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CINQUENTA SAPATOS QUE MUDARAM O MUNDO
DESIGN MUSEUM
Tudo à nossa volta tem um design, e essa palavra já é parte de nossa vivência diária. Mas quanto sabemos sobre o assunto? Cinquenta sapatos que mudaram o mundo contribui para esse conhecimento, listando os 50 principais designs de sapatos a terem impacto substancial no mundo do design de hoje. Do Plimsoll da década de 1830 ao sapato Melissa de Zaha Hadid de 2008, sobre cada calçado há uma breve referência para que se explorem tanto o que conferiu ao sapato seu status icônico quanto os designers que lhe proporcionaram um lugar especial na história do design.
CINQUENTA SAPATOS QUE MUDARAM O MUNDO
Outros títulos da série: Cinquenta cadeiras que mudaram o mundo Cinquenta carros que mudaram o mundo Cinquenta vestidos que mudaram o mundo
DESIGN MUSEUM
CINQUENTA SAPATOS QUE MUDARAM O MUNDO
O Design Museum tem como missão: celebrar, entreter e informar. Trata-se do principal museu do mundo a se dedicar ao design contemporâneo em todos os seus aspectos, de mobiliário a gráfico, de arquitetura a design industrial. O Design Museum empenha-se em colocar o design no centro da cultura contemporânea e em demonstrar a riqueza e a importância da criatividade encontrada em todas as formas de design.
www.autenticaeditora.com.br 0800 283 1322
Capa: Cortesia de Jimmy Choo
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CINQUENTA SAPATOS QUE MUDARAM O MUNDO
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CINQUENTA SAPATOS
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Introdução
8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58
Plimsoll (calçados de lona), anos 1830 Galocha, anos 1840 Bota Frye, 1863 Sapato bicolor, 1868 Tênis All-Star de basquete, 1917 Sapato de amarrar com gáspea em patchwork, 1930 Ma Gouvernante, 1936 Sapatos plataforma de Carmem Miranda, 1938 Sapatos de rubi de Dorothy, 1939 Sandália com tira no calcanhar, anos 1940 Calçado “Doc Martens”, 1947 Desert boot, 1949 Stiletto (salto agulha), anos 1950 Sapatilhas de balé “Cendrillon”, 1956 Hush Puppies, 1958 Bota Chelsea, c. 1960 Bota de oito pares de ilhós, 1960 Botas plásticas na altura dos joelhos, anos 1960 Winklepickers, anos 1960 Chinelo de dedo, 1962 Driving shoe, anos 1970 Sapato “Ossie”, 1972 Sapatos plataforma, 1972 Bota Timberland, 1973 Tênis Waffle, 1974 Botas Ugg, 1978
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Nike Air Jordan 1, 1984 Watch Shoe, c. 1987 Plataformas “Mock-Croc”, 1993 Hommage à Giger, 1993 “Mary Janes” Campari, 1994 Pelota, 1995 MBT, 1996 Sapato com adereço de pena, 1998 Sapato EIN/TRITT, anos 2000 Extreme Ballerina Heels 2, c. 2000 Bota sem salto, c. 2000 Joe Sneaker, c. 2000 Vivo Barefoot, c. 2001-03 Crocs, 2002 Sapato Alex, 2003 Sandália Birkenstock, 2003 Cups Elk, 2003 Calçado Nat-2, c. 2003 Speed Stiletto, 2007 Electric Light Shoe, 2008 Kei Kagami, 2008 Medic Esthetic, 2008 Melissa Anglomania, 2008 Calçado Melissa, 2008
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CINQUENTA SAPATOS
É impressionante a rapidez com que o sapato evoluiu nas últimas décadas. O tênis transformou o que entendíamos como sapato de uso diário, criando uma nítida barreira entre gerações, para grande desespero dos sargentos “linha dura”, que recebem recrutas com pés impossibilitados de se adaptar ao uso de botas. Novos materiais, fechos, maneiras de resistir à água e mais uma infinidade de inovações alteraram muitos dos parâmetros básicos. Pela natureza polimorfa e variável dos sapatos, existem modelos que conseguiram migrar do passado para novas formas de calçar. Intimamente associado à indústria da moda, o sapato também continua a abarcar tanto a produção industrial de massa quanto a manufatura artesanal individual. O sapato exerce claramente um fascínio no imaginário popular. Nos 20 anos de exposições temporárias do Design Museum, a retrospectiva de Manolo Blahnik ocorrida em 2003 – no auge do fenômeno Sex and the City – ainda detém o recorde da mostra que atraiu mais visitantes por semana. Esta seleção de 50 modelos explora todo o escopo do design de sapatos, mostrando como essa peça pode se referir tanto a conforto quanto a autoimagem, a moda e a tecnologia.
À direita: Salto do Electric Light Shoe, uma escultura de um metro de altura produzida como parte da campanha de marketing de 2008 da Electric Tiger Land para promover a Onitsuka Tiger, a marca de calçados japonesa.
Deyan Sudjic, diretor do Design Museum
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PLIMSOLL
anos 1830
Houve em uma época um calçado informal que dominava o cenário esportivo e enchia todos os ginásios escolares com guinchos de derrapadas e cheiro de borracha. Precursor do tênis e instigador do fenômeno cultural de se adotar calçados esportivos confortáveis, o plimsoll teve vários momentos de supremacia desde a década de 1830 até grande parte do século XX. Esse calçado despretensioso foi usado, primeiramente, pela classe trabalhadora quando em férias no litoral. Os primeiros modelos traziam solas de corda ou de couro e a gáspea em lona. A versão com solado de borracha apareceu na década de 1830, produzida pela Liverpool Rubber Company (que mais tarde se tornaria a Dunlop). Outro aperfeiçoamento foi a grossa faixa de borracha que circundava o calçado para fortalecer e proteger a junção do solado de borracha com a lona. Foi essa faixa, que diziam lembrar a linha de flutuação (plimsoll ) em torno do casco de um navio, que deu ao calçado o seu nome no final do século XIX, pelo menos na Inglaterra. Nos Estados Unidos, o plimsoll é geralmente conhecido como tennis shoe ou sneaker. No Brasil, chamamos genericamente de tênis, salvo quando tem o solado em corda, caso em que é denominado alpargata ou alpercata. Amortecedor de choques e delicado nos gramados, o plimsoll logo se tornou o mais estimado calçado esportivo, sendo amplamente adotado pelos atletas nas Olimpíadas de Paris, em 1924.
À direita: O icônico plimsoll produzido em massa, em diferentes estágios de sua fabricação. Ele se tornou um importante calçado esportivo, com grande uso nos séculos XIX e XX.
Liverpool Rubber Company (posteriormente, Dunlop)
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GALOCHA
anos 1840
Galocha, por definição, é uma cobertura usada sobre sapatos mais vulneráveis, feitos para ambientes internos, para protegê-los de condições adversas experimentadas ao ar livre, como chuva e barro. As primeiras e mais antigas versões consistiam em uma sola grossa de madeira, acoplada a uma espécie de chinelo onde enfiar o pé, a uma luva de tecido à prova d’água ou a um couro preso na parte inferior da perna. A própria palavra sugere a antiguidade da ideia: “galocha” derivaria do termo latino gallica solea (calçado gálico), usado pelos romanos para descrever as botas rústicas de solado de madeira usadas pelos guerreiros da Gália (a atual França). No período vitoriano, segundo o que se sabe, a ideia foi incorporada por um inglês reumático que lera sobre essas proteções de sapatos no relato de Júlio César sobre sua campanha na Gália e que queria proteger seus próprios pés da umidade. Na realidade, parece que a galocha foi trazida para a era moderna pelo empresário americano Charles Goodyear (1800-1860), que em 1839 descobriu o processo de vulcanização, que torna a borracha mais forte e resistente em condições extremas. Como em outras áreas do design, as novas tecnologias viriam revolucionar os calçados e sua produção.
À direita: Elegantes, as jovens usam galochas para proteger seus finos sapatos da sujeira das ruas.
Goodyear
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BOTA FRYE
1863
A Frye Company foi fundada em 1863 nos Estados Unidos por John A. Frye (falecido em 1911), um fabricante de botas, e atualmente é, naquele país, uma das mais antigas na fabricação de sapatos. Usadas tanto por soldados confederados quanto pelos da União durante a Guerra de Secessão e por muitos dos pioneiros colonizadores do oeste americano ao longo do século XIX, as botas Frye se confundem com a história norte-americana. Mais tarde, no século XX, as clássicas botas Harness Frye se tornariam as favoritas entre os militares americanos na Segunda Guerra Mundial. O primeiro par de botas Frye foi manufaturado artesanalmente em 1863, e até hoje elas continuam sendo feitas com a mesma atenção aos detalhes – a empresa afirma orgulhosamente que há 190 etapas na fabricação de uma única bota. Símbolo de continuidade, qualidade e, alguns poderiam acrescentar, de um machismo antiquado, a bota Frye é uma sobrevivente plena de nostalgia de uma época em que a nação americana ainda estava sendo construída. Como uma história viva, ela resistiu ao teste do tempo e ainda permanece popular graças a um relançamento bem-sucedido, na década de 1960, do modelo original da década de 1860.
À direita: A bota Frye em ação. Alfred R. Waud, um corajoso artista correspondente da revista Harper’s Weekly, retrata o campo de batalha de Gettysburg em 1863. Abaixo: A bota Frye é tão antiga quanto a moderna nação americana e, para muitos, simboliza a turbulenta história do país, assim como suas rústicas paisagens.
The Frye Company
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SAPATO BICOLOR
1868
O sapato bicolor é um item elegante do ramo dos calçados, que teve várias manifestações a partir de meados do século XIX. Um antigo exemplo é atribuído ao londrino John Lobb (1829-1895), um fabricante de botas sob medida, que criou sapatos de críquete bicolores para cavalheiros, em 1868. Os originais teriam, muito provavelmente, um corpo branco, com os dedos e o salto em marrom ou preto, mas suas cores têm variado ao longo dos anos, pelas muitas reinterpretações desse básico design. O material original teria utilizado couro marrom granulado, de novilho, e branco, de antílope. Com a ideia de conforto e praticidade, a área dos dedos às vezes trazia perfurações para ventilar o sapato quando fizesse calor. O sapato bicolor surgiu em uma época de aumento nas atividades de lazer e na informalidade em meio às classes privilegiadas. Sua popularidade ficou garantida quando o Duque de Windsor, um elegante criador de tendências, exibiu um par com cravos ao jogar golfe. Longe de exibir esforços, o sapato se tornou um toque de informalidade para acompanhar um terno descontraído, nas décadas de 1920 e 1930, sendo que o modelo também se introduziu na moda feminina da época. Ajustados ao pé, confortáveis e flexíveis, eles também se tornaram o calçado perfeito para os salões de danças da Era do Jazz. Nos filmes de Hollywood, o sapato bicolor tornou-se uma marca registrada do elegante rei da dança de salão, Fred Astaire.
À direita: James Cagney e Sophia Delza sapateando no palco, no espetáculo da Broadway The Grand Street Follies of 1928. Cagney exibe um elegante par de sapatos bicolores – a maneira perfeita de se destacar nas décadas de 1920 e 1930.
John Lobb
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TÊNIS ALL-STAR DE BASQUETE
1917
Todos os tamanhos e cores, mas apenas uma forma clássica que conseguiu resistir ao teste do tempo por quase um século. O tênis All-Star de basquete foi criado pela Converse Rubber Corporation e surgiu em Massachusetts, em 1917. Em 1921, em um exemplo do agora muito conhecido apoio a personalidades esportivas, a Converse contratou a estrela de basquete Charles “Chuck” H. Taylor para promover o tênis, e, dois anos depois, o nome “Chuck Taylor” começou a aparecer em todas as etiquetas do tornozelo. Os “Cons” ou “Chuckers”, como eles rapidamente foram apelidados, estavam então no caminho para se tornar um nome familiar. Inicialmente, os All-Stars de lona e borracha vinham apenas em uma cor – um utilitário negro –, mas, na década de 1960, sob pressão dos competitivos times de basquete americanos, a Converse começou a introduzir uma seleção maior de cores. Há muito o All-Star se afastou da quadra de basquete, e agora está entre os mais icônicos e versáteis exemplos de design de calçados do século XX. O rock e o grunge já não detêm o seu monopólio – usado com jeans ou complementando um terno, o status do calçado transcende as categorias e gêneros da moda.
À direita: Os Ramones, em 1977, usando All-Stars da Converse, em uma moderna manifestação do tênis esportivo. Abaixo: Andy Warhol retratou este ícone americano em sua pintura Converse Extra Special Value (1985-1986).
Converse
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SAPATO DE AMARRAR COM GÁSPEA EM PATCHWORK
1930
Salvatore Ferragamo (1898-1960) esteve entre os maiores e mais talentosos designers de calçados do século XX, responsável pela criação de exuberantes e inovadores modelos que se provaram irresistíveis a gerações de mulheres endinheiradas – de Hollywood a Bollywood e a ocasional esposa de ditador. Ferragamo conseguiu produzir extravagantes peças únicas, como um par de sandálias de ouro 18 quilates, feito em 1956; patenteou inovações, como o salto com cunha de cortiça (1937; páginas 22-23), e clássicos que resistem, como a sandália invisível (1947). Em uma história que vai da miséria à opulência, que poderia ser escrita como um conto de fadas, Ferragamo começou a fazer calçados aos nove anos de idade. Aos 14, montou uma loja na casa de seus pais, em Bonito, no sul da Itália, e dois anos mais tarde emigrou para os Estados Unidos, onde rapidamente fez sua reputação em meio à nata de Hollywood. Embora ele tenha voltado para a Itália em 1927, conservou uma clientela fiel entre as estrelas do cinema americano. Assim, criou mais de 40 pares de calçados para Marilyn Monroe, inclusive o par de sandálias com tiras no calcanhar que ela usou na lendária cena do “respiradouro do metrô” em O pecado mora ao lado (1955). Este bonito sapato de amarrar com gáspea em patchwork data do período imediatamente posterior ao retorno de Ferragamo à Itália, quando ele abriu uma oficina e uma loja em Florença.
À direita: Este elegante sapato em patchwork é um bom exemplo do maravilhoso trabalho artesanal do designer italiano Salvatore Ferragamo. O patchowork viria a ser um tema recorrente na obra do designer de calçados.
Salvatore Ferragamo
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