“UM LIVRO PARA DESPEDAÇAR SEU CORAÇÃO E DEPOIS CURÁ-LO” – Viet Thanh Nguyen, vencedor do Prêmio Pulitzer com O simpatizante
THI BUI
nemo
MEMÓRIAS GRÁFICAS
O MELHOR QUE PODÍAMOS FAZER MEMÓRIAS GRÁFICAS
THI BUI
tradução de FERNANDO SCHEIBE
` CIO P R E FA As sementes deste livro foram plantadas em 2002, quando eu estava fazendo pósgraduação e resolvi interromper um pouco meus estudos de Educação Artística para me embrenhar no mundo da história oral. As transcrições das histórias da minha família (e o desajeitado livro artesanal que produzi) me pareceram mais significativas do que qualquer obra de arte que eu tivesse feito até então. Estava tentando entender as forças que levaram minha família, no final dos anos 1970, a fugir de um país e tentar recomeçar a vida em outro. Intitulei meu projeto “A família Bui no Vietnã e nos Estados Unidos: uma reconstrução da memória”. O livro continha fotografias e alguns desenhos, mas sobretudo texto escrito, tudo bastante acadêmico. No entanto, eu sentia que ainda não tinha conseguido resolver o problema narrativo de como apresentar a história de uma maneira humana e compreensível. Pensei então que transformá-la numa graphic novel poderia ajudar. Mas tinha primeiro que aprender a fazer uma! Fiz o esboço inicial das primeiras páginas em 2005, e não foi nada fácil me adaptar a essa nova mídia. Por essa e outras razões, levei muito tempo para realizar este projeto. Quando meu filho tinha um ano, e este livro também era só um bebê, me mudei com minha família de Nova York para a Califórnia. Lá, me engajei na criação de uma escola pública alternativa para imigrantes na cidade de Oakland, onde lecionei por sete anos. Era difícil arranjar tempo e ânimo para trabalhar em algo que não apenas exigia um bocado de pesquisa histórica como também era extremamente pessoal e, não raro, doloroso. Quase desisti muitas vezes. Mergulhada nos problemas migratórios atuais e nas vidas dos meus alunos, dei ao livro o nome de Refugee
Reflex [reflexo de refugiado] e trabalhei nele durante as férias escolares. Além de soar terrivelmente como reflux [refluxo gástrico], o título tinha o problema de não abranger todo o tema do livro. Em 2011, no momento em que estava reorganizando minha vida de modo a poder dar mais atenção a meus pais, percebi que o livro, no fundo, falava da relação entre pais e filhos, e foi então que ele se tornou O melhor
que podíamos fazer. No longo caminho percorrido para fazer este livro, recebi muitos presentes das pessoas que encontrei: a oportunidade de apresentá-lo a uma editora maravilhosa. O apoio constante e generoso de artistas, escritores e editores que admiro. A camaradagem de contadores de histórias e fazedores de mágicas. E o amor e a confiança incondicionais da minha família. Minha cabeça roda de admiração. Meu coração transborda de gratidão.
—Thi Thi Bui Berkeley, Califórnia Julho de 2016
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