L I FE by LUF E
“sempre me encantou conhecer as pessoas através dos espaços em que elas vivem, e não apenas a decoração de onde elas moram”
APRESENTAÇÃO LUFE GOMES
Sempre tive muita curiosidade sobre a casa das pessoas, principalmente de desconhecidos. Lembro-me de, ainda criança, ir visitar amigos dos meus pais que eu nem fazia ideia de quem eram. Eu andava devagar pelos cômodos, observando cada detalhe: a luz que entrava pelos quartos, as fotos nas estantes ou nas paredes, as cores das cobertas na cama, como os moradores se reuniam na mesa da cozinha e até os sons das conversas deles – tudo me interessava muito. Eu tentava de alguma forma descobrir aquelas famílias através dos objetos expostos. E é ótimo agora poder compartilhar algumas dessas histórias. Porque ainda melhor do que descobrir essas pessoas é poder dividir o que aprendo com elas a cada encontro. Iniciei o projeto Life by Lufe para mostrar para mim mesmo que existiam outras pessoas que pensavam parecido comigo, e que viviam e decoravam suas casas com a autenticidade de suas experiências e com as histórias que se orgulhavam de se lembrar. Comecei fotografando casas de amigos, e depois de amigos de amigos, e assim por diante, nesta que se tornou uma jornada pessoal. Quero destacar um ponto importantíssimo deste livro e de todo o projeto Life by Lufe: eu nunca havia estado na maioria das casas que fotografei e conheci os moradores apenas no momento em que abriram as portas para mim; eu não tinha ideia nem da fisionomia dessas pessoas. Acho que foi isso que me encantou tanto na capa deste livro. O olho mágico da porta me faz lembrar de quando chego para fotografar e fico ali por alguns segundos antes de tocar a campainha, imaginando quem é que vai me atender e como meu olhar e o melhor de mim vão se conectar com o melhor daquele desconhecido. Atrás de cada porta existe vida, existe surpresa, existe algo e alguém que em segundos vão se abrir para mim. É incrível. A primeira
coisa que recebo é sempre um sorriso iluminado seguido de um abraço, como se já fôssemos amigos de longa data. Acho que olho mágico é isso. É ter um olhar transformador, observar o lado bom daquilo que nos cerca. Ao fotografar essas casas fiz amigos, aprendi lições, me encantei diversas vezes com os mínimos detalhes que contavam histórias grandiosas. Um olhar mágico que despertava até mesmo os próprios moradores para se enxergarem com encanto e ver como são inspiradores por serem exatamente quem são. Acho que é isso que faz o projeto Life by Lufe tão viciante para mim. Eu preciso dessa busca, dessa caminhada, dessa jornada de encontros com pessoas desconhecidas e ao mesmo tempo tão parecidas. Não importa o país, a cultura, as histórias únicas de vida. Todas as pessoas fotografadas neste projeto têm algo em comum. Pode ser no Japão ou na Argentina, nos Estados Unidos ou na Tailândia, no Peru ou no Brasil, o que mostro aqui vai além da geografia ou de padrões preestabelecidos. O importante é enxergarmos a nós mesmos e como nos colocamos no ambiente em que vivemos. Por isso este título – Onde vive você –, pois minha busca é sempre o ser humano que habita o espaço. Onde está você por todos os lados? Quais são as suas histórias, as suas memórias, os seus gostos pessoais, o que faz você se sentir bem? Do que você gosta, como você se sente feliz dentro de casa, não por imposições de tendências ou moda, mas pelo que verdadeiramente move você? Espero que este livro desperte também -seu olhar mágico sobre as casas que mostro aqui, sobre aquelas com as quais você se depara no dia a dia e, principalmente, sobre a sua própria forma de morar e de se ver dentro do seu ambiente, para que assim possa se reconhecer em cada detalhe, em cada cantinho da sua casa. _
PREFÁCIO MAURÍCIO ARRUDA Arquiteto
Este não é um livro de fotos de decoração. É um livro de histórias. Lufe sempre volta dessas casas ou das suas viagens pelo mundo contando a história das pessoas que encontrou. Nunca o ouvi dizer que fez apenas fotos lindas. Ele descreve detalhes de como as pessoas vivem, trabalham, cozinham, cuidam de suas plantas e dos móveis que herdaram ou garimparam, a relação com seus filhos e amigos, como escolheram seus apartamentos ou construíram suas casas. E assim criamos uma relação afetiva com essas casas. Pelas suas fotos, compreendemos emocionalmente os ambientes. Trata-se de empatia. Olhar a casa como uma extensão da nossa personalidade. Esse é o segredo de todo projeto de decoração bem-sucedido e das fotos reunidas neste livro. Não são imagens sobre estilo, tendência, esquemas de layout, cores ou revestimentos. Não é o móvel, a obra de arte ou o tapete que importam. Lufe está à procura da alma da casa, algo que resuma a essência daquilo que seus moradores são e acreditam. E a decoração é uma consequência disso. Certa vez, ouvi o Lufe dizer que uma boa história de vida pressupõe uma casa que vai render boas fotos. Ele não costuma visitar os espaços antes do dia das fotos. Ele costuma conversar com as pessoas. Ele sabe que são elas que dão vida para as casas, e não os móveis. Isso é revolucionário na decoração. As casas mais lindas nunca são milimetricamente arrumadas.
Ao contrário, nelas os sapatos estão junto à porta de entrada, as louças secando ao lado da pia e os brinquedos espalhados pela sala. São casas com cheiro de comida na panela, café sendo coado, banheiro com piso molhado, roupa passada. Casas sendo vividas. Para isso, é comum Lufe pedir para que nada saia da sua rotina antes de ele chegar. Ele busca o cotidiano, a dinâmica única dos lugares. Ele está atrás de casas verdadeiras, num dia normal, com pessoas reais. O resultado desse trabalho apaixonado pelo jeito de morar de pessoas tão diferentes são registros de vidas inspiradoras. De pessoas que têm uma relação de amor com seu ninho. O foco nas pessoas nos permite observar o quão única pode ser nossa casa se nos deixarmos ser refletidos por ela. Nesse reflexo cabe tudo aquilo que fomos, somos e sonhamos. Nos faz entender que a nossa casa não é um projeto finito, pois nós estamos em construção durante toda a vida. Suas fotos são generosas, assim como ele. Lufe gosta de gente e fotografa para conectar pessoas. Como se estivéssemos sendo apresentados para alguém que, segundo ele, precisamos conhecer. Cada imagem é como se estivéssemos ali ao lado dele na câmera, conhecendo um novo amigo. Ele não fotografa nem em silêncio, nem sozinho. Ele gosta de “fotografar junto”, conversando, dando risada, deixando o morador, nós e a casa à vontade. _
LILLY VARELLA Para a Lilly a vida não é minimalista, ela é mais! Sempre mais, muito mais.
Ela é a mente criativa por trás do bar Drosophyla, em São Paulo, onde ousar é básico. Fotografá-la em seu apartamento foi mais que registrar momentos. Foi um encontro de almas, um nascer de uma amizade que floresceu desde o primeiro instante. Estávamos os dois ali, envoltos por boa música, risadas, confidências e bom humor, e assim brilhava o espírito que norteia todo o processo do Life by Lufe: reconhecer pessoas que de alguma forma fazem parte de você, pois defendem os mesmos pensamentos e atitudes de se colocar no mundo com sua mais sincera essência.
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Quando eu apenas imaginava criar o projeto Life by Lufe, pensava: “Quero encontrar pessoas como ela!”. A Lilly é sempre uma fonte de inspirações para mim e para a essência deste projeto, mas eu ainda não a conhecia quando a convidei para ser uma das primeiras fotografadas. E onde ela morava? Eu não tinha a menor ideia de como era, mas certamente seria “a cara dela”! E assim surgiu o conceito que eu buscava. Fotografar a pessoa através do espaço em que ela vive, e não apenas a decoração de onde ela mora. E eu a via assim, cheia de alegria e coragem de ser quem ela é, de deixar suas cores explodirem de dentro para fora, de ousar. Isso é o que mais me encanta em sua forma de ver o mundo, e o que mais procuro mostrar no Life by Lufe. _
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WALDA MARQUES Essa casa antiga de Belém do Pará é literalmente uma casa cenário.
A fotógrafa Walda Marques me recebeu com sua alegria contagiante para me mostrar os detalhes desse espaço que mistura, de forma harmoniosa, sua morada e seu estúdio fotográfico. Todos os cantinhos são usados como composições em suas criações, desde a cortina vermelha na sala até as paredes pintadas que nos levam a um universo lúdico e fantasioso. “Aqui é casa de vó, tem comidinha no fogão, tem clima de família e tem sempre amigos entrando e saindo.” Foi assim que Walda definiu seu estilo de morar com sua mãe e seu filho, enquanto tomávamos o mais puro açaí do Pará, ressaltando ainda mais as maravilhas coloridas do Norte do nosso Brasil.
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Walda Marques é uma pessoa de destaque na cena fotográfica de Belém do Pará. Entre tantas obras, ela produz uma série de fotonovelas com uma boa dose de humor e poesia. Se sua casa é um cenário, nada melhor que cortinas vermelhas para nos receber e abrir o espetáculo que nos aguarda nos detalhes. No corredor de entrada, as paredes receberam rosas pintadas à mão, assim como o hall, pintado como uma floresta, ressaltando o verde e as árvores. Cada cantinho ali pode ser usado em suas produções fotográficas. Lá em Belém há uma devoção à Nossa Senhora, e acontece o Círio de Nazaré, um dos maiores eventos de fé do Brasil. Walda, com sua criatividade, transformou até seu oratório em algo cenográfico. A roda-gigante, feita de miriti por artesãos paraenses, para mim tem um significado especial: assim como na roda da vida, às vezes estamos em cima, às vezes em baixo, mas a beleza maior está quando a colocamos em movimento. _
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