Charlotte Benetti por Charlotte Benetti – Tudo bem, mãe – eu falava ao celular – tchau, um beijo! Desliguei meu iPhone, o joguei na minha cama e voltei a digitar meu trabalho. Não eu não me esqueci das apresentações... Meu nome é Charlotte Benetti – Sim, são muitos Ts – eu tenho 18 anos de idade e acabo e ingressar na Universidade de Nova York como bolsista no curso de Jornalismo Avançado. Eu nasci no Brasil, mas com um ano de idade meus pais se separaram e minha mãe e eu voltamos para a Inglaterra. Tenho um irmão mais velho, Kyle ele tem 23 anos e mora com a minha mãe. Minha mãe chama-se Scarlet, é estilista e dona de uma das mais chiques butiques de Londres, ela casou-se de novo há onze anos com Billy, que considero meu pai para todos os efeitos. Ele era professor de filosofia no Beverly Hills High School nos Estados Unidos e em uma viagem para a Inglaterra conheceu minha mãe e acabou ficando por lá mesmo. Há quatro anos fui intercambista na escola em que Billy trabalhou e foi lá que eu o conheci. Quem? Você se pergunta. Meu namorado! Eu lhe respondo. Mas o que isso tem de tão diferente? Bem, é que ele é meio o Logan Lerman. Não, por favor, não surte e, por favor, não saia por aí contando a todas as suas amigas que você conhece a namorada do Logan Lerman. Bom, você deve querer saber como começamos a namorar. Simples, tínhamos 15 anos e a casa da família na qual eu havia ficado enquanto fazia intercambio ficava na rua de Dean Collins – para quem não sabe, o melhor amigo de Logan desde, sei lá, sempre – além de estudarmos na mesma escola. Encontrões vão, encontrões vem; “olás” vão, “olás” vem ; trabalhos vão, trabalhos vem; conversas, encontros, beijos e por fim, ele me pediu em namoro há um ano e meio. O mesmo tempo em que ele passou de ator revelação para ídolo teen. Isso dificultou as coisas, mas nem tanto, ele vem me visitar em NY quando pode e sempre me liga. É maravilhoso quando estamos juntos, parece que o mundo inteiro pára, sinto uma coisa incrível no estomago e minha pela se arrepia a cada toque e eu pareço uma criança de seis anos quando vai a primeira vez á DisneyWorld, quando eu olho para aqueles intensos e invulneráveis olhos azuis, que mais parecem ser a minha kryptonita. Mas não vem pensando que somos um casal perfeito, porque isso não é verdade. Eu sou um pouco mandona e o Logan, bem, ele é um coitado quando brigamos. Mas, é como dizem, a melhor parte de uma briga é a reconciliação, e eu concordo plenamente com esta frase (entenda como quiser). Continuando... Eu moro em um loft perto da minha faculdade, sou estagiaria em uma revista de NY e trabalho em uma livraria e essa é a minha renda no mês. É como me mantenho aqui nos EUA, recusando diariamente os pedidos de minha mãe, para me ajudar mandando dinheiro.
Eu estava no meu quarto, eram 07h09min da noite e eu estava escrevendo a última frase da minha redação sobre O Mundo Jornalístico Globalizado quando ouvi o som abafado do toque do meu celular. Eu demorei um pouco para encontrá-lo no emaranhado dos lençóis da minha cama, mas o encontrei mesmo assim. Número Desconhecido estava escrito na tela, franzi as sobrancelhas e atendi. – Alô? – falei. – Oi, minha linda! Arregalei os olhos e sorri. – Lelo? – Falei. Lelo era o apelido que eu havia dado para Logan (são as primeiras sílabas do seu nome e sobrenome invertidas) – Sou eu – ele respondeu. – Aaaaah que bom que você ligou, queria mesmo falar com você – eu disparei – sabia que já faz tipo, vinte e nove horas que você não me liga. Poxa assim eu não agüento... Alias, falando em agüentar, como você agüentou aquela gritaria de fãs no programa da Ellen DeGeneres ontem, meu Deus, eu não agüentei não, desliguei a TV. Ele riu do outro lado da linha. – Do que você está rindo? – perguntei. – De você – ele respondeu. – Por quê? – Sei lá, ás vezes você é tão... – ele suspirou – você. – E isso é bom? – Com certeza! Fiquei calada mexendo nos lençóis da cama, ouvindo a respiração dele do outro lado, desejando intensamente que ele estivesse aqui. – Como é que você está? – ele perguntou por fim – Com frio – falei – Sabe o que é pior que frio? – O quê? – Ter um namorado que não pode te proteger dele – falei manhosa. – Aaah, Charlie, não fala isso não – ele disse – Isso é covardia...
Eu suspirei e sorri. – Por que não ligou do seu celular? – perguntei. – Eu o deixei no carro – ele respondeu – estou usando o telefone do estúdio. – De que filme? – As Vantagens de Ser um Wallflower... – AH MEU DEUS, A EMMA ESTÁ AÍ? – eu não pude não surtar, Logan sabia que a Emma Watson era minha “Diva” Ele riu do outro lado da linha. – Ela está aqui sim, quer falar com ela? – O que? Enlouqueceu? – Só um minuto... “Ei, Emma” ouvi a voz de Logan e logo depois o sotaque britânico de Emma Watson, a minha eterna Hermione Granger, ao fundo. “Fala, Logan” “Você pode dar uma palavrinha com a minha namorada aqui” – NÃO, LELO, NÃO – Eu gritei e ouvi a risada de Logan, um sorriso brincou em meus lábios involuntariamente, ele possuía esse efeito sobre mim. “Quem?“ ouvi a voz de Emma mais próxima e meu coração começou a disparar. “Minha namorada, ela adora você” Logan sussurrou “Ela está um pouco nervosa, então provavelmente nem vai falar nada” Emma riu “Tudo bem. Qual é o nome dela?” “Charlotte” – Alô? – eu ouvi a voz de Emma. AI MEU DEUS, EMMA WATSON ESTAVA FALANDO COMIGO! – A – alô – gaguejei. – Olá Charlotte, aqui é a Emma Watson! – Ai, meu Deus - eu estava com a boca aberta - Oi!
Ela riu. – É um prazer conhecê-la, eu nem sabia que o Logan tinha uma namorada - ela falou - Ah! Sabia que meu nome do meio também é Charlotte?! – Sim, sabia... - gaguejei - sei. Emma eu adoro seu trabalho, você é muito boa no que faz, eu não acredito que seja você e... Ai caramba! Ela riu do ourtro lado da linha e ouvi ela sussurrando para Logan "Ela é uma fofa" e ele rindo. Então ouvi uma voz masulina ao fundo gritando "Emma estão precisando de você no set" e a Emma respondendo "Estou indo". – Bem, Charlotte - ela falou - preciso ir agora, mas foi legal te conhecer... Espero que o Logan a leve na premiere do filme para nos conhecermos pessoalmente. – É, eu também - falei meio aérea. – Um beijinho para você. Até mais. – Tchau... – Alô - agora er a voz de Logan, eu gritei o mais alto que pude. – Aaaaai, meu Deus, Lelo - falei rindo - Eu falei com a Emma Watson... FALEI COM A EMMA WATSON. – Bem - ele começou - já fiz meu trabalho, vou embora, então. Eu parei de rir na hora e minha voz soou mais que deseperada. – NÃO, NÃO, LELO. Parei, gatinho, me desculpa. Ele riu. – Como você está? - perguntei. – Com saudades - ele respondeu. – Eu também - falei - com muitas saudades... Tem alguma idéia de quando vem? – Não - ele disse tristemente - nenhuma. Eu resfoleguei, ficamos alguns segundos em silêncio e ele começou a falar, por fim. – O que está fazendo? – Estava escrevendo a minha redação...
– Ah! Então eu ligo quando você ter... – Não - me prercipitei. Sabia que ele diria que ligaria depois, pois não gosta de me atrapalhar nos estudos - Só falta umas duas plavras para terminar e eu não vou esquecê-las tão facilmente. – E por quê você pensa isso? – São minhas duas palavras favoritas no mundo - é, eu tenho palavras favorita... Coisa de escritor. – E quais são? - ele perguntou. – Você sabe... – Vamos ver - Ele hesitou - Logan Lerman. Eu ri. – Essas também são lindas, mas a redação não pede para escrevermos sobre nosso namorado super-gato-famoso-e-convencido... Então não - falei. – Sobre o que é a redação? – O mundo Jornalístico Globalizado. – Mas isso tem tudo a ver comigo - ele falou. – Ah é? - falei - Me explica como então! – Olhe, é muito óbvio - ele falou e eu ri - "O mundo..." eu faço parte do mundo. "Jornalístico" eu apareço em várias matérias jornalísticas... – De revistas de adolescentes - falei. – Não importa, é jornalístico. E então temos "globalizado"... Além de aparecer em matérias jornalísticas, seja em revistas de adolescentes ou não, essas matérias são mundias e ah! Eu também estou no twitter e você querendo ou não, eu tenho um número considerável de seguidores. – Tabom, sr. Globalizado - falei - mas de qualquer forma a redação não é sobre você e você ainda não falou as minhas palavras favoritas... – Recíproco e mundial - ele disse. – Acertoooou - falei.
– é, mas nossa foi tããããõ díficil - ele disse sarcasticamente - você quase não fala comigo sobre isso. Ainda bem que eu tenho esse poder de ler mentes e tudo mais... – Idiota. – Muito obrigado - ele falou rindo - Mas, Charlie, você sabia que a maioria das garotas que eu conheço estariam perguntando quais são as bolsas favoritas delas não as palavras... – Ah... – É por isso que eu estou aqui. – É por isso que você ainda está aqui. "Logan. Set. Em cinco minutos" ouvi outra voz masculina ao fundo. – Linda, eu preciso ir... – É, eu ouvi. – Não fale assim, Charlie, vai acabar me matando do coração. – Não, está tudo bem - falei, mas ele continuou calado, sabia que eu estava mentindo - É sério, Logan. Vá lá antes que crie problemas – Eu vou pegar meu celular no carro – ele disse- me ligue qualquer coisa... – Tá bom – murmurei – Um beijo. – Um beijo, minha linda. Eu desliguei o celular, suspirei e por fim, terminei minha redação...
O que uma simples mensagem pode fazer No dia seguinte eu acordei ás 6h50min, levantei-me lutando contra o frio que queria me impedir e fui tomar um banho. Saí do banho e me vesti o mais rápido que pude, colocando o meu casaco Burberry, que só usava em ocasiões especiais, hoje eu não tinha nenhuma ocasião especial, mas estava muito frio e aquele era o meu casaco mais quente. Depois de me arrumar fui a minha cozinha e tomei o suco de laranja correndo, pois já estava atrasada e provavelmente perderia o ônibus. Eu tenho um carro, mas a minha faculdade é bem próxima de casa e não vale à pena pagar o estacionamento se posso pegar um ônibus. Na faculdade assistimos a todas as aulas, o tédio dominava o ambiente e eu até dormi em uma aula (e isso nunca tinha acontecido antes). Na hora da saída sentei-me na escadaria principal e esperei por meus amigos, enquanto comia uma rosquinha de chocolate, todos os dias, nós nos encontrávamos ali para irmos todos juntos a uma cafeteria ou uma lanchonete. Meus amigos, me esqueci de falar sobre eles... Eu tenho três amigos, Brooke, Mark e Freddy. Brooke e Freddy têm 21 anos e estudam fotografia, eu os conheci neste semestre quando nossos professores fizeram um trabalho no qual devíamos fazer uma matéria jornalística digna de capa do The New York Times. Certamente, uma matéria digna de capa de The New York Times precisa de fotos e lá fui eu em busca de estudantes de fotografia que me ajudassem... Mark tem 20 anos e faz jornalismo avançado comigo, ele é homossexual e dono do blog de fofoca mais badalado de todo o campus. Depois alguns minutos sentada ali, Brooke se aproximou com dois cafés expressos da minha cafeteria favorita. Ela me entregou um e sentou-se ao meu lado. – Por que você não me chamou par ir com você – perguntei, referindome a cafeteria. – Eu fui dispensada mais cedo da aula hoje – ela disse sorrindo – Tudo bem? – Tudo e sim e você? – Bem... – E o Freddy? – perguntei. – O que tem ele? – ela perguntou em um tom desconfiado. Brooke tinha uma queda... Uma queda não, um tombo nada secreto por Freddy e é claro ele era o único que não “captava” as indiretas de Brooke.
– Achei que estivessem juntos – falei bebericando meu café, que desceu queimando pela minha garganta e retirando o doce da minha rosquinha. – Não, ele... - ela suspirou – ele está com algumas garotas por aí... – Ah, Brooke – falei – eu não sei o que digo, de verdade, acho que ou o Freddy é muito burro ou ele tem alguma doença mental que retarda o pensamento lógico e malicioso dele. Brooke riu. – Ai, Charlie – ela disse entre risos – como você consegue uma fazer uma coisa tão normal se tornar tão intelectual? – Coisa de jornalista – falei tomando outro gole do meu café e começando a encarar a movimentada avenida. I’ve got another confession to make, I’m your fool. Everyone got their chains to break, holdin’ you. Eu ouvi o início de Best of You minha música favorita do Foo Figthers tocando em minha bolsa. Retirei meu celular de lá. Eu tinha uma nova mensagem, cliquei em ler. “Me espere amanhã ás 8h00 da noite no seu apartamento. –Lelo” Eu reli a mensagem várias vezes antes de captá-la. Eu ouvia Brooke reclamando sobre Freddy não tomar uma atitude, mas nada realmente fazia sentido. Ainda olhando para a mensagem eu soltei um curto e agudo grito, que foi o bastante para as pessoas, que também estavam sentadas na grande escadaria me, olharem. – Mas o que foi isso? – perguntou Brooke, me olhando de olhos arregalados. Eu apenas virei meu celular para que ela pudesse ler e logo um sorriso surgiu em seus lábios. – é dele? – ela perguntou. Eu assenti, tentando conter a vontade de gritar que tomou conta do meu corpo. – Oh, Meu Deus – ela falou por fim, gritando. – Eu sei, eu sei – eu falei comecei a gritar junto com ela, não ligando para as garotas que cochichavam a nossa volta.
Digamos que eu ser a namorada do Logan Lerman não era nenhum segredo de estado, quero dizer, noventa por cento da faculdade sabia e inúmeras vezes as garotas da minha idade, geralmente calouras aspirantes a líderes de torcida, vinham na maior cara de pau perguntar se o meu “negócio” com Logan era sério ou se era verdade. Como eu sou uma garota educada, criada em uma família politicamente correta e católica, eu respondo como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo, o que é verdade para quem vive no mesmo mundo globalizado e moderno que eu. Mas quando Katy Hastings, a líder de torcida mais prostituta, digamos assim, da história da Universidade de Nova York e dois anos mais velha que eu, veio falando que eu era uma fã frustrada e que meu relacionamento com Logan não passava de autógrafos e horas acampando na frente de hotéis só para vê-lo eu realmente não me agüentei e joguei todo o título de boa educação para os ares. Eu não me orgulho do que aconteceu, principalmente porque a discussão me rendeu dez horas de trabalho voluntário (forçado) lavando pratos no refeitório da faculdade junto com a Hastings. A situação piorou quando eu contei a história a Logan. Foram duas longas semanas sobre o mesmo assunto, ele me repreendendo por não dever assuntos da nossa relação a ninguém. Ficamos separados por três semanas antes de ele aparecer de surpresa na porta do meu loft com cara de cachorrinho pidão. Aquela foi a melhor reconciliação do século (De novo, entenda como quiser). Eu e Brooke ficamos aos gritos por alguns segundos antes de Mark chegar e sentar-se ao nosso lado na escada, rindo. Mark é latino e muito bemhumardo. – Porque essa animação toda? – ele perguntou. – Ai, Mark, você não sabe, a Charlie acabou de... – Brooke começou. – Brooke, calada – eu a interrompi. – Por que? – perguntou Mark com tom de indignação. Ele odiava não saber. – Simplesmente, porque você é a criatura mais faladora dessa galáxia – eu falei – contar a você é o mesmo que contar ao seu blog, contar a seu blog significa contar para todos o lê, ou seja, a faculdade inteira, o que me resultaria em respostas a calouras curiosas e até talvez discussão com uma delas o que resultaria em outra briga com Logan... – Mas você não reclamou da reconciliação depois, não é mesmo?!- ele falou maliciosamente. – Isso não vem ao caso, Mark! – falei timidamente. Mark e Brooke riam. – Por favor, conta Charlie – ele falou. – Não – falei voltando a encarar a avenida.
– Vai, Charlie – ele continuou, eu balancei a cabeça – Vai, Charlie. Vai Charlie. – Tudo bem – gritei – eu conto. Ele e Brooke esperaram me olhando na expectativa, eu olhei para Brooke e falei: – Mas você já sabe o que está se passando aqui, Brooke! – eu falei. – É, eu sei é que quero ver a reação do Mark – ela disse sorridente – agora fale logo. – Tá – falei impaciente – O Logan me mandou uma mensagem – eu sussurrei. Entreguei meu celular para ele, que leu e logo depois me olhou de olhos arregalados. – É o que estou pensando mesmo?! – falou. – O que está pensando exatamente? – perguntei amassando o pape da minha rosquinha. – Que Logan Lerman te mandou uma mensagem e está vindo para Nova York só para te ver – ele respondeu. – Pensou certo – falei com simplicidade – Logan me mandou uma mensagem e está vindo para Nova York me ver. Em menos de três segundos Brooke e Mark estavam tendo um ataque, dando gritinhos e batendo palmas, as pessoas já estavam se afastando ou indo embora, cá entre nós, eu também iria... – Tudo bem, já chega – falei. – Não, não chega – Mark começou gritando – LOGAN LERMAN TE MANDOU UMA MENSAGENS E ESTÁ VINDO PARA NOVA YORK TE VER. Mark disse alto, muito alto, excessiva e desnecessariamente alto. Lembram-se das pessoas que eu disse estar indo embora? É então ela pararam onde estavam e me olhavam com os olhos brilhando... – Ai, não, Mark – falei, escondendo o rosto nas mãos. Alguns segundos depois, uma garota morena de porte atlético usando o salta mais alto da face da terra sentou-se ao me lado na escada sorrindo como se fossemos grandes amigas. – Oi, você é a Charlotte não, é?! – ela falou.
Eu respirei fundo antes de encará-la. Coloquei um sorriso no rosto e fingi não ter acontecido nada anteriormente, afinal, não é possível que as pessoas sejam tão caras de pau ao ponto de agir tão rapidamente assim. – Oi e sim – falei tentando continuar com o sorriso no rosto. – Ah, bem eu sou Meredith, estudo artes cênicas aqui na faculdade. Você pode me responder umas perguntas? – ela começou a falar e eu comecei a deixar a minha paranóia de lado, ás vezes era só mais uma dessas enquetes que nós calouros, costumamos fazer – Claro – respondi. – Então, eu estava aqui perto com as minhas amigas e ouvi vocês comentado sobre – ela disse corando um pouco – sobre ter recebido uma mensagem do seu namorado. E bem, eu queria saber se é verdade, você sabe, que o Logan Lerman é o seu namorado? Eu soltei um muxoxo impaciente e respondi: – Por que você quer saber? – Não – ela falou arregalando os olhos percebendo que tinha falado algo errado – Não é isso que você está pensando... É que uma das minhas amigas... Olhe aquela de casaco azul – ela virou-se e apontou para um grupo de meninas que cochichavam alguns degraus acima de nós – ela falou que a Hastings diz que isso é mentira e que você não passa de uma fã frustrada e uma jornalista solitária e carente. Senti meu rosto esquentar, meu sangue subir e minha voz forçando para sair daminha garganta em um grito inimaginável. Eu fechei os olhos e contei até dez mentalmente. – Olha – comecei a falar, a raiva ainda querendo tomar conta da minha voz – eu não estou querendo ser grossa com você nem nada, mas eu não vou te responder, já tive problemas com isso, ok... – Então é mentira – ela falou me encarando. – Não... Quer dizer... – eu resfoleguei – Quer saber, acho que isso não importa para você não é mesmo?! Que diferença faria? – Ok, então... – ela disse levantando-se – Não queria incomodar. Eu ei um sorriso torto, assenti e ela se foi. Eu me virei lenta e ameaçadoramente para Mark e Brooke. – Não vai contar nada, Mark?! – falei baixo com os olhos semicerrados.
– Foi sem querer, Charlie, não era minha intenção sair tão alto e... - ele explicou. – Tudo bem, tudo bem – eu falei, levantando-me, olhei meu relógio de pulso e levei um susto, já estava atrasada para ir trabalhar – Pessoal, eu preciso ir... Esqueci completamente, mas hoje eu prometi a Kimberly que chegaria mais cedo. – Por que? – eles perguntaram em uníssono. – Vou precisar tirar folga na segunda-feira, então estou cumprindo hora extra – eu falei Um beijinho para vocês. – Tchau, Charlie – Brooke falou. – Até mais tarde – disse Mark. Então eu me virei e comecei a descer as escadas da faculdade correndo. A livraria não ficava distante dali, e como era hora do rush eu chegaria mais rápido se fosse andando. Antes de virar a esquina digitei a mensagem para Logan e cliquei em enviar: Péssima idéia! – Charlie Não preciso nem dizer que cinco minutos depois ele já estava falando ao celular comigo.
Opinião, expectativas e bar Honestamente a minha vida aqui nos EUA não é tão fabulosa quanto eu achava que seria antes de vir fazer faculdade aqui. Quando estava no ensino médio achava que quando se é maior de idade você pode tudo, pode dar festas, pode ir á festas, pode beber, pode voltar ás 5h00 da manhã porque mora sozinha e não tem pais para te repreender. Eu pensava que era fácil ser linda como as meninas daqui são, era só você fazer clareamento e limpeza de pele uma vez por mês e comprar roupas com o número duas vezes menor que o seu. Mas não é bem assim, pelo menos, não comigo. Se você me encontrar andando pelas ruas da minha querida Nova York, provavelmente verá uma garota com estatura mediana, cabelos castanhos amarrados em um coque frouxo, usando uma blusa surrada da GAP, uma calça jeans qualquer e um tênis Vans vermelho e antigo (ou um AllStar de cano alto). É como estou diariamente, como me sinto a vontade e, embora meus amigos façam de tudo para que eu vista uma roupa “decente” (o que eu acho ridículo da parte deles, pois o que é descente para eles, certamente não vai ser para mim. É relativo), não faço esforços nenhum para me vestir como garotas da elite. A única pessoa que faz eu me incomodar, me preocupar e etc com a minha aparência é o Logan. Não que eu me sinta desconfortável com a sua presença ou algo assim, pelo contrário, quando estamos juntos é como todos esses preconceitos, tabus, estilos, guerras políticas, problemas ambientais e afins deixassem de existir. É como se o meu loft ou o quarto da casa dele fossem o único lugar do mundo, o que de fato era. Do nosso mundo. Mas enfim, me incomodo porque, poxa vida, o Logan é (ele é, e não discorde) o cara mais lindo de Los Angeles, dos Estados Unidos e talvez até do mundo, e milhares de garotas são infinitamente mais bonitas, mais ricas e bem mais estilosas que eu e fariam de tudo para estar em meu lugar... É isso que me preocupa, a concorrência. Eu tenho medo que ele encontre alguém melhor que eu e me troque. Mas nada podia me deixar mal hoje, porque ele estava vindo. Vindo me ver, vindo passar o fim de semana comigo e me deixar loucamente apaixonada por ele, como acontecia todas as vezes que o via no batente da porta do meu quarto, me observando enquanto sorri; fazer-me rir enquanto jogamos Mario Kart no seu Xbox e começar uma discussão infantil quando o jogo de basquete da NBA começar (Eu torço pelos Knicks e ele para os Lakers). Quando estava com ele, era quase impossível você olhar para mim e não me ver sorrindo. Eu adentrei a porta automática da livraria, ainda absortas em pensamentos e com um sorriso bobo no rosto, eu andava ainda sem prestar muita atenção no que fazia, mas eu podia. Conhecia aquela livraria melhor do que a palma da própria mão. Em minha opinião aquele era o lugar mais tranqüilo do mundo, pois assim que ultrapassamos a porta de vidro, é com se entrássemos em uma bolha. Não se ouve o barulho do congestionamento lá fora, nem gritarias ou correrias. A livraria era enorme, toda trabalhada em
madeira polida e possuía dois andares, com escadas largas do seu lado leste e oeste. Sempre havia bastante gente por lá, desde crianças assistindo desenhos na ala infantil á idosos sentados nas grandes poltronas de couro azul marinho, lendo algo. Até adolescentes, entre treze e dezesseis anos, que costumam ser barulhentos tornava-se inexplicavelmente discretos e silenciosos. O único som que se ouvia ali dentro eram mínimas conversas e o CD do Elvis Costello tocando ao fundo. Depois que eu coloquei meu uniforme, fui em direção á sala da gerente, Kimberly Wilson, para ela saber que eu já havia chegado. Bati na porta e ouvi um sibilar de "entre" vindo de dentro. Kimberly era uma moça dez anos mais velha e não tão mais alta que eu, esguia, loira e com olhos tão cinzas quanto o meu. Ah! É mesmo, meus olhos são a minha parte favorita do meu corpo. Eles são cinza bem claros e chamam bastante a atenção. É eu sei, é meio ironico que o meu namorado faça o papel de um personagem que apaixonado por uma garota de olhos cinza, e em minha opinião (e na de todos os outros fãs da série) seria preferivel que eles fossem fiel ao livro e pegassem uma Annabeth LOIRA E DE OLHOS CINZAS. Deuses, o que a Alexandra Daddario tem a ver com a Annabeth? Sinceramente, me pergunto o que se passou pela cabeça dos produtores da FOX quando foram adaptar Percy Jackson e os Olimpianos. Eu sempre achei que eles tivessem tomado chá de cogumelo antes de escrever o roteiro do filme, porque pelo amor de Deus, né?! Só o meu Loggie que estava perfeito como sempre, mas isso não vem ao caso também, pois o Percy tem doze anos no primeiro livro não dezessete. Tudo bem, acalme-se Charlotte, ninguém está lendo isso aqui para saber a sua opinião sobre a adaptação muito mal feita de Percy Jackson e sim para falar sobre seu namorado perfeito que fez Percy Jackson. – Charlotte, querida - Kimberly falou, levantando o rosto de seus papéis para mim - o que faz aqui tão cedo? – Eu falei com a senhora ontem - falei - eu vou precisar tirar folga na segunda e estou cumprindo hora extra. – Ah, é mesmo - ela falou - eu me lembro. Neste momento o interfone de dentro da sala começou a falar com a voz da minha colega de trabalho, Sarah. "Sra. Wilson" ela chamou. Kimberly foi para trás de sua mesa e apertou o botão verde do interfone. – Pode falar, Sarah - ela disse. "Um cliente, Sr. Turner, disse que precisa urgentemente falar com a senhora" Kimberly revirou os olhos antes e falou olhando para mim:
– Será que este homem não vai me deixar em paz?! Oswald Turner era um homem de meia idade que freqüentemente vinha comprar livros aqui, até que ele conheceu Kimberly e desde então sempre arruma alguma coisa errada nos produtos para poder vir trocar e chamar Kimberly para sair, já que trocas e essas coisas ela quem resolvia. Kimberly bufou antes de apertar novamente o botão verde. – Tudo, já estou indo - ela disse - E então, Charlie precisa de mais alguma coisa? – Não, eu só vim avisar que cheguei - falei. – Tudo bem, então eu vou indo ok - ela nem esperou eu responder e saiu escritório a fora. Eu saí logo depois.
Trabalhei bastante eu até estranhei um pouco, pois estamos no verão e esta é a época do ano que se vende menos livros, diferentemente do inverno, que as pessoas não podem fazer muitas coisas com neve barrando a frente das suas casas e acabam comprando um livro para passar o tempo. Eu saí da livraria as 20h00 em ponto resolvendo pegar um táxi de volta para casa, por mais que a minha casa fosse próxima a faculdade e minha faculdade fosse próxima a livraria, minha casa e a livraria não eram tão próximas assim. Eu entrei no primeiro táxi que vi e falei meu endereço para o motorista. I’ve got another confession to make, I’m your fool. Everyone got their chains... Meu celular começou a tocar assim que viramos a primeira esquina, era Brooke me ligando. – Oi Brooke - falei. – Charlie onde você está? - ela perguntou e entendi com muita dificuldade, o lugar onde ela estava era barulhento e eu ouvia Party Rock Anthem do LMFAO ao fundo. – Onde você está Broo? - perguntei - não estou te ouvindo direito. – Eu estou no Bar Air, lembra aquele depois da ponte ? - ela falou. – Sei... – Vem para cá - ela disse - está todo mundo te esperando, deixei seu nome na porta... – Broo, eu...
– Não quero saber. Vem logo - ela desligou o telefone antes que eu pudesse responder. Eu bufei e me inclinei para o banco do motorista, me apoiando no do passageiro. – Senhor - falei - conhece o Bar Air, depois da ponte? – Claro - ele falou - é aquele novo bar que tem umas luzes azuis florescentes na frente né?! – Isso mesmo - falei - me leve para lá, por favor. – Tudo bem - ele falou - Dizem que esse bar é bem famoso entre os jovens, você vai muito lá? – Na verdade, não - falei - só fui duas vezes, mas é bem legal! – Dizem que se precisa de um mês para poder reservar uma mesa - ele disse - como você resolve de uma hora para outra ir para lá? – Bem, na verdade - comecei - Uma amiga minha é bastante próxima do filho do dono e... – Ah! Entendi - ele falou - Amizade com benefícios... – É - falei rindo - Bem-vindo a Nova York. Aquilo definia tudo. Uma vez fomos ao Bar Air e a Brooke acabou ficando com o filho do dono, sem querer. Eles ficaram só uma vez, mas foi o bastante para o cara se apaixonar e deixar a Brooke e os amigos dela com passe VIP para quando quisessem ir até lá. Paramos em um semáforo. O motorista virou-se para o banco de trás, ele era moreno e tinha feições latinas iguais as de Mark. Percebi que não era tão mais velho que eu, sua voz era grossa, portanto enganava quem ouvia. Ele me estendeu a mão: – Sou Joey - eu apertei sua mão. – Charlotte. – Muito prazer - ele disse.
Depois que parei na frente do bar, eu paguei Joey e me despedi. Assim que olhei para aquela fila dobrando a esquina quis voltar para casa. Aquele era, no momento, o lugar mais badalado de Nova York. Um: porque era novo e tudo que é novo o pessoal gosta; Dois: ele era um lugar híbrido de bar, balada
e boate. Mas não é tudo a mesma coisa? Claro que não, segundo o Mark e a Brooke um bar era um lugar que vai para se beber, balada era um lugar para se dançar a noite toda e boate era um bar/balada, onde homens de meia idade se encontravam com os amigos para beber e ver mulheres de lingerie dançando em cima dos balcões. O diferente daqui era que além de dançar em cima dos balcões, as mulheres eram os próprios barmen (barwoman, no caso) e cantavam. Grande bosta. Eu olhei para minha roupa. Agradeci mentalmente, por ter colocado meu casaco da Burberry hoje. Soltei o cabelo e comecei a andar em direção a porta, Brooke havia dito que meu nome estava na lista, o que, pelo menos, me pouparia de ficar naquela fila. Eu cheguei à frente do segurança mal encarado, que dava dois de mim. – Par o fim da fila mocinha - ele disse. – Meu nome está na lista - falei. – Oh Betie - ele gritou e uma moça com um vestido preto e colado até um pouco acima do joelho e um coque perfeito e segurando uma prancheta a frente do peito apareceu sorrindo. – O que foi John? - ela disse com voz de aero moça. – Essa mocinha disse que está na lista - ele falou me encarando. A moça loira me encarou, sorriu e perguntou: – Qual é o seu nome, querida? – Charlotte Benetti - falei. Ela olhou para a lista por um minuto e depois voltou a me encarar. – Você é convidada do senhor James - ela perguntou. Eu assenti. Se não me engano James era o carinha que ficou a Brooke - Pode entrar querida. O segurança deu espaço para que eu passasse e a moça loira pediu para que eu a seguisse. O lugar estava cheio e a música desconhecida, alta. Nem me prendi muito a decoração, pois eu já sabia como ela era. A moça me levou para o segundo andar onde meus amigos estavam sentando em uma mesa, já cheia de latinhas de cerveja e drinks. – Ai, que bom que você chegou Charlie - a Brooke falou e eu me sentei ao lado de Mark. – Eu pensei que você não viesse - Mark falou. – É eu também pensei - falei.
– O que te fez mudar de idéia? - Mark perguntou. – Sei lá - falei estou - tão feliz hoje, acho que devia comemorar. – Eu achei que fosse isso mesmo - Brooke falou, com a voz cheia de significância. – Quem não ficaria animada com uma notícia dessas - Mark falou. – Que notícia? - perguntou Freddy. – O Sr. Lerman mandou um sms para senhorita aqui, na faculdade hoje - disse Mark. – E daí? - Freddy disse - ele faz isso sempre. – É, mas não é sempre que ele fala para a Charlie o esperar no loft dela á 20h00 da noite de amanhã - Brooke falou. Mark suspirou. – Precisamos de mais Logans Lermans no planeta - ele disse. Eu e Brooke rimos. Uma garçonete apareceu logo depois, meus amigos pediram mais uma rodada de cerveja, eu pedi um drink fraquinho só para enganá-los, eu não gosto de beber, faço isso muito raramente e quando faço é bem pouco. O que eu queria de verdade era ir logo para casa tomar um banho demorado e tranqüilo, assistir o novo episódio de Pretty Little Liars na TV, cair na cama e só acordar ás 19h30 do dia seguinte. Mas, ei, eu sou muito ansiosa para isso. Eu sei que eu ficaria a noite inteira rolando na cama e só pegaria no sono a hora que tivesse de levantar. Ás 23h00 e pouco eu decidi ir embora, meus amigos não queriam ir ainda então me despedi deles e fui sozinha. Mark esperou o táxi comigo do lado de fora do bar, graças a Deus não demorou a chegar. Eu me despedi dele e entrei no carro. Em casa as coisas aconteceram como o planejado. Eu tomei um banho morno, assisti a Pretty Little Liars e fui para a cama. E também, como já era esperado, rolei na cama a madrugada toda, pedindo com todas as minhas forças, que o dia de amanhã passasse mais rápido que o normal.
Depois de uma longa espera O dia seguinte passou muito rápido, mais rápido do que eu imaginei na verdade, o que de forma alguma é ruim, pelo menos para mim. Fui á faculdade, Brooke e Mark não foram hoje, então passei o período todo com Freddy. Freddy é um cara legal, mas extremamente egocêntrico, mas com o tempo você aprende a lidar com ele. Como hoje é sexta-feira, eu saio da faculdade e vou direto para a editora da revista onde sou estagiária, No momento estou trabalhando em um projeto de formatação na revista junto com dois funcionários e mais três estagiários. Nosso trabalho é “reformular” a revista e deixá-la com a cara da BigApple¹. Trabalhei bastante, fui á vários lugares e por isso nem me dei conta de que já eram 19h04, geralmente saio ás 18h00 da revista. Cheguei em casa quebrada, depois de desistir do táxi eu decidi vir andando da revista até o meu loft. Fui direto para o banho, e passei uns 20 minutos cochilando na banheira atrás do Box no meu banheiro. Terminei de me lavar e sai do banheiro enrolada na toalha. Peguei meu iPhone e liguei para a minha pizzaria favorita, como era sexta á noite as pizzarias ficam abarrotadas de pedidos e é impossível sua pizza chegar antes de meia-hora de espera. Depois de fazer meu pedido, me troquei (coloquei um short curto e minha camiseta três vezes maior que eu da NYU²) peguei meu notebook e fui para sala. O dia todo tentei afastar o pensamento de que ele estava vindo da minha mente, com sucesso, mas só porque estava cheia de coisas para fazer, porém agora, aqui sentada no sofá do meu silencioso loft é difícil não ficar ansiosa. Entrei nas minhas redes sociais, tentando me distrair, sem sucesso. Liguei a televisão e para a minha alegria, não estava passando nada de bom. Sextasfeiras não são nada animadoras para quem vai ficar em casa, sinceramente. Geralmente na televisão passam filmes de terror que você já assistiu milhares de vezes, as ruas estão sempre um caos então você nem pode dormir em paz... A única coisa que se tem de bom para se fazer em sextas-feiras, exceto sair á noite, é pedir comida. Agora, se eu pedisse comida a todas as sexta que fio em casa, provavelmente já estaria enfrentando uma obesidade mórbida. Acabei por deixar na VH1, onde passava um programa de música indie. Ás 20h34, eu ouvi um bater de porta de carro abaixo da janela da minha sala. Levantei-me com um salto do sofá e fui até a janela, mas acabei por ver apenas o táxi indo embora. Foi nesse exato momento, em que eu soltei a cortina da janela, que minhas mãos começaram a suar e meu coração começou a reagir da forma mai violenta possível. Na televisão o clipe da música ‘Move You’, da Anya Marina, que por sinal eu adoro, havia acabado de começar. O telefone tocou, corri até a mesa de canto onde ele ficava e atendi eufórica: – Alô. – Srta. Benetti? – era a voz do porteiro do condomínio, Owen. – Sim, Owen – falei.
– A senhora tem uma visit... – Deixa subir – falei rapidamente, meu coração acelerando a cada segundo. – Ok. Ele desligou o telefone e eu continuei parada, com medo de me mexer. Pisquei e comecei a me concentrar. Uma parte de mim dizia: Vamos, Charlie, saia correndo pelos corredores do condomínio e pule no colo do seu amado, a quem tanto esperou E a outra dizia: Sejamos racionais, Benetti, pare de besteira e acalme-se... Parece que nunca o viu na vida. Sente-se no sofá e espere. Resolvi dar ouvidos á minha parte racional e sentei-me no sofá. Mas isso não significa que a minha parte romântica/adolescente não estivesse me dominando. Eu sorria, e demorou um pouco para que eu mesma pudesse perceber isso. Algum tempo depois – parecera-me uma eternidade – bateram na porta. Eu saí correndo, pulando no sofá e tropeçando em tudo que tinha pela frente, nunca a distancia entre meu sofá e a minha porta foram tão grandes. Eu abri a porta e lá estava ele, lindo e sorrindo como sempre. Não dei tempo para ele dizer nada, eu pulei em seu colo, entrelacei minhas pernas em sua cintura e o beijei com volúpia, puxando-o para dentro do meu loft. Há quanto tempo não sentia aqueles lábios de cereja tocando os meus, há quanto tempo não sentia suas mãos subindo e descendo pelas minhas costas, há quanto tempo meus dedos não ficavam enrolados nos seus grossos cabelos negros, há quanto tempo nossas línguas não dançavam em sintonia. Sem parar de me beijar, ele foi andando para dentro do loft me segurando com um braço e carregando sua mala com o outro. Ouvi o som da porta batendo, o de sua mala sendo jogada no chão e senti seu outro braço abraçar pela cintura. Seu rosto estava gelado e suas bochechas coradas, graças à ventania. – Desculpa à demora - ele disse intercalando nossos beijos - O vôo atrasou e... – Tudo bem - falei - pedi pizza para a gente. – Ótimo, eu estou morrendo de fome. Voltamos a nos beijar e ele sentou no sofá comigo em seu colo ainda. – Você não quer tomar um banho ou algo assi... – Shhh... - ele disse - quero você agora, só você.
Eu sorri para ele, encostamos nossas testas uma na outra deixando que nossos narizes se encostassem também, nossas respirações estavam ofegantes e aceleradas, eu sentia seu hálito quente no meu rosto, aquela era a melhor sensação do mundo. Quando íamos voltar a nos beijar o telefone tocou. – Deve ser a pizza - eu sussurrei, o observando. – Pode esperar um pouco - ele respondeu. – Eu acho que não - eu falei rindo. Ele bufou e tirou os braços da minha cintura, eu me levantei com relutância e fui até o telefone. – Alô - falei. – Senhorita Benetti - falou a voz do porteiro, Owen - Uma pizza chegou para a senhora. Pode man...? Não consegui prestar atenção no resto da frase de Owen. Logan tirara a camisa, eu suspirei e sorri. Incrível, será que eu não me acostumaria nunca? – Senhorita Benetti?- chamou Owen. – Que...? - falei, sem prestar atenção, quer dizer, eu tinha coisas melhores para olhar agora, não?! – A pizza... - Owen repetiu. – Anh... Desculpa Owen - falei - Pode mandar subir. – Ok. Eu desliguei o telefone e voltei a encarar Logan. Olhei cada centímetro de suas costas, as linhas que a desenhavam e os músculos da mesma, seus ombros largos, sua pele rosada seus braços torneados e suas mãos, minha parte favorita, pois Logan é tão branquinho que seus dedos freqüentemente estão vermelhos. Ele se virou para mim e começou a andar em minha direção lentamente, meu coração batendo desesperadamente no peito, na verdade o que eu queria era gritar que ele finalmente estava aqui e que eu o teria só para mim o resto do fim de semana. Quando estava próximo o bastante, ele me puxou suavemente pela cintura grudando nossas testas de novo. – Não sabe o quanto senti sua falta - ele sussurrou. – Não sabe o quanto isso é recíproco - falei. Ele deu um sorriso torto.
– Você não sabe quanto efeito tem sobre mim, Charlie - falou - Você sabe o que é querer vir para cá o mais rápido possível e te beijar, te abraçar, sentir o cheiro de frutas vermelhas que seu cabelo tem. Ele riu. Eu levantei um pouco os pés para poder alcançar seus lábios, e suavemente eles se tocaram de novo. Depois ele me puxou para o melhor abraço da minha vida, era quente, aconchegante e protetor, como se eu fosse novamente um bebê recém nascido e estivesse embrulhada em milhões de cobertores no colo de alguém. – Que bom que você chegou - eu disse, minha voz soou abafada, pois eu estava com o rosto contra seu peito. Ele me abraçou mais apertado. A campainha tocou. Eu me desvencilhei de seus braços e falei: – Pega a pizza para mim, o dinheiro está em cima da estante. – Ta bom - ele foi até a porta e eu até a cozinha buscar copos e pratos. Fui á cozinha, peguei copos e pratos. Quando voltei, ouvi alguns gritinhos excitados vindo da porta. Logan havia colocado a pizza e a coca-cola na mesinha de centro e falava com duas meninas na porta. Eu coloquei as coisas na mesinha de centro e comecei a observar a cena de braços cruzados. – Obrigada, Logan - uma delas disse. – É nós te amamos - a outra disse. – Hum... Obrigado, meninas - ele disse - até mais. – Tchau - elas disseram em unissono. Logan fechou a porta e virou-se para mim. – Me desculpa - ele disse timidamente. – Não é culpa sua - falei e me sentei no carpete da sala - pelo menos, não diretamente. Eu fiz um gesto para que ele se sentasse ao meu lado. Ele se sentou ainda calado e começou a me encarar. – Não vai acontecer de novo - Ele disse, enquanto eu nos servia. – Ei, Lelo, não se preocupe com isso - eu o olhei sorrindo, cheguei a perto da sua orelha e sussurrei - vai estragar o clima. Eu mordi o lóbulo da sua orelha e vi sua pele se arrepiando. Eu ri, peguei o controle da televisão e coloquei na Fox, estava tendo maratona da nova série chamada "The New Girl" com a Zoey Deschanele.
– Então - comecei - o que fez de bom em Los Angeles? – Ah eu só gravei - ele disse - fui a entrevistas, gravei, fui a algumas festas promover Os Três Mosqueteiros, mais entrevistas e gravei mais um pouco. E você? – Ah, o de sempre - eu falei, mordendo a pizza - faculdade, livraria, revista e mais faculdade... Ah! Ontem eu fui a um bar! – É mesmo? Qual? – Você conhece um bar chamado Air, que inaugurou faz pouco tempo e fica logo depois da Golden Gate? – Já ouvi falar, mas dizem que é muito difícil conseguir uma mesa lá. – Então, a Brooke meio que "fisgou" o filho do dono do bar o que significa passagem VIP para ela e para quem mais ela quiser. – Entendo - ele riu. Conversamos muito, muito mesmo. A última vez que eu olhei ao relógio era 23h43. Ele me contou sobre todas as propostas de filmes que recebera e eu contei sobre o sms que ele me mandou e o que ele fez; ele falou sobre os lugares novos que conheceu e sobre como a Emma Watson é divertida, falou sobre as celebridades que conhecera e que ganhara uma viagem para Londres no inverno e que na primavera eu iria com ele para Los Angeles, pois já não agüentava mais só ter de falar de mim para seus amigos, queria me apresentar a eles. – E o Dean? - perguntei, por fim. – Ele está bem. Enrolado com trezentas garotas ao mesmo tempo, mas bem. Falei com ele ontem, ele te mandou um beijo e disse que sente sua falta lá no bairro. – Fico abismada como ele não se esquece de mim - falei pensativa com tantas meninas no pé dele como ele consegue se lembrar de mim? – Como ele vai se esquecer da menina que tomou o tempo dele comigo - ele disse - nunca. Eu o olhei com a minha cara que dizia: você-não-está-falando-sérioestá-? Ele mordeu a pizza e riu. – Eu só te falo isso, porque você se importa – falou. – Isso não tem graça - eu falei, ele tomou um longo gole de Coca-cola e depois se virou para mim.
– E isso tem graça? - ele disse e me beijou. Começou lento, suave, mas logo acelerou, enrolei meus braços em seu pescoço, ele me segurou pela cintura e foi me deitando no chão de carpete. Ficava impressionada como nossas bocas e corpos se encaixavam tão bem. – Você está com gosto de coca-cola - falei rindo. Ele também riu. – Você está com gosto de Charlie - ele disse. – E você gosta? - perguntei. – É o meu favorito. – Eu ainda prefiro Coca! - falei, ele riu pelo nariz. Comigo ainda agarrada em seu pescoço, ele segurou minha coxa na lateral do seu corpo, aproximando mais ainda nossos corpos, nos beijamos ternamente até o momento em que suas mãos começaram a passear por dentro da minha camiseta enorme da NYU, ele mordia, beijava e lambia meu pescoço me fazendo gemer e arrepiar. Suas mãos foram até a base da minha cintura e ele tirou minha camiseta com facilidade, voltamos a nos beijar e suas mãos começaram a brincar com o fecho do meu sutiã. – Lelo - eu falei, antes que abrisse minha lingerie. – Que...? - ele disse com a voz abafada, ainda beijando meu pescoço. – Aqui? - eu disse e logo ele entendeu. Olhou-me por um instante e sem avisar ou ao menos hesitar, me pegou no colo, como noivos fazem na lua de mel em filmes de comédia romântica, e foi me levando para meu quarto. Ele me colocou na cama e continuamos de onde paramos. Não, eu não vou contar a vocês o que aconteceu. Vai Charlie, conta, conta, conta? Hahaha, NÃO. Já falei demais por hoje. Na verdade nem falei tanto assim é que, cá entre nós, no momento tenho coisas melhores para fazer.
Matin Avec Lui Eu acordei, mas não abri os olhos, com medo que a noite passada tivesse sido só mais um sonho. Então eu senti seus dedos deslizando pela pele das minhas costas nuas, fazendo-me arrepiar. Virei-me para ele, encontrei um sorriso estonteante em seus lábios. – Não queria te acordar – ele falou baixinho. Ele estava com a cabeça apoiada no braço, olhando de cima para mim. – Eu não perderia mais nenhum segundo com você aqui – eu respondi também baixo e o beijei. – Então você vai se levantar agora? – ele perguntou. – Mas é claro que não – eu disse, voltando a ficar de costas para ele. – Eu tenho uma boa notícia para você – ele sussurrou no meu ouvido, passando o braço pela minha cintura e fazendo os pelos da minha nuca se eriçar. – Diga. – Ainda são 8h50 da manhã – ele falou e então riu. – Ai meu Deus, Logan – eu falei, cobrindo minha cabeça com o cobertor – Não acredito nisso. Você vai me desculpar, mas eu não vou acordar tão cedo hoje. Ele continuou rindo. – Está bem – ele falou e eu o senti se levantando. Eu descobri a minha cabeça. – Aonde você vai? – perguntei, enquanto ele abotoava a calça jeans. – Comprar café da manhã sozinho – ele disse indo para o banheiro. – Traz rosquinhas de chocolate pra mim – gritei cobrindo minha cabeça com o cobertor de novo. – Não vou trazer nada não, madame – ele disse, quando voltou alguns minutos depois – se quiser vai ter que ir comigo! – Tá, então não traz – falei. Alguns segundos em silêncio e eu senti o cobertor sendo puxado de mim.
– Não, Logan, não – gritei, ele riu e jogou o cobertor no chão, eu me enrolei no lençol, me sentei na cama e o encarei. – Agora você vai? – ele perguntou. – Não – respondi voltando a me deitar. – É claro que você vai – ele se aproximou de mim e me pegou no colo foi em direção ao banheiro. – Lelo, me põe no chão – falei manhosa – eu não quero ir. – Não adianta fazer manha – ele disse – você vai e pronto. Ele me jogou dentro do banheiro e fechou a porta quando saiu, eu ainda estava enrolada no lençol. A porta do banheiro se abriu de novo e uma calça jeans e uma blusinha azul marinho sem mangas foram jogadas na minha cara. – Vamos, se veste logo – ele falou antes de bater a porta atrás de si. Eu bufei e comecei a me vestir. Depois fazer minha higiene bucal e de lavar o rosto com a tentativa falha de fazê-lo parecer menos amassado saí do banheiro. – Está pronta - gritou Logan da sala. – Estou – eu disse o observando da porta. Como era possível ser tão lindo a todos os nanossegundos da vida. Ele se virou para mim e sorriu. – Então vamos. Fomos para o estacionamento do condômino, várias pessoas nos cumprimentando, ou melhor dizendo, várias garotas cumprimentando Logan. Eu revirei os olhos até chegarmos a meu carro. Joguei a chave para Logan e adentrei, sentando-me no o banco do passageiro. – Droga – falei, enquanto ele acelerava. – O que foi? – perguntou. – Esqueci meu casaco – falei, então eu me virei para o banco traseiro, e comecei a revirá-lo em meio a milhões de papeis. – Você não pegou blusa por quê? – Eu esqueci – falei – na verdade não achei que estivesse frio, o jornal disse o fim de semana seria quente.
– E você acha que com todo esse aquecimento global e blá blá blá, ainda dê para confiar em meteorologia? Eu me aprumei no banco do passageiro. – Não. Paramos em um semáforo, Logan tirou seu moletom cinza, sem zíper e me entregou. – Obrigada - falei sorrindo. Paramos em frente a uma cafeteria, compramos rosquinhas, uma torta de cereja (minha favorita) meu expresso com chantili e o Logan um café descafeínado. Nunca entendi esta história de descafeínado, pois segundo rótulo da embalagem o café descafeínado tem 0,5% de cafeína, então significa que tem cafeína, além do mais se tiram a cafeína do café deveria deixar de ser chamado de café e... Deixa para lá, vocês me entenderam. Depois de comprarmos nossos cafés, entramos no carro e seguimos de volta para casa... Até Logan entrar em uma rua antes da minha. – Ei Lelo- falei – a rua da minha casa era a próxima! – Eu sei – ele disse, sem tirar os olhos da direção. – Então, por que entrou uma antes? – Por que não estamos indo para a sua casa... – Para onde estamos indo então? Ele virou o rosto para mim e sorriu: – Surpresa! Eu revirei os olhos, e virei-me para frente. Logan entrava em várias avenidas e em poucos minutos, estávamos em uma rodovia. Acho que passamos uma hora e meia ou duas dentro daquele carro. Logan e eu conversávamos animadamente e eu quase me esquecia que estávamos dentro de um carro, indo para um lugar desconhecido. Com uma hora de viagem eu, já estava ficando ansiosa e enjoada de estar dentro daquele carro. Logan e eu já havíamos comido as rosquinhas e a nossa torta de cereja estava pousada no banco traseiro, intocada. Depois de um tempo, eu comecei a ver placas á direita da pista expressa com um “Você está em direção a New Jersey” e depois “10km para New Jersey”... “6km para New Jersey”... “3 km...” e então vi “Você está entrando em New Jersey” e logo depois uma grande placa colorida com as palavras “Bem-vindo a New Jersey”. – Logan...
– Que? – ele disse calmo. – Logan, onde estamos indo? – Eu já disse, é uma surpresa. Eu bufei. Então resolvi usar do meu charme que meu namorado tanto gostava e não resistia... Modéstia a parte. Virei-me para ele e comecei a acariciar o cabelo da sua nuca. Vi os mesmos se arrepiarem, eu ri internamente. Então falei com a voz mais doce e inocente, mas ao mesmo tempo provocativa e misteriosa que se pode imaginar: – Ei, eu estava pensando que poderíamos fazer coisas mais interessantes se eu soubesse onde estamos. – Hmm – ele fez, simplesmente. – Porque eu, realmente não agüento mais ficar dentro deste carro – continuei, docemente. – Já estamos chegando – ele falou – só mais uns dez quilômetros. – E quanto tempo é isso? – Dê vinte e cinco minutos á meia- hora. Eu bufei novamente, não agüentava mais ficar dentro daquele carro. Decidi procurar uma música decente no rádio. – Que horas são? – perguntei, sintonizando minha rádio favorita! – Vê no meu celular – ele respondeu – ele está aí no porta-luvas! Achei a rádio e peguei o celular de Logan, já eram 10h32 e uma nova mensagem mostrava em seu visor. – Ei, você tem uma nova mensagem! – falei. – De quem é? – ele perguntou. – É do Dean – falei. – Vê aí o que ele quer. Cliquei em “Ler” e repeti o que estava escrito em voz alta: “E aí, cara, porque a demora? Sério, mano, não agüento mais essa garota, me arrependi de ter trazido ela. De qualquer forma, CHEGUE LOGO!” – Dean
Eu ri e olhei para Logan, ele tinha uma expressão engraçada no rosto, encarando o horizonte e sorrindo torto. – Mas o que foi isso? – falei ainda rindo, referindo-me á mensagem. – Fazia parte da surpresa – falou ele. – O QUE? – gritei – Quer dizer que o Dean está nos esperando neste lugar misterioso para o qual você está me levando? – Sim... Neste momento começara tocar uma música chamada Crying Lightning do Arctic Monkeys na rádio. – Ah! Meu Deus – exclamei – Eu amo essa música! A música chegou ao seu ponto alto e eu, que ainda estava com o celular de Logan na mão, o usei como microfone, cantando o refrão da música junto de Alex Turner¹: And your pastimes consisted of the strange And twisted and deranged And I hate that little game you had called ‘Crying Lightning’ And how you liked to aggravate the man on rainy afternoons Eu me empolguei e continuei cantando a música de olhos fechados como se estivesse arrasando em um show para 100 mil pessoas. Eu escutei a risada de Logan ao fundo, mas continuei dançando e cantando freneticamente. A música acabou e eu suspirei alto... – Alex Turner est délicieusement anglaise ² – falei. Sim, eu sei falar francês, a maioria dos ingleses sabe. Eu sabia que o Logan adorava meu sotaque inglês, principalmente quando eu o usava falando francês. Ele com certeza entendeu o que eu disse, porque me olhou com os olhos semicerrados. Eu apenas ri. Neste momento ele parou o carro em uma esquina e, sem mais nem menos, saiu do carro. Eu o olhei, atravessando e indo para meu lado do carro. Abriu a porta e estendeu a mão para mim. E dei a mão para ele e sai do carro. – Chegamos – falou ele, me dando um selinho. Havia várias pessoas ali, adolescentes, famílias, adultos... A maioria tirando fotos e fazendo poses em frente a uma paisagem maravilhosa da
cidade. Logan fechou e trancou a porta atrás de mim, passou o braço pela minha cintura e começou a me guiar pela rua, estávamos andando lado á lado. Nós subíamos uma rua estreita, porém muito movimentada, as pessoas desciam e subiam em grande em grande quantidade. Não se passavam mais carros por ali, desde aquele estacionamento improvisado só víamos pessoas com roupas esportivas e sorrisos largos. Em pouco tempo, nossas respirações estavam aceleradas e descompassadas, devido à ladeira tão inclinada. Entramos em uma dessas passarelas largas, feitas de paralelepípedos cinza claro, que ficam em cima de rios e com grades na altura da cintura no extremo da lateral do lugar. Logan estava calado, olhava para frente e não soltava da minha cintura por nem um segundo. No meio da passarela, muita gente se aglomerava. Uns gritando, outros rindo. Todos olhavam em direção á extremidade esquerda da ponte, segui o olhar deles, mas tudo que pude ver foi mais aglomeração. – Será que é briga? – murmurei olhando para Logan. – Nããão – ele alongou a palavra, como se aquela resposta fosse óbvia. Então eu ouvi um grito agudo e contínuo vindo daquela extremidade. O grito era desesperador e ficava cada vez mais baixo, como se... Se tivessem empurrado alguém da ponte. Meu coração acelerou, me soltei de Logan e corri até a aglomeração de pessoas. Eu não entendia como as pessoas podiam estar tão calmas, será que eu estava louca agora e tinha imaginado o grito? NÃO, COM CERTEZA NÃO! Em meio a empurrões, cotoveladas e pedidos de “licença” (tenho que honrar a educação que ganhei) cheguei à grade azul e me apoiei nela para poder ver o que acontecia. De fato, alguém havia sido sim jogado da ponte, mas não por acaso. – Bungee Jump...? – sussurrei para mim mesma, inconformada e, ao mesmo tempo, aliviada. Ouvi a voz de Logan rindo atrás de mim. Eu ainda estava meio perdida, mas entendia a situação. Se é que isso faz algum sentido! – Ah! Meu Deus, Charlie – ouvi a voz de Logan á minhas costas – Você devia ter visto sua cara! Ele continuou rindo, eu rolei os olhos e me virei, e me olhar foi de encontro ao do... – DEAN!- eu exclamei apontando para a figura loira e uma garota “loira Barbie” andando ao seu lado. O Dean é um cara legal, era meio nerd, mas isso foi á muito tempo. Agora ele sempre tem uma garota do lado e trezentas pagando pau para ele e querendo ser a próxima da sua lista. Eu hein?! O Logan se virou e o Dean começou a vir em nossa direção.
– E aí gente?! – ele disse se aproximando – E aí Loggie?! – ele deu dois tapinhas nas costas de Logan. – E aí cara? – falou Logan – Quanto tempo hein?! – Pois é, né?! Você nunca mais apareceu, está sempre para lá e para cá. Tive que fazer esse esforço de vir para Nova York – Dean respondeu – E aí Charliiiiiiiiiiiiiiiiie?! Ele veio até mim e me abraçou, levantando meus pés do chão. – Oi, Dean – falei, sorrindo, quando ele me pôs no chão – Como vai? – Vou bem e você? – falou. – Ótima... – Então, gente – o Dean esticou a mão para a menina loira, ela aceitou e veio para junto dele – esta é a Dakota. Dakota, este é o Logan e a Charlotte. – Oi – Logan e eu dissemos em uníssono. – Logan eu já falei com Rufos, ele guardou o nosso lugar na fila – Disse Dean. – Quem é Rufos? – perguntei. – Um amigo nosso, dono daqui – o Logan disse indicando com a cabeça o lugar atrás de mim. – Vocês vão pular, Dean? – perguntei, referindo-me a ele e a Dakota. – Nós vamos! – Logan respondeu. – Ah! Tá – falei calmamente. Logan, Dean e Dakota se entreolharam com uma careta. Tudo bem, sobrei muito agora. – E então, está pronta? – Logan me perguntou. – Pronta para quê? – respondi com outra pergunta, colocando a mãos nos bolsos de trás do meu jeans. – Para pular, claro! – ele disse indicando novamente com a cabeça o local atrás de mim. Ah-Meu-Deus!
Go Away, bitch! O meu olhar correu de Logan para Dean, de Dean para Logan. Então meu olhar parou em Logan. Fiquei o encarando séria, esperando que ele risse e dissesse “É brincadeira, Charlie”, mas isso não aconteceu, portanto eu comecei a rir. – ok, ok – falei – próxima piada. – É sério, Charlie – Logan disse – Nós somos os próximos... – Vamos esperar você lá, ta bom? – Dean falou e junto com Dakota, passaram por mim e Logan Minhas mãos gelaram, meu coração começou a bater extremamente rápido. Eu queria continuar encará-los e rir, mas Logan estava falando sério. Então eu resfoleguei e me virei, pedi licença para o homem a minha frente e me apoiei na grade azul, com as mãos no rosto. Senti alguém se aproximando e passando o braço pela minha cintura. – Está tudo bem? – a voz de Logan perguntou próxima ao meu ouvido. – É claro que não está – eu disse com a voz alterada e trêmula – Por isso você não queria me dizer onde iríamos não é?! Eu o encarei, perplexa. Logan estava com seus olhos arregalados e fazendo cara de criancinha assustada. Quase desisti de ser malvada e pedi desculpas, isso não faria muito sentido porque ele é quem me tinha “raptado” e levado para o bungee jump, mas o quê eu posso fazer? Era o efeito que aqueles olhos azuis possuíam sobre mim. De qualquer forma, eu mordi a minha língua para não falar nada. Se ele visse como realmente fiquei brava, desistiria e iríamos, sei lá, tomar sorvete em algum lugar ou ele pularia sozinho. – Não, na verdade – falou ele – não achei que você tivesse medo nem nada... Ele se aproximou mais. – Quero dizer... – continuou ele – Achei que você ficaria assustada, mas aceitaria ir. Ele falava em um tom mansinho, que me fazia sorrir internamente. Levantei meus olhos até ele que me olhava interrogativamente. – Não, Lelo – falei – eu não vou... Desculpa. – Tudo bem – falou – vamos embora, então.
Ele segurou a minha mão e se virou começando a andar. – Logan, espera – falei, fazendo-o voltar sua atenção para mim – Porque você não pula sozinho?! – Ah, Charlie, eu já fiz isso – ele falou – queria que você fosse comigo. – Nada ver, Lelo – eu disse – eu estou vendo nos seus olhos... – O quê?! – Você está morrendo de vontade de pular – falei colocando a mão na cintura – parece até uma criancinha que acabou de receber um não como resposta. – Mas eu acabei de receber um não como resposta – ele pensou um pouco – embora eu não seja criança, né?! – Ás vezes é pior que uma – falei. – Ok, Srta. Benetti – ele falou sarcasticamente – vou pular sozinho só para você ver que não sou criança. Ele começou a andar de volta para o lugar que estávamos desviando das pessoas a nossa volta e ignorando os sussurros excitados de adolescentes. – Como se isso provasse alguma coisa – falei rindo. Ele passou pulou para o outro lado da grade, onde ficavam as pessoas que pulariam. Ali, ficavam espalhados equipamentos de segurança, rádios de comunicação e dois homens altos. Um era branco, tinha porte de jogador de futebol americano, a cabeça raspada e várias tatuagens espalhadas pelas pernas e braços; o outro era moreno, com cabelos negros encaracolados cortados baixo, era mais magro, tinha tatuagens, mas em uma quantidade menor que a do outro, tinha traços latinos, o que me fez lembrar Mark. O latino segurava uma moça pelo equipamento de segurança bem no limite da ponte, a mulher tinha a expressão de medo, mas ao mesmo tempo ansiedade. Ele lhe disse alguma coisa e ela abriu os braços então ele a soltou e ela se jogou de cabeça. Não pude deixar de exclamar, chamando a atenção de Logan. Acho que poderia ficar o dia todo vendo as pessoas se jogarem que nunca me acostumaria. – Ei, Rufos – Logan chamou e o homem branco e careca, que estava de braços cruzados virou-se esoreiu para Logan. – E aí, Logan – o homem começou a vir na direção de Logan.
Eles deram um abraço (esses abraços de homens em que eles dão tapinhas nas costas e tudo mais) e começaram a conversar sobre: Quanto tempo que você não vem aqui; pois é; como você está; Bem e você... Conversa de quem não se vê há muito tempo. Ou não. – Então, Rufos – Logan falou – essa aqui é a minha namorada, Charlotte. Charlie este é o Rufos. – Oi, Charlotte – Rufos falou estendendo a mão para mim, eu apertei – Você vai pular também? – Com certeza, não – falei e ele riu. Ele tinha um sotaque diferente, com certeza não era americano. Era uma coisa mais enrolada e rápida. – Você não é americano, né?! – falei. – Não, eu sou alemão – ele falou – mas, então, porque você não vai pular? – Eu tenho medo – falei. – Ah! Não precisa ter medo não – ele falou – as cordas são bem seguras e você desce rapidinho. Nem vai sentir. – Ah! Valeu – eu disse – mas prefiro ficar por aqui mesmo. Talvez na próxima. – Tá bom então, eu vou cobrar, hein?! – ele falou, eu ri e ele se voltou para Logan – Está pronto? – Sempre – Logan falou. Enquanto Rufos ajudava Logan a colocar o equipamento, percebi Dean e Dakota conversando do meu lado. – Dean eu quero ir de novo – falou Dakota, a voz dela era fina e irritante – mas eu tenho medo de ir sozinha... – Ah! Não Dakota – falou Dean – eu não quero ir de novo, não, vai sozinha! – Mas eu tenho medo... – ela disse, fazendo biquinho. Dean bufou, acho que ele não agüentava mais a Dakota. Ela não parecia ser chata a meu ver, mas sei lá, a gente nunca conhece ninguém. Foi neste momento que uma garota morena chegou e começou a gritar junto com a Dakota:
– Amiga quanto tempooooooo!– a recém chegada falou. – Ai, amiga – Dakota falou – o que você está fazendo aqui, está perdida? – Claro que não, sua boba – a outra falou – eu estou com a Kristen e a Carly. A Dakota apresentou Dean a amiga, chamada Kate. Dean deu a idéia de Dakota pular junto com a Kate, mas esta recusou dizendo que já havia o feito e que não iria novamente. Então Dean falou a Dakota para que pulasse com Logan, já que ele estava indo, logo depois se retirou falando alguma coisa sobre comprar uma água. Eu arregalei os olhos. Eu não faço do tipo ciumenta, mas só de imaginar outra menina agarrando o Lelo, mesmo só para ir ao bungee jump, sinto minha cabeça ferver. Esqueci um pouco aquelas duas e voltei com a minha atenção a Logan, que acabara de arrumar os equipamentos e conversava com Rufos, depois ele veio até mim. Eu estava com os braços apoiados no muro o observando. Ele chegou bem próximo com aquele sorriso tímido. – O que você está olhando? – ele perguntou. – Você – falei – agora está parecendo uma criancinha que recebeu vários “sim” como resposta. – Ainda sou uma criancinha? – ele disse e mordeu meu lábio inferior, só para me tentar. Ele sabia que eu adorava quando fazia isso. – Sim – falei e fiz o mesmo que ele. Então ele me beijou bem de leve, nossos lábios se encostaram bem suavemente e quando eu achava que ele ia me brindar com um beijo cinematográfico, ele afastou rindo. – Ei – Eu o chamei, frustrada, ele se virou – o que foi isso? – Criancinhas não fazem isso – ele falou. – Pode deixar – falei – isso vai ter um troco, ouviu?! Ele riu e foi andando em direção a Dakota que fazia frenéticos sinais com as mãos o chamando, eles conversaram por um momento e depois ela deu uns pulinhos excitados, com direito a palminhas e gritinhos. Logan veio a mim novamente enquanto Dakota voltava a conversar com sua amiga do outro lado. – O que foi? – perguntei.
– A Dakota queria ir de novo ao bungee jump, mas não queria ir sozinha – ele explicou – aí ela me perguntou se podia pular comigo... – E você aceitou? – perguntei, já sabendo a resposta. – Sim... SABIA! AQUELA VADIA... Pare com isso Charlotte, ela não vai fazer nada só... Pular de bungee jump agarrada com seu namorado! Desculpa consciência, mas desta vez eu tinha que julgar... AQUELA VADIA, DESGRAÇADA ESTÁ DANDO EM CIMA DO MEU NAMORADO! Tudo bem Charie, respira, respira! – Tá – respondi secamente. – Você ficou brava – Logan afirmou me analisando. – É claro que não – falei – que idiotice. – sei... – ele falou semicerrando os olhos – quer que eu fique aqui? – Não, vai lá com ela – quando vi já tinha falado. Falar esse tipo de coisa é como assinar um atestado confirmando teu ciúme. Logan me analisou de cima abaixo, com aquele jeitinho fofo dele de desconfiar das coisas. Eu dei a minha olhada fatal de orgulho do orgulho (se é que me entendem) e bufei: – Vai logo, Lelo, daqui á pouco é a sua vez... – Tá bom – ele disse – fica bem aí. – Esta bem, eu só vou pegar algo para beber. – Ok – ele me deu beijo na testa. Eu fui andando até uma barraquinha de comes e bebes, um pouco mais a frente naquela passarela, com o sangue subindo a cabeça. Estava o maior caos na barraca. Eu demorei alguns minutos antes de chegar ao balcão e fazer meu pedido. Havia só umas duas pessoas ao meu lado. A minha bebida chegou e eu resolvi ficar ali bebendo minha soda. Então duas garotas se aproximaram do balcão conversando muito, percebi a voz da Dakota e da amiga dela, elas estavam conversando sobre Logan, o que eu não demorei a descobrir já que elas usavam expressões do tipo: “Ai, e aqueles olhos dele... São tão azuuuis” ou “Ai, eu sei e o cabelo bagunçadinho dele” ou “Ai, e aquela boca de cereja dele” ou “Ai, blábláblá”...
Acho que não me perceberam ali, portanto continuei quietinha as ouvindo. NÃO! Eu não sou fofoqueira. Poxa, elas estavam conversando sobre o meu namorado, tenho todo o direito... Ou pelo menos metade dele. – Mas amiga – a tal de Kate falou – ele tem namorada, não tem? – Tem – Dakota falou – mas nada que eu não resolva. E você já a viu? Ela é tão sem sal sem açúcar... Sabe, ela não tem nem peito e nem bunda... É tão magrinha coitada! – Total amiga – Kate falou – e qual o nome dela? – Charlene, eu acho – Dakota falou e as duas riram. CHARLENE!? Meu Deus de onde elas tiraram isso e olha que eu não queria julgá-la. Não tenho peito e nem bunda mesmo, pelo menos não sou vadia. – Mas qual é o seu plano? – Kate perguntou quando terminaram de rir. – Bem – começou Dakota – eu pulo de bungee jump com ele, fico morrendo de medo e ele me consola aí ele me abraça e eu aproveito para tirar proveito da situação... As duas riram. Alguém me segure, antes que eu perca a paciência! Minha boca já se abria sozinha. – E então – Dakota continuou – Eu dou aquela minha risadinha fofa ele adora, nós trocamos telefones, depois saímos em um encontro de casais, eu e o Dean, o Logan e a Charlene, depois encontros triplos e depois encontros duplos às escondidas... Elas riram de novo. Eu já estava achando que aquilo era algum tipo de piada, não podia ser verdade! Parecia coisa de filme adolescente. – Mas, será que a namorada dele não vai notar? – Kate perguntou. – É claro que não – falou Dakota – ela é tão tapada que nem se deu ao trabalho de pular com ele... Elas deixaram o dinheiro no balcão e saíram. Depois de alguns segundos, eu “acordei” de meu transe balançado a cabeça. Deixei o dinheiro e metade da minha soda em cima do balcão. Sai correndo de volta a aglomeração de pessoas. Quando cheguei à grade Dean estava ali. – Charlie – ele falou – onde você estava? –Tomando uma soda – falei acelerada.
– E já veio correndo para queimar as calorias, né?! – ele falou. Tive que rir. Havia mais pessoas ali agora, estava ficando cada vez mais impossível de se movimentar. Havia várias meninas tirando fotos e Logan dava autógrafos, Dakota já estava ali também, sorrindo como nunca. Vadia. Comecei a pensar em como poderia impedir aquilo. Pensei, pensei e pensei. Não tinha jeito, esse era a única solução. – Logan – eu chamei e ele me olhou, não só ele como todas as meninas que o contemplavam e tiravam fotos/pediam autógrafos – Eu mudei de idéia! Ele sorriu para mim quase que imediatamente. Eu passei as pernas pela muretinha e ele veio me ajudar. – Vamos? – ele perguntou. Eu sorri e assenti com a cabeça.
Se Tiver Um Estomago, Não Vá Ao Bungee Jump Pois é. Aqui estou eu, com os equipamentos de segurança prontos, no extremo lateral da ponte junto com Logan. Meu coração estava a mil por hora e minhas pernas trêmulas. – Estão prontos? – perguntou Rufos. – Meu Deus, Charlie, você está pálida - Logan falou, ele colocou a mão no meu peito e riu – seu coração vai sair pela boca daqui á pouco. Tem certeza que quer fazer isso? – Não – falei, sou medrosa mesmo e acabei de admitir isso – mas eu quero ir com você. – Tudo bem, olhe – ele começou – Não vai ser difícil, só faça o que eu te pedir, tá bom? Eu assenti. Ele me puxou para perto, pegou minhas mãos e envolveu na cintura dele fazendo-me abraçá-lo. – Acalme-se, Charlie, você vai ter um infarto – ele falou – Tudo bem, não precisa ter medo, vai ser bem rápido. Só preciso que você não solte da minha cintura por nada, ok?! – nem precisava ter dito isso – Deixe seus olhos fechados e quando formos pilar, não coloque o pé para fora, mantenha o corpo reto e rígido e se jogue de cabeça, entendeu?! Agora vamos devagarzinho até a ponta. Nós fomos dando passos curtos até o limite da ponte. – Prontos? – Rufos gritou. – Pronta? – Logan sussurrou para mim. Eu fiz que sim, em um micro movimento. Eu estava com o rosto escondido em seu peito, com os olhos fechados bem apertados. Logan me abraçava pela cintura. – Quatro, três – contou Rufos, eu abraçava Logan a mais forte a cada número – dois, um! Quando eu vi já tinha ido. Logan não hesitou meia vez se quer. Ele me segurou bem forte e nos impulsionou para o lado, era como se eu tivesse deixando uma parte de mim lá em cima e essa parte provavelmente seria meu estômago. Acho que a adrenalina foi tanta que gritei quase que involuntariamente. Sabe aquela sensação horrível que temos quando estamos em um carro e ele passa muito rápido por uma lombada? Que parece que
pegam o nosso estomago e chacoalha ele como se fosse um brinquedo de bebê? Então, imagine essa sensação por um pouco mais de um segundo, que é o quanto ela geralmente dura, então, imaginou?! Perturbadora, não é?! COMPLETAMENTE. A pior parte foi quando o elástico esticou até o fim e nos subimos com tudo, ai sim eu tive certeza: Pronto, perdi meu estomago! O elástico continuou subindo e descendo, me dando mais enjôo, foi quando percebi que estava segurando o ar desde o segundo que saltamos e minha boca estava seca. Quando estávamos quase parados de subir e descer, Logan tirou os braços da minha cintura, tive a impressão que escorregaria. – Já acabou Charlie – ele disse rindo – pode abrir os olhos. – Ainda estamos de ponta cabeça? – perguntei. – Sim. – Então eu não vou abrir. – Deixa de ser medrosa, vai – ele falou – você precisa ver essa vista. Eu abri os olhos e contemplei meu mundo de cabeça para baixo, não vou mentir aquela sim foi uma imagem legal. Eu olhava para baixo e via o céu da tarde azulzinho sem nenhuma nuvem no céu, olhava para cima e via um lago verde tranqüilo. Estiquei um dos braços e toquei a água morna. Já havia me acalmado, mas fica de cabeça para baixo não é das melhores coisas do mundo. Eu senti algo nos puxando para a direita e em pouco tempo vi a terra firme. Um homem e uma moça nos sentaram em uma cadeira, cada um, para tirarmos os equipamentos de seguranças. Eu ainda estava meio tonta, meio abalada, meio grogue do susto, mas logo que tiraram os equipamentos vi-me livre de todas aquelas sensações. Logan me trouxe uma garrafinha de água gelada. Eu a tomei quase inteira enquanto ele me observava como quem espera um veredicto. – E aí? – ele perguntou quando eu tampei a garrafinha. – Acho que eu perdi meu estomago – falei e ele riu. – Perfeito- ele disse – era isso mesmo que eu queria. Eu ri e dei um tapa o seu braço. – Você fica quietinha aí, que eu vou falar com o pessoal – falou. “AEEEE CHARLOTTE!” Eu ouvi alguém gritando, eu coloquei a mão sobre os olhos, olhei para cima e vi o Dean sorrindo, sorri e acenei para ele. Depois de alguns minutos, Logan voltou e nós subimos para a passarela de novo. Chegando lá, nós agradecemos e nos despedimos de Rufos que falou: “Que isso, cara, só o grito
da tua namorada já valeu a pena”, depois nós chamamos Dean e Dakota (que havia desistido de pular) e fomos para o estacionamento. Como já eram mais de 14 horas Logan sugeriu que fossemos almoçar em algum lugar e nós fomos. Almoçamos em uma lanchonete linda á beira da estrada, tinha uma decoração vintage, estilo aquelas dos anos 80, com o chão preto e branco, mesas de canto com assento de couro vermelho e tudo mais, maravilhosa. Depois de comer nós voltamos para Manhattan, era fim de tarde, Logan dirigia com todos os vidros abertos e o som no último volume. Nós cantávamos feito loucos todas as músicas que passavam, sejam elas boas ou não. Quando chegamos ao centro, Dean e Dakota se separaram e foram para a casa de uns tios da Dakota enquanto Logan e eu seguimos para meu apartamento. Quando chegamos a minha casa eram exatamente 18 horas. Eu estava morta de cansaço, mas ainda tinha a minha torta de cereja intocada para comer, por isso tomei um banho, coloquei um pijama xadrez, Logan foi depois de mim. Quando terminou, ele deitou no sofá sem camisa, eu liguei a televisão e me deitei junto dele, então ficamos ali comendo torta e assistindo, Logan mexendo em meu cabelo de um jeito que só ele sabia. Em pouco tempo eu dormi nos braços quentes dele, feliz por ele estar ali. Lembrei-me antes de cair no sono que amanhã já seria domingo e que ele iria embora, um nó formou-se na minha garganta e eu o abracei mais forte e, agora sim, dormi tranquila.
Discussões Me Dão Sono Eu acordei na manhã seguinte me sentindo a rainha da Inglaterra dormindo em uma cama de ouro... Espere um minuto, Logan e eu não havíamos dormido no sofá? Ou melhor, Logan não havia dormido comigo? Sentei-me na cama coçando os olhos, depois procurei Logan por todo o meu quarto. Nada. Levantei-me e olhei no banheiro. Nada. Estava tudo tão quieto e parecia ser tão cedo. Cambaleei até a sala, ainda meio dormindo. Logan também não estava lá. Ótimo só faltava ele ter ido embora, mas eu ouvi sua voz vindo da cozinha, conversando com alguém. Lá estava ele, do mesmo jeito que havia ido dormir. Ele estava de costas, bagunçava os cabelos com uma das mãos e segurava o celular com a outra. Eu me recostei no batente da porta e fiquei o observando, ele logo percebeu minha presença e se virou, me mandou um beijo silencioso e voltou a falar no celular, eu sorri e fui me sentar em uma das cadeiras do balcão da minha cozinha. A minha cozinha é pequena, os armários são brancos, a pia e o balcão são de um mármore escuro e o fogão de inox. O piso é de um ladrilho grande e da cor champanhe e as paredes são de azulejos brancos, tem uma janela que deixa a cozinha bem iluminada e também de onde se pode observar toda a avenida. Essa cozinha fazia parte da sala, mas quando me mudei para cá, minha mãe me pediu para deixá-la fazer uma reforma, porque “a filha dela não moraria em lugar com essas condições”. Quando voltei e vi loft reformado fiquei boquiaberta, estava tudo maravilhoso. Minha mãe tem um ótimo gosto, mas não é para menos, depois de tantos anos trabalhando com imagem e aparência. Continuei sentada ali comendo um biscoito que acabara de pegar no pote e escutando Logan falar. Ele parecia meio bravo, meio tenso, seus olhos corriam por todo a cozinha como se ele evitasse encontrar os meus. – Não tem outro jeito? - Logan perguntava ao telefone. ... – Tem certeza? - Continuava ele - este não foi o combinado... ... – O combinado foi o fim semana inteiro, não o sábado inteiro e um quarto do domingo - ele dizia. Olhei para o relógio de parede, ainda era oito da manhã. – Está bem - Logan suspirou - Está bem. Eu estarei aí... Ok, até mais tarde.
E desligou o telefone. Ele se voltou para mim ainda sério, mas logo sorriu. – Bom dia - falou ele me dando um beijo. – Bom dia - respondi. – Está com fome? - perguntou e eu assenti - Que ótimo, porque eu vou preparar um café para você. Eu sorri e ele começou a pegar os ingredientes pela cozinha, vez ou outra me perguntava onde estava isso ou aquilo. Ele manteve-se tenso durante todo o preparo do nosso café eu apenas o observava. O que quer que fosse esperei que ele me contasse, mas isso não aconteceu. Assim que ele pousou o prato de torradas, ovos e bacon com uma força adicional desnecessária a minha frente no balcão, eu decidi perguntar o que estava havendo. – O que foi? - perguntei o encarando. Ele estava de cabeça baixa, de frente para mim, uma mão apoiada no balcão e a outra no encosto da cadeira. – Nada - ele responde baixinho me olhando nos olhos. – Obviamente aconteceu alguma coisa, olhe a sua cara – falei e ele continuou calado - vamos lá Lelo, eu te conheço melhor que você mesmo... Diga-me o que aconteceu. Ele continuou calado por um tempo, então puxou um banco e sentouse de frente para mim colocando minha mão direita entre as suas e começou a falar: – Eu vou para a Espanha. – Ah! Meu Deus, que legal - falei animada - quando você vai? – Hoje - ele falou, eu arregalei os olhos. – Depois que você sair daqui? - perguntei a animação já não era a mesma, ele havia me dito que tinha a chance de poder ficar em NY até segunda. Bem, como perceberam, isso não vai acontecer. – Sim - ele disse. – Que horas você vai? - perguntei. – ás 11 - ele disse.
– da noite? – da manhã - ele falou me encarando. – O QUE?! - exclamei. Ele assentiu lentamente. – Mas... - eu comecei - Mas... Mas você... Você falou que iria embora de noite Lelo, você disse... – Eu também achei - ele falou - eles acabaram de ligar, eu nem sabia que iria para a Espanha... Perguntei se não dava para deixar isso para amanhã, mas eles disseram que não... – Isso... Isso não faz sentido - eu falei já alterada - Tem vôo para a Espanha a todo o momento, eles não entendem que não é sempre que você vem me ver... – Foi o que eu disse, mas o George falou que quanto antes nós chegarmos lá melhor - ele falou. George era o empresário do Logan. Eu fechei os olhos e me acalmei. – O que vai acontecer de tão importante que não podem esperar até amanhã? - perguntei mais calma. – Vai ter um evento de divulgação de os Três Mosqueteiros na terçafeira - ele disse com o olhar desfocado - George falou que tem uma festa na segunda á noite com todo o elenco. Se eu fosse segunda de manha chegaria lá de tarde e não descansaria a tempo para a festa. – Quanto tempo você vai ficar lá? - perguntei. – três semanas... – TRÊS SEMANAS! - Gritei. Fiz umas contas rápidas em minha mente. Estávamos no fim de Setembro, ele voltaria da Espanha lá pela primeira semana de outubro. Eu lembro que ele disse que ficaria as primeiras duas semanas de Outubro em L.A. gravando As Vantagens de Ser Invisível, uma semana no caso, já que estaria na Espanha na primeira semana. A terceira semana de Outubro seria a semana de lançamento de Os Três Mosqueteiros, ou seja, eu só o veria novamente no fim de outubro ou no começo de novembro. – O que está pensando? - ele me perguntou. – Só vou te ver de novo no fim de outubro - falei.
Ele suspirou. – Nós damos um jeito, ok?! - ele falou - eu prometo. – COMO ASSIM "DAMOS UM JEITO"? - eu explodi de vez, não queria ser o Logan nesse momento - LOGAN EU NÃO AGÜENTO MAIS SÓ FALAR COM VOCÊ PELO TELEFONE, EU NÃO CONSIGO MAIS SÓ TE VER PELO WEBCAM... ESTAVA SENDO MUITO PACIENTE, PORQUE É A SUA CARREIRA, EU NÃO POSSO TE ATRAPALHAR... É O SEU FUTURO, MAS UM FIM DE SEMANA INTEIRO COMIGO NÃO SERIA O FIM DO MUNDO! – Calma, Charlie... - ele falou, parecia surpreso com a minha reação. – NÃO ME MANDA FICAR CALMA, JÁ FIQUEI POR MUITO TEMPO Gritei - É só porque você está comigo, eu sei Logan. Se você estivesse em qualquer outro lugar e pedisse para esperarem até amanhã, eles aceitariam numa boa... MAAAS NÃÃÃÃO - Usei de todo o meu sarcasmo nesse momento - ELE ESTÁ COM A NAMORADA VAMOS ATRAPALHAR! APOSTO QUE ELES PENSAM QUE SOU UMA DISTRAÇÃO PARA VOCÊ... – Que absurdo, Charlotte, isso foi um acaso, coincidiu de eu ter vindo para cá na semana em que eles marcaram essa tal festa na Espanha. – Acaso? - falei - Ta bom... Eles podiam ter te contado sobre essa viagem antes, assim você nem vinha para cá e eu não ficava criando esperança para alguma coisa que nem eu sei o que é! Eles podiam muito bem ter avisado você antes, afinal eles convivem mais com você do que eu. Tuuuudo bem, essa última frase foi o ápice da situação. Eu já estava sentindo pontadas no fundo dos olhos, (coisa que acontece quando queremos chorar) que a essa altura já deviam estar vermelhos. Logan me encarava perplexo, não parava de me encarar por nem um segundo, o que fazia crescer o nó em minha garganta. – Não acredito nisso - ele falou baixando a cabeça e passando a mão no próprio cabelo. Depois ele voltou a me encarar - achei que você compreendesse Charlotte... Foi você que falou: "Logan, eu agüento numa boa, não vou ser ciumenta com as fãs, vou entender quando estiver ocupado e não puder retornar minhas ligações e quando não puder vir me ver" Essa última frase fui eu quem disse, quando estávamos decidindo se continuaríamos ou não namorando um pouco antes do ensino médio acabar. – A culpa não é minha se eu sinto tanto a sua falta - falei. – Você fala como se eu não sentisse a sua - ele falou, eu continuei calada como se o desafiasse - porque não foi você quem foi para a Inglaterra por nove meses e me deixou aqui com a promessa de que iríamos fazer dar certo, não é?!
Touché. Pois é, ele sabe o meu ponto fraco. Isso aconteceu mesmo, eu ainda não sabia se iria fazer a faculdade aqui nos EUA, mas eu deixei Logan com a idéia de que voltaria e que não íamos terminar por isso. Isso mesmo, senhorita Charlotte Benetti, aquela que fez Logan Lerman esperar, podem me matar agora, pelo menos vocês me poupam de ser tão má e de olhar para essa criatura de olhos vermelhos na minha frente. Eu não sabia se pedia desculpas, se o abraçava ou se começava a chorar; não sabia se mantinha meu orgulho de pé, se continuava a gritar, se o mandava embora ou se mandava o tal do George tomar naquele lugar... Senti as lágrimas dando sinal de vida em meus olhos, eu os limpei antes que elas escorressem. – Não precisamos brigar por isso, Charlie - ele falou - já perdemos muito tempo nas outras vezes. Eu continuei de cabeça baixa. – E eu não gosto de ver você chorando - ele falou - parece que é sempre minha culpa. Ele levantou meu rosto com uma das mãos e continuou a encarar. – Charlie, você acha melhor nós... Eu arregalei os olhos para ele. Eu não sei por que, mas sabia que a próxima palavra seria "terminar" ou derivados. Comecei a balançar a cabeça freneticamente. – N-não - gaguejei - não, é claro que não, eu não estava falando isso, não era para parecer isso... Eu não vou terminar com você, Logan, não quero... Minha boca estava seca, as pontadas nos meus olhos ficaram mais fortes. – Ei, calma, calma - ele falou - eu não vou terminar com você, eu só achei que você quisesse um tempo, sei lá. – Não quero - falei fazendo beicinho e cruzando os braços - o tempo só atrapalha. – Eu sei - ele falou. Seus lábios se curvaram em um sorriso olhando minha cara emburrada - Vem cá. Ele bateu uma das mãos na própria perna para que eu me sentasse ali, e foi o que fiz. Sentei em seu colo, pousei minha cabeça no seu ombro e passei um dos braços pelo seu pescoço. Ele segurou minhas pernas com uma mão, afagou meus cabelos com a outra e começou a me ninar. – Ah! Minha pequena - ele disse - vai ficar tudo bem!
E me deu um beijo na testa. Ficamos ali por algum tempo, eu não sairia dali nunca se me permitissem. Essa sensação de estar protegida é muito boa e isso sempre acontece quando Logan me abraça. Eu sentia seu coração bater no mesmo ritmo que o meu. Minhas pálpebras começaram a pesar eu estava quase dormindo, então eu me lembrei que já eram quase nove da manhã. Levantei a cabeça e olhei para ele. – Você precisa fazer as malas - falei. – Depois fazemos isso - respondeu. Eu me aconcheguei em seu colo novamente, aproximando meu rosto do seu pescoço, fazendo meu nariz roçar no mesmo, ele continuou a me ninar e a mexer em meus cabelos, eu dava beijinhos em seu pescoço. Permiti-me fechar os olhos e em pouco tempo cai no sono.
Despedidas e Reencontros Acordei deitada no sofá, procurei o relógio mais próximo... Eram 10h10 da manhã, levantei-me num pulo e comecei a chamar Logan. – Estou no quarto - ele gritou. Fui para lá. Ele estava colocando algumas coisas em sua mala. Logo levantou os olhos para mim e sorriu. – Acordou Bela Adormecida - ele falou - Uma discussãozinha e já fica cansada? Eu sorri e dei de ombros. – Acho que o colo ajudou - falei e ele riu - precisa de ajuda? – Não, já estou terminando- falou. Eu me apoiei na extremidade da cama. – Isso vai dar para três semanas? - perguntei analisando o conteúdo da mala que provavelmente daria apenas uma semana. – Não - ele disse - Minha mãe vai levar o resto, ela vai me encontrar no aeroporto de J.F.K – Falando nisso, já são 10h e pouco deveria estar a caminho do aeroporto - falei. – Eu sei - falou - estava esperando você acordar. – Por quê? – Você vai me levar - ele disse, fechou a mala e me encarou - Afinal, preciso de um beijo de despedida. – Tudo bem - eu falei - Só espere a chofer aqui se arrumar. – Ok - ele disse rindo – eu vou esperar você na sala. Ele saiu do quarto enquanto eu me trocava. Coloquei uma camiseta regata larguinha já que estava muito calor, um short que ia até a metade da coxa e meu All Star de cano alto. Depois que eu terminei de me trocar, lavar o rosto escovar os dentes e os cabelos, peguei as chaves do carro e a minha bolsa, prendi meu cabelo em um coque frouxo e fui para a sala. – Já? – Logan falou espantado.
– Como assim “já”? – falei – até parece que você não sabe que eu não demoro a me arrumar... – É que é meio estranho – ele falou – no set de filmagens demoramos uma hora no mínimo para “incorporarmos o personagem”, imagine as meninas. – Não sei o que isso tem haver comigo, mas tudo bem – falei. – Sei lá – ele falou – isso é incomum. – Eu sou uma menina incomum – falei – vamos logo ou você perde o vôo. Nós fomos para o estacionamento, pegamos meu carro e eu dirigi em direção ao aeroporto JFK¹ que não era tão distante dali. Demoramos uns vinte minutos para chegar, faltavam quinze minutos para Logan embarcar no avião. Corremos por todo o aeroporto a procura da mãe de Logan, por fim a encontramos sentada em um dos bancos de espera, lendo a revista People. Minha relação com a Sra. Lerman não é ruim, mas não é das melhores também. Acho que esse lance de todos eles serem judeus e eu não atrapalhou um pouco as coisas, foi bem difícil fazê-la aceitar meu namoro com Logan no inicio, mas acabou cedendo com o argumento do filho: “Estamos em pleno século XXI, mãe, isso não existe mais”. Fazer o que? Tradições são tradições e cada religião tem a sua. Mas atrevo-me a pensar que ela até goste de mim agora que me conheceu melhor. – Porque vocês demoraram? – ela perguntou quando nos viu. – Estava trânsito – mentiu Logan. – Charlotte, querida – a Sra. Lerman se levantou e me deu um abraço. Engraçado, já faz quase dois anos que eu namoro o filho dela e ainda a chamo de Sra. Lerman, ela diversas vezes me pedira para que eu a chamasse de Lizzie, mas eu não consigo. – Como você está, querida? – ela perguntou se afastando. – Muito bem e a senhora? – eu falei sorrindo timidamente. – Ótima – ela respondeu – e você cuidou do meu bebê? Eu ri. – Com certeza – falei olhando para Logan que revirava os olhos. – Então, está ansiosa? – Sra. Lerman perguntou. – Ansiosa para quê? – falei.
– Para a viagem é claro – ela falou como se fosse óbvio. – Ah! – tenho que admitir, eu fiquei meio chocada nesse momento, quer dizer que Logan podia me levar?! – Não, a Charlie tem faculdade e o estágio na revista, mãe – Logan falou – Ela não pode simplesmente ir... – É... – falei. – Ah é uma pena – a Sra. Lerman falou e seu celular começou a tocar – com licença. Ela se afastou para atender. Eu fiquei ali, sendo observada por Logan, entrando em um conflito interior: “Ele não te convidou?! Pode começar um barraco!” “Quanto drama, Charlotte, ele estava pensando na sua faculdade e no seu estágio na revista” “M-E-S-M-O-A-S-S-I-M! Você é namorada dele, o dever dele é te convidar” “Charlotte, você sabe que se ele a convidasse, você não aceitaria, certo?” “Certo, mas ele devia ter tentado” “e você sabe que se dissesse ‘não’ ele ficaria chateado” “Sim, mas...” “Não tem ‘mas...’ ele só te poupou de mais uma dúvida” “Como assim?” “Oras, se você aceitasse e fosse para a Espanha nem aproveitaria a viagem, porque provavelmente ficaria pensando na faculdade e na revista” “Talvez...” “Esse você recusasse, ficaria pensando ‘ah, meu Deus eu deveria ter ido e blábláblá’, portanto Logan te fez um favor, certo?” “Ceeeeerto...” Por fim, levantei os olhos para Logan que ainda me observava com uma expressão engraçada. Eu sorri e ele falou:
– Charlie, eu não te convidei porque... – Eu sei, Lelo, não se preocupe – eu o interrompi. Ele me puxou pela cintura e me beijou. – Lelo, sua mãe...- falei entre um beijo e outro. – O que tem ela? – ele falou, eu ri e continuamos a nos beijar. Depois de algum tempo a Sra. Lerman voltou dizendo que já estavam atrasados. Logan pegou sua mala e a da mãe e me deu um beijo, um beijo tão intenso que até fiquei com falta de ar... – Me liga quando chegar – falei enquanto o abraçava. – Ok – ele responde, então se afastou – Fica bem, minha linda. Eu assenti e ele correu junto da mãe, que o apressava. Fiquei os observando até ficarem fora do meu campo de visão. Então eu suspirei e voltei para o estacionamento. Eu ia andando absorto em pensamentos, não tirava os olhos do chão e quando já estava bem próxima do meu carro esbarrei em uma pessoa que vinha correndo, o impacto foi tanto que eu quase caio para trás. Era um garoto que, aparentemente, tinha a minha idade carregava várias caixas, eu me abaixei para ajudá-lo a recolher. – Nossa, me perdoe – falei – sou tão desastrada. Incrível como todo mundo fica desastrado quando coisas assim acontecem. – Não, tudo bem – o estranho falou – as caixas estavam tapando a minha visão, eu nem vi você! Eu recolhi a última caixa e encarei o estranho pela primeira vez. Ah Meu Deus. – Josh? – perguntei. O garoto que não havia me olhado ainda levantou os olhos e os arregalou quase instantaneamente. – Charlotte! – exclamou ele. Ele pousou as caixas no chão e me deu um abraço. De tantos conhecidos para se trombar no aeroporto, o Josh era último que me vinha à cabeça. Eu estudei com Josh no ensino Médio da Beverly Hills High School, e nós éramos como melhores amigos e se quer saber ele fez com
que eu me apaixonasse por jornalismo e escolhesse essa carreira. Ele era presidente do jornal da escola e foi quem me colocou lá dentro, fazia todas as aulas comigo e morava umas duas quadras da rua de Logan e Dean. O Josh estava muito diferente do que eu me lembrava, estava quase... Bonito! Era estranho pensar nisso, Josh sempre fora como um irmão para mim. Antes ele era magricela, os cabelos eram indomáveis, era mais baixo que eu e usava óculos enormes que ocupavam a maior parte do seu rosto ossudo, agora ele está com porte atlético, a pele com um bronzeado californiano, o cabelo mais escuro e cortado igual ao de Logan, está muito mais alto que eu, ele ainda usa óculos grandes, mas desses oldschool que vemos vários artistas usarem, seu rosto está mais quadrado e ele já não tem mais cara de adolescente. A única coisa que eu reconheci foram seus olhos verdes e amendoados. – Quanto tempo, Charlie! – falou ele, se afastando. – Pois é e você... – eu o olhei de cima a baixo – cresceu! Ele riu. – É verdade! – falou – e como você está? – Muito bem e você. – Bem, também... – Está perdido na minha cidade Sr. Adams? – perguntei. Adams é o sobrenome do Josh. – Nããããão ele respondeu – na verdade estou indo embora... – Sério? Não acredito! – falei – O que você fazia aqui? – Nada só aproveitando e fazendo um estágio para a faculdade! – Em qual faculdade você está? – Na da Califórnia... E você? – Na NYU – Sério que você entrou na NYU?! Eu assenti. – Que demais, Charlie... – É, eu sei, não acredito até agora.
– Mas como vão as coisas... – ele continuou – na última vez que te vi você estava com a cara toda inchada porque ia voltar para a Inglaterra e deixar o Logan... Falando nisso e vocês dois? E eu aqui achando que ele não se lembrava de nada disso. – Eu acabei de deixá-lo aqui no aeroporto! – Nossa, vocês estão juntos ainda? Eu assenti sorrindo! – Que legal, hein?! “Passageiros do vôo 6544 com destino a California, por favor compareçam a plataforma de embarque 4” A voz falou nos alto-falantes do aeroporto. – É o meu, Charlie, preciso ir! – Josh falou pegando as caixas. – Ah, mas que pena! Pega o número do meu celular, depois te passo uma mensagem com o meu e-mail. – Ok! Ele me entregou o celular dele e pediu para que eu salvasse o meu número. Eu o fiz e devolvi o celular. Nós nos despedmos e ele saiu correndo em direção a plataforma. Eu entrei em meu carro e fui para a Times Square. Nem era 12h dia, eu estava morrendo de fome e não queria voltar para casa agora, já que ela ficaria tão vazia sem o Logan. Eu peguei meu celular e disquei o número enquanto parava no semáforo. Tocou duas vezes antes da Brooke atender. – E aí, gatinha! – atendeu Brooke. – Broo, me encontra na Starbucks da Times Square em vinte minutos – falei. – Vinte minutos?! – ela gritou. – É... Tchau – eu desliguei o celular e o joguei no banco do passageiro.
A Beira de um Colapso Semana se passou tão rápido que acabei nem percebendo. Mas seria impossível que eu notasse alguma coisa na situação em que me encontrava. A minha vida sem o Logan era um tanto, digamos, monótona. Ela se resumia em faculdade, livraria, estágio, faculdade, faculdade, estágio e estágio. A livraria tornara-se um tipo de refúgio, havia momentos em que eu chegava à beira de um colapso nervoso, mas lá estavam Brooke, Mark e a livraria para me acalmar, eu me sentia mais m casa ali do que no meu próprio loft, tirando o fato de que eu gastava a metade do meu salário na própria livraria era tudo perfeito. Não podia pedir um emprego melhor, pelo menos por enquanto que não terminava a faculdade. Enfim, estava eu no meu mini Cooper voltando para casa no sábado á noite, pelo menos para tomar um banho, porque Mark e Brooke estavam enchendo a caixa de mensagens do meu celular, já que eu disse que não os atenderia mais. O que aconteceu foi que a semana de provas da NYU terminou e o pessoal sempre faz bagunça todo trimestre, e um colega nosso, o Jake (um cara loiro, de porte atlético, amigo de 90% dos alunos da NYU e estudante de publicidade), está fazendo aniversário hoje também, então imaginem, isso mais um motivo para o povo dar a louca e fazer uma daquelas festas trash. Como eu ando com Mark (que é dono do blog “TOP” na universidade) e com a Brooke (Todo mundo adora ela, só não me pergunte por que) sou convidada para todas as festas possíveis e imagináveis e eu vou a todas, mesmo que ás vezes seja por livre e espontânea pressão. Nossa, Charlote, falando desse jeito você nem parece à menina responsável, culta que namora o cara mais lindo do mundo. Certo, você está errado se pensa isso! Posso ter todas essas qualidades, mas o problema é que eu ainda tenho dezoito anos, e querendo ou não, a minha idade ofusca todas as “grandiosidades” que eu faço, portanto decidi que vou parar com as minhas paranóias de ser perfeita até completar meus vinte, daí agirei como uma adulta responsável e sem graça. Cheguei ao meu loft lutando contra a vontade que eu tinha de deitar naquele sofá, dormir e só acordar daqui a duas semanas. Suspirei alto e senti uma dor de cabeça incomoda, fui à cozinha tomar uma aspirina depois fui tomar um banho rápido, minha cabeça latejando de estresse. Se você for algum tipo de alienado ou algo do tipo e quiser sentir a dor de cabeça mais aguda da sua vida venha morar em Nova Iorque e arrume um emprego na Quinta Avenida, sinceramente, acho que todas as empresas têm algum tipo de conspiração contra trabalhadores, porque saímos todos no mesmo bendito horário. Impossível encontrar alguma Avenida em Nova Iorque entre ás cinco da tarde e ás sete da noite que não esteja um trânsito de um bilhão de quilômetros (Eu nem sou exagerada, não é?! Não culpe a mim, culpe o trânsito), por isso na maioria das vezes opto por ir e voltar andando.
Saí do banho e quase joguei meu iPhone na parede, aquela coisa não parava de tocar, juro que se não fosse Foo Fighters tocando, já teria enjoado do toque. O celular parou de tocar, eu suspirei aliviada e sorri por cerca de cinco segundos antes de ele recomeçar a tocar. Eu bufei e resolvi atender. – MAS QUE DROGA, EU JÁ ESTOU INDO! – eu gritei ao telefone. – AHAHAHAHAHAH – era a voz de Mark. – Mark, ela vai ficar brava – eu ouvi a voz da Brooke rindo ao fundo. – Mais do que já estou? – eu falei, sarcástica – Impossível. – Charliieeeeee – falou Mark, devia estar bêbado. – CALA BOCA MARK, ME DÁ ESSE CELULAR AQUI – eu ouvi Brooke gritando – Espera aí... – falava Mark e logo depois ouvi vários barulhos aleatórios. Eu revirei os olhos e coloquei a mão na cintura. – Alô, eu ainda estou aqui – falei. – Charlie, fica pronta, estamos chegando em vinte minutos – falou Brooke acelerada – dezenove minutos e cinqüenta e nove segundos, cinqüenta e oito, cinqüenta e sete, cinqüenta e seis... – Me poupe – falei, desliguei o celular e o joguei na cama. Fui até meu guarda-roupa (tinha até me esquecido que ainda estava só de toalha) e só tive tempo de abri-lo antes de o meu celular recomeçar a tocar. – Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarrrrrggghh – gritei sozinha, batendo a porta do guarda-roupa com toda a força que tinha. Peguei meu celular e atendi: – O QUE É, CARAMBA?! – Charlie? – a voz mais doce, tranqüila e reconfortante atendeu do outro lado. – Lelo? – disse eu, suspirando aliviada e me jogando na cama. – Meu Deus, você está... BEM? – ele falou. Claro que sim, só quase tive um acesso de loucura agora.
– Sim – falei. – Sei – ele disse alongando a palavra, como sempre faz quando está desconfiado – você atendeu o telefone tipo “SE VOCÊ TEM AMOR A VIDA DESLIGUE ESSE CELULAR E NÃO LIGUE NUNCA MAIS” – eu ri – e depois ficou tipo “Eu amo flores, pôneis e o meu namorado famoso” e agora está ai rindo feito uma criança. Eu continuei rindo. – Me fala o que aconteceu? – ele perguntou. – Nada, é só... Só estou estressada – falei, fechando os olhos – Você sabe, estágio, faculdade, trânsito, meus amigos... – Seus amigos? – perguntou ele. – É... – falei – acho que eles são hiperativos demais para mim. Ele riu. Conversamos um pouco, Logan fez um resumão de tudo que tinha acontecido lá na Espanha, falou que voltaria para L.A. uma semana antes, porque tinha uma entrevista na Teen Vogue. Eu poderia só ficar ali o ouvindo o resto da noite de olhos fechados, mas como sempre não podia. Disse a ele que tinha que desligar, porque sairia com a Brooke e o Mark e ele falou “Vou mandar meu espião ficar de olho em você, fica esperta Benetti”, nos despedimos e eu desliguei o celular. Ótimo, só o Logan para me tirar o estresse. Por fim terminei de me arrumar o mais rápido possível e fui comer alguma coisa antes que Mark e Brooke chegassem. Eu estava terminando de tomar meu leite e comer uns biscoitos quando ouvi meu notebook fazendo barulho na sala. Fui até lá ver o que era. A luzinha do skype piscando, era Jullie, estudou comigo na Beverly Hill High e era vizinha do Dean e do Logan. JullieC diz: Charlotte, as meninas do fã-clube acabaram de me mandar isso. Havia um link logo abaixo. BeniCharlie diz: O que? Fã-Clube? JullieC diz: Não vou dizer mais nada... Veja você mesma
Nossa, estava até com medo. Cliquei no link que me redirecionou para um desses fã-blog do Logan. Revirei s olhos pensando Lá veeem. Não sei, parece que esse povo gosta de... Pôr lenha na fogueira, eu hein! A página terminou de carregar e meu coração parou de bater por um nanossegundo. Ah! Meu Deus. No centro da página, estava uma foto enorme de Logan abraçando garota de cabelos negros e olhos verdes pela cintura e dando um beijo na bochecha dela. Eles estavam no meio da calçada de uma avenida movimentada, eu julguei ser L.A. pela quantidade de carros e casas luxuosas. Fique paralisada por um tempo antes de rolar a tela para ler a matéria sobre a foto. Não sabemos se essa foto é recente ou não, mas foi postada no twitter de uma garota que se diz “amiga muito intima” de Logan desde sempre, na última quinta-feira. Podemos reparar que nosso galã e a garota saem de um restaurante localizado na Rodeo Drive em Beverly Hills. Lembrando que Logan assumiu seu namoro com a Nova Iorquina estudante de jornalismo Charlotte Benetti, depois de quase dois anos tentando manter o relacionamento em segredo, portanto tirem suas próprias conclusões Lermaniacs... Um pouco mais abaixo e em tamanho menor estava escrito. *Não revelaremos a identidade da garota, pois não temos autorização. Um nó se formou na minha garganta, a vontade que eu tinha era de gritar, ir até a Espanha e perguntar para Logan quem era aquela garota e quando aquela foto foi tirada. Meu maxilar estava travado (coisa que acontece quando estou muito chateada ou magoada). Ouvi alguém gritando no corredor do lado de fora do loft, com certeza eram Mark e Brooke, mas não dei atenção. Eles entraram rindo e fazendo barulho, mas logo se calaram quando observaram minha expressão séria para o notebook. Eu estava sentada no parapeito da janela e não os encarei. – O que...? – ia perguntando Brooke. Eu me levantei séria, coloquei o notebook na mão de Mark e me sentei no sofá, ele deixou escapar um gritinho de surpresa e Brooke tapou a própria boca com uma das mãos. Depois de algum tempo eles se voltaram para mim. – Você conhece ela?- perguntou Mark. Eu balancei a cabeça. Ficamos alguns minutos em silêncio. – Charlie, você nem sabe se essa foto é recente – Brooke falou. – Isso mesmo, deve ser uma foto muito antiga – falou Mark. – Você não leu – eu falei – “postada na última quinta-feria”.
– Ai, Charlie, você sabe que as pessoas têm tendência a exagerar – falou Mark sentando-se ao meu lado – principalmente blogueiros/fofoqueiros/fãs frustradas... Eu sorri tristemente. – Liga para ele e pergunta – falou Brooke. Se eu ligasse para Logan agora provavelmente começaria a gritar, ele mandaria eu me acalmar, depois eu “cuspiria” toda a história para ele aos berros... Então ele me chamaria de absurda e diria que estou tendo uma crise de ciúmes ridícula e por último falaria com aquela voz grossa dele em tom de desaprovação “conversamos quando você parar com a paranóia. Tchau”. Eu desligaria o celular e alguns segundos depois ficaria com um terrível sentimento de culpa, mas como eu sou muito orgulhosa não ligaria para Logan de novo e com certeza não me desculparia. Ótimo! . – Não – falei, por fim – provavelmente eu pioraria as coisas. – Se quer saber a minha opinião – começou Mark – Isso tudo é mentira! – Com certeza – falou Brooke – Isso não é a cara do Logan. Eu a olhei interrogativamente – Ah, qual é, Charlotte?! – ela falou com tom de indignação – só você não percebe como ele adora você... Ele te idolatra, na verdade. Eu ri. – É sério – falou Mark – se você reparasse o jeito como ele olha para você... É como se ele dissesse “ela é minha, ela é minha, ela é minha...” Eu ri novamente. – Pior que é verdade – falou Brooke – você só não repara porque está sempre preocupada com alguma outra coisa. – Tipo o que? – perguntei, franzindo as sobrancelhas. – Sei lá... Tudo – falou Brooke – está sempre preocupada com a faculdade ou com a revista... Aquele comentário me deixou com mais dúvidas. Talvez eu realmente me preocupasse demais com a revista e com a faculdade, talvez não desse toda a atenção que Logan merecia. Isso não seria um tipo de alvará para que ele me... traísse? E talvez não tivesse terminado comigo ainda por pena ou algo do tipo!
AH MEU DEUS! PARE COM ISSO CHARLOTTE BENETTI. DESDE QUANDO VOCÊ PENSA TANTA BESTEIRA? Afastei aquele pensamento impróprio e perturbador da mente e decidi dar ouvidos ao que meus amigos diziam. O celular do Mark começou a tocar e ele atendeu, murmurou alguma coisa do tipo “estamos a caminho” e desligou o celular. – Meninas, nossa noite foi pelos ares ou ainda temos uma chance? – ele perguntou. É mesmo a festa, tinha até me esquecido. – É claro que vamos – falei me levantando. Brooke sorriu. – Então vamos – falou ela – chega de sofrimento.
Party quase Hard Estava realmente muito calor, não era a toa que estava usando o meu short mais curto e uma regata. Se você me encontra andando de regata e short ou eu (a) fiquei louca (b) estou bêbada (c) está muito, muito calor! Eu não sou do tipo que gosta de “deixar muita pele amostra” (como diz Mark), sou meio insegura com esse tipo de coisa. Até Logan fala “Ah! Até que enfim, hein?!” quando eu coloco um short. Nós estávamos indo em direção a uma balada alternativa (não que eu saiba a diferença entre uma balada normal e uma alternativa, mas foi o que o Mark falou) perto do Bar Blue. Hoje era sexta-feira e o Black Eyed Peas iria fazer um show de graça no Central Park, o que significa mais trânsito! Sempre acontecem shows assim, mas o pior de tudo é que se um pingüim fosse o cantor, lotaria do mesmo jeito. Quando chegamos na tal balada já estava tudo muito frenético, aquelas luzes que me dão vertigem eram duas vezes mais aceleradas, estava tocando Party Rock Anthem do LMFAO, eu gostava daquela música, eu não conseguia ficar parada quando a ouvia, não conseguia ficara parada nunca na realidade, estava sempre balançando as pernas e/ou os braços batendo na minha própria perna no ritmo de uma música imaginária, coisas assim... Sou super normal!
Nós fomos até o bar, onde o pessoal já estava gritando, rindo, fazendo campeonato de alguma coisa que eu não sei o que era. Tinha muita gente ali, consegui reconhecer pelo menos 80% do meu período, fora os amigos desconhecidos do Jake. Nós cumprimentamos todo mundo e a Brooke foi pegar uma bebida para nós enquanto Mark foi fazer sei lá o que. Eu estava conversando com uma garota do meu curso, que eu realmente esqueci o nome, quando Jake chegou ao meu lado gritando. – Charlie – disse ele. A garota se afastou e eu me virei para Jake. – Que legal que você veio – continuou ele. – É, resolvi dar uma pausa nas minhas coisas – eu o abracei – Feliz aniversário, Jake! – Ahh obrigado – ele falou, eu me afastei – já estou há tanto tempo aqui, que até esqueço que é meu aniversário. Nós rimos.
Continuei ali, Brooke chegou com as bebidas, eu estava começando a me divertir mesmo, mas com uma incomoda pulga atrás da orelha com aquilo tudo sobre Logan e a tal foto. Brooke e Mark me viam meio triste, quando eu entrava em transe pensando sobre o assunto, e me enchiam de bebida. Como já falei, não sou de beber muito, mas a última semana do trimestre é o único momento que eu me permito encher a cara. Que horror, falando assim me sinto uma bêbada constante. Depois de umas duas horas, Brooke me convenceu a ir dançar com ela. Dançávamos uma música desconhecida, dessas muito frenéticas que é impossível você não se animar, mesmo se você não estiver sob um nível muito alto de álcool como eu estava. Brooke foi pegar mais bebida para ela e eu continuei dançando. A pista estava extremamente era quase impossível se movimentar ali, mesmo assim percebi e levei um susto quando senti alguém me abraçando por trás. Me virei no mesmo instante e me deparei com um cara alto de cabelos castanhos extremamente bagunçados, ou seja um estranho. Ele continuou a dançar e a chegar mais perto, eu tirei seu braço da minha cintura e comecei a rir. – quem é você? – perguntei, esses tipos e caras são os piores e na minha opinião os mais ridículos, não sei como as garotas morrem por eles. – Eu sou o Hugo e você? – falou ele voltando a colocar os braços em minha cintura. Só que dessa vez ele se curvou e tentou me beijar, eu desviei e novamente me afastei de seus braços. – Eu sou Charlotte Comprometida e Acompanhada – falei. – Duvido muito gracinha – falou ele. Gracinha? – se fosse essas coisas mesmo não estaria dançando sozinha. Ele me puxou para perto de novo e eu o empurrei. No meu estado normal, já teria saído dali, mas (outra vez) eu não estava em meu estado normal, eu estava bêbada. – Não estou sozinha – falei. Onde estava a Brooke nessas horas. – É claro que não – ele falou. E então aconteceu, ele me prendeu, segurando meus pulsos de um modo que eu não pudesse me mover. Fiquei me debatendo contra ele e mandando me soltar e ao mesmo tempo virando o rosto o impedindo de me beijar. – Me solta – falei e com um impulso consegui me desprender.
Ele tentou me agarrar de novo. – Ei – chamaram atrás de mim. Eu me virei e uma onda de alívio me atingiu. Era o Josh... O Josh?! Mas que diabos ele estava fazendo aqui? – Charlotte algum problema? – ele perguntou se aproximando e lançando um olhar fulminante ao tal de Hugo. Eu me aproximei de Josh e o abracei. – Nenhum – falei. – Ótimo – falou Josh ainda encarando Hugo, que se afastou silenciosamente dali. Desvencilhei-me de Josh. – Obrigada – falei. – Foi bom você ter me abraçado – ele falou – pelo menos ele não volta a te perturbar. Eu sorri. – O que você está fazendo aqui? – perguntei – O que? – ele falou, a música estava alta demais, impossível se comunicar ali. – O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? – tentei gritar mais alto que a música – Não estou ouvindo – ele falou. Eu agarrei seu pulso e sai da pista de dança, fui para um lugar no balcão do bar perto do pessoal da faculdade. – Está ouvindo agora? – perguntei. – Sim – ele respondeu. Josh fez sinal para a garçonete, quando ela chegou ele pediu dois martinis, a moça o encarou com um olhar malicioso disse “claro, gracinha” e se retirou. Qual o problema das pessoas desse lugar com a palavra gracinha? Revirei os olhos e me sentei, Josh me imitou. – Josh o que você faz aqui? Achei que estivesse na Califórnia – falei.
– Eu estava – ele respondeu – meu pai está abrindo uma filial aqui em Nova Iorque e todo fim de semana eu venho para ajudar. Nossos martinis chegaram, de novo a mulher fitou Josh por bastante tempo antes de ir embora. Eu dei um gole no meu Martini. – Mas e você Srta. Charlotte – ele começou – Desde quando você é baladeira? – Desde nunca – falei – estou comemorando um aniversário alheio e o fim do trimestre. Ele riu. Ficamos conversando bastante, ele e “atualizou” sobre tudo que havia acontecido com ele, relembramos os quando estudávamos na Beverly Hills High, o que me deu uma saudade de Logan repentina que me pegou desprevenida. Quando dei por mim, já estava de cabeça baixa de novo, querendo voltar para casa e ligar para ele. Brooke apareceu alguns minutos depois, eu a apresentei para Josh, e nós três ficamos bebendo mais um pouco, aquilo já estava se tornado uma tortura para mim. Depois Josh disse que precisava r embora, mas que me ligava para a gente sair um dia desses. O pessoal “cantou” parabéns para o Hugo e depois fizeram chuva de vodka (se é que me entendem). Quando vi as horas pela última vez, já eram quase três da manhã, Mark e Brooke não estavam a fim de ir embora ainda e seria muito egoísmo meu os fazerem ir só por minha causa, me despedi do pessoal e resolvi pegar um táxi. Eu sei, pegar um táxi ás três da manhã não é muito seguro, principalmente se você é mulher e está usando um short curto (falando nisso, eu estava morrendo de frio agora). Peguei o primeiro táxi que passou (é nesses momentos que eu me pergunto para quê tenho um carro). O assunto sobre a Beverly Hill High, realmente havia me deixado mal, estando bêbado ou não aquela história da foto me incomodou mais do que antes. Quando estava virando a esquina da rua no meu condomínio, não me agüentei de saudade - lê-se desespero – (Bêbado é fogo!) mandei um sms para ele, sem esperar uma resposta. “Boa Noite, meu anjo” foi o que mandei, alguns minutos depois ele me respondeu: Aqui são 9h da manhã, Charlie hahahah. Mas parece que você não foi dormir ainda então: boa noite, linda! Eu sorri e entrei no meu condomínio.
He's So Cute And Mine A semana seguinte praticamente se arrastou e eu já não agüentava mais. Parecia que quanto mais perto do fim de semana ficava, mais lentamente as horas passavam e, conseqüentemente, os dias. Dormi o domingo inteiro, já que a ressaca não me permitia fazer mais nada; na segunda-feira a dor cabeça veio com toda força, tive de tomar umas quatro aspirinas para não dormir na aula e na revista (onde, graças a Deus, estávamos no fim daquele projeto de "reformulação da revista"); na terça-feira avisaram na faculdade que a próxima semana não teríamos aula normalmente, pois a NYU sediaria os campeonatos de basquete e futebol americano de todas as faculdades de Nova Iorque. Porém nós do jornalismo fomos encarregados de cobrir o evento para a TV online da universidade e nosso professor de Jornalismo Televisivo, Sr. Carl, disse que a cobertura dos campeonatos ficaria como a recuperação deste semestre. Eu já tinha nota suficiente e muito boa nesse semestre, não precisaria vir (AMÉM), mas como o pessoal da NYU (e todo o resto dos Estados Unidos) ama esportes, basquete e futebol americano principalmente, aposto que todos viriam assistir aos jogos. Eu não ia ter nada para fazer na semana seguinte, provavelmente já vamos ter terminado o projeto da revista e isso quer dizer uma semana de férias. Então vou acabar vindo ver os jogos também. Na quarta-feira fiquei na revista até tarde para podermos, em fim, terminar aquele maldito projeto. E terminamos, só o apresentaríamos agora no fim de outubro, isso significa que eu estaria livre da revista por uma semana. Na noite de quarta, Brooke e eu fomos para casa de Mark ficar de bobeira e comer uma pizza. Eu estava tentando me manter ocupada para que o assunto que me incomodou toda a semana não viesse á tona. E qual era esse assunto? Logan Lerman e a misteriosa e um tanto quanto comprometedora. Eu não falara com ele desde a segunda de manhã. Ele não respondia minhas mensagens, nem meus e-mails e não retornava as minhas ligações. Chegou ao ponto em que eu já estava tão preocupada que só conseguia pensar em quatro coisas: (a) Alguma coisa séria aconteceu; (b) Ele estava me evitando; (c) Ele estava muito ocupado; ou (d) Ele realmente não queria falar comigo. Descartei a opção (a), pois na terça-feira á noite vira uma entrevista dele ao vivo pela internet e isso me deixava muito brava, porque se ninguém fica tão ocupado ao ponto de não poder responder uma mensagem, que seja: “Oi , eu estou vivo e muito ocupado!” Com certeza não leva mais de dois minutos e com isso descartamos a opção (c) também. Eu não podia ficar quieta um minuto do dia que a parte pessimista e estressada da minha mente começava uma discussão interna comigo mesma. Charlotte, você não acha muita coincidência que seu namorado tenha "sumido" no mesmo instante que aquela foto comprometedora dele vazou na internet?
Sim, mas o Logan não faria isso... Faria? Todo mundo faria isso, Charlotte. Eu não! Charlotte, se você soubesse que foi mega-traída não ficaria com outra pessoa só para se vingar ou esquecer-se de quem te traiu? Talvez, mas... E nós duas sabemos que você não é bonita como a garota da foto e que existem meninas muito mais bonitas que você. Eu sei... E também sabemos que é muito comum celebridades "namorarem" pessoas não-famosas e não terminarem com elas por pena. Pode ser, mas não são todos... Como você pode saber que Logan não é um desses? Porque eu confio nele E isso não prova nada, não é mesmo?! Pior que discutir com você mesma, é perder a discussão para você mesma! Era quinta-feira e eu estava no elevador a caminho do meu loft, tendo mais uma dessas discussões internas. Mas por que eu estava tão desconfiada? Coisas assim já aconteceram antes e eu não fiquei paranóica. Talvez porque quando isso aconteceu Logan não estava no ápice da sua famosidade e muito menos tão lindo como ele está agora, talvez por conta do sumiço dele, mas nada justificava minha paranóia. Eu estava no corredor do meu loft, literalmente cega de raiva por estar sendo tão ciumenta e ridícula e ao mesmo tempo por estar brava com Logan. Deixei as chaves cair antes de abrir a porta (o que não é nenhuma novidade), depois empurrei a porta e entrei no meu loft, ainda de cabeça baixa. No momento em que me virei tropecei em um objeto-terraqueo-não-identificadomas-que-machuca-pra-caramba e levei o quase-tombo mais ridículo da minha vida. Entenda: Quase-Tombo porque antes de esfolar minha cara no chão alguém, ou alguma coisa - vai saber né - me segurou. Eu não sabia se começava a gritar de dor ou de raiva, mas antes mesmo de me levantar e de fazer um desses dois - ou os dois - ouvi:
– Essa é a minha Charlie: Linda, inteligente e muito desastrada. Tudo bem, eu acho que as aspirinas em excesso estão me dando alucinações. Levantei-me num salto e encarei o dono daquela voz tão familiar. – LOGAN! - gritei e agarrei seu pescoço. – Surpresa! – ele falou, meio afogado pelos meus cabelos e meio asfixiado com o meu abraço. Não, eu não estava maluca, era ele mesmo em carne e osso. Eu não sabia se começava a gritar, se o beijava ou se perguntava o que ele estava fazendo aqui, na dúvida continuei só o abraçando. Eu me afastei dele, e a euforia tomou conta de mim por completo comecei a sorrir depois o beijei com volúpia. Esse foi o beijo mais estranho da minha vida, porque estávamos nos agarrando, então eu começava a rir como uma retardada e depois nos beijávamos de novo. –O que diabos você está fazendo aqui? – eu perguntei, tirando meu casaco e jogando ele e minha bolsa longe. Ele riu. –Longa história – ele disse. Eu coloquei minha mão em sua nuca e passei a mão em seus cabelos o observando, ele sorriu e eu voltei a beijá-lo. Quase que automaticamente fomos andando até meu quarto, esbarrando em tudo, mas sem parar de nos beijar. Eu estava eufórica, acelerada e ainda tentava compreender a situação, porém isso não me impediu de levar as minhas mãos para a base da sua cintura e erguer sua camisa. Logan parou de me beijar antes que eu terminasse... tipo, O QUE?! Quero dizer, eu sou a chata, o trabalho de acabar com o clima é meu! – Espera, espera – ele falou. – O que foi? – perguntei, minha respiração estava irregular e alta como se eu tivesse corrido três quilômetros sem parar. – Agora não – ele falou – já estamos atrasados. AAAAH! E essa agora? – Como assim? – perguntei. – Olha – ele se sentou na minha cama – amanhã é a premiere de Os Três Mosqueteiros em Los Angeles, você sabe, não é?! – eu assenti – então, eu vim te buscar!
Quê?! – me buscar?! – falei me sentando ao seu lado. – É – ele disse virando-se para mim – vamos para Los Angeles por uma semana e depois você volta. Se eu já estava meio confusa com a chegada inesperada dele, imagine ouvindo isso. – Lelo – comecei – eu não posso simplesmente... Ir. Preciso avisar minha mãe e eu não tenho dinheiro para ir a L.A., quero dizer, não agora. Ele revirou os olhos. – Charlie, você sabe que ficará na minha casa e que obviamente já tenho as passagens. Quanto a sua mãe, ligue para ela e avise. Eu mordi o lábio inferior, refletindo. Logan sorriu. – você fica linda mordendo o lábio – ele disse. Eu ri, corando. Como ainda ficava envergonhada com essas coisas? – Por que você não toma um banho – ele começou colocando minha franja atrás da orelha – e depois nós fazemos sua mala – ele me deu um selinho – e depois ligamos para a sua mãe?! Eu suspirei me dando por vencida. – Tá – falei me levantando e indo para o banheiro. Quando sai do banheiro, deparei-me com Logan deitado em minha cama de costas para mim, me aproximei um pouco. Ele estava dormindo tão tranquilamente que parecia uma criança, o peito subindo e descendo tão lentamente que era como se fosse calculado para que sua figura parecesse mais perfeita do que já é. Eu fui até o outro lado da cama e engatinhei a até ele, me aconcheguei em seus braços, Logan respirou fundo e passou o braço pela minha cintura. – Não podemos dormir – eu senti a voz dele em meu pescoço. – Só um pouquinho – falei. – Ok – ele disse. Menos de trinta segundos depois ele falou: – Tudo bem, levanta.
– Ainda não – falei. – Já passou um pouquinho – ele falou imitando a minha voz e então se levantou. Eu me sentei na cama no mesmo instante. – Ah Lelo... - reclamei. – Charlie, nós precisamos ir – ele falou – estamos atrasados! – Aaaah – eu falei, jogando a cabeça para trás. – Vamos, Charlie, é sério. Eu bufei e me levantei da cama. – Ei, não se esquece de colocar um vestido de gala na mala – ele falou. – Para quê? – eu perguntei. – Você pergunta demais, Charlotte – ele falou. – E você não responde nenhuma das minhas perguntas – falei. Ele me analisou de cima a baixo e depois suspirou. – Só... Coloca um vestido na mala – ele falou. Depois de me vestir, peguei minha mala de rodinhas e começamos a fazê-la. – Por que não me ligou durante a semana? – perguntei, colocando umas camisetas na mala. – Na verdade, estava evitando falar com você – ele disse simplesmente. HÁ! Sabia – Eu sabia que se falasse com você estragaria toda a surpresa, então... Eu sorri e abaixei a cabeça, queria falar sobre a foto então tomei fôlego. – Lelo – falei, ele levantou os olhos para mim e algo impediu que a minha voz saísse nesse momento – Não, nada não. Demoramos cerca de uma hora para terminarmos. Depois eu liguei para a minha mãe e essa foi à parte mais fácil a partir do momento que eu disse “junto com Logan”...
Minha mãe adora o Logan, o trata como se fosse um tipo de sobrinho, eles não se viram muitas vezes, mas foram vezes suficientes para que minha mãe perguntasse toda a vez que ligo “E o Logan?”. Depois de falar com a minha mãe no telefone, peguei meu passaporte e joguei dentro da bolsa. Saímos de casa e pegamos um táxi para o aeroporto onde a mãe e a irmã de Logan nos esperavam. Esperamos meia-hora antes de ir para a plataforma de embarque o que significa fãs, fãs, fãs e mais fãs. É incrível como têm fãs em todos os cantos do mundo, não?! Fiquei sentada no banco de espera conversando com Lindsay (irmã de Logan) enquanto Logan tirava umas fotos e dava autógrafos. A Lindsay é uma pessoa muito legal, ela é um pouco tímida, mas é só achar um assunto em comum que ela começa a se soltar. O Lucas (o outro irmão do Logan) também é bem divertido, eu não o vi muitas vezes porque ele faz faculdade em outro estado. Embarcamos no avião ás 18h em ponto. Sentamos Logan e eu em duas poltronas no fundo, a mãe de Logan e Lindsay sentaram-se mais a frente. Logan guardou minha bolsa, enquanto eu me sentava na poltrona da janela. Ele sentou-se ao meu lado e depois que decolamos levantou o braço de apoio da poltrona, deitou a cabeça em meu ombro, passou o braço pela minha cintura e dormiu quase que instantaneamente. Coitado, deveria estar horas a fio viajando em aviões, dando atenção a fãs e sem dormir. Depois de alguns minutos, cai no sono também. Acordei com o capitão pelo alto-falante, dizendo que pousaríamos em dez minutos, cocei os olhos, me espreguicei e comecei a balançar Logan devagarzinho, para acordá-lo. – Lelo – falei, ainda sonolenta. – Hmm – ele gemeu e se aconchegou mais. – Lelo, acorda – falei – vamos pousar em dez minutos. Ele se mexeu um pouco e então se sentou direito na poltrona, coçando os olhos, depois me encarou e nós rimos. Ele estava com a cara toda amassada, os olhos vermelhos e inchados, o cabelo todo bagunçado e ainda com aquela carinha de sono igual à de um bebê. – tadinho do meu bebê – falei, ajeitando os cabelos dele. Ele fechou os olhos e pendurou a cabeça para o lado enquanto eu passava a mão nos cabelos dele. – Eu vou dormir de novo desse jeito – avisou ele, então eu tirei a mão dos seus cabelos e lhe dei um selinho. Nós saímos do aeroporto e entramos em táxis diferentes, já que não cabíamos os quatros mais as malas em um táxi só. Enquanto colocava a minha
e as malas de Logan dentro do porta-malas do táxi, um sentimento nostálgico me invadiu. Los Angeles... Há quanto tempo que eu não vinha aqui, a última vez que estive em L.A. foi há quase dois anos, quando terminei o intercambio. Tenho que admitir que eu senti falta daqui, mesmo amando e me considerando uma Nova-Iorquina de coração, eu adoro L.A., quero dizer, aquele cheirinho de coisa nova que L.A. tem, junto do seu pôr-do-sol é inesquecível; você conhece os lugares mais inimagináveis; vendo as casa e os prédios daqui você se sente dentro de um set de filmagens; sem falar que esbarra com um artista a cada dois passos que dá. Por exemplo, só no aeroporto eu consegui reconhecer a Emma Stone, o Ryan Reynolds, o Alex Pettyfer, a Taylor Momsen, o Chord Overstreet e (pasmem) a Hayey, o Jeremy e o Taylor do Paramore. E olha que eram onze da noite. Pois é, isso é Los Angeles, pessoal. Entramos no táxi e fomos em direção a casa de Logan que, se não me falha a memória, ficava a uns vinte e cinco minutos do aeroporto.
How We Started (parte I) POV Charlotte Eu estava voltando da escola indo em direção a suposta casa de Dean Collins, meu novo parceiro nas aulas de Química I. A rua da casa da Carly (irmã do Billy, meu padrasto) é coincidentemente a rua do Dean, o que era um alívio, porque se eu me perdesse ali (se isso for possível) saberia voltar para casa. De qualquer forma eu parei de frente a uma casa branca de dois andares com o número do endereço que Dean me passara ontem, me aproximei-me da porta e toquei a campainha, alguns segundos depois Dean atendeu. – Oi, Charlotte – ele falou – Entra! Eu sorri e adentrei a casa. Estava tocando uma música pop alta, Dean me levou até a sala de estar e falou: – Fique á vontade, Charlie. Eu vou buscar uns refrigerantes e salgadinho e mandar o Logan desligar o som. – Está bem – falei e então me sentei no sofá. Alguns minutos depois ouvi Dean gritando: “LOGAN, ABAIXA A MERDA DO SOM!” E nesse momento um garoto de cabelos negros e os olhos azuis mais lindos que eu já tinha visto entrou na sala dançando e cantando junto com a música. Acho que ele não me percebera ali de primeira porque quando se virou me observou de olhos arregalados. – Oi?! – ele disse. Eu acenei para ele. – Quem é você? – ele perguntou, gritando mais alto que a música. Eu abri a boca para responder, mas ele fez um gesto com a mão pedindo para que eu esperasse e deu meia volta. POV Logan Desliguei o som e coloquei a cabeça para dentro da cozinha. Dean estava abrindo um pacote de Doritos e despejando em uma bacia de plástico transparente. – Dean! – chamei.
– Fala – ele respondeu. – Você não disse que teria visitas hoje – falei. – Ah é! – falou ele – Logan, nós teremos visitas hoje. Eu rolei os olhos e voltei para a sala, a garota estava lá sentada no sofá, com aqueles grandes olhos cinzentos correndo por toda sala. – Pronto – falei. Ela voltou sua atenção para mim e então sorriu. – Eu sou Charlotte – ela disse, com a voz tranqüila – Estudo com Dean e... com você também, mas não temos nenhuma aula juntos. – Hm – eu fiz então estendi a mão para ela, ela apertou minha mão – Eu sou Logan. Logan Lerman. – Há! Sabia – ela murmurou, mais para ela do que para mim. Eu a analisei e então ela continuou. – Eu assisti ‘Número 23’, ‘Meet Bill’ e ‘Efeito Borboleta’ – falou ela sorrindo – Eu desconfiava que você fosse você, mas não tinha certeza entende?! Eu franzi as sobrancelhas. Ela achava que eu era eu, mas não tinha certeza?!... QUÊ?! – Mais ou menos... Eu acho – falei. Me sentei no outro sofá. – Não importa – ela falou baixinho e balançando os cabelos castanhos. Então ficamos em silêncio. Ela voltou a observar a sala com aquele ar esnobe e nariz arrebitado que as meninas têm. Mas o jeito dela era diferente, ela marcava presença e ainda conseguia ser sutil. Ela com certeza não era americana, o sotaque dela era bem forte, principalmente porque a voz dela era delicada então ele ficava muito aparente, e além do mais esse “ar esnobe” dela não parecia ser por querer, ela realmente parecia mais disciplinada e superior. Aposto minhas calças como ela era inglesa... – Você não é americana, não é?! – falei. –Não – ela falou – Eu sou inglesa... Eu não disse?! Cara, eu sei das coisas.
– Você se mudou para cá? – perguntei. – Não, estou só fazendo intercâmbio – ela disse. – Ah! É mesmo?! – falei – e quanto tempo vai ficar? – O ensino médio inteiro – ela respondeu. – Nossa! Sua mãe não acha que é muito tempo? – falei. – É que eu estou morando com e com a irmã do meu padrasto – explicou ela – ela é como uma tia muito próxima, então minha mãe não se preocupa... E minha família virá para cá nas férias de verão e no natal. – Ah! Entendo – falei. Ela sorriu e mordeu o lábio. Ela ficava muito bonitinha fazendo isso. Ela me analisou com os olhos semicerrados. – O que foi? – ela perguntou. Não tinha notado como eu não parava de observá-la, vulgarmente falando eu estava secando a garota. Eu me fiz de desentendido e encolhi os ombros. – Nada – falei. Ela sorriu. Dean chegou com os salgadinhos e refrigerantes. – Então, Loggie – ela começou – já conheceu a minha amiga Charlotte? – Com certeza – falei. Seis meses depois... POV Logan Dean, Daniel e eu estávamos sentados na nossa mesa de sempre no refeitório da escola. Vi a Charlotte do outro lado do refeitório com aquele carinha do Jornal da escola, acho que o nome dele é Josh... Ela olhou em minha direção e eu fiz sinal para ela vir se sentar conosco. Ela se despediu do garoto e veio em direção a nossa mesa. – Nossa, Daniel, como você é idiota, meu – o Dean reclamava. Pelo que eu entendi, eles estavam discutindo sobre algo muito importante, como, vídeo-game.
– Cara, estou te falando, - começou o Daniel, dando um gole na sua coca-cola – tem pular no pescoço do zumbi e depois você usa a arma e atira na lateral da cabeça. Charlotte chegou à mesa. – Oi, gente – falou ela. – Oi, Charlie – disse Dean. Daniel acenou com o seu sanduíche. Ela olhou para mim. – Fala! – ela disse. – Senta aqui – falei. Ela pousou a bandeja na mesa e se sentou ao meu lado. – Fala aí, Charlie – o Dean começou. – Por que vocês insistem em me chamar assim? – ela perguntou – Charlie parece apelido de homem. – Então – continuou Dean – você é a única menina da turma, isso te faz uma de nós... Ela riu. – Ah! Essa é boa agora – ela começou – me dar um apelido de homem me torna mais parte da turma?! – Isso mesmo – Dean falou – te torna tão mais parte da turma que vou até te convidar para assistir o ensaio da nossa banda. – Vocês têm uma banda? – ela perguntou semicerrando os olhos. – sim – falei eu – se chama Indigo. – Indigo – ela falou – Não tem uma teoria que diz que as crianças Indigo trariam a nova era para a humanidade?! Ela sabe de tudo, cara, não é a primeira vez que me surpreendo com a Charolotte. Eu sorri. – Essa é a idéia – falei. Ela sorriu.
– Então vocês são as crianças Indigo – ela fez as aspas com as mãos quando disse ‘crianças Indigo’ – que nos levaram para a Nova Era. – Isso mesmo – falou Dean. – Então é um prazer estar na presença de vocês, rapazes – ela falou, apoiando a mão no queixo e sorrindo. Que garota bonitinha, sério! Um ano e três meses depois... POV Charlotte Sentei-me na escada da casa do Daniel, era noite, fevereiro e aniversário de Daniel. Estava acontecendo uma festa lá dentro e tinha muita gente, por isso resolvi tomar um ar. Estava ficando cada vez mais difícil ficar na presença de Logan sem me sentir estranha ou extremamente eufórica. Ele era um grande amigo e o pior de tudo era que eu não conseguia conciliar a minha amizade com ele e com Josh. Ele ficava nervoso e distante quando eu mencionava Josh em nossas conversas e a discussão que eles acabaram de ter lá dentro na festa comprovara que seria impossível ser amiga dos dois. Alguém se sentou ao meu lado na escada, me virei para ver quem era. Era Logan, mais calmo. Ele virou o rosto para mim. – Me desculpa – ele disse. Eu abaixei a cabeça. – Não devia ter feito aquilo – murmurei. – Eu sei é que... – ele começou. – Não importa – eu o interrompi – Só não faça de novo. Logan havia acabado de fazer dezessete anos, o que o tornava mais velho que eu, pelo menos até chegar novembro. Fazia pouco tempo que ele havia ganhado um super papel no filme Gamer, amanhã a noite seria a premiere do filme. Logan já estava mais conhecido além de mais bonito também, as garotas na escola o paparicavam e não largavam do pé dele. Uma menina chamada Mandy não saia de perto, e, nossa, com eu ficava nervosa. Quero dizer, ele só é meu amigo, mas se tem alguma coisa que me irrita mais do que perder no Mortal Kombatpara o meu irmão, é aquela garota. Ela é toda patricinha, capitã das líderes de torcida e presidente da turma do Segundo Ano, enfim... Uma grande vadia em minha opinião, mas as pessoas gostam dela. Vai me entender... Acho que o simples fato dela ficar se agarrando com o Logan na minha frente é o que faz odiá-la tanto. – Quer dar uma volta? – perguntou Logan de repente.
– Uma volta? – perguntei eu. – É, tipo, andar um pouco... – Está bem – falei. Nós levantamos, fomos para a outra calçada e começamos a andar em direção a minha ao começo da rua. – Você está bem? – ele perguntou depois de alguns passos em silêncio. – Isso foi uma pergunta retórica? – perguntei. – Não – ele disse sorrindo sem mostrar os dentes – quero uma resposta. Ele me olhou nos olhos. – Sim, só um pouco confusa – falei. Uma das minhas características é não saber esconder o que sinto. Quero dizer quando me perguntam se estou bem me olhando nos olhos (como Logan acabou de fazer) realmente querendo saber se estou bem e não só para começar uma conversa eu simplesmente falo tudo o que estou sentindo. – Em relação a que? – ele perguntou. – Honestamente? – É claro. – Você. Ele parou de andar nesse momento e me analisou de cima a baixo, com aquele jeitinho de desconfiar das coisas que só ele tem. – Como assim? – perguntou. – Não sei – eu disse e começamos a caminhar novamente – Não sei mais o que eu sinto por você e quando eu acho que sei, não tenho certeza. Logan suspirou. – Precisa de ajuda para se decidir? – ele perguntou. Eu ri. – Não – falei – tudo que você faz me deixa mais confusa.
– É uma pena – ele disse – porque eu já me decidi. Eu ri. – Sobre o que? – perguntei. – Sobre o que sinto em relação a você – ele respondeu. Logan me lançou o olhar mais penetrante da minha vida. Fiquei toda arrepiada, mas não sei se foi pelo olhar ou se foi pelo vento gelado que de repente passou por nós de repente. Meu coração estava batendo mais rápido do que nunca, a impressão que eu tinha era que até Logan podia ouvi-lo, eu limpei a garganta e continuei. – E você vai me contar? – perguntei. Outro vento mais forte e mais gelado passou por nós. Logan tirou seu casaco e colocou em meus ombros. – Só quando você se decidir e me contar – ele respondeu. – Então voltamos à estaca zero. – Pois é. Andamos mais alguns minutos em silêncio, e depois voltamos a conversar sobre o baile de outono que estava chegando e sobre a premiere de Gamer amanhã. – É, sério – Logan falava – Gerard Butler não chega aos meus pés. Eu ri. – Ah! Claro, com certeza – falei, sarcástica – porque você é muito mais experiente que ele. – Muito mais talentoso também – ele continuou – e você vai morrer de amores por mim quando me vir de smoking. – Ah! É – falie rindo – Sr. Wade Lerman, não tem para ninguém. – Eu sei – ele disse- não precisa me elogiar tanto. – Duvido que o Gerard Butler tenha uma ‘Mandy’ no pé dele – falei, ele riu. – Como você é malvada Charlotte – ele disse. Eu encolhi os ombros.
– Sua sorte que você me tem – falei. – Ah! A sorte é minha, então – ele falou. – É isso aí – falei – Nenhum ator de Hollywood tem uma amiga como eu, agradeça aos deuses por ter me conhecido... – Tem razão – ele disse – tenho que agradecer a Deus. – Aos deuses – eu o corrigi. – Até quando você vai ficar com essa história de deuses gregos? – ele perguntou. – Até terminar de ler Percy Jackson e os Olimpianos – falei – e olhe lá. – Hmmmm – ele disse. – Sabe, Lelo – comecei – você daria um Percy perfeito. – Ah! É sério?! – ele disse – por que? – Você se parece com ele – eu disse – o cabelo, seu jeito, igualzinho. Com exceção dos olhos e da idade. Se fizessem o filme (o que eu não duvido nada, já que estão falando que vai substituir Harry Potter) – eu revirei os olhos, Logan riu. – Nada substitui Harry Potter – Logan falou. Ele era fã da série como eu, mas digamos que eu era um pouquinho mais obssecada. – É eu sei, meu amigo – falei – mas enfim, se fizessem um filme de Percy Jackson, você devia se inscrever para o papel. – Se eu fosse o Percy – ele começou – você seria a minha Annabeth, não?! Eu olhei para ele com estranheza. – Por que você diz isso? – perguntei. – Porque pelo que você me contou – ele começou – a Annabeth tem os olhos cinzentos tipo os seus e é muito inteligente, tipo você. – Ah! Mas isso não faz nenhum sentido – falei – a Annabeth é loira. – Duvido que achem alguém melhor que você – ele falou. – Pois eu não duvido, Lerman – falei.
Paramos de frente a casa da tia Carly, que provavelmente já estaria dormindo. Eu olhei para a casa e depois para Logan. – É a minha deixa – falei. Ele assentiu. – Te vejo amanhã – falei – De smoking. Ele riu. – Está bem – ele disse. Então eu me virei e fui em direção a porta da minha casa, acenei para Logan de lá, ele me mandou boa noite e se virou para ir embora. Quando eu terminei de destrancar a porta e abri-la senti uma vontade louca de fazer uma coisa, uma coisa que tiraria de vez a minha confusão em relação a Logan. Virei-me novamente, o chamei e pedi para ele voltar. Ele veio andando até a escada da casa da tia Carly. – O que foi? – perguntou. Eu desci as escada lentamente, para ter certeza que não me arrependeria do que estava prestes a fazer. Eu disse: – Acho que sei como me decidir – falei. – Como? – perguntou ele. Então eu fiz, eu o beijei. Não foi um beijo cinematográfico. Não nem um beijo língua, mas pode ter certeza,foi o melhor da minha vida. Os lábios de Logan realmente tinham aquele gosto de cereja que aparentavam ter, soque com um gostinho de menta no finzinho. Ele me correspondeu rapidamente e envolveu minha cintura com os braços. Eu estava decidida, eu o queria, não importasse como. Como amigo ou como namorado, eu o queria por perto, nesse momento eu tinha percebido como ele me faria falta se eu o deixasse ou vice-versa. Eu me afastei. E comecei a rir. – Não acredito que eu fiz isso – murmurei. – Não acredito que não fez isso antes – ele falou. Eu ri então me desvencilhei de seus braços.
– Bom, eu... – comecei – vou entrar agora. – O que?! Não vai me contar o que decidiu? – perguntou – Amanhã – falei – te conto amanhã. – Quero só ver – ele disse. – Boa Noite – falei. E comecei a subir a escada. – Vou vir aqui 6h00 da manhã para você me responder – ele falou eu não respondi – e ai de você não me responder. – Tá – falei. – QUERO SÓ VER – ele repetiu. – Ta bom – falei. – Sonha comigo, tá?! – ele disse. – Tchau Logan – falei sem me virar. – Ei – ele chamou e eu me virei – Boa Noite! – Boa Noite – falei e sorri. Ele se virou e foi embora. Eu entrei em casa e fui direto para meu quarto dormir.
How We Started (part II) Abril de 2009 POV Logan Fazia cerca de dois meses que Charlie e eu estávamos em um tipo de "relacionamento nada sério e não comprometido" como ela gostava de chamar, porém nenhum dos dois se atrevia a ficar com outra pessoa. Eu dizia que, para mim, isso era um namoro, mas ela se recusava a usar essa palavra. Quando abril chegou, eu estava eufórico, pois no começo de março o filme de ‘Percy Jackson e os Olimpianos’ foi confirmado e eu, sem pensar duas vezes, fui fazer o teste. O resultado sairia esta semana e digamos que eu estava bastante confiante. Quando chegamos a nossa rua, na volta da escola Charlie e eu tivemos uma discussão ridícula sobre Josh Adams, aquele carinha do jornal que era amigo da Charlotte desde que ela se mudou para Los Angeles. Eu não gostava daquele cara, ás vezes ele tentava chamar a atenção da Charlie fazendo ceninhas e choramingando sobre como os pais dele eram negligentes com ele e coisas assim, talvez eu esteja errado, mas acho que é tudo encenação. Poxa, o pai do cara é dono de uma rede de cafeterias espalhadas por todo os Estados Unidos (e pelo que eu soube ele tinha uma casa de veraneio no sul da Austrália), não tinha como eles serem "negligentes". Mas não importa, porque não era de hoje que eu notara a Charlotte estressada desse modo, tinha alguma coisa a mais. Há algumas semanas eu a sentia distante e triste, de vez enquanto eu a pegava com os olhos vermelhos e quando eu perguntava o que estava havendo ela sempre tinha alguma desculpa para mudarmos de assunto. – Não, Logan - ela dizia brava - o problema que vocês insistem em uma competição que não existe e eu sou o troféu de vocês. – Isso não é verdade, Charlie - falei. – É claro que é - ela disse, com aquele ar imperativo que tanto possuía - vocês competem para ver quem tem mais a minha atenção, parecem crianças mimadas. – Crianças mimadas? - eu disse, indignado - aquele seu amigo que faz ceninha todos os dias dizendo que é maltratado pelos pais e eu que sou mimado? – Você não sabe de nada sobre isso - ela disse, visivelmente magoada. Desde quando ela se importa tanto com ele? – Ok, então - falei secamente - não está mais aqui quem falou.
– Está vendo - ela disse - esse é o problema de vocês, não se importam com que eu penso só se importam em ser melhor que o outro. Isso é repugnante. E afinal de quê você tem medo, Logan? Eu não respondi. Cá entre nós, verdade é que eu tinha muito ciúme do Josh, mas vocês não sabem como é difícil admitir isso quando se é homem. Não conseguia admitir aquilo para mim mesmo, quanto mais para ela. Abaixei a cabeça. – Me responde, caramba, eu estou falando com você!!! - ela berrou. Eu continuei calado. – Tsc - ela fez e acelerou o passo. – Charlie, espera - falei e ela parou e se virou. Eu andei até ela. – Eu não tenho medo de nada - menti. – Então porque age assim?- ela falou mais calma - isso não é normal, Lelo, tem de haver alguma coisa. – Eu só não consigo ver vocês dois juntos - falei, minha garganta estava seca - parece que ele quer te tirar de mim... Como se tentasse mantê-la longe e... Percebi a expressão dela se anuviar, os olhos e o nariz dela estavam vermelhos. – E isso é horrível - terminei - é pior que um soco no estomago. Um quase sorriso brotou nos lábios dela, porém eu ainda não tinha certeza se estava tudo bem. Ela me olhou no fundo dos olhos e novamente eu a percebi triste e de longe pude reparar que algo mais sério estava acontecendo. – Charlie, o que está havendo? - perguntei. Ela limpou a garganta e abaixou a cabeça. – Nada - ela respondeu - te vejo amanhã, Logan. E saiu correndo até a sua casa. Eu bufei, atravessei a rua e andei em direção a minha casa. Quando cheguei, minha mãe estava falando ao telefone. – Logan é você? - ela perguntou.
– Sim, mãe - respondi. – Corre aqui, filho - ela disse. Eu fui até a sala, onde estava minha mãe, ela me passou o telefone e sibilou "é da produtora". – Alô - atendi. – Sr. Lerman?- falou uma voz masculina. – Sim - eu disse. – Aqui é Michael Barnathan - falou - da produção de Percy Jackson e os Olimpianos. Como vai? Meu coração acelerou. – Muito bem - eu disse. – Que ótimo - falou - queríamos avisar ao senhor que foi aprovado nos testes para o papel de Percy no filme. Ótimo! Agora que não conseguia falar mesmo. Eu arregalei os olhos e minha mãe já começou a dar pulinhos animados a minha frente. – É-é sério? - eu perguntei, meio extasiado. – Sim - Michael disse - Você foi escolhido por Chris Columbus e por Rick Riordan. Só precisamos que o senhor compareça a produtora amanhã para acertarmos o seu contrato e agendarmos o início das filmagens. E então finalmente, eu dei por mim. – Nossa, cara - falei animado - muito obrigado, muito obrigado, de verdade... Esse papel é muito importante para mim! – Que bom, ficamos felizes também - Michael falou - bem, então você virá amanhã? – Com certeza - falei. – Ótimo - ele disse - então, nós nos vemos amanhã, Sr. Jackson! Eu sorri. – Sim, e muito obrigado de novo - falei. – Então até mais - falou.
– Até - eu disse e desliguei o telefone. Virei-me para minha mãe, sorrindo e falei: – É meu. – AAAAAAH! Meu filho - então ela me abraçou e começou a me encher de beijos molhados - eu sabia! Eu sabia! Parabéns, filho você merece. – Obrigado, mãe - falei. Então ela se afastou. – Temos que ligar para seu pai e para seus irmãos - ela disse. – Mãe, você pode fazer isso - falei - é que eu preciso fazer uma coisa importante agora. – Tudo bem - ela disse - mas volte logo. – Ok - eu respondi. Saí correndo de casa, discando o número de Dean no celular. – Alô - ele atendeu. – Dean, sou eu - falei. – E aí, Loggie? - ele disse. – Eu consegui - falei - consegui o papel. – O QUÊ? PARA FAZER O PERCY? - ele gritou. – Sim - eu disse. – NOOOOOOOOSSA, CARA - ele gritou - QUE DA HORA! PARABÉNS, LOGGIE, CARA, VOCÊ MERECE. – Ah! Cara valeu - falei - nem eu estou acreditando... Dean, preciso desligar, depois vou aí na sua casa. – Beleza - ele falou - até mais. – Até, cara - falei e desliguei o celular. Eu estava em frente à casa da Charlotte, a janela do quarto dela fica de frente para a rua. Peguei umas pedrinhas no chão e comecei e jogar na janela dela.
– Ei, Charlotte - gritei - tenho boas notícias, Sabidinha! Eu sabia que Percy chamava Annabeth de Sabinha nos livros, graças a Charlotte e ao primeiro livro da série que precisei ler para fazer os testes. Charlotte apareceu nas janelas com a cara emburrada. – Desce aqui! - falei. Ela fechou a janela e eu fui até a porta de sua casa, em alguns segundos ela abriu a porta usando um mini short e uma camiseta amarela e cumprida com rosto do Bob Esponja. – Consegui o papel, sabidinha! - falei Ela arregalou os olhos. – Ah! Meu Deus é sério? - ela tapou a boca com uma das mãos - é sério, Lelo? Eu assenti. – AH! MEU DEUS - ela gritou, pulou no meu pescoço e me abraçou bem forte. – Eu sei - falei. – Isso é maravilhoso, Lelo - disse ela, se afastando - É incrível. Eu sorri. – Ah! Caramba, eu não acredito nisso - ela disse e me abraçou de novo. Então ela se afastou, me observou sorrindo e começou a ajeitar meu cabelo com uma das mãos. – Você merece – ela disse. – Você vai ter que me ajudar, sabidinha – falei. – Ah! Com certeza – ela disse rindo. Então eu me curvei e a beijei. Ela enlaçou seus braços no meu pescoço e eu em sua cintura. Setembro de 2009 POV Charlie
Logan estava sentado na grama no campo de futebol americano conversando com aquela garota, a Mandy, eu o observava da janela da minha classe. Nós estávamos namorando, ok! Eu vinha tentando fazer com que não usássemos essa palavra, mas não consegui resistir. Eu sabia que o fim do ano chegaria, sabia que teria de voltar para a Inglaterra, a não ser que passasse em uma Universidade americana e minha mãe me deixasse morar aqui (o que eu duvido muito). Mas aconteceu que, em junho deste ano eu fui à Nova York tentar a bolsa na NYU e hoje chegara o resultado. Eu havia passado e quase não conseguia me conter de felicidade. Estudar na NYU sempre fora meu sonho, mesmo quando morava na Inglaterra. Eu daria a notícia para a minha mãe hoje e dependendo da decisão dela, eu poderia ficar aqui nos EUA. O problema é que eu meio que sei qual vai ser a decisão da minha mãe e tentei manter-me distante de Logan para que quando fosse embora não sofrêssemos tanto, mas vocês não sabem como isso é logicamente impossível. Olha, se vocês vissem o jeito como ele sorri sem mostrar os dentes, o modo como ele anda, como abaixa a cabeça e fica suavemente corado quando o elogiam, o jeito que ele nos analisa quando está desconfiado, o modo como ele fala meu nome – algo como Char-le-ei – são coisas tão dele, duvido que alguém me faça sentir como ele faz. Deitei a cabeça na carteira e esperei o sinal do fim da aula. Quando finalmente a aula acabou, juntei meus materiais e corri até o armário de Logan. Chegando lá eu o encontrei guardando uns livros no armário. Eu bati a porta do seu armário com força, o que o fez pular para trás e arregalar os olhos. – Ah! Que susto, Charlie – ele disse. – Como você está? – perguntei. – Bem e você? – ele perguntou e me deu um selinho. Nós começamos a andar em direção aos jardins. – Eu tenho uma boa notícia – falei. – Ah! É mesmo? – perguntou - e qual é? – Preparado? – perguntei ficando de frente para ele, fazendo-o parar. Ele assentiu. – Eu passei na NYU – eu disse. Ele arregalou os olhos. – É sério? – ele perguntou, eu assenti sorrindo – Ah! Meu Deu, Charlie, parabéns! Ele me abraçou.
– obrigada – falei. Afastamos-nos e recomeçamos a andar – Honestamente, eu já sabia – ele falou e sorriu para mim. Algumas horas depois Eu bati o telefone no gancho, com raiva. Acho que podia desintegrar um monstro só com o olhar naquele momento. Eu estava em casa – ou melhor, na casa da minha tia Carly – acabara de falar com a minha mãe sobre a faculdade. Ela de inicio ficou super feliz, mas quando eu disse “quero morar aqui nos EUA” ela quase teve um surto. Disse que era impossível e que não deixaria. Ficamos um bom tempo conversando e decidindo o que fazer. Eu, por fim, consegui convencê-la, mas eu só moraria nos Estados Unidos e ficaria por conta própria até o fim da faculdade se eu voltasse para a Inglaterra e ficasse lá até o inicio das aulas no ano seguinte. Ou seja, daqui a um ano. Agora eu estava saindo de casa em direção a casa de Logan. Quando cheguei à frente se sua casa, Mandy Carter estava saindo lá, ela me olhou com a maior cara de pau desse mundo, sorriu e veio falar comigo. – Oi, Charlotte – ela disse, com todo sarcasmo do mundo. – O que está fazendo aqui, Carter? – eu perguntei. – Vim visitar um amigo muito próximo maliciosamente – Mas o que você faz aqui?
–
ela
disse,
sorrindo
– Meu namorado mora aqui – eu enchi a boca para falar. – Hum, entendo – ela falou – bem, é melhor você entrar e ouvir o que ele tem para te falar! Acho que não vai poder chamá-lo de namorado por muito tempo. Ainda mais depois que provou um pouquinho de mim! Eles não resistem... – O que...? Co-como assim...? – eu gaguejei. – Olha, Charlotte, querida – ela me interrompeu – eu adoraria ficar e conversar com você, mas... Eu não quero ficar e conversar com você. Até mais. Ela sorriu. Eu sorri de volta. Ela se foi e eu fui em direção a porta de Logan. Toquei a campainha e ele atendeu eufórico e nervoso. – Ah! É você, Charlie – ele falou – entra aí. Adentrei sua casa e esperei ele trancar a porta e se virar. – Você viu a Mandy saindo daqui? – ele perguntou.
Eu assenti silenciosamente – E você está nervosa agora? – ele perguntou lentamente como se estivesse com medo de falar alguma coisa errada. – Estou, mas não é por isso – eu disse - a não ser que haja alguma coisa para eu ficar brava com você também? – Não, claro que não – ele disse – Vem cá. Ele me puxou até a sala onde nos jogamos em seu sofá. – E então porque está nervosa? – ele perguntou. – Bem, eu... - comecei. Ouvimos um barulho de carro em frente à casa de Logan. – Devem ser meus pais – ele disse – você quer subir? Eu assenti e subimos para seu quarto. O quarto de Logan é a personificação da bagunça mais perfeita que eu já vi. Quero dizer, o quarto dele é todo desarrumado mais proporciona um tipo de aconchego que me dá segurança e esses tipos de coisas. Tem uma janela enorme em sua lateral que dá para os jardins de sua casa. A cama fica encostada na parede e suas coisas ficam espalhadas por todo resto do lugar. – Não repa... – Não repara a bagunça, eu sei – eu o interrompi sorrindo. Nos deitamos em sua cama de lençóis cor cinza claro e cobertor azul marinho. Ele passou o braço por volta do meu corpo e foi muito difícil não dormir ali mesmo. – Pode falar agora – ele disse. –Eu preciso mesmo? – perguntei Ele riu. – Só se for importante – ele disse – É importante? – É, muito importante – eu disse, abracei-o pela cintura e fechei os olhos. – Então pode contar – ele falou. Eu me sentei na cama, suspirei e o encarei.
– Eu vou embora – eu disse. – O que – Ele se sentou e me olhou confuso. – Eu vou voltar para a Inglaterra... E então eu contei toda a história, desde o início e bem lentamente esperando que ele compreendesse. Quando terminei, ele estava atônito e calado. Depois de três minutos dessa mesma cena eu já estava ficando preocupada. – Lelo? - eu o chamei e ele levantou os olhos para mim. – Um ano? – perguntou. Eu assenti – Isso é muito tempo, Charlie! – Eu sei, Lelo – falei – mas é o único jeito. Um ano ou nada. – Muita coisa pode acontecer em um ano – ele disse. – Eu sei – falei com o olhar desfocado. Ficamos mais alguns minutos em silêncio – Então você quer... – eu comecei a falar, sentindo meu coração apertado – quer terminar? – É, claro que não – ele disse. – Quer dar um tempo? – perguntei o encarando. – Também não – ele disse. – Então, o que você quer? – perguntei impaciente. – Dormir um pouco – ele disse, simplesmente. Ele me puxou pela cintura, me fazendo deitar bem pertinho dele e depois nos cobriu com o edredom. Eu sentia seu coração acelerado e sua respiração em meu pescoço, ele passou o braço pela a minha cintura e afogou o rosto em meus cabelos, meus dedos ficaram passeando em seu braço branquinho até eu pegar no sono.
I Shipp Lermenetti Chegamos alguns minutos antes da meia-noite. Descarregamos as malas até o andar de cima da casa de Logan – que, por sinal, continuava a mesma, apenas alguns móveis havia sido trocados. Logan disse-me para ir para seu quarto enquanto ele pegava o resto de nossas malas. O quarto de Logan estava igualzinho ao que me lembrava: a cama encostada à parede direita do lugar e uma grande janela encoberta por uma cortina de cor cinzenta na parede oposta. Havia uma escrivaninha de madeira com o notebook de Logan sobre ela em uma extremidade da janela e um guarda-roupa na outra extremidade. Havia uma porta no canto onde ficava o banheiro. Suas coisas continuavam jogadas por todo lado: roupas, pacotes de um salgadinho qualquer, seu violão, papéis amassados e cifras de músicas... Uma coisa nova no ambiente me chamou a atenção, um mural de fotografias em cima da escrivaninha. Aproximei-me dele para ter as fotos. Eram fotos de Logan e sua família em lugares diferentes, fotos da Índigo, fotos minhas (quase tive um surto de alegria quando as vi) com e sem o Logan. Algumas fotos eram realmente antigas, outras mais recentes... Adorável. Só percebi estar sorrindo quando Logan adentrou o quarto e pousou as malas no chão. – Gostou – perguntou ele, referindo-se ao mural. – Claro que sim – eu falei – é adorável! Ele se aproximou, sorrindo. – Se lembra dessa? – ele apontou para uma foto nossa.
Tive vontade de gritar quando a vi. Aquela foto não era tão antiga e eu me lembro o dia exato dia em que a tiramos. Na verdade, se fossem vocês em meu lugar, duvido que esqueceriam da data. Foi a manhã seguinte do dia 7 de outubro do ano passado – o dia em que eu voltaria para a Inglaterra – ou seja, a manhã seguinte do dia, ou melhor, da noite em que Logan e eu tivemos nossa primeira vez... Isso mesmo que vocês entenderam: a noite em que perdemos a virgindade. Pode parecer besteira, mas eu fico toda arrepiada só de lembrar. Aquele foi, sem duvida, o melhor momento dos meus quase dezenove anos de vida. Lembro-me de ter acordado e ter ficado apenas o observando dormir e passando a mão em seus grossos e negros cabelos, ele estava tranqüilo como um anjo, o peito subindo e descendo em movimentos imperceptíveis, parecia até um boneco de cera... Fiquei por cerca de meia-hora assim, até que ele acordou e ficamos conversando sobre coisas aleatórias e não importantes, evitando pensar que eu iria embora em algumas horas, evitando as despedidas. Então a mãe de Logan bateu na porta perguntando por mim, pois minha tia Carly estava tresloucada a minha procura (digamos
que eu fugi para casa de Logan no meio da noite); antes de eu ir embora, nós tiramos essa foto: os dois deitados na cama e com cara de sono. – Como eu iria esquecer – eu respondi. Ele me abraçou por trás, envolvendo os braços em minha cintura. Ficamos ali vendo as fotografias do mural e tentando lembrar quando foram tiradas por mais alguns minutos, até eu ouvir Logan suspirar baixinho e bocejar de cansaço. Virei-me para ele. – Que tal irmos dormir... – disse eu e dei um selinho nele. – Boa idéia – ele falou e me beijou ternamente. Logo, estávamos em sua cama, não abraçados e prontinhos para dormir como você deve estar pensando, estávamos, os dois, sem sapatos e camisetas. Logan sobre mim segurando minha perna junto ao seu corpo, eu comecei a desabotoar seu jeans enquanto ele fazia uma carreira de beijos molhados do meu maxilar ao pescoço, e deste até meu colo. Costumo comparar o beijo de Logan a banhos frios no verão de NY, pode ser um pouco gelado no começo e te deixa arrepiada, mas logo você se acostuma e acha que poderia ficar dias a fio sentindo aquela sensação. Suas mãos ágeis tiraram meu jeans e ele começou a dar mordidas em meu pescoço. Simplesmente não resisto a isso. Tomei seus lábios nos novamente, mordiscando seu lábio inferior. Tirei sua calça e o puxei para mais perto. – Não íamos dormir? – perguntei, intercalando nossos beijos. Ele riu pelo nariz e me encarou. – Pra que dormir, se eu tenho você aqui – ele acariciou meu rosto e eu sorri. – Para de ser perfeita, menina! – ele disse unindo as sobrancelhas. – Olha quem fala – eu disse e voltei a beijá-lo. Ele me abraçou forte pela cintura e eu em lacei minhas pernas em sua cintura. Foi gostoso, bem suave como sempre fazíamos. Isso acontece quando você está com uma pessoa há um tempo consideravelmente grande, você acaba conhecendo o jeito dela, e o de Logan era extremamente carinhoso. Logan caiu a minha esquerda da cama. Os dois suados e ofegantes. – E agora – Logan virou o rosto para mim e beijou minha testa – dormimos! Eu assenti.
– Dormimos – falei. Ele ficou de costas para mim, puxou o cobertor e eu o abracei pela cintura, escondendo o rosto em suas costas. Dormimos... POV Logan. Acordei com batidas abafadas na porta. Abri os olhos bem lentamente, o quarto estava iluminado com a luz do sol transpassando a cortina da janela, Charlie ainda dormia com o braço em volta da minha cintura. Cocei os olhos. – Quem é? – perguntei, sonolento. – Sou eu, filho – disse a voz de minha mãe atrás da porta. – Entra, mãe – falei. Ela entrou, segurando uma caneca em cada mão. – Bom dia – ela disse – Oh! Esqueci-me completamente da Charlie. Eu sorri. – Tudo bem, mãe – eu falei. – Ai, que bom – ela disse pousando as canecas no meu criado-mudo – pelo menos vocês ficam juntos... A mamãe e o papai vão trabalhar – acho muito engraçado quando minha mãe fala sobre ela na terceira pessoa, como seu eu fosse uma criança - a Lindsay está no quarto dela e o James provavelmente virá para cá! James é o namorado idiota da minha irmã, e não só porque ele namora a minha irmã, é porque ele é idiota mesmo! – Não se esqueça de buscar seu smoking na lavanderia ás quatro – ela continuou – estaremos em casa ás seis. – Está bem – falei. Ela beijou minha cabeça. – Fica bem, filho, até mais tarde! – ela falou saindo do quarto e fechando a porta. Eu olhei no relógio em cima do meu criado mudo. 11h33. Eu suspirei, a vontade que eu tinha era de voltar a dormir e só acordar ás quatro da tarde para buscar a droga do smoking. Cara, eu ainda tinha que falara para Charlie... Ah! Deus.
Virei para a Charlotte, ela dormia tão tranquilamente que fiquei com pena de acordá-la. – Charlie – chamei-a – Charlie... Ela se remexeu e ficou de costas para mim. – Acorda – cantarolei em seu ouvido. – Hmmmm – ela fez. – Charlie, - falei – acorda, vai! Ela não se mexeu. Eu revirei os olhos e logo depois gritei. – CHARLIE, TEM UMA ARANHA NO QUARTO! – AAAAAH! – ela soltou um grito agudo, arregalando os olhos e encolhendo-se na cama. A Charlotte é muito corajosa, de verdade, até hoje a única coisa que eu descobri ser o ponto fraco dela são aranhas, nunca descobri o porquê e sempre achei isso muito esquisito. Até quando fomos ao bungee jump e eu pensei que ela ia amarelar por medo, acabou indo no final. Eu comecei a rir e ela, antes ofegante, agora me encarava furiosa. – Não tem graça, Wade – ela disse. – É claro que tem – eu falei, rindo. – Não, não tem – ela falou, fazendo bico e cruzando os braços – Quando você estiver falando a verdade eu não vou acreditar... – Não vai acreditar, bebê...- eu falei, debruçando-me sobre ela. – Sem beijo – ela falou, virando o rosto. – Ah! É?! – falei – então não vou contar a outra parte da surpresa – falei. – Isso é suborno – ela disse semicerrando os olhos. – Não, se chama troca – eu a corrigi. Ela rolou os olhos e me beijou. Me afastei. – Que legal, Charlie – eu falei.
– O que? – ela perguntou com estranheza. – Percebi que você só me beija quando quer alguma coisa em troca – eu falei. – Ai, como você é difícil - ela disse, sentando-se na cama – mas trato é trato. Pode ir falando... – Falando o que? – eu me fiz de desentendido. – Não se faça de desentendido, Wade – ela falou. Sentei-me direito na cama e peguei as canecas que minha mãe trouxera. Hm! Chocolate quente, o da minha mãe é o melhor, modéstia a parte. Eu entreguei uma caneca a Charlotte que sorriu. – Sua mãe é uma fofa – ela disse. – Por que você acha que foi minha mãe que fez? – Lelo, nem o fogão você sabe ligar direito... – É, claro que eu sei – eu disse, ofendido. – Não importa! – ela disse com um tom autoritário e espalmando a mão em frente ao meu rosto – vamos ao que interessa... Por que me trouxe aqui? Eu beberiquei meu chocolate, que desceu rasgando pela minha garganta. – Hoje a noite é a premiere de Três Mosqueteiros, você sabe, não é?! – falei. – Sim – ela disse. – Então – comecei – você vai comigo! Ela me olhou atônita. – O-o-que? – gaguejou ela. – Você vai comigo na premiere – eu repeti lentamente. Então ela abriu um sorriso largo. – É sério, lelo? – perguntou ela, eu assenti – AAH! QUE DEMAIS! Eu ri. – Por isso me mandou trazer o vestido... – disse ela.
– Isso mesmo – eu disse. – Droga! Devia ter pego um melhor – ela disse batendo a mão livre na própria testa. – Ei – falei – esse está ótimo. – Não está – ela disse – vou precisar de um novo. Lelo, eu posso ir ao shopping daqui á pouco? Agora eu estranhei, a Charlie não ligava para esse tipo de coisa e muito menos gostava de ir ao shopping fazer compras. – Pode, ué – falei – por que não posso ir junto? – Você pode sim – falou ela – é que achei que você ia preferir ficar descansando mais um pouco ao invés de ser atacado por fãs. Ela fez uma careta e deu um gole no chocolate. Eu ri. – Eu, particularmente, acho que aquele está muito bom – eu falei – na verdade, eu acho que até um pano de chão fica lindo em você... – Isso foi um elogio? – ela perguntou, rindo. – Era para ser! – eu disse. Ela riu e beijou minha bochecha. – Obrigado – ela falou – de qualquer forma. – Olha - comecei, coloquei minha caneca de chocolate no criado mudo - temos que buscar meu smoking ás quatro na lavanderia que fica perto do shopping, a gente pode ir almoçar lá depois compramos seu vestido e depois pegamos meu smoking. – Pode ser – ela disse – bem, então eu vou tomar um banho. Ela fez menção de se levantar, mas se virou para mim. – Feche os olhos – ela disse. – O QUE?! – gritei. – Eu estou nua, Logan – ela disse como se fosse óbvio. – Mas eu já te vi nua – eu falei – inclusive á algumas horas atrás, eu vi até... – Tá, tá, tá – ela me interrompeu e jogou o travesseiro no meu rosto.
Quando tirei o travesseiro da cara, Charlie já estava pegando uma toalha dentro de sua mala e deixando o lençol – que há alguns segundos a envolvia – cair no chão. Ela se enrolou na toalha. – Como você é fresca – eu falei. Ela virou para mim e deu língua. – E infantil. Ela se virou e mostrou o dedo do meio para mim, eu ri. – E absurda – falei. Ela entrou no banheiro e bateu a porta. – E GROSSA – gritei.
Dia de Compras POV Charlotte Logan e eu já estávamos prontos para sair, tínhamos enrolado um pouco, portanto já eram quase 1h00 da tarde e eu estava morrendo de fome. – Lelo, vamos logo – falava eu, enquanto Logan fazia sei lá o que na sala – eu estou morrendo de fome. – Calma aí! – ele respondeu. Eu estava usando um vestidinho vinho e estampado com florzinhas brancas e vermelhas e uma rasteira gladiador cor da pele. Não uso vestidos, só quando necessário, mas, mesmo sendo outono, estava muito quente em Los Angeles. Não sei como Logan estava agüentando de calça. A campainha da casa tocou alta, de repente. Estava tudo tão silencioso ali que dei um passo para trás de susto. – Espere que eu atendo – disse Logan. Hm. Como se eu fosse atender a porta de uma casa que nem é minha! Ele apareceu pela porta da sala e foi e encostou-se à porta de entrada para olhar pelo olho mágico. Enquanto destrancava a porta gritou em direção à escada: – Lindsay, o James chegou! – Estou descendo – Lindsay respondeu do andar de cima. Logan abriu a porta e deparei-me com o tal do James. Ele tinha o cabelo castanho claro e excessivamente bagunçado, parecia ser um cara legal, levando em consideração o ar simpático e descontraído que ele tinha, mas pela cara que Logan fez, deduzi que eles não eram lá os melhores amigos desse mundo. James por outro lado sorriu para Logan. – E aí, Logan – disse James. – E aí, cara – respondeu Logan com indiferença – entra aí, a Lindsay já está descendo! – Ok! – respondeu James. James entrou e ficamos parados no pequeno hall de entrada, calados. Essas situações me deixam extremamente constrangida. Logan quebrou o silêncio limpando a garganta.
– Então, James – ele começou – essa é a Charlotte, minha namorada. Charlie esse é o James, namorado da Lindsay. – Oi – ele disse estendendo a mão. Eu a apertei – então você é a famosa Charlotte. Eu sorri e disse: – Sim! Lindsay apareceu nas escadas e já pulou no pescoço de James. – Linds, eu e a Charlie vamos sair, ok?! – disse Logan – vou com o carro da mãe! – Está bem – ela disse sem olhar para gente. Logan agarrou minha mão, e umas chaves que estavam sobre uma mesinha de canto ao lado da porta e saímos de sua casa em direção a garagem. Entramos no carro e seguimos pelo fim da rua. Em alguns minutos nós estávamos no estacionamento do shopping. Tenho até medo dos shoppings de Los Angeles, as coisas são absurdamente caras e isso porque não estamos na Rodeo Drive¹. Logan estacionou o carro bem perto da entrada do shopping, nós saímos, ele passou o braço ao redor da minha cintura e adentramos o lugar. Los Angeles pode ter os shoppings mais caros, mas não é para menos já que tem as lojas mais glamorosas que existem. Eu no mínimo ia ter de pedir um empréstimo para minha mãe para pagar esse vestido, mas aposto que ela não recusaria, especialmente quando souber o motivo. Fazer o quê? Coisas de mãe. Logan e eu fomos para a praça de alimentação, eu até estranhava a indiferença da maioria das pessoas quanto a Logan, mas isso porque eu me esquecia que estava em L.A., o lugar onde você esbarra em um famoso e acaba tropeçando em outro. – O que nós vamos querer? – Logan perguntou, enquanto olhava a grande variedade de lanchonetes fast food. – O que você vai querer? – perguntei. – Hmmm... Sushi – ele falou. Eu ri. – Sabia! – eu disse. – Ué! Você perguntou! – ele disse.
– Eu topo – falei – agora temos que achar um restaurante de comida japonesa. – Fácil – ele disse – eu sei de um perfeito! Eles têm o melhor sushi de salmão da Califórnia. – Então vamos. Fomos até uma loja de comida japonesa ao lado do Burger King – sentir o cheiro dos hambúrgueres recém feitos, me fez repensar sobre o sushi. Logan fez os pedidos e depois nos sentamos em uma mesa não tão distante dali. Sentamos-nos um de frente para o outro, Logan ficou passeando com os olhos pelo ambiente. Então ele suspirou e bocejou. – Está com sono ainda? – perguntei. – Claro que não - ele disse. Então ficamos em silêncio. – Pára! – Logan disse de repente arregalando os olhos para mim. – O quê? – eu perguntei unindo as sobrancelhas. – Pára de balançar a perna – ele disse. Eu nem havia percebido que estava fazendo isso. É uma mania que eu tenho desde sempre: balançar a perna quando estou sentada. Logan implica comigo por isso desde que nos conhecemos, já é tão automático que nem percebo. Eu rolei os olhos e não parei de balançar a perna. – É sério, Charlie – ele disse irritado. Continuei a balançar a perna e a olhá-lo com indiferença. Sei lá, tem alguma coisa dentro de mim que desperta meu lado mais infantil quando estou com Logan, eu gosto de irritá-lo, simplesmente para olhar para sua cara e rir. – É, sério – ele disse e colocou a mão em cima do meu joelho por de baixo da mesa, impedindo-me de balançá-la. Eu ri. – Você é muito chato – eu disse. – E você é muito teimosa – ele falou. Ele ficou mais uns segundos segurando meu joelho com a mão.
– Eu vou soltar. Se você começar de novo eu vou sentar lá do outro lado do shopping – ele disse em tom ameaçador. – Ok, papai – eu falei, fingindo obediência. Ele soltou minha perna bem lentamente e depois pousou os braços em cima da mesa. Nossos pedidos chegaram logo depois. Almoçamos enquanto conversávamos sobre qualquer coisa, se bem que comemos mais do que conversamos já que estávamos mortos de fome. Eu adoro comida japonesa e amo comer com hashi, acho que comecei a gostar mais depois de começar a namorar o Logan, de dez vezes que pedimos comida lá no meu loft em Nova Iorque pelo menos oito são comida japonesa. Lembrei-me do pessoal em Nova Iorque e como não tinha avisado nem a Mark e nem a Brooke que eu viajaria para L.A., resolvi ligar para eles depois de almoçarmos. Não foi preciso, por incrível coincidência meu celular começou a tocar e era Brooke ligando. Eu fiquei encarando o celular por um momento decidindo se atenderia ou não. – Atende – disse Logan, colocando um sushi na boca. Eu cliquei em atender no celular de coloquei-o no ouvido. – Alô? – falei. – Santa Charlotte Benetti – ouvi a voz de Brooke – onde é que você está? – Eu... eu – comecei. – Aff, Brooke – ouvi a voz de Mark um pouco mais distante – sabemos onde ela está, queremos saber por que não nos contou! – Como assim? Onde voc...? – eu fui interrompida novamente. – Ah! Você tem razão Mark – falou Brooke. – Primeiro fala para ela como você sabe onde ela está – falou Mark – se não vai te achar maluca... Ou uma vidente. – Videntes não existem, Mark – falou Brooke. – Gent... - comecei. – É claro que existem – falou Mark – a minha tia... Nunca me deixam falar, incrível isso. Eles ficaram discutindo entre eles algo que não ouvi.
– Alô? – chamei. Olhei para Logan que abafava o riso. – ALÔ??? – chamei novamente – Charlotte – chamou Brooke. – Quê? – falei, já nervosa. – Acabamos de ver uma foto sua e de Logan no aeroporto de Los Angeles... – O QUE?! – exclamei, Logan me olhou assustado. – Pois é – disse Brooke – por que você não disse que ia viajar? – Nem eu sabia – falei – Logan apareceu no meu loft ontem e viajamos no mesmo dia... – Mas eu pensei que vocês estivessem brigados por causa daquela foto. Nossa! Como eu podia ter esquecido a foto? – Não – eu falei – não estávamos brigados! Logan me olhou com estranheza e sibilou “quem?” eu fiz sinal com a mão para ele esperar. – Ah! Está bem – disse Brooke – de qualquer forma, por que está ai e quando vai voltar? – Logan vai me levar para a premiere de ‘Três Mosqueteiros’ hoje á noite e... – AH! MEU DEUS, AMIGA, É SÉRIO?! – Brooke berrou do outro lado. Pude ouvir Mark berrar desesperado: ‘’O QUÊ? O QUÊ?”. Eu comecei rir do grito deles, acho que até Logan pode ouvir por que começou a dar risada também. – Gente, gente – eu os chamei – olhe, eu volto no fim de semana eu vem, ok! – Charlie, me conta essa história direito – dizia Brooke. Eu ouvia a voz de Mark ao fundo: “Deixa eu falar com ela! Deixa que eu falo com ela!”
– Agora não dá, Broo – falei. – Como assim, você vai a uma premiere? – ela continuou, sem ligar para o que eu dizia. – Brooke, eu preciso fazer uma coisa agora, depois te ligo. Tchau! Desliguei o celular antes que ela respondesse, pousei-o na mesa e suspirei escondendo o rosto nas mãos. – O que foi? – perguntou Logan. – Esses dois me deixam maluca – falei. Logan deu de ombros. – E então quem estava brigado com você? – ele perguntou. Eu apoiei meu braço na mesa. – Você – falei, ele uniu as sobrancelhas – pelo menos é o que eles acham. – E por que eles acham isso? – Por que eu estava muito brava com você. – Por que? Eu ia ter que falar dessa maldita foto, mais cedo ou mais tarde, não ia ter jeito. – porque no fim de semana passado vi uma foto sua abraçando e beijando uma menina que não era eu – falei de uma vez. Ele ficou alguns segundos em silencio como se tentasse entender a situação. – Que? – disse ele, por fim. – Eu vi em um fã-blog seu – falei – uma amiga me mandou o link! – Charlie, isso é mentira – ele disse impaciente, como se estivesse cansado de histórias do tipo. – É, eu pensei isso – falei – só que a foto parecia ser bem recente. E depois, você não falou a semana inteira comigo então acabei pensando besteira... Ele rolou os olhos.
– Que foto era essa, pelo amor de Deus? – ele perguntou. Eu acessei o tal fã-blog pelo meu iPhone, cliquei na tal noticia e passei o celular para Logan. Ele analisou a foto, confuso. – Eu não me lembro dessa foto – ele disse. – Sabe quem é a menina, pelo menos? – perguntei. – Sei, sim – ele disse, senti um aperto no coração – é a Mandy Carter, se lembra dela? COMO EU PODERIA ESQUECER?! Aiiii, AQUELA VAC... – Mas faz muito tempo que não vejo a Mandy – ele disse – a última vez que eu a vi foi quando ela dormiu um fim de semana lá em casa, porque ela e a família iriam se mudar para a Florida e os pais dela tiveram de ir para lá para dar os últimos retoques na casa. Você estava na Inglaterra. Ele analisou mais um pouco a foto. – De qualquer forma – começou ele – eu ainda não me lembro de ter tirado essa foto. – Tá – falei – deixa para lá. Obvio que eu disse uma coisa e minha mente pensou outra! Estávamos na quarta loja de vestidos, eu já não agüentava mais procurar por um perfeito. Quando o vestido era maravilhoso, era muito caro; quando era mais ou menos, não ficava bem em mim; e quando era feio, bem, era feio e ponto final. Logan insistia em pagar o vestido, certamente que não deixei. Ele dizia; “Eu que estou te obrigando a ir para essa premiere, eu devia pagar o vestido”. Também havia uma grande quantidade de vestidos excessivamente curtos e colados, que eu nunca compraria. Eu estava no provador da Macy’s vestindo o meu terceiro ou quarto vestido naquela loja, era um preto, muito colado ao corpo, ele tinha um tipo de abertura na cintura e ia até um pouco mais acima da metade da coxa. Não me lembro de ter pego esse, pensei eu analisando o vestido, ele não fazia meu tipo, com certeza não. Olhei-me no espelho. Nossa, estou parecendo uma vadia, pensei. Eu saí do provador com a com maior cara de merda desse mundo. Logan estava sentado em um dos bancos de couro branco, com o cotovelo apoiado no braço do sofá e o rosto apoiado na mão. – Eu não peguei esse vestido – eu falei nervosa.
Logan levantou seus olhos distraídos para mim, que logo se arregalaram. – JESUS AMADO, CHARLOTTE, COMO VOCÊ ESTÁ GOS... – Não se atreva a terminar essa frase! – falei irritada. – Caramba, eu não achei que fosse ficar tão bom assim – ele disse, me olhando de cima a baixo com maior cara de bobo. Eu revirei os olhos. – Eu não vou usar isso aqui, Logan – eu disse – estou parecendo uma vadia... – Eu sei que você não vai usar... – ele disse – só queria ver como você ficava nele! Eu bufei. – Até parece que eu ia deixar você usar um vestido desse – ele falou – só se fosse só pra mim, aí já é outra história... – Ah! Cala a boca – eu falei, dando as costas para ele e voltando para o provador. Depois de provar mais uns três vestidos, estávamos indo embora daquela loja. Eu já havia desistido de achar um vestido, estava pensando em ir com aquele que eu trouxe mesmo. Estávamos quase na porta da loja quando eu o vi jogado em uma das trilhares de arara da Macy’s. – ACHEEEI – gritei. Logan olhou para mim e depois na direção a que eu olhava. Eu fui até o vestido e o peguei. – É perfeito – falei – o que você acha? – Eu gostei – falou Logan – você vai provar? – Com certeza! Voltamos ao provador e eu o vesti. Tenho que admitir, ele ficou mais bonito do que pensei. Ele tinha uma cor bem “calma” o que contrastava com todo aquele brilho, o que dava certo equilíbrio. Sai do provador. – E ai? – perguntei para Logan. Ele me analisou e sorriu.
– Está linda – ele disse. Eu sorri. – Ótimo – falei – encontramos! Nós fomos ao caixa e pagamos o vestido. – Não acredito que gastei dois meses de trabalho em um pedaço de pano – falei eu, enquanto nós andávamos no estacionamento do shopping em direção ao carro – eu estou quebrada! Vou ter que pedir dinheiro para minha para passar o resto do mês... – E o quê que tem? – disse Logan – pelo pouco de que conheço da sua mãe, ela não vai achar ruim. – Esse é o problema – eu disse – eu peço uma vez, e ela acha que pode me mandar dinheiro toda semana! Logan riu. Nós tínhamos chegado ao carro – Você é a única adolescente que eu conheço que recusa dinheiro – ele disse. – Fazer o que?! – eu disse. Nós fomos até a lavanderia, que ficava a uma esquina do shopping, pegamos o smoking (muito lindo, diga-se de passagem) de Logan e voltamos para casa. Quando chegamos lá, guardamos as coisas no quarto de Logan e ficamos o resto da tarde na casa de Dean, que ficou muito surpreso em me ver por sinal. Quando eram quase 6h da tarde voltamos para casa e cada um foi par um lado se arrumar... Eu tinha até ás 7h30 para me vestir, maquiar e fazer alguma coisa em meu cabelo, já estava cansada só de pensar!
A Grande Noite Eu estava pronta. Depois de duas longas horas me arrumando, poderia me considerar mais que pronta. Vestido? Ok! Maquiagem? Confere! Penteado? Confere! Jóias? Certo! Sapatos? É mesmo, os sapatos!!!! Sentei-me na cama de Logan (que já me esperava lá embaixo) e coloquei os saltos, então me levantei e fiquei de frente para o espelho que fica pendurado atrás da porta do quarto. NOSSA! Estou irreconhecívelmente... Bonita. O vestido tem um caimento perfeito, ele é de um ombro só e possui a cintura mais justa. A princípio pensei que estaria muito exagerado, mas não, está maravilhoso, este rosa primaveril deu um equilíbrio perfeito ao brilho. Meu cabelo estava para cima em um coque despojado, o que dá um ar mais sofisticado a minha franja; minhas jóias são de um brilho opaco, pois não podem chamar mais atenção que o vestido. Minha maquiagem, bem, a fiz da forma mais simples possível utilizando como sua peça chave o batom vermelho e a máscara de cicilios que deixam meus olhos bem evidentes. Nunca havia me visto tão bonita assim, estou surpresa até agora, a única coisa que eu consigo pensar é: Minha mãe ficaria orgulhosa! Otimista, eu desci as escadas da casa de Logan. Ele estava no hall, todo lindo com aquele smoking preto e branco, o cabelo para trás com um topete estilo anos 80. Ele se virou para mim e sorriu abertamente. – Você está maravilhosa – ele disse. – Obrigada – falei – você também não está tão ruim. – Eu sei – ele disse – eu fico demais de smoking! Nós rimos. – E aí todos prontos? – perguntou a mãe de Logan, aparecendo pela porta da cozinha. Nós assentimos. – Nossa, Charlotte, como você está linda! – ela disse, espantada.
– Obrigada – eu falei, é por essas e outras que estou começando a acreditar que a sr. Lerman gosta mesmo de mim, ou já se acostumou comigo. – Onde comprou esse vestido? Ele é lindo – ela perguntou. – Na Macys – falei. – É – ela disse me dando um olhar significativo – achei mesmo que fosse de lá. Eles são os melhores. Lindsay e o sr. Lerman desceram as escadas, pararam ao lado do outro. – E ai, prontos família? – perguntou o sr. Lerman. Ele sempre gostou de mim, eu acho, quero dizer ele sempre me tratou como se eu fosse uma sobrinha e isso é muito legal, porque ele faz realmente com que você se sinta parte da família. Ele me olhou sorrindo e disse. – Está bonita, hein?! – ele disse – Meus parabéns... Eu ri. – Obrigada, sr. Lerman – eu disse, corando. – Olhe, meu filho, - ele disse colocando a mão no ombro de Logan e indicando a mim, com a outra mão - presta atenção no tesouro que você tem nas mãos, agora, não faça besteiras! Ela é areia demais para o seu caminhãozinho. Nós saimos da casa de Logan e entramos em uma limosine preta que nos espera. E então, vamos em direção ao fim da rua. Nós saímos do carro. A minha primeira visão foram Flashes por toda parte. Meu coração começou a bater muito rápido, eu podia sentir o seu pulsar e de todas as minhas veias em um único e desesperado ritmo, minha garganta estava completamente seca, eu deduzi estar pálida, pois senti a minha pressão baixar. – Fique calma – Logan sussurrou em meu ouvido. Eu engoli em seco. Ele passou o braço pela minha cintura. Senti-me menos nervosa quando ele fez isso. – Apenas sorria – ele sussurrou.
Eu respirei fundo e me acalmei. Começamos a andar pelo tapete vermelho. Logan estava descontraído, sorria e acenava para as fãs histéricas atrás da cerca de segurança. “AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!” era o que eu as ouvia dizer. Atravessamos todo tapete vermelho e paramos em frente aquela parede com o nome das distribuidoras e produtoras, onde os famosos posam para as fotos. – Logan, nós queremos uma foto sua e da sua namorada – disse um dos paparazzi. Vários paparazzi posicionaram em nossa frente e os flashes começaram. Eu dei o meu melhor sorriso, deixando o nervosismo de lado. Depois de alguns minutos tirando fotos Logan foi dar umas entrevistas rápidas para alguns jornalistas presentes. – Estamos aqui com Logan Lerman, o novo D’Artagnan de ‘Os Três Mosqueteiros’ – dizia uma jornalista do canal E! – Com estão as expectativas para assistir ao filme, Logan? – Estão bastante altas – Logan disse – Quero dizer, quando assistimos no set, o filme não estava completamente terminado. – Entendo – falou a jornalista – e como foi trabalhar ao lado de grandes estrelas como Orlando Bloom e Milla Jovovich? – Ah! Foi maravilhoso – Logan falou – eles são muito legais e me deixaram bem confortável no set, principalmente a Milla, ela se tornou uma espécie de tia para mim agora! – E que experiência você carrega deste filme? – perguntou a moça. – É sempre muito bom trabalhar com pessoas mais experientes que você – falou Logan, tão engraçado o jeito como ele ficava sério em frente às câmeras - Há tantos métodos que eles utilizam em frente às câmeras que pude aprender... É realmente impressionante como eles incorporam o personagem. – Com certeza! Bem, muito obrigada, Logan – disse a mulher. – Por nada! – disse Logan. Nós continuamos a andar pelo tapete em direção a sala do cinema da premiere, Logan deu mais umas duas entrevistas antes de uma jornalista com o crachá da MTV, chamar Logan. – Oi, Logan – disse a moça loira – pode falar com a gente rapidinho?
– Claro – respondeu Logan. – Ótimo – disse a moça, o cameraman fez sinal de ‘ok’ e virou a câmera para nós – Boa noite, teens. Estamos aqui em Los Angeles, na premiere de ‘Os Três Mosqueteiros’. Olhem quem encontramos aqui! O nosso D’Artagnan, Logan Lerman. Logan sorriu e acenou para a câmera. – Logan e aí e está ansioso com a estréia do filme? – perguntou a moça. – Ah! Sim, bastante – disse Logan. – E parece que, pela primeira vez, você trouxe uma acompanhante! – disse a moça, eu congelei. Logan sorriu. – Sim, sim – ele disse e me puxou para seu lado – Esta aqui é minha namorada, senhorita Charlotte Benetti. Eu sorri. – Olá, Charlotte – disse a moça, simpática – Nossa, você é realmente tão bonita quanto nas fotos! – Ah! Muito obrigada – eu disse, corando. – Essa é a primeira vez que vocês aparecem juntos em algum evento público? – perguntou a moça. – Ao vivo, em rede nacional, sim – falou Logan. – Olhem que honra a nossa então!– a moça falou, animada– E você é muito cimenta, Charlotte? –Ah! Sou um pouquinho – falei – mas... – Eu sou mais – disse Logan – Na verdade, a Charlie é bem tranquila. – Logan, recentemente algumas fãs gravaram você e Charlotte em um bungee jump em Nova Jersey – disse a moça – Não sabíamos que você gostava de esportes radicais?! – Ah! Eu adoro tudo que tem a ver com adrenalina – Logan disse. – Outra coisa que várias de nós queríamos saber – disse a moça – você realmente deixou o cabelo crescer para fazer o papel de D’artagnan?
– Oh! Não – disse Logan, rindo – aquilo era um aplique! E era horrível usar toda aquela... – ele fez um gesto com as mãos em volta da cabeça – coisa... Incomodava demais, além de dar um calor danado! A entrevistadora riu. – E qual cenas você achou as mais difíceis de serem gravadas? – ela perguntou. – Com certeza, as cenas de luta – ele disse – eram cenas muito tensas, por serem rápidas e de precisarem de movimentos perfeitos e ágeis. – Uma última pergunta para o casal – disse a moça – Charlotte é difícil para você ver Logan beijando outra menina, como nós sabemos que vai acontecer entre ele e Gabriella Wilde em Três Mosqueteiros? Fiquei meio insegura de responder essa pergunta. Não queria parecer ciumenta, o que eu não era de fato, porém não queria transparecer que pouco me importava com a situação. – Bem... – comecei – eu acho que é meio complicado de ver, com certeza... Mas eu entendo que é tudo profissional, então toda vez que vou assistir um filme com o Logan, meio que esqueço que ele é meu namorado! – Entendo – disse a moça – E qual seu filme favorito com o Logan? – Meet Bill, com certeza – eu disse. Bem, muito obrigada pela atenção, Charlotte e Logan. – Obrigado vocês – disse Logan. – E esperamos vê-la muito em breve, Charlotte – ela disse. Eu sorri. – Obrigada. Também espero – eu disse. Ela se virou para a câmera e com um largo sorriso disse: – Eu sou Candy Williams, na premiere de Três Mosqueteiros. Voltamos em minutos entrevistando outras grandes personalidades da noite. Nós continuamos a andar em direção a sala – a maioria dos atores e atrizes do filme já havia entrado. Um segurança abriu a porta da sala nós e entramos, a gritaria cessou subitamente. Ali, o pessoal estava acomodado nas poltronas em frente a uma tela de cinema que ia do chão ao teto. Fomos para as poltronas, em uma das primeiras fileiras. Logan cumprimentou várias pessoas presentes e me apresentou. Depois, nos sentamos ao lado de sua família, que já nos esperava lá.
– Você fica tão lindo sério desse jeito – eu sussurrei, virada para ele – e de smoking. Ele riu e se voltou para mim. – Você está sendo maravilhosa – ele disse bem próximo ao meu rosto. Eu sorri. As luzes se apagaram e o filme começou. – Você estava incrível – eu dizia animadamente enquanto saiamos da sala. – Para de mentir, Charlie – falou Logan. – É sério, Lelo – eu disse – a primeira seqüência de luta... NOSSA, ficou muito boa! – Ok... – ele disse, me olhando de esguelha. – Porque é tão difícil de acreditar? – eu falei. – Deixa para lá – falou ele. – Eu que achei que o Orlando Bloom estava com uma coisa meio capitão Jack Sparrow fazendo aquele personagem – falei, Logan riu. – Com cert... - ele começou, mas foi interrompido por uma voz feminina atrás de nós. – Então você é a garotinha que conquistou meu sobrinho – disse, Logan e eu nos viramos e nos deparamos com Milla Jovovich nos encarando sorrindo. – Milla! Oi! – disse Logan sorrindo. – Oi, querido – falou Milla, beijando Logan no rosto de um jeito elegante. – Não a vi na entrada... – falou Logan – onde você estava? – Ah! Eu entrei bem rápido – ela disse. Se eu achava que a Milla Jovovich fosse bonita nos filmes, agora eu tenho certeza. Ela é maravilhosa, com aqueles grandes olhos azuis, aquela pele tão branca quanto porcelana e os lábios carnudos e rosados. Ainda tem a voz dela, o timbre e tom são tão sexy que chega a dar arrepios na espinha. Ela olhou para mim. – Então você é a famosa Charlotte? – La perguntou, me analisando.
Confesso que fiquei meio nervosa e por um segundo achei que minha voz não fosse sair. – Sim – eu disse. – Uma graça – ela disse – perfeita para você, Logan. Logan riu. – Charlie essa é a Milla Jovovich – o Logan – Mas acho que você já sabe disso... – É um prazer conhecê-la – eu falei sorrindo. – Ah! Que isso o prazer é todo meu – ela disse – bem, preciso ir agora! Vejo vocês mais tarde. Cuide do meu sobrinho, Charlotte. – Pode deixar – falei. Milla deu alguns passos, então parou se virou para nós. – A propósito... – ela disse, então me analisou de cima a baixo sorrindo – Adorei o vestido. E então saiu em seus passos largos e elegantes pelo tapete vermelho. – Ela é legal, não é?! – Logan falou. – Ela é mara... – comecei, mas fui interrompida por uma voz feminina. Era Gabriella Wilde, a garota que fez Constance, o par de Logan no filme. – Logan – chamou ela vindo até nós – você precisa tirar foto com o pessoal! Ah! Oi, você é a namorada dele, certo?! Posso roubá-lo por um instante? Ela saiu arrastando Logan. – Me espere aqui – ele disse para mim e então foi até os outros atores e atrizes do filme. Eu ri, que engraçado o jeito dessa garota, toda agitada e fala rápido, só por conta da minha vasta experiência com pessoas hiperativas (lê-se: Brooke, Mark e meu irmão) que consegui entendê-la. Isso é bem diferente, porque geralmente, atrizes na idade dela estão preocupadas em serem nariz empinado para conseguir mais flashes e entrevistas. A minha primeira impressão dela foi boa.
Eu fiquei esperando por Logan junto com Lindsay e seus pais em um lugar afastado. Logan tirou milhares de fotos junto com o pessoal e principalmente com a Gabriela Wilde, já que os dois faziam par no filme. A Gabriela é maravilhosa, e muito simpática por sinal (acho que ela daria uma Annabeth Chase perfeita – diga-se de passagem –). Quanto aos três beijos de Logan com ela no filme, não tenho nada a comentar. Não vou mentir que senti um tipo de formigamento incomodo na nuca, mas eu fiquei me lembrando: é tudo profissional, é tudo profissional, Charlie. Então eu me acalmava. Quando as fotos terminaram Logan voltou e nos disse: – Vamos. A família de Logan foi direto para o carro, Logan parava para dar autógrafos, tirar fotos e mais algumas entrevistas, ele não me deixava fugir. Sempre olhando para o lado para ver se eu ainda estava lá, segurando minha mão e tudo mais. – LOGAN, EU TE AMO – dizia uma das fãs histéricas, enquanto Logan dava autógrafo. Logan sorria toda vez que alguma delas dizia isso. – Obrigado – ele respondeu. Logan tirou mais umas fotos e deu mais uns autógrafos. Notei uma garotinha branca de cabelos castanhos e olhos tão azuis quanto os de Logan, que devia ter no máximo seis anos, chamando por Logan desesperadamente no colo de sua mãe um pouco distante dali. – Logan, olha – eu disse e apontei para a garotinha. Ele tirou mais uma foto e fomos lá. – Oi- disse Logan para a garotinha. Os olhinhos dela brilhavam de felicidade e ela tinha o sorriso mais fofo do mundo. – Oi – respondeu ela. – Tudo bem? – perguntou Logan e ela assentiu timidamente - Qual é o seu nome? – Charlotte – respondeu a menina. Logan abriu um sorriso. – Pode autografar para nós, por favor? – pediu à mulher que segurava a menina, provavelmente sua mãe.
– Claro – Logan pegou a foto da mulher e autografou. – Sabia que o nome da minha namorada é igual o seu, Charlotte? – disse Logan. – Não! – disse a menina – mas eu não sou sua namorada... Logan e eu rimos! – Não – disse ela – ela que é. Ele disse apontando com a cabeça para mim. – Olha, mamãe, como ela é bonita – disse a garotinha. Eu sorri. – Obrigada – eu disse – você também é. – Mas você não parece comigo – ela disse – por que seu nome é igual ao meu, mamãe? – Acho que a mãe dela gosta desse nome, querida, igual à mamãe – a mãe da garota falou. Logan devolveu a foto para a moça. – Logan – disse a menina – posso te dar um beijo, já que eu sou igual a sua namorada? Eu ri novamente. – Charlotte! – repreendeu a mãe da menina. – Não, tudo bem – falou Logan rindo. Charlotte se inclinou e de um beijo estalado na bochecha de Logan. – Obrigada, Logan – a garotinha disse, sorrindente. – De nada, linda – ele disse e nós saímos. Eu ainda ria e Logan me olhava de esguelha sorrindo. – Ah! Meu Deus, Logan – eu dizia – você é paparicado até pelas menininhas de seis anos! Ele deu de ombros. – Fazer o quê? – ele disse.
Nós entramos no carro e fomos em direção a casa de Logan. Ou pelo menos eu achava isso.
E O Que Vem Depois O motorista estacionou em frente a um salão de festas, com umas luzes roxas em frente. O Logan abriu a porta, saiu e estendeu a mão para mim, eu a segurei e saí do carro. – Logan – falei – onde estamos? – Você não falou para ela, seu bosta – disse a Lindsay ainda dentro do carro. Logan olhou para Lindsay como se dissesse: “E o que você tem a ver com isso?”. Eu ri, incrível como esses dois se amam. Logan rolou os olhos e disse: – Essa é a terceira parte da surpresa – ele disse. – Mas quantas partes essa surpresa tem? – eu falei – pelo amor de Deus! – Quantas eu quiser. Agora, vem – ele disse Eu me virei para o carro. – Vocês não vêm? – perguntei a família de Logan – Não querida, nós vamos para casa – disse o Sr. Lerman – Ahn... Então, até lá – falei. – Divirtam-se - disse a Sra. Lerman. O carro saiu e Logan me arrastou a até a porta do lugar. Nós entramos e lá estavam todos os atores, atrizes e convidados da premiere. O lugar era iluminado, o chão de madeira clara e brilhante, alguns espelhos, mesas ficava espalhadas por todo lado e os fotógrafos e jornalistas andavam de um lado para outro, tirando fotos ou entrevistando os artistas. Uma música alta tocava, acho que era coldplay, mas não me prendi muito a isso, o que me espantava mesmo era a grande concentração de pessoas bonitas, famosas e, obviamente, ricas ali. Fiquei analisando o lugar e as pessoas enquanto as pessoas viam cumprimentar Logan. – Quer dizer que você some para a Espanha e quando volta, não vai rever os amigos? – ouvimos uma voz calma e profunda atrás de nós. Viramos-nos. Era uma garota de cabelos castanhos perfeitamente encaracolados, olhos de um tom indefinido entre o verde e o cinza, pele rosada e feições extremamente delicadas, lábios e sobrancelhas bem delineados. Ela
era linda, mas não uma beleza forçada e superficial, era uma beleza tão estupidamente natural que dava até medo. Diferentemente das garotas ali, era muito fácil perceber que o batom rosa era a única maquiagem que seu rosto possuía. Seu vestido era de um pesado, porém elegante, tecido preto bem justo até a cintura, daí em diante se transformava em uma saia rodada. – Layla! – exclamou Logan. – Oi, gatinho – a menina falou e estendeu os braços, agarrando o pescoço de Logan. Layla... Essa era tal Layla, então. Deixei-me explicar: Quando eu estava na Inglaterra, Logan me ligava todo dia falando sobre essa garota e como ela era parecida comigo. Lembro-me de ter ficado morta de ciúme e não demorou muito para Logan reparar e brigarmos, quase terminamos um mês antes de eu voltar para os Estados Unidos. Mas, como sempre, Logan segurou a barra muito bem e bom, estamos juntos até agora. Eles se afastaram sorrindo um para o outro, Logan me puxou para perto pela cintura e me apresentou. – Layla, essa aqui é a Charlie – ele disse – Charlie essa é a Layla, lembra que eu te falei dela? Como iria esquecer?! – AHA! A famosa Charlie – Layla disse sorridente – É um prazer finalmente conhecer você. – Obrigada – falei – o prazer é todo meu. – Então, Lay – falou Logan – O que você está fazendo aqui? Pensei que estivesse na Austrália. ‘Lay’!? – Eu estava – Layla falou – Só que o sol lá não fazia bem para a minha pele e as pessoas só querem saber de praia e surfar – ela balançou os cabelos – senti falta da minha L.A. – Então você vai morar aqui? – perguntou Logan. – Não, só vou ficar alguns meses – ela respondeu. – E o Dean e o Daniel? – perguntou Layla. – Ah! Eles estão ótimos – ele disse – vão ficar felizes em te ver. – Seu estou com saudade de todo mundo! – ela disse – Não vejo à hora de vê-los.
– Como você conseguiu convite para hoje? – perguntou Logan. – Ai, gatinho, até parece que você não sabe que meu pai consegue tudo o que quer – ela disse – Usei disso uma vez na vida e pedi para ele. Eu precisava ver você, estava com muita saudade! Meu estomago se contorceu. Primeiro: “gatinho”?! Segundo: “Meu pai consegue tudo o que quer”?! Terceiro: “Eu precisava ver você, estava com muita saudade”. Senti uma vontade enorme de revirar os olhos, mas não podia fazer isso sem que me notassem, apesar dos dois estarem absortos em sua animada conversa, eu ainda estava ali e era a acompanhante de Logan, não podia fazer uma coisa dessas sem ser vista. – Não é mesmo, Charlie?! – disse Logan de repente. Eu o olhei, estava meio confusa sobre o que eles falavam, mas balancei a cabeça em concordância. Eles continuaram conversando por mais alguns minutos, até Logan nos levar para a nossa mesa. – Esperem aqui meninas – ele disse – volto já! Então ficamos em silêncio. Layla e eu evitávamos nos encarar e nenhuma das duas se atrevia a começar uma conversa, por mais desimportante e rápida que fosse. Layla limpou a garganta e disse: – Então – eu a encarei – há quanto tempo vocês estão juntos? – Quase dois anos – falei. Ela sorriu. – Isso é bastante tempo – ela disse – Namorar celebridades é tão difícil, nós duas sabemos disso. Bem, pelo menos temos isso em comum. As duas levaram o olhar para Logan que estava sendo fotografado, sorrindo sem mostrar os dentes. Sorri involuntariamente. Os olhos e este sorriso eram suas marcas registradas. – Ele é demais, não é?! – ouvi a voz de Layla. Eu assenti sorrindo e depois voltei a encarar Logan. Ele agora falava com Matthew Macfadyen, que fez o papel de Athos no filme. Logan passou a língua nos lábios e depois arregalou os olhos antes de começar a rir, Matthew disse mais alguma coisa antes de Logan dar de ombros ainda sorrindo, então ele começou a andar em direção a nossa mesa. Quando ele estava perto suficiente, um garçom passou na frente dele com uma bandeja de bebidas.
– Opa! – disse Logan, antes parando antes de esbarrar no garçom – Me desculpa. – Ah! Me desculpe, senhor – disse o garçom. – Ah! Está tudo bem... Posso...? – Logan apontou para a bandeja. – Oh! Com certeza, senhor – disse o garçom. Logan pegou três taças de champanhe (não me pergunte como ele conseguiu fazer isso) agradeceu ao garçom e se aproximou da mesa, pousando as taças na mesa. – Pronto! – ele disse – Uma para você – ele falou e entregou uma taça para mim – uma para você – e entregou a outra taça a Layla – E uma para mim! Nós brindamos e cada um deu um gole no seu champanhe. – E então – começou Logan – Sobre o que vocês conversaram? Layla e eu respondemos, respectivamente, juntas – Sobre você! – Nada! – O QUE?! POR QUÊ? – Logan perguntou como se estivéssemos pecando – vocês são tão parecida, há tantas coisas que vocês podem conversar, com exceção a mim. Ele puxou uma cadeira e se sentou entre Layla e eu. – Por exemplo – ele continuou – Charlie, a Layla fez intercâmbio na Beverly Hills High também e ela mora sozinha em Miami, igual a você. Só que a Charlie mora em Nova Iorque, Lay. Layla me lançou um sorriso simpático. – Eu amo Nova Iorque – ela disse. – Quem não ama? – eu falei, retribuindo o sorriso. – Tem razão, acho que Nova Iorque devia ser a capital do mundo – ela disse, e nós rimos. – Por que optou morar em Miami? – perguntei. – Bem, eu ia morar em Nova Iorque, mas meus pais para ficara no nosso apartamento em Miami – ela explicou - nas férias, quando eu era
criança, íamos para lá. Depois que cresci o lugar ficou meio abandonado. Eles morar na Austrália agora. – Austrália é meio longe. Meio não, muito longe – eu disse – Quero dizer, minha mãe mora na Inglaterra e só eu pego um vôo para ir para casa. Agora você... Deve ser muito cansativo ir visitá-los. – Com certeza – ela disse – Mas eu não tinha escolha, uma nos Estados Unidos, sempre nos Estados Unidos. – Você fez intercambio de quanto tempo? – perguntei. – seis meses – ela respondeu – e você? – O Ensino Médio inteiro – falei. – Nossa! Como conseguiu? – ela perguntou espantada. Isso sempre acontecia quando as pessoas me perguntavam sobre o intercâmbio. – Bem, é que a minha tia morava aqui L.A. – eu falei – Então foi mais fácil para mim. Minha família vinha me visitar nas férias... Foi bem tranquilo. Continuamos a conversar e, por incrível que pareça, a Layla realmente se parecia comigo. Até o gosto musical era parecido, estava começando a me empolgar na conversa e me sentir mais a vontade ao lado de Layla, principalmente quando Logan ia dar entrevistas ou ser fotografados que nós lembrávamos quando ele era um grande idiota (no bom sentido), e, nossa, como eu ria. Comentamos sobre a Dancinha da Vitória, como os meninos a chamava, que só Logan e Dean conseguiam fazer; quando Logan fugia da casa dele para a garagem de Daniel, onde eles tocavam e cantavam a noite toda; quando Logan ia à casa de Dean acordá-lo e começava a pular na cama e gritar; as quintas de pôquer, quando nos reuníamos na garagem de Logan para jogar o pôquer mais bagunçado da história (isso porque ninguém realmente sabia jogar, então era só risada). – E quando eles se reuniam para escrever uma música nova para a Indigo, mas acabavam assistindo um filme qualquer e se empanturrando de salgadinho na sala – eu falava. – Acho que a Indigo nunca teve um ensaio inteiro – Layla falou. – Eu tenho certeza disso – falei. Logan chegou à mesa nesse instante e se sentou em sua cadeira. – Então – ele disse – o que eu perdi? – Muita coisa! – eu disse, ainda empolgada.
– Muita coisa mesmo. – falou Layla – Sério, gatinho, quando você me disse que eu que eu e a Charlotte éramos parecidas, eu não achei que fossemos tão parecidas assim. Tudo bem, a Layla era muito legal e tudo mais, mas ela chamando o meu Lelo de gatinho ainda me incomodava. Ah! Tanto faz, deixa isso para lá. – É. – falei – até a playlist da Layla é igual a minha. – Eu sabia – falou Logan, com ar de superioridade – eu não disse a vocês!? Eu sei das coisas. Nós rimos. – Mas e ai, Charlotte – começou Layla – Você faz faculdade? – Sim, eu faço Jornalismo na NYU – respondi – e você? – Eu faço cinema na Universidade de Miami – ela falou. – Quer ser cineasta, que demais! – disse eu apoiando os a mão no rosto. – Ah! Eu adoro – ela disse – Estou louca para me formar e vir para a Califórnia. – Em que ano você está? – perguntei. – No primeiro ainda – ela respondeu – e você? – No primeiro também – falei. – Mas você quer ser ancora de jornal ou... – Redatora, na verdade – falei. Um celular começou a tocar. Layla retirou o BlackBerry de dentro da bolsa carteira dourada, olhou em seu visor e disse: – Vocês me dão licença? – Toda – Logan e eu dissemos em uníssono. Ela sorriu e se retirou da mesa. Logan e eu ficamos em silêncio por alguns quase dois minutos, seus olhos me observando daquele jeito profundo e apaixonante. – Meu pai tem razão – ele falou, por fim. – Sobre o quê? – perguntei virando o rosto para olhá-lo.
– Você é areia demais pro meu caminhãozinho – ele disse. Eu ri. Aquela expressão era tão antiga! Lembrava-me dos filmes em que a mocinha era metida e mocinho era apaixonado por ela, só que ela o ignorava e sempre tinha alguém pra dizer: “Ela é areia demais pro seu caminhãozinho”. – Acho que eu deveria estar falando isso para você – falei. – Por que? Só porque eu sou “famoso” – ele fez aspas com as mãos ao dizer famoso – Isso não tem nada a ver, Charlie. – Então por que você acha isso? – Por que é verdade – ele falou, dando de ombros – mesmo essa expressão sendo muito, muito, muito antiga – eu ri – ela se encaixa perfeitamente. – Isso não explica nada – falei. – Olha vamos começar por aí – ele disse – você é infinitamente mais madura e inteligente que eu. Eu rolei os olhos. – Isso não é verdade... – Além de ser mais responsável e independente, acima de tudo – ele continuou. – Ai, Lelo – falei – de onde você tira essas coisas!? Agora foi a vez de ele rolar os olhos. A música mudou. Adele, One and Only. Eu sorri involuntariamente. – Eu amo essa música – falei. Logan se levantou e estendeu a mão para mim. – Vamos – ele disse. – Fazer o quê? – falei semicerrando os olhos. Ele me puxou pelo braço. – Não interessa! – ele disse. Ele me levou até a pista de dança, cheia agora, graças a Adele. A iluminação da pista era bem escura, iluminada apenas pelo jogo de luzes.
Logan ficou de frente para mim quando estávamos praticamente no centro do lugar. – Eu não vou dançar – falei. – Shhhh – ele fez. Então passou meus braços pelo seu pescoço e envolveu os seus na minha cintura e começamos nos balançar de um lado para o outro no ritmo da música. Eu encostei a cabeça no ombro de Logan. – You're the only one that I want – Logan começou a cantar. Eu o encarei sorrindo. – Não sabia que você gostava de Adele – falei. – Eu gosto de música – ele disse – e a dela é ótima. Eu voltei a encostar a cabeça em seu ombro, começando a cantar junto com ele. You'll never know if you never try, To forgive your past and simply be mine, I dare you to let me be your, your one and only, Promise I'm worthy, To hold in your arms, So come on and give me a chance, To prove I am the one who can walk that mile, Until the end starts, If I've been on your mind, You hang on every word I say, Lose yourself in time, At the mention of my name, Will I ever know how it feels to hold you close, And have you tell me whichever road I choose, you'll go? I don't know why I'm scared, 'Cause I've been here before, Every feeling, every word, I've imagined it all, You'll never know if you never try, To forgive your past and simply be mine, Quando a música chegou ao refrão, Logan me afastou dele e me girou, depois me trouxe para perto dele e começou a me “jogar” de um lado para o outro de um jeito bem desengonçado. Eu tive um ataque de riso e não tinha
mais forças para seguir os passos daquela dança maluca, então Logan me guiava como se eu fosse uma boneca. Quando ele me puxou para perto, de um jeito delicado e passou as mãos pela minha cintura, começamos a dançar como antes. Balançando-nos de um lado para o outro. – Onde aprendeu a dançar assim? – brinquei. – Ah! Você sabe, eu tenho vários dons – ele disse divertido – esse é só mais um deles. Eu ri. – Disse meu namorado, o piadista – falei. – Until the end starts – Logan continuou cantando. Eu passei os braços pelo pescoço de Logan e lhe dei um selinho. Ele sorriu para mim e eu voltei a encostar a a cabeça em seu ombro. Nós terminamos de dançar a música e depois voltamos para a mesa de mãos dadas. Layla já havia voltado e tinha mais alguém com ela. Um homem alto, de ombros largos, cabelos cortados baixo. Os dois estvam de pé um de frente para o outro. – Ah! Olha vocês aí – Layla falou. O homem se virou para nós. AH MEU DEUS!
Esse tipo de coisa não acontece todo dia Eu não estava maluca, não estava sonhando. Era ele mesmo, o... – Josh – falou Layla – essa é a Charlotte, namorada do Logan. Charlotte esse é o Josh Hutcherson. – Oi, tudo bem? – Josh falou, sorrindo. Estão vendo, eu não estou maluca. É ele mesmo. Josh Hutcherson, ator e um dos meus ídolos desde que me conheço por gente. Eu estava sem fala, minha garganta seca, meu coração batendo tão forte que chegava a doer. Juro que se eu não tivesse aquela minha parte pessimista e realista, teria dado uma de fã histérica e pulado no pescoço dele. NÃO CHARLIE, QUE ISSO? ENLOUQUECEU DE VEZ POIS É, BENETTI, QUE FALTA DE RESPEITO NAMORADO!
COM SEU
Eu me acalmei. – Oi – eu disse fracamente. – E ai, Logan? – falou Josh. – Tudo bem, cara?! – disse Logan. Eu não conseguia parar de olhá-lo e estava me achando ridícula e hipócrita por causa disso. Quero dizer sempre que alguma fã maluca agarrava Logan na maior cara de pau, eu achava ridículo, então tecnicamente falando eu estava me achando ridícula agora. Balancei e baixei a cabeça, colocando a uns fios do meu cabelo atrás da orelha. Coisa que acontece quando estou nervosa. Senti os olhos de Logan em mim. Eu umedeci os lábios. – Vamos sentar – disse Logan. Nós nos sentamos. Logan ao meu lado e Layla a minha frente com Josh ao seu lado. – Então, Josh- começou Logan – não sabia que você vinha. – Nem eu – falou ele – eu meio que fui arrastado, entende?! Ele indicou Layla com a cabeça. Layla deu de ombros. – Você não diria não para mim – falou Layla. Josh revirou os olhos.
Os três continuaram a conversar, e na realidade eu não estava ouvindo nada. Só os observava. Como uma pessoa que eu nem conheço consegue me deixar assim, é tão estúpido. Tudo bem, ele é um dos meus atores favorito, extremamente talentoso, e cá entre nós, muito lindo, não é a toa que até os meus quinze, quase dezesseis, anos eu tinha um pôster dele na porta do meu guarda-roupa, digamos que eu já tenha assistido aos filmes dele, até os mais chatos como ‘Viagem ao centro da Terra’, e eu os guardo como minha vida... De qualquer forma, isso não é desculpa para eu ficar em estado de choque. Estava tentando me policiar e não ficar o observando como uma idiota, mas estava difícil. De vez em quando eu sentia os olhos de Logan sobre mim e então eu baixava a cabeça. Havia tantas coisas que eu gostaria de dizer ao Josh, mas eu não ia fazer isso, não aqui e com certeza não agora. Continuei tensa e calada nas duas horas que correram, e por conta disso acabei bebendo uma quantidade considerável de champanhe, já estava me sentindo um pouco tonta e quando Logan saíra para mais uma entrevista eu disse: – Com licença – eu disse e me levantei. Fui até o banheiro e encontrei Gabriella Wilde lá. Ela estava em frente ao espelho, com os olhos vermelhos, mas a pele continuava em perfeito estado. Parecia prestes a chorar. – Você está bem? – perguntei me aproximando. Ela não percebera minha presença ali até eu falar. – Ah! Charlotte – ela disse – é você. Me deu um susto. – Ai, me desculpa, não era... – Não, está tudo bem – ela disse. Eu me aproximei mais. – Tem certeza? – eu disse. Ela se virou para mim. – Não – ela disse – não está tudo bem. Eu fiquei calada. – Como as pessoas podem ser tão más ao ponto de fazer isso com a gente?! – ela disse. – Quem fez o que? – perguntei. – Uma pessoa – ela disse baixando a cabeça e limpando as lágrimas, antes que escorressem.
Eu não me importaria se ela me contasse, se ficasse chorando as pitangas para mim, como dizem por ai. Eu gostei da Gabriella e, a menos que eu esteja enganada, ela não merecia isso. – Ahn... Gabriella – comecei - eu não sei o que aconteceu, mas... Se essa pessoa que te fez mal é tão má quanto você diz que é, acho que ela não merece o seu sofrimento. Ela me olhou. – Não conheço você muito bem – falei – mas tenho certeza de que você é uma pessoa legal e não merece ficar triste por esse tipo de coisa. – Ah! Tá bom – ela disse sarcástica. – Não, é sério – falei – não vale à pena chorar por quem não é o suficiente para você, por quem não te deu o devido valor. Ela me olhou nos olhos. – Olha, minha mãe sempre diz que só devemos chorar por nós mesmas – eu falei – porque somos auto-suficientes. Ela riu. – Minha mãe diz a mesma coisa – ela disse. – Então – falei – Não tem porque não confiar em nossas mães. Agora, você não pode perder essa noite aqui dentro, certo?! Ela balançou a cabeça em concordância. Ela limpou o rosto e arrumou o cabelo, respirou fundo olhando seu reflexo no espellho. – Eu sou auto-suficiente – ela disse. Eu sorri. Ela se virou para mim e sorriu. – Obrigada – ela disse e saiu do banheiro. Um dos seus ídolos sentado na mesma mesa que você e consolar uma atriz dentro do banheiro. Ok, eu duvido que muitas pessoas normais já tenham passado por isso. Eu me olhei no espelho, meu cabelo e minha maquiagem ainda estavam impecáveis, ainda bem. Eu saí do banheiro e voltei para a mesa, Logan já havia voltado e dava risada com Layla e Josh. Quando me aproximei ele disse: – Onde você estava? – ele perguntou. – Ah! Eu fui ao... – comecei.
– Tudo bem, senta ai – ele disse. Tá, né! Eu me sentei o olhando com estranheza. Ficamos ali mais um pouco e quando Josh e Layla saíram para fazer sei lá o que, Logan se virou para mim. Eu coloquei a mão na boca para bocejar. Devia ser bastante tarde porque eu não durmo cedo e já estava bem cansada. – Quer ir embora? – ele perguntou. Quero! – Não – falei. – Você está cansada, Charlie – ele disse – porque não quer ir? – Só vamos quando você quiser – falei. Não iríamos embora mais cedo por minha causa. – Me deixa refazer a minha frase então – ele disse – Vamos embora! Eu sorri. – Vamos – falei. – Olhe, eu vou te contar – ele começou se levantando – namorar jornalista não é para qualquer um não. Vocês são tão difíceis. – Olha quem está falando – falei – se não é uma celebridade de Hollywood. Ele riu. Layla e Josh voltaram para a mesa nesse instante, nós nos despedimos e Logan e eu saímos do lugar. No estacionamento, senti um vento gelado, estava sereno o que comprovava a minha teoria de já ser bem tarde. Logan tirou o seu paletó e o jogou em meu ombro, eu o abracei pela cintura enquanto esperávamos o nosso carro vir até onde estávamos. – Que horas são? – perguntei. Logan pegou o celular no bolso e olhou em seu visor. – 2h17 – ele respondeu. Caramba! Entenda: eu não durmo cedo, geralmente só depois da meianoite, mas hoje eu havia feita tanta coisa que agora estou realmente cansada. Nosso carro chegou e nós entramos e seguimos em direção a casa de Logan.
– Então quer dizer que você gosta do Josh Hutcherson – Logan falou. Eu o encarei. – Como você sabe? – perguntei. – Além de você já ter me contado – ele disse – era muito difícil não perceber isso depois de hoje. Eu enterrei meu rosto nas mãos. Ótimo, eu havia sido uma estúpida e idiota, todas as minhas tentativas de parecer indiferente quanto a Josh foram por água abaixo. Já estou até vendo nos sites de fofoca amanhã: “Namorada de Logan Lerman tem uma quedinha por Josh Hutcherson!”. Argh! – Ficou tão aparente assim? – perguntei, com rosto ainda escondido. – Não – falou Logan – É só que, ágüem que te conhece como eu percebe. Eu o olhei. – E você está bravo? – perguntei. – Claro que não, Charlie – ele disse – Quero dizer, não é nada confortável, mas a culpa não é sua se você ama desesperadamente um ator de Hollywood, a culpa não é sua se sente atraída por ele. – Ah! Isso já é exagero – falei – Eu não amo o Josh Hutcherson... Tá, talvez eu me sinta atraída por ele, mas mesmo assim isso é exagero. – Eu não estava falando do Josh – ele disse, me lançando um olhar cheio significância. Eu revirei os olhos. – Como você é modesto! – falei ironicamente. – Eu tento – ele disse – Mas... espere um instante, quer dizer que você se sente atraída pelo Josh Hutcherson. – Ah Pelo amor de Deus, Logan – eu disse impaciente. Ele riu e passou o braço pela minha cintura. Eu encostei a cabeça em seu ombro e cochilei até chegarmos em casa.
Surpresa... Era Para Ser Agradável?? Logan e eu estávamos em seu quarto três dias depois da premiere. Eu estava sentada na ponta de sua cama e ele no chão, entre minhas pernas. Eu bagunçava o cabelo dele enquanto ele assistia TV, quieto. O quarto estava escuro - apesar de ser de manhã - apenas sendo iluminado pela luz da televisão. Eu estava usando uma regata branca e uma cueca samba canção azul clara de Logan e ele apenas uma calça de pijama xadrez. Passamos o fim de semana inteiro fazendo um bilhão de coisas. Logan não parava em casa por um minuto, saindo para sessões de fotos e entrevistas. Quanto a minha aparição surpresa na premiere, bem... Mark e Brooke não param de ligar dizendo: “Minha filha, você e Logan estão na primeira página de tal site...”; “AH! MEU DEUS, CHARLIE, É VERDADE QUE VOCÊ FOI CONVIDADA PARA UMA SESSÃO DE FOTOS DA TEEN VOGUE?”; “CHARLOTTE VOCÊ FALOU COM A MILLA JOVOVICH?”; “É SÉRIO QUE VOCÊS FORAM PARA UMA FESTA DEPOIS DA PREMIERE? É VERDADE QUE JOSH HUTCHERSON ESTAVA LÁ?”; E coisas do tipo... Era verdade, eu havia recebido um convite para participar da sessão de fotos com o Lelo na próxima semana, não aceitei porque na próxima semana eu estaria em Nova Iorque novamente. De qualquer forma, eu estava mexendo no cabelo de Logan e ouvindo o som de um programa qualquer na televisão. – É tão divertido assim me deixar descabelado? – Logan perguntou, de repente. Eu ri. – Eu gosto de você descabelado – falei – te deixa meio selvagem... – Selvagem? – disse ele – tipo um leão? Eu ri outra vez. – É – falei – tipo isso. Ele se virou para mim e me encarou com cara de quem ia aprontar. – Então – ele disse – o leão está a fim de brincar... Ele subiu na cama, eu comecei a engatinhar para trás. – Para com isso, Logan – eu disse – eu conheço esse olhar. Eu me afastei mais.
– Volta aqui! – ele disse – Você não vai querer desafiar o leão. Eu ri e continuei me afastando. – Na verdade, eu acho que quero sim – falei. Ele semicerrou os olhos para mim e começou a se aproximar mais rápido, com a maior cara de atentado que eu já tinha visto. Eu arregalei os olhos. – Não, Lelo, não faz isso, nã... - tarde demais. Logan me puxou pela perna e depois se jogou em cima de mim, rugindo igual a um leão. – Então, você quer desafiar o leão, né?! – ele disse e começou a fazer cócegas em minha barriga. – Não, LogaHAHAHAHA, párAHAHHAHAHAHA! – eu disse entre risos – É sériAHAHAHHAHAHA... Pára, Lelo, párHAHAHAHAHAHAHA... – Vai desafiar o leão? – ele perguntava, ainda fazendo cócegas – Hein, senhorita insolente? – HAHAHHAHAHAHAHAHAHHA – era o que eu conseguia dizer. Eu já estava sem fôlego de tanto rir e tentar falar ao mesmo tempo. Eu acho que sou a pessoa com mais sensibilidade em relação á cócegas desse mundo, simplesmente não consigo parar de rir. A minha barriga chega a doer. E o pior de tudo é que Logan sabe disso. – E ai, cansou? – perguntou Logan, colocando a mão debaixo da minha camiseta. – Cansei, chega – eu falei. – Então diga que nunca mais vai desafiar o leão... Se não eu começo de novo – ele disse. – Não vou falar nada, eu... – comecei a falar, meio revoltada. – AH, É? – ele começou a fazer cócegas de novo. – HAHAHAHATABOM! – eu disse e ele parou – não vou mais desafiar o leão! – Nunca? – ele perguntou, me olhando nos olhos. Nossos rostos estavam de frente um para o outro. Eu estava com a respiração ofegante, nem conseguia falar direito.
– Nunca – eu disse, por fim. Então ele me beijou bem de leve, apenas encostou nossos lábios um no outro, de um jeito delicado, mas ao mesmo tempo urgente. Eu passei os braços pelo seu pescoço enquanto suas mãos subiam e desciam por dentro da minha camiseta. Quando a coisa estava esquentando, ele se afastou e disse: – Da próxima vez eu mordo! Eu ri. – Ah! Disso eu ia gostar – falei. Ele riu e saiu de cima de mim. Logan ficou de pé, de frente para a televisão, se espreguiçando. Eu fiquei de pé também e o abracei por trás pela cintura. – Estou com fome - eu disse. – Está com fome?! – ele disse – Quer descer para comer? – Quero – falei. – Então, vamos – ele disse e começou a me arrastar para a porta. – Ei, espera – eu disse – seus pais ou sua irmã estão aqui? – Não. Por quê? – Porque eu estou usando uma camiseta velha e uma samba canção, Logan, só por isso! – eu disse. – E o quê que tem? – Isso seria falta de respeito. – Eles não estão em casa... Eu rolei os olhos e sai do quarto, indo em direção a escada. – Me espera – falou Logan, aparecendo na porta do seu quarto colocando uma camiseta branca. Eu o deixei lá brigando com a camiseta e desci as escadas. – Nem me esperou, né?! – Logan falou por cima do meu ombro. – Você demora demais – eu disse entrando na cozinha.
Eu me sentei á mesa. – E então – comecei – o que você vai fazer para mim? – E quem disse que eu vou fazer alguma coisa para você?! – ele falou me olhando de cima abaixo – se vira! Eu abri a boca, franzi as sobrancelhas e o olhei atônita, como se aquilo fosse uma ofensa. – Ah!É assim que você trata as suas visitas? – perguntei. – Não seja dramática, Charlie – ele disse abrindo os armários e pegando a caixa de cereal – Só estou acostumando você. – Explique isso direito, sr. Wade – eu disse cruzando os braços. Ele me encarou sorrindo. – Olhe, quando estivermos na nossa casa, eu não vou poder ficar fazendo tudo para você então é melhor você se acostumar com isso desde já – ele falou e foi até a geladeira, pegou a caixa de leite colocou em cima da mesa. Não pude deixar de sorrir pelo jeito como Logan enfatizou a palavra ‘nossa’, meu coração estava acelerado e uma felicidade boba tomou conta do meu rosto, sentia minha pele inteira formigando, aquilo significava tanto... Era quase impossível transmitir em palavras o quão bom era ouvir aquilo. Principalmente porque estava saindo da boca de Logan. Eu disse: – Então quer dizer quer dizer que quando estivermos na nossa casa – fiz questão de enfatizar o ‘nossa’ também – você não vai ser mais gentil e prestativo como é agora? Ele estava de costas para mim, pegando algo no armário. – Não é isso que eu quis dizer, Charlie – ele falou pousando dois potes de porcelana na mesa- é tão complicado explicar as coisas para você. – Não é complicado – eu falei – é só que quero ter certeza do que eu entendi. – Hmm... Sei – ele falou, todo sarcástico. Ele se sentou à mesa ao meu lado e começou a colocar cereal nos potes. – É sério, Lelo – eu disse, ele me encarou – e você ainda não me respon...
Ele me deu um selinho rápido. – Está bem – falei - morreu o assunto. Ele me entregou um pote com cereais e me passou a caixa de leite. Assim que voltei a pousar a caixa na mesa, a campainha tocou. Logan soltou a colher impaciente e rolou olhos. – Vou atender – ele disse e se levantou. – O que?! – falei. Então me levantei e sai correndo, Logan riu enquanto eu subia as escadas para me trocar. Fui ao banheiro joguei uma água no rosto e escovei os dentes, depois coloquei uma das minhas camisetas favoritas e um short jeans, penteei os cabelos e os prendi no meu característico coque frouxo. Desci as escadas ouvindo uma voz feminina vinda da sala. Fui até lá. – Ai, Loggie, só você mesmo – dizia a voz quando adentrei a sala e me deparei com ela. Antes uma garota de cabelos castanhos e longos, pele branca e sardas espalhadas pelo rosto de delicadas feições. Agora seus cabelos estavam negros com aquele corte moderninho (franja de lado e cabelo super repicado), ela tinha seios fartos e usava uma regata larguinha com L.A. em vermelho florescente e um jeans skinny escuro. Meu sangue ferveu, devo ter ficado com a pior cara desse mundo. Mordi a parte interna da minha bochecha para não gritar. Logan percebeu a minha presença e se virou. – Bebê, olha quem está aqui – ele disse. Eu sorri, tentando esconder as reações da desagradável surpresa. Fui até Logan. – Charlie - disse ela, seu tom de voz era de surpresa, mas para mim parecia sarcasmo – o que você está fazendo aqui, menina?! Invadindo a casa do meu namorado, querida e você? Renascendo das cinzas?! Sei lá, tudo que vem desta garota parece extremamente falso e superficial... e sarcástico... e irônico. Não consigo me controlar perto dela. – Oi, Mandy – falei no mesmo tom de voz que ela – Quanto tempo, hein?!
Sinto Saudades – Nossa é mesmo – ela disse levantando-se e vindo em minha direção. Então ela me abraçou. – Como você está, querida? – ela perguntou, enquanto me abraçava. Me segurei para não revirar os olhos. – Bem e você? – falei. Ela se afastou, sorrindo. – Ah, eu estou ótimo - ela disse – e vocês ainda estão juntos... Que coisa mais fofa. Não sei porque, mas percebi que o tom superficial e sarcástico dela ficou mais aparente quando ela disse: “Que coisa mais fofa”. – É... – disse eu. Ficamos em silêncio por alguns segundos enquanto Mandy nos analisava. Aquele sorriso branco dela, os olhos escuros emoldurados pela camada grossa de lápis preto e rímel, o batom, as unhas enormes, a pele uniformemente bronzeada ela era tão... Garota Los Angeles que chegava a assustar. – Então, Mandy, onde você está morando? – perguntei. – Ah! Estou morando em Miami com a Layla – ela respondeu, quer dizer que Layla e ela eram amigas?! – ela disse que passaria uns dias aqui então aproveitei para vir junto, você sabe... Rever os amigos e tudo mais. – Hmm... Sei – falei. – Não sabia que estava morando com a Layla – Logan disse. – Pois é – ela disse – ficamos realmente próximas, mesmo depois de ela ir embora... Então no último verão quando fui passar as férias na Austrália, ela acabou me convidando para morar com ela. –Por que não foi na premiere junto com a Lay? – perguntou Logan. – Ah! Eu estava na casa de um amigo – ela disse. – E Quanto tempo vocês vão ficar? – perguntei.
– Uma semana, uma semana e meia – ela respondeu – depende do que tiver para fazer aqui. Nós ficamos em silêncio novamente. – Bem, Loggie eu sei que é falta de educação chegar e já pedir favores assim, mas... – começou Mandy. Ah! Lá vem. – Eu deixei minhas malas na casa desse amigo, sabe... E como a Layla não chegou ainda e eu estou sem carro – continuou ela – preciso ir buscá-las, mas não tenho como... Você pode ir lá comigo? Não tem como buscar...? Até parece que não existem táxis em L.A. – Posso sim... – Logan disse, então ele hesitou e se voltou para mim – ahn, você quer ir Charlie? Pense: Se você for, Charlie, vai ter de aturar Mandy falando, falando e falando. Agora se você não for aposto que ela vai dar um jeito de dar e cima do Logan. Mas você confia no Logan, além do mais não é possível que ela consiga alguma coisa nesse meio tempo, certo?! – Ah! Eu vou ficar, Lelo – falei. – Vai ficar aqui sozinha? – ele perguntou, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Vou – falei – acho que vou à casa do Dean, ou talvez ligar para minha mãe... – Tem certeza? –ele perguntou. Eu balancei a cabeça em concordância. – Então, está bem. – ele disse – Mandy, eu vou me trocar rapidinho, o.k.?! Logan subiu para seu quarto. – Ah! Claro – ela disse, pegou a bolsa no sofá e foi até a porta. Eu fui até a Mandy. – Então – comecei – como você está? – Ah! Por favor, Charlotte – ela falou, seu tom de voz era sarcástico – Acha que eu me esqueci de tudo?!
Eu olhei-a com estranheza, não é possível que ela esteja falando sobre... – Do que você está falando? – perguntei. – Acha mesmo que eu não me lembro da nossa – ela meneou a cabeça – inimizade antes de você fugir para o colo da sua mamãe? – Olha, Mandy – comei no mesmo tom que ela – não sei se isso é alguma brincadeira, mas... Eu não “brinco” mais disso. Quero dizer, eu não vou disputar o Logan com você, ou com qualquer uma. Descobri que Logan está comigo porque gosta de mim. – Então, se ele te deixasse hoje para ficar comigo – ela falou – o que você faria? – Eu o deixaria ir – falei – não posso obrigá-lo a continuar comigo e nem a gostar de mim. Direta ou indiretamente aquilo de “não posso obrigá-lo a gostar de mim” foi para Mandy e ao que ela fazia quando eu morava em L.A. De qualquer forma, ela entendeu e deu aquele seu característico risinho sarcástico. Ela chegou bem próximo de mim e disse: – Pois eu posso! Eu revirei os olhos e ri. Logan desceu as escadas nesse momento. – Só vou pegar as chaves – Logan disse, foi até a cozinha e em alguns segundos voltou com as chaves do carro – Pronto, vamos. – É, claro – Mandy disse, me encarou e então saiu. – Eu perdi alguma coisa? – Logan perguntou, referindo-se ao olhar de Mandy. – Nada – falei. – Tem certeza? – perguntou e eu assenti. – Tome cuidado e não demore – falei. – Ok – ele disse, me beijou na testa e saiu.
Depois de ligar para minha mãe, fui até a casa do Dean. Subi as escadas de sua casa e bati na porta, alguns segundos depois ele atendeu.
– E aí, Charlie, quanto tempo? – ele falou. – Dean, eu vi você na sexta – falei. – Mas hoje é segunda – ele disse – você e Logan ficam enfiados naquele quarto fazendo sei lá o que e nem se lembram dos amigos... Eu ri e rolei os olhos. – Cadê ele falando nisso? – ele disse. – Ah! Ele foi com a Mandy... – O QUÊ? A MANDY ESTÁ AQUI? - Dean me interrompeu. Eu assenti. – Nossa! – ele disse – Então... Você quer entrar? – ele perguntou. – Na verdade, queria saber se você quer me fazer companhia? perguntei – Ah! Beleza, só um minuto – ele disse. Fechou a porta da sua casa e nós nos sentamos em um banco de madeira que ficava em frente a sua casa. – E então, o que tem feito? – perguntei. – Ah! Nada de importante... Você sabe, faculdade, música... Garotas – ele disse. Eu ri. – Nem parece o garoto viciado em Need For Speed que eu conheci há alguns anos – falei. Ele deu de ombros, sorrindo. – E você? – perguntou. – Só faculdade e trabalho e mais faculdade – falei. Conversamos sobre coisas não importantes e o que havia acontecido com a gente depois que eu fui embora pra Nova Iorque por algum tempo. É tão divertido conversar com Dean, ele te deixa bem à vontade, sem aquela pressão maliciosa que os garotos te deixam quando ficamos perto deles. É como estar com o meu irmão... Nossa! Há quanto tempo não vejo Kyle, meu coração chega a ficar apertado quando me lembro dele. Nas últimas férias de verão, ele não veio me visitar junto com a minha mãe, estava com a sua namorada em
algum lugar da Europa, eu não o culpo. Ás vezes me sinto um pouco folgada, sei lá, por fazê-los virem até mim sempre e eu ir visitá-lo uma vez na vida outra na morte. Senti uma vontade súbita de falar com Kyle, perguntar se ele estava bem e se viria para o Natal. Lembrei de quando éramos crianças e ficávamos esperando dar meia-noite na noite de Natal para poder abrir nossos presentes jogando vídeo-game, discutindo ou nos empanturrando dos cookies de minha mãe. Logo, o cheiro do e chocolate quente com marshmallows de minha mãe me veio à mente, junto da imagem da neve caindo suavemente e cobrindo as ruas de Londres vista janela da sala e Kyle e eu sentados em nosso tapete gigante e vermelho, escutando nossa avó cantar, enquanto nosso gato - um Manx de pelo laranja chamado Haroldo (em homenagem ao tigre das tirinhas de Calvin e Haroldo) - espreguiçasse e ronrona no cola dela, e Billy e minha mãe estão enroscados no sofá assistindo ao especial de Natal na BBC. Um nó formou-se em minha garganta, tive vontade de chorar e de gritar por minha mãe, eu geralmente não gosto de admitir isso, porque me faz vulnerável, mas nossa! Como eu sinto falta deles, falta da minha casa e de como ela cheirava a madeira e livros antigos, falta de Londres e do frio de lá, falta de minha avó. O tempo passou e eu nem percebi como havia me tornado tão americana, como o meu sotaque havia diminuído, como nem me lembrava das nossas “tradições”, como estava diferente de quando cheguei aqui há quatro anos. Achei isso tão estranho, eu não sou sentimental e jamais tive crise de identidade e muito menos em relação a isso, mas não estava conseguindo evitar sentir falta de casa, tanto que ainda durante a minha conversa com Dean eu já havia decidido, eu iria passar o Natal em casa. Iria fazer uma surpresa a todos e aparecer lá. Todos os anos em que passei o Natal aqui, a minha família vinha para cá porque eu não queria sair de perto do Logan, queria estar junto dele sempre. Só agora percebo o quanto tenho sido egoísta, e isso só me deixava mais chateada comigo mesma. Despedi-me de Dean e voltei para casa do Logan. Subi para seu quarto e fiquei deitada na cama o esperando chegar. Então peguei o celular e liguei para minha mãe. – Alô – ela atendeu. – Oi, mãe – falei. – Ah! Oi, querida – ela disse - está tudo bem? – Sim, eu só... – comecei – estou com saudades. – Ah! Meu bem, nós nos veremos em breve – ela falou, em tom de consolo – o Natal já está chegando. – Eu sei é que... – minha voz ficou embargada por conta do choro – quero ir para casa.
– Ai, querida, o que aconteceu? – ela perguntou – você e Logan brigaram? – Não, mãe, só estou com saudades de vocês – falei, chorosa – da vovó e do Kyle... Como eles estão? – Estão bem, querida – ela disse – estão com falta de você, sabia? Aquilo só me deixou pior. – Mãe – chamei. – Fala, filha – ela disse. – Você acha que eu mudei? – perguntei. – Acho que você cresceu, filha – ela falou – e isso é totalmente diferente... Mas, Charlie, por que isso agora? Tem certeza que está tudo bem? Eu cocei os olhos. – Sim – falei – está sim. – Querida, a mamãe precisa voltar para a butique agora – ela falou. – Tudo bem, mãe – falei. – Depois a mamãe liga de novo, está bem? – ela falou. – Está bem – falei – Eu te amo, mãe. – Também te amo, querida – ela falou. – Um beijo, tchau – falei. – Tchau – ela disse e eu desliguei. Dei um longo suspiro, me deitei em posição fetal e abracei o travesseiro de Logan, deixando algumas poucas lágrimas escorrer. Alguns minutos depois, ouvi a porta do andar de baixo sendo aberta. – Charlie, cheguei – ouvi a voz de Logan. Não respondi, ouvi os passos dele subindo a escada. – Charlie? – ele chamou. Ele adentrou o quarto escuro, a luz de fora veio diretamente a meu rosto.
– Charlie, o que aconteceu? – ele perguntou. Ele se sentou na cama e colocou mão em minhas costas. – Charlie, o que aconteceu? – ele repetiu, agora sua voz soava preocupada. Eu balancei a cabeça. – É claro que aconteceu alguma coisa Charlotte – ele disse – olhe só para você. Eu não respondi. – Foi a Mandy, não foi? – ele disse. Eu balancei a cabeça. – Então, o que foi, Charlotte? – ele perguntou, meio nervoso. Eu me sentei na cama e o encarei. Eu hesitei, abri a boca para responder, mas toda vez que eu abria a boca, as lágrimas ameaçavam cair de novo e a última coisa que eu queria era chorar. Então, por fim, desisti de falar e o abracei forte. Ele enlaçou os braços em minha cintura e retribuiu o abraço. – Ei, ei – ele começou – está tudo bem, pequena... – Eu sinto falta deles, Lelo – falei. Não foi preciso dizer mais nada, acho que Logan sabe a quem eu me referia e o silêncio dele foi o mais reconfortante de todos. Ele sabia que eu não era sentimental, sabia que era difícil para mim falar sobre essas coisas. Então ele simplesmente continuou a passar a mão em minhas costas. Logan se afastou, encostou-se na cabeceira da cama e me puxou para junto dele. Eu deitei a cabeça em seu peito e ele a mexer em meus cabelos daquele jeito calmo que me faz dormir da melhor forma possível. E foi o que aconteceu.
A Lovely End Of Day Acordei com um celular tocando. Era o de Logan. Mexi-me na cama, Logan ainda dormia atrás de mim, me virei para ele. – Lelo – chamei – Lelo. – Hmm? - ele fez. – Seu celular está tocando. Ele se mexeu e então abriu os olhos, esticou o braço e pegou o celular no criado-mudo e atendeu. – Alô – falou ele com voz rouca – Ah! Oi, Mandy. Eu virei, ficando de costas para ele. – Hoje? – ele continuou – Hoje não dá, Mandy... Pode ser amanhã? ... – Ok, então está marcado – ele falou – até lá... Beijo, tchau. Ele desligou o celular, colocou em cima do criado e voltou a me abraçar. – Está melhor? – ele perguntou acima do meu ombro. Eu assenti. – Quer conversar? – ele perguntou. Eu balancei a cabeça em negativa. – Quer levantar? Eu dei de ombros. – Quer voltar a dormir? Eu balancei a cabeça. – Quer falar alguma coisa, pelo amor de Deus? – ele falou impaciente. Eu sorri e me virei para ele. – Eu te amo – falei.
Ele sorriu, talvez porque eu quase nunca dissesse aquilo e bem, me deu vontade de dizer isso a ele aqui e agora. Acho que o “eu te amo” foi banalizado, assim como seus derivados. As pessoas simplesmente dizem só para ver uma outra pessoa sorrir ou pior, para iludir a outra pessoa e continuar a ter alguns dias de sexo freqüente, antes de enjoar da mesma e trocar por outra, como se fosse uma peça de roupa mal passada. Não é mais sincero, não vem mais da parte mais intima da pessoa. É frívolo, fútil e vulgar. Por isso evito dizer isso, o Logan sabe que eu o amo porque demonstro isso, não preciso de palavras para descrever. E agora eu estou parecendo um poeta revoltado. – Eu te amo, pequena – ele falou. Eu o beijei. Seu rosto estava quente, assim como seus lábios, que estavam com aquele característico e maravilhoso gosto de cerejas e hortelã. – Lelo, eu estava pensando... – comecei, quando nos afastamos. – E você nem faz isso, não é?! – ele falou, todo irônico. Nossos rostos estavam tão próximos que eu sentia seu hálito quente. – HÁ-HA! – eu fiz – mas é sério, eu estava pensando e depois de hoje acho que tenho certeza. – Pode falar. – Bem, essa minha – eu hesitei – crise ridícula que tive hoje foi por causa da minha família e o tempo que não os vejo – ele assentiu me encorajando a continuar - então, depois de pensar bastante, eu tomei uma decisão e não sei se você vai ficar feliz com isso... Eu vou para minha casa no Natal. – Eu também vou, Charlie – ele disse, como se fosse óbvio. – Não, Lelo, eu vou para a minha casa – falei – em Londres. Ele ficou tenso e quieto. – Eu sei que para sua família estarem todos reunidos é a parte mais importante desta data – falei – por isso, não planejo convidá-lo para ir comigo. Seria muito egoísmo da minha parte. E já fui egoísta demais fazendo a minha família inteira vir para cá todos esses anos, porque, simplesmente, eu não queria me afastar de você. Ele continuou quieto, me analisando. Eu estava nervosa, querendo ouvir qualquer coisa que fosse saindo de sua boca… Não! A verdade é que eu queria alguma coisa reconfortante saindo de sua boca, por exemplo: “Ah! Eu vou com você” ou “eu não conseguiria passar o Natal longe de você, Charlie”,
mas eram as nossas famílias, e sobre isso não podíamos argumentar. Nem um dos dois. Portanto, continuamos calados, um encarando o outro. Estava tudo tão dramático hoje que eu estava começando a me irritar. Até que eu ouvi meu estômago e eu me lembrei que não havíamos comido nada, que nosso café da manhã fora atrapalhado e que havíamos dormido não sei por quanto tempo. Logan percebeu a minha inquietação e riu. – O que foi? – ele perguntou sorrindo. – Eu não aguento drama – resmunguei – e estou com fome. Ele riu pelo nariz. – Vamos comer, então – ele falou. – Então vamos. Nenhum dos dois se mexeu. Nós rimos. – Levanta você primeiro – falei. – Nada disso – ele disse – primeiro as damas. – Por isso você vai primeiro – falei. Ele abriu a boca e balançou a cabeça, ofendido. – Você está desafiando o leão de novo, senhorita insolente – ele falou, eu ri – lembre-se que eu ainda posso te morder. Sai da cama e fiquei em pé na sua frente, Logan me seguiu com os olhos. Eu coloquei as mãos na cintura. – Vem me pegar, então – falei, em tom desafiador. Ele se levantou da cama e eu corri para fora do quarto, rindo. – Agora você foge, né?! – eu ouvi a voz de Logan atrás de mim enquanto eu descia as escadas correndo. Quando cheguei ao hall da escada, senti os braços de Logan segurando minha cintura por trás e me levantando do chão. – Me solta – gritei, rindo – Me solta, Lelo. Ele começou a assoviar uma música desconhecida enquanto eu me debatia em seus braços.
– ME SOLTA, LERMAN – gritei – ME PÕE NO CHÃO AGORA! Ele não deu ouvidos e continuou a ir em direção a sala, onde me jogou no sofá de três lugares. Ele ficou em cima de mim com os braços apoiados a cada lado meu. – PEÇA DESCULPAS! – ELE GRITOU. – NÃO! – gritei mais alto. – PEÇA, AGORA! – ele disse lentamente. – Os vizinhos vão achar que você está espancando sua mulher – eu falei, nós rimos. – VAI, EU ESTOU ESPERANDO, MULHER – ele gritou, eu soltei uma gargalhada. – NÃO! – eu repeti. Então ele se curvou e mordeu o lado direito do meu pescoço. –AAAH! – soltei um grito agudo – Para, Lelo, AAAI! Ele continuou a me morder. – CHEGA, LERMAN – eu disse e ele me encarou. – Chega mesmo – ele disse, dando-se por vencido – te morder está me dando fome. Eu ri e ele me pegou no colo e foi andando até a cozinha. Não! Foi até o banheiro... O BANHEIRO?! Que diabo estamos fazendo aqui? – Logan, o que você vai fazer? – perguntei. Ele ficou descalço e abriu o box. – Não, Lelo, não faz isso não – eu falei. Eu pulei do seu colo, mas ele me segurou pela cintura e continuou a me empurrar para dentro do Box. – Não, Lelo, não, por favor, por favor – implorei. Ele ria e me entrou no Box por inteiro, me prendeu na parede embaixo do chuveiro. Eu fiquei me debatendo, tentando me desvencilhar dele, tentando empurrá-lo, então ele segurou meus braços contra parede e ligou o chuveiro.
–AAAAH! MUITO OBRIGADA – falei, quando a água começou a cair, nos molhando – Isso foi realmente muito maduro. Ele ainda ria e segurava meus braços. – Não precisa me segurar, eu já estou toda molhada mesmo! – eu reclamei. Então ele me soltou bem lentamente e quando se afastou completamente, eu tentei correr para fora, mas ele me segurou. – Nããããããoo, você vai ficar – ele falou me puxando para dentro do chuveiro de novo. – Meu Deus, Logan – falei eu – por acaso você tem alguma inquietação nessa sua cabeça? Por que você fez isso? Ele riu. – Me deu vontade de tomar um banho, ué – ele falou, soltando meu cabelo. – Isso mesmo! Você queria tomar um banho... – falei enquanto ele bagunçava meu cabelo - O que é que eu tenho a ver com isso? Ele tirou a camiseta molhada e jogou no chão. – Você – ele falou, segurando meu rosto entre as suas mãos – é a parte mais divertida! Então ele me beijou. Um beijo intenso e... muito molhado. Depois de expulsar o Logan do banheiro, eu tomei um banho decente, mas tive que pedir a toalha para ele. – Lelo! – chamei-o, atrás da porta do banheiro, com a fresta aberta. – O quê? – ele respondeu. – Pega minha toalha, por favor – eu falei e o escutei rindo. – E se eu não pegar? – ele perguntou. – Quando eu sair daqui, você vai se arrepender – eu falei. – HAHAHA! Mas seu eu não pegar a toalha você não vai poder sair daí – ele falou. Eu bufei.
– Vai logo, Wade! – falei. Ouvi os passos dele subindo e logo depois descendo correndo as escadas. Ele esticou o braço com a toalha na fresta da porta do banheiro. – Muito obrigada – falei,de má vontade. Eu me enrolei na toalha e sai do banheiro. Logan estava encostado na parede, de braços cruzados e com a toalha pendurada no ombro. Ele ainda estava todo molhado e me analisava de cima a baixo. – O que é? – perguntei. – Hum – ele fez. Eu sustentei o olhar e depois de alguns segundos daquela mesma cena, eu balancei a cabeça e continuei meu caminho em direção ao quarto dele. – Fica esperta, menina – ouvi Logan falando, enquanto eu subia a escada Eu ri pelo nariz e continuei subindo. Depois que me arrumei, desci e fiquei sentada no sofá da sala assistindo um documentário na BBC sobre consumismo. Ouvi aporta do banheiro abrindo e os passos pesados de Logan se aproximando. Quando chegou a sala, eu o senti se debruçando sobre o encosto do sofá e me dando um beijo estalado e molhado na bochecha. – Eu não preciso d e outro banho. – falei, enquanto ele subia as escadas – E se arruma logo porque eu estou com fome.
Depois que Logan desceu, nós finalmente fomos comer. Ele queria pedir uma pizza, mas eu disse que precisávamos de uma refeição apropriada, já que havíamos passado o fim de semana inteiro comendo besteiras. Então lá fomos nós para a cozinha. – Eu faço o frango e o purê de batatas e você – eu pensei um pouco. Não tinha nada para ele fazer, mas se ele não ajudasse ia ficar enchendo o saco. – Faça as ervilhas – falei.
Nós fizemos tudo muito rápido. Sou boa na cozinha, gosto de cozinhar, não tinha como ser diferente. Minha mãe diz que puxei isso do meu pai – o biológico – “foi a única herança boa que ele nos deixou”, ela diz. Segundo ela, meu pai biológico... O brasileiro era chefe de cozinha em um restaurante, ela diz que quando se tem talento na cozinha, os brasileiros dizem que você “tem a mão boa”. Pelo menos foi isso que eu entendi. A comida ficou ótima, modéstia a parte. Logan e eu comemos como loucos, junto com a boa e velha CocaCola. Depois que terminamos, Logan lavou a louça enquanto eu a secava e guardava. Após acabarmos, fomos para fora e ficamos sentados na graminha da frente da casa de Logan, só conversando. A noite estava maravilhosa, com uma brisa fresca batendo no rosto, o céu estrelado e a Lua enorme e com um brilho amarelado, acho que era lua cheia. A rua do Logan é muito tranquila, se não estiver acontecendo alguma festa pela vizinhança ou adolescentes bêbados passarem cantando, é tudo muito calmo e silencioso. Nem parece L.A. Pensei em ir visitar a minha tia Carly no dia seguinte, mas me lembrei que Billy havia falado que ela estava passando uns tempos na América do Sul e então desisti da idéia. Mandy ligou de novo e eu me segurei para não arrancar o celular da mão de Logan, jogá-lo no meio da rua e esperar um caminhão passar por cima. A irmã de Logan chegou e saiu, dizendo que iria dormir na casa do namorado. Até que o sprinkler apitou e nós saímos correndo para não sermos molhados de novo. Nós nos jogamos no sofá da sala e esperamos os pais de Logan chegar assistindo ao programa da Ellen DeGeneres. Deitei no colo de de Logan. Aquele jantar estava me dando uma preguiça...
Programa, Nerds e Surpresa Os dois dias que se passaram fora relativamente rápidos. Mas não paramos em casa um segundo, só na terça-feira Logan teve duas entrevistas e uma sessão de fotos e na quarta nós fomos até o centro visitar uns pontos turísticos durante o dia, a noite Logan tinha uma entrevista ao vivo no programa The Bonnie Hunt Show. Ele passara a tarde inteira me convidando para acompanhá-lo e por fim eu cedi. Eu particularmente adoro a Bonnie Hunt, (prefiro a Ellen Degeneres, é claro) ela conduz o programa de uma maneira bem descontraída, sem deixar de ser interessante e informativo. Quando Logan foi se arrumar para a entrevista, eu e Lindsay (e James) ficamos na sala – o Sr. E a Sra. Lerman estavam fazendo compras no mercado. Eu já estava pronta, apenas esperando Logan descer para irmos. Foi muito constrangedor porque primeiro: Vamos dizer que Lindsay e eu não somos lá tão amigas e isso e fico desconfortável perto de pessoas que não tenho intimidade; segundo: ela e James estavam se agarrando no sofá, tipo, era como se eu não estivesse ali e isso faz o meu nível absoluto de desconforto partir do nível 50 para o 101%. Quero dizer, não é como se Logan e eu nunca tivéssemos passado dos limites nesse sofá, mas toda a vez que isso aconteceu nós estávamos sozinhos; e também não é como se eu estivesse com vontade de mandá-los parar, porque a Lindsay é a dona da casa no momento, então acho que seria falta de respeito. Depois de dez minutos dessa cena, eles pediram licença e subiram, suspirei de alívio quando ouvi a porta do quarto da Lindsay bater no andar de cima. Logan desceu uns dez minutos depois, menino complicado para se arrumar, eu hein! – Vamos, estamos atrasados – ele disse, aparecendo no hall da escada. – Por que será, não é?! – eu falei. Eu me levantei, peguei minha bolsa, a pendurei no ombro e fui até onde ele estava. A porta já estava aberta e ele esperava com as chaves do carro nas mãos. Ele passou a mão nos cabelos e me encarou sorrindo por alguns segundos. – O que foi? – perguntei sorrindo. – Você esta parecendo uma boneca – ele falou, franzindo as sobrancelhas. – Ahn... Obrigada! – falei. – É sério – ele falou – estou com vontade de te guardar na minha estante. Eu ri.
– Nem estante você tem, Logan – eu falei. – Então, dentro do meu guarda-roupa – ele disse. Eu balancei a cabeça e agarrei o braço dele. – Estamos atrasados, lembra?! – eu disse, arrastando-o para fora. Em, aproximadamente, trinta e cinco minutos havíamos chegado ao estúdio do programa. Logan me levou até os bastidores do lugar. Eu nunca havia ido a um programa de TV e entrado nos bastidores... Quero dizer, já havia ido a alguns programas para fazer trabalhos para a aula de Jornalismo Televisivo, mas nunca aos bastidores. Tenho que admitir, é muito legal! Toda aquela correria de assistentes de palco, técnicos, câmeras, figurinistas, maquiadores e cabeleireiros, a platéia... É tudo tão emocionante. Eu estava hipnotizada com tudo aquilo, observando cada movimento das pessoas naquele lugar. – Ei, – Logan chamou me empurrando de leve com o ombro – gostou? Eu encarei sorrindo e assenti freneticamente. Ele sorriu de volta. – Logan! – uma voz feminina chamou. Nós olhamos em direção a ela. Era Bonnie Hunt, a apresentadora. Eu abri o maior sorriso. Por mais que eu saiba perfeitamente que o meu ramo jornalístico é o escrito, eu admiro demais os ancoras de jornal, apresentadores e etc., acho que você precisa ser extremamente carismático para seguir essa profissão, saber lidar com situações constrangedoras e afins, principalmente quando se apresenta um programa ao vivo e no horário nobre. Bonnie veio até nós e cumprimentou Logan com um abraço. – Como vai, querido? – Bonnie perguntou, quando se afastaram. – Ótimo – disse Logan – e a senhora? – Muito bem – ela falou. – Bonnie, eu queria te apresentar minha namorada... - começou Logan. – Charlotte Benetti, muito prazer – eu falei acelerada, estendendo a mão para Bonnie. Eu estava empolgada em estar na presença dela. Ela me olhou com um sorriso e apertou a minha mão. – Muito prazer, querida – ela falou. – você é tão bonita quanto nas fotos.
Eu notei uma certa repetição dessa frase nos últimos dias. Não que eu achasse ruim, é claro que não! Mas em Nova Iorque eu não ouço isso... Acho que o fato de eu estar me arrumando mais e ter dispensado os moletons essa semana ajudou também. – Obrigada – falei. – Bem, fique a vontade – Bonnie disse a mim – Louis vai levá-la até a platéia, escolha um lugar na primeira fileira, ok?! Eu assenti. – Louis – Bonnie chamou. Um rapaz de uns 25 anos, cabelos loiro branco e até os ombros, usando um fone de ouvido/microfone veio até nós. – Leve a Charlotte até a platéia, ok?! – Bonnie falou. – Ok, senhora – Louis falou. Bonnie me encarou e disse: – Foi um prazer conhecê-la. – Igualmente – eu falei. Bonnie sorriu para Logan e depois foi em direção a um corredor, com a placa camarins logo acima. – Siga-me, por favor – disse Louis. – Sim, só um segundo – falei. Louis se afastou um pouco. Eu me virei para Logan e lhe dei um beijo rápido. – Boa sorte – murmurei. Ele sorriu com o canto dos lábios e eu fui atrás do tal Louis. Sentei-me na poltrona de couro preta na primeira fileira da platéia, eu analisava os mínimos detalhes de tudo. A minha frente estavam os câmeras e o “palco”. Percebi meia dúzia de adolescentes sentadas um pouco mais ao fundo, do outro lado da platéia. A mais nova devia ter uns quatorze anos e a mais velha a minha idade, todas elas usavam uma camiseta preta com algo escrito, mas não consegui ver o quer era. Deduzi que fossem de algum fãclube. Bonnie entrou no palco e sentou-se na cadeira atrás de sua mesa, um assistente de palco ficou de frente para a platéia, fez contagem regressiva e a placa de “No Ar” foi acesa.
– Boa Noite, Los Angeles – começou Bonnie – Hoje teremos um convidado muito especial. Ele acaba de lançar um filme ao lado de Orlando Bloom e Milla Jovovich, contracenou com grandes astros do cinema como Jim Carrey, Gerard Butler, Renée Zellweger, Sean Bean, Pierce Brosnan, Ashton Kutcher e muitos outros... Foi o papel principal no filme Percy Jackson e os Olimpianos: Ladrão de Raios, e como conseqüência arrastando uma legião de fãs pelo mundo. Tenho certeza que haverá suspiros apaixonados na sala de vocês, papais... Senhoras e senhores, para o no Bonnie Hunt Show desta noite, eu chamo ele, Logan Lerman. Aplausos e gritos estouraram na platéia, Logan adentrou o palco e começou a acenar para as fãs, ele ergueu as sobrancelhas e sorriu, admirado com a própria popularidade. Ele se sentou na poltrona e a entrevista começou. Estávamos voltando para casa, a entrevista havia sido muito divertida. Acho que nunca vou me acostumar ao jeito sério de Logan em frente às câmeras, quando na verdade ele é a pessoa mais idiota desse mundo (no bom sentido, claro). O Logan realmente ama o que faz e leva tudo muito a sério, isso é uma das coisas que eu mais admiro nele. Os vidros do carro estavam fechados, eu troquei de rádio e encontrei Come Together dos Beatles, Logan começou a cantarolar. – He say I know you, you know me – cantava ele. – One thing I can tell you is you got to be free – terminei. Ele me laçou um olhar de esguelha. – COME TOGETHER, RIGHT NOW – cantamos juntos – OVER ME! Logan batia as mãos no volante no ritmo da música. He bag production He got walrus gumboot He got Ono sideboard He one spinal cracker He got feet down below his knees Logan abriu as janelas depois de virarmos uma esquina. Hold you in his armchair You can feel his disease Come together, right now
Over me. Já estávamos perto de sua casa e eu queria ir ao mercado comprar umas coisas. Então resolvi falar para ele agora antes que chegássemos a sua casa. – Logan – chamei. Ele parou em um farol e virou o rosto para mim, se balançando no ritmo da música. – Eu preciso ir ao mercado – falei – dá pra gente dar uma passadinha lá? Ele balançou a cabeça em concordância. O farol abriu e nós seguimos em frente. – Come together – continuou ele – right now, over me. Depois de irmos ao Mercado fomos direto para casa de Logan. Eu estava com uma vontade enorme de comer Nerds havia muito tempo, logo comprei duas caixinhas e mais um monte de besteiras. Logan estacionou o carro na garagem. Eu saí e abri uma caixinha de Nerds, despejei um monte na mão e comi. Só depois fui perceber que Logan estava me analisando. – O que foi? – perguntei. Senti o azedinho das balas nos cantos da boca e torci o rosto. Logan riu e me puxou pela cintura, me levando para fora. – Eu quero! – ele disse, referindo-se as balas. – Vai ficar querendo – falei – aqui não tem suficiente para mim. Ele riu. Estávamos de frente à porta de entrada agora. – Estende a mão – eu disse para ele. Ele o fez e eu despejei um punhado de Nerds rosa e roxo. – Espera um pouco – falei. Fiz o mesmo na minha mão. – Pronto. Agora! – falei, nós colocamos todas a balas na boca tombando a cabeça para trás. Sentimos o azedo delas fazendo careta. – Deixa eu ver a sua – falei. Logan mostrou a língua para mim.
– Roxo Nerds – falei. – Vai, agora é você – ele disse. Eu mostrei a língua para ele. – Rosa Nerds – ele disse. Nós rimos e entramos. Quando eu morava em L.A., sempre na saída da escola Logan e eu sempre comprávamos essas balas e dividíamos uma caixinha enquanto voltávamos para casa andando. Nossas línguas sempre ficavam da cor das balinhas que comemos mais. Então eu assisti a aquele “De Repente 30” filme em que o casal principal tinha um ritual com um doce muito parecido com o nosso, no dia seguinte, quando Logan e eu estávamos voltando para casa e comendo Nerds eu virei para ele e disse: “Deixa eu ver sua língua”, ele fez uma careta, mas mostrou a língua dele e depois pediu para fazer o mesmo. Desde então, sempre que comemos Nerds juntos temos essa “cerimônia”. No dia seguinte, Logan e eu estávamos enroscados no sofá da sala. Eu encostada no braço do sofá com as pernas jogadas em cima das pernas de Logan, e ele com os braços em cima das minhas pernas. Ontem, quando chegamos, os pais de Logan nos disseram que iam passar quatro dias em um resort de golfe com uns amigos, Lindsay ficaria em casa. Ou não, já que quando os pais de Logan foram viajar hoje de manhã ela nem esperou os pais virarem a esquina para ligar para James vir buscá-la... Resumindo, só estávamos Logan e eu em casa e provavelmente a teríamos só para nós até domingo, que era quando os pais de Logan voltavam e quando eu voltava para Nova Iorque. – Isso está muito chato – Logan falou, revirando os olhos. Estávamos assistindo um documentário sobre religião na civilização asteca. Eu amo história, passei com louvor em história americana no Ensino Médio e ganhei uma bolsa de estudos em História na Universidade do Sul da Califórnia, mas eu já havia passado na NYU, então descartei a idéia. Quando eu terminar minha faculdade e a pós-graduação em Jornalismo Cultural, talvez eu tente bolsa em alguma faculdade de História. – Não está, Lelo – falei – é só você prestar atenção. – Eu não estou entendendo nada – ele disse. – Olha, é muito simples – eu comecei. – Os astecas eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses e eles também acreditavam que se o sangue humano não fosse oferecido ao Sol, as “engrenagens” do mundo parariam de funcionar... Por isso eles faziam tantos sacrifícios. Entendeu?
Ele assentiu. – E como eram esses sacrifícios? – ele perguntou. – Ah! Existiam vários... – falei – por exemplo, eles colocavam um guerreiro em uma mesa de pedra e um dos sacerdotes o abria inteiro e arrancava o coração com uma adaga, para alimentar um deus em particular. – Que horror – ele disse. Eu ri e dei de ombros. – Eu ia te beijar, mas essa história de arrancar o coração e comer me deixou com nojo – ele falou. – Para mim isso é desculpa – eu falei. Eu me curvei e o beijei de leve. – É, você tem razão – ele disse e voltou a me beijar. Logan começou a subir e descer a mão pelas minhas pernas enquanto eu colocava a mão dentro de sua camiseta, quando eu finalmente estava pensando em tirá-la a campainha tocou. Logan parou de me beijar e ficou quieto de olhos semicerrados, então a campainha tocou de novo, seus ombros caíram, ele bufou, se levantou e foi atender a porta. Eu o ouvi abrindo a porta e falando de um jeito animado com outras vozes. Devia ser Dean ou... Ou a Mandy. Eu rolei os olhos esperando Mandy passar pela porta da sala, mas ao invés disso ouvi Logan gritando: – Charlie, vem ver quem está aqui! – ele disse. Eu me levantei rápido e fui correndo até o hall de entrada e me deparei com duas criaturinhas vestidas como turistas, com uma câmera pendurada no pescoço de cada um e um mapa na mão. Mark e Brooke. Eu soltei um gritinho excitado e os abracei, os dois de uma vez. – Surpresa! – disse Brooke, sendo enforcada pelo meu abraço.
A Day of Friends Estávamos sentados em volta da mesa da cozinha. Logan, Mark, Brooke e eu. Aparentemente os campeonatos de futebol americano e basquete, mostraram-se mais entediantes do que o normal, o que fez meus amigos migrarem para o outro lado do país. “Nós pensamos: A Charlie está lá, então vamos também” disse-nos Brooke. Eles haviam chegado à noite passada estavam hospedados em um hotel próximo ao shopping que Logan e eu fomos na sexta-feira passada. – Teríamos chegado antes se o vôo não tivesse atrasado no Colorado – falou Brooke. – Ah! Pelo menos tivemos boas companhias – falou Mark. – AI! Meu Deus, Mark – falou Brooke, nervosa, jogando a cabeça para trás – aquele cara não era bonito... – É claro que era, Brooke – falou Mark - Ele parecia um cowboy. – Você só diz isso porque ele sorriu para você – Brooke falou. – E você só diz isso porque ele não sorriu pra você – falou Mark. – Ah que menti... – Do que vocês estão falando? – perguntei, confusa. – Do cara bonitão que conhecemos no aeroporto – Mark falou. – Pela última vez, ele não era bonitão – falou Brooke, impaciente. – Era sim... – Gente, gente – chamei, ele olharam para mim - Mas, como vocês acharam o endereço do Logan? – perguntei, depois dei um gole na minha coca-cola. – Vimos no seu notebook... – Mark respondeu com simplicidade e deu um gole em sua Coca – QUEEE? – gritei – como assim? Meu notebook está no loft... – Então, foi lá que nós vimos... – disse Mark, como se fosse óbvio. – Mas eu tranquei a porta, não tranquei?! – pergunto preocupada.
– Ai, Charlie, - começou Brooke – lembra que você deixou uma chave reserva no meu apartamento, porque você é desligada demais para ter uma chave só... – Ah! É... – falei e mordi o lábio. – Não se preocupe, a gente só deu duas festas lá – falou Brooke – espero que você não se importe de limpar. Eu os encarei, unindo as sobrancelhas. – É brincadeira, Charlie – Mark falou, olhando para mim como se dissesse “Affe! Nem sabe brincar”. – Bem, de qualquer forma – Brooke se levantou – viemos aqui para te buscar. Você vai ser a nossa guia turística hoje. Ela sorriu. – Ah! Com certeza... – falei – eu não tenho nada para fazer... Olhei para Logan. – Temos alguma coisa pra fazer hoje? – perguntei. – Você não - falou ele. – E você tem? – perguntei. – Preciso ir resolver umas coisas no estúdio de “As vantagens de ser um Wallflower” - ele disse. Eu fiz bico. – Ah! Que coisa – reclamei. – Não acredito nisso – falo Mark. Ele apoiou o cotovelo na mesa e começou a fazer círculos no nervo lateral da cabeça e fechou os olhos, como quem está estressado, ou impaciente – e eu aqui achando que iríamos sair com uma celebridade! Nós rimos. – Não fique mal, Mark – falou Brooke, colocando a mão nas costas de Mark – ainda temos até domingo para raptá-lo. – Me raptar? – perguntou Logan, rindo. – Isso mesmo – Brooke falou – Aí sim você vai saber como é sair com Nova Iorquinos.
Brooke de uma piscadela para Logan. Um celular começou a tocar. – Ah! Me desculpem – falou Logan. Ele pegou o celular no bolso do Jens e atendeu. – Alô? Ah! Oi Mandy – ele falou, então ele tapou o bocal do telefone com a mão – com licença. – Toda – disseram Mark e Brooke em uníssono. Logan saiu da cozinha e quando percebi sua voz longe o bastante, suspirei nervosa. – Charlie – chamou Brooke – Mandy não era aquela garota que ficava dando em cima do Logan quando você morava aqui? – É sim! – falei. Mark manifestou-se, colocando a mão na boca e arregalando os olhos. Ele ficava muito engraçado fazendo isso. Eu ri. – Mas espera aí, menina – falou Brooke – conta isso direito. – Ela está passando uns dias aqui na California com uma outra amiga do Logan – eu falei – Ela veio aqui na segunda-feira. – MEU DEUS! QUE VADIA – Mark exclamou alto. Eu arregalei os olhos para ele e fiz sinal de silêncio. Começamos a rir logo depois. – E por que ela fica ligando para o Logan? – Brooke perguntou num sussurro. – Porque ela é louca obcecada – falei, ele riram – e tem mais... Lembram daquela foto suspeita do Logan? Eles assentiram. – Era ela, a menina da foto – falei. Eles abriram a boca. – Eu sabia que ela era familiar – falei – só não me lembrei no momento. – E você perguntou para o Logan? – perguntou Mark. – Foi ele quem disse – falei.
Os dois estavam com o olhar desfocado e assentiram levemente com a cabeça. – Chega de falar da vida alheia – falei. – O que nós vamos fazer hoje? – Você é a guia, você quem sabe – Brooke falou. – Olha, está tendo uma ferinha indie no centro de Beverly Hills – falei – a gente podia ir lá, aproveito e já mostro uns pontos turísticos para vocês. – Ah! Legal – falou Mark – então vai tomar um banho, se arruma que vamos te esperar aqui. Logan entrou na cozinha neste momento. – E então? – perguntou, passando a mão nos cabelos. Eu me levantei e fui a sua direção. – Então que eu vou tomar um banho e você... – lhe dei um selinho rápido que o pegou de surpresa – vai cuidar dos meus amigos! Ele sorriu. – Tá, né! – falou. – Eu já volto. – falei, indo em direção as escadas. Tomei um banho frio, mesmo não estando mais calor suficiente para isso. Eu amo a sensação de banhos gelados, eles me lembram Logan, de certa forma. Lavei os cabelos desliguei o chuveiro e abri o boxe de vidro, estiquei o braço e peguei minha toalha, enxuguei-me e enrolei-me nela. Saí do banheiro e vesti uma roupa simples. Decidi calçar meu par de TOMS, um sapatinho de pano que eu acho muito meigo além de ser extremamente confortável e como provavelmente andaríamos o dia todo, eles me pareciam perfeitos para a ocasião, eles são bem caros, mas a marca de roupas da minha mãe participou do desfile da TOMS no último inverno e ela conseguiu um par para mim e me trouxe da Inglaterra. Apanhei minha bolsa e desci as escadas. Logan Mark e Brooke estavam na sala conversando e rindo como loucos. – Vamos, pessoas? – falei, me apoiando no sofá. – Opa! – Mark falou, levantando-se. Brooke e Logan levantaram-se também. Mark e Brooke despediram-se de Logan e saíram da casa e esperaram-se lá fora. – Até mais tarde, Lelo – falei, indo me juntar a meus amigos.
– Ei, ei, ei – chamou Logan, me puxando pelo braço. – Você não quer ir com o carro? Ele colocou uma mecha do meu cabelo molhado atrás da orelha. Eu sorri. – Não precisa, não – falei. – Tem certeza? – perguntou, aproximando mais seu rosto do meu. – Uhum – eu fiz e ele me beijou. Logo, passei o braço pelo seu pescoço, Logan passou os braços pela minha cintura e eu ergui um pouco os pés. Me afastei quando o ar se fez necessário, passei a língua nos lábios.
Logan empurrou algo para a minha mão, eu olhei, era uma chave solta. – Caso você volte antes que eu – ele falou. Eu assenti. – Até mais tarde – sussurrei. – Até – ele disse, então eu me desvencilhei dos seus braços. Fui em direção a porta. – Me ligue se quiser que eu vá buscar vocês – ele disse. – Ok! – falei. – Divirta-se – ele gritou. – Eu vou – gritei em resposta e saí. Brooke e Mark estavam na extremidade da calçada, os dois calados, com a mão sobre os olhos e olhando para o mesmo ponto no céu. Eu fui para o lado deles. – Vamos, gente? – falei. Eles continuaram imóveis, olhando para o céu. – O que...? O que vocês...? – eu comecei a perguntar, então os imitei, procurando no céu o que tanto os intrigava.
Mark soltou uma gargalhada. E logo Brooke começou a rir também. Eu parei de olhar para o céu e os encarei entediada. – Eu disse que ela ia cair Broo – falou Mark. – Vocês são tão idiotas – falei começando a andar. – Olha quem fala – falou Brooke – se a gente fizer essa brincadeira com você novecentas e noventa e nove vezes, você cai as novecentas e noventa e nove vezes. – AHAHAHAHAHAH – Mark riu. – Pior que é verdade. Eu rolei os olhos e atravessei a rua. – O ponto de ônibus, espertinhos – falei – é para lá. Eles me seguiram ainda dando risada. Pegamos um ônibus panorâmico turístico e saímos em direção ao centro de Beverly Hills. – You can’t always get what you want – Brooke e Mark cantavam, dividindo os fones de ouvido – But if you try sometimes, just might find, just miiiiight fiiiiiiiiiiiind… You can’t get you need!!! Eu ri da falta de afinação deles e comecei a bater palmas. – Obrigada, obrigada – falou Brooke fazendo uma reverência sentada. Eu estava sentada de lado em um banco único na frente deles. – Vocês precisam fazer um teste para o próximo musical da Broadway – falei. – Ah não temos tempo para isso – falou, incorporando um artista. – nossa agenda já está cheia. Eu ri. Em alguns minutos chegamos ao centro e descemos do ônibus. – Uma foto, uma foto, uma foto! – falou Mark um pouco distante. Ele bateu a foto e logo depois começou a andar. – Não, Mark – gritei – a feira é para lá. Ele virou e correu até nós.
Nós andamos por alguns minutos antes de chegar a feira. Havia bastante gente lá, famílias inteiras, jovens, adultos de todas as idades, caminhado entre as barracas. Havia quilômetros e quilômetros delas, todas muito coloridas e cheias de bugigangas desnecessárias que faziam nossos olhos brilharem de excitação. Havia barracas de roupas, de camisetas personalizadas, de comida, de objetos orientais, de discos dos anos 80 e essas foram as que eu consegui identificar. – Oh! Meu Deus, olha, olha – Brooke falou, agarrando meu braço e apontando para uma barraca de bijuterias. Essas coisas eram tão raras em Los Angeles, quero dizer, feiras de coisas assim, já que geralmente as pessoas daqui eram exageradamente glamorosas e superficiais. Mark tirava fotos de tudo e Brooke dava gritinhos excitados por tudo que via. – Onde vamos primeiro? – perguntou Mark. – Naquela barraca de bolsas... – falou Brooke em tom sonhador, estendendo as mãos como se pudesse alcançar a barraca. – Não, vamos comprar sorvete – falei. A barraca dos melhores sorvetes de Los Angeles estava instalada propositalmente bem no início da feira. Nos fomos até lá, compramos três casquinhas de chocolate de baunilha e voltamos para a feira. Era realmente muito bom andar... Sentir a brisa quente no rosto, as pernas “trabalhando”, poder analisar tudo com calma sem ter pressa para nada. Eu realmente amo, faz eu me sentir viva, sabe, não estar atrás de um computador, ou assistindo a uma aula entediante ou não estar dentro do carro inalando gás carbônico em um engarrafamento diário. – Então o senhor tem certeza que isso funciona? – perguntava Mark, balançando um Filtro dos Sonhos na frente do rosto do vendedor hippie. Estávamos em uma barraca com objetos hippies e amuletos indígenas. O vendedor tinha cabelos de dread, tinha uma fala calma e usava roupas largas de Tie-dye verde. – Sim, senhor – falou o vendedor. – prende todos os sonhos ruins. É só pendurar na janela do quarto. – Olha, moço – começou Mark – eu já comprei um desse e o homem que me vendeu disse a mesma coisa e não funcionou. O meu pai é dono de uma empresa multinacional e pode processar o senhor. Brooke e eu abafamos o riso e continuamos a olhar os outros amuletos. Brooke e Mark já tinham várias sacolas penduras nos braços e isso porque ainda estávamos no meio da feira.
– Ah! Mas tu tem que receber de alguém, cara – falou homem, de modo preguiçoso – se não, não funciona mesmo. – Ah! É? – perguntou Mark. – Sim... – continuou ele – Era assim que acontecia nos tempos antigos. Os índios faziam os filtros e davam para seus entes queridos. – E como é que funciona? – Brooke manifestou-se na conversa. O vendedor pegou outro filtro dos sonhos. – Os antigos acreditavam que... os sonhos bons sabiam exatamente para onde ir, portanto encontravam facilmente seu caminho, já os sonhos ruins se perdiam e acabavam ficando presos nas teias. Então quando os primeiros raios de Sol atravessavam o filtro, os sonhos ruins desaparecem. – explicou ele. – Uau – fizemos. Mark deu um tapa no braço de Brooke. – Compre para mim! – falou Mark. – O que? – Brooke falou, franzindo as sombrancelhas. – Você vai deixar seu amigo ter pesadelos todas as noites Brooke? Sério mesmo? – disse Mark. Brooke rolou os olhos e tirou vinte dólares do bolso do jeans e entregou para o vendedor. – Isso é exploração – ela disse. O homem entregou uma sacola para Brooke e esta a empurrou para Mark. – Obrigado – agradeceu Mark. Continuamos a andar pela feira por mais algumas horas. Brroke e Mark compraram algodão doce e masia frente eu comprei um copo com morangos miniaturas em uma barraquinha japonesa. Morango é tão bom, cada mordida faz o gosto doce e levemente azedo parecer eterno. Minha boca enche d’água só de pensar. Encontramos um vendedor com um lança bolha gigantes, Brooke afastou todas as criancinhas e começou a brincar com aquilo. – Que horror, Broo – falei - você não teve infância não?
Ela apenas riu e continuou a tentar fazer uma bolha gigante. Andamos mais alguns metros, agora o sol da tarde estava ardido e eu estava arrependida de ter vindo de calça. Paramos em uma barraquinha de bijuterias naturais, eu me aproximei o balcão, eram anéis de pedra lindos... Não, não... Eram maravilhosos, de pedras naturais e enormes. Eram diferentes de toadas as bijuterias que eu já havia visto. – Esses anéis não são daqui, certo? – perguntei a moça que ficava atrás do balcão. – Não, eles são feito na América do Sul – a moça respondeu. – AH! MEU DEUS OLHA ESSES BRINCOS! – gritou Brooke, segurando um par de brincos de uma pedra azul. – O que você acha? – ela perguntou, virando-se para mim. – Combina com seus olhos – falei, sorrindo. Ela continuou escolhendo mais alguns anéis. Eu me forcei a comprar pelo menos dois daqueles anéis, sei que se não comprasse eu me arrependeria até o dia da minha morte. Continuamos a andar pela feira, comprei duas camisetas do Foo Fighters, uma para mim e outra para Logan. Mark comprou um disco de vinil do Elvis e Brooke uma camiseta dos Rolling Stones. Logo, já eram cinco da tarde e nós havíamos chegado ao fim da feira, Mark e Brooke estavam com os braços abarrotados de sacolas, tanto que me forçaram segurar algumas também. A feira acabava em um park, que estava cheio de casais deitados na grama, crianças correndo ou pessoas simplesmente sentadas. – A última vez que joguei paintball eu tinha quatorze anos e estava no ápice da minha homossexualidade – comentou Mark, nós havíamos passado por um cartaz gigante de Paintball há alguns minutos. – Imaginem eu, jogando paintball com os meus primos que mais parecem gorilas... Nós rimos, e sentamos na grama. Ficamos conversando sobre diversas coisas, sobre o que havia acontecido, contei a eles – em detalhes – como fora a premiere e a festa, eu quase desistira várias vezes, porque, como sempre, os dois me interrompiam e começavam a discutir entre si. Eles me contaram sobre a mega festa que o Jake deu no dia de estréia dos jogos e que os dois acabaram dormindo lá mesmo, porque estavam sem carro e o metro já havia fechado. Deitei na grama e fiquei olhando para o céu, sentindo os últimos raios de sol em minha pele, era como se todos os meus músculos relaxassem, eu podia dormir ali, ouvindo as pessoas conversarando, cantando músicas antigas com Mark e Brooke ou simplesmente fechar os olhos e dormir, não sonhar com nada, porque é isso que acontece quando estamos cansados.
Por fim, eu reclamei de fome e fomos até uma lanchonete em uma parte mais movimentada do bairro onde estávamos. Tive que segurar a Brooke, que queria mais uma sessão de compras, mas dessa vez em boutiques caras. Sentamos em uma mesinha do lado de fora da lanchonete, o garçom chegou e fizemos nossos pedidos... Três lanches grandes e gordurosos com três copos enormes de Coca-cola geladinha foram pousados em nossa mesa alguns minutos depois, comemos enquanto conversamos, ou melhor, conversamos enquanto comemos. Eu realmente estava com fome então só assentia ou balançava a cabeça enquanto eles discutiam. Quem me vê esguia desse jeito, não imagina nem em um milhão de anos que eu coma tanto. – E vai rolar festa no fim de semana? – perguntou Mark, amassando o guardanapo de papel. – Acho que não – falei. – Ah! Não acredito... – falou Brooke, como se eu tivesse falado algo ruim – Viemos lá de Nova Iorque, com um monte de gente nos disputando em suas festas, para vir pra cá e não ter nada? É, a Brooke é super modesta e nada convencida. Eu continuei a mastigar o lanche enquanto pensava, os dois me olhavam em expectativa. Assenti com a cabeça. – É – falei, simplesmente. Eles suspiraram. – Bem, já que a festa não vem até nós – começou Mark – Nós vamos até a festa. – Você tem razão – falou Brooke – Estamos em Los Angeles, deve ter um bilhão de baladas. Terminamos de comer, pagamos e fomos caminhando até o ponto de ônibus. O caminho foi longo, pegamos um pouco de trânsito por conta do horário, Brooke e Mark desceram uns três pontos antes do meu, já que era o mais próximo do hotel... Eu me despedi deles e eles disseram que ligariam para “marcar a balada”. Assim que eles desceram, eu coloquei meus fones de ouvido liguei meu iPod e pus músicas do tipo The Kooks e Two Door Cinema Club para tocar.
You, me... and they Quando desci do ônibus a noite já caíra por completo, porém o ar ainda continuava quente. Fui caminhando até a rua de Logan. Uma Van verde claro, estilo aos 70 que vinha em minha direção oposta a minha buzinou, eu espremi os olhos, tentando identificar quem era, só vi uma cabeleira loira. O carro se aproximou e eu reconheci Daniel, o outro amigo de Logan. – Charlie – ele chamou, eu fui até a janela da Van. – Daniel, quanto tempo?! – eu o cumprimentei com um beijo no rosto. – Pois é – ele falou. – E você foi para Nova Iorque e se esqueceu dos amigos do interior... Eu ri. – Por que não te vi esses dias todos? – perguntei. – Ah! Eu não moro mais aqui não – ele falou. – Onde está morando agora? – Meu pai comprou uma casa perto da praia e deixou-meeu ficar com nosso apartamento na cobertura – explicou ele. Eu ergui as sobrancelhas e sorri. – Alias, eu estava na casa do Logan agora – ele falou – disse que você havia saído. Amanhã todos nós vamos sair... Um grupo de Paintball instalou-se em um lugar aqui perto e eu consegui oito convites grátis. Você, Logan, Dean e eu, então eu precisava de mais quatro pessoas e Logan disse que a Layla e a Mandy estão aqui, então eu as convidei – eu passei a língua nos lábios, em sinal de nervosismo – e ele disse que seus amigos de Nova Iorque também estão, então eu os convidei também... – Sério?! – perguntei animada. Ele assentiu. – Ah que demais Dan, você vai adorá-los – falei. Ele sorriu. – Avise a eles para estarem aqui na casa do Logan ás onze da manhã – ele falou. – vamos todos nessa... – ela bateu a mão na lataria da porta da Van – coisa verde! Eu ri.
– Vamos sim, vai ser divertido – falei. – Vai sim – falou ele. – bem, preciso ir agora Charlie, foi bom ver você. – Igualmente. – Vejo vocês amanhã – ele falou. Eu me afastei do carro, acenei e ele se foi. Destranquei a porta e entrei, fechei, tranquei-a novamente e fui até a sala. Logan estava lá, sentado no sofá, com o violão no colo e tentando algumas notas. Eu sorri e joguei a bolsa no sofá. – Oi, senhor violão – falei – quanto tempo, hein?! Logan levantou os olhos para mim e sorriu. Eu fui até ele e sentei-me a seu lado, ele se inclinou e me beijou. – Se divertiu? – perguntou. – Bastante – falei. – e você resolveu suas coisas? Ele assentiu. Ele continuou a fazer algumas notas, eu sorri quando a reconheci. Era o refrão de Walk do Foo Fighters. – Eu trouxe um presente para você – falei. Estiquei o braço e peguei minha bolsa. Tirei a sacola com as camisetas. – Eu comprei uma para mim também – falei. Entreguei a camiseta marron para Logan. Fiquei o observando rasgar o plástico e estender a camiseta em frente o rosto com um sorriso de orelha a orelha.
– Nossa, Charlie, que linda! – ele falou, com os olhos na camiseta, eu sorri – Muito obrigado... Eu adorei. Ele se virou para mim e me beijou. – A minha é igual – falei. – Só que branca. – Nossa, é muito linda – ele disse – você comprou na feirinha? Eu assenti.
– Tinha uma mais linda que a outra lá – falei – eu queria trazer tudo. Logan riu. Então colocou o violão no chão, dobrou a camiseta, colocoua no braço do sofá e se virou para mim. – Eu estou com fome, que tal pedirmos uma pizza? – perguntou ele. Eu relaxei as costas no encosto do sofá. – Ai, Lelo, eu comi um lanche enorme com a Broo e com o Mark – falei – não consigo comer nada agora... Ele torceu a boca enquanto pensava. – Por que você não pede aquelas pequeninhas?! – falei – ai só você come... – Hmm... Está bem – ele disse. Logan se levantou e foi até a cozinha, provavelmente ligar para a Pizzaria. Ouvi Logan colocando o telefone de volta ao gancho depois de alguns minutos. Ele voltou à sala e se jogou no sofá ao meu lado. Eu me ajeitei no canto do sofá, entre o encosto e o braço e bati a mão na perna para Logan se deitar. – Eu encontrei com Daniel aqui na rua – falei. – Sério?! – Ele disse, aconchegando-se em meu colo, comecei a passa a mão em seus cabelos – Ele estava aqui em casa, veio nos chamar para ir ao Paintball amanhã... – É, ele disse – falei. – E nós vamos? – Com certeza... – Você precisa ligar para o Mark e a Brooke e avisá-los – ele continuou – Daniel precisava de mais duas pessoas e achei que eles iriam gostar. Eu sorri. – Ligo sim – falei. – Está bem então - ele disse suspirando e fechando os olhos.
Ficamos alguns minutos em silêncio, ele apenas deitado em meu colo com os olhos fechados e meus dedos passeando em seus grossos fios de cabelo. – Eu tenho uma idéia – Logan falou, de repente, arregalando os olhos, que mais pareciam um par de grandes safiras. – O que? – perguntei. Logan sorriu de lado, coisa que faz sempre que está pensando em aprontar. – O que você está pensando Sr. Wade? – perguntei, semicerrando os olhos. – E se a gente acampasse na sala?! – ele falou. Eu ri. – Como assim? – perguntei. Logan sentou-se. – Tipo... Nós pegamos o colchão no quarto de hospedes e colocamos aqui na sala... – explicou ele, todo empolgado – vai passar “A hora do pesadelo” na Warner daqui à pouco, a gente podia assistir... Eu o encarei com a sobrancelha levantada. Ele uniu as mãos em frente à boca. – Por favor, por favor, por favor, Charlie – implorou ele e depois fez bico. Ah! Meu Deus, desse jeito ele quebra minhas pernas. Eu sorri. – Tudo bem – falei. Ele abriu o maior sorriso e deu um beijo estalado em minha bochecha. – Me ajuda a trazer as coisas? – perguntou ele, já indo em direção ao quarto de hospedes. Eu suspirei, me levantei e o segui. Fizemos uma revolução na sala, tirando a mesa de centro afastando o sofá para caber o colchão, sem falar que Logan tem tendência a infantilizar tudo e, como já disse, quando estou com ele esse meu lado infantil é aflorado... Ou seja, uma guerra de travesseiros foi iniciada. Quando já estávamos empolgados, resfolegando em cima do colchão jogando o maior número de travesseiros (e até o edredom acabou sendo muito útil), rindo igual a duas
crianças, Logan me bateu com um travesseiro que, aparentemente, estava rasgado. Penas voaram para todos os lados e caíam em nossos cabelos, no colchão e no tapete da sala, ficamos encarando um ao outro de boca aberta sem entender o que havia acontecido, então Logan soltou uma gargalhada e eu comecei a rir também. Ficamos uns dez minutos recolhendo as penas, ou pelo menos a maioria delas. Quando terminamos, eu liguei para Mark e Brooke para avisar sobre o passeio e a hora que eles deviam estar aqui, deixei-os ensandecidos, gritando um com o outro, exclamando várias coisas e bati o telefone no gancho, depois subi e tomei um banho rápido. Quando desci novamente, Logan estava recebendo a pizza. Fui até a sala, estendi um lençol, que havia pego no quarto de Logan, no colchão, joguei os travesseiros em cima dele e me sentei. Logan voltou para a sala e me entregou uma garrafa de coca-cola e dois copos, depois foi até a cozinha, pegou a pequena caixa da pizza recém chegada e se sentou ao me lado. – Tem certeza que não quer? – ele perguntou. Abrindo a caixa da pizza. Eu fiz que sim. Ele deu de ombros e mordeu um pedaço de sua pizza. E assim a noite se foi, Logan e eu assistimos a ‘Hora do Pesadelo’, quero dizer, eu assisti a ‘Hora do Pesadelo’, já que no meio do filme Logan deitou a cabeça em meu peito, se aninhando e então caiu no sono no segundo seguinte. Na manhã seguinte eu, acidentalmente, acordei extremamente cedo e não consegui voltar a dormir. Fiquei rolando no colchão de um lado para o outro, provavelmente por conta do calor – estamos em outubro e esse calor não vai embora, nunca vi isso – empurrei o cobertor para longe, agarrei a um travesseiro, que estava jogado no tapete ao lado do colchão e o abracei jogando a perna em cima dele. Estava gelado, porque não fora usado, e isso me aquietou um pouco. Então eu senti Logan se remexendo atrás de mim, provavelmente eu o acordara com tanto rebuliço. Ele se espreguiçou. – Charlie? – ele chamou baixinho. – Hm? – eu fiz, sem me virar. – Está tudo bem? – ele perguntou. – Sim, Lelo. – respondi – Só estou com calor. – Porque não ligou o ventilador? Eu me virei e olhei para o teto, estava lá o ventilador parado, prontinho para ser usado e eu aqui sofrendo. – Não acredito – murmurei.
Levantei-me, liguei o ventilador no mais forte possível e voltei para o colchão. Logan me abraçou e escondeu o rosto em minhas costas. Ele estava com o corpo tão quente que quase pedi para ele se afastar, mas ei, é o Logan... Eu não mandaria ele se afastar nunca. – Fica quietinha, certo?! – ele falou, eu ri. – Ok, desculpe. – falei. Acordei novamente, algumas horas depois. Eu estava suada, o corpo colando, minha boca estava seca e eu não senti o braço de Logan envolta de mim. Sem abrir os olhos, deitei de barriga para cima e estiquei o braço, esperando encontrar seu corpo quente, mas não encontrei. Abri os olhos, ele não estava ali, sentei-me na cama e olhei ao redor da sala, nada de Logan. Ouvi o chuveiro ligado no andar de cima. Cocei os olhos, me levantei e fui até lá. Ainda meio sonolenta, e quase não conseguindo sustentar meu próprio peso em pé, empurrei a porta do quarto de Logan e adentrei o lugar. Alguém estava tomando banho, Logan logicamente, com a porta do banheiro aberta, o vapor da água quente e o cheiro do shampoo de Logan preenchiam todo o local. Fui até a porta do banheiro e encostei-me em seu batente. Por mais que o Box estivesse fechado e que o vapor tornasse a minha visão embaçada, conseguia ver Logan passando a mão nos cabelos e balançando a cabeça, e água escorrendo pelo seu pescoço, pela linha de suas costas e pelos músculos de seus braços. Ele abriu os olhos, virou o rosto e me encontrou sorrindo como uma boba, ele sorriu de volta, desligou o chuveiro e abriu o Box. – Pega a toalha, por favor – pediu ele. Eu subi o degrauzinho, meus pés descalços tocaram o chão frio do banheiro. Peguei a toalha de Logan no pendurador atrás da porta, dei alguns passos até ele, ele me encarando profundamente. Não sei se já comentei, mas Logan tem heterocromia. Suas íris, tão azuis e brilhantes, possuem manchas verdes e algumas meio amareladas em volta da pupila. É lindo, tão intenso como o infinito do universo, ou do mar, é muito fácil perder-se em seus olhos. Empurrei a toalha para ele, que a passou em volta da cintura e voltou a me olhar. Então ele se inclinou e tocou meus lábios, e como em um sopro de ar fresco, seu hálito de creme dental de mente me invadiu. Ás vezes eu me esqueço como isso é bom, como seu beijo urgente e um tanto quanto delicado me faz bem, como minhas pernas tremem e minha pele se arrepia ao mais singelo toque de suas mãos quentes. Ele se afastou e eu encostei minha testa em seu ombro. – Bom dia – ele disse. Eu sorri e o encarei. – Bom dia – falei.
– Não consegue ficar um segundo longe de mim? – Logan perguntou. – Acho que não. – falei. – Preciso tomar um banho... Logan semicerrou os olhos e passou a língua nos lábios. – Sem você – falei. – Ah, cara, Charlie – ele falou tombando a cabeça para trás. – “Ah, cara” nada, Wade – falei, começando a empurrá-lo para fora do banheiro. – Pode sair. – Charlie... Eu o empurrei para fora e antes de bater a porta falei: – E trás minha toalha! Depois de tomar um banho gelado, vesti uma roupa simples e leve e desci. Logan já estava na cozinha, arrumando o nosso café na mesa, eu me aproximei e perguntei: – Quer ajuda? – Não precisa, não – ele disse, virou o rosto mim e beijou minha bochecha. Olhei o relógio de parede, eram 10h28. A campainha soou alto. – Deve ser a Brooke e o Mark – falei. – Atende lá. Apoiei-me na porta e olhei através do olho mágico, eram eles mesmo. Abri a porta. – Bom dia! – falei. – Preciso de água gelada – falou Brooke, atravessando a porta sem olhar para os lados. – Bo... – Mark bocejou – dia. Ele entrou. – Vocês saíram depois que chegamos, não foi?! – falei, seguindo Mark até a cozinha.
Brooke já estava esparramada em uma cadeira, com o rosto apoiado a mão e o cotovelo apoiado na mesa. – Charlie, a vida é muito curta para esperarmos você resolver sair – ela falou, com a voz sonolenta – Logan, pega água para mim. – falou, em tom imperativo. Logan, que estava concentrado a arrumação do nosso café, levantou os olhos confusos para Brooke, depois olhou para mim como se dissesse “o que aconteceu?”. Eu dei de ombros. – Hmm... Tá bom – falou Logan, lentamente, como sempre faz quando está confuso. Eu sorri. Mark sentou-se a mesa, eu o imitei. Logan entregou o copo de água para Brooke. – Obrigada – agradeceu ela, pousou o copo na mesa e começou a revirar a própria bolsa. Brooke retirou uma cartela de aspirinas, depois colocou um comprimido a boca e tomou um gole de sua água. Logan sentou-se ao meu lado, ainda observando Brooke. – Você está bem? – Logan perguntou à Brooke. – Sim, eu estou – respondeu ela. – É só dor de cabeça, daqui á pouco passa. Brooke sorriu. – Onde vocês foram ontem? – perguntei, servido suco de laranja para todos. – Em uma balada o centro – disse Mark. – Chama-se ‘Sétimo Céu’... Você conhece? Eu balancei a cabeça em negativa e dei um gole do meu suco. – É uma que tem uma fachada bem vermelha, com um monte de... diabinhos?! – Logan falou. Eu ri. – É essa mesmo – disse Brooke. – Que apropriado, - falei – ‘Sétimo Céu’ com decoração de inferno... Eles riram.
Depois que terminamos o café, fomos para frente da casa de Logan esperar por Daniel. Estávamos discutindo sobre o tempo e como já era hora do calor ir embora – pela minha parte e de Logan. Ao cotrário de os, Mark e Brooke adoravam. Daniel chegou alguns minutos depois. Dean já estava com ele, sentado no banco do passageiro. Logan e eu os cumprimentamos e apresentei-lhe Mark e Brooke. A va era daquelas usadas por times, portanto tinha três fileiras de bancos – cotando com os da frente. Entramos na van e sentamos Brooke, Mark e eu no banco traseiro logo atrás do motorista. Mandy e Layla não estavam lá, provavelmente iríamos buscá-las. – Logan, troca de lugar com o Dean – disse Daniel, quando Logan estava prestes a entrar na van. – Por quê? – perguntaram Logan e Dean em uníssono. – Porque ele fica me enchendo o saco, e eu não vou me responsabilizar se ele me atrapalhar e eu bater a van – explicou Daniel. Eu ri. – Tudo bem – falou Dean, pulando para o banco de trás. – AH, CARA, OLHA O ESTOFAMENTO – reclamou Daniel – não sei por que ainda te convido. – Vai ter que pular mais um, Dean – falei – já está cheio aqui. Ele bufou e pulou para o último banco. Logan sentou-se, eu puxei a porta da van e fechei-a. Daniel ligou o carro. – Todos prontos? – perguntou,os assentimos – Então vamos buscar as meninas...
Tinta e volta para casa – Ah! Pelo amor de Deus, Lelo, tira isso – falei empurrando o banco de Logan. Eram 4h23min da tarde, estávamos enfiados na van barulhenta de Daniel e voltando para o centro de Beverly Hills. Eu estava destruída, com cada centímetro de minha pele gritando de dor, mesmo utilizando o macacão pesado e a “armadura” por cima do mesmo no paint Ball, os tiros de tinta pereciam ter atravessado a minha pele, Logan havia recebido dois tiros no rosto e já estava começando a inchar. Minha aparência também não era das melhores, eu estava descalça – tirara a sandália durante o Paint Ball – e provavelmente descabelada, cheia de grama na roupa e tinta nas mãos, braços e um pouco no cabelo também. Fora muito divertido, eu nunca ri tanto na minha vida, estava até com dor nas costelas, acho que passamos mais tempo rindo e atirando o nada do que jogando o Paint Ball propriamente dito. Dean, Daniel, Mark e Brooke pareciam amigos de longa data, conversavam gritando e berrando coisas obscenas um para o outro. Mandy não havia perdido a oportunidade de dar cima de Logan na cara dura, fazendo da minha presença algo irrelevante, mas eu fora paciente e nada possessiva, estava até orgulhosa do meu desempenho, para falar a verdade ficaria orgulhosa por não pular no pescoço dela e arrancar os todos os fios de cabelo que ela tem na cabeça, então qualquer coisa menor que isso é uma benção. Não que eu tenha dado uma de namorada paranóica e tenha ficado agarrada com Logan só para mostrar quem é que manda, não, pelo amor de Deus, eu nunca faria isso. De qualquer forma aqui estamos nós pegando estrada de volta, enquanto Logan procura uma rádio decente, ou pelo menos finge procurar, já que ele para nas piores músicas e começa a cantar, gritando e desafinando. – Nossa, está difícil aí, meu amigo? – falou Dean. – Cala a boca, me colocara aqui e agora vocês vão escutar o que eu quiser escutar – falou Logan, mexendo nos botões do som. Depois de alguns minutos disso, Daniel se irritou. – Cara, chega – falou ele – Pára de mexer aí. – Não, cara eu só estou... – começou Logan. – Não. Tira a mão daí – Daniel interrompeu e então deu um tapa na mão de Logan, que ainda estava no aparelho de som. – Cara... – Estou falando sério, Lerman – falou Daniel. Logan levantou as mãos em redição.
–Ok, ok... – murmurou ele. – Isso mesmo, fica bem aí, certo?! – falou Daniel, virando uma esquina. Daniel mudou de estação no rádio e o pessoal gritou em comemoração, eu ria enquanto Dean dizia coisas do tipo “Amém, senhor” ou “achei que meus ouvidos iam cair”, Mark correspondia com “nossa, nem me fale” e Logan soltava muxoxos impacientes no banco da frente. Quando estávamos quase em Beverly Hills novamente, paramos em uma Creperia francesa à beira da estrada. Nós estacionamos em frente a loja e descemos da van, depois em fila adentramos o local, o sininho da porta avisando a nossa chegada. Havia dois pares de casal lá – que nos encararam com estranheza, devido a tinta em nossa pele e roupa -, além da moça atrás do balcão. O cheiro da massa crepe era arrebatador, nos sentamos em uma mesa para oito perto da janela, a garçonete veio e fizemos nossos pedidos, eu e Logan pedimos um crepe triplo de queijo cheddar com presunto e orégano para dividirmos. Depois fomos nos lavar no banheiro, porque, caso contrário, comeríamos Crepe á La tinta. Quando voltei, me sentei ao lado de Logan, seu cabelo estava chamuscado de tinta verde e azul, no canto esquerdo de sua testa e mais abaixo, no maxilar, onde ele levara os tiros, mais tinta. Eu tirei seu cabelo da testa para ver o estrago, estava em carne viva, ele precisaria de um curativo ali. O maxilar só estava inchado, um pouco de pomada resolveria. – Está doendo? – perguntei á ele, ainda analisando o machucado da testa. – Só está ardendo um pouco – ele respondeu. – É a tinta. – falei - Quando chegarmos em casa eu lavo e faço um curativo. Eu sorri e lhe dei um selinho. – Por falar em chegar em casa – começou Daniel, me virei para ele – hoje tem festa na minha casa e vocês vão. Inclusive vocês dois – Ele apontou para Mark e Brooke que estavam sentados do meu outro lado. – Hoje? – Logan perguntou. – Isso aí – ele disse - vai uma galerinha da faculdade, uns amigos nossos e vocês. – Você nunca está cansado? – perguntou Logan. Daniel deu de ombros e fez que não.
– O Daniel é dos nossos – falou Brooke. – Eu acredito – falei. – Que horas é lá, Dan. – Umas 8h30, 9h – ele respondeu. – Beleza, então – falou Logan, apoiando os braços na mesa de madeira. Mandy e Layla voltaram do banheiro neste momento e sentaram-se de frente para mim, ao lado de Daniel. – Vocês também vão. – falou Daniel. – Para onde? – perguntou Layla, balançado os cabelos, que pareciam ruivos a luz do sol. – Na festa que eu vou dar hoje. – explicou Daniel – Vocês se lembram do condomínio onde eu moro? – Claro – as duas disseram, em uníssono. – Então, vai ser lá – falou Daniel. – Eu posso dar uma carona para vocês, se quiserem. – falou Dean. – Eu aceito – falou Mandy. – usar táxi de madrugada é horrível. Nossos crepes chegaram, nós comemos, conversamos, bagunçamos, pagamos e fomos embora. Logan fizera Brooke trocar de lugar com ele e agora ele estava desmaiado no meu ombro, enquanto Brooke, Daniel e Mark – que estava apoiado no banco de Brooke – conversavam animadamente. Demoramos cerca de uma hora para chegar a Beverly Hills, e uns dez minutos para chegar à casa de Logan. Quando chegamos, pegamos o carro da mãe de Logan e levamos Mark e Brooke até o hotel onde estavam hospedados. Quando finalmente chegamos a casa de Logan, ele estava acabado, sinceramente, não sei como ele estava se mantendo em pé, já que andava de olhos fechados. Eu o coloquei sentado no sofá da sala e fui buscar curativos no banheiro. Voltei a sala e Logan já estava deitado em posição fetal, no sofá. Eu ri e o chamei. – Lelo! Ele não respondeu. – Lelo, deixe eu fazer o curativo do seu rosto e então você dorme – falei.
Ele se remexeu no sofá e então se sentou. Eu fui até ele e fiquei em pé, entre suas pernas. Afastei seu cabelo da testa e comecei a limpar o machucado. De vez em quanto ele soltava uns ganidos de dor e dizia “ai, Charlie, tá ardendo!” em tom de repreensão, depois que limpei fiz o curativo e repeti o procedimento no machucado de seu maxilar. Eu estava passando Nebacetin em seu maxilar, enquanto Logan me analisa daquele jeito profundo e inteso que faz eu morder o lábio, meu estomago dar voltas e minhas bochechas corarem. – O que foi? – perguntei, quase sussurrando. – Acho que eu nunca vou me acostumar com seus olhos. – ele disse. Eu suspirei. – Idem. Ele sorriu, me puxou para mais perto e seus lábios tocaram os meus delicadamente. – Não podemos ficar aqui hoje? – Logan perguntou, num sussurro. – Não – eu respondi, voltando a beijá-lo. –Por quê? – Por que eu vou embora depois de amanhã e não fomos a nenhuma festa... – E a premiere? – Isso foi semana passada – falei, mordiscando seu lábio inferior. Logan me puxou para perto, como se toda proximidade possível não fosse suficiente, sentei-me em seu colo enquanto ele beijava com volúpia, fazendo meu coração ribombar no peito e um calor súbito me atingir. Seus fios de cabelo escorregando entre meus dedos, sua respiração quente em meus lábios, suas mãos ágeis e delicadas deslizando por dentro da minha regata. Só ele conseguia isso, só ele fazia minhas mãos suar, só ele faz minha pele se arrepiar como quando escutamos uma música muito boa e parece que a Terra toda treme, quando seus lábios tocam os meus é como se borboletas batessem suas asas em minha boca e a sensação continua mesmo quando ele se afasta. – Como você faz isso? – perguntei, num sussurro. –Isso o quê? Eu o encarei e levei meus dedos para seu rosto, percorrendo as linhas dele.
– Me deixar sem chão desse jeito... – falei, meus dedos tocaram seus lábios e ele fechou os olhos – isso não é certo, sabia?! Logan riu pelo nariz. Então eu tive uma idéia e me levantei de seu colo. Logan abriu os olhos instantaneamente, eu estiquei a mão direita para ele e disse: – Vem. – Para onde? – Fazer o que você vem me pedindo desde que chegamos em L.A. Ele me encarou confuso por um segundo e então um sorriso radiante brotou em seus lábios, Logan se levantou e recusou minha mão esticada, me pegando no colo. – Demorou demais – ele disse sorrindo, indo em direção ao banheiro. Meus banhos com o Logan são os melhores, fizemos isso poucas vezes, mas foram vezes suficientes para eu querer todos os dias. Ele lava meus cabelos e depois eu esfrego suas costas, passamos grande parte do tempo fazendo moicanos no cabelo cheio de shampoo ou jogando água na cara do outro, quando eu abro o box e estico o braço para pegar a toalha, ele me puxa de volta e ficamos mais meia hora embaixo do chuveiro com a minha testa encostada em seu ombro. Por um lado é bom que não façamos isso sempre, porque a conta de luz e de água não seriam as melhores, caso contrário. Depois que terminamos, escovamos os dentes e subimos para o quarto do Logan. Eu refiz seu curativo, passei Nebacetin em seu maxilar e, ainda enrolados nas toalhas, nos deitamos na cama um de frente para o outro e ficamos conversando sobre coisas aleatórias e brincando de guerra dos dedões por algum tempo, até Logan pegar no sono.
YEAH! WE'RE GOING TO THE PARTY Ás 8h17 da noite, eu subi para o quarto de Logan novamente, havia descido para tomar um copo d’água. Não tinha conseguido dormir, estava elétrica demais (como minha mãe costuma dizer), então ficara perambulando pela casa por um tempo, ou assistindo TV na sala, ou falando com Mark e Brooke no celular. Abri a porta do quarto lentamente, Logan estava como eu havia o deixado, dormindo. Pousei o copo de água no criado mudo e pulei na cama de Logan.
– ACOORDAA! – cantarolei alto, pulando no colchão de joelhos. – LEVANTA, GRACINHA! Eu soltei uma gargalhada, enquanto Logan se remexia no colchão. – Que isso, Charlotte? – ele perguntou, mal-humorado. Logan se virou no colchão e se apoiou nos cotovelos. – Acorda, acorda, acorda! – continuei, me aproximando dele. – Já estou acordado – ele falou, coçando os olhos. – Ótimo! – eu disse, me inclinei sobre ele e o beijei. Mesmo sonolento, Logan correspondeu com rapidez, colocando a mão em minha cintura. Ele foi me puxando para mais perto, me fazendo deitar sobre ele, eu, que ainda estava enrolada na toalha, a senti escorregando alguns centímetros à medida que eu me deitava. Levantei instantaneamente e arrumei a toalha. Logan rolou os olhos. – Por que você sempre faz isso? – ele perguntou. – Isso o que? – me fiz de desentendida e dei um sorriso travesso. Vem, precisamos nos arrumar... – eu falei, puxando Logan pela mão. Arrastei Logan pela mão até o guarda-roupa, abri as portas e escolhi uma roupa para ele. – Charlie... – Logan começou, em meio a um bocejo. – Toma! – eu disse, empurrando a camiseta cinza e azul – que eu sei que ele adora – de mangas “semi compridas” e uma calça de jeans escuro para ele. – Agora vá se trocar.
– Quê? – Logan falou, sonolento. – Vai, vai, vai – falei, empurrando-o para o banheiro. Bati a porta trás dele e fui até minha mala procurar uma muda de roupas. Acabei optando por uma regata soltinha – está escrito “Stay Weird” nela, amo essa camiseta – colocando-a por dentro de um short jeans azul cintura alta. Nos pés, me livrei dos saltos e sandálias que usei a semana inteira e coloquei meus queridos, confortáveis e surrados vans vermelhos, sentei-me na cama para colocá-los. – E aí, está pronta? – perguntou Logan, saído do banheiro alguns minutos depois, completamente vestido. – Como você faz isso? – perguntei, o encarando incrédula. É como se ele nem tivesse dormido, como se fosse um boneco de cera ou algo assim. Logan deu de ombros. – Fazer o quê?! Minha beleza é natural – ele falou, exibido. – Ah, só o que me faltava – falei, rolando os olhos e me levantando da cama. – Só existe uma pessoa mais bonita que eu – Logan falou se aproximando e envolvendo minha cintura com os braços. Eu sorri. – E quem é essa pessoa? – perguntei. – O meu reflexo, é claro – ele falou. Eu revirei os olhos e o empurrei. Logan começou a rir. – O que? Estou falando sério! – ele disse, ainda rindo. – Ã-ham – falei, me virando para o espelho atrás da porta do quarto. – Já acabou o narcisismo momentâneo? Logan riu e se aproximou novamente. – Acabou – ele falou, passando os braços pela minha cintura. – hum – eu fiz. Logan começou a beijar minha bochecha e eu virei o rosto. – Por que você não beija seu reflexo?! – eu disse. Logan soltou uma gargalhada e tirou os braços da minha cintura.
– Ah, Charlie, você não existe – ele falou, saindo do quarto. – vou te esperar na sala, preciso pegar meu tênis. – o ouvi gritar, do lado de fora. Em seguida, fui ao banheiro e comecei a saga: cabelo e maquiagem. Penteei o cabelo, de modo que ele ficasse meio bagunçado e volumoso, depois fiz uma maquiagem pesada, emoldurando os olhos com uma sombra cinza e preta, delineador e máscara de cílios e passando apenas um gloss nos lábios. Ao terminar, me encarei no espelho, gostei do resultado, a maquiagem ficara bem feita. Após sair do banheiro, fui até minha inseparável bolsa de couro marrom, tirei meu iPhone e o coloquei no bolso do short. Desci as escadas em direção ao hall de entrada. Lá, olhei para o relógio na parede, 8h58min. – Vamos, Logan, seu lento – gritei, e soltei um risinho baixo. – O que?! Eu estou esperando por você há muito tempo - ouvi a voz de Logan resmungar, enquanto se aproximava – e depois você desce do nada e... Wow! Logan me analisou de cima a baixo de olhos arregalados. – Onde você pensa que vai desse jeito, Srta. Insolente? – Logan perguntou, semicerrando os olhos. Eu ri. – Ah! Eu não sei – falei, fazendo a voz mais doce-e-inocente que podia. – Onde você acha que uma garota como eu iria? Logan se aproximou como quem não quer nada, com as mãos nos bolsos do jeans e disse: – Ah, podemos ir para o meu quarto, se quiser... Eu arregalei os olhos para ele e comecei a rir. – Seu safado! Não perde uma oportunidade, não é?! – falei. Ele encolheu os ombros como quem diz: “Fazer o quê?!”. – Mas é sério, minha proposta está de pé – ele disse – Isso não acontece todo dia. Ri de escárnio. – Ah! Não, de jeito nenhum. – falei, abrindo a porta. – Vamos, sr. Sexualmente ativo.
– O que? Sexualmente ativo? – Logan falou, pegando as chaves do carro na mesa de canto e me seguindo para o lado de fora. – Eu sou tímido. Soltei mais uma gargalhada enquanto ia em direção a garagem. – Aquela do bar? – eu quis saber. – Não, menina, a da biblioteca! – corrigiu-me Brooke, em voz baixa e de olhos arregalados, como se contasse um segredo de estado. – Ah-Meu-Deus! – eu falei, lentamente. – E tem mais, - começou Mark – dizem que é um bar de quinta. – Ai que horror – eu exclamei – você são maus... Eles riram. Estávamos no carro, Logan, Brooke, Mark e eu, indo para o condomínio de Daniel. Mark e Brooke disputavam, inconscientemente, o lugar entre o meu banco e o de Logan, eu rindo descontroladamente das histórias que eles contavam e Logan perdido porque, provavelmente, não estava entendendo nada da conversa. Primeiro: para lidar com pessoas hiperativas, você tem de ser uma pessoa hiperativa; Segundo; a nossa conversa – minha, de Brooke e Mark – não é nada organizada, digamos assim, em um momento estamos conversando sobre um assunto, então, de repente, falamos sobre outro assunto e depois sobre outras coisas para, no final, voltarmos ao primeiro assunto. Agora vocês entendem o porquê da confusão de Logan. – Continuando, - falou Brooke – foi George que viu e ele disse qu... – O George deu uma festa no sábado passado! – Mark disse, de repente. – Que, inclusive, você não foi! – Brooke falou, em tom de repreensão. – ele é um traidor, Charlie. – O meu horóscopo foi bem claro, Brooke, ele dizia: “esse sábado não está propenso para comemorações e saraus”. – “Saraus” AHAHAHA... – Logan disse e riu. Eu ri. – Mark, você sabe que eu não acredito em horóscopo. Sou uma mulher da ciência. – falou Brooke, empinando o nariz. – Ah, eu não sei... – falei, pensativa. – Só acredito em meu horóscopo quando ele prevê coisas boas.
Mark e Brooke riram. – Nada interesseira você, né?! – falou Mark. Viram, é isso que estou falando, em um momento estamos falando sobre as suspeitas da menina da biblioteca da NYU ser uma stripper durante a noite, e no outro estamos discutindo sobre horóscopo. Qualquer um que não esteja habituado com tanta diligência enlouqueceria. – Espera aí um minuto – Logan nos interrompeu, alteando a voz – e a menina? – Quem? – Brooke perguntou, com um resquício da risada em sua voz. Logan bufou, impaciente. Paramos em um semáforo fechado. – A garota – ele fez aquele movimento amplo com um das mãos, como sempre faz quando quer explicar alguma coisa – a da biblioteca que pode ser uma stripper durante a noi... – Ah, sim! – Brooke o interrompeu – Então o George que a viu no bar e mandou mensagem para todo mundo que ele conhece na faculdade. O farol abriu e nós seguimos. – Ai, mais que coisa hedionda – falei, franzindo o cenho. – Vocês já pensaram que essa garota pode, sei lá, fazer isso por precisar de dinheiro ou para ajudar a família dela... E de qualquer forma, isso são apenas boatos... – Então, menina – Mark falou, dando-me um tapa estalado e ardido em meu braço. – Ai – murmurei, esfregando com a mão o lugar do tapa. – Desculpe... Enfim, essa é grande coisa do negócio todo! – Mark falou, empolgado. – Sarah deu um fora em George, na festa de sábado e estão dizendo que ele inventou essa fofoca toda por vingança. – Eu não duvido nada, eu... – comecei. – Quem é Sarah? – interrompeu-me Logan. – A meninada biblioteca, oras – falei. Ele mordeu, deixando sua mandíbula aparente. Amo quando ele faz isso, acho extremamente charmoso, provavelmente porque destaca as linhas mais masculinas de seu rosto.
– Ah, certo... – ele falou - mais para ele do que para nós – fazendo uma careta. Eu sorri, segurei seu maxilar lhe dei um beijo molhado na bochecha. – Own, que coisa linda – Brooke falou encolhendo os ombros e abrindo um sorriso radiante. – Vocês são o casal mais perfeito desta face da Terra. Eu ri. – Só desta face? – perguntei. – Nunca estive na outra, por isso não posso dizer com certeza – ela explicou. Logan olhou de relance para mim e sorriu. Adentramos o elevador – com chão de mármore e um grande espelho do prédio de Daniel. Aquele lugar era extremamente luxuoso, do tipo que só pessoas muito ricas podiam morar, eu achava meio estranho Daniel conseguir dar uma festa em lugar desses, quero dizer, as pessoas tendem a ser extremamente chatas e irritadas quando moram em apartamentos – sei disso por experiência própria. Mas, acho que, qualquer um que possa pagar o apartamento da cobertura em um prédio desses, pode fazer o síndico controlar a vizinhança enfurecida. Daniel é tão simples e humilde que ás vezes eu me esqueço de como sua família é rica. Provavelmente porque, em parte, tenha passado metade da vida sendo cuidado por aas, então ele acabou adquirindo independência com o tempo. A independência que o permitiu sair do internato no qual estudava, ir morar com a madrinha em Beverly Hills e matricular-se na Beverly Hills School onde, com treze anos, conheceu Logan e Dean, desde então, os três tornaramse inseparáveis. Apoiei as costas no espelho frio do elevador, era um edifício de vinte e oito andares então demoraríamos a chegar à cobertura. Frank Sinatra tocava baixinho no elevador. “ You’re so good to be truth , I can’t take my eyes of you…” Aquilo me lembrou a livraria, onde sempre tínhamos um dos CDs de Sinatra ecoando suavemente nos alto-falantes. Baixei a cabeça e encarei nossos pés, os Vans azuis de Logan ao lado dos meus, os Oxford de bico fino de uma cor indefinida entre o metálico e o azul de Mark e as ankle boots pretas com tachas douradas de Brooke. Sempre que ela coloca esses sapatos me lembro de uma vez em que perguntei a ela o porque de usar saltos tão altos, eles alongam as pernas e deixam os garotos loucos, ela respondera com um sorriso malicioso nos lábios. Eu realmente não entendo a Brooke, ela é linda, inteligente, independente e nada entediante, ela tem um bilhão de caras caídos aos pés dela – do tipo que, se se jogar do último andar do Empire
Estate for condição para sair com ela, ele se jogariam – e ela não “desencana” (usando a língua vulgar) do Freddie. – Em que você está pensando, hein? – Logan perguntou. Eu passei o braço pela cintura dele, segurando o tecido de sua camiseta e ele beijou a lateral da minha cabeça. É incrível, ele sempre sabe quando meu cérebro está a mil por hora. Eu sorri sem encará-lo. – Em algumas coisas – respondi. – Podem discutir a relação, finjam que não estamos aqui – ouvi Mark dizer. Nós rimos, eu o encarei e disse: – Que isso, precisamos manter a fama de casal mais perfeito desta face da Terra.
I'M A DANCER MACHINE, MAN! O apartamento de Daniel tinha dois andares; uma escada larga e elegante ao lado do hall de entrada; uma sala espaçosa que tem uma grande porta de vidro – agora, abertas - para uma área com piscina; lustres enormes de cristais em alguns cômodos; e majestosos móveis de madeira por todo o apartamento. Obviamente tudo estava tomado por copos descartáveis, garrafas vazias, ou simplesmente, sujeira. Dean trocara todas as lâmpadas por luz negra e havia tanta gente lá que era quase impossível andar sem esbarrar alguém. A música eletrônica soava alta e estridente, era como se seu coração pulsasse no ritmo das batidas. A maior concentração de pessoas estava na área da varanda, onde pude enxergar uma mesa cumprida e cheia de bebidas, pessoas dançando e sendo jogadas na piscina, eu ouvia risadas e conversas aos berros. – Nossa! – murmurei em meio a um suspiro. – Logan – Brooke falou, nos viramos para ela – acho que seu amigo é minha alma gêmea. Nós rimos. – E ai galerinha! – ouvi a voz de Daniel, gritando para que pudéssemos ouvi-lo – achei que não fossem chegar... – E ai, cara – Logan falou. – E vocês vieram! – Daniel exclamou, percebendo a presença de Mark e Brooke. – Pois é! – Brooke falou, sorrindo para Daniel. – Bem, fiquem a vontade – Daniel falou – a casa é de vocês. Tem bebida lá fora, - ele apontou para a mesa na varanda – o banheiro é para lá – ele apontou para o corredor as nossas costas. – e o Dean e o pessoal estão na piscina, certo?! Nós assentimos. – Ótimo, vejo vocês por aí – Daniel saiu, dando uma piscadela rápida para Brooke, que sorriu abertamente. Eu semicerrei os olhos e encarei Brooke. – O que foi isso? – perguntei. – Ahn... Nada. – ela disse, franzindo as sobrancelhas. Eu ergui a sobrancelha para ela.
– O que Charlie... – E AI LOGUITO! – Alguém berrou pulando em cima de Logan, de repente. Eu arregalei os olhos, assustada. – Liam, cara... – falou Logan, parecendo surpreso. – Onde você se meteu? O garoto se afastou e eu pude enxergá-lo. Ele tinha cabelos castanhos e a pele branca, era alto, magro e tinha um alargador na orelha esquerda. – Ah, cara, faculdade, claro – ele falou – toma todo o meu tempo... E você? Sumiu nos estúdios e não fala com mais ninguém... Logan deu de ombros. – Fazer o que?! – disse Logan – Liam, essa é a Charlotte, minha namorada... Ela estudou com a gente e foi embora quando você voltou da Argentina. – Ah é, cara, pode crer – Liam falou, balançando a cabeça lentamente, ele estendeu a mão para mim – Ouvi falar muito de você, eu sou o Liam. Eu apertei sua mão. – Charlotte – falei – mas todo mundo me chama de Charlie, então sinta-se a vontade... Ele sorriu. – E estes aqui são os amigos da Charlie: Brooke e Mark – Logan os apresentou. – Oi – falou Brooke, sorrindo. Mark acenou com a mão. Liam sorriu. – E então vocês chegaram agora? – perguntou. Logan anuiu com a cabeça. – Ah, eu também acabei de chegar – Liam falou – eu encontrei com o Dean faz alguns minutos e ela já está muito louco. – O que não é difícil – falei – o Dean já é louco de natureza. Eles riram.
– Pois é – Liam falou. – LIAAAAAAAAAAAAAAAMM – uma voz aguda gritou. – Pessoal, deixa eu ir lá, depois nos falamos – Liam disse. Nos despedimos e ele se foi. – Olha, acho melhor irmos para fora, porque eu já estou dissolvendo – Mark falou. Seguimos para o lado de fora, a música soava mais alta ali, a noite estava clara devido à lua cheia, portanto Daniel fechara as laterais da varanda para escurecer o ambiente, deixando apenas a frente aberta, ele também substituira as lâmpadas por luzes incandescentes e colocara jogo de luzes, um estrobo e refletor e o globo espelhado. O ambiente estava perfeito, o jogo de luzes refletindo na água da piscina, a música alta que parecia fazer tudo tremer e o pessoal dançando... Meus comprimentos a Daniel Pashman. Nos “acomodamos” no extremo da varanda, apoiados na muretinha. Começamos a conversar sobre nada, ou seja, sobre coisas sem importância alguma. Mark e Brooke se balançando de um lado para o outro no ritmo da música desconhecida. Mais ou menos meia hora depois, avistamos Dean no meio da pista de dança, pulando feito um maluco. Mark e Brooke finalmente perderam a vergonha - que eles não têm – e foram para a pista de dança quando Dev começou a passar. “Com licença, minha diva está cantando!” Mark dissera, então puxara Brooke pelo pulso indo em direção a multidão. Eu me virei para Logan. – Vamos dançar? – pedi. – Ah, Charlie, eu não danço isso – ele falou, com uma careta. Eu ri. – Nem eu, mas ninguém precisa saber – falei. Logan riu e rolou os olhos. – Por favor – implorei, fazendo beicinho. Ele me encarou e então suspirou, dando-se por vencido. – Tá, tudo be... Antes de Logan terminar a frase eu já o estava arrastando até a pista. – Charlie, eu não sei dançar isso – Logan me falou, quando estávamos no meio da multidão de jovens enlouquecidos.
Algumas meninas passavam e lançavam sorrisos radiantes para Logan, o que o fez ficar mais tímido quanto a dança. – Tudo bem, vamos lá – falei pegando as mãos dele – não é uma dança propriamente dita, entende... Ele me olhou confuso, pousei suas mãos em minha cintura e comecei a mexer o corpo de um lado para o outro no ritmo da música, Logan me seguiu. – Viu, é só... se balançar, sabe – falei. – Geralmente, é o homem quem guia a dança – Logan falou. – geralmente há quarenta anos atrás – falei, ele riu. Entrelacei meus braços em seu pescoço e continuamos a dançar, eu acelerando ritmo da dança aos poucos e em alguns segundos fazíamos parte da multidão dançante. Dançamos algumas músicas, então Logan saiu para beber alguma coisa, quando ele voltou dançamos mais um pouco, depois Logan voltou para a muretinha, eu encontrei Mark em meio a turba de pessoas eufóricas esbanjando serotonina e continuei a dançar com ele, Brooke não estava ali, segundo Mark “ela disse que já voltava, mas eu sei que está seduzindo alguém”. Cuspi toda a Heineken que havia acabado de pegar de Mark quando ele falou isso. Voltei para a muretinha quando Mark disse que “ia ali e já voltava”, uma garota derrubou oconteúdo-desconhecido-com-cheiro-de-vodkae-qualquer-outra-coisa-alcoólica em minha regata, pediu desculpa um bilhão de vezes e quando saiu com a colega eu as ouvi comentando “Ah meu Deus, ela não é a namorada do Logan Lerman?”. Rolei os olhos e caminhei até Logan. Logan encarou minha regata segurando o riso e disse: – Agora você baba, Charlie? Ele começou a rir. – Não seja idiota. Vamos! - falei, levando-o para a pista novamente. A quantidade de gente havia dobrado desde a hora que chegamos. Eu havia perdido Brooke e Mark, Dean viera falar conosco há alguns minutos, quando ele finalmente percebeu quando estávamos ali. Agora, Logan e eu estávamos de volta a muretinha, tomando um ar. – Charlie, eu preciso falar com o Dan – Logan disse. – você fica aqui? – Tudo bem – falei – na verdade eu vou buscar algo para beber. Logan me analisou desconfiado, cruzando os braços.
– O que? – perguntei, ele ergueu uma sobrancelha – Logan, eu não vou me perder! Ele sorriu de lado e se foi. Caminhei em direção a mesa de bebidas do outro lado da varanda, desviando dos mal equilibrados, uma chuva de vodka e corpos sendo jogados na piscina. Encontrei com Brooke na mesa despejando vários tipos de bebidas em seu copo. – Broo... – chamei. – Charleeeeei – ela gritou sorrindo como se não nos víssemos há séculos. – se perdeu com o Logan, hein, safadinha... Eu revirei os olhos, e ri, enquanto pegava um copo. Se a Brooke fosse normal, eu diria que ela já estava bêbada, mas tem um porém, a Brooke não é normal... Ela podia muito bem estar mais sóbria que nunca. Ela pegou seu copo e disse: – Tchauzinho fofa. – Ei, espere ai. – falei, segurando-a pelo braço – Aonde você vai? – Encontrar o Daniel – Brooke falou, sorrindo. Eu abri a boca, surpresa, como se ela tivesse acabado de me contar uma hiper fofoca, o que não deixava de ser verdade. – Ah, meu Deus! – exclamei – vocês ficaram... – Ainda não – Brooke falou, com o sorriso mais malicioso que alguém pode fazer. Ele riu, como vilões riem quando planejam alguma maldade, jogando a cabeça para trás e tudo. – Até mais, querida – ela disse e saiu. Eu ri e me voltei para mesa de bebidas. Comecei a despejar as bebidas a minha frente, sem me preocupar em olhar o rótulo ou ao menos o tipo de bebida que era. Nesse momento a música mudou, eu conhecia essa introdução, mas não me lembrava qual música era. Hoje você pode passar um pouquinho dos limites Charlie, pensei. Eu não gosto de beber por vários motivos, um deles é por precaução, por exemplo, se algo me acontecer enquanto estiver bêbada, eu não vou ter
forças para me defender. Então hoje, como eu estava com Logan, podia beber um pouquinho mais. “I got a girl but she ain’t home, you wanna huh? Just come on over…” Eu sorri quando finalmente reconheci a música: Scandalous, T. Mills. As letras do T. Mills são extremamente… pornográficas, digamos assim, e o estilo das músicas não fazem o meu tipo, mas, sei lá, simplesmente não consigo ficar parada quando escuto a batida de suas músicas, quem já ouviu sabe do que estou falando (ou não, né), elas são viciantes e escutá-las no volume máximo faz todas as veias do meu corpo pulsarem junto com a batida da música, pricipalmente quando estou dançando, parece que só existe eu e o T. Mills ecoando nas caixas de som. – It ain't wrong if I make it feel right - comecei a cantar, dançando enquanto colocava uma bebida colorida em meu copo. O garoto ao meu lado me encarou e sorriu, divertido. Eu olhei para ele e ri. – You so scandalous – continuei, enquanto me afastava da mesa. Atravessei a pista de dança meio andando, meio dançando, meio bebendo o que quer que fosse que eu havia jogado naquele copo. Estava quase chegando a Logan, quando senti alguém passar o braço pelo meu pescoço. – A Charlie dançando e cantando T. Mills – ouvi a voz de Dean – em que mundo estou? – Em um mundo com gente bêbada – falei, nós rimos. – e você, está perdido? Começamos a andar em direção a Logan. – Eu? Perdido? Pfft – ele falou. – E o que você está fazendo aqui sozinha? – Eu foi buscar isso aqui – falei, apontando para o copo em minha mão. – Ah, meu deus, agora você bebe – Dean falou, como se lamentasse, eu ri. – Prova isso aqui então. Ele estendeu o copo dele para mim, estava cheio de um liquido vermelho cereja. Eu peguei o copo, meio desconfiada, e dei um gole. A bebida era, no primeiro momento, docinha e suave, depois descia amarga, queimando minha garganta então voltava a ser docinha. Lembrava-me soda italiana de cereja com algo mais forte... Vodka, eu acho.
– O que tem aqui? – perguntei, dando outro gole na bebida. – Não tenho idéia – ele falou. – Bom, não é?! Eu assenti e dei gole longo. – Pronto agora devolve!- Dean falou, esticando a mão para pegar o copo. – Não. Fica com esse aqui – falei, entregando o meu copo para ele. – Aaaah srta. Benetti Espertinha – ele falou e olhou para o copo que eu entregara. – Então, o que tem aqui? – Ah! Não faz pergunta difícil, meu amigo – falei, ele riu. – Tim tim, então - Dean disse e nós brindamos. – Ei, Wade – Dean gritou. Olhei na mesma direção de Dean e enxerguei Logan. Ele fez “o que?” com os lábios se aproximando. – A Charlie está revelando seu lado negro – Dean falou. Logan fez aquele truque com as sobrancelhas, levantando uma depois da outra, quando se interessa por um assunto. Logan e suas manias fofas Lerman. – Como assim? – Logan perguntou. – Ela está dançando e cantando T. Mills feito uma louca e agora roubou minha bebida. – Hahaha, agora já era, meu filho – Logan falou. – Depois não reclame quando ela estiver alcoolizada até o dedo do pé – Dean falou. – Hoje ela está comigo – Logan falou – ela pode. – É isso aí, Lelo. Agora vamos dançar – falei, puxando Logan pela mão – Tchau Dean. Já estávamos na festa há algum tempo, eu não havia saído da pista de dança por nada. Eu arrastava Logan, que nem se ocupava relutando, e dançávamos juntos, ou eu dançava em volta dele, e nós riamos das minhas tentativas falhas de parecer sexy ou algo parecido, então ele me levava para um canto afastado, nós dávamos uns amassos, depois eu voltava para o meu do povo e cantava a plenos pulmões os palavrões das músicas do T. Mills junto
com Dea e Mark. Dean me brindava com as suas bebidas – deliciosas, diga-se de passagem. Brooke estava perdida com Daniel, mas quando Party Rock Anthem começou, ela fez questão de aparecer. É tipo um ritual nosso, Party Rock Anthem é a nossa música, foi ao som de LMFAO que Mark, Brooke e eu nos conhecemos na festa de Annie Jones no início do ano letivo. Havia conhecido uns amigos de Daniel enquanto dançava, eram pessoas divertidas, mas Logan teve um ataque de ciúmes quando viu um dos universitários em nossa rodinha na pista. Lá estava eu, na mesa de bebidas novamente, olhei através da porta de vidro e enxerguei Daniel levando Brooke pela mão, indo para um lugar afastado. Os olhos dela encontraram os meus, ela me lançou uma piscadela junto de seu típico sorriso malicioso. Levantei o dedão para ela, em aprovação. – Quem diria... – falei. – Quem diria o que? - ouvi a voz aveludada e rouca de Logan em meu ouvido. Ele passou o braço pela minha cintura enquanto eu me virava para ele. – O seu melhor amigo e a minha melhor amiga se pegando. – falei. Ele riu. – Você fica muito engraçada quando está bebada, Charlie – ele comentou. – Como assim?- perguntei, franzindo o nariz. – Olhe, - ele começou, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha – em seu estado normal você nunca usaria expressões do tipo “se pegando”. Eu ri. – Você tem razão – falei – por isso é melhor eu parar de falar. Levantei os pés e alcancei seus lábios de modo suave, Logan começou a subir e descer as mãos pela minha cintura fazendo os cabelos da minha nuca se eriçar. Eu me afastei e o encarei. Logan suspirou. – Você tem toda a razão. Eu agarrei seu pulso e o levei para o centro da pista. Logan, e seu jeito acanhado para dançar eletrônica, encantava as garotas ao nosso redor, que o olhavam com sorrisos frouxos e olhos brilhantes e despertos. Se eu estivesse sóbria, obviamente não estaria dançando a música extremamente sexy e insinuante que estava tocando. Isso não é coisa para aspirantes a jornnalista
desastrada. Mas eu não estava “bem”, então lá estava eu colocando as mãos de Logan em meu quadril e fazendo ele balançar de um lado para o outro comigo. Entrelacei meus braços em seu pescoço e encostei a cabeça em seu ombro, bem próximo a seu pescoço. – Não sabia que você dançava Srta. Benetti – ele sussurrou em meu ouvido. – Nem eu – falei – Achho que você aprende quando precisa – eu disse, ou você já sabe e só precisa colocar em pratica. Ele riu pelo nariz. Senti a ponta do nariz de Logan deslizando em meu pescoço, subindo para minha orelha, cada centímetro da minha pele se arrepiando, depois maxilar e o canto da minha boca. Eu o beijei antes que ele hesitasse, ficando na ponta dos pés e o abraçando com força. Eu ainda ficava impressionada como nossos lábios se encaixavam perfeitamente, e como nossas línguas se movimentavam quase sozinhas, como se soubessem o próximo movimente do outro sem deixar de ser imprevisível. Se é que é que isso faz algum sentido. Mordisquei se lábio inferior e ele sorriu. – Você adora me deixar doido, não é?! – ele falou. – Faz parte... – falei, dando de ombros.
E eu sofro de perca de memória Eu acordei com a pior das dores de cabeça: a de ressaca! Espremi os olhos, tentando acostumar com a luz fraquinha que passava entre as cortinas do quarto de Logan e que vinha diretamente a minha direção. Coloquei os dedos na têmpora e massageei veemente com o intuito de fazer a dor passar. Falho. Não senti Logan atrás de mim, o que era estranho. Sentei-me na cama e me arrependi por tê-lo feito tão abruptamente. Quando a tontura passou comecei organizar meus pensamentos sobre a noite passada. Eu me lembrava estar prestes a começar outro round do beijo cinematográfico com Logan, aproveitando que estávamos empolgados e inspirados, alguém me puxou pelo braço, fazendo-me desvencilhar dos braços dele. – Charlie, é a nossa música! – a voz estridente de Brooke falou. – Mas a nossa música já passou – falei, irritada por ter sido arrancada da minha sessão de amassos. – Não. Presta atenção. – ela disse, fazendo sinal de silêncio com o dedo indicador. “One more drink and I convinced” – Control! – exclamei, arregalandos olhos. – Isso, isso, isso - Brooke vociferou, puxando meu braço, não antes de eu segurar a mão de Logan e o arrastar comigo. Encontramos o pessoal na beira da piscina, estavam todos ali (inclusive Layla e Mandy, que eu não vira a festa toda). Neste ponto da festa, o pessoal já havia passado a linha de autocontrole, bêbados, mal equilibrados e agora estavam no ápice do descontrole psicológico, o que nos rendia diversas chuvas de vodka alheia e encontrões com as universitárias, amigas de Daniel, as quais Brooke chamaria de crazy bitches, mas Brooke não notaria isso agora, ela mesma já estava quase ultrapassando o nível de descontrole psicológico. Eu dançava e cantava como se não amanhã, balançando os cabelos e pulando freneticamente. Lembro do calor entre os corpos, e das bebidas de Dean, lembro da respiração quente de Logan em minha nuca, de Brooke se agarrando com Daniel na pista de dança, e das bebidas de Dean, lembro de Mark pulando ao meu lado, e das bebidas de Dean. Depois disso tudo foi um borrão em minha mente, talvez eu estivesse bêbada o bastante para não me lembrar de mais nada depois daquilo.
Vasculhando um pouco mais a mente por alguns instantes, lembrei da voz de Logan sussurrando em meu ouvido com sua voz rouca e aveludada “Vamos dar o fora daqui, Charlotte”. Sorri e brinquei com o cabelo ao me lembrar disso, a voz de Logan possuía esse efeito sobre mim. Na verdade, Logan possuía esse efeito sobre mim. E então, Mandy Carter me veio à mente, com aquele sorriso irônico enquanto mascava um chiclete e erguia as sobrancelhas. Um arrepio gelado percorreu minha espinha e meu sorriso se dissolveu no mesmo instante. Mady Carter! Isso não era uma boa coisa. Escorreguei pela cama de Logan, coloquei um short seu jogado no chão do quarto e me direcionei ao andar de baixo, disposta a descobrir o que acontecera na noite anterior. Encontrei com Logan sentado no sofá da sala, encarando a televisão sem realmente olhá-la, tinha uma expressão séria na face, o que me fez repensar sobre o “pulo-e-beijo de bom dia”. Encostei a cintura nas costas do sofá da sala, o observando de longe. – Oi – falei. Ele desviou sua atenção para mim e sem mudar a expressão séria disse: – Bom dia. Eu me arrastei até o sofá, sentando ao seu lado. – Dormiu bem? – ele perguntou. Eu assenti com a cabeça e dei um sorriso fechado. Ele suspirou, assentiu com a cabeça e voltou a observar a televisão. Eu me mexi desconfortavelmente no sofá, ainda encarando a expressão impassível de Logan. – Ahn... – eu pigarreei antes de começar a falar. – Es-está tudo bem? – Por que não estaria? - Logan pegou o controle a seu lado e começou a mudar de canal continuamente. Eu suspirei, não estava tudo bem, Logan só respondia uma pergunta com outra pergunta quando estava irritado ou inquieto com alguma coisa. Eu mordi o lábio inferior. – Lelo, aconteceu alguma coisa ontem à noite? – perguntei. – eu não me lembro de muita coisa. Eu já estava me sentindo envergonhada mesmo antes dele responder, eu devia estar muito louca ontem, para não conseguir me lembrar o que aconteceu. Talvez eu nem tivesse esquecido mesmo, talvez eu só precisasse de um estimulante para colocar as memórias à tona.
Logan soltou uma risada sem humor e juro que percebi uma ponta de sarcasmo ou ironia no som da risada. Ele virou o rosto para mim. – Do que se lembra? – De estar dançando com vocês na pista – respondi – e depois de você dizendo para irmos embora. Ocultei o detalhe de Mandy Carter sorrindo, com certeza não era importante, e também porque eu detestava mencioná-la. – Então você se lembra o suficiente – Logan disse, sua voz fria e olhando no fundo dos meus olhos tão intensamente que era quase como se enxergasse minha alma. Senti um frio na boca do estômago, enquanto Logan se voltava para a TV e o controle. Com certeza, tinha algo errado. E o pior: eu não me lembrava se a culpa era minha, como aparentemente era. – Logan – chamei, depois de alguns segundos em silêncio. O zunido da televisão fazia eco em minha mente, cada vez mais alto, como se não existisse um volume máximo, e aquilo me irritava demais, eu tinha vontade de levantar e chutar a televisão até ela quebrar. Eu estava enjoada, provavelmente botaria tudo para fora em alguns minutos. Some tudo isso ao mau-humor repentino do seu namorado, mais perca de memória recente e pronto: você tem a manhã perfeita! Logan me encarou. – O que há com você? Aconteceu algo ontem à noite? – disparei a perguntar – Eu fiz algo para você... passar vergonha ou algo tipo? Porque eu realmente não me lembro. – Charlie, por favor, existem outros jeitos de resolvermos isso – ele disse, com um pontada de alguma coisa que não identifiquei no início – não precisa fingir uma amnésia. Deboche, era isso que ele colocara em seu tom de voz. Aquilo foi como um chute na canela. Logan achava que eu estava mentindo sobre não me lembrar de nada, mas por que ele acha que eu faria isso? Ele sabe que não fujo dos problemas. – Eu não estou mentindo – falei, com pulso forte. – Por que eu mentiria, Logan? – Depois de ontem eu não duvido. Aquilo foi demais. Posso amar Logan com todas as minhas forças, mas não aceito que me digam o que se está passando comigo, não aceito tripúdios
a respeito de coisas sérias e não aceito que me chamem de mentirosa ou derivados. Agora eu estava irritada de verdade, e não era com o barulho azucrinante da televisão. – Tudo bem, Logan – eu comecei, a dor de cabeça aumentando, era como se o sino de uma catedral estivesse plantado em minha mente, anunciando o meio-dia eternamente. – Eu não sei o que aconteceu contigo para estar agindo dessa maneira, por isso preciso que me conte o que exatamente aconteceu ontem para eu entender esse seu mau-humor. Eu estava na defensiva, eu estava, realmente, falando na defensiva. Isso não podia acontecer, nunca. Depois da defensiva vem a vulnerabilidade e se isso acontece, eu perco a briga e fico sem explicação. – Charlotte, não haja como se fosse a vítima – ele falou, de forma impaciente e tombando a cabeça para me encarar. – Você sabe o que houve. Sabe que você ficou pirada do nada e discutiu com a Mandy. Minha barreira se desmanchou e pronto, eu estava vulnerável, mesmo que inconscientemente. – O quê? – falei baixo, com um sopro na voz. – Você e a Mandy – ele falou, colérico. – começaram a berrar uma com a outra. Você me disse que ia ao banheiro para irmos embora, mas antes que você voltasse, eu (não só eu como a festa inteira) ouvi vocês discutindo na sala. Meu peito começou a subir e descer rapidamente enquanto minha respiração acelerava. Berros, berros, mais berros e a tela de um celular com uma foto que não consegui identificar. Foi isso que me lembrei. Logan me encarou incrédulo. – A Mandy disse que você bateu nela – Logan falou. Eu levei meu olhar para ele, enraivecida. Eu nunca bateria em ninguém a menos que essa pessoa fosse um estrupador ou um assaltante, não importa o quanto por cento de álcool eu tenha no meu sangue no momento. Nunca levantei a mão para ninguém, nem de brincadeira, isso era impossível. – isso é mentira! – falei, furiosa. – Como você sabe? - ele falou, as palavras cheias de veneno – você não se lembra. E de repente eu entrei em desespero e minha garganta se fechou, Logan e eu ficaríamos naquilo o resto dos dias. Ele não acreditava em mim, e agora, mais do que nunca, eu precisava que ele acreditasse e me contasse o
que estava havendo, ou melhor, o que havia acontecido, mas, pelo jeito, seria difícil. – Logan, por favor – eu falei em tom suplicante, virando todo meu corpo para ele – você me conhece, você sabe que eu não faria uma coisa dessas... Ele hesitou por um momento, como se relevasse a questão, então voltou seu corpo para mim, aquilo foi um alívio. Pelo menos agora ele estava disposto a me encarar. – Do que você se lembra? – ele perguntou cuidadosamente – exatamente, digo. Eu pisquei algumas vezes, pensando nas palavras certas. – Me lembrou de Brooke nos levando para a pista – comecei – me lembro do pessoal dançando com a gente e – eu ponderei com a cabeça - de beber bastante, e depois é como um buraco. Então eu me lembro da sua voz dizendo para irmos embora e – eu passei a língua nos lábios – e da Mandy sorrindo como se me provocasse ou algo do tipo. Lembrei-me agora dos meus gritos na sala de Daniel, e da tela de um celular com uma foto a mostra... Não consigo defini-la Logan suspirou. – A Mandy sorrindo para você? – ele perguntou com as sobrancelhas erguidas. Anuí com a cabeça. – Olhe, ontem quando estávamos na pista – ele começou – houve um momento em que eu te chamei para ir embora e você disse que precisava ir ao banheiro e então iríamos. Eu fiquei te esperando perto da mesa de bebidas e depois de muito tempo esperando fui atrás de você e te encontrei discutindo com a Mandy na sala. Ele passou a língua nos lábios e, mesmo estando em meio a uma discussão, não pude deixar de achar lindo o jeito como ele fazia isso. – Você gritava algo como: “porque você se ocupa tanto tentando acabar com o meu relacionamento?” e a Mandy te respondeu “ele pertence a mim Charlotte, o que tem entre vocês vai acabar mais cedo ou mais tarde, você só está adiando o inevitável” – eu me concentrei tentando me lembrar do acontecido, mas só o sorriso de Mandy e a foto desfocada vinha a minha mente – Então eu tentei passar pelo pessoal, para separar a briga de vocês, mas estava difícil, claro – ele continuou – quando finalmente consegui chegar até vocês, você estava dizendo para Mandy “você tem uma vida, Mandy, então porque não vai vive-la e deixe a minha em paz!”. Depois disso você saiu pisando forte e empurrando todo mundo para sair dali. Bem, a festa todo, ou pelo menos a maioria, já estava observando a cena, quando você foi embora.
Eu fui até a Mandy e perguntei a ela o que tinha acontecido e ela respondeu que você tinha ido até ela e lhe dado um tapa na cara e quando ela tentou argumentar você começou a gritar com ela. Ele terminou de contar AA história e deixou os ombros caírem tomando fôlego. Silêncio. Eu tentava de todas as formas me lembrar, mas era impossível. Eu abracei meus cotovelos e balancei a cabeça frustrada. – Não consigo me lembrar de nada disso. – Se lembra do motivo da briga? Um xingamento? Qualquer coisa... – ele disse. – Eu não preciso de memória para saber que estávamos falando de você – falei, encarando o nada. – e que esta história do tapa é ridícula. Eu não bateria na Mandy da mesma forma que não bateria em você, ou na minha mãe. Levantei o olhar para ele. – E você sabe disso, não sabe?! – falei, eu precisava ter certeza que ele confiava em mim quanto a isso. Ele assentiu, me olhando nos olhos. – Charlie, eu já deixei bem claro pra você – Logan começou, mais calmo – A Mandy não significa nada para mim. Já disse que ninguém é como você e até o momento que estivermos juntos eu vou ser fiel a você e somente a você. Por que você acha que eu mentiria sobre isso? Eu baixei o rosto e comecei a brincar com o tecido da almofada. Eu dei de ombros. – Ás vezes – ele continuou – essa sua baixa autoestima me irrita. Senti-me horrível quando ele disse aquilo, como se eu estivesse diminuindo, mas na verdade era a minha vulnerabilidade aumentando. Quando eu era mais nova, eu sofria de baixa autoestima e toda essa armadura de pessoa firme e segura que criei com o tempo foi para que ninguém chegasse a mim, ao meu eu verdadeiro frágil e extremamente sensível. Mas Logan e minha mãe sempre conseguem chegar a esse eu, não uso armadura com eles. É involuntário. Logan segurou meu queixo e o levantou gentilmente, fazendo-me encará-lo. – Você não precisa de mim, da sua ou de qualquer outra pessoa – ele começou – só precisa de si mesma, precisa aceitar o quão maravilhosa você é. Entende isso?
Eu assenti em um movimento mínimo. Ele deu um sorriso fechado e apertou meu nariz. Eu dei sorriso frouxo e falei. – Preciso de aspirinas. – Tem no armário do banheiro – Ele disse. Eu me levantei e fui ao banheiro pensando comigo mesma. Aquilo não tinha acabado, aquela história da Mandy. Tanto Logan, quanto eu estava no escuro quanto ao motivo da briga, eu passaria o resto dos meus dias pensando nisso até que fosse esclarecido. Igual á aquela foto de Logan e Mandy que... vazou na internet. De repente a tal foto indefinida ganhou foco em minha mente, me lembrei da imagem como se passassem um pano seco em meu párabrisa depois de uma chuva forte. A visão clara e inteira. Eu via Logan, Mandy e mais que um simples abraço.
We're Always Fighting And Making Love Encostei as costas na parede fria do corredor, sentindo minha cabeça latejar mais vorazmente que nunca. Fechei os olhos com força tentando expelir a dor, levei minha mão até a têmpora e massageei novamente. Eles se beijaram, eu pensava repetitivamente. Quanto mais eu pensava que precisava urgentemente de uma aspirina, mais eu não conseguia me mover.Ai, meu Deus, eles se beijaram! Escondi o rosto nas mãos, enchi os pulmões de ar e fui soltando-o gradativamente. Aquilo sempre funcionava. Fui até o banheiro e tomei a aspirina, deixando-a descer seca pela garganta. Depois, passei pela sala meio cambaleando e subi as escadas do quarto de Logan, me apoiando no corrimão. Ouvi Logan me chamando com a voz excessivamente alta, ou talvez fosse apenas a sensibilidade da minha cabeça no momento. Eu o ignorei e continuei subindo, precisava checar uma coisa. No quarto de Logan, encontrei meu short no chão em meio à bagunça de roupas minhas e de Logan, e chequei seus bolsos. Meu celular não estava ali. Deixei o short cair no chão novamente e passei os olhos superficialmente pelo quarto. Acabei o encontrando ao lado do iPhone de Logan na escrivaninha do quarto. Ouvi os passos de Logan subindo as escadas enquanto pegava meu celular. O visor do celular marcava 5h17min da tarde. Fui até as mensagens recebidas e abri a ultima de número desconhecido. – Charlie – ouvi a voz de Logan. Eu não respondi, estava ocupada demais encarando meu namorado beijando outra garota. Era a foto da qual eu havia lembrado. Mandy e Logan se beijando. E agora, analisando a foto detalhadamente, pude perceber que o lugar, a luz, até a roupa deles, era a mesma daquela outra foto. Aquele que Logan disse não se lembrar de tê-la tirado. – Charlie. – Logan chamou novamente, dessa vez se aproximando. Eu cocei os olhos, tentando espantar o formigamento no fundo dos olhos e a minha vontade de chorar. Minha garganta se fechando, eu tinha certeza que se abrisse a boca choraria. Sem estresse, Charlie, você precisa saber o que aconteceu, pensei. Logan estava na minha frente agora, mas eu não o encarava. – O que foi? – ele perguntou. Eu não respondi. Um pensamento aleatório passou pela minha cabeça nesse momento: Logan tem muita paciência comigo. Imagino quantas vezes ele me fez essa mesma pergunta desde o dia em que nos conhecemos.
Ele pegou o celular da minha mão delicadamente e o encarou. Levantei meus olhos para ele. Vi sua expressão mudar de curiosa para compreensão e logo depois vi um lampejo de culpa em seus olhos. – Isso foi antes, Charlie – ele falou baixo. Eu me sentei um sua cama e ele continuou. – Antes de tudo entre a gente. – Você mentiu – falei, encarando-o. – disse que não se lembrava da foto. – Não. – ele começou – Eu disse que não me lembrava da outra foto. Soltei um suspiro impaciente. – Ah, vamos lá Logan! – falei – está na cara que essas fotos foram tiradas no mesmo dia... Como você pode se lembrar dessa e não da outra? E então, involuntariamente as peças foram se encaixando em minha mente. Mandy me enviou a foto, Mandy publicou a outra foto. Eu, bêbada como estava ontem, perdi a paciência com ela e discutimos. Sim, eu estava errada. Brigas em festas nunca são boas, principalmente se você é namorada de um famoso. Senti uma pontada de culpa. Por isso Logan estava tão bravo, eu fui irracional ontem, eu no lugar dele também ficaria. Poxa, mesmo que o Logan diga não ligar para essas coisas, o trabalho dele tem tudo a ver com imagens, ou vocês acham que contratam atores que sempre estão envolvidos em polemicas. Logan e eu sempre nos mantemos discretos em relação a nossa vida amorosa, por mais que nosso namoro não seja nenhum segredo de Estado. Mas eu sempre dou uma escorregada e isso é motivo para comentarem sobre a namorada do Logan Lerman que fez isso e aquilo. Isso não fica bem para o Logan, nem um pouquinho. – Eu... Charlie, eu menti, sim – Logan falava – achei que isso traria discussões desnecessárias entre a gente... E mesmo assim, aqui estamos nós. Eu peguei meu celular da mão de Logan e fui até os detalhes da mensagem. O número era desconhecido e eu havia recebido a mensagem ás 3:57 da manhã. Me lembro que a última vez que vi as horas ontem foi á 2h36 da manhã. Logan sentou-se ao meu lado na cama e eu voltei meu corpo para ele. – Foi na época de escola – ele continuou, vendo que não teria resposta – Eu já havia conhecido você, mas não tínhamos nada juntos... Nós ficamos por umas duas semanas e depois eu... – Logan – eu o interrompi, voltando a encará-lo - Me desculpe por ter feito você passar pelo que você passou ontem... Não foi maduro da minha
parte e... nem um pouco racional, eu não devia ter bebido tanto. Eu também ficaria muito brava em seu lugar. Aquela já era segunda briga verbal que eu me metia por causa do Logan, não que a culpa seja dele, claro que não, é minha, mas é que ele sempre é o “tema” das brigas. Primeiro com a Hastings e agora com a Mandy. Por mais que eu estivesse com muita raiva de Mandy, eu não a colocaria na conversa. Eu tinha que parar com a mania de achar que Logan resolveria o meu problema com ela, mesmo ele sendo o “problema”. Só ia ignorá-la e resolver as coisas sozinhas, “dar a outra face” como diria minha avó. Eu não deixaria, de nenhuma maneira, ela estragar meu relacionamento, eu não a deixaria ter algum tipo de “poder” sobre mim, eu era do Logan, Logan era meu e ela não ia mudar aquilo enquanto ele continuasse sendo. – Por isso, me desculpe, Logan. Por ter sido tão idiota ao ponto de dar atenção a uma coisas dessas. De novo. – eu abaixei a cabeça, agora eu entendia o que diziam sobre ser difícil pedir desculpas. – e você não precisa mentir sobre coisas bobas como essas fotos. Eu não sou tão possessiva assim... Se aconteceu antes de nós, então eu não tenho nada a ver, só não quero que mantenha segredos. Eu o encarei. Logan estava com as sobrancelhas franzidas e um quase sorriso nos lábios. Eu corei. Já era difícil pedir desculpas e ele ainda fazia uma coisa dessas. Eu passei os dedos nos cabelos, em sinal de nervosismo. – Logan, você não está ajudando! – falei. Sua face se suavizou e ele riu. – Você faz um pedido de desculpas parecer tão difícil... – ele disse. – Mas é! Pelo menos para pessoas orgulhosas como eu. – falei. – Para mim não é. – Você é homem, - falei - homens fazem isso o tempo todo, por isso não é difícil. Ele riu novamente e ficamos em silêncio. Eu levei a mão até o rosto de Logan, ele a segurou e pressionou contra os próprios lábios. Eu achava aquele gesto lindo, uma coisa tão inocente e ainda sim, transbordava sentimentos. – Porque brigamos se vamos fazer as pazes no mesmo dia? – perguntei. Logan sorriu. – Porque todo casal precisa discutir a relação – ele falou – nós só nos entendemos mais rápido do que o resto dos casais.
Eu sorri de lado. Logan se inclinou e beijou minha bochecha. – Na bochecha?! – eu falei, fingindo indignação – Eu acabo de pedir desculpas e ganho um beijinho na bochecha. Logan sorriu abertamente e se inclinou novamente para alcançar meus lábios dessa vez, mas antes que o fizesse: – Chegueei! – alguém exclamou do lado de fora do quarto. Eu e Logan nos viramos para a porta e encaramos Lindsay. Eu sorri para ela, mas tenho certeza que Logan a perfurou com o olhar, porque Lindsay arregalou os olhos. – Estou atrapalhando alguma coisa? – ela perguntou. – Claro que nã... – Claro que está! – Logan me interrompeu. – Oh, me desculpem – Lindsay falou. – bem, eu só queria avisar que estou em casa. – Já avisou, agora pode ir. – Logan falou. Eu dei uma cotovelada em Logan e continuei a falar com Lindsay. – E como foi com James? – Ah, você sabe, melhor impossível – ela disse com um sorriso enorme. Eu sorri de volta. – Bem, eu vou para o meu quarto, ok – ela disse – qualquer coisa me chamem. Eu assenti e ela se foi. Eu me virei para Logan. – Tá afim de sair? – perguntei. – Sair? Para onde? – Sei lá... Tem algum parque por aqui? Logan deu de ombros. – Um monte. – Vamos?
– Em um parque? – Logan perguntou. – É... – respondi, ficando de joelhos na cama. – Logan eu vou embora amanhã, e você recomeça suas gravações na segunda... Talvez demore até que possamos nos ver de novo. – Tudo bem. – ele falou – Mas aonde você quer ir? – Não sei – falei – um parque, talvez. Algum lugar ao ar livre e sem barulho. Logan parou por um momento como se pensasse no assunto. – Tudo bem, vamos – Logan falou, levantando-se. – Aonde vamos? – perguntei, eu ainda estava de joelhos na cama. Logan ficou de frente pra mim e me puxou pela cintura. – Em um lugar ao ar livre – ele disse antes de me beijar decentemente. Nos beijamos levemente, daquela forma que me deixa com um gostinho de “quero mais” na boca, e quando Logan fazia menção de se afastar, eu o puxava de volta, ele ria e me beijava. Beijos e risos, a combinação perfeita. Assim como beijo e água, assim como beijo e Logan, assim como Logan e sexo, assim como Logan, eu e fazer amor, assim como... Ok, Charlotte, nós já entendemos. Logan se afastou de uma vez. – Vai, você precisa se vestir – ele disse. Eu saltei da cama eu fui para o banheiro. Tomei um banho rápido e vesti uma roupa simples: Camiseta cumprida, short curto e um Oxford e prendi meus cabelos em uma trança. Peguei minha bolsa e desci para a sala. Logan e eu fomos até a garagem, entramos no carro e seguimos para o fim da rua. Já estava escurecendo quando Logan passou no drive thru de Mc Donald’s no caminho. Depois de algum tempo na estrada, uns vinte e cinco minutos no máximo, Logan entrou em uma estrada pavimentada até a metade, antes de virar terra. O fim da rua dava no extremo de um penhasco escuro, mas com uma vista arrasadora. Nós saímos e fomos para frente do carro. Eu tomei fôlego. Era mais lindo do que eu imaginava, o crepúsculo caindo sobre Beverly Hills como uma cortina roxa, a Lua brilhante, no céu não havia estrelas, mas os pontinhos de luz nos prédios e casas as substituíam. Era tão diferente olhar tudo de cima, todo o movimento de sábado a noite, parecia quase silencioso. A minha dor de cabeça, que se tornara um resquício, havia cessado de uma vez ali.
– É lindo! – falei em tom sonhador. – É Beverly Hills – Logan disse. Eu me virei para ele. Logan estava esticando uma manta em cima do capo do carro. – Porque ninguém vem aqui? – perguntei. – Não no sábado à noite. – ele falou – volte aqui amanhã cedo e isso vai estar apinhado de gente. Logan sentou no capo do carro abrindo um dos pacotes para viagem do Mc Donald’s. Aproximei-me dele, não resistindo ao cheiro do lanche. Me sentei no capo do carro e ele esticou o outro pacote para mim. O cheiro estava maravilhoso, me dando água na boca antes que pudesse desembrulhar o papel. – Onde arranjou a manta? – perguntei, abrindo o pacote. – Minha mãe sempre deixa uma manta no carro – ele respondeu e deu de ombros. – Não sei por que, mas está sendo eficiente. Eu sorri. Logan comeu uma batatinha frita enquanto eu mordia meu lanche. Não demoramos muito para terminar os lanches e refrigerantes, famintos do jeito que estávamos. Depois Logan e eu deitamos de barriga para cima no capo do carro, encarando o céu. O cheiro do eucalipto das árvores me invadindo de forma suave. Eu fechei os olhos e me concentrei na brisa fresca que batia em meu rosto. – Isso é tão Hollywoodiano – falei, abrindo os olhos – na verdade, coisa de comédia romântica. – O que? – Logan perguntou, virando o rosto para mim. Eu me remexi para me aproximar dele, Logan fez o mesmo e se apoiou no cotovelo me encarando de cima. – Isso, esse momento – falei, fechando os olhos novamente – penhasco a beira da cidade, a lua enorme, um garoto e uma garota sexualmente atraídos um pelo o outro... Eu o ouvi rir. – Você faz tudo parecer vulgar e falso. – ele disse. – Mas é vulgar e falso.
Eu abri os olhos e o encarei. – Quer saber a diferença entre nós e uma comédia romântica? Ele assentiu. – Comédias românticas não são nem a metade do que fazemos – eu disse. Logan sorriu de lado e se aproximou. Eu enrosquei meus braços em seu pescoço enquanto ele me beijava docemente.
Última noite, enfim. – Vamos, precisamos voltar – eu disse, escorregando pelo capo. – Já? – Logan falou. Eu mordi o lábio, cogitando, pesquei meu iPhone no bolso do short e vi as horas. 7h56. – Já, Lelo – falei, me aproximando dele. Os ombros de Logan caíram e sua cabeça pendeu para o lado. – Por quê? – ele alongou a palavra. – Porque, sr. Wade – coloquei a mão em cima de seu joelho – preciso arrumar a minha mala! Ou você se esqueceu que amanhã volto para casa. Logan baixou a cabeça e começou a brincar com o meu anel de pedra azul na mão esquerda. – É mesmo. – ele disse, franzindo as sobrancelhas. – Por que você o anel no dedo anular? – Porque eu... – antes de terminar a resposta, entendi a pergunta. Anel. Anular esquerdo. Casamento. Instintivamente, tirei minha mão de seu joelho e cerrei o punho em sinal de nervosismo. Logan levantou os olhos para mim com a boca ligeiramente aberta e então levantou uma sobrancelha, me encarando de forma indagativa. Droga, Lerman! Perdi o fio da meada. Ele sempre faz isso, sempre me desconcentra quando preciso responder algo importante. Lá estava eu, com a boca aberta e sem conseguir tirar absolutamente nada de lá de dentro. Eu baixei a cabeça quebrando nosso contato visual e piscando freneticamente. – Eu não sei, acho que é uma mania – falei, mas minha voz saiu baixa e duvidava que Logan tivesse ouvido. Pude “ouvir” o sorriso na voz de Logan quando ele disse. – Entendo... Não entende nada, seu safado, só quer me deixar constrangida. – Então, vamos! – ele falou escorregando pelo capo do carro e indo em direção ao lado do motorista.
Eu o imitei seguindo para o lado do passageiro. Logan parou em frente a porta e, antes de abri-la, me encarou com a expressão divertida e mandou um beijo e uma piscadela. Eu ri e rolei os olhos enquanto entravamos no carro.
Em alguns minutos estávamos de volta à casa de Logan. Ele destrancou a porta e entramos. O mais perfeito e sólido silêncio envolvia a casa, ouvi Logan trancar a porta novamente e se virar. – Linds! – ele chamou, sua voz ecoando entre as paredes. A casa estava extremamente escura, apenas a luz do inicio da escada estava acesa. Logan jogou as chaves na mesa de canto e segurou minha mão. – Vem – ele disse, tomando a frente. – Subimos as escadas, eu tateando e ligando todos os interruptores pelo caminho, sem soltar da mão de Logan. Chegamos à porta do quarto e eu a empurrei delicadamente. – Lindsay – Logan chamou novamente, com o rosto virado para a porta do quarto da irmã. Ele me encarou e deu de ombros. Adentrei o quarto e me joguei na cama, abraçando o travesseiro de Logan em posição fetal. Eu o ouvi rindo e ligando a luz do quarto. Eu espremi os olhos com a claridade e coloquei o travesseiro sobre o rosto. – Como você é enérgica, Charlie! – Logan disse. Eu ri comigo mesma. – Vai jogar na cara agora?! – falei, o som sendo abafado pelo travesseiro. Senti o peso de seu corpo pressionando a lateral do meu, seus braços me encurralando e seus lábios em meu pescoço, próximos a nuca. Eu estremeci, sentindo a respiração dele extremamente próxima. Ele sorriu e aproximou a boca do meu maxilar, beijando delicadamente e ainda sim de um jeito sexy. – Assim não vale, Lelo – eu disse. – Isso é golpe baixo! Senti seu diafragma vibrar enquanto ele ria com a boca contra a minha pele. Ele escorregou a ponta do nariz pelo meu rosto até o canto da minha boca, sua mão descendo da minha cintura até minha coxa. Eu me virei por completo para ele, entrelaçando meus braços em seu pescoço e o beijando com volúpia, sentindo o toque quente da sua língua contra a minha por um
único segundo antes de espalmar a mão em seu peito e empurrá-lo para o lado. – Ah, Charlie – ele reclamou, estirado na cama. Eu saltei da cama. – Preciso fazer as malas – falei – brincamos depois. – Você sempre diz isso! – E sempre cumpro o que digo. Ele bufou e sentou-se na cama. – Vou tomar banho, então. – ele disse. – Vai. – respondi, abrindo o zíper da minha mala. Ele se levantou. – Vou mesmo. – Pode ir – eu levei a mala até a cama e a coloquei ali. – Não. Eu vou à cozinha, primeiro. – ele disse – Está bem. – Posso ter mais de duas palavras como resposta?! – ele falou, me encarando. Eu levei o olhar para ele e o encarei franzindo o nariz, como se pensasse no assunto. – Hmmmm... Não! – falei, balançando a cabeça. Logan balançou a cabeça em desaprovação. – Engraçadinha você – ele disse. Eu abri o sorriso mais dissimulado que podia, Logan sorriu e saiu do quarto.
– Sometimes I can’t belive it – Logan cantava, enquanto entrava novamente no quarto – I’m movin’ past the feelings. – Essa música é linda. – eu disse, sem olhar para ele.
– Igual a você – o ouvi dizer em tom suave. Eu me virei para ele com um sorriso pendendo entre o meigo e o divertido. – Que lindo. - falei – Flertes de início de namoro! Awn. Ele rolou os olhos e riu. – Mas o que há com você hoje, hein?! – ele perguntou, pousando o copo no criado mudo e pulando no colchão para se sentar. – Comigo? – falei, simulando surpresa e colocando as pontas dos dedos contra o peito – Está maluco. Não há nada de errado comigo. Ele riu e eu me voltei para a mala. – Quer ajuda? – Logan perguntou-me depois de um tempo calado. – Acho que... – pensei por um segundo – Sim, pegue o meu vestido da premiere. Ele está pendurado atrás da porta do banheiro. Ele se levantou da cama e foi até o banheiro, alguns segundos depois voltou com o tecido rosa e brilhante nas mãos. – Aqui – ele disse, me entregando. Eu peguei o vestido e o estendi em frente ao rosto, analisando-o. – Este vestido é lindo – eu disse comigo mesma. – Prefiro você sem ele! – A voz de Logan soou, por cima do meu ombro. Foi muito espontâneo, desnecessário e... A cara do Logan. Totalmente a cara dele, fazer esse tipo de coisa. Eu sorri sem encará-lo, enquanto jogava o vestido de qualquer jeito dentro da mala. – Tudo bem, sr. Wade – falei, tirando a mala de cima da cama e colocando-a no chão. – Se é isso o que você quer. Eu me virei para ele e o puxei pela camisa, colando seu corpo ao meu. – Você não sabe o quanto... – ele disse, antes de meu beijar.
POV Logan.
A Charlotte ainda consegue me surpreender. Clichê, porém verdade. Ela consegue ser tímida e extrovertida, inteligente e misteriosa, ousada e sutil, e, acima de tudo, independente. Ela faz tudo ficar bem, mesmo que nada esteja bem. E o fato de ela ser mais teimosa e orgulhosa que a maioria das pessoas a torna maravilhosa aos meus olhos. São nestes momentos, em que ela se entrega por completo para mim, sem pudor, sem hesitação, que percebo o quanto tenho certeza de que de a amo, de que ela faz parte da minha vida e mesmo daqui dez ou vinte anos eu sei que vou me lembrar dela, de como ela cheirava a sabonete de laranja e algo próximo ao mel, de como seus ombros eram salpicados de sardas, de como seus olhos pareciam mais um par das estrelas mais próximas da Terra e de como ela tinha aquela marca de nascença em forma de gota embaixo do seio esquerdo. E quando, no fim de outro dia ela sussurra “você está aqui?”, eu sei que estar perto não é o suficiente e eu sussurro de volta “estou com você. Sempre.” e então ela sorri com os olhos fechados, enrosca seu corpo nu e frágil junto ao meu e adormece sobre meu peito, respirando de maneira imperceptível. Meus dedos passeavam pela curva de suas costas, enquanto minha mente viajava para o dia de amanhã. Ela iria embora e eu não queria que ela fosse. Me senti um egoísta pensando isso, daqui a dois meses, Charlotte iria passar o fim de ano com a sua família em Londres e não estaria comigo. Amanhã ela voltaria para Nova Iorque e eu, novamente, ficaria sem vê-la por tempo indeterminado. A ideia de que até seus colegas de classe a viam mais constantemente do que eu me irritava e, consequentemente, a ideia de querer Charlotte só para mim, mesmo que tentadora, me enojava. Ela, sendo a mulher autosuficiente e independente que é, não precisava de alguém administrando sua vida. Ela só precisava de alguém. Para acalmar seus nervos quando a faculdade e o estagio estiverem a sobrecarregando, para estar com ela em momentos difíceis, porque ninguém é de ferro, para tornar sua vida mais fácil, sentimentalmente, não para enchê-la de mais preocupações. E por isso eu estava ali, além de amá-la como mulher, eu a amava como amiga e esse amor era o mais resistente e puro. Eu olhei para Charlotte a tempo de ver a pele das suas costas se arrepiando com o meu toque. Sorri e puxei o edredom, cobrindo até as suas omoplatas. E pensar que um dia eu tenha considerado a ideia de terminar com a Charlotte. Terminar um namoro por conta de outra pessoa. Isso sim seria algo impulsivo de se fazer. Foi a época em aconteceu aquela discussão entre ela e uma garota da faculdade. Ela havia agido por impulso, o que me rendeu várias matérias de televisão sobre o assunto (minha mãe ficou louca, o que a fez criar um pouco de antipatia com a Charlotte, mas acho que ela nem se lembra disso), não que eu ligasse para isso. Estava mais preocupado no porque de Charlotte agir daquela maneira, ela não me dizia o porquê de tanta raiva para com aquela
garota e tal assunto, o que confesso, me deixou irritadíssimo. Acho que foi nesse momento em que considerei o termino, liguei para ela e perguntei pela última vez a razão do seu enfurecimento, ela se exaltou e acabou soltando a seguinte frase “porque eu não sou o suficiente pra você”. E eu entendi tudo! Sobre a Mandy, sobre a garota da faculdade, sobre a oposição dela para com as celebridades femininas e afins, ela se sentia ameaçada e não era culpa dela. Imagino que ela pensa “meu namorado é uma celebridade, existem um milhão de garotas que gostariam de estar no meu lugar” e ela enlouquece tentando ser melhor que as outras garotas. Eu tentei por na cabeça dela que isso não existia, que era coisa da mente dela, e até achei que esse problema tivesse sido resolvido, que essa fase de insegurança dela tivesse passado, mas hoje mais cedo descobri que estava errado. Descobri que não consigo fazer a garota que eu amo acreditar que só existe ela. E isso é o pior de tudo.
Close Is Not Enough POV Logan Na manhã seguinte eu acordei com o barulho de porta sendo aberta. Abri os olhos e minha visão foi ofuscada pelo brilho que passava por entre as cortinas do meu quarto, fechei os olhos com força e me espreguicei, não senti Charlotte ao meu lado na cama e voltei a abrir os olhos. Ela estava apenas de sutiã e um short azul de malha, curvada sobre sua mala. – Bom dia – falei com a voz sonolenta. Ela levantou os olhos para mim e sorriu. – Bom dia – ela respondeu, com a voz suave. – Não queria ter te acordado. – Tudo bem – falei, coçando os olhos. – só feche a cortina direito, por favor. Ela foi até a janela e puxou a cortina cinzenta. – Peguei uma toalha emprestada – ela falou, voltando para a mala – espero que sua mãe não pire. Eu soltei um riso nasalado e me virei, ficando de barriga para baixo. – Pode deixar, ela não vai ficar sabendo. – falei. Observei Charlie se trocar e depois perguntei. – Que horas são? Ela soltou os cabelos e os bagunçou com a mão. – 7:40, eu acho – ela respondeu, ficou alguns segundos em silêncio e continuou. – pensei que pudéssemos ir almoçar em algum lugar. – ótima ideia – falei – mas ainda são sete da manhã. Ela riu e rolou os olhos. – Não seja idiota, Logan. – ela disse e sentou-se na cama, á minha frente – Dei uma ideia, apenas. Meu voo é ás 2h da tarde, pensei que poderíamos ir almoçar em algum lugar e depois ir direto para o aeroporto. Eu assenti e ela sorriu de lado. – Se vamos só mais tarde – comecei – porque acordou tão cedo?
– Preciso arrumar minhas malas, esqueceu?! – ela falou – Certas pessoas não deixaram que eu fizesse ontem! Eu ergui a sobrancelha. – Certas pessoas não reclamaram quando eu fiz o que fiz ontem. – falei. Ela riu. – Certas pessoas me encheram o saco para fazer o que fizeram ontem! – E certas pessoas fizeram o que eu queria de bom grado. – disse, por fim. – Touche – ela disse. Eu ri silenciosamente. Ela esticou a mão e começou a acariciar meus cabelos calmamente. Eu, definitivamente, voltaria a dormir, se ela continuasse com aquilo. – O que tem no meu cabelo que você gosta tanto de mexer nele? – perguntei. – Não sei – ela falou, sorrindo de forma tênue. – Deve ter um imã entre seu cabelo e a minha mão. Continuei encarando-a, minhas pálpebras pesando sobre os olhos cada vez mais. – Vai, dormir, vai. - ela disse, quase sussurrando. – Me acor... – Te acordo quando estiver na hora – ela terminou. Eu sorri e fechei os olhos.
POV Charlotte. Ás 11:33 da manhã, eu acordei Logan. Eu havia terminado de arrumar as minhas malas e estava pegando-as para levar para o andar de baixo quando Logan as retirou de minha mão e levou-as para mim. Detalhe: De samba canção. Eu não sabia se ria ou se o ajudava, na via de dúvidas apenas continuem rindo e o seguindo escada abaixo. Logan subiu novamente para se trocar e eu o fiquei esperando na sala.
Eu já estava pronta, de qualquer forma. O tempo havia mudado, estava nublado, porém quente, era aquele tempo “pré-chuva”, em que você escuta raios, trovões e sente até o cheiro de água vindo do céu, mas a chuva em si ainda não começou a cair; de forma que quando o Sr. E a Sra. Lerman estacionaram o carro na entrada da casa a chuva havia acabado de começar. Uma torrente de água caindo do céu. Não reclamava, pelo contrário, achava bom, o calor de L.A. não é para mim. Poxa vida, estávamos em outubro e a temperatura desse lugar nunca baixava. Pelo menos em Manhattan, segundo o noticiário, a temperatura já havia baixado. O Sr. E a Sra. Lerman adentraram a casa junto de do som de latir fino. Levantei o rosto para a porta e os vi carregando malas e... – Stella! Lolla – me levantei do sofá em um salto e fui ate eles. – Charlie, querida! – cumprimentou Sr. Lerman. – pensei que já tivesse ido. Sorri para eles. – Bem, na verdade só estava esperando o filho de vocês para ir – falei, ajudando a Sra. Lerman com as malas. – Obrigada, querida, pode colocá-las ali, por favor – Lisa pediu, indicando um canto perto da escada com a cabeça. Eu pousei a mala no chão e voltei-me para eles. – Awn, meu Deus, e essas duas garotinhas aqui?! Onde estavam? – perguntei, pegando Lolla no colo e fazendo carinho nela. Não. Stella e Lolla não são crianças, são as duas shiatsu da família Lerman, mas são mimadas como princesas, inclusive pelo Logan. – Havíamos levo elas para uma casa de campo para cães perto do resort há duas semanas! – respondeu senhor Lerman. – como Logan íamos viajar não tínhamos com que deixá-las. Eu sorri e me voltei para Lolla. – Casa de campo para cães?! – falei e logo em seguida recebendo uma lambida no rosto de Lolla. A Sra. Leman riu. – São mais chiques que a gente, não?! – ela falou. – Querida, vou subir para tomar um banho. – começou o sr. Lerman. – Caso não a veja antes de sair...
Ele depositou um beijo em minha testa. – Vá com Deus e avise quando chegar! – terminou. Eu sorri. O sr. Lerman com certeza era como um tio para mim, tenho certeza disso, pois os gestos dele para comigo, como este beijo na testa, era iguais ao de Billy comigo e com meu irmão. – Pode deixar – falei e ele se retirou. A sra. Lerma colocou Stella no chão, que saiu correndo e latindo desesperadamente pela casa. Eu ri e falei: – Acho que ela estava com saudade de casa! Lisa riu. – Deixe o Logan saber que as trouxemos de volta. Ele vai enlouquecer... – É impressão minha ou eu ouvi latidos?! – ouvi a voz de Logan, vinda da escada. Eu me virei para ele e seus olhos foram direto para Lolla em meu colo. – Lolla! – exclamou, com os olhos arregalados. Ele pegou Lolla de meus braços e começou a brincar com ela dizendo coisas do tipo “quem é a lindinha do papai?” ou “papai estava com saudades” apenas se interrompendo para dar um beijo no rosto da mãe. Eu ri, encarando Logan. Ele sempre era tão bobo assim, ou só quando alguma das suas cachorrinhas estava presente?! Stella não demorou muito a aparecer também e correr para os pés de Logan, arranhando seus jeans e tênis. – Oi, garota – Logan falou, agachando-se para acariciar Stella. – Bem, eu vou tomar um banho. – a sra. Lerman falou – Logan onde está sua irmã? Logan levou sua atenção a mãe. – Ela estava aqui ontem – disse Logan, soltando Lolla e levantando-se em seguida – Charlie e eu demos uma saída ontem e quando voltamos, ela não estava mais aqui. – Deve estar com James, então – disse Lisa e logo depois se voltando para mim – Bem, Charlie, já que estão de saída... Ela me abraçou, foi um abraço rápido, mas ainda sim foi um abraço, o que me fez pensar que a sra. Lerman com certeza podia gostar de mim.
– Até mais, querida – ela disse quando se afastou, eu sorri – Espero que volte mais vezes. – Claro. Vão me visitar em meu loft a próxima vez que forem a Nova Iorque. – Pode deixar – ela falou sorrindo e então se retirou. – Ah, mãe, eu vou almoçar com a Charlotte – Logan avisou. – Está bem! – Lisa respondeu. Depois de colocar as pressas as malas no porta-malas do carro, Logan e eu voltamos para seu quarto, para fazer uma revisão rápida. Acabei por encontrar meu iPhone no criado mudo de Logan. Aproveitei para ligar para Mark e Brooke. O voo deles era ás 1h10, o que significa que provavelmente eu não os veria no aeroporto, então combinamos de nos encontrar a noite para comermos cachorro-quente no Grey’s Papaya. Voltamos para o carro. A chuva havia engrossado e pingos grossos e gelados colidiam com a minha pele, o que me fazia arrepiar, embora, ainda assim, não estivesse frio. Entramos no carro e seguimos pelo fim da rua. Eu começara a sentir um aperto no coração em ter de deixar Logan sem ter previsão de um novo encontro. Ele, por sua vez, percebeu o quanto eu estava aflita e segurou minha mãe mão, entrelaçando nossos dedos. Levantei os olhos para ele e sorri. – Queria que você fosse comigo – falei. – Eu queria que você fosse comigo – ele disse. – Para onde? – Para onde o vento me levar – ele me lançou um olhar divertido, eu ri e baixei a cabeça. Ficamos em silêncio por alguns minutos, apenas ouvindo os grossos pingos da chuva batendo contra a lataria do carro e o barulho do limpador de para-brisa ligado. – é estranho... – quebrei o silêncio. – O que exatamente?! – Eu. – falei – Não eu, exatamente, mas o que acontece comigo toda vez que vamos nos separar por algum tempo. – E o que acontece com você?
– Eu não sei, - comecei em meio a um suspiro – é que eu já sinto sua falta antes de ir embora. Isso não é normal. Um canto dos seus lábios se curvou em um sorriso. – Perto não é o suficiente – ele disse, me olhando. Eu sorri para ele. Segundo Logan, essa é a frase que resume o nosso relacionamento. Na primeira vez em que ele me disse isso eu o encarei e disse “falou como um cineasta” e ele me deu um dos sorrisos mais lindos deste mundo. Logan me levou em um lugar muito gosto para almoçarmos. Era um hibrido de lanchonete dos anos 60 e restaurante caseiro, a comida era deliciosamente fresca e podia-se ouvir apenas o som abafado de música e conversas sussurradas. Depois Logan e eu dividimos uma torta de chocolate com morangos, que ele fazia questão de me dar na boca. Eu já disse que amo morangos?! Ou melhor, já disse que amo quando Logan me dá morangos na boca?! Eu, com certeza, não queria ir embora, não agora. Ficamos enrolando tanto no restaurante de forma que quando saímos de lá já era 12h47. O aeroporto ficava, aproximadamente, trinta e cinco minutos dali, então quando Logan estacionou o carro, eram 13h26. A chuva havia cessado, deixando para trás uma leve sensação de frescor, agradeci mentalmente por não estar sol. Ajudei Logan a colocar minha mala no carrinho e adentramos o aeroporto, ficamos cinco minutos na fila para despachar a mala, mas foram cinco minutos suficientes para duas garotas ensandecidas virem até Logan e pedirem fotos e autógrafos. Sim, com certeza as nossas “férias” haviam terminado. Logan foi educado e simpático com as meninas (como sempre é), que, enquanto esperavam Logan autografar suas agendas, me reconheceram e arregalaram os olhos. Eu lancei a elas um sorriso tímido que logo retribuíram. Talvez elas tenham pensado que eu ficaria brava ou coisa do tipo. As garotas agradeceram a Logan se retiraram bem no momento em que a minha vez na fila chegou. Fomos para os bancos perto do saguão da plataforma onde eu embarcaria. Ficamos sentados ali, conversando e dividindo o que havia restado dos meus Nerds. Eu, com o corpo voltado para Logan e ele mexendo em meus cabelos, eu podia muito bem dormir ali. Deixei-o sozinho e fui ao banheiro, quando voltei, novamente, ele estava rodeado de garotas, obviamente elas esperaram eu me afastar para falar com ele. Esperei que elas se retirassem olhando algumas vitrines de artesanato, indignada com o preço absurdo de uma peça em especial. Meu Deus, como coisa de aeroporto é cara. Posso comprar vários desses enfeites em na Fresh (uma loja de bugigangas na Bleecker Street). Estratégia de batalha para namorar celebridades: Saiba se entreter com coisas inúteis enquanto espera o fim do assédio de fãs e papparazzis. Senti alguém me abraçando pela cintura (Logan, obviamente).
– porque não voltou para lá? – ele perguntou. – Porque você estava ocupado, Logan. Que pergunta. – falei, com os olhos na vitrine. – E daí?! – Tsc, deixe para lá – falei. – Vamos voltar, então?! – Vam... “Passageiros do voo 7892, com destino a Nova Iorque, por favor compareçam a plataforma de embarque 7.” A voz soou. Eu me virei para Logan, agora era irremediável. – Agora é tarde demais – ele disse, encolhendo os ombros. Eu rolei os olhos e o abracei com força, enterrando o rosto em sua camisa jeans. Seu cheiro me inundando, seus braços a minha volta, seus lábios em meu pescoço... Por que isso tinha que ser tão bom a ponto de eu não querer soltá-lo nunca? – Você ainda pode ir comigo, sabia?! – falei, antes de me desvencilhar de seus braços. Ele riu. – Hoje não. Eu mordi os lábios e dei de ombros. – Bem, eu tentei – falei. Ele sorriu e eu o beijei de leve, apenas para sentir seus lábios nos meus. – Tudo bem, eu preciso ir agora – falei, quando me afastei. Eu organizei minha passagem e R.G. nas mãos. – Está tudo ai? – Logan perguntou – passagem, R.G.? Eu assenti. – Tem dinheiro para o táxi? – ele perguntou – Tenho sim – eu falei.
– Ok. Ele sorriu, se inclinou e beijou minha bochecha. “Passageiros do voo 7892, com destino a Nova Iorque, por favor compareçam a plataforma de embarque 7.” – Agora eu preciso ir mesmo – falei. – Vai lá, pequena. Eu sorri para ele e me virei, indo em direção à plataforma.