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Apresentação

Ricardo Musse

A trajetória recente da China não cessa de causar admiração. O mundo acompanha atônito seu impressionante desenvolvimento econômico, a transformação de sua manufatura em oficina do mundo, o surgimento de cidades monumentais que brotam do nada, conectadas entre si por trens de alta velocidade.

Essa nova potência comercial, industrial e financeira desperta não apenas sentimentos contraditórios, mas também muitas indagações: como ela consegue combinar uma economia de mercado com um sistema político fechado, o planejamento estatal com a livre-iniciativa de gigantescas empresas privadas? O que pretende com a “Iniciativa Cinturão e Rota”? Quais são os efeitos dessa modernização acelerada e tecnológica sobre a vida cotidiana?

Este livro se propõe a fornecer respostas para essas e outras questões. O leitor encontrará aqui explicações sobre a gênese, o desenvolvimento e o futuro da China; interpretações sobre as características principais da economia, da sociedade, da vida política e da cultura do país-continente.

Os ensaios foram redigidos por destacados analistas brasileiros, um grupo selecionado por suas contribuições relevantes e originais, resultantes de estágios de pesquisas no território chinês.

Alexandre de Freitas Barbosa confronta, na longa duração, as particularidades históricas do Ocidente e da China, diferenças que levaram, com a ascensão chinesa, a uma reorganização da economia-mundo capitalista.

Elias Jabbour e Alexis Dantas examinam o papel do Estado na gestão, na coordenação e na planificação da economia. Essa intervenção teria gestado uma formação econômico-social específica: o socialismo de mercado.

Wladimir Pomar comenta o ponto de vista de economistas marxistas chineses sobre a questão “capitalismo versus socialismo” e suas estratégias para desenvolver as forças produtivas, reduzindo a polarização social.

Bruno Hendler, a partir do exame de dados factuais, afirma que a transição do ciclo sistêmico de acumulação protagonizado pelos EUA para o impulsionado pela China não configura uma nova hegemonia, mas, antes, o acirramento da rivalidade.

Francisco Foot Hardman descortina as afinidades culturais entre o Brasil e a China, pela via da recepção brasileira de dois expoentes da arte chinesa contemporânea: o escritor Mo Yan e o cineasta Jia Zhangke.

Luiz Enrique Vieira de Souza faz um balanço do andamento contraditório da questão do meio ambiente, da polaridade entre fluxos de modernização ecológica e vetores de degradação ambiental.

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