Regina Pinto de Carvalho Abigail Pinto de Carvalho
UMA CASA NA VISÃO DA FÍSICA LEITURAS COMPLEMENTARES PARA O ENSINO MÉDIO
Regina Pinto de Carvalho
Abigail Pinto de Carvalho Consultoria em Arquitetura
UMA CASA NA VISÃO DA FÍSICA LEITURAS COMPLEMENTARES PARA O ENSINO MÉDIO
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Uma casa na visão da Física
Copyright © 2017 Regina Pinto de Carvalho Copyright © 2017 Abigail Pinto de Carvalho Copyright © 2017 Autêntica Editora Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.
editora responsável
capa
Rejane Dias
Alberto Bittencourt (sobre ilustração de Mirella Spinelli)
editora assistente
Cecília Martins
ilustração
Mirella Spinelli Henrique Cupertino Júlia Agostini
revisão
Lúcia Assumpção revisão técnica
Ana Márcia Greco de Sousa Káttia Tôrres
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Carvalho, Regina Pinto de Uma casa na visão da física / Regina Pinto de Carvalho, Abigail Pinto de Carvalho, consultoria em arquitetura.-- 1. ed. --Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2017. ISBN 978-85-513-0144-9 1. Física (Ensino médio) 2. Arquitetura I. Carvalho, Abigail Pinto de. II. Título. 16-09125
CDD-530.07
Índices para catálogo sistemático: 1. Física : Ensino médio 530.07
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CAPÍTULO I
COMPONENTES DA CASA
Os elementos que compõem uma casa são a fundação, as paredes e a cobertura; geralmente os materiais usados, em nosso país, são cimento, vigas metálicas, tijolos, madeira, pedra, terra ou combinações deles. Cada um desses materiais tem vantagens e desvantagens, tanto do ponto de vista econômico quanto com relação a rigidez, resistência, durabilidade, isolamento térmico ou acústico, etc. As vantagens e as desvantagens serão descritas neste livro.
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Elementos da estrutura Fundação A fundação é uma base que suporta o peso da construção, transmitindo-o para o solo e impedindo que ela afunde ou se incline sobre o terreno, provocando trincas e rachaduras na construção. O material e as dimensões da fundação vão depender do tipo de solo no qual a casa será construída. Em caso de ser um solo firme e seco, podem ser usados alicerces de tijolo ou concreto sob as paredes, com largura maior que as mesmas (FIG. I-1A). Esta é a chamada fundação direta. Se o terreno é pouco firme, a fundação pode ser uma placa de concreto, abrangendo toda a área construída, que recebe a carga da edificação e a distribui uniformemente sobre o terreno. No caso de edificações com maior peso, a fundação deve repousar sobre estacas inseridas no terreno, até uma profundidade onde o solo seja firme. Esta é a chamada fundação profunda (FIG. I-1B) e pode ter várias formas: tubulões, estacas, etc.
A
B
Figura I-1: (A) fundação em terreno firme; (B) fundação em terreno pouco firme
Capítulo I
Componentes da casa
Paredes As paredes têm múltiplas funções. Elas isolam o interior térmica e acusticamente, promovem a privacidade dos moradores, suportam o peso da cobertura ou de andares superiores, fazem a divisão dos diversos ambientes. As paredes que suportam o peso são chamadas paredes estruturais ou de sustentação, e as outras são chamadas de paredes de vedação ou cortina. Paredes, em geral, são feitas de tijolos, cimento ou madeira. Geralmente, a estrutura da casa se compõe de um “esqueleto” de sustentação, feito com pilares, vigas, etc. As forças são assim concentradas em porções determinadas, em vez de se usar toda a extensão da parede. Os vazios do esqueleto podem em seguida ser preenchidos com material menos resistente e mais leve, que servirá apenas como vedação: tijolos furados, gesso, placas de madeira compensada ou cartão. É preciso também se projetar a chamada amarração das paredes: vigas horizontais ligam um lado a outro da casa, na altura do teto ou do piso, e impedem que as paredes se deformem e saiam da posição vertical sob o peso da cobertura ou de andares superiores. Nas paredes são inseridos os vãos (portas, janelas, seteiras, etc.) que permitem a entrada e a saída de pessoas e objetos e a passagem de luz e ar. Eles devem ser colocados em locais que não comprometam a função estrutural das paredes (no caso dessas paredes terem a função estrutural) e podem necessitar de uma moldura como reforço, para impedir a deformação das mesmas.
Cobertura A função da cobertura é proteger a casa de chuva, radiação solar ou vento, e manter a temperatura interna em níveis aceitáveis de conforto. As coberturas podem ser feitas com telhas de cerâmica, cimento, pedra, madeira, fibras vegetais, etc. Em nosso país, os materiais mais comumente usados são telhas de
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cerâmica e fibrocimento, ou lajes de concreto. Soluções alternativas podem aumentar o conforto térmico da edificação e serão analisadas no Capítulo II – Conforto térmico e acústico. Alguns tipos de cobertura usados em outros países serão descritos no Capítulo VI – Casas de povos diversos. Toda cobertura é composta de uma estrutura e seu recobrimento. É necessário utilizarem-se de artifícios para recobrir um grande vão com pequenos pedaços. Em geral, uma telha cerâmica mede em torno de 40 cm x 15 cm, e um conjunto delas deve cobrir um vão de, por exemplo, 4 m x 8 m. Um engradamento recebe as telhas, aumentando devagar o espaço coberto, até cobrir o vão e distribuindo a carga do peso próprio do material, somado ao que é agregado (neve, poeira, musgo, água, por exemplo – a ação do vento é importantíssima e sobrecarrega a estrutura). Num telhado com estrutura de madeira tradicional e cobertura de telhas cerâmicas, temos as ripas, os caibros e outras peças, dispostas em intervalos crescentes.
Materiais Argila e pedras A argila crua é dos materiais que primeiro foram usados na construção de casas. Ela tem baixa resistência à compressão e por isso era, em geral, misturada com pedras ou com fibras vegetais. A baixa resistência mecânica fez com que as casas com paredes de argila fossem construídas com paredes extremamente grossas, para suportar o peso dos pisos superiores e da cobertura. Os povos antigos faziam uso constante da pedra em suas edificações, pela facilidade de obtenção e pela robustez do material. A pedra tem boa resistência à compressão, mas não à tração, e por isso eram usados artifícios para aproveitar as qualidades da pedra, como as estruturas em arco, que serão discutidas mais adiante neste capítulo.
Capítulo I
Componentes da casa
Tijolos e telhas cerâmicas Os tijolos e telhas cerâmicos são feitos de argila colocada em formas; podem ser usados apenas secos, ou serem cozidos, para adquirir maior resistência. São os pequenos blocos que, unidos, recobrem grandes superfícies, como paredes e telhados. A argila é composta de finas partículas de óxidos de alumínio com uma pequena quantidade de óxido de ferro, além de conter óxidos de silício (areia). Outros elementos podem estar presentes como traços na composição da argila; eles são responsáveis por propriedades diversas do produto final, como cor, dureza, resistência a altas temperaturas, etc. Após a moldagem e a secagem, que elimina a água contida entre as partículas, o material é submetido ao cozimento. Nessa fase, o óxido de silício se funde, transformando-se em uma massa vítrea, que envolve as partículas remanescentes, e, após o resfriamento, confere dureza ao tijolo ou telha. O resultado é um objeto com boa resistência mecânica e baixa condutividade térmica. Devido à sua estrutura porosa, a cerâmica é um bom isolante térmico, pois o ar retido em seus poros impede a condução de calor. Essa característica é interessante para seu uso em paredes e telhados. Além disso, os poros ligados ao exterior podem reter umidade ambiente ou água da chuva, que, ao evaporar, vai retirar calor do material, o que é conveniente principalmente em se tratando de telhados. Os tijolos podem ter furos internos que, além de diminuir o peso total da parede, servem para a passagem de dutos de água ou energia. Se preenchidos com concreto, esses tijolos podem formar pilares de sustentação. Telhas e tijolos cerâmicos são também usados como elementos de decoração. Os tijolos furados, por exemplo, são usados em muros verdes, onde os furos são preenchidos com terra para reter vegetação. As telhas podem ser usadas como forro de prateleiras para garrafas de vinho: seu formato facilita o equilíbrio da garrafa, e suas propriedades térmicas mantêm o frescor desejado para o armazenamento da bebida.
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Cimento Para a fabricação do cimento, aquecem-se carbonato de cálcio (calcário), óxido de silício (areia), óxidos de ferro e alumínio (argila). Após o cozimento, obtêm-se silicatos, aluminatos e ferro-aluminatos de cálcio, que são pulverizados e misturados a uma pequena quantidade de sulfato de cálcio (gesso). O cimento reage facilmente com água. Por isso, para evitar o início das reações químicas com a umidade ambiente, ele é embalado imediatamente após sua preparação. Por estar ainda aquecido, usam-se sacos feitos com diversas camadas de papel grosso; esses sacos, porém, não impedem completamente o contato do pó de cimento com umidade e, por essa razão, o cimento tem prazo de validade bem curto. Já no local da construção e no momento da sua utilização, o cimento é colocado em contato com água. Ao se hidratar, a mistura forma um gel, com grande desprendimento de calor. Os aluminatos reagem rapidamente com a água e se precipitam em cristais em forma de agulha; a seguir, formam-se silicatos de cálcio hidratados, que preenchem as lacunas entre os cristais de aluminatos. Essa fase é denominada de cura do cimento. As ligações interpartículas ocorrem mais lentamente e endurecem o material, na fase denominada endurecimento. Durante essa etapa, a massa é submetida a vibrações, para permitir que o ar retido na mistura escape. O calor liberado pelas reações de hidratação é muito grande e pode ser danoso, pois o interior da peça, mais aquecido, poderá se dilatar mais que a parte externa, esfriada em contato com o meio ambiente. Essa diferença na dilatação pode provocar trincas. Por isso, é conveniente retardar a reação química, com a adição de gesso ao cimento. Sendo bastante solúvel em água, o gesso vai sequestrar a água existente na mistura e dificultar a hidratação dos outros componentes. O cimento serve de “cola” para manter os tijolos no lugar, ou de acabamento em pisos e paredes. Quando areia ou cascalho
Capítulo I
Componentes da casa
são adicionados ao cimento, obtemos o concreto, que serve para a fabricação de placas e outras estruturas pré-moldadas usadas em paredes e tetos, e também como base para as estruturas de sustentação formando, com grande eficiência, pilares, vigas, alicerces. Desde a Antiguidade, já eram usadas misturas que mantinham unidas as pedras das construções: assírios e babilônios usaram argila; egípcios usaram uma mistura de cal e gesso para unir as pedras em grandes edificações, como as pirâmides; e romanos acrescentaram cinzas vulcânicas nessas misturas, obtendo ótimos resultados, mas suas fórmulas eram mantidas em segredo pelas corporações e foram perdidas com o tempo. Somente no século XVIII foram obtidas novas misturas que se igualavam em qualidade ao cimento romano.
Ferro e aço A partir da revolução industrial (final do século XIX e início do século XX), foi possível usar ferro e aço como reforço ou como elemento estrutural. O aço é uma liga de ferro com até 2% de carbono, o que torna o material mais resistente e fácil de ser dobrado. O aço inoxidável é obtido com a adição de traços de cromo, que dificulta a oxidação da liga. O reforço de uma estrutura é feito usando-se vergalhões de ferro embutidos em lajes de concreto, como será discutido mais adiante neste capítulo, ou preparando “esqueletos” de aço, que ficarão aparentes ou não. Devido à sua grande resistência, é possível usar o aço em estruturas de perfis pequenos, mais leves, e que, quando ficam aparentes, formam figuras geométricas ou rendadas. Em geral, são usados arranjos triangulares, pois essa figura geométrica dificilmente se deforma sob a ação de forças. Por ser muito resistente à tração, o aço é usado nos cabos de sustentação em estruturas suspensas.
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Formas e estruturas especiais Concreto armado e concreto protendido Quando uma estrutura apoiada pelos dois extremos recebe uma carga externa, ela tende a se curvar, devido ao peso da carga, acrescentado ao seu próprio peso. Sua parte superior é comprimida, enquanto a parte inferior sofre uma força de tração (FIG. I-2A). Se a estrutura está apoiada em apenas um dos extremos (estrutura em balanço), o peso adicionado, ou às vezes seu próprio peso, poderá fazer com que ela se curve, sofrendo compressão na parte inferior e tração na superior (FIG. I-2B). Em geral, essas estruturas são feitas de concreto, pois a plasticidade do cimento permite a obtenção de diversas formas. O concreto resiste bem à compressão, mas não à tração, e pode trincar sob o peso da carga. Para resolver esse problema, as vigas são feitas em concreto armado: o concreto envolve uma armadura de vergalhões de aço, que resistem bem à tração. Para aumentar ainda mais o efeito, usa-se o concreto protendido: os vergalhões são submetidos a uma tensão inicial e mantidos tensionados pela capa de concreto; assim, eles estão sempre comprimindo o concreto, e diminuem a tensão externa provocada por uma carga.
Compressão Tração
A
Tração
Compre
ssão
B
Figura I-2: (A) Ao receber uma carga externa, uma estrutura apoiada nos dois extremos sofre compressão em sua parte superior e tração na parte inferior; (B) a estrutura em balanço sofre compressão na parte inferior e tração na parte superior
Capítulo I
Componentes da casa
Vigas em I Da mesma forma mostrada na Figura I-2, as superfícies superior e inferior de uma viga metálica são mais solicitadas pelo esforço de uma carga do que a região intermediária. Por isso, as vigas são em geral construídas com a forma da letra “I”, como é mostrado na Figura I-3: a parte central da viga, que não recebe esforço de compressão nem de tração, pode ter uma espessura menor, economizando material e diminuindo o peso da própria viga. Figura I-3: viga em “I”
Arcos A Figura I-4 mostra a construção de um vão em arco, usando pedras cortadas de forma adequada. Na configuração em arco, o peso do material que está sobre ele se distribui por toda a extensão do mesmo, e cada bloco receberá apenas uma pequena parte do peso. A compressão ajuda a manter coesos os blocos de pedra ou tijolos, fazendo com que em muitos casos não seja preciso usar cimento ou similar para uni-los. As estruturas em arcos são usadas em vãos de portas e janelas, que apresentam a forma de arco em sua parte superior e podem suportar o peso das partes superiores da edificação.
Figura I-4: Estrutura em arco.
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Mudanças de escala e resistência dos materiais A robustez de um material pode ser conveniente para uso em certas construções, mas pode ser insuficiente, caso a escala do projeto seja aumentada. Suponhamos, por exemplo, que se projete uma casa em que as colunas de sustentação têm uma dada espessura. Se decidirmos dobrar as dimensões lineares do projeto, as colunas, mesmo com suas dimensões dobradas, podem não suportar a nova estrutura. Isso ocorre porque o peso a ser suportado depende do seu volume, e a resistência da coluna depende da sua área transversal. Enquanto o volume varia com o cubo da dimensão linear, a área varia com o quadrado dessa dimensão. Então, dobrando as dimensões da casa, seu peso será 8 vezes maior que o original (23=8), enquanto as colunas serão apenas 4 vezes mais resistentes (22=4). Portanto, para manter a estabilidade da edificação, será preciso aumentar a espessura das colunas. Isso pode não ser suficiente, ou ser inviável no projeto. Nesse caso, será preciso construir as colunas com material mais resistente – por exemplo, aumentando a quantidade de ferro dentro do concreto armado.
Ação das intempéries sobre os materiais A vida útil de qualquer material é afetada por sua interação com o meio ambiente. Umidade, calor ou frio excessivo, maresia ou ventos devem ser levados em conta no momento da escolha dos materiais e do projeto na construção de uma casa. O excesso de calor ou de frio e, em particular, grandes variações de temperatura em curtos espaços de tempo provocam dilatação e contração dos materiais, gerando trincas e rompimento. Por essas trincas podem penetrar umidade ou poeira que se misturam ao material da construção, comprometendo a estabilidade, a resistência e a função do material e da estrutura da casa. Para evitar trincas por dilatação, grandes áreas cimentadas possuem pequenas juntas, a espaços regulares.
Capítulo I
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Em particular, as trincas no concreto armado fazem com que a umidade atinja os vergalhões de ferro em seu interior, propiciando sua oxidação. Os óxidos de ferro ocupam volume maior que o ferro metálico, então os vergalhões vão se expandir e deslocar a camada de cimento que os recobre, tirando a propriedade estrutural do elemento. Em locais próximos à costa marítima, as casas estão sujeitas à umidade salgada, trazida do oceano pelos ventos. O sal depositado sobre os materiais ajuda a reter a umidade e facilita a corrosão dos mesmos. Em casas próximas ao mar, é preciso usar tintas especiais ou outro tipo de proteção contra a maresia. Os ventos devem ser considerados quando se faz o dimensionamento da estrutura de uma casa, porque exercem uma força lateral sobre as estruturas. Assim, além da força vertical devida ao peso, as estruturas de sustentação devem ser previstas para suportar essa força horizontal, que em alguns casos pode deformar e fazer oscilar a edificação. A ocorrência de ventos é principalmente importante na estabilidade de telhados: a estrutura de apoio dos mesmos deve levar em conta o contraventamento, que em geral é feito introduzindo peças em arranjos triangulares (FIG. I-5). Além de evitar deformações, esses arranjos fazem com que o peso do telhado seja transferido para pontos específicos nas paredes de sustentação.
Esquema de forças S1
© Abigail Pinto de Carvalho
R
P
P % i = 25
P
P
P
S2 P
i = 25
%
Figura I-5: Contraventamento em tesoura de madeira aparente em telhado de duas águas. Residência OLC, em Nova Lima (MG), projeto de A. Carvalho. : peso;
e
: sustentação pelas vigas;
: resultante; i: inclinação da cobertura.
P
P
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Os andares mais altos de um edifício podem oscilar com o vento, em alguns casos, com amplitudes de 10 cm ou mais. Eles devem ser construídos com uma estrutura externa flexível e que possa sofrer um deslocamento controlado. As paredes internas devem ser leves e desconectadas da estrutura externa. Em casos extremos, furacões e terremotos precisam ser levados em conta no momento de se projetar uma casa. Nesses casos é preciso prever, entre outras precauções, coberturas com fixação robusta, fundações que amorteçam as oscilações do terreno, paredes internas de material muito leve. As paredes externas devem ser reforçadas e flexíveis, isto é, o material deve suportar grandes compressões e trações, e, quando deformado, voltar à sua forma original sem se romper.
Peso de uma casa A Tabela I-1 indica o peso típico dos diversos componentes de uma casa térrea de 150 m2 de área. Note que as paredes internas têm peso menor que as externas. Isso acontece porque elas podem ser feitas com menor espessura (a recomendação usual é de uma espessura de 15 cm), pois sua função de isolamento não é tão exigida quanto a da parede externa. Recomenda-se que esta seja feita usando-se uma espessura de 25 cm. Tabela I-1: peso típico dos componentes de uma casa térrea de 150 m2 de área Componente
Peso (kgf )
cobertura (estrutura de madeira, telhas de cerâmica)
50.000
forro de estuque
11.000
parede externa (tijolos de cerâmica, revestimento dos dois lados)
52.000
paredes internas (tijolos de cerâmica, revestimento dos dois lados)
40.000
piso de cimento, com carga de pessoas e móveis
52.000
TOTAL
205.000
Fonte: http://www.ebanataw.com.br/roberto/fundacoes/peso.htm
Capítulo I
Componentes da casa
Atividades
© Ana Márcia G. Sousa
1. a) Observe os materiais estocados em um local em obras. Tente verificar a função de cada um, ou converse com os funcionários da obra sobre a utilização dos materiais. b) A Figura I-6 mostra parte de um canteiro de obras. Os materiais mostrados são os mesmos que aqueles que você observou? Que material falta na fotografia e que você acha importante mencionar?
Figura I-6: Para a Atividade 1
2. Quebre um galho seco e observe: onde houve tração? E compressão? Em que local houve a quebra com mais facilidade? Conclua, então, se a madeira é mais resistente à compressão ou à tração. 3. Usando peças de um brinquedo de montar, construa um triângulo e um quadrado, como na Figura I-7. Pressione as formas pelos vértices e verifique que uma delas se deforma facilmente e a outra não. Qual delas se deforma? Por que isso acontece? Você pode associar suas conclusões com a estrutura metálica de alguma edificação em sua cidade ou algum monumento famoso? Qual?
Figura I-7: Montagem para a atividade 3
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4. Para verificar os problemas com mudança de escalas, construa duas “pontes” de papel, sendo que todas as dimensões de uma delas são o dobro das respectivas dimensões da outra. Para isso, prepare duas tiras de papel com as dimensões de (20 x 2) cm2 e uma tira de (10 x 1) cm2. Dobre-as conforme a Figura I-8. Para que a espessura da ponte maior seja o dobro da menor, superponha as duas tiras maiores. Cole as pontas das pontes sobre um suporte, ou coloque pequenos objetos para segurá-las. b a a
a a
Figura I-8: Atividade 4. Para a ponte maior: a = 2 cm; b = 12 cm; espessura = 2 tiras de papel. Para a ponte menor: a = 1 cm; b = 6 cm; espessura = 1 tira de papel
Teste as duas “pontes” com “cargas” proporcionais: para a menor, a carga será um quadrado de papel de (4 x 4) cm2, dobrado diversas vezes; para a ponte maior, serão dois quadrados de (8 x 8) cm2. Por quê?
Qual das duas “pontes” suporta melhor a “carga”? Por quê? Lembre-se que a resistência de uma estrutura depende da área transversal à direção do esforço, enquanto o peso varia com o volume da carga.
5. Observe as paredes internas de um edifício alto. Elas são rigidamente ligadas ao piso? São semelhantes às paredes externas? Comente suas observações. 6. Identifique juntas de dilatação no pátio de sua escola ou em um local público de sua cidade. Qual a função dessas juntas? Observe se elas cumprem o papel a que são destinadas.
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