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Memórias de um estilista coração de galinha
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Memórias de um estilista coração de galinha
síntese história significado propósito
passado presente futuro cultura tradição inovação
narrativas emoção ativista de coração
visionário brasileiríssimo profundo profano conhecedor mestre do agora ser humano de qualidade questão de procedência transformando mentes vidas e territórios plural circular generoso afetivo sonhador provocador inspiração
isso é ronaldo fraga muito além da moda, sensíveis percepções, ronaldo toca e se deixa tocar, afeta e se deixa afetar, emociona – nas relações, no desenho, na criação, na visão de mundos, outros mundos, outras realidades. Paulo Borges
Ronaldo, além de ser mineiro, é um artista gigante que eu admiro há muitos anos. Daí veio a vontade de que ele produzisse o figurino para a minha despedida dos palcos. E, sem dúvidas, esse foi um dos grandes acertos e marcas desse projeto tão especial na minha carreira.
Milton Nascimento
Memórias de um estilista coração de galinha
Nada nem ninguém permanece igual após um encontro com Ronaldo Fraga. Assim acontecerá com você também após a leitura destas páginas. Um dos maiores artistas do nosso tempo é brasileiro. Sua pulsão de vida é o encantamento pela nossa cultura e a certeza de que sempre podemos ser menos caretas e miseráveis. Em tudo. Sou aprendiz e recomendo beberem dessa fonte.
Bianca Ramoneda
Estilista, artista, escritor, poeta, ilustrador, pensador, contador de histórias – Ronaldo Fraga é uma das pessoas mais atentas e cheias de energia que já conheci. Navegar por suas coleções é como caminhar por inúmeras histórias, reais e inventadas – como ele gosta de dizer –, sem limites geográficos ou criativos. Ronaldo é um desbravador da moda e da cultura, sempre em busca da próxima expedição. E eu estarei sempre a bordo de seus navios, pronta para embarcar em mais uma de suas jornadas.
Camila Yahn
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Copyright © 2023 Ronaldo Fraga e Sabrina Abreu Copyright desta edição © 2023 Autêntica Editora Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora Ltda. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora. editoras responsáveis
ilustração de capa
Rejane Dias Cecília Martins
Felipe Macedo diagramação
Guilherme Fagundes
preparação de texto
Sonia Junqueira
coordenador de acervo ronaldo fraga
revisão
Geraldo Silva
Lorrany Silva Marina Guedes
assessora de imprensa ronaldo fraga
projeto gráfico
Márcia Fonseca
Diogo Droschi
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Fraga, Ronaldo Memórias de um estilista coração de galinha / Ronaldo Fraga, Sabrina Abreu. -- 1. ed. -- Belo Horizonte : Autêntica, 2023. ISBN 978-65-5928-317-0 1. Entrevistas - Personalidades 2. Estilistas de moda - Biografia 3. Memórias 4. Moda - Brasil - História I. Abreu, Sabrina. II. Título. CDD-746.92092
23-164635
Índice para catálogo sistemático: 1. Designer de moda : Biografia 746.92092 Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/841
Belo Horizonte Rua Carlos Turner, 420 Silveira . 31140-520 Belo Horizonte . MG Tel.: (55 31) 3465 4500
São Paulo Av. Paulista, 2.073 . Conjunto Nacional Horsa I . Sala 309 . Bela Vista 01311-940 . São Paulo . SP Tel.: (55 11) 3034 4468
www.grupoautentica.com.br SAC: atendimentoleitor@grupoautentica.com.br
APRESENTAÇÃO
Ronaldo Fraga, intérprete do Brasil | Heloisa Murgel Starling p. 27 Abertura | Sabrina Abreu p. 29
O aprendiz p. 35 Eu amo coração de galinha (INVERNO 1996) p. 67 Álbum de família (VERÃO 1996/1997) p. 75 Em nome do Bispo (INVERNO 1997) p. 79 O império do falso na bacia das almas (VERÃO 1997/1998) p. 91 O jantar (INVERNO 1998) p. 95 O vendedor de milagres (VERÃO 1998/1999) p. 97 A roupa (INVERNO 1999) p. 101 Bibelôs (VERÃO 1999/2000) p. 107 Células de Louise (INVERNO 2000) p. 110 A carta (VERÃO 2000/2001) p. 115 Rute Salomão (INVERNO 2001) p. 121 Quem matou Zuzu Angel? (VERÃO 2001/2002) p. 129
Corpo cru (INVERNO 2002) p. 138 Cordeiro de Deus (VERÃO 2002/2003) p. 145 As viagens de Gulliver (INVERNO 2003) p. 155 Costela de Adão (VERÃO 2003/2004) p. 163 Quantas noites não durmo (INVERNO 2004) p. 171 São Zé (VERÃO 2004/2005) p. 179 Todo mundo e ninguém (INVERNO 2005) p. 187 Descosturando Nilza (VERÃO 2005/2006) p. 192 Festa no céu (INVERNO 2006) p. 201 A cobra ri (VERÃO 2006/2007) p. 205 A China de Ronaldo Fraga (INVERNO 2007) p. 211 Nara Leão ilustrada por Ronaldo Fraga (VERÃO 2007/2008) p. 219 Loja de tecidos (INVERNO 2008) p. 223 Rio São (VERÃO 2008/2009) p. 229 Tudo é risco de giz (INVERNO 2009) p. 234 Disneylândia (VERÃO 2009/2010) p. 241 Pina Bausch (INVERNO 2010) p. 251 O turista aprendiz (VERÃO 2010/2011) p. 256
Athos do início ao fim (INVERNO 2011) p. 267 O cronista do Brasil (VERÃO 2011/2012) p. 275 Pausa (ou “a moda acabou”) (INVERNO 2012) p. 280 O turista aprendiz na terra do Grão-Pará (VERÃO 2012/2013) p. 289 O fim do cem fim (INVERNO 2013) p. 302 Futebol (VERÃO 2013/2014) p. 310 Carne seca (INVERNO 2014) p. 327 O caderno secreto de Candido Portinari (VERÃO 2014/2015) p. 333 Cidade sonâmbula (INVERNO 2015) p. 339 A fúria da sereia (VERÃO 2015/2016) p. 352 E por falar em amor (INVERNO 2016) p. 369 Re-existência (VERÃO 2016/2017) p. 372 El día que me quieras (2017) p. 376 As praias desertas continuam esperando por nós dois (2017/2018) p. 397 As mudas para um verão que virá (2019) p. 402 Colina da primavera (2019) p. 409 Guerra e paz (2019) p. 415 Zuzu vive! (2020) p. 433
APRESENTAÇÃO
Ronaldo Fraga, intérprete do Brasil Heloisa Murgel Starling
“Nada a dizer. Só a mostrar”, escreveu o pensador Walter Benjamin. O fragmento, que já ocupou um lugar de destaque na estética barroca e foi consagrado pelos primeiros românticos alemães como um gênero estilístico, constitui uma forma própria de escrita da história. E, na obra de Ronaldo Fraga, mostrar através de fragmentos narrativos permite realizar uma escrita de natureza visual e espacial. Por meio dessa escrita, ele criou um modo próprio de narrar o Brasil, a partir do lugar onde se constitui a fronteira entre os diferentes territórios da cultura que formam a imaginação brasileira. Suas coleções abrem uma via característica de diálogo com a imaginação cultural e insistem em dar conta da aventura de interpretação do Brasil na profundidade de sua imaginação histórica, social e política. É o caso de conferir. Em “Todo mundo e ninguém” – a coleção que traz como ponto de partida a versão de Carlos Drummond de Andrade para Auto da Lusitânia, do dramaturgo português Gil Vicente –, Ronaldo Fraga retoma as relações entre prosa e poesia, narrativa e lírica no interior da poesia de Drummond para abrir inesperadas possibilidades de acesso ao que a história da sociedade e do país significa; de quebra, ainda fornece protagonismo ao brasileiro comum, em seu cotidiano. Já em outra coleção, intitulada “A cobra ri” (uma história de Guimarães Rosa), o Sertão não significa apenas um ponto extremo do mapa ou a indicação de um espaço geográfico vazio. Na escrita de Ronaldo Fraga, Sertão é, ao mesmo tempo, o abismo do desconhecido e a fronteira aberta; o potencial de liberdade e o risco da barbárie.
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O Sertão não se vê a olho nu. Só se revela re-inventado. Como o Brasil que o abriga, Sertão são muitos. São diversos modos de reler o Brasil. Na coleção “Nara Leão ilustrada por Ronaldo Fraga”, duas formas poéticas – a escrita e a cantada – se sustentam e se potencializam reciprocamente para colocar em cena a intérprete, mas também a excepcional pensadora da música popular brasileira. Uma das primeiras artistas a se manifestar publicamente contra a ditadura militar – e a única artista mulher brasileira obrigada a se exilar –, Nara Leão sabia que seu trabalho como uma intérprete disposta a pensar a canção popular demandaria coragem. E sabia também que simplesmente declarar uma opinião não seria suficiente. A música, para ela, era uma linguagem que lhe permitia expressar uma visão de mundo e, idealmente, contribuiria para as reflexões de quem ouvisse. Então, talvez se possa dizer que coleções de Ronaldo Fraga elaboram uma visada própria sobre o Brasil – e sobre as escolhas, os limites e as possibilidades da formação social brasileira. Elas retomam algo desse emaranhado de raízes onde a memória do Brasil se agasalha e reportam incansáveis ao esforço de não se esquecer de lembrar: lembrar- se da brasileira e do brasileiro que um dia já fomos; não se esquecer daquilo que deveríamos ou ainda poderíamos ser, em um país que tem um passado e precisa indubitavelmente ser melhor do que o Brasil que temos hoje. Afinal, história não é destino e não está escrita nas estrelas. E, como já alertou o compositor Candeia, “Mudo é quem só se comunica com palavras”.
Memórias de um estilista coração de galinha
Abertura Sabrina Abreu
A primeira entrevista deste livro foi em 2014. Eu já havia encontrado Ronaldo Fraga três vezes, em Belo Horizonte, e escrito o seu perfil para uma revista, mas estávamos longe de ser amigos. Nem sabia se ele ainda se lembrava de mim quando tomei coragem e escrevi um e-mail contando da minha ideia de um livro de entrevistas que cobrisse todas as suas coleções de moda. Famoso desde os 20 e poucos anos, tendo seu trabalho celebrado em passarelas, museus e páginas da imprensa do Brasil e do mundo por três décadas, era de se esperar que Ronaldo já estivesse comprometido a fazer um livro do tipo com outro jornalista – alguém célebre como ele, eu pensava, depois de enviar o e-mail. Mas a agonia da minha espera durou pouco. Minutos depois ele me respondeu, com uma mensagem curta: “Vamos fazer”. A ideia do projeto veio do livro Conversas com Woody Allen (Cosac Naify, 2008), em que o escritor americano Eric Lax entrevista, ao longo de anos, o cineasta sobre todos os filmes de sua carreira. O que começou entre eles como uma parceria estritamente profissional acabou se transformando também em algum tipo de amizade ou intimidade, pelo menos o suficiente para que o conteúdo das entrevistas passasse a extrapolar a obra cinematográfica e alcançasse a vida familiar, as idiossincrasias e o jazz. Era parte secreta da minha expectativa que, de encontro em encontro, depois de dezenas de horas de gravações de perguntas e respostas, eu e Ronaldo nos tornássemos amigos também. Mas nem nos meus sonhos mais ousados – ou ingênuos – eu imaginaria a proporção que nosso convívio teria em minha vida. Muitas pessoas usam o adjetivo “genial” displicentemente, mas essa é uma característica rara. Como [ 28 | 29 ]
jornalista, conversei com muitas pessoas excepcionais. Mas Ronaldo me deu a chance de conviver com um gênio. A confiança estabelecida durante os anos de entrevistas serviu ao livro, ampliando nossos temas, que abarcam a vida privada, a militância política, o otimismo por um fio, o início e o fim de relacionamentos, a paixão pelo Brasil, que ele conhece tão bem, a conturbada ligação de amor, ódio, sonho e crítica com a moda. Este livro é o retrato em longa exposição de um artista e pensador. Nenhuma pergunta foi evitada, não houve nome poupado, nem existiu tabu, bem ao estilo Ronaldo Fraga. Este livro é o documento do nascimento e amadurecimento de uma amizade, o que em nada facilitou minha vida como entrevistadora. Quanto mais nos conhecíamos, mais Ronaldo me desafiava e surpreendia, então também me esforcei para aprofundar questões e explorar suas contradições. Como estilista, ele apreende e reflete sobre o espírito de seu tempo. Muitas vezes parece também se antecipar a ele, um visionário na contramão do mundo da moda, que costuma reafirmar o status quo em vez de desafiá-lo. Ronaldo apostou na diversidade física nas suas passarelas, muitas vezes misturando pessoas de diferentes idades e silhuetas aos modelos, desde suas primeiras coleções. Quando, finalmente, por demandas da sociedade, outras marcas começaram a fazer o mesmo, na segunda década dos anos 2000, ele acrescentava a seu repertório novas ousadias. Sob os holofotes, colocou um casting de refugiados, um cenário vivo composto por mulheres reais – algumas na faixa dos 60 e 70 anos – com seios à mostra e um desfile todo feito por mulheres trans. Sua atenção às pautas sociais e a curiosidade pelo Brasil como seu principal tema já foram vistos como folclore, mau gosto, demagogia e oportunismo. “Mas falar disso vende?”, ele me perguntou certa vez. Não saberia responder exatamente, mas posso concluir, depois de acompanhar parte de sua trajetória, que não é o caminho mais fácil ou rentável. Talvez o preço do pioneirismo seja ter que lidar com polêmicas e mal-entendidos, mas eles passarão. Ronaldo, passarinho. Nos anos em que trabalhei em redações, sempre me frustrou o fato de haver pouco espaço para a fala dos entrevistados. O jornalismo Memórias de um estilista coração de galinha
costuma ser focado em algo “quente”, o último lançamento do cinema, da indústria fonográfica, das passarelas, e esses são os temas das matérias com grandes personalidades, sobrando pouco espaço para o que não se relaciona diretamente a um filme, música ou coleção nova. Além disso, há o limite de espaço, número de páginas, quantidades de caracteres. Com um livro, eu queria que leitores tivessem a chance de ter contato com as próprias palavras de um criador sobre sua vida e obra, detalhes contados sem pressa, reflexões que não precisam ser cortadas para caber no formato de um veículo de periodicidade semanal ou mensal. Depois de nove anos, este livro é um sonho realizado. Espero que seja a chance de mais pessoas conhecerem melhor Ronaldo Fraga.
Abertura
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“Eu pensava o fazer moda como se pensa um
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enredo de escola de samba, como se pensa o teatro.”
Abertura
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