarcou em São Paulo, onde foram escolhidas locações icônicas como os arredores do Teatro Municipal, no centro da cidade, o heliponto do World Trade Center e as ruas do bairro dos Jardins. O modelo Cláudio Avilla foi fotografado por Christian Gaul, com beleza de Daniel Lacerda e styling de Kika Cabrera. 6 - T-Charge: São Paulo é a nova parada da marca
Fashion Eyes
Vol-01
2018
MARCAS
Múltipla personalidade Criada em 2006 pela GO para atender a um público de estilo jovem e dinâmico, antenado com os modismos e a cultura pop, a Atitude Eyewear representa esse espírito na forma de óculos com design criativo, lentes espelhadas e cores atuais por preços acessíveis. Tendo a cantora Wanessa Camargo como rosto da marca desde a primeira campanha, a Atitude vem há algumas temporadas assumindo seu lado plural, somando, à sua história, outros ídolos que representam essa geração. Foi assim que os Youtubers Maju Trindade e Leo Picon chegaram, aproximando ainda mais a Atitude do universo digital e do público conectado. #DeuMatch com Maju e Leo. Os influencers protagonizam a campanha #DeuMatch, com cliques que retratam o lifestyle da dupla, feitos no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, pontuados por frases como “quem procura acha”, “na dúvida acelera” e
“vem que tem”, entre outras. Com enorme popularidade na internet (Maju tem mais de 5 milhões de seguidores no Instagram e Leo soma 2,6 milhões), ambos representam o estilo e a atitude da geração Y. Aline Barros. A cantora carioca que tem número recorde de seguidores no Facebook (15 milhões) também é uma das amigas da marca e assina as peças que veste. A linha inclui seis modelos solares e dois de grau que refletem sua personalidade em cores, design e materiais. Sempre junto. A cantora Wanessa Camargo Buaiz foi a síntese visual da Atitude por mais de uma década antes de assinar linha própria, reforçando ainda mais o vínculo de seu estilo com a marca. Agora, como cocriadora da Atitude by Wanessa Camargo, a musa endossa suas peças-desejo – ao todo, são seis desenhos solares e seis de receituário.
Só no grau: Wanessa estrela com o modelo AT4122 T01
A cara dela: o modelo AT5367 G21 dá o toque final ao look de Wanessa
Meme: os modelos de grau AT4076 D02 e AT4069 T01 ilustram a frase Ação e reação
Vai no flow: destaque para os espelhados AT5327 A01 e AT3182 D01
Aline moderna: na coleção da cantora, se destaca o solar AT5315 T01, com detalhe na ponte
Versátil: Aline posa com a armação de linhas retas AT4101 A01
Jovem e democrática, a Atitude Eyewear reforça sua pluralidade de estilos ao trazer campanha com digital influencers e linhas assinadas por amigas de longa data da marca.
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Speedo muito além das piscinas
Lá se vai mais de um século que o escocês Alexander McRae fundou a Speedo em solo australiano. De lá para cá, tamanha sua força, a marca tornou-se sinônimo de sunga na língua inglesa e reforçou seu portfólio com um leque imenso de produtos pelo mundo afora. E, em 2004, incorporou os óculos a seu universo no Brasil, assinando contrato com a GO Eyewear, que cria e produz óculos de sol e de receituário para homens, mulheres e crianças, de acordo com o lifestyle da marca.
modelo Flowride T01
modelo SP1361 02A
modelo SP1364 06A
Além de óculos, a Speedo apresenta também artigos esportivos para diversas modalidades, acessórios e roupas com tecnologia especial
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fofura para todos os lados
Para o público infantil que ama as fofurices do universo Jolie, das garotas Júlia, Olívia, Isabela e Elisa e seus pets, o que não faltam são opções de itens de papelaria, festa, roupas e acessórios para dar aquele toque final ao look, inclusive os óculos. Em opções solares e de receituário, a coleção distribuída pela GO Eyewear esbanja charme e estilo.
modelo SUN JO9000 T02
modelo JO6048 H02 RX
modelo JO6047 H04 RX
O universo Jolie é composto por itens que tornam ainda mais cor-de-rosa o dia a dia das meninas
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Bulget
Celebridade instantânea Nenhuma marca de óculos brasileira, nos últimos tempos, desfilou tantos famosos em sua comunicação com o público como a Bulget Occhiali. A bela da vez é a atriz global Flavia Alessandra, com direito à coleção própria.
Feita para brilhar: os snapshots de Flavia Alessandra para a atual. Alguns dos famosos que posaram para a Bulget ao longo dos anos. Guilhermina Guinle. Otaviano Costa
modelo BG5096 A01
modelo BG5128 T01
modelo BG4076 A01
modelo BG6266 G21
Pelas lentes da Bulget, já passaram famosos como Edson Celulari, Guilhermina Guinle e Fabio Assunção. E, desde 2014, a marca própria da GO tem Flavia Alessandra como estrela principal, que conta com o privilégio de assinar a linha que leva seu nome: Bulget by Flavia Alessandra. São oito modelos, divididos igualmente entre solares e receituário. O acetato predomina como matéria-prima, enquanto o metal dá o toque final em hastes e charmosos detalhes.
Depois de referências em campanhas anteriores - como o filme La Dolce Vita de Federico Fellini a região francesa da Provença ou os Hamptons nova-iorquinos - nesta temporada, a produção, clicada em um estúdio carioca, segue o conceito da fotografia instantânea ou, “snapshot” em inglês, com direito a flash estourado e fundo branco, conferindo um resultado mais fashion.
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Fashion Eyes Volume 1 - 2018 - F a s h i o n i s m o
Saint Laurent
A grife francesa foi fundada em 1961 com o nome de seu criador, Yves Saint Laurent, um dos nomes mais importantes da moda do século 20, responsável pela ascensão da alta costura parisiense e, ao mesmo tempo, pela popularização do prêt-à-porter. Após a memorável despedida do mestre das passarelas em 2002, novos e audaciosos designers deram continuidade a seu legado no prêt-à-porter, entre eles Hedi Slimane e Anthony Vaccarello. TEXTO GRAZIELA canella
O homem Yves Henri Donat Mathieu-Saint Laurent nasceu em 1º de agosto de 1936 em Orã, na costa da Argélia, então colônia francesa. Teve interesse por moda desde a infância, quando criava roupas em bonecas de papel, e, na adolescência, já desenhava vestidos para a mãe e as irmãs. Aos 17 anos, foi estudar na École de la Chambre Syndicale de la Haute Couture, tradicional instituição de ensino de moda parisiense, onde chamou a atenção da maison Dior, que o contratou como assistente de modelagem. Em pouco tempo, já apresentava croquis para as coleções de alta costura e, após a morte de Dior, em 1957, o jovem estilista foi no-
meado diretor criativo. Na estreia, Saint Laurent criou seu primeiro hit – o vestido trapézio, de ombros estreitos e saia evasê, que lhe rendeu o prêmio Neiman Marcus pela contribuição à moda, em 1958. Durante seu desfile de estreia, segundo a jornalista de moda Marie-José Lepicard, o público se entreolhava e dizia que a França “estava salva”. Logo nos primeiros anos, Saint Laurent transformou a moda das ruas de Paris, até ser convocado pelo exército para a Guerra de Independência da Argélia, em 1960. Voltou poucos meses depois, mas seu lugar na maison já havia sido ocupado pelo londrino Marc Bohan.
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Verão de 1962: croqui e look da coleção de alta costura Registro: Saint Laurent em ação na Christian Dior, em 1958. © Etienne Hubert
Ícone: logo criado pelo designer Adolphe Cassandre assim que a grife foi lançada, em 1961
O próprio: Yves Saint Laurent posou para a campanha de seu primeiro perfume masculino, Pour Homme, em 1971
Dezembro de 1961: Pierre Bergé e Yves Saint Laurent durante os preparativos para o primeiro desfile de sua marca de alta costura
A grife Com a ajuda de Pierre Bergé (que viria a ser seu companheiro, investidor, sócio e grande amigo até o final da vida), Yves Saint Laurent fundou sua marca própria, abrindo as portas de um ateliê na Rue Spontini, em Paris, em 4 de fevereiro de 1961. Lançou a primeira coleção pouco depois, estabelecendo-se como um estilista visionário, capaz de criar roupas práticas e libertadoras para as mulheres com bom gosto e sofisticação. Um dos marcos foi o lançamento do smoking feminino, em 1966, composto por calça masculina e blusa transparente – um escândalo para a época em que alguns lugares proibiam a presença de mulheres vestindo
calças. No mesmo ano, o estilista inaugurou a primeira boutique de prêt-à-porter Rive Gauche, cujo nome em francês refere-se à sua localização na margem esquerda do rio Sena, região de atmosfera boêmia. Ao longo das décadas seguintes, Yves Saint Laurent impulsionou a emancipação social e sexual feminina ao quebrar tabus, difundindo a transparência e a minissaia. Seu impacto cultural foi além do feminismo, já que também foi o primeiro a colocar modelos negras na passarela. Fim de uma era
Em 1999, Yves Saint Laurent e Pierre Bergé venderam a marca para o grupo PPR 49
(Pinault-Printemps-Redoute), rebatizado em 2013 como Kering, dono de grifes como Gucci, Bottega Veneta e Balenciaga. Saint Laurent continuou à frente das criações de alta costura e a linha Rive Gauche, antes assinada por Alber Elbaz, passou a ser comandada por Tom Ford, em 2000. Saint Laurent despediu-se do mundo da moda em 22 de janeiro de 2002, com um emocionante desfile de retrospectiva no Centre Georges Pompidou, encerrado por sua musa Catherine Deneuve, cantando Ma plus belle histoire d’amour, entre aplausos e lágrimas. Viveu recluso até 2008, quando morreu de câncer cerebral, aos 71 anos. Em setembro de 2017, Pierre Bergé morreu aos 86 anos.
Clássico: o icônico vestido de noiva em forma de casulo de 1965 também foi resgatado para o desfile de despedida. © Guy Marineau
Pura ousadia: transparência no inverno de 1968 © Peter Caine
Hora de dizer adeus: Yves Saint Laurent com Laetitia Casta, Catherine Deneuve e outras modelos vestindo smokings no desfile de despedida no Centre Pompidou, em Paris, em janeiro de 2002 © Guy Marin
Passarela: criações de Slimane para a Saint Laurent
1967: ao lado da top Ulla, exibiu o primeiro terno feminino
Contribuições de Yves Saint Laurent para a moda; Vestido trapézio; Saia inspirada em Paul Poiret, ajustada na barra; Jaquetas de couro preto; Suéteres de gola rolê; Bainhas adornadas com pele; Batas de jérsei, seda e cetim; Botas até a altura das coxas; Vestidos Mondrian; Smoking feminino; Calções de veludo com laços na bainha; Jaquetas estilo safári, as clássicas Saharienne; Terninhos e blazers femininos Novas gerações A aposentadoria de Yves Saint Laurent levou ao fim das coleções de alta costura, mas a marca seguiu com o desenvolvimento de
criações prêt-à-porter, assinadas pelo italiano Stefano Pilati até 2012, ano marcado por grandes transformações. A chegada do francês Hedi Slimane, ex-diretor criativo da Dior Homme, resultou em uma completa reformulação da imagem da marca, agora menos atrelada à figura de seu criador, o que causou certa indignação entre defensores do legado de Yves Saint Laurent. O logo com a sigla “YSL” deu lugar a apenas “Saint Laurent” na comunicação visual da maison, no entanto, o “YSL” continua sendo o monograma da grife, estampado em muitos produtos, inclusive em vários modelos de óculos. Além disso, o designer mudou o ateliê para 50
Los Angeles, lançou campanhas com figuras como os roqueiros Marilyn Manson e Courtney Love, assinou criações de alta costura e transformou o projeto arquitetônico da flagship store de Paris, mudança que seria perpetuada em outros endereços da marca. Apesar das polêmicas, as inovações de Slimane repercutiram positivamente nas vendas, que bateram a marca de € 1bilhão em 2015.
Reinado belga Em contraste à figura controversa de Slimane, o substituto apontado após sua saída foi o modesto e suave estilista belga Anthony
Passarela: Vaccarello para Saint Laurent em 2016, em Paris
Anthony Vaccarello: o atual criador da Saint Laurent
Sob o olhar de David Sims: Vincent Gallo para o verão 2018
1983: Yves Saint Laurent na coletiva de sua primeira exposição retrospectiva, 25 Years of Design, no Metropolitan Museum, em New York. © Roxanne Lowit
Vaccarello. Com passagens pela Fendi, sob a batuta de Karl Lagerfeld, e pela Versus, a convite de Donatella Versace, já fazia relativo sucesso com sua marca própria de moda feminina. Seu estilo é feminino e provocativo, com fendas e assimetrias que caíram no gosto de celebridades como Gisele Bündchen e Jennifer Lopez. Em sua estreia, em setembro de 2016, Vaccarello exibiu uma coleção com referências aos anos 80 elegeu a atriz e cantora francesa Charlotte Gainsbourg como rosto da campanha outono inverno 2017-2018. Na temporada seguinte, escalou o britânico David Sims para fotografar as modelos Laetitia Casta e Zoe Kravitz,
Heels on Wheels: patins stiletto, a invenção de Vaccarello
além do ator Vincent Gallo.
“M” de “museu” Em 1983, Yves Saint Laurent foi o primeiro estilista vivo homenageado com uma exposição no Metropolitan Museum of Art, em Nova York e, três anos mais tarde, foi pioneiro a exibir trabalhos no Louvre, em Paris. Desde então, já desejava ter seu trabalho documentado para a posteridade e marcava croquis com a letra “M”, de “museu”, como forma de catalogar antecipadamente seu acervo. Assim, não surpreende o fato de que sua aposentadoria tenha quase coincidido com a inauguração da Fundação 51
Pierre Bergé - Yves Saint Laurent, com acervo de milhares de peças de vestuário, sapatos, chapéus e joias, exibidos em mostras temporárias. No entanto, dias após a morte de Pierre Bergé, em setembro, o endereço se tornou oficialmente Museu Yves Saint Laurent, permanentemente aberto ao público, com filial em Marrakesh, uma homenagem à cidade em que o designer viveu por alguns anos. O prédio da Avenue Marceau em Paris expõe boa parte do acervo, mas também reproduz os ambientes em que Yves Saint Laurent vivia e criava, como seu ateliê – uma sala com janelas amplas e um grande espelho ao
1966: anúncio da abertura da primeira boutique de prêt-à-porter Saint Laurent Rive Gauche © Meerson
Quando em Paris: o ateliê de Yves Saint-Laurent preservado em seu museu. © Luc Castel
Mais arte: em 1981, tributo a Henri Matisse no desfile de inverno © Claus Ohm
Para a posteridade: Christian Dior e Yves Saint Laurent no backstage de um desfile em 1956
Década de 60: Yves Saint Laurent no período em que caiu de amores pelo Marrocos, fotografado por Pierre Bergé
modelo SL 213 Lily 006
Moda artsy: a coleção de inverno de 1965 foi uma homenagem ao cubismo de Piet Mondrian
fundo que permitia ver de todos os ângulos as roupas nas modelos. Fiel aos detalhes, o local mantém a mesa do designer com bibelôs e amuletos, seus óculos, anotações e desenhos.
Óculos As coleções de receituário e solares mantêm o mesmo equilíbrio criativo das linhas de roupas e acessórios da grife, dosando elementos clássicos com toques de vanguarda na escolha de cores, formatos e
modelo SL M6 002
materiais. Alguns modelos relembram os óculos oversized eternizados na imagem do próprio estilista, já outros apostam em detalhes que evidenciam o icônico monograma com as iniciais do designer.
Business A Saint Laurent é a marca que detém o segundo maior faturamento do grupo Kering (€ 1,2 bilhão), ficando somente atrás da Gucci. Com foco no público de até 34 anos, que representa mais de 65% dos clientes, 52
investia até o ano passado somente 22% de seu orçamento de marketing em mídias sociais e há planos de dobrar esse número. A grife tem 160 lojas próprias ao redor do mundo, além da presença em boutiques e lojas de departamentos.
Stella McCartney
Eco nada chata Desde a escolha de materiais até os processos e as novas técnicas, cada detalhe na moda de Stella McCartney tem um propósito do bem.
Ativismo: Stella McCartney usa a moda em defesa do meio ambiente e dos animais. Ícone: correntes são referência nos acessórios da linha Falabella. Universo equino: em várias temporadas, vem à tona a fixação de Stella por cavalos, como na Resort 2016
modelo BC0052S 002
modelo BC0052S 002
modelo BC0052S 002
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“Estou longe de ser perfeita, mas realmente acredito que se deve tentar agir com responsabilidade sempre que possível”, declarou, em 2009, ao jornal Sunday Times a mulher que foi uma das primeiras a levantar bandeiras de sustentabilidade e consumo consciente. Há algum tempo, o aposto “filha do ex-Beatle Sir Paul McCartney e da fotógrafa e ativista Linda McCartney” deixou de ser necessário para apresentar a estilista que, em 2013, foi condecorada pela rainha Elizabeth 2ª como oficial da Ordem do Império Britânico, pela contribuição à moda inglesa. O sucesso da estilista não para por aí: nos últimos dias de março, ela assinou um acordo com a Kering Group para adquirir os 50% que pertenciam ao conglomerado francês. Dessa forma, Stella McCartney torna-se a única dona da marca que leva seu nome. No entanto, a parceria com a Kering Eyewear - e, consequentemente, a distribuição da coleção de óculos da estilista no Brasil pela GO Eyewear - mantémse em vigor, tratando-se de um acordo de longo prazo. Além disso,
Stella seguirá como membro do conselho da Kering Foundation, dedicada a combater a violência contra a mulher, e também continuará trabalhando em parceria com o grupo francês no campo da moda sustentável. Além de passar longe do uso de couro, peles ou qualquer material de origem animal para produzir roupas e acessórios, Stella lidera iniciativas de reaproveitamento de fibras e técnicas de lavagem que não agridam os oceanos. E segue a mesma filosofia no desenvolvimento de óculos, apostando no uso de bioacetato e bioplásticos. Sempre presente em suas criações, a paixão por cavalos é referência em uma das coleções de acessórios mais icônicas de Stella McCartney, a Falabella – nome de uma raça de equinos miniatura, que se destaca por crinas volumosas. O mesmo nome batiza uma das linhas de bolsas e óculos mais criativas e impactantes da marca, que lança mão de correntes em franjas e pespontos.
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Fashion Eyes
Vol-01
2018
PA L AV RAS D a COSTANZA
Um mundo de estilos fotografia LUCIANA PREZIA texto COSTANZA PASCOLATO
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Ultra versáteis e poderosos para revelações que se dão como em um passe de mágica, os óculos se transformaram na representação contemporânea da “personalidade” de marcas de luxo e seduzem ao primeiro olhar.
Óculos certos são a garantia de que você nunca vai dar o close errado. Basicamente porque, nesses primeiros anos do século 21, os óculos se transformaram no acessório mais versátil, desejado e influente do “novo mundo” de estilos a que todos têm acesso nos dias de hoje. Como em um passe de mágica, os óculos têm o poder de sugerir uma ou outra personalidade, esse ou aquele estado de espírito. Se, em um dia mais feliz, você entende que merece um par de óculos ousados para uma aparição sensacional, o acessório continuará sendo mais amigável e menos perigoso do que um vestido que tenha o mesmo propósito. Na indústria da moda e do luxo, óculos se transformaram na melhor representação da “personalidade” de marcas que seguem no topo, justamente, por uma questão de identidade, o que é, ao mesmo tempo, fantástico e fascinante. Os óculos Gucci, por exemplo, são sempre um acontecimento. A grife italiana, cuja influência tem sido maximizada desde 2015 pelas mãos do diretor criativo Alessandro Michele, é sinônimo de escolhas audaciosas e irreverentes. Com eloquência fashion, a marca fala de si em cada produto e entendeu sabiamente a necessidade de se comunicar com muitos públicos dentro da exuberância visual com a qual chancela o que é exótico, vistoso e visualmente extraordinário. Assim, os óculos Gucci mostram que quem os elege, está antenado com o que há de novo, além de bem informado sobre moda. Outro exemplo de identidade máxima é a Saint Laurent, um nome icônico, dos mais importantes de todos os tempos na história da moda. No caso dos óculos, a marca consegue traduzir um efeito indescritível ao fazer a mulher parecer especialmente glamourosa, misteriosa ou sensual. Há modelos com citações pontiagudas e um “jeitão retangular”, garantindo a façanha de uma “gatice” de ares internacionais. Por excelência e tradição, é uma marca inovadora, de sensualidade na medida certa, que funciona para “gatas” de todas as idades. Já Stella McCartney é uma mulher que desenha roupa para mulheres. Ainda que a afirmação pareça óbvia, está posta, inclusive, no design de óculos. O gosto da estilista pelo minimalismo ou por uma moda/ estética sustentável se reflete em linhas discretas, no traço objetivo e funcional que, como resultado, traz sensibilidade sob medida para um equilíbrio entre o feminino e o feminista, o delicado e o assertivo. Deixa a sensação bastante agradável de “design entre amigas”, o que se familiariza no rosto, no olhar, com uma sedução nada artificial. Igualmente luxuosas, as peças da francesa Boucheron têm acabamentos tão sofisticados que são a própria extensão do tratamento dado às joias, o produto original e principal da marca. Com formas amplas, os volumes sutis com a assinatura da joalheria sugerem uma época em que, para se disfarçar, os célebres tentavam se esconder sob grandes armações. É um glamour de referências que se faz completamente atual. Outra marca importante, a italiana Bottega Veneta tem o design da empatia para um público que preza e prioriza a qualidade de tudo. Há aros e acabamentos tão requintados, em novas dimensões, que algumas lentes parecem ter o “dom” da sofisticação imediata, instantânea, como se flutuassem, sugerindo quase metaforicamente a “releitura” dos cuidadosos trançados do couro que, na origem, anunciam-se como um compromisso ad eternum com o requinte dos melhores artesãos. Os óculos, na verdade, se transformaram em uma das manifestações
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mais contemporâneas de estilo que todas essas marcas representam. E, eu, que gosto pouco de óculos, como todos sabem, fico muito contente de poder valorizar a história dessas grifes que têm tanto poder de influência. Fique de olho
• Mais do que com outros produtos, o instante de decidir por um par de óculos coloca à prova a qualidade do serviço ofertado. Por isso, a expertise de quem oferece, o conhecimento técnico e a informação de moda costumam ser tão ou mais importantes que o produto em si. É quase uma relação íntima, de cumplicidade literalmente olho no olho, que se estabelece entre quem deseja os óculos e quem pode oferecê-los com segurança.
• A escolha começa sempre a partir dos traços básicos dos formatos de rostos mais comuns, ou seja, redondo, quadrado, oval e o que lembra um coração por ser mais fino na parte inferior. Às vezes, esses formatos não são tão claros e há combinações híbridas das formas (do rosto e dos óculos) que facilitam muito na harmonia visual. • Cores de cabelo e tons de pele obviamente precisam ser levados em consideração na hora de vender e comprar óculos. Uma super loira, por exemplo, que deseja óculos totalmente pretos, deve se lembrar que a maquiagem é um excelente recurso para criar outros efeitos que harmonizem o “contraste” (radical) dessa escolha.
• Em época de atenção digital plena com smartphones e câmeras potentes, não há melhor recurso do que fotos ou selfies na hora de escolher e decidir por um determinado modelo. Portanto, a dica é fotografar, fotografar e fotografar. De frente, de perfil, de perto, de longe, de todos os ângulos. Reflita sobre aquela imagem com a certeza de que, no espelho, por questões emocionais, vemos o que queremos e não necessariamente o que é a realidade. Por isso, a importância de se reconhecer e se gostar na foto é essencial e indispensável ao decidir por um par de óculos. • Óculos menores do que seu rosto podem não ser a melhor opção. Ainda que isso traga lembranças boas, como a do músico John Lennon e seus pares com lentes de formato redondinho, essa alternativa, pelos menos em 2018, não valoriza muito a personalidade de ninguém. É mais uma “limitação” com toque divertido e gracioso do que necessariamente uma assinatura de estilo. • Armações transparentes são bem contemporâneas e garantem graça e leveza. São quase uma alternativa “aérea-etérea” que indica segurança e disponibilidade para variar de acordo com os sinais dos tempos.
• Nunca houve tantos óculos como nos dias de hoje, porque servem para todos os grupos, tipos físicos, personalidades e idades. É literalmente o milagre da multiplicação de estilos. É algo inédito, para comemorar e viver agora - e não para se perder em um mar de opções. Aproveite esse momento e dê o close certo!
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MARCAS
Charme streetstyle : a campanha com Kylie Jenner. Rosto: a modelo e atriz Cara Delevingne é uma das embaixadoras da marca. Hit atual: o modelo Basket Hearts com laço máxi. Cinquentenário: o modelo Suede Classic
modelo PU0190S 001
modelo PU0164S 004
modelo PU0163S 008
No passo da Puma
Na celebração de seus 70 anos, a Puma comemora uma retomada sem precedentes em vendas e faturamento, graças à simpatia de celebridades de peso pelo estilo streetwear.
A marca foi fundada a partir de uma disputa que rachou a família Dassler na década de 40, em plena Segunda Guerra Mundial, na Alemanha. Pioneiros na fabricação de calçados esportivos, os dois irmãos se desentenderam e seguiram caminhos opostos, de extrema rivalidade: de um lado, Adolf Dassler, ou “Adi”, fundou a Adidas; de outro, Rudolf Dassler lançou a Puma, cuja história data de 1948. Como diferencial, a Puma sempre buscou manter o desenvolvimento de produtos de alta performance esportiva, paralelamente , às suas coleções de lifestyle e há décadas nutre extrema popularidade nos universos de hip hop, break dance, skate e arte urbana. Um símbolo disso é o clássico modelo de tênis Suede, que agora completa 50 anos. Lançado em 1968, o modelo voltou a ser best seller nos anos 90 e, desde o ano passado, tem novamente se consolidado como hit de vendas, sendo responsável por um aumento de 92% no faturamento da empresa no primeiro trimestre de 2017
– pela primeira vez, passando a marca de € 1 bilhão em vendas. Tais números são resultado de parcerias colaborativas e campanhas bem amarradas, estreladas por embaixadores de peso e apelo junto ao público jovem – como as cantoras Rihanna e Selena Gomez, a influencer Kylie Jenner e a modelo Cara Delevingne, além do produtor musical e cantor canadense The Weeknd, apenas para citar alguns. No universo dos esportes, a marca ainda patrocina times como Arsenal e Borussia Dortmund, o jogador de futebol Antoine Griezmann e o homem mais rápido do mundo, o velocista recém-aposentado Usain Bolt – esse último, somente, com um contrato de US$ 33 milhões. Nas coleções de óculos, a marca também agrega inspiração vintage e urbana com modelos esportivos e de alta tecnologia, apelo jovem e unissex e uma atraente cartela de cores. 56
Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . # F a s h i o n E y e s Me
#FashionEyesMe
A Fashion Eyes mal chegou às mãos do público e já conta com participação dos leitores no Instagram! Veja quem já está compartilhando nas redes a hashtag criada para a revista e fashionize-se!
O produtor de moda Peter Costa (@petercosta1): T-Charge O fotógrafo Felipe Oliveira (@clickoliveira): Evoke A jornalista Bianca Chioccola (@biachioccola): Hickmann
A jornalista Natalia Telles (@nattelless): Atitude
A jornalista Ana Moura (@anacmoura): Hickmann
A produtora Bárbara Tavares (@barbarartavares): Hickmann
Poste fotos no Instagram usando óculos da GO Eyewear e use a hashtag #FashionEyesMe. Vale óculos de sol, de grau, tanto faz. O que importa mesmo é que sejam de uma das marcas da GO Eyewear. Capriche no clique, sua foto pode ser publicada aqui na Fashion Eyes!
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business
GO e KERING EYEWEAR: parceria de sucesso texto andrea tavares
Em junho de 2017, a GO Eyewear selou uma parceria estratégica com a Kering Eyewear, divisão de óptica do conglomerado francês de marcas de luxo, para distribuir no Brasil grifes como Gucci, Saint Laurent, Bottega Veneta, Boucheron. A GO Eyewear expandiu suas operações no Brasil ao tornar-se distribuidora exclusiva em território nacional da Kering Eyewear, a subsidiária de óculos da Kering, o conglomerado francês de marcas de luxo e moda. Trata-se de um acordo de cinco anos com a possibilidade de um
estudo de viabilidade da criação de uma joint venture a partir do terceiro ano ou de uma renovação por mais cinco anos. Atualmente, a Kering Eyewear conta com 14 marcas em seu portfólio: Azzedine Alaïa, Altuzarra, Gucci, Bottega Veneta, Saint Laurent, Alexander McQueen, Stella McCartney, McQ, Boucheron, Pomellato, Brioni, Tomas Maier, Christopher Kane e Puma. No Brasil, já estão disponíveis Alexander McQueen, Bottega Veneta, Boucheron, Gucci, McQ, Puma, Saint Laurent e Stella McCartney. A previsão é que as demais venham no decorrer dos anos.
Fidelidade e consistência
A Kering, em detalhes
Plenitude no potencial
Esse é um acordo de muita sinergia para ambas as partes. A GO adiciona um grupo de marcas de um segmento do qual não dispunha em seu portfólio, até então focado em linhas de consumo de massa (Ana Hickmann, Atitude, Bulget, Evoke, Hickmann, Jolie e Speedo) e alto luxo (Cartier); enquanto a Kering tem a oportunidade de aliar-se a uma empresa estabelecida no mercado nacional de forma sólida, com atuação relevante e já em operação, sem a necessidade de investir para a instalação de uma subsidiária, e tampouco tempo para fazer a operação decolar. A GO conduz a Kering Eyewear no Brasil seguindo os padrões globais de comercialização de cada marca. As mais luxuosas são distribuídas apenas em pontos selecionados e contam com brand ambassadors, que fazem a gestão das grifes junto ao varejo. Algo que a empresa já está acostumada por conta da experiência com a Cartier Lunettes, desde 2006. O ano de 2017 foi muito positivo para a GO e as possibilidades são ainda melhores com esse reforço no portfólio, ampliando seu leque de atuação no mercado nacional. Outro ponto importante para a empresa é a produção nacional das coleções de suas marcas próprias, que estimula o desenvolvimento e reduz a dependência das importações. Em 2014, foram investidos R$ 30 milhões em uma fábrica em Palmas.
A fim de maximizar o potencial de seu portfólio de marcas, em setembro de 2014, o conglomerado francês (que até março de 2013 era conhecido como PPR, sigla para “Pinault-Printemps-Redoute”) anunciou um novo modelo de negócio, por meio do qual passou a controlar totalmente sua operação de óculos, desde a concepção até o desenvolvimento de produtos, da distribuição ao branding e do marketing às vendas. Para isso, fundou, no decorrer de 2015, a Kering Eyewear, divisão exclusivamente especializada em óculos, sob a direção do executivo italiano Roberto Vedovotto, CEO da Kering Eyewear, com experiência de mais de uma década no mercado óptico. Essa estratégia “de internalização” inaugurou uma nova era no mercado óptico mundial no que diz respeito à concessão de licenças para o design, a fabricação e a distribuição de coleções de óculos de grifes. O primeiro passo foi antecipar o final dos contratos de licenciamento das marcas com as fábricas de óculos. Dessa forma, Gucci, Alexander McQueen, McQ, Saint Laurent, Boucheron e Bottega Veneta voltaram ao “ninho”. Em julho de 2017, a Kering Eyewear estabeleceu uma colaboração com a Bio-On, companhia italiana especializada no desenvolvimento e pesquisa de materiais, especialmente bioplásticos, para criar óculos integralmente biodegradáveis.
Em entrevista ao jornal norte-americano Vision Monday, em setembro de 2015, Roberto Vedovotto afirmou que “os óculos representam uma categoria estratégica para o conglomerado. Por meio desse projeto inovador, a Kering Eyewear tem por objetivo fazer cada grife cumprir seu pleno potencial de crescimento nesse segmento de negócio, aproveitando o apelo único de cada uma delas”. A Kering Group está entre os maiores conglomerados de marcas de luxo, moda, esporte e estilo de vida. Tem em seu portfólio Alexander McQueen, Balenciaga, Bottega Veneta, Boucheron, Brioni, Christopher Kane, Cobra, Dodo, Girard-Perregaux, Gucci, JeanRichard, McQ, Pomellato, Puma, Qeelin, Saint Laurent, Stella McCartney, Tomas Maier, Ulysse Nardin e Volcom. Está presente em mais de 120 países, com receita de € 15,5 bilhões e mais de 44 mil funcionários em 2017.
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Parceria com Cartier A sinergia entre a GO e a Kering Eyewear passou até pela coincidência de um acordo entre a empresa francesa e a Cartier, marca de alto luxo representada no Brasil, exatamente, pela GO. Em junho do ano passado, o Kering Group confirmou a criação de uma parceria estratégica entre a Kering Eyewear e a maison Cartier, parte do conglomerado suíço de marcas de luxo, Richemont, a fim de unir suas operações para criar uma plataforma mais forte para desenvolvimento, fabricação e distribuição mundial da coleção de óculos da Cartier. Sob os termos do acordo, a Richemont adquiriu participação minoritária nas ações da Kering Eyewear e, com isso, a Kering Eyewear foi integrada à MCL, sigla de “Manufacture Cartier Lunettes”, unidade produtiva da marca de joalheria francesa situada nos arredores de Paris. Inaugurada em 2013 e concebida integralmente sob o conceito da sustentabilidade, a sede da MCL ocupa uma área de 8 mil metros quadrados em Sucy-en-Brie, cidade a cerca de 40 minutos do centro de Paris. Com mais de 200 funcionários, abriga todo o processo produtivo - a exceção é a linha de alta joalheria, que requer especificidades técnicas, e, por isso, é produzida no ateliê da joalheria.
Kering Eyewear em números € 352 milhões Vendas em 2017
2,2%
A contribuição da Kering Eyewear para o crescimento orgânico da Kering Group
5%
A categoria eyewear representa 5% da divisão de produtos de luxo da Kering Group, segundo números de 2017
€ 12 bilhões
É o valor estimado da divisão de eyewear da Kering
100 países
Em pouco mais de dois anos, a Kering Eyewear estabeleceu um canal de distribuição que atende mais de 10 mil clientes, com presença em cerca de 100 países, operando diretamente em mais de 20 mercados por meio de dez subsidiárias (Alemanha, China, Cingapura, Espanha, Estados Unidos, França, Hong Kong, Japão, Reino Unido e Taiwan) e em outros países por meio de uma selecionada rede de distribuidores Fonte: Financial document 2017 (Kering)
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2018 NOVO OLHAR
Motivação em alta
Manter-se motivado é um desafio e tanto, mas pode ser o segredo para o sucesso das vendas. Confira dicas para o dia a dia e garanta o astral lá em cima. Texto Tiago Salvador
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“Atitudes positivas transformam as pessoas e o ambientE” Motivação é fundamental no dia a dia. E
para fazer bons números, atrair pessoas bacanas e ter um ambiente com boas energias é preciso levar em conta as suas duas
faces: a motivação interna (ou intrínseca) e a externa (ou extrínseca).
A primeira é aquela que vem de dentro e estimula a alcançar os objetivos, é também
conhecida como automotivação. Trata-se
de um propósito maior que faz uma pessoa
encarar seus desafios, superando-os. Para aumentar a capacidade de automotivação,
é essencial desenvolver o autoconhecimento a ponto de descobrir o que desperta a felicidade em cada um e estimular a correr atrás de seus objetivos.
Já a segunda, a motivação externa, é a que
vem do ambiente, isto é, uma empresa com boas energias e pessoas de bom humor,
empenhadas com o propósito coletivo. É
como se fosse a cereja do bolo: a motivação interna é o combustível número um para o
dia a dia de qualquer profissional e a externa é mais uma faísca a incendiar os bons
sentimentos, contagiando clientes e parceiros de trabalho.
Veja algumas dicas práticas para elevar o
nível de energia, conquistando e cultivando a automotivação.
Praticar a gentileza
Demonstre gentileza ao elogiar o cliente,
seja o sapato, os óculos, o sorriso, o cabelo etc.
Pergunte se seus óculos atuais estão bons e confortáveis.
Ofereça-se a acompanhá-lo até a porta e deseje-lhe um ótimo dia ou uma ótima noite. Parabenizar
Dê parabéns ao cliente ao escolher um produ-
to, ao procurar pelos serviços da óptica etc. O objetivo, ao praticar o ato de parabenizar, é fazer um sincero agradecimento ou elogio.
Cumprimentar Sempre saúde todas as visitas. Os gerentes devem usar a regra do três para um, isto é, a cada três cumprimentos, parar em um deles e, conversar um pouquinho com o cliente, perguntando se está tudo bem, sobre os óculos, o atendimento etc. Perguntar com respeito Respeito é fundamental. Durante todo o atendimento, use sempre o “por favor”. Por exemplo, “pode me acompanhar até o caixa, por favor?”, “pode, por favor, me emprestar seus óculos para um ajuste?” ou “pode se sentar enquanto soluciono essa situação sobre a assistência técnica do produto, por favor?”. Dizer “sim” Diga sempre “sim” e construa sempre frases positivas, deixando o “não” de lado - por exemplo, use “lembre-se” em vez de “não esqueça” e por aí vai... Pratique esse exercício com afinco e logo você descobrirá novas formas de dizer “sim” e, a fim de alimentar a motivação externa da empresa, compartilhe seus progressos com todo mundo. Veja mais um exemplo: “sim, esse estilo gatinho com armação dourada. Eu tenho algo...”, buscando alguma referência ao estilo desejado pelo cliente.
Quebrar o gelo do atendimento A técnica do elogio é ideal nesse momento. A venda é a consequência de um bom atendimento, portanto, o caminho é manter o foco no cliente e não no produto. Um exemplo é apresentar as áreas da loja sempre que o cliente vier dar uma “olhadinha”, percorrendo o ambiente sem a pressão da venda. Dessa forma, o produto é apresentado de forma subliminar, enquanto o cliente recebe toda a atenção. Sorrir Um sorriso agradável vale mais que mui61
tas palavras. Contagie o cliente com essa emoção positiva e tenha em mente que seu sorriso pode transformar situações ruins em boas. Exercitar a simpatia Seu atendimento deve ser agradável, simpático e caloroso, sem se tornar invasivo, respeitando a privacidade do seu cliente e evitando constrangimentos. Palavrinhas mágicas como “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “com licença”, “por favor” e “obrigada” podem fazer milagres. Essas atitudes são simples, porém, poderosas para aumentar a motivação interna, expandindo-a a todos membros da óptica. É algo que precisa ser construído e praticado todos os dias. Outra dica é tirar cópia desta página, mantê-la sempre por perto e estabelecer o compromisso de praticar pelo menos uma dica a cada dia. Já diz a máxima que a prática leva à perfeição - e à super motivação! E o resultado disso são vendas, muitas vendas!
Atitudes positivas transformam as pessoas e o ambiente. Se a óptica tem um grito de guerra, já tem meio caminho andado, porque essa estratégia estimula a deixar as influências externas para trás e a conectar toda equipe com o trabalho. Agora, se a óptica ainda não tem o grito de guerra, a missão é criá-lo imediatamente e praticar todos os dias antes de a loja abrir. Isso altera os hábitos do time e, rapidamente, o ambiente mudará para melhor! E é bem provável que as lojas vizinhas também adotem a mesma estratégia.
Fashion Eyes Volume 1 . 2018 . FLASH
FLASH
GO RECEBE A IMPRENSA DE MODA EM MILÃO
A Semana de Moda em Milão reúne bem mais que os desfiles das badaladas grifes. Também é a data da Mido, a maior feira de óculos do mundo. Com isso, a GO promoveu um Press Preview para a imprensa de moda e influenciadores brasileiros, no restaurante Pacifico, em 24 de fevereiro, quando apresentou com exclusividade as novidades das marcas de seu portfólio. © Lucas Possiede
O stylist Pedro Salles, Barbara Migliori (Vogue) e Vic Ceridono (Glamour e Dia de Beauté) / A blogger Consuelo Blocker / Lucas Boccalão (Elle) e Rodrigo Yaegashi (Harper’s Bazaar) / Maria Laura Neves (Marie Claire) / Maria Rita Alonso (L’Officiel e O Estado de São Paulo) / Pedro Diniz (Folha de São Paulo) / Mariana Di Pilla (Glamour) / Chantal Goldfinger (By the eyewear) / Reinaldo Pimenta e Elaine Ferreira (Belliótica) / Anderson Azevedo (Ótica Lidera) e Rui Lima (GO) / Rui Lima, Eliane Gonçales, Leonardo Riekstins, Fábio Monzillo e Michele Dovoezem (GO)
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FLASH
GLAMOUR SUMMER PARTY COM HICKMANN
A revista Glamour promoveu, em 30 de janeiro, mais uma edição do seu happy hour de verão, batizado de “Glamour Summer Party”, realizado na Pracinha do Seu Justino, na Vila Madalena, São Paulo, com a presença de celebridades e influenciadoras, que puderam conhecer e provar os solares da Hickmann Eyewear. © Divulgação
ilustrativa, sem legenda / A apresentadora Ligia Mendes / A empresária Nicole Kopenhagen / A PR Juliana Barbeiro / Nathalia Fuzaro, Larissa Gargaro e Isabela Serafim (Glamour)
NOVIDADES EM PORTO DE GALINHAS
O luxuoso Nannai Resort & Spa, em Porto de Galinhas, litoral pernambucano, sediou de 28 a 31 de janeiro, mais uma edição do Eyewear Premium Preview, evento da GO que apresentou, em primeira mão, para cerca de 60 clientes de todo país, os lançamentos da empresa para a Expo Abióptica 2018. © Felipe Souto Maior
geral / Helio Crespo (New Ótica) e Joyci Lin (GO) / Elaine Sousa e Cristina Cazarotti (Ótica Objetiva) e Cristina Bataus (Crislen) / Fabio Ferracane e Betsy May (Kering Eyewear) / Fabio Ferracane e Betsy May (Kering Eyewear) / Andreia Coscarelli (Ótica Receituário Óptico) entre Márcio Sá e Alessandro Ribeiro (GO) / Fernanda e Cesar Fonseca (Óticas Officer) / Fábio Monzillo (GO), John Davies (Nannai Resort & Spa), Joyci Lin (GO) e Luiz Otávio de Meira Lins (Nannai) / Em pé, Alessandro Ribeiro e Lucio Barbara (GO); Sentados, Alexandra Castro e Niberian Santos (Ótica Estilo)
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FLASH
EVOKE VENCE NO OI PARK JAM
O hexacampeão mundial Pedro Barros, membro do Evoke Team de skatistas ao lado de Felipe Caltabiano (o Foguinho) e Vinícius Barbosa (o Kakinho), sagrou-se campeão da edição 2018 do Oi Park Jam, realizado de 24 a 28 de janeiro no Édem Skatepark, em Itajaí, litoral catarinense. O evento, que é considerado um dos mais importantes campeonatos do esporte no país, foi palco da primeira disputa da categoria Park, que será modalidade olímpica em Tóquio 2020, e também contou com a estreia da competição feminina, conquistada pela catarinense Yndiara Asp. © Felipe Souto Maior
Foto ilustrativa sem legenda © Pablo Vaz / Pedro Barros, o atleta Evoke, campeão do Oi Park Jam © Divulgação / Felipe Foguinho em ação © Pablo Vaz / As manobras de Vinícius Kakinho © Helget Scharn / Foi a estreia da categoria feminina na competição
GO NA CASA QUEM DE VERÃO
A GO marcou presença na Casa Quem de Verão, evento promovido pela Quem Acontece, de 12 a 21 de janeiro, na mansão que pertenceu à cantora Elis Regina localizada no bairro de São Conrado (RJ). Um dos destaques ficou por conta do sunset de abertura, no dia 14, um final de tarde de domingo com pocket shows de Ana Vilela, Lexa e Gaby Amarantos. Os convidados foram presenteados com óculos Atitude, Evoke, Hickmann e T-Charge. © Daniel Janssens (Ed. Globo)
A cantora Lexa / A atriz Talita Younan / A cantora Ana Vilela com Danilo Saraiva e Giuliana Campos (Quem) / A atriz Laryssa Ayres
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CONTATO DIRETO
GO Eyewear Rua Diogo Moreira 132 cj. 2201 São Paulo/SP – 05423-010 (11 4096 9600)
Atendimento ao lojista
Ana Hickmann www.oculosanahickmann.com.br
sac2@kenerson.com.br
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A CARA DO PAI
Em novembro de 2016, a designer Stella McCartney lançou sua primeira coleção masculina, em uma locação para lá de especial: nada menos o Abbey Road, lendário estúdio londrino onde os Beatles, a famosa banda integrada por seu pai, Sir Paul McCartney, gravaram o álbum de mesmo nome, em 1969. Mas a inspiração paterna foi além da música e da mítica locação: a fashion designer confessou que Sir Paul também é a fonte para os looks de alfaiataria de ar mais relax que tem apresentado na passarela. Os óculos também não podiam faltar e, na temporada primavera-verão 2018, vieram em versões monocromáticas de acetato. Na foto, o modelo SC0119S 003. © Stella McCartney
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AT5349 A01
MATCH! DEUWanessa
Henrique Fogaca
UPRISE DS1 HF A01 - ON THE ROCKS IX BL HF A01