Cinquenta vestidos que mudaram o mundo

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DESIGN MUSEUM

CINQUENTA VESTIDOS QUE MUDARAM O MUNDO

Outros títulos da série: Cinquenta cadeiras que mudaram o mundo Cinquenta carros que mudaram o mundo Cinquenta sapatos que mudaram o mundo DESIGN MUSEUM

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CINQUENTA VESTIDOS QUE MUDARAM O MUNDO

Tudo à nossa volta tem um design, e essa palavra já é parte de nossa vivência diária. Mas quanto sabemos sobre o assunto? Cinquenta vestidos que mudaram o mundo contribui para esse conhecimento, listando os 50 principais vestidos a terem impacto substancial no mundo do design de hoje. Do vestido Delphos plissado de 1915 ao vestido de LED de Hussein Chalayan de 2007, sobre cada vestido há uma breve referência para que se explorem tanto o que conferiu a ele seu status icônico quanto os estilistas que lhe proporcionaram um lugar especial na história do design.

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CINQUENTA VESTIDOS QUE MUDARAM O MUNDO

O Design Museum tem como missão: celebrar, entreter e informar. Trata-se do principal museu do mundo a se dedicar ao design contemporâneo em todos os seus aspectos, de mobiliário a gráfico, de arquitetura a design industrial. O Design Museum empenha-se em colocar o design no centro da cultura contemporânea e em demonstrar a riqueza e a importância da criatividade encontrada em todas as formas de design.

2ª edição

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CINQUENTA CADEIRAS QUE MUDARAM O MUNDO

CINQUENTA CARROS QUE MUDARAM O MUNDO

CINQUENTA SAPATOS QUE MUDARAM O MUNDO

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www.autenticaeditora.com.br 0800 283 1322

Capa: Sunset Boulevard/Corbis

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CINQUENTA VESTIDOS QUE MUDARAM O MUNDO

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CINQUENTA VESTIDOS

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Introdução

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Vestido Delphos plissado 1915 Vestido melindrosa em jersey c.1926 Vestido de deusa 1931 Vestido de noiva de Wallis Simpson 1937 O New Look 1947 Vestido rosa-choque 1947 Vestido da coroação da rainha Elizabeth II 1953 Vestido de Marilyn Monroe em O pecado mora ao lado 1955 Terninho Chanel final dos anos 1950 Pretinho básico 1961 O estilo de Jackie Kennedy c.1961 Vestido da coleção Moon Girl 1964 Vestido Mondrian 1965 Minivestido 1965 Vestido de Diana Rigg em Os vingadores 1965 Maxi vestido de algodão de Laura Ashley 1966 Vestido de alumínio 1966 Vestido safári 1968 Vestido de papel 1968 Vestido midi 1968 Vestido e casaco 1970 Vestido topless 1970 Vestido de Twiggy na estreia de The Boy Friend em Los Angeles 1971 Vestido envelope 1973 Vestido de malha listrado 1974

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Vestido frente única c.1977 Vestido-camisa Kenzo 1977 Vestido de chiffon pintado 1979 Vestido de noiva da princesa de Gales 1981 Vestido Comme des Garçons 1981 Vestido Ghost 1984 Mini-crini 1985 Vestido de Krystle Carrington 1985 Vestido de Cher na premiação do Oscar por Feitiço da lua 1988 Vestido bandagem 1989 Tubinho 1990 Vestido enterrado 1993 Vestido Pleats Please 1993 Vestido de chiffon preto plissado 1994 Vestido de alfinetes 1994 Vestido sereia 1997 Vestido da coleção Electric Angels 1997 Vestido de seda verde com estampa de bambu 2000 Vestido samurai 2001 Vestido de Julia Roberts na entrega do Oscar 2001 Tea dress floral 2004 Vestido balonê de seda faille azul 2005 Vestido Galaxy 2005 Vestido de um ombro só 2007 Vestido de LED 2007

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Índice Créditos

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CINQUENTA VESTIDOS

A personagem de Meryl Streep em O diabo veste Prada (2006) faz um ótimo gancho para se entender o que significa a moda, especialmente para aqueles que a veem como algo apenas frívolo e egocêntrico. Ela diz:“A cor dessa malha, feita no Extremo Oriente em escala industrial e que gera emprego para famílias carentes e coloca países de terceiro mundo na estrada para o desenvolvimento, é resultado do sucesso de uma coleção de alta-costura”. Moda pode ser entendida de diversas maneiras: ela é tanto um fenômeno industrial quanto cultural e é elemento essencial daquilo que entendemos como “design”. Para se ter uma ideia, a Revolução Industrial na Grã-Bretanha foi alimentada pelas inovações tecnológicas da indústria têxtil.A indústria da moda é, hoje, extremamente forte e poderosa; o que vemos nas passarelas nos dá apenas uma ideia do que ela é. É por isso que a moda continua sendo parte importante do programa do Design Museum. A coleção de vestidos icônicos deste livro é uma introdução ao caminho que a moda percorreu no último século. É uma história que envolve mudanças sociais e econômicas e posturas radicalmente oscilantes de gênero e sexualidade. Estes são vestidos que marcaram, de maneira contundente, momentos particulares no tempo e que proporcionam uma visão fascinante sobre as pessoas que os usaram, assim como sobre as que os projetaram e fizeram.

À direita: Tecnologia e estilo se misturam no iluminadíssimo vestido de LED da coleção Airborne de Hussein Chalayan, 2007.

Deyan Sudjic, diretor do Design Museum

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VESTIDO DELPHOS PLISSADO

1915

No começo do século XX, o acúmulo de conhecimento científico, a evolução tecnológica e o questionamento cultural que tinha preocupado as décadas anteriores trouxeram rápidas mudanças sociais. Nunca houve momento mais apropriado para a moda adotar uma forma de linguagem visual que iria acompanhar e, por vezes, orientar, o ritmo acelerado da vida moderna. Nessa corrida desenfreada rumo à modernidade, no entanto, a apropriação de novas tecnologias e materiais muitas vezes andou de mãos dadas com uma reinterpretação de estilos e técnicas tradicionais. Em 1909, o costureiro espanhol Mariano Fortuny (1871-1949) patenteou um método de plissamento de seda que lhe permitiu produzir vestidos românticos e flutuantes que rapidamente se tornaram uma obsessão da elite artística europeia. Longe da constrição dos trajes do século XIX, esses vestidos leves e soltos permitiram uma liberdade de movimento radical, mesmo que, ousados, revelassem os contornos dos corpos das mulheres. Apesar da sua modernidade libertadora, no entanto, os desenhos de Fortuny tinham origem no tradicional e muitas vezes guardavam referências clássicas e de outros estilos históricos. O vestido Delphos, talvez a maior conquista de Fortuny, é uma reinterpretação do vestuário drapeado e leve da Grécia Antiga. Por meio da qualidade estrutural do pregueamento, o vestido capta a sensualidade e o romantismo da época, como imaginado por pintores acadêmicos do final do século XIX, tais como Sir Frederick Leighton. Essa técnica de pregueamento foi um segredo muito bem guardado e nunca ninguém conseguiu copiar com sucesso.

À direita: Três variações do inovador vestido plissado. Abaixo: O vestido Delphos acentuava as formas naturais do corpo e proporcionava uma revolucionária liberdade de movimentos.

Mariano Fortuny

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VESTIDO MELINDROSA EM JERSEY

c.1926

Cabelos curtinhos e vestidos tubinho tornaram-se o uniforme das mulheres jovens, modernas e emancipadas em meados da década de 1920. Com suas gírias, pernas de fora e atitude atrevida, essas “melindrosas” mostraram rebeldia, ousadia e força em um mundo dominado pelos homens. O vestido melindrosa era uma libertação física que derrubava a tirania do espartilho e, na prática, reduzia o tempo que se levava para vestir. O traje também refletia mudança social, na medida em que uma nova geração de mulheres de classe média desafiava as repressões de gênero e classe do passado. Os tons neutros e os desenhos de corte simples de Coco Chanel (1883-1971) foram os pioneiros do estilo melindrosa. Feitas de jersey, tecido utilitário, suas roupas eram confortáveis e proporcionavam facilidade de movimento, e sua silhueta solta jogou para escanteio as cinturas superjustas e aquele monte de tecidos pesados. Esses vestidos eram tão simples que poderiam ser feitos em casa, o que tornava o look acessível – ele foi uma das primeiras tendências a não ser restrita aos ricos ou a uma elite da moda. No entanto, esse estilo teve vida curta, frustrada no final da década pelo colapso econômico de 1929. Os tempos já eram outros, sérios demais para esse tipo de atrevimento, e quase 40 anos se passariam até que as bainhas se encurtassem de novo.

À direita: O aperto dos espartilhos e os enchimentos foram varridos do mapa pelo vestido soltinho das melindrosas, que deu liberdade de movimento para o dia a dia das mulheres modernas.

Coco Chanel

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VESTIDO DE DEUSA

1931

A catástrofe da Primeira Guerra Mundial trouxe uma radical reavaliação de gênero, classe e criatividade. Havia uma liberdade no ar que permitiu a alguns romper com as convenções e explorar novos horizontes.Assim como a bailarina Isadora Duncan combinou a paixão pelo mundo clássico com uma abordagem natural e sensual do corpo humano, a estilista francesa Madeleine Vionnet (1876-1975) buscou na Grécia Antiga uma maneira de libertar as mulheres do aperto dos espartilhos e dos enchimentos. Os vestidos de corte enviesado de Vionnet fizeram com que o tecido flutuasse livremente pelo corpo, realçando as curvas naturais e acentuando – embora não moldasse – as formas femininas.As mulheres estavam, então, livres para expressar uma feminilidade mais suave. Esse estilo dependia de conhecimentos específicos sobre padrões de corte e as propriedades do tecido. Vionnet é tida como a responsável por tornar o corte enviesado um dos mais importantes da moda moderna; ela certamente sabia que cortar o tecido na diagonal fazia com que ele ficasse mais flexível e elástico, o que resulta num caimento suave e drapeado. Apesar de parecer simples e espontâneo, o estilo de Vionnet implicava grande atenção aos detalhes. Os modelos eram cuidadosamente trabalhados em manequins miniatura antes de serem feitos em tamanho natural.

À direita: Com a permissividade boêmia no ar, os vestidos de corte enviesado de Madeleine Vionnet criaram liberdade de movimento para as mulheres dos anos 1930.

Madeleine Vionnet

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VESTIDO DE NOIVA DE WALLIS SIMPSON

1937

A socialite americana Wallis Simpson se casou, em 1937, vestida com um simples vestido longo e um casaquinho de mangas compridas; tudo em “azul Wallis”‘,uma cor desenvolvida especialmente para combinar com os olhos dela. Criado por Mainbocher (Main Rousseau Bocher, 1891-1976), estilista estadunidense residente em Paris, esse discreto vestido se tornaria um dos mais copiados de todos os tempos. O casamento foi o auge do escândalo do século. O amor obstinado do duque de Windsor pela mulher divorciada o forçara a abdicar do trono britânico no ano anterior, provocando uma crise constitucional que abalou as estruturas do establishment britânico. No entanto, uma plateia de estadunidenses menos preocupados com o protocolo e com a tradição da coroa britânica via apenas uma mulher americana determinada que havia encontrado o amor verdadeiro apesar de todas as adversidades e críticas. Esse modesto vestido de noiva foi então submetido a um escrutínio público sem precedentes. Poucos dias depois da cerimônia, cópias do vestido estavam disponíveis para venda em Nova Iorque, e em mais algumas semanas uma versão mais econômica do “Wally” estava sendo vendida em lojas de departamento de todo o país.A simplicidade austera típica do estilo de Simpson, combinada com a fama que o escândalo trouxe, fez do vestido um sucesso, que deu uma ideia do caminho que a moda iria percorrer na década seguinte.

À direita e abaixo: Wallis Simpson e o duque de Windsor recém-casados. O vestido Mainbocher que atingiu a mais difícil das proezas da alfaiataria: uma combinação de contenção e glamour.

Mainbocher

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O NEW LOOK

1947

Das ruínas da Europa após a Segunda Guerra Mundial, o New Look veio como uma explosão de otimismo que ressuscitou a indústria da alta-costura parisiense e delineou uma estética de renovação econômica e social para a década que se seguiu. Esse fenômeno da moda, lançado pelo estilista francês Christian Dior (1905-1957) em 1947, resistiu bem durante a década de 1950 e definiu uma nova era de irreverência, versatilidade e esperança.A crença de Dior era de que naquele momento o público estava mais do que pronto para adotar um estilo moderno, luxuoso e otimista que iria acabar com a mentalidade de reaproveitamento de escombros da guerra. O caimento suave nos ombros, a cintura fina e o volume elegante de uma saia rodada eram exatamente o que as femme-fleur de Dior queriam. Dior tinha incluído seus lançamentos de 1947 nas linhas já existentes “Corolla” e “Eight”, mas teria adotado a alcunha mais chamativa de “New Look” depois de o redator-chefe da Harper’s Bazaar ter exclamado: “É um new look!”. A Mansão Dior de Alta-Costura foi inundada com pedidos de celebridades internacionais como Margot Fonteyn e Rita Hayworth. Um estilo nasceu, Paris estava de volta ao mapa da moda, e Dior abriu precedente com a venda de direitos exclusivos para cada modelo, permitindo que o New Look fosse fabricado internacionalmente como uma marca mundial.

À direita: Fotografada em meio à opulência rococó, esta modelo Dior adorna tanto quanto é adornada. Abaixo: A austeridade dos tempos de guerra ficou pra trás com o extravagante e feminino New Look de Dior.

Christian Dior

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VESTIDO ROSA-CHOQUE

1947

Elsa Schiaparelli (1890-1973) foi uma das mais renomadas vanguardistas da moda no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. Rival de Coco Chanel, ela fez seu nome desenhando roupas que eram expressões fantásticas de ideias extravagantes. Não era apenas uma questão de estilo pelo estilo; para Schiaparelli, que permitiu às mulheres deixarem sua marca e se expressar através da moda, era um caminho para a igualdade. Schiaparelli circulava pela vanguarda da arte em Nova York e Paris e era muito próxima dos surrealistas, o que a levou a vários trabalhos em conjunto, especialmente, com Salvador Dalí, com quem ela desenhou um vestido de festa branco, de organza, estampado com uma lagosta gigante (1937). Mesmo com toda sua inclinação artística, suas inovações na área técnica também eram inúmeras. Ela foi pioneira no uso de zíperes e ombreiras, e suas roupas de esporte deram às mulheres liberdade física para competir profissionalmente. Ela também é famosa por seu uso de cores brilhantes e berrantes, principalmente o “rosa-choque” – nome derivado do seu primeiro perfume, Shocking (1937). O experimentalismo de Schiaparelli e a ideia de que qualquer coisa servia trouxeram para a moda uma brincadeira conceitual que foi, talvez, mais sobre as ideias do que sobre o ofício do estilista em si.Apesar de muitos de seus contemporâneos a terem descrito sarcasticamente como uma artista que fazia vestidos, o que ela fez foi quebrar as barreiras entre arte e a moda, abrindo caminho para uma abordagem mais eclética no século XXI.

À direita: A brincadeira com conceitos e o experimentalismo tornaram os projetos teatrais de Elsa Schiaparelli originais e excitantes.As formas e as cores hiperfemininas, juntamente com o bordado floral, parecem transformar quem as veste em uma flor desabrochando – mais um exemplo do imaginário femme-fleur ressurgido no pós-guerra.

Elsa Schiaparelli

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VESTIDO DA COROAÇÃO DA RAINHA ELIZABETH II

1953

“Glorioso” foi a palavra que a rainha britânica Elizabeth II teria usado para descrever o vestido de sua coroação quando o experimentou pouco antes do grande dia, em 1953. Desenhado pelo modista real Norman Hartnell (1901-1979), o vestido deslumbrou os milhões de pessoas em todo o mundo que se reuniram em frente aos aparelhos de televisão e nos cinemas para assistir à nova rainha caminhar pelo corredor da Abadia de Westminster. Como o vestido de casamento de Wallis Simpson de uma década e meia atrás, foi um dos primeiros exemplos da exposição em massa a que a moda se tornaria sujeita na época da expansão da mídia. O briefing de Hartnell era criar algo que fosse confortável e fácil de usar, mas adequado para o simbolismo religioso e nobre da ocasião. Conselheiros mais ligados à mídia insistiram, também, que o vestido deveria se destacar no ambiente cheio de informações visuais de uma cerimônia real – ele deveria ser, em suma, “fotogênico” e “câmera-friendly”. Foi o oitavo modelo feito por Hartnell que cumpriu todos os critérios necessários. Um vestido cerimonial de cetim branco, bordado com fios dourados e prateados e seda em tons pastel e incrustado de pérolas e cristais. O vestido da coroação produziu um espetáculo cintilante para os poucos privilegiados presentes. Mas para o resto da humanidade, também, o seu nítido contorno branco em contraste com os tons cinzentos da Abadia transmitiu a majestade e o glamour da realeza britânica em seu apogeu.

À direita: Foto da coroação da rainha Elizabeth II feita pelo fotógrafo de moda inglês Cecil Beaton. O suntuoso vestido de Norman Hartnell parece ter saído de uma pintura de Van Dyck e mostra o rico cerimonialismo desse evento de mídia de massa.

Norman Hartnell

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