A rua da amargura

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www.autenticaeditora.com.br 0800 2831322 ISBN 978-85-7526-267-2

9 788575 262672

ISBN 978-85-60778-03-4

9 788560 778034

Espetáculos do ~ Galpao

A rua

A rua da amargura

O Grupo Galpão comemora 25 anos com uma vivência teatral calcada na pesquisa e na experimentação e centrada no trabalho de grupo. Buscando uma temática essencialmente popular, dá ênfase a um teatro que rompe com os limites do palco e ganha as ruas e os espaços não convencionais. Como parte dessas comemorações, estamos lançando os textos de 10 espetáculos marcantes dessa trajetória. Neste volume, apresentamos A rua da amargura, concepção e direção de Gabriel Villela, com adaptação de Arildo de Barros para o texto O mártir do Calvário, de Eduardo Garrido, que conta o nascimento e a paixão de Cristo à maneira do circo-teatro e que foi um marco na história do Galpão.

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Montagem: GRUPO GALPÃO Concepção e direção: GABRIEL VILLELA Adaptação: ARILDO DE BARROS

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COPYRIGHT © 2007 BY

AUTÊNTICA EDITORA EDITORA PUC MINAS GRUPO GALPÃO

Eduardo Moreira e Eid Ribeiro Gustavo Campos, Waldir Lau e Miguel Aun C A P A E P R O J E T O G R Á F I C O : Patrícia De Michelis D I A G R A M A Ç Ã O : Carolina Rocha, Conrado Esteves e Patrícia De Michelis R E V I S Ã O : Cecília Martins C O O R D E N A Ç Ã O E D I T O R I A L : Rejane Dias e Cláudia Teles TEXTO:

FOTOGRAFIA:

GALPÃO

EDITORA PUC MINAS

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Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora, Editora Puc Minas e Grupo Galpão. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica sem a autorização prévia. AUTÊNTICA EDITORA

Rua Aimorés, 981, 8º andar . Funcionários 30140-071 . Belo Horizonte . MG Tel: 55 (31) 3222 6819 . TELEVENDAS : 0800 283 1322 www.autenticaeditora.com.br | autentica@autenticaeditora.com.br Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Grão-Chanceler: Dom Walmor Oliveira de Azevedo Reitor: Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães Vice-Reitora: Patrícia Bernardes Pró-reitor de Pesquisa e de Pós-graduação: João Francisco de Abreu EDITORA PUCMINAS

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Garrido, Eduardo G241a

A rua da amargura / Eduardo Garrido ; adaptação de Arildo de Barros . – Belo Horizonte : Autêntica /PUC Minas, 2007. 80 p. –(Espetáculo do Galpão, 3) ISBN 978-85-7526-267-2 Autêntica ISBN 978-85-60778-03-4 Puc Minas 1.Teatro. 2.Barros, Arildo de. I. Título. II. Série CDU 82-2 Ficha catalográfica elaborada por Rinaldo de Moura Faria – CRB6-1006

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Apresentação

O teatro é, essencialmente, o ator em cena. Muitas vezes, ao nos encantarmos com a interpretação, os figurinos, o cenário, acabamos nos esquecendo de um elemento fundamental: o texto. Talvez porque, quanto melhor o texto, menos o percebemos. Porém, o registro desses textos é o que constrói a memória do teatro. O Grupo Galpão, ao completar 25 anos, reuniu em livros os textos de suas mais significativas peças, que ajudam a contar a história e a evolução do grupo, que conquistou platéias no Brasil e no mundo. A comédia da esposa muda, Foi por amor, Corra enquanto é tempo, Romeu e Julieta, A rua da amargura, Um Molière imaginário, Partido, Um trem chamado desejo, Pequenos milagres e Um homem é um homem são as peças que registram a trajetória do Galpão e que agora ficarão guardadas além da memória do seu público. A Petrobras, maior patrocinadora de cultura do Brasil e patrocinadora do Grupo Galpão desde o ano 2000, tem imenso prazer em participar desta iniciativa. Para a Petrobras, o resgate e a preservação da memória da cultura brasileira é uma das mais importantes ações que uma empresa pode fazer por seu país. Com este projeto, além de patrocinar a manutenção do grupo e a montagem e circulação de seus espetáculos, a Petrobras ajuda a guardar um pouquinho da história do teatro brasileiro. Petrobras

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Introdução ao texto

No dia em que o diretor Gabriel Villela apresentou aos atores do Grupo Galpão o texto que serviria de base ao espetáculo A rua da amargura, um vento gelado percorreu o espaço de ensaios na sede da Rua Pitangui. O mártir do Calvário, escrito pelo dramaturgo carioca de ascendência portuguesa Eduardo Garrido, nos idos de 1901, se convertera no maior sucesso do circo-teatro no Brasil, durante a primeira metade do século XX. Com as cópias nas mãos, lendo em voz alta, os atores experimentavam uma vaga sensação de analfabetismo: ninguém entendia o que estava lendo. Vínhamos de uma longa intimidade com os versos clássicos de Shakespeare em Romeu e Julieta, mas nem essa experiência serviu para amenizar o espanto que tomou conta da trupe. O gosto parnasiano do autor, o vocabulário riquíssimo em arcaísmos, a sintaxe tortuosa e as inversões inalcançáveis numa primeira leitura tornavam aquela caudalosa torrente de decassílabos e redondilhas um deserto intransponível. Temíamos que as platéias fossem embora, que nos deixassem falando sozinhos no teatro, pela impossibilidade de compreender o que dizíamos. Gabriel explicava com paciência que aquela peça, encenada em circos, era entendida e comovia fortemente

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audiências popularíssimas, mesmo nos mais profundos confins do Brasil. Cabia aos atores dar entendimento ao texto para os ouvidos do público, não sem antes havê-lo entendido muito bem. O desafio foi aceito e começamos o enfrentamento. Único ator do grupo a ser desde o início tocado, ou melhor, fascinado pela linguagem delirante da peça, fui convidado pelo diretor para auxiliá-lo na tarefa de remover suas arestas mais contundentes. Primeiramente tínhamos de reduzir sua dimensão, uma vez que, utilizado todo o original, teríamos um espetáculo com aproximadamente quatro horas de duração. Deveríamos também desmontar e remontar a arquitetura barroca do texto, de modo que ela pudesse, conservando intacta sua forma original, chegar ao público absolutamente clara. A idéia de se montar um auto de Natal como introdução à narrativa da Paixão de Cristo nasceu do profundo apreço de Gabriel Villela por suas memórias de infância, quando assistia na igreja de sua terra, Carmo do Rio Claro, às comemorações populares da Natividade. Gabriel decidiu de antemão que essa introdução seria apresentada na rua e que o espetáculo teria prosseguimento no palco do teatro com os passos da Paixão. Ele obteve, por intermédio de um conterrâneo, uma fita cassete que continha os cantos e as falas usados nessas comemorações, gravados pelo coro popular que na época os executava. Essa gravação, antiga e de qualidade sofrível, não possibilitava uma compreensão nítida de todas as palavras. Procedemos, então, a um trabalho de ourivesaria para recuperar e dar sentido àquelas frases descosidas, mas entoadas com a emoção e a sinceridade dos legítimos fiéis. Como curiosidade arqueológica, conservamos os textos, incompreensíveis, mas saborosíssimos, pronunciados pelos Reis Magos, que acabaram compondo o clima de

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encanto e mistério de toda a seqüência inicial do espetáculo. Faltava ainda o encadeamento que desse organicidade narrativa ao conjunto. As lacunas foram sendo preenchidas com pequenos textos em versos: o arauto de Herodes anunciava, em decassílabos, a ameaça a todos os recém-nascidos; um anjo aconselhava, em redondilhas, que S. José fugisse com a família para o Egito. A fuga era finalmente descrita pela canção “José”, do compositor greco-francês Georges Moustaki e traduzida por Rita Lee, alegremente entoada pelo coro, enquanto o pequeno Jesus era, a contragosto, retirado de cena por José e Maria. Assim se desenhou a metodologia do processo de criação do espetáculo. Onde faltasse o nexo necessário à compreensão da narrativa, substituía-se uma cena muito longa ou menos inteligível por um texto, geralmente uma passagem pinçada na Bíblia ou alguma oração da liturgia romana, ou mesmo por uma canção, ainda que do repertório popular, que costurasse a seqüência das cenas e iluminasse o seu entendimento. Chegava-se, por esse caminho, a uma estrutura muito fiel à tradição do circo-teatro, que sempre lançou mão de elementos pop (filmes de sucesso, músicas muito tocadas nas rádios, fatos pitorescos então em evidência) para se aproximar do público, trazendo atualidade e dinâmica a seu repertório conservador. Fiel ao estilo, Gabriel selecionou, ousadamente, para fundo musical de toda a seqüência da Paixão, trechos da música épica de famosos westerns americanos, que produziram com perfeição os climas procurados. Além disso, a trilha executada ao vivo pelos atores em cena misturava ao repertório do cerimonial católico algumas jóias do nosso cancioneiro popular. O resultado de todo esse trabalho está escrito na história do teatro brasileiro. A rua da amargura se tornou um

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dos mais festejados espetáculos do Galpão. Arrebatou 17 dos prêmios mais importantes do país (Molière, Sharp, Shell, APCA e Sesc-Sated) entre 1994 e 1995, nas categorias Espetáculo, Direção, Cenário, Figurino, Iluminação, Atriz e Ator Coadjuvante. Foi encenado 227 vezes e assistido por aproximadamente 100 mil pessoas em 21 localidades de norte a sul do Brasil e em mais nove cidades na Espanha, Portugal, Canadá, Costa Rica, Venezuela, Colômbia e Uruguai. Não será preciso esclarecer que não prevaleceram os nossos iniciais temores de incomunicabilidade. Acabamos todos seduzidos por aquele texto espinhoso e nele mergulhamos com apetite, energia e coragem. Ao emergir, tínhamos nas mãos um espetáculo envolvente, caloroso e acessível. Jamais fomos ameaçados de abandono pelos diversos tipos de público que nos assistiram. Todos riam, choravam e se encantavam diante de cada frase retorcida, cada palavra inusual, cada inversão preciosista que conseguimos, sob a regência de Gabriel Villela, transfigurar em um monumento de beleza, de humor, de emoção, de leveza e, podem acreditar, de comunicabilidade.

Arildo de Barros

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