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GRUPO DE BIBLIOTECÁRIOS DA ÁREA ESCOLAR DE SANTA CATARINA ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE BIBLIOTECÁRIOS
ENTRE CAUSOS E ESTANTES: I Coletânea de Contos de Bibliotecas Escolares
1.edição Florianópolis – SC Editora ACB 2017
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©2017 Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de Santa Catarina Diretoria 2016/2018 Coordenadora: Daniela Spudeit Vice-Coordenadora: Mônica Barreto Secretaria: Loredana Piazza Almeida Assessora Financeira: Maria Aparecida Adriano Assessora de Marketing: Kariane Laurindo Associação Catarinense de Bibliotecários Diretoria 2016/2017 Presidente: Camila Koerich Burin Vice-Presidente: Andreia Sousa da Silva Tesoureiro: Eduardo Silveira Secretarias: Deborah Matias Gomes e Rafaella Dayane Afonso Diretora Técnica: Franciéle Carneiro Garcês da Silva Diretora Financeira e de Captação de Recursos: Katia Maria Costa Colaboradora de Marketing: Bruna Reis Morgado Assessora de Grupos Especializados: Jéssica Bedin Organização da obra: Daniela Spudeit e Kariane Laurindo Diagramação e editoração: Daniela Spudeit e Kariane Laurindo Ilustrações de Ana Esther Balbão Pithan Capa de Marlon Valério Barreto e Luiz Octavio Borges Pereira Ficha catalográfica elaborada por Kariane Laurindo CRB – 14/ 1571
G892e Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de Santa Catarina. Entre Causos e estantes: I Coletânea de Contos de Bibliotecas Escolares / Daniela Spudeit, Kariane Laurindo (Org.); Associação Catarinense de Bibliotecários. Florianópolis – SC: Associação Catarinense de Bibliotecários, 2017. 47 p. : il. ISBN 978-85-99850-02-2 1. Bibliotecas Escolares. 2. Contos e Causos. I. SPUDEIT, Daniela II. LAURINDO, Kariane. III. Associação Catarinense de Bibliotecários IV. Título. CDD 027.8
Observação: O texto (conteúdo e forma) é de responsabilidade de cada autor.
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APRESENTAÇÃO
Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de Santa Catarina (GBAESC) em parceria com Associação Catarinense de Bibliotecários (ACB) organizou a primeira coletânea de contos e causos que ocorreram em bibliotecas escolares em Santa Catarina com o objetivo de disseminar as histórias, algumas trágicas ou engraçadas, ou simplesmente fatos do cotidiano escolar.
Bibliotecários e demais profissionais que atuaram em diferentes tipos de escolas em Santa Catarina puderam enviar seus contos e causos para o GBAESC com o intuito de narrar suas aventuras nesse cotidiano de práticas e fazeres educacionais que vivenciam situações e sensações muitas vezes inimagináveis.
Alguns tem aquela visão romântica de que atuar em uma escola é uma experiência incrível por estarem constantemente em um processo educativo de muitas aprendizagens e troca de experiências. Mas ter a grata oportunidade de trabalhar em uma biblioteca escolar é muito mais que isso, é a possibilidade real de criar e mediar a construção do conhecimento e conduzir a criatividade pelo mundo da imaginação.
Em compensação, tem outras pessoas que alegam que atuar nesse ambiente é sempre um desafio, tanto profissional, em que muitas vezes seu trabalho não é (re) conhecido, e também pessoal, por ter que desenvolver um perfil e acima de tudo, ter vocação para atuar em uma biblioteca escolar que exige um conjunto específico de conhecimentos, habilidades e atitudes.
Sabendo
disso, a Diretoria do GBAESC (Gestão 2016-2018) composta por Daniela Spudeit, Mônica Barreto, Loredana Piazza, Kariane Laurindo e Maria Aparecida Adriano pensou em reunir os diversos contos e causos ocorridos em bibliotecas escolares de Santa Catarina nessa obra incrível que abarca histórias permeadas de momentos felizes (e outros nem tanto) que marcaram a memória dos autores.
Com muito orgulho e satisfação, apresentamos essa coletânea com dezoito histórias incríveis de catorze bibliotecários e estudantes de Biblioteconomia de Santa Catarina que compartilharam nessas linhas suas experiências e vivências de seu fazer profissional/acadêmico nesse ambiente mágico (e trágico) que é a biblioteca escolar. Boa leitura!
Daniela Spudeit Coordenadora do GBAESC (Gestão 2016/2018) Bibliotecária (CRB 14/791) e professora no curso de Biblioteconomia e na pós graduação em Gestão da Informação na Universidade do Estado de Santa Catarina
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SUMÁRIO
O MELHOR CASTIGO DO MUNDO Guilherme Martins
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CHORO NA ENTREGA Cássia Regina Batista
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CAUSOS OCORRIDOS EM UMA BIBLIOTECA ESCOLAR Loredana Piazza Almeida
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BIBLIOTECA ESCOLAR: O BARULHO DO AMOR Keitty Rodrigues Vieira
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CONTOS Vanessa Francine Corrêa Strambi
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BIBLIOTECA E O DESABAFO EMOCIONAL Deborah Matias Gomes
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SMACK: BARRACA DO BEIJO? NÃO! BARRACA DA POESIA Daniela Spudeit
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A CAIXA DE SAPATOS Guilherme Wandscheer
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PASSAPORTE DA LEITURA Vanessa Francine Corrêa Strambi
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ERA UMA VEZ UM PEIDÃO Kariane Regina Laurindo
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PÉROLAS DE UMA BIBLIOTECÁRIA RECÉM FORMADA Loredana Piazza Almeida
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A MENINA ENTRE AS ESTANTES Bruna Reis Morgado
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ANOTAÇÕES FILOSÓFICAS Dirce Griebeler Bruxel Werlang
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O ESCONDERIJO SECRETO Fernanda Cláudia Lückmann da Silva
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INCENTIVO AO USO DO ACERVO FÍSICO PARA PESQUISA Vanessa Francine Corrêa Strambi
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A BIBLIOTECÁRIA ENCANTADA Mônica Valério Barreto
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ANNIE BONNIER, A PIRATA Ariane Ferreira Rossi
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OLHOS DE CASTANHA Kariane Regina Laurindo
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O MELHOR CASTIGO DO MUNDO Guilherme Martins1 Bibliotecário, recém-formado, passa em um concurso para trabalhar em uma biblioteca escolar. Como acabou de sair da graduação não sabia o que esperar. O pouco que conhecia aprendeu durante as aulas por meio da literatura e relatos de outros colegas. Em uma bela tarde de março o jovem bibliotecário se depara com um aluno na porta da biblioteca. Logo pergunta o que aquela criança com olhos assustados e mãos nervosas queria.Aflito a criança responde que professora o mandou de CASTIGO para biblioteca. Observando a criança o bibliotecário pensava o quanto já ouviu falar dessa prática que por muito tempo era comum em escolas.O bibliotecário respirou fundo e resolver conversar com a criança, convidou-o para sentar no tapete da leitura, perguntou o porquê de ele ter sido retirado da aula, aparentemente ele conversava demais.
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Bibliotecário na Escola Brigadeiro Eduardo Gomes da Prefeitura Municipal de Florianópolis. Contato: gm.biblio@gmail.com
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Perguntou o que ele gostava de ler, assustado a criança logo disse que não gostava de ler, tinha o olhar desconfiado, provavelmente pensando quando o castigo começaria e que tipos de torturas literárias o aguardavam. O bibliotecário apresentou a criança os gibis, livros de imagens, o que é o que é. A criança fica encantada e ao fim da aula, prometeu voltar. Menos de uma semana depois a criança já está à porta da biblioteca, dessa vez com um grande sorriso no rosto. Duas semanas depois eram mais de 10 alunos de “castigo” na biblioteca. Logo um pequeno clube se formou. Eram aulas maravilhosas onde contava-se piadas, brincava-se de adivinhas, montavam-se quebra cabeças. Intrigadas professora e diretora foram até biblioteca saber o que estava acontecendo com o tradicional castigo da escola. O bibliotecário pode então explicar qual o objetivo de uma biblioteca escolar e convidou as colegas a frequentarem a biblioteca com os alunos para exercitar a leitura. Desde então a biblioteca é frequentada por todos que buscam um lugar confortável e divertido para ler, conversar, rir, trocar, aprender, ensinar, buscar, sonhar...
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CHORO NA ENTREGA Cássia Regina Batista2 Era um dia de trabalho como outro dia qualquer, quando comecei a perceber uma movimentação estranha na porta da biblioteca, parecia que alguém estava tentando entrar mais ficava desistindo e tentava novamente e desistia, quando a pessoa fez isso pela quinta vez eu resolvi ver o que estava acontecendo. A porta da biblioteca fica bem ao lado do balcão então me levantei e presenciei uma cena no mínimo inusitada, uma aluna puxava a outra para entrar na biblioteca e dizia bem baixinho: “Calma, calma, a bibliotecária é bem legal e ela não vai brigar contigo”. Nisso resolvi perguntar o que estava acontecendo, a aluna que estava sendo puxada, vou me referir a ela como B, me olhou e saiu correndo em direção ao banheiro, 2
Bibliotecária na Escola Maria Conceição Nunes da Prefeitura Municipal de Florianópolis. Contato: cassiareginabatista@gmail.com
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eu então perguntei a outra aluna o que estava acontecendo, a aluna me respondeu que a B havia esquecido de entregar o livro no prazo estipulado e por isso não queria entrar na biblioteca. Resolvi então ir falar com ela, demorei uns cinco minutos para convencer ela de que tudo bem atrasar o livro, o importante é ler e depois devolver, se está no prazo ou não tem problemas, depois de se certificar que eu realmente não iria brigar, ela saiu do banheiro e chorando me acompanhou a biblioteca. Expliquei novamente como funcionava a biblioteca e comentei no futuro não precisava ter medo de mim ou de qualquer outro bibliotecário o máximo que poderia acontecer seria ouvir que atrasou o livro ou ter que pagar uma multa. Ela comentou então que as experiências anteriores na biblioteca da escola em que estudava não haviam sido legais, lá na antiga escola só tinha uma senhora que não gostava quando os alunos iam pegar livros e se entregassem atrasados então ela dava a maior bronca; falou também que quem aprontava na escola o castigo era ficar com a senhora na biblioteca.
Mesmo depois da nossa conversa ela não quis levar livro para casa, pensei
que talvez ela não viria novamente a biblioteca, mas alguns dias depois ela tornou a vir e desde então não passa um mês sem que ela pegue um livro ou simplesmente fazer uma visita. Tenho a certeza de que jamais ira chorar novamente ao entregar um livro em atraso, exceto se atrasar o livro da biblioteca quando estiver cursando a universidade, aí irá chorar pelo valor pago de multa.
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CAUSOS OCORRIDOS EM UMA BIBLIOTECA ESCOLAR Loredana Piazza Almeida3 Lore, cansada da vida de auxiliar de biblioteca, no caso de ficar cuidando para que os alunos não guardassem os livros na estantes e principalmente no lugar errado. Assim que soube da vaga para bibliotecária, sua procura nunca cessou, o que ela queria no momento era atuar como bibliotecária, até o CRB já contribuía, para assim que surgisse uma oportunidade não perdesse.
E, no entanto, a vaga era para biblioteca de um
colégio, logo se interessou e assim fez, enviou seu vasto currículo em estágios e agora como auxiliar de biblioteca, foi chamada, deu o seu melhor na entrevista e claro não poderia ser diferente, conseguiu a “tão” sonhada vaga e a partir desse dia seria a bibliotecária escolar daquele colégio. Logo de início, assim que ficou a sós entre mesas, livros e estantes mais livros nas mesas do que nas estantes. A real situação da biblioteca era: uma bagunça de livros espalhados pelas mesas e estantes, isso tudo devido as professoras levarem os alunos na biblioteca para empréstimos, no caso retiravam os títulos e devolviam, nas mesas e estantes como devem ter percebido, já que fazia alguns meses que a antiga bibliotecária tinha saído. E assim depois de tudo 3
Bibliotecária no Colégio Alpha. Contato: piazzaalmeidaloredana@gmail.com
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organizado abriu a biblioteca a espera dos alunos que por sinal a receberam muito bem. Decorrido meses e anos já atuando, a bibliotecária Lore foi percebendo que os alunos são muito curiosos e fazem questionamentos curiosos e até engraçados. Mencionara isto por acreditar que a pergunta famosa e que soa como piada em nossa área se o livro de capa azul, vermelha entre outras tem na biblioteca. Mais se não ocorresse Lore não acreditaria e nem poderia estar aqui contando. Pois bem, certo dia, uma aluna chegou perguntando se na biblioteca tinha um livro de capa azul que era lançamento, mais não lembrava o título e nem o autor, a aluna veio toda animada me perguntando mas acho que frustei um pouco ela, rsrs pois mencionei que não tinha na biblioteca nenhum título que fosse lançamento e orientei ela a procurar o título ou pelo menos o autor, pois assim poderia encontrar o livro em outra biblioteca ou até comprar o exemplar. Um outro caso, ocorreu durante a aula de leitura que umas das professores de língua portuguesa realiza na biblioteca, desta vez estava com a turma do 6º ano, e um aluno com um exemplar do “Diário de um banana: faça você mesmo” onde tem páginas com perguntas que podem ser preenchidas para quem não conhece. Na circunstância o mesmo aluno me questionou qual era o ano em que o livro veio na biblioteca, respondi que estava na biblioteca desde o ano passado e fiquei intrigada pela pergunta e o aluno soltou essa: Então alguém preveu o futuro, por que aqui está escrito que o Temer seria presidente. Eu e a professora tivemos que rir desta. Para vocês verem a curiosidade dos alunos do colégio onde trabalho.
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BIBLIOTECA ESCOLAR: O BARULHO DO AMOR Keitty Rodrigues Vieira4 Gente, que ambiente é esse que se vê crianças que correm, gritam, que rasgam os livros, que choram, que se escondem, que entram sem serem notadas e tudo isso ao mesmo tempo num intervalo de 20 minutos que se repete três vezes a cada meio período de um dia? A Biblioteca Escolar. A Biblioteca Escolar pode ser o maior sonho ou pesadelo de qualquer pessoa e não é porque a biblioteca é ruim não. É porque você tem que sonhar com aquilo. Eu trabalhei por dois anos em uma, em especial, que me fez crescer muito e, principalmente, que me fez ver funções que eu nunca imaginei numa biblioteca. No verão, a principal função era o ar condicionado, principalmente as 13h da tarde. Aquela quantidade de gente ali dentro só pelo ar condicionado. Comecei a limitar. “Ficou aqui dentro, alguma coisa tem que fazer. Ler. Enfim. Se não eu desligo o ar”. Para alguns funcionava, para outros, era mais fácil ir correr no pátio, para outros, ainda, o gostinho da leitura foi crescendo e eles voltaram também no inverno (sem o ar
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Bibliotecária. Já fez estágio em biblioteca escolar, atualmente faz mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina. Contato: keitty_rodriguesvieira@hotmail.com
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condicionado). E, antes que perguntem, não, eu não cheguei a desligar o ar. Eles, de certa forma, sabiam conhecer que era brincadeira, e sabiam respeitar mesmo assim. A biblioteca também teve função de “base” para recuperar as “vidas” dos frenéticos jogadores que viam a escola como um “campo de batalha” na qual tinham “bandidos”, “heróis”, “monstros” e “superpoderes”. Demorei um tempo até entender isso. E me assustei algumas vezes quando via uns entrando desesperados para “pegar vidas” imaginárias que estavam nas mesas. Era um lugar de consolo. Consolo para aqueles pequenos que sofriam com a ausência física dos pais que viajam a trabalho, ou dos que, infelizmente, precisam enfrentar doenças que cruzam nossos caminhos e o de nossos familiares e que até o adulto mais velho não sabe enfrentar. Dei colo, dei carinho, dei abraço e, quero acreditar que, dei esperança. Falando em esperança, também ganhei esperança. Nos momentos tristes da vida, quando discuti com pessoas que amava, quando estava superlotada das coisas da faculdade, quando queria um silêncio e um lugar escuro para chorar minhas mágoas e ficar sozinha, eu não conseguia isso. Muito pelo contrário. O silêncio que eu queria sempre era um barulho. Toda tarde. Todo dia. Contudo esse barulho era uma fonte viva de energia e que por mais chateada que eu estivesse, me consumia involuntária e completamente. Os penteados malucos que eu recebia daquelas mãos pequenininhas era o carinho que eu ganhava. Os bilhetinhos falando que eu era legal e bonita eram a motivação que eu estava precisando para aumentar minha autoestima. A companhia de trabalho que eu tinha com “os assistentes” que ficavam desenhando coisas aleatórias sentados em minha mesa, mostravam-me que eu não estava sozinha. E as piadas que eu ouvia, arrancavam aquela risada que, se eu não estivesse ali, virariam lágrimas. Tudo o que eu falei que vivi, para mim, foi sonho. Mas você pode ler tudo isso e interpretar como um pesadelo. Eu sonhei com isso. Eu tive a chance de realizar esse sonho e viver isso. E, hoje, eu sonho (com saudade) aquilo que vivi. Biblioteca Escolar: o barulho do amor.
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CONTOS Vanessa Francine Corrêa Strambi5 Uma das experiências proporcionadas por essa profissão, que tem a intencionalidade de aguçar a prática da leitura e criar momentos de integração entre diversos atores tais como, professores, estudantes, coordenadores pedagógicos e bibliotecários, foi o incentivo à criação de contos. Foi realizado, em parceria entre as partes citadas, um momento inspirador, quando foi proposto aos estudantes que produzissem um texto baseado no conto da Ana Miranda sobre o seu quarto. Na biblioteca, foi criado um cenário de um quarto e, no dia marcado, eu, a bibliotecária, iniciei com o meu conto, a professora apresentou o seu e todos os alunos fizeram a leitura de suas produções para a turma e quem mais entrava na biblioteca. A cada conto nos surpreendíamos com as diferentes realidades apresentadas por cada estudante, pois, mesmo num colégio particular,havia uma diversidade de realidades.
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Bibliotecária no Colégio Visão, Coqueiros, Florianópolis. Contato strambiv@gmail.com
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Para que a atividade ficasse ainda mais dinâmica, cada estudante deveria trazer um objeto do seu quarto para deixar exposto e ali também conseguimos identificar um pouco de cada um. Uns trouxeram bichinhos de pelúcias que eram recordações de viagens internacionais, outros garrafas de lembrancinhas de festa de adulto. A cada conto era um suspiro, uma gargalhada e um encantamento. Ao final, todos saíram contentes e com aquela sensação de que um conto basta ser bem pensado, sentido e compartilhado.
Aluno Meu quarto Bom, o meu quarto é simples: com cama, TV, bancada, armário, mas isso é uma das coisas que eu mais gosto nele, sua simplicidade. Ainda sendo simples, gosto dele bagunçado, pois com ele assim eu me sinto mais em casa. Mas quando o arrumam sem eu saber, pareço que estou em outro quarto, ou seja, de outra pessoa. Meu quarto não representava muita coisa ainda, porque me mudei a pouco tempo, mas mesmo assim tento compartilhar com vocês. Uma das coisas que vem a minha cabeça é meu Xbox, pois com ele passei dias e noites jogando e vendo séries. Minha cama é uma das partes favoritas do meu quarto, pois é nela que eu faço basicamente tudo....jogo, durmo, vejo filmes, leio, como. Falando em livros, minha estante de livros me traz no olhar os dias que passei lendo calmamente. E por último, e não menos importante, o meu armário, meu pior inimigo, ele vive bagunçando “sozinho” sim...ele tem esse poder de se autobaguçar e eu como generoso filho, sempre tenho que o arrumar.
Bibliotecária Meu quarto Ele se acende às 6h30 e se apaga perto das 00h. Ele tem um toque de areia do deserto nas paredes e um pouco de madeira no chão. É simples como um despreguiçar, mas é cheio de energia como o sol que me desperta através do blackout nude da janela do meu quarto. Em um rack concentro uma TV para me distrair, livros para viajar, duas caixas cheinhas de bijuterias para me emperiquitar e duas caixas também de contas “para eu pagar” hahaha
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Há DVDs do U2, Jon Bon Jovi, Coldplay e de músicas nacionais: Nando Reis, Capital Inicial, Ira, Maria Betânia entre outros para musicar... Há um cabo pendurado sempre na tomada para o meu celular carregar, porque sem conexão não posso ficar. Livros de decoração para folhear e a obra mais recente “Eu sou Malala” para me questionar. Poucos são os momentos que compartilho de sua solidão, pois sempre cercada de pedacinhos de mim e de paixão, neste cômodo todos se amarão.
Professora O quarto da Raquelzinha, que de “inha” só tem a altura Talvez não seja assim com todo mundo, mas se existe algum lugar a que eu gosto de me referir utilizando um pronome possessivo é o meu, eu disse meu, quarto. Porque não existe algo mais meu do que ele. Às vezes deliro que foi ele quem me escolheu e não eu a ele. Os móveis dele já estavam planejados quando eu cheguei há quase um ano, então não pude trocá-los de lugar. Mas engraçado, eu nunca quis que ele fosse diferente. Nele faço o que existe de mais precioso pra mim: dormir. Tá certo que quase todo mundo dorme no quarto e devo dizer que esse “quase” me incomoda pra caramba. Ter um canto pra chamar de seu deveria ser mais que direito, deveria ser lei. Minha cama Queen é do tamanho ideal para que eu e o Guto não roubemos o espaço um do outro, mas é claro que isso não acontece. São cotoveladas, pernadas, roncos, braçadas, puns, espirros e mãos na cara um do outro, sem contar na coberta roubada, mas é tudo tão carinhoso, sabe, e inclusive nos ajuda a lembrar que não estamos nessa vida sozinhos, e saber que se tem alguém com quem se pode contar é bom, porque a vida de adulta não é tão fácil quanto parecia. Em frente à cama fica o guarda-roupa. Ele tem três portas de correr, uma delas é um espelho: minha porta favorita. Não saio de casa sem dar aquela checada no visual, que é sempre o mesmo, porque sou uma pessoa muito básica. Dentro do guarda-roupa tem uma parte que novamente me faz lembrar que o quarto não é só meu, onde minhas roupas enlaçam as dele, num carnaval de cores e tecidos de duas pessoas só. Na parte do meio fica a TV, que tem utilidade porque inventaram a Netflix. Ali assisto minhas séries favoritas, Jessica Jones, The Americans, Flash, Friends e outras não menos importantes. O YouTube também é bastante usado. Coloco pra tocar os shows das bandas de que gosto: Queen, The Rolling Stones, Pearl Jam, FooFighters, U2, Coldplay, Maroon 5, Jorge Drexler,
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Chico, Djavan, Caetano, Legião Urbana, Pedra Letícia e muitas, muitas outras... nada por ordem de preferência, pois pra cada momento da vida prefiro um ritmo diferente. A música realmente faz parte de mim, embora eu tenha habilidades quase nulas em relação a ela. De cada lado da cama possui um criado mudo. Em cima deles ficam o telefone e os livros que nos acompanham na hora de dormir ou nas noites de insônia. Pronto, cheguei na parte em que eu queria. Cada livro que passa pela minha cabeceira é especial. No momento eu estou lendo 3, sim, todos ao mesmo tempo. Cada dia escolho um para seguir a leitura. O mais especial chama-se O mestre e margarida, de Mikhail Bulgákov. Foi o livro que inspirou a música Sympathy for theDevil, cuja melhor versão é cantada pelo Mick Jagger, da banda Rolling Stones. A música é sem palavras, o livro está sendo. Nesse livro, as páginas são marcadas com um marcador que ganhei de uma aluna ano passado. Ela mesma quem o fez. Os outros dois são do Galeano, autor crítico com quem compartilho ideias e ideais. Ao lado da porta tem uma cômoda cheia de bagunça dentro. Mas por fora tá ajeitadinho. Em cima dela tem a palavra Amor, uma vela e a primeira fotografia nossa que eu e o Guto revelamos. Ah, não poderia esquecer de falar do mural, que, como ainda não tem fotos, é usado como porta recados, mas não esses recados chatos não, são apenas lembretes dos sentimentos que nutrimos um pelo outro. Acima da cômoda fica a janela. Dela entra um ventinho tão gostoso que, se eu pudesse, moraria nela pra refrescar o rosto, o corpo, a rotina, a vida. Lembrei de algo que não gosto tanto... a minha vista, porque preciso imaginar os verdes, as flores. Tudo o que vejo são prédios e estradas. Se bem que, no prédio ao lado... bem, deixa pra lá... O que importa mesmo é que, parando pra pensar, meu quarto diz muito sobre mim. Profa. Raquel Darelli Michelon
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BIBLIOTECA E O DESABAFO EMOCIONAL Deborah Matias Gomes6
Se tem uma coisa que sempre vejo e afirmo que a Biblioteca acaba sempre adotando status de consultório sentimental. E o bibliotecário acaba se vestindo quase como Freud escutando e aconselhando quem nos procura. Digo isso de minhas experiências em bibliotecas principalmente a escolar, onde acabava sendo procurada por professores, funcionários, coordenadores e principalmente alunos para desabafar sobre um dia ruim, ou para pedir conselhos. Destes conselhos narrarei aqui a história de um aluno nos seus 16 anos que veio a biblioteca entregar um livro de literatura e pedir sugestão para outro. Até ai tudo bem, estávamos no automático de mais uma devolução de livro/ empréstimo. Mas percebi que o garoto estava um pouco desanimado, e perguntei se estava tudo bem. E 6
Bibliotecária, já atuou em biblioteca escolar. Atualmente trabalha no Centro de Documentação do SENAC em Florianópolis. Contato: dehgomes@gmail.com
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assim o menino veio me contar que estava triste porque estava com o coração partido. Naquele momento acabei entrando num turbilhão de sentimentos e me perguntando internamente e agora, mas continuei a ouvi-lo. Ele me narrando que estava vivenciando seu primeiro amor, mas que o mesmo não estava sendo correspondido, que estava sofrendo muito e que não sabia o que fazer. E como todo primeiro amor achava que não encontraria mais ninguém. Comecei a conversar com ele falando de minhas próprias experiências, e afirmando que ele é jovem ainda que isso é normal, que faz parte do nosso amadurecimento, mas que não era para que ele se preocupasse pois este era apenas o primeiro de outros grandes e profundos amores. Após quase uma hora de conversa, o menino me olhou nos olhos se despediu e agradeceu com um “obrigada por me escutar, eu precisava muito conversar com alguém você me ajudou muito” sorriu me abraçou e se dirigiu para sua sala. Naquele momento fiquei com a biblioteca vazia mas com o coração cheio de alegria por ter feito a diferença para alguém naquele momento, e de poder ajudar não com livros, ou atividades técnicas mas com palavras. E permaneci feliz entre livros e objetos apenas por estar presente.
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SMACK: BARRACA DO BEIJO? NÃO! BARRACA DA POESIA Daniela Spudeit7
Curiosa, em 1999 fiz a matrícula na disciplina de Biblioteca Escolar, ofertada de forma optativa numa sexta-feira à noite. Me encantei com o discurso da biblioteca ser aquele “espaço vivo em que pulsa o coração da escola” e ao mesmo tempo desafiada em conhecer as mazelas das bibliotecas escolares retratadas por Waldeck Carneiro da Silva no livro “Miséria da Biblioteca Escolar” abordado na disciplina que fiz com professora Magda Chagas (UFSC). Mais tarde tive vontade de atuar em biblioteca escolar e fui convidada a trabalhar numa biblioteca de uma escola particular na cidade de Palhoça, região metropolitana de Florianópolis. O diretor da escola deixou bem claro que era para eu só fazer o trabalho técnico. Mas felizmente, consegui ir além. Quando eu não estava na biblioteca, vivia 7
Bibliotecária. Atuou em bibliotecas escolares. Atualmente é professora no Curso de Biblioteconomia da Universidade do Estado de Santa Catarina. Contato: danielaspudeit@gmail.com
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conversando com os alunos pelos corredores e na sala dos professores para atraí-los para a biblioteca. Numa dessas conheci uma professora de português, muito parceira, e conseguimos fazer muitas atividades juntas envolvendo os alunos, uma delas foi a barraca da poesia na festa junina da escola. Eu queria dar visibilidade para biblioteca e aí montamos essa barraca na festa junina. Ao invés de ser a barraca do beijo, era a barraca da poesia. A pessoa comprava a fichinha e escolhia a poesia num dos livros que tínhamos na biblioteca. Alguns alunos ajudaram a declamar, outros queriam encenar a poesia e assim nos divertíamos muito. Ao poucos, com muita atitude, parceria, força de vontade e trabalho em equipe conseguimos transformar aquela sala entulhada de livro didático em um ambiente alegre e vivo. Aquela sala que era lugar de fazer provas e colocar alunos rebeldes de castigo passou a ser conhecido como um espaço dinâmico e pulsante. Foi um trabalho de formiguinha, mas foi apaixonante ver na prática a miséria da biblioteca escolar ser transformada no “espaço vivo em que pulsa o coração da escola”. Me apaixonei tanto que fui fazer Pedagogia assim que me formei na Biblioteconomia. Sim, teve final feliz, mas nem sempre é assim.
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A CAIXA DE SAPATOS Guilherme Wandscheer8 Num mundo globalizado onde, o que mais importa são as coisas materiais, é de grande valia que se resgatem os valores tradicionais como amor, fraternidade, alegria entre as crianças. E uma forma eficaz para que haja esse resgate é por meio de histórias narradas para este público tão especial. Foi por meio de uma ‘hora do conto’ na biblioteca, realizada com alunos dos 5º anos, que foi brotada esta ‘sementinha de valores’ e que é semeada diariamente em sala de aula, nas demais atividades da turma. A aula na biblioteca iniciou-se em total agito. Todos se acalmam e começo a discutir com os alunos sobre o que é importante para cada um, na sua vida. Há uma avalanche de respostas, dentre as quais se destacam: “videogame”, “dinheiro”, “bola de futebol”, “bonecas” e demais objetos materiais. Foram raras as respostas que se destacaram exemplos como “família”, “amigos” e pais. 8
Bibliotecário no Colégio Santa Catarina. Contato: guiwan22@gmail.com
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Apresento-lhes o livro “E um rinoceronte dobrado” da autoria de Guto Lins e Hermes Bernardi Júnior. Durante a história o autor narra alguns objetos e/ou materiais (inusitados ou não) que guardaria em sua caixa de sapatos. Apareceram ‘coisas’ como: a “dentadura da vovó”, “palitos de picolé”, “casca de feridas”, “papel de bala” e outras coisas curiosas. Com gargalhadas e rostos com expressões de estranhezas, os alunos ouviam atentamente tudo o que o autor colocaria em sua caixa de sapatos, mas sem entender o porquê daqueles objetos ‘sem sentido’. A história termina e volto a perguntar aos alunos se eles reformulariam a resposta inicial deles. A maioria afirma que permaneceria com o que disse anteriormente. Neste momento, entrego para cada aprendiz, uma folha a4. Oriento que escrevam no centro da folha, o que eles guardariam em sua caixa de sapatos – semelhante a do autor da história... e eles voltam a registrar suas respostas ditas no início da aula. Falo que naquele momento iremos produzir nossas próprias caixas de sapatos, mesmo estranhando fazer tal ‘objeto’ com apenas uma folha de papel, eles aceitam o desafio. Digo que a aula será de dobradura. A cada dobra que realizam, os alunos desconfiam ainda mais do resultado final. Após alguns passos, concluímos nossa caixa de sapatos, que na verdade, resultou em um coração. Em total quietude os alunos apenas observam a dobradura e ficam surpresos com o produto final. Retomo o assunto inicial da aula sobre valores. Mostro para eles o que realmente é importante em nossas vidas, discuto, exponho exemplos e eles começam a reavaliar suas colocações iniciais. Há alunos emocionados neste momento e me pedem para que seja refeita a atividade da dobradura, pois gostaria de alterar o que havia escrito antes. Outros alunos começam a discussão sobre a acuidade que suas famílias e amigos possuem em suas vidas. Peço então, que guardem aquela ‘caixa de sapatos’ em um lugar ‘longe dos olhos’. Neste momento, redistribuo novas folhas de papel e eles começam a escrever ‘coisas importantes’. Noto que as respostas mudaram totalmente e surgem sentimentos, famílias, amigos e até o meu próprio nome surgiu nas respostas. Conclui a aula com a sensação de dever mais que cumprido! Percebi que uma sementinha acabará de ser plantada e que esta semente seria distribuída entre a família de cada aluno presente naquele momento da ‘caixa de sapatos’.
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PASSAPORTE DA LEITURA Vanessa Francine Corrêa Strambi9 Um projeto desenvolvido pela professora Makelis Paim em parceria com a bibliotecária Vanessa Strambi é de lotar qualquer biblioteca. Intitulado, 'Passaporte da Leitura', despertou interesse de início, pois os alunos escolhiam, entre os livros préselecionados, aqueles que lhes despertavam maior interesse. Os temas eram diversos, indo da ficção científica à biografias. O brilho naqueles olhinhos atentos do6º ano já previa que o projeto seria um sucesso. Os alunos tinham três meses para ler os livros que escolheram. O que importava não era a quantidade, e sim o desenvolvimento do trabalho em si. A leitura deveria resultar num resumo do livro com o parecer do aluno sobre o mesmo. Na hora
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Bibliotecária no Colégio Visão, Coqueiros, Florianópolis. Contato strambiv@gmail.com
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da devolução, cada livro lido dava direito a um carimbo no passaporte. Havia apenas uma regra quanto aos livros lidos: o mínimo de páginas era 50. Foram três meses de entra e sai na biblioteca, onde os mais afoitos queriam ler o maior número possível. Chegou o tão esperado dia. Cada aluno queria apresentar o seu trabalho primeiro. Iniciamos as apresentações pelo final da chamada. Ficamos surpresas com tanta criatividade. Dentre os livros lidos, apenas um era escolhido. Os alunos se fantasiaram com o personagem principal, pintaram telas, trouxeram alimentos e objetos, apresentaram seu livro em forma de poesia ou teatro, o que tornou nosso sarau literário uma delícia de ser ouvido. A comprovação do sucesso veio na reunião trimestral onde os pais se surpreenderam pelo interesse despertado pela leitura em seus filhos, e pela discussão gerada em casa sobre o enredo dos mesmos. O entra e sai dos alunos e os burburinhos pelos corredores da biblioteca com certeza deram a ela mais vida.
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ERA UMA VEZ UM PEIDÃO Kariane Regina Laurindo10 As crianças realmente são as mais despreocupadas, para elas as convenções da sociedade são meras barreiras facílimas de serem quebradas. O dia estava fresco havia um solzinho gostoso de inverno, as crianças estavam todas muito bem comportadas nos tapetinhos lendo suas histórias outras estavam dentro da biblioteca itinerante escolhendo seus livros. E assim se dava mais um dia, este por sinal muito calmo. Consegui me sentar no tapete ao lado de algumas crianças e até peguei um livro para ler. Mas quem disse que bibliotecária pode se dar ao luxo de ler quietinha junto de suas crianças? Consegui ler a primeira página do livro. - Realmente esse dia está ótimo. Pensei. Então comecei a ler a segunda página e logo no primeiro parágrafo escuta-se aquela gritaria. As crianças todas saindo correndo de dentro da biblioteca, pareciam formiguinhas saindo de um formigueiro em chamas. Preocupada vou até elas, e questiono. - O que foi que aconteceu? Em coral elas dizem.
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Bibliotecária no Instituto Guga Kuerten em Florianópolis. Contato: karianeregina@hotmail.com
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- Professoraaaaa o fulano peidou !!!! dentro da biblioteca. Minha reação foi de dar uma enorme gargalhada, mas fiquei forte e fui ao encontro do nosso peidão. Ele estava de pé na frente da biblioteca com um sorriso de orelha a orelha. Pergunto a ele: - Por que você fez isso? E ele com toda a sua inocência de criança me diz, - professora eu soltei na porta, mas o vento trouxe para dentro, a culpa não foi minha foi do vento. Foi aí que não consegui segurar a gargalhada, que saiu em um som bem maior que o som do peido. E você teria a força de não rir?
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PÉROLAS DE UMA BIBLIOTECÁRIA RECÉM FORMADA Loredana Piazza Almeida11 Na faculdade em qual cursava Biblioteconomia, Lore, sempre sonhava com o dia de sua formatura e sua atuação em uma biblioteca. Assim que esse dia chegou imaginou-se trabalhando em uma enorme biblioteca universitária, qual era seu sonho e meta após formada. Logo a menina sonhadora começou sua peregrinação em busca da vaga tão sonhada, foram dias, semanas, meses e nada até que cansada de ficar na situação “Bacharel- desempregada” resolveu aceitar o emprego em uma construtora como recepcionista, ali ficou por longos e intermináveis oito meses, até que surgiu a vaga tão esperada bibliotecária em uma biblioteca universitária. Lore ficou feliz da vida, mais logo veio sua frustação, a vaga que conseguiu foi somente como auxiliar de biblioteca, pois não tinha experiência na área e a faculdade queria um profissional qualificado, Lore acabou aceitando a vaga de auxiliar. Nesta oportunidade, em um dia de trabalho a auxiliar percebeu um livro sendo guardado por uma aluna. Ah! Neste momento Lore ficou furiosa e pensou: - Onde já se
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Bibliotecária no Colégio Alpha. Contato: piazzaalmeidaloredana@gmail.com
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viu, se um dos meus afazeres e a guarda dos livros de volta na estante e como aprendi na graduação, somente nos bibliotecários e auxiliares ficaríamos encarregados da guarda e leitura de estante. Lore foi até a Bibliotecária-chefe e comentou o ocorrido. A bibliotecária responsável chamou a aluna e explicou que ela não poderia recolocar o livro na estante, pois eles tem uma numeração na qual somente nos da biblioteca sabíamos a ordem e blá, blá, blá...Ainda a aluna teve a petulância de falar: - Mas eu sempre guardo de volta, eu sei onde eles ficam, a capa é igual aos outros e ali eu guardo. Ainda bem que na hora eu não estava ali perto, teve a audácia de dizer que guarda o livro pela capa. Pode isso, gente! Nós que ficamos quatro anos na faculdade para aprender além de outras atribuições, a catalogação e organização do acervo, ai vem uma aluna do curso de Direito guardar um livro e ainda pela capa. É cada uma que a gente vê!
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A MENINA ENTRE AS ESTANTES Bruna Reis Morgado12 Percebo, tímida no trato, curiosa no olhar. Observa cada milímetro de poeira pregada na lombada do livro mais velho, no cheirinho novo do papel não usado. Livros são seu carinho diário, provavelmente o seu conforto. Material de estudos nas mãos, lápis meio comido na ponta, borracha riscada de tentativas, no fundo do estojo giz de cera, lápis de cores incertas (Tem mais roxo que verde ou vermelho e um preto que confunde com lápis de verdade). Apaga, apaga, apaga com vontade! Outro problema do livro bendito. Cartilha de bons modos, impresso especialmente pra não dar voz aos seus. (Apaga-apaga-apaga) Borra de borracha espalhando na mesa cheia de coisinhas, tantos livros como aquele, um caderno estufado de tanta escrivinhança, o apagar da borracha faz com que o papel
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Estudante de Biblioteconomia na Universidade Federal de Santa Catarina. Já fez estágios em bibliotecas escolares e privadas. Atualmente é bolsista no Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores (LIFE-UFSC) em Florianópolis. Contato: brmorgado@gmail.com
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engrosse, a página testemunha de um erro ínfimo do problema do bendito livro ou será que confundiu o lápis de cor com lápis de novo? Entre as estantes, caminha, observando atenta quem vem e quem vai. Livro qualquer na mão mesmo que não tenha idade pra tanta letra. Entre uma prateleira e outra descobre uma pequena miragem do que é ser gente grande. Apaga, apaga, apaga no caderno estufado. Nervosismo. O problema não é tão fácil assim. Vem ao balcão, tímida no trato, curiosa no olhar, pede atenção, uma ajudinha: " - Não liga pra minha letra não." " - Não olha meus desenho não." " - Não percebe nas páginas fofas de tanto esfrega borracha não." " - Nunca acerto de primeira." " - Nunca resolvo de primeira." " - Nunca consigo saber o que é coisa com coisa." " - O que você faz tanto lendo número nos livros?" " - Posso ajudar?" E o exercício esquecido com meia página já rabiscada de cálculos que são tão esquecidos quando se cresce. Na biblioteca ela vem todo dia estudar pra estudar a gente e mais gente. Observar cada milímetro de poeira, de grafite, de clipe solto, de bilhetinhos de lembretes, de canetas sem tampa, aqui ela fica e percebo tímida no trato, curiosa no olhar. Observa cada milímetro de poeira pregada na lombada do livro mais velho, no cheirinho novo do papel não usado. Livros são seu carinho diário, provavelmente seu único conforto.
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ANOTAÇÕES FILOSÓFICAS Dirce Griebeler Bruxel Werlang13
Num belo dia, ao chegar na biblioteca, encontro a professora de filosofia em frente a estante dos livros de sua área, bastante agitada. Ela estava lá, folheando determinado título que possuía uns 15 exemplares no total. Terminando um exemplar, ela iniciava a folhagem do próximo. Percebendo que ela estava nitidamente à procura de alguma coisa muito importante, me aproximei dela e perguntei se poderia auxiliá-la nessa busca. Segue nosso breve diálogo: – Boa tarde professora! Vejo que você está procurando alguma coisa nesses livros de filosofia. Posso ajudar?! – Ah sim, minha querida. Preciso encontrar o livro que utilizei na sala de aula semana passada, mas não estou encontrando…
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Bibliotecária no Instituto Federal de Santa Catarina Câmpus São Miguel do Oeste. Contato: dircebruxel@hotmail.com
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– Hum, talvez ele esteja emprestado. Ficou algum material da senhora nesse livro? Talvez tenha sido encontrado e esteja pelo balcão. A senhora já conversou com o pessoal lá da frente? – Não, não… na verdade são umas anotações minhas, estou precisando para a aula de hoje. – Hum… Então são suas anotações que estão numa folha dentro do livro?! (Já começando a desconfiar da cara de desconforto da professora…). – Não, não… eu anotei no livro mesmo! – Como?! A senhora anotou dentro do livro?! Escreveu noooooo livro?! Acho que nesse momento ela se flagrou do que tinha acontecido e começou a rezar para que de fato esse exemplar específico estivesse emprestado para que assim eu não visse na frente dela tudo o que tinha no livro… ela foi logo dizendo… – Ah sim, escrevi sim! Mas não fique com essa cara não, escrevi com lápis! Vou ver com meus alunos se algum deles está com esse exemplar. Não se preocupe, vou apagar tudinho! Sem disfarçar minha decepção, só consegui fazer um pedido… – Claro. Mas a senhora poderia fazer um favor?… Explique aos alunos que não se deve utilizar os livros da biblioteca para fazer anotações?!... Rimos um pouco, ambas constrangidas, ela concordou comigo e foi saindo de fininho da biblioteca em busca das suas tão valiosas anotações!
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O ESCONDERIJO SECRETO Fernanda Cláudia Lückmann da Silva14 Numa manhã ensolarada, alunos, pais, professores, bibliotecária, direção e demais profissionais estavam a caminho da Escola Básica Municipal Beatriz de Souza Brito, onde tudo corria tranquilamente. Alunos brincavam e corriam no pátio, profissionais na sala dos professores, todos à espera do início das atividades. Bateu o sinal! Alunos e professores seguem para as salas de aula e os professores começam a organizaro início de sua manhã e já se preparar para a agenda semanal de atividades na biblioteca, ou como dizem os alunos: “O Dia da Biblioteca”!
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Bibliotecária na Escola Básica Municipal Beatriz de Souza Brito vinculada a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis. Contato: fernandaluckmann1@gmail.com
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Na biblioteca Paulo Freire, a bibliotecária Fernanda também se organizapara o recebimento das turmas, com muitos momentos descontraídos de leitura, comatividades lúdicasenvolvendo acontaçãode histórias oua roda de leitura. O dia na biblioteca começou assim e já estava à espera de uma turma do 3. ano que vinha logo no horário da 1. aula, às 07h45.A professora e os alunos saíram da sala e alguns até vieram correndo, alvoroçados, ofegantespra entrar na biblioteca, sentar nos tapetes coloridos, se abraçarnuma almofada, pegar um livro ou ouvir histórias. A bibliotecária falou: Turma, vamos ouvir uma história? Os alunos empolgados responderam: Simmmmmmm, queremos história! Ela falou: Então vou contar a vocês, a história de um livro chamado Os problemas da família Gorgonzola e quem escreveu essa história, foi Eva Furnari. Essa autora tem muitos livros infantis. E pergunta: Alguém já leu algum livro dela? Os alunos dizem: Simmm, Não, Não sei, Não lembro... Quero pegar emprestado, posso? Bibliotecária disse: Claro que pode! Então, a história de uma família muita estranha e divertida começa... Nesse verão, seu Oto Gorgonzola comprou um barco novo. Muito orgulhoso, ele chamou a família para passear: a mulher Dona Árbara, os três filhos e Espinafre, o cachorro... As crianças dão risada e um aluno diz, isso é nome de verdura e não nome de cachorro. A bibliotecária continua.... Animadíssimos eles correram para o barco, mas Oto não leu as instruções e foi colocando a família toda a bordo não vendo que o barco suportava só 350 quilos. Ele pesava 130 quilos, a mulher 90, os três filhos pesavam 150 e ainda mais um pra entrar, né? Os alunos respondem rindo: o cachorro, o Espinafre, faltou ele. Ela pergunta: Será quanto que o cachorro pesa, alguém arrisca um palpite? Uma aluna disse: acho que 30 quilos.O outro fala: Não, 30 peso eu, o cachorro pesa 10. A bibliotecária levanta, vai até um painel que tem logo atrás, anota e pergunta aos alunos. Olha só, quanto será que toda a família Gorgonzola junta pesa? Vamos somar? Então, somando junto com os alunos, 130, mais 90, mais 150 e 10. Quanto dará? 380 quilos. E ela pergunta: Quanto que o barco suporta de peso, alguém lembra?
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Os alunos respondem: 350 quilos e dizem satirizando:Esse barco vai afundar! A história da família Gorgonzola segue e termina fazendo uma relação da literatura com a matemática de uma forma alegre e agradável. Depois disso, os alunos logo vão a procura dos livros para fazerem o empréstimo e a maioria quis levar os da Eva Furnari.A turma volta pra sala e a bibliotecária começa a organizar alguns livros nas estantes. Minutos depois, a professora volta a biblioteca e pergunta para a bibliotecária: Fernanda, o João ainda está aqui? A bibliotecária responde: Não, claro que não! Não tem nenhum aluno aqui. A professora diz: Nossa! Onde será que ele se meteu?Em seguida, ambas começam a busca na escola, foram na sala dos professores, banheiro, refeitório, ginásio e nada, nada do João. Cerca de vinte minutos depois, a bibliotecária volta a biblioteca e vai organizar as almofadas empilhadas e tapetes que com o movimento da turma, acabaram ficando fora do lugar. Pra sua surpresa, quando puxa os tapetes acha muito pesado e logo que insiste, as almofadas começam a cair e o João estava ali, escondido na biblioteca. Estava todo suado, enfiado embaixo das almofadas. Ela pergunta: João, por que você ficou aí? Ah! Eu queria ficar aqui, mas queria te dar um susto e riu... Ela disse: Ai menino, desse foi um susto na gente mesmo, por que não conseguíamos te encontrar, seu danado! Vai lá tomar água e voltapra sala que tua professora está preocupada. Termina assim, o episódio “O Esconderijo Secreto” na biblioteca.
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INCENTIVO AO USO DO ACERVO FÍSICO PARA PESQUISA Vanessa Francine Corrêa Strambi15 A bibliotecária em parceria com a professora de filosofia Makelis Paim planejaram uma atividade com as turmas dos 9º anos para incentivar o uso do acervo físico da biblioteca em suas pesquisas, a escrita (copiar e reestruturar os texto, resumir, assimilar o que deve ser apresentado no trabalho, não apenas usar o famoso “Ctrl C e Ctrl V). Como também, pesquisar nos livros, explorando as enciclopédias e as estantes. Para esta atividade, os alunos escolheram três temas à seu critério onde fizeram uma resenha sobre o assunto escolhido respeitando as etapas de começo meio e fim dando sua opinião sobre a leitura realizada ao final do trabalho. No começo houve resistência, pois não estavam acostumados com essa prática. Mas a partir do segundo observou-se um interesse maior e até mesmo prazer em percorrer as estantes. O primeiro aluno ficou espantado quando a bibliotecária pediu que ele fosse até a estante onde estavam as enciclopédias, que pegasse um volume, que folheasse ebuscasse no sumário um tema que lhe fosse interessante. Ele pegou um exemplar com
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Bibliotecária no Colégio Visão, Coqueiros, Florianópolis. Contato strambiv@gmail.com
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uma certa estranheza e logo começou a folhear. Assim que escolheu o tema especifico, se animou em desbravar as estantes. Ficou na biblioteca uma tarde inteira para fazer o trabalho, trocou algumas ideias coma bibliotecária e ao final, saiu satisfeito, dizendo que estava pronto para pesquisar até em grandes bibliotecas depois da experiência vivida.
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A BIBLIOTECÁRIA ENCANTADA Mônica Valério Barreto16 Em uma escola municipal da mágica cidade de Florianópolis, a estudante de Biblioteconomia, Mônica, desenvolve seu projeto de estágio obrigatório, ainda sem muita convicção quanto a qual dos diversos campos de atuação profissional, desta área, iria se dedicar. Durante três meses, duas vezes na semana, Mônica teve a oportunidade de vivenciar um pouco do que é atuar, na Biblioteca Escolar. Foram dias intensos e repletos de expectativas. De idas e vindas, na elaboração das atividades planejadas, juntamente com a orientadora e com a Bibliotecária da escola. Para Mônica seria um verdadeiro desafio fazer com que, num curto espaço de tempo e de forma lúdica, crianças de duas turmas de quarta série, desenvolvessem competências informacionais e autonomia, no uso da biblioteca, direcionadas à pesquisa escolar. No primeiro dia de aplicação do projeto de estágio, Mônica já compreendeu que teria que “se virar nos trinta” como se diz, pois, a bibliotecária responsável não pode estar presente e, tudo ficou por sua conta e risco! Então, respirou fundo e “no carão” foi apresentar-se às professoras e crianças envolvidas no projeto. Para sua felicidade e alívio, tudo correu bem superando as expectativas. 16
Bibliotecária e pedagoga. Já atuou em várias bibliotecas escolares da rede privada em Florianópolis. Atualmente é professora no Centro de Educação Infantil da Prefeitura de São José, Santa Catarina. Contato: movaba3@gmail.com
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Sendo o projeto aplicado numa escola pública, a oferta de recursos materiais para as atividades era escassa, por outro lado, o que poderia parecer um fator inibidor, para Mônica, transformou-se numa oportunidade de potencializar sua criatividade, na elaboração e desenvolvimento das mesmas. Ao final das contas, o projeto e a estudante de biblioteconomia foram muito bem acolhidos pela escola. O desafio foi vencido resultando na sinalização de continuidade e ampliação do projeto piloto, pela escola. E, Mônica? Bom, tornou-se uma Bibliotecária encantada pela Biblioteca escolar, formou-se e logo foi atuar em biblioteca escolar. Só que não! O primeiro ano pósformatura foi um período infindável de entrevistas e mais entrevistas de emprego, concursos e mais concursos, processos seletivos desgastantes e, nada, na área de seus sonhos. E, quando estava quase desanimando, um fato fez reacender aquela “luzinha” de esperança, do verbo “esperançar” como bem explica o filósofo, Mário Cortella. Dois anos depois daquela experiência emblemática, na escola pública, o sonho de atuar em biblioteca escolar continuava latente e, Mônica resolve inscrever, sem maiores pretensões, aquele projeto para participar de uma iniciativa, da Universidade Federal de Minas Gerais que visava premiar boas práticas na área escolar. E, qual não foi sua surpresa, ao receber o telefonema dos responsáveis pelo evento informando que seu projeto havia sido premiado e perguntando em qual escola atuava! Assim, concomitante as tentativas de aproximação com a Biblioteca Escolar, Mônica seguiu aproveitando as oportunidades de atuação que iam surgindo, na área de consultoria a arquivos pessoais e empresariais, porém, sem perder seu sonho de vista. Por isso, para manter-se atualizada e capacitada, começou a participar mais ativamente dos órgãos de classe, principalmente da ACB - Associação Catarinense de Bibliotecários e do GBAE/SC - Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de Santa Catarina. E para estreitar, ainda mais, os laços com a área escolar, cursou o magistério. Em dois mil e nove, cinco longos anos após formar-se, bacharel em biblioteconomia, finalmente, surge à oportunidade tão esperada e perseguida por Mônica de atuar, efetivamente, em uma Biblioteca Escolar! Daí pra diante vieram outras escolas, muitos projetos, uma especialização em unidades de informação e mais uma graduação, desta vez, em Pedagogia.
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Mônica passou num concurso e agora trabalha como auxiliar de sala de educação infantil e, presta consultoria em Bibliotecas escolares! Este conto de Bibliotecário e bibliotecas escolares, não é de fadas, mas, termina com... E viveram felizes... .
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ANNIE BONNIER, A PIRATA Ariane Ferreira Rossi17 Era uma vez a muitos e muitos anos atrás, na época de ouro da pirataria... Existia uma pirata um tanto quanto diferente, seu nome era Annie Bonnier. Ela tinha cabelos longos e usava roupa de homem. Ela era temida por muitos, e sua tripulação as vezes achavam que ela era louca. Annie Bonnier era tão conhecida que esta história chegou a mim da boca de uma taberneira da Inglaterra, contava a história de uma pequena vila francesa. Onde Annie e seus marujos desembarcaram na calada da noite e fizeram sua maior e mais terrível traquinagem. Ela e seus tripulantes desembarcaram numa noite de festa no porto desta vilazinha, foram saqueando e matando primeiro os outros piratas e pescadores que deixaram seus navios no porto, depois de roubas e matar os pobres coitados. Annie ainda soltou os navios e os empurrou a alto mar. 17
Estudante de Biblioteconomia na Universidade Federal de Santa Catarina. Contato: arifrossi0125@gmail.com
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Então este piratas terríveis, foram entrando na cidade furtando as casa que estavam vazias, devida festa que estava acontecendo no centro da cidade, e matando animais distraídos nos celeiro. Então Annie e seus marujos foram lentamente se aproximando da região central da cidade, eles tinham uma técnica maligna de matar e atacar, eles cercavam e amedrontavam! Cercaram a população e chegaram atirando, mas Annie estava entediada, e nestes momentos e que a mente maluca dela começava a funcionar, Annie tentava não matar crianças devido ao seus filhos que ela perdera para o frio gélido que fazia na região. Comento isso, pois foi exatamente com duas crianças que a sua maldade caiu. Annie, olhava a população em busca de diversão, tinha atirado em um ou dois pobres coitados, mas não estava satisfeita em ouvir o chororó de homens fracos, vendo então duas mães encolhidas junto as suas filhas perto da igreja da cidade, ela então Riu: HAHAHA. E bolou sua mais traiçoeira maldade, ela caminhou lentamente até as meninas e suas mães então anunciou: -O gloriosas pessoas desta pequena cidade, estava propensa a matar a todos só por alguns minutos de felicidade, mas agora mudei de ideia. Jogo a responsabilidade da vida de vocês nestas adoráveis mães que estão aqui na minha frente, elas tem uma escolha a fazer. Suas filhas morta ou a população, Apenas uma opção. Quem merece viver? As meninas arregalaram os olhos enquanto as duas mães olhavam assustada para Annie, foi então que começou a diversão para Annie. Um gordo que parecia ser o conde de cidade prometeu terras as mães, o padeiro e o cocheiro, prometeram comida e cavalos. Assim como o resto da população prometeu ouro, e luxo, até escravos para as mães que não tinham nada! Estas ficaram muito em dúvida, mas quando suas filhas corajosas falaram que aceitavam ser sacrificadas pelos bem das mães elas não pensavam em outra coisa além dos luxos e de poder recomeçar sem estas meninas mas com elas. Então as mães voltaram-se para Annie e a mais velha falou: -- Mate-as. Mate nossas filhas, e poupe a população. -As meninas ficaram paradas enquanto suas mães se afastaram convencidas que iriam ficar melhor sem elas, e que com a morte das meninas Annie iria embora. Lindo engano. Annie então sorriu tristemente, mirou nas meninas… Então surpreendentemente atirou uma, duas vezes... mas as meninas não caíram mortas, e sim suas mães.
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-- Estas mulheres não eram mães, mães morrem pelos seus filhos. Elas não fizeram isso por querer. Eu irei cuidar de vocês. - Annie abraçou as meninas que tinham aceitado a morte e levou elas consigo. Se sabe pouco depois deste fato, sabe-se que não sobrou muito mais gente na cidade, pois os tripulantes de Annie mataram os demais cidadão da vila e ainda roubaram todos o seu ouro da região. E se ouvi falar que pouco tempo depois de duas jovens piratas, tão temidas e loucas quanto Annie.
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OLHOS DE CASTANHA Kariane Regina Laurindo18
São da cor castanha os olhos do personagem dessa história. São de um castanho doce, expressivo, delicado, tão delicado que te faz mergulhar em um mar de doçura. Imaginava eu como deve ser feliz esse garoto com olhos de castanha, afinal uma criança que transmite tantos sentimentos bons só com um olhar só poderia ser uma afortunada na vida. Mas, não é bem a sim, os olhos castanha na verdade escondiam de baixo de tanta doçura histórias tristes histórias das quais nem mesmo eu, alguém já com uma bagagem nas costas vivida, imaginará. Os olhos castanhos já sofreram muito no seu curto tempo de vida. Entretanto apenas carinho conseguia transmitir com seus olhos e gestos gentis. Ele é educado, dedicado e muito, muito inteligente! Sim... porque ele lê,e lê muito! Aqueles olhos devoram livros, talvez essa seja a sua ação mais agressiva, é um devorador de livros, o menino com os mais lindos olhos que já vi. Sempre que nos encontramos ele pega um livro de sua escolha, e depois me conta dos outros que já leu, fala das aventuras que os personagens percorreram e de como gostaria de vivê-las.
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Bibliotecária no Instituto Guga Kuerten. Contato: karianeregina@hotmail.com
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Sempre que vou ao encontro dele fico distante há observar, como? De onde vem tanta força? Dos livros, será? Penso... Penso... e não consigo imaginar de onde vem... Desisti de procurar a resposta para tanta doçura, agora apenas admiro de longe aqueles olhos castanhos desejando internamente que eles sempre sejam como hoje são.