Lívia Sant’Anna Vaz | Chiara Ramos
ABAYOMI
O reluzir dos encontros preciosos
ILUSTRAÇÕES
Bárbara Quintino
Lívia Sant’Anna Vaz | Chiara Ramos
ABAYOMI
O reluzir dos encontros preciosos
Copyright © 2024 Lívia Sant’Anna Vaz (texto)
Copyright © 2024 Chiara Ramos (texto)
Copyright © 2024 Bárbara Quintino (ilustrações)
Copyright desta edição © 2024 Editora Yellowfante
Todos os direitos reservados pela Editora Yellowfante. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.
edição geral
Sonia Junqueira
assistente editorial
Julia Sousa
revisão
Julia Sousa
edição de arte
Diogo Droschi
diagramação
Arthur Carrião
Diogo Droschi
Oi, meu tesouro!
Sim, você é meu/nosso tesouro! É você que conecta o ontem, o hoje e o amanhã, esperançando um futuro ancestral que abraça todas as pessoas em suas múltiplas cores.
Este livro foi escrito por você e para você. E ele nos ensina que “nós somos porque fomos; nós somos porque seremos”.
Precisamos, então, regar as poderosas raízes do nosso passado, que nos levam à Mãe África, berço da humanidade. Assim, seremos capazes de, juntos, fazer florescer um lindo porvir, tão forte e belo quanto um frondoso baobá.
Que nossa ancestralidade abra seus caminhos para que você brilhe cada vez mais, como o reluzir dos encontros preciosos.
Ubuntu!
Lívia Sant’Anna Vaz
Oi, meu bem!
Estas linhas são para você, presente-futuro da nossa comunidade.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Vaz, Lívia Sant’Anna Abayomi : o reluzir dos encontros preciosos / Lívia Sant’Anna Vaz, Chiara Ramos ; ilustrações Bárbara Quintino. -- 1. ed.; 1. reimp. -- Belo Horizonte, MG : Yellowfante, 2024.
ISBN 978-65-6065-036-7
1. Ancestralidade 2. Bonecas - Literatura infantojuvenil 3. Contos africanos - Literatura infantojuvenil 4. Cultura afro-brasileira - Literatura infantojuvenil I. Ramos, Chiara. II. Quintino, Bárbara. III. Título.
24-195270
Índices para catálogo sistemático:
1. Contos : Literatura infantil 028.5
2. Contos : Literatura infantojuvenil 028.5
Tábata Alves da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9253
CDD-028.5
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Estou feliz em falar com você. Na sua idade, eu tinha muitos sonhos e a sorte de ser filha de Dona Carla e Seu Cláudio, que me ensinaram que eu poderia voar para outros tempos e lugares.
Mainha sempre lia. Eu queria ser como ela e comecei a ler também, descobrindo que os livros podiam me transportar.
Antes dos dez anos, visitei o Egito, a Grécia e Paris sem sair do engenho de cana-de-açúcar onde fui criada.
Os livros nos permitem essas viagens. Esta obra vai te levar para a África, nosso continente-mãe.
Espero que goste. Vamos nos transportar para outro mundo?
Abraço!
Que Deus e minha mamãe Oyá abençoem você.
Axé, Chiara Ramos
Apresentação
Num poderoso clã de guerreiras ashantis, situado no coração da África Ocidental, sete irmãs são confrontadas com um desafio que parecia irrealizável. Se não fossem capazes de, juntas, cumprir a missão, todo o povoado onde viviam poderia ser afetado. Esta é uma história com ensinamentos atemporais sobre sabedoria ancestral e o poder da filosofia ubuntu: “eu sou porque nós somos”.
Este conto foi adaptado de uma história de tradição oral africana. Ela nos foi contada por um senegalês, estilista e vendedor de tecidos africanos que, com sua notável vocação para a contação de histórias, não apenas nos encantou mas também conquistou nosso interesse pelos tecidos que vendia. Apesar de ser ambientado em um povoado ashanti, nosso conto é inspirado em diversos saberes, agregando elementos das religiões afro-brasileiras e da filosofia africana.
Com uma linguagem envolvente para pessoas de todas as idades, o conto Abayomi: o reluzir dos encontros preciosos revela a circularidade na conexão entre o antes, o agora e o porvir. Que este livro seja para vocês uma oferenda, um precioso reencontro com a ancestralidade.
As autoras
Num poderoso clã de guerreiras ashantis, situado no coração da África Ocidental, a história das sete irmãs que transformaram seda em ouro era sempre repetida pela mestra Griô, a grande sábia.
Era chegada mais uma bela noite prateada pela lua nova de Ashanti, quando todas as crianças do povoado se reuniam em torno da fogueira, aos pés de um frondoso baobá. A Griô, velha guardiã das palavras, possuía uma beleza que se intensificava com o escoar do tempo; seus longos e trançados cabelos brancos contrastavam com a pele preta. Cercada por pequeninos olhos atentos – que de tão brilhantes iluminavam as margens do Rio Tano –, ela, mulher de presença magnética, permaneceu um tempo em silêncio, o que aguçou ainda mais a curiosidade das crianças.
A mestra Griô pediu a bênção e licença à ancestralidade e abençoou os mais novos, como tradicionalmente fazem as pessoas das religiões afro-brasileiras. Depois, entoou uma animada cantiga, que há muito tempo havia aprendido com as mais velhas. Antes do conto, o canto: – Nós somos porque fomos! Nós somos porque seremos! Eu sou porque nós somos e assim resistiremos!
As crianças sorriam, batiam palmas e cantavam regidas pelo expressivo olhar da Griô. Aos poucos, o restante do povoado foi se aproximando e encorpando oalegre coro. Aquela melodia era um conhecido prelúdio para as pessoas mais velhas: a história dos sete novelos! A cada vez que ela era recontada, uma nova lição engrandecia o espírito de quem a ouvia.
Naquela noite, a velha guardiã das tradições estava especialmente interessada nas crianças que não conheciam o conto. Estas, por sua vez, chegavam a prender a respiração à espera do grande momento, que foi descortinado pela Griô de voz firme e acolhedora: –Era uma vez...
Os estalos da fogueira, as folhas arrastadas pelo vento e o murmúrio suave da correnteza do rio eram só o que cortava o silêncio instalado naquele imenso círculo.
Satisfeita com a magia que conectava o ontem, o hoje e o amanhã, a mestra Griô contou que, há muitos e muitos anos, vivia naquele povoado uma importante família que conduzia aquele clã com bondade e justiça. A matriarca da família era respeitada por sua inteligência, força e coragem. Diziam que tinha a leveza de uma borboleta, mas a força de mil búfalos. Por vezes, era a brisa suave que acalentava; outras, era o furacão avassalador. Mas uma coisa era certa: ela sempre foi justa!
Contudo, a valente guerreira carregava uma profunda tristeza em seu coração: a desunião de suas sete filhas. Como podiam ser tão parecidas e, ao mesmo tempo, tão diferentes? Desde pequenas, as sete disputavam tudo! Discutiam sobre quem era a mais bela, a mais forte ou a mais amada pela mãe.
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