Bantos, Malês e identidade negra

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Conheça outros títulos da coleção Cultura Negra e Identidades • A consciência do impacto nas obras de Cruz e Sousa e de Lima Barreto Cuti

Este livro reúne elementos históricos sobre a formação do Brasil em seu caráter étnico, identitário e cultural e mostra ao leitor as contribuições dos bantos nesse processo. Além disso, Nei Lopes estabelece novos parâmetros sobre a relação entre islamismo e negritude. À guisa de seu envolvimento com a resistência cultural negra no Brasil e na África, apresenta ao leitor uma face da história ignorada por grande parte dos brasileiros. Sobre Nei Lopes, em Épuras do social: como podem os intelectuais trabalhar para os pobres (São Paulo: Global, 2004), escreveu o professor Joel Rufino dos Santos: “[...] Nei é um híbrido que ironiza (no sentido socrático de contraideologia) suas duas metades. É um aglutinador de pobres negros suburbanos e intelectuais propriamente ditos.”

• Comunidades quilombolas de Minas Gerais no séc. XXI – História e resistência – Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (CEDEFES) • Diversidade, espaço e relações étnico-raciais – O negro na geografia do Brasil – Renato Emerson dos Santos (Org.) • Literaturas africanas e afro-brasileira na prática pedagógica – Iris Maria da Costa Amâncio, Nilma Lino Gomes e Miriam Lúcia dos Santos Jorge • Negritude – Usos e sentidos – Kabengele Munanga Mais títulos da coleção no site www.autenticaeditora.com.br

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Bantos, malês e identidade negra – Nei Lopes

Nascido no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro em 1942, Nei Lopes é bacharel em Direito e Ciências Sociais pela antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ. Poeta, músico popular e estudioso das matrizes africanas na cultura brasileira, é autor de mais de uma dezena de livros sobre o assunto, entre os quais, Novo dicionário banto do Brasil; Enciclopédia brasileira da diáspora afri­ca­­na e kitábu, o livro do saber e do espírito negro-africanos. Em novembro de 2005, pelo conjunto de sua obra como músico e intelectual, Nei foi agraciado pelo governo federal com a medalha da Ordem do Mérito Cultural.

Bantos, malês e identidade negra

ISBN 978-85-7526-215-3

www.autenticaeditora.com.br 0800 2831322

Nei Lopes 9 788575 262153

Consciente da influência eurocentrista no pensamento brasileiro, Nei Lopes debruça-se sobre a formação do Brasil, atento às contribuições dos bantos e dos malês na constituição da cultura e do povo deste país verde e amarelo e genuinamente negro. O ca­rá­ter identitário dos brasileiros e a for­matação social do Brasil foram cons­­truídos sob a égide da superioridade branca e da coisificação do negro. En­tretanto, Nei Lopes mostra ao leitor uma face da história desconhecida por grande parte dos brasileiros. Ignorados pelos estudos antropo­lógicos sobre o Brasil, os bantos encontram nestas páginas um tratamento merecido, por terem contribuído positivamente para a cultura e para a formação identitária e étnica do Brasil. Este livro figura como uma rica ferramenta para se pensar o país e seus diversos tons. A publicação permite, também, novos parâmetros de interpretação histórica das conexões entre islamismo e negritude. A primeira edição deste livro foi pu­bli­cada em 1988, pela Forense Uni­ver­sitária. Sua reedição atesta a atempora­li­­da­de do tema abordado. Com o cres­cimento do número de publicações vol­tadas para a cultura e a identidade ne­gra no Brasil, o livro se constitui uma obra atual, necessária e uma efetiva contri­buição para a discussão dessa temática.

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Coleção Cultura Negra e Identidades

Nei Lopes

Bantos, malês e identidade negra 1ª reimpressão

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Copyright © 2006 by Nei Lopes COORDENADORA DA COLEÇÃO

Nilma Lino Gomes CONSELHO EDITORIAL

Marta Araújo – Universidade de Coimbra; Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – UFSCAR; Renato Emerson dos Santos – UERJ; Maria Nazareth Soares Fonseca – PUC Minas; Kabengele Munanga – USP PROJETO GRÁFICO DA CAPA

Patrícia De Michelis EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Tales Leon de Marco Waldênia Alvarenga Santos Ataíde REVISOR

Alexandre Vasconcelos de

Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica sem a autorização prévia da editora.

AUTÊNTICA EDITORA Rua Aimorés, 981, 8º andar. Funcionários 30140-071 . Belo Horizonte . MG Tel: (55 31) 3222 68 19 T ELEVENDAS : 0800 283 13 22 www.autenticaeditora.com.br e-mail: autentica@autenticaeditora.com.br

Lopes, Nei L864b

Bantos, malês e identidade negra / Nei Lopes . 1. reimp. — Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008 . 224 p. — (Cultura Negra e Identidades) ISBN 978-85-7526-215-3 1.Antropologia-Brasil. 2.Cultura negra-Brasil. I.Título. II. Série. CDU 572.9(81)

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ADVERTÊNCIA

Neste livro, principalmente na parte consagrada aos Bantos, o leitor especializado na matéria poderá se surpreender com a grafia de boa parte das palavras. Isso porque as línguas africanas hoje se escrevem segundo critérios estabelecidos por convenções nacionais ou internacionais. Em Angola, por exemplo, várias línguas (Kikongo, Kimbundu, Umbundu, Cokwe, Mbunda e Oxykwanyama) já se grafam através de alfabetos criteriosamente estabelecidos pelo Instituto Nacional de Línguas. Assim é que o antropólogo angolano Henrique Abranches, no glossário de seu romance A Konkhava de Feti (União dos escritores Angolanos, 2ª ed., 1985) reclama: “A etnologia oficial portuguesa escrevia tudo de forma aportuguesada, dando exotismos como ‘cuanhama’, ‘quioco’, ‘amboela’, indo mais longe, usando até o adjetivo Banto (masc.) e Banta (fem.).” Mas é o mesmo Henrique Abranches quem, desta vez no número de estréia (1º semestre de 1984) da revista Muntu, editada pelo CICIBA, na República do Gabão, escreve: “A melhor forma de representação fonética dos nomes dos grupos étnicos, uma vez que a conceptualização dos mesmos implica um processo de abstração, seria a de utilizar apenas o radical da palavra eliminando-lhe o prefixo que a pessoaliza. [...] Seja como for, um dia virá em que num discurso de língua portuguesa todas as palavras serão aportuguesadas sem o complexo de ferir susceptibilidades veracistas ou genuístas, da mesma maneira que em português se diz ‘alemão’ e não ‘deutsch’, ‘russo’ e não ‘rusky’, como muitas pessoas o defendem já.” Lembramos, então, que este livro não tem critérios rigidamente estabelecidos quanto à grafia das vozes africanas, principalmente bantas, aqui apresentadas. Optamos pela compreensão mais fácil e pela consagração

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do uso. Porque, mais que rigor lingüístico, o que aqui se quer é a reparação de uma injustiça histórica, para o resgate da identidade dos descendentes dos africanos que forjaram a Nação brasileira. Quanto à grafia “Islão”, embora menos usada no Brasil que “Islã”, foi adotada, por preferência do professor João Baptista Vargens, especialista em língua árabe, desde o nosso primordial Islamismo e negritude, texto de 1982. O autor

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SUMÁRIO

AO

LEITOR....................................................................................

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OS

MALÊS.................................................................................

11

O Islão: nascimento e expansão...............................................

15

A África................................................................................

18

A África antes do Islão...........................................................

20

Kasson e Djolof.....................................................................

22

Gana, Mali, Songai e Kanem....................................................

23

Ifé, Oyó e Benin........................................................................

27

O Islão na África...................................................................

30

A fase Berbere.......................................................................

32

A fase Mandinga....................................................................

33

A fase Songai...............................................................................

35

O interlúdio Bambara...............................................................

38

A fase Peule...........................................................................

38

O Islão e o tráfico de escravos..................................................

41

O Islão e a religião tradicional..................................................

48

O Islão Negro no Brasil...........................................................

55

Os malês e as revoltas negras na Bahia...................................

70

Os malês e a auto-afirmação do negro brasileiro......................

82

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BANTOS..................................................................................

89

Equívocos e preconceitos.........................................................

93

Origens e localização..............................................................

95

Na costa e nos sertões do leste..............................................

109

No rio Congo.........................................................................

115

No Cuanza e no Congo............................................................

125

Jagas, balubas e outros bantos................................................

136

O saber e o espírito entre os bantos..........................................

143

África-Brasil-África..................................................................

158

Principais quilombos brasileiros..................................................

165

Reis, guerreiros e foliões............................................................

174

Santos, inquices e antepassados...................................................

191

As línguas bantas e o português no Brasil...................................

196

CONCLUSÃO – A QUESTÃO NEGRA NO BRASIL.......................................

203

REFERÊNCIAS....................................................................................

213

OS

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E

IDENTIDADES

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AO

LEITOR

Este livro, desde sua primeira versão, procura mostrar dois aspectos do preconceito anti-negro embutido na historiografia brasileira anterior à década de 1970. O primeiro é a exaltação do segmento arabizado da população cativa, tido como o escol da massa escrava no Brasil, pintado sempre como altivo e insubmisso, em geral letrado, embora constituindose em ínfima minoria e praticando, como sabemos, um islamismo constantemente impregnado de práticas ancestrais negro-africanas, aquelas tidas como “fetichistas”. O segundo é a negação da importância cultural do segmento banto na formação brasileira, apesar de sua relevância, pela anterioridade de sua presença e pelo número vultoso de sua entrada nos portos brasileiros, por mais de 300 anos, além de sua dispersão forçada por quase todo o território nacional, em obediência aos sucessivos ciclos econômicos. O escravismo brasileiro foi eminentemente banto, como prova a presença afro-originada principalmente na música, nas danças dramáticas, na língua, na farmacologia, nas técnicas de trabalho e até mesmo nas estratégias de resistência aqui desenvolvidas, como nos casos exemplares dos quilombos e das irmandades católicas. Mas a historiografia anterior à década de 1970, de um modo geral, procurou negar essa hegemonia. E, a nosso juízo, o fez com um objetivo definido: o de negar importância à regra, à maioria, mitificando positivamente, de certa forma, apenas a exceção. Daí, o “negro tu”, sempre submisso e imbecilizado, contraposto ao “malê” ou “mina”, generalizadamente mostrado como rebelde, altivo e letrado. Essa falácia chegou até nós. E repercutiu seriamente na tentativa de reconstrução identitária da militância negra a partir da década de 1970. E BANTOS,

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é isto que este livro, dentro das modestas possibilidades de seu autor, em 1987, quando concluída sua primeira versão, procurou mostrar. Após a publicação da edição revista e aumentada do livro Rebelião escrava no Brasil, do historiador João José Reis, em 2003, acreditamos que quase mais nada restou a dizer sobre o episódio da presença dos negros malês no Brasil. De nossa parte, após a publicação da primeira edição do nosso Bantos, malês e identidade negra travávamos contato, entre outros, com o livro Les Bantu; langues, peuples; civilisations, do historiador e lingüista congolês Théophile Obenga, que veio consolidar e atualizar nossas pesquisas sobre o universo banto no continente de origem. Por outro lado, a demanda suscitada pela lei que em boa hora estabelece a inclusão de conteúdos de história africana e afro-brasileira nos currículos escolares motivou esta segunda edição de nosso livro, lançado em 1988. Nela, notadamente na parte relativa aos Bantos, procuramos corrigir e atualizar algumas informações. Na que se refere aos Malês, como nada há a acrescentar – repetimos – depois do excelente trabalho do professor Reis, fizemos apenas alguns ajustes, mais de forma que de conteúdo, o mesmo ocorrendo na Conclusão. Assim, o leitor tem em mãos uma nova edição do Bantos, malês e identidade negra, a qual, entretanto, permanece fiel em sua proposta de mostrar duas pontas do emaranhado novelo racista que envolve o olhar sobre o negro, africano ou afro-descendente no Brasil. Esperamos que, ao lado das outras obras que escrevemos e publicamos de 1988 até aqui, este livro seja útil na construção ou na consolidação de uma auto-estima positiva no espírito dos leitores afro-descendentes, até a final erradicação do insidioso e renitente racismo que sistematicamente exclui os brasileiros de origem africana dos espaços de excelência e, conseqüentemente, das esferas de decisão e Poder em nosso país. O autor

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