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Introdução

O imaginário Luso é pleno de história e lendas de um passado longínquo, partilhado com outros povos e outras culturas.

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Mouras encantadas, castelos e cavaleiros, romantismo, ressuscitam na voz do povo que ao redor da luz cintilante da fogueira e no crepitar de saltitantes fagulhas, adquirem vida no imaginário profícuo da mente!

Os textos apresentados nesta coletânea de lendas, embora com algum rigor histórico, são obra literária e alguns dos seus personagens e cenas são ficção; Fonte de informação: Voz popular, cancioneiro popular

Autor: Alma Lusa

VOZ POPULAR, ANSEIO POPULAR!

Só nos resta morrer, soou a voz de D. João de Portugal; morrer sim, disse El-Rei D. Sebastião com a voz abafada pelo fragor da batalha, mas devagar, picou o cavalo e embrenhou-se entre as hostes mouras brandindo a espada.

Bem o seguiram fiéis cavaleiros para o proteger de infortúnios que infortúnios trariam a Portugal.

Em manhãs de nevoeiro, nas praias do Algarve, é esperado o Desejado, que nas terras mouras de Alcácer Quibir se fundiu nas brumas do tempo e da lenda.

A longa noite começou, E o povo espera e anseia…

Lenda do Desejado

Batalha de Alcácer Quibir aquariusul.blogs.sapo.pt

I Afonso I de Portugal

Já fica vencedor o Lusitano, Recolhendo os troféus e presa rica; Desbaratado e roto o Mauro hispano, Três dias o grão rei no campo fica. Aqui pinta no branco escudo ufano, Que agora esta vitória certifica, Cinco escudos azuis esclarecidos, Em sinal destes cinco reis vencidos.

Lusíadas Canto III - 54 aquariusul.blogs.sapo.pt aquariusul.blogs.sapo.pt

Corria o ano de 1179, fria e nebulosa era a manhã. Nos seus agasalhos aconchegado o santo padre, que de santo só tem o nome, passeava meditativo; tinha que resolver um problema na longínqua Ibéria, os Portucalenses, descendentes dos Lusitanos, que outrora tinham combatido os romanos e derrotado por diversas vezes as legiões de César, estavam a criar problemas e situações embaraçosas, queriam formar o seu reino e lutar contra a mourama que ocupava terra cristã, anseio ancestral arraigado às terras de entre Douro e Minho.

Mas o rei de Leão e Castela, poderoso e ávido daquelas terras, opunha-se, tinha mais poder e era mais interessante para os jogos políticos que Alexandre III executava em nome da santa Igreja.

É verdade que em 1143 Portugal já fora reconhecido como reino independente por Afonso VII, pelo tratado de Zamora, mas este reconhecimento escondia o desejo de Afonso VII se tornar imperador da Hispânia e tomar Afonso I de Portugal como seu vassalo.

Desejo inocente para quem pensou que Afonso I de Portugal se tornaria vassalo.

Enquanto percorria os corredores ladeados de pedra fria, envolto em pensamentos de questões terrenas, tocou de leve no pesado crucifixo, ouro e pedras preciosas ornavam o corpo macerado de Cristo e um arrepio percorreu o seu corpo. Com um desvio brusco de sua cabeça desviou o pensamento espiritual, que no momento o ocupou e, novamente, se embrenhou na questão política: que anseio leva o espírito humano a gritar liberdade e a lutar pela sua identidade?

Bem, se esse povo, com tanto ardor defende a terra que é sua e quer libertar a terra cristã ocupada pelos infiéis desde séculos, seja declarado e reconhecido o reino de Portugal e Afonso Henriques seu Rei, vassalo da Santa Igreja.

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