AFRÂNIO FRANCO DE OLIVEIRA MELLO
EU E OS MEUS ORSI E RAMACCIOTTI Volume I Gráfica Regional -------------------------------------------------------------Itapetininga (SP) 2015 Produção Editorial
Digitação Diagramação Revisão da Obra Fotografias Capa Impressão e acabamento Copyright
Afrânio Franco de Oliveira Mello Fabio Henrique Silveira Annita Franco Mello de Cabral Zilda Jordão Afrânio Franco de Oliveira Mello Alexandre Monteiro de Oliveira Mello Roberto Soares Hungria Neto Edmundo José Vasques Nogueira Gráfica Regional –Itapetininga/SP c2014 by Afrânio Franco de Oliveira Mello Todos os direitos reservados ao autor Rua José Antonio Vieira,126 Jardim Shangrilá – Itapetininga/SP CEP 18.208-550
Eu e os meus...
Dedico este trabalho à memória de meus pais Antenor de Oliveira Mello Júnior e Amélia Corrêa Franco Melo,pelo incentivo
Dedico também a minha esposa Regina Tereza Monteiro de Oliveira Mello, aos meus filhos Alexandre Monteiro de Oliveira Mello e Tatiana Monteiro de Oliveira Mello, pelo apoio e ao meu neto
Afrânio Cirineu Brumer de Oliveira Mello,pela esperança e em especial a todos os meus familiares citados neste livro.
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Afrânio Franco de Oliveira Mello
O livro “Eu e os Meus - Orsi e Ramacciotti” foi editado graças a colaboração financeira dos seguintes familiares: Afrânio Franco de Oliveira Mello Aguinaldo Franco de Oliveira Mello Aguinaldo Franco de Oliveira Mello Filho Alba Regina Franco Carron Luisi Alexandre Monteiro de Oliveira Mello André Dias de Oliveira Mello Annita Franco Mello de Cabral Antônio Roberto Franco Carron Fernando Estevam Orsi Isolina Santos Moura ( Zola Orsi ) Lêda Maria Cerqueira Jorge Maria Elisa Orsi Santiago Maria Margarida Mazarino Nilza Maria Orsi Vieira Renato Rocha Peres de Oliveira Ruy Franco Cerqueira Sandra Maria Moura Sônia Maria Moura Sérgio Orsi
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EU E OS MEUS - ORSI E RAMACCIOTTI
Agradecimentos especiais “ In memoriam ” Isolina Orsi ( Tia Néspola ) , Dirce Franco Ferreira, Geraldo Corrêa Franco , Alcina Rocha Peres de Oliveira e Attilia Ramacciotti. “ Aos depoentes e aos com outros trabalhos ” Isolina Santos Moura ( Zola Orsi ) , Maria Margarida Mazarino, Tereza Orsi Antunes, Maria Benedita Catib Portella , Annita Franco Mello Cabral , Maria Elisa Orsi Santiago, Jean Piero Bini , Franchesco Ripasarti, Dirce Ramacciotti, Minelvina Ramacciotti, Juliano Ramacciotti, Zilda Jordão ,Maria Cecilia Cattani, Aparecida de Fátima Orsi da Silva,Mário Celso Rabello Orsi Júnior,Maria do Carmo Orsi Fernandes Ruivo,Maria do Carmo Nobili Orsi,Beto Hungria,Edmundo José Vasques Nogueira...... e a todos aqueles que ,de uma forma ou de outra, deram sua colaboração para que este livro fosse realizado. Afrânio Franco de Oliveira Mello
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PREFÁCIO Professora Maria Margarida Mazarino
O livro EU E OS MEUS – ORSI E RAMACCCIOTTI, representa a realização de um sonho. Um sonho que se constituiu num projeto de vida. Afrânio Franco de Oliveira Mello, seu autor, colocou na construção desse projeto alguns anos de sua existência e o fez com muita determinação, muito trabalho e, acima de tudo, muito carinho. Consciente ou inconscientemente , usou a elaboração desse livro como um instrumento de reorganização das suas relações sociais e afetivas com toda sua família. Ao narrar suas histórias colocou como viga mestra as genealogias. A partir de seus antepassados traça a trajetória de diversos “ clãs ” de uma forma muito peculiar. Afrânio concebeu este livro como uma obra coletiva. Deu a palavra a cada um dos membros dessa “ tribo “ que se dispôs a embarcar numa viagem ao passado. Uns o fizeram com prodigalidade, outros minimizaram sua contribuição.Porém,essas flutuações foram aceitas perfeitamente como naturais e não arrefeceram o seu entusiasmo na elaboração dessa obra.Pelo contrário, até possibilitaram mais visitas e,assim, usufruir do delicioso sabor de mais cafezinhos e de novas conversas aumentando o número de “ horas de saudade “. Afrânio doou-se tanto na construção desse livro, e foi tão fiel ao seu projeto que, ele mesmo , não se furtou a participar das narrativas. De modo muito respeitoso, interrompe a fala de seus colaboradores para colocar seus acréscimos ao que está sendo narrado, ou mesmo
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para expressar suas emoções diante de fatos dos quais participou ou que dizem respeito, de modo mais próximo, à sua própria vida. Mas, Afrânio não se limitou ao relato de seus familiares. Fez interessantes pesquisas sobre a região de alguns de seus antepassados bem como no campo da heráldica. Afrânio realizou seus sonhos e nos deixa uma bela e significativa obra. Ao escrever este prefácio lembrei-me , e permito-me registrar aqui os versos de um soneto de Vicente de Carvalho, “ A um poeta moço “ que diz: “ Trouxe a certeza , enfim, se há sonhos certos, De ter vivido em plena claridade Dos sonhos que sonhei de olhos abertos “
Maria Margarida Mazarino, é prima em segundo grau do autor. - Professora Primária formada no Instituto de Educação Peixoto Gomide de Itapetininga. - Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo . - Formada em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas . - Lecionou no Grupo Escolar “Visconde de Mauá “ em Mauá , na Escola Industrial “Carlos de Campos “ ,na Escola Técnica Federal de São Paulo, na Escola Experimental “Dr. Edmundo de Carvalho “ em São Paulo, e ainda na Faculdade de Propaganda e Marketing de São Paulo. - Dirigiu a Escola Estadual de 1º. e 2º. Graus “Mauro de Oliveira “ em São Paulo. - Coordenou a Equipe Técnica Pedagógica na Divisão de Assistência Pedagógica, no Centro de Recursos Humanos e na Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo , colaborando ativamente no Plano de Implantação da Lei 5.692/71 – conhecida como a Reforma do Ensino.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Geneabrasil – Cláudio Campacci - Site: www. handelportal.com ;
A Heráldica – Descubra suas raízes medievais – Cláudio Campacci ;
Luiz Sponchiado Italiana .
Crônicas da Colonização
Os nomes mais comuns em toda a Itália - site: passaporte italiano
Museu do Imigrante – São Paulo – Documentos
Documentos Italianos - Stato Civile – Comune de Capannori - Itália
Sites diversos na Internet
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Sumário Prefácio Professora Maria Margarida Mazarino......................................... 08
Apresentação Afrânio Franco de Oliveira Mello................................................... 13
Algumas Palavras Afrânio Franco de Oliveira Mello................................................... 19
Historiografia do Sobrenome.......................................25 Figuras Heráldicas e seus significados......................30 Itália Geográfica...............................................................33 Itália Histórica...................................................................38 A Saga dos Imigrantes Italianos..................................43 Família Orsi – Genealogia.............................................51 Giovanni Orsi / Júlio Orsi.............................................65 Raffaelo Orsi.......................................................................70 Relação de Imigrantes Orsi...........................................78 Depoimento de Isolina Santos Moura( Zola Orsi)....89 Depoimento de Maria Margarida Mazarino........ 115 Jean Piero Bini................................................................ 140 Depoimento de Dirce Franco Ferreira................... 147 Depoimento de Geraldo Corrêa Franco................. 163 Depoimento de Annita Franco Mello Cabral....... 169 Depoimento de Afrânio Franco de Oliveira Mello... 174 Família Dante Orsi........................................................ 199 Hermenegildo Orsi................................................ 214 Pedro Orsi................................................................ 225 João Orsi.................................................................. 256
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Carlos Orsi.............................................................. 260
Roberto Orsi........................................................... 270
Ignez Orsi................................................................ 276
Domingos Orsi....................................................... 280
Herminia Roza Orsi.............................................. 285
Hélio Orsi................................................................ 289
Nelson Orsi............................................................. 297
Adelaide Orsi.............................................................................. 301 Ignez Orsi (Ínice)..................................................................... 303 Pedro Mazzarino.................................................... 306 Paulo Mazzarino.................................................... 314 José Mazzarino Filho............................................ 319 Maria Margarida Mazarino................................. 326 Setimina Orsi (Genóva)........................................................ 337 Antonio Portela...................................................... 339 Argentina Orsi............................................................................ 351 Isolina Santos Moura (Zola Orsi)...................... 358 Abrahão Orsi (Neluxo).......................................................... 371 Flávio Orsi............................................................... 381 Valdir Orsi............................................................... 383 Tereza Orsi Antunes............................................. 384 Célio Orsi................................................................. 384 Ademir Orsi............................................................ 385 Alexandre Orsi (Bimbo)....................................................... 395 Santino Orsi................................................................................. 421 Estevam Orsi .............................................................................. 445 Família Ramacciotti............................................................... 457
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APRESENTAÇÃO Nasci em Itapetininga, Estado de São Paulo, em 03 de dezembro de 1946, na casa de meus avós maternos, Francisco Corrêa Franco e Adelaide Orsi Franco, pelas mãos da parteira Dona Alice de Godoy. Logo após o meu nascimento, retornamos à cidade de Guareí onde meus pais tinham sua residência, sendo minha mãe, Amélia Corrêa Franco Mello, professora no Grupo Escolar local e meu pai, Antenor de Oliveira Mello Júnior, Agente de Estatística do atual Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Mudamo-nos para Itapetininga, no ano de 1951, indo residir em uma casa do meu tio Antonio Cerqueira (Yoio) e de minha tia Arminda Franco Cerqueira, localizada na rua Saldanha Marinho, nº. 770, permanecendo aí até o ano de 1966, ocasião em que nos transferimos para a residência construída por meus pais, situada na rua Higino Rolim de Rosa, nº. 91, na Vila Rosa, parte central da cidade, ainda de propriedade da família. Os primeiros anos escolares, Jardim de Infância, Cartilha, 1º e 2º anos do Grupo Escolar os fiz no Instituto Imaculada Conceição, na parte da manhã, o que sempre me obrigava a levantar muito cedo para esperar, na porta de minha casa, o ônibus escolar que nos pegava para ir à escola e posteriormente nos trazia da escola para casa. Esse ônibus foi famoso em Itapetininga, tendo até um apelido “ JARDINEIRA”, e era nas cores azul e branco, cores do Instituto Imaculada. Foram meus primeiros orientadores no Jardim a Madre Melânia, na Cartilha a Prof. Sylvia Maria de Oliveira e nos 1º. e 2º anos as
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Madres Otília e Judith. Fui transferido para o Instituto de Educação “Peixoto Gomide”, onde estudei os anos restantes do grupo escolar. No 3º. ano fui aluno da Profª. Pérola, no 4º. ano da Profª. Angelina e no 5º. ano da Profª.Rosinha, sendo Diretora a Profª Saturnina Rios Martins. Ao tempo que estudava o 5º. ano fiz o Externato (reforço) com a Profª. Hilda Cardoso e, para orgulho de todos os meus, passei em 11º. lugar no exame de Admissão ao Ginásio, na época muito concorrido. A parte do antigo Ginásio, da 1ª à 4ª série, fiz no mesmo Instituto de Educação, passei para o Ginazinho e, depois, retornei ao Instituto concluindo esse ciclo. Fiz Contabilidade na antiga Escola de Comércio de Itapetininga. Estudei Direito até o 2º. ano, sendo obrigado a interromper os estudos por motivos de saúde, naquele momento, e, hoje, por motivos profissionais. Comecei a trabalhar na feira livre com 9 anos de idade como auxiliar da Srª Floriza Vieira, mãe do particular amigo Reinaldo Luiz Vieira, que vendia panos aos pedaços. Íamos com duas malas grandes de papelão, daquelas antigas, ela com uma e eu com outra, mais leve já que levava os “jornais” para forrar o chão e algumas peças de tecidos. O segundo emprego já como “vendedor”, igualmente na feira livre, às quintas-feiras e aos domingos, foi com meu tio Pedro Ferreira, esposo da tia Dirce Franco Ferreira, irmã de minha mãe.Saía de casa às 04h30 da manhã, ia até a casa de minha avó, enchia um carrinho de mão, do tipo cargueiro, com as pencas de banana maçã,
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balança e outros apetrechos, deixando na feira com o colega do lugar ao lado, voltava e pegava mais meio saco de feijão e meio saco de arroz, completando a carga do dia. Trabalhava até às 10h, momento em que tínhamos que voltar, pois era hora do fiscal da Prefeitura passar para receber a taxa de uso do espaço. Coisa que hoje me dá arrepios só de contar essa prática indevida que fizemos. Muitas vezes acompanhava o Tio Pedrão (que era barbeiro de profissão), com seu caminhão tipo Chevrolet Gigante, até o Bairro do Biscoito Duro, onde tinha um sítio, que era cuidado pelo seu pai, Nhô Izaltino, para comprar dos vizinhos a banana maçã em cachos, caquis, frangos, etc... Na volta os cachos de banana eram transformados em pencas, cortados que eram e colocados no porão para um amadurecimento mais rápido. Para os caquis deixarem de ser marrentos, pingávamos uma gota de carbureto em cada um. Em seguida, trabalhei na Casa Rex de propriedade do Sr.Paulo e Dona Margarida Naef. Uma das minhas atividades era ficar tocando os “pianinhos”, as “gaitas”, as “cornetas”, os “bumbos”, as “clarinetas e pistões “, os “xilofones”, tudo com a clara intenção de mostrar às mães que esses brinquedos funcionavam muito bem. Fiquei uns tempos sem trabalhar, mas muito pouco tempo, para iniciar novamente, agora, com tempo integral e responsabilidades novas, na Loja de roupas feitas de propriedade do Sr.Paulo Baptista de Barros, a “Magister Magazine”, na rua Saldanha Marinho, mudando em seguida na mesma rua, no mesmo prédio, só que na esquina com a rua José Bonifácio.Aí aprendi muita coisa, pude aplicar meus estudos, pois já controlava
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os Contas a Receber e a Pagar da empresa, verificava a falta de mercadorias, atendia viajantes, passando tudo ao proprietário que dava a palavra final.O nome “Magister Magazine”foi objeto de muita polêmica mais tarde, quando a Confecções Itapetininga Ltda, que era de propriedade do Sr.Jaime Saphiro, um judeu uruguaio, foi vendida para a família que é a atual proprietária, que igualmente passou a usar o mesmo nome, que por acordo de cavalheiros, fez com que onde eu trabalhava passasse a ser chamada de “Majestic Magazine”. Posteriormente a loja trocou um de seus sócios, a Dona Maria, pelo Sr. Carlos Pinho, que era o dono do Hotel Vitória, e que mais tarde vendeu para os Srs. Branhim Saad e Romez Dib Miguel.Trabalharam comigo Bira,Luiz Gonzaga Portela, Josil Pires de Almeida(meu parente) e meu cunhado Pedro Monteiro de Barros Júnior. Daí fui para o Banco do Commércio e Indústria de São Paulo S/A, convidado pelo Sr.Raphael dos Santos, seu Contador, em virtude de tê-lo atendido muito bem na Loja em que eu trabalhava, para atendimento de balcão no Banco. O Gerente era o Sr. Acácio Mesquita, muito amigo do meu tio Aécio de Oliveira Mello, que trançou os “pauzinhos” para que eu lá ingressasse. Deu certo. Foi o melhor aprendizado que tive na vida e que me possibilitou conhecimento que usufruo até hoje no meu trabalho. Tive aí grandes amigos. Ao mesmo tempo em que eu trabalhava no Banco do Commércio e Indústria, tive juntamente com meu cunhado, Pedro Monteiro de Barros Júnior, um Mercadinho, onde vendíamos todo tipo de alimentação, na Rua Sagrado Coração de Maria, no Jardim Itália, nesta cidade de Itapetininga. Foi nos anos de 1969 até 1971.
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Passei,depois de alguns anos, a trabalhar no Unibanco - União de Bancos Brasileiros S/A, como SubGerente da Agência de Itapetininga, sendo posteriomente Gerente nas Agências de Laranjal Paulista, Itu, Avaré, Marília, Cuiabá e Campo Grande, de onde me retirei da vida bancária, voltando à terra natal, Itapetininga, para montar a firma Mellocar Peças e Serviços Ltda, com loja de autopeças, e serviços de funilaria, pintura, mecânica, auto elétrica, tapeçaria e tornearia de peças em madeira. Hoje trabalho no Grupo de Tintas Pig Ltda, empresa que agrega lojas de tintas, transportes e agropecuária, em área de suporte às suas atividades empresariais.
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ALGUMAS PALAVRAS Nunca tive a pretensão de escrever um livro. Não sou escritor. Posso classificar-me como um contador oral de casos, um coletador de dados, um agregador de familiares, um buscador de histórias. Em todas as cidades por onde passei, quando sabia da existência de algum parente, procurava entrar em contato e conhecer um pouco de sua vida. Em muitas ocasiões, notei que alguns desconheciam seus parentescos com pessoas muitas vezes da mesma cidade. E os mais jovens não sabiam os nomes dos bisavós, suas origens, os nomes completos dos avós. Passei então a ir mais fundo nos dados das famílias e anotando o que conseguia descobrir. Fui acumulando esses conhecimentos e pedindo aos parentes depoimentos sobre suas vidas. Foi um grande mergulho no passado. Não é a mesma coisa que viver no passado. Mas, “quanto mais você souber olhar longe no passado, mais verá longe no futuro”. Aprendi muito. Algumas pessoas, incluindo-me nelas, gostam de genealogia, outras muito pouco e outras nem um pouco, todavia, todas elas se tivessem à mão a sua história familiar, tomariam conhecimento dela, em minha opinião, na forma que ela se apresenta, em livro, em CD, em vídeo, etc... Desde criança e, até há pouco tempo, ouvia estórias familiares, contadas pela minha mãe Amélia e pelo meu pai Antenor, sobre os seus antepassados, suas origens, cada qual procurando, em suas narrativas, buscar sempre uma melhor ascendência sobre as origens do outro, evidente
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que com a intenção de enriquecer a sua história, e além dessas outras particularidades sobre cada uma das pessoas que eram objeto das falas. Foi assim que conheci muitos dos meus parentes, antes de conhecê-los pessoalmente, os conhecia pelo nome, pela filiação e principalmente pelas histórias. Tanto do lado materno quanto do lado paterno, os fatos eram muito bem valorizados e eu me enchia de orgulho com as minhas origens. Meu pai, falava sempre de seu avô Cel. Apolinário Alves de Almeida, chefe político em Bofete, Estado de São Paulo, que era o pai de sua mãe Alzira, das visitas que os políticos da cidade e da região faziam em sua casa, momentos em que ele, sempre obrigado a deixar a sala, ficava de ouvido pregado na porta ouvindo o que discutiam, sem nada entender, do acender e apagar dos lampiões das ruas, das ruas de terra, da fazenda de café com seus colonos italianos, onde nasceu, e do seu lado paterno sobre os Pereira de Mello e os Oliveira e Silva, sendo seu bisavô um dos fundadores de Bofete e, para não ficar atrás na narrativa, minha mãe falava dos Corrêa Franco, do meu avô Sinhô, e dos Orsi e Ramacciotti, da minha avó Adelaide, tendo estes últimos cruzado o Atlântico, vindo da Itália, aqui chegando em 1892, com Luigi e Zita Orsi, pelo navio Mentana e por Pietro e Isolina Orsi, em 1896 pelo navio Fortunata Raggio, brincando com o meu pai dizendo que os dele tinham vindo de “ carroção ”do Estado de Minas Gerais.Boas gargalhadas,de todos, depois dessa “afronta” meu pai, matreiro, ficava quieto, pois os seus também tinham cruzado o Atlântico, muito antes. O tempo passou, foram falecendo os que me eram
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mais caros, os avós, os pais, tios dos dois lados, restando apenas uma tia avó, irmã da vovó Adelaide, a Isolina Orsi, carinhosamente chamada de “Tia Néspola”, e os irmãos de minha mãe, Tia Dirce e o Tio Geraldo (Tio Dado) e, de repente, me vi na mesma situação de minha infância, passando aos meus filhos as mesmas histórias, agora acrescidas das minhas. Certa noite, em março de 2003, toca o telefone e, ao atender a chamada, ouço a voz do meu irmão Aguinaldo, que após os cumprimentos, pergunta-me se sabia alguma coisa sobre as origens do nosso sobrenome Mello, já que sua neta, Grabrieli, tinha sido instada a falar sobre sua ascendência e ele nada sabia. Após passar algumas informações que havia recebido do meu pai e que ainda consta de alguns de seus escritos, percebi que estava aí a grande oportunidade de deixar aos meus pósteros a minha genealogia. Decidi traçar os planos para a tarefa que se apresentava, ficando assustado com o tamanho dela, mas dividindo-a em partes, em ramos, em sobrenomes, vi que mesmo muito grande, achei viável e parti para o cumprimento dela. Assim ficou a divisão: Antenor de Oliveira Mello Júnior : com os sobrenomes Alves, Almeida, Souza, Simões, Rosa, Pereira, Mello, Oliveira e Silva. Amélia Corrêa Franco Mello : com os sobrenomes Orsi, Sbragia, Ramacciotti, Corrêa, Franco, Meira, Oliveira, Fonseca, Santos, Prado, Nunes, Silva, Rosa, Pinto, Dias, Morais, Ribeiro, Lopes, Souza e Leite. Definidos os sobrenomes, dividi as incumbências : Pelo lado dos Oliveira Mello, fiquei com a
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responsabilidade, partindo à procura dos meus parentes : O ramo dos Orsi, Sbragia e Ramacciotti, a base das informações e das pesquisas ficaram em cima das fotos, documentos e das memórias da Tia Néspola, da Zola, filha da Tia Argentina, da Maria Margarida Mazarino, filha da Tia Ignez (Tia Ínice), da Tia Dirce Franco Ferreira e do Tio Geraldo Corrêa Franco, irmãos da minha mãe. Do lado dos Corrêa Franco e dos Meira, ficaram responsáveis, novamente, a Tia Dirce Franco Ferreira e o Tio Geraldo Corrêa Franco. Com isso tudo definido passei a ser o arquivo dessas informações e, na medida que as recebia, passava no computador, sendo que a parte de textos, em sua primeira revisão, ficou a cargo da minha esposa Regina Tereza Monteiro de Oliveira Mello e a final sob a responsabilidade da minha prima Alcina Rocha Peres de Oliveira, profissional que é dessa área. e a parte fotográfica, depois de eu escanear as fotos, com o meu filho Alexandre Monteiro de Oliveira Mello. Como é um compilado de memórias individuais, deixei aberta a oportunidade a todos os parentes que consegui contactar, deixando-os à vontade em seus escritos, procurando com isso resguardar a nossa história, que em vez de ser transmitida só oralmente, fica agora registrada por escrito. De antemão, o meu agradecimento aos parentes que com seus arquivos familiares e suas memórias possibilitaram estes apontamentos, aos que colaboraram ativamente com o seu trabalho enriquecendo a parte documental, com pesquisas em cartórios e cemitérios . Dedico o meu trabalho a todos os meus parentes e, em
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especial, à minha esposa Regina Tereza Monteiro de Oliveira Mello, aos meus filhos Alexandre e Tatiana Monteiro de Oliveira Mello, aos meus irmãos Aguinaldo Franco de Oliveira Mello e Annita Franco Mello de Cabral, aos meus sobrinhos Aguinaldo Franco de Oliveira Mello Filho, André Dias de Oliveira Mello, Maria Adelaide Cabral do Nascimento, Ana Amélia Mello Cabral, aos meus sobrinhos-netos Gabrieli e Miguel netos do meu irmão Aguinaldo, João Francisco e Ana Clara netos de minha irmã Annita, e não podia deixar de ser ao meu neto, Afrânio Cirineu Brumer de Oliveira Mello, que espero siga adiante com este trabalho. Afrânio Franco de Oliveira Mello
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Historiografia do Sobrenome Aproximadamente até 800 d.C., o povo europeu usava apenas um nome para identificar cada indivíduo. Isto ainda acontece entre alguns povos primitivos da atualidade. À medida que a população crescia, tornou-se complicado viver numa aldeia em que talvez um terço da população tivesse o mesmo primeiro nome e muitas vezes a mesma profissão, visto que a maioria era agricultores. Os sobrenomes (também chamados de segundo nome ou apelido) surgiram com o objetivo de melhor identificar os indivíduos. Imagine se não houvesse sobrenomes, e você tivesse que achar na cidade de São Paulo um certo João, casado com Maria, filho de José e Aparecida e que trabalha como pedreiro. Seria impossível ! Uma pesquisa realizada no início dos anos 90 pelo PIS (Programa de Integração Social) chegou aos dez nomes mais utilizados no Brasil, por ordem decrescente: José dos Santos, José Carlos da Silva, João Batista da Silva, José Francisco da Silva, Maria José da Silva, José Ferreira da Silva, José da Silva e Maria Aparecida da Silva, sendo que esses nomes atingem quase que 30% da população brasileira. As cinco principais fontes para o segundo nome foram: ocupação, localização (chamados toponímicos), característica pessoal ou o nome do pai ( os chamados patronímicos). Cito alguns exemplos para melhor esclarecer esse ponto.
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Ocupação Zimmermann, sobrenome alemão que significa Carpinteiro; em homenagem à família do Dr.Alfredo Zimmerman, dentista, que morou em Itapetininga; Schuhmacher, Sapateiro; sobrenome em alta nestes anos, em virtude do grande piloto de Fórmula 1, pentacampeão mundial. Taylor, Alfaiate; Maurer, Pedreiro; Schafer, Pastor; Scheren, Tosqueador de ovelhas; Stierkämpfer, Toureiro.
Toponímico Braga, sobrenome do cantor Roberto Carlos, em uma referência a cidade de Braga em Portugal; Seguem nesta lista os: Luchesi, Modenesi, Milanesi, Oliveira, Silva etc... Feichtenberger, cuja tradução é “ pinheiro da montanha “, nome suíço, da parte onde se fala o alemão, referindo-se ao local onde o pinheiro está na montanha, citação esta em homenagem a essa família que aportou em Itapetininga e que ao longo dos anos granjeou respeito e amizade de todos.
Característica Pessoal (Alcunha) Delgado, sobrenome originário de uma família espanhola de pessoas magras;
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Ramacciotti, sobrenome de origem italiana, dos meus ancestrais, que significa “ Ramo dos Mancos “; Igualmente, ÁÁRAJ, em árabe, que de onde provavelmente vem o nome Aboarrage, quer dizer a mesma coisa, ou seja, ”Filho do Manco”, citação esta para lembrar a laboriosa família de Félix e Fauze Aboarrage, tendo mantido respeitosa e sincera amizade com alguns de seus descendentes. Seguem nessa linha os sobrenomes : Leitão, Coelho, Salgado, Passarinho e Goulart.
Patronímico Inúmeros seriam os exemplos a ser citados. Fico apenas com o Fernandes de origem portuguesa, que significa “filho de Fernando”. Inicialmente, os primeiros a utilizar este sobrenome eram conhecidos como “Fulano Filius Quondam Fernandus”, ou seja, “Fulano filho do senhor Fernando “; já a segunda geração, ou seja, os netos do senhor Fernando, utilizavam o nome do avô como sobrenome. Outros exemplos : Paoli, Rodrigues, Paula, Afonso e Martinez.
Religiosa A maioria dos sobrenomes de origem religiosa não possui brasão, visto que os filhos bastardos não tinham pai legal, as mães acabavam por acrescentar um nome em devoção a algum santo católico ou símbolo religioso, por acharem que isso poderia trazer proteção e sorte. Alguns exemplos : Santos, Cruz, Sacramento, Neves e
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Nascimento. Observe-se, entretanto, que para se chegar à origem do sobrenome, é necessário remontar à primeira pessoa que o utilizou e identificar claramente a língua falada na época e local onde tal pessoa residia. Ao tempo da adoção do segundo nome, passou também a ser utilizada uma informação adicional para melhor identificar as pessoas : o escudo ou brasão de armas. As guerras representam um capítulo constante na história da humanidade. Guerras sempre existiram e os guerreiros estiveram presentes, quer nas pequenas vilas do interior, quer formando a guarda de reis e senhores feudais. Na Idade Média os guerreiros usavam uma espécie de capa de metal, as armaduras, a lhes proteger, bem como um capacete ou elmo também de metal. Desta forma, tornavam-se irreconhecíveis e isto poderia gerar ataque de seus próprios companheiros de batalha.Surgiu assim a necessidade de identificar suas armaduras e, também, seus escudos. O modo usual de identificação era a pintura nos escudos ou armaduras. Tais pinturas representavam as atividades exercidas pelo grupo de onde os guerreiros eram originários. A presença de plantas ou animais os identificava como agricultores ou criadores de gado, por exemplo. O animal mais utilizado era o leão, pois simbolizava o poder e a força da família. Mas à medida que a população crescia, surgiu uma nova dificuldade. Os moradores de um mesmo feudo exerciam atividades semelhantes e tinham suas armaduras com pinturas idênticas. Foi então necessário estabelecer bases para o direito de uso de determinados escudos.
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As famílias mandavam esculpir um modelo do escudo, geralmente em madeira pintada com as mesmas cores das pinturas das armaduras. Tais modelos eram dispostos nas casas dos membros daquela família. A origem dos brasões está intimamente ligada ao uso das armas dos Cavaleiros Medievais. Além dos escudos, o brasão também era estampado nas capas das armaduras e, quando estavam utilizando roupas mais leves, era comum esses Cavaleiros estamparem o brasão nelas, assim como hoje a pessoa sai na rua usando a camisa do time de futebol do coração e, é claro, no meu caso, do glorioso Corinthians.
Vendo esses elmos (capacetes) dá para perceber a necessidade de se utilizar os brasões da sua família no escudo e até na armadura, pois é impossível identificar alguém usando essa armadura completa. Antes de se usarem brasões, muitos parentes e aliados acabavam se matando por engano. Nos casos em que havia grande disputa pelo direito
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de uso de determinado escudo, até lutas foram registradas pela história. Em muitos casos, os símbolos foram distribuídos entre os chefes de famílias locais, ficando estabelecido que a unidade entre eles permaneceria representada na cor de fundo. Desta forma, um sobrenome pode ser representado por uma planta típica da região, por um animal domesticado pela família ou por um animal feroz vencido por um dos varões. Posteriormente estes escudos passaram a ser gravados nos “livros de família”, obra realizada por aqueles que ficaram conhecidos como heraldistas, ou especialistas na arte da heráldica. Apesar de todas as disputas para terem este ou aquele símbolo, muitas famílias acabaram por utilizar o mesmo brazão sem terem nenhum laço entre elas. Nas famílias de origem italiana tem-se notado isso, muitas delas têm por brasão um leão dourado com o escudo de fundo vermelho. Assim, dessa forma bem simplificada, temos a história do nascimento da heráldica, a arte ou ciência que trata dos brasões ou emblemas de família. Meu interesse no assunto decorre da intenção de conhecer a história dos meus antepassados.
FIGURAS HERÁLDICAS E SEUS SIGNIFICADOS ÂNCORA: representa esperança; SETA: simboliza imediatismo para batalha : MACHADO DE BATALHA : símbolo da execução de dever militar; URSO: força, astúcia, e proteção às pessoas da família;
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JAVALI : coragem; um que luta até a morte; CABEÇA DE JAVALI : hospitalidade; ARCO : o mesmo que seta, normalmente vem junto; TOURO: valor, coragem, generosidade, chifres representam força e fortaleza; CAMELO: paciência e perseverança; CASTELO : segurança; GALO: coragem e perseverança; distintivo de um herói; CIPRESTE: morte e vida eterna depois disso; GOLFINHO: velocidade, diligência e amor; DRAGÃO: valor e proteção; ÁGUIA: a pessoa de ações e de natureza nobre, força, coragem e agilidade; ASAS: simbolizam proteção; CONCHA (VIEIRA): viagem para lugares distantes, vitorioso naval; CABRA: um que ganha por políticas; GANSO: desenvoltura; GRIFO: valor e coragem; MÃO: sinceridade, fé e julgamento; HARPA: a pessoa composta de julgamento suave; contemplação; FALCÃO : um que não descansa até que ele alcance o seu objetivo; CORAÇÃO, ARDENDO: intenso, ardente afeto; CORAÇÃO, HUMANO: claridade e sinceridade; CERVO (FÊMEA): paz e harmonia; HOLLY (Tipo de arbusto): verdade; CAVALO: prontidão para todos os eventos; FERRADURA: sorte e salvaguarda contra espíritos maus;
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LAUREL (Folhas ou ramo de louro ) : triunfo de paz; RAIO / RELÂMPAGO: velocidade e poder; LEÃO: coragem, poder; SEREIA: eloquência; ÁRVORE DE CARVALHO: grande idade e força; BOLOTAS: contínuo crescimento e fertilidade; AVESTRUZ: obediência disposta e serenidade; LONTRA: indivíduo que vive uma vida cheia; PAVÃO: beleza, poder e conhecimento; FELICANO (PERFURANDO SEU PEITO PARA ALIMENTAR OS FILHOTES): abnegação, pessoa de natureza caridosa; PORTA CORREDIÇA (NA ENTRADA DE CASTELOS): proteção em uma emergência. ARCO-ÍRIS: tempos bons depois de ruins; CARNEIRO: o líder, representa autoridade; CORVO: providência divina; ROCHA: símbolo de segurança e proteção; um refúgio; ROSA (VERMELHA): graça e beleza; ROSA (BRANCA): fé e amor; SERPENTE OU COBRA: sabedoria; LANÇA guerreiro honrado, cavaleiro vaidoso; ESPORA: prontidão para a batalha; VEADO: um que não lutará a menos que severamente provocado, paz e harmonia CHIFRES : representam força e fortaleza; SOL (EM ESPLENDOR): glória e esplendor; fonte de vida; CISNE: harmonia poética e aprendizado;
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ESPADA: justiça e honra; TRONCO DE ÁRVORE (BROTANDO): vida nova que brota da velha; UNICÓRNIO: coragem extrema; VIDEIRA (ÁRVORE): amizade forte e duradoura; RODA: fortuna; ASAS: velocidade e proteção; LOBO: recompensa de perseverança; WYVERN (ANIMAL MITOLÓGICO): valor e proteção;
ITÁLIA GEOGRÁFICA O nome oficial é REPÚBLICA DA ITÁLIA. Tem comprimento máximo de 1.300 quilômetros e largura de 600 quilômetros, fazendo uma área de 301.224 quilômetros quadrados. É destacado membro da mais importante organização mundial, o G-7, também participa da ONU,
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do Conselho da Europa, Comunidade Européia, Otan., entre outras. A Itália estende-se no centro do mar Mediterrâneo, tendo duas grandes ilhas: a Sicília e a Sardenha. A população estimada é 70.000.000 de habitantes, a 22ª. mundial, tendo uma das maiores densidades demográficas da Europa: 205 habitantes por quilômetro quadrado. A população feminina encontra-se em maior número que a masculina. Por causa da diminuição dos nascimentos, a população está envelhecendo e aproximando-se do “crescimento zero”. A região mais povoada é a da Lombardia e a menos povoada é Valle d’Aosta. A Itália está dividida em 20 regiões administrativas: PIEMONTE VALLE D’AOSTA, LOMBARDIA, TRENTINO-ALTO ADIGE, VENETO, FRIULI VENEZIA GIULIA, LIGURIA, EMILIA-ROMANA, TOSCANA, UMBRIA, MARCHE, LAZIO, ABRUZZI, MOLISE, CAMPANIA, PUGLIA, BASILICATA, CALABRIA, SICÍLIA E SARDENHA.
REGIÃO CAPITAL Abruzzo LÁquila Basilicata Potenza Calabria Catanzaro Campania Napoli Emilia-Romagna Bologna Friuli-Venezia Giulia
Trieste
Lacio Roma
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Liguria Gênova Lombardia Milano Marche Ancona Molise Campobaso Piemonte Torino Puglia Bari Sardegna Cagliari Sicilia Palermo Toscana Firenze Trentíno-Alto Adige
Trento
Umbria Perugia Valle d’Aosta
Aosta
Veneto Veneza
BREVE DESCRIÇÃO DAS REGIÕES MAIS CONHECIDAS PIEMONTE : Turim fica nesta região, está entre as mais desenvolvidas do mundo. A região tem grande vocação industrial e é onde a FIAT tem sua sede. VALLE D’AOSTA: Fundada em V a.C. pelopovo Celta dos Salassi, tornou-se conhecida como Roma Alpina, pela quantidade de monumentos romanos. É formada pelos Alpes e boa para usufruir da neve e é a região menos povoada da Itália. LOMBARDIA: É a região mais rica e mais povoada
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da Itália e também ocupa grande destaque mundial. Seus setores produzem bens de consumo, alta moda,indústria mobiliária e editorial, sem esquecer o potencial mecânicoelétrico, eletrônico e químico. Milão é principal cidade desta região e abriga a bolsa de valores mais importante da Itália. VENETO: O referencial não poderia deixar de ser Veneza. Uma cidade repleta de romantismo e um atrativo incrível para os turistas que saem de toda parte do mundo para conhecer suas lagunas. Os passeios de gôndola são os mais procurados. Para evitar as enchentes, que provocam a “aqua alt “,(maré alta) o governo italiano planeja construir 79(setenta e nove ) comportas, que irão bloquear a entrada da água.A praça de San Marco é constantemente inundada, sem contar que as águas salgadas do Mar Adriático que corroem as fundações dos palácios e igrejas. Os 10 milhões de turistas que visitam a cidade anualmente agradecem a iniciativa do governo. A cidade afundava em média 07(sete) centímetros por século, mas desde 1900 já foram 23 centímetros. LAZIO: A capital italiana fica nesta importante região.Roma é conhecida mun dialmente como “Cidade Eterna”. Os principais pontos turísticos são o Coliseu, o Forum Romano, Museu do Vaticano, Basílica de São Pedro e a Fontana di Trevi. TOSCANA: Possui museus e cidades interessantíssimas. Entre elas, a cidade de Pisa que ostenta a torre inclinada; Siena, onde ocorre o Pálio, e Firenze, berço do renascimento. Firenze é inútil descrever, seu próprio nome faz sonhar com cultura, arte...
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O pais é delimitado ao norte pelos Alpes, e possui as montanhas mais altas da Europa : o Monte Blanco, o Monte Rosa e o Monte Cervino. Delimitada pelo arco alpino ao norte e pela parte setentrional dos Apeninos ao sul, estende-se por 46.000 quilômetros quadrados a Pianura Padana, a maior planície da Europa Meridional. O maior rio italiano é o Pó (652 quilometros), que percorre toda a largura do país, ao norte. Outros rios importantes são o Adige, o Tevere e o Arno. Cada região italiana tem um estatuto, o qual, de acordo com a Constituição e com as leis da República, estabelece as normas relativas à organização interna da região.
VULCÕES NA ITÁLIA A velocidade do derrame provocado em uma erupção varia com a declivi dade do local e grau de fluidez da lava. No ETNA e no VESÚVIO, costuma-se atingir 100 (cem) metros por minuto, passando posteriormente a cerca de 1,5 metros por minuto. Um exemplo de atividade inicial é o MONTE NUOVO (perto de Nápoles), em 1538.Em três dias apenas, originou-se uma elevação de 139 metros, constituída exclusivamente de material piroclástico. Não se sabe durante quantos séculos esteve o VESÚVIO em dormência, para reavivar suas atividades a partir de 79 d.C.Essas atividades caracterizam-se pela formação de material piroclástico e de gases sulfurosos superaquecidos, que mataram por sufocamento os habitantes de POMPÉIA, HERCULANO e STABIAE, ao mesmo tempo em que toda a região foi sepultada pelas cinzas e correntes de lama. O VESÚVIO acha-se situado sobre uma enorme
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e antiga cratera de abatimento, no monte SOMMA, que é um antigo edifício do atual VESÚVIO. As lavas dos vulcões da Itália, de um modo geral, produzem ótimos solos, graças ao elevado teor de potássio. O VULCANO, situado na ilha de LIPARI, a cerca de 60 quilometros ao norte do ETNA, possui uma atividade peculiar, caracterizada pela violência das explosões, que expulsam uma lava excessivamente viscosa.Faz muito tempo que está em dormência e vem sendo minerado para enxofre. Já o ETNA, na SICÍLIA,possui mais de 3.000 metros de altura, entra com maior freqüência em atividade, com períodos de dormência de muitos decênios há muitos séculos tendo produzido grandes catástrofes, como a de 1669, na qual morreram 20.000 pessoas.
ITÁLIA HISTÓRICA A Itália é um país com mais de trinta séculos de história. Foi, de fato, sede de grandes civilizações que influíram profundamente na evolução de toda a cultura ocidental. Berço da civilização etrusca e sede de importantes centros históricos e culturais da civilização grega. Foi o centro do Império Romano que, por centenas de anos, dominou o mundo ocidental. A queda do Império Romano (476 d.C) significou o fim de uma organização política, mas não o de uma civilização. Os invasores, freqüentemente primitivos, como os povos provenientes do norte da Europa, acabaram por ser diretamente influenciados pela cultura romana, claramente superior aos dos invasores na época. Na história do país, sucederam-se divisões e reunificações. Carlos Magno, rei dos Francos, coroado imperador no
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ano de 800, reconduziu sob o poder de Roma quase todas as províncias européias do antigo império. Teve-se assim a restauração da idéia imperial, associada à religião cristã, com a criação do Sacro Império Romano, cujos limites se estendiam dos Pirineus a Elba e ao Danúbio, do mar do Norte ao mar Adriático. Com Carlos Magno e os seus sucessores, surgiu na Europa uma nova ordem política e social: o Feudalismo, assentado na subdivisão do Império em várias feudos. Em todas as suas graduações, a nobreza feudal constituía uma classe privilegiada, dotada de terras e de bens, permeada por ideais guerreiros, fiel às instituições militares, completamente separada da massa da população servil e explorada. As cidades, ao contrário, embora escassamente povoadas, gozavam de certo bemestar e de relativa prosperidade por causa da possibilidade de trocas comerciais e pela presença de pequenas oficinas locais, de caráter artesanal. Lançavam-se assim as bases para o desenvolvimento da autonomia das cidades, que no século XII se realizaram completamente com a criação das comunas, um ordenamento que se desenvolveu, sobretudo, na Itália setentrional e central, enquanto que na meridional este processo foi detido pelas conquistas normanda e sueca e pelas monarquias que aí se sucederam. Nos séculos XIV e XV as comunas transformaram-se em Senhorias para salvar-se dos perigos externos e das lutas civis internas. A um “Senhor”, de fato, era confiada a direção de assuntos públicos, com plenos poderes. As famílias mais célebres que se sucederam no poder foram os Visconti e os Sforza em Milão, os Médici em Florença, enquanto começava a firmar-se uma família, a dos Savóias, que teria grande influência sobre os destinos da Itália nos séculos
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seguintes. Outro fato importante marcou a história deste período. Em 1453 a queda do Império Romano do Oriente e a conquista, pelos turcos, de grande parte da bacia do Mediterrâneo, impeliram os navegadores ao encontro de outras rotas para alcançar o extremo Oriente, fonte de aprovisionamento dos prósperos mercados europeus. Na busca de um novo caminho para chegar à Índia, em 1492, Cristóvão Colombo descobriu a América, abrindo nova e importante página da história do mundo. Na Itália, as lutas internas pela sucessão haviam, entretanto, favorecido o advento de outras dominações estrangeiras. Outra virada foi a conseqüência da revolução francesa cujos ideais, os italianos tinham sido espectadores e participantes, lançaram suas sementes entre o povo. Dividida em sete Estados após o congresso de Viena em 1815, conseqüência da derrota de Napoleão, a Itália começou o seu processo de reunificação que demoraria 50(cinqüenta) anos de ásperas lutas. Os protagonistas desta batalha pela unificação foram Giuseppe Mazzini e Giuseppe Garibaldi, portadores de idéias republicanas, e a casa dos Savóia, com o primeiro ministro Camilo Benso de Cavolur. Em 1870 foi finalmente constituído o reino da Itália, com Roma como capital. O processo de unificação somente estaria concluído com a Primeira Guerra Mundial, que garantiu à Itália a anexação das regiões de Trentino e de Friuli e da cidade de Trieste, para livrar-se definitivamente da pressão exercida sobre suas fronteiras norte- orientais, pelo Império Austro-húngaro, a Itália teve, porém, de pagar um alto preço, constituído por muitas vidas humanas e por uma situação econômica desastrosa : desvalorização da moeda,
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inflação, contradições políticas, econômicas e sociais, favoreceram o advento ao poder do Partido Fascista, fundado e dirigido por Benito Mussolini. Gradualmente, todas as liberdades foram reduzidas ou suprimidas. O país foi primeiramente envolvido numa absurda política colonialista pela conquista da Etiópia, e depois na guerra, ao lado da Alemanha nazista. Despreparada, também militarmente, para um conflito de tais proporções, a Itália viveu o drama da luta fratricida : de um lado, aqueles que haviam aderido ao ideal fascista e, do outro, os antifascistas. Às vítimas deste confronto somaram-se as da guerra contra outras nações. Obrigado a enviar suas tropas mal armadas a frentes muito distantes, sem uma indústria bélica moderna e sem matérias-primas, dividido e destruído, o pais não podia resistir por muito tempo à maciça ofensiva do bloco anglo-russo-americano. As derrotas na África e na Rússia tornaram definitivo o desligamento do povo italiano do regime fascista; difundia-se cada vez mais a convicção de que a única saída para a Itália era a denúncia do acordo com a Alemanha nazista, feito por Mussolini, e a reconciliação com as potências ocidentais. Em plena Segunda Guerra Mundial, com o país dividido e destruído, a guinada foi traumática: a Itália encontrou-se com parte de suas terras ocupadas por ex-aliados (os alemães) que se tinham transformado em inimigos e por ex-inimigos que se haviam tornado aliados. O seu território tornou-se um campo de batalha sangrento e violento. Neste período, foi importante a ação do movimento partisão da “ Resistência” que, ao lado de tropas aliadas, contribuiu à libertação, isto é, a livrar a Itália das forças nazistas. Em abril de 1945, finalmente, os canhões emudeceram.
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A Alemanha nazista estava derrotada. O fascismo debelado e seus principais expoentes justiçados. A Itália saiu desta infeliz experiência com um balanço muito grave : um país dilacerado por profundas destruições e divisões, com seu território reduzido, obrigado a fazer concessões aos países limítrofes e a renunciar às colônias africanas(Líbia,Somália e Etiópia).Um ano depois, o encaminhamento concreto da reconstrução era sancionado por um plebiscito que determinava o fim da Monarquia e a introdução da República.Com a convocação da Constituinte, o país entrava decididamente no caminho da democracia plena que, baseada em uma história e em uma cultura consolidada por séculos de experiência, fez da Itália uma das nações mais modernas e avançadas. Vista as partes geográfica e histórica da Itália, vamos a algumas curiosidades. Os nomes mais comuns em toda a Itália: 2.772 : Giuseppe Russo 2.272 : Antonio Russo 2.034 : Antonio Esposito 2.016 : Giuseppe Rossi 1.773 : Salvatore Russo 1.706 : Francesco Russo 1.672 : Giuseppe Esposito 1.564 : Mario Rossi Os sobrenomes mais comuns são : 67.994 : Rossi ( equivalem-se aos “SILVA” no Brasil) 47.581 : Russo 39.221 : Ferrari
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34.104 : Esposito 28.235 : Bianchi 26.214 : Romano 25.916 : Colombo Os sobrenomes mais longos existentes são: 18 letras: Tschurtschenthaler 17 letras: Pasquadibisceglie, Di Francescantonio 15 letras: Monterubbianesi, Mastrofrancesco, Mastroberardino 14 letras: Abbracciavento, Castrogiovanni, Canavacciuolo. Os sobrenomes mais curtos são: 2 letras : Bo, Pe, Po, Re, Wu, My, Mo, Hu. Fonte de consulta : site: passaporte italiano
A SAGA DOS IMIGRANTES ITALIANOS Entre 1815 e 1914 a população européia, que durante séculos mantivera baixas taxas de crescimento demográfico, passou de 180 para 450 milhões de habitantes. Cerca de 40 milhões de pessoas deixaram nesse período seus lares, optando pela vida em outros continentes (85% rumaram para as Américas). Nesta época, a Europa enfrentava superpopulação, doenças endêmicas, fome, guerras e desemprego em massa causados pela revolução industrial. A entrada de italianos no Brasil, nesse período e principalmente no Rio Grande do Sul, dadas as características geográficas serem parecidas com as da
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Itália, aconteceu dentro das grandes transformações sócio-econômicas, que o sistema capitalista de produção provocou no Ocidente durante o século XIX. A abundância de mão–de-obra na Europa e a carência crônica desta na América fizeram com que milhões de pessoas deixassem o Velho Continente em busca de trabalho no outro lado do Oceano. Entre 1875 e 1935, entraram no Brasil cerca de 1 milhão e quinhentos mil italianos. Em números aproximados foram 20.000 no Paraná, 25.000 em Santa Catarina; outros tantos no Espírito Santo; 60.000 em Minas Gerais; 100.000 no Rio Grande do Sul, 1.200.000 em São Paulo, e alguns milhares na Capital Federal(Rio de Janeiro) e nos demais Estados. Os italianos constituem uma das múltiplas etnias a compor o variado padrão de culturas do Brasil. No Sul a região das antigas colônias, e em algumas partes de São Paulo, é conhecida dentro e fora do País : o vinho, o champanhe, a mesa farta, as malhas, os móveis, a pujante indústria, as festas da uva, são atrações turísticas para milhares de pessoas. Muitos italianos percorreram o Brasil: eram missioníarios navegadores, republicanos, cosmopolitas, fugitivos, soldados, cartógrafos, oleiros, todos, a seu modo, participando de uma história que começou a ser escrita com páginas de sofrimento, de trabalho, de fé, de sonho e também de aventura, sempre com a esperança de FAR LA MÉRICA. No Brasil ocorreram dois tipos de imigração : a urbana e a rural.
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Os imigrante urbanos exerciam as mais diversas profissões: havia os profissionais liberais, como médicos, farmacêuticos, engenheiros, advogados; havia pequenos proprietários, tais como hoteleiros, artesãos, comerciantes, mascates, fotógrafos, alfaiates, sapateiros, verdureiros, ferreiros, leiteiros, marmoreiros; havia, enfim, os menos favorecidos: vendedores de bilhetes lotéricos, jornaleiros, serventes de fábricas, amas de leite, engraxates. Vivendo como minoria numa população de fala portuguesa, em um país de herança cultural latina, de religião católica, e procurando adaptar-se a esta nova realidade com a qual se relacionavam, os grupos urbanos e suburbanos dos italianos se miscigenaram com facilidade e aprenderam logo a língua do país. As escolas italianas foram poucas e tiveram um significado menor. A escola pública brasileira, por administrar o ensino em português e por ser gratuita, foi sempre a preferida. Entrementes, por uma série de fatores, a imigração agrícola tornou-se um caso único: trata-se da colônia mais italiana do mundo. Nela, após mais de um século, conservam-se ainda a língua e os costumes dos antepassados, caso dos estados sulinos no Brasil. Foi uma imigração em pequenas propriedades, em colônias bem determinadas, com população definitivamente italiana, mesclada, aqui e acolá, com contingente menor de poloneses e alguns elementos de outras etnias. Naquele ambiente, convivendo apenas entre si, os colonos reconstruíram seu mundo cultural — com as adaptações necessárias — que, ao observador menos precavido, parecia um prolongamento da Itália; língua, costumes, religiosidade, tudo enfim tinha um cunho nitidamente italiano e contrastava com qualquer modo brasileiro ou português de vida.
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A PARTIDA : UMA REALIDADE SOFRIDA Atingidos por toda a espécie de calamidades, desde as péssimas colheitas até os impostos extorsivos, os camponeses viram abrir-se-lhes a perspectiva de imigração para a América. “. ...Mais do que emigrar para o Brasil, os agricultores estavam fugindo da Itália..”. O imigrante viera para o Brasil após uma amarga experiência em sua terra natal que, rapidamente, foi sendo esquecida e, por vezes, até mesmo desprezada.... A partida, porém, era o começo de muitas desilusões! Chegados a Gênova, às vezes tinham que esperar durante dias, semanas e até meses, submetidos a todo tipo de exploração... Embarcava-se, enfim, muitas vezes sem saber se o navio acabaria trocando de rumo e deixando nos Estados Unidos quem vinha para o Brasil e vice-versa...
A TRAVESSIA DO OCEANO ATLÂNTICO A travessia do Oceano Atlântico era feita através de navios superlotados, transportando pessoas junto com animais e sem as mínimas condições de higiene e de conforto. O navio facilmente se transformava em fantasma da peste, de pânico e de morte. A falta de espaço, a iluminação precária, o calor, a deficiência alimentar provocavam numerosas doenças que atingiam especialmente crianças e idosos. Para agravar
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a situação, a maioria dos vapores não possuia médicos e o caos e a morte eram frequentes e os cadáveres eram simplesmente jogados ao mar. Enjôo, cólera, angina-pectoris, distúrbios intestinais, gripes, pneumonias, escorbuto. ...Promiscuidade, proliferação de toda sorte de imundíces : ratos, pulgas, moscas transformavam o navio numa espécie de hospital nauseabundo, no dizer de Luiz Sponchiado, em suas Crônicas da Colonização Italiana. É dificil acreditar nos escritos da obra acima citada, acho inconcebível que os meus ancestrais tenham se submetido a isso tudo, fiquei extremamente chocado com as informações colhidas a respeito das viagens mas, infelizmente, eram verdadeiras. Os meus vieram trabalhando no navio e espero que isso em vez de ser uma condição desfavorável tenha sido favorável, dada a proximidade com a administração do navio. Ocorreu, bem depois que os Orsi e os Ramaccioti aqui chegaram, um naufrágio do navio imigratório “SÍRIO”, ocorrido em 04.08.1906, com toda a sua carga humana, deixando em todos os italianos, de lá e daqui, uma marca profunda, doída, saudosa, que passadas três gerações, ainda se canta com tristeza, nos recantos do Rio Grande do Sul : “ Sírio, Sírio, la misera squadra; por molta gente la misera fin....”, em seus momentos de nostalgia. Os imigrantes não cansavam de contar aos filhos, netos e bisnetos as peripécias do mar e um dito ritmado dos mesmos dizia : quem não souber por quem rezar, reze por aqueles que estão no mar. Os sofrimentos da travessia eram lembrados mais do que os outros que sobrevieram.
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O DESEMBARQUE NO BRASIL Se a viagem pelo oceano fora calamitosa, a chegada ao Brasil não foi mais promissora. Confusão e privações no Rio de Janeiro, Santos, São Paulo e, depois, muitas vezes tentativas de engano por parte dos fazendeiros paulistas que, em Santos, procuravam desviar para os cafezais as levas de imigrantes. As novelas da Rede Globo mostram bem esse tipo de comportamento de aliciamento dos italianos, por parte dos fazendeiros, o sofrimento no trabalho nos cafezais, a viagem, deixando a todos nós, seus descendentes, agoniados por ver tanta tristeza. Ao chegarem no porto de desembarque, os italianos eram levados do navio diretamente à quarentena na “Casa dos Imigrantes” ou, ao menos, para o remanejo dos grupos seguindo depois cada qual,com sua família, em direção à Província a que eram destinados. Muitos, como os meus, que vieram para Tatuí, iam para os cafezais, onde encontravam vida madrasta, uma espécie de “escravidão camuflada”. Das cidades em que, invariavelmente, chegavam de trem, seguia-se a viagem em lombo de mulas ou a pé e as crianças em cestos, nos cargueiros e, no final da viagem, lá estava o “ barracão dos imigrantes”, onde eram colocados para depois então após dias, meses, tomarem posse do seu lote rural, nos lugares agrícolas onde se dispunha dessa modalidade de concessão de terras. Quando se esperava o fim dos sofrimentos, em verdade, tratava-se apenas de mais uma estação da Via Sacra. Reduzidos ao desespero, aquela pobre gente
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chorava, blasfemava, ria, provocava outras mil cenas estranhas por causa da fome, do frio e da miséria em que se encontravam. Em verdade, muitos trechos acima são narrações contidas no livro de Luiz Sponchiado, e os meus ancestrais não passaram por isso, pelo que contaram os parentes mais antigos, pois ficaram pouco tempo em Tatui, vindo em seguida para Itapetininga, onde se estabeleceram iniciando uma nova vida e, chegaram, depois de muitos anos a fazer a América, deixando aos seus descendentes, haveres, educação, que possibilitaram a muitos continuarem fazendo, agora, o Brasil para si e seus filhos, sendo que dos bisnetos alguns já partiram para outras terras, fazendo cada qual, novamente, a sua AMÉRICA, e, ainda outro, retornando à terra natal de seus ancestrais. Evidente que este compilado de informações tem pretensões, de minha parte, de deixar a todos aqueles que têm raízes iguais, um pouco dessa trajetória que nos trouxe até aqui. Alguns depoimentos, de memórias de uma filha do imigrante, alguns netos e netas, e outros tantos bisnetos, dos antecedentes, trazem à luz narrativas de muito sofrimento e de muito trabalho mas, sobretudo de alegria, vontade de vencer e de viver e de muito orgulho pelos sucessos que muitos de nós e nossos filhos alcançaram até o presente momento. Afrânio Franco de Oliveira Mello
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FAMÍLIA ORSI
ORIGENS DO NOME O nome ORSI está presente principalmente nas regiões do norte e oeste (Lombardia, Emilia Romagna, Toscana, Piemonte e Liguria ) da Itália. Somado A diversas variantes, encontramos o respectivo nome em praticamente toda a Itália. Pode-se dizer que ORSI e ORSO são as formas gramáticas da palavra urso em italiano. As variantes compostas pelo sufixo patronímico D’ [D’ORSO, DORSI] são geralmente típicas do sul da Itália, enquanto que, no norte, encontramos uma outra variação URSINI, esta sendo típica da região de Veneza. Encontramos ainda aquelas que usam o tipo eslavo – ic -, tais como em: URSICH, URSIC. O sobrenome deriva do nome pessoal ORSO que
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continua a tradição do nome latino da época imperial Ursus, atribuído com referência a especiais dotes de força física (o urso como símbolo de poder). Reforçado em algumas regiões limítrofes com a França (Val d’Aosta e Piemonte) pelo culto a Santo Urso (protetor contra as calamidades) e de Santa Úrsula. Torna-se sobrenome já no XI século, e é enobrecido pela família romana dos príncipes ORSINI.
ORSI
ARMAS: Brasão contendo três paus dourados em campo azul, cortados na parte superior onde figuram três estrelas douradas de seis pontas acompanhando a direção dos paus, indicando as localidades de Forlì, Osimo e Roma.
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Um dos primeiros relatos sobre a Família ORSI retrata a sua origem como sendo da região da Toscana, no século XIV, onde floresceu como nobreza em Florença. ANTONIO, Bispo de Florença, tanto amou a liberdade da pátria que, em 1312, quando o imperador Arrigo VII assediou Florença, juntou todo o clero, motivando a defesa da cidade e, à frente de seus padres, subiu nos muros demonstrando coragem tamanha que os Florentinos animados pelo seu exemplo conseguiram rechaçar o exército inimigo. Séculos mais tarde, mais precisamente no século XVIII, um dos descendentes de ANTONIO, o clérigo, GIUSEPPE AGOSTINO ORSI, foi ordenado Cardeal pelo Papa Bento XIV. Família de Forlì chamada antigamente DEDDI. A primeira personagem de quem se tem notícia é NICOLÒ, e deste nasceu DEDDO, que vivia em Forlì no ano de 1386, quando se casou com BENIAMINA DALL’ASTE, da qual nasceu Bartolomeo, que obteve de Antonio Iº Ordelaffi muitos encargos militares, e, em 1440, foi nomeado Castelano (castelão) de Forlimpopoli. BARTOLOMEO foi pai de ANDREA (1456) que, por ter a estrutura corpórea recoberta de muito pêlo teve o apelido de “ORSO” (Urso) de onde provém o atual nome. ANDREA ficou famoso por participar das lutas políticas de sua pátria e teve o privilégio de ter a sua residência declarada local de imunidade para qualquer delito. Acabou morto, e seu palácio demolido e seus bens confiscados, em decorrência de sua participação em uma conspiração junto a seus filhos, a fim de matar Girolamo Riario, fato ocorrido em 14 de abril de 1488. Seu primogênito CHECCO, para fugir às desgraças
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da família,alistou-se como soldado e morreu em 1496 com a divisa de cabo em Manfredonia. O segundo filho de ANDREA, LUDOVICO, foi quem devolveu à família o antigo esplendor. Foi Pino Ordelaffi, general do exército de Florença contra Ferdinando Rei de Nápoles, que nomeou LUDOVICO tenente supremo em 1477. Satisfeito com honra deste encargo militar, passou a estudar direito e foi nomeado Senador de Roma em 1481. O filho primogênito de CHECCO, BARTOLOMEO, foi o conselheiro e patrício de Forlì em 12 de setembro de 1512, que por sua vez teve um filho também chamado de CHECCO, pai de GIOVANNI BATTISTA, casado com VIOLANTE CORBINI, de quem nasceu outro CHECCO, que foi feito Cavalheiro e Conde Palatino pelo papa Clemente VIII em 1599. Este CHECCO teve dois filhos: GIOVANNI BATTISTA, que participou da guerra pelo papa Urbano VIII, com as divisas de chefe de armas no ano de 1648, e FRANCESCO, Conselheiro em Forlì no ano de 1635. FRANCESCO se casou com EUFEMIA MONSIGNANI, de quem nasceu CHECCO, casado em primeira núpcias com LUCREZIA ALBICINI e, em segunda núpcias, com a filha do Conde Traiano Mangelli, da qual nasceu PAOLO, que deu origem ao ramo da família chamado “ ORSI MANGELLI “. LUIGI, filho do mencionado CHECCO, e da marquesa LUCREZIA ALBICINI, foi Conselheiro em Forlì em 1737, quando se casou com ELENA, filha do Marquês da Baviera di Sinigallia. LUIGI teve como filho FRANCESCO ANTONIO, Conselheiro de Forlì em 1771, arquiteto da magnífica torre de São Mercuriale, construída em 1777 a 1791. FRANCESCO ANTONIO
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se casou com LIBERATA, filha do Conde Domenico Mazzolani, com quem teve GIOVANNI BATTISTA, que recebeu a comenda de Cavaleiro de Santo Stefano em 31 de dezembro de 1780. GIOVANNI BATTISTA se casou com a condessa CATERINA BENTIVOLGIO de Bolonha, e teve como filho FRANCESCO, que com a idade de quatro anos, foi condecorado com a Ordem Gerosolomitano, criada com a Bula de 18 de junho de 1762 pelo então papa Clemente XIII. Mais tarde recebeu o posto de gentil homem de quarto dos pontífices Gregório XVI e Pio IX. O filho de FRANCESCO, LUIGI (1818 – 1865), que se casou com MELITE GRAZIANI CISTERNI, da cidade de Rímini, e teve como filho CAMILLO, GIOVANNI, ALBERTO e GIROLAMO, este médico. A família se encontra inscrita no Livro de Ouro da Nobreza Italiana e na Lista Oficial da Nobreza Italiana com o título de Patrício de Forlì e então representada por: CAMILLO, primogênito de LUIGI, este casado com MARIANNA BACELLI, com quem teve os filhos LUIGI, nascido no ano de 1882, MELITE, nascida no ano de 1884 e RENATO, nascido no ano de 1888. De GIOVANNI, segundo filho de LUIGI, temos: ALESSANDRO, que teve como filhas: CARMEM, nascida no ano de 1887 e BEATRICE, nascida no ano de 1889. De ALBERTO, terceiro filho de LUIGI, temos ALBERTO, nascido no ano de 1867.
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ORSI MANGELLI*
ARMAS: Brasão dividido em dois campos no sentido vertical. No primeiro três paus dourados em fundo azul, acompanhados de três estrelas douradas de seis pontas. No segundo, uma árvore verde em fundo azul, tendo um boi prateado atravessando o tronco. As localidades representadas são: Forlì, Milão e Roma.
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É um ramo da FAMÍLIA ORSI, que se separou em 1639 pelo casamento de CHECCO ORSI com a condessa de TRAIANO MANGELLI, de quem nasceu PAOLO, Conselheiro em Forlì entre os anos de 1715 a 1737. Outro filho, GIOVANNI BATTISTA, mais tarde seria ordenado Bispo de Cesena. PAOLO se casou com LUCIANA ZAULI, vindo o seu filho, GIOVANNI, a receber a comenda de Cavaleiro de Santo Stefano, em 7 de novembro de 1752/11/52, vindo mais tarde a ser substituído pelo seu primo GIOVANNI BATTISTA, filho de FRANCESCO ANTONIO ORSI. O outro irmão de PAOLO, CHECCO, foi Conselheiro em Forlì em 1749 e pai de outro PAOLO, este, casando-se com ELISABETTA VALPARANI, teve como filho outro FRANCESCO. FRANCESCO obteve de Papa Clemente XIII, no ano de 1761, o título de Conde Palatino para si e para seus descendentes masculinos. A Família está inscrita no Livro de Ouro da Nobreza Italiana e na Lista Oficial da Nobreza Italiana com os títulos de Conde Palatino, Patrício de Forlì e Nobre de Ancona, sendo este representado pelos descendentes do casamento de FRANCESCO então Conde Palatino com a Marquesa PAOLINA CURRI LEPRI, de cujo casamento vieram a nascer RAFFAELE e PAOLO. RAFFAELE nasceu no ano de 1805 e faleceu no ano de 1888. Foi casado com ROSA MISCHI, e teve como filho PAOLO, nascido no ano de 1880 que casado com GISELDA GEROLIMINI, de cujo casamento nasceram: PIER FRANCESCO, nascido no ano de 1905, ORSINO, nascido no ano de 1909 e BARBERINA, nascida no ano de 1912.
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A família está representada também pelos primos: ALBERTO, nascido no ano de 1895, e de suas irmãs ELENA nascida no ano de 1890 e MARIA ELISABETTA, nascida no ano de 1903. ALBERTO é filho de GIUSEPPE, filho de ANTONIO, filho de PAOLO, irmão de RAFFAELE.
ORSI BERTOLINI
Armas: Brasão dividido em dois campos no sentido vertical. No primeiro um urso em pé nas pernas posteriores em fundo dourado. No segundo um fundo azul cortado por uma faixa vermelha com três meias luas crescentes, uma na parte superior e duas na parte inferior, tendo a da parte superior uma estrela
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Eu e os meus...
de oito pontas no lado direito e a de cima da parte inferior, uma estrela de oito pontas, no lado esquerdo. A localidade representada é Pescia. Através do decreto Real de 13 de março de 1884, STEFANO, filho de AGOSTINO, filho de BERNARDINO ORSI, obteve a permissão de acrescentar ao próprio sobrenome da avó materna LUISA, filha de STEFANO BERTOLINI, nobre de Pontremoli. Através de outro decreto Real de 13 de junho de 1901, foi renovada a seu favor a autorização do uso do título de Conde dos BERTOLINI CATALDI, transmissível aos descendentes. A Família está inscrita no Livro de Ouro da Nobreza Italiana, Lista Oficial da Nobreza Italiana, com os títulos de Conde, Nobre de Pescia nas pessoas de STEFANO, AGOSTINO E BERNADINO.
ORSI
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ARMAS: Brasão dividido no sentido horizontal em dois campos. O primeiro prateado. O segundo com faixas diagonais vermelhas e prateadas. As localidades representadas são: Torino e Villanova (Mondovì). Família originária de Rocca de Baldi, vinda depois para Villanova Mondovì, gozava de notoriedade já no século XVII. Pertenceu a esta família BARTOLOMEO, filho de ANDREA, o qual, casado com ANNA CARBONERI, teve os filhos GUISEPPE, BARTOLOMEO e GIOVANNI DOMENICO. BARTOLOMEO, Prelado da Cúria Romana, e falecido em 12 de setembro de 1853. Foi escritor e está inscrito no Patriciado de Viterbo. GIOVANNI DOMENICO nasceu em 6 de janeiro de 1788 em Mondovì e morreu em Torino em 16 de novembro de 1850, foi subintendente em Saluzzo no ano de 1819, e, depois, vice-intendente em Chambery no mesmo ano de 1819 e, em Ossola, no ano de 1823 e em Tarantasia no ano de 1826. GIUSEPPE fundou uma comenda com o Patronato Mauriciano em 21 de novembro de 1816 e pediu, mas não conseguiu, ser admitido ao juramento junto com os nobres no ano de 1822. Recebeu o título de Conde em 9 de setembro de 1823. Veio a falecer no ano de 1856. Casou com MARIANNA, filha do Conde Broglia de Mombelio e teve muitos filhos,tendo obtido a imunidade para doze de seus filhos no ano de l832. BARTOLOMEO, primogênito de GUISEPPE,
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Eu e os meus...
nasceu em Torino em 25 de janeiro de 1822 e veio a falecer em Montefiascone no ano de 1889. Teve uma única filha MARIA GIOVANNA, nascida no ano de 1881. Sucedeu no título de Conde o terceiro filho ALESSANDRO, nascido em Villanova Mondovì no ano de 1818 e ali falecido em 27 de dezembro de 1897. Foi ALESSANDRO, prefeito de Villanova Mondovì, coletor de impostos em Dogliani, que assumiu o cargo de tesoureiro em Acqui no ano de 1863, bem como em Reggio Emilia, onde deixou obras publicadas tais como: “O livro da gloria - Da luz e da eletricidade”, entre outros tantos. De suas núpcias com VIRGINIA CLERICI, nasceram os seguintes filhos: - GUISEPPE (1857-1920), - CARLO, nascido em l4 de abril de 1860, assumiu a patente de general de divisão de engenharia. Casou com LAURA, da Família dos marqueses Cordero de Montezemolo, e deste casamento realizado em 4 de novembro de 1897 nasceram os seguintes filhos: ALESSANDRO, nascido em Torino em 19 de fevereiro de 1899 é doutor engenheiro de profissão, combatente durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918),quando foi mutilado, vindo a ser o Presidente do Hospital Infantil Regina Margherita, e Presidente da Ordem dos Engenheiros e da Associação dos Artilheiros, Viceprefeito de Torino. Casado com EMMA ALLGEYER em celebração ocorrida em 15 de outubro de 1930. CESARE nascido em Mondovì em 1 de setembro de 1900, doutor engenheiro como profissão.MARIA, nascida em Mondovì em 23 de setembro de 1901. ELENA, nascida em Mondovì em 10 de setembro de 1902 e casada com ODIARD DES AMBROIS. SOFIA, nascida em Torino em 6 de março de 1910, e EMILIO, nascido em Torino em 26 de outubro de 1916.
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- PIETRO, nascido em 1863, professor e escritor de história além de Deputado e Prefeito de Venezia. Casou-se com CORINA BOLDRIN e são seus filhos: GUSTAVO, falecido durante a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), MARIA, ALESSANDRINA, e PIER ALESSANDRO, este bacharel em direito. - DELFINO (1868-1929), professor, publicista e escritor, além de Senador do Reino da Itália, foi diretor do jornal Gazzetta del Popolo. - ALESSANDRINA (1876). A família está inscrita na Lista Oficial da Nobreza Italiana, com o título de Conde na pessoa de ALESSANDRO, filho de GUISEPPE, e de seus descentes: GIUSEPPE (já falecido), CARLO, PIETRO, DELFINO e ALESSANDRINA.
ORSI
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ARMAS: Brasão dividido no sentido vertical em dois campos. Sendo que no primeiro três paus dourados em fundo azul, acompanhados de três estrelas douradas de seis pontas. No segundo de fundo vermelho cortado por uma faixa amarela encontramos na parte superior uma cabana, representando as posses territoriais e na parte inferior, estilizados, um ser humano e um cavalo, representando figuras da Roma Antiga. As localidades representadas são: Fiorli, Florença e Capannori. Família originária de Capannori e Sant’Andrea di Compito, Província de Lucca. Pertenceu a esta família ORSI, VINCENZO ORSI, que foi pai de LUIGI ORSI, o qual, casado com ZITA ORSI, teve os filhos PIETRO ORSI, ESTEVAN ORSI, ATTILIO ORSI, GIORGIA ORSI E SANTINO ORSI. PIETRO ORSI em bodas com IZOLINA RAMACCIOTI, deu origem às famílias ORSI e RAMACCIOTI em Itapetininga. As informações da família eram de que todos os Orsi e os Ramaccioti tinham vindo juntos ao Brasil. A parte documental conseguida junto ao Memorial do Imigrante, em São Paulo, depois de algumas pesquisas e que, por uma epopéia do meu irmão Aguinaldo e sua esposa Rachel, em carro, a pé, em metrô, a pé novamente e depois de 4h30 chegam em sua casa com as certidões e declarações oficiais, mostram que não é verdadeira essa informação.
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Luigi Orsi, com 49 anos de idade, Zita Orsi com 50 anos de idade e os seus filhos Giorgia Orsi com 15 anos de idade, Attilio Orsi com 12 anos de idade e Santina(Santino) Orsi com 9 anos de idade, chegam ao Brasil em 23.08.1892, pelo navio “ MENTANA “, com destino à cidade de TATUHY. O curioso é que, da família, ninguém tinha conhecimento dessa irmã de Pietro Orsi, Giorgia, comprovado mais tarde pelas pesquisas da Zola com certidão e,também, de Estevan Orsi, casado com Amabile Orsi, que só em março de 2009, a mesma Zola consegue uma certidão comprovando a filiação. Pietro Orsi nasceu em 2 de fevereiro de 1872,na localidade de Sant` Andréa di Compito, e nesta localidade viveu até a idade de 24 anos quando,no ano de 1896, para fugir das dificuldades enfrentadas na região, Pietro,sua esposa Isolina, e familiares de sua esposa, partem para o Brasil, à procura de novas possibilidades. Ao chegarem no Brasil,os Orsi e os Ramaccioti fixam residência na cidade de Tatuí e, posteriormente em Itapetininga. Nessa mesma viagem acompanham Pietro Orsi, Vincenzo Orsi, pai de Giovanni Orsi, que vem a ser pai de Júlio Orsi, avô de Mário Celso Rabelo Orsi Júnior que me cedeu e autorizou a utilizar as pesquisas sobre a família Orsi já levantadas por ele. Informação interessante, LUIGI ORSI, pai de PIETRO ORSI, era filho de VINCENZO ORSI e irmão de VINCENZO ORSI e, assim sendo, tio de GIOVANNI NICOLAO ORSI e este primo do meu bisavô PIETRO ORSI.
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Tenho grande afeição por alguns membros desse ramo dos ORSI que foram meus amigos, sendo o JÚLIO ORSI meu companheiro de LOJA MAÇÔNICA FIRMEZA por 12 anos e agora seu neto, MÁRIO CELSO RABELLO ORSI JUNIOR que segue os passos do avô na FIRMEZA. Rafael Orsi Sobrinho era o segundo vice presidente da Loja quando fui iniciado, em 1976. Bancário como eu, porém em bancos diferentes, éramos bem afinados em questões maçônicas. Um dos filhos do JÚLIO, o MÁRIO CELSO foi meu contemporâneo em trabalhos bancários, ele no Banco Comercial de São Paulo e eu no Banco Commércio e Indústria. O outro, MÁRCIO, companheiro na equipe de natação do CLUBE VENÂNCIO AYRES, a filha MARILENE companheira de participação em Jogos Regionais, ela ótima velocista e saltadora, MIRIAM, concorrente nos carnavais já que ela era do BLOCO BABO GROSSO juntamente com outros companheiros e eu, do BLOCO VAI FIRME, do Frederico Werner Krapf, o NINHO, em que as disputas eram muito grandes, mas quase sempre com a vitória do BABO GROSSO. Bons tempos e em homenagem a esta relação vou colocar as informações da descendência do GIOVANNI gentilmente fornecida pela sua neta MARIA DO CARMO ORSI FERNANDES RUIVO, que foi contemporânea de estudos no Instituto de Educação “ Peixoto Gomide ”, chegando de ônibus escolar que vinha de Angatuba. Acompanhava-a seu irmão Carlinhos, educado, gentil e bom amigo. Outro desse tempo foi o Floresmundo, amigo e companheiro até hoje.
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Mário Celso Rabello Orsi Júnior
Giovanni Nicolau Orsi, foi filho de Vincenzo Orsi e Orsolina Amadei, nascido em 27.12.1881 e falecido em 29.01.1950. Casou-se com Fiorellina Di Martella Orsi, nascida em 14.01.1883 e falecida em 24.04.1965, filha de Cosimo Martela e Elisa Micheletti Martela. Foto abaixo do casal, com os filhos Júlio, à esquerda, Domingos (á direita ) e Vicente Neto, sentado. A qualidade
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da foto não é boa pois foi tirada como cópia do “ O Jornal de Angatuba “, em edição especial sobre essa família. Dessa união nascem 9 (nove ) filhos, a saber : Julio Orsi, nascido em 30.11.1904 e falecido em 04.06.1988; Domingos Orsi, nascido em 18.04.1906 e falecido em 19.03.1978; Vicente Orsi Neto, nascido em 22.01.1908 e falecido em 29.04.2000; Raphael Orsi, nascido em 14.11.1909 e falecido em 25.09.1978; Arnaldo Orsi, nascido em 07.09.1911 e falecido em 19.04.2006; João Orsi Júnior, nascido em 04.12.1912 e falecido em 06.05.2001; Palmiro Orsi, nascido em 01.04.1919 e falecido em 03.09.1976; Florindo Orsi, nascido em 25.05.1920 e falecido em 03.04.1965 e Rolf Nazareth Orsi, nascido em 22.08.1923 e ainda vivo. Júlio Orsi, casou-se com Ernesta Xavier Rabello Orsi, nascida em 03.12.1910 e falecida em 02.11.1964, e tiveram 4 (quatro )filhos, a saber : Miriam Rabelo Orsi, nascida em 22.09.1936; Mário Celso Rabelo Orsi, nascido em 08.03.1938; Marilene Rabelo Orsi, nascida em 07.07.1940 e Márcio Aurélio Rabelo Orsi, nascido em 03.07.1943. Domingos Orsi, casou-se com Jandira Bertholetti Orsi, sem filhos.
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Vicente Orsi Neto, casou-se em primeiras núpcias com Maria José Simões Orsi, nascida em 28.09.1913 e falecida em 01.10.1951 com quem teve 5 (cinco ) filhos, abaixo relacionados e em segundas núpcias com Izolda Malatesta Orsi, nascida em 10.02.1932. Maria Aparecida Orsi Climeni, nascida em 28.11.1935; Rafael Orsi Sobrinho, nascido em 30.08.1937; Rosa Maria Orsi Bodziack, nascida em 04.05.1941; Maria do Carmo Orsi Fernandes Ruivo, nascida em 22.07.1947; Antonio Carlos Orsi, nascido em 09.05.1950. Raphael Orsi, solteiro. Arnaldo Orsi, casado em primeiras núpcias com Maria Ana Nery Orsi, nascida em 18.08.1918 e falecida em 11.12.1957, com quem teve 4 (quatro ) filhos a saber : Ruth Aparecida Orsi de Moraes, nascida em 05.04.1936; Vilma Orsi Prado, nascida em 10.05.1937; Floralina Orsi Vieira, nascida em 28.08.1942 e Nanci Orsi Espíndola, nascida em 16.05.1946. Em segundas núpcias, casou-se com Cecilia Quirino Orsi, nascida em 24.03.1940 com quem teve 3 (três) filhos a saber : Tânia Aparecida Orsi Lopes, nascida em 24.03.1963; Arnaldo Jesus Orsi, nascido em 14.05.1965 e Reinaldo Orsi, nascido em 12.04.1966.
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Palmiro Orsi, casado com Rosalina Domingues Orsi, com quem teve 3 ( três ) filhos a saber : Floresmundo José Orsi, nascido em 17.05.1947; Palmiro Orsi Júnior, nascido em 04.05.1951 e Angela Maria Orsi Larizatti, nascida em 28.10.1955. Florindo Orsi, casou-se com Nair dos Anjos Silva Orsi, com quem teve 3 ( três ) filhos a saber : José Márcio Silva Orsi, nascido em 05.05.1953, casado com Maria Dolores Zacarias Orsi, nascida em 06.01.1965; Florindo Orsi Júnior, nascido em 28.02.1958 e Adriana Maria da Silva Orsi Beker, nascida em 17.02.1964 João Orsi Júnior, casou-se com Rosalina Carriel Orsi, nascida em 15.02.1912 e falecida em 16.05.1989, com quem teve3 (três )filhos a saber : João Carlos Orsi, nascido em 14.06.1942; Terezinha Orsi Guelfi, nascida em 19.05.1947, casada com Antônio Carlos Guelfi; Celina Orsi Fogaça de Almeida, nascida em 10.09.1957 e falecida em 14.11.1995. Rolf Nazareth Orsi, casou-se com Maria Aparecida Marques Orsi, nascida em 08.12.1930 com quem teve uma filha, a saber : Maria Antonieta Marques Orsi de Oliveira Silva, nascida em 17.10.1955. Outra homenagem que presto é em relação a
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FAMÍLIA do RAFFAELO ORSI que já residia em Tatuí (SP), desde sua chegada em 19 de janeiro de 1888, quando no momento da chegada ao Brasil do LUIGI ORSI, sua esposa ZITA ORSI, os filhos SANTINO, GIORGIA e ATTILIO ORSi, os recebeu em sua residência. Outros que chegaram depois, PIETRO ORSI, MARIA ISOLINA RAMACCIOTTI ORSI e o GIOVANNI ORSI, pai do Júlio Orsi, em 01.04.1896, (outras informações dizem que a chegada foi em 23 de março de 1896)também ficaram na casa do RAFFAELO ORSI. Segundo foi contado por muitos familiares a Maria Isolina Ramacciotti Orsi chegou grávida no Brasil do primeiro filho de Pietro, DANTE ORSI e ficaram na casa do RAFFAELO ORSI por cinco meses até o nascimento do DANTE ocorrido em 29 de agosto de 1896, para depois virem para Itapetininga (SP). Raffaelo Orsi foi filho de Peregrino Orsi e Modesta D’Ercole Orsi. Foi casado com Theodora Kuntz Orsi com quem teve numerosa prole, sendo as informações abaixo foram fornecidas pela sua bisneta MARIA DO CARMO NOBILE ORSI, a quem agradeço de coração. 1) Raphael Orsi Nasceu em Tatuí em 19.04.1891, casou-se com Benedicta Pereira Fiuza Orsi em 28.04.1917, falecido em Tatuí em 22.12.1970 e Benedicta faleceu em Tatuí, em 08.07.1964. Teve um filho de nome Raphael Orsi Filho, nascido em Tatuí em 02.07.1918 e falecido em Tatuí, em 22.12.1970, que casado com Darcy Pimentel em primeiras núpcias teve um filho de nome José Roberto Orsi.
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José Roberto Orsi, nasceu em Itapetininga em 12 de junho de 1943, foi casado com Lêda Maria de Palma Barros Pereira Fiuza Orsi, com teve as filhas Maya Pereira Orsi, nascida em São Paulo (SP) em 25.06.1971 e Mila Pereira Orsi, nascida em São Paulo (SP), em 03..03.1973 e é casada com Fábio Bispo do Rosário com quem teve dois filhos de nomes Vitor Orsi Rosário, nascido em São Paulo(SP) em 01.07.2011 e Vinicius Orsi Rosário nascido em São Paulo (SP), em 29.03.2013. José Roberto Orsi faleceu em São Paulo (SP) em 18.12.1996 e Lêda, sua esposa, faleceu em Madrid, Espanha em 18.05.1986., com 37 anos de idade e ambos foram enterrados em São Paulo.
Raphael Orsi Filho, quando moço e depois, já idoso.
Raphael Orsi Filho, em segunda núpcias, casouse com Eunyce Nobile Orsi em 16.01.1979 e tiveram uma filha Maria do Carmo Nobile Orsi, nascida em 18.04.1955, que foi casada com Serge Paul Michel
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Moussard em Bons-em-Chablais, na França em 05.08.1996 e este falecido em Lyon, na França, em 20/09/2003. Não tiveram filhos.
Maria do Carmo Nobile Orsi e seu sobrinho neto Vinícius
Sobrinho neto da Maria do Carmo, Vitor, com 3 anos de idade. É a sexta geração do Raffaelo Orsi.
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2) Maria Angelina Orsi Nasceu em Tatuí (SP) em 1893 e faleceu na mesma cidade em 10.12.1895 com dois anos de idade. 3) Maria Orsi – não tenho as informações 4) Modesta Orsi Soares Hungria que foi casada com Alcindo Soares Hungria, nasceu em Tatuí (SP) em 27.02.1900, casou-se em 14.08.1919 e faleceu em Itapetininga (SP) em 07.06.1982. Os filhos de Dona Modesta são : Ely Soares Hungria, casada com Hélio Lobo com quem teve os filhos : Hélio, casado com Cristina Raposo Lobo, Ciro, casado com Sandra Mello Lobo, Gladys, casada com Thomaz de Melo Neto, Fábio, casado com Maria Cristina Matarazzo de Souza Lobo e Décio, casado com Telma Melo Almada Lobo. O outro filho é o Dino Soares Hungria, casado com Cecilia Assumpção Hungria com quem teve as filhas Maria Raquel, Maria Heloisa e Maria Beatriz. 5) Zoraide Orsi Pascale, casou-se com Humberto Pascale e tiveram os filhos : Geraldo Albano Pascale, casou-se com Regina Pascale que tiveram os filhos : Maria Luiza Pascale, casou-se com Geraldo, com quem teve os filhos Matheus Costa Pascale e Joaquim Costa Pascale; Patrícia Costa Pascale que casou-se com Nelson Carvalhaes e que tiveram os filhos João Pascale Carvalhaes e Dora Pascale Carvalhaes.
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6) Mário Orsi casou-se com Jacira de Sá Orsi e que tiveram os filhos : Marco Antonio Orsi, casado com Maria Cláudia Del Fiol Orsi que tiveram a filha Maria Glades Orsi que casada com Ricardo tiveram a filha Maria Eduarda. Mário Orsi Neto que casou-se com Ana Laura Rocha com uma filha de nome Amanda. Sérgio Orsi que casou-se com Cleide de Oliveira Orsi. Que tiveram 4 filhos, Sergio Orsi Filho, Maria Cristina Orsi, Maria Lígia Orsi e Antonio Augusto Orsi, são todos casados e com filhos... 7) Guiomar Orsi, nascida em Tatui (SP) em 31.01.1905, casada em 12.09.1926 e falecida em 09.10.1981. Foi casada com Waldomiro Hoffmann, nascido em Manduri em 28.07.1902 e falecido em 11.02.1968. Tiveram um filho. Antonio Geraldo Hoffmann que casado com Agnes tiveram os filhos : Marcelo, Maria da Glória, Maria Vitória e Luciana... 8) Simeão Orsi casou-se com Maria de Sá Orsi e tiveram um filho : Simeão Orsi Filho que casado com Wilma tiveram os filhos : Marcelo, Valéria, Eduardo, Patrícia e Maria Helena. 9) Helena Orsi Portugal de Souza casou-se com Ovídio Portugal de Souza. Não tiveram filhos.
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10) Maria José Orsi Bernardes, foi casada com Mozi Bernades. Tiveram dois filhos a saber : Léo e Suzie Orsi Bernades. Léo Orsi Bernades foi casado com Maria Alice Calazans e tiveram os filhos : Léo Orsi Bernardes Filho, Luiz Antonio Orsi Bernardes, Maria Tereza Orsi Bernardes Feichtenberger e Maria Alice Orsi Bernardes Camargo todos casados e com filhos... Suzie, solteira... Chegam ao Brasil, Pietro,Isolina,os Ramacciotti e outros Orsi em vinte e três de março de 1896, embarcados no navio de bandeira italiana, FORTUNATA RAGIO, com os homens das duas famílias trabalhando a bordo, na cozinha, casa das máquinas e em outros afazeres, para custearam a viagem até o Brasil. Essa informação foi dada por Isolina Orsi (Tia Néspola), a última filha de Pietro Orsi, ainda viva, no momento deste registro (24.06.2003). Após os cartazes começa a saga dos Orsi no Brasil.
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Programa da Festa em homenagem a Maria do Santíssimo Socorro (Sant’Andrea de Compito – 21 e 22 de julho de 1895)
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PALÁCIO ORSI MANGELA
O edífício acima tem o nome de “PALÁCIO ORSI MANGELA”, sendo os “MERLINI” que tiveram a primeira propriedade do prédio, situado na Rua Maroncelli, tendo igualmente outras propriedades nas Vilas Paulucci Merlini de Selbagnone e Guarini Merlini de Bertinoro, sendo essas propriedades, todas. do final do século XVII. As decorações são do pintor Angelo de Bolognese e os quadros de Zacarini. Em 1925, em projeto de Ariodante Bazzero, o edifício mudou sua magra fisionomia, quando Raffaele e Paul Orsi, dos Mangeli, deram começo aos trabalhos que foram caracterizados pela demolição do corpo central
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que uniu duas asas do plano nobre, construção de uma escadaria octogonal na zona da parte de trás do edifício e abrindo uma segunda porta de entrada na fachada.. Em 1989 foi construído o escritório de recepção e o curso de Grau em Ciências Políticas da Universidade dos Estudos de Bolonha, em Forli, além da Biblioteca Roberto Ruffilli. Outra propriedade dessa família é o Centro de Crédito Romagnolo, situado na Praça de Saffi, nº. 43.No meio do século XX essa propriedade passou para Adelaide Balzani. Existem outros edifícios com o nome dos Orsi em toda a Itália.
RELAÇÃO DE ENTRADA DE IMIGRANTES ITALIANOS NO BRASIL FAMÍLIAS COM O SOBRENOME ORSI Relação gentilmente cedida e compilada pelo Sr.Valdir do Memorial do Imigrante em São Paulo, em 17 de julho de 2003, em fax através da Associação do Imigrante de São Paulo, para que fosse possível fazer o levantamento dos nossos italianos que chegaram ao Brasil.Nota-se na relação que as datas do Luigi Orsi e do Pietro Orsi não conferem, apesar de a informação que tenho ser que chegaram juntos. Interessante, ainda, é que no cadastro de Luigi Orsi e Zita Orsi, constam como filhos GIORGIA ORSI,ATTILIO ORSI E SANTINA ORSI, sendo que os nomes de PEDRO ORSI e ISOLINA ORSI
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constam em separado, por serem casados. O registro era por FAMĂ?LIA. NOME DATA Giovanni Orsi 07.07.1882 Pasquale Orsi 16.08.1882 Adholfo Orsi 06.10.1882 Giovanni Orsi 20.10.1882 FrancescoOrsi 21.11.1882 Stefano Orsi 03.09.1883 Pietro Orsi 30.10.1883 Stefano Orsi 29.11.1883 Emidio Orsi 24.03.1884 Pasquale Orsi 31.01.1885 Gabriello Orsi 19.02.1885 Vincenzo Orsi 19.02.1885 Giovanni Orsi 05.11.1885 Ernesto Orsi 08.12.1885 Natale Orsi 11.01.1887 Filippo Orsi 06.05.1887 Vincenzo Orsi 23.10.1887 Stefano Orsi 18.11.1887 Santi Orsi 29.12.1887 Pasquale Orsi 16.07.1893 Rafaello Orsi 19.01.1888 Stefano Orsi 19.09.1888 Bernardo Orsi 19.10.1888 Pietro Orsi 22.10.1888 DomĂŞnico Orsi 05.09.1889 Santino Orsi 06.09.1889 Giuseppe Orsi 19.02.1890 Nicola Orsi 07.06.1890 Venanzio Orsi 06.11.1890
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Leone Orsi Giuseppe Orsi Alessandro Orsi Pietro Orsi Paulo Orsi Emidio Orsi Romeo Orsi Domênico Orsi Rafaelle Orsi Tommaso Orsi Filomena Orsi Angelo Orsi Paolino Orsi Oreste Orsi Giovanni Orsi Vincenzo Orsi Angelo Orsi Maurizio Orsi Luigi Orsi Tarquinio Orsi Vittoria Orsi Luigi Orsi Pietro Orsi Attilio Orsi Vincenzo Orsi Rafaello Orsi Settimio Orsi Giuseppe Orsi Pasquale Orsi Angelo Antº.Orsi Amar Orsi Rafaelle Orsi
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17.04.1891 12.09.1891 21.09.1891 21.09.1891 08.10.1891 08.10.1891 13.10.1891 24.10.1891 28.10.1891 02.12.1891 12.12.1891 18.12.1891 02.01.1892 07.01.1892 22.01.1892 02.06.1892 08.06.1892 05.07.1892 23.08.1892 12.06.1893 14.08.1894 25.01.1895 01.04.1896 14.05.1897 19.08.1897 14.11.1897 01.11.1901 13.06.1902 26.06.1911 21.03.1912 10.07.1912 29.09.1912
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Tia Néspola sempre dizia que o seu pai, Pietro Orsi, afirmava que a pessoa da foto era seu avô. Perguntado aos parentes ninguém sabe quem é. Exercitando e viajando com as possibilidades pode ser : se o Pietro Orsi chamava de avô, pode ser avô materno, pai de Zita Orsi de quem nada sabemos, inclusive seu sobrenome de solteira e caso seja de fato seu pai, ficaremos sem saber se é, e se for, qual o nome. Indo pelo lado paterno, pode ser o pai de Luigi Orsi, o Vincenzo Orsi, que é citado na certidão de óbito do Luigi e que na relação de italianos que entraram no Brasil aparece diversas vezes em 19.02.1885, 23.10.1887, 02.06.1892 e 19.08.1897. A Tia Néspola não sabe se quando o Pietro Orsi falava que era seu avô estava dizendo que era avô dele( de Pietro Orsi) ou avô dela (Tia Néspola) Já vimos as possibilidades de ser avô de Pietro Orsi e vamos ver agora as possibilidade de ser avô dela. Se for o avô paterno da Tia Néspola é o Luigi Orsi e se for do lado materno, o pai da Maria Isolina Ramacciotti Orsi, é o Abramo (Abrahão) Ramacciotti.
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Eu particularmente acho que é o Abramo pois o nariz dele é idêntico ao do Abrahão Ramacciotti, filho do Luigi (Gigio) Ramacciotti e que morava na Rua Padre Albuquerque, que eu conheci e era dono das maiores mãos que já vi. Resta ainda a última alternativa. Não é nenhuma das opções acima sendo um ilustre desconhecido para todos nós. De qualquer forma, na dúvida fica o registro e a foto de uma pessoa que esconde um sorriso por detrás do bigode, um olhar de bondade, roupas de veludo um tanto desgastadas pelo uso, orelhas e bigodes imensos.
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Depoimento de Isolina Santos Moura Isolina Santos Moura é filha de Manoel dos Santos e Argentina Orsi Santos, casada com Odilon de Mello Moura, tem duas filhas : Sandra Maria, casada com Francisco Diana Portillo sendo estes os pais de Francisco Luiz e Carolina e Sônia Maria, casada com Gerson Martins dos Santos, igualmente com dois filhos, Rodrigo e Bruno. Zola, como é carinhosamente chamada por todos os parentes e amigos, é neta de Pietro Orsi e Maria Isolina Orsi, com quem sempre mantive boas relações de amizade e baseada nela, a amizade, é que a procurei para falar do meu projeto de concentrar em um “livro” as nossas lembranças e os documentos que ainda,porventura, fossem encontrados. De imediato deu um grande apoio à minha pretensão, colocando-se à disposição no que fosse possível colaborar, falando da imensa alegria que estava tendo por ver que a minha atitude iria deixar que nossas memórias não perecessem. Partindo em seguida para suas pesquisas junto aos documentos que estavam em poder da Tia Néspola, alguns com 107 anos, nos cartórios, no cemitério, sempre na companhia inseparável do Odilon, já que este foi Oficial de Cartório e tem muita prática em documentos cartorários e na leitura dos mesmos, capacidade esta devidamente comprovada mais tarde, conseguiu, com muito custo pessoal e familiar, além de despesas que em hipótese alguma quis repartir, dizendo sempre ser parte dela, levantar documentalmente a origem de todas as propriedades que os primeiros Orsi conseguiram e ainda
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“ registrar ” as memórias da Tia Néspola, agregando tudo ao seu depoimento e memórias que passo a descrever. [Grifos e as palavras entre colchetes são de minha autoria]. “ Luigi Orsi, pai de Pietro Orsi, em 22 de junho de 1896, dois meses depois que Pietro Orsi aportou no Brasil e em Itapetininga, dá entrada de um requerimento junto a Câmara Municipal de Itapetininga, dirigida ao seu Presidente, com a seguinte redação: “Luis Orsi (nome já mudado) pede-vos que lhe seja concedida uma dacta em frente ao portão do armazém da Sorocabana, ainda mais pede vos que lhe seja concedida a dacta ao preço de 50 $ 000 cada uma, visto estar fora do perímetro urbano da cidade.” Requerimentos iguais foram encaminhados por Pietro Orsi, Estevam Orsi, Santino Orsi, Georgina Setiminia Orsi [irmãos de Pietro Orsi], e seu marido Pedro Pieroni (duas dactas). Na certidão de desembarque de Luigi Orsi no Brasil, aparece uma filha com o nome de Giorgia, com 15 anos de idade, que foi comprovado pela Zola, documentalmente. ser Giorgia, que em 1896 estaria com 19 anos, e quando faleceu em 1917 com 40 anos, conforme a certidão de óbito. Em 08 de agosto de 1896 os pedidos de todos foram atendidos. Na sequência da narrativa voltaremos, pelas datas levantadas, ao assunto das “dactas”. No início da vida do casal Pietro e Maria Isolina Orsi em Itapetininga, sua moradia era na Rua Dr.Campos Salles, no local onde foi o Cine Theatro São Pedro e, hoje a Loja Cibelar. Sua esposa, também italiana, plantava verduras que eram vendidas e Pietro Orsi comprava açúcar, refinava, quando então era chamado de “redondo”,
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“ mascavo “ que, igualmente, era destinado à venda. Com o andamento das construções das escolas na Avenida Peixoto Gomide, o afluxo de pedreiros, carpinteiros, mestres-de-obras, etc.., era muito grande em nossa cidade, possibilitando a muitos de seus moradores ganhos financeiros, tais como pousadas, pensões, alimentação, opção esta, do alimento, a escolhida por Maria Isolina Orsi, pois tinha fama de boa cozinheira e, ainda por cima, da cozinha italiana. Como não tinham pratos, as refeições eram servidas em latas onde vinham as goiabadas, que caiu no gosto dos “pedreiros” pois eram lutadores iguais e enfrentavam as mesmas dificuldades. Dizem, alguns dos netos, que a Maria Isolina começou a ganhar mais dinheiro que o Pietro Orsi, e quase teve que parar com suas atividades, por “ ciúmes “ de seu companheiro. [Naquela época, com toda a certeza, indício forte de machismo, principalmente em se tratando de italiano ]. Em 07 de janeiro de 1898, Luigi Orsi e Zita Orsi [em alguns documentos consta como Cita Orsi, o que não é correto ], fizeram uma hipoteca para o Capitão João Jacinto de Almeida, no valor de 1: 130 $ 000 (um conto, cento e trinta mil réis), hipoteca esta quitada em 3 de janeiro de 1900, 2 anos após, conforme escritura lavrada no 1º. Tabelionato de Itapetininga, no livro 91, 17 e 18 verso. Talvez o motivo dessa hipoteca fosse levantar recursos financeiros para o empreendimento narrado em seguida. Em 03 de junho de 1899, Luigi Orsi, residente na rua Capão Alto, pede à Câmara Municipal de Itapetininga, licença para se estabelecer nesse endereço com fábrica de pão (padaria). A licença foi concedida em 04 de julho de 1899.
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Em 15 de outubro de 1906, às 10 horas, falece Luígi Orsi, 14 anos após sua chegada ao Brasil. Sua certidão de óbito mostra claramente que os registros na época não tinham a informação correta como preceito, pois a mesma foi lavrada com muitos erros, e com certeza não era erro do declarante, pois ele era ou o cunhado ou o genro do falecido. Vejamos : “Registro de Certidão de Óbito no livro C 006, às folhas 026, sob número 265,o falecimento de Luis Orsi [Luígi Orsi], do sexo masculino, de cor ignorada (como pode ser registrado de cor ignorada [branco, pardo, negro, etc..], profissão artista [só se na época padeiro era considerado artista], casado, com 68 anos de idade, natural da Itália [que falta faz hoje a cidade onde nasceu, para nossas pesquisas], filho de Vincenzo Orsi [ não colocaram o nome da mãe, não devia ser importante]. Causa da morte : Adipose Cardíaca. Era casado com Zita Orsi e deixa 4 filhos[ onde estão os nomes], todos maiores. O Declarante foi Pedro Pierone. “ Nada mais.
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Em 12 de junho de 1914, faleceu Maria Isolina Ramacciotti Orsi, esposa de Pietro Orsi, de febre tifóide. Ocorre nesse dia um fato sobejamente contado por todos da família : “Quando foi aberto o túmulo onde estava sepultado Luigi Orsi, falecido há quase 8 anos antes, foi constatado que seu corpo estava em perfeito estado de conservação, com apenas um ferimento no corpo causado pelo instrumento [picareta] usado para puxar o caixão para fora do túmulo. O corpo foi devolvido à sepultura, tendo esta sido fechada e o corpo de Maria Isolina Ramacciotti Orsi encaminhado ao Necrotério, onde ficou por mais um dia à espera de que uma nova gaveta fosse construída em cima, para que ela fosse sepultada. Contavam que esse fato ocasionou verdadeiras romarias ao cemitério.” Se pensam que os fatos acabam aí, se enganam. Anos mais tarde seu túmulo foi aberto novamente, não se sabe se para enterrar outro parente ou para ver o que tinha ocorrido com seu corpo. O que encontraram foi uma grande surpresa [outra vez] : não existia corpo e sim um amontoado de ossos em um canto, com cabelos pretos na parte da cabeça. Novo mistério. .Quem abriu o túmulo sem o conhecimento da família ou da administração do cemitério? Onde estava o corpo? Se era o corpo de Luigi Orsi quem amontoou esses ossos? Qual a finalidade? Por que cabelos pretos no local, se ele tinha cabelos loiros até o final da vida e que estavam em seu corpo quando da primeira abertura do túmulo? Inúmeras perguntas eram feitas na época. Aí vinham as respostas que deixavam tudo na mesma. Foi para São Paulo, levaram de volta à Itália, tiraram para estudo, entre outras, até tudo cair novamente em esquecimento, até agora.
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Dizem os parentes que ele era uma pessoa muito boa e que era muito difícil tirá-lo do sério e, quando conseguiam, expressava [segundo a Zola foi contado a ela pela minha Tia Dirce, sua prima ] “ PORCO JUDAS “. [Gostaria de tê-lo conhecido]. Em 09 de outubro de 1910, Pietro Orsi comprou um “potreiro”, de 4 quatro alqueires de Alfredo Acácio de Morais Leite e Ignês Ferreira das Neves.[Mais tarde virou a Vila São Pedro com 330 lotes de terrenos]. Grande aquisição na época. Suas divisas eram : “pela frente com a rua que conduz ao bairro da Lagoa, por um lado com o caminho denominado Taboão; por outro com Pedro Trevisani e com os vendedores; pelo último lado com rua nova, sem título, para a qual faz frente a chácara de Leopoldo Hespanhol. Valor do contrato 500 $ 000 (quinhentos mil reis). Pouco antes do falecimento de sua esposa, Maria Isolina Ramacciotti Orsi, Pietro Orsi compra outras propriedades. Em 14 de maio de 1914, comprou de José Vitale e Maria Romana de Arruda, um prédio em uma travessa, constando de uma pequena casa de morada, dentro do alinhamento. Confrontações : pela frente onde mede 10 metros com a citada travessa, por outro lado com a rua paralela com a Capão Alto e, ao fundo com o vendedor, no valor de 400 $ 000 (quatrocentos mil réis). Nesse prédio foi instalada uma escola. Em 15 de maio de 1914, um dia após, novas aquisições. Pietro Orsi comprou de Setminia Orsi, duas “dactas”, concedidas pela Câmara Municipal em 19 de agosto de 1896,[uma “dacta”dela e outra de seu falecido marido Pedro Pieroni], medindo 29 metros de frente, por um lado com Zita Orsi, outro lado com Estevam Orsi e, aos fundos, com Manoel Rodrigues Rezende, pela quantia
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de 100 $ 000 ( cem mil réis). Compra de Estevam Orsi e Gertrudes Orsi, a “dacta” que lhes foi concedida em 19 de agosto de 1896 pela Câmara Municipal, dividindo pelos lados com o comprador Pietro Orsi, pelos fundos com Manoel Rodrigues Rezende e, pela frente, medindo 14,50 metros com a rua que vem da Santa Casa, pelo valor de 50 $ 000 (Cinquenta mil réis). Em 18 de setembro de 1919, passa escritura de cessão de herança de Estevam Orsi e sua mulher Amabile Orsi; Santino Orsi e sua mulher Corina Orsi, mediante o preço de 500 $ 000 (quinhentos mil réis), vendem, cedem e transferem o direito consistente em imóveis, sitos na rua Alfredo Maia, sob número 14, com respectivo quintal. No ano de 1920, em 21 de fevereiro, nova compra : uma casa com quintal sita na rua Alfredo Maia, número 14, de Antonio Pinto e sua mulher Maria José do Nascimento, pela quantia de 1.000 $ 000 ( um conto de réis). Fato interessante é que os vendedores tinham comprado esse imóvel de sua mãe Zita Orsi. O mapa ficou assim :
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Atualmente a casa de Pietro Orsi, com a Zola, Odilon, Sandra Maria, Sonia Maria em pé e Tia Néspola na janela. As compras param nesse período e Pietro Orsi só volta a comprar 10 anos mais tarde; em 22 de julho de 1930, adquire um terreno na Avenida do Posto [hoje Dr.Coutinho] de Guilherme Luiz Pranchas [deve ser Pranches] com 12 metros de frente por 50 metros de fundos, sendo a frente na Avenida do Posto, de um lado com Nagib Moucachen, do outro lado e, pelos fundos, com o comprador [Pietro Orsi], por 500 $ 000 (quinhentos mil réis). Em 24 de julho de 1930, na parte do Potreiro, adquirido em 1910, com frente para a rua da Lagoa, hoje Dr.Coutinho [em frente ao Shop], doa um lote para cada um dos seus filhos, sendo cada lote avaliado em 400 $ 000 (quatrocentos mil réis), no valor total de 4 : 800 $ 000 (quatro contos e oitocentos mil réis).Receberam os lotes os seguintes filhos : Dante, Adelaide [Nenê], Gema [Bimba], Nelo, Inês [Inice], Ercília, Setiminia [Genóva], Argentina, Abrahão [Neluxo], Alexandre
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[Bimbo], filhos do primeiro casamento com Maria Isolina Ramacciotti Orsi e Isolina [ Néspola ] e Armando filhos do segundo casamento com Carolina Ramacciotti Orsi [ irmã da primeira esposa ]. Os fatos de ora em diante são narrados pela Tia Néspola à Zola em 18.07.2003. Já residindo toda a família na Rua Alfredo Maia, número 504. Tia Néspola nasceu em 1915 e, quando mudaram na casa 14 da Alfredo Maia, ela já tinha 5 anos, pois o prédio foi comprado em 1920, isso quer dizer que ela morou na casa da Rua Dr.Campos Salles. A mãe da Tia Néspola é Carolina Ramacciotti Orsi, irmã da primeira esposa de Pietro Orsi, Maria Isolina Ramacciotti Orsi, tendo vindo ao Brasil para cuidar de sua irmã, que faleceu em 1914. Pietro nessa casa explorava o ramo comercial com armazém de secos e molhados, como se dizia na época, em sua própria residência, no mesmo local onde mais tarde foi bar e sorveteria do Armando Orsi. Tinha outras atividades, ajudado pelos seus filhos, já que possuía um trole preto, com cobertura para os passageiros e era puxado por parelhas de cavalos brancos, veículo este muito requisitado para levar as noivas em seus casamentos. Era o táxi daquela época. Possuía ainda diversos carroções, puxados por burros, que faziam o transporte de mercadorias que chegavam até Itapetininga pela Estrada de Ferro Sorocabana, de seu depósito até os comerciantes locais e até para algumas cidades vizinhas. Esses carroções, também, eram usados em mudanças residenciais. Consta que o primeiro caminhão adquirido em Itapetininga foi por Pietro Orsi, e a família tem uma
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foto desse veículo estacionado defronte ao Clube Venâncio Ayres, adiante reproduzida, com o Pietro e o Luiz Ianaconi em cima da carroceria. O motorista é o Virgílio Ianaconi e o acompanhante o João Bertozi. A foto é datada de 15 de setembro de 1923.
Vejam os detalhes da foto do caminhão : rodas e aros de madeira, sem cabine do motorista, o tamanho do cofre do motor, a altura da carroçaria, o comprimento da barra da direção, parece ter apenas um farol na frente do caminhão, que devia ser a carbureto, o detalhe do estribo, o suporte de pés do acompanhante do motorista, banco sem encosto, pneus com faixa branca e o Pietro Orsi com um chapéu de corpo alto. Adiante outro fato e documento curioso da época. Conversando com a filha do Dante Orsi, a Inês Orsi, em sua casa e rebuscando fotos e documentos antigos encontrei a carta de carroceiro do Nello Orsi, cedida para que eu aqui a colocasse.
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(Eu acho a cara do Valdir Orsi, filho do Tio Neluxo e da Tia Luzia)
Quando ela (Tia Néspola) tinha mais ou menos 12 anos, portanto em 1926 e 1927, seus irmãos solteiros foram cortar lenha, que era vendida para a Sorocabana, em um lugar chamado Rondinha, que ficava em uma “chave” da Sorocabana, após a estação de Aracaçu. As filhas solteiras iam, duas de cada vez, ficar com seus irmãos no acampamento para cozinhar, lavar a roupa e, de quebra, ajudar a empilhar a lenha cortada. Quando acabavam os mantimentos vinham para casa e outras duas irmãs iam de volta levando mantimentos e cumprindo as suas partes na jornada. Moravam no meio da mata em casebres muito rústicos. Sempre falavam que sofriam muito. Esse local ficava próximo à propriedade do Tio Gígio (Luigi Ramacciotti) irmão de Maria Isolina e Carolina Ramacciotti Orsi, que morava em Aracaçu. Pietro Orsi em 1930 volta à Italia para rever os seus parentes. Leva na mala um monte de fotos de seus filhos e netos, para, orgulhoso, mostrar seus descendentes a todos os que ficaram na Itália.
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A capa do Passaporte Notem que a Itรกlia ainda era um Reino.
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A segunda página do Passaporte. O reino da Itália era governado pelo Rei Vittorio Emanuele III Aparece a data de desembarque em Livorno em 10 de novembro de 1930. Aqui aparecem todos os seus dados, tais como filiação (Luigi Orsi e Zita Orsi, que aparece grafado corretamente), local de nascimento, data de nascimento, altura (1,68 mts.), olhos castanhos claros, cabelo “brizzolati”, etc. ..
A passagem foi de 3ª. classe, evidente que por “economia “.
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Este passaporte foi emitido com vencimento para julho de 1932.
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Notem que o detalhe é para um repatriado temporário.
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Entre as muitas fotos que levou, vejam algumas, levantadas, agora, com minhas visitas recentes aos familiares. Da esquerda para a direita (Em pé)
Abrahão Orsi (Neluxo), Isolina Orsi (Néspola), Nello Orsi, Ercília Orsi, Gemma Ciccilia Orsi (Bimba), Alexandre Orsi (Bimbo ) Sentados : Pietro Orsi e Carolina Ramacciotti Orsi e em pé entre eles o Armando Orsi. Essa foto era do casal com os filhos solteiros.
Família do Dante Orsi em 1930. O casal Dante Orsi e Herminia Orsi. Os filhos : Pedro, Carlos [entre as pernas do Dante ], Hermenegildo [entre o Dante e Herminia], Roberto [ no colo da mãe ] e João.
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Família de Ignês Orsi ( Tia Inice ). Inês Orsi, Paulo Mazzarino, Pedro Mazzarino e José Mazzarino (Tio Pinoti)
Família de Adelaide Orsi Franco (Minha Avó) Amélia (minha mãe), Vovó Adelaide sentada com o Tio Pedrinho, Tia Anália em pé atrás, sentadas Tia Julieta e Tia Alice, em pé atrás a Tia Arminda, sentado o Vovô Sinhô (Francisco Corrêa Franco), no seu colo Tia Dirce e em pé, ao lado, o Tio João.
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Voltando aos idos de 1930 e às lembranças da Tia Néspola, diz ela que em 1930 Pietro Orsi iniciou uma firma de materiais de construção, uma fábrica de ladrilhos, tendo ainda duas Olarias e um porto de areia no rio Itapetininga, firma essa que, em 1945, passou a denominar-se de Irmãos Orsi, passando para os seus filhos Dante, Nello, Abrahão e Alexandre, na Rua João Roberto de Camargo, no quintal da casa Depois de muitos anos mudaram-se para o prédio que ficava começo da Padre Albuquerque, esquina com a rua Cel.Afonso, logo depois do posto de gasolina do Bertolino Rossi, na Avenida Peixoto Gomide. Durante a 2ª Guerra Mundial, tiveram uma vida muito difícil, pois todos os alemães, italianos e japoneses que moravam no Brasil passaram a ser perseguidos e vigiados pela ditadura de Getúlio Vargas. Salvo-conduto e Carteira de Estrangeiro era de uso obrigatório. Não podiam possuir rádio e muito menos ouvi-lo em qualquer outro lugar.
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Aqui reproduzido o Registro de Estrangeiro de Pietro Orsi, datado de 27 de maio de 1942. Salvo-conduto de Dante Orsi, (A parte frontal do documento não foi possível reproduzir).
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Documento válido por 60 dias, expedido em 08 de setembro de 1944. Era usado em viagens pelo seu portador.
Em seguida o Título de Eleitor de Pietro Orsi. Interessante é que não tem data. Notem que o Escrivão é o Sr. Fraterno de Mello Almada, chefe de prestigiosa família em Itapetininga.
Número de alistamento 2.203. (Poucos eleitores na época.)
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Pietro Orsi vem a falecer em 27 de novembro de 1950, apenas vinte e cinco dias após o falecimento de seu filho Nello Orsi que ocorreu em 02 de novembro de 1950. Voltando às memórias da Zola, conta ela que passou sua infância morando na Rua Cel.Afonso, apenas a dois quarteirões da casa de seu avô Pietro Orsi. As suas melhores lembranças são de lá, com muitas brincadeiras e traquinagens, nas festas de São João, erguer o mastro, soltar rojões, assar batatas na fogueira; as reuniões da família aos domingos. Morava em sua casa a Tia Bimba, que segundo ela foi uma pessoa muito especial em sua vida, tinha muita personalidade e uma visão adiante de seu tempo e que conversava muito com ela. Diz que seus conselhos e sua personalidade forte tiveram muita influência em sua vida. Em 1950 após o falecimento do Pietro Orsi, a Tia Bimba volta a residir na casa da Rua Alfredo Maia, número 14, com suas irmãs e a Tia Carolina, mãe da Tia Néspola e do Armando. Este depoimento foi escrito pela Zola em 1º. de setembro de 2003.
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Isolina Santos Moura, em 23 de dezembro de 1950, vinte e seis dias após o falecimento de Pietro Orsi. A foto de sua formatura como professora foi oferecida a minha avó Adelaide Orsi Franco que era madrinha da Zola com dedicatória muito carinhosa escrita em seu verso.
Isolina Santos Moura e seu marido Odilon de Mello Moura, em foto que tirei no dia 30.05.2004.
Minha homenagem e o agradecimento pela inestimável colaboração do ilustre casal, sem a qual boa parte da história documental da família ficaria esquecida.
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DEPOIMENTO DE MARIA MARGARIDA MAZARINO Maria Margarida Mazarino, é filha de Ignez Orsi (Tia Ínice) e de José Mazzarino, a única mulher dos 4 (quatro) filhos do casal. Eu sempre a conheci como Maria e vim saber há pouco tempo que seu nome era composto tendo Margarida completando-o. Achei bonito mas o costume me impele sempre a chamá-la de Maria [ acho mais carinhoso e informal ]. Maria tem uma grande trajetória como educadora, professora e coordenadora pedagógica no ensino. É Professora Primária formada nos bancos do Instituto de Educação Peixoto Gomide de Itapetininga em primeiro lugar quando ganhou a cadeira premio[ ela não conta para ninguém, mas é o seu maior orgulho ), nos anos de 1957. Após formar-se foi para São Paulo, pois era seu intento continuar os estudos a nível Superior e como em Itapetininga não havia, ainda, nenhuma Faculdade para lá se dirigiu. É lá que desenvolve toda sua formação profissional formando-se em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo [ quase ninguém sabe, foi aluna do Presidente Fernando Henrique Cardoso e contemporânea do Ministro José Dirceu que na época era o Presidente do Centro Acadêmico da área de Ciências Sociais ] e, em seguida em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas. Toda gabaritada, lecionou no Grupo Escolar “Visconde de Mauá “ em Mauá, na Escola Industrial “Carlos de Campos “ em São Paulo, na Escola Técnica
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Federal de São Paulo, na Escola Experimental “Dr. Edmundo de Carvalho “ em São Paulo, e ainda na Faculdade de Propaganda e Marketing de São Paulo. Dirigiu a Escola Estadual de 1º. e 2º. Graus “Mauro de Oliveira “ em São Paulo. Coordenou a Equipe Técnica Pedagógica na Divisão de Assistência Pedagógica, no Centro de Recursos Humanos e na Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, colaborando ativamente no Plano de Implantação da Lei 5.692/71 – conhecida como a Reforma do Ensino. Maria encerra sua vida profissional, aposentando-se, em 1984. Em novembro de 1985, falece seu irmão José, momento em que suas sobrinhas pedem que ela colabore na administração das empresas de propriedade da família, fazendo-a vir com mais regularidade até Itapetininga. Nessas idas e vindas, residindo ainda em São Paulo, durante o ano de 1989 cai e quebra a perna, fraturando a tíbia e o perônio ficando 11 meses sem poder colocar o pé no chão. Esse acidente fez com que ela se desligasse de alguns trabalhos voluntários que fazia em São Paulo e radicando-se, novamente, em Itapetininga, de forma definitiva. Para quem viu, mãe e tias, com grande dificuldade familiar, não poderem estudar, Maria, que pôde, juntamente com outras “primas” e “primos”, formam as boas cabeças da família, motivo de orgulho para todos. Fiquei mais próximo da Maria quando a procurei para participar de um grupo de primos em primeiro e segundo graus, que tinham por objetivo ajudar um outro primo a completar seus estudos. Deu de pronto sua
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concordância, e daí em diante, todo mês, eu ou meu filho, Alexandre, passávamos em sua casa para receber a parte que lhe cabia na contribuição. Foi gratificante. Quando em minha cabeça fervilhava a idéia de levantar as informações e a história da família, foi a Maria, uma das primeiras pessoas que procurei, juntamente com a Isolina Santos Moura ( Zola Orsi ) e a Alcina Rocha Peres de Oliveira, recebendo delas, um grande incentivo e colocando-se a disposição para ajudar. Essa posição, aliada a outras, fortaleceram o meu propósito de seguir em frente. Maria alavanca o seu depoimento a partir do período de imobilidade causado pela quebra da perna, pois, invariavelmente, recebia a visita do Tio Neluxo (Abrahão Orsi) que morava num sítio — Cerâmica São Judas Tadeu — no bairro do Mato Seco onde, ainda hoje, mora toda sua família. Tio Neluxo vinha à cidade de bicicleta. Deixava a condução na casa de suas irmãs, à rua Alfredo Maia, 504, e saía fazer seus negócios e suas visitas. [Tenho muitas passagens sobre o Tio Neluxo nas minhas relações com sua família que ficam para a minha parte na história ]. Esse tio tinha alma de poeta. Sempre trazia seus versos para que ela corrigisse o português. Como ele, muitas vezes ficava sem dormir para atender o forno na queima das telhas que fazia, observava a natureza, os barulhos e sons noturnos e escrevia seus versos, em geral, tendo como tema a natureza, o que conhecia da Bíblia, sua religiosidade. Eram poemas simples, até ingênuos, mas, que revelavam sua alma boa e pacifista e seu grande amor a Deus, à natureza, à sua família e aos amigos. [Onde será que estão esses poemas? O tio Neluxo era um grande
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contador de “causos”, principalmente os das suas caçadas.] Tio Neluxo adorava o sítio. Vinha à cidade só para “ cumprir obrigações “ fossem “legais ou afetivas “. Numa das visitas que fez contou que quando trabalhava com as carroças, transportando mercadorias da Estação da Estrada de Ferro Sorocabana, conheceu um português que era carregador. Trabalhavam juntos e ficaram amigos. O Português estava no Brasil para juntar dinheiro e pagar uma dívida que contraíra em Portugal pois havia sido avalista de um “ amigo “ que não pagou o que devia. O português tinha uma “ Quinta “ que mal rendia o necessário para o sustento da família. Então, decidiu, junto com a mulher, que ela ficaria em Portugal, com os filhos, tomando conta da “ Quinta “ e ele viria ao Brasil ganhar dinheiro para pagar a dívida. Como ele não sabia ler nem escrever pediu a tio Neluxo que lesse as cartas que vinham de Portugal e escrevesse as que mandava para sua mulher. Assim o tio ficou, além de amigo, confidente. Todo mês o português ditava o que deveria ser escrito. Em geral falava sobre o dinheiro que enviava para o pagamento da dívida e, daqui do Brasil, orientava a mulher sobre a administração da Quinta. Quando iam matar um porco em Portugal ele era quem determinava a data em que o porco seria morto, bem como, a forma de repartir o animal e as partes que deveriam ser vendidas e as que deveriam ser consumidas em casa. Falava, também, de suas saudades e de seus afetos. Quando terminou de pagar a dívida, resolveu ficar mais um ano no Brasil para fazer seu “pé de meia”. Nessa ocasião meu avô — Pedro Orsi — e seu filho mais velho — Dante Orsi — estavam estudando a forma de reorganizar os negócios e instalar uma “fábrica de ladrinhos “, pisos e revestimentos de cerâmica. Tio Neluxo comentou com o amigo português
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sobre esse plano e as dificuldades financeiras para executálo. O português emprestou do seu “pé de meia” o dinheiro que faltava para a compra das máquinas. Completado o tempo, recebeu o dinheiro e voltou para Portugal. E, assim, instalou-se a fábrica de ladrinhos e a casa de material de construção “Irmãos Orsi “que se iniciou no terreno que tinha entrada pela rua João Roberto de Camargo e depois mudou-se para a rua Padre Albuquerque esquina com a rua Cel.Afonso. [Temos aqui a história resgatada e, para muitos, perdida, de como começou a firma “Irmãos Orsi“]. Outra história contada por tio Neluxo nas visitas semanais que fazia à Maria refere-se à reforma que a Estrada de Ferro Sorocabana fez, por volta de 1930, nos “pontilhões “ — pontes sobre as quais passavam os trens, uma no final da rua Alfredo Maia e início do bairro do Olho D’Água e a outra na saída para Guarei. [ Vamos ver algumas fotos desses pontilhões que tirei no momento em que tomei conhecimento desta história, onde aparecem detalhes dos trilhos de sua construção, largos e altos, bem maiores que os de hoje em dia, a data, que confirma a história em seu tempo e ainda o emblema da Estada de Ferro Sorocaba.]
O pontilhão visto de quem vai da rua Alfredo Maria para o Bairro Olho D’Água.
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O mesmo pontilhão visto de quem vem do Bairro Olho D’Água à cidade.
A data de 1930 que confirma a tempo em que ocorreu o fato e o emblema da Estrada de Ferro Sorocaba.
O detalhe do trilho na foto. Olhando bem de perto, no local,verifiquei que o trilho foi cortado com solda elétrica. Verificando o motivo, descobri que um caminhão bateu no pontilhão fazendo o trilho se soltar da estrutura baixando a altura disponível do pontilhão, daí a necessidade que fosse cortado para não causar mais danos.
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As fotos seguintes são do “pontilhão “ na saída para Guareí.
Vista do “pontilhão “ de quem vai de Itapetininga para Guareí na foto anterior e na posterior de quem vem de Guareí para Itapetininga. Mostradas as fotos vamos à história narrada pela Maria. A firma de Pedro Orsi, seu avô, foi contratada para transportar, nas carroças, as pedras e o material de construção necessários à reforma.
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Quem administrou as carroças e ficou responsável pelos serviços foi o tio Neluxo. O trabalho foi muito duro, pois, havia prazo para o término do serviço e o material era muito pesado. Muitas vezes tio Neluxo voltava para casa tarde da noite para dar conta do compromisso. Quando chegava em casa, lá estava a sua irmã Bimba com o banho preparado e o jantar quentinho. [ Quando ela faleceu em 1986, a Maria diz que viu e ouviu aquele homem de cabelos brancos e as lágrimas escorrendo pelo rosto a dizer : “Hoje eu perdi a pessoa que mais zelou por mim”.] Diz que seu avô, Pedro Orsi, teria ganho um bom dinheiro com aquele trabalho e o tio Neluxo foi convidado para a inauguração. Mas, não foi à festa. Não lhe compraram o chapéu e a roupa que ele queria para lá comparecer. E a mágoa ficou. Mas, ficou, também, a gratidão pela irmã que tanto zelou por ele. Tia Bimba chamava-se Gema Maria Cecilia Orsi. Era a terceira filha de Pedro Orsi e Maria Isolina Ramacciotti. Após a morte de sua mãe ela ficou ao lado do pai ajudando a criar os irmãos menores e trabalhando ombro a ombro com os irmãos maiores. [Ao lado a foto da Tia Bimba, que tirei do seu Título de Eleitor, reproduzindo aqui, pois são raras as fotos dela. Tem um pouco de cola na parte direita de seu rosto de quem olha de frente, mas vejam seus olhos, quase que comum a todas as filhas de Pietro e Isolina, e sua boca um pouco apertada, escondendo, a meu ver, um sorriso e um pouco de sua alma brincalhona. ]
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Voltando a história, Maria conta que quando Pedro Orsi contratou a derrubada da mata para a extensão da linha da Estrada de Ferro Sorocabana de Itapetininga a Itararé ela o acompanhou, morando em acampamento, cozinhando e administrando os empregados.Era enérgica, exigente, mas, tinha um bom humor contagiante e sabia contar histórias como ninguém. Era uma alegria conversar com Tia Bimba. Ela própria muito alegre e muito criativa nas brincadeiras com as crianças. [ Sei de algumas de suas malvadezas, que não vou deixar passar em branco ]. Na época da Páscoa era ela quem incentivava os sobrinhos a fazerem “ judas “ para ser malhado no Sábado de Aleluia, ao meio dia. Ela ensinava também, a abrir dois orifícios numa cabaça e acender uma vela dentro para assustar as pessoas à noite. Tia Bimba era muito inteligente e avançada para sua época. Tinha um senso de justiça muito aguçado. [A Zola partilha em seu depoimento dessa característica]. Certa vez, quando todos os irmãos já estavam adultos, ela entrou em conflito com o pai, pois, considerava que ele havia sido injusto com alguns dos filhos. Desse conflito resultou que ela saiu de casa. Foi ser costureira à domicílio. Morou e trabalhou no Morro Alto na casa de pessoas amigas, depois foi para Aracaçú na casa do Tio Gigio (Luigi Ramacciotti, irmão de Maria Isolina Ramacciotti) e da Tia Rosa. Finalmente foi morar com a irmã mais nova, Tia Argentina, que estava casada com Tio Manuelito — Manoel dos Santos. Aí ajudou a criar a sobrinha, Zola (Isolina dos Santos Moura ). Ao sair da casa do pai ela prometera que enquanto ele fosse vivo, ela não voltaria a morar sob o mesmo
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teto. E cumpriu o prometido. Ia visitá-lo e jogar baralho com ele todas as noites. Quando ela demorava a chegar ele ficava sentado à porta esperando que ela aparecesse. Quando ela apontava na “ bomba de gasolina do Rossi “ [ Bertolino Rossi ], ele entrava e preparava a mesa para o jogo que sempre terminava com quem perdeu dizendo que quem ganhou, roubou, e com a promessa de desforra no dia seguinte. Quando o pai ficou mais velho, às vezes ela o deixava ganhar, sem que ele percebesse. Quando ele faleceu, ela voltou a morar com os irmãos Armando, Ercília, Néspola (Isolina Orsi ) e Genovina (Tia Genóva) que ela, Maria, sempre pensava chamar-se Genoveva, mas que, na verdade chamava-se Setimina. Conta-se que Tia Genovina só ficou sabendo que se chamava Setimina quando foi tirar a certidão de nascimento para casar. Ela ficou viúva muito jovem e voltou a morar na casa do pai onde criou seu único filho — Antoninho ( Antonio Portela, professor,diretor, supervisor de ensino e advogado). Tia Genovina era quem cuidava da horta, criava galinhas e era a doceira da família. Além dos doces em calda fazia pão e umas bolachinhas que eram a delícia das crianças.
Duas fotos do Antoninho (Antonio Portela ). São as únicas que conseguí.
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Tia Genova em uma foto de 1958. Única foto que tenho dela. Tia Nenê — Adelaide Orsi — Era a irmã mais velha da mamãe, continua a Maria. Davam-se muito bem e trocavam confidências. Ela morava à rua Prudente de Moraes e nós morávamos à rua Dr.Coutinho, numa chácara que compreendia o espaço que vai do número 417 da rua Dr.Coutinho até a esquina com a rua Antonio Arruda de Moraes, descendo até a linha da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, fazendo esquina com a atual rua Pedro Mazzarino e vindo até a metade desta. Nessa chácara havia uma grande parreira e um pomar com frutas as mais variadas, bem como, alguns animais. Quando tia Nenê nos visitava, o que fazia com alguma freqüência, era festa para nós, as crianças. Parava-se todo o serviço. Após cumprimentar minha mãe ela conversava com cada uma das crianças. Esta atitude nos tornava muito importantes. Após esta atenção dada as crianças, ela e minha mãe saiam pelo pomar para colher a fruta que houvesse na época, mas, principalmente, para conversar. Era um momento só das duas irmãs que trocavam confidências.
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Após esse passeio pelo pomar mamãe preparava nosso lanche que tinha, invariavelmente, além do café com leite, pão de trigo, pão de fubá e pão de fubá com torresmo. Na saída ela se despedia e sempre dava um elogio ou uma palavra de estímulo a cada uma das crianças. A figura da Tia Nenê marcou muito minha infância. Ela era alta, esguia e muito bonita. Deixou-me a imagem de alguém que não fazia distinção entre as pessoas, tratava a todos com a mesma fidalguia.
Tia Nenê — Adelaide Orsi — é minha avó, mãe de Amélia Corrêa Franco Mello.
A parte do depoimento a seguir vem de encontro ao depoimento da Isolina dos Santos Moura (Zola Orsi), mas contado de uma maneira um pouco diferente e peculiar. Meus avós (da Maria), Pedro Orsi e Maria Isolina Ramacciotti logo que chegaram da Itália vieram morar em Itapetininga e se alojaram num terreno que havia na rua Campos Salles, onde, posteriormente, foi construído o antigo Cine São Pedro. Nesse terreno Maria Isolina plantava e vendia verduras.
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Por esse tempo começou a construção da “Escola Complementar” atual EEPSG “Peixoto Gomide”. e Maria Isolina começou a fornecer almoço para os operários da obra.Com essa atividade estava ganhando mais que o Pedro Orsi. Isto o desagradou muito e o fato foi motivo de discussão entre o casal. Como boa italiana Dona Isolina fez valer seu ponto de vista e continuou fornecendo alimentação aos operários. Algum tempo depois eles compraram a propriedade que fica na atual rua Alfredo Maia, 504, que ná época chamava-se Estrada do Capão Alto. [ Vide mapa no depoimento da Zola Orsi ]. Essa propriedade compreendia quase a metade do triângulo formado pelas ruas Alfredo Maia, João Roberto de Camargo e João Adolfo. Na época essa chácara ficava fora da cidade. Mamãe contava que os estudantes da “Escola Complementar” iam ao “campo” chupar frutas no pomar de Pedro Orsi. Nesse período o terreno da chácara era dividido em três partes : a horta, onde eram plantadas as verduras e as flores; a mangueira, onde ficavam os animais, arreios, carroças e o trole; e o pomar com as frutas, especialmente as videiras que forneciam uvas para o vinho. Minha avó, Maria Isolina, tinha um empregado só para cuidar da horta e do pomar. Era ela, também, quem administrava o armazém que ficava na esquina das ruas Alfredo Maria e João Roberto de Camargo, isto porque meu avô viajava muito. No início do século XX não havia em Itapetininga automóvel ou caminhão. Meu avô tinha um trole, bem como carroças e carroções puxados à tração animal. A linha da Estrada de Ferro Sorocabana chegava só até
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Itapetininga. O trem noturno que vinha de São Paulo chegava na estação de Itapetininga de madrugada. Meu avô com seu trole, apanhava na estação os viajantes e os levava ao hotel. No dia seguinte apanhava os viajantes no hotel e os levava a “ percorrer a praça “. A praça abrangia, além de Itapetininga, São Miguel Arcanjo, Angatuba, Faxina (atual Itapeva), Itararé, Aracaçu,Buri. Feitas as vendas, os viajantes voltavam para suas cidades de origem, em geral São Paulo e, alguns dias depois, as mercadorias chegavam pela ferrovia. Aí entravam em ação as carroças e os carroções. Os carroceiros iam até a estação, carregavam as mercadorias e iam entregá-las aos destinatários. Até que em l923 meu avô comprou o primeiro caminhão. [ Vide foto nas páginas anteriores do caminhão estacionado defronte o Clube Venâncio Ayres. ] As carroças e os animais foram diminuindo até a extinção. A mudança de ramo de comércio tornou-se necessária. Aí surgiu a Casa de Material de Construção “Irmãos Orsi “ e os negócios passaram a ser administrados por meu Tio Dante Orsi. Irmãos Orsi virou Orsi & Cia Ltda – Esta nota é de propriedade da Maria Elisa Orsi Santiago, filha de Pedro e Zoraide Orsi, este filho do Dante Orsi.
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Meu avô tinha outra chácara cuja porteira ficava na rua Dr.Coutinho, na altura do número 600. Essa chácara abrangia um quadrilátero irregular que ia da atual rua Dr.Coutinho até a rua José de Almeida Carvalho, então chamada de Estrada de Rodagem ou Estrada do Alambarí, e da rua Jorge Ozi até a rua Antonio Vieira Sobrinho conhecida como rua do Seminário porque lá estava instalado o Seminário Menor da Congregação do Sagrado Coração de Jesus. Essa chácara era chamada, por nós, de “ pasto “. Aí pastavam os animais, tanto os de propriedade de meu avô como os animais de pessoas a quem, esporadicamente, ele alugava. Um dos últimos, senão o último animal remanescente nesse pasto foi a vaquinha “ Mimosa “ [ parece que até hoje todas as vaquinhas se chamam Mimosa ] . Todos os dias minha tia Ercília saía bem cedo de sua casa à rua Alfredo Maia, 504, e ia buscar a Mimosa para tirar leite. A vaca a esperava na porteira. Com uma vara na mão Tia Ercília tangia a vaca pelas ruas Dr.Coutinho, pela atual Jorge Ozi, e pela Cel.Joaquim Leonel até a rua João Roberto de Camargo, onde ficava a porteira que dava acesso à cocheira, local onde ficavam os animais. Tia Ercília alimentava a Mimosa, tirava o leite e, à tarde levava a vaca de volta ao pasto.
Foto da Tia Ercília que, igualmente, a da Tia Bimba, foi tirada de seu Título de Eleitor
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Com a morte de meu avô em 1950, o terreno dessa chácara foi repartido entre seus filhos, foi loteado [virou a Vila São Pedro com 300 lotes de terrenos ] e urbanizou-se. Meu avô, Pedro Orsi, veio da Itália já casado. Mamãe contava que ele teria dito à minha avó Maria Isolina, que viria ao Brasil ganhar dinheiro e voltaria para casar-se com ela. Ela não concordou. Disse que eles casariam e viriam ao Brasil ganhar dinheiro juntos. E foi assim que aconteceu. O primeiro filho, Dante Orsi nasceu no Brasil. Tiveram dez filhos : Dante, Nenê (Adelaide), Bimba (Gema Maria Ceccilia), Nelo, Ignez, Genovina (Setiminia), Neluxo (Abrahão), Argentina e Bimbo (Alexandre). Em 1914 minha avó falece de tifo. A irmã dela, Carolina, havia chegado da Itália a menos de um mês do falecimento de minha avó. Meu avô casou-se com a cunhada e tiveram dois filhos : Néspola (Isolina) e Armando. Hoje, janeiro de 2004, todos são falecidos, com exceção de tia Néspola que tem 89 anos e mora na mesma casa da rua Alfredo Maia.
Tia Néspola em foto recente que tirei em sua casa — março de 2004.
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Essa casa era o ponto de encontro da família.Todos os domingos ali se reuniam, as crianças, para brincar e os adultos para conversar e ouvir rádio.O rádio foi uma grande novidade da minha infância. Pela redondeza, só havia rádio na casa de meu avô. No Domingo à noite ouvia-se um programa chamado “ Calouros Toddy “, animado por Ari Barroso, um compositor que era muito exigente com os calouros e o “ gongo “ funcionava muito. O rádio ficava na sala e a porta que dava para a rua Alfredo Maia ficava aberta. As pessoas do Bairro Olho D’Água e da Lagoa, que vinham da cidade para a casa, paravam em frente à porta, sentavam-se na grama (naquele tempo não tinha calçada e a rua era de terra), e ficavam assistindo ao programa de calouros. Quando o programa terminava, todos se levantavam, despediam-se e cada um ia para sua casa com sua família. Era uma festa !. .. [Que pena, termina aqui o depoimento da Maria ] Maria Margarida Mazarino nos dias de hoje e, já há 10 anos, é a presidente da Associação do Bem Viver, entidade destinada a abrir espaço social aos idosos e praticar serviços à comunidade e, segundo ela, seu último mandato. Na foto abaixo temos a Maria alegre, descontraída e feliz.
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Os documentos a seguir foram conseguidos na Itália, pela Maria Elisa Orsi Santiago e suas filhas Viviane e Liliane que, em um trabalho insano de pesquisas, usando o telefone, cartas, correspondência eletrônica os conseguira e, hoje, servem de suporte ao pedido de cidadania italiana dela e de seus filhos, abrindo o caminho para o mesmo pedido de todos nos outros descendentes de Pietro Orsi e Maria Isolina Ramacciotti Orsi. Maria Elisa é filha de Pedro e Zoraide Orsi. Pedro é filho de Dante Orsi, primeiro filho de Pietro e Isolina. Sua história fica para mais a frente. O primeiro documento é ( Estratto daí registri degli atti di nascita ) a certidão de nascimento de Pietro Orsi, nascido em 10.02.1872, em “ Comune di Capannori (LUCCA), Frazione de Sant’Andrea de Compito, Itália, Atto nº. 219 folhas A. “ O segundo é ( Estratto daí registri degli atti di nascita) a certidão de nascimento de Maria Isolina Ramacciotti, nascida em 12.04.1870, em “ Comune di Capannori (LUCCA), Frazione de Massa Macinaia, Itália, Atto nº. 515 folhas A. “ Por esta certidão é ficamos sabendo que a mãe de Maria Isolina, que para nós era Adelle Ramacciotti tinha o sobrenome Sbragia. O terceiro é ( Estratto daí registri degli atti di matrimonio ) a certidão de casamento de Pietro e Maria Isolina, casados na “ Comune di Capannori – Lucca – Itália “, em 15.10.1895, Atto nº. 283, folhas A. O quarto documento trata-se da ( Estratto dei battezzati ) certidão de batismo de Maria Isolina Ramacciotti, na “Parrocchia de S.Lorenzo in Massa Macinaia (Comune di Capanori-Lucca), nel libro segnato C, alla pagina 160, sotto il numero 521. ” Por esse documento ficamos sabendo que o pai de
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Abramo Ramacciotti chama-se Alessandro Ramacciotti e que Adele Ramaccioti é filha de Lorenzo Sbragia. Aparece ainda o nome de Letizia Menconi, como presente no batizado. O marido de Palmyra Ramaccioti tinha o sobrenome de Menconi e, com certeza, era parente de Letizia. O nome do pároco é Don Luigi Bandettini. A correspondência desta certidão veio em nome de Maria Elisa Orsi Santiago. O quinto e sexto documentos, são das certidões negativas de naturalização, em portugês e em italiano, de Pietro Orsi.
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O Grupo Empresarial para o qual trabalho atualmente (TINTAS PIG), possuia uma loja de tintas na cidade de Jundiaí que foi recentemente vendida (agosto/2003). Em uma das minhas visitas, a trabalho, nessa loja, conheci um senhor italiano de nome JEAN PIERO BINI, que atualmente é representante comercial nessa região, atuando junto as lojas de tintas e que foi diretor de uma empresa multinacional, fabricante de tintas. Na medida em que nos tornamos amigos, com trocas de muitas palavras em italiano, disse-lhe certa ocasião que era descendente de italianos e que eles tinham vindo da região de Lucca e, para minha surpresa, ela também era. A partir desse fato nossas relações se estreitaram ainda mais. Informei-o que estava fazendo algumas anotações sobre a história da minha família. O sr. Bini de pronto se ofereceu para ajudar. Fornece o endereço, o “e-mail” e o telefone do Consulado Italiano em São Paulo. Entrando no site do Consulado consegui tirar, em italiano, toda documentação necessária para o pedido de cidadania italiana. Passei o documento a diversos parentes interessados. As que já estavam correndo atras eram, uma das filhas da Zola Orsi e, a outra, a Maria Elisa do Dante Orsi. O Sr. Bini sempre contado histórias da Itália, de Lucca, do tempo em que serviu o exército e de quando veio para o Brasil. De Lucca falava da cidade, que era muito antiga, cercada de muros, e que existe até hoje um certo ar de deboche de quem mora na cidade para dentro dos muros para aqueles que moram na cidade para fora
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dos muros. Contou ainda, como era a resposta de quem mora fora dos muros, quando perguntado onde morava. A resposta não dá para se colocar aqui. Quando da visita de seu primo ao Brasil, Sr. Franchesco Ripasarti, o Sr. Bini, ofereceu os préstimos do mesmo para colheita de documentos na Itália, já que era morador em Lammari, cidade muito perto de onde eram todos, os meus e eles. Em conversa telefônica com o Sr.Franchesco, agradeci a oportunidade que me oferecia, passando, em seguida, uma mensagem em italiano, com todos os dados dos meus antepassados, no fax do Sr. Bini. Posteriormente, quando já estava na Itália, me liga dizendo que alguns dados estavam incorretos. Refiz a informação e dentro de pouco tempo recebi os documentos que passo a mostrá-los nas paginas seguintes. O Sr. Ripasarti mora atualmente à Via Dei Pocchi, nº. 161, em Lammari, Lucca, Itália. Ao Sr. JEAN PIERO BINI e ao seu primo Sr. FRANCHESCO RIPASARTI, o meu especial agradecimento, em primeiro, pela amizade que hoje nos une, depois pela presteza que teve em me ajudar no meu trabalho e por último pela atenção na pesquisa no Cartório e na Prefeitura de Capannori para conseguir os documentos. Estas poucas palavras são inseridas na história da minha família em homenagem a esses dois italianos. Na próxima página, temos o mapa das cidades que pertencem a Lucca. Vê-se, Capannori, Guamo, Massa Macinaia e Santa Andréa di Compito.
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Mapa das cidades que pertencem a Lucca . Vê-se , Capannori , Guamo , Massa Macinaia e Santa Andréa di Compito.
Acima prospetos da cidade de Capannori , conseguidos pelo Sr. Franchesco , no setor turístico da prefeitura de Lucca
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Certidão de nascimento de Pietro Orsi, na forma só para a Itália. As outras certidões conseguidas pela Maria Elisa são do tipo europeu, já com tradução em diversas línguas.
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Certid찾o de nascimento de Maria Isolina Ramacciotti nos termos italianos
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Certid達o de casamento de Pietro Orsi e Maria Isolina Ramacciotti nos moldes italianos.
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Envelope postado na Itália, em meu nome, que recebi, enviado pelo Sr. Franchesco Ripasarti com os documentos acima mostrados.
Toda vez que encontrava com o Sr. Bini, cantarolávamos uma propaganda do jornal italiano “Corriere della Sera” que é assim. Buona Sera, Buona Sera é arrivato il Corriere della Sera. Buona Sera, Buona Sera il Corriere della Sera non é arrivato questa será Buona Sera, Buona Sera Il Corriere della Sera lo prendero domani será.
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DEPOIMENTO DE DIRCE FRANCO FERREIRA Dirce Franco Ferreira, é a sétima filha do casal Adelaide Orsi Franco e Francisco Corrêa Franco, nascida em 05 de dezembro de 1927, irmã de Amélia Corrêa Franco Mello, minha mãe, portanto, minha tia e é juntamente com Geraldo Corrêa Franco os dois últimos filhos vivos dos meus avós maternos. Casada com Pedro Ferreira, tiveram um filho que atende pelo nome de Francisco Nélio Franco Ferreira. Tinha 23 anos quando do falecimento de Pietro Orsi e, por isso, bom tempo de convivência com ele e família. Dessa convivência, algumas passagens que foram lembradas são narradas abaixo. Festa era com o pessoal do Nono. Uma delas era o 1º. de maio. Reuniam-se todos os parentes, os empregados e familiares, alguns poucos amigos e iam até o Mato Seco onde passavam o dia, desde o amanhecer até o anoitecer, em um grande piquenique. Comida, suco, fruta, doce para todos e em grande quantidade. Passeios entre os arvoredos e muita festa no riacho. Algumas fotos, um pouco desgastadas, desses passeios.
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Bons momentos eram as festas dos “ Santos “. Na casa do Nono a de São Pedro e na da Tia Ínice a de São João. Íamos, todos os de casa, muito cedo para ajudar nas tarefas para que a festa saísse de acordo com o desejo do Nono. Fazer a massa do pão, enfornar a massa, triturar folhas de mamão e ou figo, para os licores, preparar a batata para ser assada na fogueira, descascar as mandiocas, lavá-las, para cozinhar com açúcar, enfim, tudo o que fosse necessário para quando chegasse a noite, todos participassem com muita alegria. O Tio Bimbo (Alexandre Orsi) tinha mania de soltar buscapé e uma das suas “ traquinagens “ preferidas era quebrar a vareta do buscapé para que ele, em vez de correr em linha reta, ficasse fazendo curvas em um curto espaço de terreno, daí ser o terror de todos. Em uma das festas de São Pedro o feitiço virou contra o feiticeiro. Um dos buscapés com a vareta quebrada entra por uma das pernas de sua calça fazendo um estrago muito grande, na calça e, coitado, na sua perna pois queimou boa parte da barriga da perna e a parte superior do joelho. Nunca mais
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soltou buscapé com vareta quebrada. Em uma outra festa, a de São João, na casa da Tia Ínice, o ritual que antecedia a festa era sempre o mesmo (muito trabalho). Os rojões eram sempre esperados e quando soltos a noite, eram uma grande alegria, pois além do barulho, a beleza era muito grande pois iluminavam a escuridão. Tudo muito bonito. Como criança e fogos não andam juntos como diz o “ditado “, em um determinado momento uma faísca saíu de um dos rojões pulando direto para dentro do paletó ( era um terno de linho branco ) do Pedro Mazzarino, o filho mais velho da Tia Ínice que estava soltando os fogos, pegando fogo em seguida. O Pedro saiu correndo pela horta, pelo pomar e pelo restante do quintal, gritando de desespero e de dor. Com muito custo conseguiu apagar o fogo. Afinal, o estrago foi menor que a gritaria. Perdeu o paletó e saiu um pouco queimado. Passamos uma aflição muito grande. Em todas as festas tínhamos música, em parte por alguns músicos convidados e em outras pelo meu pai, Francisco Corrêa Franco, que tocava violão e, pelo Tio Pinotti (José Mazzarino ) esposo da Tia Ínice que tocava clarineta, o cantor era o Carlito ( Carlos Orsi ), filho do Tio Dante, que tinha o apelido de “ Chanchan “ nome de um pássaro que, segundo a lenda popular, quando sua carne é dada a crianças que demoram muito a falar ela logo fala, não se sabe se o apelido era porque cantava bem ou ao contrário, como se usa, pois o Carlito era de pouco falar. Cantava a música “ Sertaneja” acompanhado pelos músicos quando surge na janela sua irmã Inês Orsi e grita “ sai Chanchan “. O Carlito silenciou e não mais cantou em festas, uma pena pois logo depois as festas pararam por causa da morte da Tia Palmyra e cada um passou a fazê-la em sua casa.
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A carta em italiano traduzida para o portuguĂŞs pela amiga Zilda JordĂŁo.
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Guamo, 02 de abril de 1952. Caríssima irmã, Há tanto tempo que não tenho tuas notícias, estou preocupada, espero que estejas bem, juntamente com todos os teus, é o que te desejo de todo o coração, e estando próximos à Santa Páscoa com esta minha carta quero fazer-te os meus augurios e espero que naquele dia possa passá-lo junto aos teus, dê aos teus filhos uma boa Páscoa por mim e também da parte do Gigi e da Bianca que saúde estão bem, no momento, e também as suas famílias. Eu estou bastante bem de saúde, só que os meus olhos me dão um pouco de preocupação mas esperemos o bem e o Senhor nô-lo dará. Não tenho outras coisas a dizer-te só te recomendo que tu me escrevas, não podes imaginar que consolo experimento ao saber das tuas notícias, eu também sou, se posso dizer, quase só, e especialmente quando estamos em uma certa idade, sentimos mesmo a necessidade de estar perto e já que a distância não nos permite podermo-nos ver, pelo menos mantenhamos a correspondência e contemo-nos a vivência de nossas coisas, e como gostaria de ver-te à vontade e falar-te à viva voz, que não se pode fiar em uma folha de carta. Escreva-me e dê-me tuas notícias. Sem mais, desejo uma boa e Santa Páscoa a ti e família e muitas coisas boas a ti e um afetuoso abraço. Tua carinhosíssima irmã. Palmyra Menconi
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Saúde e deseja Boa Páscoa, aos filhos do nosso irmão Luigi e à sua família, e a daqueles que me escrevem. As cartas anteriormente mostradas são as últimas recebidas da Itália em nome da Tia Palmyra (02.04.1952). Abaixo foto dela e seu marido. As fotos da Tia Palmyra e de seus filhos foram trazidas pelo Pietro Orsi quando de sua volta à Itália, ocasião em que levou as fotos de sua família.
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Foto de Luigi e Bianca Menconi, filhos da Tia Palmyra e do Tio Menconi.
Vou contar uma das malvadezas da Tia Bimba. Quando um dos parentes casou-se e, antes da entrada no quarto nupcial, ela colocou embaixo da cama, amarrado nas molas do estrado, diversos “ cincerros “ daqueles em que se colocava nos burros e que, com o barulho que faziam ao andarem, saberem onde estavam, esperando o momento do casal se recolher para no momento em que se deitassem todos saberem. Em um certo momento, depois que se recolheram,um deles pula sobre a cama e o barulho foi imenso causando uma grande algazarra na casa.
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[ Eu confirmei esta história com a Attilia Ramacciotti, filha do Tio Gigio, em que ela conta que o casamento foi do seu irmão Alcides Ramacciotti e que no dia do “barulho“, seu pai saiu gritando pela casa : “ É la Bimbina, é la Bimbina “, e conta ainda que a Tia Bimba ficou fingindo que estava dormindo. Foi uma trabalheira para tirar os “ cincerros “ amarrados embaixo da cama, conta a Attília.] O Nono tinha um armazém junto da casa, tropa de burro com bagageiro na cidade, pegava algodão na estação para levar até a fábrica dos Soares Hungria, no final da Avenida Peixoto Gomide, onde meu pai trabalhava ( cuidava de tudo e ainda era o condutor oficial do trole dos Soares Hungria ) e o papai dava ao Nono preferência no descarregamento da carga, pois eram muitos os carroções a serem descarregados. [ Uma coisa triste - Em uma das festas de aniversário da minha prima Alcina Rocha Peres de Oliveira, em sua casa, um dos netos do João Soares Hungria, disse-me em um tom um tanto jocoso, quando lhe disse que meu avô tinha trabalhado com seu avô “ seu avô foi carroceiro do meu avô “. O que minha mãe contava era que meu avô, trabalhava na fábrica e com sua esposa, Adelaide e os filhos Anália, Amélia e Arminda moravam em um sobrado que era anexo a fábrica, que eu conheci quando depois ali foi a séde do Tiro de Guerra de Itapetininga, onde sua atividade era a de recebimento de todo o algodão que entrava na fábrica, pesando-o, separando-o e outros serviços inerentes a essa atividade. Era, ainda, o condutor do trole da Sra. Soares Hungria, cujo filho Alcindo era casado com a Sra.Modesta que era parente do Pietro Orsi, portanto
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parente de minha avó Adelaide,o que em nada o diminuia, pelo contrário, mostrava sua humildade. Voltando ao neto do Sr. João Soares Hungria, eu respondendo a sua provocação, no meu modo — Interessante como os filhos e os netos do carroceiro evoluiram, estudaram, se educaram melhoraram suas vidas financeiramente por seus próprios meios, ao contrário de alguns netos do dono da carroça que nada agregaram ao que receberam e ainda perderam
em muito a educação recebida. Fiquei mais aliviado ] [ Sinhô pesando algodão. Pela roupa vê-se que não era só o “ carroceiro “. ] Além dessas atividades, fazia açúcar mascavo para vender e vinho para consumo da família. Entre a cozinha e a sala de sua casa tinha um barril de madeira, cheio de vinho. O engraçado é que a torneira tinha um defeito e ficava pingando o tempo todo em um copo que ficava debaixo dela e não existe notícia que o copo tenha um dia o seu conteúdo transbordado. Sempre que passava um
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defronte ao barril, o vinho que ficava no copo era engolido de uma só vez. Não se sabe se o conserto da torneira era difícil ou se não era para ser consertado e acabar com a diversão da casa. Meu avô tinha muitos empregados e todos tomavam café com ele na copa antes de irem ao trabalho e, me lembro muito bem, os canecões eram de ágata, que dava umas 3 (três) xícaras dessas que hoje usamos, cheias de café com leite, uma “ rodelona “ de pão, que suas filhas faziam em casa, um pãozinho italiano que as vezes era com torresmo ou com fubá. Era tudo muito bonito, muito gostoso. Depois do café iam todos ao trabalho. Quando chegavam para almoçar eles tiravam os burros das carroças, colocavam-os no “ cochão “ para comerem milho e depois para beber água. Terminada essa parte lavavam-se e iam todos almoçar junto com o Nono que já os estava esperando. Cada um recebia uns dois dedos de vinho em outras canecas de ágata, bem menores que as do café, porém, a do Nono era bem grande e quase cheia de vinho. Segundo o Nono a dos empregados era com pouco vinho para não dormirem e a dele com bastante para dormir um pouco. Depois do almoço uma jarrona de água fresca para todos. Na casa todos tinham que trabalhar. Tia Argentina ( mãe da Zola) fazia “ guaiaca” e “arreios“ e outros apetrechos de se colocar em cavalos e burros, vendendo-os ao Amador Nogueira [armazém na esquina da Quintino Bocaíuva com a Barbosa Franco, onde hoje é um posto de gasolina), ao Euclides Rosa [ armazém na Campos Salles, onde hoje é uma das casas comerciais dos Moucachen ] e a outros tantos comerciantes da cidade,
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onde o fruto dessas vendas ia direto para o bolso do Nono. Quando Tia Argentina estava para casar ela fez todo o seu enxoval com o dinheiro da venda desses apetrechos que ela fazia antes de iniciar e depois de terminar a cota de trabalho para o seu pai. O Tio Nello e a Tia Bimba ( com 12 e 14 anos ), quando chegavam os caminhões de lenha no armazém do Nono, tinham que ajudar a descarregar e levar para dentro da propriedade. Depois de tudo arrumado, pegavam aquele serrote de dois lados e ficavam cortando a lenha em pedaços pequenos, amarravam-nas em feixes, colocando-as nos carrinhos de mão e, em seguida, saíam a vender pelas redondezas. Naquele tempo nada se perdia. Burro velho não se esperava morrer, matavam-no antes desse evento. Chamavam um alemão, que chegava bem cedo, matavam o burro velho e dele tudo se aproveitava. Limpavam as tripas no pasto, lavavam muito bem, ferventavam, para depois usarem para encapar as mortadelas e os salames. Não me lembro como enchiam as bexigas de mortadela. O couro em tiras e em pedaços era destinado ao trabalho da Tia Argentina. O trabalho terminava tarde da noite. Em um desses dias, ao término do trabalho, indo embora e ao abrir a porta da rua, matam o alemão a tiros. Diziam que a encomenda era para o Nono. [ Intrigado com a história, fui em busca de informações e, em conversa com Tia Néspola, o fato foi esclarecido. Ao sair da casa, ocorreu uma violenta briga defronte a porta da casa do Nono. O alemão entrou no meio da briga, pois eram amigos seus a brigarem, quando um deles o matou a facadas. O fato teve por testemunha um outro italiano —
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segundo alguns, não de muita amizade com o Pietro Orsi — chamado Fagnani. ] Independente de como morreu o alemão, conta Tia Dirce, sua mãe, Adelaide, ficou muitos anos sem comer mortadela e salame, pois cada vez que os tinha disponível lembrava da morte do alemão e de seu sofrimento. A tarefa da minha mãe, segundo ela, era a de lavar louça da casa. Era difícil pois desde menina já o fazia. Para poder lavar fizeram um banquinho de madeira que dava certinho, com sua altura, onde ficava em pé, podendo lavar e passar as peças sob a torneira onde jorrava a água; torrar o café era outra de suas atribuições. Comia pão só molhado em vinho e, até casar, [ um luxo na época ] só lavava o rosto com água de farmácia. O Nono não queria o casamento do papai com a mamãe, pois era muito difícil de tirar de sua cabeça que suas filhas deveriam se casar com “ calabrez “ [ o que queria dizer era que deveria ser com italiano ] e um fato o fez mudar de posição, pois um certo dia meu pai, depois de tomar muito bebida e estando embriagado, queria se matar, dizendo a todos que ia se jogar debaixo de um trem, tomando rumo da estação em seguida a sua afirmativa. Deixou todos nervosos, minha mãe e principalmente o Nono, pois ficou com medo de que alguma desgraça pudesse acontecer e a culpa ficasse com ele. Permitiu o casamento. Dizem que foi tudo pressão do Sinhô. Valeu a pena pois casou logo depois. Após o fato, volta a mania do Nono de suas filhas casaremse com italianos e somente uma o conseguiu, a Tia Ínice que se casou com o José Mazzarino. O Pietro Orsi tinha um caminhão, não era um grande caminhão, mas era o que se podia arrumar na época da
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Revolução de 1932. Como os contrários aos paulistas e mesmo os paulistas estavam tomando “emprestado“ da população veículos que pudessem ser usados no transporte de soldados, mantimentos e munições, o Nono ficou com medo de perder o seu caminhão. Reuniu todos os filhos homens, rumaram para os lados do Mato Seco, procuraram um barranco bem alto, fizeram uma grande cavidade no mesmo, colocando o caminhão dentro dele. Cortaram árvores, galhos, ramos para cobri-lo. Dizem que ninguém o acharia. Deixaram um pequeno espaço para um dos filhos ir, vez ou outra, funcionar o caminhão, depois de sondar muito bem se não havia ninguém olhando. Deu certo, pois terminada a Revolução, foram todos buscar o caminhão que ficou trabalhando por muitos anos. Durante a Segunda Guerra Mundial, a vida ficou muito difícil para os italianos, alemães e japoneses aqui no Brasil, pois havíamos declarado guerra contra os países do Eixo. Tudo era proibido. Rádio, jornal, reuniões. Tinham “Salvo conduto” para se deslocarem. Eram vigiados constantemente. Na esquina da casa do Nono sempre ficava um policial para vigiar a área pois a concentração de italianos naquele local era muito grande. Em um dia qualquer, estava eu, indo à casa do Nono, quando me aproximava dela, ele veio correndo ao meu encontro e bem perto do policial me fala: “ No se parla italiano en questa casa “. Foi chamado na Delegacia para explicar o fato. Imaginem só, coitado, pois não sabia falar o português adequadamente e se expressava só em italiano. Eu pouco ou quase nada aprendi de italiano com ele, só as
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“ barbaridades”. Falando em barbaridade e encerrando o meu depoimento, o Nono tinha um bengala que não deixava ninguém pegar ou usar. Tinha uma madeira vermelha, muito bem polida ou envernizada, e um cabo de prata com a escultura de uma mulher nua, de frente e de costas. Muito bonita. Segundo o Nono era para quando a usasse ficasse pegando no “ pan...... de la donna”. A bengala ainda existe em algum lugar na casa da Tia Néspola. Assim é que me lembro da casa dos meus avós. [ Não contente em, durante toda a minha vida, ficar sabendo dessa bengala fui até a casa da Tia Néspola e depois de muito pedir, aparece a bengala que reproduzo abaixo.]
A figura vista de frente.
A figura vista de costas.
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Tia Dirce em foto mais ou menos da ĂŠpoca dos fatos narrados.
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DEPOIMENTO DE GERALDO CORRÊA FRANCO Geraldo Corrêa Franco é o último dos filhos do casal Francisco Corrêa Franco e Adelaide Orsi Franco, nascido em Itapetininga aos 20 dias do mês de fevereiro de 1931, conhecido por todos os irmãos, amigos e parentes como “ DADO “. Tio Dado como nós o chamamos, tem esse apelido por ser uma pessoa muito comunicativa, espirituosa, carinhosa e de educação esmerada, não só pelo estudo mas, principalmente, pela formação familiar, inclinado a fazer o bem ao seu semelhante, tanto no campo material como no espiritual. Maiores detalhes de sua pessoa vou deixar para escrever quando chegar o momento da “ Família Corrêa Franco “, que será a continuação desta parte sobre a “Família Orsi “. É formado em Artes Industriais na Faculdade Dom Aguirre em Sorocaba. Seu depoimento foi gravado em fita cassete e ao transcrever suas palavras, a cada choro do Tio Dado seguia o meu, não só pela emoção com que transmitia as suas lembranças, mas porque muitas de suas lembranças são, igualmente, minhas. Vamos às suas lembranças. “ Meu nome é Geraldo Corrêa Franco e sou filho de Francisco Corrêa Franco e Adelaide Orsi Franco. Minha mãe Adelaide era filha de Pedro Orsi e Isolina Ramacciotti Orsi e, dessa união, nasceram também Dante Orsi casado com tia Hermínia, tio Neluxo cujo nome de batismo era Abrahão, casado com tia Luzia, tio Bimbo, cujo nome de batismo era Alexandre, casado com tia Arminda, tia Inez, chamada de Ínice, casado com José Mazzarino,
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carinhosamente e respeitosamente chamado por todos de Pinoti, tia Argentina casada com Manoel dos Santos, conhecido como Tio Manuelito, tio Nello, que morreu solteiro, tia Bimba, cujo nome de batismo era Gemma, tia Genóva com seu filho Toninho, todos esses tios e tias que eu conheci sempre viveram nessa casa da rua Alfredo Maia. Meus padrinhos de batismo, eram dessa casa . Foram o tio Neluxo e a tia Maria Luiza Ramacciotti, filha do tio Gigio (Luigi Ramacciotti ) irmão da minha avó Isolina e da minha tia avó Carol. Meu avô, Pedro Orsi, numa determinada época ficou viúvo e em segundas núpcias casou-se com Carolina Ramacciotti (irmã de Isolina, sua primeira esposa) e, dessa união nasceram tio Armando e tia Nespolina, conhecida e tratada por todos como tia Néspola. Nunca esqueço das inúmeras atividades do tio Armando que foi barbeiro, dono de bar, de armazém, entre outras. Essa família residia e sempre viveu na casa da rua Alfredo Maia, esquina com a rua Roberto de Camargo, em um terreno de grande extensão que em paralelo com a rua Alfredo Maia fazia divisa com a rua João Adolfo. Pedro Orsi tinha vários carroções e cada um era puxado por 4 parelhas de burros, isto é, cada carroção era puxado por 8 burros tal era o volume e o peso da carga que transportava cada carroção. Naquele tempo, década de trinta, quarenta, era o transporte único e apropriado para a mercadoria que chegava até a estação da Estrada de Ferro Sorocabana e que era destinada ao comércio local. No terreno de sua casa, meu avô montou a primeira
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fábrica de ladrilhos de Itapetininga. A família Orsi sempre se destacou na fabricação de tijolos, de telhas e sempre foi ligada ao comércio de material de construção civil. No tempo de minha infância o que mais me marcou na convivência com meus tios e primos, nessa casa que ainda existe, onde mora tia Néspola, foram as festas juninas que todoo os anos ali se realizavam. Interessante é que na casa dos tios Ínice e Pinoti, na rua Dr. Coutinho era feita a festa em louvor a São João e, na casa do meu avô, em louvor a São Pedro. Todos os anos, no dia de São Pedro, eram convidadas todas as pessoas da família, também os empregados, muitos amigos e os vizinhos para a grande festa em louvor a São Pedro, onde ocorria a reza e o levantamento do mastro em sua homenagem, a fogueira era acesa, os rojões eram soltos, muita correria, aquela brincadeira que os mais jovens e as crianças faziam de pular a fogueira, os doces, muita batata doce, pipoca, os buscapés e, assim, a gente passava horas de entretenimento. Isso marcou muito a minha infância, coisas que nunca mais esqueci. Me lembro de duas figuras austeras, do Nono como também da minha tia-avó Carol, sempre meiga, carinhosa, solícita, porque os traços, os laços familiares melhor dizendo, têm que ser mantidos e sempre procurei mantêlos depois da minha adolescência, da minha idade adulta, e depois que eu casei, levando principalmente os primeiros filhos, sempre visitando aquela casa. Quantas passagens, lembranças de conversas que a gente tinha com as tias, a tia Bimba, por exemplo, sempre defendendo e torcendo pelo Palmeiras e, de vez em quando a gente brincava que estava frio e a tia Bimba, antes da comida, dizia “ vou aproveitar
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e tomar a minha pinguinha “ e era só risada, e tia Ercilia cada uma com a sua tarefa, uma cuidava da cozinha, outra arrumava a casa, outra limpava o quintal, outra da roupa e, assim iam levando a vida alegres e felizes. Hoje ficaram as lembranças, as lembranças de outrora, mas no coração fica acima de tudo, a saudade, saudade de quem teve infância, teve seus pais e seus avós. Não pode haver recordação mais bonita, maior benção de Deus, do que essa, pois eu posso dizer, tive avós, tive tias e o Nono foi um avô e um pai muito carinhoso, porque eu me lembro de quantas e quantas vezes, ele já com idade um pouco avançada, com aquela sua bengala e chapéu inseparáveis, entrava na casa da rua Prudente de Moraes, 835, para visitar sua filha Adelaide e seus netos. Uma lembrança que a gente guarda no coração, que a gente nunca esquece e faço este relato para que fique também no coração das pessoas que pertencem a nossa família e que hoje ou algum dia possam ouvir esta mensagem e esta gravação cheia de erros, talvez, mas acima de tudo, feita com muito amor. Amém. ”
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O time de futebol em que aparece é o do 5º. Batalhão de Tiro de Itapetininga. É o sétimo dos que estão em pé, olhando de frente da esquerda para direita. O ano é 1948.
Tio Dado em foto da época dos acontecimentos narrados.
Tio Dado em foto que tirei no dia 30 de maio de 2004, em sua residência.
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DEPOIMENTO DE ANNITA FRANCO MELLO DE CABRAL Annita Franco Mello de Cabral, é a segunda dos filhos de Amélia Corrêa Franco Mello e de Antenor de Oliveira Mello Júnior. Nasceu em Itapetininga, como tantos outros da família, na casa da Vovó Adelaide no dia 28 de outubro de 1942. É minha única irmã e bisneta de Pietro Orsi e Maria Isolina Ramacciotti Orsi sendo por esse motivo convidada a escrever algumas linhas neste amontoado de memórias familiares, sobre suas lembranças da casa do “ Nono “. Recebi seu depoimento via Internet, as coisas hoje em dia são assim, no dia 26 de fevereiro de 2004 às 17h58, e vamos a ele. “ Da casa de meu bisavô, o Nono, como todos nós o chamávamos, tenho lembranças alegres e ternas. Com o Nono, pouco contato tive. Morreu antes de que eu completasse oito anos de idade. Mas ainda o vejo chegando com sua bengala, sua figura tomando espaço no ambiente e todas as atenções se voltando para ele. Mesmo lento no andar, e desgastado fisicamente, tinha algo que prendia nosso interesse em sua direção. Sua segunda esposa, a Carolina, carinhosamente chamada de Carol, era pequena e delicadíssima, fala mansa e atenta com todos. Chamava o Nono, suavemente, de “ Piê “.
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Fotos tiradas dos quadros que ficavam pendurados na sala de visitas. Recentemente em visita à Tia Néspola perguntei dos quadros, ela não sabia. Procurando, encontrei-os dentro de uma mala, junto com a foto do Tio Nello. Faltavam os penduradores. Coloquei-os nos dois quadros e os pendurei na parede da sala novamente. Tia Néspola ficou muito contente.
Foto da época em que a Annita tinha seus oito anos. Mais ou menos no ano de 1950. Tio Nello e o Nono ainda estavam vivos. Faleceram, Tio Nello em 2 de novembro
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e o Nono em 27 do mesmo mês do ano de 1950. Na foto pela ordem, tio Nello, tio Armando, Nono, tia Néspola e tia Ercília. Em época de festas juninas (acho que em dia de São Pedro ), comemorava-se o dia do santo com uma grande confraternização à noite, reunindo toda a família e os amigos mais chegados. No imenso quintal, havia fogueira, pipoca, paçoca, cocada, etc... e fogos de artifício, tudo de acordo com a ocasião. Uma dessas comemorações ficou destacada na minha memória : havia o “ concurso “ de pular fogueira quando esta já estava bem menor e me lembro que dois irmãos gêmeos competiam. Um deles, porém, tinha bombinhas no bolso traseiro da calça e elas pegaram fogo, estouraram e queimaram suas nádegas; ainda bem que não houve gravidade, mas o choro se fez presente. A casa era grande e aconchegante e assim continuou mesmo após a morte do Nono e da Carolina. Lá ficavam tia Néspola, tia Ercília, tia Bimba ( as solteiras ) e a tia Genóva, viúva. Todos os netos ( meus primos ) da vovó Adelaide (irmã delas ) chamavam-nas “ as tias velhas “. Junto com elas viviam os tios Nello e Armando, também solteiros. Eu gostava muito de ir lá. A cozinha tinha o fogão à lenha, comprido, todo azulejado em azul, e muitas cadeiras onde sentávamos sempre, esperando que terminassem as tarefas ali realizadas. Quanta conversa enquanto isso! As tias eram animadas e tratavam a nós crianças, seus sobrinhos netos, com muita atenção e carinho. Eu tinha vários interesses lá: o quintal com frutas diversas, os doces deliciosos que preparavam, e os licores. Ah... quantos licores: de pêssego, de figo, e outros, dados com muita parcimônia por causa de nossa pouca idade. Na hora do lanche, servido na sala de jantar, sobre uma mesa grande, vinha a melhor parte: coisa boa de se comer e conversa
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gostosa de se ouvir. As tias eram ótimas de conversa e os “casos“ iam saindo, principalmente contados pela tia Bimba e com interferências de todas. Tia Bimba era sempre a mais animada, a que enriquecia as histórias com detalhes e ganhava todas as discussões sobre data, locais e nomes. Seus olhinhos faiscavam, emoldurados pelas pálpebras caídas. Falava pausadamente mas de uma forma que prendia a atenção. Cresci, e muitos anos depois, perto da data de meu casamento, necessitava ir até a cidade onde iria morar, distante de Itapetininga e, não querendo viajar sozinha e sem que minha mãe pudesse me acompanhar, tia Ercília foi a escolhida para ir comigo. Creio que, pelas suas atitudes cheias de zelo, achou-se como dama de companhia, iguais às que conheci nos livros que lia. Mas foi uma excelente companhia. Apesar da idade, era alegre e muito disposta, principalmente nos inúmeros passeios que fizemos juntos, eu, ela e meu futuro marido. Este, cuidou para que ela tivesse todas as atenções, pois queríamos prolongar nossa estada. Vinho tinto não faltava às refeições : era imprescindível para a tia Ercilia. Um dia a empregada da casa onde estávamos hospedadas chegou com uma novidade : um ladrão havia entrado numa casa, algo inédito num lugar tão pequeno. Mais tarde, nesse mesmo dia, notamos tia Ercília calada, não tomou seu vinho e muito distraída, como se estivesse pensando longe. Perguntamos o que estava havendo. Sua resposta : “ Estou preocupada com as meninas lá em Itapetininga. Já imaginaram se entrar ladrão lá em casa ? Uma viúva e três virgens ? “ É. Estava mesmo preocupada com as “ meninas “. Era hora de voltarmos.
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Hoje, já com meus netos ao meu redor, espelho-me na atenção e carinho com que, em criança, fui tratada pelas tias velhas e conto também meus “ casos “ com muita alegria. Sinto-me como se ainda estivesse àquela mesa, comendo gostoso e ouvindo com interesse. Que bom ter havido esse convívio ! Penso que a vida é um vai-e-vem e que o que foi, de repente está sendo. Meu primeiro netinho, quando começou nas primeiras palavras, inexplicavelmente chamava seu pai de “ Piê “. E, meninas, vocês fazem falta !“
Annita na foto com 5 anos.
Annita em foto de 26.06.04, com seus netos João Francisco e Ana Clara, como que lembrando o seu tempo das festas juninas na casa do Nóno.
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Chega a minha vez de escrever algumas palavras sobre os Orsi, meus bisavós e os tios e tias que sempre estiveram presentes na casa da Rua Alfredo Maia, tão conhecida em minhas lembranças, pois desde pouca idade a visitei com minha mãe e, depois, sozinho e, bem mais tarde com minha esposa e filhos e, mais recentemente, com meu neto. Em todas as lembranças dos que me antecederam nestas memórias, é ponto pacífico e coincidente que os melhores momentos naquela casa foram as festas juninas, as conversas ao pé do fogão, as histórias e, principalmente as guloseimas. Não tive a felicidade de participar de nenhuma dessas festas, nem do convívio com os meus bisavós, pois Isolina Ramacciotti Orsi faleceu em 1914 e o Pietro Orsi em 1950, e na época de seu falecimento residia em Guareí. Quando lá chegava, na infância, entrava na casa, e logo à esquerda, a sala de visitas, com os quadros do Nono e da Isolina, mais ou menos de 1905, pintados com carvão, outros dois retratos que lá ficavam era do Nono e da Carolina Ramacciotti Orsi, sua segunda esposa. Algum tempo atrás, notando que esses quadros não mais ficavam pendurados perguntei a tia Néspola onde estavam, Disseme ela “ Não sei, estão por aí “. Encontrei-os em uma mala. No retrato do Nono e da Isolina coloquei uma moldura já que estava sem, e nos do Nono e Carolina, novos penduradores, colocando-os em seguida em seus devidos lugares, supervisionado, é claro, por tia Néspola. Ficou contente. Abaixo a foto de Pietro e Carolina. Vou aproveitar para falar um pouco dos imigrantes.
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Do quadro emoldurado, fiz a fotografia que aqui ĂŠ reproduzida.
Esta foto pertence ao arquivo pessoal da Maria Margarida Mazzarino e trata-se da mais antiga foto conhecida de Pietro Orsi, primeiro a esquerda, ao seu lado
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Júlio Pucci (deve ser o pai do Aldo Pucci ), Estevam Orsi ( seu irmão ) e Umberto Orsi, filho do Estevam Orsi. No verso da foto está escrito que foi tirada no dia do enterro do Rafaello Orsi, pai da Modesta Orsi, que foi casada com o Alcindo Soares Hungria. Pietro e Estevam eram primos de Rafaello. Não foi possivel levantar a data exata do falecimento do Rafaello, mas acredito que deva ser pouco antes ou pouco depois do ano de 1900. Dessa foto foi feito o retrato que está na parede da sala da casa.
Na foto Maria Isolina Ramacciotti Orsi e seu filho Alexandre Orsi, o tio Bimbo. O retrato pintado a carvão na sala da casa foi copiado desta foto. A data é mais ou menos 1912.
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O decreto que criou a Rua Pedro Orsi, em 1970, pelo Prefeito Municipal, Dr. Walter Tufik Curi.
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As duas placas nominativas da Rua Pedro Orsi, em Vila Nova Itapetininga, nesta cidade de Itapetininga.
Vista da Rua Pedro Orsi. Rua larga, ampla, bem iluminada e, bem a gosto da famĂlia, uma igreja consagrada a Nossa Senhora.
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Vista das chaminés da Olaria e Cerâmica da família Orsi. Hoje pertencem a outros proprietários. Aqui termina o meu arquivo de fotos e documentos de Pietro e Isolina Orsi. Volto à descrição da casa. A frente de quem entra uma grande sala de jantar, com uma mesa de madeira bem grande, oito ou dez cadeiras emoldurando-a e um grande guarda louça com as belas louças que existiam na casa. Ainda hoje existem a mesa, as cadeiras e o guarda louças, após algumas conservações ao longo do tempo. O piso dessa sala de jantar era de tijolos, daqueles bem grandes, muito bem assentados e o curioso nesse piso era que, de tanto passarem por esse caminho, existia
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um desnível de aproximadamente 6 centímetros, o que dava a essa passagem um característica única, inclusive com a cor do tijolo bem mais avermelhada. Bem no meio dessa passagem, afixado na parede, um relógio da marca Ansonia, de mais ou menos 1900, importado dos Estados Unidos da América do Norte. Segundo alguns colecionadores é o fusquinha dos relógios.Bem em frente ao relógio a depressão era maior. Recentemente em visita a tia Néspola notei que o relógio estava parado. Perguntei a ela o que estava ocorrendo. Disse-me que o relógio estava quebrado.Com sua autorização levei o relógio ao relojoeiro Mendes, meu conhecido e amigo de longa data, para um orçamento. Depois do orçamento o Mendes me disse que um “ banho” de solução desengripante resolveria o problema, pois era sujeira e graxa endurecida através dos anos. Trouxe o relógio para casa, comprei o tal de desengripante, pendurei o relógio e dei um banho geral no mesmo. Dentro de pouco tempo o relógio voltou a funcionar. Depois de uma semana, levei-o de volta e o recoloquei em seu lugar centenário. Vez ou outra quando lá estou o relógio está parado pois a tia Néspola tem medo de subir na cadeira ( e nem poderia ) para dar corda. Dou corda, acerto as horas e o velho relógio volta a trabalhar e bater na meia hora e nas horas. Bem que gostaria de ficar com esse relógio, algo de família, pois o de minha avó Adelaide, um Jungle alemão foi dado ao tio Pedrinho, seu filho, e hoje está na casa de sua viúva, Cecilia Cardenas, muito bem guardado e cuidado, vindo a ser outra história, mas segundo a tia Néspola, o Ansonia já tem dono A esperança é ficar com o do meu sogro Pedro Monteiro de Barros, que foi presente de casamento de seu avô quando
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sua mãe casou-se. Estou de posse do Ansonia do meu sogro. Ele foi dado ao meu filho Alexandre Monteiro de Oliveira Mello. Do lado direito de quem entra na casa, um quarto, com janela para a rua. Esse quarto deveria ser da tia Bimba, pois tem uma história terrível que ocorreu defronte a essa janela. Voltando a sala de jantar, por um corredor, há um banheiro, que não existia quando eu era criança, um quarto e em seguida outro quarto. O interessante nesses quartos é a quantidade de santos. Imaginem a quantidade de mulheres na casa e para cada uma delas um ou dois santos. Quanta reza, quanta oração, quantos pedidos, quantas lágrimas na frente dessas imagens pedindo as bençãos de Deus, em favor de pais, mães, irmãos, irmãs, sobrinhos, sobrinhas, amigos e amigas. Os santos ainda estão lá só que agora mais ou menos agrupados em um só lugar. Pela sala de jantar uma porta com um portão, que sai no pequeno quintal, com um outro cômodo, que antigamente era quarto e virou a lavanderia e despejo. Seguindo o corredor da sala de jantar, à esquerda, um outro quarto com janela para a rua e um grande cômodo, com portas de ferro, de erguer, chegando-se à rua. Esse cômodo, foi no passado, armazém, padaria, bar e barbearia. Quanto sorvete de groselha foi sorvido ali depois de muita espera pois o tio Armando gostava de judiar um pouco dos sobrinhos “ pedintes “, mas valia à pena. A sala de jantar, esse último quarto, o cômodo do bar e a cozinha abraçavam uma copa, um pouco fora de
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simetria, acompanhando o terreno, com um “vitro” no seu final. Nesse ” vitro” ficavam as tias olhando a rua, vendo o movimento e, nos dias de chuva, um problema em cima desse ” vitro”, a calha não agüentava a água e chovia dentro da casa. Os baldes, panelas e panos, nesses dias, pareciam enfeites na copa e era uma festa pois cada um fazia um som diferente. Era música aos ouvidos. Dessa sala chegava-se, finalmente, ao cômodo mais procurado e o mais aconchegante da casa, a cozinha. Ai juntavam-se todos, os da casa e os visitantes para uma boa dose de conversa ao pé do fogão à lenha, um café, umas broas, doces. Dependendo da hora, almoço, ou, se na hora do café da tarde, mudavam-se todos para a sala de jantar. Ai os quitutes eram mais à vontade. No lado posterior do fogão, uma cadeira, daquelas antigas, onde eu gostava de me sentar, na frente um banco de madeira pintado na cor azul, onde as tias se acomodavam para ouvir as novidades da família, era o momento em que os “ causos” corriam soltos. Muitas vezes encontrava os parentes nessa casa, principalmente o Tio Neluxo que, ao ir á cidade, deixava lá sua bicicleta.
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Duas fotos do fogão. A cadeira não mais está lá. Hoje está em desuso. Tomei muito café que era colocado em um bule de ágata e que ficava em cima da chapa, sempre quentinho. Que saudade das prosas ai trocadas.
O forno visto de frente e de lado. Igualmente ao fogão está sem uso há muito tempo. Saindo no pequeno quintal, contíguo à casa e aos dois cômodos, um grande forno de tijolos, construído pelo tio Manuelito, marido da tia Argentina e pai da Zola. Nesse forno eram assados os pães italianos, bem grandes,
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redondos, de cortá-los presos ao peito, em grandes rodelas, que cheguei a comer, ainda criança, pois já adulto nunca vi o forno sendo usado. Segundo as tias dava muito trabalho. Em cima desse forno tinha um tijolo, de forma afunilada que servia de respiro e era envolto em um pano molhado. As tias ficavam uma “ figura” com toalhas umedecidas envoltas na cabeça para não pegar a fuligem que saia do mesmo. Nesse espaço de quintal é que foram tiradas as fotos da família, quando o Nono voltou à Itália para rever os parentes e, me lembro muito bem, das brigas de canários da terra que eram levadas a efeito pelo tio Armando. Pássaros muito valentes e aguerridos. Muitas vezes saiam machucados e lá ia o tio Armando fazer os curativos. O interessante é que as brigas eram fora das gaiolas, no chão e, ao término, os brigões voltavam às suas respectivas gaiolas. Nunca apreciei esses eventos. Daí em diante, logo à direita, ficava a horta, alguns pés de frutas, com o pé de figo em primeiro plano, de onde saia a matéria prima para os deliciosos licores, algumas plantas medicinais que não podiam faltar. Esse espaço era cercado com madeiras e arames não sendo permitida a entrada para brincadeiras. Horta muito bem cuidada, limpa, sem ervas daninhas, a exemplo do quintal todo. Orgulho da tia Bimba, pois era a responsável pelo quintal. Seguindo adiante ficava o imenso quintal, que se chegava por um portão e onde existiam alguns pés de laranja, mexirica e amoras, daquelas bem grandes, deliciosas. Quando esses pés de amoras estavam com frutas maduras a concorrência era terrível, não só com os primos, que só apareciam nessas épocas e que me dava um ciúme danado pois me sentia meio que dono daquelas frutas, como também com os pássaros, os sanhaços, sanhassuíras, sabiás laranjeiras, pocas e outros tantos
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que ainda não os identificava. Mas todos saiam muito satisfeitos eu, os primos e os pássaros. Muita madeira boa empilhada, muitas ferragens, algumas rodas de carroções e os restos de um carroção, daqueles que a gente vê nos filmes de faroeste americano, ali deixado há muito tempo e, onde a ação desse tempo, estava a terminar com os seus dias de trabalho. Todas as visitas ao quintal eram acompanhadas pela tia Bimba. Os que ali moravam e que tive boas relações eram: tia Bimba, tia Ercília, tia Genóva, tia Néspola e o tio Armando. Minha avó Adelaide, tio Dante, tia Ínice, tia Argentina, tio Neluxo e o tio Bimbo eram casados e cada um tinha sua casa, todas elas também por mim visitadas. O tio Armando foi dono de armazém, de bar e barbeiro. Sua barbearia era no mesmo espaço onde já tinha sido de tudo. Muitas vezes eu o vi trabalhando, cortando cabelo, fazendo a barba de clientes e afiando a navalha naquela tira de couro. Nada sobrou do material desse tempo para ser guardado como lembrança. Tia Néspola contou recentemente à Zola e esta após escrever o fato me entregou o escrito que dizia que o Tio Armando logo após terminar o curso primário, aos 12 anos teve sua primeira experiência como barbeiro. O Nono tinha montado uma barbearia na casa e em um determinado dia sentou-se na cadeira, chamou o tio Armando e disse “ faça a minha barba “. Tio Armando chorava muito mas conseguiu fazer a barba. Quando eu trabalhava no Banco do Commércio e Indústria e tinha como uma das minhas atribuições buscar depósito, todos os dias ia no armazém dos Irmãos Vieira, não deixava de passar na casa das tias para tomar café. Um dia um grande boato corre a cidade “ o Armando Orsi ganhou uma fortuna na loteria “. O gerente do banco sabendo do meu parentesco com o premiado me envia em
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visita à casa das tias com a missão de trazer a fortuna para ser depositada. Lá chegando como quem não queria nada, vi um sorriso maroto no rosto do tio Armando como que dizendo. ” vamos ver quando tempo vai demorar para ele perguntar do dinheiro “ e, dito e feito, perguntei e foram só risadas, dele e das tias. Respondeu-me que não era verdade. Nunca acreditei piamente em sua resposta. Tio Armando era pacato, não tinha namorada que eu soubesse, ao menos nunca ninguém falou, pelo que sei não era de sair e poucas vezes eu o atendi no meu serviço para sacar algum dinheiro. Interessante é que a assinatura das tias e do tio Armando pareciam xerox uma da outra. Em uma de suas saídas, dentro de um táxi, sentiu-se mal, o taxista em seu socorro o levou a Santa Casa de Misericórdia de Itapetininga onde já chegou sem vida. No momento em que as tias ficaram sabendo de sua morte eu estava chegando na casa e pude acompanhar todo o alvoroço que isso causou. Fazia muitos anos que tia Bimba não saia de casa e encontrei-a na rua perto do Pronto Socorro muito nervosa, chorando e ao me ver falou “ e agora Afrânio”. Que tristeza. Faleceu aos 51 anos de idade. Tio Armando aos 13 e 41 anos de idade.
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Tia Genóva, diz tia Néspola, era a pimentinha da casa. Era viúva do Tio Antonio Portela e mãe do Antoninho. Não conheci seu marido e o Antoninho quando o conheci, que eu me lembre, já era casado com a Maria Benedita Catibe. Ela, tia Genóva, salvo engano, era a que cuidava da roupa da casa. Tinha um rosto arredondado que um largo sorriso, vez ou outra, o alegrava. Não tive muito relacionamento com tia Genóva. Alguns diziam que ela era muito brava. Não sei se a retração era em virtude de um fato que meu pai narrou certa vez quando ele precisava que tia Ercília acompanhasse minha irmã Annita em uma viagem e ela deu o contra, perguntando quem que faria a tarefa da tia Ercília em sua ausência. Meu pai não gostou. Hoje, analisando os fatos, dou razão à tia Genóva pois se cada uma tinha sua tarefa, a ausência de uma iria acarretar mais trabalho às outras, o que não deveria ser fácil devido a idade que já tinham. Tia Ercília, segundo o que minha mãe contava, era a preferida da sobrinhada, ao menos os filhos de sua irmã Adelaide, pois era ela que assentia que as “ meninas “, Anália, Amélia, Arminda e Alice, vez ou outra, dormissem na casa do Nono e aos seus pés, onde seus dedos viviam a beliscar as pernas das sobrinhas. Creio que foi ela que ensinou a tia Dirce a fazer o mesmo, pois nos azucrinava beliscando nossas pernas por debaixo da mesa da casa da vovó Adelaide. Era ela quem acompanhava as sobrinhas nos passeios, visitas a parentes e sempre estava por perto na casa da minha avó Adelaide.
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Anália, Arminda, Alice (no colo), Tia Ercília e Amélia (minha mãe). 1924
Era sempre atenta, tinha um ouvido fabuloso, principalmente para ouvir as histórias. Mais ouvia do que contava, nunca deixava de intervir corrigindo eventuais desvios, sempre se alegrando e batendo as palmas das mãos, ao final das histórias, exclamando “ Nossa Senhora”. Tia Néspola conta que ela era muito emotiva, gostava de passear, não parava em casa. Gostava de crianças. A Zola foi uma das felizardas de ter tia Ercilia por perto pois quando precisou lá estava ela pronta a servir.Com o Tio Joâo, irmão de minha mãe não foi diferente pois ela foi para Tejupá quando o Francisquinho nasceu. Continua tia Néspola contando que tia Ercilia era boa, mas muito brava e que quando foi para os Estados Unidos com a Catibe ela não gostou nenhum pouco e quando voltou demorou muito tempo para conversar com ela. Acho que era um pouco de
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ciúmes pois gostaria de ter ido também. Tenho muitas saudades dela. Figura inigualável era a da tia Bimba. Suas roupas diferiam das de suas irmãs, indo mais para as roupas da vovó Adelaide. Saias compridas eram a tônica de seus trajes. Figura de porte pequeno mas, segundo os relatos da Maria Margarida Mazarino, da Zola Orsi e de outros tantos sobrinhos e sobrinhas, grande na postura, no posicionamente moral, familiar e aguerrida defensora dos princípios de igualdade entre seus irmãos homens e mulheres, posição esta que levou-a a sair de casa por um desentendimento com seu pai, por motivos financeiros na empresa da família, voltando a morar com suas irmãs depois da morte do pai. Deixando de lado as mazelas familiares, tia Bimba tinha uns olhos pequenos, de grande profundidade no olhar, que sempre escondia a vontade de fazer alguma malvadeza, procurando sempre uma brecha para fazê-la, sempre com um sorriso enigmático. Era muito alegre, extrovertida, atenciosa com as pessoas. Sempre me cativou. Tia Bimba, seu nome era Gemma Cecilia Orsi e, segundo a Maria Margarida Mazarino, que ouvia de sua mãe, tia Ínice, o nome da tia Bimba deveria ser Gemma Letizia Orsi, ninguém sabia porque, mas quando em um documento que a Maria Elisa Orsi Santiago, neta do Dante Orsi conseguiu na Itália em uma certidão de batismo da Isolina Ramacciotti Orsi, aparece o nome de sua madrinha Letizia Menconi, o motivo foi desvendado. Quando trabalhava junto com os irmãos no corte de lenha para a Estrada de Ferro Sorocabana, no local chamado Rondinha, perto do sítio do tio Gigio, sempre que o trem se aproximava de onde cortavam lenha, que quase sempre era beirando a linha, fazia corações de cipós com bilhetes amarrados que eram destinados a qualquer pessoa mandando mensagens
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de carinho e afeto. Para pegar os corações os maquinistas diminuiam a marcha do trem e enganchavam o braço na abertura do coração de cipó. Conta a Attilia Ramacciotti que era uma alegria para todos essa diversão. Tem duas histórias “ terríveis “ atribuidas a tia Bimba. Uma delas foi confirmada pela tia Néspola a outra não. Vamos a elas. Esta não foi confirmada pela tia Néspola. Contava minha mãe e outras tias que quando visitavam a casa do Nono e ficavam para almoçar tinham que ter um cuidado muito grande ao comerem as azeitonas, pois era dito e certo que tia Bimba, em algum prato separado, misturava umas azeitonas pretas com os “ excrementos” que as cabras e bodes faziam no quintal. Mais tarde vim a saber que ela tinha feito isso quando criança com visitas ao Nono, apanhou por isso e nunca mais teria feito. Ficou a história e a fama. A outra é “ satânica “. Foi confirmada pela tia Néspola e tia Ercília. Desse dia em diante o pessoal ficou com um pouco de medo da tia Bimba, pois quando ela falava que fazia podiam esperar que alguma coisa vinha. Defronte a janela de seu quarto existia um dormente de madeira que escorava, por um cabo de aço, o poste de iluminação que ficava logo adiante. Um casal de namorados, negros, muito elegantes, toda noite ficavam a namorar encostados nesse dormente até altas horas, ele abraçado ao dormente e à namorada. As conversas e os amores impediam-na de dormir, atrapalhando muito o seu sono já que, em virtude de levantar muito cedo, dormia, igualmente, muito cedo. Cansada de tal comportamento, resolveu acabar de vez com tal procedimento. No quintal existia uma privada de fossa que era
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usada pelos empregados de seu pai. Munida de uma lata e uma cordinha, colheu o “ material “ que serviria aos seus propósitos. Com uma madeira de ponta larga foi até o dormente e lambuzou o mesmo com o “ material “ deixando-o com uma camada mais grossa na altura de onde o apaixonado sempre abraçava o dormente. Mais ou menos uma ou duas horas antes do horário habitual do casal aparecer. Armadilha feita, era só esperar a presa chegar. Ficou sondando a rua e em determinada hora vem o moço com um lindo terno de linho branco, com a namorada, abraçados e sorridentes. Não deu outra, abraçou o dormente e quase que em seguida, com o cheiro da “meleca“ e a sujeira em sua roupa saiu imediatamente do local. Tia Bimba falava que tinha escutado o correr dos dedos na cerca de taquara que separava o quintal da rua, mais ou menos assim : tátatatatatatatata....Que ouvido fantástico. É mais ou menos a mesma história dos moleques que pegam o cabo da vassoura, lambuzam no “ material “ e vão na saída da escola armar uma briga. Os mais velhos loucos para ver uma briga de crianças, atiçam e falam que com o pau não podem brigar. Ai os guris falam “ pega aqui “ e quando o incauto pegava eles puxavam e o moço ficava com o “ material “ na mão. Segundo tia Bimba nunca mais viu o casal de namorados. Outra história, esta bem amena, que tia Néspola conta foi que certa vez tia Bimba, resolveu pregar uma peça no pessoal da casa, fantasiando-se como mendigo, pois muitos deles batiam à porta pedindo comida e nunca ficavam sem comer alguma coisa. Colocou bigodes, prendeu os cabelos, arrumou um chapéu e óculos, cachecol, calça e camisa, bem velhas e de trabalho de um de seus irmãos, paletó, uma
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bengala, saiu pelos fundos da casa e, andando curvada e mostrando dificuldade, bate a porta pedindo comida. As irmãs sem desconfiar de nada preparam um prato de comida, fazem-na entrar, acomodam o “ pedinte” no quintal. Ela reclama, diz que a comida está ruim e se não tem outra coisa para comer. Antes que as tias e tios a expulsassem da casa ela mostra a cara. Alegria geral, risadas e muitos comentários com o sucesso de sua “ pegadinha”. O arquivo vivo, tia Néspola, conta ainda que, durante a guerra ela seguia diariamente a movimentação da guerra pelo rádio e jornais. Dizia que era Quinta Coluna, na maneira de falar dela, porque os Quinta Colunas eram perseguidos e chamados de traidores, coisa que ela não era, dizia ser contra os Estados Unidos por causa das perseguições e do sofrimento que os italianos estavam passando aqui no Brasil. Unanimidade na família — Era muito boa, inteligente, trabalhadora, companheira e era quem segurava as “pontas“ na casa. Sempre tomava vinho ou a “ branquinha” antes do almoço, em quantidade que em nada comprometia sua idoneidade. Adorava, falava que abria o apetite. Muitas vezes eu fui testemunha desses goles. Tomou até o final de seus dias. Era assim a tia Bimba. Deixei para o final a tia Néspola. Seu nome é Isolina Orsi. Conta atualmente 89 anos ( 13.06.2004) de idade. Já está um pouco sem muita mobilidade, mas não deixa de fazer nada que tem vontade. Vez ou outra sai com a Maria ou a Zola. Até em baile foi. Imaginem não faz muito tempo esteve nos Estados Unidos na casa de uma sua sobrinha neta, filha do Antoninho da tia Genóva. ( Essa moça filha do Antonio e da Catibe é formada em física na França, especializou-se nos Estados Unidos e hoje mora na Suiça, com seu marido. ) Vejam a sua
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fortaleza e vontade. Sempre diz que ficará aqui até quando Deus a chamar. Não teve vida fácil. Trabalhou muito junto com os irmãos e irmãs. Estudou pouco e, formou-se no Primário, em 1929, junto com minha mãe, em classes separadas. Descobri, pois tenho uma foto dessa formatura, que era da minha mãe e a tia Néspola tem a outra, no mesmo local, mesmos professores, todos capitaneados pelo Prof. Virgilio Silveira. Formou-se mais tarde em Corte e Costura.
Na segunda fila, de cima para baixo, a 7ª aluna. Vejam a data da formatura. 26 de julho de 1933. Tia Néspola está na segundo fila das que estão em pé, sendo a primeira contando da esquerda à direita.
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Tia Néspola teve uma situação familiar que poucos têm. Sua mãe, Carolina Ramacciotti Orsi era irmã da primeira esposa de Pietro Orsi, Isolina Ramacciotti Orsi. Seu pai era igualmente tio, pois era marido de sua tia, seus irmãos eram igualmente primos. Sua mãe era madrasta de seus irmãos-primos e tia ao mesmo tempo. Devia ser engraçada essa relação. Não sei porque ela, tio Nello, tia Bimba, Tia Ercília, tio Armando, não se casaram. Dias atrás, em visita a ela, quando fui tirar as fotos do fogão e do forno, logo após, ao ficar procurando algumas fotos para enriquecer o arquivo, perguntei a ela porque nunca tinha se casado. Respondeume “ não casei porque não quis, pretendente é que não faltou, inclusive o irmão do fulano de tal “ . Perguntado sobre a mesma condição de seus irmãos disse que somente o Nello nunca quis se casar mas tinha um grande amor e, completando sobre o Nello disse: quando faltava dinheiro na firma para as despesas da casa era ele quem supria financeiramente a família e era um homem muito bom. A conversa parou por ai.
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Tia Néspola em dois momentos de sua vida. A primeira foto com mais ou menos 15 anos e na segunda, defronte um dos barracões da Olaria e Cerâmica, com aproximadamente 25 anos. Nasceu em 08 de dezembro de 1915. De todos os descendentes do Pietro Orsi ela é a única que tem lembranças de sua avó Zita Orsi, esposa do Luigi Orsi, e nos conta que ela tinha os cabelos brancos e ondeados e que ela era que penteava os seus cabelos. Morou muito tempo com o Pietro Orsi, indo morar com o seu tio Santino Orsi, em Sorocaba. Ficou doente e tia Argentina foi cuidar dela em Sorocaba. Lá faleceu e foi enterrada em Itapetininga. Tenho outras informações de que ela foi enterrada em Sorocaba tendo falecido por volta de 1924 ou 1925. Recentemente em telefonema à Nega, filha do Dante Orsi pedi que fizesse uma pesquisa nos cartórios. Tia Néspola sempre diz que trabalhou muito, a exemplo de seus irmãos e irmãs, e que sempre ajudou no sustento da casa e conta que quando seu pai estava para morrer a grande preocupação dele era como ela conseguiria sobreviver sem ele. Vive até hoje. Outra história que sempre conta foi a epopéia do corte de um pé de eucalipto que existia em frente à sua casa e que estava com risco de vir abaixo depois que um raio fez uma enorme rachadura em um de seus troncos. Convocados os parentes, amigos e entendidos. Cordas, machados, mestre do serviço, serras de serem puxadas por duas pessoas para os galhos menores. A tarefa do corte era dos homens e a das mulheres era a comida para o batalhão, os que trabalhavam, os curiosos palpiteiros e
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outros tantos que lá passavam para posar na foto.
Eis a famosa foto. Sessenta e seis pessoas entre adultos e crianças. Deve ter sido uma festa. O único que consegui identificar é o Tio Manuelito, pai da Zola. Já pensaram quanta comida foi feita ! Tem momentos na vida que minha mãe se parece muito com a Tia Néspola e, em outros momentos, muito pouco. Não sei explicar. Em uma das minhas visitas a ela, em companhia dos meus familiares, inclusive meu neto, que está muito acostumado a ver fotos e videos com imagens da minha mãe, quando perguntado a ele quem era aquela mulher ele disse com muita tranqüilidade e ainda com um sorriso : “ É a Amélia “. Não sou só eu que acho parecida. Nesse dia ao tirar algumas fotos, quis carregar meu neto, Afrâninho, e ao ouvir eu dizer que ele pesava 12 quilos, pois naquele dia não estava muito boa, ela me disse um tanto indignada “ nem que pese 20 quilos “. Algumas fotos foram feitas e histórias contadas dos dois lados.
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Regina, Afrâninho, Afrânio e tia Néspola.
Recentemente fui até sua casa tirar mais fotos, no mesmo dia em que tirei do fogão e do forno. No quintal há 4 cômodos fechados que fazia muitos anos que não perguntava o que continham e não tinha tido curiosidade de pedir para abri-los, até então. Devido às pesquisas em busca de novas histórias e fotos pedi à tia Néspola para abrir. A Zola e o Odilon estavam juntos e diziam que só coisas velhas estavam ali guardadas e residência de muitos cupins. Era verdade, porém, encontrei uma “ raridade “ em um dos cantos de um dos cômodos. Era uma cruz, em cimento, com um Cristo de braços abertos, dois tijolos e um pedaço de granito, desses que a família fazia, colocados em cima dos tijolos. Muita teia de aranha, duas caixas de lamparinas, sebo de velas derretidas, tudo isso mostrando ser um lugar de muita reza e devoção, para orações solitárias e encontros com o Nosso Senhor. Curioso da razão de aquela cruz estar ali, tia Néspola conta a história.
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“ Ao lado do cemitério existia uma capela dedicada a São Lázaro, no local onde eram enterradas as pessoas leprosas. Foi determinado pela Administração que a capela deveria ser demolida. Contratado o Pietro Orsi ele foi cumprir a obrigação. Ao derrubar a cruz do alto da capela ela caiu no chão em pé, momento em que disse : Essa cruz é minha, vou levar para casa “. Levou e esta lá até hoje. Tia Néspola, Zola e a tia Dirce falaram que quem cuidava da cruz e que mantinha uma lamparina permanentemente acesa era a tia Bimba. Examinando bem a pedra vi que ela está bem “ carepenta”, isto é, bem desgastada, o que deveria causar muitas dores nos joelhos de quem ali rezava. Fazia parte da fé.
A vida continua. Ainda bem que temos algumas histórias para serem contadas, umas alegres outras tristes., mas sobretudo de pessoas queridas que fazem parte da minha família.
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DANTE ORSI
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Encerrada a primeira fase da história da Família Orsi, que compreendeu a minha apresentação, os motivos da realização deste trabalho, a historiografia do sobrenome, a Itália geográfica e histórica, a realidade da saída da Itália, a chegada ao Brasil, a genealogia fotográfica e escrita, a busca pelas informações, a pesquisa documental, o esclarecimento de muitas histórias sobre a família, a inclusão de outras já quase que perdidas, a parte documental das propriedades, a formação familiar, o depoimento de seus descendentes, a inclusão das fotos da família procurando enriquecer os depoimentos, chega o momento de escrevermos sobre os netos de Luigi e Zita Orsi, da parte de um dos seus filhos, Pietro Orsi, que em núpcias com Isolina Ramacciotti Orsi e depois com Carolina Ramacciotti Orsi, geraram 12 filhos, sendo o primeiro deles Dante Orsi que é de quem falaremos de ora em diante. Dante Orsi, podemos dizer, foi concebido na Itália, pois sua mãe Isolina veio grávida de 4 meses para o Brasil, já que aqui chegaram em 23 de março de 1896. Ao chegarem dirigiram-se à cidade de Tatuí lá ficando até o nascimento do Dante, ocorrido em 29 de agosto de 1896, o que pelas datas deduz-se que lá ficaram 5 meses e, não sabemos pois perdeu-se no tempo, se ficaram na casa do Luigi Orsi e Zita Orsi, ou do Rafaello Orsi, primo do Pietro que já estava no Brasil desde 24 de outubro de 1891, segundo os registros da Imigração em São Paulo. Após seu nascimento é que Pietro e Isolina vieram para Itapetininga, juntamente com o filho Dante, dando início a esta parte da história.
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Aos 17 anos, juntamente com os irmãos Nello, Abrahão (Neluxo) e Alexandre ( Bimbo ), já trabalhavam como carroceiros sob as ordens do pai, trabalho esse que persistiu até o ano de 1934. Os irmãos e o pai, transportavam as mercadorias que aqui chegavam via Estrada de Ferro Sorocabana, no armazém conhecido como “ Rodovia ” no próprio pátio da ferrovia, aos seus destinos na cidade em veículos conhecidos como “ cargueiros ” que eram tipos de carroças, mais ou menos iguais aos dos filmes de faroeste norte americano, puxados por mulas. Justificada por isso, tropa de mulas, a necessidade de Pietro Orsi possuir propriedades extensas no local onde as possuia, quer dizer, perto da casa e do trabalho para colocar a tropa de muares. Depois de 1930, havia a necessidade dos carroceiros terem “ carta ” para dirigir as carroças em que trabalhavam e os Orsi se enquadram na lei, ficando a prova guardada em arquivos da família até hoje.
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Carta de “ carroceiro ” de Dante Orsi – O ano 1936.
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Vejam que no caso no Nello Orsi, existia uma segunda via, como Atestado, emitida pela “ Inspectoria de Vehículos ” da Delegacia Regional de Policia de Itapetininga, sob número 256 e datada de 22 de outubro de 1931. Dante casou-se com Hermínia Dias de Moura, em 25 de junho de 1921, e dessa união nasceram 11 filhos, Hermenegildo Orsi em 11 de maio de 1922, Pedro Orsi em 22 de junho de 1923, Isolina, falecida em tenra idade, João Orsi em 10 de março de 1925, Carlos Orsi em 07 de março de 1928, Roberto Orsi em 15 de fevereiro de 1930, Ignez Orsi em 25 de dezembro de 1932, Domingos Orsi em 25 de março de 1934, Hermínia Roza Orsi em 02 de julho de 1937, Hélio Orsi em 14 de julho de 1940 e Nelson Orsi em 20 de outubro de 1942. Para essa história começar a ser contada foi necessário uma reunião familiar dos seus descendentes, onde estiveram presentes todos os seus filhos vivos e boa parte de seus netos e bisnetos. Essa festa ocorreu no dia 25 de julho de 2004, nas dependências da Associação do Bem Viver, presidido pela prima e descendente de Pietro Orsi, Maria Margarida Mazarino que, juntamente com a Zilda Jordão, uma das revisoras e colaboradoras desta obra, enriqueceram o evento com suas presenças. Foi graças ao trabalho da Maria Elisa Orsi Santiago, seu esposo Antonio de Campos Santiago, sua cunhada Maria Gorette de Campos Santiago, Rodrigo Silva Coelho, Danielle Cristina de Campos Santiago e o incansável José esposo da Ignez Orsi, portanto a festa tornou-se um sucesso e já com inúmeros pedidos para ser repetida.
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Maria Elisa começa a participar da história global, quando em visita a prima Isolina Santos Moura (Zola Orsi ), na busca de documentos para montar o processo de cidadania italiana, dela e dos seus, recebe da Zola a informação de que eu estava escrevendo um livro sobre os Orsi e poderia dar maiores detalhes. Ao me procurar, as nossas identidades, não só familiares como também de busca e de trabalho se mostram em uníssono e, a partir daí, não mais perdemos o contato. A festa foi por mim sugerida e notei que de imediato ficou um pouco assustada, mas como boa Orsi que é, levou adiante a tarefa e muito bem. A partir dessa festa, começaram a fluir as informações sobre a formação da familia do Dante Orsi, ocorreram as trocas de endereços, de E-mail, de telefones e, mesmo na festa recebi fotos antigas. A festa foi muito boa, agradável, a comida excelente, o vinho mais ainda, e o melhor foi a união de todos em torno da idéia de deixar nossa história contada, a presença da tia Néspola, um dos pontos altos da festa, os filhos vivos do Dante e Hermínia, os netos e bisnetos se conhecendo, se reconhecendo, todos, enfim, matando saudades com abraços, beijos, saudações gostosas, boas lembranças, sem contar ainda com a música a cargo do Carlos Orsi Júnior e seu amigo do Sax, Gerson Ramos, a “ Italianinha” Danielle Cristina de Campos Santiago dançando a Tarantella e todos de mãos dadas, com as mãos nos ombros uns dos outros, dançando, sorrindo e cantando, ao som de outras Tarantelas. Não posso me esquecer, momento de emoção, a Ave Maria e o Padre Nosso, rezados em italiano, em uma homenagem aos nossos antepassados.
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Alguns momentos da festa :
A “ Italianinha ” dançando a Tarantela.
Tia Néspola e a “ Italiana ” , Danielle Cristina.
Momento de emoção na festa. Ignez Orsi , Dirce Franco Ferreira (filha de Adelaide Orsi), Isolina Santos Moura (Zola Orsi filha de Argentina Orsi),Roberto Orsi, Maria Margarina Mazarino (filha de Ignez Orsi ,tia Ínice ) ,Hélio, Hermínia (Nega) e Domingos Orsi e sentada Isolina Orsi (tia Néspola)
Os filhos vivos do Dante Orsi. Herminia Roza (Nega) , Hélio Orsi , Roberto Orsi , Ignez Orsi e Domingos Orsi (Mingo) ladeando a última filha do imigrante Pietro Orsi ,tia Néspola.
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Os filhos, netos, bisnetos de Dante Orsi e outros descendentes de Pietro Orsi
Sobre a vida do Dante recebi informações por parte da Nega em mensagem eletrônica e do Hélio que veio me visitar com seu filho Dante Orsi Neto, me trazendo outras que, agregadas às da Nega, passo a narrar. Já no ano de 1934, Dante e seus irmãos, Nello, Abrahão e Alexandre (os carroceiros), abrem um comércio destinado à venda de material de construção e uma fábrica de mosaicos e ladrilhos, nos fundos da residência de Pietro Orsi, localizada na Rua Alfredo Maia, número 488. Superada a fase das dificuldades iniciais e à custa de muito trabalho começam a expandir os negócios comprando uma olaria já montada de propriedade de Francisco Matarazzo, olaria esta que teve a finalidade exclusiva de produzir os tijolos necessários à construção do prédio da família Matarazzo e que em passado recente foi o Supermercado Superbom e, terminada a obra, foi oferecida a Pietro Orsi, amigo pessoal do Conde Matarazzo, que em sua residência muitas vezes pernoitou no quarto e na cama de ferro do tio Nello, usando, inclusive, o seu imenso quintal para guardar os porcos que comprava na região, onde ficavam até formar a carga necessária da gôndola. A olaria foi comprada pelos quatro irmãos e,
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logo após, efetivam a compra de uma sítio no Bairro do Mato Sêco com a montagem de outro olaria e ainda mais, um outro sítio às margens do rio Itapetininga, de onde extraiam areia para ser comercializada em Itapetininga.
Foto da imensa barcaça que era usada para tirar areia do rio Itapetininga. Imagem feita em 31.08.1952, em dia de grande festa da família do Dante Orsi.
Corria o ano de 1944 e constataram a necessidade da compra de um terreno maior do que onde estavam instalados e que pudessem construir o barracão da parte comercial da firma. A compra foi difícil, outras pessoas também disputavam o terreno, e o genro do proprietário garantiu a venda aos irmãos Orsi em função da palavra empenhada por seu sogro e com um pagamento à vista e outros parcelados, quando os outros ofereciam pagamento à vista. Como valia uma palavra naquela época ! Vejam que interessante. Uma autorização de compra com a concordância de todos os sócios da empresa.
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No ano de 1948, Abrahão Orsi (tio Neluxo) sai da sociedade e fica com o sítio e a olaria do Mato Seco, onde posteriormente montou uma cerâmica, produzindo telhas de excelente qualidade por muitos anos. O nome da firma era Cerâmica São Judas Tadeu. Em 1950 faleceu o tio Nello Orsi em 02 de novembro. A firma Irmãos Orsi perdeu o seu Gerente Financeiro. Tristeza em dobro na família, pois a 27 de novembro faleceu Pietro Orsi. A olaria precisava ser reformulada. A necessidade era premente, tinha que ser modernizada urgentemente. Parte o Hermenegildo (Gildo) à procura de outras cerâmicas e olarias, nas cidades vizinhas, principalmente em Tatuí que já despontava como grande polo ceramista. Do resultado dessas visitas, foi construído o primeiro forno de abóbada, no ano de 1952 ( construído por um tal de
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Frederico, da cidade de Tatuí), foi implementado o uso de um motor diesel importado do Canadá, já que todos trabalhavam só com lenha, e duas das maiores novidades, a substituição da “ pipa ” pela “ maromba ” e a introdução da prensa elétrica. Sucesso na época. Em 16 de julho de 1954, faleceu Dante Orsi . Alexandre Orsi (tio Bimbo) e os filhos do Dante Orsi, continuam a firma Irmãos Orsi até o ano de 1964. Alexandre Orsi (tio Bimbo), Pedro e Carlos Orsi ficam com a Olaria e Cerâmica da cidade, Hermenegildo e Roberto preferem sair da empresa. O Gildo fica com o porto de areia, continuando seu trabalho até que faz um loteamento e vende toda a propriedade. O Roberto fica com a outra parte do sítio que mantém até hoje, e parte para o trabalho autônomo como aplicador de sinteco. Na firma Orsi Comércio e Indústria Ltda, no prédio da rua Padre Albuquerque ficam : João, Domingos, Hélio e Nelson. A empresa Irmãos Orsi foi fundada em 1934 e encerrada em 1964. Trinta anos de trabalho da família colaborando com o crescimento comercial da cidade de Itapetininga e, inclusive, com muitas das instituições de caridade da cidade na doação de material de construção.
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Na foto anterior, sentado, tio Nello Orsi e na foto abaixo Domingos Orsi perto do caminhão da empresa enquanto os funcionários jogam futebol na hora do almoço;
Hermenegildo Orsi em primeiro e o tio Nello Orsi o terceiro dos que estão em pé.
Minhas homenagens a Dante Orsi e Herminia Dias de Moura, formadores de uma prole de pessoas trabalhadoras.
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Herminia, Maria Eliza e Dante Orsi, no dia do batizado de sua neta, filha do Pedro Orsi e Zoraide.
Dante Orsi, Herminia, HĂŠlio e Nelson Orsi, junto com amigos da rua em que moravam.
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Carlos Orsi, Hermínia (Nega), Cida, Gildo e Herminia.
Hermínia em primeiro lugar, Hélio no meio e Nelson por último.
Dante Orsi, depois de seu falecimento, recebe do Prefeito Municipal de Itapetininga Dr. Cyro de Albuquerque, o maior político de nossa região, através de lei da Câmara Municipal, a homenagem merecida da comunidade destinando o seu nome a uma das ruas da cidade.
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Vista da Rua Dante Orsi, na Vila Garrido e placa da Rua Dante Orsi, Comerciante e Industrial de Itapetininga.
O primeiro dos filhos de Dante e Hermínia foi Hermenegildo Orsi, carinhosamente tratado por todos como Gildo. Trabalhou com o pai e com os irmãos praticamente a vida toda vindo a falecer em Itapetininga no dia 14 de fevereiro de 1978. Nessa época eu morava em Marília e era o Gerente do Unibanco. Não pude vir ao seu enterro. Lamentei. Dizem todos que uma das grandes qualidades do Gildo era o desenho técnico e muitas das plantas e fachadas das casas construídas pela família foram feitas por ele. Casou-se em 21 de junho de 1947 com Conceição Aparecida Orsi e dessa união tiveram dois filhos : Sérgio,
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nascido em 17 de março de 1948 e Sônia, nascida em 31 de janeiro de 1950. Eu me lembro muito bem do Gildo, da Cida e dos filhos Sérgio e Sônia, desde quando moravam em uma casa com salão comercial no final da rua Benjamin Constant, defronte o prédio (antigo palácio do Acácio Soares Hungria), hoje está ai instalada a Vigilância Sanitária de Itapetininga, prédio recuperado e pintado de verde, muito bonito. O Gildo e Cida não precisavam andar até à feira, pois a mesma ficava defronte à casa o que a exemplo da casa da tia Argentina deveria dar muita dor de cabeça nas quintas feiras e no Domingo, dias oficiais de feira em Itapetininga. A outra residência deles, que me lembro, era no início da rua Fernando Prestes, defronte, nos dias de hoje, da Peixaria Fontolan. Quando eu trabalhava no Banco do Commércio e Indústria de São Paulo, aqui em Itapetininga, os Orsi mantinham conta corrente junto a esse banco, o que me possibilitava vê-los sempre, já que eu nessa época, era quem preenchia os depósitos, os cheques, todos com caneta de pau e pena, molhadas em tinta fresca nos tinteiros, entregava as chapinhas para o recebimento dos cheques, o que me possibilitava constante contato com os parentes. Difícil era ver o Sérgio e a Sônia sem a companhia da mãe. Sempre juntos, formavam uma bela figura. Cida sempre educada e sorridente e, a cada vez que nos encontrava-mos, nunca deixava de perguntar. “ Afrânio, como vai a Amélia ” ?. Parece que neste momento estou revendo a cena e me emociono.
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Sérgio foi meu contemporâneo de escola e, apesar de eu ser mais velho que ele, dois anos, fizemos mais ou menos juntos a parte ginasial. As aulas de ginástica eram dadas pelo professor Átilla José de Castro Rios, e todos os anos havia o Campeonato Interno de Futebol de Salão. A escolha dos times era feita da seguinte forma : todos os alunos em uniforme de educação física, ficavam perfilados na parte de terra da escola onde eram praticados os saltos em distância, barra e barras assimétricas. O Prof. Átilla, designava o capitão de cada time, eram chamados à frente. Estes escolhiam em primeiro lugar os goleiros, me lembro que existiam poucos goleiros e quase ninguém se dispunha a sê-los, em seguida começava a disputa pelos melhores jogadores. Os ruins e os pernetas ficavam para o final. Em um desses campeonatos o time Campeão foi o Vasco da Gama, que era capitaneado pelo Egberto Galvão. Vejam a raridade abaixo :
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Este time foi Campeão do Torneio de Futebol de Salão do Instituto de Educação Peixoto Gomide em 1959. Em pé, da esquerda para direita : Sérgio Orsi, Egberto Galvão, Luiz Carlos Annunciato, João Victor Rauen Maciel. Agachados na mesma ordem : Rubens Brasil Horta, Afrânio Franco de Oliveira Mello e José Célio de Medeiros. O outro time, no ano seguinte foi o Fluminense Futebol Clube (eu ainda tenho o brasão do clube, usado nessa época ).
Em pé da esquerda para direita : Sérgio Orsi, Luiz Alves, Wilson Borin Pacheco. Agachados na mesma ordem : José Antonio Campos Santiago, Afrânio Franco de Oliveira Mello e o Quinzinho.
O menino que está atrás na foto, com o braço por cima do cano é o Beto Mastrandéia, filho do Sr.Mário Mastrandéia e Dona Bruneta Fogaça Mastrandéia, grandes amigos da minha família.
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Eu e o Sérgio, não fomos tão distantes assim como somos hoje, as circunstâncias da vida é que fizeram com que assim fosse. Sérgio, parte de Itapetininga, a exemplo de muitos outros jovens, em busca da formação profissional consegue ingressar, graças à sua boa formação escolar e de muito estudo, no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o mais famoso curso superior em Engenharia do pais, de onde sai formado em Engenharia Eletrônica, logo ingressando na C.T.B, Companhia Telefônica Brasileira, posteriormente na Telesp e por último na Telesp Celular, onde aposentouse. Casa em 24.12.1973, com a nossa amiga e contemporânea escolar, Cecilia Maria Leonel, filha de Ary Leonel e Eunice Günther Leonel (seus pais de tradicionais famílias de Itapetininga, com muitos de seus parentes, meus amigos ), formada em Pedagogia e Matemática, trabalhando e dando aulas em escolas de Itapetininga, São Miguel Arcanjo, Capão Bonito, Sorocaba e por fim em São Paulo.
A foto no dia do casamento. Hermenegildo, Cida, Sérgio, Cecilia, Ary e Eunice.
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Dessa união nascem os filhos : Fábio, em 22.12.1975 e Denis, em 01.03.1981. Hermenegildo, Cida, Sérgio e Sônia. 07 de julho de 1974, momento de união e alegria da família. Fábio e Denis formam-se em Engenharia Eletrônica, o primeiro pelo Instituto Mauá de Tecnologia e o segundo pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Fábio, trabalha e mora em Brasilia, na Corregedoria Geral da União, onde chegou por concurso público, não mais trabalhando na área em que se formou e Denis trabalha em São Paulo em uma empresa de Engenharia Eletrônica.
Cida, Fábio e Gildo.
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Cecilia, Sérgio e Fábio
Denis, Cida e Fábio.
Sônia, apesar de ser 4 anos mais nova que eu e de não termos tido um relacionamento mais de perto, mais pela diferença de idade, me lembro muito bem dela. Esguia, de pele clara, olhos muito bonitos e sempre retraída. Educada, boa formação escolar. Ela, o Sérgio e minha irmã Annita, foram companheiros de estudos musicais, no Conservatório Musical Carlos Gomes de Itapetininga, de propriedade da Sra. Sônia Santiago. O Sérgio e a Annita no acordeon e a Sonia no piano. Salvo engano, o uniforme feminino era saia de pregas, na cor cinza claro, blusa
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branca, uma gravata na mesma cor da saia com o emblema de uma Lira. Recordo-me muito de algumas audiências musicais na Rádio Difusoura de Itapetininga, Clubes e Escolas. Essas lembranças, apesar da boa música, não me trazem recordações muito boas. Explico : Eu era “ obrigado ” a levar e trazer o acordeon de minha irmã e, pela altura que tinha, sempre voltava para casa com o tornozelo machucado, pois a caixa do mesmo ficava raspando nesse lugar.
Cida, Sônia, Sérgio, Cecilia, Denis e Fábio.
Sônia é Médica Veterinária, formada pela Universidade Federal do Paraná em 23.12.1976. Reside em Curitiba desde então, onde tem uma Clínica Veterinária. Há muito não a vejo. Nesses dias em que ando escrevendo sobre sua família tive um momento de saudade, peguei o telefone, liguei à noite em sua casa, falamos por um bom tempo colocando as lembranças em dia. Foi muito bom.
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A seqüência das fotos não é precisamente cronológica e muito menos par a par com o texto. A intenção é a de dar a impressão como que estivéssemos mantendo uma conversa, lembrando de fatos, ocorrências que foram passando em nossas vidas.
Vejam bem o semblante do Sérgio e da Cida nesta foto. Tenho a impressão de que os dois estão pensando muito no momento em que suas vidas estão passando. Pensativos, o Sérgio com o olhar focado na máquina e a Cida com um olhar bem distante. Mas o mais importante que acho nessa foto é o orgulho que cada um está sentido de estarem juntos e de serem mãe e filho. Aposto nessa minha impressão. A serenidade está presente. Por falar em orgulho da relação familiar vejam as fotos na página seguinte :
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Momento de alegria, uni達o familiar em torno da formatura do Denis.
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Registro de Empregado de Hermenegildo Orsi, com a data de entrada de primeiro de janeiro de 1938 e registro datado de treze de fevereiro de 1940. Extraído do Livro de Registro de Empregados da firma Irmãos Orsi, à página 3.
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Depois do falecimento do Hermenegildo Orsi, a Câmara Municipal de Itapetininga, em projeto aprovado pelo Prefeito Municipal, dá o seu nome a uma das ruas do Jardim das Flores, em Itapetininga.
Duas das placas com o seu nome. Uma em um poste e a outra em um portâo de entrada de uma das muitas chácaras que ali existem.
Dois aspectos da Rua Hermenegildo Orsi. Região de muitas chácaras.
O segundo dos filhos de Dante Orsi e Erminia Dias de Moura é Pedro Orsi, que nasceu em 12 de junho de 1923 e leva o nome de seu avô paterno Pietro Orsi. A exemplo de todos os seus irmãos e tios, sempre trabalhou em empresas da família, transitando por elas, Olaria, Porto de Areia e Comércio com bastante desenvoltura, até o falecimento de seu pai, momento em que ficou na Olaria e Cerâmica Irmãos Orsi, localizada no Bairro do Olho D’Água, em Itapetininga, juntamente com o Tio Bimbo e o Carlito até a venda da firma para um empresário de Tatuí.
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Em Itapetininga, Pedro Orsi estudou, serviu o Exército Brasileiro no Quartel do 5º. Batalhão de Caçadores de Itapetininga, conhecido como 5º. BC. A família ainda tem o seu retrato de quando ele lá estava e que reproduzo abaixo. Quepe imenso para os padrões militares de hoje.
Uma foto histórica é a que extraí do livro “ A FORÇA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO ” de autoria de Euclydes de Andrade e Hely F. da Camara e prefaciado pelo Cel. Edilberto de Oliveira Mello, na edição de 1982, em notas explicativas sobre a obra, quando era o Diretor do Museu Militar de São Paulo, mostrando a entrada do Quartel em Itapetininga, onde hoje é a sede do Departamento de Estradas de Rodagem. O Cel. Edilberto é meu primo e irá fazer parte desta história no ramo dos Oliveira Mello.
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O ano em que o Pedro serviu o 5º. BC é o ano de 1942. Não tenho documento que comprove esta data, mas existe um diploma de sua participação como atleta, na maior e mais significativa Corrida de Revezamento, realizada no Brasil e no mundo ( até aquele momento), denominada a Corrida do Fogo da Pátria, da Fazenda do Pombal, berço do protomártir da Independência, Tiradentes, Município de São João Del Rei, Estado de Minas Gerais, à Pira da Pátria, no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, Capital do Rio Grande do Sul, em 7 de setembro de 1942. (Dados extraídos do Diploma). O diploma é muito grande. Tirei diversas fotos, reduzi, passei pelo escaner, transferi para o computador, imprimi e não ficou boa a redução, deixando quase que ilegível as partes escritas. Foi necessário tirar um xerox colorido, com redução, passar pelo escaner o xerox e inserir no texto. Como ocupa o tamanho de uma página, vou colocar na próxima página. O diploma é guardado a sete chaves com sua filha Maria Elisa, passando a ser uma relíquia da família. Pedro Orsi casou-se em 25.09.1948, com Zoraide Leite, filha de Gabriel Leite e Maria Rodrigues, natural
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da vizinha cidade de Tatuí, onde nasceu em 06.05.1930.
Zoraide : na foto a esquerda antes do casamento e, a direita, 9 anos após o casamento.
Dessa união nasceram três filhos : Maria Elisa em 16.06.1951, Mário Avelino em 22.11.1952 e Nilza Maria em 06.07.1960. Pedro e Zoraide seguem a vida criando e educando os filhos. Católico que era, a exemplo de muitos da família, não deixava de visitar a cidade de Aparecida, onde está o Santuário dedicado a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Dessas viagens, dois momentos foram eternizados pela fotografia que mostro em seguida a do diploma.
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Maria Elisa,Pedro,Nilza,Zoraide e Mário Avelino defronte a antiga igreja dedicada a Nossa Senhora Aparecida.. A Igreja Matriz de Itapetininga ( a primeira, na Praça Duque de Caxias ) é réplica da Igreja de Aparecida.
Zoraide e Pedro na tradicional foto defronte ao painel da Igreja de Aparecida.
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Maria Elisa, em seu depoímento, fala das lembranças da casa de seu avô Dante Orsi, não se lembrando de sua pessoa pois quando ele faleceu ela tinha 3 anos e começa a formar sua memória dessa época quando aos 4 anos foi visitar a avó, Hermínia, que estava acamada. A residência da avó era próxima da sua, onde hoje mora sua tia Inês, casa que se encontra nos dias de hoje como era à época dos fatos, inclusive com os mesmos azulejos na cozinha e onde ia quase que todos os dias assistir televisão, mais ou menos no ano de 1958, que poucos da família Orsi possuiam. O filme que mais marcou foi Bonanza. Lembra com carinho de seus tios : Gildo era seu vizinho e o João morava na rua Dr.Coutinho. Carlito era jovem, tinha os seus 23 anos e lembra que ele gostava muito de flores, inclusive cultivando caladium de várias espécies, com extravagantes combinações de cores e formatos. Hoje, em seu sítio, Maria Elisa cultiva algumas espécies dessas plantas que no verão desabrocham e no inverso somem, ficando somente os bulbos na terra para brotarem novamente no verão. Quando tinha 4 ou 5 anos, recorda, colocou umas dessas folhas na boca e ao tentar engoli-las pararam em sua garganta, sufocando-a. O salvador foi o Domingos que enfiando os dedos em sua garganta tirou as folhas. Ficou a lembrança e a lição. Bons momentos passou com a Hermínia, mais conhecida como Nega.Era professora e lecionava em sítios da região e era a companheira inseparável, pois a tia tinha que pegar carona com caminhoneiros e, como tinha medo de viajar sozinha e para dar mais respeito, ia junto. A casa de seus avós ficou com a Tia Ignês que lá reside com o José, seu esposo, e filhos.
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Alguns desses momentos foram fotografados.
Maria Elisa com 4 anos , na casa do avô Dante Orsi.
Maria Elisa e Mário Avelino.
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Ainda com as lembranças da Maria Elisa ela fala de seus estudos no Instituto Imaculada Conceição [ eu também estudei lá ], do uniforme impecável, de saia plissada, boina, camisa branca e gravata azul marinho e que era muito bonito quando estavam todos juntos, uniformizados e organizados em fila ou agrupados. Depois do Imaculada, segue seus estudos no Grupo Escolar Cel. Fernando Prestes [ estando na praça da Avenida Peixoto Gomide, é a escola da esquerda ], tradicional escola da cidade e era a única que toda semana tinha o famoso “ cineminha do Seu Mimi ” com os seus famosos seriados de faroeste americano e que vivem na lembrança de muitos itapetininganos [ o cinema e Seu Mimi, figura ímpar na comunidade e que foi Presidente do primeiro Grupo de Escoteiros de Itapetininga e onde meu pai, Antenor, foi Secretário ]. O grande momento dessa época e que muitos guardam com muito carinho era a “ famosa ” foto diante do mapa do Brasil, um vaso com flores, nas fotos das meninas e um globo terreste nas fotos dos meninos, o caderno aberto, sentada na cadeira da professora e usando sua escrivaninha. Maria Elisa não escapou e abaixo o registro dessa época. O ano era 1960. Estava com 9 anos de idade.
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Após essa fase, nos conta Maria Elisa, a vida entra na adolescência e posteriormente a das responsabilidades, oportunidade em que estudava à noite e trabalhava durante o dia. Foi Secretária na Cia Itapetininga de Automóveis Notari, que comercializava os veículos da Ford do Brasil, de onde saiu para se casar. Mudaram para São Paulo e, depois de muita luta, conseguem se estabilizar e atualmente residem em um sítio no Município de Alambari onde exploram a atividade granjeira, com frangos de corte e pecuária. Maria Elisa casou-se em 07.05.1972 com Antonio José de Campos Santiago, de tradicional família de Itapetininga [ seus irmãos José Antonio foi meu colega de estudos e o Kunka companheiro de futebol ] nascido em Apiaí em 09.06.1950.
Antonio nos dias de hoje.
Com essa união, teve a oportunidade de juntos, realizarem muitos sonhos sendo o primeiro o de criar suas filhas, Adriana, nascida em 30.09.1972, Liliane, nascida em 20.11.1976 e Viviane, nascida em 17.12.1980 e com a estabilidade realizar longas viagens.
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Das viagens realizadas, tiveram algumas memoráveis: realizaram [ ela e o Antonio ] um “ tour ” pela Europa, conhecendo vários países, viagem essa que durou 28 dias dos quais guardam muitas lembranças agradáveis. Pelo Brasil, conheceram vários Estados, sempre viajando a bordo de uma motocicleta [ são apaixonados por moto, tendo inclusive o cartão de visitas deles, uma foto do casal sentado em cima de uma ]. Gostam de viajar praticamente sozinhos e fazendo muitas aventuras. Já visitaram todo o litoral fluminense, do nordeste ao sul, as serras gaúchas e catarinenses, estiveram do outro lado do país ( oeste ) visitando Corumbá no Mato Grosso do Sul, Cuiabá e Chapada dos Guimarães no Estado do Mato Grosso, [ fiquei com saudades, pois morei em Cuiabá e Campo Grande, conhecendo muito bem os dois Estados. Tive momentos de muita alegria nesses lugares e, inclusive, com o nascimento de minha filha Tatiana em Cuiabá ] descendo por Goiás e Minas Gerais. Já subiram até Natal e Fortaleza, sempre de moto. Segundo eles, viagens agradáveis e inesquecíveis pois todas elas foram realizadas sem pressa e sem data de retorno. Em uma outra oportunidade, agora de “ van ” e com a família, visitaram o Deserto de Atacama no Chile, conhecendo muitos lugares bonitos e inóspitos. Diz que conhecer o Vale da Lua e os “ salares ” monumentais, tocar as águas quentes dos “ gêisers ” que brotam do solo em local onde existem vulcões em estado dormente, chegando a água a 85 graus às 5h30 da manhã com a temperatura ambiente de 4 graus negativos e em uma altitude de 4.300 metros, dizem que foi inesquecível. Visitaram Chuquicamata, a maior mina de cobre do
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mundo com suas monstruosidades, onde tudo é enorme, desde os caminhões, máquinas e a profundidade da mina, tocaram as águas geladas do Pacífico, conviveram com a simplicidade do povo chileno nas montanhas e, não conseguiram entender como esse povo vive no isolamento total no meio de um deserto de pedras no verão e de gelo no inverno. Diz a Maria Elisa que foi uma lição de vida. O outro grande “ hobby ” do casal é o de realizar trilhas de “ jeep ” na mata. Saem com grupos de jipeiros para realizar passeios nos lugares mais estranhos que possam parecer às pessoas que vivem nas cidades. Procurar locais difíceis, lama e montanhas é com eles mesmos. Fazem parte do Jeep Clube de Indaiatuba e de Itapetininga e é com eles que se divertem a valer. Aproveitar a vida é o lema do casal. Já falei antes que o reencontro com a Maria Elisa foi muito agradável, principalmente no momento em que eu estava escrevendo nossa história e ela na busca de documentos e informações o que nos possibilitou inúmeras conversas e troca de informações. É a primeira da família que está indo até o fim em busca da cidadania italiana para si e seus filhos. Essa parte da história é rica em viagens e detalhes que estarei contando no momento em que estiver falando de suas filhas Liliane e Viviane. Sua filha Adriana, nasceu em São Paulo na Maternidade São Luiz e desde pequena sempre gostou de estar com os amigos, estudou em várias escolas e aos 17 anos teve seu primeiro filho, Carlos Henrique, fruto de seu primeiro casamento em 1989. Aos 19 anos já estava divorciada e voltou a residir, ela e o filho, com Antonio e Maria Elisa.. Em 1992 a família volta a residir em
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Itapetininga e em 1994 muda novamente, desta vez para Indaiatuba. Adriana trabalha em várias empresas ficando mais tempo em uma indústria de filtros automotivos de origem alemã, concluiu a faculdade de Direito no ano de 2003. Casou-se novamente em 2002 com César Gorgonio com quem teve uma filha, Aline, em 17.03.2003. Ela atualmente reside em Indaiatuba e trabalha no Centro Automotivo de seu esposo.
Na foto, Adriana e seu marido César Gorgonio.
Nas fotos acima, Aline Santiago Gorgonio de Souza, filha de Adriana.
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Carlos Henrique nasceu em 15.05.1990 e mora com os avós Maria Elisa e Antonio desde os 2 anos de idade. Atualmente está estudando a 8ª série na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “ Adherbal de Paula Ferreira ”, cursa Inglês no Fisk e ainda acha tempo para estudar Informática. Na área esportiva fez curso de equitação e participou de provas de baliza e tambor tendo ganho alguns troféus e medalhas em vários haras da região, inclusive no Pagliato em Sorocaba. Abandonou esse esporte pois tomava muito do seu tempo nos finais de semana pois as competições eram muito concorridas e demoradas. Atualmente se dedica mais a participar das trilhas de jipe e como já tem uma DT 180 preparada para trilha, participou do Eco Off Road de Apiaí em 2004, por sinal em uma trilha muito difícil, tendo se saído muito bem.
Carlos Henrique fotografado recentemente pela família e sua moto de trilha.
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Liliane é a segunda das filhas da Maria Elisa e Antonio Santiago, nascida em 20 de novembro de 1976, como já dito anteriormente, na cidade de São Paulo, onde viveu até 15 anos de idade. Nesse período iniciou a sua formação escolar e nas Artes, com o aprendizado do balé clássico na Escola de Balé Anna Pegova, fazendo, inclusive, algumas apresentações. Quando tinha seus 16 anos, seu pai foi transferido da empresa em que trabalhava na cidade de São Paulo, como Diretor Comercial, para a cidade de Indaiatuba, momento em que todos se transferem para essa cidade. Pouco tempo depois da mudança começa a trabalhar em uma metalúrgica alemã, na cidade de Monte Mor. Em seguida começa os estudos de sua formação superior cursando Análise de Sistemas na Universidade Metodista de Piracicaba — UNIMEP—, em Piracicaba. Começam os atropelos da vida, de dia viaja a Monte Mor para trabalhar e à noite viaja até Piracicaba para estudar. Em 1997 inicia um outro trabalho na cidade de Hortolândia, em uma empresa italiana, onde permanece até hoje. Em 1998 termina a faculdade, iniciando em seguida a pós-graduação que termina em 2001 na Pontificia Universidade Católica, em Campinas, — PUCCAMP —, fazendo nessa época curso de línguas estrangeiras de italiano, francês e inglês. A exemplo dos pais gosta muito de viajar. Acompanhou seus pais na viagem a Argentina e Chile. Conhece vários estados do Brasil. Sua grande viagem foi em agosto de 2004. Em companhia do Rafael, seu namorado, parte em busca da irmã Viviane que residia naquele momento em Londres.
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Aproveitam os três para conhecer a Inglaterra e em seguida visitam a França, Alemanha, Suiça, Austria, República Tcheca, Eslováquia, Dinamarca, Bélgica, Holanda e onde não poderiam deixar de ir, a Itália, onde tiraram fotos dos lugares onde nasceram e viveram Pietro Orsi e Isolina Ramacciotti Orsi, que serão mostradas no final desta parte.
Foto de Liliane Orsi Santiago
A terceira das filhas do casal é a Viviane Orsi Santiago, nascida em São Paulo no dia 17 de dezembro de 1980. Mostrando, desde jovem, interesse pela língua inglesa, ingressa na escola CCAA na cidade de Indaiatuba com 13 anos, objetivando, um dia, morar fora do Brasil. Completava sua formação cultural com aulas de violão e de desenho. Terminando o colegial com 16 anos e já completando os 17, presta vestibular e é aprovada na Faculdade de Direito da Universidade Paulista de Campinas — UNIP —, motivo de grande alegria. Logo no ano seguinte inicia a faculdade em Campinas e ingressa no seu primeiro emprego em um escritório da
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empresa Engen. Com a transferência dessa empresa para Sorocaba ingressa na Filtros Mann, multinacional alemã e, com o seu bom conhecimento do idioma inglês, passa a trabalhar como Secretária no Departamento de Vendas. Quando estava cursando o terceiro ano da faculdade, faz entrevista para emprego em uma multinacional canadense, foi aprovada e recebe ótima proposta para ingressar na Nortel Networks na cidade de Campinas, onde teve a oportunidade de aprimorar o seu inglês. Termina a faculdade em 2002 com 21anos de idade. Logo em seguida traça os planos para realizar o grande sonho de morar e estudar na Inglaterra. Sai da Nortel e embarca em busca do sonho no ano de 2003 para Londres. Em busca da cidadania italiana começa a procura de documentos da família; primeiro com os parentes, depois nos cartórios de Itapetininga, Tatuí e São Paulo. Foi nessa época que nos conhecemos. Quando me visitou solicitando informação sobre a família, juntamente com sua mãe, Maria Elisa, disse que tinha estado na casa da Isolina Santos Moura ( Zola Orsi ), que me indicou contando que eu estava compilando dados para um livro. Faltava o principal, as certidões de nascimento e de casamento do Pietro Orsi e Isolina Ramacciotti Orsi, documentos estes que estavam na Itália. Através da Internet, telefonemas e cartas para os Cartórios e Prefeituras de Sant’Andréa de Compito, Massa Macinaia e Capannori consegue as tão sonhadas certidões, inclusive uma de batismo da Isolina. As certidões já foram mostradas anteriormente. Nessa época, já mais chegados, repassava para mim toda a correspondência que encaminhava à Itália pedindo
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e buscando informações. Como são muitas, não será possível mostrar todas. Estão guardadas em meu arquivo. Voltando à viagem para Londres, embarcou em 12 de setembro de 2003, com visto de estudante válido por 6 meses, renovando em seguida lá ficando por um ano, estudando e trabalhando. Cursa um período na escola London Study Centre e outro na Lilian Bishop. Ficou encantada com Londres que diz ser uma grande cidade com características de cidade pequena. Conheceu inúmeras pessoas de outras nacionalidades e diz que foi a melhor das experiências em sua vida. De acordo com o narrado por Liliane sobre a viagem à Europa, diz que foi muito difícil encontrar Sant’Andréa de Compito, lugar conhecido dos moradores mas complicado de encontrar pelos visitantes. Depois de muito custo, muita conversa, muita pergunta, com a Liliane gastando o seu italiano, encontram o local. Pequeno povoado, poucas casas, igreja ao fundo e ao sopé de um elevado montanhoso. Imagem inesquecível e que veio a sua mente “ Aqui morava meu tataravô ”. Creio que foi emocionante para as irmãs estarem ali, onde os nossos antepassados nasceram, se conheceram, casaram e partiram para o Brasil. Após a visita à Alemanha as irmãs se separam : Liliane segue o rumo da Dinamarca e Viviane o do Egito, pais que sonhava conhecer. Lá estando diz que o local mistura paisagens místicas com o agito de um grande cidade, possui locais que até hoje, com os avanços da ciência, ainda não se consegue explicar. Esculturas gigantescas, pirâmides monumentais e as belezas das águas do rio Nilo. Volta ao Brasil em 09 de setembro de 2004. Recebe a
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notícia que os documentos para a concessão da cidadania italiana estão prontos no Consulado da Itália em São Paulo. Chega novamente a oportunidade de embarcar para a Itália em busca da tão sonhada cidadania e que
Viviane Orsi Santiago (2004 )
Sant’Andréa di Compito
Placas de Capannori
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Placas de Capannori
Igreja : Massa Macinaia
Em uma das curvas de Sant’Andréa de Compito uma Capela muito antiga em foto tirada pela Viviane.
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possibilitará a ela trânsito livre em toda Europa. Voltando aos filhos de Pedro e Zoraide Orsi chegamos ao Mário Avelino Orsi, nascido em Itapetininga em 22 de novembro de 1952. Mário faz seus estudos em Itapetininga onde casouse, em 16 de julho de 1977, com Marcília Estevam Orsi, com a qual teve dois filhos : Rogério Estevam Orsi nascido em 19 de dezembro de 1977 e Fernando Estevam Orsi em 10 de junho de 1983.
Marcília e os filhos Rogério e Fernando.
Mário, em um outro relacionamento com Célia Balbino da Silva, tem uma filha de nome Nathália Cristine da Silva Orsi, nascida em 02 de abril de 1997. Residem em São Paulo onde Mário é funcionário público da área policial e onde mantém, com a família, uma indústria de embalagens plásticas.
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Adriana, Liliane, Rogério, Viviane, Fernando e Mário Avelino Orsi.
Nathália Cristine da Silva Orsi, filha do Mário com Célia Balbino da Silva
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Nilza Maria Orsi, é a caçula da família Pedro e Zoraide Orsi. Nascida em Itapetininga no dia 06 de julho de 1960. Passa toda sua vida em Itapetininga e, lembrando com muito carinho, as imagens da Olaria, local que era a vida de seu pai, onde trabalhava de segunda a sábado e aos domingos iam passear, pescar e fazer piquinique. É formada em Ciências Contábeis pela Associação de Ensino de Itapetininga e casou-se em 04 de maio de 1985, com Lázaro Donizetti Vieira, de família de Itapetinnga e nascido em 15 de setembro de 1958. São estabelecidos em Itapetininga com casa comercial e indústria de confecção de roupas. Dessa união nascem as filhas Camila Orsi Vieira em 01 de agosto de 1988 e Carolina Orsi Vieira em 12 de dezembro de 1990. Suas filhas estudam na escola Anglo nesta cidade.
Camila ( a ruiva da família), Lázaro, Carolina e Nilza.
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Na festa realizada recentemente, foto da família, reunindo os filhos, netos e bisnetos do Dante Orsi.
Zoraide, a matriarca da família, com os filhos e netos.
Pedro Orsi faleceu em 29 de dezembro de 1991, com 68 anos de idade, deixando muita saudade e uma grande lacuna na família. Abaixo uma de suas últimas fotos.
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Registro de Empregado de Pedro Orsi, como Ladrilheiro, com a data de entrada de 1º. de setembro de 1938 e registro datado de 13 de fevereiro de 1940. Extraído do Livro de Registro de Empregados da firma Irmãos Orsi, à página 4.
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Dia desses eu, minha esposa, Regina, meu filho Alexandre e sua namorada Juliana, cada casal em sua moto, fomos almoçar em um restaurante na Rodovia que vai para Capão Bonito, chamada RODOSUL e para nossa surpresa lá encontramos a Maria Elisa e o Santiago.,também com sua moto. Conversamos um pouco e eu pedi para que ela atualizasse as informações sobre sua família. Recebi, via internet, as informações que pedi e passarei a elas : A Adriana teve mais uma filha, nascida em 2007, a Manoela. Ela e a irmã Aline estudam no Colégio Objetivo, sendo que a Aline cursa o 2º. Ano e a Manoela, o maternal. Adriana e o Cesar continuam trabalhando no Centro Automotivo de propriedade da família e, agora, em novas instalações e muito maior que o anterior e, para felicidade deles, o trabalho aumentou muito em virtude da especialização em transformação de veículos e reparação de importados e antigos. Outra grande notícia foi que o Carlos Henrique, que morava com os avós, Santiago e Maria Elisa, voltou a residir com a mãe e hoje ( outubro de 2010 ) está com 20 anos de idade e cursa o 1º. Ano de Arquitetura no CEUNSP em Salto, após ter iniciado o curso de Ciência da Computação na Uniso em Sorocaba mas do qual desistiu por não se achar integrado no mesmo. Trabalhou em escritório de arquitetura em Itapetininga, tendo desenvolvido o gosto pela parte civil e atualmente trabalha na empresa CASOL no município de Monte Mor (SP), onde exerce o cargo de programador de produção. Esta empresa é de grande porte e tem várias filiais onde fabrica pré moldados de concreto para galpões industriais e outros afins.
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Grandes mudanças ocorreram na vida da LILIANE. Em março de 2006 casou-se com Rafael Padilha e como era desejo do casal ir morar no Canadá, mais especialmente em Toronto, e como já tinham tudo pronto e acertado junto ao Consulado Canadense, onde obtiveram a respectiva documentação, partiram de fato para o Canadá, logo em seguida ao casamento. Segundo a Liliane a adaptação foi um pouco difícil em razão do clima e a necessidade de trabalhar de imediato uma vez que estavam acostumados à correria que enfrentavam no Brasil. O Rafael conseguiu rapidamente uma colocação como Engenheiro na maior empresa de telefonia do Canadá, a ROGERS, localizada em Toronto, cidade em que estavam residindo. Depois de alguns meses, a Liliane, aproveitou para aprofundar os seus conhecimentos na língua inglesa enquanto não conseguia uma colocação no emprego que desejava e que na verdade ela gostaria de dar seqüência no trabalho que desenvolvia no Brasil. Consegue se colocar na mesma empresa em que o Rafael trabalha, em uma outra unidade onde exerce o cargo de Analista de Sistemas. Segundo a Liliane a vida tem proporcionado ao casal belos momentos em Toronto. Primeiro foi o fato da Viviane,sua irmã, ir morar com eles em 2009 e depois por terem conseguido adquirir um imóvel residencial nessa bela cidade, na rua Fred Young, nº. 12. O casal e a irmã têm aproveitado os feriados e fins de semana para conhecer os belos lugares do Canadá e dos Estados Unidos, desfrutando intensamente essa possibilidade que se abriu na vida deles.
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As irm찾s Liliane a Viviane em um desses momentos.
Liliane na frente de sua casa.
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Rafael na parte traseira da casa que compraram em Toronto.
A Viviane retornou ao Brasil em setembro de 2004 e em janeiro de 2005 volta a Itália, onde inicia o processo de cidadania em Padova, porém devido às dificuldades da cidade pequena, acabou seguindo para Milão onde permaneceu por algumas semanas para dar entrada na documentação. Retornou a Londres para trabalhar enquanto o processo de cidadania corria no Consulado e o mesmo acabou demorando mais do que o esperado.A informação que recebeu foi que os processos foram paralisados em virtude de haver muitas falsificações na parte documental e com isso eles deveriam verificar e rever processo por processo até que fossem identificados os que foram falsificados. Em janeiro de 2006, a grande alegria, recebe a sua cidadania italiana e fica residindo em Londres até o ano de 2009. Em outubro de 2009 volta ao Brasil para resolver alguns assuntos pessoais e rever os parentes e amigos e como já havia decidido ir morar no Canadá, mais
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especialmente em Toronto, com a irmã Liliane e o Rafael, parte em seguida para essa nova vida. Em Toronto, rapidamente, consegue se colocar como GERENTE DE VENDAS INTERNACIONAIS em uma empresa de colocação de executivos, posição que ocupava em Londres na empresa ADECCO. Segundo a Viviane o processo de cidadania italiana valeu a pena pois hoje ela tem livre circulação entre a Comunidade Europeia e está muito contente desenvolvendo a sua carreira profissional. Abaixo foto recente da Viviane. Bela moça.
Mário Orsi, continua residindo em São Paulo e trabalhando na função de investigador policial junto ao DEIC. Continua com a pequena indústria de embalagens plásticas. Mário é Técnico em Contabilidade e formou-se em Direito pela FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas, em 1989.
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Sua filha, Nathália Cristine Orsi, nascida em 02.04.1997, está cursando a 2ª. Série no Colégio Jardim São Paulo. O ilustre casal de primos Maria Elisa e Antonio Santiago estão tocando a vida, agora a dois, uma vez que as filhas se encaminharam bem e o neto que residia com eles voltou a residir com a mãe em Indaiatuba (SP). O casal tem se dedicado ao sítio local onde possuem uma granja de frangos de corte, no município de Alambari e a realizar passeios e viagens. Estiveram no final de 2008 no USHUAIA, local denominado “o fim do mundo”, tendo conhecido toda a Patagônia e partes do Chile tais como o Glaciar Perito Moreno e, para eles, um dos locais mais bonitos para se visitar e, de passagem, conhecer o fim do continente sul americano. Já programaram para 2011 visitar outros locais do Chile e desta vez de moto e ver os demais lugares bonitos lá existentes. Abaixo a foto da Estância.
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O casal e sua moto BMW, novinha. Que beleza.
O terceiro dos filhos de Dante Orsi e Herminia é a menina Isolina Orsi, falecida ainda muito criança, em seguida vem o quarto deles com o nome de João Orsi, nascido em 10 de março de 1925. Fez o curso primário em Itapetininga e com 14 (catorze) anos começa a trabalhar na firma de seu pai e de seus tios : Irmãos Orsi. Na próxima página mostramos o Registro de Empregado de João Orsi, como Ladrilheiro, com a data de entrada de 1º de julho de 1941, e registro datado de 22 de julho de 1941. Extraído do Livro de Registro de Empregados da firma Irmãos Orsi à página 16.
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João era, a exemplo dos irmãos, do tipo faz de tudo. Na firma era ladrilheiro e depois foi motorista. Como motorista era quem trazia os tijolos e telhas da Olaria e da Cerâmica para serem vendidos na empresa. Puxa areia do Rio Itapetininga, trazia cal de Capão Bonito, cimento de Itapeva, fazendo, junto com o Hélio, quase todas as
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viagens de serviços da firma Irmãos Orsi. No ano de 1965, juntamente com os irmãos Domingos, Hélio e Nelson, abrem a firma Orsi Comércio e Indústria Ltda, para a venda de material de construção. Era motorista da empresa, fazendo as entregas das vendas efetuadas. A partir de 6 (seis) de janeiro de 1960 tem como sua companheira de vida e com quem formou sua família, Valda Altomare Orsi, filha de Antonio Altomare e Leonora Veronezzi Altomare, nascida em São Paulo no dia 2 (dois) de julho de 1932 (no início da Revolução Constitucionalista ) igualmente descendente de italianos, casando-se efetivamente em 3 (três) de janeiro de 1978.
João Orsi e Valda Altomare Orsi.
João aposentou-se no ano de 1980, após 39 (trinta e nove) anos de serviços e veio a falecer no dia 29 (vinte e nove) de março de 1988, na cidade de Botucatu, vítima de um aneurisma cerebral.
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João Orsi e Valda Altomare Orsi em uma foto tirada na Igreja de Nossa Senhora Aparecida em Itapetininga, quando do batizado da filha de um casal conhecido. Ele e Valda tiveram 2 (dois) filhos : Walkiria e João Júnior. Walkiria Orsi nasceu em Itapetininga no dia 21 (vinte e um) de abril de 1963 e aqui teve toda sua formação escolar, culminando com o curso superior em Ciências Contábeis na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Itapetininga., da AEI — Associação de Ensino de Itapetininga. Casou-se nesta cidade, no religioso, em 7 (sete) de janeiro de 1989, com Messias Heitor Ferreira de Oliveira, de tradicional família de Itapetininga, indo morar em São José dos Campos, onde seu marido trabalha na Embraer como Engenheiro e onde nasceu seu filho Rodrigo Orsi de Oliveira em 12(doze) de outubro de 1990. O casal e o filho ainda residem em São José dos Campos, vindo esporadicamente visitar a mãe e o irmão em Itapetinininga.
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O segundo filho leva o nome do pai, João Orsi Júnior, nascido em Itapetininga no dia 6 (seis ) de agosto de 1968. Aqui estudou, deixando por terminar um curso superior, e sempre trabalhou em diversas atividades. No terreno que coube à família, na rua Padre Albuquerque, teve por um tempo uma firma de lavagem de veículos, onde hoje é o estacionamento da Padaria Barão. Eu já sabia que ele era filho do João Orsi e em uma ocasião nos encontramos na Churrascaria Sacy, onde ele, sua esposa, a filha e sua mãe Valda, e eu com minha família. No momento em que eu falei para ele “com esse nariz você só pode ser da família Orsi”, confesso que ele ficou encabulado — não sei se com o nariz ou com o meu acerto, pois como disse antes, eu já sabia de sua origem e ele não sabia do nosso parentesco. Muitas risadas aconteceram nesse momento. João é de boa índole. João casou-se com Valéria Arruda Moraes, filha de um grande amigo da minha família, Oswaldo Arruda Moraes, que foi Gerente do Banco do Estado de São Paulo aqui em Itapetininga ( e em outras localidades ), em 29 (vinte e nove) de novembro de 1997 e com quem tem uma filha Júlia Arruda Moraes Orsi, nascida no dia 23 (vinte e três ) de março de 2000. João e Valéria trabalham em uma Boutique de Carnes em Itapetininga, ele como Gerente e ela como Caixa. Residem muito perto de minha casa no Jardim Shangrilá e bem defronte de outro primo, Antonio Celso Franco dos Santos, filho de Julieta Franco dos Santos (irmã de minha mãe) e de Moacir dos Santos. Carlos Orsi é o quinto dos filhos do casal Dante e Hermínia Orsi.
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Nasceu em Itapetininga no dia 7 (sete) de março de 1928 e desde criança já trabalhava com o avô e o pai, ajudando no transporte de cargas pois, essas mercadorias chegavam dos mais distantes pontos do Estado de São Paulo e eram depositadas na antiga Estação Ferroviária, denominada Estrada de Ferro Sorocabana. Segundo relatos familiares, Dante Orsi não poupava os filhos do serviço e todos eles eram vistos trabalhando pela cidade, “pilotando” os cargueiros (carroças) de mercadorias para serem entregues, principalmente na Rua Dr. Campos Salles, onde Carlito, como era chamado pelos seus, muitas vezes foi visto fazendo entregas. Depois da aquisição da Olaria, Carlito já ajudava na Contabilidade interna da firma, devido aos seus estudos. Com a necessidade cada vez mais crescente da matéria prima (barro) para a fabricação de telhas e tijolos a empresa adquiriu uma propriedade onde hoje situa-se o Bairro do Taboãozinho (quando o tio Neluxo quis lotear uma parte do terreno que lhe coube à época de sua saída da firma, eu ajudei meu sogro, Pedro Monteiro de Barros a fazer o levantamento topográfico do local e o respectivo croquis. Comprei um dos terrenos com 3.600 mts2, muitos anos depois vendi-o para comprar uma casa em Cuiabá) e terras pelos lados do Rio Itapetininga, para extração de areia. No terreno da rua Padre Albuquerque com a Cel. Afonso, funcionavam : a fábrica de ladrilhos, tanques, caixas d’água, balaústres e sendo que ali já existia um posto de gasolina para abastecer os caminhões da firma. Carlito já estava entrosado com tudo isso. Carlos Orsi desde cedo demonstrou interesse pelos estudos pois, a vida que levavam era pesada e dura e com
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os estudos tinha ele em mente um progresso cultural, econômico e social mais fácil, mais adequado com seu modo de ser, enfim, sua personalidade de ir para os estudos e sair do modo de vida que vinha levando. Sendo assim, cursou o primário na Escola Cel. Fernando Prestes, seguindo com a Contabilidade na Escola de Comércio de Itapetininga, que o ajudaria muito no trabalho da escrita contábil da firma. Não parou aí, e formou-se professor primário pela Escola Normal Livre de Itapetininga. Já formado, seu pai percebendo que os objetivos e a vocação do filho eram outros, tendo muita garra para vencer na vida, construiu-lhe uma Escola na Vila Olho D’Água para que iniciasse sua carreira ensinando adultos no período noturno pois, durante o dia sua presença era necessária na firma. Carlos gostava demais de esportes e participou de diversas agremiações esportivas locais, dentre as quais na própria Escola de Comércio em 1951, CASI, DERAC, etc., tendo ganho taças e medalhas de premiação esportiva. Participou de provas pedestres, saltos com vara, arremesso de disco, embora o esporte favorito fosse o futebol. Por ocasião de prestar o Serviço Militar, foi designado chefe do setor de comunicação do regimento, desempenhando com grande habilidade as tarefas a ele confiadas, que lhe proporcionaram inúmeros elogios e o convite para continuar na carreira militar. Não aceitou, comunicando aos superiores que o convidaram, sua desistência e o pedido de baixa da corporação. Além dos esportes dedicou-se também à música,
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e adquirindo um piano, procurou o Colégio Imaculada Conceição para se aprimorar na arte, tendo como professora a Reverenda Madre Columba (sua irmã Hermínia, minha irmã Annita e eu, igualmente, estudamos piano com a Madre Columba conhecida dos itapetininganos. Eu ainda fiz estudo de 2 anos da língua Alemã ), deixando grande lacuna no meio artístico e saudosa lembrança. Participou como tenor do coral da Igreja Nossa Senhora das Estrelas, regido pelo Sr. Antonio Huber. Esse coral viajou por várias cidades inclusive apresentando-se na Igreja Matriz de Aparecida do Norte e na Catedral da Sé em São Paulo. Era um coral misto de vozes masculinas e femininas, sendo seus membros itapetininganos.
Carlos Orsi ao piano, tendo como companheiro o famoso Aparício Pires, exímio violonista de violão da nossa região. Muitas vezes eu o escutei a tocar a música Abismo de Rosas. Aparício é irmão do João Pires, grande e inseparável amigo do Carlito.
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Outro aspecto importante da personalidade de Carlito, narrado pelo seu filho, foi de sua personalidade a benemerência. Sempre aos domingos dirigia-se ao Asilo São Vicente de Paula, próximo de sua residência, e levava um asilado para almoçar junto com sua família. Contavam, na firma, que em certa ocasião, ao ser procurado por uma pessoa para encomendar uma cruz para a Igreja de Santa Therezinha da Vila Nova e ao ser inquirido quanto custaria, Carlito doou a cruz e os ladrilhos decorados com rosas, ambos fabricados na firma. Outro tipo de trabalho que Carlito prestava era o de levar, em seu carro, doentes para serem tratados no hospital local e em Sorocaba. Lembrava-se com saudades do tempo em que participava dos bailes dos clubes Venâncio Ayres e Recreativo Itapetiningano, vindo a integrar com seu irmão Hermenegildo Orsi a diretoria do Recreativo e mais tarde a do Venâncio Ayres.( Muitas vezes cruzei com o Carlito nesses deliciosos bailes). Recordava-se também do “ footing “ no Largo dos Amores, onde haviam círculos de rapazes e moças, de acordo com a classe social a que pertenciam, e desses olhares furtivos, resultando na maioria, compromissos sérios. Já com certa idade e tendo casado todos os irmãos, resolveu constituir sua família. Viajando em fins de semana para Sorocaba, conheceu quem viria a ser sua esposa, Adímara Raimondi Costa Pinto, de tradicional família de Sorocaba. Além de boa e dedicada para com ele, foi excelente mãe e soube, sem revolta enfrentar todos os obstáculos e revezes que a vida lhe preparou e impôs quando veio viver em Itapetininga. Adímara teve diversos
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membros de sua família se destacando na política nacional. Durante vinte e quatro anos estudou e lecionou no Instituto Educacional Santa Escolástica, no qual formouse professora primária. Em seguida ingressa na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Dom Aguirre, hoje UNISO, e lá concluiu os cursos de Filosofia e Pedagogia Plena de 4 (quatro) anos ( bacharelado e licenciatura), o que lhe facultou direitos a lecionar várias disciplinas em diversas escolas de Sorocaba e posteriormente em Itapetininga, onde veio a aposentar-se.
Carlos Orsi em foto mais ou menos desse período.
Quando Carlito aposentou-se do comércio após 35 anos de trabalho, sua esposa Adimara, voltou a fazer mais um curso de nível superior em Sorocaba, na mesma Fundação Dom Aguirre, porém desta vez levou consigo o esposo Carlos para completar sua carreira no Curso Superior de Ciências Contábeis e ela em Artes Plásticas. Após a conclusão do Curso Superior ingressou no magistério estadual em Cesário Lange, transferindose depois para Tatuí e finalmente Itapetininga,
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onde aposentou-se do magistério e passou a viver exclusivamente para a família, formação dos filhos até 21 (vinte e um) de julho de 1999, quando devido a uma doença fatal, Deus o chamou para o outro lado da vida, dando-lhe possibilidades de, em espírito, evoluir-se mais. Sua família continua em Itapetininga até hoje. Adímara deu-lhe dois filhos : Carlos Luís Costa Pinto Orsi nascido em 19 (dezenove) de março de 1971 em Itapetininga onde é advogado militante, possuidor do Curso de Direito pelas Faculdades Integradas de Itapetininga — Fundação Karnig Bazarian, Pós Graduação pela USP – Universidade de São Paulo em Direito Civil e Processual Civil, Curso de Letras pela Faculdade AEI — Associação de Ensino de Itapetininga, Curso de Inglês, Informática e Música. Músico formado na área de teclados ( Piano, Órgão e Acordeon ), que tem alegrado as noites itapetininganas e recepções sociais e de autoridades. Presta agradecimento a Deus, sendo membro da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja Nossa Senhora das Estrelas de nossa cidade. Como filha, deu-lhe Gisele Aparecida Costa Pinto Orsi, professora de Línguas ( Português e Inglês ) pela Faculdade de Ciências e Letras da Associação de Ensino de Itapetininga e Direito pela Faculdades Integradas de Itapetininga — Fundação Karnig Bazarian, além de diversos cursos de informática e especialização em Inglês. Assim foi a vida de Carlos Orsi, o nosso Carlito, de luta, de trabalho e na hora que julgou apropriada, constituiu família sólida, responsável e de bons procedimentos morais.
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Momento de união familiar e com ela completa. Gisele Aparecida, Carlos Luís, Adímara e Carlos Orsi.
Carlos Luís, Adìmara e Gisele Aparecida na reunião da família Dante Orsi realizada em 25 (vinte e cinco) de julho de 2004.
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Publicação e Lei nº. 4.380 de 14 de março de 2000, dando o nome de Carlos Orsi à antiga rua 2, localizada no loteamento Vila José Salem, em Itapetininga.
Croquis da Rua Carlos Orsi com a extensão de 298,00 metros e 14,00 metros de largura.
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Aspecto da Rua Carlos Orsi.
Foto tirada do ponto mais alto da Rua Carlos Orsi. Vê-se o “ Shopping ” da cidade e as duas chaminés da Cerâmica e Olaria Orsi, que hoje não mais pertencem à família.
Roberto Orsi é o sexto dos filhos de Dante e Hermínia Orsi, nascido aos 15 (quinze ) dias do mês de fevereiro de 1930, nesta cidade de Itapetininga. A exemplo de todos os seus irmãos, começou trabalhando na firma Irmãos Orsi onde aprendeu a fazer de tudo um pouco.
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Admitido em 2 (dois) de janeiro de 1945, como Ladrilheiro, tendo seu registro anotado no Livro 2, à página nº. 5 (cinco ), em data de 10 (dez) de janeiro de 1947. Fez seus estudos em Itapetininga; além do primário e ginasial, estudou música e o seu instrumento predileto
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sempre foi o pistão.
Na foto acima uma das provas de que tocava o “mencionado ” instrumento. Com sua pose característica ele (Roberto) em primeiro de quem está defronte à foto, depois Dirceu Silva e Domingos, ambos com clarinete. O menino parece ser o Hélio, que deveria fazer uma bacia de bumbo. No fundo deve ser o Carlito com o uniforme militar. Depois de Irmãos Orsi, passou com seus irmãos a compor a firma Orsi Comércio de Materiais, na Rua Padre Albuquerque, onde trabalhou até o ano de 1963 e, depois, como autônomo, fazendo aplicações de sinteko ( ele não fala, mas é um artista no trabalho de granilite em piso — na casa da minha família, em Vila Rosa, nesta cidade, ele fez a área, a copa e cozinha, dois banheiros, uma escada e a lavanderia). Até hoje, passados mais de 40 anos, as pessoas ainda admiram a qualidade e a beleza desse trabalho, profissão que abraçou até aposentar-se em 1983. Casou-se em 10 (dez) de maio de 1959, com Anysia
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Maria José dos Santos Orsi, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Anysia nasceu em 9 (nove) de agosto de 1939, filha de Izaltino Serafim dos Santos e Maria José Mateus. Estudou em Itapetininga, formando-se professora, profissão que abraçou até sua aposentadoria e hoje trabalha como Secretária no consultório de seu genro.
Anysia nos dias de hoje. Mostra na foto toda a sua alegria e juventude. Desse casamento tiveram uma filha, que atende pelo nome de Márcia Aparecida Orsi, nascida em 4 (quatro) de março de 1960. Márcia fez seus estudos preliminares em Itapetininga, tendo-se formado como Terapeuta Ocupacional na UNIMEP — Universidade Metodista de Piracicaba e, recém formada, casa-se em 6 (seis) de fevereiro de 1982, na Igreja Santa Therezinha, com o estudante de Medicina da PUCC — Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Antonio Luiz Rolim do Amaral, tendo o casal fixado residência na cidade de Campinas. O primeiro filho do casal, Rafael Orsi do Amaral,
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nasceu em 27 (vinte e sete) de julho de 1982, em Itapetininga. Cursa atualmente o 3º. ano de Medicina em Ribeirão Preto (SP), na UNAERP. O segundo filho, Bruno Orsi do Amaral, nasce, como o primeiro, em Itapetininga, em 16 (dezesseis) de janeiro de 1986 ( mesmo dia de nascimento do meu pai, Antenor de Oliveira Mello Júnior ), e também estuda medicina, na UNISA em São Paulo. No ano de 1990, voltam a residir em Itapetininga, para alegria de todos os seus, onde Antonio Luiz instalou seu consultório médico na área de Ginecologia e Obstetricia após o término do curso de especialização. Márcia não exerceu sua profissão de Terapeuta Ocupacional e fez mais um curso, agora o de Instrumentadora Cirúrgica e passa a trabalhar com seu marido, no consultório e no hospital. O terceiro filho do casal é o Gabriel Orsi do Amaral, nascido em Itapetininga, no 1º. ( primeiro) dia de outubro de 1994. No momento cursa a 4ª. Série do Ensino Fundamental. É esportista, adepto do “ Tawekendo “ e joga futebol. Cursa ainda a Escola Kumon. Vinicius Orsi do Amaral é o quarto filho e nasce em 28 (vinte e oito) de junho de 1996, em Itapetininga e hoje esta cursando a 2ª. Série do Ensino Fundamental. Juntamente com o Gabriel também está na Escola Kumon. Roberto, Anysia, Márcia, Antonio Luiz e os seus netos, sempre que podem estão juntos, desfrutando da alegria de viver num lar forte, de trabalho, de estudos, de muita responsabilidade e principalmente de muito amor. Roberto gosta de um churrasco em seu sítio e sempre que podem reunem-se em belas confraternizações. Qualquer
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dia apareรงo por lรก, mesmo sem ser convidado. Prerrogativa de parente.
Roberto nos dias de hoje, em sua bela cozinha, preparando um belo churrasco.
Antonio Luiz Rolim do Amaral e Mรกrcia Aparecida Orsi Rolim do Amaral.
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Anysia, Roberto, Rafael e a namorada, em recente festa que reuniu os descendentes d e Dante Orsi.
Rafael, Bruno, Gabriel e Vinicius.
Ignez Orsi, é a sétima filha de Dante e Herminia Orsi. Nasceu em Itapetininga em um dos dias mais felizes para todas as famílias, dia do nascimento de Jesus, 25 (vinte e
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cinco ) de dezembro de 1932. Estudou em Itapetininga e sempre foi do lar. Reside atualmente na casa em que sempre viveu juntamente com seus pais. Quando fui visitá-la, para me informar sobre sua família, fui bem recebido pelo esposo José, por ela e pelos filhos que lá se encontravam. Ficaram contentes com minha visita e ela, mesmo estando adoentada e às vésperas de uma cirurgia, mostrou algumas fotos e o documento de carroceiro do Nello Orsi, seu tio. Falando de meus propósitos sobre a história da família cedeu-me de pronto todas as fotografias e o precioso documento, ressalvando que tomasse muito cuidado pois era o único do arquivo da família. Dito e feito, trouxe-o logo para casa e os passei pelo escaner, devolvendo-os em seguida. Não se lembrava muito da minha mãe, a diferença de idade entre elas é grande e, quando ela era pequena, minhã mãe morava fora de Itapetininga. Seu relacionamento foi mais com os tios João, que sempre ia na casa do tio Dante dar aula de catecismo para as crianças, tio Geraldo e tia Dirce, todos irmãos de minha mãe.
Ignez Orsi em sua mocidade.
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Casou-se em 30 (trinta) de janeiro de 1965, com José Gomes Ferreira, com quem teve 3 (três) filhos: Dante José Orsi Gomes Ferreira, nascido em 18 (dezoito) de novembro de 1965, em seguida Dorival Antonio Orsi Gomes Ferreira, nascido em 21 (vinte e um) de novembro de 1966 e por último Adjalma Luiz Orsi Gomes Ferreira em 19 (dezenove) de outubro de 1969. Abaixo, Dante, Adjalma e Dorival, ainda meninos. Acho o Dante, atualmente, muito parecido com o avô Dante Orsi.
Dante casou-se em 29 (vinte e nove) de maio de 1999, com Helena Nanini Ferreira, nascida em 28 (vinte e oito) de abril de 1969, com quem teve 2 (dois) filhos : Camila Nanini Orsi Gomes Ferreira, nascida em 28 (vinte e oito ) de setembro de 1999 e Maria N.Nanini Orsi Gomes Ferreira, nascida em 1º.(primeiro) de abril de 2000
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e, infelizmente, falecida precocemente em 14 (catorze) de julho de 2003. Dorival casa-se em 19 (dezenove) de julho de 1987 com Angela de Fátima Correia Gomes Ferreira, com quem teve 2 (dois ) filhos : Dorival Antonio Correia Gomes Ferreira, nascido em 18 (dezoito) de julho de 1987 e Bruno Felipe Correia Gomes Ferreira, nascido em 17 (dezessete) de fevereiro de 1989. Em 12 (doze) de outubro de 1990, foi a vez de Adjalma e uniu-se com Ana Cecilia Chaves, nascida em 28 (vinte e oito ) de agosto de 1965. Dessa união nascem as filhas Ana Clara ( mesmo nome da neta de minha irmã Annita) e Ana Laura, em 1º. (primeiro) de fevereiro de 1991 e 2 (dois) de outubro de 1998, respectivamente.
Ignês e José com os filhos e netos do casal. A foto foi tirada no dia da festa que reuniu os descendente de Dante Orsi e outros de Luigi e Pietro Orsi.
Na mesma festa, vemos a alegria estampada na fisionomia de todos.
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Em primeiro plano e sentada, a tia Néspola. Em pé, Ignez, tia Dirce, Zola Orsi, Roberto, Maria Margarida Mazarino, Hélio, Herminia (Nega) e Domingos Orsi.
Nessa foto, estão os filhos vivos de Dante Orsi : Ignez, Roberto, Hélio, Herminia e Domingos, a filha de Adelaide Orsi (minha avó), tia Dirce. Tio Geraldo não pode ir, a única filha da tia Argentina Orsi Santos, Izolina Santos Moura a Maria Margarida Mazarino, a única filha ainda viva, de todos os filhos da tia Ínice. O oitavo dos filhos de Dante e Herminia Orsi é o Domingos Orsi, que nasceu em Itapetininga aos 25 ( vinte e cinco ) de março de 1934. Não ficou fora do esquema da família na questão do trabalho. Começou na firma Irmãos Orsi, pertencente ao seu pai e seus tios Nello, Abrahão (Neluxo) e Alexandre ( Bimbo). Mingo, como que todos nós o conhecemos, dedicouse, além do trabalho, à música, iniciando seus estudos aos 14 (catorze ) anos com o clarinete e posteriormente ao saxofone.
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Sua primeira atuação como músico profissional foi no ano de 1948, como clarinetista, tocando na Corporação Musical Nossa Senhora do Rosário, tendo como Maestro o Prof. Durvalino da Costa e Silva ( conheci muito bem pois morávamos na mesma Rua Saldanha Marinho e na mesma quadra ). Não sei como conseguia conciliar o trabalho da Fábrica de Ladrilhos e na Olaria com os estudos e os trabalhos musicais. Depois de alguns anos na Corporação, foi convidado pelo Músico Moacir Bicudo ( era motorista de táxi, casado com Dona Leonor Picchi morando gualmente na Rua Saldanha Marinho, defronte a casa do Prof. Durvalino ), a fazer farte da Orquestra Treze de Maio.
Domingos (Sax), Filemão (Pandeiro), Geraldo (Baterista), Júlio (Violão Elétrico e Banjo) e o Marino (Acordeon).
Essa foto foi tirada no palco do Clube Venâncio Ayres, durante o ensaio da Orquestra. Fato interessante: Na Orquestra Pan América, tocavam diversos parentes — Domingos Orsi, primo de minhã mãe pelo seu lado
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materno, Júlio e Loló (Rabecão ) eram primos do Vovô Sinhô ( Francisco Corrêa Franco ) e o Geraldo que era filho do Júlio.
Registro de Empregado na firma Irmãos Orsi, datado de 2(dois) de abril de 1954, como Ladrilheiro,
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com o registro às folhas 30. Foi registrado no ano do falecimento de seu pai, Dante Orsi. Após um ano tocando na Orquestra Treze de Maio, foi convidado pelo Maestro e Alfaiate Edil Lisboa, a fazer parte da Orquestra Venâncio Ayres que depois de algum tempo passou a se chamar Pan América, onde ficou tocando saxofone até o ano de 1967, quando deixou a carreira musical, após 19 (dezenove) anos de atividade, dedicando-se, a partir de então, ao trabalho na firma Orsi Comércio e Indústria Ltda, de sua propriedade e de seus irmãos, João, Hélio e Nelson até o ano de 1978, quando a empresa encerrou suas atividades.
Domingos, em foto do tempo de sua mocidade.
Em 1955, conheceu Nadir da Palma, casando-se com a mesma em 26(vinte e seis ) de dezembro de 1959. Dessa união nasceram 3 filhos : Tânia Maria Orsi, em 15 (quinze ) de março de 1961. Tânia é formada em Psicologia pelas Faculdades Franciscanas de Itatiba,
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no ano de 1984, cuja profissão exerce nos dias de hoje. Rodinei Orsi, nascido em 27 (vinte e sete) de maio de 1962, e que veio a falecer 3 (três) dias depois de nascido devido a sérios problemas de saúde e por fim Josaine Aparecida Orsi, nascida em 30(trinta) de agosto de 1968. Josaine é formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Guarulhos, no ano de 1993. Hoje trabalha na área de cobrança de uma grande empresa em Sorocaba e tem um filho, Gabriel de Palma Orsi, nascido em 9 (nove ) de abril de 2000. Domingos e família, no ano de 1980, mudaram-se para Sorocaba e no ano de 1997 para Votorantim, onde vivem até os dias de hoje.
Domingos e seus irmãos, Hélio, Pedro e João. Casamento de alguém da família. O Pedro e o João estão com sorrisos estampados em seus rostos como que dizendo que a festa estava muito boa.
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Domingos e família na recente reunião da Família Orsi.
Depois do Domingos, chega a vez de vir ao mundo, o nono dos filhos de Dante e Hermínia. Trata-se de uma menina e recebe o nome de Herminia Roza Orsi, mesmo nome da mãe e nascida em 2(dois) de julho de 1936.
Nega em foto quando ainda muito criança.
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Segundo os relatos da Nega [é assim que é conhecida entre os parentes], teve uma infância simples, mas muito feliz. Ela e seis irmãos brincavam de tudo que se possa imaginar : corrida em volta do quarteirão, esconde-esconde, jogar bolina de gude, soltar pião, pular corda, andar de bicicleta, cabra-cega, passa-anel, cantiga de roda, queimar Judas no Sábado de Aleluia, pular amarelinha e outras. Diz ainda que, ela e sua irmã Ignêz brincavam de casinha. Tudo isso era muito gostoso e divertido, contando ainda com as festas juninas que o Nonno [ Pietro Orsi ] fazia em sua casa, onde à noite tinha uma farta mesa de comes e bebes. Seus irmãos e primos faziam balões, soltavam fogos de artifício e acendiam a enorme fogueira que iluminava o terreiro e o mastro de Sâo João e São Pedro. Outro momento que guarda em suas lembranças é o dia 1º. de maio, quando o Nonno reunia toda a família Orsi e iam todos ao sítio do tio Neluxo [Abrahão Orsi] onde faziam um gostoso piquenique. “ Que saudades daqueles tempos ”, diz ela. Nega desde criança sempre gostou muito de música e na PRF9 [ antiga rádio de Itapetininga que era do Bertolini Rossi ] havia um programa infantil e lá estava ela, aos domingos, cantando. Dando seqüência ao seu gosto musical, vai estudar piano no Instituto Imaculada Conceição, com a Madre Columba [ que saudades — foi minha professora de piano e de alemão ]. Fez parte também, por muitos anos, do Coral da Igreja Nossa Senhora das Estrelas. Aos 7 (sete) anos entrou na escola e saiu aos 18 (dezoito) anos com seu diploma de Professora Primária no ano de 1954. [Interessante que muitos fatos que
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marcaram a vida de muitos dos filhos de Dante Orsi, ocorreram exatamente no ano de sua morte]. No ano seguinte tristeza ainda maior, falece sua mãe. Sua vida muda completamente. Passa a lecionar como professora substituta na cidade de Iperó em 1955, vindo posteriormente para Itapetininga, no Grupo Escolar “ Cel. Fernando Prestes ”. Lecionou também em várias escolas rurais de Itapetininga, São Miguel Arcanjo e na Reserva Florestal “Carlos Botelho ”. Para ir a esses lugares, só tinha um ônibus que saia de Itapetininga às 6 (seis ) horas do Mercado Municipal, então às vezes, tinha que pegar algumas caronas, como carroça, charrete, cavalo, trator, bicicleta, caminhão e até o esquecido trem de ferro. Depois de lecionar muitos anos na zona rural, vai para São Paulo e mora no apartamento de Maria Margarida Mazzarino, Zilda Jordão [ uma das revisoras e colaboradoras deste trabalho ] e sua mãe Dona Cotinha, e é eternamente grata a elas pela acolhida que lhe deram. Lecionou em São Paulo por 2 (dois ) anos. Nas suas férias escolares gostava muito de ir visitar sua amiga Juraci Cardoso, na cidade de Sorocaba. Num certo dia, ela lhe apresentou por telefone, [ não conhecia esse tipo de apresentação ], ao Paulo Fernandes, ficaram amigos, conversaram por telefone durante 3 (três ) anos, sem se conhecerem pessalmente. Depois começaram a namorar. Como ela morava em São Paulo, era difícil para ela e o Paulo se encontrarem, resultando daí sua transferência para Itapevi e depois para Sorocaba. Chega finalmente o momento de casarem-se, fato que ocorreu em 19 (dezenove ) de dezembro de 1970.
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Paulo Fernandes era natural de Sorocaba onde nasceu no dia 11 (onze ) de setembro de 1930. Era proprietário do Bar e Mercearia “ Nossa Senhora das Graças “ local que ficou conhecido como “ Bar do Paulinho ”. Segundo a Nega foi excelente pai e marido. Viveram felizes por 32 (trinta e dois ) anos, quando em 23 (vinte e três ) de agosto de 2003, o nosso Criador o chamou para perto dele. Tiveram 2 ( dois ) filhos : Eduardo e Rita de Cássia. Ele nasceu em Sorocaba no dia 23 ( vinte e três ) de setembro de 1971 e ela, também em Sorocaba, no dia 22 (vinte e dois ) de março de 1976.
Eduardo, Rita, Nega e Paulo. Momentos felizes que a família passava. Alegria no rosto das crianças, satisfação no da Nega e orgulho no de Paulo.
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Segundo a Nega, ela e seus filhos, vivem na esperança de um dia encontrá-lo na paz do Senhor. Depois de sua aposentadoria, durante algum tempo dava aulas particulares. Hoje é voluntária na Pastoral do Clube de Mães da Paróquia de Santo Antônio, no Bairro da Árvore Grande e é nesse bairro que ela e seus filhos sempre residiram. Eduardo é solteiro, fez diversos cursos técnicos e puxou o pai: é comerciante, proprietário de uma loja de doces em Sorocaba, o “ Cantinho do Doce ”. Rita de Cássia é solteira, estudou e formou-se em Administração de empresas e hoje trabalha em importante distribuidora da Nestlé.
Nega e sua família. Está à espera que Eduardo, na foto com a namorada e Rita de Cássia com o namorado também façam a sua. Ao fundo Maria Margarida Mazarino. A foto acima foi tirada no dia da Festa dos Orsi. Chegamos ao décimo filho, Hélio Orsi, nascido em Itapetininga, aos 14 (catorze) de julho de 1940.
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Estudou até o 4º. ano primário e em 1954, com 14 (catorze ) anos, começou a trabalhar como ajudante geral na firma Irmãos Orsi, na Olaria de tijolos e telhas localizado na Vila Olho D’ Água, até o ano de 1956.
Registro de Empregado como Motorista, em 2 (dois) de dezembro de 1961.
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Hélio trabalhou sem registro na firma Irmãos Orsi até o ano de 1961. Em 1956 passou a trabalhar no depósito de materiais de construção localizado na rua Padre Albuquerque, onde também funcionava a fábrica de artefatos de cimento até o ano de 1964, ano em que a firma Irmãos Orsi encerrou suas atividades. Em 1965, João Orsi, Domingos, Hélio e Nelson, formaram uma sociedade no mesmo local onde estava a firma Irmãos Orsi, continuando a explorar o mesmo ramo de atividades, ou seja, o de materiais de contrução. A empresa funcionou até o ano de 1980, quando encerrou suas atividades. Separados os irmãos, Hélio começou um pequeno depósito de venda de areia e pedra britada em sua propriedade na rua João Adolfo até o ano de 1965 e após mudou-se para um terreno na Vila Aurora, onde ficou até o ano de 1999, quando passou a trabalhar como Motorista Autônomo até o ano de 2003, quando encerrou suas atividades, vivendo hoje de sua aposentadoria e de aluguel. Hélio fez o Tiro de Guerra com meu irmão, Aguinaldo Franco de Oliveira Mello, no ano de 1959. Meu irmão conta que o Hélio, como tinha caminhão, era quem levava o pessoal para as longas marchas e, enquanto o pessoal marchava, o Hélio ia dirigindo e
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recolhendo os soldados que não agüentavam a marcha. Desse tempo ficou a foto abaixo :
Hélio é o que está ao alto, bem no centro, ao lado do Roberto Guimarães. Na foto alguns conhecidos : Salem, Fonseca, Pacheco (meu companheiro de jogos de snooker ), Miltom Tapeceiro, José Nery.
Corria o ano de 1962 e Hélio já namorava Margaret dos Santos, nascida no Bairro do Gramadinho em 6(seis) de setembro de 1943, porém passou toda a sua juventude no Bairro da Varginha onde morava com seus pais, Nabor dos Santos e Maria Dias dos Santos e, com 16(dezesseis) anos veio morar em Itapetininga para trabalhar como costureira em uma fábrica de roupas e aos 18 (dezoito) anos largou o emprego para casar-se com Hélio em 21(vinte um) de Hélio em foto mais ou menos abril de 1962. na data de seu casamento.
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Dessa união nasceram 3 filhos : Maria Herminia Orsi, nascida em 7 (sete ) de fevereiro de 1963. Maria Herminia estudou o primário no Grupo Escolar “ Corina Caçapava Barth ”. Formada professora, em seguida foi fazer a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Associação de Ensino de Itapetininga. È professora do Estado e vive com o seu companheiro Alessandro de Oliveira, não tendo filhos;
Maria Hermínia em foto recente.
Dante Orsi Neto, é o segundo dos filhos do Hélio e da Margaret, nascido em 13 (treze ) de março de 1965. Fez todos os seus estudos em Itapetininga e ingressou na Policia Militar do Estado de São Paulo e hoje é Sargento da gloriosa corporação, prestando seus serviços no vizinho município de Capão Bonito. Casou-se em 30 (trinta ) de dezembro de 1989, com Míriam de Oliveira Vaz, com quem teve 3 (três ) filhos: Suelem Aparecida Vaz Orsi, nascida em 25 (vinte ) de dezembro de 1985, hoje é estudante e trabalha no comércio local, Daiane Paula Vaz Orsi, nascida em 30 (trinta ) de março de 1989 e hoje é estudante em Itapetininga e por
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último Douglas Henrique Vaz Orsi, nascido em 25 (vinte e cinco ) de maio de 1990 e hoje faz seus estudos nesta cidade.
Dante, Míriam e os filhos, Daiane Paula, Suelem Aparecida e Douglas Henrique.
O terceiro dos filhos do Hélio e da Margaret é o Hélio Alberto Orsi, nascido em Itapetininga em 16(dezesseis) de abril de 1967. A exemplo de seus irmãos aqui estudou e formou sua família junto com Célia Regina do Prado Orsi, professora em Itapetininga, com quem casou-se em 22 (vinte e dois) de dezembro de 1990. O casal teve dois filhos : Yago Henrique do Prado Orsi, nascido em 6 (seis) de agosto de 1992 e Caio Augusto do Prado Orsi, nascido em 27 (vinte e sete) de outubro de 1995.
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Hélio Alberto Orsi é Motorista Autônomo e trabalha na área de transportes em Itapetininga.
Hélio, Célia e os filhos Yago Henrique e Caio Augusto, na recente festa que reuniu os membros da Família Orsi.
Margaret dos Santos Orsi, vem a falecer em 25 (vinte e cinco ) de novembro de 2003, deixando um grande vazio na vida de Hélio Orsi e seus filhos. Nas fotos seguintes alguns momentos da vida da família do Hélio e Margaret.
Margaret dos Santos Orsi em uma de suas últimas fotos em vida.
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Momento de união da família : Dante, Maria Herminia, Margaret, Hélio e Hélio Alberto.
Momento de alegria : Margaret e os netos.
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Hélio nos dias de hoje.
Dia de festa dos descendentes de Luigi e Zita Orsi. Aqui o Hélio, seus filhos e netos.
Chegamos ao décimo primeiro e último dos filhos de Dante e Herminia Orsi. Trata-se do Nelson Orsi que veio ao mundo em 20 (vinte) de outubro de 1942. Como não podia fugir à regra, Nelson trabalhou na firma que era de seu pai e, posteriormente, na sua e na de seus irmãos.
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Registro como Servente, em 2 (dois) de janeiro de 1963.
Lembro-me do Nelson, sempre por trás de um balcão. Na firma de seu pai e tios, depois na sua e na de seus irmãos, em seguida, na esquina da rua Padre Albuquerque com a Cel.Afonso, onde iniciou sozinho uma firma comercial e
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por fim trabalhando em Sorocaba em empresa do ramo de comércio de construções. Por um tempo morou na rua Expedicionários Itapetininganos, um quarteirão depois da casa onde eu morava na rua Saldanha Marinho e que me possibilitava encontrar vez ou outra com ele. Foi cliente do Banco onde eu trabalhava na década de 1960, na rua Campos Salles. Casou-se com Ana Maria Campos, em 1º. (primeiro) de julho de 1963 e com ela teve seus filhos : Ana Cristina Campos Orsi, nascida em 22 (vinte e dois ) de dezembro de 1964, casada com Antonio Carlos Leme com quem tem os filhos : Lucas Felipe Campos Orsi Leme, nascido em 11 (onze ) de abril de 1994 e Rafael Antonio Campos Orsi Leme, nascido 29 (vinte e nove ) de março de 1997. A segunda filha é Sílvia Helena Campos Orsi, nascida em 24 (vinte e quatro ) de agosto de 1972 e o último é Luiz Alfredo Campos Orsi nascido em 12 (doze ) de abril de 1985. Nelson Orsi faleceu muito moço, de problemas no coração, em 25 (vinte e cinco ) de abril de 1997.
Nelson na única foto que tenho dele. Data mais ou menos de 1963, ano em que se casou.
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Hoje, sua família mora no Jardim Shangrilá, bem próxima à minha casa.
Sílvia, Luiz Alfredo e Ana Cristina.
Ana Campos Orsi e sua família na festa da Família Orsi.
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A D E L A I DE ORSI
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Adelaide Orsi é a primeira filha e a segunda dos filhos de Pietro Orsi e Isolina Ramacciotti Orsi. Nasceu em 10 (dez) de junho de 1898 e faleceu em 28 (vinte e oito) de julho de 1959. Casou-se com Francisco Corrêa Franco com quem teve os seguintes filhos : Anália, Alcides, falecido prematuramente com 1 ( um )ano e meio de idade, Amélia, Arminda, Alice, João, Julieta, Dirce, Pedro e José (eram gêmeos e o José faleceu com 6(seis) meses de idade, Geraldo Corrêa Franco. Adelaide Orsi e Francisco Corrêa Franco iniciam este ramo dos Corrêa Franco que será contado quando entrarmos na história da Família Corrêa Franco.
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IGNEZ ORSI (Í N I C E)
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Ignez Orsi nasceu em Itapetininga, Estado de São Paulo em 20 de janeiro de 1903, conforme consta em seu registro batismal. O fato interessante é que ela não foi registrada no Cartório de Registro Civil quando de seu nascimento e isto foi o fato constatado quando de seu casamento, momento em que foi feito o registro como sendo nascida em 1º. de janeiro de 1903. No ano de 1972, sua afilhada e sobrinha (filha de Adelaide Orsi), Arminda Franco Cerqueira fez um levantamento dos dados do seu batismo nos livros que já estavam recolhidos na Diocese de Sorocaba, esclarecendo a data correta de seu nascimento. Ignez Orsi é a quinta filha do casal Pietro e Isolina Ramacciotti Orsi. Tia Ìnice casou-se em 03 de julho de 1920, com José Mazzarino, nascido em 11 de fevereiro de 1894, em Itapetininga (SP), sendo filho de Pedro Antonio Mazzarino, nascido em 17 de maio de 1853 em Asigliano Vercellese e de Margueritta Scancetti, nascida em Stropiana, Itália. Os pais de José Mazzarino moravam em Pertengo, que igualmente a Asigliano Vercellese e Stropiana, se localizam na Província de Vercelli onde se casaram em 06 de agosto de 1876. Quando decidiram vir ao Brasil, tiveram seus passaportes expedidos em Vercelli no dia 20 de dezembro de 1888, com validade de um ano. O casal chegou ao Brasil em novembro de 1889 e vieram com seus três filhos Catterina, de 11 anos; Antonio de 10 anos e Francisco de 7 anos. José nasceu no Brasil. O Pietro Orsi queria que suas filhas se casassem com italianos natos ou não. De todas só a Tia Ínice o fez. Ignez Orsi e José Mazzarino, depois de casados, fixaram residência na Rua Dr. Coutinho. Tiveram quatro
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filhos, Pedro, Paulo, José Mazzarino Júnior e Maria Margarida Mazzarino. Tia Ínice faleceu em 27 de junho de 1977 e José Mazzarino em 17 de agosto de 1978. José Mazzarino era conhecido por todos os seus amigos e parentes pelo apelido de “ Pinoti “. Em 24 de julho de 2005, estive na casa da Maria Margarida Mazarino para pegar os escritos da família da Tia Ínice e junto com a Zilda Jordão, a conversa rolou solta, agradável, triste, alegre, com a Maria contando diversas histórias dos nossos antepassados e, em uma delas, me contou que Tia Ínice, a exemplo das outras suas irmãs, para fazer seu enxoval de casamento arrumou um trabalho para arrematar costura, com a Sra. Bidita, [Benedita, esposa do Sr. Catão Levy, ele alfaiate e ela modista famosa na cidade, alta costura, roupa para a sociedade local. Esse casal eram os pais do Dr. Mauro Levy, dentista em nossa cidade, que de um outro modo, não familiar, vai entrar em minha história]. Com esse dinheiro comprou roupas e sapatos para ela e suas irmãs [ Tia Bimba e Tia Ercília]. Os sapatos eram todos feitos à mão, de boa qualidade. Outras histórias dessa conversa estão inseridas neste texto. Como os irmãos da Maria são falecidos, os fatos narrados são de sua lavra, de suas lembranças, que, juntas com às minhas espero mostrar aos nossos familiares a trajetória de uma outra Orsi que formou uma bela família. O primeiro dos filhos de Ignez Orsi e José Mazzarino é o Pedro Mazzarino, nascido em 1º. de maio de 1922 e falecido em 26 de julho de 1979. Na foto abaixo, juntamente com o seu irmão Paulo. Essa foto foi parar na Itália, juntamente com outras, levadas pelo Pietro Orsi em 1932.
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Pedro Mazzarino teve sua infância junto aos seus pais e irmãos na chácara da família e já mocinho decidiu que iria estudar. Frequentou dois anos da Escola de Comércio de Itapetininga. Como a escola não era registrada [ ou reconhecida ] quando providenciaram o seu registro, os alunos deveriam voltar a cursar o primeiro ano novamente. Desistiu da idéia e foi aprender o ofício de alfaiate. Pedro Mazzarino tinha uma alfaiataria na Rua José Bonifácio, umas duas casas abaixo do cruzamento com a Rua Saldanha Marinho, onde ele morava. [ Nessa época eu trabalhava na Magister Magazine, quase que vizinho da alfaiataria do Pedro. Nesse período eu via o Pedro todos os dias ]. A alfaiataria era boa, bem arrumada, manequins de massa pelos espaços, paletós ainda não acabados,
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alinhavados, à espera de provas, ficavam pendurados nesses manequins, mostrando a todos a qualidade das roupas ali confeccionadas. Pedro tinha um carinho com os seus parentes, tratava a todos com muita cortesia e sempre com um sorriso e um tapinha nas costas. Quando eu já trabalhava no Banco, o Pedro e o René Matos Moraes, que tinha uma loja de roupas infantis defronte à alfaiataria do Pedro, montaram uma firma destinada a confeccionar roupas infantis. O René vendia na loja e em outras cidades. O negócio prosperou mas, depois de sucessivas crises econômicas no Brasil, o negócio foi inviabilizado, a sociedade desfeita e a firma fechada. Depois dessa empreitada, Pedro mudou-se com a família para São Paulo e lá montou uma alfaiataria na Rua Augusta. Famosa e bem freqüentada por clientes que gostavam de roupas bem feitas, com tecido importado, quase todo de origem inglêsa. Foi levando sua vida até falecer, vítima de aneurisma cerebral, em 1979.
Pedro Mazzarino, em foto do arquivo da sua irmã Maria M.Mazarino.
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Na propriedade que era da família Mazzarino, há uma praça que leva o nome de Praça dos Alfaiates. Fica no final da rua que leva o nome de Ignez Orsi. Estive lá tirando algumas fotos do local, e que reproduzo abaixo.
Placa da Rua Pedro Mazzarino.
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Vista da Rua Pedro Mazzarino.
Um segredo. Depois que tirei as fotos da placa e da rua Pedro Mazzarino vim a saber pela Maria Margarida Mazarino que essa rua não leva o nome de seu irmão mas sim de seu avô paterno, Pedro Antonio Mazzarino. Esclarecido o fato, resolvi não excluir as fotos, ficando a mesma como homenagem ao Pedro e ao seu avô Pedro Antonio. Pedro Mazzarino casou-se com Ema Suardi em 28 de dezembro de 1947. Dessa união tiveram dois filhos : Marco Antonio Mazzarino, nascido em 16 de novembro de 1948 e José Geraldo Mazzarino, nascido em 10 de junho de 1953 Marco é um pouco mais novo que eu, 2 anos, e cruzamos muitas vezes, na Rua Saldanha Marinho (já que morávamos na mesma rua e na mesma calçada), na praça, na piscina. Não fomos de andar juntos, pois, a diferença de idade fazia com que tivéssemos companheiros diferentes. Sempre nos tratamos muito bem e com respeito. Marco
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trabalhou em área de informática em empresa do Governo do Estado de São Paulo, indo inclusive ao exterior aprimorar seus conhecimentos. Casou-se com Margareth Galvão em 07 de fevereiro de 1976 e com ela teve uma filha chamada Márcia Galvão Mazzarino, nascida em 10 de fevereiro de 1978, que em 20 de setembro de 2003 casou-se com Luíz Fernando Ferrari. Márcia é advogada e trabalha no escritório de um dos mais famosos causídicos de Itapetininga. Marcos casou-se em segundas núpcias com Cristiane José Mauad Mazzarino em 21 de julho de 1985
Pedro Mazzarino com sua neta Márcia, filha do Marco Antonio.
José Geraldo Mazzarino é o segundo dos filhos do casal Pedro e Ema. Nasceu em 10 de junho de 1953 e faleceu em 14 de abril de 1997, vítima de terrível mal.
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José Geraldo casou-se com Maria Cristina Rodrigues Galvão em 16 de junho de 1978. Maria Cristina era filha do Dr. Thalles e, antes de casar-se, morava na rua Leôncio Pinheiro, bem perto da minha casa que era na rua Higino Rolim de Rosa e em sua casa havia um belo cachorro da raça Collie. Conheci muito bem sua família. Dessa união nasceram três filhas : Tatiana Galvão Mazzarino nascida em 28 de outubro de 1980, Alessandra Galvão Mazzarino em 12 de fevereiro de 1982 e Bruna Galvão Mazzarino em 30 de junho de 1986. Tatiana e Bruna são solteiras e Alessandra vive em união estável com Cláudio Lourenço Gody; está grávida de seu primeiro filho, que se chamará Júlio César Mazzarino Gody e o nascimento está previsto para agosto de 2005. Tive mais relacionamento com o José Geraldo do que com o Marco Antonio, pois o segundo foi embora de Itapetininga e eu e o José Geraldo éramos bancários, ele do Banco do Estado de São Paulo e eu, nessa época, do Unibanco. Certa ocasião, eu, membro da Loja Maçônica Firmeza, juntamente com diversos outros irmãos, alugamos um espaço para lanchonete no recinto da Exposição Agro Pecuária de Itapetininga, com a finalidade de levantarmos fundos para a reforma do prédio da Loja, e lá trabalhávamos todas as noites servindo as pessoas que lá adentravam para comer lanches e tomar seus refrigerantes. Estava eu servindo as mesas quando, defronte a um grupo de jovens ao redor de uma mesa, vi o José Geraldo e perguntei o que estavam fazendo os meus primos naquele momento. O José Geraldo não tinha entendido o porquê da pergunta e estando em dúvida me pergunta o motivo dela. Estava
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junto com eles a Sônia, filha da Zola da Tia Argentina e sua prima como também minha e o José Geraldo não tinha conhecimento desse parentesco e muito menos a Sônia. Ficaram contentes com o fato.
Ema, seus filhos Marco Antonio e José Geraldo e suas noras.
José Geraldo em momento de alegria com Alessandra, Tatiana, Bruna e Maria Cristina.
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As netas do Pedro Mazzarino. Todas se preparando para dormir ou tinham acabado de acordar : Tatiana, Márcia, Alessandra e Bruna.
Paulo Mazzarino foi o segundo dos filhos do casal Ignez Orsi e José Mazzarino. Nasceu em Itapetininga na data de 30 de janeiro de 1924 e faleceu em 16 de outubro de 2002. Morou com seus pais e irmãos na chácara da família na rua Dr. Coutinho. Paulo freqüentou a Escola de Formação de Mecânicos da antiga Estrada de Ferro Sorocabana em Itapetininga. Formou-se torneiro mecânico e, posteriormente, montou uma oficina mecânica, onde trabalhou com tornos. A Maria, sua irmã, na recente conversa que tivemos me contou que para montar a oficina do Paulo, Tia Ínice queria que o Tio Pinoti vendesse um terreno nos fundos da chácara e desse o dinheiro para o menino montar sua oficina. Tio Pinoti não queria, mas a força da Tia Ínice deve ter prevalecido, pois o Paulo montou sua oficina. De seu contato com os técnicos e lavradores da região chegou a montar com seu irmão José, máquinas
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agrícolas, especialmente plantadeira de grama junto com o Nilson Peres de Oliveira [ meu padrinho de casamento e marido da Alcina Rocha Peres de Oliveira ], e plantadeira de batata, das quais chegou a tirar patente. Essa firma : J. Mazzarino & Filho e posteriormente J. Mazzarino & Cia Ltda, foi desativada após a aposentadoria do Paulo e o falecimento do José Mazzarino Júnior.
Foto do Paulo tirada em 1975.
Eu sempre tive bom relacionamento com o pessoal da Tía Ínice e o Paulo não ficou fora disso. Era meu cliente no Banco do Commércio e Indústria bem como a empresa J. Mazzarino & Cia Ltda. Além disso eu sempre ia na antiga firma J. Mazzarino & Filho, quando criança, para buscar aquele carvão meio diferente [acho que o guza] onde o fogo sempre ficava aceso acionado pelo imenso fole que lá existia. Esses pedaços de carvão serviam para passar no cabelo dos colegas e eles ficavam grudados no carvão chegando, às vezes, até a arrancar fios da cabeça dos amigos. Nessa época eu achava o tio Pinoti muito bravo, pois sempre nos tocava de lá, quando crianças, dizendo que ali era lugar de trabalho e de gente grande e não de
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criança. Apesar dos pitos sempre saíamos com os carvões. A relação com o Paulo era ainda maior pois sua esposa, com quem casou-se em 31 de maio de 1947, a Leonilda dos Santos, era irmã do Tio Moacir que era casado com a Tia Julieta, irmã de minha mãe, Amélia e, com isso, o parentesco, era maior. O Paulo sempre foi magro, mas de muita força e vitalidade e, meu pai, sempre dizia que não sabia como Paulo, com aquele braço magro e fino, trabalhava o dia inteiro com uma marreta batendo nos ferros quentes que saiam da brasa, moldando-os à custa de muita marretada. Paulo e Leonilda tiveram seis filhos, a saber : Paulo Roberto Mazzarino, nascido em 17 de junho de 1948; Maria Aparecida Mazzarino nascida em 18 de dezembro de 1949; Therezinha de Jesus Mazzarino, nascida em 06 de agosto de 1951; Ignez Santos Mazzarino, nascida em 21 de abril de 1953, Regina Mazzarino nascida em 20 de dezembro de 1955 e Maria Ângela Mazzarino, nascida em 18 de novembro de 1957. Paulo Roberto Mazzarino casou-se com Sonia Cardoso Mazzarino e com ela teve três filhos : Fábio Augusto Mazzarino, nascido em 23 de abril de 1976 e casado com Luciana , em data de 1º. de novembro de 2003; Fabrício André Mazzarino, nascido em 11 de dezembro de 1980 e Filipe Daniel Mazzarino, nascido em 30 de outubro de 1989. Maria Aparecida Mazzarino, casou-se com Fernando Costa em 25 de abril de 1971 e dessa união nasceram quatro filhos : Eduardo Mazzarino Costa, nascido em 31 de agosto de 1972; Alexandre Mazzarino Costa, nascido em 26 de janeiro de 1974; Fernanda Mazzarino Costa,
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nascida em 24 de dezembro de 1975 e Rafael Mazzarino Costa, nascido em 14 de fevereiro de 1988. Therezinha de Jesus Mazzarino casou-se com Francisco Luiz Avelino Costa [ Francisco foi meu colega de escola e quando eu trabalha na Magister Magazine, sua mãe Dona Benedita Savi Costa, comprava roupa e sapato para ele e seu irmão Antonio S. Avelino da Costa. Pessoal de boa índole ], e com ele teve dois filhos : Fabíola Mazzarino Costa, nascida em 17 de dezembro de 1975, e casada com o Fernando Fogaça, em 13 de março de 2004 e Adriano Mazzarino Costa, nascido em 21 de setembro de 1979. Ignez Santos Mazzarino, nascida em 21 de abril de 1953, casou-se com João Batista de Oliveira em 19 de fevereiro de 2000. Regina Mazzarino, nascida em 20 de dezembro de 1955 é solteira. Maria Ângela Mazzarino nasceu em 18 de novembro de 1957 e casou-se em 20 de janeiro de 1979, com o meu amigo Miguel Adas, irmão de um outro grande amigo e que deixou muitas saudades o Paulinho Adas. Tiveram dois filhos : Mike Adas, nascido em 31 de maio de 1979 e Soraya Adas, nascida em 28 de fevereiro de 1984. Os dois filhos do casal são solteiros. Maria Ângela, trabalha no Fundo Social de Solidariedade do Município de Itapetininga e é dos filhos do Paulo Mazzarino a que mais encontro pela cidade. Pessoa afável, de bom trato, como os demais filhos do Paulo e Leonilda. Eu acho que ela é a cara da Tia Ínice e os seus olhos dizem isso muito bem.
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A foto acima foi tirada no dia das Bodas de Ouro do Paulo Mazzarino e Leonilda dos Santos Mazzarino. ( 31 de maio de 1997) Não poderia de forma alguma deixar de nomear os integrantes da foto. Vamos a eles : Na frente do casal, os dois netos mais jovens : à esquerda Filipe, filho do Paulo Roberto e Sonia; à direita, Rafael, filho de Maria Aparecida e Fernando. Na fila de baixo, da esquerda para a direita : Paulo Roberto Mazzarino e Sônia Cardoso Mazzarino, residem em São José dos Campos; Francisco Avelino Costa e Therezinha Mazzarino Costa, ele falecido e ela residente em Itapetininga; no centro, entre o Paulo e a Leonilda está a Ignez Santos Mazzarino, reside em São Paulo; Fernando Costa e Maria Aparecida Mazzarino Costa, residem em Americana; entre Maria Aparecida e Fernando está seu filho Eduardo Costa e Fábio Augusto Mazzarino, filho de Paulo Roberto e Sônia que reside em São Paulo.
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No alto, da esquerda para a direita : Mike Adas, filho de Maria Ângela Mazzarino Addas e Miguel Adas, que estão ao seu lado e residem em Itapetininga; Alexandre Mazzarino Costa, filho de Maria Aparecida e Fernando, reside em São Paulo; Soraya Mazzarino Addas, filha de Maria Ângela e Miguel, reside em Itapetininga; Fabíola Mazzarino Costa, filha de Therezinha e Francisco, reside em Itapetininga; Fernanda Mazzarino Costa, filho de Maria Aparecida e Fernando, reside em Americana; Regina Mazzarino, filha de Paulo e Leonilda, reside em Itapetininga; Adriano Mazzarino Costa, filho de Therezinha e Francisco, reside em Itapetininga e Fabrício André Mazzarino, filho de Paulo Roberto e Sônia, reside em São José dos Campos. Que beleza, dia de festa, família reunida, alegria rolando. Que bom !! Vamos em frente. José Mazzarino Júnior foi o terceiro dos filhos do casal Ignez Orsi e José Mazzarino. Nasceu em Itapetininga em 18 de fevereiro de 1933 e faleceu em 13 de novembro de 1985. Casou-se com Neide Araújo em 08 de maio de 1965. Com ela teve duas filhas : Maria Cristina Araújo Mazzarino nascida em 02 de março de 1966 e Ana Cláudia Araújo Mazzarino nascida em 18 de abril de 1971. José Mazzarino estudou em Itapetininga e foi aprender o ofício de alfaiate com seu irmão Pedro Mazzarino. Nunca gostou do ofício. Mais tarde foi trabalhar na oficina com o outro irmão, Paulo Mazzarino. Após a aposentadoria do Paulo, ele transformou a J. Mazzarino & Cia Ltda, em uma firma de Implementos Agrícolas.
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Na foto acima José Mazzarino Júnior, com suas máquinas agrícolas, participando de mais uma Exposição Agrícolo e Pecuária de Itapetininga, no Recinto da Chácara Carrito. José Mazzarino Júnior, como quase todos da família, tinha conta no Banco em que trabalhei e isso me possibilitava vê-lo e conversar com muita freqüência, inclusive tratando de negócios, pois eu era o Encarregado da Carteira Agrícola do Banco e que possibilitava o financiamento de suas máquinas quando vendidas. A J. Mazzarino & Cia Ltda expandia seus negócios na região e com isso abriu sua primeira filial na cidade de Angatuba. Entrou no mercado de auto peças em nossa cidade com a abertura de uma empresa denominada Reauto Auto Peças juntamente com o marido da sobrinha Maria Ângela, o Miguel Adas. Logo depois em 1985 ocorreu o seu falecimento. José Mazzarino Júnior, apesar de nunca ter gostado do ofício de alfaiate sempre participou das festas que a
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Associação dos Alfaiates promovia e que ficaram famosas e na lembrança de todos. Exemplo : Baile dos Alfaiates. O maestro da orquestra, Sr. Edil Lisbôa era alfaiate. Esse baile era dos mais chiques da cidade. Todo mundo com terno bem acabado, como que querendo mostrar que o seu era o mais bem feito. O outro evento era o tradicional jogo de futebol entre uma boa equipe da cidade e o “ Time dos Alfaiates “. Vejam a foto que encontrei.
Em pé, da esquerda à direita : 1º.) Carlos Climinácio (Carlito da Alfaiataria Paraná ) 2º.) Manolo Martins, o 3º.) não foi idendificado, o 4º.) é o Luiz Cardilho, famoso “ Lagarto “, o 5º.) é José Mazzarino, o 6º.) é o Domingos Cozo e o 7º.) é o Acácio Marques. Agachados, na mesma ordem : José Marcondes de Oliveira (Marcondinho), Carlos Medeiros, o terceiro não foi identificado, Alceu Medeiros e Adélio. Esta semana estive na Surf Many e tive a oportunidade de conversar com o Joel Marcondes, que identificou os integrantes da foto acima e foi alfaiate em Itapetininga, momento em que lembramos de muitas passagens de nossa época, inclusive dos momentos em
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que a foto acima mostrada nos deu. Demos boas risadas com a lembrança da frase, salvo engano, que tinha em uma placa da Alfaiataria do Marcondes e que dizia “Adão não se vestia porque Marcondes o Alfaiate não existia. ” Bons tempos aqueles. José Mazzarino Júnior era afilhado de minha avó e sua tia Adelaide Orsi Franco, que José visitava sempre. Nos seus últimos dias, José lá esteve, ficando muito penalizado e triste com o que ela sofria.
Alguns momentos de alegria de José com a família.
Zilda Jordão, Neide e Maria Margarida Mazzarino sentadas na rede e o José atrás em pé. Foto tirada no quintal da casa da Tia Ínici. Na foto seguinte José Mazzarino e Neide. O José está com um leve sorriso nos lábios. Com certeza algum momento de muita alegria na família.
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A primeira filha do José é a Maria Cristina, como já dito anteriomente, nascida em Itapetininga em 02 de março de 1966. Ela é Instrumentista Cirúrgica de um dos mais famosos cirurgiôes gástricos de Itapetininga e região. Casou-se em 31 de março de 1984, com Ioanis Gkionis [ interessante como minha atividade bancária me deu muitas boas amizades – os gregos – O Anastasíades, em Sarapuí, onde eu ia caçar marrecos com freqüência, os dois que tinham o açougue no final da Avenida Peixoto Gomide, o outro tinha porto de areia e cerâmica, não consigo aliar os nomes às atividades mas eram o Giorgios, o Constantinos e o Panagiotis. Um dos meus primos o Geraldo Corrêa Franco Filho é casado com uma moça dessa família ]. Do casamento de Ionis e Cristina nascem os filhos Nick Eleni Gkionis em 28 de julho de 1984 e Ioannis Jean Gkionis em 05 de janeiro de 1987. Ioanis tem porto de areia em nossa cidade.
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Maria Cristina e sua família.
Ana Cláudia, a segunda filha, nascida em 18 de abril de 1971, casou-se com Fábio José Soares, em 24 de fevereiro de 2001, e dessa união nasceu o filho José Pedro Mazzarino Soares em 26 de abril de 2001. Um dos momentos de alegria do José Mazzarino com a filha Ana Cláudia está registrado em foto que é mostrada abaixo. Não existe no mundo sorriso de satisfação de um pai com os filhos que seja diferente daquele que o José nos mostra — são todos iguais.
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Ana Cláudia com seu filho, José Pedro.
Ana Cláudia fez seus estudos em Itapetininga e é formada em Relações Públicas pela Faculdade Karnig Bazarian. Trabalha no comércio em nossa cidade em uma tradicional empresa de pisos residenciais. O que mais gosta de fazer, entretanto, é na organização e apresentação da Orquestra da Oficina de Música de Itapetininga de propriedade do Mário Chagas e esposa. No momento trabalha na elaboração do estatuto dessa Orquestra como um Instituto.
Neide Araújo, nos dias de hoje.
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Minha homenagem à companheira do meu primo José Mazzarino Júnior que com ele, levado por Deus, para nós muito cedo, formou uma família que continua em Itapetininga e se relacionando muito bem com todos os parentes e amigos. Maria Margarida Mazarino é a caçula dos filhos da Tia Ínice e o Tio Pinoti. Nasceu em Itapetininga aos 07 de janeiro de 1935. É a única viva dos filhos do casal. Em 24 de julho de 2005 estive na casa da Maria para escolher algumas fotos da Tia Ínice, Tio Pinoti, dela e de seus irmãos para ilustrar a história dos Orsi na parte da Tia Ínice. Escolhendo as fotos, juntamente com a Zilda Jordão, a conversa rolou solta pelas histórias da família. Contou diversas peripécias que ocorreram durante o inventário do Tio Armando Orsi, da sua vida, da de seus irmãos e que me serviram muito para escrever este pedaço que lhes diz respeito. Uma boa parte ela já deixou para todos nós quando falou sobre os seus avós, Pietro e Isolina Orsi, de seus tios que lá moravam, dos outros tios que se casaram e foram formar suas famílias; de seus primos e um pouco de sua formação e de sua vida junto aos seus pais e irmãos e que passo a contar. Vejam todos que história bonita, saudosa, respeitosa, carinhosa, de fatos e coisas que já não mais existem em virtude da modernidade dos nossos dias, ao menos nas cidades. Maria passou sua infância e boa parte de sua juventude na chácara da rua Dr. Coutinho. Nessa chácara havia um pomar com frutas de várias qualidades. Porém, uma dessas plantas marcou sua vida de modo muito especial. Era a videira. Todos os anos, por ocasião da poda, sua mãe separava novas mudas e a
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parreira de uvas era sempre ampliada. Ajudava a mãe na tarefa de abrir as covas, afofar a terra e fazer a roda com as ramas da videira. Após jogar muita água na cova, colocava a roda de rama, com uma extremidade para cima, e jogava terra até cobrir bem. Em seguida jogava mais água. Era uma grande alegria quando os brotos dos pés de uvas começavam a estourar. Essa parreira era para eles um significado de união familiar. Por ocasião do Natal colhiam-se as uvas e elas eram oferecidas, como presente de Natal, aos familiares e amigos. A primeira colheita era quase um ritual. A vida na chácara era muito calma ainda que houvesse muito trabalho : cuidar dos animais; cuidar da horta; cuidar do jardim; tirar água do poço, com manivela, para molhar as plantas; dar água aos animais; suprir o tanque para lavar roupa, e a tina, para consumo da cozinha. O fogão era à lenha, com o fumeiro em cima. Quando se matava porco colocava-se no fumeiro o couro/toucinho para fazer torresmo e, também, a lingüiça. Quando se colhia o milho-pipoca, colocava-se no fumeiro as espigas para secar. Muitas vezes secavam tanto que quando acendíam o fogo para cozinhar, as pipocas estouravam no fumeiro. Não havia geladeira. Quando por ocasião das grandes festas, Páscoa, Natal e Ano Novo, compravam melancia e “ gasosa “ [ era o refrigerante deles ], Tio Pinoti colocava tudo dentro de um saco de estopa e o descia ao fundo do poço para refrescar. Quando Tia Ínice anunciava que o almoço estava pronto, corriam ao poço, debruçavam na sua “ boca “ para assistirem o Tio Pinoti pescar o saco de estopa, o que não era tarefa fácil.
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A ausência de geladeira fazia com que quase todo o toucinho fosse derretido, transformado em banha para cozinhar e colocada em latas grandes de 18 litros. A carne era toda cozida e colocada dentro da lata com a banha que, junto com o sal funcionavam como conservantes da carne. Muitas vezes iam, ela e seus irmãos, “ roubar “ carne da lata de banha. Na sexta-feira era o dia de fazer o pão, que deveria durar a semana toda. Enquanto assava o pão, no forno à lenha, Tia Ínice preparava bolos para aproveitar o calor, ou então, limpava morangas, enchi-as de açucar e as colocava no forno para assar, depois que retirasse o pão. Assava, também, mandioca e batata doce. A sexta-feira era como um dia de festa : sempre havia alguma novidade para comer. Uma vez por mês, Tia Ínice fazia sabão : o comum era o sabão de cinza. Este substituía o sabonete e deixava o cabelo sedoso e brilhante. Às vezes Tia Ínice vendia sabão de cinza. O trabalho da casa, segundo a Maria, era repartido entre sua mãe, ela e seus irmãos. Tio Pinoti trabalhava fora [foi ferreiro, carpinteiro e marceneiro]. À medida que seus irmãos cresciam e, também, iam trabalhar fora, o serviço era repartido entre os que ficavam. Como a Maria era a caçula, houve época em que todo o serviço da casa, quintal, pomar, horta, era feito por Tia Ínice e ela, cabendo, ainda à sua mãe, costurar para a família. Em um momento bastante descontraído, Maria nos conta, a mim e a Zilda, uma história sobre as saúvas que existiam no quintal onde diversos “ olheiros “ pipocavam e elas davam um trabalho danado, pois eram uma constante
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no corte de folhas das plantas existentes na chácara. Tia Ínice, não se sabe com quem aprendeu ou, se a observação lhe ensinou, resolveu certo dia, juntamente com a Maria e não sei mais quem, fazer um rego profundo na terra para desviar a água da chuva, que corria na calçada, na rua e no quintal, para dentro do mesmo de forma que cobrisse os “ olheiros “ das sauvas. Segundo a Maria foi uma trabalheira tal que a tarefa levou o dia todo, pois tiveram que cortar um grande barranco existente no local. Foi só esperar. A primeira chuva que deu, não se esperava uma tão grande, alagou tudo. Foi só festa, formando uma grande piscina nos fundos do terreno. Alegrias, brincadeiras até o Tio Pinoti chegar. Aí a coisa ficou preta com ele muito bravo com todos e principalmente com a Tia Ínice. Passou a chuva e a “ piscina “ demorou muitos dias para sumir e, para surpresa de todos, quando sumiu, deixou uma enorme “ cratera “ no quintal. Foi o que bastou para o Tio Pinoti ficar muito mais bravo que dias antes. Vitória da Tia Ínice — as saúvas sumiram. Tio Pinoti nem deu os parabéns a ela e ela nem ligou, pois já estava alegre com o fim das cortadeiras. Porém, a vida não era só trabalho. Brincavam e, muito, principalmente aos domingos quando iam à casa da Nona, à rua Alfredo Maria, 504, onde se reuniam com os primos e a brincadeira corria solta. E nas datas especiais a brincadeira também era especial. Destaca-se entre elas o malhar o Judas no Sábado de Aleluia, ao meio-dia, quando Tia Bimba (sempre ela ) comandava os sobrinhos na confecção do boneco e na arruaça que era feita para sua malhação e queima.
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Maria, após obter o diploma de Professora Primária, no então “ Instituto de Educação Peixoto Gomide “, em Itapetininga no ano de 1957, vai morar em São Paulo. Trabalha no “ Grupo Escolar Visconde de Mauá “ em Mauá, entre os anos de 1958 a 1960. Estuda, com bolsa de estudos do Governo do Estado de São Paulo, na Universidade de São Paulo ( USP ), no curso de Ciências Sociais, de 1961 a 1964.
Maria Margarida Mazarino em foto do ano de sua formatura no Instituto de Educação Peixoto Gomide, como Professora Primária. Durante seu curso na Universidade trabalhou,como pesquisadora, na tese de doutoramento da Professora Ruth Cardoso : “ A Aculturação dos japoneses em São Paulo”, trabalhou na parte de estatística da tese : “ Os primeiros movimentos sociais da classe operária no início
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do século XX “, do Professor Aziz Simão; trabalhou na coleta de dados e na transformação de dados quantitativos em qualificativos da tese : “ O trabalho da mulher “, da Professora Eva Blair. Esses trabalhos foram muito significativos na sua formação profissional e possibilitaram melhor compreensão da relação entre teoria e prática. Frequentou a Faculdade de Filosofia três anos antes e um ano após a revolução de 31 de março de 1964. Dessa experiência ela sente os males que uma ditadura pode desencadear através do patrulhamento e rebaixamento da qualidade de ensino, de atividades culturais e de formação de lideranças. Em 1972 volta à Universidade para fazer um curso de pós-graduação : Sociologia das Organizações Burocráticas. A Universidade, segundo ela, não era mais a mesma. Ficou apenas um semestre e desistiu da pósgraduação. Em 1976 presta exame de seleção para o curso : Gestão em Administração Pública, na Fundação Getúlio Vargas. Freqüenta esse curso com bolsa de estudos da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Trabalha como Professora Secundária na Escola Indústrial “ Carlos de Campos” de 1965 a 1967, a antiga Escola Profissional Feminina, da rua Monsenhor Andrade no bairro do Brás em São Paulo. Nesse trabalho aprende, entre outras coisas, a ver o extraordinário papel da arte e da criatividade como instrumento de produção e, mais que isso, o papel da arte como instrumento de educação. Entre outros cursos de pequena duração, essa escola oferecia cursos regulares de :Técnico em Nutrição e Dietética; Técnico em Têxteis e Vestuários; Técnico em Cerâmica; Técnico em Desenho de Propaganda. No
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mesmo período, 1965/1969, trabalha,também, como Professora Secundária na Escola Técnica Federal de São Paulo, que naquela época funcionava à rua Comandante Salgado, onde hoje funciona o Ministério de Educação e Cultura (MEC). Hoje funciona na Avenida Cruzeiro do Sul. Inicialmente esta escola era somente masculina, com cursos de 2º.grau em Mecânica, Eletrônica, Eletrotécnica,Cerâmica e Modelagem, e Edificações. No período em que trabalhou nessas escolas técnicas iniciou-se a abertura que possibilitou às “ meninas “ entrarem para os cursos técnicos da Escola Federal de São Paulo e aos “meninos” entrarem para a Escola Carlos de Campos. Segundo a Maria foi uma experiência profissional de imensa riqueza, pois, permitiu que trabalhassem com os preconceitos e tabus, tanto entre os alunos como entre os professores. Em 1968 inicia um novo trabalho no Grupo Escolar e Ginásio Experimental “ Dr. Edmundo de Carvalho “ à rua Tibério, na Lapa. Era um projeto especial que visava dar continuidade de estudos a alunos que estavam fora do sistema escolar e fora de sua faixa de idade, entre os 14 e 15 anos, e que haviam sido reprovados no exame de admissão ao ginásio, concorrendo com alunos de 10 e 11 anos. O fato de esse grupo de alunos mais velhos terem sido reprovados chamou a atenção da diretora da escola, Professora Therezinha Fram, e ela propôs um projeto especial para recuperar esses alunos. Esse projeto foi autorizado pelo então Secretário de Educação, Dr. Ulhôa Cintra, e pelo Conselho Estadual de Educação. Alguns desse alunos procediam de favelas dos bairros da Lapa e da Barra Funda, bem como da periferia do Bairro da
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Lapa. Em geral eram jovens de famílias que vinham da zona rural para São Paulo, e havia entre eles, alunos que freqüentaram até a 3ª. Série do então ensino primário em escolas de sítio. No decorrer do trabalho o projeto recebeu, também, alguns alunos considerados “problemas“ nas escolas que freqüentavam. Esse trabalho exigiu da equipe de professores muito estudo e muita dedicação. No final de quatro anos os resultados foram extremamente compensadores. Em 1972 assume a direção do Ginásio Estadual de São Matheus e, posteriormente, do Ginásio Estadual “Honório Monteiro“. Porém, ainda em 1972, é convocada para trabalhar como técnica em educação na Secretaria de Educação do Estado. Ai trabalha até 1977 nas seguintes repartições : Divisão de Assistência Pedagógica; Centro de Recursos Humanos e Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. No ano de 1977 reassume seu cargo de diretora na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “ Prof. Mauro de Oliveira “ onde se aposenta em 1984. Maria me conta que sua mãe, Ignez Orsi, sempre lhe deu muita força a cada etapa do seu trabalho. Era uma mulher aparentemente frágil, de baixa estatura, porém, tinha uma garra incrível. Era uma lutadora e sempre pronta a ajudar os filhos, os parentes, os vizinhos, os amigos. Era muito comum pessoas irem até sua casa, na chácara, mesmo à noite, às vezes até de madrugada, buscar sua mãe para cuidar de um doente, especialmente de crianças. No período em que morava em São Paulo, vinha para Itapetininga quase todas as sextas-feiras á noite. Tia Ínice
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sempre a esperava com uma sopa deliciosa e um lanche onde nunca faltava o pão que ela mesma fazia. Diz que ela era muito exigente, mas, tinha um grande prazer em servir e em colocar alegria na vida das pessoas. Era uma otimista incorrigível. Enquanto tomavam lanche conversavam muito. Seu pai, Tio Pinoti, só ouvia. Nessa conversa sua mãe queria saber tudo o que havia acontecido na semana e não deixava de fazer suas observações e de dar seus conselhos. Dizia sempre que, como Maria havia estudado em escola pública, tinha uma dívida para com a sociedade e que, portanto deveria fazer algum trabalho voluntário como forma de retribuição. Assim é que Maria trabalha como voluntária no Centro Social da Paróquia de São Geraldo, nas Perdizes, em São Paulo, e na Fundação Casa do Pequeno Trabalhador, à Avenida 9 de Julho, onde preparavam jovens de 14 a 16 anos, vindos de favelas da periferia de São Paulo, ou de cortiços do centro da cidade, para obter seu primeiro emprego. Fala a Maria que sua mãe era de uma fé inabalável. Este foi, talvez, o seu maior legado. Ao tirar uma foto da Maria, defronte a uma antiga camiseira, muito bem restaurada, de grandes gavetões e que pertenceu à sua mãe, noto na parede um quadro pintado a óleo, bem diferente dos que conheço. Para matar a curiosidade Maria conta a história . Diz que sua mãe, Tia Ínice, contava que seus padrinhos eram italianos e quando tinha seus 6 anos recebeu a visita deles que estavam se despedindo, pois, voltavam para a Itália. Deram a ela um corte de vestido e um santinho que representava a coroação de Nossa Senhora pela Santíssima Trindade. Ela guardou esse santinho por muitos anos. Quando já era
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casada e os filhos crescidos ela pediu para uma Madre do Colégio Imaculada Conceição reproduzi-lo em um quadro a óleo. Vejam só nas fotos abaixo : Camiseira, fotos da Tia Ínice e do Tio Pinoti, a Biblia, uma imagem de Nossa Senhora e na parede o quadro. Religiosidade herdada e preservada, bem a gosto da Tia Ínice. Maria orgulhosa em frente de tudo.
Na foto acima vista da Rua Ignes Orsi Mazzarino, na entrada de onde era a Chácara da Família à rua Dr. Coutinho.
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Tia Ínice e Tio Pinoti.
As fotos abaixo expressam muito bem minhas lembranças da Tia Ínice.
Até um dia Tía Ínice.
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SETIMINA ORSI (T I A G E N Ó V A)
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Tia Genóva (Setimina Orsi) como o próprio nome já conta era a sétima dos filhos de Pietro e Isolina Ramacciotti Orsi.. Quando eu não era mais que um menino a Tia Genóva não morava na casa do Nonno [era assim que a casa era conhecida] pois morava com o Toninho e a Catib. Depois quando veio morar na casa eu já era moço e não ia visitar as tias com muita regularidade, mas, vez ou outra lá estava principalmente quando trabalhava no Banco do Commércio e Indústria de São Paulo S/A e, passando por perto lá chegava para tomar um café e trocar um dedo de prosa. Pouco tempo depois mudei de banco passando a trabalhar no Unibanco e daí em diante começou minha vida de mudanças a cada ano e, no ano de 1979, quando ela veio a falecer eu estava residindo e trabalhando em Marília (SP). Pouco conviví com ela, com o Antoninho e a Catib e seus filhos, mas isso nunca tirou a alegria de sempre que nos encontrávamos na casa do nonno, muitos abraços saudosos e muita prosa acontecessem. Fiquei muitos anos sem conversar com a Catib e já faz muito tempo que não a vejo e ao começar a escrever nossa história, consegui o seu telefone com a Tia Néspola. Liguei para ela, conversamos bastante, colocamos os assuntos em dia, falei do meu projeto e pedi a ela que escrevesse sobre a Tia Genóva e sua família, o que de pronto concordou. Há pouco tempo, cumprindo sua palavra, recebi o seu texto, que passa por sua própria história, da Tia Genóva e de sua vida com o Toninho e seus filhos. História de muita batalha, de muito trabalho, de mudanças de cidades, de alegria e de tristezas, sempre ligada às perdas familiares. Vamos a ela : Maria Benedita Catib Portella, nasceu em Itapeva (SP) em 04 de dezembro de 1933, filha de Emídio Catib e Maria Eufrasina do Amaral Catib. Não conheceu sua mãe
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pois ela veio a falecer quando a Catib nasceu, deixando também seus cinco irmãos, Nice, Ciro, Eunice, Ruth e Jamil. Passou a morar com seus padrinhos, João Quintino França que era casado com Etelvina Lages França e com isso ganhou mais quatro irmãos, José Carlos, João (Neto), Maria Auxiliadora e Maria José. Seu pai, Emídio Catib, casou-se novamente, e foi com a irmã de seu padrinho, e ganhou mais três irmãos, Maria Ines, Francisco e José. Segundo a Catib ficaram como uma só e enorme família. Em 1949, seu padrinho mudou-se com toda a família para Itapetininga. Passaram a residir em uma casa na Rua Dr. Campos Salles. No ano de 1950, ingressou na Escola Normal de Itapetininga, onde fez o pré-normal e o 1º. e 2º. anos. Foi nessa época que conheceu o Antonio Portella, Toninho, que depois tornou-se seu marido [ e que marido — segundo ela. Estava, certamente, apaixonada ]. Namoraram e noivaram durante cinco anos. Casaram-se em 06 de janeiro de 1955.
Antonio Portella e Maria Benedita Catib em fotos de suas formaturas.
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Nesse ínterim, durante os anos de 1950 a 1955, é que começou a frequentar a casa de Pietro Orsi, “o nonno“, como chamavam todos, inclusive eu. Catib conta que não conheceu o nonno, pois a primeira vez que entrou na casa dos Orsi, foi justamente no falecimento de Pietro Orsi que ocorreu a 27 de novembro de 1950, vinte e cinco dias após o falecimento do Tio Nello, seu filho. A partir daí, aos poucos, foi se familiarizando com todos. Conhece nonna Carolina Ramaccioti Orsi, e vê nela uma meiguice de pessoa, de um grande carisma de quem aprendeu a gostar rapidamente [mesma opinião da minha irmã Annita ]. É nessa época que conheceu sua sogra (Setimina Orsi) Dona Genóva, e que, diz a Catib era uma italiana muito brava, mas ao mesmo tempo uma pessoa muito amorosa, batalhadora a quem simplesmente aprendeu a amar, pois sempre foi de uma dedicação muito grande para com o Toninho, para os seus filhos e para ela também. Catib conta que Dona Genóva, como era chamada, foi casada com Antonio Portella, com quem teve três filhos : Nelinho, Terezinha e Antoninho. [ novidade para mim que não sabia dois dois primeiros ]. Nelinho e Terezinha faleceram ainda muito pequenos e não sabe com que idade isso ocorreu e logo depois da perda das crianças perdeu o marido ficando viúva e grávida do Toninho (de seis meses) e três meses depois do falecimento o Toninho nasceu já na casa do nonno, pois a partir do momento em que havia ficado viúva, ela voltou a morar na casa do pai, onde ficou até 1979, ano de seu falecimento.
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Todos diziam que Dona Genóva trabalhou e lutou muito para criar e fazer estudar o único filho que lhe restou. Toninho fez seus estudos em Itapetininga onde formou-se na Escola de Comércio e depois completou o Curso Normal, formando-se Professor no ano de 1952. Logo em seguida inicia-se na carreira que abraçou, assumindo sua cadeira na cidade de Areia Dourada na região de Presidente Prudente. Quando se casaram, em 1955, foram morar em Presidente Epitácio onde ambos trabalhavam como professores. Dona Genóva foi morar com eles e os ajuda desde o princípio de suas vidas em comum. A família começa a crescer pois em 22 de outubro de 1955, nasce a primeira filha do casal — Maria Benedita Portella, carinhosamente chamada por todos de Nenê. Como Dona Genóva morava com eles, ficava com a criança quando os dois iam trabalhar. Nessa época Dona Genóva reclamava muito pois estava com uma saudade imensa da casa de Pietro Orsi onde tinha vivido quase que toda sua vida, até aquele momento. Estava mesmo com saudades dos irmãos. Uma visita resolveu o problema. Continuamos com ela. No ano de 1957, Toninho prestou concurso para Diretor de Escola. Não deu outra : passou com brilho e em segundo lugar. Escolheu o Ginásio Estadual Monteiro Lobato em Sorocaba. Em 1958 mudam-se de Presidente Prudente para Piracaia. Ano de 1959. Muita alegria e de mala e cuia mudamse para Sorocaba e para coroar a mudança nasceu a segunda filha do casal, Márcia Tereza Portella, em 08 de abril de 1959. O nascimento do terceiro filho, Renato
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Portella, ocorreu em 27 de setembro de 1962. A vida é promissora para a família Portella e em 1963 Toninho foi removido para o Ginásio Estadual Visconde de Porto Seguro, um dos maiores de Sorocaba naquele momento. Em 1965 prestou vestibular e ingressa na FADI – Faculdade de Direito de Sorocaba e em 1973, concursado, passa a trabalhar na região de Votorantim como Supervisor de Ensino. Corre o ano de 1975 e acontece o casamento da Nenê, Maria Benedita Portella com Antonio F. Alcoléa e com ele teve dois filhos : André Portella Alcoléa, com 26 anos, médico formado em 2004 e Fernando Portella Alcoléa, com 22 anos, cursando a Faculdade de Direito em seu 4º. Ano. Nenê é professora de Matemática em Escola Municipal de Sorocaba. O casal reside em Sorocaba e Dona Genóva em Itapetininga. O ano é 1979 e Dona Genóva fica doente de um terrível mal, câncer no fígado, sofreu muito, vai ficar em Sorocaba na casa do Toninho, lá se tratando, mas, infelizmente, vem a falecer em 13 de outubro de 1979. O próximo a casar-se é o Renato e isso aconteceu em 1985, com Matilde Pineda e com ela tem uma filha que se chama Tatiana Pineda Portella que nasceu em 27 de fevereiro de 1986. Renato formou-se em Economia. Tatiana, hoje com 19 anos, faz Faculdade de Biologia. Um acontecimento terrível na vida da família Portella acontece em 7 de fevereiro de 1991: vítima de uma trombose falece Antonio Portella, deixando a todos os seus com um grande vazio na alma. Duas coisas que o Toninho gostava de fazer :
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quando jovem jogar futebol e depois, jĂĄ casado, pescar. Nas fotos abaixo dois desses momentos.
Toninho dando embaixadas, na foto acima e abaixo, com um amigo, em uma de suas pescarias.
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No ano seguinte, 1992, acontece o casamento da segunda filha, Mรกrcia Tereza Portella com um suiรงo chamado Daniel Oberli. Com ele tem dois filhos : Juliana Marie Oberli, com 10 anos e Jean Franรงois Oberli, com 7 anos.
Na foto acima, Mรกrcia e seus filhos, Juliana e Jean em sua casa na Suiรงa, e abaixo, com Daniel e Tatiana.
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Márcia formou-se em Física Pura pela Unicamp – Universidade de Campinas e em seguida rumou para San Francisco, nos Estados Unidos da América do Norte onde foi fazer o seu Pós Doutoramento em Física Pura. Lá conheceu Daniel. Hoje os dois trabalham na Universidade de Lauzane na Suiça. A tragédia bate às portas da família novamente, no ano de 1995. Renato vem a falecer em 07 de junho de 1995, deixando todos com um sofrimento enorme, indescritível a saudade. ............
Toninho, Catib e Renato, sentados em um banco que ainda está no jardim da casa, em Sorocaba.
Momento de grande alegria na vida do Renato. Vejam os sorrisos que pai e filha ostentam. Orgulho de cada um pertencer ao outro.
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Apesar de todas as tristezas pelas quais passou, Catib diz ter uma família bonita, saudável e foi muito bom, maravilhoso mesmo pertencer à família do seu marido, Antonio Portella. Houve momentos muito alegres com todos eles. Nunca se esquece do primeiro Natal que passou na casa do nonno. Quando entrou na varanda, depara-se com aquela mesa enorme de madeira e, ainda existente e no mesmo lugar, onde cabiam 12 a 15 pessoas, toda arrumada para uma ceia de Natal, uma ceia tipicamente italiana. Foi uma rara e maravilhosa oportunidade ter podido participar e compartilhar de um momento tão lindo, com uma família tão alegre. Hoje, ano de 2005, viúva, mora em Sorocaba. Está sempre com sua filha Nenê, seus netos André e Fernando e a neta Tatiana. Uma vez por ano, vai à casa de sua filha Márcia, onde curte seus netos Juliana e Jean. Natal, festas de fim de ano, passam todos juntos em Sorocaba, com muitas saudades dos entes queridos que partiram conforme os desígnios de Deus. Sempre que pode vai visitar, em Itapetininga, a Tia Isolina ( Néspola ) e quando chega ainda sente aquela saudade dos momentos vividos naquela casa., “ Casa de Pietro Orsi “, que foi palco de muita alegria, de momentos felizes e de horas tristes também.
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Daniel Oberli, Toninho, Catib, Tia Néspola e Tia Ercília, na foto acima e na que está abaixo, em um Natal, todos os que estão acima mais o Renato.
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Maria Benedita Portella e seus filhos AndrÊ e Fernando. Bela foto. Eu, Afrânio, aqui, escrevendo, sempre fico emocionado, triste, alegre, saudoso, lembrando dos momentos em que cada um dos meus conta sua parte na nossa história familiar. Obrigado, Catib pela ajuda.
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Argentina Orsi, filha de Pietro Orsi e Isolina Ramacciotti Orsi, é a oitava pela ordem de nascimento dos filhos do casal. Nasceu em 12 de março de 1907 nesta cidade de Itapetininga e faleceu em 24 de maio de 1997, com 90 anos de idade. Teve infância nem um pouco diferente de todos os seus irmãos : de muito trabalho. Abaixo reproduzo texto tirado do depoímento da tia Dirce Franco Ferreira sobre os Orsi, na parte da tia Argentina, mostrando muito bem o quanto era difícil seu trabalho. “Tia Argentina (mãe da Zola) fazia “guaiacas” e “arreios “ e outros apetrechos de se colocar em cavalos e burros, vendendo-os ao Amador Nogueira [armazém na esquina da Quintino Bocaíuva com a Barbosa Franco, onde hoje é um posto de gasolina], ao Euclides Rosa [armazém na Campos Salles, onde hoje é uma das casas comerciais dos Moucachen] e a outros tantos comerciantes da cidade, onde o fruto dessas vendas ia direto para o bolso do Nonno. Quando Tia Argentina estava para casar ela fez todo o seu enxoval com o dinheiro da venda desses apetrechos que ela fazia antes de iniciar e depois de terminar a cota de trabalho para o seu pai.” Casou-se com Manoel dos Santos em 1º. de setembro de 1928, que nasceu em 10 de julho de 1903 e faleceu em 03 de maio de 1986, por coincidência no mesmo mês que tia Argentina. Ao contar a história da tia Argentina não poderia deixar de escrever sobre o tio Manuelito com quem ela formou sua família e que hoje leva o sobrenome de Santos
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Moura e a da Zola, pois é filha única e a história fica em um só lugar neste “ livro ”. Manoel dos Santos era português, natural de Nogueiras, Freguesia de Cádima, Conselho de Cantanhede, Distrito de Coimbra, filho de João dos Santos e Maria Mendes. Desembarcou no Brasil em 24 de abril de 1920, no porto de Santos, da embarcação “ Boainvir ” com 17 anos de idade. No navio veio trabalhando na padaria. Na primeira parada, no Nordeste do Brasil, do navio avistou, no cais, pessoas vendendo pencas de bananas, que ele não conhecia. Ficou muito admirado com a beleza da fruta ! E também gostou muito ! Quando chegou no porto de Santos, Manuel dos Santos estava sem dinheiro e ficou hospedado em uma pensão, até seu tio, João Gomes, ir buscá-lo e virem para Itapetininga. Em Morro do Alto morava seu outro tio Manoel Gomes. Os únicos parentes que tinha no Brasil. Foi trabalhar na Estrada de Ferro Sorocabana, como “ foguista ” de primeira classe e em 25 de abril de 1925 foi promovido a “ machinista ” de quarta classe. Morava na Pensão “ São João ”, em frente à Estação da Sorocabana. Havia lá uma costureira que estava se interessando por ele. Tia Argentina foi trabalhar com essa costureira, rematando as costuras. Quando ele descia do quarto para ir ao trabalho, ela que não enxergava direito, pedia para tia Argentina olhar e verificar se ele estava olhando para ela (costureira). As duas, costureira
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e tia Argentina, ficavam, nesse momento, na janela, para verem melhor o tio Manuelito. Tia Argentina dizia que ele ia andando e olhando seguidamente na direção de onde estavam. Interessante é que o tio Manuelito estava mesmo querendo era a tia Argentina tanto que acabou em casamento no dia 1º. de setembro de 1928. Saindo da Estrada de Ferro Sorocabana, comprou em 21 de janeiro de 1927, um imóvel na rua Cel. Afonso com a rua Dr. Lobato, onde instalou um pequeno bar, que denominou de “ Botequim Operário ”, onde trabalhou até o ano de 1944. Tia Argentina e tio Manuelito tiveram dois filhos : Luís, nascido em 12 de fevereiro de 1930 e, infelizmente, falecido em 29 de dezembro de 1932, no dia em que Zola estava fazendo um ano de idade e, Isolina, nascida em 29 de dezembro de 1931 sendo registrada pelo seu avô Pietro Orsi como nascida em 1º. de janeiro de 1932.
Na foto abaixo Tio Manuelito em seu bar e com seu filho Luiz.
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Isolina Santos, ainda bem jovem. Interessante, muitos dos netos e bisnetos do Pietro e Isolina Ramacciotti Orsi, quando crianças, inclusive eu, eram loiras e de olhos claros e depois, quando mais velhos perderam essa característica. Pouco depois de casados, compram um terreno na rua João Roberto de Camargo, ( defronte ao quintal da casa de Pietro Orsi ) onde construiram nove casas para alugar e que existem até hoje. Em uma dessas casas morou o tio Dante Orsi e sua família. Zola, neste seu depoimento, conta que tia Bimba (Gema Maria Ceccilia Orsi) foi morar com eles quando era ainda muito pequena. Como todos que conheceram tia Bimba, Zola diz que ela tinha muita personalidade, com uma visão muito adiante de seu tempo e com quem conversava muito. Seus conselhos e sua forte personalidade ajudaram a formar a vida da Zola. Moraram, todos, em uma casa na rua Cel. Afonso até o ano de 1944, quando o tio Manuelito vendeu o bar.
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A vida do casal sempre foi de trabalho duro e um sempre ajudando o outro, fortalecendo a união familiar. Após a venda do bar, foram morar em uma casa vizinha à de Pietro Orsi e que a ele pertencia, até o momento em que terminaram de construir a nova casa e em 1945 mudam para a nova residência, com a tia Bimba a tiracolo. Logo que mudaram para a nova casa, tio Manuelito vende um terreno que possuia na Avenida Rebouças em São Paulo e, com o dinheiro, comprou um sítio com 55 alqueires de tamanho, na estrada de rodagem que vai para Guareí. O local chamava-se Chácara Santa Helena . Na foto abaixo Tia Argentina, Tio Manuelito e a neta Sandra. [ Quanto valia e ainda vale um terreno na Av. Rebouças ! ].
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Tio Manuelito volta a trabalhar na terra a exemplo do que já fazia em Portugal, sua terra natal. Plantou eucaliptos, formou um belo pomar e colocou gado leiteiro nas pastagens que lá havia. Tudo que a propriedade produzia, vendia. Do eucaliptal, vendia a madeira, do pomar vendia as frutas [ me lembro muito bem dele e sua caminhonete Ford, verde, com a caçamba lotada de frutas, na esquina de sua casa, em dias de feira, vendendo-as. Eu sempre rodeava pedindo fruta, ele sempre demorava em me atender, judiava um pouco mas acabava dando uma boa “ mãozada” de frutas.] e do gado tirava o leite que vendia em casa com tia Argentina ajudando em tudo que podia. [ minha mãe, Amélia, comprava o leite e quem ia buscar era eu, até quando ele parou de vender, depois disso eu ia buscar na casa da vovó Adelaide, pois o tio Edgar trazia da estrada de Capão Bonito, onde era o motorista do ônibus que fazia essa linha. Ainda tenho o latão. ] Zola, que ainda mora no mesmo local onde morava quando estudava o ginásio, no início da Av. Virgilio de Rezende, com a escola quase que sendo o seu quintal e, devido a essa proximidade, sua casa sempre estava cheia com os seus colegas, motivo de muita alegria na família. Caridade sempre foi a tônica da família Orsi. Tia Argentina, pela boa escola que teve não podia ser diferente, sempre ajudou os outros, de todas as formas, com alimentos, roupas e até ajuda financeira mas, o que sempre direcionou o seu trabalho foi o lado espiritual. Só saia de casa para ir à missa, fazer algumas compras e visitar as irmãs. Tio Manuelito, sempre religioso, foi irmão e presidente da Irmandade do Santíssimo na igreja Nossa Senhora dos Prazeres até a criação da Paróquia de Nossa
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Senhora das Estrelas, quando se transferiu para essa paróquia e cujo pároco era o Padre João Bloes Neto. Convidado pelo Padre Bloes a ajudá-lo torna-se o 1º. Diácono dessa paróquia, onde trabalhou até janeiro de 1983, quando sofreu um derrame cerebral, falecendo após três anos e quatro meses desse fato. [ Impressionava como o tio Manuelito era parecido com o Papa João Paulo II — que felicidade para ele. ] Zola, aos quatro anos de idade, entra no Colégio “ Imaculada Conceição ”, administrado por madres beneditinas. Fez o pré-primário que naquela época era chamado de Jardim de Infância. [ Eu também estudei lá, com Madre Melânia ] Aos seis anos Zola inicia a alfabetização e aos 7 anos saí do Colégio e passa a freqüentar o primário na Escola “Peixoto Gomide “, onde fez o ginasial e, posteriormente, o magistério, formando-se em 1950. Em 1952, ingressa no Magistério, no Município de Itaí, na Escola Mista do Bairro dos Mineiros, indo depois ao Bairro Santa Therezinha e, posteriormente, para o Grupo Escolar de Itai, onde ficou até sua aposentadoria. Em Itaí conhece Odilon de Mello Moura [ mesmo ramo dos Mello da minha família, tendo ele parentes com o sobrenome, como o MOACIR E O MARCOS DE OLIVEIRA MELLO, que os conheci quando fui Gerente do Unibanco em Avaré, me tornando amigo deles ], nascido no dia 23 de novembro de 1924 em Tejupá –SP-, filho de Raphael Rolim de Moura e Ana Cândida de Mello. Casaram-se em 08 de julho de 1956, na Igreja Nossa Senhora das Estrelas de Itapetininga. São irmãos do Odilon : Jaime ( falecido ), Hilda (falecida ), Edméa, Doraci, Olavo, Ivan, Else, Irair e Raphael. Prole grande, 10 filhos.
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Odilon trabalhava como escrevente no Cartório de Registro Civil e Anexos, em Itaí, onde seu pai era o titular. Após a aposentadoria do Sr. Raphael em 1961, torna-se o titular desse cartório. Zola e Odilon têm duas filhas : Sandra Maria Moura, nascida em 4 de setembro de 1957 e Sônia Maria Moura, nascida em 14 de outubro de 1961; ambas em Itapetininga. Vejam na foto abaixo a Sandra quando criança.
Fizeram o curso primário em Itaí e depois transferiramse para Itapetininga, onde cursaram ginasial e o científico no Instituto de Educação “ Peixoto Gomide “, período em que moravam com os avós maternos. Nas fotos seguintes, Sandra e Sonia em passeios que faziam com seus pais Odilon e Zola. Na primeira em Pirapora do Bom Jesus e na segunda em um dos muitos parques que visitaram.
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Sandra presta vestibular na PUCC - Pontificia Universidade Católica, Campus de Campinas, onde cursou Biblioteconomia. Fez estágio na UNICAMP Universidade de Campinas e, posteriormente, concursada, ficou trabalhando ali mesmo, na Biblioteca de Engenharia, da qual é hoje a diretora.
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Casada com Francisco Diana Portillo, um paraguaio já naturalizado brasileiro, Analista de Sistemas, com quem tem dois filhos : Francisco Luís, nascido em 1º. de setembro de 1979 e Carolina, nascida em 12 de janeiro de 1983. Francisco, o Fran, como é carinhosamente chamado pelos parentes, fez seus estudos na cidade de Campinas e na Unicamp – Universidade de Campinas forma-se em Música, atuando, hoje, na área em que se formou como professor de música e também faz traduções da língua inglesa já que ele e sua irmã são fluentes nessa língua. Foto da formatura do Francisco ( Fran ), juntamente com o pai, Francisco Diana Portillo, a mâe, Sandra e a irmã, Carolina.
Carolina estuda na Puc de Campinas, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, cursando o último ano de Direito. Vejam na foto seguinte que bela moça a Sandra nos deu.
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Fotos da famĂlia : Francisco (Fran), Odilon, Zola, Sandra e Carolina, na Festa que reuniu membros da FamĂlia Orsi em julho de 2004.
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Sônia também prestou vestibular na PUCC– Pontificia Universidade Católica, Campus de Campinas, onde cursou Biologia . Fez estágio no ITAL – Instituto de Tecnologia em Alimentos de Campinas e mestrado na USP – Universidade de São Paulo. Antes do mestrado, ingressou no magistério, na cidade de Pilar do Sul, onde lecionou Ciências, vindo depois para o Instituto de Educação “Peixoto Gomide”, em Itapetininga, de onde saiu para fazer o mestrado. Durante o mestrado, foi trabalhar em uma empresa de controle de pragas, denominada “Brasanitas”, em São Paulo, e depois transferida para Alphaville. Essa firma foi encerrada e outra aberta em São Paulo com o nome de “Praxxis”, da qual é a Gerente Técnica. Casada com Gerson Martins dos Santos, Engenheiro Elétrico e que trabalha no ramo de telefonia, com quem tem dois filhos : Rodrigo, nascido em 10 de agosto de 1993 e Bruno, nascido em 09 de agosto de 1996. Rodrigo, hoje, estuda na 6ª.série e o Bruno está na 3ª. Série, ambos no Colégio Rainha da Paz em São Paulo. Na foto abaixo Sandra, o filho Rodrigo e o marido Gerson.
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Nesta outra foto abaixo : Rodrigo, Sônia e Bruno
Voltando às lembranças de sua infância, Zola diz que as melhores são da casa de seu avô, Pietro Orsi, onde passava a maior parte do seu tempo. A exemplo de quase todos os netos do Pietro e Isolina Orsi, lembra que a casa estava sempre cheia pois a família era muito grande sem contar ainda com a presença constante dos netos na casa. Eram muitas as brincadeiras e traquinagens. Nas festas de São Pedro, erguer o mastro em homenagem ao santo, soltar os rojões, assar batatas na fogueira, reuniões da família aos domingos. Outra lembrança comum aos netos é a vaquinha “Mimosa”, sempre conduzida pela tia Hercília, do pasto, do final da rua Cel. Joaquim Leonel, onde hoje é a Vila São Pedro, por uma picada, pelo meio do campo até a cocheira na casa do Nonno, onde tiravam o leite quentinho que era bebido por todos os que se aproximavam. De tarde, todos os sobrinhos fugiam da tia Hercília, com preguiça de levar a “ Mimosa ” de volta ao pasto. Quando a Zola estava na casa, diz que sempre sobrava para ela. Ia na frente com
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uma sacola, com o “ restolho ”, [pequenas espigas de milho, bem desenvolvidas] que ia dando à “ Mimosa ” para que andasse mais rápido e não ir parando para comer o capim no campo. A Zola fala com muito carinho da tia “ Nenê ” (Adelaide – minha avó) e que gostava muito de ir em sua casa pois lá brincava muito com suas primas. Guarda dela (Adelaide), que era sua madrinha de batismo, uma bela lembrança. Mesmo com a filharada que tinha, achou tempo para lhe fazer um bolo no dia de seu aniversário. O bolo, que naquele tempo era assado em forno à lenha, baixou e no centro ficou uma depressão. Ela cobriu o bolo com suspiro e coco ralado e na depressão colocou uma rosa “ Príncipe Negro ”, bem vermelha que parecia veludo. Olha que delicadeza! Não se lembra que idade tinha quando ocorreu esse fato e diz que isso não sai de sua memória sendo lembrado até hoje. Suas lembranças do nonno, da nonna e de alguns de seus tios e tias : A nonna Carolina e a tia Néspola ( Isolina ) tinham muita paciência com as crianças. A nonna sempre cuidando da cozinha, junto com a tia Néspola que também costurava para fora. A Zola conta que gostava de ouvir as histórias que a nonna Carolina contava sobre a Itália e como a vida lá tinha sido difícil. A tia Bimba, que era muito divertida, estava sempre inventando brinquedos para os sobrinhos : fazia papagaios, carrinhos com carretéis, revólveres e espadas de madeira e ainda estava sempre a contar estórias. A tia Genóva era a “ nervosa ” da família. Ficou viúva muito cedo. Esperava um filho quando seu marido faleceu
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e a partir daí foi morar com o meu avô, Pietro Orsi. Ali nasceu seu filho, Antonio, apenas 14 dias mais velho que eu. Crescemos juntos, pois nós dois éramos filhos únicos. Gostava da casa da tia Inês (Ínice), pois lá havia muitas crianças o que para ela era uma festa. Os tios trabalhavam todos na firma do seu avô e só o tio Armando que não, e jovem ainda começou a trabalhar como barbeiro. Zola conta que o começo de tudo isso e para dar coragem ao tio Armando o Nonno sentou na cadeira, pôs a navalha na mão dele e disse : “ faça a minha barba ”. Ele ficou com medo, começou a chorar e, não se sabe como ficou, mas terminou o serviço. Trabalhou nesse ofício por muitos anos. Segundo a Zola são essas as lembranças que mais marcam a sua trajetória de vida até este momento. Em seguida fotos da família em momentos de alegria.
Vejam Tia Argentina, sentada em um banco de alguma praça, com uma fisionomia de muita felicidade. Alguém duvida ?
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Aqui em um momento de muita reflexão.
Bodas de Ouro da Tia Argentina com o Tio Manuelito. Belo bolo. Na foto pela ordem — Odilon, Zola, Tia Argentina, Tio Manuelito, Sônia, Sandra e Ana Cláudia.
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Em outro momento dessas Bodas — Vejo minha mãe Amélia ao fundo, ao lado da Tia Argentina
Que turma festeira – Zola e Odilon com as filhas Sandra e Sonia e netos Francisco, Carolina, Rodrigo e Bruno.
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Esta foto retrata bem um momento de paz do Tio Manuelito e é assim que me lembro dele. Um homem bom e muito religioso.
Foto do Francisco Luiz Moura Portillo, sua esposa Lívia Nigro Esteves e de seu filho Lucas Esteves Moura Portillo. Fran é neto da Isolina Santos Moura e do Odilon de Mello Moura e o Lucas o bisneto. Vejam que o livro inicia com Pietro Orsi e Isolina Ramacciotti Orsi e o Lucas é a 6ª geração desses imigrantes. Lucas nasceu em 12 de maio de 2010 em Campinas (SP).
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ABRAHテグ ORSI (N E L U X O)
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Abrahão Orsi, nono filho de Pietro Orsi e Isolina Ramacciotti Orsi nasceu em Itapetininga em 20 de novembro de 1909 e faleceu em 10 de setembro de 1990. Levou pela vida o carinhoso apelido de “ Neluxo “, que não consegui saber a origem do mesmo. Como todos os seus irmãos, levou uma vida de trabalho, com poucos estudos. Começa com o pai no serviço de carroças e cargueiros puxados com mula, descarregando e entregando as mercadorias que chegavam pelo trem da Estrada Ferro Sorocabana, no comércio local, ao lado do irmão Nello. Depois trabalha na Fábrica de Ladrinhos, na Olaria da cidade, fica sócio da firma de venda de Material para Construção, no atual sítio produzindo tijolos para a firma e depois de sua saída da sociedade com os irmãos fica com o sítio e ai passa a trabalhar com a esposa, Tia Luzia, fabricando telhas e fundando sua própria firma, Cerâmica São Judas Tadeu. A prima Zola Orsi quando, a meu pedido, iniciou levantamentos sobre os filhos do Pietro Orsi, na parte do Tio Neluxo anotou em um canto — “ Era calmo, quando chegava o fim de semana, ia para o mato caçar, pescar, gostava de ficar em lugares calmos. Depois que saiu da firma que possuía junto com seus irmãos, ficou com o seu pedaço de chão, seu sítio no Bairro do Mato Seco, trabalhando com olaria, e nas noites em que queimava o forno, gostava de olhar as estrelas e compor poesias”. Maria Margarida Mazarino, em seu depoimento sobre a família Orsi, falou com muito carinho do Tio Neluxo. Lembrando dele: “vinha à cidade sempre em sua bicicleta deixando-a na casa de suas tias na Rua Alfredo Maia, 504 e seguia a pé pela cidade fazendo seus negócios
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e suas visitas. Tinha alma de poeta e sempre levava seus versos para eu fazer eventuais correções. Quando ficava sem dormir para atender o forno na queima das telhas que fazia, observava a natureza, os barulhos e sons noturnos e escrevia seus versos, em geral, tendo como tema a natureza, o que conhecia da Bíblia, sua religiosidade. Eram poemas simples, até ingênuos, mas, que revelavam sua alma boa e pacifista e seu grande amor a Deus, à natureza, à sua família e aos amigos. A bela e triste história da reforma dos pontilhões da cidade, quando depois de muito trabalho seu não pode comparecer a inauguração por não ter terno e chapéu. ” Na vida conheci três grandes contadores de “ causos e histórias “, meu pai, Antenor de Oliveira Mello Júnior, Dr. Ciro de Albuquerque, o grande político de Itapetininga e o Tio Neluxo. A característica que unia os três era a impressão, muito forte, de que fosse onde fosse que acontecesse o “ causo “ ou “ história “, eu e os demais ouvintes estávamos presente. Se fosse história de caçada de codorna, perdiz ou nambú, escutava o bater das asas (ele emitava com a boca), o tiro, a queda e o cachorro correr atrás da ave em sua queda mortal. Se fosse capivara, ouvia o seu assobio, sua fuga e a queda na água. Se fosse sobre batida de carro, escutava a brecada e a batida. Tio Neluxo fazia os gestos e os sons, do vôo da codorniz, do assobio da capivara, enfim, todo “ causo “ e toda “ história “ parecia um filme. Saudades desses causos e do Tio. Conheci o Tio Neluxo na feira livre de Itapetininga, onde Tia Luzia ia vender suas peras. Sempre perto do Natal, íamos, eu e minha mãe, Amélia Corrêa Franco Melo, comprar suas peras. Eu, a contragosto tinha que ir,
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era o carregador da pesada cesta com as preciosas peras que depois viravam os deliciosos doces que ela fazia, com calda e os colocava em um grande recipiente de vidro, daqueles grandes de colocar balas e bolachas, dos antigos armazéns. Esse vidro tinha sido do armazém do meu avô, Antenor de Oliveira Mello e eu ainda o tenho. Tio Neluxo nos tratava muito bem, como sempre o fez, sorrindo com a boca e os olhos azuis. Frequentava com muita regularidade o sítio. Saia caçar com o Ademir, seu filho, pelas matas que circundavam a propriedade, atrás do cachorro do mato, de três dedos, entrando em campos vizinhos para caçar codorna. Tio Neluxo tinha diversas espingardas de cartucho calibre 40, e de carregar pela boca, verdadeiras jóias, algumas importadas. Eu sempre as cobicei e certa vez quis comprar algumas. A recusa foi imediata, com a famosa frase ‘ nem depois de morto “. Durante anos fui tentando comprar e nunca deu certo. Um dia ao visitar o Tio Neluxo encontrei-o desolado e perguntei o motivo de seu estado de tristeza e veio a terrível resposta — “ Afrânio, no fim de semana um ladrão nos visitou e levou as espingardas “. Compartilhei com ele sua tristeza e não tive coragem de dizer que se ele me tivesse vendido ainda poderia ver e atirar com as espingardas. Outras vezes ia me banhar no ribeirão que corre dentro da propriedade e no antigo monjolo, a água era represada pelo barranco e uma parede de tijolos, formando um bela “ piscina “ onde todos se deliciavam com a água fria. Eu e minha esposa, quando ela estava grávida do meu filho Alexandre, por diversas vezes nos banhamos ali.
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A vida no sítio sempre foi muito laboriosa para os que lá viviam e muitas vezes paravam o trabalho para me receber e quando me dei conta que às vezes eu os atrapalhava, procurei não ir com tanta frequência. Tia Luzia sempre raspando as telhas nos engradadinhos em que elas ficavam para secar, o Célio sempre à frente da prensa, colocando o barro, um pelotão, e com força virava o molde em cima do barro para em seguida sair uma bela peça, com o nome de Cerâmica São Judas Tadeu. O Valdir já trabalhava com trator, prestando serviços em fazendas e vez ou outra eu o via no Sítio. O Flávio fazia tijolos na parte de baixo do Sítio. Tio Neluxo sempre às voltas com a maromba, onde o burro girava o dia todo amassando o barro que era trazido dos fundos da propriedade. Certa vez o Tio Neluxo estava a cortar, com uma folha de segueta, uma enorme peça de aço, para ter dentro a rosca sem fim e o barro passar por ela. Diante de trabalho difícil e duro, falei para o Tio levar no torneiro mecânico que ele cortava na hora e ele me disse — “ o que faço depois sem esse serviço “. As telhas depois eram enfornadas pelo Tio Neluxo, uma a uma, primeiro nos fundos, em cima umas das outras, com a técnica que poucos conhecem. Depois vinha a colocação da lenha, o acendimento e a queima, ficando o Tio Neluxo acordado até a queima final. Posteriormente era tirada uma a uma e com o dedo médio ele batia fortemente em cada uma. Vez ou outra, depois da batida, ele separava a telha e dizia estar com defeito. Curioso perguntei como ele sabia, quando então me contou que as telhas boas, quando batidas, soavam como sino de igreja e as ruins não emitiam o som do sino e sim um som de telha trincada. Aprendi mais uma naquele dia.
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O som de um sino sempre me lembra o Tio Neluxo. Certa vez o Tio Neluxo quis lotear parte de um terreno que ele tinha no Bairro do Taboãozinho, e segundo o Zé Simões, seu corretor, tinha que abrir conta em Banco e providenciar um “ croqui “ da área a ser loteada com a divisão dos lotes e registrar em Cartório. A parte de topografia foi feita pelo meu sogro, Pedro Monteiro de Barros e eu, que ficava segurando uma vareta alta com medidas, e ia de ponto em ponto, ele olhava pelo aparelho e anotava em uma caderneta. Deflete em tantos graus a direita ou a esquerda, até fechar a área, era o que estava escrito no documento. Feito isso e o registro o Tio Neluxo foi até o Banco Commércio e Indústria em que eu trabalhava, já como Assistente da Gerência, para abrir a conta corrente, para os compradores fazerem os depósitos mensais de suas prestações. Lá chegando, logo na entrada, eu o vi e fui ao seu encontro — com o seguinte diálogo “ Boa tarde,Tio Neluxo, boa tarde Afrânio. Veio abrir a conta tio? Sim, aqui estou para isso. Com quanto vai abrir a conta ? Ele disse: 50 contos ou 50 milhões, não me lembro muito bem ”. O Gerente, Sr.Raphael dos Santos, deu um pulo na cadeira ao ouvir o final da conversa e chegou perto. Boa tarde,senhor, vamos tomar um café. Entramos até a cozinha do Banco que ficava nos fundos do prédio. Tomamos o café e o Sr. Raphael perguntou : onde está o dinheiro para eu ir contando. Tio Neluxo tirou o dinheiro do bolso e o deu ao Gerente. Este ficou tremendamente sem graça, tinha achado que, pelo que o Tio Neluxo falou, o dinheiro só caberia numa sacola ou em uma mala. Foi só risada. Pagou pela “gafe” durante muito tempo.
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Conta aberta, mensalidade sendo depositada todo mês, algum valor já de crédito disponível e o Tio Neluxo sabendo do valor, me procurou em minha casa, para saber se podia tirar o dinheiro e de que forma, pois queria comprar mudas de laranja, mixirica e outras frutas para fazer um pomar no terreno que ficava acima de sua casa. Sacou o dinheiro, comprou as mudas, as plantou, o pomar cresceu, floresceu e frutificou. Eu aproveitei durante muito tempo suas frutas. No sítio não tinha água corrente nas torneiras e no chuveiro. Água para cozinhar e se banhar tinha que ser tirado do poço e armazenada na casa para não ter que tirar água muitas vezes durante o dia. Para beber era fervida e colocada em moringa e pote de barro. Havia um poço uns 200 metros acima da casa, era raso e tinha água até a boca. Não sei quem teve a idéia de canalizar a água até a casa e trazê-la por gravidade. Fizeram o buraco do poço até a casa, colocaram um cano flexível e ligaram na torneira da pia. Nesse momento eu cheguei para testemunhar o fato. Ligação feita, cano dentro do poço, abrimos a torneira e nada. Nem barulho do ar. Ai veio a minha ajuda. Perguntei se tinham posto água dentro do cano e a resposta foi que ninguém tinha se lembrado, tanto era a euforia com a possibilidade de ter água corrente na casa. Subimos até o poço, Ademir, Célio, Valdir e eu. tiramos o cano do poço e com uma caneca fomos enchendo pouco a pouco até a água ocupar todo o cano. Isto feito, colocamos o cano mais ou menos até o fundo do poço e descemos até a casa. Todos ansiosos, a torneira foi aberta, saia um pouco de água e um pouco de ar e de repente veio o jorro contínuo e muito forte da água gelada e deliciosa de tomar. Tia Luzia
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e todos nós ficamos muito contentes e alegres pelo fim do sofrimento de ter que tirar água do poço com o balde; isto acabou naquele momento. Outra coisa muito bonita e gostosa de se ver e ficar embaixo era um taquaral muito grande e muito alto, fazia uma sombra muito boa. O que embelezava era sua cor, verde e amarelo intenso que lembrava a Bandeira Nacional. Tio Neluxo tinha um carinho muito grande por essas taquaras. Vez ou outra pedia um pedaço e levava para casa. Fazia vaso para colocar flores e pendurar na mangueira de casa. Atrás da casa tinha um forno grande e um pequeno. Eram para assar a carne no Natal e festas da família. Passei vontade, nunca comi carne feita nesses fornos. O tempo foi passando e os fornos viraram ninho de galinhas poedeiras. Depois dos fornos havia os pés de jabuticaba, daquela miúdinha e muito doce, goiaba ( um pouco enferrujada, mas gostosa ), amora, cana, de duas variedades, a fina da cor amarelinha e a grossa da cor verde, cada uma com sua doçura, um pé de arixicú ( hoje fruta do conde, ata e outros tantos nomes ), na parte de baixo da casa, a horta da Tia Luzia, que sempre me dava alguma verdura para comer em casa. Ao final do pomar uma cerca, que separava esse pedaço de chão do pasto, de um banhado, do barreiro e da mata mais ao fundo. Na parte mais baixa do terreno, ficavam os barracões onde eram colocados os engradados de telhas e o forno com a chaminé, e pouco mais abaixo o forno de tijolo em que o Flávio trabalhava. Do outro lado do ribeirão era a continuidade do matão e hoje ai fica o Loteamento Portal da Figueira de propriedade do meu amigo Calil Aboarrage.
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O tempo foi passando e um dia, Tio Neluxo, levantou cedo como sempre fazia, saiu no quintal da casa, olhou o céu, sentiu o tempo, sentiu-se mal, teve um infarto e faleceu ali, no lugar que sempre amou. Hoje o sítio está dividido em 5 partes, uma para cada filho. O hospital da Unimed foi construído em parte do sítio que fica defronte à estrada do Mato Seco. Tio Neluxo casou-se com a Tia Luzia ( filha de portugueses e italianos) no dia 26 de abril de 1941 na Igreja Matriz Nossa Senhora dos Prazeres. Meu tio Pedro Corrêa Franco era coroinha da igreja e esteve presente no casamento. Maria Margarida Mazarino conta um pouco do que ouviu da Tia Luzia sobre a vida após o casamento. “ Foram morar no sítio, hoje Cerâmica São Judas Tadeu, na estrado do Mato Seco, lugar que naquela época era “ um degredo ”. Durante 35 anos Tia Luzia utilizou uma charrete para ir à cidade.Tio Neluxo utilizava, também, sua bicicleta. No sítio, inicialmente faziam “ roça ”, isto é, plantavam o essencial para a subsistência e mais milho e mandioca para tratar dos porcos e galinhas. Vendiam o excedente para pessoas conhecidas até conseguir o talão de produtor rural. Mais tarde Tia Luzia conseguiu um lugar na feira para vender seus produtos- farinha de milho feita no monjolo, beterraba, berinjela, ervilha, uvas, pêra e as frutas da época. Aos 50 anos Tia Luzia entrou no Mobral ( Movimento Brasileiro de Alfabetização). Quando o Tio Neluxo iniciou a produção da Olaria (tijolos e telhas) Tia Luzia e os filhos trabalhavam lá. As
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crianças, antes de irem para a escola, ajudavam a raspar as telhas antes da queima no forno próprio.A Olaria funcionou 27 anos. Tia Luzia cuidava da casa, do marido, dos filhos, das criações (porco,galinha,cabra,vaca),trabalhava na Olaria e ainda achava tempo para ir ao Mobral. Tio Neluxo a ajudava e apoiava o que ela fazia. ” Muito tempo depois Tia Luzia comprou uma Kombi e andava para cima e para baixo com ela. Por diversas vezes esteve na Oficina para que eu fizesse serviços de reparos no veículo. Tiveram cinco filhos : Flávio, Valdir, Tereza, Célio e Ademir. O primeiro filho, Flávio, nasceu em Itapetininga em 08 de julho de 1942, estudou no Grupo Escolar Fernando Prestes (foi contemporâneo de estudos de minha irmã Annita ). Até o seu casamento Flávio trabalhou com o pai, no sítio. Depois foi para Salto de Pirapora em 23.05.1980, trabalhar com porto de areia. Casou com Cleide Romanha Orsi em 23 de dezembro de 1961 na Igreja Matriz Nossa Senhora dos Prazeres. Tiveram cinco filhos. Davilson Romanha Orsi, o primeiro filho, nascido 11 de outubro de 1962. Casou-se com Isabel Domingues Batista, na Igreja de São João, em Salto de Pirapora. Davilson tem com Isabel três filhos : Daniel Orsi, nascido em 16 de fevereiro de 2001, Mariana Domingues Orsi, nascida em 28 de junho de 1982 e Davilson Romanha Orsi Júnior, nascido em 30 de abril de 1984. Davilde Romanha Orsi, é a segunda filha de Flávio e Cleide e nasceu em 11 de julho de 1965.Casada com Júlio
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Rosa.. Tiveram dois filhos : Flávio e Flávia. Valdívia Romanha Orsi é a terceira filha e nasceu em 03 de novembro de 1967. Casou-se com Francisco Domingues. Hoje estão separados. Tem uma filha Mariana Orsi Domingues nascida em 12 de janeiro de 1988. Valdívia é auxiliar de enfermagem. Edilson Romanha Orsi é o quarto filho de Flávio e Cleide e nasceu em 20 de dezembro de 1972. Casado com Fernanda Elias Orsi. Tem uma filha de nome Luiza Elias Orsi nascida em 07 de fevereiro de 1992. Valdinéia Romanha Orsi é a quinta filha e nasceu em 30 de julho de 1974. Casou-se com Carlos Roberto dos Santos. Tiveram quatro filhos a saber : Alexander Orsi Santos nascido em 29 de outubro de 1993; William Orsi dos Santos nascido em 19 de abril de 1995; Vitor Orsi Santos, nascido em 15 de abril de 1998 e Lucas Orsi Santos, nascido em 07 de junho de 2003. Flávio é por muitos considerado o “ inventor “. Eu mesmo, em uma das minhas visitas ao Sítio, deparei-me com ele, defronte a uma mesa, onde o barro que saia da maromba era cortado no tamanho dos tíjolos, tentando fazer com que esse corte fosse automático com um arame que era controlado por um toca disco, ou coisa parecida. Não deu tempo de ver se deu certo. Hoje ele vive em uma das casas do Sítio, em sua parte, trabalhando com recuperação de máquinas agrícolas e industriais, com jato de areia, juntamente com alguns de seus filhos e netos. Gosto de conversar com o Flávio. Tem uma conversa gostosa, conta muitos “ causos “, não da maneira do pai,
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mas também muito alegres.Sempre me tratou muito bem e com muita educação e respeito. O segundo dos filhos do Tio Neluxo e da Tia Luzia é o Waldir Orsi, nascido em 29 de agosto de 1946 e falecido em 16 de agosto de 2004. Waldir casou-se com Geny Teles Orsi e tiveram dois filhos : Waldir Orsi Júnior nascido em 21 de julho de 1972 e Paula Teles Orsi nascida em 28 de julho de 1981. Waldir Orsi Júnior casou-se em primeiras núpcias com Gislaine Barra Orsi e tiveram dois filhos : Guilherme Barra Orsi, nascido em 13 de Agosto de 1993 e Sabrina Barra Orsi, nascida em 19 de março de 1997. Em segundas núpcias casou-se com Kely Cristina de Oliveira e tiveram um filho, Vinicius Orsi, nascido em 13 de fevereiro de 2002. Tive, a exemplo de todos os outros filhos do Tio Neluxo, boas e cordiais relações. Ele sempre ia na minha oficina, Mellocar, eventualmente para me ver e conversar e outras para arrumar alguma peça do trator. Certa vez, meu filho estava jogando o lixo da Oficina, com a caminhonete da firma, no local destinado para essa finalidade. Em determinado momento, pelo peso da caminhonete, ficou atolado. Debalde as inúmeras tentativas não conseguiu desatolar o veículo. Já cansado, sentou-se e viu ao longe um trator em movimento. Foi até lá e perguntou ao tratorista quanto cobrava para desatolar a caminhonete e teve como resposta – tal valor. O Tratorista foi até o local, desatolou a caminhonete e quando meu filho foi pagá-lo o Valdir disse : “ Para o filho do Afrânio eu não cobro nada e dê um abraço no seu pai.” Ele havia reconhecido meu filho
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e este não havia reconhecido o Valdir. O Valdir era assim, bom por natureza. Valdir, trabalhava com seu trator em muitas fazendas da região, fazendo aragens na terra para plantio, curvas em terrenos para evitar a erosão, entre outros afazeres. Ia, às vezes pousava no serviço, e voltava para casa sempre ao volante do seu trator. Um dia, em um desses trabalhos, Valdir, com o trator, passou por cima de um “ enxú ”. Não percebeu pois estava debaixo de um arbusto. Foi atacado pelas abelhas, correu, jogou-se dentro de uma lagoa na tentativa de salvar-se mas não conseguiu. Faleceu devido às inúmeras picadas que recebeu. Foi uma das mais tristes notícias que recebi. Recentemente seu filho, Waldir Orsi Júnior faleceu em um acidente de carro. Tereza é a terceira dos filhos do Tio Neluxo e Tia Luzia. Casou-se com Anésio Antunes. Algumas fotos do casamento estão no final deste texto. Anésio Antunes é falecido. Tiveram um filho, Luciano Orsi Antunes. Vez ou outra encontro o Luciano e sua esposa Érica. Luciano trabalha na Sabesp e também mora no sítio. É químico formado e no momento estuda, juntamente com a esposa, no curso de Administração de Empresas. O quarto dos filhos do Tio Neluxo e Tia Luzia é o Célio Orsi. Célio nasceu em 16 de abril de 1953. Casou-se com Ana de Jesus Moraes em junho de 1973. Tiveram um filho, Edivaldo Moraes Orsi nascido em 09 de fevereiro de 1976 que se casou com Maria Helena Belinassi Orsi em 25 de
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julho de 1998. Tiveram duas filhas, Larissa Belinassi Orsi, nascida em 03 de dezembro de 1998 e Gabriela Belinassi Orsi, nascida em 01 de fevereiro de 2000. Fui padrinho de casamento do Célio. Depois do casamento fomos todos ao sítio e participamos da festa. O Waldir e seus irmãos queriam repetir a história da Tia Bimba, que na casa do Tio Gigi, quando no casamento de um dos filhos dele, encheu o quarto de grilos e colocou os “ cincerros ” dos animais, amarrados na parte de baixo da cama e ao sinal do menor barulho, soltou rojões em comemoração. Não sei se deu certo pois fui embora antes. Muitos dizem que essa história da Tia Bimba é lenda. Pode até ser, mas como eu conheci a Tia Bimba eu acredito ser verdadeira. O quinto e último dos filhos do casal é o Ademir Orsi, que nasceu em 23 de agosto de 1956. Ademir casou-se em primeiras núpcias com Ednéia Aparecida da Silva e tiveram quatro filhos : Ricardo da Silva Orsi, nascido em 24 de maio de 1980; Eduardo da Silva Orsi, nascido em 04 de janeiro de 1986 e casado com Richielly Oliveira Orsi; Ademir Orsi Júnior nascido em 26 de fevereiro de 1985 e casou-se com Érica Tamura em 21 de julho de 2007 e, Debora Aparecida da Silva Orsi, nascida em 04 de novembro de 1989. Em segundas núpcias Ademir Orsi casou-se com Eliane de Oliveira e tiveram uma filha, Isabelle de Oliveira Orsi, nascida em 24 de maio de 1996.
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Algumas fotos da família do Tio Neluxo.
Ednéia, Ademir Júnior, Ricardo e Ademir Orsi
Ademir Orsi
Antonio Portela, filho da Tia Genóva, conduzindo Tereza em seu casamento.
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Casamento da Tereza com o Anésio Antunes. - O primeiro, da esquerda para a direita é o Frederico Weiss, sua esposa Diva e o filho do casal, em seguida o Anésio e a Tereza, depois o Seu Antonio Cardoso ( Nico) e Dona Zélia Maricato Cardoso, padrinhos de casamento da Tereza e as crianças são a Cristina e o Márcio, filhos do Seu Nico e Dona Zélia.
Casamento da Tereza, momento em que se preparavam para cortar o bolo. Da esquerda para a direita: Geny e o Valdir, em seguida Dona Emilia Antunes, mãe do Anésio, depois o Anésio e a Tereza, em seguida a Tia Luzia e o Tio Neluxo e, ao final, Seu Antonio Cardoso ( Nico) e Dona Zélia Maricato Cardoso.
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Flávio Orsi.
Edilson Romanha Orsi, filho do Flávio, Edivaldo Moraes Orsi, filho do Célio,Luciano Orsi Antunes, filho da Tereza e Waldir Orsi Júnior, filho do Waldir Orsi.
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Luciano Orsi Antunes, com 3 anos.
Tereza Orsi com 16 anos.
Uma das casas do sĂtio.
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Muitas histórias poderiam ser contadas. Muitas lembranças poderiam ser revividas. Muitas lições de vida e de trabalho escritas para as pessoas tomarem conhecimento. Uma lição fica, principalmente para este que escreve – alguns gostam de contar histórias, outros não, alguns querem que sua história seja contada, outros não, alguns entendem que não contando sua privacidade estará preservada, outros não. Tenho que respeitar os princípios, a posição e a vontade das pessoas que vêem as coisas de um modo diferente do meu.
Lembrança da missa de sétima dia do falecimento do Tio Neluxo.
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Os escritos traduzem muito bem quem ele foi. Muitas saudades. Dias passados a Zola Orsi (Isolina Santos Moura) telefonou-me e perguntou se eu queria uma das poesias do Tio Neluxo. De imediato respondi que sim e fui buscar. Há tempos estava atrás de uma de suas poesias. Falavam que ele tinha um caderno e tentei em vão ver esse caderno e não consegui.A Maria Margarida Mazarino, filha da Tia Ínice, em seu depoimento, fala muito bem dessas “poesias“. Aqui fica o registro de uma delas.
LUZES DIVINAS Neluxo.
Quando Deus fez o mundo Com amor e gentileza. Iluminou todo o Céu Com suas luzes da natureza Uma divina perfeição Essas luzes que não tem falta Para a noite deu luz baixa E, para o dia o Sol luz alta Santas luzes da natureza São no céu admiradas Deus quem fez essas belezas Na linda tela azulada
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No infinito estrelado A Lua com tamanho esplendor Ilumina o céu encantado Onde mora Nosso Senhor Ó dádiva divinas luzes Maravilhas do seu pensamento O Sol,a Lua e as estrelas Brilhando no firmamento
Deus nos livre se faltar
Essas luzes da natureza
Nós choraremos de saudades
E morreremos de tristeza
Vem a noite, a lua prateada, As estrelas brilhando ao redor Vem o dia com sua luz dourada Rica luz calorosa do Sol
São lindas as luzes da natureza
No Céu estarão permanentes
São brilhantes luzes divinas
Que Deus nos fez de presente
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Os agradecimentos As suas lindas luzes importantes São jóias no firmamento Brilhando como diamante
Nosso obrigado Senhor
Pelos presentes adorados
Pelas luzes do teu amor
No infinito azulado
As estrelas pequeninas Ajudam a Lua prateada Iluminar as colinas E as campinhas orvalhadas
De manhã o Sol nascente
Vem surgindo, pelos montes
A tarde rumo ao poente
Brilhando no horizonte
A dádiva divina querida Adorada com amor profundo És a luz que nos dá a vida Brilhando, ilumina o mundo
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Nosso Senhor adorado Maravilhoso seu pensamento Fêz tão lindo iluminado Todo o azul do firmamento
O gigante Sol luminoso Que estende ao mundo o mormaço Brilha por Deus Poderoso Na fibra azul do espaço
Naquela altura infinita Em que admiram os filhos seus São todas brilhantes e bonitas As dádivas de Deus
Obrigado Nosso Senhor Pela beleza do espaço Mandamos beijos de amor Com todo amor nosso abraço
Brilham as luzes do seu coração Coração sagrado e amoroso Nossa imensa gratidão Obrigado Ó Senhor Poderoso.
Tio Neluxo um grande abraço e o meu agradecimento pela boa relação de amizade, de respeito e de carinho que mantivemos.
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ALEXANDRE ORSI (B I M B O)
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Alexandre Orsi, é o último dos filhos do casal Pietro Orsi e Isolina Ramacciotti Orsi pois os outros filhos de Pietro Orsi foram com a irmã de Isolina, após o falecimento desta em 1914, Carolina Ramacciotti e que foram Armando Orsi e Isolina Orsi (Tia Néspola ). Alexandre nasceu em Itapetininga em 12 de abril de 1910. Tio Bimbo, por esse carinhoso apelido, diminutivo de “ bambino “ em italiano, que ele era conhecido e tratado por todos os da família, teve um nascimento difícil por problemas de saúde de sua mãe e que quase morre no parto e, a respeito disso, conforme uma história contada pela minha tia Dirce Franco Ferreira em 22 de julho de 2005, que ao telefone, preocupada com que essa parte não deixasse de ser escrita, passa os dados. Justifico a inclusão da foto abaixo, Isolina com o Tio Bimbo no colo, já destacada na primeira parte da história da Família Orsi, pois ela está profundamente inserida na história.
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“Pelos problemas que passou no parto, fez uma promessa para Nossa Senhora Aparecida que desse saúde a ela e ao seu filho recém nascido e que ele se fortalecesse e a partir daí não mais corresse risco de vida. A foto em questão é o agradecimento a Nossa Senhora Aparecida pela graça alcançada e que foi levada até a Igreja dessa Santa em Vila Aparecida. O fotógrafo pediu para que ela penteasse o cabelo já que ele estava todo desarrumado e ela disse que não pois a Santa não gostava de vaidade. Depois disso, Isolina Ramacciotti Orsi adoeceu acometida de febre tifóide, falecendo pouco tempo depois. Tio Bimbo e o Tio Neluxo foram criados pelas irmãs e pela Carolina, tia deles e segunda esposa do Pietro Orsi. Durante todo a vida os dois sempre disseram que foi a Tia Bimba a mãe deles.“ Tio Bimbo, como todos os seus irmãos, trabalhavam com o pai, na entrega de mercadorias que aqui chegavam pela Estrada de Ferro Sorocabana e que eram distribuídas na cidade de Itapetininga e vizinhanças pelas carroças, tipo “ cargueiros “, de Pietro Orsi. Sempre escutei uma história sobre a força nos dentes que o Tio Bimbo possuia e do que ele era capaz de fazer. Uma delas é que carregava nos dentes,pela ponta da sacaria, um saco de açúcar, desses que chegavam pelos vagões da estrada de ferro e que pesavam a bagatela de 80 quilos. Eu não tinha idade para ver e comprovar mas, bastou-me a palavra dos Tios Neluxo e Armando e das Tias Bimba e Ercília. Diziam que colocava a ponta de arreio na boca e mandava os irmãos puxarem. Não conseguiam tirar ele do lugar. Trabalhava ainda na Fábrica de Ladrilhos que existia nos fundos de sua casa e, depois, já como sócio de seus irmãos na Cerâmica e no Depósito de Materiais
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de Construção até o falecimento do Dante, ocasião em que ficou com 50% da Cerâmica e a outra parte com os herdeiros do falecido. A Cerâmica tinha por razão social o nome de Irmãos Orsi (Dante, Neluxo, Bimbo) até o ano de 1954 (falecimento do Dante Orsi) e posteriormente Orsi & Cia Ltda, onde ficou até o ano de 1973 quando se aposentou e,junto com os sobrinhos, vendem a firma. Como seu pai sempre teve condução, primeiro as carroças e já no ano de 1923 possuia um caminhão e que toda a família afirma que era o primeiro caminhão de Itapetininga [deve ter existido muitos outros na mesma época ], Tio Bimbo sempre estava por perto deles [ veículos ] e consta ter sido o primeiro dos Orsi a ser motorista de caminhão, seguido pelos filhos do Dante : Hermenegildo, João e Hélio. Existem diversas fotografias, muito pequenas, de difícil reprodução devido a estarem quase sumindo suas imagens e já inseridas em outro lugar desta história, em que o Tio Bimbo levava a todos pelos piqueniques que a família sempre fazia no sítio do Tio Neluxo e em outros locais. O que se vê ? O caminhão sempre está na foto e o Tio Bimbo ao lado dele como quem estivesse cuidando do veículo. A respeito de caminhão existe uma história na família, que todos sabem e contam de formas diferentes, que durante a Revolução de 1932, a “ Constitucionalista ” o Governo Paulista, pelas dificuldades de locomoção e falta de veículos, estava “ tomando emprestado “ caminhões para o transporte de tropas e de suprimentos aos soldados, comida e munição e, o Pietro Orsi sabendo disso e com medo de perder o seu caminhão, determina aos seus filhos, “ Batalhão Orsi “, que enterrassem o caminhão. Vão todos a um sítio, não se sabe onde e nem de quem, e cumprem a
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ordem, cobrindo o mesmo com panos, galhos e deixando uma passagem que dava acesso à cabine do caminhão e a tarefa de todo dia,que era fazê-lo funcionar, ficou a cargo do tio Bimbo. A exemplo de seus irmãos é registrado na firma da família e cujo registro, por gentileza da Maria Elisa, neta do Dante Orsi, reproduzo abaixo. Folhas 12, Livro 1, registro como Chofer em 1º. de junho de 1941 e com salário de Rs 300.000 réis.
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Tio Bimbo, já moço, conhece uma moça chamada Zulmira, que era de Sorocaba, que estava sendo criada pela Chiquinha Meira, prima do meu avô Francisco Corrêa Franco. O namoro seguia na vida dos dois e o casamento foi marcado com bastante antecedência. Nesse ínterim, Zulmira ficou doente acometida de um dos terríveis males daquela época — tuberculose. Como D.Chiquinha Meira trabalhava fora, era telefonista, a Tia Dirce, por um trato familiar, ficou com a tarefa de levar, todo dia, o almoço da Zulmira e a ordem era de bater à porta, deixar a comida e voltar para casa. A Zulmira foi piorando e o casamento chegando. Tio Bimbo, assume a palavra dada e no dia aprazado, casa com a Zulmira, em casamento celebrado pelo Padre Brunetti. Zulmira, muito doente, faleceu poucos dias após o casamento. Tempos depois, já com 28 anos, conhece Arminda de Campos, nascida em 25 de dezembro de 1918, com quem casou-se em 18 de julho de 1938. Tia Arminda faleceu em 24 de agosto de 1987.
Foto do ano de 1950, time dos Gordos no famoso confronto de Itapetininga entre os Gordos e Magros.
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Na foto anterior, figuras de destaque da comunidade: em pé, da esquerda para direita - o mais famoso policial da cidade, Belarmino, Pedrinho do DER, o Lingüiça, figura das mais conhecidas de Itapetininga, o Tio Bimbo, Argemiro Toledo, Leôncio, o Jurandir da Linda Mesquita e da Transportadora Itapetininga. Agachados na mesma ordem: Pedrinho, Antoninho, Mimi, Tenente (família Tatá) e Petraco. [ Para identificar as pessoas que estão na foto, já que não me lembrava e nem conhecia algumas, fui até a casa do Argemiro de Toledo Filho, o Miro, famoso pracinha itapetiningano na FEB, sendo o primeiro pracinha brasileiro a entrar na cidade de Montese na Itália no dia de sua libertação. Foi homenageado recebendo um título da cidade de Montese. Miro, nessa visita que lhe fiz, me entrega um documento raro da família do Tio Bimbo — a carta de motorista do ano de 1925 e que no final deste texto reproduzo e comento. ] Com Tia Arminda teve 3 filhos a saber : Romilda Orsi, falecida com 2 meses de idade; Isolina Orsi, apelidada de Nena, que contrai paralisia cerebral, vindo a falecer em 1958. Tio Bimbo, contam os familiares, toda vez que chegava do serviço, tomava um bom banho e depois, com a Nena no colo, sentava-se à porta de entrada da casa, ficando os dois brincando com todos os que passavam e uma delas [ só entre eles ] era o de dar apelidos aos que passavam e ninguém ficava sabendo porque os dois riam tanto. O terceiro e último filho, é o Clóvis de Campos Orsi, nascido 06 de maio de 1951.
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Tio Bimbo, Tia Arminda e a Nena, segunda filha do casal.
Tio Bimbo em um determinado tempo de sua vida morou na rua Saldanha Marinho, muito perto de minha residência e nessa época eu trabalha na loja de roupas e regularmente eu o via e a Tia Arminda também. Vou contar uma história que foi segredo até este momento: Tio Bimbo roncava muito e bem alto e toda vez em que eu vinha dos bailes do Recreativo e Venâncio para casa, parava na janela do Tio Bimbo, escutava o seu ronco e em seguida, com gritos, o chamava “ Bimbo, Bimbo, Bimbo“, quando escutava movimento no quarto saia correndo e entrava em casa. Ele deve ter ficado muito bravo cada vez que isso acontecia. Se ele estivesse vivo, contaria que era eu quem fazia isso e que arrependido, estava me desculpando com ele e Tia Arminda.
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Clóvis fez seus primeiros estudos no então Grupo Escolar “ Cel.Fernando Prestes ”, depois na Escola Estadual “ Prof. Modesto Tavares de Lima ” e depois no Instituto de Educação “ Peixoto Gomide ” . Hoje, Clóvis, é Professor de Química lecionando na rede pública e em colégios particulares como o Anglo e Sistema Etapa, na cidade de Avaré, onde mora com sua família.
Dos estudos no “ Cel. Fernando Prestes” de Itapetininga, ficaram as boas lembranças e a “ famosa ” foto. O ano era 1960 e Clóvis tinha 9 anos de idade. Clóvis, continuou seus estudos em Itapetininga, terminando o Curso Científico, no Instituto de Educação “ Peixoto Gomide ” . Nesse tempo os alunos que estudavam nessa Escola usavam no bolso da camisa uma tarja colorida para diferenciar os alunos, identificando-os pelos cursos que faziam : tarja vermelha, Curso Científico, tarja amarela, Curso Normal. Era o final da estrada educacional em Itapetininga e todos aqueles que podiam
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continuavam seus estudos fora de Itapetininga e os que não podiam iam correr atrás de um bom emprego. Tem uma foto da formatura do Clóvis em que está com um outro parente meu, o Pedro Pires de Almeida Neto, filho do Carlos Pires de Almeida, o Carlitos, que trabalhou no Peixoto Gomide e neto da Chiquinha Meira, prima do meu avô Francisco (Sinhô) Corrêa Franco. Pedrinho, nos dias atuais, é dentista em nossa cidade e quando jovem trabalhou comigo no Banco do Commércio e Indústria de São Paulo S/A. Jogava futebol muito bem. Seu irmão Josias, foi meu grande amigo e companheiro de trabalho na Magister Magazine. Há muitos anos não o vejo e sei que reside em Avaré. Gostaria de lhe dar um bom e saudoso abraço.
Clóvis de Campos Orsi e Pedro Pires de Almeida Neto.
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Dia destes, estive na indústria de roupas “ Surf Many“, onde fui conversar com um de seus proprietários, Zenon Galvão, para lhe pedir um favor. Até chegar ao pedido do favor muita conversa rolou dos nossos tempos de infância, onde eu, morando em uma casa na Rua Saldanha Marinho e ele, por perto do Instituto Imaculada Conceição, sempre nos encontrávamos, juntamente com seus irmãos, José Carlos e Renato, o Quinzinho, o Soto, falecido muito jovem, entre tantos outros, no campo de futebol que existia onde hoje é a Quadra Poliesportiva Mário Carlos Martins, o Centro de Saúde, o Instituto Nacional de Securidade Social e a Casa da Agricultura, sendo todo aquele espaço um enorme descampado, onde corria solto, jogo de futebol, bolinha de gude, empinar papagaio e, para alegria de todas as crianças, uma boa bica d’água, onde saciavam a sede e as mulheres lavavam roupa. No meio da conversa, mostra-me uma foto do time da Willys, de mais ou menos 1965, pedindo que identificasse alguns de seus membros. De cara cometi uma “gafe“, identificando o seu irmão José Carlos quando na realidade era o Zenon, reconheci alguns parentes e outros amigos. Saí agradecido duplamente, em primeiro pelo favor, de pronto atendido e, em segundo, pela foto que reproduzo ao lado, estando em pé da esquerda para direita: Toninho Espinho, Zenon Galvão, Cardenas [sua irmã Cecilia casou-se com o meu tio Pedro Corrêa Franco], o Antoninho Papagaio [ Antonio Orsi, nosso primo, filho da Amália Orsi ], o Igê, [ irmão do Antonio Mineiro e da Aparecida Gomes que casou-se com o meu tio Geraldo Corrêa Franco], Roberto Estevam, Paulinho Mazzarino [filho do primo Paulo Mazzarino e neto da Ignez Orsi]. Agachados na mesma ordem : Tenente, Palito, Irani, Fanaro, [filho do meu amigo Antonio Fanaro] e o Clóvis Orsi [filho do Tio Bimbo].
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Clóvis conheceu Ana Maria Pechio de Menezes, nascida em 25 de julho de 1952 e com ela se casou em 29 de dezembro de 1973. Ana é jornalista e escritora. Como jornalista trabalhou nos jornais de Itapetininga : “ Folha de Itapetininga ”, “A Gazeta”, “ Os Colunáveis” e a “ Tribuna de Itapetininga”. Como escritora já editou o livro de poemas “Perfil“ e em agosto ou setembro de 2005 estará lançando mais um livro sobre crônicas. De sua união com Ana nascem 3 filhos: Eduarda Luciana de Menezes Orsi, nascida em 11 de abril de 1974 na cidade de Avaré. Duda como é tratada pela família e amigos, estudou na Escola Estadual “Cel. Fernando Prestes ” em Itapetininga, depois na Escola Estadual “ Cel. João Cruz “ em Avaré e por última fez a Faculdade de Ciências e Letras de Avaré e hoje é Professora de História, trabalhando ativamente na área. Duda casou-se com o comerciante Marcelo Salsoni Machado, nascido em 25 de outubro de 1972 na cidade
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de São Paulo. Dessa união nascem as netas do Clóvis e da Ana, Mariana Orsi Machado nascida em 28 de junho de 1993 e Lara Orsi Machado, nascida em 09 de julho de 1998, ambas na cidade de Avaré. Clóvis Augusto de Menezes Orsi, o segundo dos filhos de Clóvis e Ana, nasceu em 26 de fevereiro de 1976 na cidade de Avaré. A exemplo da irmã Duda estudou nas mesmas escolas em Itapetininga e Avaré, à exceção da faculdade. Clóvis Augusto, o Guto, como todos nós o conhecemos, fez a Faculdade de Direito na Fundação Karnig Bazarian em Itapetininga. Fez concurso para Delegado de Polícia no Estado de São Paulo, é aprovado e passou a exercer sua profissão na cidade de São Paulo. Residiu, enquanto lá estava, no apartamento da Maria Margarina Mazzarino. Hoje é Delegado de Polícia da vizinha cidade de Capela do Alto. Clóvis é solteiro e hoje reside na casa do nosso bisavô Pietro Orsi em companhia da tia Néspola. No momento está estudando para o concurso de Promotor de Justiça. A família guarda com carinho uma série de fotos, de algumas datas que marcam bastante a união familiar. Vamos ver às páginas seguintes algumas delas. A primeira é uma foto tirada em 25 de julho de 1976, dia do batizado do Clóvis Augusto, e nela podemos ver a Zilda Jordão, Clóvis Orsi, Maria Margarida. Mazarino, Tio Pinoti e Tia Ínice, Tia Arminda e o Tio Bimbo, Tio Manuelito, Ana e Duda e a Tia Argentina.
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Foto da 茅poca do batizado do Guto em que na foto aparece com sua av贸 Arminda e, seus pais, Cl贸vis e Ana.
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Tio Bimbo , Tia Arminda e a Duda . Dia do batizado do Guto.
Tio Bimbo , Guto e Duda em abril de 1976.
O último dos três filhos é o Alexandre Orsi Netto, nascido em Avaré em 13 de setembro de 1977. Que bom, leva o nome do Tio Bimbo. Bela homenagem que o Clóvis presta ao seu pai. Fez o mesmo caminho de seus irmãos
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nos primeiros estudos e na faculdade acompanhou o Guto, formando-se em Direito e hoje atua como Advogado em Avaré. No momento é solteiro e reside com seus pais. Apesar de todos os filhos de Clóvis e Ana terem nascido em Avaré, foi em Itapetininga e no mesmo Grupo “ Cel. Fernando Prestes “ que todos estudaram, antes de voltarem a Avaré em 1987. Desse tempo, dezembro de 1984, ficaram as fotos da formatura do Alexandre e, talvez, as últimas do Tio Bimbo e da Tia Arminda, pois a Tia Arminda faleceu em 24 de agosto de 1987 e o Tio Bimbo em 25 de janeiro de 1989. Pena que quando lá estudaram os filhos do Clóvis, já não mais existissem os “ cineminhas ” do Seu Mimi, o mais famoso “ESCOTEIRO” de Itapetininga. Talvez o Clóvis se lembre. Fica o registro e a saudade do Seu Mimi. A seguir as fotos.
Formatura do Alexandre no “Fernando Prestes “. Ana, Alexandre e Clóvis em um dos bons momentos da família.
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Tio Bimbo, Tia Arminda e netos, Alexandre, Clóvis Augusto e a Duda.
Guto, Alexandre e Duda em um dos muitos momentos na casa da Tia Néspola, em Itapetininga. A foto é de mais ou menos 1994.
Voltando à foto do time dos Gordos, quando visitei o Argemiro Toledo Filho para identificar os componentes é que recebi um importante documento referente ao Tio Bimbo, que comprova as “ conversas “ familiares de que ele foi o primeiro da família a tirar carta de motorista,
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como dito anteriormente, vou reproduzir de ora em diante esses papéis e que de uma forma, também são históricos. Vejamos :
Attestado de Exame (com o T dobrado), Conductor de vehiculos e entre parênteses (e é pessoa idonea). Será que era o Atestado de Idoneidade da época ?
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Licença Provisória emitida pela Câmara Municipal de Itapetininga, datada de 26 de agosto de 1925, Carta número 162, Registro 1037 de 31.08.1925. Interessante e diferente dos dias de hoje é que quem emitia a autorização era a Câmara Municipal e não a Delegacia de Polícia. Vejam que até aquela data as palavras francesas estavam no nosso dia a dia. “ Licença para Chauffeur “. Pelo dicionário a tradução pode ser foguista e motorista.
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Segunda parte da Licença emitida pela Câmara Municipal. Notem que a idade do tio Bimbo inserida no documento é de 18 anos. Nessa data ele tinha 15 anos pois nasceu em 12 de abril de 1910. Engano ou necessidade na época para o trabalho ?
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O tão sonhado documento. Carta número 118 (diferente da provisória que foi número 162). Notem que o documento tinha que ter o visto do Prefeito. Acho que era para evitar influências.
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Duda e Guto.
Duda e Alexandre na formatura. [ Direito – FKB em Itapetininga ]
Hoje, 07 de setembro de 2005, recebi a visita do Guto que trouxe as últimas fotos da família e o livro “Busca“, da Ana, com uma dedicatória especial que não poderia deixar de reproduzir e selar o final da história do Tio Bimbo.
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“ Afrânio, para você, uma dedicatória diferente : Palavras ao vento brincando no ar tecendo resquícios de rima palavras soltas curtas, longas pouco importa é o momento é o instante que não volta rima com revolta de não poder plenamente viver para tecer restos da rima retalhos da poesia para poder beber nas palavras nos momentos poder correr percorrer os minutos dessa inesgotável incansável vontade de viver !! através do Escrever ! É isso Afrânio ! Essa “ Busca ” é apenas uma busca atrás da Vida, podendo “ Buscar “ belas coisas através da Escrita. Para você, “ Busca ”. Abraços da Ana Maria Avaré — 04.09.05 ” Ana, muito obrigado.
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A foto acima retrata muito bem um dos grandes momentos da família, emoção, orgulho, felicidade e alegria estão presentes na fisionomia e no sorriso de cada um. Esta foto foi tirada no dia do lançamento do livro editado pela Ana. Da esquerda para direita : Lara, Duda, Clóvis, Guto, Alexandre, Mariana, Marcelo e, sentada, a Ana. Tio Bimbo, Tia Arminda, Clóvis, Ana, Duda, Guto, Alexandre, Marcelo, Mariana e Duda, eu vou continuar “ buscando “ através da escrita a nossa história.
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SANTINO ORSI
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Santino Orsi nasceu em Santa Andréa di Compitto, “ frazioni “ de Capannori e pertencente a Lucca, Itália, em 23 de março de 1884 e faleceu em Votorantim, Estado de São Paulo, Brasil, em 06 de outubro de 1938. Sua história começa a ser contada 110 anos após seu nascimento e 71 anos após o seu falecimento, depois de um contato que fiz com o Ernesto Cattani, filho da Antonieta Orsi Cattani, uma das filhas do Santino Orsi em outubro de 2004.
Santino Orsi, esposa e filhos.
Não tenho a data da foto.( Acredito que seja por volta de 1925/1930) Logo após o telefonema, sua filha, Cecilia, me envia uma mensagem eletrônica em data de 21 de outubro de 2004 com a seguinte redação : “Olá Afrânio. Estou escrevendo porque você ligou na casa de meus pais a respeito do assunto “ Familia Orsi “, e meu pai disse que você gostaria de alguma informação que eventualmente eu pudesse ter, o que na verdade não é muita coisa.Mas ficarei
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feliz se puder ajudar de alguma forma. Gostaria de saber qual sua ligação com a Família Orsi e no que posso ajudar. Caso ache melhor conversar por telefone, estou em casa à noite, a partir das 20:00 hs, e também foi pedido para que eu lhe passasse o telefone do Luiz Orsi. Aguardo a resposta. Cecilia. “ Na mesma data, 21 de outubro de 2004, às 22:12 hs, eu respondi à sua mensagem: “ Oi Cecilia. O seu bisavô Santino Orsi é irmão do meu bisavô Pietro Orsi. Tenho certidão do Museu do Imigrante sobre a entrada de Luigi e Zita Orsi no Brasil.O navio e a data em que chegaram. Vieram junto com eles a Georgia Setiminia, o Attílio e o Santino. Tenho uma foto de mais ou menos 1930 do Santino, a esposa e todos os filhos nascidos até essa época.Estou escrevendo sobre o meu bisavô Pietro e já dediquei espaços ao Santino Orsi. Tenho um foto de sua avó Antonieta bem moça e do Humberto ainda criança. Se você ou outro descendente do Santino Orsi quiser enriquecer a nossa história com mais informações mande-me o que tiver ( memórias do seu pai, de outros tios, primos, etc...). Fotos familiares (pode ser foto ou enviar por e-mail, se enviar as fotos eu as escaneio em casa e depois devolvo), documentos etc... Envio três fotos para aguçar você. Só tem essa e é do arquivo da Maria Margarida Mazzarino, uma neta do Pietro Orsi e nossa prima.(Pietro,Júlio Pucci, Santino e Humberto).Tenho documentos originais da Itália, entre outros. A Zita Orsi, consta que faleceu em Sorocaba, por volta de 1920 a 1925 e que morava com o Santino. Estou à procura de sua certidão de óbito.Trata-se da mãe do Santino. A certidão de óbito do pai, Luigi, eu tenho e existem fatos curiosos sobre o seu falecimento. Passei o meu telefone ao seu pai e sua mãe.Abraços a eles e a você. Afrânio. “
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Logo no dia seguinte : recebo mensagem da Cecilia com algumas fotos e em seguida respondo à sua mensagem: “ Bom dia Cecilia. Estava sem sono e estou escrevendo e trabalhando desde às 05hs. Recebi sua mensagem com as fotos, o que me deixou bastante emocionado e contente. Tenho todas as informações que você quer da família, inclusive com certidões recebidas da Itália. Temos um primo Orsi, residente em Milão e outra prima mora na Suiça, é a filha da Catib e do Toninho Portela, residente em Sorocaba e outra na Inglaterra e é esta que tem passado na Itália tirando fotos e documentos que está precisando para a sua cidadania italiana e aproveitam para suprir o nosso livro de informações. Tenho muitas fotos dos Orsi de Itapetininga e pouca dos de Sorocaba. O que preciso agora que está disposta a ajudar : Nome dos filhos do Santino,por ordem de nascimento e, se possível, com as datas; Com quem casaram esses filhos e quem são os netos do Santino; Fotos; Todo tipo de informação em nome da Familia Orsi. ( do tipo formação profissional, escolar, etc... Venha qualquer fim de semana me visitar e poderá ver o material que já tenho. Que bom que estamos nos correspondendo e nos conhecendo. Segue anexado 3 fotos. A Igreja de Santa Andréia é onde os nossos bisavós foram batizados. Que emoção hem ? Abraços. Afrânio “ Em 04 de fevereiro de 2005, recebi nova mensagem da Cecilia : “ Oi Afrânio. Tudo bem? Como é que está o andamento do seu livro? Bem,gostaria de poder lhe mandar até este final de semana os dados dos filhos do Santino, mas não sei se será possível, faltam datas da Zilda e do Valdemar, este último, o mais novo dos filhos do Santino, mas já falecido,teve apenas um filho, que, a propósito, chama-se Santino Orsi Neto, que
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não mora mais em Sorocaba e eu ainda não consegui localizálo.Também já consegui algumas fotos.Você poderia confirmar o número do seu telefone? O Luiz Orsi tentou te ligar algumas vezes e não conseguiu falar com você.Com as pessoas da família com quem falei a respeito do seu livro, todos parabenizaram sua iniciativa. Depois de mandar os dados mais objetivos, vou ver se consigo obter como que uma pequena biografia das pessoas citadas, acho que vai ser difícil fazer isso, mas vou tentar.Como é que você está desenvolvendo,ou, se for o caso, desenvolveu o livro? Por favor, dê notícias..... até o final de semana te mando as outras fotos que consegui, preciso ainda digitalizá-las. Um abraço Cecilia. “ Na mesma data respondi sua mensagem : “ Oi Cecília. Estava com saudades suas.Que bom que está “ correndo” em busca de informações.As vezes é um pouco difícil mas em pouco tempo verá que é bem agradável descobrir “ coisas “ de nossos antepassados. Meus telefones são. ....... Outra hora conto como idealizei o “ livro “. Abraços – Afrânio. “ Em data de 2 de março de 2005 envio a seguinte mensagem à Cecilia : “ Cecilia, fiquei muito contente com os arquivos que você enviou. Muito boa a reportagem sobre o Luiz Orsi. Adorei a Igreja. As demais fotos estão boas. Espero que complete as informações faltantes.Percebi que gostou de estar envolvida com esse trabalho.É bom, gratificante e saudável.Muitas vezes choro em cima das mensagens que recebi.Algumas vezes por me lembrar das pessoas que há muito não vejo, outras que já se foram e, principalmente o que perdi não conhecendo as outras.O livro vai indo, ao poucos, as dificuldades de informações são muitas.Tia Ercília,Bimba,Genóva,Argentina, já se foram. Devem estar muito bem. A única viva dos filhos do Pietro
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Orsi é tia Néspola(Isolina Orsi), que está com 90 anos.Estou terminando o escrito sobre o Dante Orsi o primeiro dos filhos do Pietro Orsi. Abraços-Afrânio. “ Desta última mensagem passaram-se 2 anos e em 05 de abril de 2007 recebi nova mensagem da Cecília : “ Olá Afrânio. Tudo bem? Há quanto tempo? Bem, hoje, véspera de feriado, estou colocando coisas em dia, como escrever e-mails que há tempos quero enviar, e um deles é justamente para você. A essa altura, você já deve até ter publicado o livro da Família Orsi.Bem, por favor, mande notícias.Aproveito o e-mail para desejar uma Boa Páscoa a você e toda sua família. Um abraço. Cecilia.” Em 10 de abril de 2007 eu respondi com a seguinte mensagem : “ Oi Cecília. Dia desses pensei em você.Como eu estou em Sorocaba toda segunda-feira gostaria de conhecê-la pessoalmente. Obrigado pela lembrança.Só hoje abri minhas mensagens e agradeço os desejos de Boa Páscoa. Um pouco tarde, mas para você e família que o espírito da Páscoa perdure no seu meio. Abraços, Afrânio. “ Em 20 de abril de 2007 veio a resposta : “ Oi Afrânio. Tudo bem? Estive em Itapetininga nesta sexta-feira, à tarde, mas como resolvi ir de repente, já que minha irmã que é advogada precisava ir ao Fórum daí e me convidou em cima da hora, só deu tempo de pegar seu número de telefone antes de sair daqui. Liguei para você assim que saímos do Fórum, mas infelizmente você não estava e não voltei a ligar porque estávamos com pressa de voltar.... então, o “ oi “ fica para outra vez... Quanto a você estar toda segunda-feira em Sorocaba, vou deixar meu número de celular. .......... também gostaria de conhecê-lo, e o mesmo posso dizer de meu pai, que
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quer muito conhecer você e as possíveis fotos antigas que você possa ter. E, se você achar que é possível, poderíamos combinar algum sábado, daí gostaria de levar meu pai à Itapetininga por que ele sempre fala do “ casarão “ que ele ia quando criança e gostaria de rever a tal casa onde moravam as primas da minha avó.Essa casa ainda é da família? Seria possível visitá-la? Por estes dias meu pai ficou sabendo que a única prima da minha avó que ainda era viva, faleceu há alguns meses... ele ficou muito triste por saber, já que ele gostaria de ter feito uma visita a ela. Tenha um bom fim de semana! Um Abraços. Cecìlia. “ Foi a tia Néspola que havia falecido há pouco, com 96 anos de idade. Em 26 de maio de 2007, após longa conversa com o Hélio Orsi escrevi a mensagem abaixo : “ Maria Cecilia. Hoje conversei bastante com o Hélio Orsi.Muitas lembranças foram faladas.Histórias de vida contadas, algumas do Hélio e outras do Luiz. Falou-me que seu pai foi operado e colocou marca-passo.Eu já tive infarto e operei o coração.Precisamos marcar alguma coisa antes que esfrie a vontade de escrever.Abraços. Afrânio.” Em 23 de fevereiro de 2008, recebi a mensagem da Cecília : “ Oi, Afrânio. Tudo bem? Conforme conversamos por telefone, estou passando o endereço dos meus pais : rua tal, número tal, Vila tal, telefone tal. Sorocaba. Na segunda-feira, posso tentar sair do meu trabalho por volta das 16:00 hs, se você achar que é possível neste horário, deixo combinado com meus pais.Daí, todos podemos, finalmente, nos conhecer. Se você achar que está OK, aguardo sua confirmação. Um abraço. Cecília. “
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Dia 24 de fevereiro de 2008, respondi : “ Olá. Boa Noite. Cheguei agora da igreja. Fomos, eu e minha esposa, comemorar os nossos 37 anos de casados. Amanhã,se possível, no horário que você anotou estarei telefonando para confirmar se posso ir. Abraços. Afrânio.“ Dia 25 de fevereiro de 2008, às 00:17 hs Cecilia me responde : “ Boa Noite, Afrânio. Parabéns pelos 37 anos de casados! Felicidades ao casal.Quem sabe, então, até segunda à tarde! Um abraço. Cecília. “ Nesse dia marcado, 25 de fevereiro de 2008, passei na casa do Ernesto Cattani, sobrinho do famoso goleiro do Palmeiras, OBERDAN CATTANI, momento em que o conheci, a sua esposa SRA. ESTER e a sua filha, MARIA CECÍLIA CATTANI. Não pude conhecer a outra filha. Gostei muito da casa. Antiga, bem reformada, mais de um pavimento, muito verde, cômodos espaçosos e bem ventilados e, isso tudo, aliado às pessoas simpáticas, agradáveis e muito educadas que me receberam muito bem. Passei mais ou menos uma hora e meia trocando figurinhas ( histórias ) antigas de nossos antepassados. Ernesto mostrou-me o livro, autografado pelo autor, da vida do OBERDAN CATTANI, seu tio. Tinha que ir embora. Triste por não poder ficar mais, mas me fez muito bem, a conversa e o conhecimento desses parentes. Santino chegou ao Brasil em 23 de agosto de 1892, juntamente com seus pais, Luigi e Zita Orsi e seus irmãos Giorgia Settiminia e Attilio Orsi. Contava 8 anos de idade e vieram embarcados no navio de bandeira italiana “ MENTANA “.
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Quando estava escrevendo sobre a vinda ao Brasil do Luigi Orsi e seus familiares na parte inicial desta obra, não encontrei nada sobre o navio a vapor “ MENTANA “. Agora quando escrevo sobre o Santino Orsi, encontrei foto e histórico. Não encontrava nada antes em virtude do navio ter tido diversos nomes antes do “MENTANA” e que foram: “ TEUTONIA” quando a Companhia de Transportes Marítimos a Vapor HamburgoBrasileira (HAMBURG-BRASILIANANISCHE PACKETSCHIFFAHRT) não conseguiu sobreviver no transporte regular de passageiros ao Brasil. A Hamburgo-Brasileira iniciou sua valiosa e indispensável concessão e seu primeiro navio, de uma frota que contou com três unidades, chamou-se “ Teotônia “, e foi encomendado a estaleiros ingleses. Não se deve confundir a Hamburg-Brasilianische Packetschiffahrt Gesellschaft, sobre a qual estou tratando, com a Hamburg-Brasilianische Dampfschiffahrts, a qual foi a precursora da hoje mundialmente conhecida Hamburg-Sud, que surgiria 13 anos mais tarde, em 1869. Lançado ao mar em Grenock, Inglaterra, o Teutônia media 86 metros de comprimento por 12 metros de proa e tinha 2.693 toneladas de arqueação bruta. O navio tinha seu casco construído em ferro, três mastros com vela, uma chaminé, sua proa era tipo “Clipper“ e a popa, elíptica. O maquinário a vapor desenvolvia 1.300 cavalos, o qual, acionado a uma hélice e associado ao velame, davam-lhe uma velocidade de 10 nós( 18,5 quilômetros horários). Tinha uma tripulação composta de 80 homens, as acomodações para passageiros dispunham de alojamentos
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para 54 pessoas na primeira classe, 136 na segunda, além de 310 em salões dormitórios, que se destinavam aos imigrantes de baixa renda. Lançado ao mar em 23 de novembro de 1856, saiu de Hamburgo em viagem inaugural ao Brasil em 20 de dezembro de 1856, com escalas em Southampton (Inglaterra), Lisboa (Portugal), Recife,Salvador e Rio de Janeiro. Na sua época, o combustível era o carvão e a escala em Lisboa era alternada com São Vicente, no arquipélago português de Cabo Verde. Era a escala mais movimentada e demorada da viagem,pois,além do embarque dos passageiros, procedia-se também o fornecimento de carvão suficiente para a travessia do Atlântico até a chegada ao Rio de Janeiro; os víveres indispensáveis e perecíveis para alimentação de todos a bordo eram também aí embarcados,sendo que a viagem redonda, de Hamburgo ao Rio de Janeiro e de volta a Hamburgo, demorava três meses, aproximadamente. O Teutônia fez somente cinco viagens ao Brasil. Sua última saída de Hamburgo foi em 20 de outubro de 1857 e pode ser registrada como um recorde. Cinco dias mais tarde, largou de Southampton, tendo a bordo 196 passageiros, porém jóias e dinheiro declarados no valor de 40 mil libras esterlinas, 1000 toneladas de carga destinadas ao Brasil. Compunham o maior carregamento de que se teve notícia na época na linha para a América do Sul. Em 21 de outubro de 1858, o Teutônia foi entregue à armadora alemã Hamburg-Amerika Linien e manteve seu nome, permanecendo desarmado em Hamburgo durante
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os nove meses seguintes, como navio reserva da frota dessa empresa.Sua primeira viagem para Nova Iorque (Estados Unidos) ocorreu em 15 de julho de 1859, permanecendo nessa rota até 1877, quando foi vendido à empresa britânica Dominium Line, de Liverpool (Inglaterra), e colocado no serviço de transporte de passageiros dessa cidade inglesa a Nova Iorque. Em 1884, após uma breve passagem pela armadora britânica Baker, e que o explorou, por um só ano, foi adquirido pela armadora italiana F.Graggino, de Gênova, que o rebatizou com o “ REGINA”. Já velho e com os incrementos da engenharia naval de então, seguiu-se um período de vendas e compras entre as armadoras italianas da época, tendo recebido os nome de “PIEMONTESE” em 1889, “ CITTÁ DI SAVONA” em 1890 e, finalmente, “ MENTANA”, em 1891, nome com o qual entrou para a História, ao ser demolido na Itália, no ano de 1894.
Fixaram residência em Itapetininga, morando todos juntos no início da Rua Capão Alto, hoje Alfredo
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Maia. Em 1896 em requerimento à Câmara Municipal de Itapetininga, Luiz Orsi pede que a mesma autorize a venda de uma “ dacta “ defronte o portão da Sorocabana. Licença concedida e os recursos foram obtidos com uma hipoteca com o Capitão João Jacinto de Almeida, no valor de 1:130$000 ( um conto, cento e trinta mil reis ).Com esses recursos, seu pai Luigi,sua mãe Zitta e seus irmãos, Attilio e Giorgia Setiminia passam a morar nesse endereço. Logo em seguida em 05 de junho de 1899, novo pedido à Câmara Municipal de Itapetininga, com a finalidade de se estabelecerem com uma fábrica de pão. Licença autorizada em 04 de julho de 1899 e se estabelecem no inicia da rua Capão Alto, onde residiam anteriormente. Daí, talvez, tenha iniciado a sua profissão como padeiro e passado ao seu filho Luiz onde ele em depoimento a um jornal de Votorantim diz ser essa a sua verdadeira profissão. Santino Orsi casou-se com Corina Nardini Orsi, italiana, nascida em Massa Carrara, em 20 de fevereiro de 1887 e esta faleceu em Sorocaba em 26 de outubro de 1969. Dessa união nasceram 10 filhos, a saber : 1 – Luiz Orsi, nascido em Itapetininga em 15 de junho de 1905. Casou-se com Armerinda Nair Orsi e faleceu em Votorantim no dia 25 de setembro de 1987. Teve um filho: 1-1 Élio Orsi 2 – Zilda Orsi Barragan, nascida em Itapetininga e falecida em Sorocaba, casou-se com José Firmino Barragan;
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3 – Antonieta Orsi Cattani, nascida em Itapetininga no dia 13 de junho de 1909 e falecida em Sorocaba em 11 de setembro de 2003. Casou-se com Lourenço Cattani e com ele tiveram 13 filhos a saber : 3-1 Ernesto Cattani;
Cecícila - Cristina - Eduardo - Enrico - Sílvia - Esther - Ernesto Ernesto Jr.
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3-2 3-3 3-4 3-5 3-6 3-7 3-8 3-9 3-10 3-11 3-12 3-13
Pedro Cattani; Primo Cattani; Milton Cattani; José Cattani; Dina Cattani; Tereza Cattani, falecida ainda criança; Maria Aparecida Cattani Marli Cattani; Rosemari Cattani; Sueli Cattani; Vera Lúcia Cattani; e Leni Cattani;
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4 – José Orsi, nascido em Itapetininga em 11 de fevereiro de 1914 e falecido em Votorantim em 20 de julho de 1999. Foi casado com Romilda Clotilde Pierucci Orsi. Tiveram dois filhos 4-1 Sueli Orsi; e 4-2 Aroldo Orsi 5 – Carlos Orsi, nascido em Itapetininga no dia 30 de abril de 1916 e faleceu em Sorocaba no dia 19 de abril de 1970. Foi casado com Rominda Cosmin Orsi. Dessa união nasceram 3 filhos a saber : 5-1 Luiz Antonio Orsi; 5-2 Carlos Orsi Filho e 5-3 Osmar Tadeu Orsi; 6 – Tereza Orsi Navarro ( conhecida como Hermínia), nascida em Itapetininga em 01 de abril de 1920 e é casada com Jorge Navarro. O casal tem um filho : 6-1 Wilson Navarro; 7- Iolanda Orsi Almeida, nascida em Votorantim em 28 de março de 1925 e é casada com Luiz Paes de Almeida. Tiveram 4 filhos : 7-1 Vanderlei Paes de Almeida; 7-2 José Carlos Paes de Almeida; 7-3 Elvira Aparecida Paes de Almeida e 7-4 Corina de Lourdes Paes de Almeida 8 – Maria Aparecida Orsi, falecida ainda criança;
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9 – Julieta Orsi de Jesus, nascida em Votorantim em 02 de janeiro de 1928 e é casada com Antonio de Jesus. O casal tem dois filhos : 9-1 Antonio de Jesus Filho; 9-2 Edson de Jesus; 10 – Valdemar Orsi, nascido em Votorantim e falecido em Campinas.Foi casado com Valderez Fasano Orsi e tiveram um filho: 10-1 Santino Orsi Neto; Algumas Fotos da Família :
Corina e Santino com Luiz e Zilda. Esta foto é de mais ou menos 1908 em virtude do Luiz ter nascido em 15 de junho de 1905 e ao que parece deve ter 3 anos.
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Zilda e Antonieta Orsi. Foto da década de 1920.
Antonieta Orsi – Foto da década de 1920.
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Filhos do Santino e Corina Orsi : Valdemar, Iolanda, Tereza, JosĂŠ, Antonieta, Zilda e Luiz Orsi.
Tereza, Zilda, Antonieta e Julieta Orsi.
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Armerinda Nair Orsi e Luiz Orsi – Foto de 1975 – Padrinhos de algum casamento ?
Aproveitando a foto do Luiz Orsi, conto um pouco de sua história, publicada em 20 de maio de 1978, em Votorantim como homenagem a ele pela feitura de seus bonecos, fantoches e miniaturas de igrejas da cidade. Vamos ao texto publicado : “ Entre as pessoas mais antigas do município que marcaram época juntamente com tipos humanos populares de um tempo mais tranqüilo,quando Votorantim, ainda era uma vila industrial, com tradições e atividades diversas, está Luiz Orsi. Hoje, aos 74 anos de idade, ele lembra com muita saudade dos tempos mais antigos, quando ele ficou muito conhecido pela arte popular que realizava. Seus fantoches, suas brincadeiras,suas criações foram muito conhecidas e aplaudidas, principalmente nas antigas festas juninas, quando ainda se realizavam defronte à Igreja de São João Batista, na atual Praça Nelson
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Bormann e, posteriormente, no Largo da Feira, onde hoje está situada a bonita praça Senador José Ermírio de Moraes. Há 50 anos vivendo em Votorantim, aproximadamente, Orsi, foi ferreiro,contínuo,telefonista e principalmente padeiro, a sua verdadeira profissão.Mas sempre foi uma pessoa que teve muita sensibilidade para o mundo infantil e também de muita habilidade manual. Assim, desde cedo, inspirado nos fantoches que viu numa festa em outra cidade, passou a interessar-se por esse tipo de arte popular. Já moço, por volta de 1924, resolveu colocar em prática suas idéias. Ou seja, criar motivações e entretenimentos para as crianças. Embora tenha feito algumas pinturas e esculturas,deu-se muito bem mesmo com a fabricação de bonecos para fantoches sendo ele mesmo o animador durante muitos anos, com vozes, e histórias humorísticas que foram a alegria de toda uma criançada e de toda uma geração de amigos seus. Constatando a dificuldade que os fantoches de luva ofereciam para o dinamismo das cenas, Orsi passou a criar bonecos com haste, que permitiam um manejo mais fácil e rápido.A barraca com bonecos, presença marcante das festas juninas e outras mais, era povoada por oito vozes, que Orsi dava aos seus bonecos, todos por ele criados e que falavam com graça, tendo como acompanhamento o som de sanfona, tocada por um preto velho. O teatro dos fantoches, tinha bilheteria e era também o cantinho dos namorados, não sendo apenas uma atração infantil. Chegou a criar inclusive bonecos maiores e de dentro deles Orsi mandava recados também humorísticos, dando-lhes ainda o necessário movimento. Igualmente é de sua criação um boneco para ventríloquo, que ele mesmo algumas vezes usou. Depois de muitos anos dessas realizações dedicadas
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às crianças, Luiz Orsi, que hoje vive no Bairro da Chave, resolveu parar, achando que já estava velho. “ Mas pensei, li muito e cheguei á conclusão de que o que gosto mesmo é de ver as crianças contentes. Com isso, eu também me alegro, me realizo.Através dessa minha atividade eu aprendi a sempre me renovar “. Assim, ele voltou a trabalhar, a fazer seus bonecos pacientemente,em sua pequena oficina, nos fundos do quintal e, nesse ano pretende inclusive montar a barraca dos bonecos no recinto da festa junina. Pretende gravar a voz dos fantoches para facilitar o seu trabalho de mímica. ARTESANATO Aposentado há 15 anos, Luiz Orsi dedica ainda seu tempo na execução de algum trabalho de carpintaria, incluindo algumas peças que se amoldam ao artesanato. Trabalhadas com carinho, praticamente esculpidas, essas obras revelam ainda a paciência e o valor artístico. Saliente-se a construção em miniatura de um casarão medieval, de madeira, com grades de ferro e arame, composto de colagem e pregos, mostrando inúmeros detalhes. Iluminada, pois possuía lampeões e também todo pintado, a obra é digna de participar de uma exposição. Aliás, o autor pretende realizar uma amostra das suas criações em Votorantim, incluindo os bonecos e as peças de artesanato. Afora, o casarão, uma outra obra foi realizada por Luiz Orsi. Trata-se de um mecanismo em que através da passagem da água depositada em um recipiente escondido, faz mover várias peças ao mesmo tempo: um moinho d’água, um monjolo e,ainda, um pescador que fica durante várias horas movimentando seu caniço. Agora, o autor pretende aperfeiçoar a idéia e adaptá-la a um mecanismo mais engenhoso e sugestivo, que lembre várias cascatas,instaladas num jardim. Orsi, em suas horas de lazer, fez ainda pequenos pianos,
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harpas, trenzinho e até criou instrumento musical, a “ Bengala Sonora “, com três cordas. Todas essas peças, vale lembrar,foram feitas em madeira e todas exigiram muito tato, muita paciência, muita habilidade. Os mais antigos, aqueles que tiveram o prazer de conhecer o lado artístico de Luiz Orsi, agora poderão reviver as cenas na próxima festa junina, quando ele estará proporcionando aqueles shows que o deixaram conhecido. Para aqueles que nunca souberam da existência desse artista e seu show a oportunidade de conhecer as curiosidades e a versatilidade de sua arte popular. “ Algumas de suas peças.
A igrejinha – trabalho de 1949.
O Castelinho – trabalho de 1949.
O Jornal de onde foi extraído o texto acima para melhor leitura de todos.
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ESTEVAM ORSI
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Sempre fui relutante em escrever sobre o Estevam Orsi tendo em vista as informações que não possuia sobre as suas origens. Muitos parentes falavam que ele era primo do Pietro Orsi e muitos outros falavam que ele era irmão. A última das filhas do Pietro Orsi, a Tia Néspola, falava que quando moça a Amália Orsi, filha do Estevam, tinha morado com eles por uma temporada e ela chamava o Pietro Orsi de tio. Quando comecei a escrever sobre a Família Orsi, a Amália, filha do Estevam já havia falecido e dos seus filhos, o mais velho, o José Orsi de Camargo, quando o procurei para saber alguma coisa do Estevam, disse-me nada saber sobre ele e que não tinha nenhum documento sobre as origens dele. A Isolina Santos Moura (Zola Orsi), me contou que a sua mãe, Argentina Orsi, sempre que se referia ao Estevam o fazia na forma de Tio e ela tinha certeza que o Estevam era irmão do Pietro Orsi e mais uma vez, a Zola e o Odilon sairam à “caça” de informações, encontrando no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas do 1º. Subdistrito da Sede – Comarca de Itapetininga – Estado de São Paulo, o assentamento do registro de nascimento de Amália Orsi, no dia 12 de julho de 1918, sendo filha de ESTEVAM ORSI e AMÁBILE ORSI, ambos naturais da ITÁLIA, sendo os avós paternos LUIZ ORSI (LUIGI ORSI) e CITA ORSI, registro esse feito em 15 de julho de 1918, e a Zola solicitou uma Certidão desse registro, que vai reproduzido neste texto. Estava provado, mais uma vez pelas mãos e vontade da Zola e do Odilon, que o Estevam Orsi era irmão do Pietro Orsi, pois na Certidão consta o nome de seus pais. Fui informado pela Zola que na Escola Adherbal de Paula Ferreira, trabalhava uma das filhas da Amália Orsi, a Aparecida de Fátima Orsi da Silva e que poderia dar informações sobre todos os seus irmãos. Estive por 3 vezes na Escola Adherbal de Paula Ferreira e nessa vez
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consegui encontrar-me com a Aparecida (Cida)momento em que se colocou a disposição para ajudar no que fôsse possível. Abaixo Certidão de Nascimento da Amália Orsi.
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Voltando à pesquisa da Zola Orsi, nos livros de Registro de Óbitos do Cemitério São João Batista de Itapetininga, ela encontrou algumas informações sobre a família do Estevam Orsi e do Pietro Orsi que não eram do conhecimento de nenhum de nós até aquele momento e que não posso deixar de registrar. Em data de 15 de outubro de 1906 encontrou um registro de óbito de Luigi Orsi, pai do Pietro, Estevam, Santino, Attilio e Giorgina Orsi. Em 27 de dezembro de 1913 está o assento do falecimento de ANTONIETA ORSI, com trinta anos de idade e casada com VICENTE ORSI. Este VICENTE ORSI, não sabemos se foi irmão de LUIGI ORSI. VICENTE ORSI foi pai de BENEDITO ORSI, que foi pai de ANTONIETA ORSI MELLO e é outra história a ser contada.Este registro fica para que a família da ANTONIETA faça a continuidade. Na pesquisa entre os anos de 1905 a 1917 ela encontrou o registro de óbito de UMBERTO ORSI, filho de ESTEVAM ORSI e GERTRUDES ORSI(brasileira) com 17 anos de idade e em 19 de junho de 1916. Na parte do meu depoímento sobre a Família Orsi, tem uma foto de 1908, cedida pela Maria Margarida Mazarino, onde estão o Pietro Orsi, o Santino Orsi, o Júlio Pucci e mais um menino, citado como o Umberto Orsi, filho do Santino e é assim que está escrito no verso da foto. Essa informação que a Zola descobriu permitiu que eu fizesse a correção no texto, colocando o Umberto como filho do ESTEVAM ORSI. Em data de 16 de agosto de 1915 consta o registro de óbito de GERTRUDES ORSI, com trinta e nove anos de idade e esposa de ESTEVAM ORSI. O ESTEVAM deve ter se casado duas vezes pois alguns anos depois tem uma filha com a outra esposa AMABILE ORSI. Em data de 14 de junho de 1917, ela encontrou o registro do óbito de GEORGINA ORSI, com quarenta anos de idade e viúva de PEDRO PIERONI. A certidão
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segue logo adiante neste texto. Essa GEORGINA ORSI é a mesma filha de LUIGI ORSI e ZITA ORSI, que chegou ao Brasil junto com eles, com o SANTINO e com o ATTILIO. No registro do Memorial do Imigrante ela está com o nome de GIORGIA, e com 15 anos, no dia 23 de agosto de 1892, pelo navio MENTANA.
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Em 19 de abril de 1918 está o registro de óbito de AMÁLIA ORSI com vinte e um anos de idade e casada com JOSÉ CAFUNDÓ JÚNIOR, morador em ANGATUBA. Consta como pai dessa AMÁLIA, ESTEVAM ORSI. Devia ser filha dele com GERTRUDES ORSI, sua primeira esposa. Em data de 22 de setembro de 1917 tem o registro de óbito de um feto, filho de Pietro Orsi e de Carolina Ramacciotti Orsi, segunda esposa do Pietro Orsi e irmã da primeira, Isolina Ramacciotti Orsi. Finalizando essas pesquisas, em data de 30 de abril de 1922 consta o óbito de AMÁBILE ORSI, segunda esposa do ESTEVAM ORSI e mãe da nossa AMÁLIA ORSI. AMÁLIA ORSI, filha de ESTEVAM ORSI e de AMABILE ORSI, naturais da Itália e vejam que na certidão os avós paternos são LUIGI E CITA ORSI e maternos AGOSTINHO e LEONYLDE BERTHOGINI, nasceu em Itapetininga aos doze dias do mês de julho de 1918 e faleceu, também em Itapetininga, em 23 de novembro de 1987 e foi casada com FLORIVAL DE CAMARGO. Teve ao longo de sua vida sete filhos, a saber : JOSÉ ORSI DE CAMARGO, nascido em Itapetininga em 24 de agosto de 1941.É solteiro, trabalhou muito tempo na Igreja Matriz de Itapetininga, hoje Catedral e atualmente no Clube Recreativo Itapetiningano. Lembrome do ZÉ ORSI, como sempre foi chamado nos tempos de escola.Ele é um pouco mais novo que o meu irmão
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Aguinaldo e um pouco mais velho que minha irmã Annita. Vejam o José em foto de 1981.Sempre foi uma pessoa muito boa, pacato, introspectivo, de poucas palavras.
O segundo filho foi o ANTONIO ORSI DE CAMARGO, nascido em 12 de julho de 1944. Faleceu solteiro e não deixou descendência. O TONINHO PAPAGAIO como chamavam todos os amigos, era mecânico da antiga WILLYS OVERLAND DO BRASIL em nossa cidade no ano de 1965. Bom futebolista, fazia parte do time da WILLIS que disputava o nosso Campeonato Varzeano. No texto de ALEXANDRE ORSI (TIO BIMBO) tem uma foto desse time em que ele aparece junto com o TONINHO ESPINHO, ZENON GALVÃO, ZÉ CARDENAS, IGÊ GOMES (MINEIROOURIVES),ROBERTO ESTEVAM, PAULINHO MAZZARINO, TENENTE, PALITO, IRANI, FANARO E O CLÓVIS ORSI, seus companheiros de time e grandes amigos. Toninho recebia seu pagamento no BANCO DO COMMÉRCIO E INDÚSTRIA DE SÃO PAULO S/A,
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onde eu trabalhava e o atendia vez ou outra.Vejam o TONINHO como era.
O terceiro filho é o LUIZ GONZAGA DE OLIVEIRA ORSI, nascido em 20 de abril de 1946. Casouse e hoje está desquitado. Tem um filho de nome GIAN PAULO PEREIRA ORSI casado com DIVA TRISTÃO DA SILVA e o filho deles chama-se GIAN MICHEL SILVA ORSI. Os filhos seguintes são as gêmeas MARIA ISABEL NASCIMENTO, que hoje é viúva, teve dois filhos, sendo o primeiro JOSÉ CARLOS NAZARÉ NASCIMENTO, já falecido, o outro RODRIGO. A outra gêmea, MARIA EMILIA ORSI, faleceu solteira.
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José Carlos Nazaré Nascinento, faleceu em 26 de agosto de 2002. O sexto dos filhos é a APARECIDA DE FÁTIMA ORSI DA SILVA nascida em Itapetininga em 24 de abril de 1954. Mais conhecida como CIDA, dela eu me lembro bem. Muitas vezes estive na casa da AMÁLIA ORSI a mando de minha mãe AMÉLIA CORRÊA FRANCO MELLO e que ficava ali na Rua Cel.Joaquim Leonel e era perto de onde morava outra prima de minha mãe, a LOURDES, filha do TIO OTÁVIO CORRÊA FRANCO e em seguida a casa do PIETRO ORSI. A CIDA era bem franzina e seus olhos verdes saltavam à vista de todos. CIDA é casada com LUIZ ANTONIO ALVES DA SILVA e tem cinco filhos, a saber : CLÁUDIO JOSÉ ORSI, desquitado e com os filhos STEPHANI GABRIELLI DOS ANJOS ORSI e BEATRIZ AMÁLIA DOS ANJOS ORSI; DANIELA APARECIDA ORSI DA SILVA SALES,casada com CLAUDINEI FERNANDES SALES e com ele tem dois filhos : JÔNATAS DA SILVA SALES
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e LUIZ ENRIQUE DA SILVA SALES; CLÁUDIA REGINA ORSI DA SILVA VIEIRA, casada com MÁRIO CELSO LOPES VIEIRA, e com ele tem dois filhos : SARA CRISTINA DA SILVA VIEIRA e SAMUEL AUGUSTO DA SILVA VIEIRA; AMÁBILE CRISTINA ORSI DA SILVA é solteira e, PRISCILA ROBERTA ORSI DA SILVA XAVIER casada com MARCOS GEREMIAS XAVIER. Vejam a CIDA nos dias de hoje :
A sétima e última filha da AMÁLIA ORSI é a MARIA DE LOURDES ORSI, nascida em 24 de maio de 1958. Ela tem duas filhas : ALINE CIBELE ORSI SOUZA, separada e que tem uma filha MARIA EDUARDA SOUZA e um filho chamado DEIVID FERNANDO ORSI SOUZA É e sempre será assim – as pessoas vêm, ficam um pouco nesta vida e partem. Com Amália Orsi não foi diferente. Faleceu aos 69 anos de idade. Tinha bem as características dos Orsi. Olhos bem azuis como os da minha avó, Adelaide Orsi, como os do Tio Neluxo (Abrahão Orsi ) e do Tio Bimbo (Alexandre Orsi).
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AmĂĄlia na foto passeando com uma de suas netas.
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BRAZÃO DA FAMÍLIA
RAMACCIOTTI
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RAMACCIOTTI, RAMACIOTTI RAMACCIOTI, RAMACHOTE Existem 3(três) grafias para esse nome, como acima se vê, na língua italiana e 1 (uma) já no nosso idioma, pela forma de pronúncia. É um sobrenome composto de origem italiana : RAMA significa ramo ou linhagem em italiano e CIOTTI vem do italiano ciotto que significa manco. O sobrenome é classificado como alcunha, e eram conhecidos como o ramo ou família dos mancos, ou RAMACIOTTI e, com o tempo, um grupo passou a assinar RAMACCIOTTI, que é uma forma praticamente não mais encontrada na Itália, enquanto que a grafia RAMACIOTTI é encontrada em apenas oito municípios. No princípio, os primeiros que utilizaram essa alcunha como apelido eram conhecidos como Fulano Filius Quondan ciotto, ou seja, Fulano filho do Senhor manco; com o tempo, os netos acabaram por adotar o apelido do avô como sobrenome, acrescentando a palavra Rama, para indicar uma linhagem ou clã definido. O fato de o brasão ter uma ovelha, indica que muitos membros da família eram criadores de ovelhas. Família de origem Lombarda, possui membros em Veneto, Piemonte ( Torino ) e Emilia Romagna ( Bologna) no norte da Itália também.
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Milão, Milano : Capital da província de Milano, na Lombardia, situada às margens do Rio Olona, próximo ao centro da fértil planície lombarda. O verão é bastante quente, enquanto que no inverno neva e a temperatura desce a menos de 0º. C. É o principal centro financeiro da Itália. No caso de Giovani Abramo Ramacciotti e Adelle (Sbragia) Ramacciotti pais de Maria Isolina Ramacciotti Orsi e de Carolina Ramacciotti Orsi, primeira e segunda esposa de Pietro Orsi), LUIGI RAMACCIOTTI e ALEXANDRE RAMACCIOTTI são originários de MASSA MACINAIA que, pela visualização no mapa atual da Itália, é uma cidade litorânea, não da LOMBARDIA mas, sim, da região TOSCANA. Maria Isolina,Luigi e Alexandre vieram juntos ao Brasil em 1896. Não encontrei o registro da entrada de LUIGI RAMACCIOTTI na Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo. Um fato que merece atenção de nossa parte : em alguns documentos existentes na posse de familiares, o nome de Giovani Abrahão está como Abramo Ramacciotti e o de Adelaide, está como Adelle (Sbragia )Ramaccioti. Fui pesquisar e Abramo é mesmo Abrahão e Adele, aqui no Brasil ficou como sendo mesmo Adelaide. Esses dois nomes têm grande incidência na história dos ORSI e dos RAMACCIOTTI. Outro para se pensar. Todos diziam e a Tia Néspola sempre confirmava que as cartas recebidas da Itália, de Palmyra Ramaccioti
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Menconi, irmã de Maria Isolina e Carolina, datada da década de 1950 e outra de Bianca Menconi, da década de 1960, última recebida e que informa o falecimento da Tia Palmyra, sempre vieram de Guamo, mas documentos da Carolina, informam ser ela de Massa Macinaia. O interessante é que todos eram de uma mesma região, perto de LUCCA, em vilas,distritos ou “comunas” ou ainda “ frazionne “ tais como : Santo Andréa de Compitto, Capannori, Guamo e, segundo um meu amigo italiano, JEAN PIERO BINI (dessa mesma região e oriundo de Guamo), essas “comunas “ ficam muito próximas umas das outras, sendo que em algumas a distância entre elas é de apenas 4 (quatro) quilômetros. Na história dos ORSI foi contada a de MARIA ISOLINA E DE CAROLINA, e aqui será contada a de GIOVANNI LUIGI RAMACCIOTTI, o outro irmão ALEXANDRE RAMACCIOTI casou-se com MARIA LUIZA e foi residir em ITAPEVA(SP). GIOVANNI LUIGI RAMACCIOTTI era chamado de TIO GIGI, pela minha mãe e suas irmãs e era o que eu sempre escutava. Chegou ao Brasil em 1896 e ficou na cidade de TATUÍ, primeiro lugar em que ficaram os ORSI e assim foi com a irmã dele, Maria Izolina Orsi que, grávida do DANTE ORSI, ficou na casa do RAFAELLO ORSI. Nessa cidade LUIGI iniciou a vida trabalhando como padeiro e posteriormente em ALAMBARI e MORRO ALTO como lenheiro.
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Certid達o de Nascimento de Giovanni Luigi Ramacciotti, em 17 de abril de 1879 em Capannori, Regi達o de Lucca na Toscana.
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Certidão de Batismo de Giovanni Luigi Ramacciotti, em 18 de abril de 1879. Fato interessante é que batizado 1 (um ) dia após o nascimento.
Casou-se com ROSALINA DE LIMA, oriunda da cidade de LARANJAL PAULISTA(SP). Comprou uma propriedade em ARACAÇU de 70 alqueires que era de uma parente de sua esposa, SRA. MINERVIDA DAS DORES que vendeu ao seu irmão INOCÊNCIO SIQUEIRA GOMES e este a LUIGI RAMACCIOTTI. Faleceu em 11 de agosto de 1940.
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Certid達o de Casamento de Giovanni Luigi Ramacciotti. Vejam que nesta certid達o seu nome consta como LUIZ RAMACHOTTI.
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Certidão de Óbito de Giovanni Luigi Ramacciotti. Aqui seu nome está como LUIZ RAMACIOTTI e sendo natural de LUCCAS. Consta que deixou 12 filhos, 10 maiores e 2 menores de idade. Higino José, Alcides, Roque, Abrão, Guido, Helena, Atilia, Iolanda e Mário.
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Foto de LUIGI RAMACCIOTTI – Esta foto eu recuperei de um porta-retrato da filha do ROQUE RAMACCIOTTI e mãe do JULIANO RAMACCIOTTI a ROSA. Fiz 3 cópias, fiquei com uma e dei a ela as outras duas. Esta genealogia teve grande ajuda da Zola Orsi que correu atrás das informações e deu-me a lista de quase todos que aqui são citados. Posteriormente recebi importante e decisiva ajuda do JULIANO RAMACCIOTTI, com o levantamento dos nomes que estavam faltando. Uma descoberta que só foi possível com a CERTIDÃO DE BATISMO de minha bisavó MARIA ISOLINA RAMACCIOTTI ORSI e irmã de LUIGI RAMACCIOTI é que nela consta como pai de ABRAMO, ALEXANDRE RAMACCIOTTI e de ADELLE, sua esposa, LORENZO SBRAGIA e que vinham a ser os avós de MARIA ISOLINA.
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Pesquisando o sobrenome SBRAGIA encontrei :
Sbragia, sobrenome de origem italiana. Sobrenome de uma família de origem italiana, estabelecida no Brasil, onde chegou, em 07.07.1882, a bordo do vapor América, Angelo Sbragia, natural da Itália, procedente de Gênova, Itália, católico, 30 anos de idade, com destino a Jundiaí, Estado de São Paulo [Hospedaria dos Imigrantes - São Paulo, Livro 001, p. 028 - 07.07.1882]. Sobrenome de uma família de origem italiana, estabelecida em São Paulo, para onde passou Gionanni Basilio Sbragia, nascido a 19.10.1910, em Capannori, Província de Lucca, Itália. Sobrenome de uma família de origem italiana, estabelecida em São Paulo, para onde passou Mario Sbragia, nascido a 02.06.1916, em Roma, Província de Roma, Itália. O sobrenome classificado como alcunha (apelido), vem do italiano Sbracia, que significa Fanfarrão ou Brincalhão, e que devido à variação dialetal em alguns lugares tomou a
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forma Sbragia. Os primeiros que utilizaram essa alcunha como sobrenome certamente eram pessoas alegres e bastante brincalhonas e com o tempo seus netos acabaram por utilizar a alcunha do avô como sobrenome. Na pesquisa vê-se o nome de GIONANNI BASILIO SBRAGIA, como natural de CAPANNORI, mesma cidade a que pertencia GUAMO, MASSA MACINAIA e SANT’ÁNDREA DE COMPITTO de origem dos ORSI e dos RAMACCIOTI. Não tive notícias de SBRAGIA em nossa família e esse sobrenome só surgiu em virtude da certidão da Maria Izolina.
Membros da Família Sbragia que viveram em Séculos atrás Maria Agata Sbragia Nascimento : por volta de 1781, Pontasserchio, Pisa, Itália Pai: Giuseppe Sbragia Mãe: Bona Maccheroni Esposo: Giulio Paperini Casamento:06 FEV 1809 Vicopisano, Pisa, Italy Antonio Sbragia Nascimento:01 DEZ 1886 Guamo, Lucca, Italy Falecimento: 18 MAI 1965 MICHELE AUGUSTINE SBRAGIA Nascimento: 29 SET 1874 Lucca, Lucca, Italy Falecimento:10 OUT 1947
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Pai: AUGUSTINO JOSEPH SBRAGIA Mãe: ZETA OR ZITA MASSONI Angelo Sbragia Nascimento:1865 Pisa, Italia Esposa: Assunta Rossini Casamento:1885 Itália AUGUSTO SBRAGIA Esposa: BENEDITA MARIA EUGENIA Casamento: 10 JUN 1883 Igreja Nossa Senhora Da Penha, São Paulo, São Paulo, Brasil Vejam que na página anterior tem o Antonio Sbragia de Guamo e Michele Augustine Sbragia de Lucca e ainda a curiosidade do nome ZITA, o mesmo nome de minha tataravó e que nunca havia visto outro igual antes. Outro fato: depois que vim a saber que na minha origem havia esse sobrenome, SBRAGIA, lembrei-me de que quando era Gerente do Unibanco-União de Bancos Brasileiros S/A, na cidade de MARÍLIA(SP), no ano de 1978, havia um cliente que logo se identificou comigo e fomos amigos enquanto lá residi e o seu nome era LOURENÇO SBRAGIA e que vem a ser o mesmo nome do meu tataravô, na Itália LORENZO SBRAGIA. Esse amigo era um homem muito grande, bastante gordo, rosto cheio, bem de vida, dono de uma distribuidora de remédios e, salvo engano, tinha um filho que atendia
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pelo nome de CID. Alegre como quê e me aprontou uma bem grande. Um dia me telefona no banco, muito bravo, pedindo minha presença imediata em sua empresa, para tratar de descontentamento que tivera na agência. Eu, prontamente, para atender o cliente especial e pela amizade que já nos unia, de pronto me dirigi até sua empresa.Ao chegar, entrei por um corredor e, já perto do amigo, este saiu correndo de trás de uma escrivaninha e com um revólver na mão, atirando em mim. Eu procurando desviar dos tiros me sai muito bem.Quase morri de susto. Vejam só – eram balas de festim e tudo havia sido armado por ele para me assustar.Conseguiu. Logo depois fui transferido para CUIABÁ(MT) e nunca mais o vi. Recentemente na TV TEM aparece um SBRAGIA como repórter, na cidade de BAURÚ (SP) e como é perto de MARÍLIA pode até ser parente. Voltando ao LUIGI RAMACCIOTTI : Da sua união com ROSALINA DE LIMA, nascem 12 filhos, a saber : 1) Higino, faleceu solteiro em FRANCO DA ROCHA e não deixou filhos; 2) José; 3) Santino; 4) ADELAIDE; 5) Roque; 6) Guido; 7) Alcides; 8) Abrão; 9) Helena; 10) Attilia; 11) IOLANDA e 12) Mário.
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1 – HIGINO RAMACCIOTTI faleceu solteiro e não deixou filhos.
Foto do arquivo da TIA NÉSPOLA. HIGINO RAMACCIOTTI. Que figura bonita, bem vestido, chapéu imenso, cordão de relógio aparecendo no colete,botinas, calças um pouco curtas e um aparador de flores onde ele está com a mão, bem torneado. Não o conheci mas pela foto devia ter olhos bem claros.
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Foto do arquivo da TIA NÉSPOLA. JOSÉ e SANTINO RAMACCIOTTI. Esta foto foi tirada no mesmo local da foto anterior onde está o HIGINO RAMACCIOTTI. Notem que o pano de fundo é o mesmo. Pode ter sito tirada no mesmo dia.Vejam onde é que está fixado o relógio de bolso. Na aba do paletó e o mesmo colocado no bolsinho. Motivo : estavam sem colete.
Foto de José Ramacciotti e um amigo que não foi possível identificar.
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Está foto é do arquivo do ROQUE RAMACCIOTTI e estava guardado em uma caixa de madeira. Não temos a identificação do casal, mas com certeza foi tirada com o mesmo fotógrafo e na mesma data da foto do HIGINO RAMACCIOTTI na página anterior. Aqui inserida para registro de um belo casal.
2 - JOSÉ RAMACCIOTTI casou-se com ALICE e tiveram 2 filhos : 2-1 ISOLINA, casou com DAIMI MATOS e tiveram 3 filhos : 2.1.1 – Laudicélia; 2.1.2 – Lucinéia e 2.1.3 – Elisete
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2-2 LUIZ, casou-se com ANA RODRIGUES e tiveram 7 filhos : 2.2.1 – Luiz Carlos; 2.2.2 – Vera Lúcia; 2.2.3 – Sonia Maria casou-se com Antônio Picolo e tiveram uma filha JAMILE que casada com Alan tiveram as filhas Analice e Mariah. 2.2.4 – Carlos Roberto; 2.2.5 – Antonio Roberto; 2.2.6 – José Carlos e 2.2.7 – Sérgio. 3 - SANTINO RAMACCIOTTI casou-se com FERMINA FERREIRA e tiveram 3 filhos: 3-1 MARIA DE LOURDES, casou-se com WALTER BOEHEME e tiveram 4 filhos: 3.1.1 – Sonia; 3.1.2 – Ana 3.1.3 – Walter e 3.1.4 – Paulo 3-2 ALEXANDRE, casou com ELZA e tiveram dois filhos : 3.2.1 3.2.2 – 3-3 LUIZ CARLOS, casou-se com JOANA e tiveram 4 filhos : 3.3.1 – 3.3.2 – 3.3.3 – 3.3.4 -
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Foto do arquivo da TIA NÉSPOLA. ADELAIDE RAMACCIOTTI. Figura bonita. Bem acomodada em uma poltrona de palhinha.Olhar pensativo e bem distante. Notem bem em seus olhos.O que pensaria nesse momento? 4- ADELAIDE RAMACCIOTTI casou-se com JOSÉ MEDEIROS e tiveram 5 filhos : 4-1 ROSA, casou-se com JOSÉ SOARES VIEIRA e tiveram 2 filhos : 4.1.1 LOELI, casou com Antonio e tiverem 3 filhos : Bruna, João Henrique e Miriane.
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4.1.2 SIDNEI, casou-se com Juvelina e tiveram dois filhos : 4.2.1 - FERNANDA VIEIRA ( Repórter de TV ) 4.2.2 - ANDRÉIA. 4.2 RICARDINA, casou-se com CELSO SIMÕES e tiveram uma filha. 4.2.1 FÁTIMA, casou-se com Antonio Carlos e tiveram 4 filhos: Mário, Maurício, Monique e Marcos. 4.3 ALCINDO, casou-se com IVONE MEDEIROS e tiveram 3 filhos: 4.3.1 – ALCINDO 4.3.2 - SIMONE, casada com Mário e tem 3 filhos; 4.3.3 - JOSÉ ANTÔNIO - filho de Alcindo, fruto de outra relação e já falecido. 4.4– ARLINDO casou-se com Lázara e tiveram 3 filhos : 4.4.1 – Elizete. 4.4.2 - Elizeu 4.4.3 - Eduardo 4.5 – THEREZINHA, casou-se com José Medeiros e tiveram um filho de nome MARCOS ANTÔNIO que é falecido. 5- ROQUE RAMACCIOTTI, casou-se com JOAQUINA SIQUEIRA GOMES e tiveram 5 filhos : Roque, residia em Aracaçu e vem com os filhos e esposa residir em Itapetininga. Trabalhava na
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CIA SUL PAULISTA DE ELETRICIDADE S/A, cuja sede era na Rua Aristides Lobo, bem perto da minha casa, que era na Rua Saldanha Marinho. Trabalhou na empresa até o ano de 1966 quando faleceu. Abaixo o santinho do dia do falecimento do Roque.
5.1 – ROZA que tem um filho com Júlio Tsukamoto:
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5.1.1 – JULIANO TSUKAMOTO RAMACCIOTTI que casou-se com SUELI CALIXTO DE MOURA e tiveram um filho : 5.1.1.1 – LUIGI
Juliano Ramacciotti casou-se em segundas núpcias com GILLYAN CARNEIRO DE SOUZA RAMACCIOTTI em data de 18 de dezembro de 2010.
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Juliano Tsukamoto Ramacciotti, na década de 90, tinha uma coluna de esporte que abordava sobre o “Campeonato italiano de futebol (Il Cálcio)”, em um jornal de Itapetininga com tiragem semanal, chamado “Nossa Terra”, que era de propriedade de Helio Rubens de Arruda e Miranda e Messias Ferreira Lúcio. A partir de 2005 quando trabalhava na Prefeitura no mandato do ex Prefeito Roberto Ramalho, abriu diálogo institucional entre o Consulado Italiano de São Paulo e a Prefeitura de Itapetininga, trazendo curso presencial a distância do idioma italiano, ministrado as aulas com o senhor Alessandro Dell’ Aira, que era na época diretor geral de curso do Idioma Italiano na circunscrição. Juliano é fluente no idioma italiano.
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Contado e escrito pelo Juliano Tsukamoto Ramacciotti temos uma história engraçada que muito divertiu a Família do Roque Ramacciotti. “Um Elefante que virou Leão, e quase que não sai uma macarronada com queijo Parmesão” “ Inicio da década de 1950, quando Roque (filho de Luigi) com sua esposa Joaquina e filhos vieram do “Distrito de Aracaçu, cidade de Buri SP” residir em Itapetininga, na rua João Roberto de Camargo, como em “Aracaçu”, a casa do Roque em Itapetininga continuou sempre freqüentada por muita gente (pessoas que eram de Aracaçu e vieram morar em Itapetininga), família da “Dona Nizia”, “Comadre Zinha, com o Compadre Chico Cardoso”, entre outras famílias. Na maioria dos domingos a hora do almoço na casa do Roque, era praticamente uma festa de tanta visita, que às vezes já passavam o sábado todo e voltavam no domingo para almoçar, pois, esta “gentaiada” na casa do Roque, era gosto e alegria para ele e para Joaquina. Num domingo, para comemorar o aniversário do Roque, a Joaquina queria fazer um grandioso e gostoso almoço, uma macarronada para seu esposo, filhos e suas visitas. Joaquina queria fazer uma macarronada muito especial, e tinha ouvido no rádio uma propaganda de um excelente extrato de tomate e pediu ao Roque que fosse à venda perto da casa, comprar umas 10 latas “massa de Tomate de nome Leão”... E lá foi o Roque comprar as 10 latas da “massa de Tomate de nome Leão”; chegando à venda o comerciante falou para o seu Roque que não havia “massa de Tomate de nome Leão”. Roque então saiu pela cidade de Itapetininga atrás da “massa de Tomate de nome
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Leão”, andou, andou em todo os comércios alimentícios da cidade e nada encontrou; por fim, Roque voltou à venda perto da casa e perguntou ao comerciante que “massa de tomate que tinha para vender que fosse boa”, o comerciante falou “massa de Tomate de nome Leão” eu não tenho, o que eu tenho é “massa de Tomate de nome ELEFANTE”, muito boa por sinal; então Roque já pediu uma 20 latas da “massa de Tomate de nome ELEFANTE” e após horas de caminhada pela cidade em busca da marca de “massa de Tomate de nome Leão” que não encontrara, Roque chega em casa, e já com a casa cheia de visita, e fala para Joaquina: “-Joaquina andei, andei pela cidade e não encontrei (massa de Tomate de nome Leão), comprei 20 latas desta marca (Elefante)”. Joaquina arregalou os olhos e soltou uma gargalhada que não tinha fim... Roque e todos que estavam na casa perguntaram a Joaquina qual o motivo de tantos risos; ainda morrendo de rir falou a Roque e a todos “-Roque sabe o que é, a marca da massa de tomate que eu ouvi no Radio não era Leão, e sim ELEFANTE”, Roque respondeu “-Sua cabeça chata, você troca os nomes dos bichos e eu que gasto todas as solas do meu sapato atrás da massa de Tomate de nome Leão. Segunda-feira quero de presente um par de sapatos novos, pois este já estão muito gastos por causa de massa de tomate”. Alguém gritou alto para caçoar da Joaquina “ Um Elefante que virou Leão, e quase que não sai uma macarronada com queijo Parmesão”, daí todos caíram no riso. Por sinal “gentaiada” com seus risos e alegrias foi algo que nunca faltou na casa do Roque, algo bem típico das famílias italianas “
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5.2 - MARIA DE LOUDES, casou-se com GERALDO BENEDITO THEODORO e tiveram 3 filhos : 5.2.1- JOSÉ BENEDITO 5.2.2 – LUIZ CLÁUDIO 5.2.3 – ELIETE 5.2.3.1 – DOUGLAS 5.3 - ANTONIO, casou-se com TEREZA DE LIMA e tiveram 3 filhos : Consta que era jogador do time do SÃO PAULO FC. de Itapetininga, com o campo onde é hoje o SHOPING CENTER. Era o famoso SÃO PAULINHO. 5.3.1 – CARLOS EDUARDO 5.3.2 – LUCIANE, casou-se com RUI 5.3.2.1 – RUI 5.3.2.2 – DIEGO 5.3.3. – LILIANE, casou-se com RUBENS 5.3.3.1 – MARIANE 5.3.3.2 – THAINÁ 5.3.3.4 – LANE 5.3.3.4 – LUIZ FELIPE 5.4 – THEREZINHA, casou-se com ALCIDES PAULINO e tiveram 7 filhos : 5.4.1 – HERNANDES, casou-se com ARIETE 5.4.2 – ELIANA, casou-se com AUGUSTO DARELLI LOMBELLI 5.4.3 – EDNA, casou-se com JOSÉ 5.4.3.1 – CAMILA 5.4.4 – EDNÉIA 5.4.5.- EDSON, casou-se com LUCIANA DE OLIVEIRA BEIRO e tem uma filha Maria Eduarda Beiro Paulino. 5.4.6 – ELY, solteiro. 5.4.7 – THEREZINHA, casou-se com MARCOS 5.4.7.1 – MARCOS 5.4.7.2 – BRUNO
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Foto histórica do ITÁLIA CÁLCIO, time fundado em 25 de janeiro de 1900 em ARACAÇU e esta foto foi tirada em 04 de julho de 1944. O primeiro à esquerda sentado é o ROQUE RAMACCIOTTI. A figura central, acima de uma criança e que está com paletó escuro é o Sr. João Gomes Ferreira e esta foto pertence ao Sr. Manoel Pereira Andrade. A foto abaixo foi tirada no mesmo dia e os jogadores são Mazzoni à direita e Ricci à esquerda. Foram cedidas ao Juliano Tsukamoto Ramacciotti para inserção neste relato.
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6 – GUIDO RAMACCIOTTI, casou-se com BENEDITA FERREIRA e tiveram 2 filhos: 6.1 – LUIZ, é casado e tem uma filha :(Luiz trabalhou na Prefeitura Municipal de Itapetininga) 6.1.1. – FÁTIMA 6.2 – JOSÉ, casou-se com MARIA APARECIDA e tiveram 3 filhos : José é sapateiro de profissão e tem sua oficina na AVENIDA DR.VIRGILIO DE REZENDE. Estive lá diversas vezes falando com ele e sempre que passo ali, paro e o cumprimento. Ele é um dos descendentes do LUIGI RAMACCIOTTI que assina o nome com a grafia RAMACHOTE. Abaixo uma foto do JOSÉ RAMACHOTE SOBRINHO que tirei em uma das vezes que lá passei e disse a ele que era para colocar no livro e que caprichasse na pose. A foto ficou muito boa. Ao fundo uma vitrine com os sapatos que consertou.
JOSÉ RAMACHOTE SOBRINHO
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7 – ALCIDES RAMACCIOTTI, casou-se com MARIA MARQUES e tiveram 1 filha:
Esta foto do Alcides era do arquivo da TIA NÉSPOLA.
Um detalhe a ser comprovado por mais um da família : A Rosa, filha do ROQUE RAMACCIOTTI me disse que o verdadeiro nome do ALCIDES era ERCÍLIO. Na Certidão de Óbito do TIO GÍGIO consta como ALCIDES. 7.1 – MARIA APARECIDA, casou-se com FÉLIX BUENO e tiveram 2 filhos : 7.1.1 7.1.2 Maria Aparecida, estudava com minha irmã ANNITA e eu a conhecia por CIDA. Salvo engano residia na Vila
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Máximo. Esteve algumas vezes em minha casa na RUA SALDANHA MARINHO, nesta cidade de Itapetininga. Na foto vemos a CIDA em sua formatura como professora.
8- ABRÃO RAMACCIOTTI, casou-se com CAROLINA DAS DORES e tiveram uma filha: 8.1 – MINELVINA, casou-se em primeiras núpcias com DÉCIO RODRIGUES OLIVEIRA já falecido e com ele tiveram dois filhos: 8.1.1 – DÉCIO, casou-se com CLÉA DO ROSÁRIO e com ela tiveram dois filhos : 8.1.1.1 – MICHEL, casou-se com PRISCILA FERNANDES e com ela tiveram dois filhos : 8.1.1.1 – JÚLIA 8.1.1.2 – GUSTAVO
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8.1.2 - ABRÃO DANIEL, casou-se com NALVA COUTINHO e tiveram três filhos : 8.1.2.1 – LEANDRO 8.1.2.2.- JÉSSICA NATASHA 8.1.2.3. – LORENZO MINELVINA, casou-se em segundas núpcias com MILTOM DE FREITAS já falecido e com ele teve uma filha : 8.1.3 – GIOCONDA, que foi casada com EDSON com quem teve dois filhos : 8.1.3.1 – VINICIUS 8.1.3.2 – TAMIRES MINELVINA, casou-se em terceiras núpcias com ADAIL SANTOS ALMEIDA, já falecido e não tiveram filhos. MINELVINA, vive hoje com MÁRIO BARBOSA DE CASTRO. Me lembro muito bem do ABRÃO RAMACCIOTTI. Minha mãe, AMÉLIA CORRÊA FRANCO, sempre me falava que ele tinha mãos imensas. Comprovei tempos depois. Ele tinha conta corrente no BANCO DO COMMÉRCIO E INDÚSTRIA DE SÃO PAULO S/A onde eu trabalhava. ABRÃO residia na Av.Padre Albuquerque, ali perto do MENK & PLENS. Quando eu tinha a MELLOCAR na Av. Dr.Virgilio de Rezende, a MINELVINA morava ali por perto e o ABRÃO sempre passava em frente, parava, via se eu estava e estando, entrava, puxava uma boa prosa. Na última vez que o vi, foi da mesma forma e estava com uma cesta de palha em suas
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mãos, cheia de ferramentas e me disse que estava indo na casa de sua filha consertar um telhado. O ABRÃO era gordo e grande.Fiquei pensando se o telhado agüentaria. Aguentou. Eu gostava de conversar com o ABRÃO. Homem bom, fala mansa,educado e atencioso. Quando estive na casa da MINELVINA, a ZOLA ORSI, comigo, entramos, fomos bem recebidos e a conversa durou bastante tempo. Anotações e lembranças foram colocadas em dia. Hoje ( 29.08.10) falei com a MINELVINA e ela me disse que estava cega das duas vistas.Fiquei chocado.Está fazendo consultas em São Paulo com uma equipe de médicos norte-americanos. Oro pele recuperação dela. 9 – HELENA RAMACCIOTTI, casou-se com MANOEL BARBOSA e tiveram 8 filhos : 9.1 – JOÃO, falecido 9.2 – DARCI 9.3 – DIRCE 9.4 – HELENO – falecido 9.5 – REGINA 9.6 – UBIRAJARA 9.7 – WLADIMIR 9.8 – CEZANI 10 - ATTILIA RAMACCIOTTI, casou-se com ANTONIO VIEIRA e tiveram 6 filhos: 10.1 – ATTILIO, casou-se com MARIA LÍGIA e tiveram 3 filhos
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10.1.1 – ADRIANO casado com Luciana 10.1.2 – ERIK e 10.1.3 – KARINA casada com Cássio e tiveram dois filhos, Letícia e Helen. 10.2 – JOSÉ 10.3 – CÉLIO 10.4 – DIRCE 10.5 – MARIA APARECIDA 10.6 – TÁRCILIA. Conheci o ATTILIO RAMACCIOTTI quando tinha a MELLOCAR e sempre ele ia arrumar seu carro e um caminhão.Foi ali que conheci seus filhos. A ATTILIA RAMACCIOTTI eu conheci, um certo dia, quando estava almoçando no CLUBE VENÂNCIO AYRES, com minha família. Conversamos bastante, marcamos um retorno ao Clube para eu tirar as fotos que reproduzo abaixo e outras que eles me trouxeram.
ATTÍLIA RAMACCIOTTI e seu esposo JOSÉ VIEIRA
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ATTÍLIA RAMACCIOTTI, seu esposo JOSÉ VIEIRA, e os 6 filhos do casal.
ATTÍLIO, ATTÍLIA e DIRCE RAMACCIOTTI. ( ATTÍLIO faleceu recentemente)
ATTÍLIA RAMACCIOTTI no dia do almoço.
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11 –IOLANDA RAMACCIOTTI, casou-se com BENEDITO POLICARPO e não tiveram filhos Tenho uma informação da família de que ela se chamava ORLANDA, apesar de, na Certidão de Óbito do TIO GIGI constar como Iolanda. 12 - MÁRIO RAMACCIOTTI, casou-se com CINIRA BARREIRO LOMBARDEIRO e tiveram 3 filhos, 12.1 – MARIA 12.2 – ROSALINA, casada e tem 3 filhos 12.2.1 – CINIRA 12.2.2 - HELENA 12.2.3 - MÁRIO ALBERTO 12.3 – RONALD, casou-se com Maria e tiveram 2 filhos 12.3.1 – LETÍCIA 12.3.2 – JOÃO Do arquivo da Tia NÉSPOLA tenho dois documentos: na página seguinte, o Santinho do falecimento do JOSÉ RAMACHOTTE e o outro uma transferência de restos mortais de ALEXANDRE RAMACCIOTTI.
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Guia de Sepultamento número 323. Vejam a grafia RAMACHOTTI A naturalidade está como LUCA, ITÁLIA – Hoje sabemos que era MASSA MACINAIA, que pertence a CAPANNORI e que esta pertence a LUCCA. Faleceu em dezembro de 1916 e foi enterrado em um Cemitério que existiu logo abaixo da atual VILA MAZZEI na estrada de Guareí. Teve seus restos mortais transladados 36 anos depois de falecido. ALEXANDRE RAMACCIOTTI era irmão da minha bisavó MARIA ISOLINA RAMACCIOTTI ORSI, de CAROLINA RAMACCIOTTI ORSI e de LUIGI RAMACCIOTTI. Não deixou descendentes. FIM Obras em andamento: Eu e os Meus - Corrêa Franco; Eu e os Meus - Alves de Almeida; Eu e os Meus - Oliveira Mello.
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