1ª Jornada Intergrupos de Comunicação e Cultura

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RESUMOS DE ECA-USP / SP

CADERNO

13 de novembro de 2012



Realização:


Caderno de Resumos da I Jornada Intergrupos de Comunicação e Cultura Organizadores Profa. Maria José Damiani Costa (UFSC) Profa. Mayra Gomes (USP) Profa. Meta Elisabeth Zipser (UFSC) Profa. Rosana Lima Soares (USP)

Ficha catalográfica

Catalogação na fonte elaborada na DECTI da BU/UFSC


Governo Federal Presidente da República: Dilma Vana Rousseff Ministro de Educação: Aloizio Mercadante

Universidade Federal de Santa Catarina Reitora: Roselane Neckel Vice-reitora: Lúcia Helena Martins Pacheco Pró-reitora de Ensino de Graduação: Roselana Fátima Campos Pró-reitora de Pós-Graduação: Joana Maria Pedro Diretor do Centro de Comunicação e Expressão: Felício Wessling Margotti Chefe do Departamento de Língua e Literaturas Estrangeiras: Silvana de Gaspari Sub-Chefe do do Departamento de Língua e Literaturas Estrangeiras: Lincoln Fernandes Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução: Andréia Guerini Subcoordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução: Walter Carlos Costa

Universidade de São Paulo Reitor: João Grandino Rodas Vice-Reitor: Hélio Nogueira da Cruz Pró-Reitor de Pós-Graduação: Vahan Agopyan Diretor da Escola de Comunicações e Artes: Mauro Wilton de Sousa Vice-Diretora: Maria Dora Genis Mourão Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais: Eduardo Victorio Morettin Vice-Coordenador: Eduardo Vicente Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação: Maria Immacolata Vassallo de Lopes Vice-Coordenador: Eneus Trindade Barreto Filho

Edição e Organização do Caderno Grasiele F. Hoffmann (PGET/UFSC)


Arte da capa Paula Pereira Paschoalick

Comitê Científico Profa. Maria José Damiani Costa (UFSC) Profa. Mayra Gomes (USP) Profa. Meta Elisabeth Zipser (UFSC) Profa. Rosana Lima Soares (USP)


A 1ª Jornada Intergrupos de Comunicação e Cultura tem caráter interinstitucional e é uma proposta de intercâmbio acadêmico dos pesquisadores dos Grupos TRAC – Tradução e Cultura (UFSC) e MIDIATO - Estudos de Linguagem: práticas midiáticas (USP). Em sua primeira edição, o evento apresenta os trabalhos de investigação desenvolvidos pelos membros dos grupos abordando diversas temáticas relacionadas às questões culturais e discursivas tanto na área tradutória quanto midiática.

cação teórica as investigações pautadas na linha funcionalista abrangendo áreas de tradução e linguística textual, tradução e sociolinguística, tradução e pragmática, tradução e hipermídia dando destaque aos conceitos de tradução como representação cultural e ampliando a noção de texto. Desta maneira, compartilha o conceito que o processo tradutório pode existir sem um texto-fonte escrito ou oral, pois pode pautar-se no próprio evento ou fato-fonte que dá origem ao texto. O foco da tradução como materialização cultural, como representação de um cenário sociohistórico-cultural tanto do contexto de produção do fato quanto de recepção dele, desloca o olhar do tradutor para além das demarcações gráficas, internas do texto-fonte ou texto-meta. Por esta razão, as interações dos sujeitos estão marcadas pela realidade cultural, social, histórica e seus textos estão embebidos de elementos advindos da estrutura linguística interna e externa a eles. Neste sentido, os estudos da tradução vêm despertando cada vez mais o interesse dos pesquisadores quanto o “fazer tradutório” e seus desdobramentos conceituais, teóricos, seu processo tradutológico e as abordagens e estratégias aplicadas ao texto., consequentemente, esse cenário propõe diferentes caminhos transdisciplinares. O embasamento teórico principal para essas investigações passa por Nord (1988,1991, 2010), que defende a tradução como um ato de comunicação autêntico inserido em contextos culturais diversos, materializados nos textos-fonte e textos-meta. Sob esta abordagem funcionalista dos processos textuais e tradutórios, para a autora, o tradutor exerce o papel de mediador cultural que pauta suas escolhas no propósito visado e focando-as em direção ao leitor final.

Apresentação

O grupo de pesquisa Tradução e Cultura – TRAC / CNPq – tem como demar-


Transita igualmente por Vermeer (1984) que destaca que a tradução é um processo predominantemente cultural, movido por um propósito comunicacional. Para o autor, a importância do propósito (skopos) é determinante e orienta a elaboração do texto, pois uma vez definido o propósito, este pode orientar o processo tradutório mesmo na ausência de um texto-fonte. Ampliam esta perspectiva Reiss e Vermeer (1991), ao incluir que para qualquer ato comunicativo eficiente, o tradutor deve apoiar-se na tipologia de textos para direcionar suas escolhas de estratégias tradutórias, buscando otimizar o processo e viabilizar a construção de sentido na recepção do texto. Ambos autores enfatizam que ao realizarmos uma tradução tecemos um texto que nos permite construir um sentido compartilhado com um leitor ou ouvinte. Então, no processo tradutório, o texto deve ser tratado como resultado das práticas sociais dos indivíduos, que compreendem processos, operações e estratégias cognitivas, textuais e sociointeracionais. Também, os postulados de Bakhtin, colaborando à multiplicidade de olhares sobre o texto, destacando a configuração da palavra como signo ideológico. Bakhtin (2004) advoga que nos constituímos socialmente por meio de textos, nos movemos através deles e, estes estão em constante movimento, são produtos de uma criação social, histórica e ideológica. Por isso, o texto não pode ser concebido isolado das práticas sociais, distante do contexto ao qual está inserido. Assim, para o autor, as palavras “servem de trama a todas as relações sociais em todos os domínios” (BAKHTIN, 2004: 41-42), por esta razão não se constituem como significados isolados ou apenas pontuais dentro de uma sequencia discursiva, elas estão tecidas por milhares de fios ideológicos embebidos em inúmeros contextos sociohistórico-cultural, refletindo e/ou refratando várias realidades sociais. Nessa perspectiva a construção de sentido do texto só será realizada na interação entre os sujeitos que participam de uma situação comunicacional. O período de desenvolvimento de pesquisas do TRAC com base nesses enfoques tem seu inicio em 2002 através de investigações de mestrado e doutorado no programa de Pós-graduação em estudos da tradução – PGET – UFSC e consolidam não apenas a transdisciplinaridade na área como também a dinâmica de sua atuação por diferentes áreas do conhecimento, teorias e suas aplicações em diferentes gêneros textuais. Os diferentes recortes – possibilitados pelas diversas investigações dos pesquisadores do TRAC – exploram as duas vias de “direção de tradução” nos pares linguisticos Inglês-Portu-


guês, Alemão-Português, Francês-Português, Espanhol-Português, buscando ampliar a dimensão cultural no ato tradutório. O grupo de pesquisa MIDIATO – Grupo de Estudos de Linguagem: Práticas Midiáticas é voltado para os estudos de linguagem aplicados às produções das mídias em geral, em seus diferentes produtos e formatos verbais, visuais e audiovisuais. Seus membros são compostos por docentes e discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Escola de Comunicações e Artes da USP, inseridos nas áreas de pesquisa em teorias, metodologias, linguagens e discursos das mídias. As pesquisas são desenvolvidas em torno da rubrica “ciências da linguagem”, empregada pelas mais diversas linhas de pensamento para designar estudos que levam em conta as condições e implicações da assunção da linguagem pela espécie humana, assim como seus reflexos na atualidade dos sentidos socialmente desenhados. A realização de tais estudos encontra sua possibilidade no cruzamento dos achados da antropologia, das ciências cognitivas, da filosofia, da linguística, da lógica, da psicanálise, da semiótica, entre outros. Ocorre que, para o vasto campo da comunicação e das mídias, e para o abrangente campo do jornalismo em particular, é justamente este tipo de estudo que pode promover uma compreensão melhor do poder das palavras, de seus efeitos e da responsabilidade de que se reveste quem assume a produção de discursos. Apresentamos, assim, estudos que se valem da metodologia de análise de discurso, tomada sob diversos enfoques, mas sempre na visada sócio/ política que atravessa as práticas midiáticas enquanto atos discursivos – imediato e mediado – e artefatos culturais. É nesse contexto que estão construídas as disciplinas de graduação e pós-graduação. Na graduação, são ministradas disciplinas do núcleo de Ciências da Linguagem: Práticas Midiáticas (em seus três módulos) para os primeiros anos do bacharelado em jornalismo da ECA-USP. Na pós-graduação, além de ministrarem disciplinas que contribuem para a formação de uma sólida base teórica na área de comunicação, linguagem e mídias, orientam numerosos trabalhos que se fundam em tal referencial. Seus orientandos beneficiam-se do contato com o grupo para contrastar e superar suas produções individuais. É também a partir destes instrumentais teóricos que as investigações são alocadas dentro do MIDIATO, o que já deixa entrever uma grande variedade de eixos de pesquisa, objetos estudados e correntes teóricas implicadas. Apesar da diversidade, no entanto, essa forma de trabalho também sugere um olhar bastante específico sobre os produtos midiáticos, tomando-os a partir das malhas das formações discursivas e das construções de sentido, através do ponto de


mediação fornecido pelos discursos. Esses estudos firmam nossa orientação para a análise de discursos enquanto proposta para o entendimento da complexidade dos fenômenos comunicacionais, de seus produtos e processos. Os discursos, neste sentido, são tidos a partir da ótica da mediação enquanto representam e sugerem mesmo uma forma específica de construção de mundo. Essa forma bastante particular de estudos da mídia implica um entendimento que toma os discursos instituídos por elas (recorrentes em seus sentidos) como discursos instituintes de realidades sociais outras (divergentes em seus sentidos). MIDIATO desenvolve diversos projetos que expandem o espectro do trabalho com a graduação, com a pós-graduação ou com as respectivas pesquisas individuais: realizam-se atividades voltadas à divulgação de conhecimento, como seminários, publicações, blogs, sites interativos em plataforma wiki. Investe-se na participação em congressos e outros eventos, nacionais e internacionais, bem como na organização e promoção de reuniões e eventos. Destaca-se o blog do MIDIATO, criado e mantido por membros do grupo no sentido de divulgar informações e andamento de pesquisas (http://www.usp.br/midiato). Há também um investimento nas ferramentas que hoje podem congregar comunidades e ajudar a difundir conhecimento, publicando conteúdos a uma audiência interessada. Nesse sentido, ressalta-se a produção de sites wiki realizada nos trabalhos das disciplinas de graduação. Tais ferramentas de informática são hoje fundamentais tanto no trabalho com o ensino, com a pesquisa e também nas atividades de extensão. Elas permitem, ao mesmo tempo, falar à comunidade USP e ainda extrapolar suas fronteiras, congregando pessoas interessadas em torno desse veículo virtual. A dimensão do que seja extensão (estender o alcance de um conhecimento para além das fronteiras acadêmicas), se agiganta quando se trata de um trabalho que direciona sua divulgação ao digital. Além disso, o grupo edita duas publicações principais: Rumores (www.usp.br/rumores), publicação semestral voltada para a divulgação de estudos científicos que contribuam para o debate sobre comunicação, cultura, mídias e linguagem, com artigos escritos por pesquisadores doutores e alunos de pós-graduação (mestrado e doutorado) de diversas instituições de ensino e regiões do país; e Anagrama (www.usp.br/anagrama), publicação trimestral que tem como objetivo discutir temas relacionados à mídia, imprensa e comunicação social a partir de uma ótica interdisciplinar, divulgando a produção acadêmica dos graduandos de qualquer área do conhecimento. Esperamos que esta 1ª Jornada possa estabelecer novos elos para pesquisas e projetos comuns entre os grupos.


Terça feira, 13 d enovembro de 2012. Local: Departamento de Cinema, Rádio e Televisão Prédio 4 - ECA-USP

9:00 h - Abertura com a Comissão Organizadora Período Matutino- Apresentação das comunicações orais:

09:20h - Retextualização e ensino de línguas: uma estratégia para a produção

textual

09:30h - Nos termos da interdição - uma rede significante de palavras proibidas 09:40h - A tradução das variedades linguísticas das histórias em quadrinhos da

Maitena (HQs) no ensino de ELE

09:50h - Os jornalistas do noticiário Deutsche Welle exercendo funções de

tradutor

10:00h - O feminino e a história na teledramaturgia brasileira: políticas da

representação em minisséries, seriados e séries

10:10h - Por uma história da narrativa do jornalismo em revista no século XX

no Brasil

10:20h - A representação cultural do fato noticioso: a tradução e suas refrações 10:30h - Vídeos amadores de acontecimentos 10:40h - Casamento real: traduções e alusões no texto telejornalístico 10:50h - O uso dos diferentes modos de linguagem na reescrita do material didático

para o AVEA.

11:00h - Representando culturalmente a identidade do Québec

Programação


11:10h - Ecos do silêncio: liberdade de expressão e reflexos da censura no Brasil pós-abertura

democrática

11:20h - Tradução intralingual e funcionalismo: o caso de receitas na língua alemã 11:30h - ‘Fala conosco!’: o jornalismo infantil e a participação das crianças 11:40h - Cultura: vertente para vinculação entre comunicação e tradução 11:50h - O desafio de “Viver a vida”: A questão dos estigmas sociais na novela em que a

deficiência é protagonista

Intervalo para almoço - 12:00 ás 14:00h

Período Vespertino- Apresentação das comunicações orais:

14:00h - As marcas culturais presentes em um gênero textual específico: a tradução das tiras

de Mafalda para o Português

14:10h - A tradução aliada à produção textual no ensino e aprendizagem de LE 14:20h - Ponto de vista a(u)torizado: estratégias autorais no documentário brasileiro contemporâneo 14:30h - Narrativas em rede: articulações discursivas e processos de agenciamento nas mídias digitais 14:40h - De magadan ao internauta: novos a(u)tores discursivos na modernização da ficção

seriada brasileira

14:50h - O jornalismo e a representação cultural: o vôo AF447 sob a perspectiva portuguesa e brasileira 15:00h - As técnicas e estratégias utilizadas pelos tradutores nos folhetos da região sul do

Brasil: identificando os culturemas

15:10h - Análise comparativa das marcas culturais da tradução para o inglês de textos

acadêmicos brasileiros da área de ciências humanas

15:20h - A tradução de notícias jornalísticas: os culturemas no carnaval brasileiro


15:30h - A censura em pauta: os discursos sobre o cerceamento da liberdade de expressão nas

páginas da imprensa

15:40h - Texto e contexto na construção de sentidos: a tradução em sala de aula de LE 15:50h - De volta para o futuro – O discurso televisivo da Rede Record 16:00h - Analítica da linguagem do rádio: gramática, jogos de linguagem e pragmática 16:10h - Periódicos científicos em Comunicação – a construção do campo 16:20h - Marcas culturais em interface: os caminhos de aproximação entre tradução e jornalismo 16:30h - O mundo pós “11 de setembro”: tecendo fios/textos entre a tradução

e a

narratividade jornalística

16:40h - Fatos noticiosos no jornalismo espanhol e brasileiro: o leitor/tradutor a partir das óti

cas cultural e linguístico-pragmática

17:00h - Encerramento



RESUMOS DE COMUNICAÇÕES ORAIS ..................................................19 Retextualização e ensino de línguas: uma estratégia para a produção textual.. 21 Nos termos da interdição - uma rede significante de palavras proibidas....... 21 A tradução das variedades linguísticas das histórias em quadrinhos da Maitena (HQs) no ensino de ELE...................................................................................22 Os jornalistas do noticiário Deutsche Welle exercendo funções de tradutor....23 O feminino e a história na teledramaturgia brasileira: políticas da representação

Por uma história da narrativa do jornalismo em revista no século XX no Brasil............................................................................................................25 A representação cultural do fato noticioso: a tradução e suas refrações....... 25 Vídeos amadores de acontecimentos................................................................26 Casamento real: traduções e alusões no texto telejornalístico..........................27 O uso dos diferentes modos de linguagem na reescrita do material didático para o AVEA................................................................................................................. 27 Representando culturalmente a identidade do Québec.....................................28 Ecos do silêncio: liberdade de expressão e reflexos da censura no Brasil pós-abertura democrática..................................................................................29 Tradução intralingual e funcionalismo: o caso de receitas na língua alemã.....29 ‘Fala conosco!’: o jornalismo infantil e a participação das crianças.......................30 Cultura: vertente para vinculação entre comunicação e tradução.....................31

Sumário

em minisséries, seriados e séries.......................................................................24


O desafio de “Viver a vida”: A questão dos estigmas sociais na novela em que a deficiência é protagonista................................................................................................................................32 As marcas culturais presentes em um gênero textual específico: a tradução das tiras de Mafalda para o Português..........................................................................................................32 A tradução aliada à produção textual no ensino e aprendizagem de LE............................33 Ponto de vista a(u)torizado: estratégias autorais no documentário brasileiro contemporâneo...........................................................................................................................34 Narrativas em rede: articulações discursivas e processos de agenciamento nas mídias digitais.......................................................................................................................................35 De magadan ao internauta: novos a(u)tores discursivos na modernização da ficção seriada brasileira ....................................................................................................................................36 O jornalismo e a representação cultural: o vôo AF447 sob a perspectiva portuguesa e brasileira.....................................................................................................................................37 As técnicas e estratégias utilizadas pelos tradutores nos folhetos da região sul do Brasil: identificando os culturemas.......................................................................................................37 Análise comparativa das marcas culturais da tradução para o inglês de textos acadêmicos brasileiros da área de ciências humanas.....................................................................................38 A tradução de notícias jornalísticas: os culturemas no carnaval brasileiro ...............................39 A censura em pauta: os discursos sobre o cerceamento da liberdade de expressão nas páginas da imprensa...................................................................................................................39 Texto e contexto na construção de sentidos: a tradução em sala de aula de LE........................40 De volta para o futuro – O discurso televisivo da Rede Record................................................41 Analítica da linguagem do rádio: gramática, jogos de linguagem e pragmática.......................42 Periódicos científicos em Comunicação – a construção do campo............................................42


Marcas culturais em interface: os caminhos de aproximação entre tradução e jornalismo.................43 O mundo pós “11 de setembro”: tecendo fios/textos entre a tradução e a narratividade jornalística..................................................................................................................................43 Fatos noticiosos no jornalismo espanhol e brasileiro: o leitor/tradutor a partir das óticas cultural e linguístico-pragmática................................................................................................44 LISTA DOS PARTICIPANTES DA COMUNICAÇÃO ORAL...............................................47



Resumo das comunicaçþes orais


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Caderno de Resumos

Retextualização e ensino de línguas: uma estratégia para a produção textual Demétrio, Ana Paula de Carvalho - PGET/UFSC anademetrio@gmail.com Sabe-se que muitas vezes, a produção textual é trabalhada de forma mecânica dentro de sala de aula, impedindo que o aluno realize uma atividade de reflexão mais profunda sobre função do texto que está produzindo. Isto também ocorreu e ainda ocorre com relação ao uso de atividades de tradução em salas de aula de língua estrangeira, já que até sua institucionalização como disciplina acadêmica, a atividade tradutória era vista simplesmente como elemento de aprendizado de línguas em escolas de idiomas. Considerando tais premissas, esta pesquisa pretende relacionar estes dois elementos; a produção textual e a tradução, sendo esta sob a perspectiva da retextualização - a produção de um novo/mesmo texto a partir de um que se originou em um gênero/língua diferente - como estratégia para composição textual em sala de aula de ELE. Tal proposta busca discutir a atividade de traduzir dentro de uma concepção funcionalista, onde as situações comunicativas ocorrem inseridas em ambientes culturais que as estabelecem e as condicionam (NORD, 1991 apud FERREIRA 2012) e a atividade de composição textual apoiada nos princípios de textualidade de Beaugrad e Dressler (1997) e nos elementos de elaboração textual de Cassany (1998). Como a proposta é investigar uma prática ocorrida em sala de aula de ELE, seu corpus será adquirido durante a disciplina de estágio docência, através de uma atividade de tradução/retextualização realizada com alunos da 4ª fase de Graduação em Letras Espanhol EaD/UFSC, onde os alunos serão expostos ao problema do lixo nas cidades a partir dos gêneros textuais vídeo e reportagem de jornal online com o propósito de gerar um fato-fonte para a atividade de retextualização/tradução para o gênero textual Carta do Leitor. Com a prática desta atividade, espera-se comprovar que a tradução pode ser utilizada como uma estratégia para a composição textual em sala de aula de ELE. Palavras chave: Tradução e ensino de línguas, retextualização, composição textual.

Nos termos da interdição - uma rede significante de palavras proibidas Andrea Limberto - Escola de Comunicações e Artes da USP andrealimberto@gmail.com A presente pesquisa refere-se a uma proposta de pós-doutoramento a ser apresentada à Escola de Comunicações e Artes da USP e desenvolvida sob eixo temático Liberdade de Expressão: Manifestações no Jornalismo, sob responsabilidade da Profª. Drª. Mayra Rodrigues Gomes. Propõe-se conceber uma interface com possibilidade de edição colaborativa objetivando observar a circula-

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I Jornada Intergrupos de Comunicação e Cultura

ção e atualização dos sentidos fomentados pelos trechos censurados entre as décadas de 30 e 60 presentes no material do acervo de peças teatrais do Arquivo Miroel Silveira. O trabalho tomará como base o levantamento realizado durante a pesquisa de doutorado Coincidências da Censura – Figuras de linguagem e subentendidos nas obras teatrais do AMS. Procederemos a uma recuperação e atualização de sentidos a partir da associação dos referidos materiais àqueles atuais que sejam de teor jornalístico, textuais ou audiovisuais, em que se veja manifesta a demanda por reparação nos termos de uma vontade de liberdade de expressão. Os trechos censurados serão, num primeiro momento, publicados e, nos termos do seu dito, associados através de ligações em rede à sua presença nos textos de conteúdo jornalístico. Em seguida, ainda, será possibilitada a intervenção do público. A análise possível a partir deste exercício deverá estar concentrada na riqueza das associações realizadas, anotando o reforço/manutenção ou o inusitado/reorganização dos termos censurados sob a insígnia do interdito. Trabalharemos teoricamente a articulação entre: 1- a noção de rede significante, como forma de evidenciar as articulações de sentidos que relacionam os mesmos termos em momentos diversos (na diacronia) a partir de um ponto de ligação (sincronia) na rede; 2- partindo do debate foucaultiano, discutir as possibilidades da estruturação de um arquivo como unidade, tratando sobre o que lhe oferece coesão; 3 – discutir as possibilidades de organização de arquivos associados às novas tecnologias e novas mídias de acordo com o pensamento sobre rede. Palavras-chave: liberdade de expressão, rede significante, interdito

A tradução das variedades linguísticas das histórias em quadrinhos da Maitena (HQs) no ensino de ELE Brenda Rocio Ruesta Barrientos – PGET/UFSC brendaruesta@gmail.com Nas discussões atuais no âmbito de ensino e aprendizagem de língua estrangeira, (LE) são defendidas práticas de ensino, na qual o professor de LE privilegia dentro da sala de aula, processos de interação significativa numa perspectiva de diálogo intercultural entre língua/cultura dos aprendizes e língua /cultura alvo. Porém, ainda observamos a tendência de conceber o ensino de LE enfatizando o conteúdo estrutural, fragmentado e descontextualizado da língua, e consequentemente, abordando o componente cultural apenas como pretextos informativos estereotipados da língua/ cultura alvo. Dessa forma, torna-se necessário e urgente o interesse do professor de LE em adotar nos seus procedimentos didáticos e metodológicos, práticas pedagógicas que evidenciem promover dentro do ambiente de ensino, uma esfera discursiva culturalmente dialógica para à construção da interculturalidade. Objetivando desenvolver essa consciência intercultural nos aprendizes de LE, esta comunicação apresentará nossa pesquisa de mestrado a qual busca construir e desenvolver uma

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Caderno de Resumos

sequência didática aplicada no ensino de espanhol como língua estrangeira (ELE) na quarta fase do curso de Licenciatura em Letras Espanhol a Distância (EaD) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Temos como objetivos demonstrar que trabalhar com a habilidade de tradução vista desde a perspectiva funcionalista, como comunicação intercultural, através do uso das histórias em quadrinhos (HQs) da Maitena Burundarena, pode ser uma ferramenta eficaz e produtiva para a construção de sentidos, a qual contribui para a construção do diálogo intercultural no processo de ensino/ aprendizagem de LE. Pretendemos também comprovar a importância de se desenvolver a habilidade da tradução como uma prática dialógica crítica e reflexiva e conscientizar os aprendizes da diversidade linguística da língua/cultura meta e para finalizar nossa investigação, almejamos verificar de que forma o professor de LE, atua como um agente de mediação cultural. Temos como hipótese que os aprendizes de LE através do processo tradutório das variedades linguísticas das HQs conseguirão compreender os enunciados de forma mais ampla, pois perceberão que além da composição estrutural das línguas espanhol e português , subjaz nelas redes de significações ideológicas, as quais, representam linguisticamente e culturalmente determinadas comunidades. Palavras-chave: tradução, interculturalidade, ensino, língua estrangeira.

Os jornalistas do noticiário Deutsche Welle exercendo funções de tradutor

Cássia Sigle - PGET/UFSC siglecassia@hotmail.com

O noticiário alemão Deutsche Welle (DW) é a voz da mídia da Alemanha em 60 países, e seus textos são traduzidos em 30 idiomas. Os jornalistas da DW cumprem a missão de seu noticiário, promovendo um diálogo intercultural. O presente trabalho objetiva demonstrar aos futuros jornalistas e profissionais da área de tradução, a importância de uma análise textual funcional na translação de textos jornalísticos. Analisamos 6 reportagens dissertativas online na DW, traduzidas do alemão para o português brasileiro e vice versa. Aplicando o modelo didático funcional da teórica alemã Christiane Nord, descobrimos, através de sua análise de fatores externos e internos ao texto, os condicionantes culturais de cada país. A interdependência desses fatores evidencia que o tradutor e, também o jornalista-tradutor, vai além de uma simples transformação de códigos linguísticos, pois ele exerce a tradução voltado para a cultura, tendo em mente seu leitor-destinatário. O jornalista e pesquisador alemão, Frank Esser, também preocupa-se no jornalismo com a recepção dos textos jornalísticos e sua interculturalidade. No caso dos textos em alemão, nota-se ao nível léxico-gramatical uma precisão no vocabulário, cuja translação para o português exige cuidados no processo tradutório. Busca-se, nesta pesquisa, investigar de que forma os jornalistas da DW adaptam os textos das reportagens originais a seu

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público-alvo de outra cultura. Para tanto fazemos uso, também, de um questionário, aplicado a cada um dos autores das reportagens dissertativas traduzidas. É pressuposto desta pesquisa que as respostas obtidas com os questionários venham a evidenciar procedimentos no trabalho dos jornalistas que estabelecem uma grande analogia com as funções do tradutor. Palavras-chave: Tradução, Funcionalismo, Jornalismo.

O feminino e a história na teledramaturgia brasileira: políticas da representação em minisséries, seriados e séries Daniele Gross –ECA/USP danielegross@danielegross.com.br Pesquisa de doutorado iniciada em 2012, visamos estudar as políticas da representação do feminino e da história na teledramaturgia brasileira, em especial seriados, séries e minisséries que tenham uma mulher como protagonista exclusiva. Por hipótese, cremos que o fato de mulheres serem as protagonistas desses programas não faz com que estes tenham como argumento central as questões do feminino, ou dos posicionamentos sociais da mulher brasileira, tais como casamento, maternidade, aborto, trabalho, política, voto, sexualidade etc.; e que, talvez, em alguns (ou todos, ou nenhum) desses programas o feminino seja representado por um olhar masculino. Assim, dessa hipótese, partimos para a proposta de trabalho: se nem todos os programas têm tal argumento como central, como então, o feminino é representado em cada um deles? E, apesar do corpus ainda não ter sido definido – em um primeiro levantamento, listamos em torno de 40 programas –, pretendemos iniciar as análises em Malu Mulher, seriado precursor desses programas, finalizando a amostra em programas da atualidade, abarcando assim as representações ao longo das décadas. Durante o primeiro ano da pesquisa, deparamo-nos com a possibilidade de buscar também as representações históricas nesses programas, quando inserimos esse tópico e ampliamos nosso questionamento: como as mulheres são representadas nesses programas e em que contexto histórico elas estão inseridas? Como a ficção televisiva faz uso da história em seus programas? Desse discurso, que tenta ao máximo ser verossímil, quanto existe de “factualidade” histórica e quanto de ficção? Acreditamos que esse debate é importante para colaborar na compreensão de como se dão as representações, nesse meio que é o mais massivo dos veículos de comunicação em nosso país. Por fim, das respostas obtidas desses questionamentos, traçaremos um panorama ao longo das décadas, bem como construiremos um quadro contrastivo entre essas representações, apontando semelhanças e diferenças entre elas. Palavras-chave: políticas da representação, feminino, história, teledramaturgia, verossimilhança.

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Caderno de Resumos

Por uma história da narrativa do jornalismo em revista no século XX no Brasil Eliza Bachega Casadei elizacasadei@yahoo.com.br As mudanças formais na narrativa jornalística nem sempre obedeceram a regras sancionadas institucionalmente, estando ligadas, muitas vezes, a sistemas de escrita tão amplamente utilizados que se tornaram padrões, mesmo que não reconhecidos oficialmente por qualquer organização ou expostas em algum livro escrito. A partir do pressuposto de que as estratégias discursivas utilizadas por jornalistas obedecem, em seus contornos gerais, a determinados modos padronizados de narração que instauram códigos de reconhecimento socialmente compartilhados, a presente pesquisa tem como objetivo estudar como estes modos padrões de narração se modificaram ao longo do tempo, instaurando mudanças na narrativa jornalística ao longo da história da reportagem em revista no século XX no Brasil. Utilizaremos como aparato teórico e metodológico um entrecruzamento entre o entendimento de Michel de Certeau acerca das práticas simbólicas, a estruturação da narrativa proposta por Paul Ricoeur e a noção de código a partir dos contornos que Roland Barthes deu a este conceito. Com isso, o nosso objetivo é verificar como são articuladas as repetições e as translações de significado na composição jornalística a partir de sua estrutura narrativa, de sua forma de organização codificada e padronizada, bem como o modo como essa configuração mudou ao longo do tempo, instaurando regimes narrativos, historicamente marcados, nas revistas brasileiras. Como corpus de trabalho, foram escolhidas: a Revista da Semana, O Cruzeiro, Fatos e Fotos, Realidade e Manchete, Veja, Época e IstoÉ. Uma vez que o próprio realismo pode ser entendido como a manifestação de um sistema de códigos convencionais, uma vez que é construído, justamente, a partir de uma série de procedimentos estilísticos que estão ancorados em regras culturais de representação, procuraremos estudar os diferentes modos narrativos padrões que o jornalismo de revista mobilizou ao longo do século XX como forma imaginariamente legitimada de construção de realidade. Palavras-chave: história, jornalismo, revista, códigos de narração, reportagem.

A representação cultural do fato noticioso: a tradução e suas refrações Fabíola Teixeira Ferreira (CAp/UFSC) fabiolatferreira@gmail.com Esta pesquisa compreende, dentro de uma concepção funcionalista, cujas situações comunicativas ocorrem inseridas em ambientes culturais que as estabelecem e as condi-

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cionam (Nord, 1988/1991), a tradução jornalística como “representação cultural do fato noticioso” (Zipser, 2002), e as palavras, quando devidamente contextualizadas, como signos ideológicos que não só refletem como refratam realidades. Já que possuem a possibilidade de (re)significação e valoração a cada vez que são enunciadas (Bakhtin, 2004). Com base nesses pressupostos, a finalidade principal desta pesquisa é verificar se os distintos objetivos e as “lentes” de cada jornalista/tradutor (Reiss & Vermeer, 1984/1996) podem refratar um fato noticioso, principalmente através de suas escolhas lexicais, apresentado diferentes leituras e realidades sobre um mesmo fato, de acordo com o contexto sócio-histórico e cultural que se destina o texto de chegada, neste caso a notícia jornalística. Palavras-chave: tradução, funcionalismo, jornalismo, refração.

Vídeos amadores de acontecimentos Felipe da Silva Polydoro – ECA/USP felipepolydoro@usp.br Com a profusão de aparelhos eletrônicos dotados de câmeras, cresce velozmente a quantidade de vídeos realizados por anônimos que captam algum fato de relevância midiática – que aqui chamo de acontecimento. Trata-se de um objeto desafiador, tendo em vista que: 1. Essas imagens são cada vez mais usadas no relato de fatos recentes, acessadas nos sites de compartilhamento de vídeos ou reproduzidas pela “grande” mídia; 2. Costumam ser recebidas como um testemunho verídico realizado de dentro do próprio acontecimento, uma espécie de verdade incontestável e reveladora, uma transmissão direta e imediata do real; 3. Os vídeos trazem novos elementos para os estudos em torno da representação e apresentação do real pelas imagens técnicas, debate vivo há mais de um século e que ganhou renovado impulso com a recente profusão de novas estéticas realistas. Esta pesquisa se propõe a responder ao seguinte problema: Qual o estatuto dos vídeos amadores de acontecimentos frente aos fatos reais que mostram, levando em consideração a realidade material e técnica desta imagem; as condições específicas de produção, distribuição, armazenamento e recepção; e o contexto cultural e histórico em que esses vídeos emergem? Por meio de pesquisa bibliográfica, o projeto pretende inserir cultura e historicamente tais imagens, expor o contexto em que estas surgem e se disseminam, e situá-las dentro da tradição das teorias da imagem e da representação do real. A etapa empírica envolve a análise de uma amostra de vídeos da categoria definida acima. Palavras-chave: audiovisual, imagem, vídeos amadores, acontecimento, realismo.

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Casamento real: traduções e alusões no texto telejornalístico Gabriela Hessmann - PGET/UFSC gabrielahessmann@hotmail.com A representação cultural baseada na interface entre o texto jornalístico e a tradução (ZIPSER, 2002), oportuniza novos rumos de pesquisas e reafirma as características hibridas das duas áreas. Esse estudo se desenvolve, principalmente, no âmbito dos Estudos da Tradução embasado na teoria da representação cultural e busca oferecer reflexões sobre um gênero textual ainda pouco estudado sob o prisma proposto. Essa comunicação aponta as marcas culturais identificadas em dois textos telejornalísticos elaborados a partir de um mesmo fato notícia – casamento real ocorrido em 29 de abril de 2011- porém divulgados em dois países distintos: França e Brasil. As reportagens representam um mesmo fato sob óticas sutilmente diferentes. O respaldo teórico para as análises concernentes à tradução é alicerçado por NORD (1991), no jornalismo, evoca-se os postulados de ESSER (1998) e no campo dos estudos sobre Alusão faz-se uso das propostas de NIKNASAB (2011) e LEPPIHALME (1996), entre outros.

Os autores pautam a atenção sobre questões de ordem cultural. O corpus é

composto das transcrições de dois textos: (a) o primeiro, veiculado no Brasil através da Rede Globo de televisão e; (b) o segundo, transmitido na França pela TF1(Télévision Française 1). O objetivo é verificar recursos discursivos elaborados em função do público-alvo, provavelmente em função de suas configurações socioculturais. Palavras Chave: Tradução, Jornalismo, Cultura.

O uso dos diferentes modos de linguagem na reescrita do material didático para o AVEA Grasiele F. Hoffmann - PGET/ UFSC grasi.ead@gmail.com Na atual Era da Informação as mídias impressas, audiovisuais e telemáticas (DEMO, 2008) estão evoluindo de forma tão rápida que o ensino precisou, também, adaptar suas estratégias didático-pedagógicas ás novas necessidades e tendências da sociedade. Neste sentido, surgem novas formas de construção do conhecimento e de comunicação, refletindo, também, na maneira como são elaborados e disponibilizados os conteúdos didáticos nos suporte impresso e digital. Neste contexto surge o Design Instrucional (DI) que, entre várias atribuições, é o responsável por tornar o texto-fonte, elaborado pelo professor-autor,

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em um texto-meta, apresentando assim, um material dialógico e contextualizado, capaz de proporcionar um aprendizado mais significativo e de qualidade. A partir desse cenário, o presente projeto de pesquisa objetiva: 1) Demonstrar, com base na teoria funcionalista da tradução defendida por Reiss, Vermeer e Nord, que o trabalho desenvolvido pelo DI ao reescrever o texto-fonte impresso em uma linguagem multimodal (verbal, visual e digital), pode ser caracterizado como tradução, possibilitando múltiplas possibilidades de refração do texto-meta no Ambiente Virtual de Aprendizagem. 2) Verificar como os recursos multimodais são utilizados pelo DI para articular discursos e reescrever/reconstruir o material didático. 3) Averiguar de que forma a materialidade do conteúdo desenvolvido pelo DI pode favorecer ou comprometer o desenvolvimento das habilidades e competências do aprendiz de Língua Estrangeira. Para auxiliar nesta analise o corpus utilizado compõe-se dos materiais didáticos desenvolvidos pelo DI para as disciplinas do curso de Licenciatura em Letras/Língua Espanhola na modalidade à distância e presencial da UFSC. Palavras chave: design instrucional, tradução, funcionalismo, multimodalidade, educação.

Representando culturalmente a identidade do Québec Hutan do Céu de Almeida - PGET/UFSC hutandion@gmail.com No contexto dos Estudos da Tradução, a tradução de textos técnicos tem se definido como uma linha de pesquisa em expansão com os recentes trabalhos produzidos e publicados na área. Dentro desse contexto é que se insere a análise de textos jornalísticos e sua forma de traduzir um meio social específico. No Québec, as medias impressas em formato jornal somam algumas dezenas de títulos com edições diárias, nesse sentido um estudo sobre como alguns desses periódicos influenciam a sociedade quebequense e, como essa influência determina os rumos históricos do Québec, nos traz um panorama sobre como o jornalismo, em uma região com características linguísticas/sociais/históricas tão peculiar, representa culturalmente a sua identidade cultural mesmo estando em contato fronteiriço com duas realidades linguísticas e culturais distintas – Estados Unidos e Canadá. Para essa análise, partimos da teoria da tradução como representação cultural (ZIPSER, 2002) e, como entendemos que a linguagem é pratica social e interação, essa representa a cultura e assim todo ato de comunicação promove e massifica um valor cultural. Palavras-chave: Tradução, jornalismo, Québec

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Ecos do silêncio: liberdade de expressão e reflexos da censura no Brasil pós-abertura democrática Ivan Paganotti - USP ivanpaganotti@gmail.com Há mais de cinco séculos a censura persegue de perto a liberdade de imprensa. Apesar de ser um sustentáculo próprio de regimes totalitários, a informação também é impedida de ser publicada no Estado de Direito; com base em brechas na legislação, surgem muros que barram os fluxos comunicativos. Desde a abertura democrática, uma censura velada continuou a coexistir com a Constituição Brasileira de 1988. Esta pesquisa analisa justamente casos de censura judicial à liberdade de expressão a partir das decisões do Supremo Tribunal Federal, Supremo Tribunal de Justiça e de tribunais regionais (como os de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal). O estudo foca os discursos articulados nas justificativas processuais e na repercussão nos órgãos midiáticos – ou no seu silêncio, que mimetiza e ecoa essa violência simbólica de forma especular. Pretende-se analisar, especificamente, os interesses particulares ocultos na censura de informações que concernem às investigações sobre corrupção (justificada pelo sigilo de justiça ou pelo respeito à privacidade dos acusados) e casos de censura promovidos por veículos de comunicação ou por personalidades da cultura midiática (devido a direitos autorais, pelo direito à privacidade, à imagem ou à moral). Com a abertura de 1988, a censura foi democratizada, personalizada e ganhou capilaridade: acessível a qualquer um que se sinta prejudicado, ela pode ganhar legitimidade ao ampliar seus defensores entre os que fazem uso do poder de silenciar os outros. Antes, a mordaça vedava temas tabus como parte da patrulha ideológica que tentava nos proteger, de forma paternalista, das práticas culturais, sociais e políticas subversivas, ofensivas ao nosso decoro, moral e religião, abalando os aparentemente porosos pilares da família, da propriedade e da nação. Agora, também se calam as críticas ou as informações que contrariam blindados indivíduos que são pajeados por juristas que servem (a)o silêncio da censura à la carte. Palavras-chave: comunicação, liberdade de expressão, censura, democracia, direitos.

Tradução intralingual e funcionalismo: o caso de receitas na língua alemã Juliana de Abreu - PGET/UFSC julideabreu@gmail.com A Alemanha e a Áustria são países formados por falantes nativos da língua alemã. A língua é um dos elementos característicos da cultura de um povo, e outro aspecto é sua alimentação e

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como as suas receitas são escritas e descritas, pois depende de para quem se escreve. A língua alemã pode ser considerada uma língua pluricêntrica, pois apresenta variantes padrões. E a culinária entre os países que têm o alemão como língua oficial é muito parecida, muitas vezes iguais, porém os pratos, os ingredientes apresentam nomes diferentes e a forma de preparo são descritas de maneiras distintas, o que torna necessária uma tradução intralingual. Este trabalho tem como objetivo mostrar que receitas são marcadas culturalmente pelos países de origem. A análise proposta consiste em comparar receitas publicadas na Alemanha e na Áustria, levando em consideração a variação linguistica entre os dois países. Para tal, um paralelo entre o conceito de cultura proposto por Geertz (2008); a definição de línguas pluricêntricas, voltada para a língua alemã, descrito por Muhr (1995); a visão funcionalista da tradução tratada por Nord (2009) e aspectos da tradução intralingual proposto por Jakobson (1987), são expostos nesse trabalho. O corpus desta pesquisa consiste em encartes culinários de jornais, de circulação nacional, publicados na Áustria e na Alemanha e também, encartes de revistas femininas alemãs e austríacas. Quando receitas são publicadas em jornais, pressupõe-se que o texto tem um público cultural alvo já específico, o que difere de receitas publicadas em revistas femininas, onde o público alvo é o gênero feminino, independente da cultura no qual está inserido. No final da pesquisa pretende-se evidenciar o papel que a língua exerce na gastronomia, comprovando que a cultura pode ser retratada ou apagada dependo o meio pelo qual receitas são publicadas. Palavras chave: culinária, cultura, tradução, línguas pluricêntricas, funcionalismo.

‘Fala conosco!’: o jornalismo infantil e a participação das crianças Juliana Doretto - Universidade Nova de Lisboa jdoretto@gmail.com As novas tecnologias de comunicação, associadas a outras mudanças da sociedade, vêm transformando o modo como as crianças formam sua identidade e se relacionam com o mundo a sua volta. Em outras palavras, as alterações nos media vêm se estabelecendo como um delineador importante das atuais gerações de crianças. Essas reflexões nos conduzem à principal pergunta de nosso projeto de investigação: a possibilidade que as crianças têm de se aproximarem dos veículos jornalísticos produzidos para elas, por meio de e-mails, blogs, sites e páginas em redes sociais dessas publicações, faz que elas participem mais da elaboração desse discurso jornalístico, exercitando o seu direito a representação? Dessa questão de fundo, surgem algumas outras: há um interesse voluntário nessa participação (como forma de exercer autonomia e influenciar numa esfera que lhe diz respeito) ou apenas respostas

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a estímulos propiciados pela redação ou por pais, avós, professores? A relação entre pares estimula essa participação ou interfere nela? Como os jornalistas desses veículos respondem a essa participação (ou à ausência dela)? Esse novo cenário, em tese mais aberto à participação da criança, terá mudado a forma de produzir o jornalismo infantil? Para caminharmos em direção às respostas dessas perguntas, selecionamos dois veículos produzidos para as crianças, um em Portugal, o único encontrado na grande imprensa do país (a revista mensal “Visão Júnior”, para crianças de 6 a 14 anos), e outro brasileiro, que melhor corresponde ao perfil da publicação portuguesa (“Estadinho”, o caderno infantil de O Estado de S. Paulo, para crianças de 6 a 10 anos). A observação de permanências, rupturas e idiossincrasias em paisagens midiáticas distintas, que se articulam em panoramas socieconômicos igualmente contrastantes, fornece pistas para que o pesquisador possa refletir melhor sobre o que dá contornos gerais ao processo observado e sobre o que é parte apenas de um contexto pontual. Palavras-chave: jornalismo infantil, participação, audiências, gerações

Cultura: vertente para vinculação entre comunicação e tradução Laís Gonçalves Natalino - PGET/UFSC laisnatalino@hotmail.com Cada vez mais se considera a importância da cultura nos processos de tradução. Esta relevância vem construindo uma relação espontânea entre comunicação, tradução e cultura, haja vista que em todo processo de comunicação há uma troca cultural entre interlocutor e receptor que possuem conhecimentos e bagagens culturais distintas, e que a tradução é tratada como uma forma de comunicar, ou transmitir informações de uma língua para outra. Esta pesquisa pretende aproximar as áreas da tradução e da comunicação, demonstrando sua interdependência através da cultura. Para tanto serão analisadas as diferenças culturais e deslocamentos de enfoque presentes em anúncios publicitários de mesma marca presentes no Brasil e no Canadá. A tradução será tratada, a partir do ponto de vista funcionalista de Christiane Nord, que sugere o questionamento a respeito do produto de um processo de tradução, considerando se este atingiu ou não sua função comunicativa pretendida. Neste trabalho adota-se uma perspectiva integrada da comunicação, cultura e linguagem, sendo a última também ponderada de modo funcionalista, segundo seu caráter comunicativo, o que nos levará a admitir que a língua seja no seu todo, também determinada pela cultura. Palavras-chave: comunicação, tradução, cultura, semiótica, funcionalismo.

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O desafio de “Viver a vida”: A questão dos estigmas sociais na novela em que a deficiência é protagonista Leandro Carabet - Universidade de São Paulo (bolsista Fapesp) leandrocarabet@gmail.com A partir de um olhar panorâmico das abordagens midiáticas sobre as pessoas com deficiência e os estigmas que envolvem suas narrativas e linguagens, é possível observar que ao mesmo tempo há discursos que operam na construção e reforço desses estigmas, e há outros que se propõe a desvendar essas relações que envolvem a pessoa com deficiência e a sociedade que a cerca. Sabe-se que as telenovelas têm grande alcance na sociedade brasileira e exercem um papel considerável na construção da identidade, do imaginário e da opinião. Levando-se em conta o impacto informativo e o papel social que essas produções têm, a telenovela é o objeto de pesquisa selecionado. Em 2009, a Rede Globo exibiu a telenovela “Viver a Vida”, de Manoel Carlos. O que mais chama a atenção nesta produção é o fato de a protagonista ter se tornado deficiente e, ao mesmo tempo, a deficiência ter se tornado protagonista na trama. A abordagem da deficiência em “Viver a vida” não se resumiu a uma ação de merchandising social, pois não foi colocada como algo exterior à narrativa. A inovação veio por conta de a deficiência ser retratada com o destaque do protagonismo e não receber a carga de condenação. Dois elementos ainda não conjugados em uma mesma telenovela. Nesta pesquisa, procuramos observar os aspectos de linguagem utilizados para construir as cenas da novela, levando-se em conta os elementos do discurso audiovisual. Com isso, procuramos identificar de que discursos a trama se valeu para revelar as diversas matizes de estigmas sociais e preconceitos, que se refletem nas atitudes da sociedade diante da pessoa com deficiência. Palavras-chave: telenovela, deficiência, estigmas sociais, análise de discurso, Viver a vida.

As marcas culturais presentes em um gênero textual específico: a tradução das tiras de Mafalda para o Português Letícia Beatriz Folster - PGET/UFSC lefolster@gmail.com A partir dos estudos dos teóricos Hans Vermeer, Katharina Reiss e Christiane Nord, e seguindo os princípios do Funcionalismo, percebe-se que em toda situação comunicativa, oral ou escrita, existe um modo de organização verbal socialmente constituído, e que todo texto, traduzido ou não, cumpre uma função. Logo, entende-se que a construção de um texto em uma

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cultura está diretamente atrelada às interações e práticas sociais do homem. Tendo por base os pressupostos teóricos de Bakthin, entende-se a palavra como um signo ideológico construído pelas ações dos indivíduos, e por fim, um texto. Deste modo, visto que estes textos são culturalmente construídos, propõe-se uma categorização específica para a análise do gênero textual escolhido fundamentada na Teoria Funcionalista da Tradução. Tal categorização leva o nome de Textos Culturais Específicos (TCE). Assim, este trabalho tem por objetivo realizar a análise de onze tiras do livro Toda Mafalda, edição argentina, e de suas respectivas traduções ao português brasileiro. As tiras refletem o contexto familiar e escolar de Mafalda e de seus amigos, e assim, ao considerar a hipótese de que a tradução de um texto depende do contexto cultural e da prática social pelo qual será representado, pretende-se identificar, inicialmente, no texto original em espanhol quais foram os Textos Culturais Específicos que se apresentam mais relevantes nas tiras selecionadas para categorização e análise e das estratégias de tradução utilizadas pelo tradutor. Para tanto, pretende-se verificar se o tradutor teve consciência da relevância das marcas culturais apresentadas no texto fonte e se teve a percepção de contextualizá-las ao leitor meta em sua tradução ao português. Palavras-chave: Textos Culturais Específicos, Funcionalismo, Tradução, Marcas culturais, Mafalda.

A tradução aliada à produção textual no ensino e aprendizagem de LE Maria José Laiño- UFFS lainoreales@gmail.com Pensando a tradução dentro do contexto escolar como uma ferramenta que auxilia o desenvolvimento da habilidade de produção textual no âmbito do aprendizado de uma língua estrangeira (LE), esta pesquisa tem por objetivo propor a tradução do gênero carta do leitor do português ao espanhol. O público partícipe desta pesquisa serão estudantes da sétima fase do Curso de Letras – Português e Espanhol da UFFS/Campus Chapecó - SC. Tendo em vista as críticas feitas referentes ao uso da tradução em sala de aula de LE, serão propostos exercícios tradutórios que instiguem e desafiem os alunos a pensarem em diferentes opções de tradução, apoiando-nos na teoria funcionalista de tradução de Christiane Nord, focando-nos em seu modelo teórico de análise textual. Nord (2010) propõe que se faça uma análise dos elementos intratextauis e extratextuais antes de realizar a tradução. Esta análise permite que o tradutor entenda e conheça alguns elementos determinantes como intenção do autor do texto fonte, função do texto fonte e texto meta, audiência do texto a ser traduzido, pressuposições do leitor do texto meta, etc. Como se trata de uma pesquisa que utiliza um gênero textual específico, um estudo

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sobre os gêneros discursivos também é realizado através dos preceitos de Mikhail Bakhtin (2010), o qual defende a ideia de que nos relacionamos a partir de gêneros e que o fazemos através de manifestações dialógicas, havendo sempre as trocas interculturais. Como resultado da pesquisa, espera-se que o exercício tradutório auxilie no aprimoramento da produção textual em língua espanhola, tendo como consequência um melhor aproveitamento da tradução e do aprendizado do novo idioma. Palavras-chave: tradução, ensino de LE

Ponto de vista a(u)torizado: estratégias autorais no documentário brasileiro contemporâneo Mariana Duccini Junqueira da Silva- USP marianaduccini@yahoo.com.br O estatuto da autoria conforma-se a um princípio de economia discursiva na gênese de sentidos circulantes em cada momento histórico específico. Nessa visada a função autor ordena-se pela seleção, demarcação, inclusão ou exclusão de certas materialidades de sentido, investindo determinados discursos de uma condição valorativa. A função autor não é gerada de maneira espontânea, mas como princípio de organização, operacionalizando traços de filiação, continuidades e dissensos, em cada época e em cada espaço de prática que instituem os discursos. Nesse âmbito, a derrocada do autor como origem teleológica do sentido motivaria a investigação desse prenúncio de subtração. Como a autoria coloca em relevo não só um lugar de autoridade enunciativa, mas também formas de circulação de discursos, é pertinente perguntar: sob quais parâmetros tal circulação se efetiva? Visto que a função autor não é exercida, no correr dos tempos, da mesma maneira, cada época modula suas representações acerca dessa figura. O referido apagamento da instância autoral dá-se em termos de um artifício singularmente textual: “a maneira com que o texto aponta para essa figura que lhe é exterior e anterior, pelo menos aparentemente” (FOUCAULT, 1969/2009: 207). Considerando-se a proeminência das práticas sociais na articulação da função autor, emerge o problema dos gêneros discursivos. Não aludimos aqui ao gênero em seu sentido operacional ou distintivo, mas como ordenação de protocolos que determinam formas de aparecimento e gestão de uma representação de autor no interior dos discursos. Ao pensarmos o documentário cinematográfico nessa perspectiva, temos como especificidade a instalação de um ponto de vista que se perfaz na medida em que narrativiza o mundo sensível. Uma reflexão mais específica sobre o gênero demarca o campo do documentário segundo uma dinâmica que teve de se haver, desde os primeiros tempos, com uma ambiguidade constitutiva: o dado do mundo não pode emergir senão como um olhar sobre o mundo.

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Buscamos, assim, investigar em documentários brasileiros contemporâneos como a autoria se estrutura em termos de estratégias discursivas, materializando-se na economia da mise en scène, ou seja, de elementos audiovisuais que ordenam discursivamente um ponto de vista sobre o mundo sensível. Palavras-chave: autoria, documentário brasileiro contemporâneo, ponto de vista, gêneros do discurso.

Narrativas em rede: articulações discursivas e processos de agenciamento nas mídias digitais Mariana Tavernari - Escola de Comunicações e Artes/ USP mddt@usp.br A pesquisa busca investigar formas narrativas das mídias digitais em suas dimensões hipertextuais e culturais, problematizando a materialidade discursiva do gênero, da autoria e de modos de produção e circulação, articulada ao estudo de políticas de representação interdiscursivas e a processos de agenciamento engendrados pelas redes sociais, para mapear práticas midiáticas cristalizadas nas tramas convergentes da comunicação, da cultura e da tecnologia na sociedade contemporânea. São problematizadas as formas narrativas que emergem com as mídias digitais, colocando questões relacionadas às articulações discursivas e processos de agenciamento característicos da tecnocultura contemporânea. Seu desenvolvimento justifica-se não apenas pela questão de som e imagem implicada nas mídias digitais, mas também pelo comprometimento teórico com os modos de produção e circulação das narrativas contemporâneas, articuladas às problemáticas discursivas do sujeito, da representação e dos processos de agenciamento em rede e de apropriação das tecnologias da informação e comunicação. As metáforas de rede e de rizoma atuam como um modelo conceitual de conectividade, a captar o jogo de pluralidades semânticas em função das condições de produção discursiva nas mídias digitais e de suas particularidades imersivas e participativas. Aplicado aos sistemas sociais, as redes sociais designam um conjunto de atores e conexões. Em sua forma tecnológica, remetem a uma dimensão telemática e hipertextual que, conjugada à sua forma cultural, aos protocolos sociais, incorporam a tríade da comunicação, cultura e tecnologia cuja convergência revela-se uma chave de compreensão das estratégias e práticas midiáticas, imaginários e formas de sociabilidade contemporâneas. Revela-se, assim, a cibercultura como uma formação discursiva recorrente nas políticas de representação e disputas interdiscursivas, materializando-se em narrativa digital, um “conjunto de elementos discursivos que compõem determinado imaginário sobre os impactos sociais, culturais e/ou subjetivos das tecnologias digitais” (Felinto, 2008: 15). Palavras-chave: comunicação; cibercultura; redes sociais; narrativa; discurso

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De magadan ao internauta: novos a(u)tores discursivos na modernização da ficção seriada brasileira

Mariane Harumi Murakami - USP mhmurakami@gmail.com A ficção seriada televisiva brasileira, desde o seu início na década de 50, passou por inúmeras transformações, que modificaram não somente a forma de produção de ficção, mas principalmente a experiência do espectador diante do produto ficcional. Ela passa de uma experiência ficcional baseada em um mundo fantasioso (“era Magadan”) para uma experiência que pretende parecer cada vez mais “realista”, em que os diversos elementos da trama apontam para o seu cotidiano (sem esquecer da utilização de mecanismos de representação naturalista) – a “era realista”, inaugurada por Beto Rockfeller. Em tempos de convergência, o espectador não abandona a narrativa televisiva, mas pode buscar (ou não) em outras mídias – revistas, internet, celular, etc. - conteúdos para enriquecer a sua experiência ficcional. A pesquisa propõe uma investigação dessas transformações, melhor dizendo, uma análise do discurso da ficção seriada brasileira e dos mecanismos que instauram as instâncias discursivas do espectador e do autor. Interessa-nos especialmente os conceitos desenvolvidos por Eco de Leitor-Modelo (no caso da telenovela, espectador-modelo) e Autor-Modelo discursivamente construídos, ou seja, que são produzidos no texto, por meio de mecanismos textuais e que se configuram como estratégias interpretativas que surgem como polos internos à obra. Nossa hipótese é de que, ao longo dos anos, o discurso da telenovela brasileira passa a ser construído no sentido de instaurar discursivamente a identificação do espectador junto à narrativa, fazendo com que haja um reforço da “realidade” da experiência ficcional. A partir do pacto de ficção, criamos um desejo de imersão, e com foco no mundo ficcional, não o questionamos, mas o reforçamos. Dessa forma, antes de desenvolver um estudo de recepção relacionado ao consumo dos conteúdos de telenovela e dos conteúdos transmídia envolvidos, propomos que esse processo de identificação e extensão/reforço da experiência ficcional constrói-se discursivamente, através de mecanismos de produção de sentido. Palavras-chave: telenovela, discurso, modernização, narrativa, audiovisual.

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O jornalismo e a representação cultural: o vôo AF447 sob a perspectiva portuguesa e brasileira Michelle de Abreu Aio - PGET/UFSC aiomichelle@gmail.com Ao considerarmos a atividade jornalística como tradução de fatos, percebemos que os mesmos conceitos referentes a conhecimento de língua/cultura se aplicam tanto à atividade tradutória quanto à jornalística. Considerando que a tradução se realiza a partir de um texto tido como original, para então se transformar em outro texto, ambos veiculados a determinadas culturas, os textos jornalísticos podem ser vistos como tradução se tomarmos o fato em si como “texto-fonte”. O papel do jornalista, portanto, em muito se assemelha ao do profissional de tradução; afinal, ambos atuam como mediadores culturais entre um dado original (texto/fato) e um público final (leitor). Neste trabalho, pretendemos identificar a relevância do papel do jornalista enquanto tradutor de fatos sob uma perspectiva cultural na escrita do texto jornalístico português e brasileiro à luz das teorias de Christiane Nord (1991) e Frank Esser (apud ZIPSER, 2002). Para tanto, utilizaremos textos jornalísticos escritos para as culturas lusófonas europeia e brasileira, ambos sobre um mesmo fato – a queda do Airbus 330, ocorrido em junho de 2009. Com isso, objetivamos analisar a importância do fator cultural, imbricado na língua, como amparo e instrumento para o jornalista/tradutor. Palavras-Chave: Tradução. Jornalismo. Cultura. Língua portuguesa.

As técnicas e estratégias utilizadas pelos tradutores nos folhetos da região sul do Brasil: identificando os culturemas Mirella Nunes Giracca- PGET/UFSC mirellagiracca@gmail.com O gênero textual folheto tem como principal função a difusão de uma informação, a venda e/ou a promoção de uma ideia ou marca. Por ser, em geral, um material de baixo custo, possibilita a circulação rápida da informação, atingindo um público bastante diversificado e, devido

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a sua estrutura, permite que o seu leitor tenha acesso pontual à informação desejada. Apoiados neste gênero o objetivo da nossa pesquisa é identificar os culturemas presentes em um folheto turístico de cada cidade/capital da região sul do Brasil (Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre), e verificar as técnicas e as estratégias de tradução apresentadas pelos tradutores desses materiais publicitários. Os pressupostos teóricos de Reiss, Vermeer (1996) e Nord (1988/1991) nortearão nossa pesquisa sobre a tradução sob a ótica funcionalista e sua representação cultural. E Bakhtin (2004) relacionaremos à tradução com os gêneros textuais e suas práticas sociais. Também destacaremos as propostas de análise de Nord e Nobs (2006) sobre os gêneros textuais folhetos turísticos. Ampliaremos esta proposta com o conceito de culturema trazido por Nida, Newmark, Nord, Molina. Partilharmos da ideia de que existe uma representação cultural nos textos (sejam eles orais ou escritos) e por essa razão os textos sofrem influencias externas e internas, em sua produção, gerando assim, de acordo com seu entorno sociohistorico-cultural, os culturemas. Palavras chave: Tradução. Funcionalismo. Culturemas. Folhetos Turísticos.

Análise comparativa das marcas culturais da tradução para o inglês de textos acadêmicos brasileiros da área de ciências humanas Monique Pfau - PGET/UFSC moniquepfau@hotmail.com Pouco vem se estudando no âmbito da tradução de textos científicos dentro dos Estudos da Tradução. Com a globalização e o diálogo que tem acontecido entre diversos centros acadêmicos do mundo, essa prática torna-se cada vem mais comum. A língua inglesa aparece exercendo o papel de língua franca como grande intermediária da comunicação entre diversas culturas. A pesquisa pretende analisar textos dentro da área de Ciências Humanas que aparecem em versões publicadas no portal SciELO de forma bilíngue e, através de uma série de estudos de casos, serão contempladas questões que envolvem a tradução cultural de textos originalmente escritos em português e que abordam alguma expressão de cultura brasileira e suas respectivas traduções para a língua inglesa. Assim, será possível perceber as estratégias utilizadas pelos tradutores para a transmissão de conhecimento e discurso para o público alvo. Através da apropriação da teoria funcionalista alemã de tradução, o objetivo principal da pesquisa é perceber as funções que os textos da língua de chegada exercem nos seus respectivos leitores e como a identidade cultural brasileira é transmitida através destes. Palavras-chave: Funcionalismo Alemão, Ciências Humanas, Tradução Cultural, Globalização, Identidade.

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A tradução de notícias jornalísticas: os culturemas no carnaval brasileiro Myrian Vasques Oyarzabal - PGET/UFSC myoyarzabal@hotmail.com Ao traduzir um texto fonte que é idealizado a um leitor, para outro público, o tradutor deve aproximá-lo do leitor meta, torná-lo compreensível e funcional. Sendo assim, conforme a perspectiva funcionalista dos estudos da tradução, concebemos que traduzir é muito mais do que a mera substituição entre palavras de uma língua à outra, é o meio mais eficaz de intermediação entre culturas distintas, é a capacidade de tornar compreensível o desconhecido e diminuir as distâncias encontradas. Conforme Zipser, 2002, para que exista a tradução não se faz necessária a existência de um texto fonte, e sim de um fato fonte que será relatado, traduzido à determinada audiência. A tradução é, portanto, uma comunicação intercultural, em que o jornalista/tradutor poderá deparar-se com culturemas e com as barreiras tradutórias causadas por eles, levando-o a optar pelas técnicas de tradução mais adequadas para cada situação. Nesse trabalho, realizamos um breve resgate da teoria funcionalista da tradução baseado nos teóricos: Reiss e Vermeer (1984/1996) e Nord (1988). Tramos da tradução em interface com o jornalismo, apoiando-nos em conceitos de Zipser (2002). Após esses resgates teóricos, ampliamos nosso conceito da palavra como signo ideológico, proposto por Bakhtin (1988). Discorremos sobre os culturemas e sobre as técnicas tradutórias, seguindo a perspectiva de Nord (1994) e Molina (2002). Ao final, realizamos a identificação e análise da tradução dos culturemas, presentes em dois textos jornalísticos veiculados em jornais online de dois países diferentes: Brasil e Paraguai, que noticiaram a campeã do Carnaval do Rio de Janeiro em 2012. Comprovamos, então, que os culturemas são signos ideológicos, pois carregam consigo a realidade dos sujeitos, operam em um contexto social, dependem desse contexto e estão em constante transformação. Palavras-chave: Culturemas. Signos Ideológicos. Funcionalismo. Tradução Jornalística.

A censura em pauta: os discursos sobre o cerceamento da liberdade de expressão nas páginas da imprensa Nara Lya Simões Caetano Cabral - USP naralyacabral@yahoo.com.br O levantamento junto a conteúdos veiculados na imprensa tendo como foco as manifestações em relação à censura e à liberdade de expressão constitui ponto de partida fundamental para a compreensão da ação censória enquanto parte de um processo abrangente e, ao mesmo

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tempo, imanente às articulações sociais. Isso porque o jornalismo configura-se como meio em que muitas informações podem ser obtidas sobre contexto e acontecimentos sociais, tanto no passado quanto no presente. Com isso em vista, tendo por base as proposições de Michel Foucault sobre o método de análise arqueológica do discurso, o qual pretende analisar a irrupção dos acontecimentos discursivos levando em consideração condições sócio-históricas de produção dos discursos, a pesquisa tem como objetivo compreender como a imprensa se posiciona, atualmente, diante da censura e da liberdade de expressão – princípio democrático que constitui pressuposto de ação do jornalismo. Vale lembrar, pois, que o nascimento do próprio jornalismo está atrelado ao surgimento da democracia moderna, do capitalismo, dos ideais de cidadania, de igualdade jurídica, de liberdade. Ele aparece, no século XVIII, como defensor e porta-voz da mentalidade que ascendeu com a derrocada do Antigo Regime e com a queda do Absolutismo (Bucci, 2000: 10). De modo correlato, objetivamos compreender como se configuram os saberes e os discursos a respeito do cerceamento da liberdade de expressão que emergem nas páginas da imprensa. Nesse sentido, devemos notar que há um movimento de rearticulação do saber sobre a censura no Brasil. O corpus deste estudo é composto por matérias jornalísticas que têm como foco central a temática da censura e que foram publicadas em três veículos jornalísticos de circulação nacional – a saber, Folha de S. Paulo, Veja e Brasil de Fato –, escolhidos por serem representativos de diferentes vieses editoriais. O período em foco na pesquisa compreende os anos de 2007 a 2011. Palavras-chave: censura, discursos circulantes, jornalismo, liberdade de expressão, análise arqueológica do discurso.

Texto e contexto na construção de sentidos: a tradução em sala de aula de LE Noemi Teles de Melo - PGET/UFSC noemiteles@gmail.com Esta pesquisa está inserida na interface tradução e ensino de línguas e tem como objetivo propor uma releitura do modelo funcionalista de tradução de Christiane Nord (1991) para a sala de aula de língua estrangeira (LE). Segundo a autora, a tradução é uma atividade intercultural na qual estão envolvidos uma série de elementos extralinguísticos que o tradutor deve considerar no momento de traduzir. Entre tais fatores, Nord destaca a figura do destinatário e também o propósito da tradução, isto é, o tradutor precisa saber para quem escreve como também qual é a finalidade do texto-alvo.Com base nesse aporte teórico, aplicou-se um experimento no segundo semestre de 2010 com alunos do Curso de Letras Espanhol da Universidade Federal de

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Santa Catarina para testar como os estudantes reagiriam à prática de tradução em duas situações diferentes: o grupo experimental, chamado de grupo A, recebeu apoio da teoria funcionalista para traduzir dois textos do espanhol para o português e o grupo de controle, chamado de grupo B, realizou a mesma tarefa de tradução sem apoio do funcionalismo. A partir das análises realizadas, notou-se que o grupo A demonstrou maior preocupação em elaborar textos que fossem culturalmente reconhecidos pelo seu público alvo, respeitando assim, o entorno cultural onde o texto circularia. Já o grupo B apresentou traduções literais, revelando uma preocupação em manter todas as informações contidas no texto fonte, isto é, o foco recaiu somente em questões linguísticas. Com isso, objetivamos salientar a importância de se considerar a língua e a cultura como elementos indissociáveis no processo tradutório. Palavras-chave: tradução; funcionalismo; ensino de línguas; cultura

De volta para o futuro – O discurso televisivo da Rede Record Paula Pereira Paschoalick (ECA-USP) artepasck@gmail.com Este projeto de pesquisa pretende investigar e caracterizar a articulação do discurso em fluxo televisivo da Rede Record do início do século XXI. O trabalho busca referências nas teorias de tradição cinematográfica, mas também se propõe a um percurso que contemple e articule soluções teóricas e metodológicas que sejam próprias para a abordagem da televisão como sistema cultural singular que é. Considerando que a televisão celebra uma rotina de repetições constituindo um fluxo discursivo que perpassa toda a programação, propomos a caracterização desse discurso da Rede Record, partindo da hipótese de que, após a estagnação da emissora nas décadas de 80 e 90, com sua reestruturação empresarial, entre 1998 e 2004, a retomada da sua produção aos poucos abandona a postura mimética inicial em relação à concorrente Rede Globo e desenvolve uma estrutura de produção, circulação e tradição própria e identificável, que passa, inclusive, a influenciar as outras emissoras do sistema com seu modo de fazer televisão. Para realizar esse percurso propomos a organização de um banco de dados que nos ofereça informações capazes de delinear as principais características temáticas e estilísticas da produção da emissora, seus reflexos na crítica especializada, na mídia e nos índices de audiência. Palavras-chave: cultura audiovisual, televisão, discurso, sistema televisivo, Rede Record.

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Analítica da linguagem do rádio: gramática, jogos de linguagem e pragmática Rafael Duarte Oliveira Venancio rdovenancio@gmail.com O presente trabalho visa entender como o rádio se distingue dos demais sons do mundo. A hipótese aqui formulada é a de que o rádio, em sua definição, é uma linguagem, e não um aparelho. Dessa maneira, há a busca por uma caracterização da linguagem radiofônica seguindo as ideias implicadas em uma Estética da Linguagem (Jacques Derrida e antiessencialistas como Paul Ziff, Morris Weitz e W. E. Kennick). Com isso, há um estudo detalhado do rádio em seu jogo de linguagem (Ludwig Wittgenstein) e em seus diferendos (Jean-François Lyotard), considerados aqui enquanto parergon e ergon, ou seja, enquanto recorte e modelo operacional da linguagem em sua intersecção com o mundo.Para a investigação do jogo de linguagem, foram utilizados conteúdos relacionados à Filosofia Analítica, à Lógica Algébrica e à Teoria dos Jogos para desenvolver um método analítico denonimado Jogo Lógico, voltado para o estudo de jogos de linguagem comunicacionais. Já para a investigação dos diferendos, foram utilizadas as ideias pragmáticas acerca da performatividade e da lógica ilocucionária (J. L. Austin e John R. Searle) para analisar os gêneros radiofônicos (a saber: musical, radiojornalismo, esportivo, variedades [talk radio], humorístico, ficção e publicidade). Essas duas investigações formam aquilo que é chamado aqui de Gramática do Rádio – considerando o conceito wittgensteiniano de gramática –, o ponto nodal que nos permite caracterizar o rádio enquanto linguagem. Palavras-chave: rádio, linguagem midiática, teoria dos jogos, lógica algébrica, filosofia analítica da linguagem.

Periódicos científicos em Comunicação – a construção do campo Renata Carvalho da Costa - USP renatacosta@usp.br O projeto pretende analisar o presente e o futuro do impresso, tendo como objeto de estudo os principais periódicos científicos brasileiros do campo das Ciências da Comunicação, segundo o Qualis, sistema de avaliação de periódicos da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Os periódicos serão analisados por meio de seu histórico e passagem do meio impresso para o digital, das etapas de seu processo editorial, temas, autores e bibliografia utilizada nos artigos. A partir disso, pretende-se destacar quais

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especificidades do campo da Comunicação estão refletidas nesses periódicos e, consequentemente, de que maneira estes estão retroalimentando o próprio campo. Palavras-chave: comunicação, revistas científicas, impresso, digital, processo editorial.

Marcas culturais em interface: os caminhos de aproximação entre tradução e jornalismo Sandra Mazutti - PGET/UFSC sandra.mazutti@gmail.com A cultura é fator determinante para a língua e, portanto, para todos os atos de compreensão e interpretação da mesma. Língua e cultura estão intrinsecamente interligadas, fazendo parte da identidade não só individual, mas também da sociedade como um todo. Permeando tal relação encontramos o tradutor, que assume o papel de intermediador cultural, visto que suas escolhas influenciarão diretamente no texto-traduzido e, consequentemente, no público que receberá a tradução. Compartilhando dessa ideia, este estudo se pauta na interface da tradução e do jornalismo, com o intuito de comprovar a hipótese de que as marcas culturais estão presentes nos textos jornalísticos e, assim sendo, a tradução é guiada pelas escolhas que o tradutor faz pensando em seu público-alvo e na cultura na qual cada texto está inserido. A presente pesquisa pertence aos Estudos da Tradução e se apóia em um fundo teórico composto por Mikhail Bakhtin (2004), Frank Esser (1998) in Zipser (2002) e a teoria funcionalista de Christiane Nord (1991), para avaliar os textos de análise retirados da National Geographic nas versões traduzidas para América Latina (espanhol), Espanha (espanhol) e para o Brasil (português), derivadas da edição original da revista Americana. Palavras-chave: tradução, jornalismo, funcionalismo, cultura.

O mundo pós “11 de setembro”: tecendo fios/textos entre a tradução e a narratividade jornalística Silvana Ayub Polchlopek - Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – PGET/ UFSC sil-in-sc@uol.com.br A tradução de fatos jornalísticos, geralmente voltada à letra, encontra no campo da teoria da representação cultural a possibilidade de expandir o conceito de texto para o evento noticio-

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so e compreender a prática tradutória como ato de língua. Fundamentada na vertente funcionalista para os estudos da tradução, que compreende o ato tradutório como ação comunicativa e a prática jornalística como culturalmente marcada, a tradução jornalística constrói paralelos que aproximam essas duas áreas como interfaces de pesquisa. Nesse contexto é possível ainda desprender-se do texto e voltar os olhos para os títulos das matérias jornalísticas como primeiras enunciações desses fatos e, portanto, suas traduções diretas. Agrupados em sequencialidade temática, os títulos (re)constroem o evento noticioso que enunciam, apontando uma nova possibilidade tradutória; resgatando a historicidade do fato no imaginário do leitor; gerando deslocamentos de enfoque que representam culturalmente o evento e constituindo, eles mesmos, uma nova narrativa jornalística. Essa narrativa, por sua vez, deslocada para o campo do discurso, permite pensar também a tradução não apenas como campo discursivo, mas também como ato comunicativo oriundo diretamente da intenção de comunicar, ou seja, a relação interlocutória entre sujeitos e/ou instituições sociais estabelecida antes mesmo do ato concreto da enunciação. Sendo assim, é possível agregar à função [primeira dos títulos] de comunicar e atrair a atenção do leitor para os fatos, a função igualmente significativa de traduzir e representar esses fatos culturalmente e constituir narrativas ao mesmo tempo circunstanciadas (inscritas num determinado momento sócio-histórico-cultural) e contextualizadas (envolvendo sujeitos, significações, pressuposições e memórias específicas). Essa perspectiva que insere a tradução jornalística no discurso reafirma o sentido do texto (traduzido) como prática social e permite, assim, ampliar as possibilidades de pesquisa no âmbito da tradução e do jornalismo em meio acadêmico e em sala de aula, confirmando a tradução como prática social, cultural e comunicativa. Palavras-chave: tradução jornalística, títulos jornalísticos, representação cultural, narratividade, discurso.

Fatos noticiosos no jornalismo espanhol e brasileiro: o leitor/tradutor a partir das óticas cultural e linguístico-pragmática Vera Regina de Aquino Vieira - PGET/UFSC Veraav29@gmail.com

O trabalho pretende confrontar as diferenças e os filtros culturais existentes entre Espanha e Brasil, tendo como corpus um fato noticioso veiculado em dois jornais de grande circulação: EL PAÍS da Espanha e a Folha de São Paulo do Brasil, no período de um mês do ano de 2011. O que se pretende é analisar os desvios feitos pelo jornalista/tradutor no momento de adequar a notícia aos leitores, uma vez que a notícia é um produto cultural, dotado de um sistema sim-

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bólico estruturado em torno de sua linguagem, que além de narrar os fatos historicamente e espacialmente situados, também constrói a realidade social através de sua ressignificação por meio de elementos presentes no universo cultural dos sujeitos que preenchem as páginas de jornais e revistas. Nesse sentido, o jornalista/tradutor exerce o papel de mediador da realidade, pois através de seu olhar deixa no texto marcas reveladoras das intenções ideologicamente direcionadas, como também crenças, valores, como um intermediário especializado da realidade social. Seguindo essa orientação, para analisar a tradução do fato noticioso, nos interessa tecer reflexões acerca da cultura e da linguagem, da tradução como representação cultural, do texto e seu interlocutor, leitor/ouvinte, quem estabelece um permanente diálogo para gerar sentido, pois o texto é lugar de interação entre sujeitos que nele se constituem e são constituídos. Além das questões de ordem linguística interessa-nos também as extralinguísticas ou pragmáticas, que permitirão fazer a interpretação simbólica com o mundo empírico, com a notícia como fato histórico, e as relações entre os participantes da narrativa, narradores, audiência, veículo, pois é através da análise pragmática que se torna possível observar o jogo cognitivo estabelecido entre emissores e público receptor. Palavras chave: Tradução, cultura, texto, leitor e pragmática.

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Ana Paula de Carvalho Demétrio - p.21

Brenda Rocio Ruesta Barrientos - p.22 Cássia Sigle - p.23 Daniele Gross - p.24 Eliza Bachega Casadei - p.25 Fabíola Teixeira Ferreira - p.25 Felipe da Silva Polydoro - p.26 Gabriela Hessmann - p.27 Grasiele F. Hoffmann - p.27 Hutan do Céu de Almeida - p.28 Ivan Paganotti - p.29 Juliana de Abreu - p.29 Juliana Doretto - p.30 Laís Gonçalves Natalino - p.31 Leandro Carabet - p.32 Letícia Beatriz Folster - p.32 Maria José Laiño - p.33

Lista dos participantes

Andrea Limberto - p.21

Mariana Duccini Junqueira da Silva - p.34

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Mariana Tavernari - p.35 Mariane Harumi Murakami - p.36 Michelle de Abreu Aio - p.37 Mirella Nunes Giracca - p.37 Monique Pfau - p.38 Myrian Vasques Oyarzabal - p.39 Nara Lya Sim천es Caetano Cabral - p.39 Noemi Teles de Melo - p.40 Paula Pereira Paschoalick - p.41 Rafael Duarte Oliveira Venancio - p.42 Renata Carvalho da Costa - p.42 Sandra Mazutti - p.43 Silvana Ayub Polchlopek - p.43 Vera Regina de Aquino Vieira - p.44

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