EDUCAR PARA PREVENIR
PREPARO PARA O PARTO Medicina Preventiva
PREPARO PARA O PARTO A gravidez e o parto são processos naturais. Durante a gestação, a natureza prepara o corpo da mulher para facilitar o desenvolvimento e o nascimento dos filhos.
Para que a mulher consiga prevenir agravos à saúde devido às alterações da gravidez e participar ativamente do trabalho de parto, é fundamental conhecer a evolução natural da gestação, praticar relaxamento e preparar a musculatura com exercícios adequados para essa fase especial da vida. Por isso, a gravidez deve ser avaliada periodicamente por especialistas, por meio do chamado “acompanhamento pré-natal”.
Alterações emocionais
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Durante a gravidez, é comum a mulher ficar emotiva, irritada e reagir exageradamente a pequenos acontecimentos devido às alterações hormonais. Assim, junto à sensação de triunfo, euforia e alegria pela espera do bebê, há também sentimentos negativos, dúvidas, medos, insegurança e depressão.
A gestante passa a ser vista e a ver o mundo de modo diferente do que estava habituada. Uma preocupação comum é a de não voltar a ter formas atraentes, mas o ideal é que a gestante considere as mudanças em seu corpo como sinal de fertilidade e de potência. Quando encarada assim, a gravidez promove na mulher a sensação de ser uma pessoa excepcional. Ignorar ou negar medos e outros sentimentos negativos não fará com que eles desapareçam. Reprimidos, tais sentimentos podem voltar à tona a qualquer momento, transformando-se em problemas maiores. Tudo isso poderá ser evitado se todos os sentimentos forem postos para fora à medida que surgirem. Em geral, a adaptação a uma nova situação demora algum tempo. Por isso, a comunicação com pais, familiares e amigos é importante. O contato com outras grávidas também é extremamente saudável, pois a troca de experiência pode ajudar a resolver alguns conflitos, a aumentar a compreensão e a aceitação. A chegada de um novo membro à família gera expectativas em todos, até mesmo devido às mudanças dos papéis sociais que tal fato implica. Tornar-se avô ou avó pode ser interpretado como sinal de envelhecimento e a condição de tia nem sempre é bem aceita. Muitas vezes os novos papéis são perturbadores, requerendo compreensão e auxílio para que não influenciem a própria gestante, cujos problemas emocionais tendem a se avolumar. Caso as tensões não sejam suportáveis, a família pode contar com o auxílio profissional de psicoterapeutas experientes.
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Relaxamento muscular Existem técnicas de relaxamento muscular extremamente benéficas para amenizar indisposições da gravidez e muito importantes na hora do parto, quando a gestante deverá manter-se calma, relaxada e participativa. Para obter um bom resultado no momento oportuno é fundamental o treino diário da técnica escolhida. Recomendamos a denominada Relaxamento Autógeno. Confira a seguir: Posição: Utilize um travesseiro sob a cabeça para aliviar a tensão da musculatura. Deite do lado que o bebê mexe menos. Estenda a perna que ficou por baixo e flexione a outra, podendo utilizar um travesseiro sob o joelho também flexionado.
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Técnica: Feche os olhos, inspire profundamente e expire três ou quatro vezes. Solte os braços na lateral do corpo e concentre sua atenção em um deles, imaginando firmemente que seu peso está aumentando até senti-lo completamente solto. Repita: “meu braço está pesado... cada vez mais pesado... pesado como chumbo...”. Quando sentir que conseguiu relaxar completamente a musculatura de um braço, repita o processo com o outro e com cada uma das pernas. Proceda da mesma forma com o tronco e com o abdômen. Quando todo o corpo estiver relaxado, procure sentir a cabeça vazia, os pensamentos soltos. A sensação de sonolência e o abandono físico obtidos são muito agradáveis e favorecem a circulação do sangue. Observe que os movimentos do bebê se intensificam, indicando que ele está recebendo mais sangue e, consequentemente, maior quantidade dos elementos necessários ao seu desenvolvimento.
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Alterações físicas Devido à ação de hormônios, o organismo da gestante fica sujeito a um grande número de modificações que fazem parte do dia a dia. No entanto, algumas exigem cuidados especiais para que este período tão importante da vida seja vivido com mais tranquilidade. Confira a seguir: PARTE DO CORPO
ALTERAÇÕES
RISCOS E CONSEQUÊNCIAS
Rosto
• Formas mais arredondadas • Surgimento de manchas escuras • Aumento da oleosidade
• Manchas se fixam pela ação dos raios solares • Aparecimento de espinhas
Boca
• Inchaço das gengivas e aumento da sensibilidade • Aumento da quantidade e da acidez da saliva
• Sangramento e inflamação • Maior probabilidade de cáries
Mamas
• Crescem e se preparam para produzir leite • Aréolas ficam maiores e mais escuras • Maior sensibilidade e vasos aparentes
• Digestão mais lenta Estômago • Pode causar refluxos (volta dos ali6
mentos para o esôfago)
• Aparecimento de estrias • Dor • Rachaduras no bico do seio
• Azia, queimação • Náuseas
PARTE DO CORPO
ALTERAÇÕES
RISCOS E CONSEQUÊNCIAS
Bexiga
• O peso do útero comprime a • Maior tendência bexiga, obrigando a infecções a urinar mais • Dor vezes
Barriga
• Cresce e fica mais sensível • Região mediana mais pigmentada ou com pelos (desaparecem após o parto) • Distensão dos ligamentos que sustentam o útero
• Podem aparecer estrias • Dor no baixoventre (parte inferior da barriga)
Intestinos
• Tendem a ficar mais “preguiçosos” • Fezes mais endurecidas
• Acúmulo de gases • Hemorroidas
Genitais
• Tornam-se inchados e escuros • Aumento na secreção vaginal natural, que não arde, não coça, não tem mau cheiro e é incolor
• Maior tendência de corrimentos infectados • Pode apresentar dor nas relações sexuais
ABDÔMEN
Coluna
• Tracionada para frente, devido • Dor ao aumento de • Desequilíbrio volume e do peso do útero
Pernas e Pés
• Incham, principalmente à tarde e à noite
• Dor • Cansaço • Varizes
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Cuide-se!
• Não tome sol sem proteção. • Não use cremes com hormônios. • Use creme hidratante somente no abdômen e na pele da mama, nunca nos bicos e aréolas. • Escove os dentes e use o fio dental todas as vezes que ingerir algum alimento. • Visite o dentista no 3º ou 4º mês e no 7º e 8º meses da gestação. • Pratique exercícios para fortalecer a musculatura, de preferência caminhadas. Procure praticar exercícios adequados. • Evite esforços prolongados, carregar peso ou permanecer muito tempo na mesma posição. • Procure descansar pelo menos trinta minutos ao longo do dia. • Alimente-se com maior frequência, de 5 a 6 vezes por dia, procure não ingerir líquidos durante as refeições, nem antes de dormir. • Mantenha dietas ricas em fibras vegetais. • Evite dormir logo após comer.
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• Tome muito líquido, de preferência água, ingerindo de 2 a 3 litros por dia.
• Lave os genitais após evacuações. • Urine com a frequência necessária, não prenda. • Observe, com a ajuda de um espelho, o aspecto dos genitais. Se houver qualquer alteração, como irritação, coceira, mau cheiro, caroços ou manchas, consulte seu médico. • Evite banhos de imersão ou assento. • Procure manter a coluna reta ao andar ou sentar. • Ao levantar, apoie-se transferindo o peso para os braços, ombros e pernas. • Consulte seu médico se deve usar meias elásticas. • Procure descansar e durma com os pés sobre um travesseiro ou com colchão elevado mais ou menos 30 cm. • Use sapatos confortáveis com salto grosso de 3 a 4 cm.
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Aumento de peso
O aumento de peso não deverá ultrapassar 12 kg no final da gestação. Quando este valor é ultrapassado, pode aumentar consideravelmente os riscos de diabetes, pressão alta, dores nas costas, dores ciáticas, cansaço, além de ser maior o risco de complicações para o parto. A volta ao peso normal também é mais demorada e complicada. O excesso de peso compromete muito a saúde e a qualidade de vida da mãe e do bebê.
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Exercícios
Os principais objetivos da ginástica durante a gravidez são: melhorar a resistência, elasticidade e força, manter a estética, proporcionar relaxamento e controle neuromuscular, melhorar a circulação sanguínea e condicionar a respiração e a musculatura envolvida no processo do parto. Os exercícios descritos a seguir são simples, passíveis de serem realizados até mesmo por quem nunca tenha feito ginástica anteriormente. Se forem praticados com regularidade, poderão contribuir para diminuir a fadiga e a irritabilidade, mantendo uma boa disposição física e evitando ou suavizando pequenos incômodos que a gravidez pode acarretar. Siga as recomendações do seu médico.
Aquecimento São exercícios para preparar os músculos para os esforços que serão realizados. Pratique todos os dias antes de fazer os outros exercícios: • Ande ou marque passo durante 5 minutos; • Eleve o joelho bem alto ao lado do corpo, alternando várias vezes as pernas; • Procure alcançar as nádegas com os calcanhares, alternando várias vezes as pernas.
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ALONGAMENTO São exercícios para facilitar a percepção corporal e alongar a musculatura: • Em pé, com as pernas ligeiramente separadas, tente alcançar o teto elevando os braços alternadamente em movimentos lentos, fazendo com que seu corpo se alongue; • Na mesma posição, fixe um ponto no teto e eleve os calcanhares, respirando fundo e levantando os dois braços simultaneamente. Repita algumas vezes.
MAMAS Exercícios para fortalecer a musculatura de sustentação: • Sente-se no chão com as pernas cruzadas, segure firmemente os antebraços com as mãos opostas, mantendo-os na altura do busto, inspire profundamente, prenda a respiração e empurre firmemente os antebraços para fora, sem soltá-los. Você sentirá que as mamas se mexem. Faça ritmadamente uma série de 10 movimentos com respiração presa. Solte o ar e reinicie, completando várias séries de dez movimentos; • A seguir, inspire e erga os braços acima da cabeça. Expire e volte à posição inicial. Repita dez vezes. 12
CoLUNA VERTEBRAL Exercícios para aliviar as dores nas costas: • Deite-se com a barriga para cima, levante as pernas esticadas e segure os pés com as mãos opostas; • Role o corpo sobre a região lombar para um lado e para o outro, várias vezes; • De joelhos e mãos apoiadas no chão, erga a cabeça e mantenha a coluna reta, inspire profundamente, abaixe a cabeça até o queixo encostar no peito e eleve as costas soltando a respiração. Repita várias vezes; • De joelhos e mãos apoiadas no chão. Separe os joelhos, inspire profundamente e sente-se nos calcanhares sem deslocar as mãos; • Volte à posição inicial deslizando para frente com o tronco bem baixo. Quando a cabeça estiver na direção das mãos, erga o corpo.
ABDÔMEN Exercício para fortalecer a musculatura e estimular a movimentação intestinal: • Deite-se com a barriga para cima e mãos na nuca, pedale como se estivesse andando de bicicleta, bem devagar, respirando normalmente, sem forçar a barriga. 13
Períneo Exercícios para facilitar o parto normal: • Em pé, em frente a uma cadeira fixa ou com o apoio de outra pessoa, firme as duas mãos e separe bem as pernas, flexione os joelhos até ficar de cócoras, mantendo os pés totalmente em contato com o solo e com as pontas ligeiramente voltadas para fora, para encaixar a barriga com facilidade; • Para melhor equilíbrio, permaneça com as mãos apoiadas no assento da cadeira, ou segurada por alguém, enquanto estiver de cócoras. Quando cansar, sente-se no chão com as pernas estendidas, movimentando-as para facilitar a circulação; • Sente-se no chão com as costas bem eretas, junte as solas dos pés e tente encostar os joelhos no piso auxiliando com as mãos.
Pernas e pés Exercícios para melhorar a circulação, prevenir câimbras e evitar dores nas pernas: • Sente-se no chão com coluna reta, pernas estendidas e ligeiramente separadas, pés fletidos, faça movimentos como se quisesse traçar círculos no ar com os dedos dos pés; gire dez vezes num sentido, depois no outro. Um pé de cada vez e depois os dois juntos;
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• Sente-se com as pernas esticadas, force as pontas dos pés fletindo-se em direção à cabeça: mantenha essa posição durante algum tempo e depois solte, como um estilingue, sem forçar para baixo, apenas solte. Repita várias vezes.
MANTENHA-SE CALMA! Encerre as ginásticas repetindo alguns exercícios de aquecimento e alongamento. Pratique-os cada vez mais lentamente e termine andando ou marcando passo devagar. Isto fará com que a frequência do pulso e da respiração voltem aos valores normais.
Condicionando a respiração
Durante a gestação o bebê recebe o oxigênio que necessita através da placenta e do cordão umbilical. Quando começa o trabalho de parto, as contrações rítmicas do útero afetam o fluxo de sangue e consomem energia, reduzindo a quantidade de oxigênio que chega ao bebê. Por isso, as gestantes precisam aprender técnicas de respiração que proporcionam melhores condições na hora do nascimento de seus filhos. O “sopro de vela” consiste em inspirar profundamente pelo nariz, expandindo o abdômen, e expirar lentamente pela boca como se quisesse fazer oscilar a chama de uma vela, sem apagá-la. Não repita mais do que 3 ou 4 vezes porque poderá sentir tonturas e acelerar os batimentos cardíacos. Praticando todos os dias, você estará se condicionando ao controle respiratório exigido durante o trabalho de parto e, desde já, beneficiando o bebê com maiores quantidades de oxigênio.
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Quando procurar a maternidade
No final da gestação, é comum existir uma grande preocupação relacionada ao momento adequado para a ida ao hospital. A hospitalização antecipada não é conveniente porque uma espera demorada e longe dos familiares pode aumentar a ansiedade e criar dificuldades. Por outro lado, deixar para a última hora, com risco de o bebê nascer no trajeto, também não é uma decisão acertada. O conveniente é saber reconhecer os principais sinais indicadores de que o trabalho de parto começou e poder identificar os sinais de perigo se eles ocorrerem.
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Principais sinais do trabalho de parto Perda do tampão - Quando a fase de dilatação tem início, a substância gelatinosa e viscosa que recobre a abertura do útero se desprende e é eliminada, acompanhada ou não de pequena quantidade de sangue. Isso é apenas um primeiro aviso e não significa que a gestante deva ir imediatamente para a maternidade, pois este fato pode ocorrer vários dias antes do parto. Todavia, se existirem contrações, elas precisam ter o ritmo cuidadosamente observado, pois o trabalho de parto pode ter começado. Contrações uterinas - Nas últimas semanas de gravidez podem aparecer contrações de intensidade variável com intervalos irregulares. Quando o trabalho de parto tem início, elas se tornam rítmicas e mais fortes, duram cerca de um minuto e são separadas por intervalos longos, que aos poucos diminuem. A gestante pode permanecer em casa, ocupando-se com pequenos afazeres ou caminhando um pouco e massageando com movimentos circulares a parte posterior da bacia (região do cóccix), atividades que facilitam a dilatação do colo do útero e tornam as contrações mais eficazes e menos dolorosas. Na primeira gravidez, quando os intervalos entre as contrações forem de 10 minutos, a gestante deve ir para a maternidade.
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Rompimento da bolsa - Devido à pressão exercida durante as contrações, a membrana que envolve o bebê pode se romper, soltando o líquido que o protege. Nesta ocasião, geralmente a mulher se surpreende por estar molhada, como se estivesse urinado sem querer. Recomenda-se deitar imediatamente durante alguns minutos para evitar que o cordão umbilical seja arrastado pelo líquido.
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Normalmente o líquido é claro, esbranquiçado, assemelha-se à água de coco e tem cheiro de esperma, diferenças que permitem a constatação de que não se trata de uma perda involuntária de urina. A cor clara indica que o bebê está passando bem. Mesmo assim, não é necessário aguardar as contrações. Após o rompimento da bolsa, a gestante deve ir para a maternidade.
Sinais de perigo Em qualquer uma destas situações, a gestante deve se dirigir imediatamente para a maternidade: • Líquido de cor esverdeada indica que o bebê está sofrendo e precisa nascer logo; • Sangramento intenso (semelhante ao que ocorre no segundo dia da menstruação) é a placenta que pode estar obstruindo a passagem ou se descolando. São eventualidades raras, mas que necessitam de intervenção imediata; • Contração forte e permanente, o que acarreta dificuldade na passagem do oxigênio para o bebê; • Data provável do parto ultrapassada em mais de 10 dias. Neste caso, a placenta começa a envelhecer, perdendo progressivamente sua capacidade de manter a saúde do bebê.
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Parto Após o reconhecimento de que o trabalho de parto teve início, a gestante deverá ser conduzida à maternidade, onde será examinada para confirmação diagnóstica. O toque vaginal, a contagem dos batimentos cardíacos do bebê (foco) e a observação das contrações permitem saber se o parto vai ser normal ou cirúrgico. Na admissão, além do preenchimento de dados de identificação, são anotados o histórico da paciente e a evolução da gestação. Para facilitar, é importante que a futura mamãe leve consigo documentos de identificação pessoal, do convênio e a carteirinha do pré-natal. Em seguida, poderá ser feita a raspagem dos pelos pubianos (tricotomia) e a lavagem do final do intestino (fleet enema ou enteroclisma). Para nascer, o bebê terá que sair do útero e percorrer o canal vaginal até a vulva, atravessando toda a bacia, de cima para baixo. Este percurso é feito no parto normal quando todas as condições forem favoráveis, desde a posição do bebê (cabeça para baixo) até o tamanho da bacia óssea da mãe. Caso não existam condições para o parto normal, caberá ao médico adotar as medidas que reduzam ao máximo os riscos para a mãe e para a criança. 20
Período de dilatação O trabalho de parto normal é dividido esquematicamente em três fases. Na primeira, denominada fase de dilatação, ocorre a abertura do colo do útero, que atinge uma dimensão capaz de permitir a passagem da cabeça do bebê (cerca de 10 cm de diâmetro). Nas gestantes de 1º parto, essa fase dura de 8 a 14 horas. Nas mulheres que já tiveram filhos, a duração é menor, usualmente em torno de 4 a 8 horas. Durante este período, é aconselhável que a gestante permaneça deitada do lado que o bebê mexe menos, pratique a respiração indicada e relaxe. Deitar de barriga para cima não é recomendado, pois dificulta a respiração e comprime os vasos sanguíneos pela posição do útero. Deve-se preferir deitar de lado.
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Durante a fase de dilatação, progressivamente, o útero se contrai com maior intensidade, em intervalos cada vez mais curtos. Isso afeta o fluxo sanguíneo e consome energia, diminuindo a quantidade de oxigênio que o bebê recebe, por isso, quando uma contração estiver chegando (sensação de cólica que começa nas costas), a respiração indicada é a do tipo “sopro de vela”, que proporciona aumento do teor de oxigênio e beneficia o bebê. Repita os movimentos respiratórios até que a contração se efetive. Quando estiver forte, procure desviar a atenção da dor e se ligar mentalmente à presença do bebê, tentando transmitir calma, confiança e carinho. Nos intervalos entre as contrações, relaxe e mantenha a respiração normal. Caso a bolsa d’água permaneça íntegra, o médico decidirá o momento de rompê-la, o que não provoca dor, já que a bolsa não é ligada ao sistema nervoso da mãe nem ao da criança.
PERÍODO EXPULSIVO Uma vez completada a dilatação do colo do útero, inicia-se o período expulsivo. Esta é a segunda fase: o bebê percorre o canal de parto, empurrado pela ação conjugada das contrações do útero, da musculatura abdominal e do diafragma.
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A forma mais utilizada para ajudar o bebê a nascer numa mesa de parto é deitar com as pernas encaixadas nas perneiras.
Ao iniciar uma contração siga as instruções abaixo • Inspire profundamente e prenda o ar. • Encoste o queixo no peito. • Coloque os braços na posição de remar e puxe os apoiadores da mesa de parto. • Faça força para baixo como se fosse evacuar. Nos intervalos, apoie a cabeça, relaxe e expire todo o ar pela boca. Se houver tempo, faça o “sopro da vela”. Se a musculatura do períneo for muito elástica, a cabeça (normalmente a primeira porção do corpo da criança a se apresentar à luz) se exterioriza sem rompê-la; caso contrário, será feita uma incisão (episiotomia) para facilitar a passagem do bebê. Depois do nascimento, a criança passa a respirar o ar do ambiente, deixando de depender do sangue da mãe. Então, o cordão umbilical será cortado e o bebê receberá cuidados especiais: avaliação das condições gerais, remoção de secreções da boca e do nariz, oxigenação (se necessária), identificação, aplicação de nitrato de prata nos olhos para evitar infecção, etc.
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Dequitação
Em seguida, a placenta será expulsa. É a chamada dequitação, que constitui a terceira e última fase do trabalho de parto. Se houver corte de períneo, serão dados os pontos necessários e o médico fará a revisão das condições da mãe. O útero evolui até o tamanho de uma bola de futebol de salão, denominada “globo de segurança”, o que garante a diminuição das perdas exageradas de sangue no pós-parto imediato.
PÓS-PARTO IMEDIATO
Após o parto, a paciente é conduzida para o quarto, onde são verificados seus parâmetros vitais (temperatura, pulso e pressão arterial). O sangramento (lóquio) é cuidadosamente observado. A paciente permanecerá em repouso nas 6 primeiras horas se o parto for normal, e por no mínimo 12 horas se for cirúrgico (fórceps ou cesárea).
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É comum neste período haver intenso tremor (tremedeira) como consequência do “estresse do parto”, aliado à recuperação da anestesia. Não há o que temer. Normalmente, a auxiliar de enfermagem providenciará mais cobertas para aquecer a paciente, o que traz uma sensação reconfortante e o tremor cessa logo a seguir.
Se o parto for cirúrgico, com anestesia raquidiana, o período de descanso será de 12 horas. Vencido este prazo, é recomendável a deambulação para melhorar a circulação e prevenir tromboses, problemas pulmonares e acúmulo de gases intestinais. Ao se levantar, é usual a mãe sentir tonturas porque o centro da gravidade do corpo deslocou-se novamente. Se existirem pontos no períneo, a região deverá ser mantida sempre limpa, lavada com sabonete neutro após todas as evacuações ou micções. Prefira água corrente, evitando o banho de imersão e trocando o absorvente (sempre externo) todas as vezes após a higienização. Os pontos do períneo caem sozinhos, em geral, de cinco a dez dias. Usualmente, nos primeiros dias, a função intestinal será restabelecida. Impõe-se, também, o esvaziamento frequente da bexiga, para evitar a distensão. O banho diário deve ser completo (é permitida a lavagem da cabeça), até mesmo se o parto for cesárea. Neste caso, enxugar bem o local dos pontos, sendo dispensável cobrir a incisão cirúrgica. Os pontos serão retirados após sete a dez dias. O sangramento permanece intenso nos primeiros dias e vai diminuindo até cessar, levando tempo bastante variável, de uma semana a quarenta dias. A observação desse sangramento é importante tanto em relação à quantidade, que não deve aumentar, quanto ao odor, que não deve ser fétido; caso isso ocorra, o médico deve ser consultado. Tanto o sangramento exagerado como o odor fétido podem ser sinais de retenção dos restos placentários, que precisam ser retirados imediatamente, pois oferecem risco de infecção puerperal.
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É conveniente o uso de cinta tipo calcinha de cintura alta por 3 meses, para manter o útero em posição normal e proporcionar compressão abdominal. A dieta deverá ser rica em proteínas, vitaminas e sais minerais, com abstenção de doces, massas, refrigerantes, bebidas alcoólicas e temperos fortes. Convém ingerir grande quantidade de líquidos, de preferência sucos de frutas, chás ou água, sem acrescentar açúcar. Descanse durante o dia, principalmente enquanto o bebê não mantiver um sono noturno regular. Evite carregar objetos pesados e fazer outros esforços intensos. Dependendo da estrutura emocional, até mesmo durante os dias de permanência na maternidade, pode ter início uma crise psicológica denominada “depressão pós-parto”, que é grave e deve ser tratada o quanto antes. O afastamento do convívio familiar, a rotina hospitalar, o esgotamento físico e a separação do bebê são os principais fatores que podem causar angústia, apesar do ambiente de comemoração por parte de todos e da euforia da própria mãe. Além disso, as atenções recebidas pela mulher durante a gestação voltam-se agora para o bebê. O amor materno nem sempre se estabelece instantaneamente, porque a realidade pode não corresponder às fantasias criadas durante a gestação (por exemplo, o bebê não possuir as características 26
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