Brechas urbanas

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Greyci Backes Bolzan Prof. Orientadora Ana Paula Neto de Faria Trabalho Final de Graduação I - Ênfase em Espaços Abertos Prof. Responsável Ana Lúcia Costa de Oliveira FAURB | UFPEL 2017


BRECHAS URBANAS


RESUMO As cidades brasileiras vêm sofrendo diversas alterações em suas características sociais, morfológicas e econômicas. Dentre essas mudanças que ocorreram nos últimos anos, chama a atenção a constante presença de favelas e comunidades nas periferias dos grandes centros, bem como a diminuição vertiginosa das massas vegetais nesses lugares. Sendo assim, o presente trabalho possui como diretriz principal o plantio urbano como uma ocupação do espaço e geração de receita para pessoas de baixa renda, através da criação de soluções tipo de hortas urbanas em diferentes cenários dentro de comunidades. Para tanto, serão estudados os aspectos socioeconômicos e de morfologia geral de sete comunidades do Rio de Janeiro (Complexo da Maré, Complexo do Alemão, Mangueira, Morro de Santa Marta, Morro dos Macacos, Rocinha e Vidigal). A partir dessas análises as sete favelas serão caracterizadas e agrupadas de acordo com as suas similaridades, sendo escolhido um desses grupos para a aplicação do projeto, bem como a identificação dos principais agentes indutores das hortas. Uma vez que o trabalho permeia o planejamento e o desenho urbano, três frentes serão adotadas para a execução do projeto: o espaço público, vazios e interstícios urbanos presentes entre a habitação e a área de circulação das favelas; o espaço privado, que compreende micro pátios, lajes e fachadas das casas; e por fim o desenvolvimento de uma tipologia de apoio a essas hortas.

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SUMÁRIO 01 02 03 04 05 06 07 08

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS - pág: 08 CONTEXTO HISTÓRICO - pág. 18 CONTEXTO SOCIAL - pág. 24 ANÁLISE URBANA - pág. 38 CONSIDERAÇÕES PARA PROJETO - pág. 84 AGRICULTURA URBANA - pág. 88 O PROJETO - pág. 100 ANEXOS - pág. 116

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01 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

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INTRODUÇÃO

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Desde 2007 o mundo presencia uma realidade nova, há mais pessoas morando em cidades do que no meio rural (LEITE, 2012). A cidade é o lugar onde são feitas trocas que vão desde os pequenos aos grandes negócios, há interações culturais e sociais, e também é o lugar onde há um crescimento desmedido do trabalho informal e consequentemente das favelas. Segundo a ONU, nos últimos 30 ou 40 anos o mercado imobiliário informal ou ilegal forneceu terrenos para a maioria dos acréscimos ao estoque de residências na maior parte das cidades do hemisfério Sul, fazendo com que haja um processo de favelização progressiva nas megacidades dos países em desenvolvimento (LEITE, 2012). Segundo o relatório anual do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) cerca de 2,2 bilhões de pessoas no mundo vivem em situação de pobreza, sendo que dentre estas, 842 milhões possuem crise de fome crônica, o que representa 12% da população (EXAME, 2014). Atualmente

mais de um milhão de pessoas vivem em favelas, número que se traduz em 31,6% da população mundial e este vem crescendo a uma taxa de 25% ao ano.Para 2020 as projeções da ONU apontam um cenário de 100 milhões de pessoas vivendo em favelas (LEITE, 2012), potencializando o movimento de queda do índice de desenvolvimento humano (IDH).Como medida para combater essa situação o PNUD defende a criação de respostas integrais, através do acesso universal a serviços básicos de proteção social e a participação da população na gestão dos municípios, contribuindo para a construção de atmosferas urbanas mais igualitárias e inclusivas. Além dos problemas sociais destacados, outro ponto a ser sublinhado é que com o crescimento exacerbado dos grandes centros urbanos, há um declínio da presença do meio natural dentro deles. Bardett (2008), indica que em 1900 o mundo possuía cerca de 10% de suas áreas cobertas pelo ambiente urbano e 90% pelo ambien-

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te natural, todavia a partir de 2007, o mesmo levantamento relacionando áreas construídas e o ambiente natural indica uma equiparação de porcentagens de ambos os meios. A projeção de Bardett (2008) para 2050 demonstra uma sobreposição do ambiente urbano em relação à natureza, chegando a apenas 25% das áreas do planeta com cobertura vegetal. Desta forma pode-se destacar que os edifícios e as superfícies impermeabilizadas das cidades diminuem a qualidade do ar e aumentam as temperaturas urbanas, culminando no surgimento das chamadas ilhas de calor. Estudos revelam que nos países em desenvolvimento, uma em cada três pessoas vive em favelas, tornando-se particularmente vulneráveis a problemas de saúde e riscos ambientais. Em resposta a essas questões, muitos urbanistas defendem que para o planejamento urbano sustentável deve-se levar três fatores em consideração: sociais, econômicos e ambientais. A partir disso, surgem movimentos como o Smart Decline, o qual tem como diretriz promover o planejamento verde em áreas deterioradas de forma a gerar novas oportunida12

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des de inovação e reinventar as cidades. Dentro dessa problemática que engloba muitas cidades brasileiras, o presente trabalho visa contribuir através do saber da Arquitetura e do Urbanismo, formas de amenizar os efeitos da desigualdade social presente nessas áreas urbanas e produzir paisagens mais verde.


A partir de estudos de caso relacionados aos conceitos de Desenho Urbano e Planejamento Urbano aplicados à metrópoles ao redor do mundo. Sugere-se a implantação de hortas urbanas administradas pela própria comunidade a fim de fortalecer as alianças entre os próprios moradores, gerar renda para pessoas de baixa renda e de restaurar parte da área que foi degradada para a instalação das favelas no local.

OBJETIVO O presente trabalho permeia o desenho e planejamento urbano, sem interferir na reurbanização das favelas estudadas. O foco não é o lugar e sim um modo de aplicação. Em termos gerais objetiva-se contribuir para identificar um modelo de horta urbana que possa ser implementada em diferentes situações e tipos de terrenos das favelas do Rio de Janeiro.

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RIO DE JANEIRO

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A cidade do Rio de Janeiro, situada no sudeste do Brasil, com 6.498.837 habitantes é a segunda maior metrópole do país e a sexta maior da América Latina. O município é um dos mais importantes centros econômicos, financeiros e culturais, além de um dos principais destinos turísticos internacionais do Brasil, uma vez que é conhecido pelos seus diversos ícones culturais e paisagísticos, sendo parte da cidade considerada Patrimônio Cultural da Humanidade, com o nome “Rio de Janeiro: Paisagem Carioca entre a Montanha e o Mar.” em 2012 pela UNESCO. O quadro paisagístico, formado pelos contrastes marcantes, entre montanhas e mar, florestas e praias, paredões rochosos subindo abruptamente de baixadas extensas, contribuiu para essa classificação da UNESCO. Este está filiado ao sistema da serra do Mar e recoberto pela floresta da Mata Atlântica, apresentando três importantes grupos montanhosos, alguns conjuntos de serras menores e morros isolados em meia a planícies circunda-

das por esses maciços principais (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2009). O clima predominante é o tropical quente e úmido, com chuvas abundantes no verão e invernos secos. Devido às diferenças de altitude, vegetação e proximidade do oceano, há variações locais da temperatura, sendo que a média anual é de 22º centígrados, com médias diárias elevadas no verão (de 30º a 32º); as chuvas variam de 1.200 a 1.800 mm anuais, tendo os ventos Nordestes e Sudestes como predominantes durante o ano (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO, 2009). Segundo o senso de 2010 do IBGE o Rio de Janeiro é a cidade brasileira com a maior população vivendo em aglomerados subnormais, possuindo 763 favelas onde 1.393.314 pessoas residem, ou seja, 22,04% dos 6.320.446 moradores do município. A cidade está à frente inclusive da maior metrópole do país, São Paulo, que possui uma população de 11.253.503 habitantes e apresenta um percentual de 11% desse total que

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vive em favelas e loteamentos irregulares. Essas informações foram essenciais para a escolha do estudo de caso e dentre essas favelas foram selecionadas sete comunidades; Complexo da Maré, Complexo do Alemão, Mangueira, Morro Santa Marta, Morro dos Macacos, Rocinha e Vidigal. O critério utilizado para essa seleção baseia-se na diversidade socioeconômica, morfológica e de histórico de formação entre elas.

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02 contexto HISTÓRICO

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A FAVELA: contexto HISTÓRICO

O surgimento das primeiras favelas se deu no século XVIII, durante o processo da revolução industrial na Inglaterra, os chamados “slum”. Esses lugares foram descritos por Charles Booth (1902) como “habitações delapidadas, com excesso de população, doenças e vícios”. Esse modo de ocupação multiplicou-se em todo o mundo depois da década de 70 devido 20

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As remoções dos anos 60 e 70 foram justificadas pelo “risco” de desabamento, uma vez que as favelas eram consideradas áreas não urbanizaveis. Atualmente, estão ocupadas por edifícios destinados a classe alta. NÃO URBANIZÁVEL PARA QUEM? às políticas econômicas ditadas pelo capitalismo neoliberal, uma vez que a decrepitude urbana cresce na medida da desigualdade econômica e do desinves-

timento municipal. Luis Kehl (2010) afirma que atualmente 6% da população urbana vive em favelas nos países desenvolvidos, enquanto


este percentual atinge 78,2% das pessoas dos países subdesenvolvidos, as causas locais da origem das favelas não são homogêneas e estão sempre associadas com a pobreza da população. As principais causas do surgimento desses assentamentos urbanos podem variar desde falta de habitação a custos adequados, êxodo rural, programas de governo mal conduzidos, guerras civis, população refugiadas, entre outras causas ligadas a problemas econômicos e sociais.

Hight Street Kensington, Londres - 1865 Brechas urbanas

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PANORAMA HISTÓRICO DA FAVELA NO RIO DE JANEIRO 1897: Surgimento da primeira

favela, necessidade de começar uma vida urbana em uma cidade carente de habitações com preços acessiveis. 1910: Prefeito Francisco Passos demoliu centenas de cortiços e favelas para dar espaço a “Haussmazinação do Rio”. 1937: Código de obras refere-se as favelas como “ABERRAÇÕES”. 1940: O Prefeito Henrique Dodsworth denomina as fave-

las como um problema de saúde pública e como responsável oficial do governo removeu as pessoas que moravam lá para “parques proletariados”. 1947: Fundada a Fundação Leão XIII com o objetivo de “dar assistência material e moral” aos moradores de favelas. Foram dadas orientações ideológicas, saneamento básico, luz, médicos, professores e maior conscientização ao público. 1950: Crescem os serviços bá-

sicos da favela. 1960: Operação Mutirão, contava o envolvimento dos morardores no processo de urbanização. O governo forneceu assistência na área de engenharia, e sobra de materiais de outras construções. 1964: O “milagre econômico” dos anos 60 e 70 faz com que haja uma grande migração de pessoas do interior para trabalhar na abertura da Av. Brasil e nas construções do entorno. 1968: Criação da Companhia

Morro da Providência, Rio de Janeiro - 1920

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Morro da Providência, Rio de Janeiro - 1968

de Desenvolvimento das Comunidades (CODESCO) que fornecia suporte técnico a moradores e empréstimos de longo prazo com juros baixos para a compra de materiais de construção por moradores. 1970: A Operação Mutirão e o CODESCO são suspensos, sendo criado a CHISAM (Coordenação de Habitação de Interesse Social da Área Metropolitana do Rio de Janeiro), a qual tinha como objetivo “limpar” a Zona Sul do Rio de Janeiro, começando assim as remoções. 1982: Lançamento do Projeto

Mutirão (municipal) do Projeto Cada Família Um Lote (estadual). O Projeto Mutirão pagou aos moradores um salário mínimo pelas horas de trabalho pela primeira vez. No total 17 comunidades se beneficiaram com projetos de urbanização. 1985: O analfabeto passa a ter o direito de voto, fazendo com que um quarto dos eleitores fossem moradores das favelas. 1988: A nova constituição federal intituiu a lei do usucapião, a qual determina que a terra seria de propriedade de quem a ocupasse mais de cinco anos. 1994 a 2008: Criação do

Programa Favela-Bairro, onde o objetivo foi o desenvolvimento de infraestruturas gerais, serviços sociais, regulamentação imobiliária e a implementação de uma creche em cada favela urbanizada.

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03 contexto SOCIAL

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CONTEXTO SOCIAL

A partir da premissa que é de suma importância estudar as diversas faces desse tipo de assentamento urbano, foram levantados múltiplos dados que dizem respeito à características que partem desde o perfil socioeconômico e de infraestrutura até o levantamento visual de ordenamento urbano de acordo com o perfil topográfico de cada lugar. Para tanto, com a finalida26

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de de entender e caracterizar a população alvo que reside nas favelas a partir de dados oficiais da União, foram levantados e analisados os dados produzidos pelo Censo 2010 do IBGE das sete favelas estudadas (Complexo da Maré, Complexo do Alemão, Mangueira, Morro da Santa Marta, Morro do Macaco, Rocinha e Vidigal), comparando estes com os dados das regiões

administrativas do entorno de cada comunidade, como também com os da cidade do Rio de Janeiro.


DADOS SOCIOECONÔMICOS A tabela 1 apresenta as informações de população, domicílios, média de habitantes por domicílio, área total e densidade demográfica das comunidades, e também do município do Rio de Janeiro para fins de comparação. O gráfico ilustra a diferença entre a densidade demográfica das comunidades e o município do Rio de Janeiro como um todo. É importante ressaltar que o Vidigal é a comunidade que possui a menor densidade demográfica entre as estudadas e mesmo assim possui quase três vezes a densidade da cidade do Rio de Janeiro. Outro ponto a ser ressaltado é que a diferença de densidade demográfica entre as comunidades não se refere, necessariamente, ao adensamento interno dos domicílios, uma vez que a Rocinha possui pouca diferença de a média de habitantes por domicílio, se comparada ao município do Rio de Janeiro e a menor média entre as comunidades, mas possui a maior densidade demográfica, sendo esta de 786,3 habitantes por hectare.

TABELA 01 Comunidades

População (1)

Domicílios

(1)

Habitantes por Domicílio

Área (m²)

(2)

Densidade bruta (hab/ha)

Comp. da Maré Comp. do Alemão Comp. Macacos Mangueira Morro Santa Marta Rocinha Vidigal

129.770 60.555 19.079 4.570 3.908 69.156 9.677

41.759 18.226 5.429 1.311 1.176 23.347 3.234

3,11 3,32 3,51 3,49 3,32 2,96 2,99

3.301.743 1.821.139 380.426 116.496 53.706 864.052 294.721

393,0 341,8 501,5 392,3 727,7 800,4 328,3

Rio de Janeiro (3 )

6.320.446

2.146.340

2,94

570.917.463

110,7

Fonte: (1) Instituto Pereira Passos, com base em IBGE, Censo Demográfico (2010) (2) Instituto Pereira Passos (2010) (3) Censo Demográfico IBGE (2010)

Densidade bruta (hab/ha) 900,0 800,0 700,0 600,0 500,0 400,0 300,0 200,0 100,0 0,0

Rio de Janeiro

Vidigal

Complexo Mangueira Complexo do Alemão da Maré

Complexo Morro Santa Rocinha Morro dos Marta Macacos

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FAIXA ETÁRIA A tabela 2 apresenta as infor-

mações referentes aos grupos etários das comunidades e do seu entorno, divididos entre crianças (0 a 14 anos), jovens (15 a 29 anos), adultos (30 a 64 anos) e idosos (65 anos ou mais). Destaca-se nela a semelhança da proporcionalidade referentes aos grupos etários de cada comunidade e como elas se relacionam com os índices dos bairros vizinhos. É notável que a população jovem (de até 29 anos) possui uma representatividade numérica maior nas comunidades do que nas áreas adjacentes a elas, basta verificar que, ao passo que a Rocinha apresenta uma população de mais de 30% de pessoas entre 15 a 29 anos, o bairro adjunto a ela apresenta taxas percentuais menores que 20%. Em contrapartida a comunidade com idade maior que 30 anos concentra-se em sua maioria nas Regiões Administrativas vizinhas às Comunidades estudadas a saber, enquanto quase 18% da população da Região Administrativa é idosa, a Ro-

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cinha apresenta índices muito mais modestos, com números girando em torno de 3,4%.

TABELA 02 Faixa Etária Comunidades Comp. da Maré Comp. do Alemão Comp. Macacos Mangueira Morro Santa Marta Rocinha Vidigal Rio de Janeiro

0 a 14

15 a 29

Com.

Entorno

Com.

Entorno

25,7% 26,9% 27,5% 30,0% 26,1% 25,0% 25%

19,8% 20% 15% 21% 11% 12,9% 13%

28,7% 28,5% 27,5% 27,0% 30,7% 32,0% 27%

23,3% 23,0% 22,0% 26,0% 21,0% 18,9% 18,9%

19,4%

24,1%

30 a 64 Com.

Entorno

41,2% 45,8% 40,1% 46,0% 40,1% 48,0% 37,0% 45,0% 37,7% 50,0% 40,0% 50,5% 43% 50,5% 46,0%

65 + Com.

Entorno

4,4% 4,5% 4,8% 6,0% 5,4% 3,0% 5%

11,1% 11,0% 15,0% 9,0% 17,0% 17,7% 17,7%

10,4%


ÍNDICES DE ALFABETIZAÇÃO Com base nos dados apresentados na tabela 3, é possível afirmar que as comunidades apresentam índices de alfabetização bastante distantes com aqueles demonstrados nas Regiões Administrativas em que elas estão inseridas. Embora a taxa de analfabetismo entre as crianças de 10 e 14 anos caia em relação as crianças de 8 a 9, percebe-se que a taxa de pessoas com mais de 15 anos é muito elevada se comparada com as suas respectivas regi-

ões administrativas e até mesmo com o município do Rio de Janeiro, uma vez que este apresenta uma taxa 2,9% de pessoas não alfabetizadas e a comunidade da Rocinha que possui a menor porcentagem de pessoas não alfabetizadas apresenta 6,7%.

TABELA 03 Taxa de Alfabetização Comunidades

Crianças de 8 a 9 anos Alfabetizadas

Crianças de 10 a 14 anos

Não Alfabetizadas

Alfabetizadas

Pessoas com 15 ou mais anos

Não Alfabetizadas

Alfabetizadas

Não Alfabetizadas

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Comp. da Maré Comp. do Alemão

88,0% 86,7%

90,1% 95,7%

12,0% 13,3%

9,9% 4,3%

96,6% 96,4%

97,8% 98,5%

3,4% 3,6%

2,2% 1,5%

92,2% 92,3%

96,9% 97,6%

7,8% 7,7%

3,1% 2,4%

Comp. Macacos

87,1%

94,4%

12,9%

5,6%

96,5%

98,3%

3,5%

1,7%

91,2%

98,0%

8,8%

2,0%

Mangueira Morro Santa Marta Rocinha Vidigal

79,5% 85,8% 88,7% 89,0%

89,4% 97,9% 96,6% 96,6%

20,5% 14,2% 11,3% 11,0%

10,6% 2,1% 3,4% 3,4%

95,2% 96,8% 96,5% 96,6%

97,1% 99,0% 99,1% 99,1%

4,8% 3,2% 3,5% 3,4%

2,9% 1,0% 0,9% 0,9%

93,5% 91,6% 93,3% 92,9%

95,7% 99,1% 99,0% 99,0%

6,5% 8,4% 6,7% 7,1%

4,3% 0,9% 1,0% 1,0%

Rio de Janeiro

92,7%

7,3%

98,0%

2,0%

97,1%

2,9%

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RENDA DOMICILIAR Os dados encontrados na Tabela 4 são referentes ao Censo de 2010 e tratam do rendimento nominal mensal domiciliar per capita dos domicílios particulares com base nas seguintes faixas de renda: até 1/8 de salário mínimo; mais de 1/8 até 1/4; mais de 1/4 até 1/2; mais de 1/2 até 1; mais de 1 até 2; mais de 2 salários mínimos; além de informações de domicílios com renda per capita 0 (zero) ou domicílios sem informações de renda. Deve-se levar em consideração que no ano de 2010 o salário mínimo era de R$ 510,00, sendo assim as faixas de renda mencionadas correspondem respectivamente aos valores de: até R$ 63,75; entre R$ 63,76 e R$ 127,50; entre R$ 127,51 e R$ 255,00; entre R$ 255,01 e R$ 510,00, entre R$ 510,01 e R$1.020,00; e mais de R$1.020,01. Ao analisar o cruzamento dos dois primeiros dados de cada comunidade, constrói-se uma estimativa aproximada sobre o número de moradores que estão abaixo a linha da pobreza, uma vez que a estas faixas estão entre R$

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63,75 e R$ 127,5 e o valor usualmente adotado para defini-la, com base nos índices econômicos de 2010, é de R$140,00. Os dados trabalhados apresentados na Tabela 10 são referentes à porcentagem do cruzamento entre os dados de sexo e renda dos responsáveis pelas residências, as informações indicam uma tendência dentro do mercado de trabalho e o papel da mulher na sociedade. No Complexo do Alemão pode-se observar que a porcentagem de mulheres que ganham até um salário mínimo é em torno de 40%, enquanto a porcentagem de homens para a mesma faixa de remuneração é de no máximo 30%. Todavia, é importante ressaltar que nas faixas que representam rendimentos mensais maiores de 1 salário mínimo, as mulheres surgem como minoria em relação aos homens, demonstrando uma disparidade em relação aos índices de remuneração conforme o gênero.


TABELA 04 Renda Domiciliar Per Capita Comunidades Comp. da Maré Comp. do Alemão Comp. Macacos Mangueira Morro Santa Marta Rocinha Vidigal

Mais de 1/8 a 1/4 SM

Até 1/8 SM

Mais de 1/4 a 1/2 SM

Mais de 1/2 a 1 SM

Mais de 1 a 2 SM

Mais de 2 SM

Sem Rendimento ou Sem Inf.

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

0,8%

0,4%

5,3%

2,5%

21,3%

11,7%

38,4%

27,2%

24,0%

29,0%

5,4%

24,9%

4,8%

4,3%

1,4%

0,5%

7,1%

2,6%

23,8%

11,8%

39,2%

26,6%

19,3%

30,2%

2,4%

24,3%

6,7%

4,0%

2,7%

0,7%

8,8%

3,6%

22,1%

13,2%

34,0%

28,1%

16,0%

26,5%

6,0%

21,9%

10,5%

6,0%

1,3%

0,1%

5,1%

0,4%

22,3%

1,6%

38,3%

5,7%

21,2%

11,4%

7,2%

77,7%

4,6%

3,1%

0,6%

0,2%

4,4%

0,9%

21,3%

4,4%

50,2%

12,9%

18,2%

18,2%

2,0%

61,2%

3,2%

2,2%

0,5%

0,2%

4,3%

0,5%

18,3%

2,3%

38,8%

6,4%

26,5%

9,0%

5,3%

76,9%

6,4%

4,8%

0,7%

0,2%

4,6%

0,5%

18,5%

2,3%

38,0%

6,4%

24,5%

9,0%

7,2%

76,9%

6,6%

4,8%

Rio de Janeiro

0,5%

2,8%

10,8%

23,6%

23,7%

34,1%

4,3%

TABELA 05 Percentual de Responsáveis pelos Domicílios por Cortes de Renda e por Sexo

Comunidades Comp. da Maré Comp. do Alemão Comp. Macacos Mangueira Morro Santa Marta Rocinha Vidigal

Até 1/2 SM

Mais de 1/2 a 1 SM

Mais de 1 a 2 SM

Mais de 2 a 3 SM

Mais de 3 SM

Sem Rendimento ou Sem Informação

H

M

H

M

H

M

H

M

H

M

H

M

1% 1% 1% 1% 0% 1% 0%

3% 4% 5% 4% 2% 2% 0%

27% 29% 24% 28% 27% 26% 26%

39% 37% 34% 40% 37% 34% 35%

45% 47% 35% 47% 60% 47% 47%

28% 24% 21% 30% 45% 33% 33%

14% 11% 11% 7% 6% 12% 12%

4% 3% 4% 4% 2% 5% 5%

7% 4% 12% 7% 2% 6% 6%

2% 1% 4% 4% 0% 2% 2%

7% 10% 17% 9% 4% 9% 10%

23% 32% 32% 19% 14% 24% 24%

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ANÁLISES DE CORELAÇÕES Faixa Etária x Distribuição de Renda 37,0%

Faixa Etária 0 a 14 e 65 +

Através da interpolação dos dados de renda até 1/4 de salário e da porcentagem da soma entre a faixa etária de 0 a 14 e 65+ nota-se, no gráfico de dispersão, que existe uma tendência linear de comportamento nas comunidades, uma vez que quanto maior a porcentagem dessa população, economicamente inativa, maior é a porcentagem de pessoas a baixo da linha da pobreza.

35,0% 33,0% 31,0% 29,0% 27,0% 25,0% 4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

10,0%

Renda até 1/4 de salário

TABELA 06 Comunidades Comp. da Maré

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Brechas urbanas

Renda per capta

Faixa Etária

Renda até 1/4

0 a 14 e 65 +

6%

30%

Comp. do Alemão

9%

31%

Comp. Macacos

5%

32%

Mangueira

12%

36%

Morro Santa Marta

6%

32%

Rocinha

5%

28%

Vidigal

5%

29%

11,0%

12,0%

13,0%

14,0%


DADOS DE INFRAESTRUTURA ENERGIA ELÉTRICA A partir dos dados levantados na tabela 7 pode-se afrmar que assim como a cidade como um todo, praticamente não há domicílios sem energia no território. No entanto existe um fator preponderante a ser destacado, o número de domicílios sem medidor de energia da companhia distribuidora chega a representar mais da metade das casas da comunidade (Morro do Macaco). “As informações apresentadas na Tabela 7 referem-se, primeiramente, à existência ou não de energia elétrica no domicílio, segundo, se a fonte de energia é a companhia distribuidora (Light na cidade do Rio de Janeiro) ou se a origem é outra - o IBGE considera “outras fontes” como sendo as fontes de energia solar, eólicas e gerador. No entanto, na prática, sabe-se que essa opção (“outras fontes”) significa que a energia é proveniente de companhia distribuidora, mas que não é computada pela

agência fornecedora. A tabela mostra ainda, se os domicílios conectados à rede de energia da Light possuem relógio ou medidor para registro de consumo. Vale ressaltar que a existência de relógio instalado não implica necessariamente em registro do consumo de energia elétrica exclusiva do domicílio. Esta informação aponta, entretanto, para a condição básica para um serviço de qualidade.

Para que se tenha um quadro mais preciso sobre a formalização e a qualidade do serviço de distribuição de energia elétrica, seria necessário, contudo, outras fontes de informações.” RIO+SOCIAL (2017).

TABELA 07 Energia Elétrica Comunidades

Com Energia de Companhia Distribuidora Com Medidor Com.

Comp. da Maré Comp. do Alemão Comp. Macacos Mangueira Morro Santa Marta Rocinha Vidigal Rio de Janeiro

92,3% 54,3% 41,0% 98,1% 23,4% 89,6% 91,8%

Entorno

Sem Medidor Com.

Entorno

Com Energia de Outras Fontes Com.

86,9% 6,8% 9,0% 0,9% 94,2% 37,0% 3,6% 8,6% 86,7% 53,5% 10,9% 5,5% 98,6% 1,8% 1,3% 0,0% 90,5% 56,7% 7,0% 19,9% 98,1% 8,8% 1,4% 1,5% 98,1% 6,3% 1,4% 1,9%

92,6%

6,0%

Sem Energia

Entorno

Com.

Entorno

4,1% 2,1% 2,3% 0,0% 2,6% 0,6% 0,6%

0,0% 0,0% 0,0% 0,1% 0,0% 0,1% 0,1%

0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

1,4%

0,0%

Brechas urbanas

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SANEAMENTO BÁSICO Em relação à cobertura de serviços urbanos de saneamento básico (água e esgoto), fica evidente a partir dos dados apresentados nas tabelas 8 e 9 que há um problema maior de esgotamento sanitário do que de abastecimento de água adequado. Segundo o programa RIO+SOCIAL, com base em estudos realizados pelo Instituto Ferreira Paz (2017) o abastecimento adequado de água é aquele cujo fornecimento se dá unicamente pela rede geral de água. Dentro das comunidades o número de moradores que declararam que suas residências estavam de acordo com essa especificação é muito próximo da totalidade do número de domicílios. Por sua vez, entende-se como acesso a esgotamento sanitário adequado, tanto as residências conectadas à rede geral de esgoto ou à rede pluvial quanto àqueles que os moradores alegaram estarem ligados a uma fossa séptica para despejo. Deve-se destacar que essas informações não apontam para a qualidade do serviço prestado, apenas mensuram a cober-

34

Brechas urbanas

tura de infraestrutura instalada.

TABELA 08 Água Comunidades Comp. da Maré Comp. do Alemão Comp. Macacos Mangueira Morro Santa Marta Rocinha Vidigal

Adequado

Inadequado

Com.

Entorno

Com.

Entorno

99,9% 99,6% 99,7% 99,4% 99,4% 98,7% 98,6%

99,5% 99,0% 99,4% 99,9% 98,7% 99,6% 99,6%

0,1% 0,4% 0,3% 0,6% 0,6% 1,3% 1,4%

0,5% 1,0% 0,6% 0,1% 1,3% 0,4% 0,4%

Rio de Janeiro

98,5%

1,5%

TABELA 09 Esgotamento Sanitário Comunidades Comp. da Maré Comp. do Alemão Comp. Macacos Mangueira Morro Santa Marta Rocinha Vidigal Rio de Janeiro

Com Banheiro ou Sanitário Adequado

Inadequado

Sem Banheiro ou Sanitário

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

97,8% 94,8% 99,2% 91,7% 98,1% 86,0% 98,0%

98,2% 95,9% 96,1% 99,8% 99,2% 99,8% 99,8%

2,1% 5,0% 0,5% 8,0% 1,7% 13,9% 2,0%

1,7% 4,0% 3,9% 0,1% 0,8% 0,1% 0,1%

0% 0,2% 0,3% 0,3% 0,2% 0,1% 0,0%

0% 0,1% 0,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

94,9%

5,0%

0,1%


CONDIÇÕES DE OCUPAÇÃO De acordo com a tabela 10 há uma evidente diferenciação em relação à “forma de morar” entre as comunidades e as Regiões Administrativas adjacentes a elas. A maior diferença entre os índices apresentados é demonstrado na porcentagem de moradores que moram dentro das comunidades pagando aluguel, há uma flutuação de números que variam de um lugar para o outro, a partir de 9% e chegando a quase 37%, todavia esse tipo de comportamento não é presente nos bairros adjuntos que mantêm as taxas de locação entre 20% e 30%. É interessante evidenciar que o Vidigal, uma das áreas estudadas que apresenta melhores índices salariais per capita entre os objetos de estudo, apresenta um comportamento relacionado à condição de ocupação com índices muito semelhantes aos da cidade do Rio de Janeiro.

TABELA 10 Habitação - Condição de Ocupação Comunidades Comp. da Maré Comp. do Alemão Comp. Macacos Mangueira Morro Santa Marta Rocinha Vidigal Rio de Janeiro

Próprio

Alugado

Cedido

Outros

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

Com.

Entorno

67,3% 80,3% 89,9% 88,0% 78,9% 62,0% 76,3%

71,0% 74,0% 73,0% 67,0% 64,0% 72,0% 72,0%

30,0% 17,4% 9,0% 11,0% 18,6% 37,0% 21,0%

26,0% 22,0% 23,0% 28,0% 31,0% 22,0% 22,0%

2,5% 2,2% 1,0% 1,0% 2,0% 1,0% 2,7%

3,0% 3,0% 4,0% 3,0% 5,0% 6,0% 6,0%

0,2% 0,1% 0,1% 0,0% 0,2% 0,0% 0,1%

1,0% 1,0% 1,0% 2,0% 0,0% 0,0% 0,1%

73,1%

22,3%

3,9%

0,7%

Brechas urbanas

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CONCLUSÕES

Através dessa análise foi possível construir um panorama dos territórios estudados. As porcentagens apresentadas no Setor dos Serviços Urbanos, demonstram que as comunidades já possuem os serviços básicos de urbanização, uma vez que todas as estudadas passaram por um ou mais projetos de urbanização da prefeitura do Rio de Janeiro ou do Estado, são eles: Projeto Rio, Favela-Bairro, Programa Morar Carioca e Projeto do Governo do Estado. Em relação a faixa etária nota-se uma tendência onde mais de 50% são jovens de até 29 anos e a porcentagem de idosos varia entre 3,4% a 5,8%, contrapondo a média da cidade do Rio de Janeiro onde 43,5% são jovens até 29, 46% representam as faixas de 30 a 64 anos e 10,4% são idosos. No que diz respeito ao perfil econômico encontrado nas comunidades estudadas, pode-se concluir que a taxa da população que está abaixo da linha da pobreza é bastante superior a média do entorno de cada co-

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Brechas urbanas

munidade e a média do município do Rio de Janeiro de 3,3%. A fins de comparação foram levantados os dados de três cidades pertencentes ao aglomerado do Rio de Janeiro; Duque de Caxias, São João de Mereti e Nilópolis, tendo essas respectivamente 3%, 2,9% e 2% da população abaixo da linha da pobreza, reforçando a análise de que nas favelas os níveis de pobreza são mais extremos. A comunidade que possui a menor porcentagem é a favela da Rocinha (4,7%), e a de maior porcentagem é a favela da Mangueira (11,5%). Em relacao à suas regiões administrativas, ambas as comunidades apresentam índices de pobreza superiores em 4,0% e 7,2%, respectivamente. Essa análise da distribuição de renda ajuda a criar um panorama para compreender as condições de acesso à educação e a condição de ocupação das áreas das comunidades e de seus entornos. Apesar da população idosa representar somente 5% da amostragem estudada, quando somada a porcentagem de


crianças até 14 anos nas comunidades, percebe-se que essa está diretamente relacionada ao índice de porcentagem da população abaixo do nível de pobreza nas comunidades. Dessa forma, define-se essas duas faixas etárias como a população alvo do projeto, contribuindo para a ativação econômica de ambas e consequente redução dos índices de pobreza nas favelas estudadas.

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04 ANÁLISES URBANAS

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Brechas urbanas


Brechas urbanas

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ANÁLISES URBANAS 1 2

4

3

5

6 7

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Brechas urbanas


Na foto ao lado estão localizadas as 7 favelas estudadas; 1 – Complexo da Maré 2 – Complexo do Alemão 3 – Complexo Morro dos Macacos 4 – Mangueira 5 – Morro Santa Marta 6 – Rocinha 7 – Vidigal Com o propósito de determinar o perfil morfológico geral de cada um desses assentamentos foram desenvolvidos 3 tipos de levantamentos voltados à diferentes características de cada localidade: infraestrutura viária, curvas de níveis e isodeclividade. O desenvolvimento dos mapas de infraestrutura viária se deu a partir de imagens de satélite, podendo assim ser identificadas as granulometrias das quadras, quantidade de conexões internas e com a cidade formal, vias continuas e sem saída. Os mapas das curvas de níveis foram disponibilizados pela prefeitura do Rio de Janeiro, sendo eles a base para o desenvolvimento dos mapas de isodeclividade.

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COMPLEXO DA MARÉ

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A Maré é o maior Complexo estudado, possuindo uma área total de 3.301.743 m² e população de 129.770. Situada entre a Baia de Guanabara e a Avenida Brasil, teve seu surgimento em 1940 a partir das ocupações no Morro do Timbau. Toda a região era composta por manguezais e pântanos os quais, em sua maioria, desapareceram em razão dos sucessivas aterros. Atualmente o complexo é composto pelas comunidades: Pata Choca, Parque Roquete Pinto, Ramos, Parque Rubens Vaz, Parque União, Baixa do Sapateiro, Parque Maré, Timbau, Nova Holanda, Comunidade Vila do Pinheiro, Avenida Canal, Avenida Canal II, Maré (Rua Guilherme Frota), Joana Nascimento e Paraibuna. Além destas comunidades, o Complexo também é contempla alguns conjuntos habitacionais: Conjunto Bento Ribeiro Dantas, Conjunto Esperança, Conjunto Nova Maré, Conjunto Pinheiros, Conjunto Salsa e Merengue, Conjunto Vila do João e Conjunto Vila Pinheiro.

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VISUAL

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Brechas urbanas


Brechas urbanas

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MAPA DE INFRAESTRUTURA VIÁRIA n

O perfil morfológico geral do Complexo da Maré é composto quase que em sua totalidade por uma declividade baixa, de 0 - 3%. O que devido a sua localização facilita problemas com escoamento. Dentre as favelas estudadas esta apresenta um caso diferenciado, uma vez que é composta por conjuntos habitacionais, fazendo com que o sistema viário e a granulometria das quadras sejam mais regulares. Outro ponto a ser destacado é de que a partir desses empreendimentos oficiais, nota-se que a comunidade possui muita conectividade internamente e com a cidade formal. A partir das imagens de satélites observa-se que existe pouca massa verde, sendo até mesmo escassa entre as quadras.

Escala: 1/25000 LEGENDA LIMITE DA FAVELA SISTEMA VIÁRIO

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Brechas urbanas

0

250

500


MAPA DE ISODECLIVIDADE n

LEGENDA

Escala: 1/25000

0 - 3% - PLANO : Pode ter problemas de escoamento | caminhada sem esforço 3 - 8% - SUAVE-ONDULADO : Admite acessibilidade universal | caminhada sem esforço 8 - 20% - ONDULADO: Aceleração do escoamento das águas | caminhada com esforço médio 20 - 45% - FORTE ONDULADO: Probabilidade de erosão | caminhada com esforço intenso 45 - 75% - MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo >75% - FORTE MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo Brechas urbanas

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COMPLEXO DO ALEMÃO

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Brechas urbanas


Localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, com uma área de 1.821.139 m², o Complexo do Alemão é composto por 15 comunidades: Itararé, Joaquim de Queiróz, Mourão Filho, Nova Brasília, Morro das Palmeiras, Parque Alvorada, Relicário, Rua 1 pela Ademas, Vila Matinha, Morro do Piancó, Morro do Adeus, Morro da Baiana, Estrada do Itararé, Morro do Alemão e Armando Sodré, onde vivem 60.555 pessoas. A formação do aglomerado iniciou-se a partir de 1946 com a abertura da Av. Brasil. Em seguida houve uma gradual transformação da região em um polo industrial atraindo trabalhadores e imigrantes nordestinos.

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VISUAL

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Brechas urbanas


Brechas urbanas

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MAPA DE INFRAESTRUTURA VIÁRIA

n

LEGENDA LIMITE DA FAVELA SISTEMA VIÁRIO

A declividade apresentada no Complexo do Alemão pode ser classificada como de grau médio, variando em sua maioria entre 20 e 75%. Possui um índice de granulometria das quadras comparado as demais comunidades, pequeno e irregular. A comunidade conecta-se internamente com grande facilidade dado o fato de existirem poucas ruas sem 52

Brechas urbanas

Escala: 1/16000 saída, todavia tratando-se de conectividade com a malha urbana, apresenta índices considerados regulares. Com base nas imagens de satélite é possível deferir que há pouca massa vegetal dentro do Complexo.

0

200

400


MAPA DE ISODECLIVIDADE

n

Escala: 1/16000

LEGENDA 0 - 3% - PLANO : Pode ter problemas de escoamento | caminhada sem esforço 3 - 8% - SUAVE-ONDULADO : Admite acessibilidade universal | caminhada sem esforço 8 - 20% - ONDULADO: Aceleração do escoamento das águas | caminhada com esforço médio 20 - 45% - FORTE ONDULADO: Probabilidade de erosão | caminhada com esforço intenso 45 - 75% - MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo >75% - FORTE MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo Brechas urbanas

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COMPLEXO MORRO DO MACACOS

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Brechas urbanas


A ocupação da região do Morro dos Macacos foi impulsionada pela industrialização do bairro Vila Isabel em 1920. Inicialmente a área era conhecida pelo nome de Bananal, devido à presença de plantações da fruta, no entanto com o tempo o nome foi modificado devido à presença constante de macacos que fugiam do antigo zoológico em direção à mata. No cenário atual este aglomerado é formado pelas comunidades do Pau da Bandeira, Parque Vila Isabel e Morro dos Macacos, ocupando uma extensão de 380.426 m², onde residem 19.079 habitantes.

Brechas urbanas

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VISUAL

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Brechas urbanas


Brechas urbanas

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MAPA DE INFRAESTRUTURA VIÁRIA n

Escala: 1/9000 0 LEGENDA LIMITE DA FAVELA SISTEMA VIÁRIO

O Complexo dos Macacos dispõe de indicadores de declividade considerados de grau intermediário, variando entre 20 e 75%. A granulometria local é grande e bastante irregular, comparada com as demais comunidades, fato que promove a incidência de ruas sem saída e o consequente déficit de conectividade interna. Tratando-se da comuni58

Brechas urbanas

cação com as áreas periféricas ao recorte apontado, pode-se observar que, diferentemente da conectividade interna da comunidade, a relação com o exterior é amplamente facilitada. Observa-se que a presença de vegetação no contorno em questão é moderada.

100

200


MAPA DE ISODECLIVIDADE n

Escala: 1/9000

LEGENDA 0 - 3% - PLANO : Pode ter problemas de escoamento | caminhada sem esforço 3 - 8% - SUAVE-ONDULADO : Admite acessibilidade universal | caminhada sem esforço 8 - 20% - ONDULADO: Aceleração do escoamento das águas | caminhada com esforço médio 20 - 45% - FORTE ONDULADO: Probabilidade de erosão | caminhada com esforço intenso 45 - 75% - MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo >75% - FORTE MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo Brechas urbanas

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MANGUEIRA

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Brechas urbanas


Com uma extensão de 116.496 m², a comunidade da Mangueira está localizada no bairro da Mangueira nas proximidades do estádio do Maracanã, onde residem 4.570 pessoas. A ocupação do Morro da Mangueira começou no final do século XIX. Desde aquela época o morro já era comumente conhecido como Mangueira, razão pela qual a Estrada de Ferro Central do Brasil batizou assim a estação de trem inaugurada em 1889. A estação, por sua vez, viria a batizar a escola de samba fundada em abril de 1928 por Cartola, Carlos Cachaça e outros sambistas. O Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira recebeu as cores verde e rosa em homenagem a um rancho que existia no bairro de Laranjeiras, Os Arrepiados. A escola, uma das mais populares da cidade, e seus compositores tornaram a Mangueira conhecida no Brasil e no mundo.

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VISUAL

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Brechas urbanas

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MAPA DE INFRAESTRUTURA VIÁRIA n

O perfil de declividade da Mangueira revela um quadro onde o índice de declive segue o mesmo padrão dos Complexos do Alemão e Macacos, com porcentagens variando entre 20 e 75%. Sua granulometria é grande e irregular, dificultando a conectividade interna da comunidade pela presença de muitas ruas sem saída. Em relação à sua conexão com o resto da cidade é importante ressaltar que, embora esteja situada em uma localização privilegiada, o contato se dá apenas por duas ruas. A presença de massas vegetais é notável, porém considerada moderada dada a relação entre área construída e vazia.

LEGENDA LIMITE DA FAVELA

Escala: 1/4000

SISTEMA VIÁRIO

0

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Brechas urbanas

50

100


MAPA DE ISODECLIVIDADE n

LEGENDA

Escala: 1/4000

0 - 3% - PLANO : Pode ter problemas de escoamento | caminhada sem esforço 3 - 8% - SUAVE-ONDULADO : Admite acessibilidade universal | caminhada sem esforço 8 - 20% - ONDULADO: Aceleração do escoamento das águas | caminhada com esforço médio 20 - 45% - FORTE ONDULADO: Probabilidade de erosão | caminhada com esforço intenso 45 - 75% - MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo >75% - FORTE MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo Brechas urbanas

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MORRO DA SANTA MARTA

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O Morro Santa Marta é o menor assentamento urbano estudado, possuindo uma área de 53.706 m², onde residem 3.908 pessoas. A ocupação está localizada no bairro Botafogo, e sua origem data da década de 1920. O nome Santa Marta faz referência à padroeira da comunidade, no alto do morro é possível visitar a igreja que guarda a imagem da Santa, levada à favela por uma moradora no início da sua história.

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VISUAL

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Brechas urbanas

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MAPA DE INFRAESTRUTURA VIÁRIA Os índices de declividade do Morro de Santa Marta variam majoritariamente entre 20 e mais de 75%. A granulometria local é pequena, o que contribui para uma alta conectividade interna dada a pequena quantidade de ruas sem saída. Apesar de o tecido urbano interno ser contínuo, a conexão com o resto da cidade é deficitária, a comunidade fica isolada e apenas duas vias permitem o acesso a ela. Além disso, é possível verificar a partir das imagens de satélite a baixa presença de vegetação no recorte estudado.

n

LEGENDA LIMITE DA FAVELA SISTEMA VIÁRIO

Escala: 1/3000 0

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Brechas urbanas

50

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MAPA DE ISODECLIVIDADE n

LEGENDA

Escala: 1/3000

0 - 3% - PLANO : Pode ter problemas de escoamento | caminhada sem esforço 3 - 8% - SUAVE-ONDULADO : Admite acessibilidade universal | caminhada sem esforço 8 - 20% - ONDULADO: Aceleração do escoamento das águas | caminhada com esforço médio 20 - 45% - FORTE ONDULADO: Probabilidade de erosão | caminhada com esforço intenso 45 - 75% - MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo >75% - FORTE MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo Brechas urbanas

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ROCINHA

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Brechas urbanas


A Rocinha está localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro, entre o morro Dois Irmãos e a região da Gávea. Dentre as comunidades estudadas esta é a que possui maior densidade demográfica, atingindo a marca de 800,4 habitantes por hectare em uma área que compreende 864.052 m² de área e 69.156 habitantes.

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VISUAL

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Brechas urbanas


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MAPA DE INFRAESTRUTURA VIÁRIA n

Escala: 1/10000 LEGENDA

0

LIMITE DA FAVELA SISTEMA VIÁRIO

A favela da Rocinha apresenta uma declividade considerada majoritariamente alta, aonde o índice mais frequente na área chega a mais de 75%. A granulometria é pequena, potencializando a conectividade interna dada a pouca presença de ruas sem saída. Assim como acontece no Morro de Santa Marta, a Rocinha encontra-se praticamente isolada do resto 76

Brechas urbanas

da cidade, conectando-se ao seu entorno por apenas três vias. A partir das imagens de satélites é perceptível a pouca massa verde dentro do recorte apontado.

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MAPA DE ISODECLIVIDADE

n

Escala: 1/10000

LEGENDA 0 - 3% - PLANO : Pode ter problemas de escoamento | caminhada sem esforço 3 - 8% - SUAVE-ONDULADO : Admite acessibilidade universal | caminhada sem esforço 8 - 20% - ONDULADO: Aceleração do escoamento das águas | caminhada com esforço médio 20 - 45% - FORTE ONDULADO: Probabilidade de erosão | caminhada com esforço intenso 45 - 75% - MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo >75% - FORTE MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo Brechas urbanas

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VIDIGAL

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Brechas urbanas


Localizado na Zona Sul do Rio de Janeiro, o morro do Vidigal teve seus primeiros ocupantes da década de 1940. Nos dias atuais, de acordo com os dados do Censo de 2011, a população residente da comunidade é de 9.677 habitantes distribuídos em um território que abrange 294.721 m².

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VISUAL

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Brechas urbanas

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MAPA DE INFRAESTRUTURA VIÁRIA

n

Escala: 1/7500 LEGENDA

0

LIMITE DA FAVELA SISTEMA VIÁRIO

A declividade presente na favela do Vidigal é de grau elevado, apresentando indicadores acima de 75% de declividade em quase todo seu território. A granulometria do local é grande e dificulta a conectividade local pela presença constante de ruas sem saída. Pode-se dizer que, dentre as comunidades estudadas, esta é a que apresenta mais dificuldades no que82

Brechas urbanas

sito de acessibilidade, além do problema de conexão interna, a comunidade comunica-se com o resto da cidade por apenas duas vias de acesso. As imagens de satélite revelam uma alta incidência de massas vegetais na comunidade.

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MAPA DE ISODECLIVIDADE

n

Escala: 1/7500

LEGENDA 0 - 3% - PLANO : Pode ter problemas de escoamento | caminhada sem esforço 3 - 8% - SUAVE-ONDULADO : Admite acessibilidade universal | caminhada sem esforço 8 - 20% - ONDULADO: Aceleração do escoamento das águas | caminhada com esforço médio 20 - 45% - FORTE ONDULADO: Probabilidade de erosão | caminhada com esforço intenso 45 - 75% - MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo >75% - FORTE MONTANHOSO: Dificuldades de ocupação e alto risco de desmoronamento | caminhada com esforço extremo Brechas urbanas

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05 consideraçþes para projeto

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Brechas urbanas


Brechas urbanas

85


Através das análises socioeconômicas foi possível classificar as comunidades segundo dois critérios: Densidade demográfica bruta e porcentagem de população abaixo da linha da pobreza. O primeiro compreende três grupos: densidades de 300 a 400 habitantes/ hectare (Vidigal, Complexo do Alemão, Mangueira e Complexo da Maré), de 500 a 600 hab/ hec (Complexo do Morro dos Macacos) e de 700 a 800 hab/ hec (Morro Santa Marta e Rocinha). Enquanto o segundo parâmetro retrata a porcentagem da população que possui renda per capta menor ou igual a ¼ de salário mínimo, sendo este dividido em frações que vão até 5% (Rocinha, Complexo Morro dos Macacos e Vidigal), de 6% a 10% (Complexo da Maré, Morro Santa Marta e Complexo do Alemão) e superior a 10% (Mangueira). Além dos aspectos socioeconômicos, foram feitas análises físicas para compreender os aspectos morfológicos gerais das sete comunidades. Dentro do que é possível ser observado sem um levantamento em loco destacou-se três critérios de avaliação que incluem conectividade interna e externa, morfologia urbana e declividades. 86

Brechas urbanas

No que diz respeito a conectividade interna e externa, foi possível observar que estas não possuem uma relação direta. A conectividade externa está relacionada com a localização da comunidade dentro do tecido urbano formal, podendo ser classificada como boa (Complexo da Maré e o Complexo do Alemão, com 4 ou mais acessos e/ou presença de vias arteriais), intermediária (Complexo Morro dos Macacos, com 3 acessos), e ruim (Mangueira, Vidigal, Morro Santa Marta e Rocinha, que apresentam até 2 acessos à cidade formal). Enquanto a conectividade interna está diretamente vinculada à relação entre as ruas sem saída e a morfologia urbana das comunidades, podendo ser classificadas em dois grupos: alta conectividade interna (Complexo da Maré, Complexo do Alemão, Morro Santa Marta e Rocinha) e baixa conectividade interna (Mangueira, Vidigal e Complexo Morro dos Macacos). Em relação a morfologia urbana, a forma de avaliação foi baseada na comparação a granulometria das próprias comunidades, subdivididos em das classes: grande e pequeno, regular e irregular. A única comunidade que possui uma gra-


nulometria pequena e regular é o Complexo da Maré, essa característica se deve aos empreendimentos oficiais que foram executados no local. Os demais assentamentos desenvolveram-se de forma orgânica, apresentando uma granulometria irregular, a exemplo da Mangueira, Vidigal e o Complexo Morro dos Macacos, pode-se observar estes possuem uma granulometria maior que o Complexo do Alemão, Morro Santa Marta e Rocinha. Em comparação às porcentagens de declividade dos terrenos estudados, pode-se observar que o Complexo da Maré é um caso particular, uma vez que se encontra às margens da Baia de Guanabara onde o terreno é majoritariamente plano. Em contrapartida, todas as outras favelas estão localizadas em morros ou em formações morfológicas com grandes desníveis. Dentro desse grupo, é notável que há uma distinção entre os níveis de declividade dos locais: o Vidigal, a Rocinha e o Morro de Santa Marta possuem índices maiores e consequentes maiores dificuldades de ocupação, alto risco de desmoronamento e caminhada com esforço extremo; e a Mangueira, Complexo do Alemão e Complexo Morro dos

Macacos possuem índices intermediários de declividade, no entanto ainda há riscos de desmoronamento e dificuldades de ocupação. O universo projetual foi construído através das características similares das favelas, dentro das prerrogativas que as norteiam a se configurarem de diferentes formas com relação a cada critério. Nessa proposta, o escolhido foi o da morfologia urbana e grande granulometria, o que fez com que os assentamentos do Vidigal, Morro dos Macacos e Mangueira fossem selecionados a partir do preceito de similaridade entre os objetos de estudo.

Brechas urbanas

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06 AGRICULTURA URBANA

88

Brechas urbanas


Brechas urbanas

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AGRICULTURA URBANA NA EUROPA

O surgimento das hortas urbanas na Europa tem seu início diretamente relacionado ao advento da industrialização em massa no Reino Unido no século XVIII. As modificações sociais e econômicas que essa revolução proporcionou resultaram em novas formas de vivenciar os centros urbanos e as áreas rurais, afinal a agricultura de subsistência passa a dar espa90

Brechas urbanas

As hortas urbanas surgem ao longo da história como alternativa de contribuição para a subsistência das famílias em momentos de crise ou guerra.

ço para processos de produção em massa para suprir as necessidades dos polos. Em relação às mudanças geradas nas cidades, pode-se afirmar que

estas geraram, até certo ponto, melhorias significativas para a sociedade que agora poderia adquirir produtos de melhor qualidade, o que geraria impac-


tos diretamente relacionados à saúde e bem estar sociais (GONÇALVES, 2014). Como consequência desse processo de industrialização desenfreada, surgiram grandes movimentos migratórios do campo para as cidades, um claro exemplo desse êxodo pode ser facilmente identificado em Londres, onde a população da capital inglesa dobrou de número em apenas 30 anos. A aglomeração populacional exacerbada se refletiu em sérios problemas relacionados, principalmente, ao abastecimento e saneamento. Dentro

desse contexto surgem as primeiras Hortas Urbanas em uma tentativa de suprir as necessidades alimentícias das famílias provenientes do meio rural (GONÇALVES, 2014). A princípio esses locais tinham uma conotação diferente das hortas dos dias atuais: eram denominadas “jardins de lazer”, onde o espaço não servia apenas para a produção de alimentos, mas sim como uma forma de recreação nos grandes centros (Turner et al., 2011 apud GONÇALVES, 2014). É possível afirmar que as hortas urbanas sempre surgiram ao longo da

história como alternativa para contribuir para a subsistência das famílias em momentos de crise ou guerra. Durante o século XX, em um período pós-guerras, esses espaços floresceram por todo o território europeu em quintais, pátios de fábricas, terrenos vazios e hospitais como forma de minimizar os efeitos devastadores da guerra (Heimer, 2008 apud GONÇALVES, 2014). .

Nova York, estados unidos, 1944. Brechas urbanas

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Programa Paris Culters

A partir de um planejamento urbano sustentável, a prefeitura de Paris desenvolveu em 2016 um programa que pretende criar 100 novos hectares de áreas verdes até 2020. A proposta engloba intervenções urbanas que compreendem coberturas, fachadas e tratamento no nível do solo. É importante ressaltar que o projeto consiste em uma chamada de projetos entre arqui92

Brechas urbanas

tetos, agricultores, jardineiros e organizações da sociedade civil de todo o mundo para construir novos jardins na cidade. O resultado do concurso foi a seleção de 33 projetos. As propostas variavam em diversos aspectos, os lotes distribuídos podiam ser públicos ou privados, no caso de privados o dono do terreno se transforma em sócio e contribui para o de-

senvolvimento do projeto, enquanto nos terrenos municipais as práticas ocorreriam através do sistema de concessão, que variava em um período de 3 a 12 anos, podendo ser estendido até 20 anos conforme os índices de aceitação e aplicabilidade da proposta. Dentre esses projetos, três foram selecionados, para a análise:


MUR RUE DE CRIMÉE

Projeto desenvolvido pelo escritório de arquitetura Sopranature, que visa oferecer aos seus habitantes e àqueles que passam pela região uma paisagem mais natural e verde, através de uma instalação de briófitas em uma empena cega na rua de Crimée.

Brechas urbanas

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GYMNASE DE LA COUR DES LIONS

O escritório Agripolis desenvolveu um sistema de hortas aeropônicas replicável que será implementado no terraço de uma escola. A atividade de produção será acompanhada de eventos e sessões educacionais (aprendizagem centrais de ciclo, jardinagem e plantação) para alunos da instituição.

94

Brechas urbanas


SIÈGE DE LA RIVP

O jardim desenvolvido pela Topager foi implementado no terraço de um prédio corporativo, o qual foi setorizado em diferentes zonas de ocupação que compreendem núcleos de cultivo de alimentos, locais de encontro e relaxamento. O projeto tem como base as oficinas que funcionam como ponto de encontro de funcionários. Brechas urbanas

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INTERVENÇÕES POPULARES

A busca por um ambiente urbano mais sustentável e saudável para o convívio humano é uma preocupação cada vez maior na sociedade. Partindo dos conceitos de sustentabilidade, é importante ressaltar que o saber empírico e a utilização de materiais recicláveis foram as principais prerrogativas que nortearam a seleção desses projetos. Dado esse fato, procurou-se 96

Brechas urbanas

elencar alguns projetos que demonstram, de forma prática, meios para viabilizar a reincidência da paisagem natural no meio urbano. O primeiro deles, Windowfarms, cultiva hortas nas aberturas de edifícios em Nova Iorque; o segundo é desenvolvido em Barcelona, onde lotes vazios voltaram a ser pano de fundo para o crescimento de espécies vegetais; e por fim o

Projeto Horta na Laje, em São Paulo, que capacita os moradores da comunidade a cultivarem alimentos em suas próprias casas.


WINDOWFARMS

Windowfarms é um projeto social e ambiental que busca transformar as cidades em ambientes mais sustentáveis através do cultivo de hortas no interior dos edifícios, utilizando materiais sustentáveis e reciclados. O intuit o da proposta é de que cada habitante possa cultivar seu próprio alimento a partir de jardins verticais e hidropônicos. Desta maneira o projeto tem como princípio norteador melhorar a alimentação da população, principalmente das pessoas que possuem menos recursos e consomem, em sua maioria, comida processada ou

vegetais que perdem seu valor alimentício até chegarem aos supermercados. O primeiro sistema foi implementado na cidade de Nova York em pleno inverno, e apesar da pouca luz nesta época do ano o método produziu 25 espécies vegetais e uma salada por semana (Helm, 2012).

Brechas urbanas

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Hortas Urbanas geridas por aposentados

Nas áreas periféricas de Barcelona, Espanha, foram desenvolvidas hortas nos terrenos contíguos aos principais rios da cidade. Estes locais não possuem proprietários formais, e foram apropriados pelos moradores aposentados que vivem na região. Eles desenvolvem a prática de forma autônoma, através de um trabalho colaborativo com 98

Brechas urbanas

participação ativa dos vizinhos. Todos os produtos cultivados são para consumo próprio, o excesso é doado. Com esta prática os aposentados se mantêm ativos e conectados ao meio ambiente (Baratto, 2013). Este projeto mostra a coexistência entre a cidade formal e a informal, uma vez que houve um processo de ocupação de uma parcela dos habitantes lo-

cais em terrenos alheios. “Para o arquiteto Pau Faus, esta prática sustentável é uma indicação daquilo que realmente acontece por trás da suposta ordem urbana.” (Baratto, 2013).


HORTA NA LAJE

O projeto Horta na Laje consiste em hortas comunitárias implantadas nas lajes da comunidade de Paraisópolis, São Paulo. Este programa foi criado a partir de uma parceria entre o Instituto Stop Hunger e a Associação de Mulheres de Paraisópolis, com o objetivo principal de oferecer cursos de técnicas de cultivo de plantio em vasos e materiais recicláveis, para que os mora-

dores locais plantem alimentos dento de suas próprias casas. Uma vez que através do trabalho coletivo, e que as famílias irão se alimentar do que plantam e poderão vender o excesso deles, pode-se afirmar que o projeto traz consigo princípios cruciais para o desenvolvimento sustentável da proposta: segurança alimentar, integração familiar e economia sustentável

(Demartini, 2017).

Brechas urbanas

99


07 O PROJETO

100 Brechas urbanas


Brechas urbanas

101


o PROJETO NO CONTEXTO DA FAVELA

A formação das comunidades localizadas nas periferias se dão através da necessidade de começar uma vida urbana em uma cidade onde as habitações não atendem a todos os tipos de demanda, principalmente àquelas que dizem respeito ao valor agregado dos imóveis que não condizem com a renda da maior parte da população. Toma-se como significado 102 Brechas urbanas

Os espaços públicos dentro das favelas, são apenas de passagem podendo ser cultivados alimentos que necessitam de poucos cuidados, como árvores frutíferas. Espaços restritos/particulares são ambientes de permanência facilitando o cultivo das hortas urbanas. de periferia as ocupações que não são o modelo idealizado de cidade, baseado em padrões educativos e culturais ditados, geralmente pela parte mais en-

riquecida da população. Sendo assim as favelas são, em sua maioria, constituídas através de ocupações precárias e irregulares, formando um tecido espon-


tâneo no meio da cidade. Esta forma de ocupar o espaço e as dificuldades comuns encontradas no dia a dia fazem que o modo de viver seja mais comunitário, uma vez que as relações de vizinhança e parentesco são marcadas por intensa sociabilidade e vínculos de solidariedade, reciprocidade e empatia. Este aspecto é refletido nas narrativas estéticas urbanas que compõem as comunidades como uma resposta à ausência, insuficiência e/ou inadequação dos investimentos do Estado, fazendo com haja uma criatividade na proposição de soluções urbanísticas solidárias em termos de habitações, provisão de serviços públicos e equipamentos de uso comum, havendo assim uma forte valorização do espaço público como um lugar de convivência socioculturais (Observatório de Favelas, 20017). Contrapondo esse modo comunitário do viver, os moradores dessas periferias enfrentam muitos desafios no seu cotidiano. O que mais se destaca é a alta incidência de casos relacionados à violência nos espaços públicos, que em sua maioria estão ligadas à estratégias de Guerra às Drogas do Estado oriunda de práticas béli-

cas tanto de grupos criminosos como das forças de segurança do Estado, tornando-o inseguro para a própria população. A depreciação desses espaços públicos e de convivência, é um relato recorrente dos moradores, seja ele por criminosos que moram na comunidade ou até mesmo por falta de administração urbana dos agentes públicos (Observatório de Favelas, 2017). Compreender a cidade em sua pluralidade é reconhecer a especificidade de cada território, aprendendo a tirar partido dos seus pontos fortes e amenizar suas fraquezas, sendo este o objetivo principal do projeto. O modo de viver na periferia reflete o espírito comunitário humano, onde há fortes relações interpessoais de zelo e empatia, no entanto quando se observa o espaço urbano público entende-se que este, atualmente, está dominado por uma guerra que não é comunitária, tornando-se um lugar inseguro e de pouca permanência. Isso gera, para o desenvolvimento do projeto dois tipos de situações particulares, os espaços restritos/ particulares como ambientes de permanência facilitando o cultivo das hortas urbanas enquanto os espaços públicos devem

ser apenas de passagem, podendo ser cultivados alimentos que necessitam de poucos cuidados como árvores frutíferas.

Brechas urbanas

103


MANGUEIRA

Figura fundo

A-A’

LEGENDA espaço construído espaço sem construção ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO

Escala: 1/5000

A-A’

0

50

100

corte topográfico a-a’

Escala: 1/5000 104 Brechas urbanas


n

ANÁLISES PONTUAIS

Escala: 1/2500 0

50

100

Através das análises do mapa de figura fundo pode-se perceber que existem pelo menos dois gabaritos de vias. As de maior gabarito estão dispostas no sentido perpendicular à topografia do terreno, já as mais estreitas estão situadas no sentido paralelo às curvas de nível do terreno. Identifica-se também a presença de largos nas vias e vazios entre as habitações, onde a maior parte dessas lacunas apresenta pouca massa vegetal.

Brechas urbanas

105


MORRO DOS MACACOS

n

A-A’

Figura fundo

Escala: 1/10000 0

A-A’

LEGENDA espaço construído espaço sem construção ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO

corte topográfico a-a’

Escala: 1/10000 106 Brechas urbanas

150

300


ANÁLISES PONTUAIS

n

O mapa de figura fundo da comunidade Morro dos Macacos mostra que a via principal está localizada na área mais baixa do terreno, onde a topografia é menos acidentada. As demais ruas não sofrem grandes variações em seu gabarito e estão dispostas de maneira que acompanham as curvas topográficas do local. As quadras são mais densas, havendo poucos vazios entre elas que, em sua maioria, são preenchidos por massa vegetal.

Escala: 1/2500 0

50

100 Brechas urbanas

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VIDIGAL Figura fundo n A-A’

LEGENDA espaço construído

A-A’

espaço sem construção

Escala: 1/7500

ESPAÇO DE CIRCULAÇÃO

0

100

CORTE TOPOGRÁFICO a-a’

Escala: 1/7500 108 Brechas urbanas

200


n

ANÁLISES PONTUAIS A comunidade do Vidigal apresenta quadras maiores em sua morfologia, que variam a densidade habitacional de acordo com a declividade da topografia. As vias possuem variações em seus gabaritos, sendo algumas mais estreitas e outras com padrões maiores. Através da imagem de satélite percebe-se que nem todos os vazios entre as habitações possuem massa vegetal.

Situação 1

Escala: 1/5000 0

50

100

Brechas urbanas

109


solo, água e luz solar SOLO O solo é um produto com um alto valor agregado e necessita ser qualificado, portanto é primordial que este seja tratado de forma a potencializar sua qualidade e diminuir os custos de plantio. Para tanto, é necessário “criar” solo através de técnicas de adubação por meio de 110 Brechas urbanas

Para viabilizar a agricultura urbana são necessários três componentes principais: solo, água e luz solar.

compostagem orgânica, contribuindo para um aumento significativo da produção de forma sustentável.


ÁGUA

LUZ SOLAR

Em relação à água, é importante ressaltar que a fonte que abastecerá as espécies poderá ser proveniente de diversas formas. Uma delas, e a mais econômica, é a água da chuva, que abastecerá as plantações por meio de um sistema de captação e distribuição de água para garantir a irrigação das espécies durante os meses de estiagem.

A iluminação é um componente de suma importância para o plantio, contudo podem ocorrer situações em que ela não será adequada: o excesso de iluminação, que pode ocorrer no topo dos morros e lajes, onde a solução mais apropriada é a elaboração de estruturas que proporcionem sombreamento da área; e situações onde há uma densidade habitacional muito alta, impossibilitando a chegada dos raios solares, nesses casos é importante escolher uma gama de espécies que melhor se adaptem à essas condições de iluminação.

Brechas urbanas 111


situação 1 - vazios urbanos Para situações de interstícios urbanos as propostas visam preencher os vazios com vegetação de acordo com o cenário presente. As diretrizes projetuais seguem um padrão pré-estabelecido onde o público alvo são crianças e idosos. Como esses espaços são apenas de passagem, serão selecionadas espécies vegetais que não demandem muito cuidado, como por exemplo árvores frutíferas.

112 Brechas urbanas


situação 2 - espaços privados Os espaços privados compreendem micro pátios, lajes e fachadas. Para essas situações serão aplicados sistemas de plantio em que se utilizem materiais reciclados (garrafas pet, canos, caixa de madeiras, potes plásticos), fixados de formas diferentes de acordo com o material utilizado e a superfície aplicada, sem compromete-la estética e/ou estruturalmente. Para além disso, serão selecionadas espécies que melhor se adaptem a cada situação (levando em consideração tamanhos, peso, sistema de irrigação e luz solar). Em relação a manutenção e irrigação das espécies, serão pensados sistemas que atendam as limitações do público alvo (crianças e idosos).

Brechas urbanas

113


situação 2 - espaços privados

114 Brechas urbanas


situação 3 - tipologia complementar Uma tipologia será desenvolvida com o intuito de dar suporte a produção das hortas urbanas nas favelas. As diretrizes de projeto são materiais sustentáveis, estrutura não complexa e de alta adaptabilidade às diversas situações. O programa do equipamento compreende espaço para beneficiamento primário, um local designioa para geminação de mudas e fertilização de solo.

Brechas urbanas

115


08 anexos

116 Brechas urbanas


Brechas urbanas

117


bibliografia BARATTO, Romullo. “A cidade aposentada”: Hortas urbanas geridas por aposentados. 2013. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/ br/01-111364/a-cidade-aposentada-hortas-urbanas-geridas-por-aposentados?ad_medium=myarchdaily&ad_name=bookmark-show BOOTH, Charles. Life and Labour of the People in London. 1902. Disponível em: https://archive.org/details/ lifelabourofpeop07bootiala. Acessado em 04 julho 2017. DEMARTINI, Marina. Projeto promove o cultivo de hortaliças em lajes de Paraisópolis. 2017. Disponível em: http:// exame.abril.com.br/ciencia/ projeto-promove-o-cultivo-de-hortalicas-em-lajes-de-paraisopolis/. Acessado em: 02 agostos de 2017. EXAME. Pobreza afeta 2,2 milhões de pessoas no mundo inteiro. 2014. Disponível em: http://exame.abril.com.br/mundo/pobreza-afeta-2-2-bilhoes118 Brechas urbanas

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HELM, Joanna. Windowfarm: Hortas Urbanas. 2012. Disponível em: http://www. archdaily.com.br/br/01-53524/ windowfarms-hortas-urbanas?ad_medium=myarchdaily&ad_name=bookmark-show. Acessado em 31 julho 2017.

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FIGURAS Capa: https://goo.gl/WdwpbA

jPjE

Pagina 51: https://goo.gl/ oZNwpo

Página 6: https://goo.gl/5kcsUW

Página 23: https://goo.gl/ XeGcbC

Página 54: Global Mapper

Página 8: https://goo.gl/dT9Sbu

Página 24: https://goo.gl/ VniHXt

Página 56: https://goo.gl/gSzaWr

Página 10: https://goo.gl/ UZLGBr

Página 26: https://goo.gl/ nTy6oz

Página 57: https://goo.gl/ JJ93z1

Página 12 e 13: Figura 1: https://goo.gl/QuQuFU; Figura 2: https://goo.gl/GXC8JD; Figura 3: https://goo.gl/QjniEu.

Página 37: Figura 1: https:// goo.gl/iYFL8b; Figura 2: https:// goo.gl/w5ypAJ

Página 60: Global Mapper

Página 14: Global Mapper. Página 16 e 17: Figura 1 : https://goo.gl/KJLWf9; Figura 2: https://goo.gl/9muQPo; Figura 3: https://goo.gl/u16Y1b. Página 18: https://goo.gl/ BRrJVu Página 20: https://goo.gl/ R8gNQb Página 21: https://goo.gl/ v1N1b2 Página 22: https://goo.gl/bT-

Página 38: https://goo.gl/ CSzHDP Página 40: Global Mapper Página 42: Global Mapper Página 44: https://goo.gl/ooJysG Página 45: https://goo.gl/ fv6Ri5 Página 48: Global Mapper Página 50: https://goo. gl/7wkKRG

Página 62: https://goo.gl/ XccCBs Página 63: https://goo.gl/ EpFp1k Página 66: Global Mapper Página 68: https://goo.gl/ YQo1tQ Página 69: https://goo.gl/cQC8xR Página 72: Global Mapper Página 74: https://goo.gl/ssD3ws Página 75: https://goo.gl/9frfYt Brechas urbanas

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FIGURAS ATWx9J Página 78: Global Mapper Página 80: https://goo.gl/ ehH8XL Página 81: https://goo.gl/6JGFNa Página 84: https://goo.gl/ J2xpC6

Página 97: Figura 1 e 2: https://goo.gl/oKWABj Página 98: https://goo.gl/ QKofkP Página 99: https://goo.gl/ AH7E9T

Página 88: goo.gl/VZOn

Página 100: https://goo.gl/ HKvDvC

Página 90: https://goo.gl/tDdT1n

Página 102: https://goo.gl/kD6n8i

Página 91: https://goo.gl/ vjX6h3

Página 112: Imagens do Google Earth editadas pela autora.

Página 92: https://goo.gl/ AhGdth Página 93: Figura 1 e 2: https://goo.gl/QoJLxp

Página 113: Imagens do Google Earth editadas pela autora.

Página 94: Figura 1 e 2: https://goo.gl/cnkhXy

Página 114: Imagens do Google Earth editadas pela autora.

Página 95: Figura 1 e 2: https://goo.gl/zvh1f1

Página 116: https://goo.gl/ jdiSGG

Página 96: https://goo.gl/ 120 Brechas urbanas

Os mapas das curvas de níveis foram disponibilizados pela prefeitura do Rio de Janeiro, os demais são de produção da autora.


Brechas urbanas

121


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