A Farra do Boi na Amazônia

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I O B O D A R R A F A nia ô Z A M A NA mida u s e R o ã iç Ed

www.greenpeace.org.br


índice ‘ Assim como nenhum país sozinho pode resolver o problema do aquecimento global, promover a riqueza de uma floresta distribuída por oito países requer cooperação internacional. Por essa razão, o Brasil lançou, em 2008, o Fundo Amazônia. Mais de US$20 bilhões serão levantados para financiar a conservação e o desenvolvimento sustentável. Estes recursos serão usados para coibir a madeira ilegal, mas também para desenvolver alternativas de subsistência. A Noruega já se comprometeu com a doação de US$1.1 bilhão para o fundo ao longo de dez anos. Esperamos que outros sigam o exemplo.’

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente do Brasil, The Guardian, 28/03/2008

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Sumário executivo

A farra do boi na Amazônia

10

Os 5 maiores exportadores de carne

Mercado, recursos e capacidade

12

O tour du monde

15

Greenpeace investiga

Como o Brasil ‘legaliza’ a carne bovina da Amazônia fornecendo às grandes marcas

22

Mato Grosso

Fazendas identificadas como fornecedoras dos frigoríficos da Bertin, JBS ou Marfrig no Mato Grosso

29

Greenpeace investiga

Como o Brasil ‘legaliza’ o couro da Amazônia fornecendo às grandes grifes

34

Desmatamento ilegal

Marabá

37

Cowboys e índios

Como a Bertin conduz expansão ilegal nas fronteiras

40

Greenpeace investiga

Escravos da moda

42

Referências


3

Sumário executivo

A farra do boi na amazônia

COMBATE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS REQUER AÇÃO GLOBAL O Brasil é o quarto maior emissor mundial de gases do efeito-estufa (GEE) 1, principalmente por causa do desmatamento e das queimadas na Amazônia. Globalmente, a destruição das florestas tropicais é responsável por cerca de 20% das emissões de GEE2. Zerar o desmatamento é um passo essencial na estratégia global de combate às mudanças climáticas e de proteção à biodiversidade. O maior desafio, conforme identificado pelo Banco Mundial, é combater os principais vetores econômicos de desmatamento nas áreas de ‘fronteiras agrícolas’, como a Amazônia’3. Diferentes governos, agências multilaterais de financiamento como o Banco Mundial e corporações globais – todos têm um papel a desempenhar. A Convenção de Clima de Copenhague, que será realizada na Dinamarca em dezembro de 2009, é a melhor oportunidade que os governos têm de estabelecer medidas para reduzir drasticamente as emissões de GEE. Qualquer acordo, para ser efetivo, deve incluir ações e financiamento para combater o desmatamento.

INDÚSTRIA DA PECUÁRIA NA AMAZÔNIA É O MAIOR VETOR DO DESMATAMENTO do mundo Esforços para reduzir as emissões globais de desmatamento devem incluir mudanças no modo de produção da indústria pecuária na Amazônia A indústria da pecuária na Amazônia brasileira é o maior vetor de desmatamento do mundo4, responsável por um em cada oito hectares destruídos globalmente5. Esforços para reduzir as emissões globais de desmatamento devem incluir mudanças no modo de produção deste setor. Zerar o desmatamento é uma necessidade social e ecológica. As florestas mantêm sistemas ecológicos essenciais para a manutenção da vida. A sobrevivência cultural de muitas comunidades ribeirinhas depende da saúde de suas florestas. Também desempenham papel fundamental na preservação da biodiversidade – quase metade das espécies terrestres de fauna e flora é encontrada ali6.

Zerar o desmatamento é uma necessidade climática. As florestas desempenham papel vital na estabilização do clima global, armazenando grandes quantidades de carbono que, se liberadas, agravariam o aquecimento global. Estima-se que entre 80-120 bilhões de toneladas de carbono estejam estocados na Amazônia7. Se destruída, a floresta liberaria o equivalente a 50 vezes as emissões anuais de GEE dos Estados Unidos8. A destruição da Amazônia, o mais importante estoque de carbono florestal do mundo, está sendo impulsionada pelo setor pecuário. A Amazônia brasileira apresenta, em área, maior média anual de desmatamento do que qualquer outro lugar do mundo9. O setor da pecuária é o principal vetor de desmatamento na Amazônia brasileira10. De acordo com o governo brasileiro: ‘A pecuária é responsável por cerca de 80% de todo o desmatamento’ na região Amazônica11. Nos anos recentes, a cada 18 segundos, um hectare de floresta Amazônica, em média, é convertido em pasto12. O setor pecuário na Amazônia brasileira é responsável por 14% do desmatamento global anual13. Isso o torna o maior vetor de desmatamento do mundo, responsável por mais floresta destruída que o total desmatado em qualquer país, com exceção da Indonésia14. Governo brasileiro quer dominar o comércio global de carne O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo15 e é o maior exportador mundial de carne16. Com a China, divide a posição de maior exportador de couro curtido17. O governo brasileiro planeja dobrar a participação brasileira no comércio global de carne até 201818. Na última década, o setor pecuário brasileiro tem apresentado rápido crescimento voltado para a exportação19. Exportações de carne e vitela do Brasil aumentaram quase seis vezes em volume entre 1998 e 200820. Em 2008, uma em cada três toneladas de carne comercializada internacionalmente vinha do Brasil21. Neste mesmo ano, o comércio de produtos bovinos do Brasil movimentou US$ 6,9 bilhões22 (cerca de R$ 14,2 bilhões), sendo que o couro representou mais de 25% deste valor23. Até 2018, o governo pretende que o Brasil forneça quase duas em cada três toneladas de carne comercializada internacionalmente24.


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GOVERNO BRASILEIRO FINANCIA A EXPANSÃO DO GADO NA AMAZÔNIA Para auxiliar a indústria pecuária brasileira a dominar o mercado global, o governo federal está investindo em todos os elos da cadeia de abastecimento – desde a produção na fazenda até o mercado internacional. Nos últimos seis anos, o governo Lula destinou R$ 340,3 bilhões ao apoio da agricultura e da pecuária no Brasil. 83% desse total, ou R$ 283,9 bilhões, foram destinados à agropecuária empresarial25. expansão da pecuária no Brasil está concentrada na região Amazônica, onde a falta de governança significa terra e mão-de-obra baratas. Diversos relatórios do Banco Mundial, do governo brasileiro e de institutos de pesquisa, e análises do Greenpeace mostram de forma consistente que a pecuária ocupa cerca de 80% de todas as áreas desmatadas na Amazônia brasileira 26. Quantidade de cabeças de gado por município entre 1995–2006 Redução Pequeno aumento Aumento significativo Bioma Amazônia Fonte: IBGE (2006a)

Emissões brasileiras de CO2 por setor 600

neladas de CO 2 Megato Megatoneladas de CO2

300

200

co

O m utr bu o st s íve is Em fu iss gi õ tiv es as Pr in oc du es In st so dú ria s st is r i na a p A m ec a z uár ôn ia ia

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e El aq et ue ric ci ida m d en e M to an e co ufa ns tur tru ad çã o s o Tr an sp or te s

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

400

Fonte: WRI CAIT v6.0

O Greenpeace analisou dados de satélite e autorizações de desmatamento entre 2006-2007 e constatou que mais de 90% da destruição florestal no período eram ilegais28. Governo e congresso promovem o desmonte da Legislação ambiental para aumentar a produção a qualquer custo. A grilagem é um dos principais problemas da Amazônia. Não há controle sobre os títulos de posse e propriedade, sendo incerto o estado legal de quase metade das terras da região29.

500

0

O maior incentivo econômico para a expansão do setor pecuário na Amazônia é a falta de governança27: corrupção, desorganização, capacidade limitada e falta de coordenação entre diferentes setores do governo.

Em vez de solucionar o problema, o governo federal e o Congresso cedem à pressão dos ruralistas para minar a legislação ambiental do país e incentivar o desmatamento. Exemplo disso é uma medida provisória30 apresentada pelo governo Lula para beneficiar pequenos posseiros. Piorada pelo Congresso, a MP, na prática, privatiza 67 milhões de hectares da Amazônia, premiando a grilagem. Deputados e senadores da bancada ruralista, apoiados por setores do governo, querem mudar o Código Florestal para mais do que dobrar a porcentagem de floresta que pode ser desmatada legalmente dentro de uma propriedade privada na Amazônia31.


governo brasileiro é sócio das empresas frigoríficas em expansão na Amazônia

GREENPEACE EXPÕE O CONSUMO às cegas DE PRODUTOS DA DESTRUIÇÃO DA AMAZÔNIA

governo brasileiro é acionista de empresas frigoríficas globais.

Parceria entre o governo brasileiro e a indústria da pecuária sustenta o trabalho escravo e o desmatamento

Através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), órgão financeiro vinculado ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o governo brasileiro tem formado alianças estratégicas com as cinco maiores empresas da indústria pecuária. Entre 2007 e 2009, estas empresas – responsáveis por mais de 50% das exportações brasileiras de carne – receberam US$ 2,65 bilhões (cerca de R$ 5,5 bilhões) do BNDES32, em troca de ações para o governo brasileiro. Os três frigoríficos que receberam a maior parte do investimento público foram: Bertin, uma das maiores comercializadoras de couro do mundo33; JBS, empresa que controla pelo menos 10% da produção global de carne34, e Marfrig, a quarta maior comercializadora mundial de carne35. A expansão destes grupos é, efetivamente, um empreendimento conjunto ( joint-venture) com o governo brasileiro. Estas empresas veem a crise financeira como uma oportunidade para aumentar sua participação no mercado global. Sem o dinheiro do governo brasileiro, sua habilidade de continuar construindo um império comercial global, voltado para a exportação de produtos pecuários da Amazônia, poderia ter sido reduzida. Para reforçar a participação brasileira no mercado global36, o governo está disponibilizando recursos para expandir a infra-estrutura de processamento de produtos pecuários na região Amazônica37. Em uma avaliação de concessão de crédito para a Bertin, o International Finance Corporation (IFC), o braço para empréstimos privados do Banco Mundial, alertou para os riscos de aumentar o desmatamento ao expandir a capacidade dos frigoríficos na região. Um auditor do Banco Mundial concluiu: ‘O projeto [de expandir o frigorífico Bertin em Marabá] representa um grave risco ao meio ambiente e à reputação do Banco’. Mesmo assim, o IFC investiu US$ 90 milhões (R$ 185,4 milhões) no projeto da Bertin em um dos lugares mais arriscados da Amazônia38.

O Greenpeace rastreou o comércio de produtos pecuários partindo das indústrias de processamento voltadas para exportação da Bertin, JBS e Marfrig no sul do Brasil até as fazendas no Arco do Desmatamento na Amazônia. Embora marcas reconhecidas mundialmente pareçam acreditar que a Amazônia está excluída de seus produtos39, o Greenpeace expõe, pela primeira vez, como o consumo às cegas de matéria-prima está alimentando o desmatamento e as mudanças climáticas. Investigações sigilosas revelaram a complexa teia do comércio global de produtos bovinos envolvendo os frigoríficos brasileiros – Bertin, JBS e Marfrig. O Greenpeace identificou centenas de fazendas no bioma Amazônia fornecendo gado para esses frigoríficos na região. Todas as vezes em que foi possível obter os mapas das propriedades, análises de satélite revelaram que fornecimento significativo de gado vinha de fazendas envolvidas em desmatamento recente e ilegal. Dados comerciais também mostraram negócios com fazendas envolvidas em trabalho escravo. Além disso, um frigorífico da Bertin recebeu gado de uma fazenda instalada ilegalmente dentro de uma Terra Indígena. Antes de exportar, os frigoríficos da região Amazônica embarcam carne ou pele para fábricas processadoras a milhares de quilômetros de distância no sul do país. Em diversos casos, processamento adicional é realizado nos países importadores antes que o produto final chegue ao mercado. De fato, fornecimentos de gado ilegais ou ‘contaminados’ são ‘esquentados’ ao longo da cadeia até chegar a um mercado global indiferente ao cumprimento da lei.

© Ricardo Funari/Lineair

© Greenpeace

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/D. Beltrá

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6 20

o toUR dU mondE

21

© Rose/Gree

npeace

As investigações do Greenpeace sobre o mercado de produtos bovinos da Amazônia nos levaram a uma verdadeira volta ao mundo, que vai das grandes corporações internacionais até marcas globais de alimentos e calçados.

EUA

© Rose/Green

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A segunda maior utiliz ação do couro se dá na fabr icação de móveis e estofam ento para auto móveisi. A produção de couro para interiores de veículos é terceirizada para emp resas processa doras, com oa norte-am ericana Eag le Ottawa, que consome 20% do couro comercializa do no mercad o global para estofamento s de veículos . reenpeace Fotos © Rose/G

A China é o maior produtor e exportador de sapatos do planeta, responsável por cerca de 60% do volume total mundial em 2006.

Itália

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As bolsas ocupam lugar de destaque na indústria italiana de exportação, responsável por quase dois terços do comércio de produtos de couro do país.

O mercado inglês de comidas prontas é ‘o mais avançado da Europa’. ‘As vendas de refeições prontas, tanto congeladas quanto refrigeradas, representam 7% de todas as refeições do Reino Unido’.

MARCAS GLOBAIS SÃO PARCEIRAS SILENCIOSAS DO CRIMe Nossas evidências ligam a cadeia contaminada de produtos amazônicos aos fornecedores de muitas marcas reconhecidas mundialmente, incluindo uma longa lista das chamadas empresas ‘Blue Chip’ (que possuem ações de primeira linha, de maior rentabilidade): Adidas, BMW, Carrefour, EuroStar, Ford, Honda, Gucci, IKEA, Kraft, Nike, Tesco, Toyota, Wal-Mart. O setor público também está envolvido: nossas descobertas ligam a cadeia contaminada a fornecedores do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS)40 e a fornecedores no Oriente Médio, cujos clientes incluem as forças militares britânica, holandesa, italiana, espanhola e norte-americana41.

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Reino Unido

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© Greenpeace

Investigations

© Alamy

Brasil O Brasil é um mercado emergente. De acordo com a multinacio nal Unilever, ‘O poder do consumidor está crescendo mais rapidamente em mercados [em desenvolv imento e emergentes] do que em mercados dese nvolvidos’.

© Greenpea

npeace

China

O Tour du Monde – produtos bovinos da Amazônia dão a volta ao mundo de 80 jeitos Nossas investigações nos levaram por um tour mundial: China: Globalmente, cerca de metade da produção de couro é destinada a confecção de sapatos42. A China é o maior produtor e exportador de sapatos do planeta, responsável por cerca de 60% do volume total mundial em 200643. A Bertin é a maior exportadora de couro para a China. Investigações do Greenpeace revelam que fabricantes de tênis da Nike e Adidas/Reebok usam couro acabado de compradores diretos da Bertin.

© Ricardo Funari/Lineair

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

EUA: A segunda maior utilização do couro se dá na fabricação de móveis e estofamento para automóveis44. A produção de couro para interiores de veículos é terceirizada para empresas processadoras, como a norte-americana Eagle Ottawa, que consome 20% do couro utilizado em estofamentos de veículos no mundo45. A Bertin é fornecedora exclusiva da Eagle Ottawa46, que absorve 30% de suas exportações de couro47. A Eagle Ottawa fornece para a BMW, Ford, Honda, Toyota e muitas outras48. Itália: A Itália é o segundo maior exportador mundial, em valor, de sapatos de couro49 e um importante centro de produção de couro de alta qualidade para o mercado da moda. As bolsas ocupam lugar de destaque na indústria italiana de exportação, responsável por quase dois terços do comércio de produtos de couro do país50. Os dois maiores processadores italianos de couro, o Rino Mastrotto Group (RMG) e o Gruppo Mastrotto (GM), recebem fornecimentos regulares de couro da Bertin51. Os dois grupos processadores fornecem matéria-prima para Boss, Geox, Gucci, Hilfiger, Louis Vuitton e Prada52. A JBS possui 50% da divisão de produção de carne e subprodutos do Gruppo Cremonini. Entre seus clientes, o Gruppo Cremonini é fornecedor exclusivo da empresa ferroviária Italian Railway (Trenitalia, EuroStar Group, Cisalpino AG) e fornece também


© Greenpeace Investigations

© Ricardo Funari/Lineair

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CONCLUSÃO: QUE TIPO DE LÍDER MUNDIAL É O BRASIL? Parte do problema ou da solução?

para as empresas ferroviárias francesas SNCF e Thalys International53. A JBS e Marfrig fornecem para o Gruppo Cremonini na Itália54. Reino Unido: O mercado de lojas de conveniência e a indústria de serviços de alimentos estão mudando o que comemos, onde comemos e onde compramos. O mercado inglês de comidas prontas é ‘o mais avançado da Europa’55. ‘As vendas de refeições prontas, tanto congeladas quanto refrigeradas, representam 7% de todas as refeições do Reino Unido56. O país importa 40% de sua carne processada (pronta, cozida ou enlatada) do Brasil57. Quase 90% deste total vem da Bertin, JBS ou Marfrig 58. Brasil: O Brasil é um mercado emergente. De acordo com a multinacional Unilever, ‘O poder do consumidor está crescendo mais rapidamente nos mercados [em desenvolvimento e emergentes] do que em mercados desenvolvidos’59. No Brasil, três gigantes da indústria de supermercados – Carrefour, Wal-Mart e Grupo Pão de Açúcar60 (afiliada ao Grupo Casino, da França) – controlam quase 40% do setor61. A Bertin, JBS e Marfrig fornecem diversos produtos frescos e processados para o Brasil e outros mercados emergentes. A Unilever é a maior empresa de ‘produtos de bens de consumo’ nos mercados em desenvolvimento e emergentes, incluindo o Brasil62, onde as vendas de produtos de higiene e cuidados pessoais e produtos de limpeza estão em ascensão. Muitos deles contêm subprodutos bovinos processados, como a glicerina. De acordo com a Bertin, o mercado global de higiene pessoal está estimado em US$ 269 bilhões (R$ 554,1 bilhões) e o Brasil possui a terceira maior fatia63. Unilever, Colgate Palmolive e Johnson & Johnson são grandes clientes dos produtos de higiene e beleza da Bertin no Brasil64.

O Brasil se apresenta como líder mundial no combate ao desmatamento. Na Conferência de Clima realizada em Poznan, na Polônia, em 2008, o governo brasileiro anunciou seu Plano Nacional de Mudanças Climáticas, incluindo o compromisso de reduzir em 72% a taxa de desmatamento até 2018. Este corte, que pretende impedir a emissão de 4.8 Gt de CO265, seria alcançado principalmente pelo combate ao desmatamento ilegal66. No entanto, o governo brasileiro financia e é acionista das maiores empresas do setor pecuário que operam na Amazônia67 – o maior vetor de desmatamento do mundo. O governo brasileiro possui US$ 2,65 bilhões (R$ 5,46 bilhões) em ações de empresas frigoríficas, que se beneficiam do abastecimento barato de gado criado em áreas da Amazônia destruídas ilegalmente. A projeção de crescimento para as exportações nas próximas décadas deve aumentar a pressão sobre a região. O Brasil não é o único responsável pelo desmatamento da Amazônia, já que o mercado global é um indutor da destruição da floresta. Por isso não pode ser atribuída ao país a responsabilidade isolada de resolver o problema. O Banco Mundial identifica os vetores econômicos do desmatamento nas ‘fronteiras agrícolas, como a Amazônia’, como o maior desafio no combate às mudanças climáticas70. Já que o comércio global de commodities agrícolas e produtos pecuários resulta em desmatamento, uma responsabilidade considerável pela mudança de atitude recai sobre as chamadas empresas ‘Blue Chip’, responsáveis por marcas reconhecidas internacionalmente, cujo consumo cego de matéria-prima alimenta o desmatamento. Responsabilidade adicional em desencorajar atividades que resultam em alta emissão de carbono recai sobre as instituições financeiras multilaterais, como o próprio Banco Mundial, que tem financiado, através do IFC, a expansão da Bertin na Amazônia.


8

Financiar a proteção das florestas é crucial para combater as mudanças climáticas

Mas, em maio de 2009, apenas US$ 110 milhões haviam sido disponibilizados para o fundo – parte do pacote de US$ 1 bilhão anunciado pelo governo da Noruega em 2008, a serem liberados até 2015. No final de março de 2009, a Alemanha era o único outro doador comprometido com o fundo, anunciando a contribuição de €18 milhões72. O retrato devastador da destruição da Amazônia delineado neste relatório é apenas uma das trágicas realidades que as florestas enfrentam todos os dias. A indústria da pecuária na região é o maior vetor de desmatamento do mundo, mas outros vetores também devem ser combatidos.

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

O Carbon Disclosure Project (CDP, ou Projeto de Divulgação do Carbono) – parceria de várias empresas ‘Blue Chips’ identificadas neste relatório – já concluiu: ‘Apenas através da ação global colaborativa com visão de longo prazo’73 é que o desafio climático poderá ser vencido. Seguindo o princípio do poluidor-pagador, o Greenpeace propõe que, além de cortes significativos em suas emissões, os países industrializados financiem um mecanismo internacional de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) em países em desenvolvimento. Este fundo, chamado de Florestas pelo Clima74 poderia fornecer incentivos econômicos para combater o desmatamento, aumentar a governança, pagar por serviços ambientais prestados pelas florestas e valorizar a mata em pé. Ele poderia recompensar aqueles países que apresentem reduções verificadas de desmatamento. O fundo teria como objetivo proteger as áreas de floresta com alto valor de conservação da biodiversidade e preservar atividades sustentáveis de comunidades tradicionais e povos indígenas. O Florestas pelo Clima pretende assegurar que os países com florestas tropicais adotem compromissos nacionais de redução de emissões de desmatamento em vez de acordos locais ou regionais. Com isso, procura enfrentar a questão do ‘vazamento’ (o chamado leakage) – que nada mais é do que a transferência do desmatamento de uma determinada região ‘protegida’ para outra não protegida.

© Greenpeace/D. Beltrá

O governo brasileiro pressupõe que sua capacidade de cumprir as metas de redução do desmatamento dependerá da disponibilidade de recursos internacionais oferencidos pelos países ricos. Para isso, o governo estabeleceu o Fundo Amazônia, que de acordo com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, espera arrecadar US$ 21 bilhões até 202171.

O que fazer indústrias consumidoras e frigoríficos: •

Parar de negociar com fazendas ou empresas envolvidas no desmatamento recente da Amazônia.

Apoiar uma moratória imediata no desmatamento.

Impulsionar a inclusão de critérios ambientais no atual sistema de rastreabilidade da cadeia produtiva.

Influenciar governos a criar um fundo internacional de proteção das florestas tropicais.

Governo brasileiro: •

Fortalecer a presença do Estado na Amazônia brasileira.

Parar de autorizar novos desmatamentos.

Parar de financiar empresas envolvidas com o desmatamento.

Implementar políticas públicas para zerar o desmatamento na Amazônia brasileira até 2015.

Implementar um sistema de rastreabilidade de toda a cadeia produtiva da pecuária, incluindo critérios ambientais.

Governos dos países desenvolvidos: •

Apoiar a criação de um mecanismo global de financiamento de proteção às florestas na Convenção do Clima em Copenhague, em 2009, e colocar o dinheiro sobre a mesa.

Um acordo global para proteger o clima precisa incluir o financiamento, no longo prazo, da proteção das florestas ao redor do mundo. A Convenção do Clima em Copenhague, em dezembro de 2009, é a melhor oportunidade de fixar medidas e mecanismos que incluem o financiamento do combate ao desmatamento. Se os líderes mundiais falharem, a próxima crise poderá não ser uma desaceleração econômica temporária, mas uma catástrofe climática irreversível.


9

‘Nós colocamos o homem na lua, criamos a era industrial e tecnológica, construímos fantásticos projetos de engenharia e temos a capacidade de desenvolver soluções contra as mudanças climáticas perigosas. Apenas através da ação global colaborativa que tenha visão de longo prazo, em vez de se concentrar no lucro a curto prazo, é que poderemos enfrentar este desafio – mas devemos solucioná-lo, e devemos trabalhar para solucioná-lo hoje.’ Carbon Disclosure Project Empresas que pertencem ao Carbon Disclosure Project mencionadas neste relatório incluem:


Independência

26,9%

(milhões)

(%)

$90 (~R$200)

Empréstimo do IFC/Banco Mundial - 2007 (milhões)

(~US$1.500)

R$3.370

Investimento de capital

Ações comuns

FONTES:

Brasil

(%)

13,9%

Ações preferenciais

R$250

10.000 (março/2009) – sem informações após essa data

500 (maio/2009)

1.700 (maio/2009)

1.700 (maio/2009)

(~US$110 )

(milhões)

Investimento de capital

(%) R$1,470

Não processa peles

6.710 (2008)

18.900 (2008)

65.200 (2008)

( ~$US670)

(milhões)

Investimento de capital

%

14.7%

Ações comuns

Marfrig

R$820

1.500

5.500 (2008)

13.300 (2008)

21.100 (2008)

(~US$370)

(milhões)

Investimento de capital

capacidade de abate do frigorífico: Bertin: (Brasil e mundial) Bertin documento confidencial (dezembro de 2008): 7; junho de 2008 (Amazônia Legal) – várias fontes (2007/2008); Bertin documento confidencial (Dezembro de 2007): 27 Independência (2009b,c,d) JBS: (Brasil) JBS Relatório Anual (A) 2008; (Amazônia Legal) JBS web-site Marfrig: Marfrig (2009b) Minerva: Minerva (2009a): 15

13%

Ações comuns

InvestIMENTO DE BANCOS PÚBLICOS: BNDES (2009):64, 267-269; Minerva (2009b); IF C (2009)

20.500 (wetblue & crust)

CAPACIDADE DE CURTIMENTO INSTALADA (PELES/DIA)

~ 5.000 (2008)

~ 13.300 (dezembro 2008)

Brasil

Amazônia Legal

14.900 (dezembro/ 2008)

Mundial

CAPACIDADE DE ABATE INSTALADA (ANIMAIS/DIA)

Outras fontes de financiamento público

2007 - 2009

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

JBS-Friboi

maiores exportadores de carne: mercado

MAIORES FONTES DE INVESTIMENTO DE CAPITAL POR BANCOS PÚBLICOS

Bertin

Tabela 1:NAos cinco A FARRA DO BOI AMAZÔNIA

5.000 (wet-blue)

800 (março/2009)

5.900 (março/2009)

6.600 (março/2009)

RS 121,8 (~US$55)

Empreéstimo do BNDES 2009 (milhões)

(US$2.650 )

R$5.900

(milhões)

Investimento de capital

Total

CAPACIDADE DE CURTIMENTO INSTALADA: Bertin, documento confidencial; (Dezembro de 2008): 7; Independência (2009e); Marfrig Relatório Anual 2007; Minerva (2009a): 15

R$92,8 (~US$42)

Empréstimo do BASA – Banco da Amazônia S/A2009 (milhões)

Minerva

10


~5%

~17%

Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Espanha, Suácia, Reino Unido, EUA

China, Hong Kong, Itália, Indonésia, Vietnam

Carne processada

Couro

JBS-Friboi

Zhenjiang Foreign Trading (CN)

Rino Mastrotto Group (IT)

8,1%

~1,5%

0,8%

8,9%

Total

46,4%

~23%

75,0%

40,9%

Identificação dos clientes por setor: PIERS, Comércio Sul Americano Base de dados janeiro-dezembro 2008; Dados de exportação de produtos (exceto carne), documento confidencial da Bertin (junho de 2008)

Mapel Italia (IT) Verde Trading (JP)

Gruppo Mastrotto (IT) PetAg (US)

Conceria Benetti (IT) Faeda Spa (IT)

A&D (IT)

SAMPCO (US)

Oakfields Foods (UK)

China, Itália, Japão, Hong Kong, Coréia

China, Reino Unido, EUA

França, Alemanha, Itália, Kuwait, Holanda, Rússia, Espanha, Reino Unido

Minerva

Conceria Pasubio (IT)

totalizaram R$ 164 milhões (2008). Independência (relatórios financeiros do terceiro e quarto trimestres) Mercados de exportação do Brazil: PIERS, Comércio Sul Americano Base de dados janeiro-dezembro 2008

Not applicable

Wal-Mart (US)

Tesco (UK)

Makro (NL) Metro (DE)

Tulip Ltd (UK)

Kraft Foods (IT) Lidl (UK)

Makro (NL) Princes (UK)

Wal-Mart (BR)

Hereford Foods (US)

Carrefour (BR)

Itália, Espanha, Taiwan, Reino Unido, EUA

-

13,3%

3,7%

5,2%

Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Kuwait, Holanda, Espanha, Reino Unido, EUA

Hong Kong, Itália, Holanda, Rússia, Arábia Saudita, Espanha, Reino Unido, EUA

Marfrig

Hereford Foods (US)

Carrefour (BR)

-

Bélgica, França, Alemanha, Itália, Irlanda, Suécia, Reino Unido, EUA

-

23,5%

11,0%

13,2%

França, Hong Kong, Kuwait, Itália, Holanda, Rússia, Arábia Saudita, Espanha, Reino Unido, EUA

Exportações de couro: Exportações totais de couro do Brasil totalizaram R$ 3,5 bilhões (2008) Fonte: Secex (2009) Exportações de couro da Bertin totalizaram R$ 593 milhões (2008) Documento confidencial da Bertin (dezembro de 2008) Exportações de couro da Minerva totalizaram R$ 48,1 milhões (2008) Minerva (2009a)Exportações de couro do Independência

Vitakraft Pet Products (US)

Sampco (US)

Hartz Mountain / Sumitomo (US)

Farm Food (NL)

Unilever

Johnson & Johnson

Colgate Palmolive

Carrefour

Timberland (US)

Zhejiang Tongtianxing Group (CN)

Haining Mengu Group (CN) TanTec Leather (CN)

Gruppo Mastrotto (IT)

HTL Int. (CN)

Natuzzi (IT)

Albion Int. (IT) Gruppo Mastrotto (IT)

Clarks (US)

Eagle Ottawa (US)

Tesco (UK)

Princes (UK)

Hason Int. (HK) Mangusa Supermarket (Dutch Antilles)

Burger King (US)

China, Hong Kong, Itália, Taiwan, Vietnam

Kraft Foods (IT)

FONTES Participação no mercado de exportação: PIERS, Comércio Sul Americano Base de dados janeiro-dezembro 2008 – Dados sobre a Bertin incluem exportações pela empresa de logística LCPy

Animais de estimação

Higiene e beleza

Couro

Produtos e extratos de carne

CLIENTES IDENTIFICADOS POR SETOR (PAÍS DE DESTINO)

Itália, Kwait, Holanda, Rússia, Arábia Saudita, Espanha, EUA, Reino Unido

Carne fresca e congelada

PRINCIPAIS MERCADOS DE EXPORTAÇÃO DO BRASIL (2008)

Antilhas Holandesas, Hong Kong, Rússia

0,1%

37,2%

Carne processada, % por peso

Exportações de couro, % por valor

Alemanha, Hong Kong, Itália, Irlanda, Holanda, Russia, Espanha, Reino Unido, EUA

5,1% 6,6%

14,7%

Carne fresca, resfriada e congelada, % por peso 10,7%

Exportações de carne, total, % por peso

PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NO MERCADO DE EXPORTAÇÃO (2008)

Independencia

Tabela 2: os cinco maiores exportadores de carne: recursos e capac idade Bertin

11


12

o tour du monde

As investigações do Greenpeace sobre o mercado de produtos bovinos da Amazônia nos levaram a uma verdadeira volta ao mundo, pesquisando de grandes corporações

© Ros e

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internacionais a marcas globais de alimentos e calçados.

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© Rose/Gre

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Brasil

© Greenpeace Inve

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

O Brasil é um mercado emergente. De acordo com a multinacional Unilever, ‘O poder do consumidor está crescendo mais rapidamente em mercados [em desenvolvimento e emergentes] do que em mercados desenvolvido s’.


© Rose/Gree

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13

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Fotos © Rose/Gree npe

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A segunda maior utilização do couro se dá na fabricação de móveis e esto famento para automóvei s. A produção de co uro para interiores de ve ículos é terceirizada para empresas processadoras, como a norte-american a Eagle Ottawa, que co nsome 20% do couro comer cializado no mercado glob al para estofamentos de veículos.

Itália am lugar As bolsas ocup na indústria de destaque e portação, qu italiana de ex l por quase é responsáve comércio de do dois terços uro do país. produtos de co

ce Investigati © Greenpea

comidas O mercado inglês de ançado da prontas é ‘o mais av de refeições Europa’. ‘As vendas eladas quanto prontas, tanto cong entam 7% de refrigeradas, repres Reino Unido’. do s todas as refeiçõe

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Reino Unido


ツゥ Greenpeace/D. Beltrテ。

A FARRA DO BOI NA AMAZテ年IA 14


15

Greenpeace investiga

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16

A maior instalação da Bertin voltada para exportação de de rivados de carne fica em Lins (SP ) (SIF: 337). Os frigoríficos de Redenç ão (PA) (SIF: 807), Santana do Araguaia (PA ) (SIF: 1110) e Água Boa (MT) (SIF: 412 1) fornecem para essa unidade.

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17

Área de fornecimento de gado no Pará para os frigoríficos da Bertin

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Unidades de processamento

Rio de Janeiro


18

ltadas lações da JBS vo As maiores insta da sa de carne proces para exportação 5), ina (SP) (SIF: 38 ficam em Andrad P) : 76), São Paulo (S IF Barretos (SP) (S P) (S cio idente Epitá (SIF: 3327) e Pres ríficos de Barra do go fri (SIF: 458). Os T) (SIF: : 42) e Cáceres (M Garças (MT) (SIF . Da ra estas unidades 2837) fornecem pa 29 : 79), a utanga (MT) (SIF unidade de Arap pa com retamente a Euro JBS abastece di ia. carne da Amazôn

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Área de fornecimento de gado no Mato Grosso para os frigoríficos da JBS em Araputanga e Cáceres

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20

As maiores instalações da Mar frig voltadas para exportação ficam em Bataguassu (MS) (SIF: 4238), Prom issão (SP) (SIF: 2543) e Hulha Negra (RS ) (SIF: 226). O frigorífico de Tangará da Serra (MT ) (SIF: 1751) também fornece para essas unidades.

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Área de fornecimento de gado no Mato Grosso para o frigorifico da Marfrig em Paranatinga

Área de fornecimento de gado no Mato Grosso para o frigorifico da Marfrig em Tangará da Serra

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22

algumas das fazendas identificadas como fornecedoras dos frigoríficos da Bertin, JBS ou Marfrig no Mato Grosso

oeste do Mato Grosso

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11

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Fazendas Bertin Marfrig JBS Pasto em áreas desmatadas até 2006 Outros desmatamentos até 2006 Áreas Protegidas* Limite do Mato Grosso Bioma Amazônia

7

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Jauquara

GM

Juba

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Desmatamento a partir de 2006 *Terras Indígenas e Unidades de Conservação


23

Roncador Roxo

18

19

Agropecuária Lima

16

14

Chapéu 1 & 2 17

Bela Vista

15

Gleba Ribeirão and Gleba Grotão 0

0

Água Boa Paranatinga

leste do Mato Grosso

Barra do Garças

450 km 300 mi


24

imagens de satélite: Fazendas fornecedoras dos frigoríficos da JBS ou da Marfrig no oeste do Mato Grosso

Desmatamento até 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Lago Limite da fazenda Floresta

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25

Tabela 3: Análise do desmatamento em fazendas identificadas no oeste do Mato Grosso Nome da fazenda

Dono da fazenda

Localização no Mato Grosso

Tamanho da fazenda (hectares)

Braulino Basílio Maia Filho

Vila Bela da Santíssima Trindade

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90-100

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Desmatamento

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Comércio identificado Jan-Ago 2008 (cabeças de gado)

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Vila Bela da Santíssima Trindade

3

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Manoel Jorge Ribeiro

Rio Branco

4

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Vila Bela da Santíssima Trindade

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Manoel Jorge Ribeiro

Lambari d’Oeste

90-100

JBS, Araputanga Marfrig, Tangará da Serra JBS, Araputanga Marfrig, Tangará da Serra JBS, Araputanga JBS, Araputanga Marfrig, Tangará da Serra

1.620 255 2.056 832 3.605 72 339

6

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Fernanda Aufiero

Figueirópolis d'Oeste

2.532

90-100

Marfrig, Tangará da Serra

442

7

Jauquara

Rene Barbour

Barra do Bugres

1.236

90-100

Marfrig, Tangará da Serra

2.240

8

Juba

Manoel Jorge Ribeiro

Rio Branco

1.560

90-100

Marfrig, Tangará da Serra

357

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José Reis Pereira Filho

Vila Bela da Santíssima Trindade

1.729

90-100

JBS, Araputanga

10

Santa Amália do Tangará

Renato Junqueira Meirelles

Tangará da Serra

8.466

90-100

JBS, Araputanga

Santa Maria do Guaporé

Sidney Gasques Bordoni

Vila Bela da Santíssima Trindade

11

7

Jauquara

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3000 M

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0

6000 M

JBS, Araputanga

Marfrig, Tangará da Serra

8

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Juba

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11

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3000 M

St Maria do Guaporé

0

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JBS, Araputanga

9

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1.377

3.410 180 1.572 636


ツゥ Greenpeace/Marizilda Cruppe/EVE

A FARRA DO BOI NA AMAZテ年IA 26


27

Fazendas fornecedoras dos frigoríficos da JBS ou da Marfrig no leste do Mato Grosso

Desmatamento até 2000 2001 2002 Lago Limite da fazenda Floresta 14

Agropecuária Lima

0

17

15

18

2005

2006

2007

2008

16

2400 M

Chapéu 1 & 2

0

Roncador

0

3000M

2004

Bela Vista

0

3000M

Gleba Ribeirão

0

2003

19

2400 M

Roxo

0

28000 M

6000 M

Tabela 4: Análise do desmatamento em fazendas identificadas no leste do Mato Grosso Nome da fazenda

Dono da fazenda

Localização no Mato Grosso

Tamanho da fazenda (hectares)

Desmatamento

(% da fazenda)

Frigorífico que abastece (Grupo / local)

Comércio identificado Jan-Ago 2008 (cabeças de gado)

14

Agropecuária Lima

Antônio Roberto de Lima

Querência

2.982

80-90

JBS, Barra do Garças Bertin, Água Boa

15

Bela Vista

Aldo Pedreschi

Canarana

16

Chapéu I & II

Milton Vilela de Carvalho

195 71

1.278

80-90

Marfrig, Paranatinga

Bom Jesus do Araguaia / Ribeirao Cascalheira

17.091

80-90

JBS, Barra do Garças

2.174

Independência, Nova Xavantina

2.338

1.694

40-50

JBS, Barra do Garças

Marfrig, Paranatinga

17

Gleba Ribeirão

Luciana Selmi

Ribeirão Cascalheira

18

Roncador

Agropecuária Roncador

Querência

149.095

50-60

JBS, Barra do Garças

19

Roxo

Adecréscio Pedro de Aguiar

Querência

6.140

60-70

JBS, Barra do Garças

Marfrig, Paranatinga

Independência, Nova Xavantina

Marfrig, Paranatinga

136

17 442 255 15.708 54 168 1.801


ツゥ Ricardo Funari/Lineair

A FARRA DO BOI NA AMAZテ年IA 28


29

O Greenpeace investiga

’ galiza e ‘l rasil B o como ônia o couro da Amaz s e grif s e grand fornecendo às


30 As principais unidades da Bertin voltadas à exportação de couro estão em Lins (SP) e em Cascavel (CE). Em 2008, os curtumes da Bertin em Redenção (PA) e Conceição do Araguaia (PA) forneceram couro a estas unidades. As peles provêm dos abatedouros da Bertin em Marabá (PA), Santana do Araguaia (PA) e Tucumã (PA). A unidade da Bertin de Água Boa (MT) também supre a fábrica de ração para cães da Bertin em Guaiçara (SP).

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31

Área de fornecimento de gado no Pará para os frigoríficos da Bertin

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Marabá

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São Paulo ‘  O projeto (de expansão do frigorífico da Bertin em Marabá) representa um grave risco ao meio ambiente e à reputação do Banco.’ World Bank IEG

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Rio de Janeiro


32

to a cadeia de fornecimen de couro para grandes marcas mundiais

Shenzhen Sheng Feng Footware, China

Dona Pacific, Vietnã

Tong Hong Group

SingTak Footware, China

China e Vietnã

Freetrend, Vietnã

Eagle Ottawa

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

EUA, China, México e Hungria

HTL, China Natuzzi, Itália


Fotos ©

R Patrick

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33

COURO


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34

desmatamento ilegal:

MARABá Imagens de satélite de seis fazendas que fornecem gado para a unidade da Bertin em Marabá. Essas fazendas desmataram áreas até julho de 2005; em quatro delas, o desmatamento continuou após julho de 2007. Em todas as fazendas, as áreas desmatadas excedem o limite legal de 20% definido pelo Código Florestal.

Frigorífico Limite do Pará Limite da Área de Influência Direta do Frigorífico (AID) Limite do município Município embargado Desmatamento até 2000 Desmatamento de 2001–05 Desmatamento a partir de 2006

20

Gameleira 21

Maria Bonita 22

número de fazendas identificadas que fornecem para o frigorífico de marabá

Espírito Santo 24

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

Marabá

1–10 11–25 26–50

51–100 101–150 151–200

Mais de 180 fazendas dentro do município embargado de Marabá forneceram mais de 30.000 cabeças de gado.

Itaipavas

23

Colorado

processing plants

is tough. They're

very close, unless

we zoom in a lot.


35

20

Gameleira

0

21

10000 M

Maria Bonita

0 5000 M

23

24

Itaipavas

22

Espírito Santo

Colorado

0

5000 M

0 5000 M

0 5000 M

Tabela 5a: Análise do desmatamento em fazendas identificadas na região de marabá Nome da fazenda

Dono da fazenda

Localização no Pará

Tamanho da fazenda (hectares)

20

Gameleira

João Luis Avancini

Marabá

3.292

21

Maria Bonita

Agropecuária Santa Bárbara

Eldorado dos Carajás

22

Itaipavas

Companhia Agropecuária do Arame

23

Espírito Santo

24

Colorado

Frigorífico que abastece (Grupo / local)

Comércio identificado (cabeças de gado/data) *

70-80

Bertin, Marabá

19 (agosto/2008)

6.727

90-100

Bertin, Marabá

2.912 (maio/ 2008) + 4 (janeiro/2009)

Piçarra

27.066

60-70

Bertin, Marabá

1.056 (janeirojunho/2008)

Agropecuária Santa Bárbara

Xinguara

13.898

70-80

Bertin, Marabá

76 (maio/2008) + 380 (janeiro/ 2009)

Roque Quagliato e outros

Sapucaia

14.282

90-100

Bertin, Marabá

330 (março/2008)

NOTA: * Acesso aos dados limitado

Desmatamento (% da fazenda)


36 25

Itacaiunas Antes

© Greenpeace/Marizilda Cruppe/EVE

2008

Desmatamento até 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Lago Limite da fazenda Floresta

0

5000 M

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

© Greenpeace/Marizilda

Cruppe/E VE

Análise de imagem de satélite mostra nesta fazenda o maior desmatamento ocorrido em Marabá em 2008.

Tabela 5b: Análise do desmatamento em fazendas identificadas na região de marabá Nome da fazenda

Dono da fazenda

Localização no Pará

25

Itacaiunas

Agropecuária Santa Barbara Xinguara S.A.

Marabá

26

São Roberto

Agropecuária Santa Barbara Xinguara S.A.

Santana do Araguaia

NOTA: * Acesso limitado aos dados

Tamanho da fazenda (hectares)

Desmatamento (% da fazenda)

10.066

65-75

sem informações

sem informações

Frigorífico que abastece (Grupo/ local)

Comércio identificado (cabeças de gado / data) * Venda de bezerros para a fazenda São Roberto, Santana do Araguaia

Bertin, Marabá

880 (janeiro/2009)


37

Cowboys e índios:

como a Bertin conduz expansão ilegal nas fronteiras

‘A Bertin concorda em somente processar gado na unidade de Tucumã proveniente dos fornecedores da sua unidade de Marabá, que estão incluídos, atualmente, no “procedimento para compra de gado” em fase de implementação naquela unidade.’ Carta da IFC a Douglas Oliveira, Diretor Financeiro da Bertin, 3 de março de 2008 ‘A criação de gado se caracteriza pelo uso intensivo da terra e, portanto, a má gestão das atividades de pasto pode levar à expansão nas áreas fronteiriças à floresta, podendo causar impactos sobre habitats naturais e sítios culturais, e/ou sobre comunidades indígenas. O problema é especialmente sério se considerarmos a cadeia de suprimento da Bertin e o potencial de desmatamento ilegal futuro/passado por alguns de seus fornecedores de gado. Esta é uma preocupação principalmente no caso das atividades pecuárias da Bertin associadas a unidades de processamento de alimentos e curtumes localizados no Pará, que fica na região amazônica. Além disso, há diversas reservas de povos indígenas na área de influência das operações da Bertin […]. As preocupações aumentam quando consideramos a extensa cadeia de suprimento da Bertin.’ Banco Interamericano de Desenvolvimento (IADB) ‘Bertin capital expenditure and refinancing program environmental and social strategy’ 2007

O relatório de Avaliação do Impacto Social e Ambiental 2006 da IFC sobre a Bertin destaca o município de São Félix do Xingu (PA) como sendo ‘mais suscetível a desmatamento’ já que faz parte das ‘novas fronteiras do estado’ e tem muitas áreas de floresta não protegida.75 O estudo assinala que ‘o aumento da demanda por animais para abate, principalmente depois da abertura para os mercados externos, exercerá pressão no sentido de aumento das áreas de pastagem em [São Félix do Xingu]. Portanto, espera-se, no futuro, uma extensão do desmatamento na […] direção oeste [São Félix do Xingu]’.76 São Félix do Xingu é um município embargado para desmatamentos pelo governo federal. A análise das imagens de satélite conduzida pelo Ministério do Meio Ambiente revela que São Félix tinha, em 2008, a maior área de desmatamento de todos os municípios da Amazônia: cerca de 76.300 hectares.77 Análise feita pelo Greenpeace de imagens de satélite mostra áreas de desmatamento no município após a decretação do embargo governamental.78 Em setembro de 2007, a Bertin informou ao IFC que estava em negociação para alugar (com opção de compra) o frigorífico de Tucumã (capacidade de abate de 500 cabeças por dia), próximo a São Félix do Xingu.79 Considerando-se os ‘riscos conhecidos, sociais e ambientais, associados ao processamento de carne na região’,80 a IFC e a Bertin assinaram um protocolo que estipula medidas a serem tomadas pela Bertin para mitigar o impacto ambiental do frigorífico. O ponto crucial desse protocolo é a concordância da Bertin em só processar, na unidade de Tucumã, gado proveniente de fornecedores que estivessem cadastrados na cadeia de suprimento da unidade de Marabá, cumprindo o ‘procedimento para compra de gado’ imposto como condição para o empréstimo da IFC.81 O Greenpeace obteve dados sobre os limites registrados da Eldorado do Xingu, uma das maiores fazendas e fornecedores de gado na região de São Félix do Xingu. Embora esteja fora da AID (área de influência direta) do frigorífico da Bertin de Marabá, dados do governo sobre o setor indicam que essa fazenda forneceu muitas centenas de cabeças de gado a Tucumã em novembro e dezembro de 2008.82 Quase 27% dos 127.560 hectares da fazenda foram desmatados.83 Em 2006, a Eldorado do Xingu foi multada por desmatamento ilegal.84 Em um recente vôo de reconhecimento, o Greenpeace documentou várias áreas recém-desmatadas dentro dessa fazenda.85


38 Tabela 6: Análise das fazendas identificadas no Pará Nome da fazenda

Dono da fazenda

Localização no Pará

Tamanho da fazenda (hectares)

Desmatamento

Fora da área de fornecimento acordado pela IFC (AID)

Frigorífico que abastece

133,228

20-30

Bertin, Tucumã

396 (dezembro/2008janeiro/2009)

(% da fazenda)

Comércio identificado (cabeças de gado/data) *

32

Eldorado do Xingu

Eldorado do Xingu S.A. Agrícola Pastorial e Industrial / Agropecuária Santa Barbara Xinguara S.A.

Tucumã

33

Vale Verde

Rafael Saldanha de Camargo

São Félix do Xingu

n/d

n/d

Bertin, Tucumã

1557 (junho/2008janeiro/2009)

34

Tapete Verde

Helio Moreira Alves

São Félix do Xingu

n/d

n/d

Bertin, Tucumã

49 (outubrodezembro/2008)

NOTA: * Acesso limitado a dados.

A Bertin recebe suprimento de fazendas de gado localizadas em áreas protegidas. As leis brasileiras proíbem a pecuária por não-índios em terras indígenas; proíbem também que qualquer pessoa não-indígena ocupe terras dentro de Terras Indígenas.88 Portanto, a presença de fazendas de gado dentro de terras indígenas é ilegal. O processo investigativo do Greenpeace, baseado em dados do governo sobre o setor, auditorias governamentais e vôos de reconhecimento, documentou o comércio entre uma fazenda ilegal de gado, localizada dentro da Terra Indígena Apyterewa, e o frigorífico da Bertin em Tucumã.89 Dados do governo sobre o setor90 obtidos pelo Greenpeace revelam que a fazenda Paragoiás forneceu gado, em setembro de 2008, à unidade da Bertin de Tucumã. A fazenda de 374 hectares, controlada por Edson Américo de Melo, situa-se na Terra Indígena Apyterewa.91 Segundo auditorias feitas em 2006, 2007 e 2008 pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), agência governamental responsável pela gestão dos assuntos relativos aos povos indígenas, há 1159 áreas ocupadas dentro da Terra Indígena Apyterewa.92 A análise do INPE mostra que mais de 55.500 hectares da Terra Indígena Apyterewa (cerca de 7% da área total) foram desmatados. A análise dos dados de satélite mostra que a maior parte desse desmatamento é recente.93 Vôos do Greenpeace sobre a região mostram que a maior parte da área desmatada está ocupada por fazendas de gado. 32

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

Fazendo a conexão dos dados oficiais do governo sobre o setor com publicações oficiais das listas de multas por desmatamento ilegal, o Greenpeace conseguiu determinar a localização aproximada de outros fornecedores, mas não os limites das propriedades, que permitiriam a análise do desmatamento. O maior dos fornecedores identificados da unidade de Tucumã, localizado no município sob embargo de São Félix do Xingu, a fazenda Vale Verde, que forneceu mais de 3.000 cabeças de gado no segundo semestre de 2008 e início de 200986. A Vale Verde, que está fora da AID, foi multada por desmatamento ilegal pelo menos uma vez desde 2003.87 Além disso, por meio de pesquisas de campo e vôos de reconhecimento, o Greenpeace pôde documentar fazendas que fornecem gado à unidade, criado em áreas florestais desmatadas ilegalmente.

Eldorado do Xingu

0

15000 M

Desmatamento até 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Lago Limite da fazenda Floresta


39 Número de fazendas identificadas que fornecem para o frigorífico de tucumã

1–10 11–25 26–50 51–100

Frigorífico Limite do Pará Limite da AID Limite do município Município embargado

Cerca de 80 fazendas no município embargado de São Félix do Xingu forneceram mais de 20.000 cabeças de gado

13

Tapete Verde 34

Vale Verde 33 32

Tucumã

Eldorado do Xingu

Terra Indígena Desmatamento


40

o greenpeace investiga

escravos da moda

Durante o rastreamento das empresas e de sua ligação com o desmatamento ilegal, a investigação do Greenpeace descobriu o comércio entre fazendeiros envolvidos em casos de trabalho análogo ao escravo e os principais exportadores de carne bovina e couro. O governo brasileiro lançou um plano de ação nacional contra o trabalho escravo em 2003. Em maio de 2005, foi assinado, por várias empresas públicas e privadas, um Pacto Nacional contra o Trabalho Escravo, coordenado pela International Labour Organisation (ILO) e pelo Instituto Ethos de Responsabilidade Social, no qual todas concordaram em não comprar produtos envolvidos com mão-de-obra análoga à escrava.95 Bertin, Independência, JBS e Marfrig são todas membros da ABIEC,96 – Associação Brasileira de Exportadores de Carne – signatária do Pacto.97 Bertin e JBS também são signatárias individuais.98

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

Tabela 6: Frigoríficos no Mato Grosso e fornecedores identificados associados a trabalho análogo ao escravo94 Frigorífico

Fornecedor

Nome da fazenda

Cidade, Estado

Data de entrada na ‘Lista Suja’

Data das vendas para o frigorífico

Compradores diretos do frigorífico (somente Brasil)

Independência (Juína)

Gilson Mueller Berneck

Paraná

Brasnorte, MT

julho/2008

março-novembro/ 2007, julho e novembro/2008

Sadia (Varzea Grande/MT), International Food Company (Itupeva/SP)

Independência (Juína)

Gilson Mueller Berneck

São Bernardo

Brasnorte, MT

julho/2008

abril a novembro/2007, julho e outubro/2008

Sadia (Varzea Grande/MT), International Food Company (Itupeva/SP)

Marfrig (Tangará da Serra)

Antenor Duarte do Valle

Maringá

Comodoro, MT

junho/2004

janeiro a dezembro/2007

Carrefour Brasil, Makro Brasil

Marfrig (Tangará da Serra)

Renato Bernardes Filgueiras

Santa Eulália

Tapurah, MT

dezembro/2006

junho/2007, dezembro/2007

Carrefour Brasil, Makro Brasil

Bertin (Água Boa)

Daniel de Paiva Abreu

Santa Terezinha

Santa Terezinha, MT

dezembro/2008

abril/2007, janeiro/2008

Bertin (Lins, SIF 337); Bertin (Guaiçara - fábrica de ossinhos de cachorro)

JBS (Barra do Garças)

Daniel de Paiva Abreu

Santa Terezinha

Santa Terezinha, MT

dezembro/2008

junhooutubro/2008

Carrefour Brasil, Makro Brasil


41

Ligações da Independência com mão-de-obra análoga à escravidão

Ligações da Marfrig com mão-de-obra análoga à escravidão

Em julho de 2008, Gilson Mueller Berneck passou a integrar a ‘Lista Suja’. Ele foi indiciado por manter 47 trabalhadores em condições de escravidão em duas de suas fazendas: Paraná e São Bernardo, ambas em Brasnorte (MT).99 A fazenda Paraná tem 40.000 ha e 20.000 cabeças de gado, além de uma plantação de teca.100 A área da fazenda São Bernardo e seu rebanho não foram documentados. Entretanto, a fazenda foi multada em R$ 2,77 milhões pelo desmatamento ilegal de 1.850 hectares.101 A inspeção do Ministério do Trabalho foi feita em abril de 2007.102 Segundo consta, alguns dos trabalhadores se encontravam nas fazendas sem receberem salários regulares desde 2005.103

Em junho de 2004, Antenor Duarte do Valle passou a integrar a ‘Lista Suja’. Ele foi indiciado por manter 188 trabalhadores em condições de escravidão em fazendas em Maringá.106

Informações do governo revelam que a Independência continuou comprando gado de Berneck até novembro de 2008.104 Dados sobre as exportações indicam que, em 2008, a unidade da Independência de Juína supriu as unidades de processamento de couro para exportação, em Nova Andradina (MS), que fornecem couro ao Gruppo Mastrotto, TanTec Leather, Natuzzi, HTL e Prime Asia. Em 2008, a unidade da Independência de Juína supriu as unidades de processamento de carne bovina de exportação em Cajamar (SP), que forneceram carne bovina diretamente às empresas Cremonini (Inalca & Marr Russia) e International Food Company, cujos clientes incluem o fabricante de charque ‘Jack Links’.105

Antenor Duarte do Valle continua na ‘Lista Suja’ até hoje.107 Sabe-se que a unidade da Marfrig de Tangará da Serra compra gado das fazendas de Antenor Duarte do Valle no Mato Grosso. Entre janeiro e dezembro de 2007, ele forneceu 3.689 cabeças de gado de Maringá à Marfrig de Tangará da Serra.108 Dados do governo sobre o setor109 revelam que em 2007, a unidade da Marfrig de Tangará da Serra recebeu gado de Renato Bernardes Filgueiras. Em dezembro de 2006, a fazenda de Renato Bernardes Filgueiras Santa Eulália, em Tapurah (MT), entrou na ‘Lista Suja’. Ele é acusado de manter 10 pessoas em condições de trabalho forçado em sua fazenda.110 Ligações da Bertin e da JBS com mão-de-obra análoga à escravidão Em dezembro de 2008, Daniel de Paiva Abreu passou a integrar a ‘Lista Suja’. Ele foi acusado de manter nove trabalhadores em condições de escravidão em sua fazenda de gado Santa Terezinha, em Santa Terezinha (MT).111 A inspeção do Ministério do Trabalho foi feita em julho de 2006.112 Dados do governo sobre o setor113 revelam que a unidade da Bertin em Água Boa (MT) e a unidade da JBS em Barra do Garças (MT) compram gado de Daniel de Paiva Abreu. Em abril de 2007, ele forneceu 308 cabeças de gado à Bertin de Água Boa. Em janeiro de 2008, ele forneceu 52 cabeças de gado à Bertin de Água Boa. Entre junho e outubro de 2008, ele forneceu 889 cabeças de gado à JBS de Barra do Garças. Dados do governo sobre o setor114 revelam que a unidade da Bertin em Marabá (PA) compra gado de fornecedores que não figuram na ‘‘Lista Suja’’ de fevereiro de 2009, mas sim em listas anteriores.115 Em 2008, o frigorífico da Bertin em Marabá comprou gado da fazenda Colorado, controlada por Roque Quagliato e outros.116 Em 2003, Roque Quagliato foi acusado de manter 81 pessoas em condições de trabalho escravo em sua fazenda.117


42

referências: 1

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

FAO ‘State of the world’s forests 2009’ www.fao.

18 MAPA (2009): 4

dados disponíveis mais recentes)

org/docrep/011/i0350e/i0350e00.HTM. Tabela 2

19 de Melo Saab (2008)

2

IPCC (2007c)

ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/011/i0350e/i0350e04b.pdf

20 1998 304Mt, 2008 1,801Mt. Fonte:

3

Banco Mundial (2006)

10 Estima-se que 80% do desmatamento da

PSDOnline database

4

A pecuária na Amazônia brasileira causa

Amazônia (1,72 milhões ha/ano) sejam atribuíveis

21 MAPA (2009): A base de dados PSDOnline

mais desmatamento que o total de qualquer

à pecuária. Fonte dos 80%: Chomitz & Thomas

mostra números ligeiramente diferentes

outro país, exceto a Indonésia, onde há muitos

(2001): 14; Grieg-Gran (2006): 13; Presidência

22 Neste relatório, US$ indica dólares

elementos causadores de desmatamento:

da República (2004): 10; Barreto et al. (2008): 20

americanos, R$ indica Real.

a) A Indonésia tem o segundo maior índice de

citando IBGE (2006b); Greenpeace (2008a)

23 O couro representa 27%, carne processada

desmatamento, por área, depois do Brasil (1,87

11 Presidência da República (2004): 10

12% e carne fresca/congelada 61% do valor das

milhões ha/ano, 2000-2005). Fonte: FAO (2009)

12 Média de desmatamento da Amazônia

exportações de produtos bovinos. Fonte: SECEX

Tabela 2 ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/011/i0350e/

2000-2005 (dados do PRODES): 21.550,7km2;

(2009) cobrindo o código HS 16025000

i0350e04b.pdf

80% atribuíveis à pecuária: 17.241km2 (1.724.100

24 USDA FAS (2008a)

b) O desmatamento na Indonésia tem vários

hectares).

25 Ministério da Agricultura, Pecuária e

fatores determinantes. Por exemplo:

13 A pecuária na Amazônia responde por cerca

Abastecimento – Crédito Rural no Brasil,

O IIED estima que os percentuais de uso da terra

de 14% do desmatamento anual (1,72 milhões ha/

planilhas consolidadas por safra

após desmatamento sejam: óleo de palma (32%),

ano de desmatamento da Amazônia atribuíveis

www.agricultura.gov.br

borracha (30%), arroz (19%) e mandioca (19%).

aos criadores de gado e 12,57 milhões ha/ano de

26 Chomitz and Thomas (2001): 14; atribui até

Fonte: Grieg-Gran, M (2006): 13

desmatamento mundial bruto):

90% à pastagens, incluindo terras abandonadas;

A Wetlands International estima que as

a) Média de desmatamento da Amazônia 2000-2005,

Grieg-Gran (2006): 13 extrapola a partir dos

concessões feitas para exploração do óleo

2,15 milhões ha/ano. Fonte: INPE PRODES (2009)

números obtidos por Chomitz/Banco Mundial

de palma e da madeira (principalmente para

b) 80% do desmatamento da Amazônia (média de

nos quais 77% das áreas desmatadas são

a indústria de papel) tenham sido os grandes

1,72 milhões ha/ano em 2000-2005) são atribuíveis

usadas como pastagens + ~10% áreas de pastos

determinantes do desmatamento na Indonésia,

à pecuária. Fonte dos 80%: Chomitz & Thomas

abandonados; Presidência da República (2004):

particularmente na turfa: 42% (7,48 milhões ha)

(2001): 14; Grieg-Gran (2006): 13; Presidência

10 estabelece que gado é responsável por 80%

para óleo de palma e 58% (10,34 milhões ha)

da República (2004): 10; Barreto et al. (2008): 20

das áreas desmatadas na região Amazônica ;

para madeira. Fonte: Hooijer et al (2006) Tabela 4

citando IBGE (2006b); Greenpeace (2008a)

Barreto et al. (2008): 20 citando IBGE (2006b)

Concessões na turfa da Indonésia.

c) Desmatamento mundial bruto 2000-2005,

conclui que 75%–81% das terras desmatadas até

5

12,57 milhões ha/ano. (12,57 milhões ha

2005 têm sido ocupadas por gado; e Greenpeace

de 14% do desmatamento anual (1,72 milhões ha/

desmatados - 5,26 milhões ha de reflorestamento

(2008a) conclui a partir de analyses de dados de

ano de desmatamento da Amazônia atribuíveis

= 7,31 milhões ha de desmatamento líquido).

satélite que em 2006, a pecuária ocupava cerca

aos criadores de gado e 12,57 milhões ha/ano de

Fonte: FAO (2009) Tabela 2 ftp://ftp.fao.org/

de 80% das áreas já em uso na região Amazônica

desmatamento mundial bruto):

docrep/fao/011/i0350e/i0350e04b.pdf

(77% ou 79.5% se o Maranhão for excluído).

a) Média de desmatamento da Amazônia 2000-2005,

14 A pecuária na Amazônia brasileira causa

27 Por exemplo, Barreto et al (2008) – veja o

2,15 milhões ha/ano. Fonte: INPE PRODES (2009)

mais desmatamento que o total de qualquer

relatório principal

b) 80% do desmatamento da Amazônia (média de

outro país, exceto a Indonésia, onde há muitos

28 A análise comparou as imagens de satélite

1,72 milhões ha/ano em 2000-2005) são atribuíveis

elementos causadores de desmatamento:

que mostram a área total de desmatamento da

à pecuária. Fonte dos 80%: Chomitz & Thomas

a) A Indonésia tem o segundo maior índice de

Amazônia entre julho de 2006 e julho de 2007

(2001): 14; Grieg-Gran (2006): 13; Presidência

desmatamento, por área, depois do Brasil (1,87

com a área das licenças de desmatamento

da República (2004): 10; Barreto et al. (2008): 20

milhões ha/ano, 2000-2005). Fonte: FAO (2009)

concedidas pelo IBAMA e agências locais

citando IBGE (2006b); Greenpeace (2008a)

Tabela 2 ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/011/i0350e/

de proteção ambiental na região amazônica

c) Desmatamento mundial bruto 2000-2005,

i0350e04b.pdf

(excluindo Tocantins e Maranhão). O cálculo

12,57 milhões ha/ano. (12,57 milhões ha

b) O desmatamento na Indonésia tem vários

exclui casos de posseiros. Fonte: Greenpeace

desmatados - 5,26 milhões ha de reflorestamento

fatores determinantes. Por exemplo:

(2008c): 7

= 7,31 milhões ha de desmatamento líquido).

O IIED estima que os percentuais de uso da terra

29 Brito e Barreto (2009)

Fonte: FAO (2009) Tabela 2 ftp://ftp.fao.org/

após desmatamento sejam: óleo de palma (32%),

30 Medida Provisória 458/09 www.camara.gov.

docrep/fao/011/i0350e/i0350e04b.pdf

borracha (30%), arroz (19%) e mandioca (19%).

br/sileg/integras/632500.pdf

6

WRI (2005)

Fonte: Grieg-Gran, M (2006): 13

31 Projeto de Lei PL 6424/2005

7

Saatchi et al (2007)

A Wetlands International estima que as

e Projeto de Lei PL 5367/2009

8

Uma tonelada de carbono (C) corresponde

concessões feitas para exploração do óleo

www.camara.gov.br

a 3,6667 toneladas de CO2. Portanto, o CO2 dos

de palma e da madeira (principalmente para

32 BNDES (2009) p64, 267-269

depósitos estimados de carbono na Amazônia é

a indústria de papel) tenham sido os grandes

33 Bertin - documento confidencial (dezembro

293–440Gt. As emissões de GEE dos EUA no ano

determinantes do desmatamento na Indonésia,

de 2008): 14 e dados confidenciais do setor

2000 incluindo LULUC e bunkers internacionais

particularmente na turfa: 42% (7,48 milhões ha)

obtidos pelo Greenpeace.

foi de 6,57Gt CO2e. Fonte: WRI CAIT Versão 6.0.

para óleo de palma e 58% (10,34 milhões ha)

34 JBS (2008) Relatório Anual 2007

9

para madeira. Fonte: Hooijer et al (2006) Tabela 4

35 Marfrig (2009b): 2

WRI CAIT Version 6.0 – números de 2000 (os

A pecuária na Amazônia responde por cerca

Média de desmatamento da Amazônia 2000-

2005 (dados do PRODES): 21.550,7km2. Resto

Concessões na turfa da Indonésia.

36 BNDES ‘The Company’ www.bndes.gov.

do mundo (total): 7.317.000 hectares/ano do total

15 PSDOnline database

br/english/thecompany.asp acessado em 12 de

do mundo. Maior desmatamento por área depois

16 PSDOnline database

maio de 2009

do Brasil = Indonésia –1,871,000 hectares. Fonte:

17 UN (2007)

37 BNDES (2009) p64, 267-269; Minerva (2009b)


43

38 IFC (2009)

2008): 27

39 Cartas ao Greenpeace das empresas que

65 Governo do Brasil (2008)

Demonstrativo de Ocupantes Não-Índios – Terra

compram carne bovina ou couro do Brasil de

66 Governo do Brasil (2008))

Indígena Apyterewa 2006, 2007 e 2008.

fornecedores que incluem Bertin, JBS e Marfrig.

67 Por exemplo, BNDES (2009):64, 267-269;

90 Ministério Público Federal – Procuradoria da

As empresas em questão incluem produtores

Minerva (2009b)

República no Pará data held by Greenpeace

de carne bovina processada de marca,

68 Medida Provisória 458/09 www.camara.gov.

91 FUNAI. Quadro Demonstrativo de

supermercados, empresas processadoras de

br/sileg/integras/632500.pdf

Ocupantes Não-Índios – Terra Indígena

alimentos e fabricantes de veículos

69 Projeto de Lei PL 6424/2005

Apyterewa 2006, 2007 e 2008.

40 Página de Internet Cadeia de Suprimentos

www.fiepr.org.br/fiepr/conselhos/meio_

92 FUNAI. Quadro Demonstrativo de

do NHS

ambiente/uploadAddress/PL%206424%20

Ocupantes Não-Índios – Terra Indígena

41 PIERS South American Trade Database,

05%5B42336%5D

Apyterewa 2006, 2007 e 2008.

janeiro-dezembro 2008; Página da internet

70 Banco Mundial (2006)

93 GEOMA/INPE (2008)

International Center for Foodstuffs, ‘Clients’

71 do Valle (2008)

94 Ministério Público Federal – Procuradoria da

www.international-center.com/clients.htm

72 Ministério do Desenvolvimento da Alemanha

República no Mato Grosso – dados obtidos pelo

acessado em 7 de maio de 2009

(2008) – até março de 2009, o BNDES não citava

Greenpeace; MTE (2009)

42 FAO (2008): xxvii

nenhum outro doador (www.bndes.gov.br/

95 ILO (2006)

43 SATRA/SAFLIA (2007)

noticias/2009/not036_09.asp)

96 Morata (2008)

44 FAO (2008): xxvii

73 CDP (2009)

97 Repórter Brasil website: ‘Signatários do

45 FDI.net (2009)

74 Para conhecer a íntegra da proposta do

Pacto Nacional pela erradicação do trabalho

46 Bertin - documento confidencial (dezembro

Greenpeace sobre o fundo Florestas para o

escravo’ www.reporterbrasil.org.br/pacto/

de 2007): 23

Clima (Mecanismo de Redução de Emissões por

signatarios viewed 15 May 2009

47 Bertin - documento confidencial (junho de

Desmatamento em Áreas Tropicais - TDERM),

98 Repórter Brasil website: ‘Signatários do

2008): 27

visite www.greenpeace.org/international/press/

Pacto Nacional pela erradicação do trabalho

48 Página da Internet Eagle Ottawa,

reports/forestsforclimate2008.

escravo’ www.reporterbrasil.org.br/pacto/

‘Customers’

75 Arcadis Tetraplan (2006): 11

signatarios viewed 15 May 2009

www.eagleottawa.com/Index.

76 Arcadis Tetraplan (2006): 11

99 MTE (2009)

aspx?PageId=40&gid=0&cid=EN acessado em

77 Personal communication with the

100 Repórter Brasil (2008), Repórter Brazil (2007)

13 de maio de 2009

Environment Ministry (MMA)

101 IBAMA (2008b)

49 FAO (2008): 165

78 Investigação do Greenpeace 2007–2009

102 Repórter Brasil (2008) .

50 MIPEL (2008)

79 IFC website, ‘Projeto Bertin’ www.ifc.org/

103 Repórter Brasil (2008)

51 PIERS South American Trade Database,

ifcext/disclosure.nsf/Content/Brazil_Bertin

104 Ministério Público Federal – Procuradoria

janeiro-dezembro 2008 e dados confidenciais do

viewed 10 May 2009

da República no Mato Grosso data held by

setor obtidos pelo Greenpeace.

80 IFC website, ‘Projeto Bertin’ www.ifc.org/

Greenpeace

52 Comunicação confidencial do setor,

ifcext/disclosure.nsf/Content/Brazil_Bertin

105 PIERS South American Trade Database

fevereiro de 2009; Link para Prada estabelecido

viewed 10 May 2009

janeiro-dezembro 2008

da República no Pará; FUNAI. Quadro

pelo acesso à página de Internet Rino

81 IFC (2008)

106 MTE (2009)

Mastrotto/ ‘Lottare per lo sviluppo’ www.

82 Ministério Público Federal – Procuradoria da

107 MTE (2009)

rinomastrottogroup.com/uk/link2.html

República no Pará data held by Greenpeace

108 Ministério Público Federal – Procuradoria

53 Gruppo Cremonini (2002)

83 Página de Internet INPE PRODES. O

da República no Mato Grosso data held by Greenpeace

54 PIERS South American Trade Database,

processo de registro de terras no INCRA (nº

janeiro-dezembro 2008.

54600.001895/2001-59) mostra áreas totais

109 Ministério Público Federal – Procuradoria

55 Halliday (2009)

conflitantes para a fazenda Eldorado do Xingu.

da República no Mato Grosso data held by

56 McGarrigle (2008)

Documentos de 2001, apensados ao processo,

Greenpeace

57 Eurostat External Trade Data, dados incluem

mostram que o proprietário da Eldorado do Xingu

110 MTE (2009)

todos os códigos HS englobados pelo código

declarou uma área de 123.683 ha. Documentos

111 MTE (2009)

160250, descarregado em 16 de abril de 2009

de 2007, do mesmo processo, mostram que

112 MPF (2008)

58 PIERS South American Trade Database,

o proprietário começou a pagar o imposto

113 Ministério Público Federal – Procuradoria

janeiro-dezembro 2008.

territorial rural referente a uma área de 118.996

da República no Mato Grosso data held by

59 Unilever Chief Financial Officer Jim

ha. Em dezembro de 2007, em outro anexo ao

Greenpeace

Lawrence, 2008

processo, um técnico do INCRA descreve a área

114 Ministério Público Federal – Procuradoria da

60 O varejista francês Casino Guichard-Perrachon

como tendo 127.000 ha. Não há explicação para o

República no Pará data held by Greenpeace

SA detém 34,3% das ações da Cia. Brasiliera de

aumento da área da fazenda.

115 MTE (2003)

Distribuição, parte do Grupo Pão de Açúcar.

84 IBAMA (2008b)

116 Ministério Público Federal – Procuradoria da

61 French retailer Casino Guichard-Perrachon

85 Investigação do Greenpeace 2007–2009

República no Pará data held by Greenpeace

SA owns a 35.4% stake in Cia. Brasiliera de

86 Ministério Público Federal – Procuradoria da

117 MTE (2003)

Distribuicao source: Groupe Casino (2009)

República no Pará data held by Greenpeace

62 Banc of America Securities LLC (BAS) (2007): 6

87 IBAMA (2008b)

63 Bertin - documento confidencial (junho de

88 Lei 6001, 19 December 1973

2008): 12

89 Investigação do Greenpeace 2007-2009;

64 Bertin - documento confidencial (junho de

Ministério Público Federal – Procuradoria


44

Junho de 2009 Publicado pelo Greenpeace Brasil São Paulo Rua Alvarenga, 2.331 Butantã – 05509-006 São Paulo-SP Manaus (Campanha Amazônia) Av. Joaquim Nabuco, 2.367 Centro – 69020-031 Manaus-AM

O Greenpeace é uma organização global e independente que promove campanhas para defender o meio ambiente e a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos.

A FARRA DO BOI NA AMAZÔNIA

Nós investigamos, expomos e confrontamos os responsáveis por danos ambientais. Também defendemos soluções ambientalmente seguras e socialmente justas, que ofereçam esperança para esta e para as futuras gerações e inspiramos pessoas a se tornarem responsáveis pelo planeta.


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