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Pneus

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Pressão positiva

A calibragem correta dos pneus de tratores garante mais tração, menos patinagens e menor consumo de combustível, além de preservar melhor a banda de rodagem independentemente do terreno onde se está trabalhando

Aoperação de subsolagem ocorre quando há a necessidade de descompactar camadas subsuperficiais do solo, cuja elevada resistência à penetração é impeditiva ao pleno desenvolvimento radicular das culturas, circunstância frequente em áreas de plantio direto e intenso tráfego de máquinas agrícolas. O não revolvimento do solo e o crescente peso das máquinas por necessidade de maior potência e capacidade operacional são fatores comprovadamente contribuintes para a compactação do solo.

Para que tratores atinjam melhor desempenho operacional é necessário que estejam corretamente adequados ao trabalho. Especialmente a subsolagem, por ser uma operação que requer maior disponibilidade de potência e força de tração dos tratores, tendo como consequência direta elevado consumo de combustível e custo operacional. Em um cenário em que custos de produção necessitam ser criteriosamente considerados e, se possível, reduzidos, a regulagem de calibração dos pneus dos tratores pode contribuir para a economia de combustível e maior capacidade operacional.

A pressão de inflação dos pneus afeta diretamente a compactação do solo, a capacidade operacional e o equilíbrio dinâmico dos tratores, pelo fato de proporcionar maior ou menor área de pressão sobre o solo, aderência da banda de rodagem, pa-

tinagem e avanço cinemático dos rodados. Reduzir ou elevar a pressão interna dos pneus pode melhor distribuir seu peso sobre o solo, otimizar a força de tração e o tempo de deslocamento (convertido em capacidade operacional).

Uma equipe do Laboratório de Mecanização Agrícola da Universidade de Brasília – Lamagri realizou trabalho para avaliar em condições de campo o desempenho operacional de um conjunto trator/subsolador utilizando diferentes pressões de inflação dos pneus e encontrar uma calibragem adequada para a operação de subsolagem.

O trabalho foi realizado na Fazenda Experimental Água Limpa, também pertencente à Universidade de Brasília. O solo da região é classificado como Latossolo Vermelho-amarelo e o histórico de uso da área experimental era de cultivo de milho para silagem em plantio direto há seis anos, estando a superfície do solo coberta por resíduos de colheita do milho e vegetação espontânea, contabilizando 2.677,6kg/h de massa seca de palhada.

Em um trator modelo TM7020 4x2 TDA, de 149cv de potência no motor, foram utilizadas três pressões de inflação dos pneus: 10, 20 e 30 psi, sendo utilizado um subsolador modelo SPCR, equipado com cinco hastes espaçadas em 0,4m, ponteiras sem asa com 80mm de largura, discos de corte de palha de 18” e rolo destorroador, e trabalhou em profundidade de 0,35m.

Os pneus utilizados no trator foram do tipo diagonal, sendo na dianteira R1, medidas 18.4-26, 12 lonas e garras com 43mm de altura; e na traseira R1, medidas 20.8-38, 14 lonas e garras com 52mm de altura. Os quatro pneus foram inflados com 50% de água e as respectivas pressões estudadas.

As variáveis avaliadas foram consumo horário de combustível, patinagem e avanço dos rodados, em parcelas com 80 metros de comprimento por pressão de inflação estudada.

O consumo de combustível foi obtido a partir da instalação de duas provetas de 2.000ml, uma instalada para alimentação do motor com óleo diesel e outra para cole-

Fotos Arthur Gabriel C. Lopes

A pressão dos pneus afeta diretamente a compactação do solo

ta do retorno do combustível não utilizado nos cilindros, sendo o consumo horário (L/h) dado pela diferença volumétrica de óleo diesel entre as duas provetas pelo tempo de deslocamento na parcela.

A patinagem foi dada a partir do número de revoluções do pneu traseiro do trator necessárias para percorrer a parcela, com implemento abaixado e depois levantado, conforme metodologia descrita por Corrêa et al. (1999). O avanço cinemático dos rodados dianteiros foi dado a partir do número de revoluções do pneu dianteiro para percorrer a parcela, com a tração dianteira auxiliar (TDA) ligada e depois desligada, conforme metodologia descrita por Silveira (2018).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Os resultados de patinagem, avanço e consumo de combustível são apresentados nas Figuras 1, 2 e 3.

A patinagem dos rodados traseiros e o avanço dos ro-

Conjunto trator e subsolador utilizado no experimento na fazenda da Universidade Federal de Brasília

Figura 1 - Patinagem do trator agrícola em diferentes pressões de inflação dos pneus Figura 2 - Avanço cinemático do trator agrícola em diferentes pressões de inflação dos pneus

dados dianteiros apresentaram diferenças significativas para as três pressões de inflação dos pneus, sendo os maiores índices obtidos na pressão de 10psi.

A patinagem a 10psi foi 16% maior que a 20psi e 34,1% maior que a 30psi. Entre 30psi e 20psi a patinagem foi 21,5% maior a 20psi. O resultado indica que as menores pressões, inclusive menores que a indicada pelo fabricante do pneu, resultaram em menor aderência entre a banda de rodagem e o solo, assim como maior deformação do pneu quando exigida força de tração do trator para operação. Conforme recomendação já consolidada e estabelecida pela literatura científica sobre o tema, o intervalo ideal de patinagem para tratores com pneus diagonais e em terrenos firmes é de 8% a 15%, dessa forma, para os resultados obtidos as pressões de 30psi e 20psi se enquadram como ideais para o quesito patinagem.

O avanço cinemático a 10psi foi 38,7% maior que a 20psi e 68,8% maior que a 30psi. Entre 30psi e 20psi, o avanço foi 49,1% maior a 20psi. Os resultados foram compatíveis aos obtidos na variável patinagem. Para os pneus dianteiros, o seu fabricante indica pressão de inflação variando entre 24psi e 32psi, evidenciando que baixa pressão afeta a aderência dos pneus, a tração do eixo dianteiro e consequentemente a capacidade operacional do trator. Conforme a literatura científica, o intervalo ideal recomendado de avanço cinemático para tratores 4 x 2 TDA é entre 1,2% e 1,8%, desta forma os resultados obtidos indicam que a pressão de 30psi é a adequada para as condições estudadas. Vale ressaltar que essa pressão condiz com a recomendada pelo fabricante do pneu dianteiro.

Em se tratando de consumo horário de combustível, o menor foi verificado com a pressão de 30psi nos pneus, sendo o consumo 10% menor que a 20psi e 12,4% menor que a 10psi. Isso significa consumo de 2,88L/h e 3,66L/h a menos, e se considerando o custo do óleo diesel a R$ 3,80/L, a economia é de R$ 10,94/h e R$ 13,90/h, ou R$ 87,52 e R$ 111,20 por dia (jornada de trabalho de oito horas), e assim por diante. Entre 20psi e 10psi o consumo não diferiu entre si.

Conclui-se que para as condições de realização do experimento, a maior pressão (30psi) proporciona melhores condições de desempenho operacional do trator, com índices de patinagem e avanço dentro do ideal e menor consumo horário de combustível, possibilitando uma operação de subsolagem com maior capacidade operacional do conjunto e economicidade.

Arthur Gabriel C. Lopes, Gabriel Pastor de B. Lima, Wesley Matheus C. F. Taveira, Isabela Dias de Souza, Tiago Pereira da S. Correia e Francisco Faggion, UnB

Figura 3 - Consumo horário de combustível do trator agrícola em diferentes pressões de inflação dos pneus

Arthur Gabriel C. Lopes

Para aumentar o desempenho operacional é necessário adequar corretamente o conjunto trator e implemento

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