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Coluna Mercado Agrícola

Brasil bate recorde de exportação do agronegócio em 2020

Até o final da primeira quinzena de maio houve mais de 50 milhões de toneladas do complexo soja embarcadas, o que representa mais de 42% da safra, frente a 32% do mesmo período do ano passado. A expectativa é de ultrapassar 90 milhões de toneladas entre soja, farelo e óleo até o final do ano. Produtores e comerciantes estão aproveitando os excelentes preços praticados para seguir negociando. Outro segmento que segue forte é o de carnes, com novos recordes.

MILHO

O Brasil deve fechar a colheita da safrinha na faixa de 75 milhões de toneladas, enquanto a Conab estimava números um pouco acima. O país perdeu aproximadamente dez milhões de toneladas frente ao potencial produtivo do início da temporada. A seca atingiu forte as lavouras do Paraná, sendo que somente nesse estado foram mais de cinco milhões de toneladas perdidas. Houve perdas no Mato Grosso do Sul e também em Goiás, ambos pelo clima irregular. O Brasil pode alcançar 100 milhões de toneladas, entre a primeira e a terceira colheita, como apontou a Conab, somados os números da produção de algumas regiões do Nordeste, cuja produção chega mais tarde. Deve haver oferta muito maior que a demanda, porque o consumo tende a ficar ao redor de 65 milhões de toneladas. Há dúvidas sobre o setor do etanol do milho, se irá consumir o que estava previsto (mais de seis milhões de toneladas) ou irá ficar na faixa de quatro milhões de toneladas, devido à pandemia, que derrubou o consumo de combustíveis. A saída de boa parte do milho será a exportação, que em maio registrava níveis entre R$ 47,00 e R$ 50,00 a saca nos portos, com poucos vendedores em atividade. O produtor deve ficar atento porque os portos giram em cima do valor do dólar e a moeda norte-americana está muito valorizada no Brasil. Ninguém garante que continuará nos patamares atuais no segundo semestre, quando o país irá embarcar o milho.

SOJA

O mercado da Soja do Brasil nunca havia negociado uma safra tão rapidamente como em 2020. Mesmo com recorde histórico de safra de 120 milhões de toneladas, os negócios já avançaram forte e até o final da primeira quinzena de maio já havia cerca de 85% desta produção negociada e 42% embarcada na exportação. A safra nova também tem gerado boas alternativas de fechamentos e é importante para os produtores fecharem negócios para garantir os custos, porque o dólar está muito valorizado e ninguém garante que vai seguir assim até a colheita da nova safra. Assim, as cotações atuais podem ser as me

Curtas e boas

lhores do novo ano. É importante acompanhar e garantir lucros.

ARROZ

O mercado do arroz está com a colheita fechada, com números bons em produtividade. Mas a safra de 10,8 milhões de toneladas ficou abaixo da demanda, que deve passar fácil de 11 milhões de toneladas. Além disso, há grandes exportações sendo realizadas e que vêm dando fôlego interno às cotações. Os valores praticados no porto gaúcho de Rio Grande estão próximos de R$ 70,00 a saca, ditando as regras do mercado do Rio Grande do Sul, que em maio girava entre R$ 61,00 e R$ 66,00 a saca paga aos produtores. São cotações recordes em plena safra ou final de colheita, fato inédito para o setor que alcança lucros pela primeira vez depois de vários anos carregando prejuízos. C

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TRIGO - O mercado do trigo registra safra em plantio e crescimento, com indicativos de que possa avançar em até 10% e com isso potencial de colheita acima de seis milhões de toneladas. Mesmo assim, a produção será muito menor que o consumo, estimado em 11 milhões de toneladas. Assim, a importação seguirá como regra, na faixa de R$ 1.300,00 por tonelada. Cenário favorável aos produtores, que observam indicativos internos entre R$ 1.050,00 e R$ 1.200,00. Patamares devem seguir firmes e beneficiar o setor, que vinha sofrendo há vários anos.

EUA - Os produtores plantaram praticamente a safra toda dentro do período ideal, com aproximadamente 33,8 milhões de hectares de soja e outros 39,2 milhões de hectares de milho. O clima neste começo de temporada tem sido favorável. Este fator já está absorvido pelo mercado. Espera-se safra de 110 milhões de toneladas a 112 milhões de toneladas de soja e mais de 385 milhões de toneladas de milho.

CHINA - A China recomendou às empresas de alimentos do país que formem estoques neste ano para que não ocorra aperto no abastecimento, como sofreu em março, quando em plena pandemia registrava os menores estoques desde 2013, com riscos de desabas

tecimento. Assim, a política é comprar mais porque os grãos estão baratos em dólar e esta é a hora de formar estoques. Somente em soja devem importar mais de 95 milhões de toneladas. A demanda interna de alimentos saudáveis deve disparar e o setor de suínos já funciona plenamente, com expectativa de produzir perto de 60 milhões de toneladas de carne nestes próximos 12 meses, o que gerará recorde de consumo de ração.

ARGENTINA - A safra dos argentinos avançou e a colheita se encaminha para o final, restando ainda parte da produção do milho nos campos. O país ainda apresenta ritmo lento de negócios, com reclamações da dificuldade de exportar entre o final de abril e metade de maio devido ao baixo nível do Rio Paraná e no caso local do Rio da Prata, que escoam a safra. Assim, somente navios de pequeno calado podiam carregar. A produção da soja local segue estimada em 49,5 milhões de toneladas e o milho projetado em 50 milhões de toneladas. Dentro de um quadro de normalidade e esperando exportar mais no segundo semestre. Os produtores ainda estão brigando com o governo para reduzir a taxa de retenciones (imposto sobre as exportações) que se encontra em 33%.

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