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Influência térmica

A importância de manejar de modo correto a temperatura da água no preparo da calda de mancozebe, fungicida multissítio com importante papel no controle integrado da ferrugem-asiática, mas que é um composto instável suscetível a ser decomposto pela interação de fatores ambientais

Aexpressão do potencial produtivo da soja tem crescido linearmente, nos últimos anos. No entanto, existem problemas fitossanitários que podem comprometer em até 90% a produtividade, como a ferrugem- -asiática (Phakopsora pachyrhizi) (Sinclair; Hartmann, 1999). Um dos métodos mais relevantes para o controle da doença é através do uso de fungicidas, minimizando o dano e os prejuízos aos agricultores (Garcés Fiallos, 2011). De acordo com Freitas et al (2016), o melhor controle de ferrugem-asiática foi obtido quando misturados três grupos químicos de fungicidas em quatro aplicações, associado ao mancozebe. Este é um fungicida multissítio que pode ajudar a retardar a resistência do fungo e aumentar a eficiência de fungicidas sítio-específicos (Camargos, 2017).

É importante ressaltar que o mancozebe é um composto instável em água e pode ser decomposto pela interação de fatores ambientais, sendo um deles a variação da temperatura em calda. Também é possível que haja mudanças nas características físico-químicas da calda e na qualidade da pulverização (Scariot, 2016).

Entretanto, se desconhecem a magnitude e a interação da temperatura da calda com os componentes nela presentes (Cunha et al, 2010). Além disso, a água é o diluente mais utilizado nas aplicações de produtos fitossanitários, e sua condição no arranjo da calda tem sido muito debatida (Araújo, 2006).

A eficácia do controle químico está interligada com a tecnologia de aplicação, do momento ou critério para começar a aplicação do fungicida e da qualidade da pulverização (Reis e Casa, 2007).

Diante disso, também se encontra resistência por parte de alguns produtores na adoção dos fungicidas com formulações não líquidas. Baseado no fato de que há necessidade do uso destes produtos e na dificuldade da engenharia química em estabilizar uma formulação líquida, com as altas concentrações de mancozebe, resta o ajuste da tecnologia de aplicação. Para os fungicidas com dificuldades de estabilização, existem duas formas de aumentar a solubilidade de um solvente, seja através da agitação intensa ou do aquecimento. Nesse caso, o primeiro ponto já é executado por quem trabalha com estes produtos, porém o segundo ainda não. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar se a variação da temperatura da água, para confecção da calda com mancozebe (Unizeb Gold WG), exerce algum efeito sinérgico ou antagônico na elaboração da calda e na eficácia de controle da ferrugem da soja.

As aplicações do ensaio foram realizadas com pulverizador costal pressurizado a CO 2 , dotado de seis pontas Teejet 3D. O início do programa de aplicações foi preventivo, sem sinais e sintomas visíveis da doença. Foram realizadas cinco aplicações com intervalo de 14 dias entre as três primeiras e dez dias para as últimas. Nada além do mancozebe foi utilizado na calda, para evitar a possível interação entre outros componentes e as temperaturas da calda.

O preparo dos tratamentos de calda para a variação de temperatura da água foi realizado diretamente no campo, para imediata aplicação e evitar flutuações de temperatura. Para tal, foi transportada água quente (80°C) em uma garrafa térmica e água gelada (5°C) em outra garrafa. Através da mistura de ambas, foi possível atingir os tratamentos desejados (T1: 10°C, T2: 20°C, T3: 30°C, T4: 40°C e T5: 50°C) e todos foram aferidos com termômetro digital (Minipa MV-363) (Figura 1), além de uma testemunha (T6) sem aplicação.

Ao alterar as propriedades químicas da calda de pulverização, o aquecimento pode promover um afrouxamento das pontes de hidrogênio entre as moléculas de água, diminuindo as forças de coesão e, consequentemente, reduzindo a tensão superficial da água. A menor tensão superficial da água pode auxiliar na solubilização de solutos muito complexos e em altas doses, como o mancozebe (Sundaram, 1987). Assim, com a elevação de temperatura pode-se aumentar a quantidade solubilizada de um soluto e melhorar a ação dos solventes (Hansen, 2007).

No entanto, foi possível observar alguns limites para esta técnica com o mancozebe. De todas as temperaturas estudadas, conforme as Figuras 2 e 3, os limites 10°C e 50°C apresentaram mais problemas para a performance de controle da ferrugem e na produtividade, respectivamente. O tratamento com 20°C foi o segundo mais produtivo, destacando-se do de 40°C. Já o mais produtivo foi quando o mancozebe foi misturado à água a 30°C, se destacando de todos os demais. Portanto, esta temperatura de calda parece ter causado menos problemas de estabilidade e performance, na mistura água mais a formulação de mancozebe.

De acordo com Vidal (2014), a influência da temperatura sobre a absorção da planta é pequena, sendo que aumentos acima de um máximo, em vez de acelerar, acabam retardando a absorção. Acredita- -se que o efeito inibidor de altas temperaturas, prende-se à desnaturação de enzimas e proteínas, que se refletirá na absorção.

Dessa forma, a diminuição da temperatura retardará os processos de difusão livre, bem como as reações bioquímicas que intervêm na absorção ativa (Rodrigues, 2003). Já as temperaturas intermediárias (20°C, 30°C e 40°C) não diferiram estatisticamente nos níveis de controle, apesar da variação dos dados brutos.

Segundo Azevedo (2006), temperaturas abaixo de 15°C diminuem a atividade fisiológica das plantas, reduzindo a absorção de produtos que apresentam instabilidade física ou química, como é o caso dos sistêmicos ou de ação translaminar. A temperatura ideal deve estar abaixo de 32°C, para que ocorra uma maior translocação do produto na planta e consequentemente uma maior eficácia no momento de pulverização.

Assim, há estudos em herbicidas que relatam sobre a temperatura de calda, que se pode influenciar praticamente todos os processos físico-químicos e seus componentes, consequentemente melhorando a eficácia do processo de aplicação (Vieira, 2016). Conforme Vidal et al (2014), a utilização dos herbicidas em temperatura ambiente tem grande impacto em diversos processos fisiológicos das plantas, influen

Figura 1 - Aferição da temperatura da água antes da preparação da calda com mancozebe WG

Figura 2 – Desfolha dos tratamentos com diferentes temperaturas de calda

ciando diversas reações bioquímicas, bem como penetração, absorção (difusão pela cutícula foliar) e translocação de herbicidas no floema. Desta forma, há um maior efeito nas plantas daninhas.

Ao ser analisada a calda quimicamente em laboratório, foram observadas mudanças significativas, corroborando com os dados de campo (Figuras 4, 5 e 6). Foi possível inferir que o fato da partícula de mancozebe ser um complexo metálico, pode promover a aglomeração das partículas, devido à presença de cargas eletrostáticas. Em águas a baixas temperaturas estas ligações têm dificuldade de ser rompidas, isso dificulta a dispersão da partícula de mancozebe, do mesmo modo, em água com temperaturas mais elevadas, existe um movimento maior das moléculas do mancozebe no meio, o que proporciona maior colisão e por consequência maior possibilidade de aglomeração. Em ambos os casos, há formação de aglomerados do mancozebe na calda e isso diminui a área de contato do ativo, bem como a cobertura foliar, o que vai ocasionar queda de eficácia do mancozebe. Esta técnica de aquecimento da água, para facilitar a mistura com o mancozebe já vem sendo utilizada a campo na empresa Sementes Costa Beber. Neste caso, o tanque de água aquecida de 350 litros fica localizado acima dos tanques pré-mistura, mantendo a temperatura de 35ºC a 40°C. Quando esvaziado, é reabastecido de água e mantém a temperatura com um termostato elétrico. No momento da realização da pré-mistura, uma mangueira traz a água morna por gravidade até o tanque pré-mistura de 250 litros. Este tanque é utilizado apenas para realizar a mistura com o mancozebe.

Para a diluição do mancozebe, são usados 80kg por pré- -mistura de 200 litros, diluindo aos poucos com a água morna (em torno de 30°C), agitando até a diluição estar completa. Após a pré-mistura, a calda é transportada para o tanque e efetuadas as outras diluições. Depois de tudo enviado para o tanque, completa-se o tanque do PV 4730 JD, de três mil litros com água a temperatura ambiente. Apenas a pré- -mistura é feita com água aquecida.

Figura 3 - AACPD para ferrugem da soja e eficácia de controle submetidas a cinco temperaturas de preparo de calda

Quando feito a campo, em lavouras mais distantes, leva- -se um tanque com proteção térmica de 200 litros com a

água morna.

De acordo com os resultados dos estudos para con

fecção da calda apenas com mancozebe, a água a 30°C mostrou-se a melhor opção. As águas com temperaturas

em torno de 10°C e em torno de 50°C foram prejudiciais ao controle da doença e a produtividade.

Mais estudos são necessários sobre temperatura de caldas, com a combinação de outros produtos em mistura

no tanque.

C

Marcelo Gripa Madalosso Mateus C. Dorneles Gabriel N. Roos Arthur Perufo Universidade Regional Integrada, Campus Santiago / Madalosso Pesquisas. Luiz Fernando Colla Adama Brasil Patrícia CostaBeber Sementes CostaBeber

Santos aborda o papel de nematicidas químicos e biológicos

Teste de cobertura

Qual o impacto do cultivo de soja em palhadas de milho e crotalária sobre populações de nematoides das lesões radiculares Pratylenchus brachyurus e a produtividade da oleaginosa

As perdas causadas por fitonematoides têm se destacado entre as doenças da cultura da soja, causa de crescente preocupação entre os produtores. A ocorrência de nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus), em áreas agrícolas da região Centro-Oeste, encontra-se em densidade elevada. Esses microrganismos são especializados em se alimentar do sistema radicular, interferindo diretamente nos processos fisiológicos da planta, comprometendo o desenvolvimento da cultura. A rotação ou sucessão com culturas não hospedeiras, a limpeza de máquinas e implementos agrícolas, o cultivo de plantas antagonistas, o controle químico e o uso de plantas resistentes são os principais métodos de manejo de nematoides para a cultura da soja. Porém, para P. brachyurus existe uma ampla gama de hospedeiros e o emprego da rotação é dificultado.

O uso de plantas de cobertura é visto com certa restrição pelos agricultores, já que não resulta em retorno financeiro direto e imediato. No entanto, os reflexos e entraves dos sistemas de produção atuais, baseados em sucessão de cultivos (ex.: soja/milho), indicam de forma clara o papel dessas espécies na diversificação e viabilidade dos agroecossistemas.

As plantas de cobertura se constituem em estratégia para melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. Além do mais são essenciais para incrementos de matéria orgânica, indispensável à sua fertilidade. Ademais, as plantas de cobertura auxiliam no manejo de nematoides, um grave entrave da agricultura moderna.

Um projeto com objetivos de avaliar, em campo, as respostas de diferentes plantas de cobertura na produtividade da soja e seus efeitos na população de nematoides foi desenvolvido na fazenda Coqueiros do Rio Doce, propriedade de Robert Steve Warkenti e Kevin Dale Warkenti, em Rio Verde Goiás. O experimento teve início em fevereiro/2017. A área 1 foi cultivada com Crotalaria spectabilis; Área 2 recebeu Milho solteiro; Área 3, milho consorciado com Crotalaria spectabilis; Área 4, milho consorciado com Urochloa ruziziensis. Em outubro de 2017, a soja cultivar Monsoy 7110 IPRO foi plantada nas áreas onde estavam as plantas de cobertura.

O EXPERIMENTO A semeadura foi realizada mecanica

Fotos Adriano Perin

mente, no espaçamento entre linhas de 0,5 m, profundidade de 3cm, ficando a distribuição com 20 plantas por metro. A adubação foi de 180 kg/ ha de Fosfato monoamônico (MAP) na linha de plantio e 120 kg/ ha de cloreto de potássio (KCl) em cobertura (15 dias após a emergência da soja). Para verificação da dinâmica dos nematoides, foram amostradas a campo nos tempos zero, 30, 60 e 90 dias após a emergência da soja. Foram coletadas amostras de solo, na profundidade de 0 -20 cm e levadas ao Laboratório de Fitopatologia do Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde, para as análises e contagens dos nematoides. Na colheita foi determinada a altura das plantas, número de vagem por planta e produtividade de grãos.

A soja cultivada sobre a palhada de milho apresentou maior número de grãos e vagens por planta e maior número de hastes no ramo principal (Tabela 1). As maiores altura das plantas foram constatadas quando cultivada sobre palhada de milho safrinha cultivado com U. ruziziensis. Vale ressaltar que tais características não se correlacionam com a produtividade da soja. Maiores produtividades de grãos de soja foram obtidas quando a cultura foi cultivada sobre palhada de milho safrinha ou milho consorciado com C. spectabilis (Tabela 1). A densidade populacional de nematoides do gênero Pratylenchus spp. é demonstrada na Tabela 2. Verifica-se a relação dos diferentes tratamentos em relação ao tempo de cultivo da soja (0, 30, 60 e 90 dias). A população de Pratylenchus spp. no tratamento U. ruziziensis, não mostrou diferença significativa em relação ao tempo (Tabela 2). Santos et al. (2011), trabalhando com U. ruziziensis e Stylosanthes com objetivo de controlar Pratylenchus brachyurus, verificaram que U. ruziziensis foi considerada hospedeira favorável à reprodução do nematoide, com reação de suscetibilidade.

O principal mecanismo envolvido na supressão dos nematoides pela C. spectabilis é a capacidade em atuar como planta armadilha, permitindo a penetração dos juvenis em suas raízes, mas, impedindo o seu desenvolvimento até a fase adulta (Silva et al., 1989). Além desse mecanismo, C. spectabilis produz algumas substâncias com potencial nematicida, como a monocrotalina (Wang et al., 2002). Porém, neste estudo mesmo a população estando relativamente baixa após o cultivo de crotalária e milho, os nematoides remanescentes no solo foram suficientes para aumentar a população durante o ciclo da soja. Os tratamentos milho consorciado com C. spectabilis e milho consorciado com U. ruziziensis se comportaram de forma semelhante em relação à densidade populacional de Pratylenchus spp., em que aos 30 e 60 dias da cultura da soja ocorreu crescimento populacional e redução aos 90 dias.

A redução da densidade populacional de P. brachyurus pode ser atribuída ao aumento da velocidade de degradação das raízes, em que o nematoide encontra abrigo (Inomoto, 2011). Isso mostra que, mesmo na ausência de hospedeiro vivo, os nematoides das lesões radiculares foram capazes de sobreviver nas raízes do milho em decomposição por um período de, no mínimo, 30 semanas.

As diferentes plantas de cobertura estudadas nesse projeto não reduzem a população de Pratylenchus spp. Pelo contrário, o nematoide aumenta com a safrinha de milho em sucessão à Tabela 1 - Informações da área experimental de dois experimentos, um conduzido na safra 2018/19 e outro na safrinha 2019. Maracaju, MS, 2019

Planta de Cobertura C.spectabilis Milho + C. Spectabilis Milho + U ruziziensis Milho

N° grãos planta -1 98,1 b 71,7 c 65,2 c 185,2 a N° vagens planta -1 37,1 b 28,3 c 27,0 c 82,4 a

Altura planta (cm) 68,4 b 69,7 b 80,4 a 57,0 c N° hastes ramo principal 3,4 b 4,0 b 3,9 b 7,9 a

Produtividade (kg ha -1 ) 3.840 b 4.170 a 3.930 b 4.240 a

Médias seguidas pelas mesmas letras na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 2 - População de Pratylenchus spp. durante o ciclo da soja safra 2017/2108. Rio Verde - GO, 2019 Planta de Cobertura C. spectabilis U. ruziziensis Milho Milho+C.spectabilis Milho+U.ruziziensis 0 35,2 D 55,2 A 61,8 C 31,8 C 23,6 D 30 518,6 B 121,0 A 1004,8 B 133,2 C 402,6 C 60 317,2 C 50,2 A 1018,2 B 1344,2 A 1829,0 A 90 1855,2 A 24,2 A 3003,0 A 782,8 B 1026,6 B Tempo (dias)

Médias seguidas pelas mesmas letras na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Visão geral do desenvolvimento da soja

Desenvolvimento de soja na fase reprodutiva

soja. No entanto, há incremento de produtividade de soja quando cultivada sobre palhada do milho com ou sem C. spectabilis ou U. ruziziensis. C

Irumuara Interaminense Uliana, Mestre em Bioenergia e Grãos. Progresso Planejamento Agrícola Ltda Adriano Perin, Ednalva Patrícia de Andrade Silva e Anísio Correa da Rocha, Instituto Federal Goiano Fernando Almeida Pereira, Mestre em Bioenergia e Grãos. Progresso Planejamento Agrícola Ltda

Plataforma digital

Granular Insights, primeira solução da Corteva no Brasil com softwares de dados operacionais, financeiros e agronômicos, atingiu um milhão de hectares monitorados e 1,3 mil usuários desde o início da operação, há seis meses

ACorteva Agriscience lançou em fevereiro, em São Paulo, a terceira plataforma da empresa, que se soma às áreas de Proteção de Cultivos e de Sementes. Batizado de Granular, o novo braço digital da marca foi adquirido em 2017 pela Divisão Agrícola da Dow Dupont. Com origem no Vale do Silício, nos Estados Unidos, a Granular chega ao Brasil com conhecimento acumulado no monitoramento e mapeamento de áreas agrícolas não apenas no país norte-americano, mas também no Canadá e na Austrália.

No mercado brasileiro, a marca apresenta a Granular Insights, primeira solução da empresa no Brasil, que oferece softwares de dados operacionais, financeiros e agronômicos. A ferramenta permite que a lavoura seja analisada a qualquer momento, em qualquer lugar, com rankings dos talhões para ajudar a priorizar e tomar decisões, sem a necessidade de sinal de internet ou rede de celular. Está disponível para uso no computador e celular, com aplicativos exclusivos para iOS e Android e pode ser usada em diversas culturas, em diferentes fases de desenvolvimento.

Desde o início da operação, há seis meses, a plataforma já atingiu um milhão de hectares monitorados e 1,3 mil usuários no Brasil, espalhados por áreas agrícolas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Tocantins, Pernambuco e Paraná. “Estamos trabalhando para expandir nossa operação nas diversas regiões do País em número de usuários e área monitorada”, adiantou o líder de Marketing da Granular no Brasil, Lucas Melo.

São utilizadas imagens capturadas por satélites, em re

Diretor global de Vendas da Granular, Eamon Floods (esquerda)

solução 3m x 3m, majoritariamente das 10h às 14h do horário local, para aproveitar as vantagens da angulação do sol a pino e entregar apenas as imagens com maior qualidade. “Antes de sair andando de talhão em talhão, o produtor pode direcionar seu trabalho ao detectar, a partir do Granular Insights, qual área merece mais atenção naquele dia”, explica Melo.

A companhia pretende unir o conhecimento agronômico da Corteva com a expertise da Granular em softwares. O valor para ter acesso aos serviços da plataforma não foi informado. A compra contempla licença anual por hectare e há uma versão básica, que pode ser baixada gratuitamente, com acesso limitado.

O lançamento foi precedido por testes e entrevistas com os agricultores, desde a produção. Todas as etapas foram construídas e validadas em conjunto com produtores. O diretor global de Vendas da Granular, Eamon Floods, explicou que a meta é estabelecer parcerias não só com a Corteva, mas também com fabricantes de equipamentos e empresas que coletam informações que possam auxiliar o produtor. “A plataforma ainda não traz relação de clima, mas há uma empresa parceira que já fornece informações meteorológicas globais, só precisamos incluir no software.”

SEGURANÇA DOS DADOS De acordo com a Granular, os agricultores são donos dos próprios dados, que ficam armazenados no país do produtor. Decide quando apagá-los ou se deseja compartilhar com alguém de sua confiança. Os dados não são compartilhados sequer com a Corteva e o software obedece a todos os aspectos da lei geral de proteção de dados. C

Líder de marketing da Granular no Brasil, Lucas Melo (direita)

Plataforma digital ofecere monitoramento direcionado

Funcionalidades

• Configure sua conta e propriedade em 90 segundos com limites de talhões automáticos

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O avanço da Ciência depende de aceitação social

LLA (leucemia linfoblástica aguda) é um câncer que atinge células da medula óssea e do sangue, resultando em linfócitos anormais. A doença progride rapidamente e é o câncer infantil mais comum em alguns países. A terapêutica convencional é cara, provoca sofrimento e possui alto índice de não resposta de pacientes ao tratamento.

Novas tecnologias, como terapias genéticas e celulares, têm o potencial de transformar a medicina e criar um ponto de inflexão em nossa capacidade de tratar e até curar muitas doenças até agora intratáveis. Em meados de 2017, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou uma terapia (tisagenlecleucel) para tratamento de pacientes com LLA.

Trata-se de uma imunoterapia de células T (um tipo de linfócito), integralmente personalizada. As células T do paciente são coletadas e geneticamente modificadas para incluir um novo gene, que codifica para uma proteína específica (um receptor de antígeno quimérico ou CAR, conforme a sigla em inglês). Uma vez modificadas, as células são infundidas de volta ao paciente. Com o novo gene, as células T identificam e matam células leucêmicas. Isto é possível porque as células T localizam um antígeno específico (CD19) na superfície das células tumorais e, na sequência, provocam a morte destas células. A segurança e a eficácia do medicamento foram demonstradas em ensaios clínicos com pacientes pediátricos e adultos jovens, portadores de LLA. A taxa geral de remissão, dentro de três meses após o tratamento, foi de 83%, considerada muito alta para pacientes afetados por tumores.

A FDA também aprovou a primeira droga baseada em técnicas de RNA interferente (RNAi). Trata-se do patisiran, indicado para eliminar as sensações de formigamento, cócegas e queima da condição rara de amiloidose mediada por transtirretina hereditária, também conhecida como hATTR.

São dois exemplos precursores de um enorme salto da Ciência. Constituem novas técnicas terapêuticas eficientes e seguras, que incluem Antígenos Receptores Quiméricos (CAR-T), Células Autólogas, Regulação de RNA Antisenso, RNA Interferente (RNAi), Nucleases de Dedo de Zinco (ZFN), Vírus da Herpes Oncolítico Geneticamente Modificado, entre outras, abrigadas sob a designação de Terapia Gênica.

ACEITAÇÃO OU OPOSIÇÃO Neste ponto, o leitor deve estar se perguntando: por que o articulista publica um texto sobre medicina humana em uma revista agrícola? A introdução acima objetiva uma reminiscência do que ocorreu com as primeiras tecnologias desenvolvidas por ferramentas biotecnológicas. No caso da agricultura, houve uma reação e uma grita na Europa. As primeiras variedades OGMs não decolaram (tomate com mais tempo de prateleira, morango resistente à geada, arroz dourado etc.). Para consolidar a introdução dos materiais resistentes a herbicidas e a insetos, foram necessárias quase três décadas de embates.

Entretanto, a produção de insulina – essencial para a qualidade de vida e sobrevivência de diabéticos – utilizando a bactéria Escherichia coli geneticamente transformada, não enfrentou resistências. Do nosso ponto de vista, a explicação para a aceitação mais fácil de vos principais: 1) na medicina lida-se com a morte de seres humanos, um evento definitivo; 2) pode haver um envolvimento emocional, o paciente que será curado por uma tecnologia na fronteira da Ciência pode ser amigo, conhecido, pai, mãe, irmão, filho, ou seja, pessoa próxima de algum ativista, o que o inibe no assaque às inovações em medicina; 3) via de regra a inovação é a última esperança, é necessário apegar-se a ela, não pode ser condenada a priori.

Em oposição, na questão alimentar existe a alternativa dos alimentos convencionais ou orgânicos, que são produzidos com tecnologias mais antigas. Ninguém que tenha renda per capita de 50 mil dólares vai morrer de fome por falta de alimento, mesmo que o preço seja muito alto. O mesmo não se pode dizer dos 800 milhões de subcidadãos nutricionalmente vulneráveis, a crer nas estatísticas da FAO. Portanto condena-se o uso de OGMs na agricultura porque, quem o faz, não enfrenta o dilema da falta de alimentos e, no limite, do risco de morte por fome.

Então, o fato de as mais recentes inovações no campo da biotecnologia surgirem comercialmente primeiro na medicina ou, ao menos, ao mesmo tempo que na agricultura, tem o condão de diminuir a resistência da sociedade às inovações científicas. novas tecnologias na farmácia e na medicina se baseia em três moti-

RNAI Das inovações que emergirão para modernizar a agricultura, na próxima década, um exemplo didático é a tecnologia do RNA interferente (RNAi), que será muito útil na proteção de cultivos. Trata-se de um fenômeno que ocorre rotineiramente na Natureza (os cientistas apenas estão copiando o que a Natureza já faz há milhões de anos!), em organismos como insetos, fungos, bactérias, nematoides e plantas. O mecanismo atua na produção de proteínas, que servem como defesa contra pragas, mormente ataques de vírus. Basta “silenciar” um gene crucial para o ataque de um vírus a uma planta, que o perigo desaparece. Silenciamento é o termo usado por cientistas para designar uma forte redução da atividade ou a inativação de um gene. Tudo se inicia seccionando-se o RNA mensageiro (RNAm). Em seguida, promove-se o pareamento de uma pequena sequência de RNA ao RNAm, com posterior degradação dessa sequência por enzimas. O pareamento desses pequenos RNAs ao RNAm é altamente específico, uma vez que a degradação não ocorre caso essa condição não seja atendida. Ocorrendo o pareamento, o gene tem sua atividade diminuída ou zerada (silenciamento).

Nas lavouras, a tecnologia do RNAi tanto pode ser representada por plantas geneticamente modificadas como por processos não transgênicos, seja com formulações contendo dupla fita de RNA (dsRNA), com moléculas precursoras (siRNAs) ou ambas. O importante é que estamos no limiar de uma nova era no controle de pragas, adicionando mais ferramentas ao arsenal do agricultor, permitindo eficiência e produtividade cada vez maiores e incrementando a sustentabilidade dos sistemas de produção agrícolas. C

Decio Luiz Gazzoni O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

MILHO A colheita do milho da primeira safra avança para o final em grande parte do Sul, onde, a partir de abril, haverá pouco produto para ser colhido. Com isso os indicativos, que em tempos de colheita normalmente despencavam, neste ano, recuaram. Mas não muito, porque há boa demanda interna e não existem estoques de passagem. Os reflexos podem ser observados no bom desempenho dos pregões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que tem vendido estoques de milho do Mato Grosso. Tudo que é ofertado negocia-se com ágio. Sinalizando que as exportações de 2019, que chegaram perto de 45 milhões de toneladas, foram de recorde histórico, superando as exportações anualizadas dos EUA. Isso serviu para enxugar o mercado em ano em que houve recorde histórico de colheita, perto de 100 milhões de toneladas. Esse cenário abre espaço para boas cotações em 2020.

SOJA Os produtores do Mato Grosso já contabilizam a safra como fechada, com recorde histórico de colheita no estado atingindo mais de 34 milhões de toneladas colhidas neste ano, dando fôlego para o Brasil fechar acima das 123,7 milhões de toneladas, mesmo com perdas da safra do Rio Grande do Sul, afetada pela seca e o calor de janeiro, que limitaram o potencial do estado gaúcho. Deve ocorrer recorde histórico de consumo interno, porque a partir de março o Brasil entra na nova fase do biodiesel misturado ao diesel, que passa para B12. Isso aumenta a necessidade de óleo de soja para fazer o biodiesel e este volume adicional será de 600 mil toneladas. O que tende a resultar em algo próximo de quatro milhões de toneladas de soja em grão, que terá de ser esmagada somente para atender o setor do biodiesel. Desta forma, o ano começou com boas expectativas, porque há produção mundial menor que o consumo e no Brasil não haverá sobras, com exportação e demanda interna fortes.

FEIJÃO O feijão começou o ano com pressão positiva nos indicativos, pouca oferta, plantio menor e também problemas climáticos para a safra, com calor extremo e redução de área, além de chuvas torrenciais na colheita. Assim, a safra que normalmente passa de 1,2 milhão de toneladas nesta primeira fase do ano, não deve ter alcançado as 900 mil toneladas. Há pouco produto e a segunda safra que está nos campos também mostra limitação. De 1,4 milhão de toneladas tradicionais, estima-se algo no máximo perto de um milhão de toneladas. Dessa forma, o Brasil vai para um ano apertado e totalmente dependente da terceira safra irrigada, que normalmente também é limitada e vai registrar movimentações de alta nos indicativos que estavam na faixa de R$ 170,00 a R$ 230,00 a saca no final de fevereiro, na base do Carioca e mais

demanda que oferta, com chances de alta à frente.

ARROZ O mercado do arroz vem para a safra de 2020 com alto potencial de demanda, cotações com as melhores médias históricas, devendo rapidamente recuperar fôlego a partir de abril, porque haverá pouco produto ofertado para uma demanda forte. O dólar em alta favorece os indicativos do arroz para a exportação, que deve seguir aquecida, com apoio de acordos comerciais renovados, como no caso do México. Junto a isso, haverá dificuldades para importar porque o dólar, com valor acima de R$ 4,50, inviabiliza compras externas e somente volta a ser viável se o produto do Rio Grande do Sul superar o preço de R$ 55,00 a saca, ou seja, ano ainda no começo, mas com boas expectativas para o grão, que somente irá sentir pressão de leve baixa nestas próximas semanas de colheita. Depois, volta a avançar. C

Vlamir Brandalizze Twitter @brandalizzecons www.brandalizzeconsulting.com.br

Curtas e boas

TRIGO - O mercado do trigo deve ter um ano forte internamente porque o dólar em alta deixa o produto importado com valores muito acima do nível nacional, com indicativos de que nos negócios atuais estaria chegando à faixa dos R$ 1,1 mil por tonelada no moinho. O cenário favorece o produto nacional, que deve alcançar entre R$ 850,00 e R$ 1.000,00 por tonelada ou acima destes patamares para o cereal do Sudeste e Centro-Oeste. EUA - Os produtores se preparam para o novo plantio, que normalmente começa no final de março e em abril. Os primeiros indicativos são de avanço do milho, que tende a alcançar 38 milhões de hectares frente a 36,3 milhões de hectares da safra passada. Para a soja, há projeção de 34,4 milhões de hectares frente a 30,8 milhões de hectares do ano anterior. É preciso lembrar que na safra passada os EUA sofreram com inverno longo, inundações e milhões de hectares não puderam ser plantados. A safra de soja é aguardada entre 112 milhões de toneladas e 120 milhões de toneladas e a do milho entre 365 milhões de toneladas e 395 milhões de toneladas, dentro de patamares normais para o país, que tem demanda maior que a oferta neste ano e consumo forte dos estoques. De agora em diante o clima americano deve comandar o mercado. CHINA - A China vive momentos complicados com o coronavírus, mas nem por isso os chineses vão deixar de comer. O governo proibiu a comercialização de animais selvagens, como morcegos e cobras, e com isso deve estimular ainda mais a demanda por alimentos tradicionais, como suíno, frango, bovino, ovos e outras carnes produzidas à base de ração. Pode ser um bom ano de venda de carnes e componentes de ração para os chineses. ARGENTINA - A safra dos argentinos ainda está nos campos, sendo que a colheita principal se dá em abril e maio. O governo argentino, nestes tempos de coronavírus, criou uma vacina contra a queda das commodities em Chicago, aumentando a taxa das retenciones a partir de março, o que fez com que os produtores se retraíssem. Informações locais apontam que vão segurar as vendas neste primeiro semestre na tentativa de forçar que esta medida caia. Mas como isso já é lei na Argentina, que está seguindo as regras do FMI, o setor seguirá com poucas vendas e isso serve de vacina em Chicago para melhorar ou criar condições melhores para as cotações.

Em dobro Técnica da coinoculação se firma nas lavouras como mais uma nova conquista da agricultura brasileira

Ainoculação da soja e do feijão se configura como grande conquista da pesquisa e do agricultor brasileiro. A pesquisa selecionou excelentes cepas de Bradyrhizobium e Rhizobium, as empresas produzem inoculantes de alta qualidade e o agricultor adotou largamente o uso do insumo biológico como fonte de nitrogênio em suas lavouras.

Mas a pesquisa não para. Sempre há alguma coisa a melhorar, a acrescentar mais ferramentas para o aumento da produtividade. Partindo do princípio de que na natureza nenhum micro-organismo atua isoladamente, mas sim um conjunto de seres com funções complementares e sinérgicas, foi desenvolvido na Embrapa Soja o sistema de coinoculação, utilizando o inoculante à base de Bradyrhizobium ou Rhizobium em conjunto com o inoculante constituído por Azospirillum. Este inoculante, inicialmente desenvolvido em 2009 para gramíneas, mostrou-se altamente eficaz quando utilizado em conjunto com o inoculante para leguminosas, exercendo um efeito sinérgico entre as duas bactérias.

A nodulação é formada por uma troca de sinais químicos entre as raízes e as bactérias. Há todo um sistema de comunicação bioquímica, com diferentes substâncias que se reconhecem mutuamente e interagem entre si. Quanto mais eficaz for esta comunicação, mais cedo haverá a formação dos nódulos e maior será o número destes nódulos, incrementando o aporte de nitrogênio para a planta durante todo seu ciclo.

E aí é que entra o papel da outra bactéria, o Azospirillum, potencializando esta comunicação, tornando-a mais rápida e eficaz. Isto resulta em uma nodulação mais precoce, o que significa uma antecipação no início da fixação do nitrogênio. Além de favorecer a comunicação entre raiz e bactéria, o Azospirillum produz hormônios que aumentam o número de pelos radiculares e, consequentemente, a absorção de água e nutrientes. O ácido indol acético (AIA) produz este efeito de aumento no número de pelos radiculares (Figura 1).

Assim, o uso de dois inoculantes, o tradicional para soja em conjunto com o Bradyrhizobium e o de Azospirillum, traz significativos aumentos de produtividade. Se só o inoculante para soja produz aumentos médios de 8% na soja, o uso em conjunto dos dois inoculantes traz, em média, o dobro, ou seja, 16% de incremento na produção de grãos.

No caso do feijoeiro, também o uso da coinoculação tem se mostrado altamente rentável para o agricultor, conforme mostram os trabalhos da Embrapa Arroz e Feijão. A sinergia entre o Rhizobium tropici e o Azospirillum tem se mostrado altamente eficaz no aumento da produtividade do feijoeiro.

No caso da soja, a Embrapa Soja, em conjunto com a Emater Paraná, instalou 37 unidades de referência nos locais mais representativos da cultura da soja no Estado, para comprovar a eficácia da coinoculação. Foram ensaios instalados em condições de lavoura, com a colaboração de diversos agricultores. Os resultados da média destas 37 unidades estão no Gráfico 1, comprovando que a coinoculação trouxe expressivos ganhos de produtividade para a cultura (Adaptado de Circular Técnica 143, Embrapa Soja). O uso destes dois inoculantes segue o mesmo princípio utilizado nas lavouras, em que se pode misturar os dois tanto na semente como utilizar a mistura no sulco, seguindo as instruções de uso do fabricante.

As empresas associadas à ANPII produzem tanto os inoculantes para soja e feijão como os à base de Azospirillum, seguindo as normas preconizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tanto no que se refere às estirpes das bactérias como em relação às concentrações.

As empresas associadas à ANPII também estão testando novas estirpes de Azospirillum, em projeto conjunto com a UFPR.

Mas, sem dúvida, dentro do espírito inovador do agricultor brasileiro, a técnica da coinoculação já está se firmando nas lavouras por todo o País. C

Solon Araújo, Consultor da ANPII

Figura 1 Gráfico 1

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