JORNAL UNICIDADE - ANO 3 - EDIÇÃO 109 - São Paulo, 01 a 07 de fevereiro de 2025

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Smart Sampa: Mais de mil prisões e 500 foragidos capturados com tecnologia de ponta

TDAH e o Hiperdiagnóstico: Cuidado, nem todas as crianças encaixam-se no mesmo rótulo!

Fevereiro Roxo inspira cuidados humanizados para pacientes com doenças crônicas

Estudo de SP investiga a presença de microplásticos em camarões no litoral

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TDAH e o Hiperdiagnóstico: Cuidado, nem todas as crianças encaixam-se no mesmo rótulo!

Nos últimos tempos, temos observado um aumento significativo nos diagnósticos de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças. Esse fenômeno, conhecido como hiperdiagnóstico do TDAH, levanta questões importantes que merecem nossa atenção. A Dra. Gesika Amorim, especialista em saúde mental e neurodesenvolvimento infantil, destaca a importância de um diagnóstico diferencial cuidadoso antes de rotular uma criança com TDAH. Nem sempre a hiperatividade é um indicativo desse transtorno, sendo fundamental considerar outros fatores que podem estar contribuindo para essas manifestações.

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“Crianças que vivenciam situações de maus-tratos, dificuldades escolares ou bullying podem apresentar sintomas de hiperatividade como uma forma de expressar seu sofrimento. É imprescindível lembrar que existem outros transtornos comportamentais e de aprendizagem que podem imitar o comportamento hiperativo, tornando o diagnóstico diferencial ainda mais crucial”, explica Amorim. O contexto atual de retorno às aulas após um longo período de isolamento social também contribui para o aumento dos diagnósticos de TDAH entre os alunos. Crianças que enfrentam dificuldades em se readaptar à rotina escolar podem apresentar comportamentos hiperativos, deixando pais e professores preocupados. Nesse momento, é importante oferecer suporte e compreensão, buscando alternativas que respeitem o bem-estar das crianças. É válido ressaltar que o diagnóstico de TDAH não deve ser feito de forma indiscriminada. Cada caso é único e merece uma avaliação criteriosa baseada em critérios clínicos sólidos.

ESG na Gestão Pública: Um Caminho para a Sustentabilidade e Eficiência

Em um mundo cada vez mais atento às questões ambientais, sociais e de governança, o conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) deixou de ser um tema restrito ao setor privado e ganhou relevância no âmbito da gestão pública. Governos em todas as esferas – municipal, estadual e federal – estão percebendo que a aplicação de práticas ESG é não apenas uma demanda da sociedade, mas também uma estratégia para promover eficiência, transparência e bem-estar social. O ESG é um conjunto de critérios que avaliam o impacto ambiental, social e de governança de uma organização ou instituição. Adotar esses princípios na gestão pública significa alinhar os objetivos governamentais às necessidades da sociedade e às metas globais de desenvolvimento sustentável, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A aplicação do ESG no setor público traz benefícios concretos tanto para a sociedade quanto para a administração. Do ponto de vista social, melhora a qualidade de vida da população, promove justiça social e reduz desigualdades. Para os gestores públicos, essas práticas podem gerar maior eficiência no uso de recursos, atrair parcerias com o setor privado e fortalecer a confiança da população nas instituições governamentais. Além disso, governos que seguem as diretrizes

ESG podem acessar linhas de crédito internacionais a taxas mais competitivas, já que muitos fundos de investimento e bancos priorizam projetos com impacto positivo e sustentável. Apesar dos benefícios, a implementação do ESG na gestão pública enfrenta desafios significativos, como a resistência cultural, a falta de capacitação de servidores e a necessidade de adequar legislações e regulamentações para atender às novas demandas. Para superar essas barreiras, é essencial que os governos invistam em educação continuada, tecnologias inovadoras e no fortalecimento da governança participativa. A incorporação do ESG na gestão pública representa uma evolução no modo como os governos podem contribuir para o desenvolvimento sustentável. Trata-se de uma oportunidade para construir cidades e comunidades mais resilientes, justas e preparadas para os desafios do futuro. Ao alinhar políticas públicas aos princípios ESG, o setor público não só responde às demandas contemporâneas, mas também consolida um modelo de gestão mais eficiente, ético e comprometido com as próximas gerações.

ANA LOPES

é jornalista, palestrante, assessora de comunicação política e governamental

Nem sempre a hiperatividade é um indicativo de TDAH

CIDADANIA SAUDÁVEL

Por que é tão difícil combater o mosquito da dengue no Brasil?

O Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, segue como um dos grandes desafios de saúde pública no Brasil. Apesar de décadas de esforços, a combinação de fatores climáticos, culturais e estruturais ainda favorece a proliferação do inseto. Enquanto estados como São Paulo investem em tecnologias avançadas, como drones e armadilhas inteligentes, outras regiões, como o norte e nordeste, enfrentam barreiras logísticas e estruturais que dificultam a eficácia das campanhas de combate. Segundo Matheus Todt Aragão, professor adjunto de infectologia da Universidade Tiradentes (Unit), a solução para o problema requer uma combinação de ciência, tecnologia, educação comunitária e políticas públicas coordenadas. O Brasil tem implementado abordagens inovadoras no combate ao Aedes aegypti. Projetos com mosquitos geneticamente modificados e bactérias Wolbachia, que impedem a transmissão de doenças, já mostram resultados promissores em diversas cida-

des. Além disso, ferramentas como drones, aplicativos de monitoramento comunitário e plataformas digitais têm ampliado a eficácia das ações de controle. As universidades desempenham um papel central nesse esforço. Instituições como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lideram pesquisas genéticas, enquanto a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) investiga o uso de plantas nativas como repelentes naturais. “No nordeste, a Universidade Tiradentes (Unit) se destaca pela aplicação de biotecnologia e educação comunitária, promovendo modelos replicáveis que integram ciência e engajamento social” acrescenta Aragão. Casos recentes, como a primeira morte por dengue em Sorocaba em 2025, reforçam a urgência de intensificar ações preventivas. “O combate ao mosquito exige mais do que iniciativas isoladas; é preciso um esforço coordenado que combine educação, tecnologia e políticas públicas”, afirma Aragão. O cenário também apresenta oportunidades. Investimentos em tecnologias de monitoramento, iniciativas comunitárias e a expansão de redes de vigilância epidemiológica podem transformar a realidade do combate ao Aedes aegypti no Brasil. A integração entre ciência e participação popular tem se mostrado uma ferramenta eficaz na busca por soluções sustentáveis. Drone utilizado pela Prefeitura de São Paulo para disparo de larvicida no combate ao mosquito da dengue Leia mais em: www.jornalveracidade.com.br

Foto: Divulgação/Prefeitura de São Paulo

Estação Varginha da Linha 9-esmeralda é inaugurada no extremo sul da capital

A inauguração da Estação Varginha, realizada na última segunda-feira (27), contou com a presença do Governador Tarcísio de Freitas, do Prefeito Ricardo Nunes e do Vice Coronel Mello Araújo, além de outras autoridades. Integrante da Linha 9-Esmeralda, a nova estação chega

Foto: Divulgação

para atender uma demanda antiga da população e reduzir o tempo de deslocamento entre o extremo sul da cidade e outras regiões. Com a entrega, a expectativa é beneficiar milhares de passageiros diariamente, proporcionando mais conforto e eficiência no transporte público. “A entrega da estação Varginha é um marco para a zona sul, facilitando o dia a dia de milhares de pessoas que agora têm uma estação mais próxima de casa. Menos deslocamento, mais comodidade e um transporte público cada vez mais acessível. Vamos em frente, fazendo São Paulo andar cada vez mais”, comemorou o Prefeito. A estação inicia suas operações em horário reduzido, das 10h às 14h, como parte da fase de testes. A normalização está prevista para ocorrer em três meses. Além da nova estrutura ferroviária, estão previstas futuras obras complementares, como a construção de um terminal de ônibus. A inauguração da Estação Varginha representa a conquista de uma demanda histórica da população, uma antiga luta que contou com o trabalho do, hoje, Secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Rodrigo Goulart, desde seus mandatos como vereador da capital. Além de ampliar a mobilidade urbana e integrar

novos modais de transporte, a estação também se torna um espaço de valorização cultural e inclusão social com a entrega de um mosaico artístico produzido por 25 beneficiários do Programa Operação Trabalho (POT), iniciativa administrada pela Secretaria que Goulart está à frente. A arte, confeccionada com materiais sustentáveis e orientada pela artista plástica Marcela Muñoz, homenageia o Parque Natural Municipal Varginha e sua fauna, unindo arte e conscientização ambiental. O Secretário de Desenvolvimento e Trabalho, Rodrigo Goulart, ressaltou a importância da nova parada da linha 9-Esmeralda e também da inclusão social proporcionada pelo POT. “A entrega da Estação Varginha representa um grande avanço para a população, garantindo mais acessibilidade e qualidade de vida. A estação, além de ser um novo ponto de conexão para milhares de pessoas, também será um símbolo de transformação social, graças ao mosaico. O POT tem sido fundamental para dar oportunidades a quem mais precisa, e essa obra artística reflete o talento e a dedicação de seus beneficiários”.

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Mosaico da estação Varginha

CIDADANIA

Fevereiro Roxo inspira cuidados humanizados para pacientes com doenças crônicas

A campanha Fevereiro Roxo atenta para a conscientização de três condições que trazem impactos coletivos: Alzheimer, fibromialgia e lúpus. A prevenção, o diagnóstico precoce e tratamentos são o alvo das discussões durante o período. Em comum, essas doenças são crônicas, ou seja, persistem ao longo do tempo e não têm cura definitiva. Elas também geram incapacitação funcional, mas, com auxílio especializado, podem ser administradas para que os pacientes tenham qualidade de vida e longevidade. O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que causa o declínio progressivo das funções cognitivas. A prevenção é feita durante toda a vida. “A manutenção de hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos, uma dieta balanceada, estímulo cognitivo e o controle de condições como hipertensão, diabetes e colesterol, devem ser incentivadas para evitar o desencadeamento da doença na terceira idade”, explica o Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional e pesquisador

da Disciplina de Neurocirurgia na Unicamp. A fibromialgia, caracterizada principalmente por dor crônica persistente, fadiga e mudanças de humor, afeta 2% da população brasileira. No entanto, ainda é frequentemente subdiagnosticada e mal compreendida. “O tratamento auxilia a prevenir as crises, gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes para que seja possível ter uma vida plena”, avalia o médico. Além dos medicamentos, é necessário incluir tratamentos como fisioterapia, a introdução de exercícios físicos leves na rotina, terapia ocupacional, técnicas de relaxamento, mudanças na dieta e estilo de vida, entre outras abordagens multidisciplinares. Por ser uma doença autoimune, o lúpus acontece quando o sistema imunológico ataca os próprios tecidos do corpo. O quadro clínico é diversificado, com indícios como fadiga, dores articulares, lesões cutâneas, entre outros sintomas que podem se sobrepor a diferentes doenças. Condições complexas como Alzheimer, lúpus e fibromialgia necessitam de tratamento individualizado para um cuidado integral, uma vez que cada uma apresenta manifestações únicas e requer abordagens específicas para atender às necessidades de cada paciente.

Todas as condições envolvem desafios emocionais e sociais que afetam não apenas os pacientes, mas também suas famílias. Compreender as limitações impostas pelo Alzheimer, o impacto imprevisível do lúpus e a dor persistente da fibromialgia é fundamental para estabelecer um vínculo de confiança entre profissionais de saúde e pacientes.

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Fevereiro Roxo lembra das doenças crônicas
Por Redação / redacao@jornalveracidade.com.br
Foto: Freepik

Prefeitura inicia projeto em 11 UPAs para aprimorar atendimento inicial de pacientes em condições críticas

A Prefeitura de São Paulo firmou uma parceria com duas grandes instituições de saúde para transformar inicialmente 11 UPAs em centros de excelência na prestação desse serviço essencial à população. Essas unidades passarão por melhorias em quatro frentes: Assistência ao Paciente, Excelência Operacional, Custeio e Lideranças.

“Trata-se de um projeto inovador dentro dos serviços de urgência e emergência da capital, que vem ganhando enorme importância dentro da rede municipal de saúde”, frisa a secretária executiva da Atenção Básica, Especialidade Vigilância em Saúde (Seabevs) da Secretaria Municipal da Saúde, Sandra Sabino. “Ao final da implantação das melhorias, nossa expectativa é de que as UPAs estejam operando com fluxos mais rápidos para o atendimento inicial e diagnóstico dos pacientes em condições críticas como infarto, AVC e sepse”, pontua Claudia Garcia de Barros, diretora do Escritório de Excelência Einstein. “Além disso, esperamos que a comunidade que utiliza as UPAs como primeira opção esteja bem informada sobre quando procurar assistência nestas unidades de urgência e emergência e quando recorrer aos outros serviços da rede de atenção primária”, finaliza. O protocolo UPAs em Ação – Transformando as emergências com ciências da melhoria foi lançado na segunda-feira (27) e tem o objetivo de

implantar medidas que impactarão na experiência do usuário e na melhoria do cuidado nessas 11 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da capital até o final de 2025. Participarão do projeto inicialmente as UPAs City Jaraguá, Pirituba, Perus, Vila Maria, Mooca, Tatuapé, Carrão, Jardim Helena, Vila Mariana, Sacomã e Jabaquara. O programa envolvendo estas unidades pré-hospitalares fixas 24h será implantado pela Secretaria Executiva da Atenção Básica, Especialidade Vigilância em Saúde (Seabevs) da SMS e conta com o apoio técnico e metodológico do Institute for Healthcare Improvement (IHI) e da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, por meio do Escritório de Excelência Einstein, organizações de referência em melhoria da qualidade, segurança e eficiência operacional na área da saúde.

UPA Sacomã é uma das unidades que irá receber o projeto
Por Redação

Smart Sampa: Mais de mil prisões e 500 foragidos capturados com tecnologia de ponta

Com auxílio do Smart Sampa, maior e mais completo sistema inteligente de monitoramento do Brasil, a capital ultrapassou a marca de 500 foragidos da Justiça capturados pela Guarda Civil Metropolitana (GCM). Somente em 2025, o programa da Prefeitura de São Paulo já viabilizou a prisão de 185 pessoas que estavam foragidas e outros 286 criminosos em flagrante, uma média de 21 por dia. A ferramenta inovadora vem modernizando a política de segurança municipal, permitindo que criminosos condenados por estupro, assassinato, e até mesmo integrantes de facções criminosas, que estavam circulando pela sociedade e colocando vidas em risco, fossem reconhecidos pelas câmeras e levados de volta ao sistema prisional. Desde que foi inaugurado, em julho de 2024, o programa executado pela Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) já contabiliza 1.753 criminosos presos em flagrante por crimes como tráfico de entorpecentes, furto, invasão de equipamentos públicos e posse ilegal de arma de fogo,

entre outros. Além disso, com auxílio das câmeras de reconhecimento facial, 30 pessoas que estavam desaparecidas também foram localizadas. Em pouco mais de seis meses de atuação, o Smart Sampa vem mostrando eficácia no combate à criminalidade. Agentes da Guarda Civil Metropolitana prenderam em flagrante dois indivíduos, no último dia 15 de janeiro, após as câmeras inteligentes do Smart Sampa surpreenderem os dois homens invadindo o Centro de Educação Infantil (CEI) Elfrida Zukowski, na Vila Fazzeoni, Zona Sul da capital, durante a madrugada para roubar fios de energia elétrica da unidade de ensino. Em outra ação simbólica e fundamental, o sistema de monitoramento foi responsável pela prisão de um estuprador condenado a 73 anos de prisão após ter sua face capturada pelas câmeras do Smart Sampa na Rua Florêncio de Abreu, 514, no Centro da capital, quando usava uma bicicleta de carga. A prisão foi feita poucos metros adiante, na Rua 25 de Março, 864, no dia 10 de janeiro. O Smart Sampa conta atualmente com cerca de 23 mil câmeras de monitoramento instaladas, sendo que 4.000 têm a tecnologia de reconhecimento de placas de veículos. Os aparelhos

A decisão autoriza que a prefeitura continue fiscalizando o serviço

estão posicionados em pontos estratégicos da cidade, cobrindo todas as regiões, inclusive nas entradas e saídas do município. O projeto inovador permite ainda a integração com vários órgãos do serviço público para maior agilidade no atendimento ao cidadão, como é o caso do SAMU, CET, polícias Militar e Civil, entre outros.

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Foto: Divulgação/Prefeitura de São Paulo

CONCEITO E SUSTENTABILIDADE

Estudo de SP investiga a presença de microplásticos em camarões no litoral

Estudo de campo conduzido no campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista (Unesp) investiga o acúmulo de microplásticos em grandes crustáceos, especificamente nos camarões-de-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri). O objetivo é avaliar tanto os riscos ecológicos dessa poluição quanto os possíveis impactos para a saúde humana, consi -

derando a ingestão desses animais pela população. Apoiada pela Fapesp no âmbito do Programa Biota, a pesquisa está sendo realizada em duas regiões com características ambientais bastante contrastantes: a Baixada Santista, que abrange áreas industriais, portuárias e pesqueiras com grande impacto ambiental; e Cananéia, uma região de menor intervenção humana e mais preservada, no litoral sul de São Paulo. Os dados preliminares são preocupantes: a presença de microplásticos foi observada no trato gastrointestinal de algo entre 80% e 90% dos camarões avaliados até o momento. Embora a quantidade de partículas varie entre os locais, o fato de que a contaminação está presente em uma porcentagem tão alta dos animais levanta questões sobre as consequências a longo prazo para os consumidores e para o meio ambiente. “Os camarões, por serem detritívoros [alimentam-se de detritos no fundo do mar], estão expostos a grandes quantidades de microplásticos presentes nos sedimentos marinhos. Esse hábito facilita a análise de bioacumulação de microplásticos em seu organismo, tornando-os modelos ideais para o estudo”, explica Daphine Herrera,

pós-doutoranda do projeto e bolsista da Fapesp. Outro objetivo central do projeto é compreender se a contaminação por microplásticos afeta também a qualidade nutricional dos camarões, o que pode ter implicações importantes para o consumo humano. A pesquisa estuda os crustáceos decápodes, que incluem os camarões, siris, lagostas, lagostins e caranguejos, por exemplo. O projeto busca abordar diferentes aspectos, como ciclo de vida, padrões biogeográficos, reprodução, organização populacional, status taxonômico e processos evolutivos desses organismos. O trabalho também inclui a análise da história evolutiva dessas espécies, com foco em ecossistemas de importância para a sua preservação, como manguezais, estuários e bacias hidrográficas. A integração entre as respostas geradas nesse estudo deve auxiliar na compreensão de aspectos de relevância ambiental e social, como conservação de espécies e de ecossistemas, além de tratar da qualidade de produtos que chegam ao consumidor.

PRECISANDO DE INSTALAÇÃO OU

Foto: Governo de SP
Presença de microplásticos foi observada no trato gastrointestinal de algo entre 80% e 90% dos camarões avaliados até o momento

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