Lampejos de Formação Estética

Page 1

D E F O R M A Ç Ã O E S T É T I C A

Catálogo virtual da atividade cultural exibida no evento "II DIÁLOGOS DO GT07 da Anped com a Educação Infantil" http://fiar.sites.uff.br/ DEZEMBRO, 2022

A beleza é uma necessidade epistemológica; aisthesis é como conhecemos o mundo. E Afrodite é a sedução, a nudez das coisas como elas se revelam para a imaginação sensual.

Mais do que nunca, precisamos da beleza. Mais do que nunca, precisamos imaginar futuros possíveis Pois, amiga, amigo, irmã, irmão, camaradas: Que tempos vivemos! Medo, ódio, violência, tanto horror nos avizinhou. Que tempos! Vida ameaçada Repressão da beleza Desejos contidos Sentimentos sufocados Liberdade cerceada Mas, ainda tínhamos o céu, janela aberta ao devaneio! Não soltamos as mãos e seguimos, confiantes, tecendo o amanhã. Em tempos sombrios Uma faísca de beleza faz a diferença Respingos de cores... delicadeza Uma canção... clarão de esperança Olhares pelos territórios... sentidos animados Imagens de memórias... centelha de afeto despertado Encontros com a arte, no museu... deslocamentos. Aquecer as mãos com o fogo da criação... libertação

Em tempos de indiferença, de descaso com a existência o instante, ainda que fugaz, com Afrodite, pode acender “coisas por dentro”, lampejando beleza pulsando energia…

Estesia Força Poesia Arte Partilha

“Lampejos de formação estética” quer ser um convite à beleza do ínfimo. Um chamado a reparar a artesania, na singularidade do ato criativo que compõe, que junta, que dispõe, com cuidado e atenção, tonalidades, formas, cores, sons, paisagens, palavras: estesia.

Faíscas de possibilidades criativas. Experimentação. Feito à mão. Autoria. Imaginação. Ousadia. Assombro Transformação.

Belezas são conexões, de empatia, de atenção, de abertura, de cuidado. Com o pensamento que passa pelo coração. “Lampejos de formação estética” traz, em seu tecido propositivo, o desejo de “acender coisas” por dentro daqueles e daquelas que se colocam em relação.

A beleza é uma necessidade. A dimensão estética é constitutiva da vida: “É o contrário da indiferença e da negligência, do conformismo, da falta de participação e de emoção” (Vea Vecchi, 2017, p.28).

E como se chega à beleza? , como diria Carl Gustav Jung. Ou, como cantou o cancioneiro: “Beleza só se tem, quando se acende a lamparina. Iluminando a alma, é que se entende a própria sina”. Para capturar a beleza, ser envolvido pela beleza, é essencial “estar na alma”, naquele lugar intermediário, sede da poesia, que provoca a resposta estética, segundo a antiga filosofia fiorentina: o coração.

Esse in anima

Na busca, no vaguear por territórios limiares, deixando-se espantar, sorrindo, chorando, sentindo, pensando, intuindo, sensualizando. No encontro com a arte, a cultura, a naturezana experimentação, na fruição, na contemplação, na criação, no feito à mão: percursos re-animados.

Cá está uma marca dos lampejos de pesquisas fiandeiros que aqui trazemos: a partilha do gesto simples e afetuoso de quem responde ao chamado de Afrodite e deseja mais beleza pelas veredas da educação infantil e da formação docente. O desejo de aquecer, no sentimento e no pensamento toda a gente que faz, e se faz, no coletivo, com lampejos de estesia, afirmando que boniteza e decência, ética e estética são inseparáveis e imprescindíveis! Como cintilações, faíscas de experiências estéticas de suas criadoras e de seus criadores, os lampejos contam histórias, convidam à rememoração e à experimentação de novos itinerários. Fazem interpelações que não esperam respostas, mas desejam mobilizar sentidos, pensamentos, sentimentos.

"Lampejos de formação estética” é uma composição de seis peças em vídeo, criadas coletivamente pelo Círculo de estudo e pesquisa Formação de professores, Infância e arte - FIAR, da Universidade Federal Fluminense, a partir das pesquisas desenvolvidas por fiandeiros e fiandeiras que integram o círculo.

Transitar entre os extremos de uma cidade, reparando seus contrastes, em paisagens que revelam, também, desigualdades, provoca pensamento, mobiliza sentidos. Aprendizagem. Caminhar, olhar, reconhecer vozes, cores, texturas, movimentos do território periférico, deslocar o olhar habituado, é abrir-se à estesia: entre o caos e os contrastes, há uma vida que pulsa. Há beleza. Basta querer olhar, ir além das retinas fatigadas. Caminhar é encontrar!

O que se revela na caminhada pelo território?

AUTORA: LAÍS VILELA

Na fotografia, arte e história se cruzam, se entrelaçam Entre a paisagem E a máquina fotográfica Lá está o saber-fazer do fotógrafo

A capturar nuanças da vida, traços da cidade Olhar as fotografias Puxar fios do passado Sentir o sabor-frescor das lembranças

Na foto: um lugar, um tempo

Na foto: afeto Na foto: rememoração Flashes de formação estética

Que lugar da cidade habita sua memória?

AUTORA: GRAZIELA MELLO

har fazia parte do cotidiano, a natureza fazia parte de mim. Fui crescendo e essas experiências espontâneas foram se afastando e ficando mais formais e distantes. Os desenhos começaram a ficar guardados em mim..." (Xênia Motta)

Você ainda desenha, ou precisa se libertar? AUTORA:

XÊNIA MOTTA

tempo, um tempo suspenso Onde há espaço para conhecer, para se reconhecer Espaço de conversar, de narrar, de ouvir, de compartilhar Casa das memórias, das lembranças, Casa de poder, de poder pensar, de poder repensar Casa do estranhamento, do encantamento Casa dos afetos, dos sonhos Quem vê? Quem é visto?

Afinal, pra quê o museu?

AUTORA: SIMONE BIBIAN

nal a ciência

O modo africano de viver Exerceu grande influência E o negro brasileiro Apesar de tempos infelizes Lutou, viveu, morreu e se integrou Sem abandonar suas raízes Por isto o quilombo desfila Devolvendo em seu estandarte A história de suas origens Ao povo em forma de arte (Nei Lopes & Wilson Moreira)

Quais são suas referências negras?
AUTORA: GREICE DUARTE

g p Na companhia da poesia de Cora Coralina

Acende a chama dos sentidos: faz sonhar. Pisar o chão, flanar, aguça o olhar Ilumina cantos escondidosdentro e fora do flâneur A beleza pode ser capturada, vagamente, esteticamente, pela cidade Pelas tramas do pensamento do coração, podemos nos (re) fazer em sonhos e experimentações.

Que territórios te inspiram, impulsionam sonhos e experimentações de estesia?
AUTOR:

[A arte] nos coloca em conflito, física e emocionalmente, com o que, de fato - mas, na maioria das vezes, sem que estejamos conscientes, surpreende-nos, ocupa-nos e preocupa; assombra-nos, age em nós e agitanos; mas também nos anima com o que de mais distante há em nós, dando-nos, finalmente, a ver e a perceber, a viver e a pensar. Porém, sob a condição de engajar se realmente no encontro e no confronto e, se possível, com a mãos.

Gaillard, 2010

TEMPO
ANUNCIA
TEMPO
PARA ENFRENTAR OS DESAFIOS POSTOS AO PARA ENFRENTAR OS DESAFIOS POSTOS AO
QUE SE
PARA O BRASIL, PARA A
QUE SE ANUNCIA PARA O BRASIL, PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL, PARA NOSSAS VIDAS: EDUCAÇÃO INFANTIL, PARA NOSSAS VIDAS: ANIMEMO NOS! ANIMEMO NOS! CULTIVEMOS BELEZAS! CULTIVEMOS BELEZAS!

Laís Vilela

Doutora em Educação UFF Pesquisadora no FIAR
da Motta Mestre em Educação UFF Pesquisadora no FIAR Graziela Mello Mestranda em Educação UFF Pesquisadora no FIAR
Xênia

Simone

José

Greice Duarte

Pós Doutorando em Educação UFF Pesquisador no FIAR
Firmino Doutora em Educação UFF Pesquisadora no FIAR
Pesquisadora
Bibian Doutoranda em Educação UFF
no FIAR

DERDYK, Edith. Linha ato criador. São Paulo:Intermeios, 2012.

GAILLARD, Christian. Jung e a arte. Pro-posições, Campinas, v. 21, n.2 (62), p. 121-148, mai/ago.2010.

HILLMAN, James. Cidade e alma. São Paulo:Nobel, 1993.

VECCHI, Vea. Arte e criatividade em Reggio Emilia. São Paulo:Phorte Editora, 2017.

PRODUÇÃO
TÉCNICA REALIZAÇÃO TEXTO E COORDENAÇÃO GERAL Greice Duarte Luciana Ostetto

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.