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Se divertir e aprender

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Destinos

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por MIChELLE MONTE MOR

briNcadeiras e leitura de livros auxiliam Na educação, No deseNvolvimeNto iNtelectual e Na formação do comportameNto iNfaNtil

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em um mundo cada vez mais conectado, incentivar brincadeiras e resgatar o hábito da leitura entre as crianças é um desafio para familiares e educadores. No entanto, recorrer às brincadeiras no momento do aprendizado infantil traz diversos benefícios. Carolina Manzato, Mestre em Educação e consultora de leitura, fala sobre alguns benefícios das brincadeiras. As atividades relativas à movimentação do corpo, por exemplo, auxiliam o indivíduo em sua autopercepção e no desenvolvimento da percepção espacial. Já, as brincadeiras de “faz de conta” auxiliam a criança em sua formação comportamental (moral), uma vez que, por meio delas, experimenta-se aquilo o que se deseja ser em papéis sociais diversos. “Os jogos competitivos de tabuleiro, além do desenvolvimento estratégico-cognitivo, permitem que as crianças experimentem o ganhar e o perder, a lidar com as adversidades e frustrações. Os jogos colaborativos ensinam sobre solidariedade. As atividades de estímulo à criatividade são fundamentais a nossa posterior sobrevivência diária como adultos, em relação às diversas possibilidades de resolução de problemas e flexibilidade social”, afirma Manzato. E, na sala de aula, é possível ensinar de forma lúdica? Carolina Manzato afirma que sim. “É o que

se espera dos educadores. Nossa documentação oficial vigente solicita que se evoque o lúdico, tanto para o Ensino Infantil, quanto para o Ensino Fundamental. Alguns teóricos da Educação, e eu também, como professora, acreditamos que, quando você consegue transpor o conteúdo a ser abordado para um lugar mais divertido e lúdico, a possibilidade de armazenamento pela memória se amplia”, diz. Aprendendo de maneira lúdica o conteúdo escolar, a criança guarda a experiência, por estar conectada ao emocional e ao afetivo.

bENEFíCIOS DAS bRINCADEIRAS LúDICAS

Os jogos e as brincadeiras fundamentam o exercício da liberdade e, de acordo com Patrícia Silva Melo, psicóloga, pedagoga e psicopedagoga, eles desenvolvem a imaginação e a criatividade, superando os desafios da aprendizagem. “A brincadeira é um dos instrumentos didáticos utilizados para a construção do conhecimento, desenvolvendo novas competências e habilidades. É através dos jogos e brincadeiras contextualizadas, de conteúdos sistematizados e planejados, que os professores podem apresentar os conteúdos programáticos para o desenvolvimento do aluno, favorecendo condições de aprendizagens. Os pais podem utilizar as brincadeiras para

Carol Manzato

o projeto rodiNHas literárias com curadoria de carol maNzato

a socialização dos filhos entre os familiares e grupos sociais”, explica a psicopedagoga. E, nem sempre, são necessários brinquedos para essas atividades. “O lúdico é uma atividade que apresenta oportunidade do ser humano criar, imaginar, construir vocabulário e textos escritos e falados”, revela Patrícia Melo. De acordo com a Dra. Heloísa Garbuglio, Mestre em Psicologia Clínica, o brincar está relacionado ao prazer. “Além de sempre proporcionar prazer à criança, enquanto estimula o desenvolvimento intelectual, a brincadeira também ensina, sem que ela perceba, os hábitos mais necessários ao seu crescimento, como persistência, perseverança, raciocínio, companheirismo, os eventos sociais, a dinâmica interna e a estrutura de seu corpo.” Segundo ela, é durante uma brincadeira e, por meio dela, que as crianças

ALgUMAS bRINCADEIRAS LúDICAS

• Completar desenhos • Massinha de modelar • Trava-línguas • Cantigas de rodas • Boliche • Cordas e suas variações • Telefone sem fio • Dominó • Bola • Dramatizações

aprendem novos conceitos e se preparam para o mundo. “Diferentemente de jogar, brincar não exige da criança mais do que ela pode dar. Não há competição e nem estresse, o que torna a atividade altamente positiva. Não importa a raça, cultura ou classe social. Brincar pertence a todos”, diz.

ApRENDIzADO pARA pAIS E pROFESSORES

Diante da necessidade de proporcionar materiais pedagógicos para que professores e pais pudessem desenvolver atividades práticas com as crianças, os professores de Física Dr. Ricardo Hidalgo Santim e Dr. Danilo Antonio da Silva resolveram criar, em 2016, a Estante Criatividade Ciência (www.estantecriatividadeciencia.com.br).

a briNcadeira também eNsiNa persistêNcia, perseveraNça, raciocíNio e compaNHeirismo

os proFessores de Física dr. daNilo aNtoNio da silva e dr. ricardo Hidalgo saNtim

O objetivo é capacitar professores e famílias em metodologias ativas para serem aplicadas com as crianças, principalmente da Educação Infantil e Ensino Funda-

ALgUMAS SUgESTõES DE LIvROS pARACRIANÇA

A Vida Não me Assusta

O livro de Maya Angelou e Jean-Michel Basquiat aborda a questão dos medos. Ilustrado com obras de Basquiat;

Nunca Acontece Nada na Minha Rua

Escrito por Ellen Raskin, o livro é rico para a exploração da leitura não verbal também. Aborda a percepção do mundo e os sentimentos do garoto Luís Rodolfo;

Um Garoto Chamado RORBETO

Gabriel, o Pensador usa as rimas para falar sobre a inclusão social e respeito às diferenças;

O Mundo no Black Power de Tayó

O livro escrito por Kiusam de Oliveira é uma ótima opção para se trabalhar as questões étnico-raciais. mental. Os materiais são disponibilizados em um canal no YouTube e no Facebook. “A ECC atua no segmento de educação, oferecendo cursos on-line e presenciais, assinatura e vendas de livros, confecção e venda de materiais pedagógicos, palestras, organização de eventos e consultoria em projetos educacionais”, explica o professor Danilo Antonio da Silva. O público-alvo são escolas, instituições e educadores, estudantes de cursos de licenciaturas, pais e responsáveis que buscam acompanhar e dar suporte ao desenvolvimento intelectual, afetivo, emocional,

cultural e social dos seus filhos. Além da plataforma on-line, os professores têm três livros publicados, todos pela Editora Pindorama.

LEITURA qUE TRANSFORMA

Muitas famílias têm trocado as brincadeiras e a leitura de livros pelas telas (celular, computador ou tablet). Ainda não é possível avaliar qual será o resultado do uso excessivo das ferramentas tecnológicas, mas alguns estudos já sugerem que elas atrapalham o desenvolvimento cognitivo. “A leitura é, primeiro, um direito de todo indivíduo e deveria ser assegurado. Gosto muito do conceito freiriano de leitura, em que se fala primeiro em leitura de mundo (compreensão do universo em que se insere e identidade sócio-histórico-cultural) para posterior leitura da palavra. A leitura, em especial a leitura literária, para crianças é fundamental, pois, por meio dela, prepara-se o cérebro para a modalidade escrita (leitores são melhores escritores em maioria), são acessadas rotas de elaboração emocional de questões existenciais, amplia-se a visão de mundo e o universo vocabular. Ler é mágico. O hábito de leitor se cria, principalmente pelo exemplo. Crianças que convivem com leitores, tanto em casa quanto no ambiente escolar, tendem a naturalizar a leitura, a presença do livro”, revela Carolina Manzato.

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