“As ilhas desconhecidas” Raul Brandão “A beleza dos arquipélagos atlânticos” As Ilhas Desconhecidas são as ilhas dos Açores e da Madeira, percorridas por Raul Brandão. Através desta narrativa de viagem, somos transportados de ilha em ilha, guiados apenas pelos nossos sentidos. Os olhos são invadidos pelas cores das ilhas - o verde dos pastos, o negro das rochas, o cinzento do nevoeiro e a multiplicidade de cores que se revelam pela ação do sol.
Este livro foi escrito por Raul Brandão quando viajou pelos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Brandão embarca no navio São Miguel rumo aos arquipélagos atlânticos. Nele, Brandão descreve de forma comovida e paciente a paisagem e a solidão insular, a cor raríssima de cenários mágicos e ignorados, o exotismo perturbador e silencioso, um retiro de melancolia e beleza. Durante a sua viagem Brandão, visita todas as ilhas dos dois arquipélagos e descreve todas as paisagens que vê. Da viagem, o autor destaca a beleza da ilha das Sete Cidades e face a esta paisagem Raul Brandão não podia ser menos contido na grandiloquência que o sentimento conferiu às palavras: "irrealidade, algo fora da vida, regiões inesperadas de sonho". Após a leitura do livro, nota-se o maior gosto e simpatia do autor pelas paisagens e gentes dos Açores em relação às da Madeira.
“A costa para o nascente desdobra-se em cinzento, em roxo e negro no primeiro plano, com uma grande nuvem cor de chumbo a desfazer-se-lhe em cima e um rasgão de céu mais alto e claro, de planície etérea cor-de-rosa. Da névoa esfarrapada sai um clarão de fogo – riscos de oiro atravessam a poeira incendiando tudo em explosão. Por baixo a falésia alta derruba-se sobre o mar, com filamentos verdes derretidos nas águas. No segundo plano o azul mistura-se ao roxo e ao negro requeimado de grandes penedos. E no fundo anda pó verde do mar entranhado no póó́ roxo que dilui tudo na mesma tonalidade – as águas, o céu, as rochas aguçadas e dramáticas. Mais um momento e o drama chega ao auge: um crepúsculo em que a gente vêê as cores despenharem-se num abismo uma atrás da
Pequeno excerto da obra: Biografia do autor
Raul Germano Brandão, nasceu a 12 de março de 1867. Viveu na Foz do Douro, Porto localidade onde passou a sua adolescência e mocidade. Sendo filho e neto de homens do mar, o oceano e os homens do mar foram um tema recorrente das suas obras. Raul Brandão visitou os Açores no verão de 1924, no âmbito das visitas dos intelectuais então organizadas sob a égide dos autonomistas. Dessa viagem, resultou a publicação da obra “As ilhas desconhecidas - Notas e paisagens” (Lisboa, 1926). Faleceu a 5 de dezembro de 1930, com 63 anos.
APRECIAÇÃO CRÍTICA
Este livro relata a beleza e perfeição dos arquipélagos dos Açores e da Madeira. Escolhi este livro porque ao ler o título achei interessante a palavra “Desconhecidas”, e então decidi ler para ver quais seriam as ilhas desconhecidas. O livro é quase como um diário, pois o autor relata tudo o que vê no dia-a-dia, nele o autor descreve as paisagens, o quotidiano, o gado, etc... Nota-se que o autor gostou mais da passagem pelos Açores, principalmente a Lagoa das Sete Cidades, que é uma paisagem belíssima e muito atrativa. Já da Madeira, o autor gostou, mas durante a leitura do livro, nota-se que despreza um pouco o quotidiano desta ilha. Penso que o autor escreveu um grande livro, pois consegue destacar as ilhas portuguesas, elogiando as paisagens que a natureza, pôs ao dispor das ilhas, chamando também a atenção dos portugueses, dizendo que a beleza de Portugal não está só no continente mas também nas ilhas. Pessoalmente, achei o livro muito interessante e atrativo, gostei do tema e consegui descobrir o porquê do título “Ilhas Desconhecidas”, pois, como já tinha referido, tinha curiosidade em saber quais eram as ilhas desconhecidas.
Outras obras do autor:
“Húmus”, 1917
“Os Pescadores”, 1923
“O gebo e a Sombra”, 1923