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Copyright © 2018 Andy Collins
Copidesque e Revisão: Samantha Silveira Capa: Dri K.K. Design Diagramação: Cristiane Saavedra
Todos os direitos reservados.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
ESTE LIVRO SEGUE AS REGRAS DA NOVA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NACIONAIS - ACHERON
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São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento por escrito da autora.
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“Não é de vitórias que um verdadeiro lutador é feito, mas sim das derrotas e de como ele as supera”. OLIVER WILLERS
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CAPA FOLHA DE ROSTO FICHA CATALOGRÁFICA RISE 1 Jace Sky RISE 2 Jace Sky RISE 3 Jace Sky RISE 4 Jace Sky RISE 5 Jace Sky RISE 6 Jace NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Sky RISE 7 Jace Sky RISE 8 Jace Sky RISE 9 Jace Sky RISE 10 Jace Sky ANTES DA LUTA... Jace EPÍLOGO Ellie Cam PLAYLIST AGRADECIMENTOS BIOGRAFIA
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ENCARO
PELA
ÚLTIMA
VEZ
O
COLCHÃO
encardido que fica acima de mim, foi essa visão que tive diariamente por dois anos. O tecido desbotado e rasgado, com alguns pedaços de espuma à mostra. As molas do estrado que sustentam o colchão rangem a noite inteira. A cada maldita noite. 724 noites para ser mais exato. Contei cada uma delas. Mas não é a porcaria desse colchão que me faz olhar para cima. Enfiada entre as molas, está a foto dela... Bem na direção dos meus olhos. E todos os dias antes que eu os feche, é ela quem eu vejo. Sky. Ela não veio me visitar uma única vez sequer, dois anos que as notícias que recebo são através dos meus pais ou tios. Não a culpo, muito menos a julgo. Tudo que aconteceu pode deixar a cabeça de qualquer um ferrada de verdade. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Meu tio é quem geralmente me conta detalhes como quando ela decidiu parar de lutar ou mudar para o próprio apartamento. Minha garota estava presa na escuridão e eu determinado a tirá-la de lá. Fecho os olhos quando ouço a cama ranger. A rotina das minhas noites são sempre as mesmas; além de olhar para a foto da Sky, sou obrigado a presenciar meu companheiro de cela dando seu show particular. É isso aí! Eu, Jace Willers, tenho que ouvir um cara do tamanho de um tanque de guerra se masturbar todas as noites. A cama range novamente e ele geme. É o sinal de que a minha tortura não vai durar muito. Aprendi a pegar no sono rápido desde que descobri seu vício. Sim! Eu chamava isso de vício porque desde a primeira noite que passei aqui, ele se masturbava. Se isso não é um tipo de vício, o cara tinha graves problemas. Mais um gemido, e finalmente, a cama para de ranger. Suspiro aliviado, hoje é a minha última noite nesse lugar e não consigo dormir. Não sei se conseguiria ficar calado por muito mais tempo. E NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS isso foi uma das primeiras coisas que aprendi sobre o meu companheiro de cela. Ficar calado. Clarence tem o sono leve e na minha primeira noite eu o acordei. A minha cama não parava de ranger, eu estava agitado e não conseguia dormir. O resultado disso foi bem interessante. Um olho roxo. Eu praticamente desmaiei e na manhã seguinte, ele se tornou meu amigo e protetor. Não que não estivesse protegido, meu pai e meu tio usaram todo o status que tinham para garantir a minha segurança. Infelizmente, não conseguiram diminuir a minha pena. Um conselho: nunca faça merda em ano de eleição. Eu fiz isso e os políticos me usaram como exemplo. Mostrando que nem todo dinheiro e fama poderiam deixar meu crime impune. Bando de canalhas se formos analisar. Um baque alto traz meus pensamentos de volta ao presente. Em seguida, Clarence senta na minha cama. Ele me encara e eu me sento ao seu lado. — Noite difícil? — pergunta, Clarence sabe que NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS estou saindo amanhã. — Agitada. — Está arrependido do que fez? — Eu não respondo porque ele sabe a resposta, mesmo assim sempre pergunta. Depois que ficamos amigos, na melhor das hipóteses, Clarence sempre repetia que eu não deveria me arrepender e isso me ajudou. Era no que me apegava cada vez que me imaginava sendo como um deles. — Sua garota, ela está esperando você? — Aponta para foto da Sky. — Ela não é minha garota. — Você se meteu nessa confusão para defender ela, então, é sim a sua garota. — Rá. Fácil é falar — sussurro. — Faça com que ela enxergue isso, garoto. — Ela é minha prima, não me vê dessa forma. — Ele bufa. — Bem, ela não veio te visitar durante esse tempo todo, pelo menos não que eu tenha visto. Já NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS parou para pensar no porquê disso? É claro que ela te vê, e cá entre nós, é muito mais do que “dessa forma”. — Dá ênfase as duas últimas palavras e eu sorrio. — Posso fazer uma pergunta? — Não. — Ele é enfático. — Por que quando cheguei aqui você me bateu e depois virou meu amigo? — Eu nunca tinha parado para pensar sobre isso até àquele momento — Seu pai e tio estão cuidando do que é meu lá fora, e eu estou cuidando do que é deles aqui dentro. — Meu pai e tio? — Fico espantado. — Eles não sabem do olho roxo. — Garoto, nesse tempo todo aqui e não aprendeu que algumas pessoas mantém um olho em tudo? — Desdenha como se fosse algo totalmente óbvio. — De quem eles estão cuidando para você? — Já está indo longe demais, garoto — ele me adverte, mas porra, não tenho mais nada para fazer e não consigo dormir. — Por que veio parar aqui? — Ele me encara NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS quando termino a pergunta. Sempre quis saber, mas ele nunca permitiu que se falasse no assunto. Bem, vou me arriscar cutucando a fera já que estou prestes a sair daqui mesmo. — Quero dizer, todo mundo só sabe que está cumprindo pena, mas ninguém sabe o motivo ou por quanto tempo. — Você tem algum problema auditivo, garoto? Porque se me lembro bem, não te dei permissão para fazer perguntas — critica, mas não soa irritado. Um Clarence irritado não é algo que você queira ver. A maioria das celas tem em média seis presos, mas não na nossa. Nessa estamos apenas nós dois, isso deve significar algo a seu respeito. Eu sabia que minha família cuidava de algumas coisas para tornar meus dias mais tranquilos, se é que podemos dizer isso quando se trata de ficar enclausurado, sem liberdade alguma. Porém, não sabia que pagavam para que Clarence fosse meu guardacostas. Meu sobrenome, unido ao motivo que me levou a prisão já era o suficiente para garantir o respeito de algumas pessoas. Os presos amavam o boxe e NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS odiavam caras que abusavam de mulheres. Eu era praticamente a porra de um herói. Mas nem tudo eram flores e quando Clarence me deu um soco, eu sabia que estava mais vulnerável do que pensava. — Desculpe, não quis parecer um intrometido. — Sou sincero. — Fiz algo de que não me arrependo, Jace. E também não me sinto envergonhado. Vou cumprir tanto tempo que provavelmente não verei mais o mundo além desses muros. — Olho para ele. — Isso é a única coisa que precisa saber. — Obrigado — agradeço, porque sei que ele não fala sobre isso com ninguém. Seu processo é um mistério e não se sabe o motivo do porquê de ele estar preso, pelo menos ninguém que está dentro dessa prisão. Com os cotovelos sobre os joelhos solto uma respiração cansada, enquanto esfrego os olhos. — Você tem que parar com isso. — Parar com o quê? — pergunto indeciso. — De se culpar. NACIONAIS - ACHERON
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— Não é bem assim. — O cara não morreu por sua causa. — Como você sabe que ele morreu? — pergunto confuso. Max morreu no mês passado por overdose dentro de uma boate. No dia em que fui preso, ele foi levado para o hospital com um rosto praticamente desfigurado. Foram necessárias inúmeras cirurgias para que ele ficasse minimamente reconhecível. E quando meu tio veio me visitar duas semanas atrás, me deu a notícia. Max estava morto. Ele contou como tudo aconteceu e no final eu não consegui sentir nada. Odiava Max pelo que ele fez com a Sky e por ser o motivo da minha prisão, ele simplesmente teve o fim que merecia. — Me diz uma coisa. — Ele me encara novamente. Clarence tem um rosto rústico, a cicatriz que começa na sobrancelha e termina no queixo lhe dá um ar sombrio e assustador. — Se encontrasse esse cara amanhã, o que você faria? Digo, caso ainda estivesse vivo. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Não preciso pensar para responder. — Eu o mataria. — E o seu tio? Pelo que me contou ele estava sob controle por causa da garota e da sua tia. Se ele o visse, o que aconteceria? Mais uma vez não preciso pensar na resposta. — Ele o mataria. — Então de nada, garoto. — Ele bate na minha perna e eu fico perplexo. — Agora vá dormir porque você tem um grande dia pela frente. E assim, o cara que mais parece um tanque de guerra volta para cama dele e começa a roncar cinco minutos depois.
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Puxo o capuz tentando esconder o rosto, ajusto os fones de ouvido e olho para baixo. Sentada na arquibancada tenho uma boa visão dos alunos. Venho na academia pelo menos três vezes durante a semana para vê-los treinar, e só isso. Chego, confiro mais uma vez se o capuz e fones estão no lugar, mesmo que não esteja ouvindo nenhuma música, é apenas um recado para que ninguém se aproxime. O que eu gosto mesmo de ouvir são as risadas, as batidas nos sacos de areia. Sinto as mãos tremerem a cada movimento que os alunos fazem. Eu amava isso, amava quando meu pai me ajudava com os movimentos, orientando e motivando. Mas ele não está aqui agora, foi buscar o Jace com meu tio Jason. Minha pele se arrepia apenas com a lembrança do seu nome. Jace Willers, meu primo, o cara que foi para NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS prisão por minha culpa. Que foi preso porque eu fui fraca demais. Olho para o meu celular desligado e vejo a hora. Provavelmente, nesse exato momento, está acontecendo um grande jantar em comemoração. Minha mãe passou a manhã inteira tentando me convencer a estar na casa deles hoje, mas aqui estou eu. Bem, ele está de volta e em segurança. Isso é tudo que importa para mim. — Você não deveria estar em casa? — Droga, tio Grant! Você me assustou. — Estava tão perdida em meus pensamentos que não o ouvi chegar. Grant era treinador do meu pai e quando ele decidiu parar de lutar, resolveu que também era hora de se aposentar. Hoje ele trabalha na academia da minha família e ajuda treinando crianças que fazem parte de um projeto social. — Você também não deveria estar lá? — pergunto e volto a atenção para as crianças. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Pedi desculpas ao Jason, hoje não consegui ninguém para me ajudar aqui. Minha culpa volta quando ele termina a frase porque eu costumava ajudá-lo com as crianças. — Desculpe. — Quando vai parar com isso, Sky? — Viro o rosto para olhá-lo nos olhos. — Não sei do que está falando. Levanto e saio pisando duro sem olhar para trás. Grant é como se fosse meu avô — ou algo do tipo — e me conhece desde que era criança, portanto sei que, assim como meu pai, não aceita a minha decisão. E eu não me importo. Saio da academia e sinto o ar frio de Seattle logo me cumprimentar. O clima da cidade está tão estranho quanto estou me sentido. Vou andando até o meu apartamento, o que não é uma longa caminhada. Meu pai fez questão que eu morasse perto, então se eu andar quatro quadras à direita, chego no prédio. Quatro quadras à esquerda fica o prédio onde meus pais e tios moram. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Depois do que aconteceu, meu pai achou prudente que nos mudássemos e morar próximo da academia foi um bônus. Ele achou que isso me estimularia a não parar. Mas não conseguiu esse objetivo, porém sou grata por poder vir andando apenas para observar as crianças treinando. Olho para os dois lados por um momento, indecisa sobre qual caminho tomar. Jace estaria com eles, só que eu não o vi durante esses dois anos. Sempre que meu pai ia visitá-lo, ele me trazia uma carta dele. De todas as cartas que escreveu para mim, e são muitas, eu só li a primeira. Foi o suficiente para que eu passasse dias chorando. A cada lembrança de suas palavras, meu coração se dilacerava mais e mais. Não ia suportar ler todas e também não fui capaz de destruí-las, apenas as guardei. Isso pode soar egoísta da minha parte, como se eu não me importasse com ele. Não é verdade. Eu me importo, tanto que chega a ser insuportável NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS saber que fui à culpada por sua prisão. Não fui forte o bastante, pelo menos não quando era necessário ser. Max fez muito mais do que abusar de mim fisicamente naquele dia. Ele me destruiu por dentro, arruinou tudo que eu tinha de especial, minha autoestima, os meus sonhos. Meu verdadeiro amor. Encosto na parede e a soco violentamente. Dou um grito quando a dor me atinge, as juntas começam a ficar vermelhas e eu praguejo. — Merda. — Seguro minha mão e decido, por fim, qual caminho tomar. Em alguns minutos estou entrando no meu prédio, cumprimento o porteiro com um resmungo. Não estou sendo mal-educada, mas a mão doendo está acabando comigo. Entro no elevador rezando para que ele suba direto, preciso colocar gelo e tomar algo para dor. Dor. Só que a minha tem raízes tão profundas que nenhum anti-inflamatório ou analgésico conseguiu amenizar. A porta finalmente abre. Eu tiro o capuz da NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS cabeça e pego as chaves, quando estou abrindo a porta, uma mão me impede. Eu congelo. Meu corpo começa a tremer compulsivamente. — Não, não, não — gemo tão baixo que mal posso ouvir a minha própria voz. Não pode estar acontecendo, de novo não. — Respire, Sky. — Uma voz diz quase no meu ouvido, mas meu corpo não coopera. — Apenas respire lentamente. Ele fala com tranquilidade e a mão que me deteve se afasta. Porém o calor de seu corpo deixa evidente sua proximidade. Faço o que ele pede e respiro, bem devagar. Como meu pai me ensinou. Já fazia algum tempo que eu não tinha um ataque de pânico, o que costumava acontecer quando algumas pessoas chegavam muito perto. Fico nervosa, me sentindo incapaz. — Está indo muito bem, mais uma vez. Respire. Continuo obedecendo a voz, meu peito sobe e NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS desce lentamente. Tento acalmar as batidas do meu coração e quando volto a assumir o controle das minhas emoções, eu me viro para encarar quem quer que seja. — Jace! — Aperto a mão contra o meu peito. O pânico foi tanto, que não reconheci a voz dele. Meus olhos começam a arder e logo as lágrimas se tornam inevitáveis. Jace está aqui, bem na minha frente, a um braço de distância. Sinto a respiração falhar de novo. Está diferente de quando o vi pela última vez. Pela roupa bem acomodada no corpo, vejo que está mais robusto. Ele sempre foi forte, mas nunca definido assim. O cabelo uma vez longo, agora praticamente não existe mais. Seus olhos que antes eram cheios de doçura e faíscas de alegria, estão ilegíveis — sem qualquer emoção, boa ou ruim. Estou diante de um estranho. O que foi que eu fiz?! — Oi, Sky. — Vejo ele erguer as mãos para o meu rosto e por puro instinto, eu me afasto do seu toque. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Oi, Jace. — É tudo o que consigo dizer. — Há quanto tempo isso vem acontecendo? — É direto. Jace nunca foi um homem de meias palavras. Bom, já é um sinal de que ainda resta algo de sua essência. — Não sei do que está falando — minto. — Do ataque de pânico. — Eu não tive um ataque de pânico — retruco na defensiva. — Sei reconhecer quando vejo um. — Ele se aproxima e meu corpo treme novamente. — Sou eu, Sky. Apenas eu. Jace estende a mão e eu fico encarando seus dedos. Ele espera pacientemente até meu corpo se acalmar. Não sei o porquê de estar reagindo assim; ele é meu primo, meu melhor amigo. Estendo a mão e nossos dedos apenas se encostam. Meu corpo já não treme mais, porém as lágrimas ainda caem livremente pelo rosto. Imaginei todas as cenas para o nosso reencontro; na casa dos meus pais, na casa dele, na academia. Mas nunca assim, nunca pega desprevenida, NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS vulnerável. — O que aconteceu com a sua mão? — Droga! Olho para a mão que estendi e percebo que foi a machucada. — Um surto de raiva. — Recolho a mão. — Preciso entrar, foi bom ver você, Jace. — Podemos conversar? — Seu tom é firme, e pela primeira vez seus olhos expressam emoção. Angustia. — Não é uma boa hora. —Por dois anos não tem sido uma boa hora, Sky. — Jace... — suplico. — Acabei de sair da prisão e vim ver você. — Ele passa a mão na cabeça e olha para os lados. — Quero apenas conversar, Sky. Nada demais. — Tudo bem. — Sentindo-me culpada, suspiro e abro a porta do apartamento. Culpa é algo que ninguém jamais deveria sentir. É uma carga pesada que te destrói por dentro e quando eu o vejo, esse sentimento se multiplica. Assim que a porta é aberta, um barulho chama a nossa atenção. Hori sempre vem ao meu encontro NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS quando chego em casa, mas assim que ela nota que tenho companhia, suas passadas desaceleram até parar. — Jace, essa é Hori. — Ele olha para a enorme Pit bull branca que não tira os olhos dele. — Você tem um Pit bull em casa? — Jace não se mexe, e pela primeira vez em muito tempo, eu sorrio. — Presente da sua mãe. — Isso é a cara dela. Eu posso me mexer? — Hori! Aqui. — Dou um tapa na minha coxa e me agacho. Hori vem em minha direção e me lambe no rosto, sem tirar os olhos dele. — Seja uma boa menina, tá bom? — Afago seu pescoço. — Precisa tocar nela. — Eu? Sorrio de novo. — Sim, ela não vai te morder mesmo não te conhecendo. Porém, precisa ganhar sua confiança. — Minha mãe não poderia ter escolhido um Poodle de presente? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Ela queria que eu me sentisse protegida — digo sem tirar os olhos de Hori. — Droga, desculpe. Como eu devo tocá-la? — Se agache aqui e fique do meu lado. — Jace faz o que eu peço. — Pode colocar a mão. — Pego a mão dele e sinto ele esfregar o polegar na lateral da minha mão, como costumava fazer. Meu coração se aquece com o gesto. — Não tenha medo. — Não estou com medo. — Sério? Posso sair então? — Não. — Sorrio mais uma vez. Pela terceira vez em poucos minutos já sorri mais do que nos últimos dois anos. Jace toca Hori e ela não se mexe. E quando parece que está ganhando a sua confiança, ela rosna e fica ao meu lado praticamente empurrando Jace. — Certo, entendi o recado — diz, se afastando. — Hori não gosta de muitas pessoas. Vou levá-la para dentro. — Levanto e ela me acompanha. — Adoro a minha mãe nesse momento. — Consigo escutar quando ele resmunga. NACIONAIS - ACHERON
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Fecho Hori no quarto e volto para sala, Jace está sentado no sofá olhando para as fotos que estão em cima da mesa de centro. Antes de sair de casa, eu havia retirado algumas fotos de uma das caixas guardadas no armário. A maioria das fotos eram de família, e ele estava em praticamente todas. — Quer beber alguma coisa? — ofereço enquanto vou pegar a bolsa de gelo. — Não, obrigado. — Ele está segurando algumas fotos na mão. Sento na poltrona, colocando um pouco de distância. Sei que Jace jamais me faria algum mal, mas a minha mente distorcida parece não concordar com isso. — Pensei que conseguiria ter uma conversa normal, sabe? — Ele quebra o silêncio. — Que fosse chegar aqui e te abraçar. — Ele solta um longo suspiro antes de me olhar. — Pensei que você também fosse querer me abraçar. — Desculpa, Jace. — Você não me contou tudo que aconteceu naquela noite, não é mesmo? — Ele me encara NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS enquanto tento abrir a boca para argumentar, mas é em vão. Nada sai. Na noite que Jace foi preso tudo aconteceu muito rápido; os socos, a polícia. Era ano de eleição e Jace foi à peça que faltava para que os políticos mostrassem serviço. Ele serviria de exemplo, enquanto que Max usava como desculpa seu estado de embriaguez e a cocaína em excesso na corrente sanguínea. Eu também bebi um pouco naquela noite. Quando cheguei na festa, estava com tanta raiva do Jace que bebi duas cervejas num gole só. E não hesitei quando Max me levou para o quarto. Ele era meu namorado e pelo que todos viram na festa, eu subi bastante consciente. Mas quando me dei conta de que eu não queria aquilo, de que não era com ele que queria estar, era tarde demais. Max não ouviu quando eu pedi para parar. Ele não entendeu quando eu disse não quero. E quando um tapa atingiu meu rosto, a minha mente girou e eu congelei. Passei por muitas lutas na minha vida. Levei NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS socos que poderia ter derrubado qualquer homem, mas eu não caía. Eu era Sky Willers, a melhor pugilista da minha geração e filha de uma lenda do boxe. E ali estava eu, impotente. Sendo violentada por um cara que era meu namorado. Alguém em quem confiava, que jamais imaginei que me machucaria. — Você precisa ir embora agora. — Jace me olha, mas não diz nada. Vou até a porta e a abro, esperando que ele saia. — Não vai poder fugir para sempre — afirma. — E você não pode fingir que nada mudou. — Nada mudou para mim, Sky — responde com segurança. — Tudo é diferente para mim agora, Jace. Jace passa a mão no cabelo antes de sair do meu apartamento. Surpresa, fico observando ele caminhar na direção oposta do elevador. — O elevador é por ali. — Ele para e me olha sobre o ombro. — Eu sei, mas eu moro nessa direção. — E aponta para uma porta que fica no final do NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS corredor. Perfeito. Quatro apartamentos por andar e Jace agora é meu vizinho. — E, Sky? — diz assim que coloca a chave na fechadura. — Se precisar, estou só a uma porta de distância. Jace sorri e entra em seu apartamento. Não sei se tenho vontade de sorrir, ou de chorar.
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FECHO
A PORTA E RESPIRO FUNDO, NÃO ACHO
que tenha ficado tão nervoso assim antes, nem mesmo quando recebi minha sentença. Mas ela tinha esse poder sobre mim, era algo que eu não conseguia explicar. Ficar tanto tempo sem vê-la e agora não poder abraçá-la... Droga, era um inferno. Mas o que eu podia fazer? Sky esteve bem na minha frente — era a voz dela, o mesmo cabelo — mas só isso. Minha garota não estava mais ali, era apenas uma casca. — Porra! — Levo as mãos até a cabeça antes de ligar as luzes e me permitir ver o lugar pela primeira vez. O apartamento foi um presente de boas-vindas dos meus tios, dizer que tio Oliver queria que eu ficasse perto da Sky seria eufemismo e que minha mãe estava uma fera com isso, era pior ainda. Ela não gostou nem um pouco que eu fui embora assim que acabamos de comer. Confesso que estava NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS ansioso para ver Sky, mas acima de tudo, me senti incomodado com tanta atenção e sufocado por tantos mimos familiares. Por mais que minha família sempre estivesse presente durante o tempo que passei na prisão, eu meio que me acostumei a ficar sozinho, e haviam hábitos difíceis de esquecer. Como permanecer quieto durante a refeição, por exemplo. Também culpo meu silêncio pelo fato de estar frustrado, irritado e exausto. Minha família é maravilhosa, mas todos reunidos pode exceder a cota de barulho de qualquer ambiente. Percorro a sala com os olhos, onde é evidente que tem dedo da minha mãe na decoração. Vejo um quadro enorme de uma pista de corrida e, instantaneamente, um sorriso se forma no meu rosto. Quando cheguei não olhei para nada porque meu foco era um só, ver Sky. Agora, eu posso observar com mais atenção. É como se todos tivessem passado aqui, o que não duvido. Há várias revistas de boxe em cima da mesa de centro, cortesia do tio Oliver. Arranjos de flores espalhados por todo canto, trazidas pelo tio NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Tommy, com certeza. Os móveis da sala são cinzas e no sofá, as almofadas são todas pretas — isso é a cara do meu pai. Na cozinha, encontro a geladeira cheia e sorrio com a infinidade de bebidas com que me deparo. Coisas do Cam, certeza. Também tem uma garrafa de champanhe que deve custar mais do que o salário de muitas pessoas. Tia Helena, penso. Pego uma garrafa com água e olho o celular que minha mãe tinha trocado por um modelo mais novo e transferido todos os meus contatos. Vou até o sofá e sento, abrindo o aplicativo de fotos e encontrando tudo que estava no antigo aparelho e mais algumas fotos novas. Eu amo a minha mãe, ela nunca se esquece dos detalhes. Há fotos de todos, fotos antigas e de momentos que perdi quando estava preso. Fotos do meu irmão dirigindo um dos carros da nossa equipe, dos meus pais e também dela. Sky... Ela não está em muitas ocasiões, mas quando aparece é como se não estivesse presente, seu NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS sorriso não é verdadeiro. Caramba, eu os conheço bem e sei quando eles são. Não percebo que estou chorando até ver a tela molhada e esfrego novamente o rosto com as mãos. Droga, eu perdi tanta coisa. Dois anos preso, dois anos sendo privado desses momentos. Eu deveria estar arrependido do que fiz, mas Max mereceu cada soco, cada porcaria de osso quebrado. Pego o celular de novo e volto para a foto em que estão todos juntos. Pela roupa que tio Tommy está vestido e o chapéu de rena, era no Natal. Não é preciso ser um gênio para ver que ninguém estava feliz ali, e eu sabia que era culpa minha. Mas estava determinado a mudar aquilo, a recuperar cada momento — eu não seria mais o responsável pela falta de sorrisos no rosto da minha família. E faria Sky sorrir de verdade novamente, minha garota voltaria a ser feliz. Dando aquele sorriso que fazia eu me apaixonar toda vez que ele aparecia, cada vez que era direcionado a mim. Assim como ela fez hoje, por um breve instante. Eu ia trazer eles de volta para seu rosto. Pode NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS apostar nisso. É com esse pensamento que vou para o quarto, sorrindo de novo ao ver a decoração. Nada de especial, apenas a foto de todos nós juntos no evento onde a Sky conseguiu o cinturão. É olhando para essa foto que eu durmo, e pela primeira vez em dois anos, tenho uma noite de sono tranquila.
*** Existem hábitos adquiridos que são difíceis de perder. Acordar cedo é um deles; às cinco, já estou de pé e andando de um lado ao outro, me sentindo enjaulado. O que não faz sentido algum. Meu tempo de confinamento acabou. Às seis, a campainha toca ao mesmo tempo em que estou saindo do banho. Enrolo uma toalha na cintura e vou até a porta. Ainda é cedo para qualquer visita e o porteiro não interfonou para avisar que alguém estava subindo. Sorrio porque a essa hora, a única pessoa que poderia estar na minha porta é ela. Abro-a com um sorriso idiota no rosto, mas ele NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS se desfaz assim que um punho me acerta em cheio. Dou um passo para trás, ainda meio atordoado e pego de surpresa. — Mas que merda! — rosno. — Isso é por você ter proibido as minhas visitas. — Ouvir sua voz me faz sorrir de novo e fico olhando para o moleque parado na minha frente com uma mochila nos braços. Ela aterrissa com um baque alto no chão quando ele a joga para longe, e então me abraça. — Que belo soco, hein!? — digo ainda o abraçando. Cam é meu irmão mais novo e eu amo esse moleque — sim, ele será para sempre um moleque para mim, cheio de energia e traquinagens prontas para acontecer — e foi por isso que quando fui preso não quis que ele visse nada daquilo. Que ele passasse perto de algo que pudesse contaminá-lo, prisão não é lugar para um adolescente. — Você merecia mais. — Ele limpa as lágrimas dos olhos e se afasta. — Aquilo não era lugar para você, Cam. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — E nem para você, e veja só onde ficou por dois anos. — Ele sorri. — Como cresceu, seu pirralho. — Bagunço o seu cabelo e o puxo para mais um abraço. — E você também. Mas pelo amor de Deus, vá vestir uma roupa, Jace. — Cam estremece exageradamente e se afasta. — Já tomou café? — pergunto e vamos para a cozinha. — Não, eu vim direto do aeroporto. — Mamãe está uma fera com você. — Abro a geladeira e pego alguns ovos e frutas. — Como é que foi perder a hora do voo, Cam? — Nossa mãe estava soltando fumaça ontem porque Cameron tinha que ter chegado ontem pela manhã, mas pelo visto perdeu o voo e precisou pegar outro mais tarde. — Garotas francesas, meu irmão. Garotas francesas — responde como se somente isso explicasse sua falta de comprometimento. — O que você aprontou dessa vez? — Ele senta enquanto espera pelo café que estou preparando. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Ninguém me contou de fato o que houve, eu só sabia que ele foi passar alguns dias em Paris com a tia Helena. — O de sempre. — Ele dá de ombros. — Cam... — Tá bom, tá bom. Sério que nem chegou direito e já vai querer bancar o irmão mais velho? — Ele sorri, levanta e vai até a geladeira pegar mais algumas coisas. — Mamãe descobriu que eu estava participando de um racha no mês passado. — Senhor! E como ela descobriu? — Digamos que eu posso ter dado perda total no carro dela. — Eu quase deixo os ovos caírem com a revelação. Eu o encaro e ele está olhando para sua maçã como se ela fosse a mais nova descoberta da humanidade. Se tem algo que Leah Willers ama, é o carro dela, ou era pelo que Cam quis dizer. Era o carro que ela tinha quando conheceu o nosso pai, e embora eu não faça questão de saber, acredito que existia uma história ali. Ele o comprou quando ela tentou vender logo quando minha mãe desistiu de NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS tudo para ficar com meu pai. Então esse carro é algo sagrado para nossa mãe, ou melhor, era. — Não acredito, cara. Como é que conseguiu fazer essa proeza? — pergunto incrédulo. Cam podia ter apenas dezesseis anos, mas se tinha uma pessoa que sabia dirigir bem, era ele. — Não foi culpa minha, porém não consegui evitar. Era isso, ou beijar o carro que vinha na contramão, o que não seria uma coisa legal — explica como se fosse a coisa mais normal do mundo. — Ninguém me contou nada. Você se machucou? — Olho para ele tentando avaliar, e não vejo nada fora do lugar. — Nada grave, só algumas luxações. Mas a mamãe pirou comigo, cara. Tirou meu carro e a moto e me mandou para Paris. Você sabe que para ela, não tem castigo pior do que passar alguns dias com a tia Helena. — E como foi por lá? — Mamãe tem razão, a tia Helena não é tão legal NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS assim quando estamos de castigo. — E sorri. — Não, eu lembro quando fiquei uns dias com ela. — Tremo só de pensar. Nossa tia adora o luxo e como ex-modelo, ainda mantem uma dieta rigorosa. Ela não teve filhos, mas parece que ela e o marido são muito felizes desse jeito. Para compensar, sempre mimou não só a mim, mas Cam e Sky também. Somos como crianças de brinquedo para ela. O que é aterrorizante. — E agora que está de volta, qual a regra? — pergunto enquanto coloco nossos ovos num prato. Cam abre uma caixa de suco e serve em dois copos. — Sem carro e... — Ele solta um suspiro exagerado. — Preciso melhorar na escola. — Tão ruim assim? — Não, mas você sabe como é o papai, ele não vai aceitar nada menos do que gabaritar. — Sento e começamos a comer. — Papai não é tão rigoroso assim, Cam. — Diz o filho nerd. — E tenta não sorrir, mas falha. — Falando nisso, como vai o lance da NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS faculdade? — Está tudo organizado, começo na segunda. Durante o período que passei preso, não parei de estudar e consegui entrar na faculdade. Já estava no terceiro semestre de direito, nem podia acreditar. Minha família mexeu alguns pauzinhos, e na segunda eu estaria, finalmente, na sala de aula de uma das melhores faculdades da cidade. — Uau. Eu adoro ser um Willers. — E brindamos com os copos de suco. Cam tem razão, eu também adoro ser um Willers, mas não pelas portas que esse sobrenome abre, e sim por esses momentos em que tenho certeza de que posso contar com a minha família. Mesmo que isso signifique acabar com um olho roxo.
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Abro os olhos e Hori está em cima de mim, baba de cachorro lambrecando meu rosto. Droga, apaguei depois de tomar dois comprimidos para dormir, geralmente um só basta, mas a noite passada foi diferente. Jace esteve aqui, e vê-lo trouxe tantos sentimentos à tona. Sentimentos que eu nunca soube lidar e que agora pareciam estar me sufocando ainda mais. — Desculpe, garota. — Afago sua cabeça e a afasto um pouco. Flexiono meus braços e giro o pescoço, então olho para o relógio e vejo que ainda é cedo. — Vou só lavar o rosto e escovar os dentes, tá bom? E vamos dar o seu passeio. Quando ela escuta a palavra passeio, suas orelhas levantam e ela fica alerta. Começo a sorrir e pensar em como Hori é rigorosa com seus horários, e é por isso que acordei com baba de cachorro por todo o rosto, normalmente já estaríamos voltando da rua agora. Levanto e vou até o banheiro, gosto de passear NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS com ela antes de amanhecer porque é quando ela tem mais liberdade e não precisa andar de focinheira, e eu também me sinto mais segura. Jace mal chegou e minha rotina já começou a bagunçar. Assim que termino de escovar os dentes, jogo água no rosto e o que vejo me surpreende; um pequeno sorriso, e tudo porque eu estava pensando nele. Seco o rosto e vou me trocar – top preto, legging e uma camisa larga que cobre a maior parte das minhas curvas – odeio a sensação das pessoas me observando quando estou caminhando. — Vamos, Hori. — Balanço a coleira e ela aparece eufórica na sala, eu sorrio, mas sei que a alegria dela não vai durar pois ela odeia a focinheira. — Desculpe, amiga, mas é para o seu próprio bem. — Ela não reclama e eu consigo ajustar tudo sem problemas. Saímos do apartamento e eu olho em direção ao apartamento do Jace. Será que ele ainda está dormindo? Como ele passou a noite? São tantas perguntas que gostaria de fazer e me sinto tão estúpida em não ter aproveitado um pouco mais da NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS companhia dele ontem. — Procurando alguém? — Viro na direção da voz e vejo Jace e Cam parados na frente do elevador. Ele está com um sorriso espalhado no rosto, um que mostra estar bem consciente de que eu estava pensando nele. Merda, que vacilo, Sky! Eu estava olhando para a porta dele igual a uma maluca obcecada. — Ei, Hori — Cam diz quando eu me aproximo e passa a mão na cabeça dela. Minha cadela se derrete toda com o carinho e eu tenho sérias suspeitas de que ela nutre uma paixão platônica pelo Cam, basta ouvir a voz dele que ela se desmancha. — Oi, Cam, Jace — cumprimento tentando não olhar fixamente em Jace. — Onde estão indo? — pergunta Jace. — Ela está atrasada, não é? — Cam diz para Hori e eu reviro os olhos. Ele sabe dos horários porque quando não estou me sentindo bem para sair de casa, é ele quem sai com ela. — Dormi demais — respondo. — Como passou NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS a noite? — Olho para Jace. — Poderia ter sido melhor. — Ele olha para Cam que ainda está com toda atenção focada em Hori. — Mas eu dormi como uma pedra. — Sorri para mim. — Isso é bom. Preciso ir, vou pegar o elevador de serviço. — Puxo Hori. — Bom dia pra vocês. — Mas Cam e Jace me acompanham. — Descemos com você — Jace diz e dou de ombros. Descemos juntos, e assim que Hori vê a rua dá um impulso que me derruba. Antes que eu possa raciocinar, Jace está com o braço envolta da minha cintura. — Tem certeza de que pode lidar com ela? — pergunta sorridente, tento ignorar sua proximidade, mas ele nota a tensão no meu corpo e gentilmente afasta o braço. — Ela só está apressada, não é seu horário de costume. — Tudo bem. — Ele olha mais uma vez para a cadela ansiosa. — Vai na casa dos seus pais hoje NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS para o almoço? — Almoço? — pergunto confusa. — Tio Oliver e tia Bree vão dar um almoço hoje, só a família. Mandei mensagem pra você, Sky — responde Cam aborrecido. Olho confusa tentando me lembrar e sinto meu rosto esquentar de vergonha. — Desculpe, eu só... Estarei lá. — Está tudo bem? — pergunta Jace preocupado. — Sim, eu tive uma semana agitada por isso havia me esquecido, me desculpem. — Olho para Cam na esperança de que ele entenda o recado e não abra a boca. — Tenho que ir. Antes que qualquer um possa dizer alguma coisa, começo a caminhar com Hori na direção do parque onde fazemos nossas caminhadas. O problema é que eu não tive uma semana cheia, a medicação para depressão que estou tomando me deixa um pouco desorientada, e às vezes, acabo me esquecendo de pequenas coisas. Cam foi o primeiro que notou isso, e ele me ajuda enviando mensagens quando temos algum compromisso em família, é NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS meio que um segredo nosso. Já que ninguém sabe que ele faz isso por mim, e é como prefiro, não quero que meus pais fiquem ainda mais preocupados comigo. Faço nosso trajeto diário e dessa vez não corro com ela, apenas caminhamos. Hori parece sentir meu humor, então ela não força mesmo eu sabendo que ela adoraria uma corrida. — A noite eu compenso você — digo quando sento em um banco, ela deita aos meus pés e olhamos para as pessoas que continuam caminhando com seus animais pela praça. Olho para um casal que está próximo, eles conversam um pouco agitados, mas a movimentação das pessoas e os carros passando não permite que escute muita coisa. Desvio a atenção deles porque seria horrível ser pega observando. E isso acontece muito comigo. Não é difícil pessoas me flagrarem observando, é um hábito que adquiri desde quando tudo aconteceu e decidi me isolar. Agora, em vez de compartilhar momentos, eu apenas observo as pessoas viverem. O que chega a ser doentio. Sinto inveja dos NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS sorrisos, dos abraços. Tenho saudades de caminhar despreocupada, de me sentir confortável com meu corpo. Olho mais uma vez para o casal e lembro de Max e de quando começamos a sair. Então percebo que nunca fomos muito próximos. Sempre que eu ia treinar, era Jace quem me fazia companhia, era ele quem me ajudava. Papai adorava me ver batendo nele. Sorrio com a lembrança. Quando corria no fim da tarde, mais uma vez era Jace quem estava lá comigo. Nós tínhamos uma playlist apenas para nossas corridas, as músicas que tocavam no aparelho dele, tocavam no meu. Podíamos correr sem dizer uma palavra, mas as músicas faziam com que estivéssemos conectados, em total sintonia. Olho mais uma vez para o casal e vejo que o cara está segurando o braço dela com força e eu aperto a guia que estou segurando, sinto minha palma arder. Será que ninguém percebe que ele está machucando a mulher? Olho para as pessoas que passam por nós mas ninguém olha, ninguém dá a mínima. Olho NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS para Hori ainda deitada, e não posso mais ignorar quando vejo medo nos olhos dela. — Vamos lá, garota. — Inclino e retiro a focinheira dela, que parece aliviada com o gesto, então eu levanto e vou em direção ao casal. — Algum problema? — pergunto olhando para a mulher, ela se assusta com a minha aproximação e olha para o cara como se estivesse pedindo ajuda para ele, pedindo permissão. Aperto meu punho. — Acho que não é da sua conta, garota — reponde ele e volta a olhar para a mulher. — Acho que é sim. Desde que começou a machucá-la, passou a ser da minha conta. — Hori fica em alerta quando percebe meu tom. — E quem diabos é você? — Ele eleva a voz e dá um passo na minha direção. Hori rosna e fica na minha frente. — Porra! Tira esse animal daqui — esbraveja dando um passo para trás. — Está tudo bem? — Ignoro o babaca e pergunto mais uma vez, vendo uma pequena lágrima rolar pelo rosto da mulher. Ela não é nova como eu, uns trinta anos talvez. Seus olhos vão do NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS cara para mim e depois para Hori em uma velocidade impressionante. — Está tudo bem, obrigada — reponde, mas eu sei que não está. — Você tem certeza? — Eu quase suplico para ela dizer que não. — Eu acho que ela já respondeu a sua pergunta, então cai fora — o cara diz mais uma vez e Hori o derruba no chão. Com as duas patas em cima do peito dele, ela late tão alto que chama atenção de todos no parque. A cor some do rosto dele. Droga, mesmo adorando isso, posso ter problemas. — Venha, Hori. — Eu a tiro de cima dele. — Babacas não valem seu esforço. E nem o seu — digo olhando diretamente para a mulher. Volto para o banco e coloco novamente a focinheira, observando o cara não dizer mais nada enquanto vai embora junto com a mulher. Eu sei que se ele quisesse, poderia reclamar por Hori estar sem a focinheira, mas também sei que ele não quer que ninguém saiba o motivo de ela ter pulado nele. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Vamos, garota. — Passo a mão na sua cabeça e começamos a caminhar para casa. Meu corpo todo está vibrando com a tensão, algumas pessoas me olham com curiosidade quando passo por elas, e é quando eu sinto falta do capuz. Seria bem melhor simplesmente puxá-lo e me esconder desse bando de olhares questionadores. O mais louco é que as pessoas que me encaram agora – e olham assustadas para Hori – são as mesmas pessoas que viram o cara apertando o braço da mulher com mais força do que o necessário e de como ele gritou com ela. — Babacas hipócritas — sussurro e saio da praça. Mesmo depois do passeio, estou agitada. Fico andando de um lado a outro no apartamento, encaro a medicação que eu deveria tomar, mas ignoro. Não quero tomar nada; meu apetite sempre diminui, fico sonolenta, tonta e desconcentrada. Por um dia, eu quero um pouco de normalidade. Quero ser capaz de acompanhar as conversas, e de NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS talvez, até sorrir um pouco. Comecei a ver um psicólogo há um ano, atendendo a um pedido do meu pai. Era difícil negar algo a ele, e naquele dia quando vi lágrimas em seus olhos, fiz o que ele pediu. Você já está no fundo do poço, Sky. Agora você precisa sair dele. Sempre lembro dessas palavras quando tenho vontade de faltar a alguma sessão, mas esses remédios acabam com meu bom humor e com a vontade de continuar com toda essa porcaria. Um pouco de controle. É só disso que eu preciso, controle sobre mim mesma. Só assim consigo enfrentar um almoço com Jace e toda família no mesmo lugar. Só assim posso olhar para o garoto que eu arruinei a vida e tentar não me sentir culpada. Mas Jace não é mais aquele garoto que sorriu para mim no dia em que ouviu sua sentença no julgamento. Ele sorriu e disse no meu ouvido que tudo ia ficar bem antes de ser algemado e levado como um criminoso. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Ele nĂŁo era um criminoso, ele me salvou. Fui eu que estraguei tudo. Deito na cama e olho para o teto, largando os comprimidos de lado. Depois programo o alarme do celular para que eu nĂŁo perca a hora e fecho os olhos, me permitindo chorar mais uma vez.
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CAMINHO
COM
CAM
ATÉ O APARTAMENTO DOS
nossos pais, ontem não tive tempo para olhar a vizinhança, minha mãe fez questão de me trazer de carro, mas agora eu podia ver tudo com calma. Meu irmão explica que tem um grande parque ali perto, que é para onde Sky foi passear com a cachorra. — Então, essa é a rotina? — pergunto. — Mais ou menos. — Como assim? — Às vezes quem leva a Hori ao parque sou eu. — Cam anda prestando uma atenção inexplicável no chão. — E vocês se dão bem? — Sim, eu gosto muito dela. A Hori adora correr e é um bom exercício. — Estou falando de você e da Sky. — Ele sorri. — Lembro de como costumavam discutir. — Ela mudou muito, Jace. — Dessa vez ele olha nos olhos. — E eu duvido que ela aparecerá nesse almoço. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Ela vai aparecer, eu vou garantir isso. — Boa sorte, então. — Ele dá de ombros. — Vai subir? — Olhamos na fachada do prédio dos nossos pais. Penso por um momento. Entrar não seria má ideia, desde que eu estivesse disposto a uma chuva de mimos. — Tudo bem. — Cam sorri e nós subimos. Nós mal colocamos o pé dentro do apartamento e minha mãe aparece, ela recebe a gente daquela forma graciosa que só ela sabe como fazer: aos berros. Quem vê até pensa que corre sangue italiano nessa família. — Santo Deus! — Coloca a mão no coração. — Vocês dois juntos é a visão mais linda que já vi na vida. — Sua alegria é indescritível, desde que me lembro, minha mãe sempre foi essa explosão de sentimentos. — Oi, mãe. — Beijo seu rosto. — Pode ir parando aí mesmo, Cameron. — Meu irmão para, pego no flagra indo sorrateiramente para o quarto. — Nós dois ainda vamos ter uma NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS pequena conversa. — Mãe — geme meu irmão. — Dar perda total no meu carro, Cameron, é uma coisa, agora não estar aqui para receber seu irmão... — Fui direto ver ele, mãe! Eu perdi o voo, só isso, não precisa fazer tanto drama e... Aííí!! — grita quando ela puxa sua orelha. — Vacile comigo novamente, Cameron Willers, e a próxima coisa que irei puxar serão as suas bolas. Entendido? — Sim — ele geme e ela o solta. Eu não contenho a risada. — Isso, vai rindo... O próximo vai ser você, Jace. — Ele esfrega a orelha. — Vou dar uma olhada na comida, e vocês dois, comportem-se. — Ela dá um beijo em cada um de nós e sai. — Mamãe ainda puxa sua orelha, Cam? — pergunto rindo e me jogo no sofá. — Você voltou tão engraçadinho, Jace. — Ele coloca a mochila no chão e senta ao meu lado. — Sabe o que é pior? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Não. O quê? — Eu sei que ela estava falando a verdade sobre puxar as minhas bolas. — E a gente desata a rir. Senti tanta falta desses momentos. Quando éramos menores, Cam sempre pegou no meu pé; implicando com tudo, tentando monopolizar a atenção. Agora, acredito que ele conseguiu o que tanto queria, e não acho isso nada ruim. — É disso que eu estava falando. — Tio Tommy entra na sala junto com meu pai. — Risadas, essa casa precisava desse barulho todo. Levanto para abraçá-lo. — Vocês estão maiores a cada dia que passa, meu Deus — diz meu pai, abismado. — Culpa dos anabolizantes — Cam diz. — Então, o comediante achou o caminho de casa — meu pai brinca. — Estou aqui, não estou? Por que todo mundo faz o maior drama só por causa de um atraso? — Não foi apenas um atraso, Cam. Foi falta de NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS responsabilidade, e um dia, meu filho, você vai ter que aprender a ter. Nem que for na marra. — Meu pai vai até ele e o abraça. — Mas até lá, viva a irresponsabilidade — Cam responde a repreenda e dá um sorriso. — Aííííííí!! — ele grita de novo — Sério, mãe, você precisa parar com isso. — Isso o quê? — Ela finge inocência e vai ficar ao lado do meu pai, ele a puxa pela cintura e a beija. — Eca! — Um coro formado por mim, Cam e tio Tommy ressoa pela sala até que ele à solta. — Vou para o quarto, preciso tomar um banho e tentar apagar a imagem na minha cabeça dos meus pais se beijando de língua. — Ele estremece e sai da sala. Meu pai vem até mim e me abraça com força novamente. — Cheguei a pensar que não viesse hoje. — Pensei mesmo em não vir — digo com sinceridade. — Imagino o motivo. — Meu pai sorri e senta ao NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS meu lado. — Encontrou os documentos da faculdade que deixei no seu escritório? — Eu tenho um escritório? — pergunto confuso, ainda não olhei todos os cômodos do meu apartamento. — Tem, e tudo o que vai precisar; seus livros e toda a documentação para te atualizar, está em cima da mesa. — Obrigado. — Ele dá de ombros. — E obrigado também pelas roupas, mãe. Meu armário está abarrotado de roupas novas, estão todas com as etiquetas ainda. Pelo visto, não sobrou nada meu, e não acho isso ruim, meu corpo praticamente dobrou de massa muscular nos últimos dois anos. — Você pode agradecer a mim pelas roupas, Tink não sabe escolher nem as próprias calcinhas. — Tio Tommy entra na conversa. — Quer receber um beliscão também, Tommy? — Minha mãe ameaça. — Apenas apontando os fatos querida, aceite. — E pisca para ela. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Os anos passam e você continua insuportável. — Ela revira os olhos. — E mesmo assim, você me ama. — Ele joga um beijo para ela e meu pai resmunga. — Jace? — Meu pai chama minha atenção. — Vamos até a varanda. — Ele beija minha mãe no rosto dessa vez, e eu o sigo até a varanda. — Algum problema? — pergunto enquanto ele fecha a porta. — Só gostaria de saber como foi sua primeira noite fora da prisão. — Eu dormi bem, pai. — Bem ainda não é a resposta que eu esperava, mas fico mais tranquilo. — Estou me readaptando, sabe?! Poder acordar a qualquer hora, comer o que eu quiser, ainda estou tentando voltar para o mundo aqui fora. — Existem pessoas que dizem que dois anos passam rápido, mas não é assim para nós, e certamente não para você, Jace. — Não é mesmo. — Olho na rua e observo o movimento. NACIONAIS - ACHERON
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— Sua mãe queria que você fizesse uma viagem, uma espécie de mochilão pelo mundo, você e o Cam. — Isso me pega de surpresa. — Cam não tem escola? — Seria depois que ele terminasse as aulas. — Mamãe já está pensando muito além, não acha? — Você a conhece, Jace, e eu concordo. Uma viagem vai fazer bem a vocês. E se quiser ir antes, não tem problema, podemos trancar a faculdade. — Pai, eu agradeço de verdade, mas tenho outros planos e eles estão aqui nessa cidade. — E, esses planos tem um certo nome? — Eu suspiro, ele me conhece tão bem. — Você já sabe a resposta. — Sky não é mais a mesma garota de antes, Jace — comenta com tristeza na voz. — E apesar de ser a favor desse seu sentimento por ela, não quero que você se machuque. — Eu a amo, pai. — Eu sei, só não sei dizer se é recíproco. — Ele NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS aperta meu ombro e saímos da varanda quando ouvimos mais vozes. Parece que a família toda veio, e eu sou mergulhado em um mar de abraços e tapas nas costas. Isso é ótimo, mas depois de dois anos tendo o mínimo de contato, acabo me sentindo um pouco sufocado. — Vai vomitar? — Viro o rosto na direção da voz, e vejo Sky com um copo estendido para mim. Ela está saindo da cozinha e com um leve sorriso no rosto. — Obrigado. — Pego o copo e bebo tudo. — Como sabia? — Seus olhos, pareciam agitados. — Ela dá de ombros. — Pensei que estava disfarçando bem. — Não para mim. — Suas palavras penetram não só no meu cérebro, elas acertam em cheio no meu coração. — Cam achou que você talvez não viesse, pensei em ir te buscar. — Me buscar ou fugir daqui? — Ela cruza os NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS braços e me encara. — As duas coisas. — Ela solta uma risada espontânea que ecoa pelo apartamento, todos viram para nos encarar. Sky coloca a mão na boca e seus olhos se arregalam. Pela reação dela e o olhar de todos, esse sorriso não é tão comum. — Desculpe — ela sussurra, fico ao seu lado e coloco a mão no ombro dela. — Nunca peça desculpas por sorrir — digo baixinho para que somente ela ouça. — Merda, estava pronto para apostar com Jace que você não vinha — Cam diz e me entrega outro copo, só que neste eu sei que não tem água. — Como vai seu castigo, fedelho? — ela ironiza e ele estremece. — Vocês poderiam me ajudar, né?! O papai sempre escuta você, Jace, e a você também, Sky. Se conversarem com eles, não irão negar. — Não tente me usar — responde ela, irritada. — Também estou fora disso — aviso e ele me encara surpreso. — Um... — Ele aponta em Sky, depois em mim. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Um bando de traidores, vocês dois. — Cam vira e vai embora. — Ele ficou mesmo chateado? — pergunto. — Não deixe ele te enrolar, Jace. Cam sabe manipular como ninguém, só que dessa vez, tio Jason não vai amolecer e a tia Leah está do lado dele. — Ele deu muito trabalho? — Quando recebia as visitas na prisão, meus pais nunca entravam em detalhes, apenas diziam que estava tudo bem, ou contavam sobre algo importante que ele tinha feito, mas nunca sobre os problemas. — Acho que não, todo adolescente dá trabalho, não é? — Acho que sim. — Observo Cam, que está conversando com tio Tommy. — Eu me lembro que você dava. — Olho para ela, e quem está sorrindo agora, sou eu. — Lembra? E do que exatamente você se lembra? — Deixo o copo que Cam me deu e eu nem sequer provei de lado, e cruzo os braços esperando sua resposta. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Meu aniversário de quinze anos. — Um brilho surge nos olhos dela e eu me deixo envolver. — Você se lembra do presente que me deu? — Eu era uma criança, Sky. E você sempre disse que gostava de sapos, eu pensei que seria um bom presente. — Era um sapo enorme, Jace. E ele pulou no meu cabelo. — Dessa vez, nós dois caímos na risada. — Passei o resto da tarde lavando o cabelo, chorando, desesperada pensando que ia ficar grudento. — Mas a intensão foi boa. — Nós estamos rindo quando percebo que a sala está o maior silêncio. Afasto a atenção dela e vejo que todos estão nos observando de novo. — Nossa, estou me sentindo uma atração de circo — digo sem pensar e o sorriso dela morre assim que percebe aonde estou olhando. — Não é você, Jace, sou eu — diz, apenas confirmando o que eu já sabia. O som da sua risada não é algo comum de se ouvir. — Que tal serem um pouco mais discretos? — brinco com a plateia, que de repente parecem ter NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS sido acometidos por um surto de gripe, tossindo ao mesmo tempo. — Já foi no seu quarto? — Ela muda de assunto. — Meu quarto? — Fico confuso. — Você tem um quarto aqui. Sua mãe não te contou? — Acho que ontem ela estava ocupada demais quebrando meus ossos com abraços. — Vem, vamos lá ver. — Ela caminha na minha frente e eu a acompanho, ignorando os olhares seguirem nossos passos.
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Como é possível que eu tenha me esquecido de como é bom sorrir? Quando cheguei em casa e dormi, acordei com meu pai tocando a campainha. Ele não questionou se eu tinha visto o Jace, nem ao menos perguntou se eu queria ir no almoço, simplesmente entrou e disse que ia esperar enquanto eu me arrumava para irmos juntos ao almoço da família. Dizer não para ele? Fora de cogitação. Não que eu não tenha pensado nessa possibilidade, mas eu só queria dormir e, quem sabe, não acordar mais. Meu pai era a única pessoa para quem eu não dizia não, não podia. Porém, toda essa sensação passou quando vi Jace. Assim que cheguei, ninguém fez muito alarde, minha família aprendeu a respeitar meu espaço e entendiam que eu aparecia quando queria, e não faziam uma festa se eu aparecesse. Consegui ficar alguns minutos sem que ele notasse a minha presença, mas quando vi seu olhar nervoso, peguei um copo de água e me aproximei. Conhecia esse tipo de olhar, a sensação de querer NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS fugir, de se isolar. Com poucos minutos de conversa, eu sorria, e foi diferente, verdadeiro. Algo que acabou no esquecimento para mim, mas Jace trouxe de volta, e agora eu me pergunto o que mais trouxe com ele. Minha coragem, talvez? Levo ele até o seu quarto, precisando ficar longe de tantos olhares. Notei meu pai apenas observando. Ele não sorriu, mas seus olhos diziam tudo, ele estava feliz por me ver daquele jeito, mas e eu? Eu estava confusa, com vontade de sorrir mais e de chorar também. Entramos no quarto e deixo a porta aberta, Jace olha em volta e sorri, começando a mexer em tudo. Tia Leah manteve suas coisas aqui, os objetos pessoais, computador, e sabe-se lá o que mais que Jace guardava. — Não acredito que ela guardou isso. — Jace pega uma agenda de dentro da gaveta. — Seus segredos sujos, estão guardados aí? — Sento na cama e ele senta ao meu lado. — Alguns. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Sério? — Não. — Ele sorri. — São apenas algumas anotações das faculdades que eu pretendia me inscrever. — Você gostava de anotar tudo. — É um hábito que peguei do meu pai. — Ele começa a folhear a agenda. — Meu pai diz que ele é um chato de tão organizado. — E ele é. — Jace sorri. — Aqui, fique com isso. — Ele me entrega uma foto, nela nós dois estamos sorrindo, mostrando a língua para a câmera e ambos com o nariz sujo de sorvete. — Essa foto... — Foi tirada alguns dias antes de eu ser preso. — Eu me lembro. — Sinto a garganta arder. — Foi uma tarde bem divertida. — Ele observa a foto, melancólico. — Podemos repetir, se quiser. — Ergo os olhos e olho para ele. Há tanta coisa ali, Jace sempre foi transparente em tudo que pensa, em suas ações e sentimentos, NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS mas agora, o que enxergo em seus olhos me confunde. Não consigo mais ler ele, não como antes. Quando ele não estava me vendo percebi a confusão em seus olhos, mas agora – frente a frente – é indecifrável. — Talvez. — Dou uma resposta vaga, porque eu não tenho certeza se podemos repetir, já não somos mais as mesmas pessoas da foto. — Mesmo assim, fique com ela, e quando precisar se lembrar de como sorrir, basta olhar para ela. — Não consigo conter meu espanto. — Como você... — Como adivinhei que não tem sorrido? — Acho que a reação das pessoas já fala por si só. — Ele esfrega as mãos no rosto antes de continuar. — Percebi desde ontem, Sky, desde o momento que te vi. — E acaricia meu rosto, colocando meu cabelo para trás. — Eu vejo você, Sky. Sempre vi, quando é que vai aceitar isso? — Jace... — Ninguém conhece você como eu, ninguém. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Eu mudei tanto, Jace. — Minha voz sai fraca. — Eu também, e sabe de uma coisa? Eu quero conhecer a nova Sky. — Você pode não gostar dessa nova Sky. — Respiro fundo quando seus dedos passam lentamente pelo meu rosto. — Não sou a mesma, não sou alguém bom para se ter por perto. Eu me tranquei por dentro e não sei se consigo sair, acho que perdi a chave dessa porta, Jace. — Deixe que eu decida o que é ou não bom pra mim, Sky. Eu passei dois anos seguindo as regras na prisão, mas se teve algo que aprendi ali foi não desistir. E se você perdeu a chave dessa porta; eu vou arromba-la, e derrubo qualquer outra porta que me impeça de chegar até você. Parece uma eternidade enquanto fico olhando para ele, Jace está tão diferente do garoto que vi sair algemado depois de ter me ajudado. Não percebo quando estou chorando, só quando Jace deita minha cabeça no seu colo, e começa a afagar meus cabelos é que me dou conta do meu estado. Percebo quando alguém entra no quarto e logo NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS vai embora, mas não vi quem era. Meus olhos estão fechados e estou deitada com a cabeça em seu colo, Jace está sendo gentil, enquanto eu estou me afogando nas lembranças. — Quer almoçar aqui? — pergunta ele quando finalmente consigo em recompor. Encaro a porta, que agora está fechada. — É o seu almoço de boas-vindas, acho que devemos voltar para a sala. — Não me importo de comer aqui com você, se isso te deixa mais confortável. — Obrigada, mas é melhor voltarmos. — Levanto e ele me segue, quando minha mão toca na maçaneta da porta, a mão dele envolve a minha e eu viro para olhá-lo. — Tudo que eu disse é verdade. — Jace, já se passou dois anos, e você... — E os meus sentimentos por você não mudaram — ele é enfático —, mas não vamos falar disso agora, e nem com nossos pais praticamente ouvindo atrás da porta. Eu só quero que se prepare, Sky, porque quem vai ganhar essa luta serei eu. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Jace beija meu rosto e abre a porta. Sem saber o que dizer, eu sigo atrás dele e quando entramos na sala, todos fingem que não estão prestando atenção na gente. Jace me olha e nós sorrimos, nossa família é péssima no quesito disfarce. Enquanto ele vai à cozinha, eu sento ao lado do meu pai, que imediatamente para de conversar com tio Jason para me dar atenção. Sua mão enorme envolve a minha e me dá um beijo carinhoso na testa. — Como você está, princesa? — Estou bem. — Seus olhos estão um pouco vermelhos, algo com que devo me preocupar? Algum rosto que devo socar? — diz em tom de brincadeira, ele sempre fala essas mesmas palavras toda vez que percebe que eu chorei. — Nenhum rosto para socar, e nada com que se preocupar. — Que bom. — Não, isso não é nada bom, penso. — Onde está a minha mãe? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Com a tia Leah na cozinha. — Encosto a cabeça no seu ombro e fico ouvindo as conversas. Jace está sentado com Cam no sofá falando com tio Tommy, meu pai continua conversando com tio Jason, mas sem largar a minha mão. É como voltar no tempo e ser criança, quando eu só ficava de espectadora, observando os adultos conversarem. A verdade é que eu prefiro assim. Às vezes, só precisamos ouvir, sentir uma mão apertando a sua, confortando, exatamente como meu pai está fazendo nesse instante. Ou receber olhares de carinho, como os que Jace está me dando. No mundo em que me tranquei, isso é felicidade. E para mim, isso basta. O almoço é tranquilo, todos parecem muito animados porque Jace começa a faculdade de direito na próxima segunda, lembro quando minha mãe me contou quando ele fez a inscrição para estudar de dentro da prisão. Fiquei tão orgulhosa, foi um dos poucos dias que dormi em paz, sabendo que ele estava lutando. Diferente de mim, que larguei a faculdade, a carreira, e tudo que amava, pelo simples fato de não NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS suportar os olhares, os comentários, os avanços... estar ao redor de pessoas conhecidas não era minha parte favorita, das desconhecidas era ainda pior. Continuava me sentindo confortável, ainda. O psicólogo me aconselhou na última consulta a dar aulas para as crianças novamente. Ele acredita que começar com elas vai ser bom. Segundo ele, as crianças têm amor puro e simples, elas ficam felizes com pequenos gestos, e não esperam nada em troca. São menos complicadas que os adultos. — Tio, não faz sentido, estamos indo para o mesmo prédio. — Minhas memórias se dispersam quando ouço a voz de Jace. — Isso não significa que não posso acompanhar minha filha até a casa dela — meu pai responde. — Oliver, Jace tem razão, eles podem ir juntos. — Minha mãe se aproxima. — Vocês sabem que não sou mais nenhuma criança, não é? — Eles me olham como se tivessem acabado de perceber que estou aqui. — Pai, se Jace está indo, eu posso muito bem ir com ele. Você só precisa pegar o elevador e estará no seu NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS apartamento, não precisa me acompanhar. — Vou deixar uma coisa bem clara aqui — meu pai diz olhando para Jace. — Não me interessa quantos anos ela tem, ela ainda é a minha garotinha, a mesma menina que abriu a porta pra mim usando aquelas tranças engraçadas e sorrindo. Você entendeu, garoto? — Jace geme. — Entendi, tio. — Muito bem. Me ligue assim que chegar em casa, Sky. — Ele beija meu rosto e segura a mão da minha mãe. — Ignore ele — ela diz sorrindo e me beija também. — Tente me ignorar, mocinha — retruca e dessa vez todos nós sorrimos. — Sim, senhor — respondo. Nos despedimos de todos e Jace e eu vamos para casa. — Sua mãe ainda não te deu um carro? — pergunto enquanto caminhamos. Está uma tarde agradável. — Eu sei que ela se desfez do meu antigo, mas NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS não sei se vou comprar um agora, talvez acabe comprando uma moto. — Uma moto? — pergunto curiosa, Jace nunca foi do tipo de caras que curtem motos. Isso é mais a cara do Cam, na verdade, ele até tem uma. — É uma possibilidade. — Por que? Desculpe se estiver sendo invasiva, mas não recordo de você ser um fã de motos. — Ele enfia as mãos no bolso e olha para o céu. — Acho que ficar preso me fez repensar algumas coisas, talvez eu queira sentir um pouco da famosa liberdade que a moto dá, sabe? — Acho que entendo. — Mas não é nada certo, só um pensamento. E você? Gosta de motos? — Já peguei uma ou duas caronas com Cam. — Sério? E como foi? — Traumatizante. — Jace começa a rir. — Você é corajosa. — Respiro fundo. — Eu gostaria de ser corajosa para muitas coisas, andar de moto com Cam não foi um ato de NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS coragem. — Jace não diz nada porque ele entende o que eu quis dizer. Quando entramos no prédio, estamos em silêncio. Mas, Jace já não está com as mãos no bolso, sua mão está entrelaçada a minha. — Obrigada, Jace — agradeço quando paro na minha porta. — Não precisa agradecer, nós moramos no mesmo prédio, lembra? — Não é por isso que estou agradecendo. — Ele apenas sorri, e antes que eu perceba o que vai acontecer, ele me abraça. Sem saber como agir, meu corpo fica tenso por ter sido pego de surpresa, mas começa a relaxar aos poucos e eu consigo retribuir o abraço. Minha nossa, eu não tinha notado como o cheiro dele era bom. Seus braços me envolvem como uma coberta quentinha, e pela primeira vez em muito tempo, eu me sinto segura. E só me sinto assim quando meu pai me abraça. Eu me agarro a esse momento como se estivesse afogando e ele fosse minha boia. Talvez seja isso, NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS talvez eu esteja mesmo afundando e Jace está me fazendo emergir. Mas ainda estou lá nas profundezas, eu sinto isso. Um latido faz com que nos afastemos, Jace olha na porta, e depois em mim. — Ainda acho que a minha mãe deveria ter te dado um poodle. — Ela vai se acostumar com você, dê tempo a ela, Jace. — Seu cachorro me odeia, Sky. — Então faça ela te amar. — Ele sorri com a minha escolha de palavras. — Ah, estou mais do que disposto a isso. Na verdade, estou disposto a mostrar que ela sempre me amou. — Jace... — Até mais, Sky. — Ele beija meu rosto e sai para o apartamento dele. Entro em casa e sou recebida por uma Hori muito agitada, ela sabia que eu não estava sozinha NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS lá fora e começa a me farejar. — Está tudo bem, menina. Era só o Jace. — Afago a cabeça dela e vou para o meu quarto. Troco a roupa para algo mais confortável e depois procuro pela foto que Jace me deu, que estava no meu bolso. Olho para ela e lembro da época em que tudo era bom, a época em que eu era feliz de verdade, que sorria de coisas bobas, que amava lutar. Olho para minha mão e fecho em punho, seria tão difícil assim subir de novo em um ringue? Solto uma longa e profunda respiração e deito na cama. Logo, Hori sobe na cama e coloca a cabeça em cima da minha barriga. É como se ela sentisse que estou ficando triste, então ela só fica ali, esperando qualquer reação minha. Uma reação que ela sabe que não virá.
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DEIXO SKY
EM CASA E VOU PARA O MEU
apartamento, com a cabeça doendo por conta de todos os acontecimentos do dia. Mas os momentos que estive com ela, mesmo quando chorou, vale qualquer dor de cabeça. Acho uma aspirina no armário do banheiro e tomo, em seguida dou uma olhada pelos cômodos que ainda não tinha visto, e como meu pai disse: eu tenho um escritório completo. Uma mesa grande, poltronas confortáveis, e uma estante enorme cheia de livros. Mas nada pessoal, acho que essa parte eles deixaram ao meu critério. Olho para o envelope que está na mesa, e verifico. Tem todas as informações de que vou precisar, inclusive o horário das aulas. Na estante, percebo que os livros são todos da área de direito. Eu sorrio, pego o celular e envio uma mensagem para o meu pai. ESTOU NO ESCRITÓRIO. EU AMO VOCÊS.
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PERIGOSAS Aperto em enviar e guardo o telefone, de repente me lembro de algo. Será que tenho o telefone dela? Busco nos contatos e encontro. Cara, eu amo a minha mãe. Então envio uma mensagem para Sky. PARA O CASO DE VOCÊ NÃO TER O MEU NÚMERO NOVO. ;)
Assim que envio a mensagem, guardo o celular novamente. Passo o restante da tarde verificando as informações sobre a faculdade. Meu pai deixou praticamente tudo acertado, meu único trabalho será o de aparecer na aula. Quando decidi seguir essa carreira, percebi que minha mãe ficou triste. Não que ela tinha esperanças de que eu fosse me tornar um piloto profissional, até porque essa posição sempre foi do Cam, mas acredito que ela esperou que eu fosse me envolver nos negócios da família. Meu pai foi uma grata surpresa, me olhou profundamente nos olhos e disse que estava orgulhoso da minha decisão, e que no fundo já esperava por isso. Minha prisão não foi algo injusto, mereci pagar NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS pelo que fiz, mas fui usado como um peão num jogo de xadrez. As coisas que vi acontecer com os presos, os casos que estavam parados – sabe-se lá porquê – e pessoas presas quando já deveriam ter saído, tudo isso funcionou como um combustível. Sem mencionar que o único criminoso e responsável por essa história toda havia saído impune. Max. É estranho ficar feliz com a morte de uma pessoa, mas é só isso que consigo sentir. Max merecia pagar pelo que fez com Sky, a morte ainda foi um desfecho fácil demais. Passo o resto da tarde e à noite em casa; verificando documentos, assistindo filme e respondendo mensagens do Cam. Sky recebeu minha mensagem, mas não respondeu. Estou me segurando ao máximo para não ir até a casa dela, então, simplesmente fico aqui tentando me distrair. São cinco da manhã quando levanto. Pelas mensagens que troquei com Cam na noite passada, esse é o horário que ela geralmente sai para caminhar. Bem, eu também preciso voltar a me NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS exercitar, talvez um encontro casual não seja tão estranho assim. Saio da cama e me troco, pego algo para comer e saio. Assim que me aproximo de sua porta, ela abre, Hori sai primeiro e depois Cam aparece atrás dela. — Cam? — pergunto confuso. — Que merda você estava fazendo aí? — Pode parando aí, Jace — avisa e o cachorro rosna. Que ótimo! — São cinco da manhã, Cam! E está saindo do apartamento da Sky. — Eu sei. E como já tinha dito, às vezes, quem leva a Hori para dar um passeio sou eu. — Às cinco da manhã? Você odiava acordar cedo. — E não entendo. — E ainda odeio. — Hori olha para ele. — Sem ofensas, garota. — Ele passa a mão na cabeça da cachorra. — Isso não acontece sempre, então não é nada do outro mundo. — Por que a Sky não está levando a Hori para passear hoje? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Ah, isso você tem que perguntar pra ela, cara. — Estou perguntando isso para você, Cam — digo rispidamente, ficando irritado. — Tá bom, vem comigo. — Ele se afasta da porta e andamos até o elevador. — Algumas vezes ela não se sente bem. Então, me liga e eu venho buscar a Hori. — Isso acontece com frequência? — Defina: frequência. — Quantas vezes na semana, Cam? — Ele respira fundo antes de responder. — Duas vezes, mais ou menos. Só que isso varia muito, já aconteceu de ser uma semana inteira. — E o que ela faz? Digo, quando ela não sai. — Ela não sai, quero dizer, ela literalmente não sai do quarto. — Porra! — Tio Oliver sabe disso? — Merda, Jace, claro que não. Sky faz acompanhamento com um médico e toma alguns medicamentos. Acontece que de vez em quando, ela fica mais pra baixo do que o normal e só precisa NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS ficar sozinha. — Pessoas com depressão não precisam ficar sozinhas, Cam. — E o que eu entendo disso, cacete? Só faço o que ela pede. — Passo a mão no cabelo, mal acordei e já me sinto esgotado. — Que horas você volta? — Daqui uma hora, mais ou menos. — Entendi. Só que hoje, você só vai voltar quando eu te avisar. — Merda, tenho um encontro marcado para hoje à tarde. — Leve a Hori com você. — Bato no ombro dele e ouço um rosnado. — Viu só, ela é meio possessiva. — Nós rimos. — Vai precisar disso. — Ele me entrega um molho de chaves. — O que é? — As chaves do apartamento dela, eu tenho uma cópia. — Você nem ao menos passa para ver como ela NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS está?! — Estou perplexo. — Não sou tão idiota, Jace. Sempre bato na porta do quarto dela quando chego, ela fala comigo e eu vou embora. — Você é um idiota. A porta do elevador abre e ele entra, mas não sem antes de dar um olhar de compaixão para mim. Merda, até meu irmão sabe que as coisas com a Sky não serão fáceis. Entro no apartamento dela e fecho a porta, nada está fora do lugar, e só a luz da cozinha está acesa. Ando pelo corredor e vejo uma porta que imagino ser a de seu quarto. Apesar de morarmos no mesmo andar, nossos apartamentos não são iguais. Bato duas vezes. — Me deixe dormir, Cameron — grita e eu sorrio, então entro antes que eu possa me arrepender. — Esqueceu o que dessa vez, Cam? — pergunta sem nem sair debaixo das cobertas. — Sou eu, Sky. — Jace? — Ela tira o edredom do rosto. O quarto está escuro, mas há uma luminária próxima NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS da cama que está acesa. — Oi, Sky. — O que está fazendo aqui? — Não percebo raiva em seu tom de voz, apenas surpresa. — Vim te convidar para caminhar. — Sento na beira da cama. — Não estou me sentindo bem, Cam já levou a Hori com ele. — Sei. Então o que pretende fazer? — Dormir. — Ela vira de lado novamente e coloca o edredom no rosto. — Por mim, tudo bem. — Retiro o tênis e começo a puxar as cobertas. — O que você pensa que está fazendo? — pergunta, assustada. — Pode chegar um pouco mais para lá, por favor? — Aponto para o meio da cama. — Não, não posso. Vou perguntar de novo, Jace: o que pensa que está fazendo? — Agora seu tom de voz parece um pouco irritado. É, estou no caminho certo. Qualquer reação é melhor que a apatia. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Você quer dormir, então vou te fazer companhia — respondo e começo a empurrá-la, me ajeitando na cama. — Vá para sua casa, Jace. — Deixe de ser mal-humorada, Sky. — Ela vira e me encara. — Você não vai sair, não é? — resmunga quando dou mais um empurrãozinho. — Nope. Anda, chega pra lá. — Teimoso — reclama e se afasta para que eu me ajeite melhor. — Sou um Willers, o que esperava? — Deito ao seu lado, estico o braço e o coloco embaixo da cabeça dela, depois envolvo o outro braço pela sua cintura e puxo seu corpo contra o meu. Ela está tão tensa que parece uma tábua. — Sky? — Sim. — Sua voz sai tão baixo, que me pergunto se ouvi mesmo ou imaginei. — Diga meu nome. — Jace. — De novo. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Jace. — Ela repete. — Mais alto, quero que grite o meu nome. — Como assim? Por quê? — pergunta, confusa. — Para que você entenda que quem está te abraçando sou eu, e que eu não vou te agarrar ou te forçar a nada. Sou apenas eu Sky, o Jace. Seu Jace. — Sinto o corpo dela estremecer, até que ouço seu grito. — JACE!!! — ela grita tão alto, que provavelmente o andar inteiro ouviu. — Isso mesmo. Sou eu Sky, você está segura. — Eu a abraço forte, ela segura minha mão que está na sua barriga e aperta com força, sinto suas lágrimas escorrerem pelo meu braço. — Você está segura, Sky. Nunca vou deixar que nada de ruim aconteça com você. — Beijo seu cabelo. — Obrigada, Jace. Obrigada. — Repete as palavras algumas vezes, até que sinto a tensão deixar seu corpo e sua respiração acalmar. Ergo a cabeça e vejo que adormeceu. Meu Deus! O que aconteceu com você, Sky? NACIONAIS - ACHERON
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O quarto está quente, mais que o normal. E eu não consigo respirar, sinto algo duro debaixo da cabeça. Merda! Pisco algumas vezes para tentar me lembrar de tudo que aconteceu. Almoço na casa dos meus tios, eu chorando no colo do Jace, minha casa, Cam vindo buscar Hori e... Jace. Jace!!! — Ah, não. — As palavras saem pela boca antes que eu possa impedi-las, e em um tom mais alto do que deveria. — Bom dia pra você também — Jace diz com uma voz grossa, próximo ao meu ouvido. Próximo demais. Não é hora de surtar, penso. Não com ele. Controlo os pensamentos até que ouço ele falar de novo. — Está tudo bem? — Sim. — Consigo dizer, o que não é uma mentira. Eu apenas estou tentando não surtar com ele deitado ao meu lado. Por favor, Senhor, que ele esteja vestido! — Posso fazer uma coisa? — pergunta. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Sim. — Repito o sim e ele sorrir. Aparentemente, essa é a única palavra existente no meu vocabulário nesse momento. — Será que qualquer pergunta que eu fizer agora, a resposta será sempre sim? — Ele está se divertindo. — Então, melhor eu aproveitar a oportunidade e não te dar mais tempo para você mudar de ideia. — Ele me puxa para mais perto dele, praticamente fundindo nossos corpos. Sinto sua ereção e continuo tentando não surtar. É só o Jace, eu já o vi pelado antes. Fico repetindo isso como um mantra. Aos sete anos, mas isso conta. — O-O que você está fazendo? — Minha tentativa em não ficar nervosa falha miseravelmente. — Te dando um abraço de bom dia. — Você está me esmagando, é diferente. — Sorrio quando ele me aperta ainda mais. — Sério? Nem percebi. — Ele me aperta e uma risada alta me escapa. — Estava com saudades da sua risada. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Eu ri ontem. — Ele me solta e muda de posição. Ficamos deitados de lado, olhando um para o outro. — Você merece sorrir todos os dias, Sky. Não sei o que é, mas quando você ri, as vibrações, o som, vêm parar aqui. — Ele coloca minha mão no peito dele e consigo sentir seu coração batendo acelerado. — Jace, por favor, isso é errado — sussurro as mesmas palavras que sempre disse a ele. — Você sabe que essa é a maior besteira que já me disse, não é? — Você é meu primo. — Mas não de sangue. — E diferente das outras vezes, ouvi-lo dizendo aquilo não me machucou. — Eu devia bater em você. — Minha mão ainda está em seu peito. E ele sorri com meu comentário. — Você não surtou quando eu disse que não temos o mesmo sangue. Sempre ficou brava a ponto de querer me socar. — Ele passa a mão pelo meu rosto. — O que mudou? — Tudo. — Sou sincera. O coração dele acelera NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS mais. — Mesmo assim, você ainda não pode admitir. — É tão complicado, Jace. — Para mim, te amar sempre foi simples, Sky. — Suas palavras me deixam tonta. — Não estou bem, Jace. — Controlo minhas emoções para não chorar. — Minha vida não tem sido a mesma. Estou diferente, não sou mais aquela pessoa por quem você se apaixonou. — Também não sou mais aquele garoto que você costumava chamar de pirralho, Sky. Também mudei. E eu só quero te provar isso. — Vi suas mudanças, Jace. Mas o que eu tenho medo são das minhas, de serem demais para você. — E se eu te mostrar que eu amo tanto a Sky de antes, quanto a de agora. Com a mesma intensidade. — E se não for recíproco? — pergunto, mesmo sabendo que é mentira. Jace tem uma parte de mim que nenhum homem jamais teve – mesmo que eu sempre tenha negado isso –, porém agora sinto que estou me afogando dentro dos meus próprios NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS sentimentos. — E se for recíproco? — Ele devolve com a minha pergunta. — Não quero te magoar, Jace, você já sofreu demais por minha causa. — Foi preso por culpa minha, penso. — Nunca estive tão disposto a arriscar. — Ele traz o corpo dele para mais perto. — Então, topa? — O que você quer com isso? — Daqui a duas semanas você estará assumindo que me ama, tanto quanto eu te amo. — Amar não é um jogo, Jace. — Não, não é. Você tem toda a razão, mas te fazer confessar esse sentimento que esconde a anos, é um tremendo desafio. — Ele tem um sorriso presunçoso nos lábios. — Está me desafiando? — Totalmente — responde, arrogante. — Você sabe que eu nunca perdi um desafio, não é? — Sei, e você sabe que eu sou um Willers, então NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS acho que perder não está nos meus planos. — Esqueceu que eu também sou uma Willers? — É esse detalhe que vai fazer isso ser interessante. Uma disputa justa. — Não acredito no que vou dizer. — Ele sorri mais ainda porque sabe que vou aceitar o desafio. Nunca fui uma covarde, quer dizer, até o dia em que tudo mudou. E mais uma vez Jace é responsável por provocar reações em mim. Sinto pequena fagulha de empolgação por dentro. — Tudo bem, eu aceito o seu desafio, mas e se você perder? — Eu desisto. Sigo com a minha vida e enterro tudo que sinto por você. Vou te deixar em paz, Sky. De uma vez por todas. — E do jeito que aquela fagulha acendeu, ela esmoreceu. Por que estou sentindo um aperto por dentro. Por que pensar em perder Jace parece mais dolorido do que um soco de direita daqueles? E, minha nossa, perder Jace? Ele nunca foi meu de verdade, foi? Não sei o que me surpreendeu mais, sua resposta ou a minha reação interna a ela. Fico sem saber o que dizer, mas ele logo continua. — No entanto, eu sei que NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS não vou perder. Tenho duas semanas, começando a partir de agora... — O que você vai fazer? — perguntei quando ele colocou a mão na minha nuca. — Vou te beijar, Sky. E se você não quiser isso, por favor me pare agora, porque quando eu começar, só vou parar quando nos dois estivermos sem fôlego e sem raciocínio. Jace segura minha nuca com uma mão, e com a outra afaga a minha mão que está no peito dele. Seus olhos, por um breve momento, transbordam insegurança. A mesma insegurança que eu vi quando nos beijamos naquela primeira vez por acidente, porém logo são preenchidos com determinação, do mesmo jeito de quando ele disse que não ia pedir desculpas por ter me beijado. Jace está determinado agora, e meu coração bate descompassado igual ao dele. Como se quisesse mostrar que está aqui, que está vivo. Gritando que finalmente está perto do Jace outra vez. — Me faça perder o fôlego, Jace. — Porra! Esperei tanto tempo por isso. — Fecho NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS os olhos e sinto seus lábios tocarem os meus. Eles são suaves como uma brisa, me beijando sem pressa. Levando meu corpo de encontro ao dele, que obedece sem eu nem perceber. Meu corpo se rende ao seu simples toque como se tivesse sempre pertencido ali. Ele me beija com amor, me deixando ciente de que estou no comando. Com reverência, fazendo meu corpo relaxar, dizendo com gestos que estou segura. Seu beijo é apaixonado, mordiscando, acariciando a língua, mostrando tudo o que guardou durante esses anos. Tudo que ele guardou para mim. — Eu te amo, Sky — diz, entre um beijo e outro. — Sempre foi você, só você. — Minha mão sobe por suas costas, sob a camisa e sinto sua pele quente. Porém, Jace não vai além de beijos e palavras de amor. — Jace... — Estou ofegante, literalmente sem fôlego. — Acho que fiquei sem fôlego — murmuro, sorrindo quando nossos lábios se separam. Jace está respirando com dificuldade, mas com NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS um sorriso deslumbrante no rosto. Seu peito sobe e desce, e ele olha para o teto. Consigo ver seus músculos através da camisa, ela está praticamente agarrada ao seu corpo. Ele mudou tanto nesses dois anos. Seus lábios estão inchados, vermelhos do nosso beijo. E observá-lo sem fôlego na minha cama, me dou conta de que pela primeira vez em muito tempo, estou excitada. — Que horas são? — Deixo meus pensamentos para voltar a realidade. — Não faço ideia, mas acho que dormimos demais. — Droga. Cam deve ter voltado com a Hori. — Eu me assusto quando ele pula, ficando em cima de mim. Deus do céu como ele está grande. Em todos os sentidos. — Não se preocupe, Cam só vai voltar quando eu chamar. — Não acredito que você fez isso. — Ele sorri. — E posso repetir todos os dias, se isso significar que irei te fazer perder o fôlego todas as NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS manhãs. — Seu irmão ia te matar. — Ele supera. Quer ir almoçar comigo? — Vai cozinhar? — Passo a mão no seu cabelo, e ele se inclina no meu toque, fechando os olhos. — Eu adorava quando eram longos — comento, lembrando de como ele fica lindo com cabelos longos. — Não era permitido na prisão. — Eu nunca vou me perdoar por isso. — Dessa vez, quem fecha os olhos sou eu. — Você não precisa se perdoar, porque não há nada a ser perdoado, Sky. Não me arrependo de nada do que eu fiz, e faria de novo, mil vezes se fosse necessário. — Se eu não tivesse... — Ei. — Ele coloca o dedo nos meus lábios, me calando. — Almoço, lembra? Não vou cozinhar, mas acho que podemos ir a algum lugar legal, o que acha? — Tudo bem. — Não, não estava nada bem porque eu não gostava de sair assim, mas Jace NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS estava com um maldito sorriso no rosto que tornava impossível dizer não. — Vou pra casa me trocar. Te vejo daqui a pouco. — Ele beija meu nariz, e depois meus lábios. — Você está indo rápido demais — brinco com ele. — Tem noção de que eu te amo desde quando nem sabia o que a palavra “amor” significava, certo? — Concordo com a cabeça. — Eu já fui com calma por vinte e dois anos, está na hora de acelerar um pouco as coisas. — Ai, meu Deus! — Eu o empurro e ele cai para o lado. — Vou fazer vinte e sete anos, e sou sua prima, e... — E pare de surtar, tá bom? — Ele começa a rir, mas eu não. — E daí que você é mais velha? Em que século você vive, Sky? E, por favor, sem essa de sermos parentes. — Isso é loucura — respondo, nervosa. — O amor é louco, quanto mais rápido você aceitar isso, mais rápido vai admitir que me ama. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — E então você vence? — Cruzo nos braços. — Já levei você a nocaute, Sky. Só estou esperando o juiz começar a contagem. — Ele beija a ponta do meu nariz. — 10... — Outro beijo na testa. — 9... — E por último na bochecha antes de sair da cama. Com seus tênis na mão, ele vai até a porta, para e me olha novamente. — Só esperando o juiz gritar. — Ele pisca e vai embora. Por que será que pela primeira vez diante de um desafio, eu não tenho certeza se quero sair vencedora? Droga!
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OLHO
NA
IMAGEM
À
MINHA
FRENTE
PELA
décima vez, ou algo assim. Estou encarando meu reflexo no espelho do meu banheiro. Desde que saí do apartamento dela, tenho um sorriso estampado no rosto impossível de ignorar. E, eu quero manter esse sorriso bem onde está! Meu Deus! É como se eu estivesse sonhando acordado. Os beijos dela, seu toque, a confiança que depositou em mim. Se o nirvana existe, com certeza eu estava nele, porque era isso que Sky significava para mim, felicidade. Pura e simples. E eu tenho duas semanas para provar isso a ela. — Em que loucura você se meteu, Jace!? — pergunto para o meu reflexo, ainda sem conseguir acreditar no que acabei de fazer. O sorriso continua lá, zombando de mim, me dizendo que o que fiz foi a melhor coisa nos últimos anos. Deixo os pensamentos insanos de lado e termino de me arrumar, o dia está bonito e podemos sair para comer aqui perto mesmo. Depois caminhar um NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS pouco e, de quebra, aproveito para conhecer melhor a vizinhança. Olho para o celular verificando se tenho mensagens, Cam não me questionou quando pedi que ele não viesse ainda, mas tenho certeza de que o fedelho vai me cobrar o favor. Ele sempre cobra. Antes de abrir a porta, começo a conferir para ver se peguei tudo – carteira, celular, chaves – quando a campainha toca. — Uau! — É a primeira coisa que consigo falar quando abro a porta. Sky está na minha frente, usando jeans justo, camiseta da sua banda de rock favorita e o cabelo dividido em duas tranças laterais, como costumava usar quando lutava. Eu. Adoro. Essas. Tranças. — O que foi? — Ela olha em volta, surpreendida pela minha reação estúpida. — Desculpa. — Balanço a cabeça. — É só que você está... — Malvestida? — Sky olha para sua roupa, insegura. Merda. — Não, você nunca está malvestida, é que está... NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Solto um suspiro, porque sei que as minhas próximas palavras podem fazê-la fugir de novo. — Está como antes — digo, por fim e espero ela absorvê-las. Ela engole em seco algumas vezes, com o olhar distante, e eu me sinto um idiota. — Você está linda, Sky. É isso que eu quero dizer. — Coloco uma das mãos no seu ombro e a puxo para dentro. Quando ela aceita, entrando no meu apartamento e envolvendo os braços ao redor da minha cintura num abraço apertado, solto um suspiro aliviado. — Obrigada. — Sua voz é firme, mas a linguagem corporal diz outra coisa completamente diferente. — Você é linda. Ontem e hoje. Vestindo seda ou moletons. Sempre irei me surpreender ao te ver. Entende isso? — Afasto-me para olhar em seus olhos. — Não sei o que está tentando fazer, Jace, mas acho que está funcionando. — Ela sorri, e não demora muito para que eu esteja sorrindo de volta. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS A porra do sorriso no espelho. Um que somente ela é capaz de tirar de mim. E aposto que o sorriso dela não é algo que tem dividido com muitas pessoas ultimamente. E se eu for honesto, estou adorando saber que sou o responsável disso. — Você quer conhecer o apartamento ou prefere sair logo? — Dou um passo de lado para que ela possa olhar em volta. — Acho que podemos ir almoçar, estou faminta. — E sorri de novo. — Então vamos, vou alimentar a minha garota faminta. — Pego na sua mão. — Jace! — resmunga, e eu sei o motivo: tê-la chamado de minha garota. — O quê? Você está com fome, e eu vou alimentá-la. — Finjo inocência. Ela me encara e franze o cenho. — Essas duas semanas vão ser assim, não vão? — Ela solta a minha mão e cruza os braços. Imito o seu gesto. — Não, Sky. Serão bem piores, e sei ser bem NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS persuasivo. — Pisco para ela e a puxo contra mim até que seu corpo está grudado ao meu. — Você é a minha garota, a mulher que eu amo. Quanto mais rápido aceitar isso, mais rápido poderei vencer esse desafio e, então, não vai mais resmungar quando eu te chamar de minha. — Você está tão certo disso, Jace. — Eu a abraço mais forte com ela ainda de braços cruzados, e acho engraçado porque Sky acaba presa no meu aperto. — Os sorrisos no seu rosto me dão a confiança, a certeza de que estou no caminho certo. — Sério? Porque tenho certeza de que eu sorri pouquíssimas vezes — responde confiante. — Mas veja só, devo mencionar quem está presa em meus braços? Sky, sinto seu corpo e como ele está totalmente relaxado. — Ela pisca algumas vezes e parece finalmente se dar conta da proximidade dos nossos corpos. Eu a solto devagar, mas não sem antes beijar a ponta do seu nariz. — Você está relaxada porque sabe que é tão minha quanto eu sou seu. E se eu sou seu, Sky, é você quem está no comando, sempre. — Dou outro beijo NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS na ponta do nariz dela, me afasto e seguro na sua mão. Saímos do prédio em silêncio, sem soltar da mão dela e tenho a impressão de que ela não se importa, já que parece estar distante em pensamentos. Imagino que esteja processando tudo que aconteceu lá em cima, então não forço uma conversa. Pego meu celular, lendo o endereço do restaurante que pesquisei; fica há dois quarteirões daqui, perto da academia. — O restaurante que pesquisei fica próximo da academia, se importa se formos andando? — Tudo bem. — Ela dá um sorriso fraco e seguimos nosso caminho. O lugar parece legal, com a decoração Geek, descontraída. Sorrio para os quadros e bonecos que decoram o lugar. — Você não cresce, Jace — brinca e sorri mais uma vez quando a garçonete nos leva para uma mesa. Acho que ganhei o dia, penso. Três sorrisos, garoto!!! É isso aí!!! — É Marvel e DC, Sky. Ninguém na face da NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS terra é maduro quando se trata de heróis. — Ela revira os olhos, mas sorri. Nunca vou me cansar de vê-la sorrir, nunca. — Já que você diz. — Ela pega o cardápio. — Falou a menina louca por Harry Potter. — Eu a vejo baixar o cardápio e me lançar um olhar sério. — Não use o nome de Harry Potter em vão, Jace. — É antiquado, bruxos e varinhas mágicas? Quem gosta disso ainda? — Eu — retruca. E eu não sei disso? Mas sempre amei provocá-la. — Não vamos começar uma daquelas discussões intermináveis, não é? — HP é um clássico, você sabe disso e não é só sobre bruxos e varinhas, é sobre amizade. Sky passa a próxima hora falando sobre bendito Harry Potter, e eu finjo não estar interessado no assunto, mas meu coração vibra toda vez que ela defende uma teoria, cada sorriso seu. Quando éramos mais novos, Sky lia para mim os livros da série, minha mãe conta que eu tinha apenas cinco NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS anos quando Sky resolveu me apresentar para os livros favoritos dela. Tenho certeza de que guarda suas varinhas atĂŠ hoje.
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Conversar. Era o que eu estava fazendo. Durante as duas horas que almoçamos, a única coisa que fiz além de mastigar a comida, foi falar. Caramba, fazia quanto tempo que eu não conversava assim com alguém? Apenas conversa fiada? Dois anos. Minha mente faz questão de me lembrar. Mas Jace faz isso comigo, ele me deixa confortável, consegue arrancar coisas de mim quando nem eu mesma consigo, inclusive palavras aleatórias sobre livros que eu amo. Ele não pressiona, não empurra meus limites. E é isso que eu amo tanto nele. Amor? Droga, será mesmo que acabei de pensar em amor? — Você está me olhando de um jeito estranho. — Sua voz faz meus pensamentos evaporarem e eu me concentro nele. — Desculpe, estava pensando. Ele ergue uma sobrancelha. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Tenho até medo de perguntar o que era. — Acho que iria gostar de saber. — É mesmo? — E me observa com expectativa. — Sim, mas não vou contar. — Isso se chama tortura, sabia, Sky? — E se inclina. — Só estou dizendo a verdade. — Estava pensando em mim? — Os cantos de seus lábios sobem, e sinto um frio na barriga. Quando foi a última vez que me senti assim? Provavelmente nunca. O que você está fazendo comigo, Jace? — Talvez. — Estava pensando em dizer que me ama agora? Porque se for, sou todo ouvidos. — Jace recosta-se na cadeira, cruzando os braços em uma posição arrogante. Isso me faz dar risada, pois se tem algo que Jace não possui em nenhum osso do corpo – ou melhor, músculos agora – é arrogância. Excesso de confiança, sim. Arrogância, nunca. — Você sabe que eu pretendo ganhar esse NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS desafio, não é? — Tomo um gole da minha coca zero. E aqui está, se falta arrogância em Jace, sobra em mim. Esse é o meu grande defeito, e eu reconheço isso. — Acho que vai repensar a esse respeito quando chegarmos em casa. — Meu rosto esquenta com seu tom. Jace não mudou só fisicamente. Não, agora sua voz tem um timbre que faz minha pele formigar, seus olhos antes tão reveladores, hoje me envolvem em um mar de mistério e promessas. — Você já se organizou para a faculdade? — Minha mudança brusca de assunto não pega ele de surpresa, que sorri levemente, compreendendo a atitude. — Está tudo pronto, meu pai já acertou tudo, só tenho que comparecer na sala de aula. — Isso é muito bom, Jace — comenta orgulhosa. — Você será o melhor. — É o que pretendo, Sky. — Ele olha ao redor e depois volta a atenção para mim. — Vi muitas injustiças nesses dois anos que estive preso, pessoas que poderiam estar livres se tivessem uma NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS defesa correta, alguém que se importasse com os casos e não apenas em ganhar dinheiro. Suas palavras soam carregadas de emoção. Ele fala com raiva, mas determinado ao mesmo tempo. Eu meio que invejo essa atitude. — E você, o que pretende fazer? — Sua pergunta me pega desprevenida. Penso em dizer que pretendo manter minha rotina, olhar as crianças treinarem na academia, continuar me isolando de qualquer contato. Passear com a Hori, tudo que tenho feito nos últimos dois anos. — Nem pense nisso, Sky. — Seu tom é duro, e eu me assusto. — Pensar no quê? — Consigo ouvir seus pensamentos daqui, Sky. — E o que eu estou pensando? — Começo a ficar irritada. — Em nada — responde. E sua resposta me confunde e ele nota minha expressão. — Você está pensando em continuar fazendo nada, Sky, mas não vou permitir. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Cada palavra que sai de sua boca me atinge como um soco. Uma a uma, um mais forte do que o outro. Eu odeio o fato de ele estar certo sobre os meus pensamentos, e odeio ainda mais por ele acreditar que tem o direito de dizer qualquer porcaria sobre isso. — Já acabei e acho melhor eu ir embora. — Levanto tão depressa que quase esbarro na garçonete que veio trazer a conta. Peço desculpas, mas não fico para ouvir Jace e suas besteiras. Saio do restaurante o mais rápido que posso, e a cada passo que eu dou até o meu apartamento, as palavras dele me sufocam. Você está pensando em continuar fazendo nada, Sky. — Maldito Jace — murmuro quando abro a porta do apartamento. É, agora ele está – definitivamente – empurrando meus limites. Estou quase no banheiro quando ouço a porta abrir. Tenho certeza de que é ele, já que pegou as chaves com Cam e não me devolveu. — Estava indo tomar banho, Jace. — Mostro a NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS toalha na mão quando ele entra no meu quarto. — Eu só quero te pedir desculpas. — Tem certeza? Porque eu não acredito que você queira se desculpar, Jace. — Não me arrependo do que eu falei, mas sim da maneira e do momento. É por isso que estou te pedindo desculpas. — Sabe de uma coisa? Você não tem direito algum para falar do que eu faço ou deixo de fazer da minha vida, Jace! E se eu quiser passar o dia na cama dormindo, é o que eu vou fazer. Entende isso? Você. Não. Manda. Em. Mim! — grito as últimas palavras. — Eu te amo, Sky. E você, entende isso? — Ele repete as minhas palavras. — E é exatamente por isso que não vou deixar que continue vivendo assim. — Você não pode chegar aqui e simplesmente me dizer o que fazer, Jace, não é assim que funciona. — Então como é que funciona, Sky? Pode esclarecer as coisas pra mim aqui? Porque a única NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS coisa que vejo é a nossa família pisando em ovos com você. — Fico boquiaberta, chocada. — Você está sendo cruel. — Ele se aproxima e eu não recuo. — E você, egoísta. — O quê? Eu não sou egoísta, Jace. — Sei de toda a merda que passou Sky, mas Max está morto. Está na hora de você aceitar que ele teve o que mereceu e que não vai mais te machucar. — Não é tão simples. — Sinto as lágrimas começarem a cair. — Então, me deixa descomplicar. — Sua mão toca meu rosto e eu fecho os olhos. — Me deixa te amar, Sky, me deixa te mostrar como pode ser simples quando se trata de nós dois. Jace beija meu rosto, secando as lágrimas com os lábios. Cada beijo é tão quente, cheio de sentimentos. Ele parece passar uma eternidade secando as minhas lágrimas, sem hesitar, ou se afastar. Sem dar trégua. E quando sinto que já não consigo mais respirar sem que a sua boca esteja na minha, envolvo as NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS mãos atrás de sua cabeça, e com apenas um toque – um incentivo – ele se aproxima e me dá o que eu tanto quero. Seus lábios dessa vez não são gentis. Suas mãos me seguram com tanta força, como se estivesse com medo de que eu fosse fugir, mas esse não é o meu desejo. Eu quero o simples. Quero seus beijos. Quero poder ser tocada sem sentir medo. Preciso disso. Preciso dele. Eu quero Jace, e quero agora. — Então, me mostre como pode ser simples — murmuro, quebrando nosso beijo. — Você tem certeza? Nós acabamos de discutir, eu não quero... — Selo sua boca com o dedo. — Nós dois brigamos desde que você aprendeu a andar. — Sorrio, seus olhos brilham com entendimento. Ele não pergunta mais nada, segura meu dedo e o leva até a boca, chupando-o devagar. Adrenalina começa a correr pelas veias, fazendo pulsar cada parte de mim que eu acreditava já estar morta. Ofego quando ele tira meu dedo da boca, o que é suficiente para Jace perder o controle. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Em um impulso, suas mãos seguram minha bunda e ele me suspende. Minhas pernas envolvem sua cintura – e ao contrário do que pensei – sentir sua ereção não me causa medo, me excita, e é tão bom sentir isso. Jace caminha até a cama, seus olhos nunca se afastam dos meus, não consigo decifrar o que ele está sentindo. É assustador, mas ao mesmo tempo excitante. — Vou fazer amor com você, Sky. — Ele me deita na cama, os olhos percorrendo meu corpo, mas mesmo vestida eu me sinto exposta, e involuntariamente, me encolho. — Diga meu nome, minha garota. — Eu não notei quando ele se inclinou sobre mim. — Jace. — Minha voz sai irreconhecível, mas não de um jeito ruim e ele entende. — Você não tem ideia de quanto tempo esperei por isso. Mas precisamos estar juntos, tá bom? — Concordo com a cabeça. — Preciso que me fale o que quer, que esteja ciente de que sou eu aqui com você, e que vou fazer tudo o que me pedir, inclusive parar. — Pisco diante de suas palavras, as emoções começando a tomar conta de mim. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Quero você, Jace. — Ele fecha os olhos, aliviado pelas minhas palavras. — Eu sou seu, meu amor, sempre fui. — Ele se inclina para me beijar, e mais uma vez, eu me perco em seus lábios. — Quero que você me mostre, ensine a minha boca e as minhas mãos a te dar prazer, Sky. Puta merda! Suas palavras me excitam ainda mais. Ele beija meu pescoço e eu solto um gemido baixo, suas mãos envolvem meus seios e sinto o corpo obedecer, arqueando, implorando por mais. — Jace? — Chamo sua atenção quando ele começa a tirar minha blusa. Ele para e espera. — Você ainda é virgem? — Faço a pergunta que fiz da última vez que estivemos nessa mesma posição, quando estraguei tudo ao ouvir sua reposta. Jace me observa por um momento, tenho certeza de que ele sabe exatamente o que pensei. Mas quando penso que vai mentir, ou desistir, ele me surpreende. — Não menti quando disse que sempre fui seu, Sky. De coração, alma e corpo. — Meu coração NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS acelera com a revelação. — Nunca imaginei... — digo tão baixo que não tenho certeza se ele ouviu. — Isso ainda é um problema pra você? — Jace pergunta, mas não parece magoado. — Cometi um erro uma vez, Jace. — Toco seu rosto. — Mas não quero repetir esse erro. — Ele fecha os olhos. — Há muito tempo, nenhum homem me toca. E, talvez, ainda seja difícil, portanto não posso prometer que não vou surtar em algum momento, mas prometo que vou tentar manter a mente em você, Jace, e só em você. — Eu te amo, Sky. Nunca vou me cansar de dizer isso. — Ele beija meu pescoço. — E obrigado por confiar em mim. Uma trilha de beijos é traçada, do pescoço até a minha boca. Jace está em cima de mim, a ereção pressionando contra o meu jeans. Mas ele não parece ter pressa, é como se estivesse me saboreando, cada centímetro meu. É tão bom senti-lo; seus toques são um lembrete de que é ele que está aqui, seus beijos são a prova NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS do seu amor. E seu corpo, a forma com que se molda ao meu, é a afirmação de que ele foi feito para mim. E acredito que depois dessa tarde, terei certeza de que também fui feita para ele.
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ESTOU
PERDIDO.
TÃO
PERDIDO COMO JAMAIS
pensei que fosse ficar. E, porra, é tão bom. Cada vez que meus lábios tocam a pele dela, uma carga de energia atravessa por todo meu corpo, e indo direto para o... Estou tendo bastante dificuldade para me conter. Eu a quero tanto, aqui e agora. E sei que ela também me deseja na mesma medida, seu gemido é a resposta que eu preciso. — Eu quero vê-la, Sky. — Paro de beijá-la. — Você inteira. Quero te beijar em todos os lugares. — Seus olhos brilham cheios de luxúria e ela apenas concorda com a cabeça. Lentamente, minhas mãos começam a tirar sua camiseta, passando pelos os braços, ela me ajuda ao se mexer um pouco e eu concluo o meu trabalho. Está usando um top preto, um dos muitos que já a vi usando enquanto malhava. Eu era a merda de um adolescente excitado toda vez que ficava vendo-a se exercitar, e agora, ela está bem aqui. Nos meus NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS braços. É inacreditável. SUR-RE-AL. Desço as mãos para seu jeans, desabotoando o primeiro botão, e depois o barulho do zíper abrindo é a única coisa que consigo ouvir nesse momento. Porém, ele logo é substituído por um gemido quando meus dedos traçam o cós de sua calcinha. Caralho! Estou mesmo fazendo isso? Essa pergunta fica se repetindo no meu cérebro, até que vejo o olhar dela, e tenho a minha resposta. Sim, estou realmente fazendo isso. — Me diz se for demais para você — peço antes de continuar, porque preciso disso, preciso saber que ela está junto comigo aqui. Que também quer e precisa de mim. — Eu quero isso, Jace. Nunca quis mais nada em toda minha vida como eu quero isso e quero com você. E com essas palavras, Sky me leva à nocaute. Retiro o restante de suas roupas com tanta calma, algo que nem imagino de onde está vindo. Quer dizer, sei sim. Minha calma e serenidade vêm dela, NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS de sua confiança, da forma com que está se entregando. Ela merece o melhor que existe em mim nesse momento e é, exatamente, o que vou fazer. Não é sobre a minha primeira vez, é sobre ser com ela. A mulher que eu amo, a única que sempre amei. Sei que a minha experiência sexual é limitada, e mesmo tendo ficado com algumas garotas, nada se compara a ter a mulher que você ama, diante de seus olhos à espera de seu toque. Então, deixo meu instinto me guiar. Roço seu clitóris com a ponta do dedo e ela solta um longo gemido, ofegando quando entro com ele nela. Começo a mexê-lo, e acredito que encontro seu ponto mais sensível porque ela me aperta com força e se contorce toda. Estou tão duro que mal consigo me segurar. Eu desço sobre o seu corpo sem tirar o dedo de dentro dela, e a beijo, passando a língua no mesmo lugar de onde ele entra e sai, intercalando. Seu quadril impulsiona para frente, querendo mais contato. Vejo-a segurar o lençol com força, e adoro cada reação sua. Seu gosto me deixa inebriado, alucinado. E me encontro já NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS viciado nela. Mas, porra, quando foi que não estive? — Jace! — Sua voz sai entrecortada. — Sim, meu amor? — Beijo seu abdômen, sem parar de mover meu dedo, desejando tocar seus seios. Ela percebe a minha intenção e tira o top sem demora. — Eles são lindos. Perfeitos — murmuro, olhando fixamente no par de seios mais bonitos que meus olhos já viram. Ei, nunca disse que fui um monge. De todas as garotas com quem fiquei, nada foi além de uns amassos no quarto, mas sempre soube fazê-las se sentirem bem, só que elas nunca me fizeram desejá-las a ponto de esquecer Sky. A ponto de esquecer a quem eu pertencia. — São pequenos — comenta, e parece envergonhada. Tiro o dedo de dentro dela e quando penso que vai reclamar, ela me encara incrédula. Passo o dedo molhado por seus mamilos, deixando um rastro de sua própria excitação. E a cada respiração sua, subindo e descendo, eles parecem mais e mais convidativos. — São perfeitos, assim como você. Nem NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS grandes, nem pequenos, simplesmente perfeitos, Sky. — Minhas palavras a fazem sorri, mas logo grita meu nome com o que faço depois. Mordo a ponta do seio esquerdo, mas não muito forte, uma leve mordida que faz seu corpo todo vibrar. Porra, é a coisa mais sexy que já experimentei. Seu gosto, seus seios, ela inteira. E toda minha. Minha língua assume o lugar dos dentes, comigo por cima dela, e parece que meu quadril ganha vida própria com o pau implorando pelo seu calor. Mas não posso agora, não quando é tudo para ela. Cada movimento, só para ela. — Por favor, Jace — geme, sua mão tentando agarrar o pouco cabelo que tenho. — Eu disse que ia te beijar em todos os lugares, Sky, mas caramba, não pensei que seria praticamente impossível parar de fazer isso. — Beijo um seio mais uma vez, enquanto aperto o outro mamilo com a mão. — Sentir seu gosto é indescritível. Você é gostosa demais. — Estou quase gozando, Jace, mas não quero NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS fazer isso sem você. — Paro e olho em seus olhos. — Não me pergunte outra vez se é o que eu quero, Jace. — Ela coloca uma mão no meu rosto. — Já sei que posso dizer não, e que vai me ouvir. Eu confio em você, Jace Willers, e nós não decepcionamos quem confia na gente. É isso, Sky seria a minha ruína. Sabia do que ela estava falando, a respeito de ser um Willers, sobre família. Não a ter surtando por causa disso me encheu de orgulho, e talvez, eu não pudesse ter a minha garota de antes de volta, mas saber que Sky confia em mim agora, é melhor do que jamais poderia imaginar. Saio de cima dela e fico ao lado da cama, meus olhos não deixam os seus quando começo a me despir. Vejo seu olhar observando meu corpo, e noto a expressão de surpresa quando vê a tatuagem no osso do meu quadril. NEVER GIVE UP Tenho a frase Veni, Vide, Vice tatuada no pulso, igual à que meu pai e tio tem, mas essa eu fiz quando estava preso. Quando cheguei no ponto mais baixo do desespero na prisão, logo depois de NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS passar o primeiro natal longe da família. Sky sai da cama e fica em pé, nossos olhares se encontram enquanto ela toca a tatuagem, traçando as letras com o polegar. Sem afastar os olhos dos meus. Meu pau pulsa mais uma vez e estremeço, é como se ele estivesse me lembrando de sua existência, e ela percebe o movimento. Sem qualquer aviso, ela o envolve com uma das mãos. Minha cabeça cai para trás e fecho os olhos. Seu dedo traçando a tatuagem. A mão dela no meu pau. Acho que não consigo nem lembrar do meu nome agora, mesmo se a minha vida dependesse disso. — Está pronto para mim, Jace? — Não respondo, o único som que emito é um grunhido, quase um rosnado, porque eu nunca, jamais na minha vida tinha ouvido ela falar desse jeito, tão... tão... cacete. Meu cérebro sofreu uma pane total. Só pode. Ela o solta e eu quase choro de tristeza, mas logo NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS sua mão está na minha nuca, me puxando para um beijo. Sinto seu corpo nu contra o meu, e esse contato – pele a pele – está me deixando louco. Eu a envolvo com os braços e... Bem, não tenho certeza do que acontece depois porque em um momento, estávamos nos beijando desesperadamente, e agora, estou dentro dela. Suas pernas me evolvendo, me pressionando contra ela. E mesmo nessa posição, é ela quem está no comandando. O controle é todo dela. Minha mão aperta sua bunda com força, puxando-a para mais perto, fazendo com que eu entre mais fundo. — Porra, Sky! — É a única coisa coerente que consigo dizer antes de sua boca possuir a minha de novo. E assim que gozamos juntos, duas certezas me dominam. Nunca mais vou deixá-la e nenhum maldito homem vai machucá-la novamente.
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Ofegantes. É assim que estamos. Jace está com a cabeça deitada no meu ombro, sussurrando palavras de amor enquanto acaricio sua nuca. Com ele ainda dentro de mim, não consigo me lembrar de jamais ter me sentido assim. Completa. Saciada. Amada. — Droga! — resmunga saindo do meu corpo. — O que foi? — Desculpe! — Ele passa a mão no cabelo e olha nos meus olhos. — Droga, Sky, agi como um adolescente irresponsável com você. — Seu tom é de pura preocupação, quase arrependido. — Do que você está falando? — Sento na cama, não gostando de seu reação, não depois do que acabou de acontecer entre nós. — Não usei camisinha. — Pisco um pouco, me recuperando de suas palavras. Droga, quase morri de susto. — Não vai falar nada? — Ele aguarda minha resposta, é como se não tivesse noção do que fazer agora, e não posso deixar de achar o quanto NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS isso é fofo. — Sim, você foi tremendamente irresponsável, Jace. — Resolvo brincar um pouco com seus nervos. — Droga! — pragueja mais uma vez e olha para o teto, depois volta o olhar para mim de novo. — Me desculpa, Sky. — Minha nossa, ele parece tão culpado. Deito novamente e estico o braço, oferecendo a mão para ele. — Volte para mim — digo e vejo sua expressão confusa, mas não recusa minha mão estendida. Eu o puxo, fazendo-o tombar para frente, seus reflexos são rápidos e ele apoia o corpo com o braço evitando me esmagar. Uma risada alta escapa da minha boca. — Estava gostando de como me sentia — murmuro, passando a mão no seu rosto e ele sorri. — Não está brava? Você pode ficar... — Ele não termina a frase — Eu tomo pílula, Jace, nunca deixei de tomar. — Alivio passa pelo seu rosto. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Graças a Deus, porque tenho certeza de que o tio Oliver me mataria. — Certo, primeira regra aqui. Nunca, jamais, em hipótese alguma mencione o meu pai enquanto estivermos nus na cama, entendido? — Então, temos regras? — Ele sorri torto. Droga, eu amo esse sorriso. — Claro que sim. — Ele baixa mais o corpo até que estamos colados e eu sinto sua ereção me roçar. — Quer dizer que isso vai se repetir? — Ele usa o joelho para abrir minhas pernas, e de bom grado, eu deixo. — Onde pensa que está indo? — brinco com ele. — Você disse: volte para mim, é isso que estou fazendo. — Abro as pernas e, juntos nos movemos. Quando me penetra mais uma vez, ele ofega, e cacete, Jace faz os sons mais sensuais durante o sexo. Em segundos, está me beijando novamente, e fazendo amor comigo como só ele é capaz de fazer. Meus medos e incertezas são levados para um lugar na minha mente que Jace torna o acesso impossível. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS E quando nós gozamos, sou tomada pela certeza de que será difícil controlar as emoções e não dizer eu te amo para Jace Willers. Acho que caímos no sono, pois algum tempo depois, abro os olhos com a campainha tocando. Alguém está na porta e não parece nada paciente. Olho para o lado e vejo Jace dormindo tão profundamente que acredito que nem mesmo um terremoto será capaz de acordá-lo. Saio da cama e vou até o banheiro, pego a primeira roupa que encontro na frente e vou atender a porta, antes que a campainha queime. Assim que abro, sou praticamente atropelada pela Hori. Ela pula em cima de mim e quase me faz perder o equilíbrio. — Desculpa, Sky, mas precisava trazê-la de volta — Cam diz com cara de quem não está nenhum pouco arrependido. — Sem problema, acho que hoje abusei de você. — Tiro a coleira da Hori, depois prendo meu cabelo. Não consigo nem me lembrar de Jace desfazendo as minhas tranças. Meu rosto esquenta NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS com a lembrança. — Você não abusou, talvez aquele ali — e aponta para o corredor, Jace está parado com os braços cruzados, usando apenas a calça jeans — com cara de poucos amigos, seja o culpado. — E, como sempre, desobedecendo ordens, não é mesmo, Cam? — ironiza Jace, mas não se mexe. Sei que o motivo é a Hori, que está parada na frente dele encarando-o. — Tenho um encontro daqui a pouco — Cam se defende. — Você não é do tipo que sai em encontros — comenta Jace. — Quem disse? — Cam estala os dedos e Hori vem até ele. — Você! — Jace e eu falamos ao mesmo tempo. — Eu odeio vocês. — Hori choraminga. — Menos você, garota, menos você. — Ele se abaixa e beija a cabeça dela. — Vou indo. — Obrigada, Cam. — Eu o abraço. — Estou às ordens, sempre que precisar. — Ele retribui o abraço e vai embora, mas não sem antes NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS mostrar o dedo do meio para Jace, que repete o gesto. Garotos. — Você pode, por favor, colocar ela no quarto? — Jace aponta para Hori. — Por que? — Porque ela não me deixa chegar perto de você. — Sabe, vocês terão que superar essa rixa um dia. — Sei, mas por enquanto só queria voltar para o quarto, com você de preferência. — Não está com fome? — pergunto incrédula, já está de noite e a única coisa que fizemos a tarde toda foi ficar dentro no quarto. Jace me dá um olhar cheio de desejo, me fitando da cabeça aos pés. Meu short e top mostram parte do meu abdômen, ele me analisa tão lentamente que um calor começa a subir por todo meu corpo. É o que basta para entender que tipo de fome ele tem agora. Acho que despertei um monstro. Depois que coloco Hori no quarto de hóspedes, NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS convenço Jace a pedir uma pizza, e com certeza, a gente comeu no quarto, e eu descobri que sexo e pizza são uma combinação perfeita. Não, corrigindo. Sexo com Jace e pizza são uma combinação perfeita. Já passa das dez horas quando estou tentando expulsá-lo do apartamento. O que não está sendo uma tarefa muito fácil, não com suas mãos apertando a minha bunda, e sua boca na minha enquanto estamos parados na porta. — Sério, Jace, você precisa ir. — Eu podia ficar te beijando a noite inteira, o que acha? — Acho que você precisa ir dormir, na sua cama. — Coloco a mão no peito dele e o afasto um pouco. — Tem certeza? — implora. — Absoluta. — Não tinha medo de dormir sozinha? — Argh! Como ele joga baixo. — Sim, quanto eu tinha oito anos, e ia para a cama dos meus pais. Agora vai, Jace. — Aponto NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS para o apartamento dele sorrindo. — Droga. — Jace sorri, depois olha na porta dele, e de volta para mim. Só que agora o sorriso não está mais lá, e ele parece apreensivo. — Preciso saber uma coisa. — O que foi? — Amanhã quando eu acordar, tudo o que aconteceu entre nós, não terá sido um sonho, não é? — Meu coração derrete com a sua pergunta. Jace pode ser todo homem, responsável e decidido. Mas parece que o coração dele ainda é o mesmo de antes, aquele que eu quebrei dois anos atrás. — Não, Jace. — Eu me aproximo e ele me abraça. — E se for um sonho, tenho certeza de que sonhamos juntos então. — Levanto a cabeça e olho para ele. Seus braços me envolvem apertado. — Até amanhã, minha garota. — Ele beija meus lábios. — Até amanhã. Ele finalmente me solta e vai para o seu apartamento, mas quando chega na porta ele para, vira e fica me observando, alguns instantes depois, NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS fala alto: — Duas semanas, Sky! Duas semanas e estará se despedindo de mim com três palavras. — Quais? — pergunto. — EU TE AMO — Ele grita tão alto que não consigo parar de sorrir. Então ele abre a porta e entra, ainda fico ali alguns segundos antes de voltar para dentro, com o maior sorriso no rosto. Sim, Jace, eu te amo. Tanto que está sendo impossível manter esse sentimento em segredo. Meu despertador soa e eu alongo os braços, meus músculos estão todos doloridos, mas isso não importa, já que a culpa disso é do Jace. Faço minha rotina matinal, Hori fica eufórica quando apareço na sala com a coleira na mão. — Tá bom, garota, mas vamos devagar hoje — aviso a ela antes de sairmos. Quando caminho até o elevador, dou uma rápida espiada na direção do apartamento dele, observando a porta fechada, imagino que ainda esteja dormindo. Saio com Hori para o nosso passeio. Não deixo de perceber que ela sente meu humor, fazendo NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS como pedi, caminhando sempre ao redor. Como eu amo isso nela, nossa sintonia sempre foi perfeita. Quando sento em um banco, pego o celular para verificar a hora, a foto de fundo de tela é uma comigo junto com meu pai. Ele estava colocando a faixa nos meus punhos antes de uma luta, e foi minha mãe quem tirou. Sorrio e ligo para ele. — Oi, pai. — Ele atende no segundo toque. — O que aconteceu? — pergunta preocupado. — Hum... nada, só queria falar com você. — Às seis da manhã? Está tudo bem? — Meu Deus, ele está realmente preocupado. — Estou bem, pai. Estava caminhando no parque e só quis conversar com você. Por que está surtando por causa disso? — Já faz um bom tempo que a minha filha não me liga nesse horário só para jogar conversa fora. Ops! — Desculpa, pai. — Arrependimento me atinge com toda força, ninguém no mundo merece ser isolado, principalmente meu pai. — Está tudo bem, estou feliz por ter me ligado. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Quer vir aqui tomar café da manhã? — Você estava dormindo? — pergunto, mas já sei a resposta. — Acabei de sair da academia. Sua mãe por outro lado. — Ouço minha mãe gemer. — Paaaaaiiiii! — Fecho os olhos. — Não está com a minha mãe na cama enquanto conversamos, está? — Não. — Ele ri alto. — Mas esse era o pensamento antes do telefone tocar. — Tá certo, eu não precisava ouvir isso — reclamo, rindo. — Olha só, além de me ligar, ela está sorrindo. — Noto a felicidade na sua voz. — Só falta aceitar meu convite para o café. — Tudo bem, me dê vinte minutos. — Vou te dar uma hora. — PAAAIII!! — repreendo. — Eu te amo, princesa, esperaremos por você. — Ele desliga e respiro profundamente. Uma atitude tão simples fez ele feliz, eu fico me sentindo NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS feito lixo por não ter feito isso antes. Saio do parque e vou direto para casa, quando chego no prédio, pego minhas correspondências e vou para o elevador. Fico olhando para os envelopes na mão, algumas contas e uma que fazia algum tempo que não recebia. Da Confederação Americana de Boxe. Solto um gemido. — Espero que esse gemido seja do tipo bom. — A voz dele me faz saltar. — Desculpa, não queria te assustar. — Jace está parado na minha porta, e estende uma caneca na minha direção. É uma caneca da mulher maravilha e o conteúdo está fumegante, e tem o cheiro incrível. — Quando você conseguiu isso? — Sorrio e aceito a caneca. — Tenho meus segredos. — Pisca e tenta se aproximar, Hori rosna. — Sério? — Ele olha para ela e eu apenas dou de ombros. — Ela me faz lembra de você, sabe? — Em que sentido? — Possessiva e teimosa. — Ele sorri. — Estou NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS começando a gostar mais dela agora. — Certeza que está. — Dou uma piscadela para ele e abro a porta, Jace me acompanha. — Preciso de um banho. — Posso te ajudar com isso. — Ah, eu sei que pode, penso. — Não posso demorar, vou tomar café da manhã com meus pais. — O sorriso sedutor dele morre. — Quer ir comigo? — Nesse caso, acho que você dá conta sozinha. — Está com medo do meu pai? — Aproveito que Hori está fora de vista e me aproximo. — Desde que ele é um dos melhores lutadores da história, e estou viciado em fazer amor com a filha dele, bem, acho que tenho um pouco. — Ele me enlaça pela cintura e me puxa. — Mas acho que ainda temos alguns minutos para aproveitar. — E ataca minha boca. — Jace. — Meu corpo amolece em seus braços e a coerência vai para o inferno por causa de seus beijos. — Vai contar a eles? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Contar o quê? — Fico confusa. — Que estamos juntos — responde como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Jace, acho que não devemos. Pelo menos por enquanto. — Do que você está falando? — Ele se afasta. — Não posso simplesmente chegar para os meus pais e dizer que estamos juntos, Jace! Não é assim que funciona. — E como é que funciona, Sky? Porque não vejo problema nenhum em dizer a eles. Seus pais sempre souberam dos meus sentimentos por você — diz, e esfrega as mãos na cabeça exasperado. — Você contou a eles? — pergunto espantada. Jace me encara como se eu tivesse dado uma bofetada nele. — Não, mas só sendo cego, ou burro para não perceber isso — responde, sarcasmo escorrendo de suas palavras. — Não quero apressar as coisas, Jace — digo, um pouco ressentida por sua resposta. Não estou gostando nada do rumo dessa conversa. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Ah, é? Sério isso? Deixa ver se eu entendi. Contar para os seus pais que estamos juntos é apressado, mas passar a tarde comigo na cama, não é? — Agora você está sendo grosseiro — retruco, falando mais alto do que necessário. — E você está fugindo. Como sempre fez, aliás. — Não quero discutir com você. Só preciso de tempo, Jace. — Ele não diz nada por alguns instantes, com o maxilar cerrado. Quando ameaço abrir a boca, ele reage. — Essa questão de tempo é tão relativa, Sky. Mas se acredita mesmo que é disso que precisa, então tá. Não vou te dar só tempo, vou te dar espaço também. Mais uma vez. — Eu sinto meu corpo todo esfriar e estremeço. Ele percebe, mas continua a despejar. — Você pode me procurar quando se sentir pronta para nós porque não vou ficar me esgueirando na sua cama, Sky. Esperei a merda de dois anos para ficar com você, eu te dei todo o tempo de que precisava, a porcaria do espaço que pediu quando não respondeu as minhas cartas. — Suas palavras me deixam sem NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS argumento, mas também não acho que valeria de nada porque ele está determinando a terminar tudo que tem a dizer. Só não sei como eu vou ficar depois de tudo isso. — Entendi quando não me visitou, quando não deu sinal de vida, era espaço que você queria, e eu te dei. — Por favor, você está sendo cruel — murmuro, mas sua expressão rígida não se abala. — Mas é a verdade, Sky! O que quero dizer é que não vou te esperar para sempre. Eu te amo, e porra... — Ele vira, passando as mãos na cabeça. — Acho que nunca vou deixar de te amar, mas vi tanta coisa nesse pouco tempo de vida que realmente não quero perder mais tempo. A maioria das pessoas pensam: somos jovens, temos uma vida toda pela frente e essas baboseiras todas, mas a realidade é cruel, vacilou, já era. E eu já perdi tempo demais. Jace não espera pela minha resposta, e eu fico ali – congelada, completamente sem reação – até que ouço a porta do meu apartamento batendo. Ele foi embora. E eu sei que não vai voltar, não antes que eu vá NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS atrรกs dele.
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INACREDITÁVEL
COMO MEU CORAÇÃO PODE SER
fraco quando se trata da Sky. Ridiculamente fraco. E mesmo sabendo que ela vai tentar fugir de nós, uma parte de mim quer bater em sua porta e dizer que estou disposto a aceitar qualquer migalha que tenha a oferecer, estar com ela é o que importa. Mas a outra parte, o lado racional sabe que eu preciso agir diferente, ser mais inteligente do que fui quando ela me dispensou pela primeira vez há dois anos. Até aquele dia, nosso relacionamento era apenas amizade, um encostar de lábios aqui, outro ali, mas nada além disso. Não até aquela noite, em que entrei no quarto dela disposto a tudo, até ela me dar um belo fora e sair com Max. E num piscar de olhos, tudo rolou ladeira abaixo. Passei muitas noites na prisão sonhando com ela, me lembrando de como a encontrei quando cheguei naquela casa, na aparência de Max. Perdia a cabeça toda vez que pensava naquilo. Dizer que a morte dele me deixou feliz é um eufemismo, mas NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS infelizmente é a verdade. Agora, depois de tê-la finalmente em meus braços, entregue de corpo e alma, ela me despreza outra vez. — Merda — resmungo e pego o celular, preciso sair desse apartamento antes que o desejo de estar com ela se torne maior do que o meu orgulho. — Porra, cara, espero que esteja acontecendo algum incêndio, se não vou ficar muito puto... — Cam resmunga com dificuldade, sua voz está arrastada de sono. — Quero ver você em meia hora, na academia — digo sem rodeios. — Vai se foder, Jace! Não vou sair da cama tão cedo, tem uma britadeira dentro da minha cabeça agora. — Você bebeu? — Precisa gritar, caramba... — Filho da puta! — Levanta essa bunda da cama, Cam! Ou vou até aí bater na sua porta e garanto que não vai gostar do meu tom de voz gritando na sua ORELHA! — Na última palavra já estou berrando, NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS e de propósito. Desligo o telefone tendo a certeza de que entendeu o recado. Cameron pode ter mil defeitos, aliás, bem mais de mil se eu for realista, mas sabe quando a merda fica séria – e principalmente – que bebida está fora dos limites. — Mas que diabos está acontecendo com esse moleque? — murmuro antes de trocar de roupa e sair para a academia. E com a intenção de evitar qualquer tipo de distração, opto descer pelas escadas. Cam não me decepciona, ele chega na academia dez minutos depois, usando óculos escuros e camiseta com capuz cobrindo quase todo o rosto. — Papai te viu desse jeito? — pergunto quando caminhamos para a cafeteria. — Se tivesse, eu não estaria aqui nesse momento. — O que está pegando, Cam? — Pego dois cafés e sentamos em uma mesa afastada da entrada, próximo da janela com uma boa visão da rua. — Não tem nada acontecendo. — Ele abaixa o NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS capuz e tira os óculos, fico aliviado ao ver que em seus olhos, pelo menos, não tem nenhum sinal de briga. — Você tem dezessete anos, Cam, passou praticamente a noite toda fora, e bebendo. Quer ficar de castigo pelo resto da vida? Porque é isso que vai acontecer se nossos pais te pegarem. — Foi só uma festa, Jace. E algumas cervejas, nada demais. — Você não andou correndo a milhão por aí, andou? — Ele demora um pouco para responder, e eu não preciso ouvir mais nada. O filho da puta estava correndo na noite passada. Levanto tão rápido que a cadeira cai, o baque ecoa pela lanchonete chamando atenção na nossa direção. Mas não me importo porque numa fração de segundos minhas mãos estão agarrando Cam pela camisa, forçando-o a me encarar nos olhos. — Me diga que não estava participando da porcaria de um racha ontem, Cam. — Silêncio. — Porra, você estava em um racha, e com a cara cheia de bebida? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Não estava bêbado, Jace. — Mas que inferno! Você podia ter se machucado, porra! Podia ter machucado alguém. — Não aconteceu nada. — Dessa vez, não, mas e na próxima? Caralho, Cam! Acabei de sair da prisão, não é um lugar onde eu gostaria de ver você. Dá pra entender isso, porra!? — Cam me encara por alguns segundos, engole em seco e apenas balança a cabeça, concordando. — Me prometa que não vai mais fazer essa merda, Cam. — Não vai acontecer de novo. Pode deixar, Jace. — Analiso sua expressão, Cameron pode enganar a todos, mas se existe alguém para quem ele não é capaz de mentir, esse alguém sou eu. Solto-o e o puxo para um abraço. — A prisão é não é um lugar qualquer, Cam. É a própria definição do inferno. Mantenha os pés do lado de fora de lá, tá bom? — Tudo bem. — Se acontecer de novo, quem vai ter essa conversa com você serão a mamãe e o papai. — NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Bato de leve na sua cabeça e ele reclama, mas entende o aviso. Olho em volta e peço desculpas pelo show. Os funcionários já estão acostumados com um pouco de ação vinda da nossa família, meu pai e tio Oliver já protagonizaram alguns discursões bem interessantes aqui. — Posso te fazer uma pergunta? — diz assim que termina o café. — Manda. — Você e a Sky, hum... vocês... — Não vou falar sobre esse assunto. — Ah, qual é, Jace! Eu vi o jeito que você estava no apartamento dela, e não me deixou levar a Hori mais cedo, então alguma coisa rolou ali. — Não rolou alguma coisa em lugar nenhum, Cam. — Não minto, o que aconteceu lá foi muito mais do que simplesmente alguma coisa. — Certo, já entendi que não vai falar, mas preciso saber de outra coisa. — Reviro os olhos e ele prossegue. — Você era virgem, não era? — Não consigo me controlar e sorrio. Merda. — NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS PORRA!! — ele grita — Eu sabia, sabia! — Quer fazer o favor de calar a boca? — Como é que conseguiu essa proeza? Quero dizer, todo esse tempo e nunca transou? — Você já se apaixonou antes? — Ele pensa um pouco antes de responder. — Sou apaixonado por cada menina que agita os cílios pra mim, ou que tenta me mostrar o decote. — Você é um nojento. — Balanço a cabeça. — Só estou sendo sincero, pare de me julgar. — Quando você se apaixonar, vai saber o porquê que eu escolhi esperar. — Caramba, meu irmão! Se ela tivesse te dispensado, você ia morrer virgem — Cam fala alto demais, e isso atrai novamente os olhares curiosos. Ótimo, valeu, bro. — Vem, vamos treinar antes que eu passe fita isolante na sua boca. Levantamos e vamos direto para os tatames. Ainda tem poucas pessoas, mas um grupo em particular chama minha atenção. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Pelo menos dez crianças estão sentadas, ouvindo o instrutor atentamente. — O que é isso? — pergunto a Cam. Nós paramos para observar as crianças. — É um projeto que começou pouco depois que você foi preso. Papai e tio Oliver começaram esse projeto, acho que na esperança de fazer a Sky voltar a se interessar por alguma coisa, sei lá. — E ela? — Bem, digamos que Sky tem aparecido mais por aqui desde que você voltou do que nos últimos dois anos. — Então, não deu certo? — Para a Sky, não. Para as crianças? — Ele aponta nelas, que agora estão de pé. — Com certeza, sim. Tá vendo aquela menina ali? A com o cabelo cheio de cachos? — Sim, ela parece concentrada. — É a Ms. — Ms? Esse é o nome dela? — Cam sorri. — Não, seu pai é viciado em M&M’s, então ele NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS a chama assim desde que nasceu. Na verdade, nem sei qual é o seu nome verdadeiro. O mais interessante é que ela é protegida do papai e o tio. — Protegida? — Nunca sabia de nada assim. Colocamos nossas bolsas no chão e sentamos em um banco para acompanhar a aula. Cam olha mais uma vez nas crianças e volta a falar. — Ms foi abusada quando tinha cinco anos. — PUTA MERDA! — Não sei como papai a conheceu, e nem conheço os detalhes da história, só que o pai dela matou o cara que fez isso com ela, e não de forma rápida. Ele o torturou por dias antes de matar o doente, filho da mãe. — E o que aconteceu? — Pensa um pouco, Jace. Você espancou um cara e passou dois anos na prisão, o que acha que aconteceu com ele? — Porra! — Eu só sei que Ms apareceu aqui poucos dias depois que você foi para a prisão, desde então, tudo é financiado pela academia; escola, médico, tudo que ela precisa, ela tem. Quando chegou, era mais NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS retraída, mas faz tratamento com o melhor terapeuta que o dinheiro pode pagar e está bem melhor, socialmente falando. — Não sabia que a academia estava dando esse tipo de apoio às crianças. — E não dá, as aulas e apoio escolar, sim. Esse grupo que está treinando agora faz parte desse projeto. Mas o apoio dado a Ms é diferente, é como se fosse da família, sabe? — Sei, é que não entendo porque eu não soube disso antes. — Vai saber. — Cam dá de ombros e ficamos observando a aula. As crianças são boas, boas mesmo, e Ms é uma das mais disciplinadas, ela me lembra a Sky. — Ms? — Cam grita chamando sua atenção. A menina olha em nossa direção e sorri. De repente, ela está correndo para nós. — Cameron! — quase grita de tão animada, antes de abraçá-lo. Cam é todo cuidadoso ao retribuir o abraço. — Ei, Ms! Como você está? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Bem, hoje fui muito bem nos treinos, você viu? — Ela olha esperançosa. — Opa! E, não fui o único a ver, meu irmão aqui também. — Ms vira para mim como se somente agora tivesse percebido a minha existência. — Ms, esse é Jace, meu irmão. Ele acabou de chegar e eu estava contando a ele como você é uma lutadora maravilhosa. — Igual a Sky? — Ela volta o olhar para ele, parecendo nervosa. — Acho que você é bem melhor do que ela, de verdade. — Os olhos da menina se iluminam. — Só não conta isso pra ela, tá? — Ele passa o dedo nos lábios, no movimento clássico do fechar a boca com um zíper. Ela imita o gesto e me olha de novo, a desconfiança de antes, dando lugar a um sorriso encantador. — Muito prazer, Jace. Eu sou a Ms. — Ela estende a mão, me cumprimentando. E quando ela sorri novamente, é que eu percebo algo. Seu pai e tio estão cuidando do que é meu lá fora, e eu estou cuidando do que é deles aqui NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS dentro. Clarence! — Puta merda! — Solto sem querer. — Você falou palavrão!! — Ms fala e olha para Cam. — Peço desculpas, Ms. É que acabei de me lembrar de uma coisa. E o prazer é todo meu em te conhecer. — Dou o meu sorriso mais gentil. — Hora de voltar para o treino. — Cam chama a atenção dela. — Tchau, Jace — ela se despede e dá mais um abraço no meu irmão. — Tchau, Cam. Ms sai saltitante de volta para o tatame. É incrível a semelhança dela com Clarence, é uma versão mais suave dele. Se é que isso é mesmo possível. — Terra pra Jace. — Viro o rosto e dou de cara com meu irmão me observando. — Você está bem? — Estou, é só que... Ela parece feliz — digo a primeira coisa que me vem à mente, não quero contar a Cam sobre Clarence, ou ele vai me fazer inúmeras perguntas e posso acabar contando mais NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS do que devo, inclusive sobre minha desconfiança de que tem dedo dele na morte do Max. — Ela está, eu te disse que tem recebido o melhor de tudo que se possa imaginar, Jace. Ms fez muito progresso desde que chegou aqui, é impressionante. — Feridas internas são mais difíceis de currar. — Observo Ms derrubar uma oponente. — Mas não são impossíveis, acredito que as cicatrizes podem acabar praticamente imperceptíveis. — Você está falando da Ms ou da Sky? — Sinceramente? Acho que das duas. Apesar da diferença de idade, ambas passaram por algo semelhante, e mesmo assim, ainda são capazes de sorrir. — Sky tem sorrido muito mais desde que você chegou, certeza que já percebeu isso — comenta meu irmão e eu paro para pensar em suas palavras. — Só espero que seja somente o início de mais sorrisos assim, e principalmente — olho para Ms —, o começo da cicatrização de suas feridas. Cam e eu ficamos um tempo observando o treino NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS das crianças. Meu irmão tinha razão, Ms lembra Sky quando pequena, mesma determinação e disciplina. — Vem, Príncipe Disney, precisamos treinar. — Pego a bolsa e bato na perna dele. — Do que é que me chamou? — Ah, qual é, Cam!!! Você é praticamente um encantador de cães e — aponto para Ms —, crianças. — Idiota — resmunga, mas sorri quando dá tchau a Ms, que abana a mão toda empolgada. Como eu disse: Príncipe Disney.
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Chego no apartamento dos meus pais e sou recebida com um abraço esmagador. Se tem uma coisa que Oliver Willers jamais economiza comigo é abraço. E eu retribuo na mesma medida, porque não há outro lugar no mundo que eu me sinta mais segura do que nos braços do meu pai. A não ser por ontem à tarde... Nos de Jace, eu também me senti assim. Merda. Então, me lembro de suas últimas palavras... Não vou te dar só tempo, vou te dar espaço também. Mais uma vez. Caramba, o que é que eu vou fazer agora? — Ei... — Eu me assusto com meu pai está estalando os dedos na minha frente. Ótimo, agora ele vai em encher de perguntas. — Desculpa, acho que caminhei demais. — Cacete, dou a desculpa mais esfarrapada que pode existir. Ele me olha desconfiado, mas deixa passar. — Eu perguntei se está com fome? — diz com NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS uma sobrancelha erguida. — Com certeza. — Seus olhos se iluminam com a minha resposta e expressão alegre, ambos esquecendo a minha gafe de segundos atrás porque aquela sensação gostosa de lar toma conta de mim. Uma coisa é certa: tenho vinte e sete anos, mas meu pai ainda me mima igualzinho desde o dia que me conheceu. E posso até me fazer de durona, mas eu amo isso. Ele me leva até a varanda onde uma mesa foi posta para três, com uma infinidade de comida sobre ela e eu me pergunto se vamos conseguir comer tudo isso. — Sua mãe irá se juntar a nós em breve. — Ele beija minha cabeça e depois puxa uma cadeira para eu me sentar. É isso mesmo, meu pai é um verdadeiro cavalheiro. Pequenos gestos como flores sem nenhum motivo especial; jantares, bilhetes na geladeira, tanto para minha mãe quanto para mim. Ele sempre fez esse tipo de coisa. Eu tenho guardado até hoje o primeiro bilhete que me deixou, lembro-me de como chorei quando o vi. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Nunca tinha tido um pai atencioso antes, e ter tudo num mesmo pacote chamado “Oliver Willers” foi como viver um conto de fadas. Eu virei uma princesa – a sua princesa – e ele fazia questão de demonstrar isso. Meu primeiro encontro inclusive foi com ele, o que chega a ser engraçado. Eu tinha apenas treze anos e ele me levou para jantar em Paris, em um jatinho particular. Queria me mostrar – literalmente – que eu merecia o mundo, e que qualquer homem que me oferecesse menos, não era digno de mim. Eu o amo tanto por ser assim, exatamente como é. — Você está diferente — comenta enquanto sirvo café para nós. — Não, eu não estou. — Está com um sorriso bobo no rosto. — Meu sorriso amplia, ele tem razão. — Estava apenas me lembrando. — Boas lembranças? — As melhores. — Entrego uma xícara de café a ele e depois pego a minha. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Então, acho que ontem esbarrei em um certo cachorro branco na recepção. — Oh, droga. — Hum... — Bebo um gole do meu café, tentando ganhar tempo para pensar no que dizer. — Aconteceu alguma coisa para que a Hori passasse o dia com Cam? — Hum... — murmuro novamente, e bebo mais um pouco de café. Mil vezes droga. Caramba. — Vai responder assim a tudo que pergunto? — Tiro os olhos da xícara, mas droga, ela bem que parecia interessante agora. Meu pai continua me olhando, com um sorriso no rosto, um que diz: te peguei, nem adianta disfarçar. — O café está muito bom. — Isso, Sky, quanta maturidade. — Lembra de quando me apresentou seu primeiro namorado? — Solto um gemido, claro que me lembro. — Você está agindo dessa mesma forma, como se quisesse me contar algo, mas não sabe como. Bem, acredito que não tem mais dezesseis, não é mesmo? Está de brincadeira comigo? Porque eu acho NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS que ainda me trata assim. Tenho vontade de responder, mas antes que eu possa falar mais alguma idiotice, minha mãe aparece. — Bom dia. — Seu sorriso é tão grande que eu estremeço, tendo total consciência do motivo. Ela beija meu pai antes de me dar um beijo no meu rosto. — Como você está, querida? — Estou bem. — Muito bem. — Meu pai me corrige e eu dou a ele um olhar assassino, que nem se incomoda. — Isso é bom, não é? — Ela olha entre mim e meu pai, confusa obviamente. — Recebi uma carta hoje. — Mudo de assunto. — Uma carta da Confederação. — E? — Meu pai mantem a postura estoica, e fico me perguntando quantos pauzinhos ele mexeu para me enviarem aquele convite. — Não sei, ainda não tive tempo de abrir. — Sou sincera. — Mas, você vai? — minha mãe quem pergunta dessa vez. — Abrir? Claro que sim. — Ela olha para o meu NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS pai com preocupação estampada no semblante, e com esse gesto, percebo que estão me escondendo algo. — O que vocês sabem sobre isso? — Nada. — Os dois respondem ao mesmo tempo. Seria bem fofo, se não estivessem escondendo algo de mim. — Mãe, você mente tão mal. — Ela olha para a xícara de café, boa tentativa, mas eu conheço esse truque e tentei usá-lo cinco minutos atrás. — Pai? — Vai acontecer um torneio, e essa carta deve ser o convite oficial. — Estou afastada há muito tempo, como é que ainda podem se lembrar de mim? — Ninguém se esquece dos melhores, Sky — declara com convicção, mas eu sei que teve dedo dele nisso tudo. — Surgiu uma desafiante, e ela quer lutar com você. — Não estou preparada para participar de um torneio. — Não é uma luta oficial, será realizada para arrecadar fundo para algumas instituições. — Que instituições? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — ONGs de apoio a mulheres que sofreram abuso — minha mãe explica e eu levo meu primeiro gancho de direita. Em cheio. — E-Eu não sei se estou pronta — gaguejo. Abaixo a cabeça e, de repente, minhas mãos são cobertas, por duas calorosas e suaves. Uma da minha mãe e outra meu pai, me dando apoio. — Sei que tem treinado todo esse tempo quando a academia está fechada. E que continua com a alimentação balanceada e com a mesma rotina de exercícios. A atleta está dentro de você, Sky. — Ele aponta para o meu coração. — E não é porque está fora do ringue que significa que está fora de forma. — V-Você acha? A-Acredita mesmo que sou ccapaz disso? — Minha voz sai entrecortada, e nem percebo que estou chorando. — Jamais deixei de acreditar em você, princesa. — Ele beija minha mão, minha mãe concorda com a cabeça, e também está chorando. — Eu tenho quanto tempo até a luta? — Quinze dias — responde meu pai com total naturalidade. Como diabos vou me preparar para NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS uma luta em quinze dias? Como se estivesse lendo meus pensamentos, ele acrescenta. — Você é uma Willers, Sky. Você consegue! Encosto as costas na cadeira, ponderando suas palavras. Eles soltam minha mão, e pacientemente, aguardam uma resposta. Parece que passa uma eternidade enquanto fico olhando na mesa. Dois anos, tem dois anos que minha vida congelou. Dois malditos anos que não fiz nada além de ser uma mera expectadora da vida. Max está morto, não poderia me tocar de novo. Jace fez amor comigo como nenhum outro jamais fez. Meus pais estão aqui, como sempre sendo amorosos comigo. Aliás, todo esse tempo, foi o que minha família tem feito, me amar. Finalmente, minha ficha cai e é como receber meu segundo soco, só que dessa vez, eu ia revidar. — Eu consigo fazer isso. A declaração sai da minha boca antes mesmo que do pensamento terminar de se formar na cabeça. Minha mãe tem lágrimas escorrendo pelo rosto, e meu pai... Nossa, seu olhar é puro orgulho, NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS confiança, e de amor incondicional. O mesmo olhar que sempre me dava antes que eu subia em um ringue. O mesmo que ele me deu quando abri a porta há mais de vinte anos, quando ele foi atrás da minha mãe. Depois de meu pai me convencer de que preciso voltar a treinar, pergunto se ele está disposto a ser meu treinador de novo. É, posso jurar que vi os olhos do Fenômeno Oliver Willers marejados. Nesse momento me dou conta de que tenho dois grandes desafios pela frente: voltar a ser a lutadora de antes e convencer Jace de que seu amor por mim é recíproco. Eu o amo, muito e na mesma intensidade que ele me ama, e minha reação diante de suas palavras antes de ele sair de casa foram mais que suficientes para me mostrar isso. Mas eu queria que ele tivesse o melhor que existe em mim, não apenas a sombra que me tornei. E só serei capaz de dar isso a ele quando eu superar a primeira barreira. A minha volta aos ringues. NACIONAIS - ACHERON
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ESTOU
TERMINANDO
O
TREINO
COM
CAM
quando sinto a presença dela, meu corpo age por instinto, não consigo evitar e viro para vê-la. É como se uma força me atraísse, esse é o poder que Sky tem sobre mim, sempre teve. Vejo-a entrando com tio Oliver, eles parecem bem sérios. Droga, será que aconteceu alguma coisa? — Já terminamos? — Cam me entrega a toalha. — Sim, acho... — Seco o rosto sem tirar os olhos dela. — Vou tomar banho, você vem? — Então, Cam vira na direção para onde estou olhando. — Oh, acho que não. Te vejo mais tarde. — Ele pega a bolsa e sai para o vestiário. Odeio como as pessoas me conhecem tão bem quando se trata dela. Ainda sinto a raiva pairando na superfície, a discussão que tivemos mais cedo ainda está muito fresca na memória. Desse modo, para evitar NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS qualquer briga desnecessária, pego minhas coisas e também sigo para o vestiário. Infelizmente, para meu azar, ouço tio Oliver me chamar. Mas que droga!!! Não poderia ficar pior. — Está de saída? — pergunta quando me aproximo, Sky apenas me observa. Noto que está com uma bolsa de academia nos braços. Será que ela vai treinar? — Na verdade, não. — Minha resposta faz os olhos dela estreitarem, desconfiada. — Excelente! Lembra-se de quando treinava com a Sky? — O rosto dela empalidece. Bem, acho que ter ficado acabou valendo a pena porque tudo começou a ficar bastante interessante. — Pai, não precisa — ela argumenta com a voz tranquila, mas eu a conheço como ninguém. Se tem uma coisa que ela não está nesse momento, é calma. — Sem problemas, eu posso treinar com ela. — Meu tio apenas sorri, um sorriso um tanto estranho, mas que resolvo ignorar me concentrando em Sky. — Quer que eu te ajude com o quê? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Quando éramos mais jovens, eu sempre participava de seus treinos. Acho que meu tio adorava quando ela chutava minha bunda no ringue. Nesse esporte, eu meio que puxei ao meu pai, pratico só por diversão. Enquanto que para Sky é por puro amor, boxe para ela é tão importante quanto respirar. Ou melhor, era. — Se estiver de saída, não tem problema, Jace. É apenas um aquecimento, não é grande coisa. — Ela tenta me dispensar, mas posso sentir sua hesitação tanto no tom de voz quanto na postura que me quer aqui com ela, mas ainda insiste em resistir. — Você vai lutar em breve, Sky! É grande coisa, sim. E outra, Jace sempre foi muito bom no ringue quando treinavam juntos. Ele conhece seus movimentos, use isso a seu favor. — Ela vai lutar? Essa informação me pega de surpresa. — Você vai lutar? Quero dizer, uma luta de verdade? — Não consigo conter meu espanto e ela fica toda rígida. — Meu pai está exagerando, ainda não confirmei NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS nada. — E olha feio para ele, mas também vejo o vislumbre de um brilho desafiador. Meu peito se aperta de euforia. — Sei do que estou falando, basta que ela suba no ringue. — Sky bufa. — Vou trocar de roupa — avisa, saindo depressa para o vestiário. — Jace? — meu tio chama minha atenção e tiro rapidamente os olhos da bunda de sua filha. Caramba, estou muito ferrado! — Vem aqui um instante. Ele coloca a mão no meu ombro, e não de um jeito gentil, um aperto que me faz gemer. Porra, ele ainda é uma força a ser respeitada. Nós sentamos no banco que fica de frente para o ringue, ao vê-lo assim tão próximo, sou arrebatado pelas lembranças. Memórias de quando treinávamos juntos. Dos sorrisos dela quando me derrubavam, ou da cara zangada quando meus golpes a atingiam. Da maneira como arrumava o cabelo fazendo aquelas tranças caindo de cada lado do rosto, ou da forma NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS metódica que ela enrolava as faixas nas mãos. — Merda, Jace! Está ouvindo alguma coisa do que eu estou dizendo? — meu tio reclama e eu pisco. Porra, meus pensamentos foram longe agora. — Desculpe, estava apenas me recordando. — Ele suspira, depois dá um tapa na minha cabeça. — Porra! Isso dói!!! — Ele sorri satisfeito. — É só prestar atenção que não vai acontecer de novo. — Pode falar — resmungo me sentindo um adolescente. — Esteve com a Sky ontem? — Ele é direto, assim como seus ganchos. Eu já mencionei que estou muito ferrado? — Se está me perguntando sobre ontem, é porque ela não te contou nada. Sinto muito, tio, mas ela é a única que poderá te responder a respeito disso. — Ele dá um meio sorriso, parecendo satisfeito com a minha resposta. — Eu percebi o jeito como olha para ela, moleque. E não é de hoje que notei. — Tenho vontade de dizer que já sei disso, mas fico calado. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Não existe ninguém mais nesse mundo que eu confiaria a minha princesa a não ser você, Jace. Fico encarando ele por alguns segundos, ele volta a olhar no ringue e um clima nostálgico cai sobre nós quando ele começa a falar novamente. — O que aconteceu com ela... — Ele pausa, puxando uma respiração profunda. — Eu me culpo todos os dias. — Você não teve culpa. — Sou sincero. — Nem ela. — Acrescento. — Sou o pai dela, Jace. O homem que jurou protegê-la, mas que não estava lá quando ela mais precisou. — Também jurei que ia proteger a Sky, e estava lá, tio. Se formos falar sobre culpa, então comece por mim, porque eu não podia ter deixado ela sair naquela noite. — Só que nós estamos falando da Sky, não é? — Ele sorri um pouco triste. — Ela é igualzinha a Bree; se quer fazer algo, vai fazer. E passará por cima de quem for preciso, se alguém entrar em seu caminho. Essa segunda parte pode me dar os NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS créditos. — Sorrio. Sim, ela é exatamente como ele nesse sentido. — Humm... Tio, o que você quer com essa conversa toda? — pergunto. Sei que ele quer falar algo e está apenas testando o terreno. — Você a ama. — Eu abro a boca para retrucar, mas ele me interrompe. — Nem tente argumentar, seu olhar é o mesmo que eu tinha quando me apaixonei pela Bree, seu pai nunca perdia uma oportunidade de me atormentar sobre isso. — Dessa vez, sou eu quem está sorrindo. — Ela está com medo, Jace, medo de subir naquele ringue, medo do que está sentindo por você. — Não acredito que ela sinta algo por mim. — Pelo menos, não a mesma coisa que eu, penso. — Ela sente sim, Jace. E muito mais do que se permite. Sente amor e culpa ao mesmo tempo e isso está consumindo seu espírito. Mas ela confia em você, sorri com e para você. — Tio, eu... — Se tem alguém capaz de convencê-la a subir nesse ringue, Jace, é você. Só você pode dar a ela a NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS confiança que precisa para tentar voltar a ser ela mesma. Sky não está totalmente perdida, senti o sorriso dela quando me ligou hoje de manhã, e eu sei que foi por sua causa. — Eu nem sei o que dizer. — Fico atordoado por suas palavras, meu tio e eu sempre tivemos uma relação próxima, mas esse tipo de conversa, principalmente envolvendo Sky, me deixa confuso. — Não desista e traga a minha princesa de volta, Jace. — Eu o observo e vejo seus olhos carregados de emoção. — Tenho certeza de que você consegue, está de volta tem poucos dias, e já existe brilho onde só havia escuridão. Você é a luz dela, garoto. — Sua voz vacila antes de continuar. — E eu tenho fé em você. — Eu... — Ele levanta, eu também. — Não me decepcione. — Ele coloca a mão no meu ombro. — Ou eu mesmo te dou uma passagem de ida para o hospital. — Tio Oliver pisca e sai, me deixando mergulhado num caos de pensamentos. Orgulho, euforia, medo, espanto... respeito. Não sei o que dizer, ou pensar. Mas só ele para NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS começar uma conversa falando sobre sentimentos e terminar com uma ameaça. Não demora para que Sky volte do vestiário. Eu ainda estou sentado no banco quando ela entra no meu campo de visão. Bolsa de academia no ombro, legging preta, top de treino, tranças feitas e as luvas na mão direita. Linda, nunca vou me cansar de admirar sua beleza. Sua cabeça está baixa, como se pretendesse se esconder dos olhares de todos. É, todos na academia estão com os olhos nela. A minha garota está prestes a subir no ringue depois de dois anos e pelo jeito parece ser a porra de um grande acontecimento. E é, sempre que se trata de Sky usando suas luvas de boxe. — Ei! — Eu me aproximo dela. Seu sorriso é tenso, e não alcança os olhos. — Ei. Onde está meu pai? — Ela dá uma olhada em volta. — Não faço ideia, mas me pediu que te ajudasse. — Claro que pediu. — Revira os olhos, e eu não contenho o sorriso. — Vamos, não é como se nunca tivéssemos feito NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS isso antes. — Pego a bolsa que está no seu ombro e a levo para o banco. — Suas faixas estão na bolsa? — Ela abre a bolsa e me entrega sem tirar os olhos de suas mãos trêmulas, e eu queria que esta academia estivesse vazia para que eu pudesse abraçá-la. — É tão difícil assim? — pergunto e ela ergue o olhar, engolindo em seco. — Um pouco. — Tudo bem, então apenas se concentre em mim, ok? — Jace, eu... nós precisamos conversar. — Não retiro nenhuma palavra do que eu disse, Sky. Eu quero você, mas apenas quando estiver pronta. — Ela solta uma respiração exasperada. — Me deixa te ajudar. Pego suas faixas e começo a envolver seus pulsos, sem um pingo de pressa. Sempre foi uma espécie de ritual nosso, eu as colocava antes que ela entrasse no ringue. Pensar nisso, faz meu estômago vibrar, e não de uma maneira ruim. O tempo todo ela não tira os olhos de mim, não sei se por medo NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS ou se está pensando a mesma coisa que eu. Espero que seja a segunda opção. — Pronta? — pergunto depois que termino de colocar suas luvas. Ela parece que vai vomitar. Seguro seu braço e a ajudo a levantar. — Você consegue fazer isso, Sky. Será nós dois lá em cima. — Eu não sei, Jace. — Ela está insegura. Porra, ela nunca foi insegura, não quando se tratava de uma luta. — Lembra quando te dei um sapo de presente? — Tento aliviar a tensão. — O que isso tem a ver com o treino? — Ela me olha confusa. — Você sentiu raiva naquele dia? — Ainda não entendeu a minha intenção, mas logo irá. — Sim, mas isso faz anos, Jace! Éramos crianças. — Bom, sua expressão passou de insegura para irritada. Muito bom, Jace! Estamos quase lá, Sky. Só mais um pouco e estará no ponto certo. — Quando discutimos hoje, sentiu raiva? — Seu rosto fica vermelho enquanto pensa por alguns segundos. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Sim. — Use essa raiva, descarregue-a em mim, lá em cima — digo, apontando para o ringue. — Não estou com raiva de você, Jace. — Isso me surpreende. — Estou com raiva de mim. Certo, por essa eu não esperava. — Então, tire essa raiva de você, concentre ela nos punhos. — Não é tão fácil, Jace. — Faça isso por mim. — Seus olhos arregalam, ela também não esperava por esse pedido. — Você não está sendo justo. — Não sou justo, Sky, sou realista. Você consegue, sempre conseguiu, não deixe que um babaca igual ao Max te deixe pensar o contrário. — Noto o corpo dela enrijecer com menção do Max. — Jace, pare... — ela me adverte. — É você quem tem que parar, que precisa deixar de viver no nada, Sky. Precisa enxergar, de verdade, tudo que está a sua volta, só esperando por você. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Eu decepcionei todo mundo. — Não, mas vai, se desistir de lutar. E quando eu digo lutar, não estou falando apenas sobre a parte física. — Ela sorri um pouco. — Será você e eu? — Sky me olha com expectativa. — Sempre foi, Sky. Só você e eu. — Ela sorri e nós subimos no ringue. Alguns instantes depois, alguém me entrega os aparadores, mas eu nem vejo quem é porque estou focado nela. Vamos para o meio do ringe, e a magia começa a acontecer. Ela inicia dando pequenos socos, todos fracos e eu nem mexo os pés do lugar. — Você foi mais forte quando me puxou para a cama. — Ela me encara surpresa. Então solta um gancho de direta que acerta o aparador em cheio. Dou um passo para trás. — Bom, mas ainda fraco, eu mal me movi. — Um lampejo de irritação passa pelos olhos dela, sei como ela se sente quando não atinge seu máximo. Vou usar isso a favor dela. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Sky dá alguns jabs mais fortes, eu olho de relance e vejo meu tio observando. Sua expressão é indecifrável. Ele está com os braços nas cordas, olhando cada movimento. Nesse momento de distração, ela acerta um soco tão forte que eu tenho dificuldades em manter o equilíbrio. — Owww!! O que foi isso? — Ela dá um pequeno sorriso. — Isso, foi eu te derrubando. — Caramba, como gosto desse tom. — Vai precisar se esforçar mais, princesa. — Pisco, mas ela não vacila. Sky volta aos movimentos, repetindo-os várias vezes. Ouço quando tio Oliver começa a gritar diversas orientações. A guarda, Sky! Melhore essa guarda! Separe os pés! Seu gancho precisa de mais impulso! Observo encantado enquanto ela absorve cada ordem sem nem precisar olhar nele, o suor começa a escorrer pelo seu rosto, deixando-a com a aparência selvagem. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Porra, se não começar a me controlar desde já, não vai demorar para eu ficar de pau duro. — Já chega — meu tio brada. — Vá para a corda, Sky. Ela assente, ainda ofegante e me olha. Eu noto a mudança, a pequena fagulha que acendeu em seus olhos. — Obrigada! — sussurra antes de descer do ringue para fazer o próximo exercício. — Bom trabalho. — Olho para o meu tio, que está parado no mesmo lugar. — Vá pra casa, Jace. — Eu posso ficar mais. — Sei que pode, mas eu não quero. — Tio... — Amanhã te espero no mesmo horário aqui. E traga suas luvas, quero ver como ela se sairá, lutando com você. — Tudo bem — concordo derrotado, porque eu sei que ele não vai me deixar ficar. Posso conhecer a Sky, mas se tem alguém que entende a lutadora que existe dentro dela, é Oliver Willers. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS E agora que ele a tem de volta, não vai deixar que ela escape novamente. É isso que eu amo nessa família. Nunca desistimos daquilo que amamos, ou de quem amamos. Pego minhas coisas e me preparo para sair. Dou uma última olhada nela, a corda passa tão rápido quando ela pula que mal dá para ver. Meu tio está ao seu lado, observando sua concentrada nos movimentos. Ela, claramente, está em forma. E eu me pergunto se algum dia não esteve.
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Estou exausta quando chego no meu apartamento. Meu pai me fez treinar durante quatro horas. Quatro malditas horas com ele praticamente sugando meu sangue. Acho que nenhum líquido saíra mais do meu corpo, já que fazia muito tempo que eu não transpirava tanto. Estou pegajosa e sonhando com um belo banho. Só de pensar nisso fico animada. Água quente, banheira. Jace. Sinto o coração parar por um segundo quando coloco a chave na fechadura para abrir a porta. Olho na direção do apartamento dele e não percebo nenhum movimento. Queria muito vê-lo agora, há tantas coisas a serem ditas. Mas ele merece ouvi-las em um momento que eu não esteja tão pegajosa, ou exausta. Balanço a cabeça e me forço a abrir a porta. Meu apartamento está quieto, o que é bom. Hori vem para me cumprimentar, mas o que chama mesmo a sua atenção é a sacola que está na minha mão. Meu NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS pai me acompanhou até aqui e no caminho paramos em um restaurante para pegar comida. — Você já tem a sua comida, Hori — brinco com a ela e coloco a sacola no balcão. Indecisa sobre o que fazer primeiro: comer ou banho? Minha barriga ronca alto. Comida, será. Pego os talheres e vou para o sofá, sem me preocupar em retirar da embalagem. Enquanto aprecio minha comida, penso no meu pai e no sorriso estampado em seu rosto ao ouvir que eu aceitaria o desafio. Mesmo quando disse aquilo mais cedo na casa dele, sabia que ainda não tinha nada certo até que eu estivesse no ringue. Meu pai me conhece tão bem, é fofo, e tremendamente assustador. Depois de comer, finalmente tomo meu tão merecido banho. Quase durmo no chuveiro, de tanto cansaço. Mas essa sensação não me incomoda. Meus músculos doloridos só me lembram de que estou viva. Que Max não tirou isso de mim, ele pode ter pego emprestado por um tempo, mas eu estava NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS disposta a retomar o controle de tudo. Minha confiança, determinação, e principalmente, dos meus sonhos. Eu ia recuperá-los, nem que tivesse que arrancar eles de seu túmulo.
*** Estou no meio de um filme quando a campainha toca. Meu coração acelera e as palmas começam a suar. Nossa, quando é que comecei a ser assim? Quando começou a pensar ser Jace na porta. Ou melhor, a torcer para que fosse ele batendo em sua porta. Pauso e filme e vou abrir com Hori logo atrás. Assim que abro, tenho uma bela surpresa ao dar de cara com a minha mãe. — Mãe? — Pergunta desnecessária porque minha mãe costuma me visitar, porém, raramente aparece sem avisar. Eu me afasto para deixá-la entrar. — Está sozinha? — pergunta e logo me abraça. — Sim, estava vendo um filme. Aconteceu NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS alguma coisa? — Não, mas eu queria conversar um pouco com a minha filha. — Eu sorrio. — Você quer beber alguma coisa? Água, chá? — ofereço quando ela senta no sofá. — Estou bem, meu amor. Apenas, sente-se aqui. — Ela aponta para o lugar vazio ao seu lado. Faço conforme ela pede, mesmo achando estranho. — Como você está? — Estou bem. — Vou reformular. Como você está, depois de ter treinado? — Ela é pontual. — Bem, mãe. Estou me sentindo realmente bem. — Sou sincera. — Seu pai me contou como foi na academia. — Imaginei que contaria. — Meu sorriso se alarga. — Não consigo nem começar a dizer o quanto estou feliz, Sky. — Ela aperta a minha mão. — Bem, vim aqui porque gostaria de te contar uma história. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Uma história? — Sim, quero te contar a minha história; minha e do seu pai. — Mas... — Quero que você saiba como foi que eu conheci o Oliver. — Mas vocês já me disseram. Foi em Vegas, não foi? Em um torneio, se conheceram em um hotel. — Sim, mas quero que saiba os motivos que me levaram a estar naquele hotel. Devia ter contado isso há muito tempo, você já é adulta. E... — Uma lágrima escorre pelo rosto dela. — Depois de tudo que você passou, sinto que te devo essa conversa. Eu me sinto tão mal por não ter dito nada antes. — Mãe, eu não estou entendendo. — Mas vai, vou te contar tudo, só me deixe tomar um fôlego. Então, ela abre seu coração. Minha mãe começa a narrar sua história, desde quando era casada com meu pai biológico, até o momento em que conheceu Oliver, o único pai que importa para mim. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Enquanto ouço suas palavras, meu Deus, preciso respirar fundo diversas vezes. Posso ter vinte e sete anos, mas quando sua mãe abre o jogo e despeja em cima de você que conheceu seu pai quando estava fazendo programa, eu meio que me senti uma criança. Uma garota de programa. Nós nos abraçamos e choramos depois de contar sobre uma péssima experiência com um cliente, e que logo em seguida, conheceu meu pai. Disse que se apaixonou por cada detalhe dele, e pela maneira que a fazia se sentir. Senti raiva quando mencionou o quanto ele havia sido um grande babaca por causa de um mal-entendido. Mas amei – absurdamente – quando disse o quanto ele a amou depois daquilo, e que não queria que eles se separassem. — E mesmo assim ainda passaram um ano separados? — pergunto, limpando as minhas lágrimas. — Oliver sempre foi muito focado. Ele tinha um objetivo determinado, iria persegui-lo, e nada mais importava. — E o amor? Não era importante? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Nosso amor é verdadeiro, Sky, e esse tipo de sentimento não muda. Nós estávamos destinados a ficar juntos, sabia disso do fundo do meu coração. Oliver também tinha essa certeza, nós apenas adiamos até que pudéssemos estar por inteiro um para o outro. — Estar por inteiro? — digo com a voz embargada. — Sim, nós precisávamos desse tempo, Sky, e não nos arrependemos disso. — Entendo vocês. — E entendia mesmo, porque é exatamente o que Jace merece, me ter por inteiro. Mas sei que não tenho um ano para resolver tudo que preciso. — Acredito que entenda, é por isso que eu te contei a minha história. Você não precisa ter medo de amar, meu anjo. Seu pai me ajudou como nenhuma pessoa pôde, e Jace está fazendo o mesmo por você. E se isso não é amor verdadeiro, então não sei de mais nada nessa vida. — Ela sorri com o comentário. — Mas não tenho todo esse tempo. Jace está NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS chateado, nós tivemos uma discussão e as coisas não estão muito bem — confesso. — Em poucos dias, você voltará ao ringue, e algo me diz que nesses poucos dias, você conseguirá ouvir seu coração. — Espero que sim. — Sorrio de volta. Ficamos conversando por um tempo. Ela me conta tantas coisas – boas e ruins – que fico feliz em ouvi-las. E acabo percebendo o quanto eles me amam, e todos os sacrifícios que fizeram para me proteger. Nossa conversa se estende pela noite, e pouco depois meu pai se juntando a nós, trazendo o jantar. Estou tão feliz em tê-los aqui, desde que me mudei, nunca fizemos isso no meu apartamento. E quando vão embora, olho para a porta do Jace com um desejo enorme de ir até lá, a vontade de me enrolar em seus braços é esmagadora. Só que ainda não estou inteira. Mas em breve, estarei.
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DEZ
DIAS DEPOIS,
SKY
E EU ESTABELECEMOS
uma rotina. Eu corria cedinho com ela antes de ir para faculdade. Uma corrida intensa, e sem conversas. O único som além de nossas respirações era da mesma música tocando em nossos celulares. Concentração total, determinação e foco. Também não fui mais ao apartamento dela, minhas aulas estavam consumindo todo o tempo que eu tinha. Não que estivesse reclamando da faculdade... Quer dizer, estava sim, pelo menos um pouco. Já que os estudos me tiraram algumas horas do dia com ela. Mesmo correndo, suados e sem dizer uma palavra, esse momento era a melhor parte do meu dia. Sim, meu coração é fraco quando se trata da Sky, coisa que já mencionei antes. Estou segurando dois livros de direito quando saio da biblioteca. Preciso terminar um artigo extra porque pretendo compensar o tempo passado na cadeia, e por mais que eu tenha estudado um pouco NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS nesse período, não é a mesma coisa. O nível e cobranças daqui são totalmente diferentes. — Precisa de ajuda? — pergunta Tea, minha colega de classe, sorrindo quando nos encontramos. — Está tudo sob controle, obrigado. Já está pronta? — Tudo em mãos. — Batendo na mochila. Tea está indo comigo para casa, faremos esse artigo em dupla e provavelmente iremos virar a noite estudando. Certamente, estarei um caco para correr com a Sky amanhã. Ela me acompanha até o meu carro, e logo estamos indo para casa. Tea tem sido uma grande amiga desde que comecei as aulas. Ela é determinada, e está entre as melhores da turma. Eu meio que quero roubar esse lugar, ela gargalhou quando contei isso a ela. — Pizza ou japonês? — pergunta, olhando os cardápios. Depois que chegamos, nos acomodamos na sala, e em pouco tempo, fica rodeada por livros e dois notebooks sobre a mesa de centro. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Qualquer coisa pra mim, está bom — digo sem tirar os olhos da leitura. — Você é tão fácil de agradar, Jace. — Nenhum pouco, acredite em mim. — Ela sorri e depois liga para fazer o pedido. — Nossa, ainda tem tanta coisa pra ler. Tem certeza de que não tem problema ficarmos a noite toda fazendo esse artigo? — Nenhum. Fica tranquila. — Tento acalmá-la, percebendo seu tom preocupado. — Sério, Jace, só está falando desse jeito para me encorajar, mas estou me sentindo culpada. — Estou falando sério, Tea. Eu não me importo, quanto mais cedo terminamos, melhor. Ela sorri e volta para os livros. E não ligo mesmo, quanto mais cedo a gente se livrar desse trabalho, mais tempo vou ter com a Sky. Porra, estou com tanta saudade dela. Foi por isso que aceitei fazer esse artigo hoje, e internamente, agradeço a viagem de última hora da Tea. Ela vai para Washington amanhã, e só volta daqui três dias. O que encurtaria nosso prazo, e Tea é determinada NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS quando se trata de suas notas. Estamos em silêncio e concentrados, reunindo anotações quando a campainha toca. Tea e eu discutimos sobre quem vai pagar a conta, e eu ganho. Levanto depressa para atender a porta e sem querer esbarro no meu copo de suco, ensopando boa parte da camiseta. Sem pensar, tiro-a enquanto caminho até a porta, a abro ainda sorrindo com a piada besta da Tea pelo meu desastre. E sou totalmente pego de surpresa quando vejo quem é. — Posso falar com você? — Sky pergunta. Seu cabelo está preso em um coque, com vários fios soltos em volta do rosto, sua aparência é de alguém que acabou de acordar. — Hum... Oi, eu... hum... — Responde direito, seu idiota! — Jace, anda logo, estou faminta — Tea diz em voz alta e Sky empalidece, ela dá um passo para trás e me encara como se estivesse vendo um fantasma. — Anda, Jace, estou com fome. Tea aparece e coloca a mão no meu ombro. Merda!!! Estou só com uma calça de moletom por NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS causa do maldito suco derramado. E minha amiga está de camiseta e short jeans. Bastante confortável. Caralho!!! A cena toda tem ar de intimidade. — Oi — Tea cumprimenta, simpática. — Oi — Sky responde, mas não tira os olhos de mim. — Tea, essa é a Sky, ela é a minha... — É a sua prima? — comenta Tea, e vejo o exato momento em que o brilho no olhar da Sky se apaga. — Jace me contou muito sobre você. — Ela estende a mão e eu temo que Sky acabe esmagando a mão dela. Cacete! Tea está certa, sempre estou tocando no nome da Sky, e posso ter mencionado que somos primos. Estou muito, muito ferrado. — Bacana, é um prazer te conhecer. — Sky está com uma expressão no rosto que eu nunca vi antes. Bom, pela forma que Tea sorria, acredito que ela não esmagou sua mão. Graças a Deus. — Já vou indo, não quero atrapalhar. — Nós pedimos comida e provavelmente vai dar para um batalhão, porque não come com a gente? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Tea oferece. Que merda é essa? Desde quando perdi a porcaria da capacidade de falar? A única coisa que faço é ficar parado, olhando as duas como se estivesse assistindo a um jogo de tênis, ou algo parecido. — Obrigada, mas não quero atrapalhar, eu só queria conversar com o Jace. Mas eu já vou indo. — Tudo bem — responde Tea e vira para falar comigo. — Vou voltar ao trabalho. — Sorri e eu retribuo porque parece que só sei me comunicar dessa forma agora. Reage, seu estúpido! — Foi um prazer te conhecer, Sky — ela se despede e volta à sala. — Sky, eu... — Começo a falar, mas Sky me interrompe. — Mas veja só, você ainda fala — desdenha. Respirando fundo, saio do apartamento e fecho a porta. — Estamos estudando, Sky. A Tea é uma amiga da faculdade — explico, porém tenho a impressão de que qualquer coisa que eu disser, não vai NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS adiantar de nada. — Legal, só que eu não perguntei nada, Jace. — Aí. — O que você queria conversar? — Eu dou um passo até ela, e ela se afasta. — Acho que o que eu queria perdeu totalmente a importância no instante que eu vi a sua “amiga”. — Ela dá ênfase na palavra amiga. — Boa noite, Jace, tenha um bom jantar. Com um timing perfeito, o entregador chega. É a deixa que Sky usa para ir embora sem olhar para trás. Depois de receber e pagar a comida, volto para o apartamento. Tea e eu comemos e logo voltamos ao artigo, mas agora perdi por completo a concentração.
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Odeio amar Jace. Amá-lo dói, sempre doeu, de maneiras que não consigo explicar. Já o vi com algumas garotas antes, mas ele era um adolescente e eu tinha minha vida. A faísca entre nós sempre existia, mas depois que fizemos amor pela primeira vez, essa faísca se transformou um incêndio dentro de mim. E eu não consigo apagá-lo. Não se esquece Jace Willers, disso eu já sabia. Mas agora, enquanto me arrumo para a corrida matinal, a única coisa que quero é esquecê-lo. Porque amar ele dói, dói pra caralho. Se alguém me perguntasse: você trocaria o que viu ontem por um soco direto no rosto? Minha resposta seria: por favor, bata o mais forte que conseguir! Porque só de lembrar da menina gentil que estava com ele, me dava náuseas. Eles estudam juntos, tem a mesma idade – imagino – e mesmas ambições. Enquanto que eu tenho o quê? Inseguranças em relação a nós dois, o NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS medo da luta que se aproxima, e uma vontade louca de matar aquela sonsa. Tudo bem, matar pode ser um pouco pesado demais, talvez alguns ossos quebrados me deixassem satisfeita. Até parece. — Vem, Hori. Vamos transformar essa raiva em quilômetros. — Balanço a coleira e Hori se aproxima toda alegre. Saio do apartamento ao mesmo tempo que ele, e a sonsa sorridente. Ótimo, já apelidei a garota. Tento passar o mais discreto possível e vou direto para o elevador de serviço. Ouço quando o elevador social chega, as portas abrem e fecham. Solta a respiração que nem percebi ter prendido. São cinco da manhã, e ela estava saindo da casa dele. — Eu o odeio tanto — murmuro, com o maxilar cerrado. — Não sei se sou merecedor de tanto ódio assim. — Eu quase grito de susto quando escuto a voz dele. Perto, perigosamente perto da minha orelha. — Podemos conversar? — Apesar de seu tom de voz tenso e pesaroso, não me abalo. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Não temos nada para conversar, Jace. E eu estou atrasada. — Não, você está dentro do horário. — Vejo ele olhar no relógio. O elevador chega e as portas abrem. Avanço, mas ele entra na minha frente, me bloqueando. — Estou falando muito sério, Jace. Não temos absolutamente nada para conversar. — Como você se sentiu? — pergunta, com a sobrancelha erguida. Mas que merda é essa? — Do que você está falando? — Quando viu a Tea em casa, como se sentiu? — Ele só pode estar de gozação com a minha cara. — Por que está sendo um idiota, Jace? — Responda a minha pergunta, Sky. — Ele quer uma reposta? Então, vai ter uma! — Quer saber se estou sentindo a porra de ciúmes!? — grito e Hori fica em alerta. — Sim, estou! Está satisfeito!? — E tento passar, porém ele não deixa. — Já pode dizer que me ama agora — diz sério, sem nenhum traço de humor no rosto. NACIONAIS - ACHERON
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— Você enlouqueceu? — O elevador fecha as portas, droga. — Acabou de se despedir de uma garota que passou a noite com você e vem me dizer para assumir o meu amor? Por acaso bateu com a cabeça, Jace? — Qual é o problema, Sky? Você está com ciúmes de uma mulher que é só uma amiga. Não me deixou nem explicar, então porque simplesmente não poupa mais tempo perdido e diz logo? — diz, irritado. — Não é assim que funciona. — Por mais que senti raiva, sei que está dizendo a verdade sobre a sonsa ser só uma amiga. Mas mesmo assim. — Inacreditável. Você é inacreditável, Sky.
*** Jace me deixa sozinha no corredor e volta para o seu apartamento, batendo a porta com tudo. O elevador abre as portas de novo e eu fico olhando fixamente para o interior vazio. Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto quando decido voltar para casa e ligar para Cam. Ele vai ter que levar a Hori NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS para caminhar hoje. — Onde está a sua concentração, Sky? — meu pai grita quando quase me acerta. — Estou fazendo tudo certo. — O caramba que está. Seus socos estão sem impulso, a guarda está baixa. Posso te acertar facilmente. E ele acerta. Em cheio e eu perco o equilíbrio. Meu pai me segura antes que eu caia. — Qual é seu problema, pai? — grito. — Concentração, Sky! Eu quero você concentrada. Se a sua mente não está aqui, então seu corpo não deveria estar — esbraveja. E sei que ele está certo. — Quer saber? Chega! — Começo a tirar as luvas e as jogo no centro do ringue, em seguida pulo as cordas e vou direto para os bancos. Quando Cam passou para pegar a Hori, seu olhar para mim foi de decepção. Nem precisou dizer nada, afinal estava na cara dele. Mas seus olhos me disseram tudo que eu precisava ouvir, eu ia decepcionar a todos se ficasse em casa. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Assim, vim direto para academia. Meu pai já estava aqui e começamos a treinar. Mas, ele tem razão, minha concentração está uma merda. A luta será em poucos dias e ainda não me sinto cem por cento. Apenas diversão, é o que meu pai diz o tempo todo. Quando eu o questionei sobre a medicação que estava tomando para depressão, pensando que isso poderia ser um problema, ele me acalmou. Como era um evento beneficente, seria somente para entreter os olhares da socialite de Seattle. Mesmo ficando mais tranquila, resolvi parar com a medicação de qualquer forma. Acreditando que não precisava mais dela. E apesar de ter passado a noite toda acordada, imaginando tudo que Jace estaria fazendo com a sonsa sorridente, desisti de tomar os comprimidos para dormir hoje pela manhã depois de ver o olhar do Cam. Não ia decepcionar a nossa família. — Você sabe que não vou pedir desculpas por ter pegado pesado. — A voz do meu pai me tira dos meus devaneios. — No ringue, sou seu treinador. — Eu sei, não estou chateada por causa disso — digo com sinceridade, todos esses anos treinando NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS com ele, conheço perfeitamente a sua forma de trabalho. — Então, por que está chateada? — Eu olho para ele. — E quem está falando agora é o seu pai. — Ele sorri e pega minha mão. Abaixo o olhar de novo. Algumas crianças já chegaram e estão treinando. Tenho as observado bastante ultimamente, e fico muito orgulhosa que a nossa família esteja proporcionando tantas coisas boas para essas crianças. Estremeço quando o vejo chegar, Jace olha direto para o ringue, e parece ficar decepcionado quando o encontra vazio. — Agora já sei onde sua mente estava. Não sei o que aconteceu, mas ele está com uma cara péssima. — Acho que você está gostando disso. — Tento soar divertida. — Estaria, se a sua cara não estivesse igual ou pior que a dele — diz, num tom de pura preocupação. — Nossa, obrigada! — Converse com ele, Sky. Resolvam as coisas, amanhã te espero aqui no mesmo horário. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Você acha que eu devo procurá-lo? — Eu sei que o que sente está te assustando, e que pensa muito sobre serem primos. — Pai... — Minha voz embarga, não quero ouvir ele dizendo que não sou filha dele. Ele aperta minha mão. — Não existe homem melhor no mundo para cuidar de você do que um que tenha o meu sangue, princesa. — Não consigo me segurar e começo a chorar. Meus Deus, ele vai dizer isso. — Eu te amo mais do que poderia imaginar ser possível, sabe disso, não é? — Aperta minha mão de novo. — Sim. — Minha voz sai entrecortada com um soluço. — Você é filha da melhor parte que tenho em mim, Sky. — Ele leva minha mão contra seu peito. — Porque você saiu daqui. — E bate no peito, segurando forte a minha mão. Não consigo parar de chorar. — Você nasceu do meu coração, não tem exame no mundo que diga que não é minha filha. — Eu... — Tento responder, mas minha voz parou de funcionar. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Eu te amo, princesa. E estou dando a minha benção para que siga seu coração, se ama aquele moleque ali — ele aponta para Jace —, tanto quanto eu acredito que ele te ama, não deixe que esses detalhes te impeçam de ser feliz. Vocês não têm o mesmo sangue, mas dividem a mesma alma, e isso não se separa. — Eu te amo pai. — Eu me jogo em seus braços. — Você é o melhor pai que eu poderia ter, eu saí do seu coração. — E soluço copiosamente enquanto ele retribui meu abraço. Sinto-o estremecer, e sei que está chorando. — Você sempre será uma parte do meu também. Meu pai me abraça por um longo tempo, eu relaxo porque sei que estou segura, sei que aconteça o que acontecer, eu sou a sua filha – sua princesa. A menina que ele ensinou boxe dias depois de ter conhecido. A que chorou quando ele viajou porque estava com medo de perdê-lo, a mesma que, com quatro anos, sabia que tinha acabado de encontrar seu pai, não de sangue, mas aquele que verdadeiramente importava. NACIONAIS - ACHERON
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ASSIM
QUE CHEGO, NÃO A VEJO NO RINGUE.
Então resolvo procurá-la pela academia, mas ninguém sabe me dizer onde ela está. Também não encontro Tio Oliver. Eu deveria estar na faculdade agora, mas não podia ir antes de saber o que estava se passando por sua cabeça. O que ela estava sentindo. Como poderia acreditar que eu estava com outra pessoa, sendo que ela é a única que sempre governou todos os meus pensamentos? Em cada maldita noite. A cada respiração. Em todo e qualquer movimento meu. Sempre foram pensando nela. Deveria saber disso, quer dizer, pelo menos eu acredito nisso. Vejo que as crianças ainda estão no treino, então sento para observá-las. É algo que tem me acalmando nos últimos dias. Sempre que posso fico assistindo ao treino delas. Ms está lá no meio, e eu fiquei de olho nela também. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Cam tem razão. Ela está bem, tão bem quanto uma pessoa que sofreu igual a ela podia estar. Ainda é visível um pouco de resistência com relação a aproximação de estranhos, principalmente homens. O que é absolutamente compreensível. Além do seu treinador; Cam, eu, meu pai e meu tio são os únicos homens que ela parece aceitar bem quando estão por perto. — Elas são boas. — A voz dela me faz virar. Sky senta ao meu lado, mas não me olha, sua atenção está focada nas crianças. Com as mãos cruzadas sobre suas coxas, os polegares dando voltas entre si. Esse é um dos gestos que sempre faz quando está nervosa, acho que a única coisa que não sei a respeito dela, é se me ama o tanto quanto eu a amo. — Sim, especialmente a aquela ali. — Aponto para Ms. — Ms — murmura, baixinho. — Ela é uma guerreira. — Então já conhece a história dela? — pergunto curioso. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Sim, meu pai me contou quando ela chegou. — Vocês são amigas? — pergunto, curioso porque Ms parecia bem empolgada quando fez aquele comentário sobre a Sky da última vez. Sky respira fundo antes de girar o corpo para mim, cruza as pernas em cima do banco, e só então começa a falar. — Sou uma covarde, Jace. — Não, você não é. — Não a deixo terminar, sua postura é tão tensa que está doendo fisicamente não poder abraçá-la e confortá-la. — Mas eu me tornei uma. — Ela olha em direção as meninas, depois volta o olhar para mim. É tão intenso, como se algo novo tivesse surgido. — Não acreditava que era merecedora da admiração da Ms, ou de ser sua amiga. Ela sofreu o que nenhuma criança deve passar, Jace. Suas feridas foram tanto físicas, quanto psicológicas. Poderia ter morrido se o pai dela não tivesse voltado mais cedo no dia que tudo aconteceu. — Não sei a história a fundo, apenas alguns partes que Cam me contou. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Fez um barulho e tanto na época, mas éramos bem jovens e só prestávamos atenção em nós mesmos, juro que não me lembrava de nada disso quando meu pai contou. Apareceu em todos os jornais por um tempo, mas certamente tratamos como se fosse apenas um caso comum. Algo corriqueiro do dia a dia. — A voz dela é carregada de tristeza. — Compreendo o que quer dizer. Mesmo com você falando, eu não consigo me lembrar. — Já faz cinco anos, eu ainda estava na faculdade e você, no colegial. Como eu disse, cada um com suas vidas, sem dar a mínima para o que acontecia ao nosso redor. — Estou me sentindo um lixo agora. — Eu me censuro com sinceridade. Sei que Sky tem razão, casos de estupros de crianças aparecem todos os dias na TV, e os vemos como só mais um caso, mais uma morte por assassinato, ou um acidente de trânsito causado por um motorista bêbado. Fatos que jamais deveríamos ver e nos acostumarmos com eles como se fossem algo normal. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Sei o que você quer dizer. — Ela me dá um sorriso fraco. — Ms vai no mesmo terapeuta que eu, e com apenas dez anos, já fez um progresso incrível, Jace. Eu? Não cheguei nem na metade do caminho ainda. — Mas já voltou a treinar. É um avanço. — Sim, mas há muitas coisas na minha cabeça que não são nada fáceis de se trabalhar. Ou até mesmo de entender. — Estou bem ciente disso — comento e abaixo a cabeça, sorrindo. Sinto um arrepio e olho para baixo, ela está segurando minha mão. — Ter você de volta está me fazendo pensar sobre tudo, Jace. — Levanto o rosto para olhar em seus olhos, há algo diferente nele, ou melhor, um brilho antigo, o mesmo que fez com que eu me apaixonasse por ela, um brilho de determinação. — Nas coisas para as quais eu me fechei, que tentei ignorar. Naquela noite, você foi incrível, paciente e tudo o que eu precisava naquele momento. Você me deixou à vontade para seguir no meu tempo, Jace. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Achei que fui apressado demais. — Sorrio, ela também. — Perfeito, Jace, eu disse que você foi perfeito. Acredite nisso. — Levo sua mão até meus lábios e a beijo. — Quero conversar com você sobre ontem à noite — digo e espero por sua reação. — Ontem à noite, e hoje pela manhã? — Seu tom é de brincadeira, mas aprendi que não devo vacilar quando se trata dela. — Sim, mas eu preciso que você me ouça. — Estou tentando não pirar com tudo o que está acontecendo; a luta, você. Muita coisa ao mesmo tempo, e não sei se consigo lidar. — Você está querendo dizer que vai desistir de mim? De nós? — Nem por um segundo, penso. — Estou pedindo para termos essa conversa, mas não agora. Eu preciso de você, Jace, muito. Mas tenho que enfrentar a minha primeira barreira. Você vai me ajudar? Por favor, me ajuda a derrubar esse muro que eu mesma ergui? — Acho que nunca vi Sky assim. Sinto meu peito apertar de orgulho NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS por ela não ter desistido de lutar. Dentro e fora do ringue. Ela fica me observando, cheia de esperança nos olhos. Não sei se ela pode ler os meus, mas nesse momento, uma gritaria absurda está acontecendo dentro de mim. Gritos de total e absoluta felicidade. — Conte sempre comigo, Sky — respondo e ela levanta, me puxando junto. — Estava com medo de você dizer não. — Se eu tivesse dito? — pergunto curioso. — Eu lutaria até conseguir, porque esse teria sido só o primeiro round. Não consigo conter a risada que sai pela garganta. Rindo, eu a puxo para abraçá-la, ela não fica tensa, pelo contrário, parece soltar um suspiro de alivio enquanto retribui meu abraço. — Senti tanta falta disso — sussurra contra o meu peito. — Também sinto, todos os dias. — Eu a aperto mais, pensando que poderia ficar assim com ela, para sempre. O cheiro do seu cabelo, a maciez de sua pele. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Tudo isso me deixa alucinado. — Sky? — Uma voz faz a gente se afastar, mas ela continua segurando a minha mão. — Tio Grant. — Ela sorri e cumprimenta nosso tio postiço. Grant era treinador do meu tio e depois que se aposentou, passou a trabalhar aqui, sua principal função envolve as crianças. — Fico feliz que os dois estejam aqui. Tenho uma turma muito ansiosa para falar com você, Sky. — Ele aponta para as crianças que parecem nervosas, cochichando entre si. Ms parece que vai ter um colapso. Sky me olha por um segundo, apreensiva. Eu aperto a mão dela, demonstrando que estarei aqui se precisar e ela sorri. — O que você gostaria que eu fizesse? — pergunta a Grant. Se eu já estava feliz antes, não consigo mensurar o que Grant deve estar sentindo ao ouvir isso. O sorriso dele é tão grande que parece que vai rachar seu rosto ao meio. Mas, porra! O meu também está. — Apenas vá dar um oi — responde. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — E o que acha de treinarmos um pouco com elas, Sky? Ou tio Oliver está te esperando? — Meu pai me deu o dia de folga. — Grant e eu nos encaramos espantados porque ele não costuma fazer esse tipo de coisa. — Então, o Fenômeno está ficando de coração mole? — Grant fala e eu solto uma gargalhada. — Quando se trata da minha princesa, sempre. — A voz no meu tio soa como um trovão atrás da gente, eu quase pulo de susto. Quase. — Jace e Sky, vão com as crianças, eu preciso conversar algumas coisas com Grant, vocês sabem o que fazer. Sky aperta minha mão outra vez e vamos até as crianças. Conforme caminhamos, meu sorriso aumenta ainda mais quando escuto: — A nossa garota está de volta? — Grant pergunta. — Eu nunca duvidei do seu retorno — responde meu tio com a voz cheia de orgulho e amor. Eu também, não. NACIONAIS - ACHERON
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O dia na academia com as crianças foi incrível. Na verdade, foi mais do que isso, figura no topo da lista dos melhores dias da minha vida. Jace e eu ensinamos algumas coisas para elas. Ms, no começo, era a mais nervosa e retraída. Então percebi qual era o motivo, eu. A garota me admirava, praticamente explodiu de felicidade no final do treino quando dei uma das minhas faixas de boxe para ela. Nosso dia ficou completo quando Cam apareceu e fomos todos a uma pizzaria. As crianças ficaram em êxtase. Eu tinha a melhor família. Jace e eu não nos tocamos intimamente desde a nossa primeira vez, permaneci focada nos treinos e ele em seus estudos. Quase perdi a cabeça quando o vi saindo para aula outro dia. Usando um terno elegante, a personificação do verdadeiro advogado. O que me fez lembrar do meu tio Jason, todo sério, exalando confiança. Ele me deu carona até a academia naquele dia, e NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS fiquei pensando que me beijaria no carro antes de ir embora, mas não foi o que aconteceu. Nossos lábios roçaram brevemente, como ele costumava fazer na adolescência. Um selinho roubado, e eu estava caidinha. Hoje, estou no vestiário da academia. Andando de um lado para o outro, extremamente nervosa. Consigo escutar o barulho da multidão lá fora. Todos estão aqui, meus tios: Jason e a sua esposa Leah, Helena, a irmã dela, e tio Tommy. Cam veio com alguns amigos até aqui para tirar algumas fotos comigo. Ele brincou, dizendo que queria uma foto antes que meu rosto ficasse detonado. Babaca. Mas Jace? Ele ainda não chegou e estou começando a achar que não consigo fazer isso sem ele. Um estrondo na porta chama minha atenção. Jace entra correndo, vestido com uma camisa social branca, as mangas enroladas na altura do cotovelo e alguns botões abertos, a calça social cinza completa o visual de Dr. Advogado Sexy. É como se ele tivesse acabado de sair do trabalho. — Onde você estava? — pergunto assustada. — Desculpe, precisei passar em um lugar antes. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Você está bem? — Ele segura meu rosto, seu olhar é cauteloso e me pergunto como é que deve estar meu semblante agora. Com cara de que quer vomitar, certeza. — Estou bem, apenas nervosa. Assustada e você não chegava, então... — começo a tagarelar até que ele coloca o dedo nos meus lábios. — Ei, eu estou aqui com você, minha garota. — Sua garota? — Meu coração quase salta pela boca, já tem quase duas semanas eternas que ele não me chamava assim. — Vai se sair bem, Sky. — Não tenho tanta certeza — digo, incerta. — Mas eu tenho, porque quando se trata de você, ninguém tem a mínima chance. — Ele continua segurando meu rosto nas mãos. Há tanto para dizer, mas as palavras simplesmente não saem. Jace apenas me olha, seu olhar ainda é um mistério parta mim, mas um que aprendi a admirar. Ele sempre me surpreende. — Sky? — Meu pai entra na sala e Jace se afasta. — Está na hora. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Eu já vou. — Meu pai fecha a porta e eu volto o olhar para Jace. — Jace, eu... — Você vai ser sensacional essa noite, Sky. Eu acredito nisso. Jace beija o topo da minha cabeça e eu fecho os olhos com o gesto. Ele dá um pequeno puxão nas minhas tranças, me fazendo sorri. — Eu serei o cara que estará gritando por você. — Ele pisca. — Eu serei a garota que o juiz vai erguer o braço no final da luta. Jace sorri e me acompanha para fora do vestiário. Eu hesito um momento, até sentir a mão do meu pai na parte baixa das minhas costas, ele está me guiando até o ringue e quando eu olho em seu rosto. Ele sorri. É reconfortante, cheio de orgulho e – principalmente – cheio de amor. Um sorriso que diz: acontece o que acontecer, continuarei sendo a sua princesa. É tudo que eu preciso quando subo no ringue. Entrego meu roupão para Grant e meus olhos NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS correm pela plateia até que eu vejo cada membro da minha família sorrindo, eles estão orgulhosos por eu ter dado esse passo. Mas irei deixá-los ainda mais quando o juiz anunciar o nocaute consagrando a minha vitória.
*** Os gritos da multidão ecoam pela academia. O suor ainda escorre pelo rosto, meu olho está começando a inchar, o que é uma merda. Mas nada se compara com o que estou sentindo nesse instante. Estou sentada no ombro do meu pai, ele está exibindo a sua campeã para todo mundo ver. Uma multidão toma conta do ringue e do lado de fora, mas mesmo com toda felicidade que estão sentindo agora, tenho uma coisa que eu preciso fazer e não sei se ainda me resta tempo. O repórter me entrevistou, não só a mim, mas meu pai também. Eles querem saber se voltarei a lutar profissionalmente. Meu pai esperou pela minha resposta, e eu disse um sonoro sim. E naquele momento, ele não se conteve e me ergueu. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Agora, estou à procura de Jace. Eu o vi em alguns momentos durante a luta. Foi como se tivéssemos voltado no tempo, quando ele era um adolescente de dezoito anos e gritava a plenos pulmões numa luta minha. Tempo. Caramba, será que eu ainda tinha algum? Quando o encontro próximo as cordas, eu bato no ombro do meu pai, pedindo para descer. Ele prontamente me coloca no chão e eu disparo até o outro lado do ringue. — Você foi incrível — ele me parabeniza quando me aproximo. — Que horas são? — Jace me olha confuso, mas confere às horas. — Faltam três minutos para a meia noite, por que? — Droga. Ignorando as cordas entre nós, eu me aproximo, coloco as mãos em seu rosto e o puxo até que ficamos com nossos rostos alinhados, olhos nos olhos. — Parabéns, Jace. Você ganhou — digo, séria. — Do que você está falando? — pergunta sem NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS entender nada. Não consigo me segurar e começo a sorrir. E então, no meio da multidão tomada pela adrenalina, minha família eufórica e flashes da impressa mundial pipocando, eu beijo Jace. Quando ele se dá conta do que está acontecendo, suas mãos envolvem minha cintura e invade a minha boca com a língua. Eu gemo, pensando como fui capaz de demorar tanto tempo para acordar. Nossa, como eu senti a falta do gosto dele. — Eu te amo. Eu te amo tanto — digo depois de quebrar nosso beijo. — Então, você ganhou a aposta. — Minha respiração está pesada e o coração acelerado, mas não tem nada a ver com a luta que acabou de acontecer, é pelo medo que tenho de sua resposta. Ele não diz nada, nem sorri. Eu começo a me sentir apavorada. Será que é tarde demais? Ele se afasta um pouco e passa entre as cordas, entrando no ringue. — Não, Sky. Eu não ganhei. — Mas... ainda tenho pelo menos um minuto até NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS acabar o prazo das duas semanas. — E fecho os olhos, não querendo ver o que vem a seguir. — Abra os olhos, Sky. — Eu os abro, encontrando seus olhos cheios de emoções. — Foi você que ganhou. — Ele se aproxima, estendendo a mão e eu a pego, entrelaçando nossos dedos. Ele observa minha mão ainda enfaixada e finalmente sorri. — Você ganhou, Sky, porque eu jamais te deixaria. Não depois de ter você nos meus braços, não depois que me provou com seu corpo o quanto me amava. Nunca foi uma mulher de palavras, você é uma mulher de ação, Sky. — Você me enrolou esse tempo todo? — Eu estou sorrindo, e chorando. Droga, estou sentindo tudo ao mesmo tempo. — Não, mas eu sempre disse que te conhecia melhor do que ninguém. — Jace olha em volta notando que todos estão olhando para nós. — Eu quero te levar pra minha casa hoje, o que acha? — Acho que estou pronta para passar a noite com você. — Sorrio, ele passa o polegar pelo meu rosto. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Ainda quer ter aquela conversa sobre a Tea? — Eu me senti insegura, mas principalmente, com medo de ter perdido você — confesso. — Você nunca me perdeu. — Eu sei, agora isso está claro como água. — Imitando seu gesto, passo os dedos no rosto dele, ainda estou usando a faixa enrolada nas mãos, a mesma que meu pai usava. — No fundo, eu sempre soube que você é meu, Jace. Agora só quero provar que também sou sua. — Dou uma olhada para trás e vejo todos nos observando. — Longe da plateia, e sem conversas sobre “amigas”. — Não esqueço de enfatizar a palavra amiga. Jace joga a cabeça para trás soltando uma gargalhada, e quando volta a me olhar, fogo brilha em seus olhos. Jace me ergue do chão e me beija apaixonadamente. Ele não sabe, e talvez eu nunca tenha coragem de confessar, mas no final, foi Jace Willers que me levou à nocaute.
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O barulho da sirene soando ainda me dá arrepios. Fico aguardando em uma mesa da sala de visitas, com uma pasta na mão e um guarda me encarando. O mesmo que eu via quando meus pais vinham me visitar. Porra. Odeio esse lugar. Quando a porta abre, e um cara do tamanho de um tanque de guerra entra, não consigo evitar o sorriso. Clarence continua igual, intimidante pra caralho. — Não é cedo demais para colocar os pés aqui, garoto? — resmunga ao se sentar, no melhor estilo “não estou nem aí”. — É um prazer te ver de novo, também, Clarence. — O caralho que é. — Um dos cantos de sua boca sobe, discretamente. — Tem razão, não é nada bom estar aqui. — Eu sempre tenho razão. — Ele é arrogante, porém é simplesmente como ele é. — Beca NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS maneira. — Ele aponta para o meu terno. — Mais ou menos. Trago notícias para você. — Ele fica tenso. — Não quero saber, garoto. Sabe disso. — Na verdade, eu tenho duas. — Ignoro ele. — Comecei a fazer faculdade de Direito. — Essa eu já sabia, você estudava daqui. — Isso mesmo, e agora eu estou trabalhando no seu caso. — Ele levanta tão rápido que o barulho da cadeira chama atenção dos guardas. Mas eles não se movem, provavelmente, vão deixar Clarence me bater. Panacas. — Já pode ir embora, Jace — diz e começar a se virar para sair. — Você será o meu primeiro caso, e assim que eu me formar, vou tirá-lo daqui. — Ele para e sorri. Mas não é do tipo nada agradável, é assustador. — Acho que aquela sua garota lutadora bateu forte demais na sua cabeça... — Merda, porque todo mundo tem mania de dizer isso? — Nada disso, e estou falando sério Clarence. — Eu o olho sério. NACIONAIS - ACHERON
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— Você não pode fazer nada, seu fedelho. Não depois do que eu fiz. — Eu sei o que fez e o porquê de ter feito aquilo. Um bom advogado vai conseguir te tirar daqui. — Ninguém quis pegar o meu caso na época, e agora já eu não me importo mais. — É por essa razão que eu estou te dizendo que agora tem um advogado, bem, pelo menos depois que eu me formar, é claro. — Você está louco — Ele senta novamente, cruzando os braços. — Um pouco, mas existe alguém que vale um pouco dessa loucura. — Abro um envelope e tiro uma foto de dentro. Uma foto da família. Eu, Cam, Sky, meus pais e meus tios. E Ms, ela está entre nós, sorrindo usando suas novas luvas de boxe. A família Willers ganhou um novo membro. Percebo quando Clarence olha a foto e sua expressão vacila. Eu me pergunto quanto tempo faz que não via a filha, através de foto ou em pessoa. — Ela está segura e feliz, Clarence. Mas sente a NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS falta do pai, e eu amo aquela garota como se fosse minha irmã. Não vou medir esforços para tirar você daqui. — Clarence me olha por alguns segundos, e depois ele pergunta: — Como tem tanta certeza de que vai me tirar daqui? — Eu levanto e ele faz o mesmo. — Porque, Clarence, nós sempre ganhamos nossas lutas. Ele me dá um meio sorriso e apertamos as mãos. Saio da prisão, deixando a foto com ele, e com a sensação de que tenho uma enorme batalha pela frente. Nada que eu não seja capaz de ganhar. Afinal, eu sou um Willers.
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MINHA
CABEÇA DÓI TANTO QUE ACHO QUE
estou doente. Não do fingimento que fiz a poucos minutos, mas doente de verdade. Do tipo: vou colocar todos os meus órgãos internos para fora a qualquer minuto. — Pretende ficar com essa cara por quanto tempo? — Ethan, meu irmão, chama minha atenção. Nós estamos a caminho de Seattle, estou indo para casa passar uma temporada. E ele está no volante já que sou “a descoordenada”, a que não possuiu coordenação suficiente para dirigir. Assim disse meu instrutor quando me reprovou no exame de habilitação. — Estou passando mal — gemo. — Não, não está. Para de graça. Só está brava porque não concorda com a decisão da sua orientadora. — Aquilo foi ridículo, Ethan! Não preciso fazer NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS nada disso. — Acho que precisa sim. — Ele não tira os olhos da estrada. — Sei que está com saudades da sua irmãzinha, mas isso foi drástico e desnecessário. — Ethan ri. — Sim, eu sinto sua falta em casa, confesso. Mas não quando você começa a bancar a sabe-tudo. — E continua rindo. — É porque eu sei de tudo. — Cruzo os braços na defensiva. — Viu? É disso que estou falando, não senti falta dessa parte sua. — Não me contenho, eu viro o rosto para ele e mostro a língua. Sei que notou pela sua visão periférica, porque vejo quando ele revira os olhos. — É exatamente por isso que nossos pais apoiaram a decisão da faculdade, Eleanor. Você precisa disso. — Eu já estava me preparando para o último ano na faculdade, Ethan. Estou adiando todos os meus planos porque a minha coordenadora resolveu que eu preciso de um pouco de normalidade na vida? Ensino médio? Sério? Nem você queria estar lá. — NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Ele solta um longo suspiro. Tenho a impressão de que está ficando de saco cheio da minha ladainha, estou reclamando disso desde quando chegou na faculdade para me buscar. E já tem três dias. — Você só tem dezessete anos, e isso faz parte do ensino médio, irmãzinha. São apenas os fatos. — Os fatos são que eu tenho mais cérebro do que a metade daqueles adolescentes fúteis que só estarão pensando em duas coisas neste ano. — Quais? — pergunta curioso. — Baile de formatura e sexo. Nessa mesma ordem. Ou, não. Tanto faz. A ordem dos fatores não altera o produto. — Deus te ouça — pede, gargalhando e eu gemo. Ethan e eu somos gêmeos fraternos, mas isso não muda o fato de sermos muito próximos. Porém, enquanto que ele herdou o porte atlético e charme da família, eu herdei a inteligência e... bem, só a inteligência mesmo. Em dobro. — Você precisa parar de resmungar. Tem sorte de ser o último ano, vai passar tão rápido que nem NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS vai perceber. E quando acabar, estará dançando toda feliz no baile de formatura. — Menos — escarneço. De jeito nenhum que irei frequentar essas festas de alunos do ensino médio, muito menos o baile de formatura. — É uma das regras, minha irmã. Você precisa interagir com as pessoas, fazer coisas que todo adolescente faz. — Estava perfeitamente bem com meus livros e os testes com os motores. — Viu só? Nenhuma garota da nossa idade projeta motores de carro, você vai ser a sensação da escola. — Ele tem um sorriso presunçoso no rosto. — Ou a esquisita da escola — resmungo. O sinal fecha e Ethan me olha. — Acho que você pode ter razão. Suas palavras me fazem rir, tanto que a dor de cabeça de mentira – que se transformou numa mega dor de verdade – acaba sumindo. E me permito relaxar um pouco. Um ano, só um ano. Estarei em casa com a minha família, frequentarei a mesma escola que NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS meu irmão. Terei a tal normalidade, pelo menos o que conseguir tirar disso tudo. E, fim, volto para a faculdade e para a minha realidade. Posso fazer isso, não deve ser mais difícil do que projetar um novo motor que vai de 0 a 100 quilômetros, em menos de 30 segundos. Ou pelo menos, é assim que eu espero que seja. E agora a dor de cabeça ameaça voltar porque pela primeira vez sinto medo. Pavor de pessoas. Droga, eu sou muito esquisita. Mas estava disposta a aceitar esse desafio, afinal, eu sempre superei as expectativas de todos. Não seriam alguns adolescentes do ensino médio que me intimidariam. Ethan liga o som e “Act a Fool” de Ludacris começa a tocar, sorrio pela escolha da música. Lógico que seria algo desse estilo, ele ama carros. E conforme presto atenção na letra, chego à conclusão de que tenho duas escolhas, e não vou escolher bancar a otária.
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Minhas mãos tremem de desejo, parece que estou sofrendo de abstinência, mas ao invés de drogas, sofro pela falta das pistas. Mas como o maldito masoquista que sou, estou encostado no capô do meu carro, bebendo uma cerveja enquanto olho os motoristas se preparando para mais uma corrida. Adrenalina. Ela oscila pelo meu corpo de acordo com o roncar dos motores. Odeio me sentir inútil, sendo só um mero espectador. Merda, apenas alguns dias atrás eu estava fazendo cada babaca aqui comer poeira. — Ah, qual é, Cam! Tem certeza mesmo de que não vai correr? — Trisha pergunta ao meu lado. Quando ela me chamou para sair essa noite, na hora pensei: hoje vai ser demais... carros, cerveja e uma bela trepada! Mas agora ela entrou no modo “chata pra caralho”, insistindo para que eu corra. E isso é um saco de aguentar. — Quantos “não” você quer ouvir hoje? NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS — Você é o melhor aqui, Cam! Por que não entra no seu carro logo de uma vez? — Ela raspa as unhas no meu peito. Era para ser excitante? Que ridículo! Otária. — Tris, não insiste. — Tomo mais um gole da minha cerveja quando escuto alguém acelerar um dos carros. Porra, o som no motor faz o sangue correr mais forte pelas minhas veias. — Adoro quando você me chama assim, Cam. — Ela encosta na frente do meu corpo, minha mão automaticamente agarra sua bunda, puxando-a contra mim. — Poderia transar com você, no seu carro, depois que ganhar essa corrida. — Sua voz é sedutora, mas não faz muita coisa comigo lá em baixo. Já o som dos motores... — Você sabe, Tris — coloco uma mecha do cabelo dele para trás, seu batom é vermelho vivo, os cílios com toda certeza são falsos, são tão longos que tento não ficar encarando —, que eu vou transar com você, correndo ou não. — Ela faz beicinho e eu aperto sua bunda. Trisha sabe que NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS não estou mentindo, passou a semana inteira atrás do Ethan, pedindo o número do meu celular e só parou quando conseguiu marcar esse encontro. — Você era mais interessante — reclama ainda manhosa. — Por que não quer correr? Porque meu pai me proibiu, minha mãe prometeu me dar um castigo eterno e meu irmão não quer que eu vá parar na cadeia. Só isso, penso. — Porque eu não quero. É tão difícil assim de entender?! — Respondo e bebo mais um gole, depois ofereço a cerveja a ela. — Quase não acreditei quando não vi seu nome na lista, Cameron. — Thiago, um dos caras que organiza tudo, diz quando se aproxima. — Estou fora hoje. — Minha resposta é simples, não preciso dar explicações. — A grana é boa. — Mas eu não preciso disso. — Pode até ter soado arrogante, mas é a verdade. — Já sei, mas também sei que precisa entrar nesse carro e pisar fundo no acelerador. Qual é, Cam, vai deixar esse bando de idiotas ganhar o NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS prêmio que é seu? — ele instiga. Ele acerta em cheio, bem no meio da ferida. Porque ele me conhece. Caralho, adrenalina é a minha droga, viver no limite é o que me motiva. Cacete! Olho mais uma vez ao redor e à frente, os carros começam a se alinhar. Um a um, o barulho dos motores cada vez mais alto. Meu sangue corre cada vez mais rápido. Que se foda! — Vamos — digo para a menina que dá um grito histérico, jogando os braços em volta do meu pescoço, me beijando escandalosamente. — Ganhe essa corrida pra mim, gato, e eu vou deixar você me foder de um jeito inesquecível — praticamente ronrona assim que nos separamos. Thiago está com um sorriso convencido no rosto, ele sabe como me convencer a entrar na pista. Sou tão fraco quando se trata de correr. Todo cara tem seu ponto fraco, certo? Corrida é o meu. Entro no carro e Tris me acompanha, colocando o cinto. Aperto com força as mãos no volante, e NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS afundo o pé no acelerador. O barulho do motor me desperta, mas na mesma hora o som é abafado pela voz do meu irmão. A prisão é não é um lugar qualquer, Cam. É a própria definição do inferno. Mantenha os pés do lado de fora de lá, tá bom? Minha cabeça fica confusa, eu aperto o volante com mais força, Tris me olha com expectativa. Ela está louca para participar, é sua primeira corrida. Engato a marcha enquanto penso em tudo que meu irmão me disse naquele dia, no medo que vi em seus olhos. Piso fundo no acelerador, mas ainda não saio com o carro. Deixo o barulho tomar conta e chamar atenção para que todos saibam quem está no volante. Ouço meu nome ser ovacionado, e ainda posso não ser bom o suficiente para correr pela equipe da família, mas sou a porra de uma lenda nas ruas. Fecho os olhos com força, tentando me concentrar. E quando os abro, o que vejo me faz tomar uma decisão. Uma que não mudaria só essa noite para mim, NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS ela mudaria a minha vida inteira.
A HISTÓRIA DE CAM E ELLIE CONTINUA NO último livro da série Willers Family.
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DISPONÍVEL NO SPOTIFY - (ANDYCOLLINSAUTORA) PHENOMENAL — EMINEM BROKEN RECORD — KREWELLA INTO YOU – TRAVIS ATREO I WILL BE – STANFOUR FEEL INVINCIBLE - SKILLET PAPERCUT – LINKIN PARK MIND – JACK U, SKRILLEX, DIPLO, KAI STAY - HURTS KINGS NEVER DIE – EMINEM, GWEN STEFANI CRAZY IN LOVE – NICOLE ANDERSON SPIRALING UPWARD – THE YOUNG ROMANS THE HEART WANTS WHAT IT WANTS – OUR LAST NIGHT, CRAING OWENS. LIKE A PRAYER – RUFIO BLACK WIDOW (COVER BY THE ANIMAL IN ME) IGGY AZALEA I’GONNA SHOW YOU CRAZY – BEBE REXHA MIRROR – LOIC NOTTET LOVE THE WAY YOU LIE – A SKYLIT DRIVE NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS BURN – CROWN THE EMPIRE ONE MORE LIGHT – LINKIN PARK THE WAY BACK – JASON WALKER, MOLLY REED WHAT LOVERS DO – SARA FARELL MY INDIGO – MY INDIGO RESCUE ME – KERRIE ROBERTS GLASS HOUSE – DENNIS SHEPERD & LIUCK FEAT. LADY V RADIO EDIT DRUNK IN LOVE (REMIX) (FEAT. JAY Z AND KANYE WEST) – BEYONCÉ ONE DAY TOO LATE – SKILLET RISE – SKILLET *A Playlist irá sofrer inclusões conforme o andamento do último livro da série.
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NADA
NA VIDA FAZEMOS SOZINHOS, DESDE QUE
nascemos necessitamos de ajuda, e ao longo da nossa jornada isso não muda. Para criar um livro isso não é diferente. Por muito tempo, eu acreditava ser autossuficiente e que poderia resolver todos os meus problemas – e dos outros – sozinha. Ledo engano, e os livros me mostraram isso. Como leitora, aprendi a confiar nas indicações, a ficar atenta nas dicas e novidades que as pessoas postavam. Como autora, aprendi a valorizar a opinião dos outros, dos leitores, blogueiros e principalmente dos amigos. Pessoas estas que os livros me apresentaram e que agradeço todos os dias por me darem a honra de fazer parte – nem que seja um pouco – da vida de cada uma. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Samantha Silveira, ninguém entenderia nossa dinâmica – amém por isso – porque somos únicas. Obrigada por tudo, por todo incentivo, pelo seu profissionalismo e amizade. Esse livro não seria tão perfeito se não fosse por você. Dri Harada, mais um trabalho juntas, hein? Às vezes, não acredito que você me atura. Desculpe por transformar um em quatro e muito obrigada por embarcar de coração sempre que preciso da sua ajuda, seja profissionalmente ou como amiga. Sua paciência e profissionalismo são raros. Obrigada por ser a voz da minha razão nos momentos de dúvida, e principalmente por me incentivar a buscar o melhor em mim. Denise Macário, Raquel Costa e Débora Santana, minhas “caçadoras”, cada palavra de vocês é sempre preciosa, nunca mudem isso, a sinceridade de vocês é uma benção e mantêm meus pés no chão. Obrigada por fazerem parte disso, e por estarem sempre aqui quando eu preciso. Mi Feliciano, Caroline Menezes... Preciso citar alguma coisa? Se podemos ter mais de uma alma gêmea, vocês são as minhas. NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS Cris Saavedra, você entrou na minha vida logo no início e finalmente agora temos a oportunidade de trabalharmos juntas, obrigada por sempre ter acreditado no meu trabalho, mesmo quando eu teimava em permanecer anônima. Caroline Yamashita e Biia Rozante, esse livro é para vocês, espero de coração que esteja dentro das suas expectativas.
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PERIGOSAS
Andy Collins é um pseudônimo usado pela autora brasileira. Sua primeira obra publicada foi INSANO, primeiro livro da série Originals, que começou a ser postado na Plataforma Wattpad e depois a série passou a ser publicada pela Editora PL. Em 2017, também pela Editora PL, lançou INSENSÍVEL, o segundo livro da série Originals. Desde então, a autora já publicou de forma independente várias obras. Entre elas: TEMPESTADE – Conto PARA SEMPRE & MAIS UM DIA – Conto da Série Originals NACIONAIS - ACHERON
PERIGOSAS FENOMENAL – Livro 1 da Willers Family COLATERAL – Livro 2 da Willers Family ELA ESTÁ SOZINHA – Conto dark CAGE – Livro dark SENSACIONAL – Livro 3 da Willers Family
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PERIGOSAS
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