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2.3 [A ORIGEM DA HABITAÇÃO POPULAR NO BRASIL
from HABITABIS
O sistema ESTRUTURAL buscou utilizar MATERIAIS MAIS NATURAIS e que fossem adquiridos próximo ao local de intervenção. O uso do cânhamo para o projeto fez com que a residência se tornasse a primeira construção a utilizar este tipo de material, além do cânhamo é possível encontrar MADEIRA, VIDRO e ALUMÍNIO.
Figura [32] Corte AA sem escala. Fonte: Practice Architecture. Disponível em: <https://practicearchitecture.co.uk/project/flat-house/> Acessado em 25 de março de 2021 - Modificado pela autora.
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Figura [33] Corte BB sem escala. Fonte: Practice Architecture. Disponível em: <https://practicearchitecture.co.uk/project/flat-house/> Acessado em 25 de março de 2021 - Modificado pela autora. As ETAPAS CONSTRUTIVAS partem a partir dos PILARES que hoje sustentam a edificação que na verdade trata-se da FUNDAÇÃO ANTIGA DE UM CELEIRO, portanto houve a necessidade de um estudo minucioso para estruturar o restante da construção. Os PAINÉIS criados para a construção são compostos da FIBRA DE CÂNHAMO não tecida junto de resinas produzidas de resíduos biológicos da própria fazenda, como sobras de cana-de-açúcar e espigas de milho. Abaixo do painel de cânhamo existe também um revestimento que utiliza do mesmo material como composto, proporcionando ambientes mais quentes e agradáveis, além de representar uma textura sobre a superfície.
Através do uso de materiais sustentáveis, o EXTERIOR da residência levou apenas DOIS DIAS para ficar PRONTO e aponta a possibilidade de REPLICAR A TÉCNICA em demais construções, AGILIZANDO O TEMPO DE OBRA. Os painéis proporcionam do LADO INTERNO ambientes que levam a sensação de TRANQUILIDADE além de possuir sua própria textura e finalizam o acabamento com molduras de madeira. A ESCADA que da acesso ao pavimento superior trabalha com a mesma materialidade do piso, passando a sensação de AMPLITUDE NO AMBIENTE, por fim existe o jardim de inverno que, devido sua construção total em vidros é responsável pela área mais quente e aconchegante do projeto.
Figura [34] Revestimento interno na área da cozinha. Fonte: Dwell. Disponível em: <https://www.dwell.com/article/flat-house-practice-architecture-92fb2afe> Acessado em 04 de maio de 2021
Figura [35] Destaque para textura do revestimento interno. Fonte: Dwell. Disponível em: <https://www.dwell.com/article/flat-house-practice-architecture92fb2afe>Acessado em 04 de maio de 2021 - Modificado pela autora Figura [36] Amplitude do ambiente. Fonte: Dwell. Disponível em:<https://www.dwell.com/article/flathouse-practice-architecture-92fb2afe>Acessado em 04 de maio de 2021
Figura [37] Jardim de inverno. Fonte: Dwell. Disponível em:<https://www.dwell.com/article/flathouse-practice-architecture-92fb2afe>Acessado em 04 de maio de 2021
RELEVÂNCIA PARA O PROJETO O estudo da residência em questão demonstra a possibilidade do uso de materiais alternativos dentro da arquitetura, material este que possui inúmeros benefícios desde conforto térmico a durabilidade, beleza e inibição nula de gases para o meio ambiente. Como dito pelo escritório, este método construtivo pode ser replicado em outras residências e consequentemente permite um tempo de obra menor se comparado aos métodos convencionais.
Figura [38] Guillemin. Fonte: Inhabitat. Disponível em: <https://inhabitat. com/hemp-based-insulation-makes-a-comeback-in-belgium/martens-vancaimere-architecten-hemp-based-insulation10/> Acessado em 07 de maio de 2021 - Modificado pela autora.
GUILLEMIN
Arquitetos responsáveis: Escritório Martens Van Caimere Architecten Ano de construção: 2016 Localização: Geraardsbergen, Bélgica.
A residência Guillemin, projetada pelo escritório MVC se diferencia das demais leituras projetuais devido sua finalidade pois, o projeto em questão aborda o restauro de um bangalô já existente feito em concreto cujo escritório buscou restaura-lo afim de torná-lo mais sustentável e com uma longa duração. SITUADA na Bélgica, a construção original é coberta pelas sombras do Muur van Geraardsbergen, uma grande colina da região, tendo como divisória um muro que serve de buffer entre a casa e o restante da vizinhança. Seu CONCEITO assim como os projetos mostrados anteriormente, buscou utilizar não só a sustentabilidade, mas também a redução de custos na construção. O projeto em questão trata-se de uma reforma que fora realizada em um bangalô, transformando-o em uma casa compacta. PARTINDO do conceito base de sustentabilidade e redução de custo, os arquitetos fizeram diversas análises do tijolo de Cânhamo (Hempcrete) e após estudos verificouse que havia uma grande semelhança estrutural ao concreto convencional. Os benefícios encontrados no Hempcrete além da sustentabilidade e durabilidade abordam a emissão nula de carbono, isolamento térmico, acústico e diferente da extração de madeiras a colheita de uma safra de cânhamo pode ser feita a cada 4 meses.
Figura [39] Acesso principal da residência. Fonte: Martens Van Caimere. Disponível em: <https://www.mvc-architecten.be/guillemin> Acessado em 07 de maio de 2021
Figura [40] Garagem. Fonte: Inhabitat. Disponível em: <https://inhabitat.com/ hemp-based-insulation-makes-a-comeback-in-belgium/martens-van-caimerearchitecten-hemp-based-insulation7/> Acessado em 07 de maio de 2021 Figura [41] Detalhe do revestimento no exterior da residência. Fonte: Inhabitat. Disponível em: <https://inhabitat.com/hemp-based-insulation-makes-acomeback-in-belgium/martens-van-caimere-architecten-hemp-basedinsulation7/> Acessado em 07 de maio de 2021
Figura [42] Cozinha com estrutura aparente. Fonte: Inhabitat. Disponível em: <https://inhabitat.com/hemp-based-insulation-makes-a-comebackin-belgium/martens-van-caimere-architecten-hemp-based-insulation7/> Acessado em 07 de maio de 2021
Apesar de não possuir informações técnicas ilustradas, a residência tem seus ambientes setorizados nos 4 quadrantes e seu PROGRAMA básico por dedução atendem banheiro, lavabo, uma área de estar voltada para o sul, cujo projeto fora pensado devido a vista proporcionada no local e replicado também nos dormitórios. A residência tem sua ESTRUTURA realçada principalmente devido a materialidade utilizada no restauro, seu exterior contempla um revestimento de madeira recuperada e em seu interior azulejos brancos que transmitem sensação de leveza. A fachada é revestida com a mistura do concreto de cânhamo, terras e argila o que a torna isolante, a aplicação de vidros permite uma maior luminosidade natural. A SUSTENTABILIDADE é visível não só através do uso do cânhamo, mas a residência é considerada autossuficiente devido seu aquecimento ser realizado através de painéis solares que ficam ao sul da cobertura e ao seu sistema de filtragem da água da chuva para o consumo.
RELEVÂNCIA PARA O PROJETO Até o presente momento fora possível analisar apenas projetos que se iniciaram do 0, contudo a Guillemin trata-se de um restauro de um antigo bangalô em concreto, permitindo analisar com clareza a possibilidade de fazer o uso do cânhamo em residências já existentes, diminuindo o valor da obra e de repasse ao morador.
Figura [43] Sobrados Novo Jardim. Fonte: Archello. Disponível em: <https:// archello.com/project/sobrados-novo-jardim> Acessado em 07 de maio de 2021 - Modificado pela autora.
SOBRADOS NOVO JARDIM
Arquitetos responsáveis: Jirau Arquitetura Ano de construção: 2016 Localização: Jardim Boa Vista, Caruaru Área total: 1275m
Em 2016 o escritório Jirau inaugurou o conjunto de habitação social Sobrados Novo Jardim, situado em um bairro predominantemente residencial no Jardim Boa Vista em Caramuru-PE. A primeiro momento o objetivo do arquiteto era de instruir o construtor do projeto, visando o local como um meio de criar habitações que fugissem do padrão de casa popular que é repetido em grande maioria dos projetos, seu CONCEITO a priori fora o de fugir do padrão já criado, principalmente em relação aos ambientes setorizados na área interna. O PARTIDO inicialmente resultou na união dos terrenos e tinha como objetivo aumentar o número de unidades habitacionais, utilizando a construção de sobrados geminados, contudo contudo para que fosse possível dar andamento no projeto era preciso criar áreas de uso comum, como uma praça de uso público que permitisse o lazer dos moradores, mas a ideia não fora aprovada e permaneceu-se no projeto inicial. O PROGRAMA das habitações fogem dos padrões através da setorização principalmente dos dormitórios que se voltam para o quintal e deixam as salas conectadas a parte externa, em contato com a rua. Com a setorização das salas próxima a área externa permite com que o ambiente seja mais iluminado de forma natural e permite também um ambiente mais arejado, visto que existe a possibilidade de adequar jardins ou áreas de lazer individuais. As áreas de serviço e banheiro se dividem nos dois pavimentos onde no térreo é possível encontrar as salas cozinhas e área de serviço, logo no pavimento superior os quartos, banheiros sociais e suítes.
Figura [44] Croqui do projeto. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www. archdaily.com.br/br/918663/sobrados-novo-jardim-jirau-arquitetura> Acessado em 07 de maio de 2021
Figura [45] Planta baixa. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www. archdaily.com.br/br/918663/sobrados-novo-jardim-jirau-arquitetura> Acessado em 07 de maio de 2021 - Modificado pela autora
Figura [46] Planta do primeiro pavimento. Fonte: Archdaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/918663/sobrados-novo-jardim-jirauarquitetura> Acessado em 07 de maio de 2021 - Modificado pela autora
Figura [47] Planta de sugestão de setorização do pavimento superior. Fonte: Archdaily. Disponível em:<https://www.archdaily.com.br/br/918663/sobradosnovo-jardim-jirau-arquitetura> Acessado em 07 de maio de 2021 - Modificado pela autora
Sua ESTRUTURA busca aproveitar ao máximo a iluminação e ventilação natural, portanto em suas fachadas é possível notar a presença de cobogós que fazem um jogo de luz e sombra na escada de ligação dos pavimentos. Os sobrados são de cores diversas e através disso conseguem quebrar a monotonia que geralmente se é vista em bairros residenciais.
Figura [48] Corte AA. Fonte: Archdaily. Disponível em:<https://www. archdaily.com.br/br/918663/sobrados-novo-jardim-jirau-arquitetura> Acessado em 07 de maio de 2021 - Modificado pela autora
Figura [49] Corte BB. Fonte: Archdaily. Disponível em:<https://www. archdaily.com.br/br/918663/sobrados-novo-jardim-jirau-arquitetura> Acessado em 07 de maio de 2021 - Modificado pela autora
Figura [50] Fachada norte. Fonte: Archdaily. Disponível em:<https://www. archdaily.com.br/br/918663/sobrados-novo-jardim-jirau-arquitetura> Acessado em 07 de maio de 2021 MATERIALIDADE Além do uso de cobogós na estrutura e estética dos sobrados, o projeto ainda utiliza do gesso e da cerâmica, proporcionando um custo reduzido na execução da obra.
RELEVÂNCIA PARA O PROJETO O projeto de habitação social Sobrados Novo Jardim destaca a possibilidade de se replicar unidades habitacionais com custo reduzido, atendendo uma quantidade de famílias sem a necessidade de um possível endividamento. Conforme análise do projeto é possível entender que as unidades habitacionais não precisam seguir sempre a mesma linha de raciocínio, principalmente na distribuição dos ambientes que, como mostra nas plantas do projeto em questão e em comentários do próprio escritório, foi possível concluir as edificações com um programa mais distribuído e melhorar a qualidade de vida das famílias que foram atendidas.