As faces da Economia Solidรกria no Brasil
As faces da Economia Solidรกria no Brasil
REALIZAÇÃO Grupo de Pesquisa em Economia Solidária e Cooperativa Ecosol Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos COORDENAÇÃO GERAL Luiz Inácio Gaiger
Doutor em Sociologia Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Unisinos Coordenador do Grupo de Pesquisa Ecosol
PROJETO E REALIZAÇÃO Sabrina Stieler Teixeira Graduanda em Jornalismo - Unisinos
GERENCIAMENTO ECONÔMICO-FINANCEIRO Aline Pedron Assistente Administrativa Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação Unisinos APOIO INSTITUCIONAL E FINANCEIRO Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES Edital 05/2010 Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento – CNPq Edital Universal 14/2010 – Faixa C Bolsa de Produtividade em Pesquisa Bolsas de Iniciação Científica Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul – FAPERGS
AUXILIARES TÉCNICOS* Cláudio Barcelos Ogando Graduado em Ciências Sociais | Mestre em Sociologia Política Assistente de Pesquisa Bruna Pedroso Thomaz de Oliveira Graduanda em Nutrição Bolsista de Iniciação Científica PROBIC / FAPERGS Angélica Pinheiro Graduanda em Jornalismo Diagramação
*Ver entrevistadores que participaram da Pesquisa QSES ao final do álbum.
Prefácio Uma das principais diferenças entre a economia solidária e o capitalismo é que enquanto esse se sustenta em sociedades de capitais, a economia solidária sustenta-se em sociedades de pessoas. No Brasil, essas pessoas são aquelas que, ao longo da história, organizaram-se social e politicamente para resistir à colonização, à subordinação ou à exclusão social e construíram organizações sociais e econômicas alternativas ao capitalismo. Estamos falando de povos e comunidades tradicionais, camponeses, operários, trabalhadores desempregados ou em condições precárias de trabalho, moradores de lixões e catadores de material reciclável, trabalhadores autônomos (artesãos), pessoas com deficiência, pessoas com transtornos mentais. Enfim, a economia solidária é constituída pelas gentes populares, empobrecidas, excluídas dos resultados do processo de acumulação econômica e que têm organizado movimentos sociais para lutar por mudanças societárias que promovam a democratização da sociedade brasileira. Nas palavras de Paul Singer, trata-se de “um verdadeiro resgate humano.” Esta publicação é representativa das diversas faces da economia solidária em nosso país. Faces de pessoas marcadas pelo tempo da aspereza da vida, mas fundamentalmente pelo olhar da esperança. Uma esperança que alimenta as utopias e anima a ação coletiva e solidária. Equipe SENAES
Apresentação A Economia Solidária estrutura-se em princípios que valorizam o ser humano. Aqueles que se organizam dessa forma buscam mais do que o trabalho e a geração de renda. Procuram autonomia e sentido para suas vidas. As escolhas desses trabalhadores e trabalhadoras não são somente alternativas a crises econômicas, como se afirma sobre quem se organiza através da Economia Solidária. São escolhas lúcidas de quem vê no trabalho coletivo outra forma de se sustentar e viver. São pessoas que muitas vezes têm a solidariedade enraizada em sua vida cotidiana desde sempre, mesmo antes do conceito de Economia Solidária ser concebido. Essa gente luta e faz de tempos difíceis motivo para se fortalecer. Não se abala com suas dores. Consegue unir a força do seu trabalho com a delicadeza do espírito solidário e sem perceber, cria a resistência dentro de um sistema econômico que o explora e exclui. Em 2013, a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) finalizou o segundo Mapeamento da Economia Solidária no Brasil. O Mapeamento teve como objetivo proporcionar a visibilidade e a articulação da Economia Solidária no País. Tantos dados deram origem ao Sistema de Informações em Economia Solidária (SIES), permitindo que milhares de empreendimentos econômicos de base coletiva e autogestionária fossem identificados e caracterizados. O SIES veio preencher uma lacuna sobre o entendimento da realidade da Economia Solidária no Brasil. Percebeu-se, então, a necessidade de conhecer profundamente os atores dessa outra
economia. Para complementar os dados do Mapeamento Nacional de Economia Solidária, também em 2013, foi realizada uma pesquisa nacional por amostragem. Essa pesquisa fez parte do Projeto SIES desenvolvido pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em convênio com a SENAES e com execução do Grupo de Pesquisa em Economia Solidária e Cooperativa, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Através da aplicação de quase 3 mil questionários, em 16 estados brasileiros e mais de 510 empreendimentos econômicos solidários visitados, pode-se avançar na compreensão dos impactos sobre as condições de vida e as mudanças provocadas pela participação na Economia Solidária. As cinco regiões do Brasil foram percorridas por 60 entrevistadores. Além da coleta dos dados, todos foram surpreendidos e se deixaram encantar pelas riquezas culturais e naturais do nosso País. Tantas histórias de vida e belas imagens registradas fizeram nascer este álbum de fotografias, que tem como pano de fundo a Economia Solidária. Muitas dessas histórias, por si só, dariam um livro. O que tentamos, neste álbum de imagens, é retratar um pouco dessa experiência inesquecível e mostrar a cara da Economia Solidária, para além dos dados e números. Este álbum retrata um pouco da vida dessas pessoas e também é dedicado a elas, que foram as protagonistas desta pesquisa e a quem agradecemos a boa vontade em ter nos recebido. Esperamos aqui mostrar um pouco das faces da Economia Solidária no Brasil.
Norte A região Norte quase engole metade do Brasil. Com a maior extensão territorial, dividida entre sete estados, abriga a maior floresta tropical do mundo: a Amazônica. Entre as densas matas e grandes rios, uma imensidão cultural e étnica é celebrada. As cores vivas pintadas nos corpos dos índios contrastam com as procissões católicas que invadem as ruas de algumas cidades. As estradas de chão são substituídas pelas águas, onde navegam barcos de todos os tamanhos. Carregam gente, bichos, comida e muita esperança. O sol presenteia essa gente que flutua, com o seu nascer, no início do dia, e o seu até logo, no fim da tarde. Foram mais de 400 trabalhadores da Economia Solidária visitados nos estados do Pará e Tocantins. O barro seco que forma a casa é o mesmo que, quando molhado, impede o transporte de rodar. Por lá, há mãos fortes que esculpem delicados enfeites e há mãos que transformam penas e sementes em lindos colares. Mãos que lutam para manter viva a sua cultura. Maracanã, PA | Foto: Hugo Luiz Cordovil de Freitas
Pôr do sol no Rio Tocantins | Cametá, PA| Foto: João José Corrêa
Nacser do sol no Rio Tocantins Comunidade Quilombola do Bailique Baião, PA Foto: João José Corrêa
Raimundo do Espírito Santo Dias Cooperativa de Fruticultores de Abaetetuba Abaetetuba,PA Foto: João José Corrêa
As três índias Xipaya seguram firme em suas mãos mais do que colares e enfeites. Seguram a cultura de um povo. São sobreviventes sem a certeza dos seus anos de vida e que há pouco tempo conseguiram registrar suas existências em documentos oficiais. Seus olhos carregam o peso de quem viu o seu povo definhando. Sofreram com a ambição de posseiros e grileiros que no passado invadiram suas terras. A luta permanente é para sustentar a cultura de seus ancestrais. Produzem artesanato para sobreviverem e ensinam os jovens a arte Xipaya, na Associação Agrícola Representação Índio Regional De Altamira, no Pará. Apesar da vida sofrida, não falam com mágoas ou ressentimentos. A autonomia e a autoestima dessas três mulheres mantêm viva a trajetória do seu povo. As falas saem com a força de quem lutará até o fim para conservar suas raízes. “Quando morre um ancião, com ele morre um pedaço da história, com ele morre a língua, as músicas, a dança, as pinturas”.
Foto: João José Corrêa
Jovens voltando da escola Igarapé Miri, PA Foto: João José Corrêa
Waldirene Gonçalves da Cruz Cooperativa Agrícola Resistência de Cametá Cametá, PA Foto: João José Corrêa
Rosália da Silva Pontes Associação de Mulheres de Sampaio Sampaio, TO Foto: Manoel Alves de Oliveira
Moacir Moreira da Cunha Associação Pequenos Agricultores Nova Aliança Castanheira São Francisco do Pará, PA Foto: Hugo Luiz Cordovil de Freitas
Nordeste Nove estados dão forma à região do Nordeste. Suas terras vestem a diversidade. Por elas passam matas, coqueirais, dunas, praias e o seco sertão. Tanta pluralidade estende-se à cultura. Por lá, se escuta e dança forró, frevo, maracatu e axé. Nas palavras escritas e nos desenhos marcados em pequenos folhetos, a literatura de cordel grita a delicadeza e a força do povo nordestino. Cinco estados dessa região foram percorridos em busca de mais de 1.200 trabalhadores da Economia Solidária: Alagoas, Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. No olhar expressivo dessa gente quase podemos sentir o peso dos que sofrem com a falta d’água, que demora a cair do céu e dificulta o plantio. O povo persevera e a irrigação salva as lavouras e o gado. A conquista de direitos básicos, muitas vezes, é fruto da organização coletiva. A busca pela água e a garantia da produção é luta constante de um povo que planta, pesca, costura, borda, tece e procura seu lugar à sombra. Quixadá , CE | Foto: Antônia Lúcia Paz Rodrigues
Ipiranga, AL| Foto: Micheline Maria de Lima
Otoniel Joaquim de Santana Cooperativa de Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves Presidente Tancredo Neves, BA Foto: Geusa da Purificação Pereira
Maria Rosa Perreira Associação de moradores e produtores do Vale de Boacica Igreja Noca, AL Foto: Dacio Luciano Trindade Buarque
Ieda AraĂşjo Sarmento Perreira Companhia do Bordado de Entre Montes Piranhas, AL Foto: Dacio Luciano Trindade Buarque
José Soares Queiroz Associação Indígena Xucuru Kariri Palmeira dos Indíos, AL Foto: Dacio Luciano Trindade Buarque
A timidez é evidenciada pelo sorriso discreto de Marta Chacon da Silva, 34 anos. É na casa de farinha que ela se encontra com os outros sócios da Associação dos Moradores de Ponta de Várzea, no município Vera Cruz, no Rio Grande do Norte. Reúnem-se para trabalhar. Sentada na pedra dura, Marta não para um segundo. Ganha por quilo de mandioca descascada. As mãos delicadas e fortes são protegidas por luvas, mas a sujeira é inevitável. A organização dos moradores nasceu da necessidade. Para garantir alguns direitos à comunidade, a Associação foi criada. A insistência ainda é pela água, para que a plantação não dependa do período de chuva, mas sim, da vontade de quem não para.
Foto: Belisa Victoria Nascimento Rocha
Maria Rosa Melo Silva Assoc. de Desenvolvimento Rural e Comunitário da Comunidade de Bebedouro Conceição do Almeida, BA Foto: Karlla Miranda da Costa
Associação Comunitária Rural de Rogante Santa Bárbara, BA Foto: Geusa da Purificação Pereira
Raimunda Silva da Cruz Associação Quilombola de Afrodescendentes da Região de Tremembé Maraú, BA Foto: Rogério Silva Fiaes
Antônio Sena da Silva Assoc. dos Produtores de Mudas Frutíferas em Geral, mudas Ornamentais e outras de Pacajus Pacajus, CE Foto: Luciana Eugênio Rogério
Associação Zé Pequeno de Artesanato Limoeiro do Norte, CE Foto: Antônia Lúcia Paz Rodrigues
Associação de Desenvolvimento Comunitário Dois do Bairro São Sebastião Ubajara, CE Foto: Luciana Eugênio Rogério
Associação Comunitária dos Produtores de Buracão São Miguel, RN Foto: Miriam Moura Vital
Associação de São José dos Famas Iracema, RN Foto: Miriam Moura Vital
Associação de Desenvolvimento Comunitário Dois do Bairro São Sebastião Ubajara, CE Foto: Luciana Eugênio Rogério
Associação Comunitária dos Trabalahdores Rurais de Recreio Sobral, CE Foto: Luciana Eugênio Rogério
A pele de dona Alzira Luiza da Silva denuncia os anos já vividos. Aos 73, suas mãos ainda tecem com agilidade as palhas de Carnaúba. Vende suas peças tramadas na Cooperativa de Produção Artesanal Auto Sustentável, em Itajá, no Rio Grande do Norte. O trançado passou gerações. Aprendeu com a mãe, ensinou as suas filhas e o seu motivo de alegria é ver a neta brincar com as fibras secas. Dona Alzira dava múltiplas formas às palhas, fazia esteiras, tapetes, chapéus e bonecas. Hoje precisa desacelerar, sua saúde já não é mais a mesma. Compra a palha, porque do pé já não consegue colher. Mesmo assim, dona Alzira carrega o sorriso e o humor de quem não se deixa abalar por pouca coisa.
Foto: Marta Simone Vital Barreto
Associação Cooperativista do Assentamento Malacacheta Boa Vista Russas, CE Foto: Antônia Lúcia Paz Rodrigues
Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Tabuleiro e Corrego Altaneira, CE Foto: Heliane Aragão Pereira
Associação dos Criadores e Aquicultores de Paulistana Paulistana, PI Foto: Solange Maria da Silva do Nascimento
Associação de Desenvolvimento Comunitário do Assentamento Flores Uruçuí, PI Foto: José Francisco Pereira de Sousa
Petronilo Areolino Patricio Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Chapada Nova I Campo Grande do Piauí , PI Foto: Ivan Lopes Gomes da Silva
Manoel Barbosa Cooperativa Agropecu谩ria do P贸lo de Remanso Remanso, BA Foto: Ivan Lopes Gomes da Silva
Associação das Mulheres Produtoras Rurais Pacauensses Caracol, PI Foto: José Francisco Pereira de Sousa
Gilvomar Gomes de Brito Col么nia de Pescadores Z 19 Foto: Daliane Deyse de Lima Pessoa
Maria Perreira dos Santos Associação dos Moradores e Produtores do Vale do Boacica Igreja Nova, AL Foto: Dacio Luciano Trindade Buarque
Antônio Avelino Silva Associação Comunitária dos Pescadores de Caraú I São Rafael, RN Foto: Belisa Victoria Nascimento Rocha
João Antônio dos Santos costura há 17 anos. Foi a alternativa ao desemprego. Comprou uma máquina e nunca mais parou. É o único homem na Associação Canguararte de Artesãs, em Canguaretama, no Rio Grande do Norte. No início não se aventurava. João só fazia pequenos reparos em roupas. Os pedidos aumentaram. Aprendeu a tirar medidas e logo havia peças de pronta-entrega. Hoje, compartilha o espaço da Associação com quem produz bonecas de pano, bolsas e luminárias. João ainda sonha com uma loja e sua própria confecção.
Foto: Daliane Deyse de Lima Pessoa
Cooperativa de Produção Artesanal Auto Sustentável Itajá, RN Foto: Marta Simone Vital Barreto
José Raimundo da Silva Associação Moacir Avelino Bezerra Afonso Bezera, RN Foto: Belisa Victoria Nascimento Rocha
Centro Oeste Três estados têm suas terras rasgadas pela vegetação do cerrado: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Três estados que juntos com a planejada Capital do País, Brasília, compõem o Centro-Oeste brasileiro. Pelas terras de Mato Grosso, a natureza esbalda-se desenhando o Pantanal, um dos mais ricos ecossistemas do Brasil. É nesse cenário que o pássaro Tuiuiú exibe sua ousada combinação de cores: preto, vermelho e branco. Em Goiás a paisagem abre espaço às cachoeiras, riachos e cânions. Todo alívio do colorido contrasta-se com o cinza dos prédios projetados e a vida agitada que se leva no Distrito Federal. Em meio ao asfalto quente, campos verdes e pontes quebradas, foram visitados mais de 370 trabalhadores da Economia Solidária em Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. Para os trabalhadores dessa região, o chapéu e o boné, além de tapar o sol dos seus olhos, escondem os cabelos brancos que insistem em aparecer. O verde da horta e o marrom da terra contrastam com o material reaproveitado nos galpões de reciclagem dos centros urbanos. Porto Estrela, MT | Foto: André Felipe Pereira Freitas
Porto Estrela, MT| Foto: AndrĂŠ Felipe Pereira Freitas
Maria Isabel Conceição Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Comunidade Buriti Fundo Barra do Bugres - MT Foto: André Felipe Pereira Freitas
Local de reuniões da Associação Padre José Tencat Santo Afonso, MT Foto: André Felipe Pereira Freitas
Sônia Sueli Costa de Souza sempre trabalhou com fibra. A da bananeira, a de taboa e a do seu corpo. Conta com orgulho a trajetória. Em sua fala, dá para sentir a vontade de quem quer continuar. Ela contribui para manter vivas as técnicas que aprendeu e valoriza a produção local de artesanato. Atividades que se encontram na Associação dos Produtores e Produtoras Artesanais, a APPA, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso. Sônia já viajou o Brasil divulgando o trabalho que nasceu no Movimento Articulado de Mulheres da Chapada dos Guimarães. O Mamucha, nascido em 2003, já não existe mais. Seu legado foi o fortalecimento das artesãs da região. A mobilização dos produtores artesanais deu fruto e nasceu, em 2008, o Centro de Comercialização Solidária. Mesmo ano em que a APPA foi fundada. Muitas conquistas se originaram do trabalho coletivo. A troca de experiências entre os artesãos ultrapassou os tramados das fibras naturais e o trabalhado da cerâmica. Na praça do município, se não chove, o encontro cultural é garantido com o Projeto Cine Mais Cultura sessão de cinema para quem quiser. As dificuldades não são poucas. Manter o espaço aberto custa. Tempo e dinheiro. “Seria bom ter um prédio próprio”, fala Sônia, sem cansaço. Mas as possibilidades não se esgotam. Os desafios fazem ampliar as atividades como forma de resistência e fibra.
Foto: Sylvio Ant么nio Kappes
Benedito Teodoro Associação dos Produtores de Silvio Rodrigues Alto Paraíso, GO Foto: Anna Laura Machado Falluh
Fernando Pereira Camargo Associação dos Pequenos Produtores Rurais Boa Sorte Goianésia, GO Foto: Anna Laura Machado Falluh
Mário José dos Santos Associação dos Pequenos Agricultores do Assentamento São Salvador Minaçu, GO Foto: Anna Laura Machado Falluh
José Silvestre de Oliveira Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Região Bonito do Meio Hidrolândia , GO Foto: Anna Laura Machado Falluh
Erezite Fernandes dos Santos Associação dos Trabalhadores Rurais do Assentamento Verde Vida Goianésia, GO Foto: Anna Laura Machado Falluh
Helena Aparecida Moreira Braga Associação dos Mines e Pequenos Produtores Rurais da Região Serra Dourada Uruaçu, GO Foto: Anna Laura Machado Falluh
Fosé Lino Sousa Assoc. dos Mines e Pequenos Produtores Rurais da Região Serra Dourada Povoado de Urualina, GO Foto: Anna Laura Machado Falluh
Fábio Lalalá Associação XXXX | São Leopoldo, RS Foto: Fulano de Tal
Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável Reciclamos e Amamos o Meio Ambiente Goiânia, GO Foto: André Felipe Pereira Freitas
José Antônio Duarte Associação dos Pequenos Agricultores e Agricultores Familiares do Córrego Alegrete Ceres, GO Foto: Anna Laura Machado Falluh
Alda Maria Nascimento dos Santos Associação dos Produtores e Produtoras Artesanais Chapada dos Guimasrães, MT Foto: Sylvio Antônio Kappes
Nilva Neto Siqueira Grupo de Ccostureirar da Cidade Ocidental Cidade Ocidental, GO Foto: Daniela Rueda
José Milton Pereira Costa Assoc. dos Pequenos Produtores Rurais e Agricultores Familiares do Projeto de Assentamento Vitória Goianésia, GO Foto: Anna Laura Machado Falluh
Sudeste
Brota gente no Sudeste. A região mais populosa do País constitui-se por quatro estados: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. O intenso desenvolvimento da indústria e do comércio na região, além de gente, faz brotar prédios e asfalto. Longe do concreto das cidades, as estradas percorridas em Minas Gerais e São Paulo revelaram o suspiro das belezas naturais do interior dessa região. Mais de 300 trabalhadores da Economia Solidária foram visitados. Cenas não comuns manifestaram, ao longo da trajetória, a persistência do quase extinto tamanduábandeira e os 96 anos de um senhor de fala mansa. Os caminhos, onde já escorreram ouro e café no passado, hoje dão espaço a uma gente que multiplica seus talentos e ofícios. Santa Fé do Sul, SP | Foto: Marco Aurélio de Oliveira Filho
Muriaé, MG | Foto: Cecília Ribeiro da Silva
Antônio Tadeu Barbosa e sua esposa Maria Associação Intermunicipal dos Pequenos Agricultores e Trabalhadores Rurais Muriaé, MG Foto: Cecília Ribeiro da Silva
Ana Rita de Miranda Pena Lemos Associação dos produtores da agroindústria do vale do Piranga Muriaé, MG Foto: Cecília Ribeiro da Silva
Airton Viera Navas Associação Intermunicipal dos Pequenos Agricultores e Trabalhadores Rurais Muriaé, MG Foto: Cecília Ribeiro da Silva
Luiz Gonçalves Associação Comunitária e do Produtor Rural da Matinada Carandaí, MG Foto: Cecília Ribeiro da Silva
Esmeraldas, MG Foto: CecĂlia Ribeiro da Silva
Maria Leuda Ferreira Neves Tavares Tramalissa Confecçþes e Costura Osasco, SP Foto: Elizabete de Jesus Rocha
Seu Francisco Ferreira da Silva carregou no olhar o peso de uma vida sofrida. Trabalhou até os 90 anos, foi até onde sua saúde permitiu. Tinha esperança de ver suas terras produzindo vida novamente. Assim, continuava pagando a taxa da Associação dos Pequenos Agricultores do Projeto Cinturão Verde, na Ilha Solteira, em São Paulo. Quem sabe, um dia, pudesse voltar a utilizar as máquinas e os equipamentos. Pai de 12 filhos, trabalhou durante anos em uma fazenda. Foram anos difíceis. Todos iniciavam suas tarefas quando o sol ainda dormia e só paravam quando a noite chegava. Foram mais de 30 anos de exploração. Passaram fome onde animais eram abatidos e nem os ossos sobravam para aqueles que tanto trabalhavam. “Fomos massacrados”, foi o desabafo de dona Maria, filha de 75 anos de Francisco. Seu Francisco libertou-se quando recebeu um pedaço de terra, fruto de um reassentamento da população atingida pelos empreendimentos de uma hidrelétrica. Nesse novo pedaço de chão, seu Francisco garantiu o sustento e a terra para seus filhos. Sete deles ainda continuam por lá, os outros foram tentar a sorte. Seu Francisco deixou a sua terra aos 97 anos. Seu corpo não aguentou mais, faleceu no dia 08 de julho de 2014, quando esse livro estava sendo elaborado. Dois dias depois de enterrar o pai, dona Maria já trabalhava na roça e, com voz firme, disse, como quem fala mais do que com palavras: “Tudo que a gente tem coragem de plantar, a gente planta”.
Foto: Marco AurĂŠlio Maia Barbosa de Oliveira
Camila Aparecida da Costa Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis São Carlos, SP Foto: Marco Aurélio Maia Barbosa de Oliveira
Adão das Chagas Central de Triagem Coopermyre São Paulo, SP Foto: Marco Aurélio Maia Barbosa de Oliveira
Sul A mais fria região do Brasil é integrada por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Forma-se geada e não raro cai neve no inverno. Além das vestimentas, a vegetação também sofre influência das baixas temperaturas. Nos locais mais frios, matas de araucárias se exibem com suas alturas e se destacam no pampa. Os três estados foram percorridos e mais de 560 trabalhadores da Economia Solidária foram entrevistados. Na paisagem, as plantações de grãos e o gado no campo se misturam e harmonizam com os trabalhadores da terra. O frio fica para o inverno, porque o povo se esquenta com o calor do trabalho o ano inteiro. Da pesca sai o sustento e o produto para as renderas, que usam as velhas redes em forma de arte. Do moinho de pedra sai a farinha de milho. Da plantação agroecológica sai o alimento sem veneno e a saúde garantida. Laguna, SC | Foto: Miriam Abe Alexandre
Pedra Furada | Urubici , SC | Foto: Mirian Abe Alexandre
Aldo Aparecido de Sousa Cooperativa de Artesões de Guaraqueçaba Guaraqueçaba, PR Foto: Maria Izabel Machado
José Carlos Lopes COOPAF Itapejara D’Oeste, PR Foto: Jocemir Porto Dadalt
Paulo Borges de Lima Associação de Produtores de Corumbatai do Sul Corumbatai do Sul, PR Foto: Jocemir Porto Dadalt
Hildo Hech Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar com Interação Solidária Planalto, PR Foto: Jocemir Porto Dadalt
Associação de Moradores, Agricultores e Pescadores Raízes da terra do Retrovado São José do Norte, RS Foto: Sabrina Stieler Teixeira
Associação do Galpão Produtor Rural Santana da Boa Vista, RS Foto: Sabrina Stieler Teixeira
Valdir Polis de Antiqueira Cooperativa de Pescadores e Psicultores de Tapes Tapes, RS Foto: Sabrina Stieler Teixeira
Cooperativa de Pescadores e Psicultores de Tapes Tapes, RS Foto: Sabrina Stieler Teixeira
Associação de Moradores, Agricultores e Pescadores Raízes da terra do Retrovado São José do Norte, RS Foto: Sabrina Stieler Teixeira
Coopertaiva de Produção e Agropecuária Vista Alegre Piratini, RS Foto: Sabrina Stieler Teixeira
Asssociação dos Produtores Ecológicos de Anita Garibaldi Anita Garibalde, SC Foto: Sirlanda Boza Viapiana
Fábio Lalalá Associação XXXX | São Leopoldo, RS Foto: Fulano de Tal
Rubem da Silva Rodrigues Associação dos Apicultores Pinheirenses Pinheiro Machado, RS Foto: Sabrina Stieler Teixeira
Renderas Pelotas, RS Foto: Foto: Sabrina Stieler Teixeira
Associação de Moradores, Agricultores e Pescadores Raízes da terra do Retrovado São José do Norte, RS Foto: Sabrina Stieler Teixeira
Em 2002, seu José Gedeoni de Oliveira, agricultor de Urubici, em Santa Catarina, foi hospitalizado durante seis dias. Demoraram a diagnosticá-lo. Seu José tinha sido intoxicado com o veneno que aplicava na sua lavoura. O médico deu duas opções para seu José: continuar plantando dessa forma, para morrer logo, ou parar de vez. Seu José parou. Parou por sete anos. Dedicou sua força e tempo à criação de vacas leiteiras. Em 2008, seu José voltou a plantar. Foi apresentado à agroecologia. Livre dos venenos e cooperado à Ecoserra, seu José mudou de vida. Hoje afirma que a agroecologia produz de forma barata e rentável. “A minha saúde vale mais, a saúde dos meus filhos está garantida”, fala com a voz firme de quem tem certeza do que diz. Atualmente, seu José e seus quatro filhos produzem mais de 15 tipos de alimentos que chegam aos pratos de Hospitais, Escolas Infantis e APAE’s, através do Programa de Aquisição de Alimentos.
Foto: Mirian Abe Alexandre
Associação dos Produtores Rurais de Bocaina do Sul Bocaina do Sul, SC Foto: Mirian Abe Alexandre
Moisés Joel Ramos Cooperativa dos Produtores da Agricultura Familiar de Consumidores de São Francisco de Paula São Francisco de Paula, RS Foto: Lourdes Candida da Silveira
Flaver Antonio Wiggers Assoc. de Produtores Rurais de Bocaina do Sul Bocaina do Sul, SC Foto: Mirian Abe Alexandre
Reci Rogério Córdora Associação dos Produtores Rurais de Bocaina do Sul Boicana do Sul, SC Foto: Mirian Abe Alexandre
Renato Alseni Soares Associação do Galpão Produtor Rural Santana da Boa Vista, RS Foto: Sabrina Stieler Teixeira
Cooperativa de Artesรฃos Arte Nossa Guaraqueรงaba, PR Foto: Maria Izabel Machado
Realização: Grupo Ecosol ecosol@unisinos.br sies.ecosol.org.br blogecosol.wordpress.com
Organização e textos: Sabrina Stieler Teixeira sabrinastieler@hotmail.com
Pesquisadores paticipantes Águida Tatiana Costa
Heliane Aragão Pereira
Marco Aurélio Maia B. de Oliveira Filho
Alex Conceição dos Santos
Hugo Luiz Cordovil de Freitas
Maria Izabel Machado
Alyson Thiago Almeida Ramos
Iraides Rodrigues Leite de Araújo
Marta Simone Vital Barreto
André Felipe Pereira Freitas
Ivan Lopes Gomes da Silva
Micaela Alves Rocha da Costa
Angela Cristina Cordeiro de Souza
Jane Gleifa Oliveira Machado
Michele Yenara Agostinho
Anna Laura Machado Falluh
Jaqueline Morbach Neumann
Micheline Maria de Lima
Antônia Lúcia Paz Rodrigues
Joana Darc Aguiar de Souza
Miriam Abe Alexandre
Antoninha Sirlanda Boza Viapiana
João Conrado Dias Fabbri
Miriam Moura Vital
Beatriz Ribeiro
João José Corrêa
Raimunda Beatriz Borba Miranda
Belisa Victoria Nascimento Rocha
Jocemir Porto Dadalt
Rogério Silva Fiaes
Carmelita Lutkmeier
José Francisco Pereira de Sousa
Sabrina Abrão de Magalhães
Cecília Ribeiro da Silva
Karlla Miranda da Costa
Sabrina Stieler Teixeira
Clara Denise de Sousa Pinto
Katiane Farias Teixeira
Santinho dos Santos Carvalho
Clarice Alves de Lima
Keillha Israely Fernandes de Araújo
Solange Maria da Silva do Nascimento
Daliane Deyse de Lima Pessoa
Kristiany Mariely Bender
Sonia de Fátima de Medeiros
Daniela Rueda
Leonise Nichele Pereira
Vasconcelos
Elizabete de Jesus Rocha
Lourdes Candida da Silveira
Sylvio Antônio Kappes
Erika Ferreira Moura
Luciana Eugênio Rogério
Thaisy Perotto Fernandes
Gearlanza Alves Galdino
Luciane Rocha Ferreira
Tiago da Conceição Souza
Geusa da Purificação Pereira
Manoel Alves de Oliveira
Wanderley Batista de Carvalho
“Esta publicação é representativa das diversas faces da economia solidária em nosso país. Faces de pessoas marcadas pelo tempo da aspereza da vida, mas fundamentalmente pelo olhar da esperança. Uma esperança que alimenta as utopias e anima a ação coletiva e solidária”. Equipe SENAES